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Fone: (51) 2108-3121

Organização

ANÁLISE DA ROTULAGEM NUTRICIONAL DE BARRAS DE

CEREAIS E GRANOLAS

C. R. Storck1, A. P. de Oliveira

2

1 - Curso de Nutrição - Centro Universitário Franciscano - CEP: 97010-491 - Santa Maria - RS - Brasil,

Telefone: (55) 3025-1202 - Fax: (55) 3025-9002 - e-mail: ([email protected])

2 - Curso de Nutrição - Centro Universitário Franciscano - CEP: 97010-491 - Santa Maria - RS - Brasil,

Telefone: (55) 3025-1202 - Fax: (55) 3025-9002 - e-mail: ([email protected])

RESUMO - O presente trabalho teve como objetivo verificar se a informação nutricional rotulada

apresenta-se de acordo com resultados obtidos em laboratório. Avaliaram-se cinco marcas de barras de

cereais e de granola de três lotes diferentes, em relação à composição centesimal. Concluiu-se que os

nutrientes com maior divergência nos valores rotulados e os encontrados em laboratório foram a fibra

alimentar, mostrando valores superiores em duas marcas de barra de cereais e nas cinco marcas de

granola, e lipídios, que mostraram valores inferiores aos rotulados em uma marca de barra de cereais e

em três marcas de granola.

ABSTRACT - The present study aimed to verify if the nutritional information declared on the label is

in accordance with results obtained in the laboratory. Five brands of cereal bars and five brands of

granola of three different lots were evaluated in relation the centesimal composition. It was concluded

that the nutrients which showed greatest divergence between the values expressed on the label with

those found on laboratory, were the dietary fiber, showing higher values in two of the five brands of

cereal bars and in the five brands of granola, and the lipids, which showed lower values that the

labeled in one brand of cereal bar and in three brands of granola.

PALAVRAS-CHAVES: Rotulagem de alimentos, Informação nutricional, Rotulagem nutricional.

KEYWORDS: Food labeling, nutritional information, nutrition labeling.

1. INTRODUÇÃO

A rotulagem de alimentos embalados é regulamentada pela RDC nº259/2002 (Brasil, 2002),

a qual se aplica à rotulagem de todo alimento que seja comercializado, qualquer que seja sua origem,

embalado na ausência do cliente, e pronto para oferta ao consumidor. De acordo com o item 3, do

artigo 6º da Lei 8087/90 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor) é através da rotulagem de

alimentos que se tem acesso a informações como características nutricionais, composição, quantidade,

qualidade e riscos que os produtos podem apresentar (Brasil, 1990).

No Brasil, apenas em 2001, com a RDC nº40 (Brasil, 2001) a rotulagem nutricional de

alimentos e bebidas tornou-se obrigatória. Em 2003 esta resolução foi revogada pela RDC nº360/03,

que considerou importante compatibilizar a legislação nacional com base nos instrumentos

harmonizados no Mercosul relacionados à rotulagem nutricional de alimentos embalados (Brasil,

2003a). A RDC nº360/03 descreve como obrigatória a declaração do valor calórico, teor de

carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio e

define os critérios de arredondamento, e que a informação nutricional deve ser expressa por porção,

incluindo a medida caseira correspondente, e em percentual de Valor Diário (%VD). A RDC nº359/03

(Brasil, 2003b) estabelece as medidas e porções, definindo, inclusive, a medida caseira e sua relação

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com a porção correspondente em gramas ou mililitros, e detalha os utensílios que geralmente são

utilizados.

A obtenção dos dados dos nutrientes para o cálculo das informações nutricionais se dá a

partir de análises físico-químicas ou através de cálculos baseados na fórmula do produto, utilizando os

valores das tabelas de composição de alimentos ou os fornecidos pelos fabricantes das matérias primas

(Brasil, 2003a).

Tendo em vista que barras de cereais e granolas são alimentos procurados pelos

consumidores pela praticidade, aliada ao consumo de alimentos saudáveis, justamente por esses

produtos serem conhecidos pela quantidade de fibras e por apresentar baixos valores de calorias, é

importante verificar se as informações declaradas são fidedignas.

O trabalho teve como objetivo verificar se as informações nutricionais apresentadas no

rótulo de barras de cereais e granolas estão de acordo com resultados obtidos em laboratório.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

As amostras foram compostas por cinco marcas de barras de cereais e cinco marcas de

granolas, de três lotes diferentes, as mesmas foram adquiridas em mercados de grande porte no

município de Santa Maria – RS, totalizando 30 amostras.

As amostras de barra de cereal e granola foram levadas ao laboratório e identificadas com

códigos. As embalagens foram guardadas e os alimentos levados à estufa com circulação forçada de ar

a 50ºC para secagem. Após, foram moídas, peneiradas e armazenadas em temperatura ambiente e ao

abrigo da luz até o momento das análises. Foram analisadas quanto a sua composição centesimal,

através das análises de lipídeos, proteínas, carboidratos (por diferença) e cinzas no laboratório, de

acordo com os procedimentos descritos pelos Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos do

Instituto Adolfo Lutz (Instituto Adolfo Lutz, 2008). O teor de fibra alimentar foi determinado

conforme o método enzímico-gravimétrico nº 985.29 e nº 991.42 (AOAC, 1995). O valor energético

foi calculado utilizando-se os seguintes fatores de conversão de Atwater: carboidratos 4 kcal/g,

proteínas 4 kcal/g e lipídios 9 kcal/g (Mendez et al., 1995). Os resultados encontrados nas análises

laboratoriais foram comparados com os declarados na informação nutricional do rótulo, verificando se

os valores estão de acordo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta a comparação da informação nutricional declarada com o resultado

analítico de diferentes marcas de barras de cereais e granolas para valor energético, carboidratos e

proteína.

Como se pode observar, em relação ao valor energético, 90% das marcas analisadas

apresentaram valores adequados e dentro da tolerância de 20% para mais ou para menos dos valores

rotulados. No que diz respeito aos carboidratos somente uma marca de granola (granola 3) apresentou

valores fora dos limites de tolerância. Na granola 1 os valores de proteína apresentaram-se maiores

que o rotulado e fora do limite de tolerância, enquanto na marca 2 de granola apresentaram-se

elevados em relação a rotulagem, porém dentro da tolerância permitida.

Em um estudo realizado por Silva e Ferreira (2010), no qual avaliaram 24 mostras de queijo

minas frescal e ricota quanto à rotulagem nutricional, composição química e valor energético, pelo

menos 50% das amostras analisadas em laboratório apresentaram valores de gordura e sódio

superiores aos declarados na embalagem, podendo ser consideradas ricas nesses nutrientes.

A tabela 2 apresenta a comparação da informação nutricional declarada com o resultado

analítico para lipídios e fibra alimentar.

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As granolas 3, 4 e 5 mostraram valores de lipídios inferiores aos rotulados e com adequação

menor que 20% do valor declarado no rótulo.

Tabela 1 - Comparação do valor energético e teor de carboidrato e proteína declarado no rótulo com o

resultado analítico, na porção de diferentes marcas de barras de cereal e granolas. Santa Maria, RS,

2014.

Amostra

Valor energético (Kcal) Carboidratos (g) Proteína (g)

R T

RA

(M±DP

)

R T

RA

(M±DP

)

R T

RA

(M±DP

)

BC1 86 69-103 90±3 15 12-18 17±1 1,3 1-1,6 1,5±0

BC2 96 76-115 82±1 16 12,8-19,2 13±0 1,3 1-1,6 1,4±0,1

BC3 85 68-102 81±1 17 13,6-20,4 16±1 1,2 1-1,4 1,1±0,2

BC4 81 65-97 85±3 16 12,8-19,2 17±1 1,3 1-1,6 1,4±0,2

BC5 78 62-94 69±2 14 11,2-16,8 13±1 1,0 0,8-1,2 1,2±0,2

G1 135 108-162 132±4 29 23,2-34,8 25±4 3,0 2,4-3,6 4,0±0,2

G2 170 136-204 141±4 29 23,2-34,8 23±4 4,5 3,6-5,4 4,9±0,6

G3 195 156-234 144±1 29 23,2-34,8 22±1 4,2 3,4-5 4,0±0,7

G4 151 121-181 139±2 26 20,8-31,2 24±2 4,7 3,8-5,6 5,0±0,7

G5 170 136-204 138±4 29 23,2-34,8 25±4 4,5 3,6-5,4 4,4±0,7

BC = barra de cereais; G = granola; R = rotulado; T = tolerância (± 20%); RA = resultado analítico.

Tabela 2 - Comparação do teor de lipídios e fibra alimentar declarado no rótulo com o resultado

analítico, na porção de diferentes marcas de barras de cereal e granolas. Santa Maria, RS, 2014.

Amostra

Lipídios (g) Fibra alimentar (g)

R T RA

(M±DP) R T

RA

(M±DP)

BC1 2,3 1,8-2,7 1,8±0,2 1,8 1,4-2,2 2±0,4

BC2 3,2 1,6-3,8 2,7±0,1 0,5 0,4-0,6 2,6±0,1

BC3 1,5 1,2-1,8 1,3±0,3 0,6 0,5-0,7 1,0±0,1

BC4 2,3 1,8-2,7 1,3±0,6 3,3 2,6-4,0 2,6±0,2

BC5 1,9 1,5-2,3 1,6±0,2 0 0-0 2,5±0,2

G1 1,0 0,8-1,2 1,6±0,3 3,8 3,0-4,6 5,2±0,5

G2 3,6 2,0-4,3 3,2±0,6 3,0 2,4-3,6 5,9±0,2

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G3 6,7 5,4-8,0 4,7±0,5 3,4 2,7-4,1 6,9±0,6

G4 3,2 2,6-3,8 2,5±0,3 4,5 3,6-5,4 5,7±1,0

G5 3,6 2,9-4,3 2,4±0,4 3,0 2,4-3,6 5,9±0,6

BC = barra de cereais; G = granola; R = rotulado; T = tolerância (± 20%); RA = resultado analítico.

As marcas 2 e 3 de barras de cereais e as cinco marcas de granola analisadas apresentaram

valores de fibra alimentar superiores aos declarados e acima da tolerância permitida, o que por um

lado é um resultado positivo, tendo em vista que esses produtos são consumidos principalmente pelo

teor desse nutriente, sendo assim em uma menor quantidade consumida haverá uma maior ingestão de

fibra. Existem vários métodos para quantificar fibra e os resultados obtidos em cada um podem

apresentar diferenças, o que pode explicar, em parte, as divergências encontradas, no entanto, a

legislação não especifica nenhum método padrão para análise deste nutriente. A diferença entre os

resultados declarados e os encontrados em laboratório preocupa, pois pode levar a erros na prescrição

de dietas e planos alimentares, no caso do nutricionista usar os valores do rótulo como base para

cálculos de um cardápio, como também o consumidor pode estar adquirindo um produto devido às

propriedades declaradas, as quais não são fidedignas.

4. CONCLUSÃO

No que diz respeito a composição centesimal dos produtos analisados, conclui-se que os

nutrientes que mostraram maior divergência nos valores expressos no rótulo e os encontrados em

laboratório, foram a fibra alimentar, mostrando valores superiores em duas das cinco marcas de barra

de cereais e nas cinco marcas de granola, e os lipídios, que mostraram valores inferiores aos rotulados

em uma marca de barra de cereais e em três marcas de granola.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 16th 4h.,

Washington, DC, 1995.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Resolução RDC

nº259, de 20 de setembro de 2002. Aprova o regulamento técnico para rotulagem de alimentos

embalados. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil; 2002.

BRASIL. Ministério da Justiça. SECRETARIA DO DIREITO ECONÔMICO. Lei n. 3078, de 11 de

setembro de 1990. Código de defesa do consumidor. Diário Oficial da União da República Federativa

do Brasil; 1990.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância sanitária - ANVISA. Resolução RDC

nº 40, de 21 de março de 2001. Aprova o regulamento técnico para rotulagem nutricional obrigatória

de alimentos e bebidas embalados. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil; 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Resolução RDC

nº 360, de 23 de dezembro de 2003, Aprova o regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de

alimentos embalados. Revoga a RDC nº 40 de 21 de março de 2001. Diário Oficial da União da

República Federativa do Brasil; 2003a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Resolução RDC

nº 359, de 23 de dezembro de 2003. Aprova o regulamento técnico de porções de alimentos embalados

para fins de rotulagem nutricional. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil; 2003b.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo:

Instituto Adolfo Lutz, 2008, p. 1020.

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MENDEZ, M. H. et al. Tabela de Composição de Alimentos. Niterói: Editora da Universidade Federal

Fluminense, 1995. 41 p.

SILVA, F.M; FERREIRA, K.S. Avaliação da rotulagem nutricional, composição centesimal e valor

energético de queijo minas frescal, queijo minas frescal “ligth” e ricota. Rev. Alim. Nutr., Araraquara,

v. 21, n. 3, p. 437-441, jul./set. 2010.