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Investigaciones Geográficas (Mx) ISSN: 0188-4611 [email protected] Instituto de Geografía México Ribeiro de Andrade, Aparecido; Teixeira Nery, Jonas Análise da precipitação pluviométrica diária, mensal e interanual da bacia hidrográfica do Rio Ivaí, Brasil Investigaciones Geográficas (Mx), núm. 52, diciembre, 2003, pp. 7-30 Instituto de Geografía Distrito Federal, México Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=56905202 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Investigaciones Geográficas (Mx)

ISSN: 0188-4611

[email protected]

Instituto de Geografía

México

Ribeiro de Andrade, Aparecido; Teixeira Nery, Jonas

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensal e interanual da bacia hidrográfica do Rio Ivaí,

Brasil

Investigaciones Geográficas (Mx), núm. 52, diciembre, 2003, pp. 7-30

Instituto de Geografía

Distrito Federal, México

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=56905202

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Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Investigaciones Geográficas, Boletín del Instituto de Geografía, UNAMNo. 52, 2003, pp. 7-30

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensal einteranual da bacia hidrográfica do Rio Ivaí, Brasil

Aparec ido Ribeiro de And rade* Recibido: 13 de febrero de 2003

Jonas Teixei ra Nery** Aceptado en versión final: 18 de agosto de 2003

Resumo. O presente trabalho analisa os dados de precipitação pluvial da Bacia do Ivaí (Estado do Paraná, Brasil),utilizando dados diários, mensais e anuais, no período de 1974 a 2001, obtidos junto à Superintendência de RecursosHídricos (SUDERHSA), pertencente ao Governo do Estado do Paraná, a bacia hidrográfica do Ivaí localiza-se noEstado do Paraná entre as coordenadas -22° 54' S a -25°33' S e -50°44' W a -52°42' W, possuindo uma área dedrenagem de 36 622 km2, percorrendo uma extensão de aproximadamente 680 km. O rio Ivaí recebe este nome apartir da junção do Rio dos Patos com o Rio São João. No decorrer dos seus quase 680 km, existem várias cidadesde porte, como Maringá e Apucarana, que se encontram no divisor de bacias, assim como Campo Mourão, que é amaior cidade situada integralmente na referida bacia.

Foram traçadas isolinhas de dias de precipitação pluviométrica para cada ano, dentro do período estudado, selecio-nando alguns anos mais significativos (1982, 1983 e 1985). Deve-se observar que o ano de 1983 (ano consideradode El Niño significativo) apresentou isolinhas de dias de chuva, consideravelmente maiores que os demais anos, emtoda a bacia. O año de 1985 (año de La Niña), apresentou isolinhas de menos dias de chuva, dentro do período considerado.

Deve-se ressaltar que a precipitação pluviométrica desta bacia está influenciada pela variabilidade interanual (El Niñoou La Niña). Estas variabilidades explicam grande parte da precipitação desta bacia.

Palavras-chave: Precipitação, variabilidade, El Niño, bacia do Ivaí, Brasil.

Resumen En este trabajo se analizaron los datos de precipitación de Ia cuenca del río Ivaí, Brasil, utilizando datosdiarios, mensuales y anuales en el período de 1974 a 2001, obtenidos en Ia Superintendência de Recursos Hídricosdel gobiemo del Estado de Paraná, Ia cuenca se ubica en el estado de Paraná entre Ias coordenadas -22° 54' Sy -25° 33' S, -50° 44' W y -52° 42' W, con un área de 36 622 km2 y una extensión de 680 km, aproximadamente. El ríoIvaí recibe este nombre en Ia conexión de los rios de los Patos y São João. Hay muchas ciudades en esta cuenca,tales como Maringá, Apucarana y Campo Mourão.

Se estudió Ia precipitación registrada anualmente y se seleccionaron los años más significativos para su análisis(1982, 1983 y 1985), mediante ei trazo de isolíneas, a partir de Ias cuales se observó que en 1983 (año significativodel fenómeno de El Niño) Ias isolíneas de días de Iluvia fueron considerablemente mayores que en los otros añosanalizados en Ia cuenca; 1985 (año de La Niña) presentó isolíneas con pocos días de Iluvia, en el período de estudio.

La precipitación en Ia cuenca está influenciada por Ia variabilidad interanual (El Niño o La Niña). Se nota que paracada evento hay una marcada anomalia positiva (El Nino) o negativa (La Nina), más o menos significativa de acuerdocon el evento.

Palabras claves: Precipitación, variabilidad, El Niño, cuenca del Ivaí, Brasil.

Analysis of daily, montly and annual precipitation inthe Ivaí river basin, BrazilAbstract. This work analyzed precipitation data for the Ivaí river basin, Brazil, using daily, monthly and annual data forthe period 1974 - 2001. These data were obtained from the Parana State's Office of Hydrological Resources. Thebasin is located in Parana State, between -22°54'S and -25°33'S, and -50°44'W and -52°42'W, comprising an area of36 522 km2 and a length of 680 km approximately. The Ivaí river comprises the portion located at the union of thePatos and Sao Joäo rivers. Several cities have developed along this basin, including Maringá, Apucarana and CampoMouräo.

*PGE/UEM, Rua Juriti, 454, Conj. Res. Ney Braga, CEP 87083-280, Maringá, Paraná-Brasil. E-mail: [email protected]"DFI/UEM, Av. Colombo, 5790, CEP 87020-900. Maringá, Paraná - Brasil E-mail: [email protected]

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

Precipitation data recorded throughout the year were analyzed, and the most significant data were chosen for analysis(1982, 1983 and 1985) through tracing isolines. From these, it became evident that in 1983 (the year when El Niñoreached a significant importance) rainy-day isolines were considerable above those for any other year of analysis.Conversely, 1985 (the year when La Niña occurred) showed isolines with a few rainy days in the period of study.

Within the basin, precipitation is influenced by year-to-year variability (El Niño or La Niña). It is worth mentioning that,for each event, there is a marked positive (El Niño) or negative (La Niña) anomaly, the significance of which variesaccording to the event.

Key words: Precipitation, variability, El Niño, Ivai river basin, Brazil.

INTRODUÇÃO Essa bacia não apresenta grandes trabalhosde caracterização de sua região, principal-

Na região Sul do Brasil localiza-se o Estado mente quando o assunto é climatologia. Osdo Paraná, sendo que a Bacia Hidrográfica poucos levantamentos que se conhece estãodo Ivaí está localizada dentro deste Estado relacionados à produção agrícola e atlas deentre as coordenadas -22°54' S a -25°33' S zoneamento das décadas de 70 e 80, prin-e -50°44' W a -52°42' W, possuindo uma cipalmente os elaborados por instituiçõesárea de drenagem de 36 622 km2, percorren- governamentais,do uma extensão de aproximadamente680 km (Figura 1).

Figura 1. Localização Geográfica da Bacia Hidrográfica do Rio Ivaí.

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Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivai, Brasil

Maack (1981) foi um dos que realizou tra-balhos de pesquisa no Estado do Paranáfazendo, principalmente, uma descrição geo-morfológica de várias regiões do Estado,mas sua abordagem foi mais geral, semnenhuma análise regional, o que se propõe ainiciar através deste trabalho.

Os formadores do rio Ivaí partem dos con-trafortes da serra da Esperança e da serrada Ribeira, na região centro-sul do estado doParaná, em cotas superiores a 1 000 m dealtitude. O rio Ivaí percorre ± 680 km, até de-saguar na margem esquerda do rio Paraná,próximo à ponte de montante da ilha dosBandeirantes.

Andrade e Nery (2002) efetuaram uma análi-se preliminar da distribuição piuviométrica dabacia do Rio Ivaí, e concluíram que a distri-buição temporal da precipitação piuviométri-ca desta região está fortemente vinculada aocorrência dos fenômenos El Niño e LaNiña, pois a variabilidade piuviométrica dabacia apresenta uma correlação significativacom os períodos em que ocorreram taisfenôme-nos (Trenberth, 1995).

Alguns estudos realizados, já mostraram cla-ramente a corr ação existente entre a pre-cipitação piuviométrica e as condições climá-ticas do El Niño-Oscilação Sul (ENOS) nomundo, (Stoeckenius, 1981), (Rasmussone Carpenter, 1982) e (Ropelewski e Jones,1987). Vários desses trabalhos concluíramque as chuvas possibilitam ou impedem omanejo de determinadas culturas existentesno Sul do Brasil (Ferreira, 2000).

Vários autores (Grimm e Ferraz, 1997;Grimm et al., 2000; Trenberth, 1995) vêmdemonstrando que uma das principais cau-sas da variabilidade climática no Sul doBrasil, principalmente a precipitação pluvial,advém da ocorrência do fenômeno El Niño,entre outros, denomina o El Niño OscilaçãoSul (ENOS), como um fenômeno de grandeescala, caracterizado por anomalias no pa-

drão de temperatura da superfície do Ocea-no Pacífico tropical que ocorrem de formasimultânea com anomalias no padrão depressão atmosférica das regiões de Darwin eTaiti. Na fase fria do ENOS (La Nina) o com-portamento das variáveis provocaanomalias, principalmente na precipitaçãopluvial, em diversas regiões do globo.

Dessa forma, a correlação da variabilidadeda precipitação piuviométrica da bacia doIvaí com o fenômeno ENOS deve ser estu-dada, buscando-se a elaboração de uma po-ssível explicação para a distribuição espa-cial e temporal deste fenômeno meteoroló-gico.

Nery et al. (1994) buscaram uma explicaçãopara a variabilidade piuviométrica do Estadodo Paraná e concluiu que o fenômeno ENOSexerce uma significativa influência na distri-buição piuviométrica para o Paraná, bemcomo a orografia desempenha um papel deestimulador ou bloqueador da precipitaçãopiuviométrica no Estado. A Bacia do Ivaídeve ser analisada como parte integrante daregião paranaense, que possui as caracte-rísticas acima mencionadas.

Studzinski (1995) realizou a correlação daprecipitação da região Sul do Brasil com osOceanos Atlântico Tropical e Pacífico, ondedescobriu que os dois oceanos desempen-ham um papel importante na precipitaçãodos Estados do Sul, entre eles o Paraná.Esse estudo concluiu também que as varia-ções interanuais das anomalias dessa regiãoestão fortemente relacionadas com o fenô-meno El Niño.

Souza (2002) ao propor uma regionalizaçãodas chuvas para o Estado do Paraná,descobriu que a região litorânea e a Centro-Oeste do Estado possuem uma maior quan-tidade de precipitação, bem como, umamaior variabilidade interanual. A autora reali-zou também, uma correlação das anomaliasda precipitação piuviométrica com o índice

Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003 9

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

da Temperatura da Superfície do Mar (TSM)dos Oceanos Pacífico e Atlântico, concluindoque o primeiro apresenta uma relação sig-nificativa com a precipitação do Paraná, já osegundo não exerce uma influência maismarcante.

A bacia do Rio Ivaí, objeto de pesquisa destetrabalho, está quase que totalmente loca-lizada na região centro-oeste do Paraná,onde (Souza, 2002) concluiu haver umaquantidade de precipitação maior em relaçãoao resto do Estado, com uma variabilidadesignificativa, principalmente em anos consi-derados anômalos.

Nimer (1979) ao estudar a climatologia doBrasil, definiu a precipitação piuviométrica daRegião Sul como sendo bastante homo-gênea, mas ressaltou que o litoral e a regiãooeste paranaenses apresentavam umamaior variabilidade nos dias de chuva,propor-cionada pela frente polar. Este autorainda salienta que a circulação atmosférica,princi-palmente o sistema de correntesperturbadas exerce influência sobre aquantidade de chuva de toda a região sul doBrasil. Sua conclusão foi de que a orografiadesem-penha um papel preponderante dafaixa litorânea, enquanto que a combinaçãoda frente polar com as correntes perturbadasdefine o ciclo das chuvas na área continentalda região.

Baldo et al. (2000) realizaram a correlaçãoda TSM com a precipitação do Estado deSanta Catarina, além de relacionar períodosde anomalia da precipitação no Estado coma ocorrência de El Niño e La Niña e concluiuque a relação existe, apesar de não ser tãosignificativa para toda a área estudada.

Este trabalho tem por objetivo estudar avariabilidade da precipitação pluvial da BaciaHidrográfica do Rio Ivaí, no Estado do Para-ná, procurando relacioná-la com aocorrência dos fenômenos El Niño e LaNiña, além de estudar os comportamentos

diários, mensais e interanual da precipitaçãopiuviométrica na região.

Através do estudo da variabilidade da pre-cipitação piuviométrica da Bacia do Ivaí, sebuscará relacionar extremos climáticos comsistemas frontais e outros fenômenos nessaregião de estudo, bem como, diagnosticar si-tuações extremas para estabelecer controlede hidroelétricas e forma de preservar a refe-rida Bacia de erosões.

METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

Foram analisadas 19 séries de precipitação,considerando a distribuição temporal e espa-cial das séries climatológicas, durante o pe-ríodo de 1974 a 2001. Os dados foram cedi-dos pela Superintendência de Desenvolvi-mento de Recursos Hídricos e SaneamentoAmbiental (SUDERHSA), órgão do Governodo Estado do Paraná.

Fez-se a análise estatística utilizando diver-sos parâmetros, tais como: média, desviopadrão e mediana. Calculou-se tambémanomalias e amplitudes.

Para a realização desses cálculos foramutilizados os seguintes softwares: Statística,Excel e Surfer. Nesse último também seescolheu o método de interpolação Kriging,que oferece uma melhor distribuiçãoespacial das isolinhas da variável estudada(Figura 2 e Tabela 1).

Calculou-se o total areai de precipitaçãopiuviométrica mensal e anua para todas ases-tações localizadas na área de estudo.

Foram utilizados métodos de classifica-ção não hierárquicos, com a finalidadede dividir a área de estudo em regiõeshomogêneas. Há diversos métodos declassificação não hierárquicos, tais co-mo: de ligação simples e ligação média,de agrupamento por variância mínima eo método de Ward. Mesmo existindo

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Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivai, Brasil

Figura 2. Localização das estações de precipitações pluviométricas dentro da área da Bacia do Rio Ivaí,utilizadas neste trabalho.

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algum grau de subjetividade a eleiçãodo método deve ser a mais objetivapossível (Lewis e Torres, 1992). Pararealizar o agrupamento das estaçõesestudadas, utilizou-se a sistemática dosdiferentes métodos de análise multiva-riada, chegando-se ao método de Ward,com distância euclidiana, como sendode melhor representação das áreas ho-mogêneas obtidas.

Foram efetuados cálculos estatísticos paraalguns períodos selecionados para cadagrupo homogêneo, sendo a maioria delesconsiderados anos anômalos, em virtude daalta variabilidade da precipitação.

Realizou-se, também, cálculos matemáticosque propiciaram a determinação de valoresde anomalia da precipitação (), onde Xi é ovalor da precipitação anual e é a média daprecipitação em todo o período estudado.

DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Com base nos totais mensais de precipi-tação elaborou-se um gráfico do comporta-mento médio mensal areai da precipitaçãopiuviométrica da bacia do Rio Ivaí (Figura 3).

Esses valores médios foram obtidos atravésdo cálculo da média para cada mês de todoo período (1974 a 2001), para todas asséries pluviométricas.

O gráfico da Figura 3 possibilita classificar osmeses mais secos e mais úmidos, estesmeses foram separados em dois gruposde seis meses (período seco: março, abril,maio, junho, julho e agosto; período úmido:setembro, outubro, novembro, dezembro,janeiro e fevereiro).

Nota-se pela análise da Figura 3 que os seismeses mais chuvosos foram aqueles commédia de precipitação acima de 140mm. Osseis meses mais secos são os que apre-sentam valores médios inferiores a 140 mm.Definiu-se os três meses mais chuvosos,doravante denominados de de período úmi-do (janeiro, fevereiro e dezembro) e os trêsmeses mais secos de período seco (junho,julho e agosto), conforme Figura 3. Estestrimestres foram eleitos por apresentaremsignificativa variabilidade em relação àmédia climatológica, chegando, em algunscasos, a valores superiores (inferiores) dodesvio-padrão positivo(negativo).

Comportamento Mensal da PrecipitaçãoBacia do Rio Ivaí - Área Total

Figura 3. Distribuição mensal e areal da Precipitação Piuviométrica da Bacia do Rio Ivaí.

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Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivai, Brasil

A Figura 3 apresenta o comportamento men-sal da precipitação, através do qual é possí-vel delimitar os meses mais chuvosos e osmeses mais secos dentro do período estu-dado (1974 a 2001). Através da análisedaquela figura foi apresentado o métodoutilizado para definir os períodos úmido eseco da região, ficando determinado que osmeses de dezembro, janeiro e fevereiro se-riam chamados de período úmido, enquantoque os meses de junho, julho e agosto se-riam o período seco.

A partir dessa definição e com base noscálculos de dias de chuva para toda a regiãoestudada, foi possível elaborar as Figuras 4,5, 6, 7, 8 e 9, que representam a quantidadede dias de chuva para cada mês dosperíodos úmido e seco.

Ao se analisar as Figuras 4, 5 e 6, querepresentam o período úmido, constata-se 6a 12 dias de chuva por mês, considerando adistribuição espacial e temporal. Convém sa-lientar, que é possível observar um aumentoda quantidade de dias de chuva na regiãocentro-sul da bacia.

Figura 4. Isolinhas de dias de chuva para o mês de dezembro, 1974 a 2001.

Figura 5. Isolinhas de dias de chuva para o mês de janeiro, 1974 a 2001.

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Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

Figura 7. Isolinhas de dias de chuva para o mês de junho, 1974 a 2001.

Figura 8. Isolinhas de dias de chuva para o mês de julho, 1974 a 2001.

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Figura 6. Isolinhas de dias de chuva para o mês de fevereiro, 1974 a 2001.

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivaí, Brasil

Nessa região com maior variabilidade daprecipitação, estão localizados os Municípiosde Campo Mourão, Iretama e Mamborê. In-clusive, essa variabilidade foi possível notarem todas as figuras apresentadas, ou seja,todos os testes realizados delimitaram essaregião como diferenciada.

Já nas Figuras 7, 8 e 9 foi representado operíodo seco, o qual apresenta uma variabili-dade de dias de chuva que vai de três a oitodias, considerando também sua distribuiçãoespacial e temporal. Novamente se confirmaa tendência de aumento na região centro-sul.

Através da representação acima, ficou claraa definição de período úmido e seco, pois noperíodo úmido chove no mínimo seis diaspor mês, enquanto no período seco o máxi-mo de dias de chuva não chega a oito dias.

Com base em dados totais anuais elaborou-se o gráfico representado na Figura 10. Estafigura torna possível a visualização da distri-buição anual areai da precipitação piuvio-métrica na bacia do Rio Ivaí.

A Figura 10 apresenta o comportamentoanual da precipitação piuviométrica, sendopossível observar a variabilidade interanual

existente no decorrer do período estudado.Observa-se que o comportamento interanualna bacia é muito semelhante a variabilidadeapresentada em quase toda a região Sul doBrasil, com anomalias positivas associadasaos eventos El Niño e anomalias negativasassociadas a eventos La Niña, conforme osperíodos apresentados na Tabela 2.

As Figuras 11, 12, 13 e 14, apresentam asisolinhas da mediana, média e desvio padrãopara dados anuais e amplitude mensal daregião estudada. Os cálculos de média emediana não apresentaram valores signi-ficativamente diferentes e pode-se observarprecipitações menores à jusante da bacia (1300 mm; Figuras 11 e 12). A dispersão estárepresentada na Figura 13 (cálculo realizadoatravés do desvio padrão), a partir da mon-tante da bacia, com maiores valores nessaregião. Através da Figura 14 pode-seobservar que não há grande amplitude daprecipitação na bacia. Todas as análisesestatísticas utilizadas confirmam que a distri-buição piuviométrica da bacia é significati-vamente homogênea, destacando-se apenasque a área localizada na parte centro-sulapresenta uma maior variabilidade, mostran-do também que nesta área a precipitação émaior, associada com a orografia da região.

Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003 15

Figura 9. Isolinhas de dias de chuva para o mês de agosto, 1974 a 2001.

Tabela 2. El Niño e La Niña definidos a partir da temperatura da superfície do mar no Oceano Pacíficopara a região do El Niño (1+2) e excedendo valores de 0.4°C (positivo ou negativo)

El Niño (1+2)

Mar/65 a jan/66Mar/69 a jan/70Fev/72 a fev/73Mai/76 a jan/77Jun/79 a jan/80Jul/82 a dez/83Out/86 a dez/87Nov/91 a jun/92Fev/93 a jun/93Out/94 a fev/95Mar/97 a out/98

Duração/Meses

11111398181585520

La Niña (1+2)

Mar/66 a set/66Jun/67 a jul/68Mar/70 a dez/71Abr/73 a fev/74Out/74 a jan/76

Jan/85 a dez/85Abr/88 a dez/88Mai/89 a set/89Mar/94 a set/94Abr/95 a ago/95Abr/96 a jan/97

Duração/Meses

71422111612957510

Na Tabela 2, apresenta-se a classificaçãode alguns eventos El Niño e La Niña,(Trenberth, 1997), podendo-se observar queesses fenômenos não têm o mesmo períodode duração. A classificação desta tabela foiutilizada para confeccionar as isolinhas dealguns eventos importantes.

As Figuras 15, 16, 17, 18, 19 e 20 apresen-tam as isolinhas de anomalia da precipitaçãopara os anos de 1978, 1982, 1983, 1985,1997 e 1998, respectivamente. O que sepretende é demonstrar a correlação exis-tente entre a varibilidade interanual (eventosEl Niño e La Niña) e a ocorrência deanomalias.

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Figura 10. Média areai das 19 estações estudadas: valores totais anuais da precipitação pluvial.

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

Comportamento Interanual da PrecipitaçãoBacia do Rio Ivaí- Área Total

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivaí, Brasil

Figura 11. Isolinhas da mediana anual da precipitação, período de 1974 a 2001.

Os anos de 1982/83 e 1997/98 destacam-secom valores de precipitação piuviométricasignificativamente maiores que os valoresmédios do período de estudo. Estes anosforam classificados de anos de El Niño inten-so, Figuras 16, 17, 19 e 20.

O ano de 1985, ano de evento La Niña signi-ficativo apresentou valores abaixo da médiaclimatológica da bacia, Figura 11. Na Figura

15 (ano de 1978), embora não seja um anoclassificado de La Niña, apresentou preci-pitação piuviométrica abaixo da média clima-tológica, sugerindo alguma outra dinâmicade circulação atmosférica para explicar avariabilidade da precipitação na bacia.

Como a região da bacia do Ivaí é exten-sa (cerca de 36 000 km2), sua área foidividida em grupos homogêneos obtidos

Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003 17

Figura 12. Isolinhas da média anual da precipitação, período de 1974 a 2001.

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

Figura 14. Isolinhas da amplitude mendual da precipitação, período de 1974 a 2001.

a partir da análise multivariada e calcu-lados com base na Tabela 1. Utilizou-seo método de Ward com distância eucli-diana, gerando quatro grupos similarespara a área de estudo.

O dendograma obtido através do métodoacima está representado na Figura 21,podendo-se observar que o corte reali-

zado subjetivamente determinou a exis-tência de quatro grupos homogêneos.Os quatro grupos estão geograficamentedivididos da seguinte forma: grupo I(região sul); grupo II (região centro-sul);grupo III -que representa o maiorporção do toda a área estudada (regiãonordeste) e grupo IV (região noroeste),Figura 22.

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Figura 13. Isolinhas do desvio padrão anual da precipitação, período de 1974 a 2001.

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivaí, Brasil

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Figura 15. Isolinhas de anomalia do ano de 1978.

Figura 16. Isolinhas de anomalia do ano de 1982.

Figura 17. Isolinhas de anomalia do ano de 1983.

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

Figura 20. Isolinhas de anomalia do ano de 1998.

20 Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003

Figura 18. Isolinhas de anomalia do ano de 1985.

Figura 19. Isolinhas de anomalia do ano de 1997.

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivaí, Brasil

Figura 21. Dendograma dos grupos homogêneos, segundo o método de Ward.

Figura 22. Classificação dos postos pluviométricos segundo a análise multivariada.

Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003 21

Estação

10

13

18

19

N° meses

12

12

12

12

Média

103

113

101

108

Mediana

94

96

86

94

Total

1237

1367

1218

1298

Mínimo

1

0

4

0

Máximo

240

258

232

220

Desvio

padrão

60

73

65

60

Estação912

1517

N° meses1212

1212

Média107132

100121

Mediana104

122

83112

total1294

1586

12111456

Mínimo10

000

Máximo246

294

205220

Desviopadrão

74

93

7078

Estação346111416

N° meses121212121212

Média987911210210298

Mediana666299769899

Total11879531348123512251186

Mínimo104

42

102

Máximo197214184217260221

Desviopadrão

766152696962

Estação12578

N° meses1212121212

Média7586815874

Mediana8578636368

Total9101034972700896

Mínimo514039

Máximo164228213119151

Desviopadrão

4462703555

Estação10

13

1819

N° meses18

18

1818

Média173

184

174153

Mediana143

197

117107

Total3131

3329

31392756

Mínimo29

18

11

26

Máximo482

426

387

348

Desviopadrão

137

129

129112

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

Tabela 3. Cálculos para o ano de 1978, referente às estações do grupo I

Tabela 4. Cálculos para o ano de 1978, referente às estações do grupo II

Tabela 5. Cálculos para o ano de 1978, referente às estações do grupo III

Tabela 6. Cálculos para o ano de 1978, referente às estações do grupo IV

Tabela 7. Cálculos do El Niño de 07/1982 a 12/1983 para as estações do Grupo I

22 Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003

Estação9

12

1517

N° meses1818

1818

Média178

169

165180

Mediana181

158

159131

Total3211

3048

29793249

Mínimo4

5

18

18

Máximo350

384

385461

Desviopadrão

115124

111144

Estação346111416

N° meses181818181818

Média147145150170163158

Mediana110125110162141144

Total265526202709306529442855

Mínimo35312218

41

Máximo332379377311403393

Desviopadrão

101113102118125111

Estação1257

8

N° meses18181818

18

Média92136126131

138

Mediana801138473

101

Total1673246522802372

2501

Mínimo14331415

25

Máximo257312299374

357

Desviopadrão

6210097112

101

Estação10

13

18

19

N° meses12

12

12

12

Média90

95

125

70

Mediana79

85

101

68

Total1087

1144

1507

844

Mínimo7

20

31

13

Máximo291

242

285

171

Desviopadrão

70

68

85

41

Estação

9

12

15

17

N° meses

12

12

12

12

Média

99

93

114

125

Mediana

114

74

60

68

Total

1198

1123

1371

1508

Mínimo

30

23

22

19

Máximo

148

157

226

352

Desviopadrão

43

50

85

121

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivaí, Brasil

Tabela 8. Cálculos do El Niño de 07/1982 a 12/1983 para as estações do Grupo II

Tabela 9. Cálculos do El Niño de 07/1982 a 12/1983 para as estações do Grupo III

Tabela 10. Cálculos do El Niño de 07/1982 a 12/1983 para estações do Grupo IV

Tabela 11. Cálculos da La Niña de janeiro a dezembro de 1985, para as estações do grupo I

Tabela 12. Cálculos da La Niña de janeiro a dezembro de 1985, para as estações do grupo II

Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003 23

Estação346111416

N° meses121212121212

Média9310311410186105

Mediana7375938210159

Total112012441376121310421271

Mínimo28322958

23

Máximo268215243211133285

Desviopadrão

706966614087

Estação10131819

N° meses9999

Média20116105107

Mediana0

4871100

Total185

1045948964

Mínimo00114

Máximo185347258306

Desviopadrão

6112310288

Estação

9121517

N° meses

9999

Média105998297

Mediana74657350

Total945891738874

Mínimo0000

Máximo339283213299

Desviopadrão

1129877117

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

Tabela 13. Cálculos da La Niña de janeiro a dezembro de 1985, para as estações do grupo III

Tabela 14. Cálculos da La Niña de janeiro a dezembro de 1985, para as estações do grupo IV

Tabela 15. Cálculos da La Niña de abril a dezembro de 1988, para as estações do grupo I

Tabela 16. Cálculos da La Niña de abril a dezembro de 1988, para as estações do grupo II

Tabela 17. Cálculos da La Niña de abril a dezembro de 1988, para as estações do grupo III

24 Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003

Estação12578

N° meses1212121212

Média8673827895

Mediana6666647894

Total1 0 4 08789869461141

Mínimo8

3521220

Máximo207135189161190

Desviopadrão

6231585048

E s t a ç ã o346111416

N° m e s e s999999

M é d i a95751078710793

M e d i a n a796292638455

T o t a l861677971784969837

M í n i m o000000

M á x i m o250156327215302235

D e s v i op a d r ã o

10067109849993

Estação12578

N° meses99999

Média75751028394

Mediana47701014054

Total678683922748848

Mínimo004800

Máximo259177158231226

Desviopadrão

8464368894

Estação10

131819

N° meses20

202020

Média176

180199199

Mediana186207194219

Total3523360139833992

Mínimo450

3845

Máximo319398415372

Desviopadrão

90114

113108

Estação912

1517

N° meses20

202020

Média161164167163

Mediana150137147151

Total3232

329933553267

Mínimo15332640

Máximo427375

426369

Desviopadrão

106107117101

Estação346111416

N° meses202020202020

Média161168168162152153

Mediana146147149161150143

Total322333723361325730543068

Mínimo191515211331

Máximo384423493343295398

Desviopadrão

11711312610997109

Estação12

578

N° meses2020202020

Média134132107123130

Mediana9311667100142

Total26922650214124702618

Mínimo171471610

Máximo346386267316316

Desviopadrão

102104829599

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivaí, Brasil

Tabela 18. Cálculos da La Niña de abril a dezembro de 1988, para as estações do grupo IV

Tabela 19. Cálculos do El Niño de 03/1997 a 10/1998, para as estações do grupo I

Tabela 20. Cálculos do El Niño de 03/1997 a 10/1998, para as estações do grupo II

Tabela 21. Cálculos do El Niño de 03/1997 a 10/1998, para as estações do grupo III

Tabela 22. Cálculos do El Niño de 03/1997 a 10/1998, para as estações do grupo IV

Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003 25

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

A análise das Tabelas 3 a 22 demonstra queos anos de El Niño (82, 83, 97 e 98) apre-sentam uma precipitação pluvial mais eleva-da, enquanto os anos de La Nina (85 e 88)a pluviometria é significativamente menorque a média climatológica da região. Essasanomalias pluviométricas são notadas emtodos os grupos homogêneos.

As estações do grupo I (montante da bacia)apresentam valores pluviométricos bem maiselevados que as estações do grupo IV(jusante da bacia), demonstrando que existeuma variabilidade espacial de montante parajusante.

Podem-se destacar os anos de 82/83 e1985, onde se nota um aumento na preci-pitação no primeiro período e um decréscimono segundo, ou seja, no El Nino 82/83, queconforme comprova a bibliografia, foi um dosmais intensos ocorrido durante o século XXe observa-se que a precipitação aumentaconsideravelmente. No evento La Nina de1985 a quantidade de precipitação piuvio-

métrica diminui significativamente.

As Figuras 23, 24, 25, 26, 27 e 28 apre-sentam a freqüência de dias de chuva anual.Buscando uma possível explicação para avariabilidade nos dias de chuva anualforam traçadas isolinhas para média de diasde chuva no período de 1974 a 2001, bemcomo, para os anos de 1982 e 1983(El Niño) e 1985 (La Niña).

Ao se analisar as Figuras 23 a 28, que apre-sentaram as isolinhas de dias de chuva paratodo o período (1974 a 2001) e para algunsanos específicos (1982, 1983, 1985, 1997 e1998), nota-se que na média do período(Figura 23) tem-se em torno de 100 dias dechuva por ano, enquanto nos anos de 1982,1983, 1997 e 1998 (Figuras 24, 25, 27 e 28),chega-se até 135 dias de chuva, ou seja,houve mais dias de chuva do que o normal.Já no ano de 1985 (Figura 26), a quantidadede dias de chuva está um pouco abaixo donormal, não chegando a 100 dias de chuvano ano.

26 Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003

Figura 23. Isolinhas do total anual dos dias de chuva, 1974 a 2001.

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivaí, Brasil

Figura 24. Isolinhas de dias de chuva para o ano de 1982.

Figura 25. Isolinhas de dias de chuva para o ano de 1983.

Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003 27

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery

Figura 26. Isolinhas de dias de chuva para o ano de 1985.

Figura 27. Isolinhas de dias de chuva para o ano de 1997.

28 Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003

Análise da precipitação pluviométrica diária, mensual e interanual da bacia hidrográfica do rio Ivaí, Brasil

Figura 28. Isolinhas de dias de chuva para o ano de 1998.

CONCLUSÃO

A Bacia Hidrográfica do Rio Ivaí apresentauma definição de períodos úmido e seco,bem marcada. Os meses mais chuvososestão concentrados no trimestre dezembro/janeiro/fevereiro e os meses mais secos sãojunho/julho/agosto.

Quanto à distribuição interanual, sua preci-pitação piuviométrica é homogênea, ocorren-do variabilidade significativa em anos consi-derados anômalos, explicados principalmen-te pela ocorrência dos fenômenos El Niñoe La Niña. O que fica bem marcado é aocorrência de máximos de precipitação nosanos de 1982, 1983 e 1998 e de mínimosnos anos de 1978, 1985 e 1988.

As ocorrências dos fenômenos El Niño e LaNiña podem explicar essa variabilidade piu-viométrica, pois os anos de máximas emínimas precipitações são consideradosanos da ocorrência de tais fenômenos, comsignificativa influência em toda dinâmica daregião sul do Brasil.

As isolinhas de mediana, média, desviopadrão e amplitude explicam a distribuição

espacial da precipitação piuviométrica naregião estudada de forma bem clara. Nota-se que todos os parâmetros estatísticosutilizados confirmam uma concentração daprecipitação piuviométrica na região centro-sul da bacia, mais precisamente próximo aosmunicípios de Campo Mourão, Iretama eMamborê.

Finalmente, quando utilizado a freqüênciade dias de chuva para explicar a variabili-dade piuviométrica, confirma-se a tendênciade maior concentração de chuva na regiãocentro-sul da Bacia, bem como, que chovemais no trimestre dezembro/janeiro/fevereiro,enquanto no trimestre junho/julho/agosto afreqüência é bem menor.

O total de dias de chuva também foi utilizadona explicação para o comportamento inter-anual da precipitação e o resultado foi posi-tivo, ou seja, a conclusão feita através dosparâmetros estatísticos descritos foi a mes-ma para os dias de chuva. Chove mais doque a média normal da região nos anosconsiderados anômalos (1982, 1983, 1985,1997 e 1998).

Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003 29

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Sr. Nagashima, técnico daSuperintendência de Recursos Hídricos(SUDERHSA), órgão vinculado à Secretariado Meio Ambiente do Estado do Paraná, porter cedido tão prontamente, os dados deprecipitação pluviométrica para a realizaçãodo presente trabalho.

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30 Investigaciones Geográficas, Boletín 52, 2003

Aparecido Ribeiro Andrade y Jonas Teixeira Nery