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ANÁLISE DE ANCORAGEM DE UM CONVERSOR DE ENERGIA DAS ONDAS NA BACIA DE CAMPOS Steven Claude Joseph Le Bars Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Segen Farid Estefen, Ph.D. Rio de Janeiro Julho de 2015

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ANÁLISE DE ANCORAGEM DE UM CONVERSOR DE ENERGIA DAS ONDAS NA BACIA DE

CAMPOS

Steven Claude Joseph Le Bars

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Naval e Oceânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Segen Farid Estefen, Ph.D.

Rio de Janeiro

Julho de 2015

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ANÁLISE DE ANCORAGEM DE UM CONVERSOR DE ENERGIA DAS ONDAS NA BACIA DE

CAMPOS

Steven Claude Joseph Le Bars

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL.

Examinado por:

_________________________________________

Prof. Segen Farid Estefen, Ph.D.

(Orientador)

_________________________________________

Prof. Claudio Alexis Rodriguez Castillo, D.Sc

_________________________________________

Prof. Marcelo Igor Lourenço de Souza, D.Sc

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

JULHO DE 2015

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Le Bars, Steven Claude Joseph

Análise de Ancoragem de um Conversor de

Energia das Ondas na Bacia de Campos/ Steven Le

Bars.– Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica,

2015.

XIII, 71 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Segen Farid Estefen, Ph.D.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Naval e Oceânica, 2015.

Referências bibliográficas: p. 62 - 64.

1. Ancoragem. 2. Energia das ondas. 3.

Hidrodinâmica. I. Estefen, Segen Farid. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Naval e

Oceânica. III. Título.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários à obtenção do grau de Engenheiro Naval.

ANÁLISE DE ANCORAGEM DE UM CONVERSOR DE ENERGIA DAS ONDAS NA BACIA DE

CAMPOS

STEVEN CLAUDE JOSEPH LE BARS

JULHO/2015

Orientador: Segen Farid Estefen

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Resumo do Trabalho:

O setor da energia das ondas necessita desenvolver tecnologias flutuantes para

explorar plenamente o potencial energetico do mar. Esse setor deve no mesmo tempo reduzir

seus custos para ser rentável em comparação com outras energias. O estudo de ancoragem de

um conversor de energia das ondas representa uma fase determinante desse desenvolvimento

e as técnicas usadas na industria Óleo e Gás devem ser adaptadas. A metodologia deste

projeto é desenvolver uma ferramenta de pre-dimensionamento estática de ancoragem em

catenaria. A partir dessa análise, é realizado um estudo dinâmico completo no domínio do

tempo a fim de avaliar o desempenho do arranjo escolhido e validar o pre-dimensionamento.

Além desse arranjo em catenária, são testados e comparados outros arranjos possíveis do

sistema de ancoragem. Os resultados obtidos permitem uma discussão crítica do tipo de

arranjo mais adequado para o caso considerado, tanto economica quanto tecnicamente. O

presente trabalho dá auxilio à futura tomada de decisão sobre estudo de ancoragem que

merece ser investigada profundamente.

Palavras-chave: Ancoragem, Energia das ondas, Hidrodinâmica.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements to obtain the degree of Naval Engineering.

MOORING ANALYSIS OF A WAVE ENERGY CONVERTER FOR CAMPOS BASSIN

STEVEN CLAUDE JOSEPH LE BARS

JULY/2015

Advisor: Segen Farid Estefen

Course: Engenharia Naval e Oceânica

Abstract of Project:

Wave energy sector needs to develop floating technologies in order to fully exploit the

sea energetic potential. In the meantime, it has to reduce its costs to be competitive compared

to other energy sources. Mooring study of a wave energy converter represents a key phase of

this development and techniques from the Oil and Gas industry should be adapted. The

methodology of this project is to develop a static pre-dimensioning tool for a catenary mooring.

From this analysis, a dynamic time-domain study is performed so that the suitability of the

arrangement can be assessed and the pre-dimensioning validated. Apart from this catenary

mooring, other typical mooring arrangements are tested and compared. The results enable a

critical discussion about the more adequate arrangement for this specific case, both technically

and economically. The present work gives support to a future decision making about mooring

design which deserves to be deeply investigated.

Key words: Mooring, Wave energy, Hydrodynamics.

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Agradecimentos

Ao professor Segen Estefen que me deu a oportunidade de realizar esse projeto de graduação

no Laboratório de Tecnologia Submarina e a chance de ter uma primeira experiência no setor

da energia do mar.

A Milad Shadman, doutorado da engenharia oceânica da UFRJ que desenvolve esse projeto de

conversor e confiou em mim para realizar esse estudo.

A todos os professores do Programa de graduação em Engenharia Naval e Oceânica da UFRJ

pelos valiosos ensinamentos. De modo especial ao professor Claudio Rodriguez por sua ajuda

nesse projeto, você sempre respondeu a todas minhas perguntas e dúvidas.

Aos meus colegas do LTS que me integraram na equipe e me motivaram para concluir esse

projeto. Aos funcionários do LTS pela ajuda cotidiana.

A empresa francesa Principia que me ofereceu uma licença do software para conduzir esse

estudo.

Aos meus colegas da engenharia naval que me acolheram e me consideraram como um deles

durante esse duplo diploma. Aos meus amigos Julian e Vincent que sempre me motivaram e

me deram suporte quando eu precisava.

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Índice

1 Introdução .............................................................................................................. 1

1.1 Contexto e motivação .................................................................................................. 1

1.2 Objetivo do estudo ....................................................................................................... 2

2 Revisão bibliográfica .............................................................................................. 2

2.1 Energia das ondas ....................................................................................................... 2

2.2 Tipos de sistema de ancoragem para CEO ................................................................. 5

2.2.1 Características das linhas de ancoragem ............................................................. 7

2.2.2 Tipos de âncoras .................................................................................................10

2.2.3 Particularidades dos sistemas de ancoragem para CEO .....................................11

3 Teoria .................................................................................................................. 11

3.1 Formulação matemática da ancoragem catenária ......................................................11

3.2 Equação do movimento de uma estrutura flutuante ancorada ....................................13

3.3 Carregamentos ambientais sobre a estrutura .............................................................14

3.4 Diferença entre estudo de ancoragem quase-estático e dinâmico ..............................15

3.5 Espaçamento entre conversores numa fazenda .........................................................16

4 Metodologia ......................................................................................................... 18

4.1 Apresentação do conversor de energia das ondas usado ...........................................18

4.2 Premissas do sistema de ancoragem estudado ..........................................................19

4.3 Pré-dimensionamento estático ....................................................................................21

4.3.1 Avaliação dos carregamentos ambientais ............................................................22

4.3.2 Range de diâmetro de linha .................................................................................27

4.3.3 Range de pre-tensão das linhas ..........................................................................28

4.3.4 Respostas importantes do sistema de ancoragem ...............................................30

4.3.5 Curvas de dimensionamento ...............................................................................31

4.3.6 Uso do programa Minitab .....................................................................................34

4.3.7 Response Surface Method (RSM) .......................................................................34

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4.3.8 Critica do método .................................................................................................35

4.4 Análise de ancoragem dinâmica .................................................................................36

4.4.1 Modelo numérico .................................................................................................36

4.4.2 Premissas de modelagem ....................................................................................38

5 Resultados ........................................................................................................... 42

5.1 Otimização da geometria do sistema ..........................................................................42

5.2 Resultados estáticos paramétricos do pre-dimensionamento .....................................44

5.3 Análise dinâmica do sistema catenária .......................................................................48

5.4 Análise dinâmica de outros arranjos ...........................................................................53

5.5 Discussão ...................................................................................................................58

6 Conclusão ............................................................................................................ 60

6.1 Conclusão do estudo ..................................................................................................60

6.2 Sugestões para trabalhos futuros ...............................................................................61

7 Referências bibliográficas .................................................................................... 62

8 Apêndices ............................................................................................................ 65

8.1 Base de dados hidrodinâmica para Deeplines ............................................................65

8.2 Rotina Matlab ..............................................................................................................66

8.3 Deeplines datasheet ...................................................................................................69

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Lista de figuras

Figura 1 – Arranjos mecânicos possíveis para conversores de energia das ondas em função da

localização (HARRIS et al., 2003) .............................................................................................. 3

Figura 2 – Categorias de conversores em função da interação com a onda incidente

(FITZGERALD, 2009) ................................................................................................................ 4

Figura 3 – Alguns conversores atualmente em desenvolvimento ............................................... 5

Figura 4 – Ancoragens catenária e taut (VRYHOF, 2010) .......................................................... 6

Figura 5 – Arranjo TLP clássico e boia submersa com um tether (FITZGERALD, 2009) ............ 7

Figura 6 – Tipo de corrente studless e studlink (COOL ARCTIC MOORING, n.c.) ..................... 8

Figura 7 – Exemplo de curva de restauração duma linha de corrente de aço ............................ 9

Figura 8 – Exemplo de evolução da rigidez duma linha de Náilon (Catálogo Bridon, 2011) ....... 9

Figura 9 – Cabos de aço six-strand e spiral strand (Wikimoorings, n.c) ....................................10

Figura 10 - Exemplo de evolução da rigidez dum cabo de aço (DERCKSEN e HOPE, 1994) ...10

Figura 11 – Exemplo de configuração estática de linha (HARNOIS, 2014) ...............................12

Figura 12 – Graus de liberdade de um corpo flutuante ..............................................................13

Figura 13 – Deriva média de uma plataforma ancorada (BERHAULT, 2006) ............................14

Figura 14- Exemplo de resposta total à onda em surge de um sistema flutuante (BERHAULT,

2013) ........................................................................................................................................15

Figura 15 – Diferença entre o modelo quase-estático e o modelo dinâmico (HARNOIS, 2014) 16

Figura 16 – Espaçamento entre conversores em uma fazenda (FITZGERALD, 2009) ..............17

Figura 17 – Modelo CAO do conversor .....................................................................................19

Figura 18 – Arranjo do sistema de ancoragem ..........................................................................21

Figura 19 – Espectro de Jonswap representativo das condições extremas da Bacia de Campos

.................................................................................................................................................23

Figura 20 – Exemplo de contour line para estabelecimento das condições ambientais de

dimensionamento (DNV, 2010) .................................................................................................23

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Figura 21 – Espectro Jonswap extremo e limite de reflexão do corpo .......................................25

Figura 22 – Espectro de força incidente ....................................................................................26

Figura 23 – Diâmetro de linha de ancoragem catenária usado para várias boias CALM e SALM

instaladas em função da área de flutuação da boia (JOHANNING et al., 2006) ........................28

Figura 24 – Horizontal force deflection curve para um range de pre-tensão com h=40m e d=100

mm. ...........................................................................................................................................29

Figura 25 – Exemplo de curva de reação (JOHANNING et al. 2006) ........................................32

Figura 26 – Cross-system com um arranjo de três linhas (JOHANNING et al. 2006) ................33

Figura 27 – Curvas de reação em x e y obtidas com a rotina Matlab ........................................33

Figura 28 – Exemplo de tabela de resultados da rotina Matlab .................................................34

Figura 29 – Sistema modelado no Deeplines ............................................................................38

Figura 30 – Heave plate estudado por BOZONNET e EMERY (2015) ......................................38

Figura 31 – Evolução do coeficiente de arrasto do heave plate em função do período para

vários Kc (BOZONNET e EMERY, 2015) ..................................................................................39

Figura 32 – RAO de heave com e sem amortecimento quadrático linearizado .........................40

Figura 33 - RAO de pitch com e sem amortecimento quadrático linearizado ............................41

Figura 34 – Elementos de Morison para levar em conta o amortecimento quadrático do heave

plate (DEEPLINES, 2014) .........................................................................................................41

Figura 35 – RAO de amplitude de surge, sway e heave do corpo fixo com um heave plate de

13m de diâmetro .......................................................................................................................44

Figura 36 – Contour plot de resposta estática ...........................................................................46

Figura 37 – Respostas do sistema otimizado ............................................................................47

Figura 38 – Direção dos carregamentos ambientais .................................................................50

Figura 39 – Oscilação em pitch do flutante em condições extremas .........................................51

Figura 40 – Arranjo em catenária com cabo de aço ..................................................................54

Figura 41 – Arranjo Taut Mooring..............................................................................................55

Figura 42 – Representação comparativa dos resultados extremos para os diferentes casos ....57

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Figura 43 – Comparação de preço das linhas de ancoragem (HARRIS et al., 2003) ................60

Figura 44 – Formato do arquivo de saída do Aqwa ...................................................................65

Figura 45 – Formato do arquivo de entrada para Deeplines......................................................66

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Lista de tabelas

Tabela 1 – Características de âncoras comuns para CEO (JOHANNING e SMITH, 2009) .......10

Tabela 2 – Espaço mínimo para uma fazenda de eficiência media (FITZGERALD, 2009) ........17

Tabela 3 – Dados hidrostáticos do flutuante acoplado ..............................................................19

Tabela 4 – Condições ambientais medias da DNV para a Bacia de Campos ............................22

Tabela 5 – Carregamentos ambientais médios na estrutura calculados e avaliados pelo

software ....................................................................................................................................25

Tabela 6 – Fatores de segurança para estudo extremo ............................................................30

Tabela 7 – Casos gerados pelo Minitab ....................................................................................35

Tabela 8 – Evolução analítica do período natural em heave do corpo de referência em função

do diâmetro do heave plate .......................................................................................................43

Tabela 9 – Resultados do pre-dimensionamento ......................................................................44

Tabela 10 – Resultados anexos do estudo de pre-dimensionamento .......................................47

Tabela 11 – Dados de entrada do modelo Deeplines para o chute incial da ancoragem

catenária ...................................................................................................................................48

Tabela 12 – Resultados extremos da simulação temporal ........................................................51

Tabela 13 – Verificação do fator de tensão dinâmico ................................................................52

Tabela 14 – Comparação entre os casos estáticos e dinâmicos ...............................................53

Tabela 15 - Dados de entrada do modelo Deeplines para a ancoragem catenária mista ..........54

Tabela 16 - Dados de entrada do modelo Deeplines para o Taut mooring 1 .............................55

Tabela 17 - Dados de entrada do modelo Deeplines para o Taut mooring 2 .............................56

Tabela 18- Resultados extremos de comparação dos diferentes arranjos ................................56

Tabela 19 – Verificação da tensão máxima na linha carregada ................................................57

Tabela 20 – Resultados extremos para o Taut mooring com uma pre-tensão maior .................58

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Nomenclatura

ALS Accidental Limit State

CALM Catenary Anchor Leg Mooring

CEO Conversor de Energia das Ondas

DNV Det Norsk Veritas

MBL Minimum Breaking Load

LTS Laboratorio de Tecnologia Submarina

PTO Power Take Off

QTF Quadratic Transfer Function

RAO Response Amplitude Operator

ULS Ultimate Limit State

Definição dos termos em inglês

Contour line: Curva de repartição das combinações Hs, Tp mais prováveis

Fairlead: Punto de amaração entre a linha de ancoragem e o flutuante

Footprint: Área ocupada pela ancoragem no leito marinho

Heave plate: Disco horizontal localizado na quilha do flutuante para amortecer os movimentos

em heave

Minimum Breaking Load: Carga de ruptura

Offset: Deslocamento horizontal do flutuante

Scatter diagram: Gráfico de representação do estado de mar dando a probabilidade das

combinações Hs, Tp

Span: Distância vertical entre o leito marinho e o fairlead

Tensioner: Elemento instalado no fairlead que permite tracionar a linha de ancoragem até a

pre-tensão requerida

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1 Introdução

1.1 Contexto e motivação

As previsões de evolução de disponibilidade dos recursos de energia combustível anunciam

uma queda progressiva de recursos não renováveis. No entanto, com uma população mundial

constantemente crescendo e um maior acesso à necessidades básicas duma parte da

população, a demanda em energia vai seguir aumentando nas próximas décadas. Portanto o

aproveitamento do potencial energético dos oceanos aparece como uma possibilidade

promissora para produzir energia limpa, a energia das ondas sendo uma das possibilidades.

Estima-se o potencial teórico mundial de energia das ondas à mais de 10 TW (ESTEFEN et al.,

2006). Uma exploração sustentável em acordo com as limitações técnicas (rotas de

navegação, áreas de turismo, rendimento dos conversores, zona de acesso limitado)

corresponde a 10% desse potencial ou seja 1 TW. Esse valor representaria 10% da demanda

em energia do mundo. Já existem vários projetos de recuperação de energia das ondas no

mundo, principalmente na Europa e nos Estados-Unidos. O potencial teórico da costa brasileira

se estima a 100 GW e a UFRJ através da COPPE vem desenvolvendo projetos nessa área há

vários anos a fim de poder propor uma solução técnica produzida localmente e de não

depender de tecnologias estrangeiras como é o caso em outras áreas. Depois de ter

desenvolvido projetos localizados perto da costa, o Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS)

começa a se interessar em desenvolver projetos flutuantes offshore porque a potência

disponível é maior. No caso do Brasil, esses corpos flutuantes podem também ser usados a fim

de abastecer equipamentos de plataformas de Óleo e Gás ou boias (oceanográficas ou de

sinalização) em energia elétrica ou fornecer bombeamento direito para transportar fluidos ou

produzir água potável combinado com um processo de dessalinização de água.

Esses conversores devem então ser ancorados para manter-se em posição. Entende-se por

sistema de ancoragem a definição seguinte (FITZGERALD, 2009); um sistema de ancoragem é

requerido para guardar uma estrutura marítima em posição com um envelope de variação

razoável em um certo ambiente marinho e sem comprometer, preferencialmente melhorando

até, a função operacional da estrutura. O design desse sistema de ancoragem é muito

importante para um conversor de energia das ondas pois pode influenciar significativamente na

produção de energia extraída pelo conversor e na maneira de operar e manter o sistema. Um

dos maiores desafios dos sistemas de ancoragem dos Conversores de Energia das Ondas

(CEO) é de obter uma resiliência do sistema boa a fim de limitar o efeito da ancoragem na

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2

dinâmica do flutuante em águas rasas. Também, essa energia tem que ser gerada com o

menor custo de capital possível. Logo, o sistema de ancoragem não pode ser

superdimensionado como é as vezes feito no setor Óleo e Gás. O sistema também não deve

ser sobredimensionado pois envolveria um custo de reparação muito alto e os tempos parados

correspondem a uma perda de energia produzida, consequentemente de rentabilidade do

sistema. Isso é um dos outros grandes desafios dessa nova área da energia do mar.

1.2 Objetivo do estudo

Este projeto de graduação tem como objetivo dimensionar um sistema de ancoragem

adequado para o conversor de ondas flutuante desenvolvido por Milad SHADMAN do LTS com

condições ambientais extremas típicas da Bacia de Campos. Um dos grandes desafios dos

engenheiros nessa área de dimensionamento de ancoragem e de definir o arranjo inicial que

sera testado a fim de evitar testar um arranjo muito fora do sistema precisado. Isso permite

economizar muito tempo no dimensionamento. Pretende-se então definir uma ferramenta

genérica para entender como definir os parâmetros importantes de um sistema de ancoragem

apropriado. Será analisado um sistema de ancoragem catenária feito de corrente clássica que

será otimizado. Primeiramente, serão testadas várias combinações com uma ferramenta de

pré-dimensionamento estática. Logo, será realizado um estudo dinâmico, no domínio do tempo,

de ancoragem intacto em condições extremas com um software apropriado ao estudo de

corpos esbeltos a fim de obter a resposta real do sistema. Uma comparação com outros

arranjos típicos será feita com o objetivo de servir de base para futura tomada de decisão.

2 Revisão bibliográfica

A primeira etapa antes de resolver um problema é de realmente entendê-lo. A primeira parte

dessa monografia tenta identificar o problema de ancorar um conversor de energia das ondas.

Primeiramente, definem-se os diferentes tipos de conversores existentes. Logo, analisam-se os

sistemas de ancoragem existentes para esses conversores. Finalmente, identificam-se os

desafios dessa área para a energia das ondas em comparação com o setor Óleo e Gás.

2.1 Energia das ondas

Primeiramente, vale ressaltar os diferentes tipos de tecnologia que permitem extrair energia

das ondas. Em termos simples, conversores de energia das ondas são estruturas marinhas que

recuperam uma parte da potência de oscilação mecânica se propagando ao longo dos oceanos

e convertem-la numa forma útil.

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A figura seguinte resume os diferentes tipos clássicos de conversores já imaginados

categorizados em função do sitio de instalação e do principio de funcionamento:

Figura 1 – Arranjos mecânicos possíveis para conversores de energia das ondas em função da localização (HARRIS et al., 2003)

Observa-se que a maioria dos conceitos usa o movimento relativo de um corpo em relação ao

outro ou com a terra. A recuperação de energia se faz por amortecimento desse movimento

relativo. O sistema amortecedor pode ser um pistão hidráulico, uma turbina pneumática ou um

gerador elétrico diretamente conectado.

Várias classificações existem para categorizar os conversores. Se pode considerar a

profundidade como critério relevante; as três categorias sendo shoreline, nearshore e offshore.

Alguns consideram também a interação do conversor com as ondas incidentes segundo a

classificação seguinte:

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Figura 2 – Categorias de conversores em função da interação com a onda incidente (FITZGERALD, 2009)

O ponto absorvedor tem uma geometria pequena em relação à onda incidente, ele é

transparente à onda. O sistema é geralmente projetado para ter o seu período de ressonância

do grau de liberdade útil na faixa de período dominante do mar incidente. Os atenuadores têm

uma dimensão horizontal grande na direção da onda. Eles se comportam como uma série de

pontos absorvedores. O efeito global é de atenuar a energia da onda incidente ao longo do

corpo. Finalmente, os terminadores são aparelhos com uma dimensão larga na direção

perpendicular à propagação da onda. Eles tendem a “terminar’ com a onda. Deve-se assinalar

que uma fazenda de pontos absorvedores tende a adquirir propriedades dos atenuadores e

terminadores.

Os pontos absorvedores são geralmente indiferentes à incidência da onda enquanto

atenuadores e terminadores devem se orientar em função da variação de incidência da onda. A

ancoragem do sistema tem então que permitir esse movimento de giração, parecido com o do

turret de um FPSO. Uma outra distinção importante para a ancoragem é se o sistema é do tipo

“Self-reacting” ou “Earth-reacting”. Esse último termo significa que o sistema de amortecimento

para recuperação de energia é ligado à terra. Enquanto um sistema “Self-reacting” apenas

precisa da ancoragem para manter o conversor em posição, um sistema “Earth-reacting”

dependerá da ancoragem para obter a reação necessária à extração de energia. A figura

abaixo apresenta alguns conversores atualmente em desenvolvimento.

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Figura 3 – Alguns conversores atualmente em desenvolvimento

2.2 Tipos de sistema de ancoragem para CEO

A maioria dos tipos de ancoragem usados na área de energia das ondas vêm do setor Óleo e

Gás. Adquiriu-se muito conhecimento nessa área pela ancoragem de plataformas flutuantes de

exploração e de boias (CALM, SALM...). Um estudo comparativo dos diferentes tipos de

ancoragem disponíveis é feito nessa parte.

Linhas de ancoragem podem ser esticadas (taut mooring) ou afrouxadas (catenary mooring). A

força de restauração das linhas catenárias vem principalmente do peso de corrente pesada

ficando no leito marinho. Quando o offset do flutuante aumenta, a tensão na linha de

ancoragem cresce não linearmente, isso até que não tenha mais corrente deitada no leito. Um

sistema catenária é geralmente acoplado a uma âncora horizontal. A evolução da tensão nas

linhas de ancoragem é descrita pelas equações catenárias. Um taut mooring fornece força de

restauração pela rigidez axial das linhas. A variação da tensão nas linhas depende diretamente

do material usado. Um taut mooring tem que ser acoplado com uma âncora que aguente

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6

carregamentos verticais. Comparado com o sistema catenária, o taut mooring geralmente

necessita um footprint no leito marinho menor e limita mais o offset do flutuante. No entanto,

não se adapta bem às variações do nível do mar pelas marés e esse sistema pode se revelar

mais caro por causa do alto preço das linhas e das âncoras verticais.

Nos dois casos, boias de flutuação e pesos podem ser usados para modificar localmente a

rigidez do sistema. Também, os pesos permitem também reduzir o footprint no leito marinho do

sistema. As boias de flutuação colocadas perto da superfície livre podem ser usadas a fim de

poder recuperar as linhas facilmente para manutenção e de evitar choques com a estrutura.

Figura 4 – Ancoragens catenária e taut (VRYHOF, 2010)

Um outro sistema de ancoragem já extensivamente usado na área Óleo e Gás e adaptado para

os CEO é o sistema de TLP (Tension Leg Platform). Consiste em usar um ou vários tendões

rígidos conectando verticalmente a boia ao leito marinho. Necessita um sistema de ancoragem

vertical robusto.

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7

Figura 5 – Arranjo TLP clássico e boia submersa com um tether (FITZGERALD, 2009)

2.2.1 Características das linhas de ancoragem

O objetivo das linhas de ancoragem é de conectar as âncoras ao flutuante. Os requerimentos

principais são os seguintes (HARNOIS, 2014):

Ser bastante resistente para resistir aos esforços ambientais extremos

Fornecer bastante força de restauração para evitar grandes excursões do flutuante

Resistir à fadiga, corrosão e outros efeitos do ambiente marinho

Ser economicamente viável

Ser fácil de transportar e instalar

Diferentes tipos de linhas podem ser usados como corrente de aço, cabo de aço ou cabo de

fibra. Os tipos clássicos são detalhados nas seções seguintes (HARNOIS, 2014).

Corrente de aço

Correntes de aço são usados há muito tempo para aplicação em ancoragem. O range de

diâmetros disponíveis vai de 6 a 175 mm. Diferentes graus de qualidade de aço são disponíveis

categorizados em R3, K3, R3S, R4, R5 para os mais usados. Correntes podem ser studlink ou

studless.

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Figura 6 – Tipo de corrente studless e studlink (COOL ARCTIC MOORING, n.c.)

Correntes studlink têm um peso maior, um coeficiente de arrasto maior e resistem melhor a

fadiga. Corrente de aço é usada no leito marinho por causa do seu peso que evita

carregamento vertical nas âncoras assim como na coluna d’água e perto da superfície livre

(zona com muita dinâmica) por suas propriedades em flexão. Segundo FITZGERALD (2009),

rompimento da corrente pode acontecer quando ela é excitada dinamicamente. Quando o

ponto de amarração sofre movimentos verticais e horizontais indo para a âncora, a corrente

chega numa situação de tensão nula. Quando o ponto de amarração se afasta de novo da

âncora por causa das forças hidrodinâmicas, acontece um impulso resultando em aceleração

brutal da massa da corrente e logo tensões impulsivas grandes. Esses carregamentos são

chamados de “snap loads”.

Para extensões pequenas, a rigidez é baixa e linear. A rigidez vira grande e fortemente não

linear a partir dum certo offset como mostrado na figura seguinte:

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Figura 7 – Exemplo de curva de restauração duma linha de corrente de aço

Cabos de fibra

Esse tipo de cabos ainda está em desenvolvimento tecnológico conquanto seu uso começa a

generalizar-se. O diâmetro varia de 16 a 240 mm, a escolha é baseada na elasticidade e na

resistência requerida. O cabo é feito de Náilon, Poliéster, Aramid ou HMPE (High Modulus

PolyEthylene). Cabos de fibra são mais leves e podem ser usados em ancoragem catenária ou

taut para reduzir o peso. As propriedades elásticas são interessantes para amortecer os

carregamentos e evitar os “snap loads”. De novo, a rigidez da fibra é baixa e linear antes de

virar altamente não linear.

Figura 8 – Exemplo de evolução da rigidez duma linha de Náilon (Catálogo Bridon, 2011)

Esses cabos devem evitar contato com o leito marinho por risco de danificação por abrasão.

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Cabos de aço

Cabos de aço são usados para ancoragens tracionados ou catenárias por sus propriedades de

resistência alta e peso limitado. A capacidade em flexão é limitada. Diferentes graus de aço

existem e o diâmetro vai até 162 mm. Os tipos de fabricação comuns são spiral strand e six

strand.

Figura 9 – Cabos de aço six-strand e spiral strand (Wikimoorings, n.c)

A curva de restauração de um cabo de aço é apresentada na figura seguinte:

Figura 10 - Exemplo de evolução da rigidez dum cabo de aço (DERCKSEN e HOPE, 1994)

2.2.2 Tipos de âncoras

O papel da âncora é de manter a linha de ancoragem fixada a um ponto do leito marinho. Os

principais requerimentos da âncora são de resistir a carregamentos grandes (as vezes

verticais), ser fácil de instalar e economicamente viável. A escolha da âncora depende

principalmente da configuração de ancoragem usada e das características geotécnicas do leito

marinho. Os diferentes tipos de âncoras e suas propriedades foram resumidos por

JOHANNING e SMITH (2009) na tabela seguinte:

Tabela 1 – Características de âncoras comuns para CEO (JOHANNING e SMITH, 2009)

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2.2.3 Particularidades dos sistemas de ancoragem para CEO

Existem particularidades comparado com a área de Óleo e Gás que deve respeitar uma

ancoragem de CEO (HARNOIS, 2014):

a) A deriva máxima do sistema tem que ser limitada por duas razoes principais que são (i)

minimizar o espaço usado pelo conversor porque será instalado numa fazenda e pode

interferir com as outras atividades do meio marinho (ii) assegurar a integridade do cabo

de transmissão elétrica

b) CEO são geralmente instalados em profundidades menores que 100 m. Logo, a

variação de maré é maior relativamente à profundidade. Isso faz com que o sistema de

ancoragem tenha mais dificuldade a acomodar-se a essa variação.

c) A área de footprint no leito marinho da ancoragem tem que ser reduzido para reduzir a

abrasão das linhas entre elas quando os conversores são instalados numa fazenda.

d) O sistema tem que ser economicamente aceitável para não inviabilizar o custo da

energia produzida considerando os:

Custos de instalação

Custos de investimento

Custos de operação (inspeção e manutenção)

3 Teoria

3.1 Formulação matemática da ancoragem catenária

O comportamento de uma linha catenária não elástica é descrito pelas equações abaixo:

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𝑥 = 𝑎. 𝑐𝑜𝑠ℎ−1 (1 +ℎ

𝑎) (1)

𝐿𝑠 = 𝑎. sinh (𝑥

𝑎) (2)

𝑇𝐻 =𝑤ℎ

2[(

𝐿𝑠

ℎ)2 − 1] (3)

𝑇𝑉 = 𝑤𝐿𝑠 (4)

𝐿𝑚𝑖𝑛 = ℎ (2𝑇𝐻_𝑚𝑎𝑥

𝑤ℎ+ 1)

1

2 (5)

𝑋 = 𝐿 − 𝐿𝑠 + 𝑥 (6)

T é a tensão no fairlead, Th sendo a parte horizontal e Tv a parte vertical. L é o comprimento

total de linha com Ls o comprimento de linha pendente e Lmin o comprimento mínimo

precisado para um determinado carregamento horizontal máximo no fairlead. Também, w é o

peso submerso da linha per unidade de comprimento, h a profundidade e a = Th/w. Resumem-

se os parâmetros importantes na figura seguinte:

Figura 11 – Exemplo de configuração estática de linha (HARNOIS, 2014)

Dessas equações pode se extrair a relação entre um carregamento de linha e a distância do

flutuante à âncora. Foi considerado que o efeito de elasticidade das correntes de aço pode ser

desprezado num estudo preliminar pois o efeito não é muito significativo para esse tipo de

material. Essas equações são válidas para correntes e cabos de aço porem para cabos de

fibra, a elasticidade tem que ser levada em conta.

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3.2 Equação do movimento de uma estrutura flutuante ancorada

Um sistema flutuante ancorado ou não tem seis graus de liberdade resumidos na figura

seguinte:

Figura 12 – Graus de liberdade de um corpo flutuante

Assumindo forças de excitação harmônicas, a resposta do sistema flutuante ancorado pode ser

expressa pela equação seguinte (CHAKRABARTI, 1987):

[ −𝜔2(𝑀𝑖𝑗

𝐹𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑀𝑖𝑗𝐴𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚

)

−𝑖𝜔(𝐵𝑖𝑗𝐹𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐵𝑖𝑗

𝐴𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚)

+(𝐾𝑖𝑗𝐹𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝐾𝑖𝑗

𝐴𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚) ]

휀𝑗

6

𝑗=1

= 𝐹𝑖

Com j de 1 a 6 correspondente ao grau de liberdade do flutuante.

휀𝑗 Amplitude complexa do movimento

𝐹𝑖 Amplitude complexa da forca excitatriz devida as ondas, corrente e vento

𝜔 Frequencia de excitação

𝑀𝑖𝑗𝐹𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 Massa, massa adicional e matriz de inercia do flutuante

𝑀𝑖𝑗𝐴𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚

Massa externa, massa adicional e matriz de inercia devida à ancoragem

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𝐵𝑖𝑗𝐹𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 Matriz de amortecimento do flutuante, inclue amortecimento de radiação e

amortecimento viscoso linearizado

𝐾𝑖𝑗𝐹𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 Matriz hidrostática do flutuante

𝐾𝑖𝑗𝐴𝑛𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚

Matriz de restauração externa causada pelo peso submerso das linhas e sua

elasticidade

3.3 Carregamentos ambientais sobre a estrutura

A forca excitatriz é uma combinação de três componentes distintos como descrito no DNV RP-

F205 (DNV,2010):

Corrente media, vento médio e a deriva media de onda criam uma força media na

estrutura chamado carregamento estático. Esse carregamento vai fazer com que o

sistema ache uma nova posição de equilibrio ao redor da qual ele vai oscilar durante a

operação enquanto esses carregamentos forem aplicados como ilustrado na figura

seguinte:

Figura 13 – Deriva média de uma plataforma ancorada (BERHAULT, 2006)

As forças na freqüência da onda (0.03-0.3 Hz) induzidas pelos efeitos de primeira

ordem da onda. Representam os maiores carregamentos na estrutura

As forças de baixa frequencia (0-0.02Hz) são induzidas pelos efeitos de segunda ordem

de onda de deriva lenta, o vento não constante e a força de deriva lenta da corrente. A

amplitude desses efeitos raramente ultrapassa 10% dos efeitos de primeira ordem. No

entanto, pode ser o efeito predominante se a frequencia de excitaçao de onda de baixa

frequencia bate com um periodo natural horizontal do sistema ancorado que tende a ser

maior que os periodos naturais verticais.

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A resposta total do sistema é então uma superposição da resposta a esses três componentes

com ilustrado na figura abaixo.

Figura 14- Exemplo de resposta total à onda em surge de um sistema flutuante (BERHAULT, 2013)

3.4 Diferença entre estudo de ancoragem quase-estático e dinâmico

Para simular a resposta das linhas de ancoragem, duas abordagens diferentes podem ser

usadas.

A abordagem dinâmica discretiza as linhas de ancoragem em vários elementos de viga a fim de

levar em conta o efeito dinâmico não linear das linhas (arrasto, contato com o leito marinho...)

na dinâmica do flutuante e no cálculo das tensões nas linhas. Para flutuadores de pequena

dimensão, diferentes de plataformas offshore, é recomendado usar um estudo dinâmico a fim

de obter a influência da dinâmica das linhas nos movimentos da bóia. O maior problema desse

método é que o tempo de cálculo pode facilmente chegar a várias horas, vários dias até,

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quando o número de linhas, de elementos e de análises aumentar. Precisa-se então de uma

capacidade computacional significativa com clusters de cálculo.

A abordagem quase-estática (chamada também quase-dinâmica) significa que as tensões nas

linhas são estimadas a partir da dinâmica do flutuante apenas. Um pré-processamento calcula

a tensão nas linhas de ancoragem para um range de offset horizontal e vertical e constrói com

isso as curvas de restauração das linhas. A posição do flutuante num instante t define a tensão

nas linhas e a sua dinâmica não é influenciada pela ancoragem. A linha é apenas representada

pelo fairlead e pela conexão com a âncora, os efeitos dinâmicos são desprezados. Esse

método tem a vantagem de ter um tempo de cálculo muito menor, reduzindo significativamente

o tempo de análise.

Figura 15 – Diferença entre o modelo quase-estático e o modelo dinâmico (HARNOIS, 2014)

O uso de um método ou do outro depende principalmente da fase do projeto no qual se faz a

análise. Num estudo de pre-design, pode ser que o estudo quase-estático seja suficiente

enquanto num estudo detalhado o estudo dinâmico é geralmente necessário.

3.5 Espaçamento entre conversores numa fazenda

É importante saber qual é o espaçamento ótimo entre conversores a fim de obter a excursão

máxima autorizada pelo sistema de ancoragem. Segundo FITZGERALD (2009), o

espaçamento entre as linhas de conversores tem que ser otimizado a fim de obter interferência

construtiva entre os dispositivos. E considerado que os designers fizeram um bom trabalho se a

fazenda operar com um fator de capacidade de 25%. O fator de capacidade sendo definido

como o ratio da potência útil média anual com a capacidade nominal instalada a operar 24h por

dia o ano todo.

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Figura 16 – Espaçamento entre conversores em uma fazenda (FITZGERALD, 2009)

FITZGERALD (2009) fez uma avaliação do espaço mínimo entre conversores para uma onda

incidente que tem uma potência incidente de 40kW/m que corresponde aproximadamente com

o potencial energético do mar na costa sudeste brasileira. Ele considera na tabela abaixo uma

configuração de rendimento médio que se pode esperar da fazenda, 50% da onda incidente

está convertida em energia pelos sistemas. Ele avaliou para aparelhos de várias potências qual

seria o espaço requerido entre conversores em função do número de linhas de conversores

instaladas. O conversor desenvolvido pelo LTS terá uma potência esperada de 100 kW,

considera-se então a primeira linha da tabela.

Tabela 2 – Espaço mínimo para uma fazenda de eficiência media (FITZGERALD, 2009)

Para ter uma fazenda com potência comercial interessante, foi assumido uma fazenda feita de

36 conversores, dando uma capacidade instalada total de 3,6 MW, instalados em 6 linhas de 6

conversores. Logo, o espaço entre cada conversor tem que ser de 15 m para obter esse

rendimento. Se o espaço entre conversores for maior que esse valor, o fator de conversão

(proporção da potência de onda absorvida anual convertida em potência útil) vai diminuir. Ele

baixa a 20% para um espaçamento de 94 m por exemplo (FITZGERALD, 2009). Fazendas

esparsas não são também desejáveis por causa tanto do uso do espaço marítimo limitado por

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outras industrias quanto do fardo econômico de cabos de conexão elétrica mais longos entre

conversores.

4 Metodologia

4.1 Apresentação do conversor de energia das ondas usado

O conversor de energia das ondas estudado é o resultado duma pesquisa desenvolvida pelo

Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da UFRJ. O desenvolvimento do projeto é

apresentado por SHADMAN (2015). O sistema é do tipo ponto absorvedor e pode ser também

caracterizado como “Self-reacting” porque o amortecimento não depende da terra. Logo, o

sistema de ancoragem serve apenas para manter o sistema em posição. O protótipo é

constituído de uma coluna central que foi chamada corpo de referência e de uma boia flutuante

oscilando em heave ao longo do corpo. O pé do corpo de referência comporta um heave plate

que foi dimensionado para limitar os movimentos de arfagem do corpo de referência. O sistema

global se inspira da geometria das plataformas offshore SPAR. A boia é dimensionada a fim de

ter um período de ressonância em heave próximo do período dominante de excitação da onda.

É o movimento de translação relativo entre a boia e o suporte que permite gerar energia. O

objetivo é então de ter um corpo de referência com o menor movimento possível e de fazer

funcionar a boia em ressonância de heave para extrair o maior movimento relativo possível.

Esse movimento vertical pode ser convertido em movimento rotatório necessário para produzir

eletricidade a partir de um sistema de geração chamado PTO (Power Take Off). Essa primeira

versão do conversor tem uma potência nominal de 100kW, é esperado uma potência maior em

versões futuras. Para a análise em condições extremas do sistema, considera-se que o sistema

não quer mais produzir energia porem simplesmente sobreviver às condições ambientais. A

boia e o suporte são então mecanicamente acoplados, não existe movimento relativo entre os

dois. Logo, analisa-se o sistema como se fosse um sistema apenas. O efeito de amortecimento

do PTO não é considerado pois o sistema não produz energia. Às características geométricas

do conversor são as seguintes:

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Figura 17 – Modelo CAO do conversor

Os dados hidrostáticos são resumidos na tabela abaixo. A referência em x e y fica no meio da

boia enquanto a referência em z fica na altura da superficie livre com o calado da boia igual a 4

m.

Tabela 3 – Dados hidrostáticos do flutuante acoplado

Descrição Valor

x y z

Posição do centro de gravidade (m) 0 0 -4.74

Posição do centro de empuxo (m) 0 0 -5.79

Deslocamento (tons) 826

Inercia Ixx=Iyy (tons.m²) 5.60E+04

Area do plano de flutuação (m²) 153.8 Altura metacêntrica GM (m)

1.28

4.2 Premissas do sistema de ancoragem estudado

Considera-se incialmente um sistema de três linhas catenárias constituídas de um único ramo

de corrente tipo “studless” de aço R3. O aço R3 e de range media, tem uma carga de ruptura

bastante grande e é mais barato que outros tipos como o R4 por exemplo. A escolha do

13m

5m

14 m

3 m

33 m

z

y

x

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studless é arbitrária. Fornece a mesma carga de ruptura que o stud para um certo diâmetro

(BRASIL AMARRAS, 2012) porem tem um peso menor então uma força de restauração

reduzida.

Como o conversor é destinado a produzir energia a fim de abastecer plataformas offshore ou

boias de sinalização no Brasil, considera-se que o conversor será instalado na Bacia de

Campos já que é a principal bacia sedimentar já explorada na costa brasileira. Conquanto não

foi decidido ainda o sitio de instalação exato do conversor, porque o projeto ainda é numa fase

de design preliminar, espera-se instalar o conversor perto da cidade de Arraial do Cabo. A

profundidade do sitio de instalação é considerada de 70 m.

Os fairleads, pontos de amarração do flutuante com as linhas de ancoragem, são localizados

no corpo de referência 10 metros abaixo da superfície a fim de limitar a inclinação do sistema

devida as condições ambientais médias. Não se pode colocar os fairleads muito próximos a

superfície livre para evitar os choques com a boia oscilante. Os fairleads foram primeiro

colocados na quilha do conversor perto do heave plate. A inclinação do sistema para as

condições ambientais extremas médias era significativa (15 graus de tilt) e inviabilizava essa

solução. A profundidade efetiva dos fairleads ao leito marinho, chamada span, é então de 60 m.

Considera-se o diâmetro do heave plate bastante pequeno para evitar choques entre as linhas

e o heave plate durante a operação. Essa premissa terá que ser investigada mais a fundo num

futuro estudo. Pois caso tenho risco de choque, será preciso usar boias de flutuação nas linhas

perto dos fairleads a fim de evitar qualquer incidente.

O arranjo do sistema de ancoragem é definido na figura seguinte. Cada linha terá as mesmas

características e o ângulo entre cada linha é igual a 120°.

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Figura 18 – Arranjo do sistema de ancoragem

As âncoras usadas com essa ancoragem no estudo são do tipo “ Drag-Embeded Anchor“. Esse

tipo de âncoras é muito usado por ser mais barato. Elas não aguentam carregamentos

verticais, logo sempre tem que ficar um certo comprimento da linha de ancoragem no leito

marinho a fim de evitar essas cargas.

4.3 Pré-dimensionamento estático

Um sistema de ancoragem tem que ser dimensionado para um certo local e um certo tipo de

conversor. No entanto, a fim de poder testar num software apropriado um sistema de

ancoragem, tem que dar um chute inicial do arranjo (diâmetro das linhas, footprint, pre-tensão).

Esse chute é amplamente discutido na literatura porque se ficar muito longe do sistema

otimizado, precisa de muitas voltas no design para chegar a um sistema adequado. Os tempos

de cálculo com software apropriados sendo bastante extensivos (várias horas), pode ser uma

perda de tempo grande para os engenheiros encargados do design. Logo, foi desenvolvido

uma pre-análise estática de resposta do sistema de ancoragem no Matlab em função dos

carregamentos ambientais locais que são o efeito da corrente, do vento e da onda. Esse pre-

dimensionamento permite obter um chute inicial que será depois usado em um estudo no

domínio do tempo. A expectativa do pre-dimensionamento é de poder entender a influência dos

parâmetros de entrada do arranjo de ancoragem (diâmetro das linhas e pre-tensão) na área de

footprint no leito marinho, na excursão do flutuante bem como na tensão no fairlead.

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4.3.1 Avaliação dos carregamentos ambientais

A fim de dimensionar o sistema de ancoragem, analisa-se a resposta do sistema em condições

extremas. São geralmente usadas condições ambientais com período de retorno maior que a

vida útil do sistema para as condições extremas. A regra especificada para estudos de

ancoragem da Det Norske Veritas (DNV, 2010) recomenda usar a combinação seguinte:

Vento médio 1h 100 anos + Corrente 10 anos + espectro irregular de onda 100 anos.

Como o sitio de produção de energia não é exatamente definido, não se pode usar condições

ambientais específicas. A DNV (2010) fornece para a Bacia de Campos em ULS (Ultimate Limit

State), estudo extremo com linhas inabaladas, as condições ambientais extremas seguintes:

Tabela 4 – Condições ambientais medias da DNV para a Bacia de Campos

Descrição Valor

Vento médio 1h - 100 anos 35 m/s

Corrente na superfície 10 anos 1.6m/s

Espectro de Onda 100 anos Hs 8.0 m

Tp 13 s

O vento médio é considerado soprando constantemente na estrutura. Considera-se que a

corrente é criada pelo vento soprando. Logo, o perfil de corrente linear decresce da superfície

até chegar à velocidade nula para uma profundidade de 50 m (DNV, 2010). O estado de mar

centenário é representado por um espectro de Jonswap com um fator de pico de 3 como

considerado por CAMPOS (2009) para a Bacia de Campos.

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Figura 19 – Espectro de Jonswap representativo das condições extremas da Bacia de Campos

Quando for disponível, a DNV (2010) recomenda realizar um estudo de sensibilidade ao

período de pico do espectro de onda com uma “100 years contour line”. Em efeito, não é

necessariamente a onda de maior altura que vai dar a maior tensão nas linhas. Um estado de

mar com altura significativa menor e um período de pico mais próximo da ressonância de um

grau de liberdade dominante do movimento dinâmico da estrutura pode dar tensões mais

críticas nas linhas.

Figura 20 – Exemplo de contour line para estabelecimento das condições ambientais de dimensionamento (DNV, 2010)

Em ausência desse gráfico para a bacia de campos, realiza-se apenas o estudo para um

período de pico de 13 s.

0 0.5 1 1.5 2 2.5 30

5

10

15

20

25Jonswap Spectrum of the extreme irregular seastate

w (rad/s)

S(w

)

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Calculam-se os carregamentos ambientais devidos à corrente, ao vento e ao efeito de segunda

ordem da onda no conversor a fim de determinar a força ambiental usada no cálculo do offset

estático do sistema.

Carregamento médio devido à corrente

Foi considerado um coeficiente de arrasto (Cd) de 1.05 considerando craca e com um “aspect

ratio” de 20 sem redução do coeficiente (DNV, 2009). A área média de aplicação da corrente

(Sc) é de 146 m² e o centro geométrico de aplicação é localizado a 12.4 m abaixo da linha

d´agua.

Considera-se a partir da DNV (2010) uma força de corrente linear decrescente de 0 até 50 m

de profundidade. A corrente pode ser descrita em função da profundidade z pela função linear

seguinte:

Uc(z) = 1,6 + 0,032. z, z negativo por baixo.

Considerando a estrutura com um calado máximo de 30m, a mínima velocidade de corrente

aplicada na estrutura é de 0,64m/s. A velocidade média aplicada na estrutura é então de

1.12m/s; aplica-se a formula de Morison considerando o flutuante como se fosse um corpo

apenas:

1

2𝜌. 𝐶𝑑. 𝑆𝑐. 𝑈𝑐. |𝑈𝑐|

Obtém-se um valor da força de corrente de 98,6 kN. Uma aproximação melhor pode ser obtida

dividindo o corpo em varias fatias com superficie e velocidade media de corrente propria, não

foi feito nesse nível preliminar do estudo.

Carregamento médio devido ao vento

Na ausência de outros valores, a mesma formula foi usada para a avaliação do coeficiente de

arrasto para o vento que para a corrente. A densidade do ar é considerada igual a 1,28 kg/m3.

A área média de aplicação do vento constante é de 20m² e o centro geométrico de aplicação é

localizado a 0.95m acima da linha d´agua. Usando a formula de Morison, obtém-se então uma

força equivalente de 16,4kN

Carregamento de deriva de onda medio em ondas iregulares

Um procedimento simplificado usado por BERGDAHL e KOFOED (2015) consiste em supor

que o objeto reflete todas as ondas do espectro irregular na direção oposta às ondas incidentes

(muito conservativo). A força de deriva media é então:

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25

𝐹𝑑 =𝜌. 𝑔𝐻𝑠

2. 𝐷

32

D diâmetro da boia na superficie livre

A força de deriva media resultante seria de 282 kN. No entanto, estima-se que para ondas

maiores que cinco vezes o diâmetro da boia, o corpo não vai refletir a onda incidente porque

vai ficar seguindo ela. Isso correponde a um periodo de onda de T= 6,7 s em aguas profundas.

Figura 21 – Espectro Jonswap extremo e limite de reflexão do corpo

Apenas a parte a direita da linha vertical de limite de reflexão será então reflectida pelo corpo,

isso deve diminuir significativamente a força de deriva media.

O software usado para a análise de ancoragem, descrito mais à frente, avalia também na fase

estática esses carregamentos ambientais médios a partir do espectro considerado e dos dados

hidrodinâmicos da boia. Os carregamentos avaliados pelo software são resumidos abaixo:

Tabela 5 – Carregamentos ambientais médios na estrutura calculados e avaliados pelo software

Fator ambiental Carregamento avaliado (kN) Carregamento calculado (kN)

Vento 16.6 16.4

Corrente 109.5 98.6

Onda 198.9 281.5

0 0.5 1 1.5 2 2.5 30

5

10

15

20

25Jonswap Spectrum of the extreme irregular seastate

w (rad/s)

S(w

)

T=6.7 s

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26

Total 325.0 396.5

Observa-se que o efeito de deriva de onda é o fator predominante do carregamento ambiental

médio.

O software de radiação-difração Aqwa fornece as forças de excitação sobre a estrutura

(Froude-Krylov+difração) por metro de onda incidente para cada periodo considerado. A partir

dessas forças foi construido o espectro de resposta de força incidente no Matlab para o mar

considerado a partir da formula seguinte:

𝑆𝑓𝑜𝑟ç𝑎(𝑤) = 𝑆(𝑤). 𝑅𝐴𝑂𝑓𝑜𝑟ç𝑎2

Figura 22 – Espectro de força incidente

A amplitude de força significativa é então (BERGDAHL e KOFOED 2015) :

𝐹𝑎𝑚𝑝 = 2√𝑚𝑜𝑓 = 2√∫𝑆𝑓(𝑤)𝑑𝑤

E o máximo de força de primeira ordem numa simulação de três horas sera:

𝐹𝑚𝑎𝑥 = 1.86. 𝐹𝑎𝑚𝑝 = 3 𝑀𝑁

O carregamento estático total máximo aplicado na estrutura será então de 3.33 MN

considerando a somo do carregamento ambiental médio e da força das ondas de primeira

0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.60

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2x 10

6 Excitation force response Spectrum for the extreme irregular seastate

w (rad/s)

Sf(

w)

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27

ordem. Não são considerados efeitos de deriva lenta em surge nesse pre-dimensionamento

estático.

O carregamento ambiental vai permitir realizar um estudo de pré-dimensionamento de

ancoragem em função de dados de entrada da ancoragem. JOHANNING & AL. (2006) criaram

um método de pre-dimensionamento estático de ancoragem catenária inelástica. Esse método

foi implementado para esse caso específico em uma rotina Matlab (Anexo).

Os dois fatores importantes para analisar o sistema de ancoragem são:

O diâmetro das linhas de ancoragem

A pre-tensão horizontal das linhas

O objetivo é de verificar com a ferramenta de pre-dimensionamento qual é o range de cada

parâmetro que permite obter um sistema aceitável estaticamente para poder escolher o melhor

sistema inicial a ser testado dinamicamente.

Do diâmetro das linhas vão decorrer os seguintes parâmetros importantes: Minimum Breaking

Load (MBL) das linhas e peso submerso a partir das seguintes formulas (ORCAFLEX, n.c) e

(VICENTE, n.c):

𝑀𝐵𝐿 = 𝑐 × 𝑑2 × (44 − 80 × 𝑑)

MBL, Tensão de ruptura em kN

c= 1.96E4 para uma corrente de grade R3

d, diâmetro de linha em m

𝑤 = 0.1720 × 𝑑2

w, peso submerso da linha por unidade de comprimento em N/m

d, diâmetro de linha em mm

4.3.2 Range de diâmetro de linha

JOHANNING et al. (2006) fizeram um estudo comparativo do diâmetro de linha de corrente

usado para boias CALM (Catenary Anchor Leg Mooring) de operaçaõ de descarga de Óleo ou

Gás. Essas boias são parecidas com os conversores de energia de onda do tipo ponto

absorvedor a pesar do fato que são dimensionadas para ter o mínimo de movimento possível

no estado de mar predominante do sitio a fim de ter uma janela de operação maior.

Opostamente, um CEO é feito para ter ressonância, logo movimentos maiores. O nosso

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28

sistema sendo constituído de dois corpos, o corpo de referência tem que ser com os menores

movimentos possíveis, ele será então mais parecido com uma boia do tipo CALM que um ponto

absorvedor composto de um corpo apenas. JOHANNING et al. (2006) obtiveram o gráfico

seguinte:

Figura 23 – Diâmetro de linha de ancoragem catenária usado para várias boias CALM e SALM instaladas em função da área de flutuação da boia (JOHANNING et al., 2006)

O nosso conversor tem uma área de flutuação de 154m². Os sistemas instalados mais

próximos desse tipo de boia fornecem um diâmetro de linha entre 70 e 120 mm para um arranjo

de 6 linhas enquanto o nosso conta apenas 3 linhas e uma área levemente maior. Define-se

então o range de diâmetro a ser testado entre 80 e 140 mm.

Não se pode esquecer que o sucesso de um projeto de energia das ondas depende

principalmente da rentabilidade econômica do projeto. O sistema de ancoragem conta para

mais ou menos 5 % do orçamento do projeto (O´CONNOR e DALTON, 2012). Logo, o diâmetro

e o comprimento das linhas têm que ser os menores possíveis a fim de reduzir o custo de

material usado para fixar a boia ao leito marinho. A fim de ter uma ideia, o preço duma corrente

de aço de uso clássico é de 2700 $/ton (BERHAULT, 2013).

4.3.3 Range de pre-tensão das linhas

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29

A pre-tensão das linhas é importante para limitar o offset da boia. Um sistema mais pre-

tensionado reduzirá o offset máximo da boia porem aumentará também a tensão nas linhas de

ancoragem. Além disso, a pre-tensão é crítica para o comportamento da ancoragem. Segundo

HARNOIS (2014), se a pre-tensão aumentar, o amortecimento da ancoragem aumenta

também. Logo, o carregamento máximo na linha aumenta. Conquanto existem sistemas,

usados na área de Óleo e Gás, para ajustar a pre-tensão da ancoragem uma vez instalado,

não podem ser usados para CEO porque são muito custosos. A pre-tensão tem que ser

verificada uma vez o sistema instalado e a âncora instalada de novo se precisar (HARNOIS,

2014).

Como exemplo mostra-se a influência da pre-tensão adimensional, para uma linha de

ancoragem apenas. Mostra-se a resposta adimensional de carregamento horizontal na linha

em função da excursão adimensional do flutuante:

Figura 24 – Horizontal force deflection curve para um range de pre-tensão com h=40m e d=100 mm.

Observa-se que o aumento da pre-tensão permite reduzir o offset médio da boia pois aumenta

a tensão horizontal no fairlead. No entanto, uma linha muito pre-tensionada vai chegar a um

comportamento não linear para excursões muito pequenas, isso não é recomendável para

0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.40

5

10

15

20

25Horizontal force deflection curve for a range of non dimensional pretension

Non-dimensional surge delta/h

Non-d

imensio

nal horizonta

l lo

adin

g T

h/w

h

To/(wh)=0.15

To/(wh)=0.5

To/(wh)=1

To/(wh)=2

To/(wh)=3

To/(wh)=6

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30

limitar os carregamentos nas linhas. Portanto, vai sofrer carregamentos horizontais grandes. A

fim de entender bem a influência da pre-tensão, escolhe-se um range de pre-tensão horizontal

largo que vai de 50 a 300 kN.

4.3.4 Respostas importantes do sistema de ancoragem

Os fatores importantes de saída do programa a serem considerados para avaliar o sistema de

ancoragem para aquela boia e esses carregamentos ambientais são os seguintes:

Tensão máxima nos fairleads das linhas

Comprimento de linha necessário

Surge máximo nesse estado de mar

A tensão máxima no fairlead aceitável vai depender do diâmetro da linha que define a MBL do

sistema. Esse valor de tensão máxima é então considerado acrescentando o fator de

segurança definido pela regra da DNV (2010). Não existem regras dos organismos

classificadores para projetos de energia das ondas ainda porque é uma área muito nova. As

regras criadas para a área de Óleo e Gás são então geralmente usadas. Existe na regra da

DNV (2010) uma diferenciação entre plataformas nas quais existem riscos de perda de vida

humana ou risco de vazamento (classe 2) e outras paras quais não têm esses riscos (classe 2).

Usa-se então os fatores de segurança dessa segunda classe que são menos restritivos e

adequados a este caso. Isso permite evitar superdimensionar demais o sistema, coisa que não

pode ser aceitada no setor de energia das ondas por razões econômicas.

Tabela 6 – Fatores de segurança para estudo extremo

No estudo estático aplica-se então um fator de segurança de 1.70 à capacidade de carga

característica definida da maneira seguinte pela DNV (2010):

Sc = 0.95 × MBL

Como visto na parte teórica, o surge máximo aceitável depende dos requerimentos do projeto

(uso do mar, espaçamento entre conversores...). A partir do estudo de rendimento precedente,

define-se o surge máximo aceitável como sendo de 25 m a fim de obter um rendimento de

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perto de 50% sem ser conservativo demais. O sistema vai oscilar em torno da posição da

deriva media, o offset sendo geralmente dominado por efeitos de deriva lenta de segunda

ordem se o periodo de excitação estiver perto da ressonância em surge, o surge máximo real

poderá ser avaliado apenas depois da análise dinâmica.

O comprimento das linhas tem que ser escolhido tal que nunca tenha carregamento vertical nas

âncoras. Um valor geralmente adotado de footprint para ancoragem de plataformas offshore

em águas profundas é de duas a cinco vezes a profundidade de instalação. Costuma-se para

alguns projetos considerar um comprimento de linha que faria com que toda a linha esteja

pendente quando a MBL da linha está aplicada no fairlead. Essa hipótese é muito conservativa

pois dá um comprimento de linha muito grande logo não será aplicada. O footprint necessario

para aguentar os carregamentos ambientais extremos será obtido em função do diâmetro e da

pre-tensão usada. O valor máximo de footprint aceitável será considerado igual a 500m

considerando que em águas rasas, o ratio footprint/span tende a aumentar para dar resiliência

maior.

4.3.5 Curvas de dimensionamento

As curvas desenvolvidas por JOHANNING et al. (2006) permitem obter a resposta estática das

linhas de ancoragem a um certo carregamento em função dos parâmetros de entrada

(carregamento ambiental extremo, profundidade, diâmetro de linha).

Considera-se primeiro o caso de duas linhas opostas. Diferentemente da resposta duma linha

apenas, não existe uma relação direita entre o carregamento externo e o surge do flutuante

para duas linhas opostas. A força exterior vai aumentar a tensão numa linha e diminuir a tensão

na outra. As curvas têm então que representar o carregamento horizontal resultante para o

conjunto de linhas assim como o surge resultante. A força resultante é tal que

𝐹𝑒𝑥𝑡 = 𝑇ℎ𝑎 − 𝑇ℎ𝑏

Tha, carregamento horizontal na linha A

Thb, carregamento horizontal na linha B

Fext, força resultante do conjunto das linhas A e B

Quando o surge é nulo, as curvas se cruzam no valor de carga igual à pre-tensão como

mostrado na figura seguinte:

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32

Figura 25 – Exemplo de curva de reação (JOHANNING et al. 2006)

Se tiver um carregamento externo no sentido da linha A, a tensão na linha A vai aumentar e a

tensão na linha B vai diminuir. Logo a rigidez (derivada local da curva) e a frequência natural

em surge serão maiores do que se as duas linhas agissem sozinhas com a mesma pre-tensão.

No caso mais geral, no qual tem mais de duas linhas, usa-se um sistema ortogonal imaginário

de linhas nos eixos x e y. O caso para três linhas é mostrado na figura seguinte:

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33

Figura 26 – Cross-system com um arranjo de três linhas (JOHANNING et al. 2006)

Projetam-se as características das linhas nos eixos x e y a fim de obter as curvas de reação

seguintes:

Figura 27 – Curvas de reação em x e y obtidas com a rotina Matlab

A partir das informações nos eixos x e y, os resultados para o sistema real são obtidos das

formulas seguintes (JOHANNING et al., 2006):

𝛿 = √𝛿𝑥2 + 𝛿𝑦2

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34

𝑇ℎ1 = 𝑇ℎ𝐵𝑥

𝑇ℎ2 = √(𝑇ℎ𝐴𝑥

2)2 + 𝑇ℎ𝐵𝑦

2

𝑇ℎ3 = √(𝑇ℎ𝐴𝑥

2)2 + 𝑇ℎ𝐴𝑦

2

Com Th1, Th2, Th3 tensões nas linhas reais e Thax, Thay, Thbx, Thby tensões nas linhas

imaginárias.

As outras informações relevantes são obtidas por resolução geométrica das equações

catenarias.

Figura 28 – Exemplo de tabela de resultados da rotina Matlab

4.3.6 Uso do programa Minitab

4.3.7 Response Surface Method (RSM)

Esse método já foi usado como otimizador de resposta na área de energia das ondas por

SHADMAN et al. (2015). A partir dos resultados obtidos com o estudo estático, o programa

Minitab usa o RSM que é uma coleção de técnicas matemáticas e e estatisticas para

construção de modelos empíricos. Com a designação dum experimento apropriado, o objetivo

é de otimizar uma resposta influenciada por vários parâmetros (ALVAREZ, 2000). Quando

tem varias respostas, é importante achar um compromisso que não otimize apenas uma

resposta (BRADLEY, 2007). O experimento é uma serie de tests, chamados runs, nos quais

são feitas mudanças dos parâmetros de entrada para identificar a razão pela qual a resposta

muda. O objetivo do RSM é de reduzir o custo das análises numéricas (CFD, elementos

finitos). O método cria polinômios de interpolação da resposta em função dos parâmetros de

entrada. O gráfico 3D de resposta é uma superfície chamada “response surface plot” que dà

y=f (x1,x2) em função dos parâmetros x1 e x2. A resposta pode ser representada em 2D para

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facilitar a compreensão por contour plots que mostram combinações de x1 e x2 que dão a

mesma resposta y. Um aspecto importante do RSM é o “design of experiments (DOE)”, o

objetivo do DOE é de escolher pontos nos quais a resposta vai ser avaliada. O programa

Minitab foi usado nesse projeto pois ele permite usar o método RSM. O programa cria

automaticamente, em função de um método de interpolação dos resultados interno, o DOE a

ser testado. A combinação seguinte dos diferentes parâmetros importantes de entrada a serem

considerados foi criada pelo software. Analisam-se no total nove casos diferentes.

Tabela 7 – Casos gerados pelo Minitab

Case Diameter of the lines (mm) Horizontal pre-tension of the lines (kN)

1 110 175

2 131 87

3 89 87

4 80 175

5 140 175

6 110 300

7 110 50

8 89 263

9 131 263

Os limites definidos vão permitir ao programa encontrar qual é a combinação “Pre-tensão-

diâmetro” mais adequada para esse flutuante nessas condições extremas. Cada uma dessas

combinações é então testada na rotina matlab e os resultados são fornecidos ao Minitab para

ele poder realizar a interpolação dos resultados e fornecer os gráficos.

4.3.8 Critica do método

Esse método estático permite dar apenas uma primeira ideia de qual sera a tensão nas linhas

de ancoragem e o offset do sistema pois não leva em conta nenhum efeito dinâmico de

movimento (snap loads por exemplo) nem efeitos de baixa frequencia. O engenheiro tem então

que usá-lo como ferramenta inicial apenas para obter um chute inical de arranjo e não o

considerar como suficiente para dimensionar o sistema. Foi tentado reproduzir o mesmo estudo

paramétrico com análises quase-estaticas no Deeplines a fim de validar os resultados obtidos

de maneira bastante rápida. No entanto, foram encontrados problemas na criaçao das curvas

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36

estáticas das linhas no Deeplines que eram totalmente irrealistas e subestimavam muito a

tensão.

4.4 Análise de ancoragem dinâmica

A partir da melhor combinação proposta pelo Minitab, realiza-se um estudo dinâmico com o

software de elementos finitos Deeplines (equivalente ao mais famoso Orcaflex). Isso é feito a

fim de verificar a validade do estudo estático precedente e de ter uma melhor ideia do offset e

das tensões no fairlead causadas pelos efeitos de segunda ordem que não são considerados

no estudo estático. Permite também saber quais são os movimentos do flutuante nas condições

extremas. E escolhida uma configuração a partir do pre-dimensionamento que é testada

dinamicamente. Se o arranjo escolhido não respeitar todas as condições, será feita uma volta

no design da ancoragem e assim por diante até chegar a um sistema adequado.

4.4.1 Modelo numérico

Deeplines é um programa de elementos finitos 3D no domínio do tempo para estruturas

esbeltas oceânicas como risers ou linhas de ancoragem desenvolvido na França pelas

empresas IFP Energies Nouvelles e Principia. O programa divide cada linha em segmentos

com um comportamento visco-elastico, conectados por nós com uma determinada massa. Os

segmentos modelam as propriedades axiais, torcionais e em flexão das linhas bem como a

rigidez e o amortecimento. Os modelos usam uma combinação de boias e linhas. As equações

do movimento são baseadas no princípio dos trabalhos virtuais. Segundo esse principio, o

estado de equilíbrio da estrutura é atingido quando qualquer deslocamento virtual aplicado não

gera trabalho na estrutura. Cada elemento da equação local da dinâmica é multiplicado por um

deslocamento virtual dx e a equação é integrada ao longo do volume da estrutura. Deeplines é

adaptado para estruturas esbeltas.Para tais estruturas, a seção transversal é considerada não

deformável. O equilíbrio da estrutura é então determinado por uma função G, composta das

contribuições inerciais, externas e internas da maneira seguinte (DEEPLINES, 2014):

O comportamento das estruturas flutuantes pode ser modelado pela equação de Morison ou

pela teoria de difração/radiação. Quando essa ultima teoria é usada, Deeplines precisa em

entrada dos valores de massa adicional e de amortecimento para cada freqüência. Isso é feito

através duma base hidrodinâmica que é um arquivo texto. Extraem-se os dados do flutuante

(dados hidrostáticos, RAO, força incidente, força de deriva, coeficientes de massa adicional e

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de amortecimento de radiação) a partir dum estudo hidrodinâmico no domínio da frequência

realizado com o software de radiação e difração AQWA Ansys. Foi considerado um range de

período de onda incidente indo de 4 a 20 s. O problema é que Deeplines não pode ler o

formato do arquivo de saída de AQWA Ansys pois funciona normalmente com um outro

software de seakeeping. Foi desenvolvido então um programa em VBA (Visual Basic for

Applications) no Excel que permite criar com poucas manipulações manuais um arquivo texto

compatível a partir do arquivo de saída do Aqwa (Apêndice).

Deeplines usa o método explicito para calcular a dinâmica do sistema. Significa que o estado

do sistema no tempo t+1 é calculado a partir do estado no tempo t. Isso requer um intervalo de

tempo pequeno, mas é um método robusto.

Três horas é o tempo de simulação recomendado pelas sociedades classificadoras. Essa

duração representa o tempo durante o qual o estado de mar é considerado estável. Permite

também capturar um certo número de ciclos de baixa frequência de ondas a fim de obter um

número suficiente de carregamentos para poder realizar estudo estatístico. Esse carregamento

de baixa frequência pode ser o efeito dominante se a sua freqüência corresponde com a

frequência natural de oscilação horizontal do sistema.

Foram modeladas as linhas e o flutuante no Deeplines como mostrado na figura seguinte:

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38

Figura 29 – Sistema modelado no Deeplines

4.4.2 Premissas de modelagem

Amortecimento

Para modelar o efeito do heave plate no amortecimento do sistema em heave não foram

realizados ainda estudos de CFD ou experimentais. Foi então adicionada um amortecimento

com a formula de Morison representando o efeito do heave plate. BOZONNET e EMERY

(2015) apresentam estudos de CFD para um heave plate circular de planta eólica flutuante

similar ao do CEO estudado.

Figura 30 – Heave plate estudado por BOZONNET e EMERY (2015)

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Apresentam na figura seguinte o coeficiente de arrasto (Cd) a ser considerado em função do

número de Keulegan Carpenter (Kc) e do período de onda incidente.

Figura 31 – Evolução do coeficiente de arrasto do heave plate em função do período para vários Kc (BOZONNET e EMERY, 2015)

Recomenda-se considerar o Cd para a frequência natural em heave do sistema (25 s no caso).

Observa-se que o Cd tende a se estabilizar entre 10 e 12 para períodos grandes qualquer que

seja o Kc. O período de 25 s não é representado nesse gráfico, supõe-se então que o valor de

Cd ficará nesse range para períodos maiores. O Kc é exprimido pela formula seguinte:

𝐾𝑐 =2𝜋𝑎

𝐷ℎ𝑝

a, amplitude de heave e Dhp diâmetro do heave plate.

Considerando uma amplitude máxima de heave em ondas extremas de dois metros no mínimo,

o Kc será maior que 0.97. Logo, adota-se um valor de Cd igual a 10, usando a curva mais

próxima para uma Kc de 1.07. Escolher esse valor de Cd igual a 10 é conservativo pois Kc

maiores resultam em um Cd maior e logo um amortecimento maior do sistema. Pode ser

esperado um valor de Cd maior para condições operacionais (amplitude de heave menor que 1

metro resultando em um Kc menor que 0.48) para as quais o Cd terá um comportamento mais

parecido com a curva de Kc=0.36, indo para valores de Cd igual a 12 para ondas longas.

BOZONNET e EMERY (2015) mostraram que o efeito quadrático de amortecimento em surge e

desprezável. Portanto, não será levado em conta nesse estudo.

A fim de modelar o efeito do amortecimento quadrático do heave plate nas RAO de heave e

pitch (resp. roll), foi implementado no Aqwa um disco de diâmetro igual ao do heave plate na

base dele. Foi definido também no Aqwa o mesmo espectro de Jonswap extremo para que o

software possa calcular o amortecimento quadrático devido ao heave plalte para cada

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frequência de onda e linearizá-lo para poder ser implementado no estudo frequencial. Como

explicado no manual do Aqwa (ANSYS, 2013), o amortecimento é linearizado substituindo o

fator (Uf-Us).|Uf-Us|, com Uf a velocidade transversal do escoamento e Us a velocidade

transversal do sólido, por α.Urms.(Uf-Us) com Urms valor eficaz da velocidade transversal

relativa no ponto de aplicação e α igual a √(8/π).

Esse amortecimento permite obter as RAO em heave e pitch (resp. roll) considerando um

amortecimento viscoso linearizado. A comparação com as RAO originais é feita nas figuras

seguintes:

Figura 32 – RAO de heave com e sem amortecimento quadrático linearizado

0.00

1.00

2.00

3.00

4.00

5.00

6.00

0 5 10 15 20 25

RA

O h

eav

e a

mp

litu

de

(m/m

)

Period (s)

Comparison between heave RAO with and without heave plate damping

without damping incidence 180 deg with damping incidence 180 deg

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Figura 33 - RAO de pitch com e sem amortecimento quadrático linearizado

Observa-se que os picos de ressonância em heave e pitch foram drasticamente reduzidos pelo

amortecimento viscoso do heave plate. Esse amortecimento linearizado se revela bastante

eficaz para reduzir os movimentos do flutuante, confirmando o efeito esperado do heave plate.

Esses resultados terão que ser comparados com resultados de ensaios experimentais mais

para frente para poder confirmá-los.

Poderia ter sido implementado diretamente discos do Morison ao longo do Heave plate no

domínio do tempo com Deeplines a fim de poder obter um amortecimento quadrático não

linearizado e logo uma avaliação melhor do amortecimento real como foi feito por BODONNET

e EMERY (2015).

Figura 34 – Elementos de Morison para levar em conta o amortecimento quadrático do heave plate (DEEPLINES, 2014)

0.00

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

40.00

0 5 10 15 20 25

RA

O p

itch

am

plitu

de (

deg

/m)

Period (s)

Comparison between pitch RAO with and without heave plate damping

without damping incidence 180 deg with damping incidence 180 deg

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No entanto, não foi feito porque não foi possível calcular os movimentos de primeira ordem do

flutuante no Deeplines por problemas de convergência do sistema em ondas extremas. Foram

então usadas diretamente as RAO obtidas com Aqwa.

O movimento de yaw foi bloqueado a fim de evitar problemas de convergência numérica. Essa

hipótese é válida pois o sistema de ancoragem sendo simétrico, não deveria ter rotação ao

redor do eixo z.

Aproximação de Newman para efeitos de segunda ordem

A fim de obter a resposta de segunda ordem do flutuante, normalmente as Quadratic Transfer

Function (QTF) são usadas. São matrizes de resposta às excitações de segunda ordem de

onda, similares com as RAO para a primeira ordem. Usar as QTF é geralmente recomendável,

porém faz com que os cálculos sejam mais demorados e precisem muito mais dados

hidrodinâmicos. Logo, os efeitos de segunda ordem foram obtidos a partir da aproximação de

Newman. Consiste em usar apenas as forças de deriva media (elementos diagonais das QTF)

a fim de obter a resposta de baixa freqüência. Foi usado o método de Newman que extrapola

os termos médios para obter os termos não diagonais (ORCINA, n.c). Conquanto esse método

dá resultados aceitáveis em águas profundas, pode lidar a erros grandes em águas rasas.

Pre-tensão das linhas

No Deeplines, a pre-tensão horizontal requerida é obtida ajustando o comprimento do primeiro

elemento de cada linha a partir do fairlead. Realiza-se um pre-estudo estático no software a fim

de saber qual é o comprimento de primeiro elemento para obter a pretensão requerida no

fairlead. O ângulo no fairlead é a pretensão sendo diretamente relacionados, o comprimento de

linha define também o ângulo. Modifica-se depois o comprimento do primeiro elemento nas

características do modelo para as outras análises.

5 Resultados

5.1 Otimização da geometria do sistema

Antes desse estudo de ancoragem, a geometria do conversor era levemente diferente. O heave

plate tinha um diâmetro de 18m. No entanto, foi observado quando considerar o flutuante como

se fosse apenas um corpo durante a análise de ancoragem ULS que o período de ressonância

em heave era de 9.8s com uma amplitude de heave na RAO muito alta na ressonância (quase

11m/m sem amortecimento viscoso).

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43

Foi realizado então um estudo paramétrico de variação do diâmetro do heave plate para

analisar a influência no período natural em heave tanto do corpo de referência sozinho quanto

do sistema fixo. O objetivo era de diminuir o diâmetro do heave plate para reduzir o custo do

sistema e ao mesmo tempo reduzir o período natural do sistema fixo. Isso permite fugir das

ondas energéticas do espectro centenário que tem um período de pico de 13 s. O diâmetro do

heave plate deve, entretanto, ser suficiente para obter um período de ressonância em heave do

corpo de referência sozinho superior a 25 s. Recupera-se então o valor da massa adicional

para uma freqüência de onda baixa (w->0) do sistema nas duas configurações da qual obtém-

se a contribuição do heave plate avaliada analiticamente pela formula seguinte

(THIAGARAJAN et al.):

𝐴33 𝐻𝑃 =1

𝜋

6× 𝜌 × 𝐷𝐻𝑃

3

𝑇𝑛3 = 2 × 𝜋 × √𝑚 + 𝐴33

𝜌 × 𝑔 × 𝐴𝑤

Obtém-se os resultados seguintes para o corpo de referência:

Tabela 8 – Evolução analítica do período natural em heave do corpo de referência em função do diâmetro do heave plate

Diâmetro do heave plate,DHP (m) Massa adicional teórica do heave plate A33HP (Tons)

Periodo natural em heave

não amortecido do corpo de referência Tn3 (s)

8 137 17.6

10 268 19.6

12 464 22.2

13 590 23.7

14 736 25.4

15 906 27.2

16 1099 29.1

18 1565 33.2

Um diâmetro de 13 m é suficiente para satisfazer as condições requeridas considerando o fato

que esse cálculo de período de ressonância não inclue o amortecimento. O amortecimento do

heave plate sendo bastante significativo, o período de ressonância amortecido será maior e vai

ultrapassar o valor de 25 s desejado (período não amortecido de 23.7 s). Esse método analítico

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44

fornece um valor aproximado da massa adicional apenas. O erro relativo é de 5% no valor do

período natural em heave do suporte comparado com o resultado numérico dado por Aqwa.

Com esse novo diâmetro, obtive-se o RAO de amplitude em heave do flutuante fixo (condição

extrema, sem amortecimento viscoso) seguinte:

Figura 35 – RAO de amplitude de surge, sway e heave do corpo fixo com um heave plate de 13m de diâmetro

O período de ressonância diminuiu um pouco, isso permite fugir das ondas predominantes e a

amplitude foi drasticamente reduzida. Permite chegar a um dimensionamento do sistema de

ancoragem menor pois os movimentos verticais do flutuante serão reduzidos.

5.2 Resultados estáticos paramétricos do pre-dimensionamento

A tabela de resultados seguintes foi implementada no Minitab:

Tabela 9 – Resultados do pre-dimensionamento

Case Diameter

(mm) Horizontal pre-

tension (kN) Offset

(m) Tension factor

Seabed footprint (m)

1 110 175 22.3 0.67 426

2 131 87 34.1 0.51 359

3 89 87 27.7 0.97 525

4 80 175 17.3 0.67 588

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45

5 140 175 26.4 0.51 339

6 110 300 16.0 0.67 434

7 110 50 35.2 0.67 426

8 89 263 14.6 0.99 530

9 131 263 19.9 0.52 362

Com Tension factor = Fator de segurança × Tensão Máxima no fairlead

Capacidade de carga característica

O footprint foi obtido agregando uma margem de 10 m de comprimento de linha deitado no leito

ao scope horizontal (x) necessário para esse carregamento a fim de evitar carregamentos

verticais na âncora.

Foram obtidos os polinômios seguintes:

𝑆𝑒𝑎𝑏𝑒𝑑 𝑓𝑜𝑜𝑡𝑝𝑟𝑖𝑛𝑡 = 1349.2 − 12.811 𝑑 + 0.0263 𝑇𝐻0 + 0.03986 𝑑²

𝑂𝑓𝑓𝑠𝑒𝑡 = 23.81 + 0.1704 𝑑 − 0.13952 𝑇𝐻0 + 0.000225 𝑇𝐻0² − 0.000147 𝑑. 𝑇𝐻0

Tension factor = 1.451 - 0.00697 d

A influência da pre-tensão na tensão máxima que é muito maior é imperceptível. Espera-se que

no estudo dinâmico, uma pre-tensao maior poderá resultar em tensões maiores nas linhas pois

modificará o amortecimento.

A partir das curvas de regressão, foi realizado um contour plot que permite analisar

graficamente qual é a combinação de parâmetros que permita um range aceitável de offset

assim que de footprint. O fator de tensão será verificado a parte porque depende apenas do

diâmetro de linha.

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46

Figura 36 – Contour plot de resposta estática

As curvas azuis definem o mínimo e o máximo de footprint esperado. As curvas vermelhas

definem o range de offset máximo esperado com o valor de 25 m sendo definido como o

máximo aceitável. O quadro branco define então todas as combinações de diâmetro e pre-

tensão horizontal aceitáveis.

A partir desse gráfico, foi decidido escolher um arranjo com um diâmetro de 100 mm e uma

pre-tensão de 250 kN a fim de limitar o offset a 16 m considerando que ele será levemente

maior no estudo dinâmico e usando o menor diâmetro possível. Essa configuração não otimiza

o footprint, mas foi considerado que esse pode ser drasticamente reduzido facilmente usando

âncoras que aceitam carregamentos verticais ou pesos de chumbo ou concreto perto do

“Touch Down Point”. Basta verificar o fator de tensão para essa combinação com o gráfico

seguinte:

TH0=250 d=100

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Figura 37 – Respostas do sistema otimizado

O fator de segurança para esse diâmetro é de 0.75, tem então uma margem razoável

considerando que esse fator pode tender a aumentar na análise dinámica. Os valores exatos

de offset e de footprint são de 16.3 m e 473 m respectivamente. Essa configuração respeita

todas as exigências do projeto e será então considerada para o chute inicial do estudo

dinâmico. Esse arranjo permite deixar uma margem de manobra considerando que efeitos

dinâmicos e de segunda ordem vão aumentar a tensão nas linhas e o offset do flutuante.

Extraem-se os valores anexos seguintes também:

Tabela 10 – Resultados anexos do estudo de pre-dimensionamento

Diameter of the lines

(mm)

Horizontal pre-tension of the lines

(kN)

Price estimation of a mooring line

($)

Total stiffness of the mooring system in

surge (kN/m)

Natural period in surge (s)

110 175 287164 985 7.4

131 87 347824 833 8.0

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89 87 228298 1213 6.6

80 175 287164 1380 6.2

140 175 374906 800 8.2

110 300 287164 1033 7.2

110 50 287164 987 7.4

89 263 230416 1241 6.6

131 263 350599 852 7.9

A pesar do comprimento de linha maior para diâmetros de linhas pequenos, o preço das linhas

tende a ser menor para diâmetros menores baseando-se num preço de linha independente da

carga de ruptura de 2700$/ton (BERHAULT, 2013). Além disso, observa-se que o período

natural em surge é muito baixo quando a linha é altamente carregada pois o sistema é muito

rígido. A título de comparação, a rigidez ao redor da posição média é de aproximadamente

45kN/m, esse valor dá um periodo de resonnância em surge de 35s.

5.3 Análise dinâmica do sistema catenária

Considera-se o sistema inicial de arranjo catenário obtido pelo estudo estático. Todos os

parâmetros de entrada considerados na análise dinâmica Deeplines são resumidos na tabela

seguinte:

Tabela 11 – Dados de entrada do modelo Deeplines para o chute incial da ancoragem catenária

Description

Value

Anchor system

Line number 3

Length (m) 612

Footprint (m) 600

Normal drag coeficient 2.4

Normal inertia coefficient 2

Axial drag coeficient 1.15

Safety factor mean 1.3

Safety factor dyn 1.75

Safety factor quasi static 1.7

Mooring type catenary chain

grade R3

Coeficient c 1.96E+04

Type Studless

chain diameter (mm) 100

Mass (kg/m) 199.0

Submerged weight (N/m) 1.720E+03

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Minimum Breaking Load (N) 8.03E+06

Characteristic capacity (N) 7.627E+06

E (kN/m2) 5.00E+07

A (m2) 1.57E-02

Axial stiffness EA (N) 7.85E+08

lifetime (yrs) 25

Pretension (kN) 450

Corrosion allowance (mm/yr) 0.3

Corrosion loss over the lifetime (mm) 7.5

Corrected chain diameter (mm) 108

Additional Marine growth thickness (mm) 40

Increased hydrodynamic diameter due to marine growth (mm) 180

Environmental conditions

Water depth (m) 70

Seabed type medium sand

friction coefficient 1

Main soil stiffness (kN/m2) 40000

Seastate 100 yrs DNV

Hs (m) 8

Tp (m) 13

Current DNV 10 yrs (m/s) 1.6

Wind DNV 100yrs (m/s) 35

Floater

Total Projected surface (m2) 95.5

Projected surface in water (m2) 74

Projected surface in air (m2) 21.5

Cx 1.05 Water plane area (m2)

154

A fim de ser conservativo, os carregamentos ambientais se aplicam todos na mesma direção,

alinhada com uma linha de ancoragem. Isso é o pior caso possível para a linha de ancoragem.

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Figura 38 – Direção dos carregamentos ambientais

O footprint foi de propósito colocado grande demais para poder analisar qual será o

comprimento de linha restante no leito marinho durante a análise extrema e deduzir o footprint

necessario. Dados de projeto sobre a corrosão e a craca não foram usados nesse estudo

porque está numa fase preliminar ainda, porém são dados a título de informação.

O objetivo era de analisar a resposta do sistema durante três horas a fim de poder obter

valores estatísticos relevantes sobre os efeitos de segunda ordem. No entanto, diante o tempo

de cálculo muito grande precisado para realizar esses cálculos (mais de 50h), o tempo de

simulação foi reduzido a 30 minutos.

Foi observado durante a simulação dinâmica um efeito não desejável de pitch oscilatório com

uma amplitude grande que fazia com que as tensões resultantes eram maiores e era

impossível para o sistema sobreviver nessas condições extremas.

Line 1

Line 2

Line 3

Wave+Wind+Current

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Figura 39 – Oscilação em pitch do flutante em condições extremas

Pode ser visto que picos de pitch chegam até 80°/m quando a onda máxima passa (3/4 do

tempo de simulação correspondendo a 900 s). Foi então percebido que o problema vem do fato

que a massa adicional em pitch devido ao surge (A51) é muito grande (até 800 tons) enquanto

deveria ser pequena porque o flutuante não apresenta asimetria proa-popa em surge. Os

efeitos de segunda ordem sendo considerados em surge, agregava ums oscilação em pitch

considerável por esse acoplamento. Foi também visto que termos hidrodinâmicos normalmente

não acoplados como A21 por exemplo não eram nulos. Isso pode vir do fato que Aqwa não

permite criar uma malha simétrica e logo não identifca o corpo como axisimétrico. Foi então

modificada a base de dados hidrodinâmica manualmente a fim de colocar todos os termos não

acoplados e os termos de pitch devido ao surge nulos.

Obtem-se no pós-processamento do Deeplines as séries temporais de todos os resultados

importantes para o estudo (offset horizontal, tensão no fairlead das linhas, heave, pitch,

comprimento de linha no leito marinho, e extraem-se os extremos da série temporal. Esses

extremos são resumidos na tabela seguinte:

Tabela 12 – Resultados extremos da simulação temporal

Mean offset Max offset (m) Max heave (m) Min heave (m) Max pitch (º)

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(m)

3.9 17.8 8.4 -7.1 61.9

Min pitch (º)

Max tension at fairlead (N)

Mean tension at fairlead (N)

Dynamic tension at fairlead (N)

Minimum TDP lying length (m)

-29.7 5.07E+06 7.58E+05 4.31E+06 100

O offset máximo chega a 17.8 m, apenas 1 m a mais que o estudo estático. O footprint no

estudo é de 600 m, considerando que o mínimo de comprimento deitado no leito é de 100 m,

ele pode ser reduzido para 510 m. A malha foi muito pouca refinada na parte deitada das linhas

(um elemento cada 50 m) a fim de reduzir o tempo de cálculo. Pode ser então que seja

necessario um footprint menor se for feito um estudo mais refinado (até 460 m). Para o estudo

dinâmico, o fator de tensão é calculado diferentemente. Observa-se que mesmo sem a massa

adicional A51 e o amortecimento viscoso em pitch, o movimento de pitch chega a ser muito

grande quando passa a onda máxima (61,9°). Essa inclinação inviabilizaria a instalação do

sistema (risco de emborcamento e danificação do cabo elétrico) e a influência da restauração

devida à ancoragem nesse movimento tem que ser investigada mais a fundo. Talvez pudesse

ser levemente modificada a posição dos puntos de amarração a fim de evitar tais movimentos.

Usam-se as tensões médias e dinâmicas com fatores de segurança distintos como dados na

Tabela 6. O fator de tensão resultante é calculado.

Tabela 13 – Verificação do fator de tensão dinâmico

Breaking load MBL 8.75E+06 N

Characteristic capacity Sc 8.32E+06 N

Mean safety factor Sfmean 1.1 Dynamic safety factor Sfdyn 1.5

Line 1 Line 2 Line 3

Tcmean max 9.21E+05 9.95E+05 7.58E+05

Tcdyn max 3.82E+05 3.82E+05 4.31E+06

DNV Tension check 0.19 0.20 0.88

Observa-se que o fator de tensão é aceitável mesmo sendo maior do que avaliado com o

estudo estático. No entanto, a tensão máxima na linha 3 é bem maior que previsto com o

estudo estático (3.67E3 kN contra 5.07E3 kN) enquanto o surge é parecido. Isso mostra que os

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efeitos dinâmicos de heave e pitch influem bastante na resposta em tensão das linhas. Podem

aparecer também as vezes os “snap loads” que aumentariam significativamente o

carregamento na linha, não foram observados esses carregamentos nessa análise.

A comparação entre os resultados estáticos e dinâmicos para esse caso é apresentada na

tabela seguinte:

Tabela 14 – Comparação entre os casos estáticos e dinâmicos

Case Offset (m) Footprint (m) Tension factor

Static 16.4 473 0.75

Dynamic 17.8 510 0.88

Relative difference 7.87% 7.25% 14.77%

Obtem-se um sistema de ancoragem que satisfaz os critérios de projeto esperados pelo estudo

estático. A DNV (2010) recomenda também fazer um estudo dinâmico em condições extremas

com uma linha de ancoragem quebrada para verificar que as outras também vão aguentar os

carregamentos assim como um estudo completo de fadiga com o scatter diagram das

condições ambientais locais. Isso não foi realizado porque saia do foco do estudo que era de

determinar um sistema preliminar a partir do estudo de pre-dimensionamento. A partir desse

arranjo inicial, percebe-se que se pode chegar a um sistema otimizado que será parecido ao

sistema primeiramente testado. Em função das restrições locais de instalação ou dos desejos

do projetista, poderá ser modificado o sistema para reduzir o footprint ou o offset máximo por

exemplo.

5.4 Análise dinâmica de outros arranjos

A fim de realizar uma comparação com outros arranjos típicos, são testados dinamicamente

três arranjos diferentes do sistema catenario com corrente de aço. A pre-tensão total foi

deixada igual ao modelo precedente a fim de estudar a influência dos outros parâmetros.

O primeiro é um arranjo em catenaria também composto de vários materiais. Os cinco

primeiros metros são constituídos de corrente de aço igual ao caso precedente a fim de realizar

a amarração com o flutuante. Toda a coluna d’agua é constiuida de um cabo de aço de 100

mm que foi escolhido por ter uma carga de ruptura parecida. A parte de linha deitada no chão é

constituída de corrente também a fim de dar peso para limitar o offset. Esse arranjo permite

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reduzir drasticamente o peso total do arranjo. O esquema do arranjo geral é dado na figura

seguinte:

Figura 40 – Arranjo em catenária com cabo de aço

As características do modelo e do cabo de aço são apresentadas na tabela seguinte (BRIDON,

2011):

Tabela 15 - Dados de entrada do modelo Deeplines para a ancoragem catenária mista

Description

Value

Line number 3

Length (m) 500

Footprint (m) 490

Wire normal drag coeficient 1.5

Normal inertia coefficient 2

Axial drag coeficient 1.15

Mooring type Wire rope

Wire diameter (mm) 100

Mass (kg/m) 43.3

Minimum Breaking Load (N) 7.75E+06

Axial stiffness EA (N) 5.2E+08 Pretension (kN)

450

Os dois outros arranjos testados são do tipo Taut mooring com um ângulo das linhas com o

leito marinho de 35°. Foram testados dois diâmetros de linha diferentes a fim de entender a

influência da elasticidade na resposta dinâmica do sistema. O arranjo modelado é ilustrado na

figura seguinte:

Chain 100mm, 5m

Wire cable 100mm, 85m

Chain 100mm, 410 m

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Figura 41 – Arranjo Taut Mooring

As características dos cabos de fibra foram escolhidas sem pre-dimensionamento, foram

apenas comparadas com materiais de projetos similares. Espera-se que os carregamentos

serão amortecidos pela elasticidade do cabo, logo foram escolhidos cabos com tensão de

ruptura menor. As características técnicas do cabo foram obtidas do catalogo da LANKHORST

ROPES (n.c.), ele é composto de náilon e é do tipo “double braid”. As características do modelo

e dos dois cabos de fibra são apresentadas na tabela seguinte:

Tabela 16 - Dados de entrada do modelo Deeplines para o Taut mooring 1

Description

Value

Line number 3

Length (m) 91

Footprint (m) 86

Wire normal drag coeficient 1.5

Normal inertia coefficient 2

Axial drag coeficient 1.15

Mooring type Fibre rope

Wire diameter (mm) 112

Mass (kg/m) 7.8

Minimum Breaking Load (N) 2.93E+06

Axial stiffness EA (N) 4.2E+06 Pretension (kN)

450

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Tabela 17 - Dados de entrada do modelo Deeplines para o Taut mooring 2

Description

Value

Line number 3

Length (m) 91

Footprint (m) 86

Wire normal drag coeficient 1.5

Normal inertia coefficient 2

Axial drag coeficient 1.15

Mooring type Fibre rope

Wire diameter (mm) 136

Mass (kg/m) 11.5

Minimum Breaking Load (N) 4.09E+06

Axial stiffness EA (N) 6.2E+06 Pretension (kN)

450

Os resultados seguintes foram obtidos em comparação com o caso de base:

Tabela 18- Resultados extremos de comparação dos diferentes arranjos

Case Mean offset

(m)

Max offset

(m)

Max heave

(m)

Min heave

(m)

Max pitch

(º)

Min pitch

(º)

Max tension (N)

Mean tension (N)

Dynamic tension

(N)

Chain catenary mooring 100mm

3.9 17.8 8.4 -7.1 61.9 -29.7 5.07E+06 7.58E+05 4.31E+06

Wire rope catenary mooring 100mm

3.5 15.5 8.3 -7.1 60.0 -26.8 4.75E+06 6.07E+05 4.14E+06

Taut fibre rope mooring

112mm 6.3 46.2 8.5 -7.8 45.6 -29.7 2.30E+06 7.27E+05 1.57E+06

Taut fibre rope mooring

136mm 4.2 33.9 8.5 -7.4 50.7 -30.9 2.60E+06 9.20E+05 1.68E+06

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Figura 42 – Representação comparativa dos resultados extremos para os diferentes casos

Observa-se que com o sistema de taut mooring o offet máximo é muito maior do que com o

sistema em catenária. Seria então preciso usar uma pre-tensão bem maior com o taut mooring

para respeitar as restrições de deslocamento do flutuante, isso vai aumentar a tensão nas

linhas de ancoragem logo precisa dum sistema com uma carga de ruptura maior. No entanto,

esses resultados confirmam que as tensões máximas são muito reduzidas pela elasticidade

das linhas de fibra pois são reduzidas por um fator maior que 2. O arranjo em taut permite

também reduzir o movimento de pitch extremo que pega o flutuante mesmo se ele ainda está

grande demais para permitir ao flutuante sobreviver em ondas extremas.

Tabela 19 – Verificação da tensão máxima na linha carregada

Chain catenary mooring 100mm

180º

Wire rope catenary mooring

100mm 180º

Taut fibre rope mooring 112mm

180º

Taut fibre rope mooring 136mm

180º

Tcmean max 7.58E+05 6.07E+05 7.27E+05 9.20E+05

Tcdyn max 4.31E+06 4.14E+06 1.57E+06 1.68E+06

DNV Tension check 0.88 0.83 1.13 0.91

-40.0

-20.0

0.0

20.0

40.0

60.0

80.0

Chain catenary mooring 100mm180º

Wire rope catenary mooring100mm 180º

Taut fibre rope mooring 112mm180º

Taut fibre rope mooring 136mm180º

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Observa-se que o arranjo com um cabo de aço permite diminuir levemente o fator de tensão

nas linhas. Também, enquanto os carregamentos no primeiro arranjo em Taut são menores

que no segundo por ter uma rigidez axial menor, o fator de tensão é maior que 1. Isso

inviabiliza esse arranjo.

Para finalizar, foi testado o segundo arranjo em Taut mooring (diâmetro de 136mm) com uma

pre-tensão maior, igual a 40% da carga de ruptura da linha. Os resultados seguintes foram

obtidos:

Tabela 20 – Resultados extremos para o Taut mooring com uma pre-tensão maior

Case Mean offset

(m)

Max offset

(m)

Max heave

(m)

Min heave

(m)

Max pitch

(º)

Min pitch

(º)

Max tension (N)

Mean tension (N)

Dynamic tension

(N)

Taut fibre rope mooring 136mm, 40% pre-tension

6.7 24.7 8.6 -7.1 66.8 -38.7 3.03E+06 1.94E+06 1.09E+06

Pode ser observado que o aumento da pre-tensão permitu reduzir significativamente o offset

sem afetar muito a tensão máxima na linha. E então recomendável usar o taut mooring com

uma pre-tensão grande para poder limitar o offset.

5.5 Discussão

Esse sistema de ancoragem foi dimensionado de maneira simétrica em ausência de dados

meteorológicos do sítio de instalação. Geralmente, o carregamento de onda predominante é

aplicado apenas num quadrante espacial, isso permite dimensionar apenas uma linha para as

condições extremas e usar outras linhas mais fracas, logo ter um sistema mais barato. No caso

do Brasil, terá provavelmente que dimensionar uma das linhas de ancoragem para as ondas de

frente fria de sudeste e uma outra para as condições de bom tempo de orientação nordeste.

Não foi considerado nesse estudo variação do nível de maré que pode ser relativamente

significativo numa lamina d’água de 70m. Essa variação implica uma mudança da pre-tensão

que pode ser muito prejudicial. Isso é principalmente verdadeiro para um taut mooring que se

adapta mal a essa variação pois a pre-tensão tem que sempre ficar alta como foi observado

nesse estudo comparativo.

A pesar desse problema de adaptação à maré, o sistema de taut mooring associado a uma pre-

tensão alta parece apresentar características muito melhores que um sistema em catenária

pois reduz os carregamentos e diminui drasticamente o footprint do sistema. Não se pode

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esquecer que um taut mooring precisa de âncoras que aguentam carregamentos verticais. Tais

âncoras podem se revelar complicadas de serem instaladas e muito caras, esse elemento tem

que ser levado em conta numa futura tomada de decisão. Além disso, os cabos de fibra estão

ainda em desenvolvimento tecnológico. Logo, falta de conhecimento empírico sobre o

comportamento deles. Então é recomendado usar um fator de segurança a mais para levar em

conta essa incerteza.

Seria interessante também estudar o efeito do ângulo de inclinação das linhas com o leito

marinho na configuração taut mooring para poder achar um ângulo ótimo de funcionamento.

Ancoragens convencionais foram estudados em termos de adaptabilidade para energia das

ondas. HARRIS et al., (2003) acharam que os sistemas em catenaria (CALM e SALM) são

muito apropriados para essa aplicação. O sistema catenário tem a vantagem de ter uma

simplicidade de instalação bem como um conhecimento empírico muito forte. A combinação de

corrente de aço com cabo (de aço ou de fibra) na linha d’água a fim de reduzir o peso, já

bastante usada na área Oleo e Gás, se revela promissora também na área de energia das

ondas. A fim de evitar eventuais choques entre as linhas de ancoragem e o heave plate, podem

ser usadas boias de flutuação perto dos fairleads. Tambem foi observado que o footprint

necessário em aguas rasas é muito grande (ratio footprint/span maior que 7, valor maior que os

geralmente encontrados em aguas mais profundas na área Oleo e Gás). A fim de reduzir esse

footprint, podem ser usados pesos de chumbo ou de concreto perto do touch down point que

permitem agregar peso as linhas. Segundo FITZGERALD e BERGDAHL (2007), as boias

intermediárias permitem reduzir o peso das linhas no flutuante e limitam a excitação das linhas,

logo os “snap loads”. No entanto, adicionar uma boia necessita instalar um hawser entre a boia

e o flutuante que pode sofrer “snap loads” grandes e fadiga. No entanto, do fato que ele é

colocado perto da superfície livre, é fácil de substituí-lo. Acharam também que os pesos

adicionais permitem reduzir os carregamentos extremos nas linhas.

HARRIS et al. (2003) mostraram que os cabos sintéticos são os mais adequados para

ancoragem de conversores de onda. Principalmente de náilon por terem uma resiliênça grande

e boas características em fadiga.

Harris et al. (2003) fizeram um estudo comparativo de preço das linhas de ancoragem por

metro em função da MBL para vários tipos de linhas usadas.

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Figura 43 – Comparação de preço das linhas de ancoragem (HARRIS et al., 2003)

Observa-se que o preço dos cabos de fibra ainda é maior do que os outros, isso pode ser

compensado pelo fato que um taut mooring reduz muito o comprimento de linha necessário.

Porém, num arranjo catenário, uma corrente de aço clássica (grade R3 por exemplo) fica mais

barata que qualquer outro material.

6 Conclusão

6.1 Conclusão do estudo

Foi criado nesse estudo um sistema de pre-dimensionamento de ancoragem em catenária que

se revelou eficaz a fim de obter um chute inicial para projetar um sistema de ancoragem

adequado à dadas condições ambientais extremas para um definido flutuante. Esse método foi

aplicado no caso do projeto desenvolvido por SHADMAN (2015) e permitiu obter um arranjo

inicial estudado no domínio do tempo com o software Deeplines. Esse arranjo preliminar se

mostrou ser muito próximo de um sistema otimizado e respeita as condições do projeto

definidas. Isso permitiu validar a aplicabilidade do método estático usado.

Foi depois comparado esse arranjo em catenaria clássico com outros arranjos típicos. Uma

discussão sobre os resultados foi aberta a fim de servir de base para futura tomada de decisão

quando um sistema flutuante tiver que ser instalado. Espera-se que esse trabalho sirva de base

para desenvolver um trabalho mais detalhado de ancoragem de CEO a dois corpos no futuro.

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6.2 Sugestões para trabalhos futuros

Num futuro estudo, a análise de fadiga dos componentes terá que ser realizada com um

período de retorno igual ao período de vida do projeto (de 20 a 30 anos). Essa análise de

fadiga é baseada nos dados de onda do “scatter diagram” do local de instalação. O local de

produção de energia terá então que ser escolhido precisamente antes. Se o sistema não

passar o teste de fadiga, o design do sistema terá que ser modificado. O estudo ALS

(Accidental Limit State) terá que ser realizado também.

Deve ser feito também o dimensionamento dos vários componentes e da âncora de cada linha.

Redundância dos componentes deve ser levada em conta. Os efeitos da corrosão durante a

vida útil, bem como a influência da craca no diâmetro hidrodinâmico das linhas, deverão ser

incorporados também. Um estudo de sensibilidade à posição teórica das âncoras deve ser

levado em conta para considerar incertezas durante a instalação. Um melhor estudo da

influência do posicionamento dos fairleads no suporte pode ser também realizada.

Não foi considerado muito o aspecto econômico entre as diversas soluções propostas por falta

de informação disponível sobre o assunto. Pode ser interessante realizá-lo a fim de obter o

sistema mais barato e confiável possível.

Como o sistema é axisimétrico e os carregamentos ambientais foram considerados todos na

mesma direção, não apareceu problema de movimento de yaw. Será importante considerar o

efeito de variação de direcionalidade das condicões ambientais que podem implicar um yaw do

sistema porque um sistema afrouxado oferece pouca resistência a esse grau de liberdade.

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8 Apêndices

8.1 Base de dados hidrodinâmica para Deeplines

São mostrados nas figuras abaixo uma amostra do formato do arquivo de saída do Aqwa e de

entrada necessário para Deeplines:

Figura 44 – Formato do arquivo de saída do Aqwa

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Figura 45 – Formato do arquivo de entrada para Deeplines

Se pode perceber que o formato é totalmente diferente, foi então criada uma rotina VBA no

excel a fim de adaptar o formato do arquivo Aqwa com poucas manipulações manuais. Como

cada seção do arquivo Aqwa tem um formato diferente (RAO, massa adicional...) cada seção

era colocada manualmente num arquivo texto separado e aberto no Excel para classificar os

dados de maneira específica. O arquivo de entrada Deeplines era depois automaticamente

criado a partir de cada seção e colocado num documento texto manualmente.

8.2 Rotina Matlab

Programa principal:

% reaction curve cross system clearvars theta=60; % angle of the external force with the x axis. Btw 0 and 90 deg Fext=3300; %external loading, kN Fextx=Fext*cos(theta*pi/180);%external loading projected on the x-axis, kN Fexty=Fext*sin(theta*pi/180);%external loading projected on the y-axis, kN h=60 ;% water depth, m d=140; %mm w=0.1875*d^2/1.09; % submerged weight, N/m Th0=175; %A=Th0/wh Th0 horizontal pretension, kN

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Th0x=Th0*cos(60*pi/180); Th0y=Th0*sin(60*pi/180); % reaction curves of imaginary lines along x Thx=0.1:50:5000.1; ax=1000*Thx/w; a0=1000*Th0/w; a0x=1000*Th0x/w; a0y=1000*Th0y/w; Xx1=zeros(1,length(Thx)); Xx2=zeros(1,length(Thx)); for i=1:length(Thx) Xx1(1,i)=h*(1+2*2*a0x/h)^0.5-h*(1+2*ax(i)/h)^0.5+ax(i)*acosh(1+h/ax(i))-

2*a0x*acosh(1+h/(2*a0x)); Xx2(1,i)=h*(1+2*a0/h)^0.5-h*(1+2*ax(i)/h)^0.5+ax(i)*acosh(1+h/ax(i))-

a0*acosh(1+h/a0); end Fresx=zeros(1,length(Thx)); for i=1:length(Xx1) Fresx(i)=Horizontalforce(Xx1(i),h,w,2*Th0x)-Horizontalforce(-Xx1(i),h,w,Th0); if Fresx(i)<0 Fresx(i)=0; end end figure hold on plot(Xx1,Thx,'k:') plot(-Xx2,Thx,'k--') plot(Xx1,Fresx,'k-') hold off title('Reaction curve of the imaginary lines (x-direction)') xlabel('Surge in x [m]') ylabel('Horizontal loading in x [kN]') legend('line A-x','line B-x','Resultant horizontal loading in x') kx=find(Fresx>Fextx, 1 ); Th_ax=Horizontalforce(Xx1(kx),h,w,2*Th0x); Th_bx=Horizontalforce(-Xx1(kx),h,w,Th0); Surge_x=Xx1(kx); % reaction curves of imaginary lines along y Thy=0.1:50:5000.1; ay=1000*Thy/w; Xy=zeros(1,length(Thy)); for i=1:length(Thy) Xy(1,i)=h*(1+2*a0y/h)^0.5-h*(1+2*ay(i)/h)^0.5+ay(i)*acosh(1+h/ay(i))-

a0y*acosh(1+h/a0y); end Yy=-Xy; Fresy=zeros(1,length(Thy)); for i=1:length(Xy) Fresy(i)=Horizontalforce(Xy(i),h,w,Th0y)-Horizontalforce(-Xy(i),h,w,Th0y); if Fresy(i)<0 Fresy(i)=0; end end figure hold on plot(Xy,Thy,'k:') plot(Yy,Thy,'k--')

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plot(Xy,Fresy,'k-') hold off title('Reaction curve of the imaginary lines (y-direction)') xlabel('Surge in y [m]') ylabel('Horizontal loading in y [kN]') legend('line A-y','line B-y','Resultant horizontal loading in y') ky=find(Fresy>Fexty, 1 ); Th_ay=Horizontalforce(Xy(ky),h,w,Th0y); Th_by=Horizontalforce(-Xy(ky),h,w,Th0y); Surge_y=Xy(ky); % corresponding properties in the real system Surge=(Surge_y^2+Surge_x^2)^0.5; %m Th1=Th_bx; %kN Th2=((Th_ax/2)^2+Th_by^2)^0.5; %kN Th3=((Th_ax/2)^2+Th_ay^2)^0.5; %kN Th=[Th1,Th2,Th3,0]; %line properties a1=1000*Th1/w; a2=1000*Th2/w; a3=1000*Th3/w; %horizontal scope x1=a1*acosh(1+h/a1); %m x2=a2*acosh(1+h/a2); %m x3=a3*acosh(1+h/a3); %m x=[x1,x2,x3,0]; %lifted line length Ls1=a1*sinh(x1/a1); %m Ls2=a2*sinh(x2/a2); %m Ls3=a3*sinh(x3/a3); %m Ls=[Ls1,Ls2,Ls3,0]; %vertical force at the fairlead Tv1=w*Ls1/1000; %kN Tv2=w*Ls2/1000; %kN Tv3=w*Ls3/1000; %kN Tv=[Tv1,Tv2,Tv3,0]; %total force at fairlead and angle with horizontal T=zeros(1,4); phi=zeros(1,4); for i=1:3 T(i)=(Tv(i)^2+Th(i)^2)^0.5; phi(i)=acos(Th(i)/(Th(i)^2+Tv(i)^2)^0.5)*180/pi; end %stiffness in relative surge C11_1=w*(-2/(1+2*a1/h)^0.5+acosh(1+h/a1))^-1/1000; C11_2=w*(-2/(1+2*a2/h)^0.5+acosh(1+h/a2))^-1/1000; C11_3=w*(-2/(1+2*a3/h)^0.5+acosh(1+h/a3))^-1/1000; C11_tot=C11_1*cos(theta*pi/180)+C11_2*cos((240+theta)*pi/180)+C11_3*cos((120+

theta)*pi/180); C11=[C11_1,C11_2,C11_3,C11_tot]; Res=zeros(8,4); Res(1,4)=Surge; Res(2,:)=Th; Res(3,:)=x; Res(4,:)=Ls; Res(5,:)=Tv; Res(6,:)=T; Res(7,:)=phi;

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Res(8,:)=C11; %presentation in a table f=figure('Position', [100 100 752 250]); hTable=uitable('Parent',f,'Position',[25 50 700 200]); columnHeaders = {'Line 1', 'Line 2', 'Line 3','Global'}; for n=1:8, rowHeaders{1} = 'Surge (m)'; rowHeaders{2} = 'Th (kN)'; rowHeaders{3} = 'x (m)'; rowHeaders{4} = 'Ls (m)'; rowHeaders{5} = 'Tv (kN)'; rowHeaders{6} = 'T (kN)'; rowHeaders{7} = 'phi (deg)'; rowHeaders{8} = 'C11 (kN/m)'; tableData(n,1) = Res(n,1); tableData(n,2) = Res(n,2); tableData(n,3) = Res(n,3); tableData(n,4) = Res(n,4); end % Display the table of values. set(hTable, 'RowName', rowHeaders); set(hTable, 'ColumnName', columnHeaders); set(hTable, 'data', tableData);

Funçao “HorizontalForce”

function [Th] = Horizontalforce(X,h,w,Th0) a0=1000*Th0/w; syms t a=solve(X==h*(1+2*a0/h)^0.5-h*(1+2*t/h)^0.5+t*acosh(1+h/t)-

a0*acosh(1+h/a0),t); Th=w*a/1000; end

8.3 Deeplines datasheet

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