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Enfª MSc Denise Jorge Munhoz da Rocha Análise de Causa Raiz 02 JULHO DE 2015 [email protected]

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Enfª MSc Denise Jorge Munhoz da Rocha

Análise de Causa Raiz

02 JULHO DE 2015

[email protected]

Objetivo

• Apresentar na prática as etapas essenciais da Análise de Causa Raiz

Definição

• Constitui um processo sistemático interativo por meio do qual os fatores que contribuem para um incidente são identificados, reconstruindo a sequência de acontecimentos e repetindo “porquê” até que sejam esclarecidas as causas raízes subjacentes.

(OMS, 2009)

Contextualizando

Características

• Natureza interdisciplinar;

• Focaliza principalmente sistemas e processos e não apenas o desempenho individual;

• Identifica o redesenho de sistemas e processos a fim de reduzir o risco de repetição de incidentes.

Para assegurar credibilidade deve...

• Incluir a participação dos envolvidos nos processos e de líderes das áreas;

• Ser consistente internamente (não se contradizer, não deixar perguntas óbvias sem resposta ou não realizar perguntas essenciais);

• Incluir considerações de literatura relevante.

Quando utilizar?

Que tipos de incidente?

• Incidente crítico, eventos adversos;

• Eventos sentinela;

• Evento menos grave ou um conjunto de near misses que potencialmente requerem melhorias em processos/sistemas.

(OMS, 2009; PROQUALIS, 2014)

Etapas críticas

Preparo da reunião

Etapa Considerações

Coleta prévia de informações: entrevistas, análise de prontuários, documentos, escalas, visita ao local e outros

Capacidade de identificar as fontes essenciais de dados, conhecimento clínico e gerencial, carisma para falar com as pessoas sem coagi-las

Organização da reunião

Definição dos participantes; Convite aos participantes (ás vezes pessoal); Local reservado; Disponibilidade de aproximadamente 1 hora

Definição dos papéis Coordenador e facilitador (habilidades de liderança, objetividade e sensibilidade)

A reunião Etapa Considerações

Abertura da reunião

-Explicar os objetivos, com ênfase na análise sistêmica e abordagem educativa; -Papéis do coordenador e facilitador; -Todos se apresentam de maneira rápida e informal (quanto menos verticalização das relações melhor); -Reforçar o caráter confidencial da reunião, com exceção do plano de ação; -Apresentar as ferramentas que serão utilizadas para elucidar o método (linha do tempo; diagrama de Ishikawa com as categorias da OMS, 2009; e 5W2H).

A reunião

Etapa Considerações

Leitura da linha do tempo -Coordenador realiza a leitura da linha do tempo que é detalhada seguindo a cronologia dos fatos; - É permitida a interrupção para inclusão/correção de alguma informação importante.

Identificação dos fatores contribuintes (definição das causas proximais e causas raízes)

-Coordenador estimula as pessoas a falarem começando com perguntas fáceis, que induzem as causas proximais; -Conforme a equipe vai compreendendo o processo naturalmente começam a surgir as perguntas que nos levam as causas raízes

Causas proximais

• São as que estão mais perto do incidente, e são diretamente responsáveis por ele ter ocorrido, são normalmente o resultado das causas raízes no sistema maior do qual o processo faz parte

Exemplo

Incidente Causas proximais Causas raízes

Perdas sucessivas de acesso venoso (central e periférico) em bebê de 7 meses que demandava muitos cuidados na UTI

Neonatal

- Curativo de fixação do PICC facilita a exteriorização

- Processos de seleção e compra de materiais médico-hospitalares em hospitais públicos engessados

- Fragilidade na vigilância do paciente; -Paciente chorava muito alto e perturbava todo o ambiente que requer silêncio e tranquilidade, era necessário pegá-lo no colo com muita frequência; -O protocolo com os critérios de perfil do paciente internado na UTIN não foi respeitado

-Equipe cronicamente subdimensionada e com dificuldade de atender demandas especiais; -UTI Pediátrica com vagas supervalorizadas; -Apego emocional da equipe ao bebê

A reunião Etapa Considerações

Ações para minimização dos riscos

-Plano de ação coerente em relação as causas identificadas; -Objetividade (planos extensos desanimam a execução); -Atribuir responsáveis e acordar prazos; -Cabe a liderança dos setores envolvidos priorizar, implementar e alocar recursos para as ações, esta não é uma responsabilidade da equipe de ACR.

Encerramento da reunião

-Validação dos fatores contribuintes e plano de ação por meio da leitura e correções solicitadas; -Envio do plano com prazo de 10 dias para alterações.

Relatório final

O grande desafio

Etapa Considerações

Monitoramento da execução e da efetividade das ações tomadas

-Avaliar se as ações propostas foram executadas; -Avaliar a repetição do incidente e se de fato o sistema está mais seguro.

Efetividade das ações Incidente Causas Plano de ação

-Paciente de 38 dias portador de hidrocefalia e mielomeningocele, sofre queda do berço; -Após realização de tomografia evidenciada concussão cerebral; -Estava sob os cuidados de sua mãe de 16 anos

-Ausência de protocolo de prevenção de quedas (berço inseguro e com grades abaixadas, mãe não estava orientada sobre o risco e medidas preventivas); -Ausência de protocolo para capacitar a mãe/familiar do paciente com tantas deficiências; -Delegação de cuidado a mãe adolescente; -Equipe de enfermagem subdimensionada.

-Implantação de protocolo de prevenção de quedas; -Descritivo de berço seguro para os processos de aquisição; -Mães adolescentes necessitam da permanência de mais um acompanhante -Plano efetivo: não houve mais notificações de queda e equipe adere as medidas do protocolo

HC - UFPR

Histórico HC-UFPR

Ano Quantitativo

2011 (início em março)

16

2012 32

2013 27

2014 29

2015 (até 25 de Junho)

08

Total de reuniões 112

Tipos de incidente

Categoria Porcentagem

Processo/procedimento clínico

59,3%

Gestão organizacional

12,5%

Comportamento do paciente

9,3%

Administração clínica

6,2%

Categoria Porcentagem

Medicamento

3,1%

Equipamentos

3,1%

Queda

3,1%

Infraestrutura

3,1%

Notificações por categoria profissional em 2014

Categoria Percentual

Enfermeiro 38,8%

Auxiliar de enfermagem 16,6%

Farmacêutico 16,6%

Médico 11,1%

Fisioterapeuta 5,5%

Tecnólogo em gestão pública 5,5%

Não informado 5,5%

Fontes de informação

Fonte Percentual

Notificação voluntária 62%

Análise de resumo de alta com óbito

34,4%

Representação na Ouvidoria 3,4%

Considerações finais

Fatores facilitadores

• Domínio da técnica (capacitação);

• Detalhamento, objetividade e imparcialidade da coleta prévia de dados;

• Clima amigável;

• Participante que compreende o processo e assume que poderia ter sido diferente (maturidade da equipe);

• Aprendizado com o erro (disseminação);

• Mudanças concretas nas práticas.

Fatores que dificultam

• Participante com atitude defensiva ou de apontar culpados;

• Falta de domínio da técnica;

• Operacionalização da reunião (conciliação das agendas);

• Tempo prolongado entre incidente e reunião.

Referências

• BAGIAN, J.P. et al. Developing and deploying a patient safety program in a large health care deliver system: You can’t fix what you don’t know about. Jt Comm J Qual Improv, Ann Arbor, v.27, p.522–532, 2001.

• ______ et al. The Veterans Affairs root cause analysis system in action. Jt Comm J Qual Improv, Ann Arbor, v.28, n.10, p.531-545, Out. 2002. Disponível em: <http://www.ph.ucla.edu/hs/HS422_Bagian_article_W06.pdf>. Acesso em: 10/05/2012.

• OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Estrutura Conceitual da Classificação Internacional sobre Segurança do Doente. Lisboa, 2011. Disponível em: <http://www.who.int/patientsafety/implementation/taxonomy/en/>. Acesso em: 05/05/2013.

Referências

• PROQUALIS. http://proqualis.net/tags/causa-raiz

• SOUSA, P; MENDES,W. Segurança do paciente: conhecendo os riscos nas organizações de saúde. Rio de Janeiro, EAD/ENSP, 2014.

• WACHTER, R. M. Compreendendo a Segurança do Paciente. Porto Alegre: Artmed, 2010.

Muito obrigada!