análise das tensões residuais geradas no torneamento em ...¡lise tensões... · v resumo a...

52
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA CEFET/RJ Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em Altas Velocidades de um Aço SAE 4140 Matheus Patrick Soares Barbosa Reissel Reis de Souza Rio de Janeiro Novembro de 2016

Upload: vokhanh

Post on 08-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

CENTRO FEDERAL DE EDUCACcedilAtildeO TECNOLOacuteGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA ndash CEFETRJ

Anaacutelise das Tensotildees Residuais Geradas no Torneamento em Altas Velocidades de um Accedilo SAE

4140

Matheus Patrick Soares Barbosa Reissel Reis de Souza

Rio de Janeiro Novembro de 2016

ii

CENTRO FEDERAL DE EDUCACcedilAtildeO TECNOLOacuteGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA ndash CEFETRJ

Anaacutelise das Tensotildees Residuais Geradas no Torneamento em Altas Velocidades de um Accedilo SAE

4140

Matheus Patrick Soares Barbosa Reissel Reis de Souza

Projeto final apresentado em cumprimento agraves normas do Departamento de Educaccedilatildeo Superior do

CEFETRJ como parte dos requisitos para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Engenharia Mecacircnica

Profordf Orientadora Tatiane de Campos Chuvas

Rio de Janeiro Novembro de 2016

iii

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca Central do CEFETRJ

B238 Barbosa Matheus Patrick Soares Anaacutelise das tensotildees residuais geradas no torneamento em altas

velocidades de um accedilo SAE 4140 Matheus Patrick Soares Barbosa Reissel Reis de Souzamdash2016

ix 42f + anexo il (algumas color) grafs tabs enc Projeto Final (Graduaccedilatildeo) Centro Federal de Educaccedilatildeo

Tecnoloacutegica Celso Suckow da Fonseca 2016 Bibliografia f 40-42 Orientadora Tatiane de Campos Chuvas 1 Engenharia mecacircnica 2 Tensotildees residuais 3 Torneamento

4 Raio X ndash Difraccedilatildeo 5 Accedilo I Souza Reissel Reis de II Chuvas Tatiane de Campos (Orient) III Tiacutetulo

CDD 621

iv

AGRADECIMENTOS

Agrave professora Tatiane de Campos Chuvas a quem somos eternamente gratos pela

ajuda paciecircncia e atenccedilatildeo que nos foi dada Sem seu auxiacutelio este projeto natildeo poderia ser

concluiacutedo

Aos nossos pais Joseacute Rocha Barbosa e Faacutetima Tereza de Paula Soares Barbosa pais

de Matheus Patrick Soares Barbosa e Marcos Aureacutelio Ferreira de Souza e Eloisa Helena Reis

de Souza pais de Reissel Reis de Souza pelo amor paciecircncia e dedicaccedilatildeo agrave nossa formaccedilatildeo

profissional que resultaram neste trabalho

Aos professores Joseacute Paulo Vogel e Geraldo Lima pela permissatildeo e auxiacutelio na

realizaccedilatildeo da parte experimental deste trabalho

Ao monitor Rodrigo Gonccedilalves de Souza Maciel pela preparaccedilatildeo das amostras

utilizadas para elaboraccedilatildeo deste trabalho

E agrave professora Maria Cindra Fonseca por ter disponibilizado o Laboratoacuterio de Anaacutelise

de Tensotildees ndash LAT do Departamento de Engenharia Mecacircnica da UFF para a realizaccedilatildeo das

mediccedilotildees das tensotildees

Ao CEFET-RJ Maracanatilde por ser uma casa acolhedora durante nosso percurso pelo

curso teacutecnico e graduaccedilatildeo

v

RESUMO

A presenccedila de tensotildees residuais (TR) geradas em todos os processos de fabricaccedilatildeo constitui

um dos grandes problemas encontrados na induacutestria metal-mecacircnica pois tensotildees residuais

trativas tecircm efeito deleteacuterio nos materiais diminuindo a vida em fadiga e a resistecircncia agrave

corrosatildeo sob tensatildeo dos mesmos Por outro lado tensotildees superficiais de natureza compressiva

oferecem benefiacutecios principalmente por ser uma barreira para a propagaccedilatildeo de trincas Deste

modo o estudo destas tensotildees eacute de caraacuteter fundamental para garantir a integridade estrutural

de componentes e estruturas metaacutelicas A busca por processos de fabricaccedilatildeo que reduzam o

tempo necessaacuterio para a produccedilatildeo mecacircnica eacute um dos fatores que justificam o avanccedilo

tecnoloacutegico obtido nos processos de usinagem principalmente com relaccedilatildeo a velocidade de

corte aplicada Neste trabalho foi conduzido um estudo experimental sobre a influecircncia dos

paracircmetros de usinagem no niacutevel de tensotildees residuais presentes no accedilo SAE 4140 Para isto

foram avaliadas as tensotildees residuais atraveacutes do meacutetodo de difraccedilatildeo de raios-x em amostras

que foram submetidas agrave diferentes velocidades de cortes (entre 500 e 600 m min) e

diferentes profundidades de cortes (01 e 02 mm) Observou-se que as tensotildees residuais

circunferenciais foram todas trativas o que poderia ser prejudicial em serviccedilo Contudo para

maiores valores de velocidade de corte foram obtidas menores magnitudes de tensotildees

residuais Medidas de rugosidade complementaram esse estudo

Palavras-chaves torneamento alta velocidade de corte tensotildees residuais difraccedilatildeo de raios-X

Accedilo SAE 4140

vi

ABSTRACT

The presence of residual stresses generated in all manufacturing processes is one of the major

problems encountered in the metal-mechanical industry because residual tensile stresses have

a deleterious effect on the materials reducing fatigue life and resistance to stress corrosion of

the same On the other hand surface tensions of compressive nature offer benefits mainly as

a barrier for the propagation of cracks In this way the study of these tensions is of

fundamental character to guarantee the structural integrity of metallic components and

structures The search for manufacturing processes that reduce the time required for

mechanical production is one of the factors that justify the technological advance obtained in

the machining processes especially in relation to the applied cutting speed In this work an

experimental study was conducted on the influence of machining parameters on the level of

residual stresses in SAE 4140 steel For this the residual stresses were evaluated by the X-ray

diffraction method in samples that were submitted to different cutting speeds (between 500

and 600 m min) and different cut depths (01 and 02 mm) It was observed that the residual

circumferential stresses were all trative which could be harmful in service However for

higher values of shear rate lower magnitudes of residual stress were obtained Roughness

measurements complemented this study

Keywords turning high cutting speed residual stresses X-ray diffraction SAE 4140 steel

vii

SUMAacuteRIO Introduccedilatildeo 1

11 ndash Motivaccedilatildeo 1

12 ndash Justificativa 2

13 ndash Objetivos 2

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 4

21 ndash Accedilo SAE 4140 4

22 ndash Torneamento 6

221 ndash Torneamento do accedilo 4140 12

23 ndash Tensotildees Residuais 16

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem 17

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento 18

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X 21

Materiais e Meacutetodos 26

31 ndash Material 26

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras 27

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade 28

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais 30

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial 31

Resultados e discussotildees 32

Conclusotildees 38

Sugestotildees para trabalhos futuros 39

Bibliografia 40

Anexo 43

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6] 5 Figura 2Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda) Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora (direita) [8] 6

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] 7 Figura4Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15 Modificado] 9 Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21] 10 Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado] 11

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 14

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 15 Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27] 17

Figura10Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo circunferencial (b) [33] 20 Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37] 21

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39] 23 Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] 24

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41] 25 Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras 26 Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra 27

Figura 17 CNC Romi Centur 30D 28

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento 29 Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra 30 Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras 31

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson 31

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial 33 Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial 34 Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal 35 Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade 36 Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial 36

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal 37

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado] 4 Tabela2Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3 Modificado] 4 Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] 14 Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] 22 Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees 28 Tabela 6 Propriedades do inserto 29 Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem 32

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual 33

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 2: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

ii

CENTRO FEDERAL DE EDUCACcedilAtildeO TECNOLOacuteGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA ndash CEFETRJ

Anaacutelise das Tensotildees Residuais Geradas no Torneamento em Altas Velocidades de um Accedilo SAE

4140

Matheus Patrick Soares Barbosa Reissel Reis de Souza

Projeto final apresentado em cumprimento agraves normas do Departamento de Educaccedilatildeo Superior do

CEFETRJ como parte dos requisitos para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em Engenharia Mecacircnica

Profordf Orientadora Tatiane de Campos Chuvas

Rio de Janeiro Novembro de 2016

iii

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca Central do CEFETRJ

B238 Barbosa Matheus Patrick Soares Anaacutelise das tensotildees residuais geradas no torneamento em altas

velocidades de um accedilo SAE 4140 Matheus Patrick Soares Barbosa Reissel Reis de Souzamdash2016

ix 42f + anexo il (algumas color) grafs tabs enc Projeto Final (Graduaccedilatildeo) Centro Federal de Educaccedilatildeo

Tecnoloacutegica Celso Suckow da Fonseca 2016 Bibliografia f 40-42 Orientadora Tatiane de Campos Chuvas 1 Engenharia mecacircnica 2 Tensotildees residuais 3 Torneamento

4 Raio X ndash Difraccedilatildeo 5 Accedilo I Souza Reissel Reis de II Chuvas Tatiane de Campos (Orient) III Tiacutetulo

CDD 621

iv

AGRADECIMENTOS

Agrave professora Tatiane de Campos Chuvas a quem somos eternamente gratos pela

ajuda paciecircncia e atenccedilatildeo que nos foi dada Sem seu auxiacutelio este projeto natildeo poderia ser

concluiacutedo

Aos nossos pais Joseacute Rocha Barbosa e Faacutetima Tereza de Paula Soares Barbosa pais

de Matheus Patrick Soares Barbosa e Marcos Aureacutelio Ferreira de Souza e Eloisa Helena Reis

de Souza pais de Reissel Reis de Souza pelo amor paciecircncia e dedicaccedilatildeo agrave nossa formaccedilatildeo

profissional que resultaram neste trabalho

Aos professores Joseacute Paulo Vogel e Geraldo Lima pela permissatildeo e auxiacutelio na

realizaccedilatildeo da parte experimental deste trabalho

Ao monitor Rodrigo Gonccedilalves de Souza Maciel pela preparaccedilatildeo das amostras

utilizadas para elaboraccedilatildeo deste trabalho

E agrave professora Maria Cindra Fonseca por ter disponibilizado o Laboratoacuterio de Anaacutelise

de Tensotildees ndash LAT do Departamento de Engenharia Mecacircnica da UFF para a realizaccedilatildeo das

mediccedilotildees das tensotildees

Ao CEFET-RJ Maracanatilde por ser uma casa acolhedora durante nosso percurso pelo

curso teacutecnico e graduaccedilatildeo

v

RESUMO

A presenccedila de tensotildees residuais (TR) geradas em todos os processos de fabricaccedilatildeo constitui

um dos grandes problemas encontrados na induacutestria metal-mecacircnica pois tensotildees residuais

trativas tecircm efeito deleteacuterio nos materiais diminuindo a vida em fadiga e a resistecircncia agrave

corrosatildeo sob tensatildeo dos mesmos Por outro lado tensotildees superficiais de natureza compressiva

oferecem benefiacutecios principalmente por ser uma barreira para a propagaccedilatildeo de trincas Deste

modo o estudo destas tensotildees eacute de caraacuteter fundamental para garantir a integridade estrutural

de componentes e estruturas metaacutelicas A busca por processos de fabricaccedilatildeo que reduzam o

tempo necessaacuterio para a produccedilatildeo mecacircnica eacute um dos fatores que justificam o avanccedilo

tecnoloacutegico obtido nos processos de usinagem principalmente com relaccedilatildeo a velocidade de

corte aplicada Neste trabalho foi conduzido um estudo experimental sobre a influecircncia dos

paracircmetros de usinagem no niacutevel de tensotildees residuais presentes no accedilo SAE 4140 Para isto

foram avaliadas as tensotildees residuais atraveacutes do meacutetodo de difraccedilatildeo de raios-x em amostras

que foram submetidas agrave diferentes velocidades de cortes (entre 500 e 600 m min) e

diferentes profundidades de cortes (01 e 02 mm) Observou-se que as tensotildees residuais

circunferenciais foram todas trativas o que poderia ser prejudicial em serviccedilo Contudo para

maiores valores de velocidade de corte foram obtidas menores magnitudes de tensotildees

residuais Medidas de rugosidade complementaram esse estudo

Palavras-chaves torneamento alta velocidade de corte tensotildees residuais difraccedilatildeo de raios-X

Accedilo SAE 4140

vi

ABSTRACT

The presence of residual stresses generated in all manufacturing processes is one of the major

problems encountered in the metal-mechanical industry because residual tensile stresses have

a deleterious effect on the materials reducing fatigue life and resistance to stress corrosion of

the same On the other hand surface tensions of compressive nature offer benefits mainly as

a barrier for the propagation of cracks In this way the study of these tensions is of

fundamental character to guarantee the structural integrity of metallic components and

structures The search for manufacturing processes that reduce the time required for

mechanical production is one of the factors that justify the technological advance obtained in

the machining processes especially in relation to the applied cutting speed In this work an

experimental study was conducted on the influence of machining parameters on the level of

residual stresses in SAE 4140 steel For this the residual stresses were evaluated by the X-ray

diffraction method in samples that were submitted to different cutting speeds (between 500

and 600 m min) and different cut depths (01 and 02 mm) It was observed that the residual

circumferential stresses were all trative which could be harmful in service However for

higher values of shear rate lower magnitudes of residual stress were obtained Roughness

measurements complemented this study

Keywords turning high cutting speed residual stresses X-ray diffraction SAE 4140 steel

vii

SUMAacuteRIO Introduccedilatildeo 1

11 ndash Motivaccedilatildeo 1

12 ndash Justificativa 2

13 ndash Objetivos 2

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 4

21 ndash Accedilo SAE 4140 4

22 ndash Torneamento 6

221 ndash Torneamento do accedilo 4140 12

23 ndash Tensotildees Residuais 16

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem 17

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento 18

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X 21

Materiais e Meacutetodos 26

31 ndash Material 26

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras 27

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade 28

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais 30

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial 31

Resultados e discussotildees 32

Conclusotildees 38

Sugestotildees para trabalhos futuros 39

Bibliografia 40

Anexo 43

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6] 5 Figura 2Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda) Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora (direita) [8] 6

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] 7 Figura4Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15 Modificado] 9 Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21] 10 Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado] 11

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 14

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 15 Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27] 17

Figura10Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo circunferencial (b) [33] 20 Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37] 21

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39] 23 Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] 24

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41] 25 Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras 26 Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra 27

Figura 17 CNC Romi Centur 30D 28

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento 29 Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra 30 Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras 31

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson 31

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial 33 Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial 34 Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal 35 Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade 36 Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial 36

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal 37

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado] 4 Tabela2Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3 Modificado] 4 Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] 14 Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] 22 Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees 28 Tabela 6 Propriedades do inserto 29 Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem 32

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual 33

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 3: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

iii

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca Central do CEFETRJ

B238 Barbosa Matheus Patrick Soares Anaacutelise das tensotildees residuais geradas no torneamento em altas

velocidades de um accedilo SAE 4140 Matheus Patrick Soares Barbosa Reissel Reis de Souzamdash2016

ix 42f + anexo il (algumas color) grafs tabs enc Projeto Final (Graduaccedilatildeo) Centro Federal de Educaccedilatildeo

Tecnoloacutegica Celso Suckow da Fonseca 2016 Bibliografia f 40-42 Orientadora Tatiane de Campos Chuvas 1 Engenharia mecacircnica 2 Tensotildees residuais 3 Torneamento

4 Raio X ndash Difraccedilatildeo 5 Accedilo I Souza Reissel Reis de II Chuvas Tatiane de Campos (Orient) III Tiacutetulo

CDD 621

iv

AGRADECIMENTOS

Agrave professora Tatiane de Campos Chuvas a quem somos eternamente gratos pela

ajuda paciecircncia e atenccedilatildeo que nos foi dada Sem seu auxiacutelio este projeto natildeo poderia ser

concluiacutedo

Aos nossos pais Joseacute Rocha Barbosa e Faacutetima Tereza de Paula Soares Barbosa pais

de Matheus Patrick Soares Barbosa e Marcos Aureacutelio Ferreira de Souza e Eloisa Helena Reis

de Souza pais de Reissel Reis de Souza pelo amor paciecircncia e dedicaccedilatildeo agrave nossa formaccedilatildeo

profissional que resultaram neste trabalho

Aos professores Joseacute Paulo Vogel e Geraldo Lima pela permissatildeo e auxiacutelio na

realizaccedilatildeo da parte experimental deste trabalho

Ao monitor Rodrigo Gonccedilalves de Souza Maciel pela preparaccedilatildeo das amostras

utilizadas para elaboraccedilatildeo deste trabalho

E agrave professora Maria Cindra Fonseca por ter disponibilizado o Laboratoacuterio de Anaacutelise

de Tensotildees ndash LAT do Departamento de Engenharia Mecacircnica da UFF para a realizaccedilatildeo das

mediccedilotildees das tensotildees

Ao CEFET-RJ Maracanatilde por ser uma casa acolhedora durante nosso percurso pelo

curso teacutecnico e graduaccedilatildeo

v

RESUMO

A presenccedila de tensotildees residuais (TR) geradas em todos os processos de fabricaccedilatildeo constitui

um dos grandes problemas encontrados na induacutestria metal-mecacircnica pois tensotildees residuais

trativas tecircm efeito deleteacuterio nos materiais diminuindo a vida em fadiga e a resistecircncia agrave

corrosatildeo sob tensatildeo dos mesmos Por outro lado tensotildees superficiais de natureza compressiva

oferecem benefiacutecios principalmente por ser uma barreira para a propagaccedilatildeo de trincas Deste

modo o estudo destas tensotildees eacute de caraacuteter fundamental para garantir a integridade estrutural

de componentes e estruturas metaacutelicas A busca por processos de fabricaccedilatildeo que reduzam o

tempo necessaacuterio para a produccedilatildeo mecacircnica eacute um dos fatores que justificam o avanccedilo

tecnoloacutegico obtido nos processos de usinagem principalmente com relaccedilatildeo a velocidade de

corte aplicada Neste trabalho foi conduzido um estudo experimental sobre a influecircncia dos

paracircmetros de usinagem no niacutevel de tensotildees residuais presentes no accedilo SAE 4140 Para isto

foram avaliadas as tensotildees residuais atraveacutes do meacutetodo de difraccedilatildeo de raios-x em amostras

que foram submetidas agrave diferentes velocidades de cortes (entre 500 e 600 m min) e

diferentes profundidades de cortes (01 e 02 mm) Observou-se que as tensotildees residuais

circunferenciais foram todas trativas o que poderia ser prejudicial em serviccedilo Contudo para

maiores valores de velocidade de corte foram obtidas menores magnitudes de tensotildees

residuais Medidas de rugosidade complementaram esse estudo

Palavras-chaves torneamento alta velocidade de corte tensotildees residuais difraccedilatildeo de raios-X

Accedilo SAE 4140

vi

ABSTRACT

The presence of residual stresses generated in all manufacturing processes is one of the major

problems encountered in the metal-mechanical industry because residual tensile stresses have

a deleterious effect on the materials reducing fatigue life and resistance to stress corrosion of

the same On the other hand surface tensions of compressive nature offer benefits mainly as

a barrier for the propagation of cracks In this way the study of these tensions is of

fundamental character to guarantee the structural integrity of metallic components and

structures The search for manufacturing processes that reduce the time required for

mechanical production is one of the factors that justify the technological advance obtained in

the machining processes especially in relation to the applied cutting speed In this work an

experimental study was conducted on the influence of machining parameters on the level of

residual stresses in SAE 4140 steel For this the residual stresses were evaluated by the X-ray

diffraction method in samples that were submitted to different cutting speeds (between 500

and 600 m min) and different cut depths (01 and 02 mm) It was observed that the residual

circumferential stresses were all trative which could be harmful in service However for

higher values of shear rate lower magnitudes of residual stress were obtained Roughness

measurements complemented this study

Keywords turning high cutting speed residual stresses X-ray diffraction SAE 4140 steel

vii

SUMAacuteRIO Introduccedilatildeo 1

11 ndash Motivaccedilatildeo 1

12 ndash Justificativa 2

13 ndash Objetivos 2

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 4

21 ndash Accedilo SAE 4140 4

22 ndash Torneamento 6

221 ndash Torneamento do accedilo 4140 12

23 ndash Tensotildees Residuais 16

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem 17

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento 18

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X 21

Materiais e Meacutetodos 26

31 ndash Material 26

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras 27

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade 28

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais 30

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial 31

Resultados e discussotildees 32

Conclusotildees 38

Sugestotildees para trabalhos futuros 39

Bibliografia 40

Anexo 43

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6] 5 Figura 2Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda) Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora (direita) [8] 6

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] 7 Figura4Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15 Modificado] 9 Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21] 10 Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado] 11

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 14

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 15 Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27] 17

Figura10Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo circunferencial (b) [33] 20 Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37] 21

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39] 23 Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] 24

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41] 25 Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras 26 Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra 27

Figura 17 CNC Romi Centur 30D 28

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento 29 Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra 30 Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras 31

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson 31

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial 33 Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial 34 Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal 35 Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade 36 Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial 36

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal 37

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado] 4 Tabela2Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3 Modificado] 4 Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] 14 Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] 22 Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees 28 Tabela 6 Propriedades do inserto 29 Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem 32

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual 33

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 4: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

iv

AGRADECIMENTOS

Agrave professora Tatiane de Campos Chuvas a quem somos eternamente gratos pela

ajuda paciecircncia e atenccedilatildeo que nos foi dada Sem seu auxiacutelio este projeto natildeo poderia ser

concluiacutedo

Aos nossos pais Joseacute Rocha Barbosa e Faacutetima Tereza de Paula Soares Barbosa pais

de Matheus Patrick Soares Barbosa e Marcos Aureacutelio Ferreira de Souza e Eloisa Helena Reis

de Souza pais de Reissel Reis de Souza pelo amor paciecircncia e dedicaccedilatildeo agrave nossa formaccedilatildeo

profissional que resultaram neste trabalho

Aos professores Joseacute Paulo Vogel e Geraldo Lima pela permissatildeo e auxiacutelio na

realizaccedilatildeo da parte experimental deste trabalho

Ao monitor Rodrigo Gonccedilalves de Souza Maciel pela preparaccedilatildeo das amostras

utilizadas para elaboraccedilatildeo deste trabalho

E agrave professora Maria Cindra Fonseca por ter disponibilizado o Laboratoacuterio de Anaacutelise

de Tensotildees ndash LAT do Departamento de Engenharia Mecacircnica da UFF para a realizaccedilatildeo das

mediccedilotildees das tensotildees

Ao CEFET-RJ Maracanatilde por ser uma casa acolhedora durante nosso percurso pelo

curso teacutecnico e graduaccedilatildeo

v

RESUMO

A presenccedila de tensotildees residuais (TR) geradas em todos os processos de fabricaccedilatildeo constitui

um dos grandes problemas encontrados na induacutestria metal-mecacircnica pois tensotildees residuais

trativas tecircm efeito deleteacuterio nos materiais diminuindo a vida em fadiga e a resistecircncia agrave

corrosatildeo sob tensatildeo dos mesmos Por outro lado tensotildees superficiais de natureza compressiva

oferecem benefiacutecios principalmente por ser uma barreira para a propagaccedilatildeo de trincas Deste

modo o estudo destas tensotildees eacute de caraacuteter fundamental para garantir a integridade estrutural

de componentes e estruturas metaacutelicas A busca por processos de fabricaccedilatildeo que reduzam o

tempo necessaacuterio para a produccedilatildeo mecacircnica eacute um dos fatores que justificam o avanccedilo

tecnoloacutegico obtido nos processos de usinagem principalmente com relaccedilatildeo a velocidade de

corte aplicada Neste trabalho foi conduzido um estudo experimental sobre a influecircncia dos

paracircmetros de usinagem no niacutevel de tensotildees residuais presentes no accedilo SAE 4140 Para isto

foram avaliadas as tensotildees residuais atraveacutes do meacutetodo de difraccedilatildeo de raios-x em amostras

que foram submetidas agrave diferentes velocidades de cortes (entre 500 e 600 m min) e

diferentes profundidades de cortes (01 e 02 mm) Observou-se que as tensotildees residuais

circunferenciais foram todas trativas o que poderia ser prejudicial em serviccedilo Contudo para

maiores valores de velocidade de corte foram obtidas menores magnitudes de tensotildees

residuais Medidas de rugosidade complementaram esse estudo

Palavras-chaves torneamento alta velocidade de corte tensotildees residuais difraccedilatildeo de raios-X

Accedilo SAE 4140

vi

ABSTRACT

The presence of residual stresses generated in all manufacturing processes is one of the major

problems encountered in the metal-mechanical industry because residual tensile stresses have

a deleterious effect on the materials reducing fatigue life and resistance to stress corrosion of

the same On the other hand surface tensions of compressive nature offer benefits mainly as

a barrier for the propagation of cracks In this way the study of these tensions is of

fundamental character to guarantee the structural integrity of metallic components and

structures The search for manufacturing processes that reduce the time required for

mechanical production is one of the factors that justify the technological advance obtained in

the machining processes especially in relation to the applied cutting speed In this work an

experimental study was conducted on the influence of machining parameters on the level of

residual stresses in SAE 4140 steel For this the residual stresses were evaluated by the X-ray

diffraction method in samples that were submitted to different cutting speeds (between 500

and 600 m min) and different cut depths (01 and 02 mm) It was observed that the residual

circumferential stresses were all trative which could be harmful in service However for

higher values of shear rate lower magnitudes of residual stress were obtained Roughness

measurements complemented this study

Keywords turning high cutting speed residual stresses X-ray diffraction SAE 4140 steel

vii

SUMAacuteRIO Introduccedilatildeo 1

11 ndash Motivaccedilatildeo 1

12 ndash Justificativa 2

13 ndash Objetivos 2

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 4

21 ndash Accedilo SAE 4140 4

22 ndash Torneamento 6

221 ndash Torneamento do accedilo 4140 12

23 ndash Tensotildees Residuais 16

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem 17

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento 18

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X 21

Materiais e Meacutetodos 26

31 ndash Material 26

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras 27

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade 28

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais 30

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial 31

Resultados e discussotildees 32

Conclusotildees 38

Sugestotildees para trabalhos futuros 39

Bibliografia 40

Anexo 43

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6] 5 Figura 2Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda) Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora (direita) [8] 6

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] 7 Figura4Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15 Modificado] 9 Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21] 10 Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado] 11

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 14

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 15 Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27] 17

Figura10Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo circunferencial (b) [33] 20 Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37] 21

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39] 23 Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] 24

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41] 25 Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras 26 Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra 27

Figura 17 CNC Romi Centur 30D 28

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento 29 Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra 30 Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras 31

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson 31

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial 33 Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial 34 Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal 35 Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade 36 Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial 36

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal 37

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado] 4 Tabela2Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3 Modificado] 4 Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] 14 Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] 22 Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees 28 Tabela 6 Propriedades do inserto 29 Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem 32

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual 33

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 5: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

v

RESUMO

A presenccedila de tensotildees residuais (TR) geradas em todos os processos de fabricaccedilatildeo constitui

um dos grandes problemas encontrados na induacutestria metal-mecacircnica pois tensotildees residuais

trativas tecircm efeito deleteacuterio nos materiais diminuindo a vida em fadiga e a resistecircncia agrave

corrosatildeo sob tensatildeo dos mesmos Por outro lado tensotildees superficiais de natureza compressiva

oferecem benefiacutecios principalmente por ser uma barreira para a propagaccedilatildeo de trincas Deste

modo o estudo destas tensotildees eacute de caraacuteter fundamental para garantir a integridade estrutural

de componentes e estruturas metaacutelicas A busca por processos de fabricaccedilatildeo que reduzam o

tempo necessaacuterio para a produccedilatildeo mecacircnica eacute um dos fatores que justificam o avanccedilo

tecnoloacutegico obtido nos processos de usinagem principalmente com relaccedilatildeo a velocidade de

corte aplicada Neste trabalho foi conduzido um estudo experimental sobre a influecircncia dos

paracircmetros de usinagem no niacutevel de tensotildees residuais presentes no accedilo SAE 4140 Para isto

foram avaliadas as tensotildees residuais atraveacutes do meacutetodo de difraccedilatildeo de raios-x em amostras

que foram submetidas agrave diferentes velocidades de cortes (entre 500 e 600 m min) e

diferentes profundidades de cortes (01 e 02 mm) Observou-se que as tensotildees residuais

circunferenciais foram todas trativas o que poderia ser prejudicial em serviccedilo Contudo para

maiores valores de velocidade de corte foram obtidas menores magnitudes de tensotildees

residuais Medidas de rugosidade complementaram esse estudo

Palavras-chaves torneamento alta velocidade de corte tensotildees residuais difraccedilatildeo de raios-X

Accedilo SAE 4140

vi

ABSTRACT

The presence of residual stresses generated in all manufacturing processes is one of the major

problems encountered in the metal-mechanical industry because residual tensile stresses have

a deleterious effect on the materials reducing fatigue life and resistance to stress corrosion of

the same On the other hand surface tensions of compressive nature offer benefits mainly as

a barrier for the propagation of cracks In this way the study of these tensions is of

fundamental character to guarantee the structural integrity of metallic components and

structures The search for manufacturing processes that reduce the time required for

mechanical production is one of the factors that justify the technological advance obtained in

the machining processes especially in relation to the applied cutting speed In this work an

experimental study was conducted on the influence of machining parameters on the level of

residual stresses in SAE 4140 steel For this the residual stresses were evaluated by the X-ray

diffraction method in samples that were submitted to different cutting speeds (between 500

and 600 m min) and different cut depths (01 and 02 mm) It was observed that the residual

circumferential stresses were all trative which could be harmful in service However for

higher values of shear rate lower magnitudes of residual stress were obtained Roughness

measurements complemented this study

Keywords turning high cutting speed residual stresses X-ray diffraction SAE 4140 steel

vii

SUMAacuteRIO Introduccedilatildeo 1

11 ndash Motivaccedilatildeo 1

12 ndash Justificativa 2

13 ndash Objetivos 2

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 4

21 ndash Accedilo SAE 4140 4

22 ndash Torneamento 6

221 ndash Torneamento do accedilo 4140 12

23 ndash Tensotildees Residuais 16

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem 17

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento 18

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X 21

Materiais e Meacutetodos 26

31 ndash Material 26

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras 27

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade 28

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais 30

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial 31

Resultados e discussotildees 32

Conclusotildees 38

Sugestotildees para trabalhos futuros 39

Bibliografia 40

Anexo 43

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6] 5 Figura 2Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda) Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora (direita) [8] 6

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] 7 Figura4Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15 Modificado] 9 Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21] 10 Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado] 11

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 14

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 15 Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27] 17

Figura10Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo circunferencial (b) [33] 20 Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37] 21

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39] 23 Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] 24

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41] 25 Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras 26 Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra 27

Figura 17 CNC Romi Centur 30D 28

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento 29 Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra 30 Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras 31

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson 31

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial 33 Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial 34 Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal 35 Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade 36 Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial 36

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal 37

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado] 4 Tabela2Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3 Modificado] 4 Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] 14 Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] 22 Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees 28 Tabela 6 Propriedades do inserto 29 Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem 32

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual 33

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 6: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

vi

ABSTRACT

The presence of residual stresses generated in all manufacturing processes is one of the major

problems encountered in the metal-mechanical industry because residual tensile stresses have

a deleterious effect on the materials reducing fatigue life and resistance to stress corrosion of

the same On the other hand surface tensions of compressive nature offer benefits mainly as

a barrier for the propagation of cracks In this way the study of these tensions is of

fundamental character to guarantee the structural integrity of metallic components and

structures The search for manufacturing processes that reduce the time required for

mechanical production is one of the factors that justify the technological advance obtained in

the machining processes especially in relation to the applied cutting speed In this work an

experimental study was conducted on the influence of machining parameters on the level of

residual stresses in SAE 4140 steel For this the residual stresses were evaluated by the X-ray

diffraction method in samples that were submitted to different cutting speeds (between 500

and 600 m min) and different cut depths (01 and 02 mm) It was observed that the residual

circumferential stresses were all trative which could be harmful in service However for

higher values of shear rate lower magnitudes of residual stress were obtained Roughness

measurements complemented this study

Keywords turning high cutting speed residual stresses X-ray diffraction SAE 4140 steel

vii

SUMAacuteRIO Introduccedilatildeo 1

11 ndash Motivaccedilatildeo 1

12 ndash Justificativa 2

13 ndash Objetivos 2

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 4

21 ndash Accedilo SAE 4140 4

22 ndash Torneamento 6

221 ndash Torneamento do accedilo 4140 12

23 ndash Tensotildees Residuais 16

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem 17

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento 18

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X 21

Materiais e Meacutetodos 26

31 ndash Material 26

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras 27

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade 28

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais 30

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial 31

Resultados e discussotildees 32

Conclusotildees 38

Sugestotildees para trabalhos futuros 39

Bibliografia 40

Anexo 43

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6] 5 Figura 2Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda) Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora (direita) [8] 6

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] 7 Figura4Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15 Modificado] 9 Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21] 10 Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado] 11

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 14

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 15 Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27] 17

Figura10Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo circunferencial (b) [33] 20 Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37] 21

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39] 23 Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] 24

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41] 25 Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras 26 Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra 27

Figura 17 CNC Romi Centur 30D 28

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento 29 Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra 30 Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras 31

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson 31

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial 33 Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial 34 Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal 35 Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade 36 Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial 36

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal 37

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado] 4 Tabela2Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3 Modificado] 4 Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] 14 Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] 22 Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees 28 Tabela 6 Propriedades do inserto 29 Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem 32

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual 33

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 7: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

vii

SUMAacuteRIO Introduccedilatildeo 1

11 ndash Motivaccedilatildeo 1

12 ndash Justificativa 2

13 ndash Objetivos 2

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 4

21 ndash Accedilo SAE 4140 4

22 ndash Torneamento 6

221 ndash Torneamento do accedilo 4140 12

23 ndash Tensotildees Residuais 16

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem 17

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento 18

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X 21

Materiais e Meacutetodos 26

31 ndash Material 26

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras 27

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade 28

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais 30

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial 31

Resultados e discussotildees 32

Conclusotildees 38

Sugestotildees para trabalhos futuros 39

Bibliografia 40

Anexo 43

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6] 5 Figura 2Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda) Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora (direita) [8] 6

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] 7 Figura4Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15 Modificado] 9 Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21] 10 Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado] 11

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 14

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 15 Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27] 17

Figura10Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo circunferencial (b) [33] 20 Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37] 21

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39] 23 Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] 24

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41] 25 Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras 26 Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra 27

Figura 17 CNC Romi Centur 30D 28

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento 29 Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra 30 Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras 31

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson 31

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial 33 Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial 34 Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal 35 Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade 36 Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial 36

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal 37

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado] 4 Tabela2Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3 Modificado] 4 Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] 14 Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] 22 Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees 28 Tabela 6 Propriedades do inserto 29 Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem 32

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual 33

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 8: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6] 5 Figura 2Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda) Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora (direita) [8] 6

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] 7 Figura4Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15 Modificado] 9 Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21] 10 Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado] 11

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 14

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24 Modificado] 15 Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27] 17

Figura10Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo circunferencial (b) [33] 20 Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37] 21

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39] 23 Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] 24

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41] 25 Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras 26 Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra 27

Figura 17 CNC Romi Centur 30D 28

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento 29 Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra 30 Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras 31

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson 31

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial 33 Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial 34 Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal 35 Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade 36 Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial 36

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal 37

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado] 4 Tabela2Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3 Modificado] 4 Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] 14 Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] 22 Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees 28 Tabela 6 Propriedades do inserto 29 Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem 32

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual 33

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 9: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

ix

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado] 4 Tabela2Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3 Modificado] 4 Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] 14 Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] 22 Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees 28 Tabela 6 Propriedades do inserto 29 Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem 32

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual 33

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 10: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

1

Capiacutetulo 1

Introduccedilatildeo

Com a crescente demanda por inovaccedilotildees nos processos produtivos e o niacutevel atual de

desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais geometrias e coberturas

a usinagem de accedilo estaacute assumindo um grande destaque no meio industrial Nas operaccedilotildees de

acabamento em produccedilatildeo seriada o torneamento de peccedilas em accedilo estaacute se tornando uma

alternativa ao processo de retificaccedilatildeo reduzindo consideravelmente o tempo e o custo de

fabricaccedilatildeo possibilitando em alguns casos uma reduccedilatildeo de ateacute 60 [1] Contudo os

processos de usinagem induzem na camada superficial e subsuperficial da peccedila alguma

alteraccedilatildeo estrutural gerando tensotildees residuais que dependendo do seu sinal e magnitude

podem trazer benefiacutecios ou prejuiacutezos para a vida em serviccedilo da peccedila usinada [2]

Estudos de integridade superficial vem sendo desenvolvidos e aprimorados

continuamente visando a otimizaccedilatildeo dos paracircmetros de corte aplicados em operaccedilotildees de

usinagem principalmente no torneamento em altas velocidades Como se sabe a busca por

maior produtividade e reduccedilatildeo de custos eacute constante na aacuterea metal-mecacircnica Assim natildeo

basta aumentar o tempo de vida de uma ferramenta de corte eacute preciso compreender como os

paracircmetros de corte influenciam na qualidade e propriedade da peccedila produzida

11 ndash Motivaccedilatildeo

A necessidade de aumentar a produtividade incentiva os setores de usinagem a

empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar significativamente

a integridade superficial das peccedilas fabricadas principalmente o estado das tensotildees residuais

As tensotildees residuais geradas durante a usinagem de determinado material dependem

especialmente do material da peccedila do tipo e geometria da ferramenta e dos paracircmetros de

usinagem tais como velocidade de corte avanccedilo e profundidade de corte Assim se torna de

fundamental importacircncia tecnoloacutegica o desenvolvimento de estudos sobre como os

paracircmetros de corte influenciam nas tensotildees residuais apoacutes processos de usinagem sobretudo

quando se tratar de processos em altas velocidades

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 11: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

2

12 ndash Justificativa

Pesquisas em usinagem satildeo realizadas constantemente O desenvolvimento dos

chamados processos de usinagem com alta velocidade de corte (HSC ndash High Speed Cutting ou

HSM ndash High Speed Machining) vem melhorando dia a dia a produtividade do setor com a

diminuiccedilatildeo do tempo de usinagem Entretanto por ser um processo severo tanto as

ferramentas de corte quanto as peccedilas produzidas podem sofrer danos irreversiacuteveis e prejudicar

todo o processo de fabricaccedilatildeo Neste acircmbito o estudo sobre como os paracircmetros de corte

influenciam na operaccedilatildeo e na qualidade da peccedila fabricada satildeo fundamentais para o contiacutenuo

desenvolvimento tecnoloacutegico da aacuterea de usinagem

13 ndash Objetivos

O estudo de processos de fabricaccedilatildeo por usinagem e suas influecircncias nas propriedades

macroscoacutepicas satildeo fundamentais para melhorar a produccedilatildeo e eficaacutecia dos procedimentos

adotados atualmente na induacutestria A intenccedilatildeo deste trabalho eacute contribuir com informaccedilotildees

sobre a integridade superficial resultante do torneamento em alta velocidade de componentes

mecacircnicos com foco nas tensotildees residuais geradas nesses processos que em funccedilatildeo da sua

natureza e magnitude podem ser beneacuteficas ou prejudiciais para a vida em serviccedilo da peccedila

usinada

14 ndash Metodologia e Trabalho Realizado

O presente trabalho foi realizado em cinco etapas Revisatildeo bibliograacutefica Materiais e

Meacutetodos Resultados e Discussotildees Conclusatildeo e Sugestotildees para trabalhos futuros aleacutem da

lista da bibliografia utilizada para a elaboraccedilatildeo do mesmo e anexo com o programa utilizado

no torno CNC

Na revisatildeo bibliograacutefica os conceitos e definiccedilotildees relevantes ao tema satildeo apresentados

para melhor embasamento teoacuterico do trabalho Em Materiais e Meacutetodos satildeo descritas todas as

etapas de trabalho para a obtenccedilatildeo dos dados Na parte experimental do trabalho usinagem

das amostras medidas de tensotildees residuais e rugosidade superficial No capiacutetulo Resultados e

Discussotildees eacute apresentada toda a anaacutelise sobre as tensotildees residuais geradas nos processos de

torneamento e satildeo estabelecidas correlaccedilotildees com os paracircmetros de corte e com a rugosidade

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 12: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

3

superficial medida apoacutes a usinagem e dados da literatura Por fim satildeo apresentadas as

conclusotildees obtidas neste estudo e sugeridos pontos importantes que podem ser desenvolvidos

com base neste para trabalhos futuros

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 13: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

4

Capiacutetulo 2

Revisatildeo Bibliograacutefica 21 ndash Accedilo SAE 4140

O accedilo SAE 4140 tambeacutem conhecido como accedilo-cromo-molibdecircnio eacute classificado

como accedilo meacutedio carbono ligado para beneficiamento Este accedilo possui teores de carbono entre

03 e 05 em sua estrutura explicando a classificaccedilatildeo de ser considerado um accedilo de meacutedio

carbono Podem ser utilizados a temperaturas de ateacute 480degC reduzindo drasticamente sua

resistecircncia com valores de temperatura maiores Esse material eacute aplicado na fabricaccedilatildeo de

automoacuteveis aviotildees virabrequins bielas eixos engrenagens armas parafusos equipamentos

para petroacuteleo dentre outros devido as exigecircncias de elevada dureza resistecircncia e tenacidade

[3] As Tabela 1 e 2 apresentam as faixas de composiccedilatildeo quiacutemica e propriedades mecacircnicas

do SAE 4140 respectivamente

Tabela 1 Composiccedilatildeo quiacutemica accedilo SAE 4140 (em de peso) [4 Modificado][4]

SAE C Mn P S Si Cr Mo

4140 038 ndash 043 075 ndash 100 003 maacutex 004 maacutex 015 ndash 035 08 ndash 110 015 ndash 025

Tabela 2 Propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140 em temperatura ambiente [3

Modificado] [3]

Densidade (103119896119892 1198983) 77 ndash 803

Coeficiente de Poisson 027 ndash 03

Moacutedulo de Young (GPa) 655

Resistecircncia agrave tensatildeo (MPa) 4171

Alongamento () 257

Reduccedilatildeo de Aacuterea () 569

Dureza (HB) - Temperado a 815 degC 197

Resistecircncia a Impacto (J) - Temperado a 815 degC

545

Na Figura 1a podemos ver a microestrutura do material apoacutes a tempera e apoacutes a

tempera mais revenido Nota-se que a estrutura eacute predominantemente martensiacutetica apoacutes a

tecircmpera conferindo ao material grande resistecircncia e dureza poreacutem baixa tenacidade A

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 14: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

5

transformaccedilatildeo ocorre quando a taxa de resfriamento brusca eacute raacutepida o suficiente para prevenir

a difusatildeo do carbono pois qualquer difusatildeo que por ventura ocorra resultaraacute na formaccedilatildeo das

fases ferrita e cementita A austenita possui estrutura CFC que sofre uma transformaccedilatildeo

polimoacuterfica para martensita tetragonal de corpo centrado (TCC) sendo formada por uma

soluccedilatildeo soacutelida supersaturada de carbono no ferro [5]

Apoacutes o revenimento (Figura 1b) houve a dissoluccedilatildeo da estrutura martensiacutetica que

passou a ser uma estrutura de martensita revenida que confere ao material propriedades

equilibradas de resistecircncia tenacidade e dureza Os pontos escuros satildeo resultado de ataque

dos agentes quiacutemicos utilizados na metalografia Juntos os tratamentos teacutermicos de tecircmpera e

revenido constituem o chamado tratamento de beneficiamento [6]

Figura 1 Matriz martensiacutetica do SAE 4140 (a) Tratamento teacutermico de tecircmpera (antes do

revenido) (b) Tratamento teacutermico de tecircmpera (apoacutes o revenido) [6]

A taxa de resfriamento no processo de tecircmpera afeta de forma substancial o resultado

do tratamento sendo dependente do meio de resfriamento que entra em contato com a

amostra Diante disso se o resfriamento controla a taxa de nucleaccedilatildeo e a do crescimento em

transformaccedilotildees difusionais a temperatura de transformaccedilatildeo determinaraacute a microestrutura final do

produto transformado [6] Com relaccedilatildeo ao revenido o mesmo tem por objetivo corrigir a

excessiva dureza e fragilidade do material melhorando sua ductilidade e resistecircncia ao

choque aleacutem de corrigir aliviar as tensotildees residuais provenientes da tempera [7] Na Figura 2

pode-se ver como a dureza e tenacidade satildeo afetadas pela temperatura de revenimento para o

accedilo 4140

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 15: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

6

Figura 2 Curva de dureza em funccedilatildeo da temperatura de revenido do accedilo 4140 (esquerda)

Tenacidade em funccedilatildeo da temperatura de revenimento para o accedilo 4140 revenido por uma hora

(direita) [8]

22 ndash Torneamento

O ato de trabalhar uma peccedila bruta com maacutequinas-ferramenta para conferir-lhe a forma

final desejada em especiacutefico envolvendo a retirada de material se chama usinagem Dentro

deste escopo existem diferentes processos como fresamento retificaccedilatildeo furaccedilatildeo

mandrilamento brochamento roscamento torneamento entre outros [9]

As peccedilas metaacutelicas fabricadas pelos processos metaluacutergicos convencionais - como

fundiccedilatildeo forjamento e etc ndash geralmente apresentam superfiacutecies grosseiras e que em alguns

casos exigem um determinado acabamento Por outro lado os processos citados nem sempre

permitem obter certas peculiaridades como saliecircncias ou reentracircncias furos rosqueados e

furos passantes por exemplo Assim a usinagem se torna necessaacuteria principalmente onde

essas geometrias natildeo conseguem ser alcanccediladas por outros tipos de processos de fabricaccedilatildeo

Dentre os processos de usinagem o torneamento eacute o processo de fabricaccedilatildeo mecacircnica

responsaacutevel em geral pela fabricaccedilatildeo de peccedilas de revoluccedilatildeo [10]

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 16: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

7

O torneamento eacute a operaccedilatildeo por intermeacutedio da qual um soacutelido indefinido eacute feito girar

ao redor do eixo da maacutequina operatriz denominada torno ao mesmo tempo que a ferramenta

de corte lhe retira material perifericamente de modo a transformaacute-lo numa peccedila bem definida

tanto em relaccedilatildeo agrave forma quanto as dimensotildees Como todos os trabalhos executados com

maacutequinas-ferramenta o torneamento ocorre mediante a retirada progressiva de material

(cavaco) da peccedila trabalhada por uma ferramenta de corte que deve ter uma dureza superior agrave

do material a ser cortado e possuir um soacute gume cortante [10]

As operaccedilotildees de usinagem podem ser divididas em desbaste e acabamento No

desbaste natildeo existe preocupaccedilatildeo com a qualidade da superfiacutecie uma vez que a prioridade eacute a

retirada de grande volume de material Jaacute no acabamento a prioridade estaacute em obter uma boa

rugosidade superficial e uma boa aparecircncia da superfiacutecie ou entatildeo o que estiver especificado

em projeto [9]

No torneamento a ferramenta penetra na peccedila cujo movimento rotativo ao redor de

seu eixo permite o corte contiacutenuo e regular do material A forccedila necessaacuteria para retirar o

cavaco eacute feita sobre a peccedila enquanto a ferramenta firmemente presa ao porta-ferramenta

contrabalanccedila a reaccedilatildeo dessa forccedila Para realizar o torneamento satildeo necessaacuterios trecircs

movimentos relativos entra a peccedila e a ferramenta (Figura 3)

bull Movimento de corte eacute o movimento principal que permite cortar o material O

movimento eacute rotativo e realizado pela peccedila

bull Movimento de avanccedilo eacute o movimento que desloca a ferramenta

longitudinalmente agrave peccedila

bull Movimento de penetraccedilatildeo eacute o movimento que determina a profundidade de

corte ao deslocar a ferramenta radialmente contra a peccedila e assim regular a

profundidade de corte do passe e a espessura do cavaco

Figura 3 Representaccedilatildeo esquemaacutetica de torneamento [11 Modificado] [11]

MOVIMENTO DE

PENETRACcedilAtildeO

MOVIMENTO

DE AVANCcedilO

MOVIMENTO DE

CORTE

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 17: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

8

Assim como nos outros processos de usinagem o que define como a operaccedilatildeo de

torneamento a ser realizada satildeo os paracircmetros da usinagem Esses paracircmetros precisam ser

bem estudados e definidos para o torneamento produzir peccedilas em conformidade com o projeto

e ao mesmo tempo preservar ao maacuteximo a ferramenta de corte Para o torneamento pode-se

definir como principais paracircmetros de corte [12]

bull Velocidade de Corte (Vc) velocidade perifeacuterica da ponta da ferramenta na peccedila

conforme mostrado na Equaccedilatildeo 21

119881119888 =

120587 lowast 119889 lowast 119899

1000(

119898

119898119894119899)

(21)

d = diacircmetro em mm

n = rotaccedilatildeo em rpm

bull Avanccedilo (a) Deslocamento que a ferramenta faz em uma volta da peccedila O avanccedilo

eacute dado por mmrot

bull Velocidade de avanccedilo (Va) Medida do deslocamento que a ferramenta faz por

unidade de tempo conforme mostrado na Equaccedilatildeo 22

119881119886 = 119886 lowast 119899 (119898119898

119898119894119899)

(22)

bull Profundidade de corte (p) Medida linear da penetraccedilatildeo que a ferramenta faz na

peccedila em cada passe conforme mostrado na Equaccedilatildeo 23

119901 =

119863 minus 119889

2(119898119898)

(23)

D = diacircmetro inicial em mm (antes do passe)

d = diacircmetro final em mm (apoacutes o passe)

A busca por aumento de produtividade nos processos de usinagem vem de longa data

Taylor procurava melhorar o material usado para confeccionar as ferramentas de corte e seus

estudos renderam o desenvolvimento dos accedilos raacutepidos para ferramentas de corte Com a

criaccedilatildeo deste material se tornou possiacutevel elevar a velocidade da usinagem sem trazer grandes

prejuiacutezos agraves ferramentas e assim aumentar a produtividade do processo [13]

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 18: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

9

Com o decorrer dos anos diversas outras contribuiccedilotildees surgiram para poder fazer a

usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas Essas contribuiccedilotildees foram em

diferentes aacutereas como os materiais para as ferramentas e na elaboraccedilatildeo de maacutequinas-

ferramentas que fossem capazes de suportar tamanhas velocidades e consequentemente as

solicitaccedilotildees que esse tipo de usinagem impotildee na maacutequina [13]

A usinagem em alta velocidade de corte ou HSM (High Speed Machining) ou HSC

(High Speed Cutting) eacute reconhecida como uma importante tecnologia de usinagem em

desenvolvimento e implantaccedilatildeo Esse modo de operaccedilatildeo tem como principal vantagem a

possibilidade de executar usinagem com velocidades de corte cinco a dez vezes maiores do

que as normalmente utilizadas e com avanccedilo e profundidade de corte menores do que os

adotados na usinagem convencional Embora possa ser utilizada em operaccedilotildees de desbaste a

sua aplicaccedilatildeo eacute sobretudo indicada para semi-acabamento e acabamento [14]

A definiccedilatildeo de ldquoalta velocidade de corterdquo eacute relativa pois essa definiccedilatildeo diz respeito ao

material a ser usinado da ferramenta de corte e do processo de usinagem Isto significa dizer

que dependendo da configuraccedilatildeo da operaccedilatildeo ela pode ser considerada em alta velocidade

para um material e baixa para outro por exemplo com uma ferramenta de accedilo raacutepido para

usinagem de um material de baixa resistecircncia os valores dos paracircmetros podem ser

aumentados jaacute para a usinagem de materiais de elevadas resistecircncias esses mesmos

paracircmetros satildeo reduzidos para preservar a peccedila e a ferramenta de corte [13] Por mais incerto

que ainda seja definir quais paracircmetros satildeo considerados alta velocidade Muumlller e Soto 1999

[15] estipularam faixas de velocidades de corte e sua caracterizaccedilatildeo conforme a Figura 4

Figura 4 Faixa de velocidade de corte para diversas operaccedilotildees de usinagem [15

Modificado][15]

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 19: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

10

A seleccedilatildeo cuidadosa dos paracircmetros de corte corretos de usinagem tem forte influecircncia

na obtenccedilatildeo de uma boa integridade superficial Este termo foi primeiramente discutido por

Field e Kahles et al (1964) [16] para eles a Integridade Superficial eacute um meio de definir os

aspectos superficiais em termos da performance de um componente em serviccedilo

Adicionalmente segundo Griffths et al (1989) [17] tambeacutem tem valor topoloacutegico mecacircnico

quiacutemico e metaluacutergico como rugosidade variaccedilotildees de dureza mudanccedilas microestruturais e

tensotildees residuais

Para os processos de usinagem a rugosidade tem grande importacircncias pois a mesma eacute

fundamental para o controle da qualidade das peccedilas produzidas A rugosidade pode ser

definhada como a topografia em escala microscoacutepica apoacutes um processo de retirada de material

como a usinagem Os fatores que contribuem com a rugosidade normalmente estatildeo mais

relacionados com os paracircmetros de processo do que com o maquinaacuterio Alguns exemplos satildeo

marcas deixadas pela ferramenta devido a fragmentos ou ao gume de corte geraccedilatildeo de

rebarba do material durante o corte forma geomeacutetrica da ferramenta quebra de cavaco entre

outros [9]

Dentre os paracircmetros utilizados na avaliaccedilatildeo da rugosidade o mais comumente

empregado eacute o da rugosidade meacutedia (Ra) [18] Tal paracircmetro eacute obtido atraveacutes da meacutedia

aritmeacutetica do perfil da superfiacutecie em relaccedilatildeo a uma linha meacutedia definida atraveacutes de um

comprimento de amostra [19] [20] Segundo Machado et al (2009) [9] outro paracircmetro

largamente utilizado eacute o da rugosidade Total (Rt) que consiste na distacircncia total entre o maior

pico e o vale mais profundo A Figura 5 mostra a representaccedilatildeo graacutefica de ambos os

paracircmetros Ra e Rt

Figura 5 Rugosidades Ra e Rt [21]

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 20: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

11

Segundo Griffths et al (2001) [12] o torneamento produz efeitos termomecacircnicos

que estatildeo diretamente relacionados agrave integridade superficial da peccedila usinada O efeito

mecacircnico adveacutem principalmente das tensotildees de cisalhamentos desenvolvidas no processo

sendo estas distribuiacutedas em trecircs zonas A chamada zona primaacuteria ocorre na peccedila a medida que

o material eacute removido e convertido em cavaco a secundaacuteria fica localizada na parte inferior

do cavaco a medida que este eacute forccedilado contra a ferramenta e a terciaacuteria ocorre na parte

inferior da ferramenta agrave medida que esta eacute arrastada sobre o material receacutem cortado As

tensotildees primaacuterias e terciaacuterias afetam a superfiacutecie da peccedila cortada jaacute a secundaacuteria natildeo como

mostra a Figura 6 [12]

Adicionalmente pode-se relacionar essas zonas com os raios da ponta das ferramentas

e seu desgaste na integridade superficial da peccedila Em uma ferramenta afiada a ponta da

ferramenta tem um raio de tiacutepico de 8 microm Com o uso da ferramenta e sua degradaccedilatildeo o raio

da ponta aumenta levando a uma planificaccedilatildeo da face da ferramenta em contato com a peccedila e

aumentado os valores do acircngulo de inclinaccedilatildeo Com este aumento o material que se encontra

na ponta da ferramenta eacute forccedilado para frente e comprimido contra a superfiacutecie do material

Quando o acircngulo de inclinaccedilatildeo chega a um valor criacutetico segundo Griffths et al (2001) [12]

maior que -75deg a ferramenta deixa de cortar e passa a criar protuberacircncias no material

degradando a integridade superficial do mesmo

Figura 6 Zonas de esforccedilo cisalhante na ferramenta durante o torneamento [12 Modificado]

[12]

Ainda com relaccedilatildeo ao raio da ponta da ferramenta e seu desgaste sabe-se que

ferramentas afiadas geram temperaturas comparativamente menores que uma natildeo afiada

Segundo Griffths et al (2001) [12] uma ferramenta gasta pode gerar temperaturas proacuteximas a

700degC dependendo dos paracircmetros de corte aplicados Considerando que a temperatura de

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 21: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

12

transformaccedilatildeo microestrutural de algumas fases presentes em peccedilas de accedilo estaacute em torno de

723degC pode-se concluir que a usinagem nessas condiccedilotildees pode resultar em transformaccedilatildeo de

fase

Todos estes fatores contribuem para a geraccedilatildeo de tensotildees residuais associadas a um

material torneado Entatildeo pode-se concluir que estas tensotildees podem apresentar diferentes

perfis dependendo de quatildeo gasta a ferramenta estaacute da presenccedila de lubrificaccedilatildeo e das

condiccedilotildees de operaccedilatildeo aleacutem de estarem diretamente relacionadas aos paracircmetros de corte

Normalmente o consenso eacute de que se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser

compressivas enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [12]

221 ndash Torneamento do accedilo 4140

Na literatura satildeo encontrados vaacuterios trabalhos que tecircm como objetivo estudar a

influecircncia dos paracircmetros de corte no desgaste das ferramentas de corte e principalmente na

integridade superficial das peccedilas produzidas Em particular os accedilos 4140 tecircm sido

amplamente estudados neste acircmbito tendo em vista sua aplicaccedilatildeo na induacutestria

Ersan Aslan et al (2007) [22] estudaram os efeitos dos paracircmetros de corte do accedilo

AISI 4140 endurecido (63 HRc) com ferramenta de ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN

no torneamento a seco Neste trabalho concluiu que a velocidade de corte foi o uacutenico fator

estatisticamente significante no desgaste da ferramenta e embora natildeo estatisticamente

significante a profundidade de corte teve uma influecircncia fiacutesica na variaccedilatildeo dos resultados

Apesar de inesperado observaram que velocidades elevadas diminuiacuteam o desgaste da

ferramenta e dessa forma concluiu-se que para minimizar o desgaste da ferramenta

velocidades de corte maiores 250 mmin e niacuteveis reduzidos de profundidade de corte 025

ou 050 mm devem ter preferecircncia Tambeacutem foi relatado que soacute duas interaccedilotildees velocidade

de corte e avanccedilo e avanccedilo e profundidade de corte possuiacuteram significacircncia estatiacutestica na

rugosidade superficial Na anaacutelise dos resultados chegou-se ao consenso de que uma

velocidade de corte elevada 250 mmin uma profundidade de corte miacutenima 025 mm e um

avanccedilo intermediaacuterio 010 mmrev minimizava os valores da rugosidade superficial

Sudhansu et al (2015) [23] pesquisaram a rugosidade superficial e o desgaste da

aresta de corte no torneamento severo do AISI 4140 com dureza de 52 HRc com pastilhas de

ceracircmica misturada com Al2O3 + TiCN e revestidas com PVD-TiN Na pesquisa os

paracircmetros usados foram combinaccedilotildees de velocidades de corte de 100 170 e 240 mmin

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 22: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

13

avanccedilos de 005 010 e 015 mmrev e profundidades de corte de 01 02 e 03 mm Apoacutes a

conclusatildeo dos experimentos conseguiram obter uma superfiacutecie com oacutetimo acabamento com o

torneamento severo tendo como conclusatildeo que a rugosidade superficial era afetada

principalmente pelo avanccedilo e que a profundidade de corte teve impacto despreziacutevel a

velocidade de corte teve um efeito negativo para a rugosidade e que quatildeo maior era a

velocidade de corte empregada (acima de 170 mmin) pior era a rugosidade superficial

Assim como Ersan et al (2007) [22] os autores reafirmaram que a velocidade de corte eacute o

fator preponderante sobre o desgaste da aresta da ferramenta de corte e os efeitos da interaccedilatildeo

avanccedilo-profundidade de corte satildeo notavelmente mais significantes em comparaccedilatildeo com o

avanccedilo somente Ressalta-se tambeacutem que embora a influecircncia da profundidade de corte natildeo

ter sido observada como significante estatisticamente o desgaste da aresta eacute uma funccedilatildeo

crescente da profundidade de corte A rugosidade do accedilo AISI 4140 foi uma funccedilatildeo do perfil

da aresta da pastilha ceracircmica revestida com TiN Quando a velocidade de corte era

aumentada o perfil da aresta da ferramenta crescia e isso causou deterioraccedilatildeo da superfiacutecie

trabalhada Apesar do crescimento do perfil da aresta ter chegado ao limite permissiacutevel de 03

mm a rugosidade Ra natildeo excedeu 16 microm

Alajmi et al (2015) [24] fizeram um monitoramento termograacutefico da aresta de corte

de ferramentas revestidas e natildeo revestidas na busca de aprender sobre os paracircmetros de corte

e suas influecircncias nas ferramentas e no aporte teacutermico nas ferramentas Nesse monitoramento

usou-se os paracircmetros de velocidade de corte de 75 e 115 mmin avanccedilo de 018 e 032

mmrev profundidade de corte de 15mm e com velocidades de cortes de 115 e 75 mmin em

diferentes accedilos sendo um deles o 4140 Com base nos ensaios realizados os autores

observaram que a velocidade de corte natildeo teve efeito significante nas temperaturas

observadas diferente do avanccedilo que com a sua reduccedilatildeo resultava em maiores valores de

temperatura Com a deformaccedilatildeo da aresta de corte uma elevaccedilatildeo da temperatura foi

observada provavelmente pela maior aacuterea de contato causada por essa deformaccedilatildeo e a

temperatura produzida pelas ferramentas eram menores quando as ferramentas possuiacuteam

revestimento Observou-se tambeacutem a importacircncia do uso de revestimento nas ferramentas e

sua influecircncia nas temperaturas obtidas conforme apresenta a Tabela 3 e as Figuras 6 e 7

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 23: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

14

Tabela 3 Testes e paracircmetros de ferramentas revestidas e sem revestimento [24 Modificado] [24]

Teste (nuacutemero)

Paracircmetros de corte Velocidade (V)

mmin Avanccedilo (f)

mmrev Profundidade de corte

(d) mm Diacircmetro

(mm) N

(rpm) T1 115 032 15 100 360 T2 115 018 15 100 360 T3 75 032 15 100 250 T4 75 018 15 100 250

Figura 7 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 24: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

15

Figura 8 Graacutefico de temperatura x Tempo de corte para ferramentas sem revestimento [24

Modificado] [24]

Akbar et al (2008) [25] fizeram uma anaacutelise experimental da particcedilatildeo teacutermica no

torneamento a seco do accedilo AISI 4140 aplicando diferentes velocidades de corte incluindo

velocidades convencionais e altas velocidades de torneamento (100 197 314 395 565 628

785 e 880 mmin) O avanccedilo e a profundidade de corte foram mantidos constantes (01

mmrev e 25mm respectivamente) e o comprimento cortado foi limitado a 5mm para

minimizar a variaccedilatildeo que o desgaste da ferramenta poderia trazer Foram usadas duas

ferramentas uma de metal duro sem revestimento e outra com revestimento de TiN

Observou-se uma variaccedilatildeo no comportamento das forccedilas de corte com o aumento da

velocidade corte Variando a velocidade de corte de 100 ateacute 395 mmin a forccedila de corte

diminuiacutea Entretanto na faixa de 395 e 565 mmin essa forccedila cresce junto com a elevaccedilatildeo da

velocidade Em seguida a forccedila torna a diminuir na regiatildeo de altas velocidades acima de 565

mmin

Neste mesmo trabalho revelou-se que para as ferramentas revestidas com TiN as

forccedilas de corte diminuiacuteram gradativamente quando a velocidade aumentava (de 100 ateacute 880

mmin) A medidas experimentais de forccedila de corte e de avanccedilo foram maiores para as

ferramentas natildeo-revestidas em todas as velocidades estudadas Relata-se que este fenocircmeno

pode ser decorrente da reduccedilatildeo da fricccedilatildeo e da adesatildeo com a peccedila que o revestimento de TiN

proporciona A forccedila de avanccedilo tambeacutem reduziu gradualmente com o aumento da velocidade

de corte em todos os testes tanto para as ferramentas com revestimento ou sem

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 25: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

16

23 ndash Tensotildees Residuais

Matsumoto et al (1986) [26] definiram tensatildeo residual como a tensatildeo que permanece

no componente apoacutes a solicitaccedilatildeo termomecacircnica agrave qual foi submetido Sua presenccedila pode ser

uacutetil ou deleteacuteria dependendo da sua natureza trativa ou compressiva e magnitude alta ou

baixa A classificaccedilatildeo atual dos tipos de tensotildees residuais eacute definida quanto a sua abrangecircncia

podendo ser classificadas como Tensotildees Macroscoacutepicas tambeacutem referenciada como Tipo I

Tensotildees Microscoacutepicas chamadas de Tipo II e Tensotildees submicroscoacutepicas ou Tipo III [27]

bull Tensotildees residuais do tipo I Satildeo tensotildees a niacuteveis macroscoacutepicos em uma escala

maior que o tamanho de gratildeo do material

bull Tensotildees residuais do tipo II Satildeo tensotildees microscoacutepicas que variam dentro da

escala de um gratildeo individual Tais tensotildees satildeo esperadas natildeo somente em

materiais com muacuteltiplas microestruturas mas inclusive em materiais que

possuem uma microestrutura uacutenica devido a anisotropia e o comportamento de

cada gratildeo

bull Tensotildees residuais do tipo III Tambeacutem satildeo tensotildees microscoacutepicas poreacutem esta

existe dentro do gratildeo Por isso muitas vezes satildeo chamadas de submicroscoacutepicas

Satildeo essencialmente resultado da presenccedila de descontinuidades e outros defeitos

da estrutura cristalina do material Normalmente vem acompanhada da Tensatildeo

de Tipo II

Na Figura 9 eacute apresentado um diagrama esquemaacutetico que mostra os 3 tipos de tensatildeo

residual (120590119868 120590119868119868 119890 120590119868119868119868) [27]

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 26: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

17

Figura 9 Desenho esquemaacutetico dos tipos de tensatildeo residual [27]

A anaacutelise das tensotildees residuais presentes nos componentes mecacircnicos bem como a

compreensatildeo do comportamento das propriedades mecacircnicas dos materiais quando sujeitos a

campos de tensotildees originados nos processos usinagem eacute de grande importacircncia para diversas

aacutereas Estaacute bem estabelecido que a presenccedila de tensotildees residuais compressivas na superfiacutecie

do material aumenta a sobrevida em fadiga pois a compressatildeo dificulta a nucleaccedilatildeo eou a

propagaccedilatildeo de trincas [28] Em contrapartida tensotildees trativas podem se somar agraves tensotildees de

trabalho mesmo no regime elaacutestico podendo levar a ruptura prematura do componente [29]

231 ndash Tensotildees Residuais em usinagem

As tensotildees residuais satildeo desenvolvidas em qualquer processo termomecacircnico sendo

essas tensotildees classificadas de acordo com sua origem em Teacutermica Quiacutemica e Mecacircnica

Entre as trecircs origens as tensotildees de origem teacutermica em um niacutevel macroscoacutepico satildeo

decorrentes de um aquecimento e resfriamento natildeo uniforme advindas de processos como a

usinagem e tratamentos teacutermicos Adicionalmente restriccedilotildees impostas por peccedilas de grande

volume podem levar ao desenvolvimento de tensotildees elevadas magnitudes devido ao

gradiente teacutermico entre a superfiacutecie e o nuacutecleo da peccedila Um exemplo eacute o processo de tempera

de um accedilo que leva a tensotildees compressivas na superfiacutecie balanceadas com tensotildees trativas no

centro do componente [27]

Tensotildees de origem quiacutemica se desenvolvem devido a mudanccedilas de volume associadas

com reaccedilotildees quiacutemicas precipitaccedilatildeo e transformaccedilatildeo de fase Tratamento quiacutemicos

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 27: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

18

superficiais e revestimento de materiais levam a um gradiente de tensatildeo residual de elevada

magnitude nas camadas superficiais [27] Como exemplo cita-se a nitretaccedilatildeo que tende a gerar

tensotildees compressivas na regiatildeo de difusatildeo por causa da expansatildeo estrutural e precipitaccedilatildeo de

nitretos [30]

O escoamento plaacutestico natildeo homogecircneo tambeacutem resulta em campos de tensatildeo residual

neste caso de origem mecacircnica Essas tensotildees podem se desenvolver de forma natural durante

o processo de fabricaccedilatildeo ou tratamento teacutermico dos materiais podendo ser tambeacutem

introduzidas de forma deliberada para o desenvolvimento de um perfil especiacutefico de tensatildeo

[27] Seja qual for o processo de usinagem de materiais metaacutelicos iraacute causar tensotildees residuais

que podem alcanccedilar valores proacuteximos ao limite de escoamento do material e influenciar na

vida em serviccedilo de componentes mecacircnicos Portanto definir o processo adequado para cada

aplicaccedilatildeo requer a previsatildeo de quatildeo elevada seraacute a tensatildeo residual gerada em funccedilatildeo dos

paracircmetros envolvidos no do processo utilizado [31]

Pesquisadores concordam que as tensotildees residuais de um componente satildeo um

conjunto das trecircs fontes de tensatildeo residual Muito dificilmente um componente soacute teraacute sido

submetido agrave processos que soacute resultem de uma soacute fonte de tensatildeo residual Especificamente

na usinagem os paracircmetros de corte utilizados na usinagem como velocidade de corte

velocidade de avanccedilo profundidade de corte aleacutem do estado da ferramenta e tipo de

lubrificaccedilatildeo empregadas podem levar a uma variaccedilatildeo significativa da taxa de produccedilatildeo e

tambeacutem nas tensotildees residuais presentes no componente usinado [32] Em geral o consenso eacute

de que na usinagem se o efeito mecacircnico prevalece as tensotildees tendem a ser compressivas

enquanto que no efeito teacutermico estas tendem a ser mais trativas [14] Contudo Matsumoto et

al (1986) [26] afirmam que em funccedilatildeo da dureza do material a usinagem pode promover

tensotildees residuais de compressatildeo ou de traccedilatildeo Por exemplo para os accedilos de baixa dureza a

tensatildeo residual eacute trativa e para os accedilos com elevada dureza a tensatildeo residual eacute compressiva

232 ndash Tensotildees Residuais em torneamento

O estudo sobre tensotildees residuais em usinagem em particular no torneamento

aumentou nos uacuteltimos anos A necessidade de ganhar produtividade leva os setores de

usinagem a empregar paracircmetros de corte cada vez mais severos o que tende a mudar

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 28: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

19

significativamente o estado das tensotildees residuais principalmente as superficiais nos

componentes usinados

Capello et al (2004) [32] fizeram um estudo comparando a influecircncia dos paracircmetros

de corte no torneamento de diferentes materiais nas tensotildees residuais obtidas Nesse trabalho

foi utilizada uma velocidade de corte fixa e quatro paracircmetros distintos profundidade de

corte avanccedilo raio da ponta da ferramenta e acircngulo de entrada para 3 accedilos diferentes Um accedilo

com propriedades mecacircnicas elevadas (39NiCrMo3) o segundo com propriedades

intermediaacuterias (C45 steel) e o terceiro com propriedades baixas (Fe370) Pelos resultados

obtidos foi verificado que os paracircmetros que se expressavam mais nas tensotildees residuais

foram o avanccedilo colocado na maacutequina e o raio da ferramenta Com a elevaccedilatildeo do valor do

avanccedilo e com o aumento do raio da ferramenta as tensotildees geradas resultantes se

pronunciavam com caraacuteter trativo

Garcia et al (2012) [33] realizaram um estudo sobre o efeito dos paracircmetros de corte

na geraccedilatildeo das tensotildees residuais superficiais no torneamento de um accedilo AISI 4340 Como

principais conclusotildees esse trabalho mostrou que com o aumento da velocidade de corte as

tensotildees residuais tendiam a serem menos trativas Contudo as tensotildees residuais tendem a ser

mais trativas com o aumento do avanccedilo possivelmente em virtude do aumento da temperatura

de corte e a rugosidade superficial tambeacutem se elevava Logo a integridade superficial

piorava com o aumento do avanccedilo de corte A Figura 10 mostra as curvas obtidas nas direccedilotildees

de avanccedilo (longitudinal) e direccedilatildeo de corte (circunferencial) onde eacute possiacutevel observar o

comportamento trativo das tensotildees residuais Esses dados indicando que os fatores (teacutermico

deformaccedilatildeo plaacutestica e de transformaccedilatildeo fase) responsaacuteveis pela geraccedilatildeo das tensotildees

superficiais mudam de acordo com o campo da velocidade de corte empregado Neste caso

para velocidades menores o fator mais expressivo eacute a temperatura que gera tensotildees teacutermicas

de traccedilatildeo e para velocidades mais elevadas as tensotildees geradas pela transformaccedilatildeo de fase

eou de deformaccedilatildeo plaacutestica eram as que adquiriam maior importacircncia

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 29: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

20

Figura 10 Tensotildees residuais medidas na direccedilatildeo de longitudinal (a) e na direccedilatildeo

circunferencial (b) [33]

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 30: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

21

233 ndash Tensometria por difraccedilatildeo de Raios-X

Existem diversas teacutecnicas experimentais de se obter os valores de tensatildeo residual

Bordinassi et al (2006) [34] citam que atualmente os dois meacutetodos mais utilizados satildeo o do

furo cego e a tensometria por difraccedilatildeo de raios-X sendo este uacuteltimo o mais utilizado dentre os

dois Martins et al (2004) [35] afirmam tambeacutem que o meacutetodo por difraccedilatildeo de raios-X

apresenta os melhores resultados quando comparado com o meacutetodo micromagneacutetico e

meacutetodo do furo Todas essas teacutecnicas podem ser classificadas de acordo com o niacutevel de dano

introduzido no material em [36]

bull Destrutivas processos que para obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de deformaccedilatildeo

necessaacuterias para a anaacutelise das tensotildees residuais comprometem ou

impossibilitam o uso da amostra analisada

bull Natildeo destrutivos natildeo precisam da remoccedilatildeo material e natildeo provocam qualquer

tipo de dano durante a mediccedilatildeo de tensotildees residuais

bull Parcialmente destrutivas alguns autores como Hilson et al (2009) [36]

defendem que existe uma terceira categoria que eacute caracterizada pelo dano na

peccedila poreacutem com possibilidade de utilizaccedilatildeo da amostra como ilustra a Figura

11

Figura 11 Classificaccedilatildeo dos processos de mediccedilatildeo de tensotildees residuais [37]

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 31: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

22

Aleacutem dos danos causados no material outros fatores devem ser levados em

consideraccedilatildeo ao escolher a teacutecnica adequada Satildeo eles [27]

bull Fatores relativos a praticidade custo e disponibilidade do equipamento

portabilidade velocidade de mediccedilatildeo existecircncia de procedimento padronizado e

niacutevel de habilidade requerida do operador

bull Fatores relativo ao material classe do material que pode ser analisado por uma

teacutecnica particular preparaccedilatildeo preacutevia da superfiacutecie e necessidade de propriedades

especiacuteficas

bull Fatores relativos a mediccedilatildeo resoluccedilatildeo penetraccedilatildeo tipo de tensatildeo detectada

gradiente de tensatildeo incerteza e aacuterea ou volume de anaacutelise

A maioria das teacutecnicas existentes satildeo capazes de medir tensotildees residuais do tipo I

Poreacutem somente algumas como difraccedilatildeo de raios-X possuem a resoluccedilatildeo necessaacuteria para

medir tensotildees residuais de tipo II E mesmo com bons niacuteveis de resoluccedilatildeo as incertezas das

mediccedilotildees podem ser elevadas chegando a 30 do valor medido [27] Um resumo desses

fatores estaacute descrito na Tabela 4

Tabela 4 Teacutecnicas e caracteriacutesticas para determinaccedilatildeo da tensatildeo residual [27 Modificado] [27]

Teacutecnica Velocidade Penetraccedilatildeo Aacuterea de anaacutelise

Resoluccedilatildeo Tipo de Tensatildeo

Furos Cego

Raacutepida Meacutedia

Igual ao tamanho do furo

1-2 mm diacircmetro

50 -100 microm I

Difraccedilatildeo de Raio-X

Raacutepida Meacutedia

Ateacute 1 mm 01 ndash 1 mmsup2 20 microm I e II

Ultrassom Raacutepida gt100 mm 1-400 mmsup2 1 mm I

Magneacutetica Raacutepida 20 a 300 microm gt2 mmsup2 5 mm I

A teacutecnica utilizada nos procedimentos experimentais deste trabalho foi a de difraccedilatildeo

de Raios X Atraveacutes desta teacutecnica a deformaccedilatildeo causada na superfiacutecie eacute obtida pela razatildeo da

variaccedilatildeo da distacircncia interplanar pela distacircncia livre de deformaccedilatildeo Como pode ser

observado na Figura 12 o paracircmetro chamado de distacircncia interplanar eacute representado pela

letra ldquodrdquo Esta distacircncia eacute entatildeo convertida em tensatildeo segundo equaccedilotildees derivadas da teoria

da elasticidade [38] ou seja a variaccedilatildeo da distacircncia entre planos cristalinos induzida pela

presenccedila de tensotildees eacute medida com base na lei de Bragg e as tensotildees satildeo calculadas

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 32: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

23

assumindo-se que a distorccedilatildeo ocorre no regime elaacutestico Desta forma somente a parte elaacutestica

do campo de deformaccedilotildees eacute medida uma vez que a deformaccedilatildeo plaacutestica natildeo afeta os

paracircmetros cristalinos Como dito anteriormente esta eacute uma teacutecnica natildeo destrutiva e como a

maioria das teacutecnicas natildeo destrutivas eacute limitada agraves camadas superficiais na ordem de 10 microm

[35]

Figura 12 Difraccedilatildeo de raios-X em cristais simples carregados e descarregados [39]

Bragg descreve a difraccedilatildeo de raios X no estado inicial natildeo deformado como uma

reflexatildeo segundo alguns planos cristalinos Estes planos possuem uma distacircncia ldquodrdquo chamada

de distacircncia interplanar Um feixe paralelo de raios-X de comprimento de onda λ que incide

na superfiacutecie deste material com um acircngulo de incidecircncia θ iraacute sofrer uma difraccedilatildeo sob o

mesmo acircngulo θ desde que a equaccedilatildeo de Bragg seja satisfeita (equaccedilatildeo 31)

119899 = 2119889 ∙ 119904119890119899120579 (31)

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 33: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

24

Entatildeo ao utilizar um feixe de raios-X monocromaacuteticos (λ = constante) o valor do

acircngulo θ referente a uma intensidade maacutexima de difraccedilatildeo depende somente da distacircncia

interplanar ldquodrdquo

A derivada da expressatildeo de Bragg indica que

∆119889

119889+

119888119900119904120579

119904119890119899120579∙ ∆120579 = 0 (32)

120576 = minus∆120579 ∙ cot 119892120579 (33)

∆120579 = 120579119888119900119898 119905119890119899119904atilde119900 minus 120579119904119890119898 119905119890119899119904atilde119900 (34)

Medindo ∆120579 pode-se calcular a deformaccedilatildeo e consequentemente a respectiva tensatildeo

residual Vaacuterios meacutetodos satildeo propostos para determinaccedilatildeo das deformaccedilotildees segundo a

difraccedilatildeo de raiosndashX [39] [40] Poreacutem no escopo deste trabalho seraacute tratado somente o meacutetodo

do sensup2 Segundo Bordinassi et al (2006) [34] este meacutetodo tem sua maior aplicabilidade

quando se busca maior exatidatildeo nas medidas cujas amostras possuem um certo grau de

textura Este meacutetodo nada mais eacute que a adequaccedilatildeo da Equaccedilatildeo 33 utilizando coordenadas

polares (Figura 13) ao estado real de tensotildees que resulta em

120576(120593) = cot 119892120579 ∙ (120579120593 minus 120579119900) (35)

Figura 13 Sistema de coordenadas polares [41 Modificado] [41]

Sabendo que

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 34: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

25

120576120593 = (1205901 ∙ 1198881199001199042120593 + 1205902 ∙ 1199041198901198992120593)1199041198901198992 minus 120583(1205901 + 1205902 + 1205903)

119864 (36)

Mantendo o acircngulo 120593 fixo e determinando a diferenccedila entre as deformaccedilotildees em duas

direccedilotildees distintas atraveacutes do acircngulo obtemos

120576(1205932) minus 120576(1205931) = cot 119892120579119900 ∙ (1205791205932minus 1205791205931

) (37)

Reescrevendo o primeiro termo da equaccedilatildeo 36 em funccedilatildeo da diferenccedila de deformaccedilatildeo

entre duas direccedilotildees diferentes temos

120576(1205932) minus 120576(1205931) =(1 + 120583) ∙ 120590120593 ∙ (11990411989011989922 minus 11990411989011989921)

119864 (38)

Substituindo o primeiro membro da Equaccedilatildeo 38 pelo segundo membro da equaccedilatildeo 37

obteacutem-se a equaccedilatildeo utilizada na mediccedilatildeo de tensotildees residuais

120590120593 =119864

(1 + 120583)∙ cot 119892120579119900 ∙

(1205791205932minus 1205791205931

)

(11990411989011989922 minus 11990411989011989921) (38)

O graacutefico da Figura 14 eacute obtido pela plotagem das variaccedilotildees dos acircngulos de difraccedilatildeo

2θ com as variaccedilotildees dos acircngulos de incidecircncia dos raios-X Podemos observar a partir da

equaccedilatildeo 38 que a tensatildeo residual eacute diretamente proporcional agrave derivada de 2θ em funccedilatildeo de

sensup2ψ

Figura 14 Estado de tensatildeo do material em funccedilatildeo do declive da curva 2θ x sensup2ψ [41]

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 35: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

26

Capiacutetulo 3

Materiais e Meacutetodos

A realizaccedilatildeo do procedimento experimental teve algumas fases dentre as quais pode-

se citar a preparaccedilatildeo das amostras torneamento em alta velocidade mediccedilatildeo das tensotildees

residuais superficiais por difraccedilatildeo de raios-x e anaacutelise dos resultados Os itens subsequentes

descrevem em detalhes todos os meacutetodos equipamentos e procedimentos utilizados neste

trabalho

31 ndash Material

O material utilizado na confecccedilatildeo das amostras foi o accedilo SAE 4140 cuja a dureza

medida foi de aproximadamente 15 HRc Este accedilo foi adquirido em barras de duas polegadas

de diacircmetro por 120 mm de comprimento e em cada barra foi confeccionado 4 amostras

conforme a Figura 15

Figura 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das amostras

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 36: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

27

32 ndash Preparaccedilatildeo das amostras

A amostra foi usinada no torno mecacircnico convencional do Laboratoacuterio de Pesquisa em

Usinagem (LABUS) do Centro Federal de Ensino Tecnoloacutegico Celso Suckow da Fonseca

(CEFET ndash RJ Maracanatilde) conforme a Figura 16 Na operaccedilatildeo foi utilizado fluido de corte

para tentar amenizar a influecircncia desta usinagem no resultado final

Figura 16 Torno utilizado na preparaccedilatildeo da amostra

A partir dos resultados obtidos das tensotildees residuais apoacutes a usinagem no torno

convencional constatou-se que as medidas foram muito aleatoacuterias devido ao desgaste da

ferramenta utilizada e entatildeo optou-se por realizar um tratamento teacutermico de aliacutevio de tensotildees

(TTAT) para evitar que os resultados da usinagem principal fossem influenciados pela

operaccedilatildeo anterior As amostras foram aquecidas agrave uma taxa de aproximadamente 175 ordmC

min Apoacutes atingida e estabilizada a temperatura de 600degC a amostra permaneceu nesta

condiccedilatildeo por 2 horas sendo posteriormente resfriada no forno Os valores das tensotildees foram

medidos novamente apoacutes o tratamento

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 37: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

28

33 ndash Torneamento em Alta Velocidade

O torno utilizado nas operaccedilotildees em alta velocidade foi o centro de torneamento Romi

modelo Centur 30D conforme apresenta a Figura 17 capaz de operar em uma faixa em

velocidades entre 4 a 4000 rpm e com potecircncia de 10 CV

Figura 17 CNC Romi Centur 30D

De acordo com as caracteriacutesticas do torno foram escolhidos os paracircmetros mostrados

na Tabela 5 que podem se enquadrar no regime de torneamento em alta velocidade A

profundidade de corte (ap) tambeacutem foi modificada entre as condiccedilotildees [33] Entatildeo o

torneamento das amostras foi fundamentado em um experimento fatorial de quatro

combinaccedilotildees sendo duas repeticcedilotildees para cada combinaccedilatildeo Foi usado um avanccedilo (a)

constante para todas as condiccedilotildees de 02 mmrot A programaccedilatildeo utilizada pode ser

encontrada no Anexo A

Tabela 5 Tabela das Condiccedilotildees

Condiccedilatildeo A B Vc [mmin] ap [mm]

1 -1 -1 500 01

2 -1 1 500 02

3 1 -1 600 01

4 1 1 600 02

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 38: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

29

Onde

Fatores A Velocidade de Corte (Niacuteveis 119881minus1 = 500 119898119898119894119899 e 119881+1 = 600 119898119898119894119899)

B Profundidade de Corte (Niacuteveis 119865minus1 = 01 119898119898 ou 119865+1 = 02 119898119898)

Tratamentos

119881minus1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865minus1 = Velocidade 500 mmin e profundidade de 02 mm

119881minus1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 01 mm

119881+1119865+1 = Velocidade 600 mmin e profundidade de 02 mm

Unidade

Experimental Mega Pascal

As ferramentas utilizadas foram os insertos VBMT 160408-PM4325 da Sandvik com

geometria mostrada na Figura 18 Para cada condiccedilatildeo foi utilizado um soacute gume de corte para

garantir a uniformidade da aresta de corte e evitar que o desgaste da ferramenta influenciasse

nos resultados finais A Tabela 6 fornece as principais caracteriacutesticas do inserto

Figura 18 Insertos utilizados no torneamento

Tabela 6 Propriedades do inserto

Tamanho Efetivo da aresta de corte (LE) 15806 mm

Diacircmetro ciacuterculo inscrito (IC) 9525 mm

Raio da ponta (RE) 0794 mm

Espessura (S) 4763 mm

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 39: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

30

34 ndash Mediccedilatildeo das tensotildees residuais

As mediccedilotildees de tensotildees residuais foram realizadas no Laboratoacuterio de Anaacutelise de

Tensotildees (LAT) do Departamento de Engenharia Mecacircnica da Universidade Federal

Fluminense (UFF) A teacutecnica adotada foi a de tensometria por difraccedilatildeo de raios-X utilizando-

se o equipamento de anaacutelise de tensotildees da Stressrad (Figura 19)

Figura 19 Difratocircmetro de Raios-X com amostra

As amostras foram medidas em duas direccedilotildees longitudinal (L) e circunferencial copy

conforme detalha a Figura 20 Os seguintes paracircmetros foram adotados

Radiaccedilatildeo Crκα (λ=22809Å) difratando o plano cristalograacutefico (211) da ferrita

Acircngulo de difraccedilatildeo de ferrita (2θ) 1562ordm

Acircngulos Ψ 0ordm 21ordm 30ordm 38ordm 45ordm

Tempo de exposiccedilatildeo ao Raio-X 45s para cada acircngulo Ψ

FONTE DE ALTA TENSAtildeO

AMOSTRA SOFTWARE

TUBO DE Crκα

GONIOcircMETRO

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 40: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

31

Figura 20 Direccedilotildees de medida das amostras

35 ndash Mediccedilatildeo da rugosidade superficial

A rugosidade superficial das amostras foi medida com o rugosiacutemetro da Taylor

Hobson Precision Surtronic 25 (Figura 21) As mediccedilotildees foram feitas em pontos distintos da

amostra no sentido longitudinal procurando obter o resultado que melhor representasse a

rugosidade real das amostras Foram realizadas 7 medidas em cada amostra

O paracircmetro adotado foi a rugosidade meacutedia (Ra) na qual o comprimento de mediccedilatildeo

foi de L= 400 e o de amostragem igual a La = 08mm O raio da ponta do apalpador eacute de

5microm conferindo ao equipamento uma resoluccedilatildeo de 001microm com precisatildeo de 2 do valor

medido

Figura 21 Rugosiacutemetro Taylor Hobson

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 41: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

32

Capiacutetulo 4

Resultados e discussotildees

As anaacutelises inicias foram com base nos valores de tensatildeo residuais (TR) sendo as

medidas realizadas apoacutes a preparaccedilatildeo das amostras mas devido a heterogeneidade

apresentada pelas mesmas foi realizado um TTAT Apoacutes o tratamento teacutermico obteve-se uma

meacutedia de -144 MPa nas tensotildees residuais longitudinais (L) e de -142 MPa na direccedilatildeo

circunferencial (C) com erro de aproximadamente 15 MPa Apoacutes a usinagem principal as

tensotildees residuais foram medidas novamente e a Tabela 7 apresenta os valores obtidos em

todas as amostras

Tabela 7 Tensotildees residuais apoacutes a usinagem

Condiccedilatildeo Amostra Tensatildeo Residual [MPa]

Longitudinal (L) Circunferencial (C)

1 2D -183 plusmn 20 435 plusmn 31

2C 67 plusmn 1 550 plusmn 16

2 2B -162 plusmn 33 498 plusmn 0

2A 179 plusmn 25 508 plusmn 101

3 1D -260 plusmn 75 291 plusmn 41

1C -90 plusmn 0 405 plusmn 33

4 1B 97 plusmn 23 369 plusmn 1

1A 125 plusmn 6 262 plusmn 8

A Figura 22 mostra os valores das tensotildees residual nas direccedilotildees circunferencial e longitudinal

respectivamente Com base nos graacuteficos nota-se que o comportamento das TR

circunferenciais eacute homogecircneo e coerente com a literatura [33] onde com valores maiores de

velocidade de corte tem-se uma diminuiccedilatildeo na magnitude das tensotildees trativas Entretanto na

longitudinal haacute muita heterogeneidade nos valores o que torna difiacutecil a anaacutelise dos resultados

nesta direccedilatildeo

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 42: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

33

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Longitudinal

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

1 2 3 4Condiccedilotildees

1 2 3 4

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Condiccedilotildees

Figura 22 Tensotildees Residuais nas direccedilotildees longitudinal e circunferencial

A Tabela 8 apresenta a meacutedia das tensotildees para cada condiccedilatildeo tanto na direccedilatildeo

longitudinal quanto na transversal a fim de analisar a influecircncia de cada paracircmetro nas

tensotildees residuais gerados no torneamento Conforme valores apresentados as tensotildees

superficiais circunferenciais encontram-se no estado de traccedilatildeo enquanto as tensotildees na direccedilatildeo

longitudinal apresentam um misto de compressatildeo e traccedilatildeo

Tabela 8 Meacutedia dos valores de tensatildeo residual

Condiccedilatildeo Tensotildees residuais (MPa)

C L

1 4925 plusmn 5 -58 plusmn 3

2 503 plusmn 7 85 plusmn 5

3 348 plusmn 6 -175 plusmn 6

4 3155 plusmn 2 111 plusmn 4

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 43: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

34

Avaliando o graacutefico da Figura 23 eacute possiacutevel observar uma clara reduccedilatildeo nos valores

das tensotildees quando passamos do regime de velocidade de 500mmin (condiccedilotildees 1 e 2) para o

de 600mmin (condiccedilotildees 3 e 4) Isto sugere que a tendecircncia da tensatildeo residual eacute reduzir seu

valor com o aumento da velocidade de corte conforme previsto na literatura [33] para

condiccedilotildees de transiccedilatildeo baixa-alta velocidade de corte Este comportamento sugere que a

condiccedilatildeo um e dois encontram-se no limiar do regime de altas velocidades

Com relaccedilatildeo ao efeito da profundidade nota-se que o comportamento das tensotildees

residuais eacute resultado da combinaccedilatildeo entre profundidade e velocidade Quando se tem

velocidades de corte maior o aumento da profundidade tende a diminuir os valores das

tensotildees ou seja aumenta o efeito da deformaccedilatildeo plaacutestica sobre o gradiente teacutermico o que natildeo

eacute evidente para velocidades menores

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700Circunferencial

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

Profundidade

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

Figura 23 Tensatildeo residual na direccedilatildeo circunferencial

Na direccedilatildeo longitudinal (Figura 24) percebe-se uma amplificaccedilatildeo do efeito da

profundidade de corte na tensatildeo residual com o aumento da velocidade de corte Para as

amostras que foram submetidas agrave maior velocidade de corte ocorreu um aumento expressivo

da diferenccedila dos valores de tensotildees residuais encontrados em funccedilatildeo de uma mesma

profundidade de corte utilizada Contudo considerando o desvio padratildeo entre as medidas natildeo

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 44: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

35

se pode concluir qual a tendecircncia das TR na direccedilatildeo longitudinal com essa quantidade de

amostras pois haacute muita heterogeneidade nas medidas

01 02

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Vc= 500 [mmin] Vc= 600 [mmin]

LongitudinalT

ensatilde

o R

esid

ual (

MP

a)

Profundidade

Figura 24 Graacutefico Fatorial Tensatildeo Residual longitudinal

Com relaccedilatildeo agrave rugosidade a literatura [10] descreve que com o aumento da velocidade

de corte ocorre uma diminuiccedilatildeo dos valores meacutedios de rugosidade enquanto que o aumento

da profundidade de corte acarreta em valores maiores de rugosidade apesar deste uacuteltimo natildeo

impactar tanto nos resultados Analisando os valores de rugosidade apresentados na Figura 25

em conjunto com a Figura 26 nota-se que os menores valores meacutedios de rugosidade foram

obtidos para os maiores valores de velocidade de corte (condiccedilotildees 3 e 4) Contudo tambeacutem

fica claro que existe uma inconsistecircncia dos valores apresentados na condiccedilatildeo dois O valor

esperado para esta condiccedilatildeo era seguir a tendecircncia das condiccedilotildees trecircs e quatro ou seja o valor

meacutedio de rugosidade da condiccedilatildeo dois deveria ser da mesma magnitude do valor da condiccedilatildeo

um poreacutem superior assim como o da condiccedilatildeo quatro eacute maior do que o da condiccedilatildeo trecircs

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 45: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

36

01 0223

24

25

26

27

28

29

30Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Profundidade

Vc = 500 [mmin] Vc = 600 [mmin]

Figura 25 Graacutefico Fatorial - Rugosidade

1 2 3 423

24

25

26

27

28

29

30 Rugosidade

Rug

osid

ade

(μm

)

Condiccedilatildeo

Figura 26 Graacutefico de rugosidade superficial

Analisando a Figura 27 eacute perceptiacutevel que o aumento da profundidade de corte

ocasionou resultados com tensotildees longitudinais de natureza trativa Isso pode ser relacionado

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 46: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

37

com um possiacutevel fator teacutermico imposto pela maior profundidade de corte sendo mais

evidente com maiores valores de velocidade de corte Entretanto quando se compara tensotildees

residuais com rugosidade novamente natildeo haacute como chegar a conclusotildees

-400

-300

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

1 2 3 4

Longitudinal

Condiccedilotildees

Ten

satildeo

Res

idua

l (M

Pa)

24

26

28

30

Rug

osid

ade

(μm

)

Figura 27 Comparativo entre tensotildees residuais e rugosidade ndash Longitudinal

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 47: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

38

Capiacutetulo 5

Conclusotildees

Dos resultados obtidos neste trabalho e fundamentado no conhecimento atual da

influecircncia dos paracircmetros de usinagem encontrado na literatura pode-se concluir que

1 A velocidade de corte como a literatura relata eacute um dos principais fatores de

influecircncia nas tensotildees residuais geradas em usinagem Contudo em determinadas

condiccedilotildees de corte a interaccedilatildeo com a profundidade de corte se torna muito

impactante

2 Com o aumento da velocidade de corte haacute uma reduccedilatildeo dos niacuteveis de tensatildeo

residual na direccedilatildeo de corte (circunferencial) o que condiz com as condiccedilotildees de

altas velocidade de corte

3 Na direccedilatildeo longitudinal foi observado que para uma mesma profundidade de corte

usada os resultados obtidos de tensatildeo residual possuiacuteam uma maior magnitude dos

valores com o aumento da velocidade empregada

4 A rugosidade avaliada na condiccedilatildeo dois natildeo condiz com o que a literatura e a

praacutetica jaacute definiram Algum problema na execuccedilatildeo de todas as etapas deste

experimento pode ter gerado estas medidas inconsistentes

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 48: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

39

Capiacutetulo 6

Sugestotildees para trabalhos futuros

1 Realizar mais usinagens nas mesmas condiccedilotildees de corte apresentadas neste trabalho

2 Realizar ensaios de dureza das amostras usinadas

3 Analisar a camada atingida pela usinagem atraveacutes de microscopia oacuteptica

4 Verificar o desgaste da ponta das ferramentas utilizadas neste trabalho

5 Realizar estudo das tensotildees residuais em profundidade para melhor avaliar os efeitos

da profundidade de corte

6 Usar a condiccedilatildeo com fluido de corte para estudar os efeitos teacutermicos no resultado das

tensotildees residuais

7 Trabalhar com velocidades de corte mais elevadas

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 49: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

40

Bibliografia

[1] F J Momper ldquoUsinagem a seco e de materiais endurecidosrdquo Revista Maacutequinas e Metais vol 410 pp 30 -37 2000

[2] G Navas I Ferreres J A Maranon C Garcia e J G Sevillano ldquoWhite Layers

Generated in AISI O1 Tool Steel by Hard Turning or by EDMrdquo International Journal of Machining and Machinability of Materials (IJMMM) vol 4 nordm 4 pp 287 - 301 2008

[3] M A d C Rocha S S M Tavares M d P C Fonseca J M Pardal e V F Terra ldquoAnaacutelise das propriedades Mecacircnicas do accedilo SAE 4140rdquo UFF ndash Universidade Federal Fluminense PGMEC ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Niteroacutei-RJ Brasil 2004

[4] V Chiaverini Accedilos e Ferros Fundidos Satildeo Paulo ABM 2008

[5] W D J Callister Ciecircncia e engenharia de materiais uma introduccedilatildeo Utah John Wiley amp Sons 2013

[6] E T Rasma ldquoCaracterizaccedilatildeo estrutural e mecacircnica do Accedilo AISISAE 4140 Tratado sob

diferentes Tratamentos Teacutermicosrdquo Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Campos do Goytacazes - RJ 2015

[7] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Materiais de Construccedilatildeo Mecacircnica vol 3 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[8] H Chandler Heat Treaters Guide - Pratices and Procedures for Irons and Steels ASM International 1995

[9] Aacute R Machado A M Abratildeo R T Coelho e M B d Silva Teoria da Usinagem dos Materiais 1 ed Blucher 2009

[10] V Chiaverini Tecnologia Mecacircnica - Processos de Fabricaccedilatildeo e Tratamento 2 ed vol 2 Satildeo Paulo McGraw-Hill 1986

[11] A J d Souza Processos de Fabricaccedilatildeo por Usinagem Parte 2 Porto Alegre Universidade do Rio Grande do Sul 2011

[12] B J Griffiths Manufacturing Surface Technology - Surface Integrity and Functional Performance 1 ed Lodon Butterworth-Heinemann 2001

[13] F d S Pereira ldquoTorneamento em alta velocidade do ferro fundido cinzento FC 250 com

ferramenta de citreto de siliacuteciordquo Florianoacutepolis 2012

[14] G Oliveira Usinagem em Altiacutessimas Velocidades como os conceitos HSMHSC podem Satildeo Paulo Eacuterica 2003

[15] M Soto e P Muumlller ldquoUsinagem sem refrigeraccedilatildeo de furos e roscasrdquo em Anais do seminaacuterio internacional de alta tecnologia - Usinagem com altiacutessimas velocidades de corte Santa Baacuterbara do Oeste 1999

[16] M Fields e J F Kahles ldquoThe Surface Integrity of Machined and Highrdquo USA DMIC

Report 210 1964 pp 54-77

[17] B J Griffiths ldquoManufacturing Measurement Part 2rdquo em Advanced Manufacturing Systems MSc Programme Distance Learning Book Uxbridge Brunel University 1989

[18] N G M Mesquita ldquoAvaliaccedilatildeo e Escolha de uma Superfiacutecie Segundo sua Funccedilatildeo e

Fabricaccedilatildeordquo Florianoacutepolis SC 1992

[19] O L Agostinho A C S Rodrigues e J Lirani Toleracircncias Ajustes Desvios e Anaacutelise de Dimensotildees Satildeo Paulo Edgard Bluumlcher 1990 p 295

[20] J C Pereira ldquoDeterminaccedilatildeo de Modelos de Vida de Ferramenta e Rugosidade no

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 50: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

41

Torneament do Accedilo ABNT 52100 Endurecido Utilizando a Metodologia de Superfiacutecie de Resposta (DOE)rdquo Itajubaacute MG 2006

[21] M S Mello A J Souza e M Geier ldquoDeterminaccedilatildeo empiacuterica dos paracircmetros de

rugosidade Ra e Rt aplicando ferramenta alisadora no torneamento a seco de acabamento do accedilo AISI 4140rdquo em 7ordm Congresso Nacional de Engenharia Mecacircnica ( Anais do VII CONEM) Satildeo Luiacutes MA 2012

[22] E Aslan N Camuscu e B Birgoumlren ldquoDesign optimization of cutting parameters when

turning hardened AISI 4140 steel (63 HRC) with Al2O3 + TiCN mixed ceramic toolrdquo

Materials amp Design 28 pp 1618-1622 2007

[23] S Ranjan Das D Dhupal e A Kumar ldquoStudy of surface roughness and flank wear in hard turning of AISI 4140 steel with coated ceramic insertsrdquo Journal of Mechanical Science and Technology nordm 29 pp 4329-4340 2015

[24] M S Alajmi e S E Oraby ldquoMonitoring of Coated and Uncoated Cutting Edge Performance using Infrared Thermography of Chip Temperaturerdquo International Journal of Mining Metallurgy amp Mechanical Engineering (IJMMME) vol 3 nordm 3 2015

[25] F Akbar P T Mativenga e M A Sheikh ldquoAn evaluation of heat partition in the high-speed turning of AISISAE 4140 steel with uncoated and TiN-coated toolsrdquo Manchester

UK 2008

[26] Y Matsumoto M Barash e C Liu ldquoEffect of Hardness on the Surface Integrity of AISI

4340 Steelrdquo Journal of Engineering for Industry vol 108 pp 169-175 1986

[27] F A Kandil J D Lord A T Fry e P V Grant ldquoA Review of Residual Stress

Measurementrdquo NPL Materials Centre Teddignton Middlesex UK 2001

[28] J D Almer J B Cohen e B Moran ldquoThe effects of residual macrostresses and

microstresses on fatigue crack initiationrdquo Materials Science and Engineering A vol 284 nordm 1-2 pp 268 - 279 2000

[29] C Fonseca M P S Costa W S Chaves F R Pardal J M e M Junior A S ldquoEstudos

das propriedades Mecacircnicas e Tensotildees Residuais em juntas soldadas de accedilo ABRL Bifaacutesico usado na Induacutestria Automobiliacutesticardquo em 8deg Congresso Iberoamericano de Ingenieria Mecanica Cusco 2007

[30] W E Littmann ldquoMeasurement and significance of residual macrostress in steel 793Ardquo

em Proc of the Automatic Eng Cong Detroit MI 1964 pp 13-17

[31] A A Buenos ldquo Avaliaccedilatildeo de tensatildeo residual gerada pelo processo de usinagem utilizando acustoelasticidaderdquo niversidade Estadual de Campinas Faculdade de

Engenharia Mecacircnica Campinas 2010

[32] E Capello ldquoResidual stresses in turning Part I Influence of process parametersrdquo

Journal of Materials Processing Technology 160 pp 221-228 2005

[33] V Garciacutea Navas O Gonzalo e I Bengoetxea ldquoEffect of cutting parameters in the

surface residual stresses generated by turning in AISI 4340 steelrdquo International Journal of Machine Tools amp Manufature pp 48-57 2012

[34] E C Bordinassi ldquoContribuiccedilatildeo ao estudo da integridade superficial de um accedilo

inoxidaacutevel super-duplex apoacutes usinagemrdquo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

[35] C O D Martins T R Strohaecker A S Rocha e T K Hirsch ldquoComparaccedilatildeo entre Teacutecnicas de Anaacutelise de Tensotildees Residuais em Aneacuteis de Rolamento do Accedilo ABNT 52100rdquo Revista Mateacuteria vol 9 pp 20 - 28 2004

[36] G Hilson S Simandjuntak P E J Flewitt K R Hallam M J Pavier e D J Smith ldquoSpatial variation of residual stresses in a welded piperdquo International Journal of Pressure Vessels and Piping vol 86 nordm 11 pp 748-756 2009

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 51: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

42

[37] T d C Chuvas ldquoEstudo da influecircncia dos paracircmetros de tratamento de aliacutevio das

tensotildees residuais por vibraccedilatildeo mecacircnica em juntas soldadas a plasmardquo Universidade

Federal Fluminense Niteroacutei 2012

[38] N B Lima ldquoInfluecircncia da textura em medidas de tensatildeo residualrdquo Instituto de Pesquisas

Energeacuteticas e Nucleares Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1991

[39] E Brinksmeier J T Cammett W Koumlnig P Leskovar J Peters e H K Toumlnshoff ldquoResidual Stresses ndash Measurement and causes in machiningrdquo Annals of the CIRP vol 31 pp 491-510 1982

[40] D Damasceno ldquoAnaacutelise das tensotildees residuais apoacutes o torneamento e retificaccedilatildeo do accedilo

ABNT 52100 endurecidordquo Campinas 1993

[41] P S Preveacutey ldquoCurrent Applications of X-ray diffraction - Residual Stress Measurementrdquo

em Developments in Materials Characterization Technologies Columbus Ohio ASM International 1996 pp 103-110

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa

Page 52: Análise das Tensões Residuais Geradas no Torneamento em ...¡lise Tensões... · v RESUMO A presença de tensões residuais (TR), geradas em todos os processos de fabricação,

43

Anexo ndash A Programaccedilatildeo torno CNC N10 G99 limpa memoacuteria N20 T0202 seleccedilatildeo de ferramenta N30 G54 ORIGEM NA CASTANHA N40 G00 X150 Z150 N50 M00 rotaccedilatildeo desligada N60 M12 gama de velocidades para acabamento N70 G96 velocidade de corte constante N80 S600 S = velocidade de corte N90 G92 S4000 M03 S = RPM maacutexima comeccedilo da primeira parte da usinagem N100 G00 X502 Z122 X = diacircmetro final da peccedila e Z = proacuteximo da ponta da peccedila N110 G01 Z727 F2 Z = ateacute a metade da peccedila e F2 = avanccedilo de 02 mm N120 G00 X150 N130 Z150 N140 M00 rotaccedilatildeo desligada limpar a ferramenta N150 M03 maacutequina ligada comeccedilo da segunda parte da usinagem N160 G00 X727 Z = metade da peccedila N170 X502 N180 G01 Z20 F2 X = diacircmetro final da peccedila reaproximaccedilatildeo N190 G00 X150 afastamento = N130 N200 Z150 N210 M05 N220 M30 fim de programa