análise da mortalidade por homicídios no brasil

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    8 Volume 16 - N 1 - jan/mar de 2007 Epidemiologia e Servios de Sade

    Introduo

    A Organizao Mundial da Sade estima que, apro-ximadamente, 1,6 milhes de pessoas morrem a cadaano, em decorrncia da violncia. Esta se encontraentre as principais causas de bito na faixa etria de15 a 44 anos, na maioria dos pases: corresponde a14% dos bitos no sexo masculino e a 7% dos bitosno sexo feminino.1

    No Brasil, em 2003, 128.790 pessoas morreram porcausas externas acidentes e violncia, que responde-ram pela terceira causa de bito na populao geral,aps doenas do aparelho circulatrio e neoplasias. Oshomicdios violncia interpessoal referiram quase40% dos bitos por causas externas, com crescimentonas ltimas dcadas, em todo o Pas.2

    No Brasil, grande parte dos estudos sobre homic-dios desenvolve uma abordagem quantitativa, avaliandoos eventos por variveis demogrficas como sexo eidade, em Estados ou Municpios especficos; ou emnvel nacional, comparando-se as diferentes macror-regies mediante o uso do Sistema de Informaessobre Mortalidade (SIM), sob co-gesto da Secretariade Vigilncia em Sade (SVS/MS) e do Departamentode Informtica do SUS (Datasus/MS), do Ministrio daSade.3-5 Para o estudo da mortalidade por homicdiosem nvel nacional, este trabalho considerou as variveis

    raa/cor e escolaridade, tambm disponveis peloDatasus/MS,6 e a anlise de tendncia desses eventospara a discriminao estatstica de suas variaespercentuais anuais ao longo do tempo.

    De tal forma, utilizando-se o SIM e dados da Fun-dao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica(IBGE), o presente estudo teve como objetivos: (I)analisar a magnitude dos homicdios no Brasil; (II)descrever as caractersticas das vtimas de homicdios;e (III) analisar a tendncia dos homicdios por armade fogo no Brasil desde a dcada de 80.

    Metodologia

    Em 2003, de 128.790 bitos por causas externas,49.808 foram homicdios (39%) [Classificao Estats-tica Internacional de Doenas e Problemas Relaciona-dos Sade Dcima Reviso (CID-10), cdigos X85 a

    Y09), 491 (0,4%)] decorrentes de intervenes legaise operaes de guerra (CID-10, cdigos Y35 e Y36)e 11.101 (9%) por inteno indeterminada (CID-10,cdigos Y10 a Y34).7

    Para a anlise da magnitude e das caractersticasdas vtimas de homicdios no Pas, consultaram-se osdados de 2003 do SIM. Utilizaram-se, para a presenteanlise, as categorias correspondentes aos homicdiosde X85 a Y09, da CID-10; foram excludos os eventoscom dados ignorados.

    Os homicdios foram analisados segundo sexo, raa/cor e idade, considerando-se o local de residncia dasvtimas nas macrorregies e em unidades da Federao(UF) selecionadas, no ano de 2003. No uso da varivelraa/cor, foram consideradas as categorias branca,preta, parda, amarela e indgena, de acordo com a clas-sificao do IBGE. Para a apresentao de resultados,as cores preta e parda foram combinadas na categorianegra, quando suas freqncias eram semelhantes,comparadas s da populao branca. O risco de bitopor homicdio segundo raa/cor e idade (faixa etria)

    foi estratificado por escolaridade, utilizada comoproxyde nvel socioeconmico. Essa varivel foi utilizada parao controle de vis de confundimento, j que escolarida-de associa-se a raa/cor; e esta, a homicdio.2 A varivelescolaridade foi dividida em duas categorias: menos dequatro anos de estudo (menor nvel socioeconmico);e quatro ou mais anos de estudo (maior nvel socioe-conmico). Os dados demogrficos por sexo, raa/cor,idade e escolaridade, aplicados nos clculos das taxas,resultaram de estimativas populacionais para os anosde 2000 a 2003, considerando-se, como padro, apopulao do censo de 2000.6

    Foram calculadas propores e taxas de homi-cdios por 100.000 habitantes. Para a comparaodas diferenas no risco de bito segundo raa/cor,entre Estados e macrorregies, foram calculadastaxas padronizadas e razes de taxas. A padronizaodas taxas foi feita pelo mtodo direto, utilizando-se,como padro, a populao brasileira no ano 2000.6

    Adotaram-se os seguintes critrios para anlise dos ho-micdios nos Estados: cobertura do SIM de pelo menos

    Os homicdios foram analisados

    segundo sexo, raa/cor e idade,

    considerando-se o local de

    residncia das vtimas nas

    macrorregies e em unidades da

    Federao selecionadas, em 2003.

    Mortalidade por homicdios no Brasil

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    Epidemiologia e Servios de Sade Volume 16 - N 1 - jan/mar de 2007 9

    80%, em comparao com as estimativas de mortali-dade do IBGE, adotadas como padro de referncia;pelo menos 90% dos eventos com preenchimento da

    varivel raa/cor; e pelo menos 70% dos eventos compreenchimento da varivel escolaridade. Concedeu-semaior tolerncia porcentagem de dados ignoradospara escolaridade porque essa varivel apresentouproporo de preenchimento bem menor do que a

    varivel raa/cor.2

    Para a anlise de tendncia dos homicdios porarma de fogo no Brasil, utilizaram-se as categorias cor-respondentes aos homicdios por arma de fogo do SIM(CID-9, cdigo E695; e CID-10, cdigos X93 a X95) ea populao do IBGE (censos demogrficos de 1991e 2000, contagem populacional de 1996 e estimativaspopulacionais), sendo os dados disponveis pelo Da-

    tasus/MS.6 A avaliao das tendncias foi realizada emduas etapas: anlise descritiva; e ajuste de modelos.

    A anlise descritiva compreendeu o clculo das taxasde mortalidade padronizada e especfica, segundosexo e faixa etria, para cada Estado selecionado, noperodo de 1980 a 2003, utilizando-se a populaobrasileira de 2000 para a padronizao. Nessa anlise,consideraram-se os seguintes critrios: cobertura doSIM maior do que 80%; e proporo de causas mal-de-finidas de bito menor do que 15%. Para o ajuste dosmodelos,8 visando ao clculo da variao percentual

    anual, utilizaram-se os dados de 11 UF que seguiramesses critrios os sete Estados do Sul e Sudeste; MatoGrosso; Mato Grosso do Sul; Pernambuco; e o DistritoFederal. Analisou-se o perodo de 1990 a 2003, emrazo de alteraes de comportamento observadas nastendncias, principalmente na dcada de 80, perodoem que o sistema de informaes tambm sofreumudanas importantes. Para cada sexo e faixa etria,foram ajustados modelos lineares generalizados emque a varivel dependente foi o nmero de bitos eas variveis independentes foram o tempo, em anos,as UF e a interao entre tempo e UF.

    Resultados

    Mortalidade por homicdios

    no Brasil em 2003

    Os resultados apresentados a seguir referem-se aos49.808 homicdios. Entre as variveis independentesanalisadas, houve perda de informao em 0,05% doscasos para sexo, 2% para idade, 7% para raa/cor

    e 39% para escolaridade. Do total de homicdios,92% ocorreram no sexo masculino e quase 50% napopulao parda, 40% na branca, 10% na preta, 0,2%na indgena e 0,4% na amarela. As trs faixas etriascom maior nmero de homicdios foram as de 20 a29 anos (40% do total), 30 a 39 anos (22%) e 15 a19 anos (16%). Os homens apresentaram maiorespercentuais de homicdios na faixa etria de 15 a 59anos, comparados s mulheres. A proporo de bitosnas faixas etrias abaixo de 15 anos e acima de 60anos teve maior importncia relativa no sexo femininodo que no masculino. A arma de fogo foi o principalinstrumento utilizado em cerca de 70% dos homicdiosocorridos em 2003 (Figura 1).

    O risco de bito por homicdio no Brasil em 2003foi de 28 por 100 mil habitantes, sendo 12 vezes maior

    entre homens (53/100 mil) do que entre mulheres(4/100 mil). O risco de bito por homicdio entrenegros foi 1,8 vezes maior do que entre brancos. Astaxas foram de 39/100 mil entre pretos, 35/100 milentre pardos e 20/100 mil entre brancos (os resultadosdas populaes indgena e amarela no sero apresen-tados, haja vista seu baixo percentual de participaona totalidade dos homicdios).

    Os maiores riscos de bito por homicdio foramobservados na faixa etria de 20 a 29 anos, inde-pendentemente de sexo ou raa/cor. Destacaram-se,

    tambm, os adolescentes com o segundo maior riscode bito na maioria das categorias de raa/cor, emambos os sexos. O sexo masculino, a partir dos 10anos de idade, apresentou maior risco de bito doque o sexo feminino. Homens negros (pretos e par-dos) apresentaram maiores riscos de bito do queos brancos em quase todas as faixas etrias, princi-palmente entre 10 e 59 anos (Figura 2). A partir dos60 anos de idade, o risco de bito de homens negrosdiminuiu de forma importante, aproximando-se dorisco de homens brancos. Entre as mulheres, os riscosde bito foram maiores visivelmente , entre negras

    na faixa etria de 15 a 49 anos, comparados aos dasbrancas (Figura 3).

    Na faixa etria de 15 a 59 anos, os maiores riscos debito por homicdio foram observados entre indivduoscom menos de quatro anos de estudo, comparadosqueles com quatro ou mais anos de estudo. Os riscosrelativos do primeiro grupo em relao ao segundoforam de 2,3 vezes entre brancos, 1,5 vezes entrepardos e 1,4 vezes entre pretos.

    Adauto Martins Soares Filho e colaboradores

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    10 Volume 16 - N 1 - jan/mar de 2007 Epidemiologia e Servios de Sade

    Mortalidade por homicdios no Brasil

    Figura 1 - Distribuio proporcional de homicdios segundo raa/cor e instrumento utilizado. Brasil, 2003

    a) TOTAL:inclui todas as categorias de raa/cor (indgena, amarela, branca, preta e parda)

    Fonte:Ministrio da Sade,Secretaria de Vigilncia em Sade e Departamento de Informtica do SUS, Sistema de Informaes sobre Mortalidade; Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)

    Figura 2 - Taxa padronizada de homicdios por 100 mil no sexo masculino, segundo raa/cor e faixa etria.Brasil, 2003

    a) Negra:preta e parda

    b) TOTAL:inclui todas as categorias de raa/cor (indgena, amarela, branca, preta e parda)

    Fonte:Ministrio da Sade,Secretaria de Vigilncia em Sade e Departamento de Informtica do SUS, Sistema de Informaes sobre Mortalidade; Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)

    Arma de fogo Arma branca Outros

    70,2 11,7 18,1Branca71,1 11,7 17,3Preta71,7 14,3 14,0Parda

    71,0 13,0 16,0TOTALa

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    %

    200

    180

    160

    140

    120

    100

    80

    60

    40

    20

    100 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e +

    TOTAL b 1,2 0,7 4,4 78,1 125,0 77,6 51,7 36,1 25,4 17,3 15,5

    Branca 0,8 0,6 2,5 52,6 83,5 55,5 39,0 29,1 22,5 14,5 12,9

    Preta 0,5 0,2 6,8 116,5 173,8 97,5 55,6 33,1 15,7 13,6 14,9

    Parda 1,2 0,6 5,4 92,6 151,8 94,3 62,6 42,8 26,9 19,9 16,5

    Negra a 1,1 0,6 5,6 95,8 155,1 94,8 61,5 41,1 24,8 18,7 16,2

    Taxapor100mil

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    Adauto Martins Soares Filho e colaboradores

    Mortalidade por homicdios

    nas macrorregies brasileiras em 2003

    No Brasil, aproximadamente 60% dos homicdios(30.841) ocorreram em reas Metropolitanas. Na

    anlise por macrorregio, necessrio considerar aimportante subnotificao dos bitos para as RegiesNorte e Nordeste. Em 2003, a razo de bitos infor-mados e estimados na Regio Norte ficou em 75%, ena Regio Nordeste, em 70%. O Nordeste apresentou,ainda, percentual de no informados de 17% para a

    varivel raa/cor.Para ambos os sexos, pardos morreram mais por

    homicdio nas Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste; pela mesmacausa mortis, foram os brancospreponderantes nas Regies Sul e Sudeste. As maiorestaxas de homicdios no sexo masculino foram obser-

    vadas na Regio Sudeste, para todas as categorias deraa/cor (Figura 4). Nas diferentes macrorregies,o risco relativo de bito dos negros em relao aosbrancos variou de 1,2 na Regio Sul a 3,4 na RegioNordeste. No sexo feminino, o maior risco de bitoocorreu na Regio Sul. Mulheres brancas e pretasapresentaram maiores riscos de bito na RegioSudeste, enquanto as pardas, na Regio Centro-Oeste(Figura 5).

    Quanto s faixas etrias, o maior risco de bito porhomicdios no sexo masculino foi observado na RegioSudeste (159/100 mil), no grupo etrio de 20 a 29anos, e o menor risco, na Regio Sul (37/100 mil),

    no grupo de 40 a 49 anos de idade. No sexo feminino,esse risco foi maior na Regio Sudeste (10/100 mil),no grupo de 20 a 29 anos, e menor na Regio Norte(4/100 mil), no grupo de 40 a 49 anos de idade.

    Homens e mulheres pretos de 20 a 29 anos e resi-dentes no Sudeste apresentaram os maiores riscos debito por homicdio no Brasil: 286/100 mil e 18/100mil, respectivamente. Os menores riscos foram iden-tificados no Nordeste, entre homens brancos de 15 a19 anos (17/100 mil) e mulheres brancas de 40 a 49anos de idade (2/100 mil).

    Mortalidade por homicdios em unidades

    federadas brasileiras selecionadas em 2003

    Entre as UF selecionadas, que satisfizeram os crit-rios de qualidade dos dados descritos anteriormente, asmaiores taxas de homicdios padronizadas, no ano de2003, foram encontradas em Pernambuco (56/100 mil)e no Rio de Janeiro (48/100 mil). Santa Catarina e RioGrande do Sul apresentaram as menores taxas, 12/100mil e 18/100 mil, respectivamente (Figura 6).

    Figura 3 - Taxa padronizada de homicdios por 100 mil no sexo feminino, segundo raa/cor e faixa etria.Brasil, 2003

    a) Negra:preta e parda

    b) TOTAL: inclui todas as categorias de raa/cor (indgena, amarela, branca, preta e parda)

    Fonte:Ministrio da Sade,Secretaria de Vigilncia em Sade e Departamento de Informtica do SUS, Sistema de Informaes sobre Mortalidade; Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)

    12

    10

    8

    6

    4

    2

    0

    Branca 0,8 0,2 1,4 4,9 6,1 4,9 4,0 2,9 2,2 2,8 3,6

    Preta 1,1 0,7 2,1 9,1 10,7 8,8 4,9 3,5 2,8 1,8 -

    Parda 0,8 0,6 1,7 7,3 8,0 6,9 5,0 3,2 2,7 1,8 2,3

    Negra a 0,9 0,6 1,8 7,6 8,4 7,2 5,0 3,3 2,7 1,8 1,9

    TOTAL b 1,0 0,5 1,7 6,5 7,6 6,1 4,8 3,2 2,4 2,8 3,2

    Taxapor100mil

    0 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e +

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    Mortalidade por homicdios no Brasil

    Figura 4 - Taxa padronizada de homicdios por 100 mil no sexo masculino, segundo raa/cor e macrorregio.Brasil, 2003

    a) Negra:preta e parda

    b) TOTAL:inclui todas as categorias de raa/cor (indgena, amarela, branca, preta e parda)

    Fonte:Ministrio da Sade,Secretaria de Vigilncia em Sade e Departamento de Informtica do SUS, Sistema de Informaes sobre Mortalidade; Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)

    Figura 5 - Taxa padronizada de homicdios por 100 mil no sexo feminino, segundo raa/cor e macrorregio.Brasil, 2003

    a) Negra:preta e parda

    b) TOTAL:inclui todas as categorias de raa/cor (indgena, amarela, branca, preta e parda)

    Fonte:Ministrio da Sade,Secretaria de Vigilncia em Sade e Departamento de Informtica do SUS, Sistema de Informaes sobre Mortalidade; Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)

    N0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    24,22Branca 15,91 47,37 34,14 30,11 37,13Preta 34,24 24,26 110,69 56,28 55,18 68,30Parda 54,81 54,95 81,46 31,69 68,65 63,61Negra a 52,97 50,94 86,92 37,84 67,16 64,21

    NE SE S CO BRASIL

    Taxapor100mil

    N0

    3

    6

    7

    8

    9

    10

    2,98Branca 1,50 4,12 3,46 3,81 3,45

    Preta 2,03 2,04 8,78 4,10 6,16 5,57

    Parda 4,25 3,36 5,91 3,02 6,54 4,55

    Negra a 4,10 3,36 5,91 3,02 6,48 4,68TOTAL b 3,64 3,22 5,11 7,53 5,55 4,27

    NE SE S CO BRASIL

    5

    4

    2

    1

    Taxapor100mil

    TOTAL b 45,03 47,58 64,38 35,51 52,24 52,88

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    Epidemiologia e Servios de Sade Volume 16 - N 1 - jan/mar de 2007 13

    Adauto Martins Soares Filho e colaboradores

    Figura 6 - Taxa padronizada de homicdios por 100 mil segundo raa/cor e unidades federadas selecionadas.Brasil, 2003

    a) Negra:preta e parda

    b) TOTAL: inclui todas as categorias de raa/cor (indgena, amarela, branca, preta e parda)

    Fonte:Ministrio da Sade,Secretaria de Vigilncia em Sade e Departamento de Informtica do SUS, Sistema de Informaes sobre Mortalidade; Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)

    A populao branca apresentou o menor risco debito por homicdio em quase todas as UF analisadas,exceto no Paran, onde a populao branca apresen-

    tou maior risco, comparada s outras categorias deraa/cor. A populao preta apresentou maior risco debito por homicdio em Rondnia, Rio de Janeiro, SoPaulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grossoe Mato Grosso do Sul. A populao parda apresentoumaiores riscos em Roraima, Amap, Pernambuco,Minas Gerais e Distrito Federal. Comparando-se bran-cos e negros quanto ao risco de bito por homicdio,observou-se que no Amap, a populao negra teve umrisco 6,5 vezes maior de morrer por homicdio do quea populao branca; o Distrito Federal e Pernambucoaparecem em seguida, com os maiores riscos relativospara a populao negra, 5,5 e 4,6 vezes o risco dapopulao branca, respectivamente. O menor riscorelativo de bito para a populao negra em relao branca foi observado no Paran. Em realidade, nocontexto especfico desse Estado, a raa/cor negra foium fator de proteo para risco de bito por homicdio(RR=0,72) (Figura 6).

    Oito UF cumpriram os critrios de qualidade paraanlise da mortalidade por homicdio segundo esco-

    laridade, na faixa etria de 15 a 59 anos. Na categoriade menor escolaridade (menos de quatro anos deestudo), observaram-se os maiores riscos de bito por

    homicdio em todas as UF, independentemente de raa/cor. Nesta categoria, a populao branca apresentouas menores taxas de homicdios, exceo do Paran,como j foi ressaltado, onde a taxa de mortalidadeentre brancos foi maior, comparada verificada entrepardos e pretos (Tabela 1).

    Evoluo da mortalidade por

    homicdios no Brasil, de 2000 a 2003

    As taxas de mortalidade por homicdio segundoraa/cor foram avaliadas para o perodo de 2000 a2003. O percentual de eventos no informados quanto varivel raa/cor variou de 7% a 8% nesse perodo,oferecendo qualidade satisfatria dos dados.

    A taxa de mortalidade por homicdio na populaobrasileira aumentou 8%, de 2000 a 2003. Entre os ne-gros, esse aumento foi de 17% no perodo, com taxassempre maiores do que as da populao branca. Apopulao branca apresentou aumento de 22% nessastaxas, entre 2000 e 2001, e sua estabilizao sobreesse percentual entre 2001 e 2003 (Figura 7). Esses

    RO0

    30

    60

    70

    80

    90

    50

    40

    20

    10

    Taxapor100mil

    RR AP PE MG RJ SP PR SC RS MS MT DF

    28,13Branca 15,94 7,21 16,25 11,42 31,24 28,04 26,46 9,42 16,73 23,88 25,14 9,34Preta 56,33 30,75 11,20 25,64 26,58 71,00 83,15 19,63 28,14 38,42 43,08 43,67 17,01Parda 46,75 38,95 50,42 79,73 30,49 65,31 43,03 18,94 14,48 18,13 41,16 40,57 55,62Negra a 47,46 38,34 47,21 74,92 29,79 66,63 49,59 19,02 18,40 26,69 41,22 40,95 51,46TOTAL b 39,51 33,40 35,54 55,53 20,72 48,18 34,23 25,10 11,57 18,07 31,99 33,52 30,61

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    Mortalidade por homicdios no Brasil

    Tabela 1 - Taxas de homicdios por 100 mil na faixa etria de 15 a 59 anos, segundo raa/cor, escolaridade eunidades federadas selecionadas. Brasil, 2003

    Estado

    Raa/cor

    Menos d e q uatro anos d e e stud os Quatro ou mais anos d e e stud os Risco relativo(menos de quatro/

    quatro ou mais)bitos Taxa bruta Taxa padronizad a bitos Taxa bruta Taxa padronizad a

    RR Branca 2 25,4 32,9 9 20,6 22,6 1,46

    Preta 3 81,8 75,7 1 16,4 13,0 5,84

    Parda 22 76,5 76,2 42 43,8 42,2 1,80

    Risco relativo a 2,30 0,57

    AP Branca 0 10 15,4 13,0

    Preta 1 18,4 18,9 1 8,2 6,1 3,09

    Parda 51 105,9 120,2 104 70,7 63,5 1,89

    Risco relativo a 0,47

    MG Branca 130 12,6 17,4 565 11,0 10,9 1,60Preta 99 32,4 42,8 184 28,6 27,1 1,58

    Parda 445 38,7 47,9 1.233 39,4 36,9 1,30

    Risco relativo a 2,46 2,50

    RJ Branca 457 78,7 105,0 565 11,0 10,9 9,67

    Preta 268 112,1 153,1 184 28,6 27,1 5,64

    Parda 730 127,6 170,0 1.233 39,4 36,9 4,61

    Risco relativo a 1,46 2,50

    SP Branca 1.017 48,5 73,2 3.830 24,9 24,9 2,94

    Preta 255 99,7 167,0 759 80,3 79,0 2,12

    Parda 692 57,1 79,4 2.338 51,3 48,2 1,65

    Risco relativo a 2,28 3,17

    PR Branca 586 73,6 115,2 1.128 28,6 28,1 4,09

    Preta 23 36,2 46,0 26 20,7 18,5 2,48

    Parda 113 34,2 51,8 175 22,0 20,7 2,51

    Risco relativo a 0,40 0,66

    MT Branca 54 38,8 41,8 151 25,7 25,8 1,62

    Preta 22 60,1 73,5 26 40,5 37,7 1,95

    Parda 144 65,5 75,0 259 45,7 43,5 1,73

    Risco relativoa

    1,76 1,46

    DF Branca 11 19,3 25,0 80 12,5 12,3 2,03

    Preta 7 50,1 51,7 13 20,4 19,3 2,68

    Parda 96 99,9 119,6 405 74,0 68,4 1,75

    Risco relativo a 2,07 1,50

    Fonte:Ministrio da Sade,Secretaria de Vigilncia em Sade e Departamento de Informtica do SUS, Sistema de Informaes sobre Mortalidade; Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e estatstica (IBGE)

    a) razo taxa padronizada preta/branca

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    Epidemiologia e Servios de Sade Volume 16 - N 1 - jan/mar de 2007 15

    Adauto Martins Soares Filho e colaboradores

    Figura 7 - Evoluo da taxa padronizada de homicdios por 100 mil segundo raa/cor. Brasil, 2000 a 2003

    resultados repetiram-se nas anlises estratificadaspor sexo. As taxas de mortalidade por homicdio nosexo masculino evoluram com aumento em todas as

    faixas etrias analisadas, de 2000 a 2003. Os maioresaumentos nas taxas de mortalidade entre homensocorreram na faixa de 20 a 29 anos de idade: 20%entre pretos; 18% entre pardos; e 3% entre brancos.No sexo feminino, as taxas apresentaram-se estveis nafaixa etria de 15 a 19 anos, evoluindo com aumento nafaixa de 20 a 29 anos, para diminuir nas faixas de 30 a39 e 40 a 49 anos. O maior aumento na taxa de morta-lidade entre mulheres foi observado na faixa etria de15 a 19 anos, entre pretas: 75%. As populaes pretae parda, em ambos os sexos, apresentaram maioresriscos de bito por homicdio quando comparadas

    populao branca, em todas as faixas etrias analisadas(15 a 49 anos).

    As taxas de mortalidade por homicdio no sexomasculino evoluram de forma diferenciada, emcada macrorregio. Quando se analisaram os dadosdesagregados por raa/cor, de 2000 a 2003, a taxade homicdios diminuiu na Regio Centro-Oeste nafaixa etria de 40 a 49 anos (-9,9%), e na RegioSudeste, nas faixas etrias de 15 a 19 anos (-3,3%),

    30 a 39 anos (-3,2%) e 40 a 49 anos (-4,4%). Apesarde o Sudeste ser responsvel pelas maiores taxas dehomicdios nas faixas de 15 a 39 anos de idade, essa

    Regio apresentou o menor crescimento de taxas,entre todas as macrorregies. As maiores variaespositivas nas taxas de homicdio foram observadas noSul, nas faixas etrias de 15 a 19 anos (+27%) e 20 a29 anos (+27%), e no Norte, nas faixas etrias de 30a 39 anos (+19%) e 40 a 49 anos (+27%).

    O risco de bito entre homens pretos e pardosfoi maior do que entre homens brancos, em todas asmacrorregies e faixas etrias analisadas. A Regio Sulfoi exceo, onde homens brancos nas faixas etriasde 20 a 49 anos apresentaram taxas de mortalidadepor homicdio maiores do que homens pardos, em

    determinados anos.

    Evoluo da mortalidade por homicdios

    por arma de fogo no Brasil, de 1980 a 2003

    A magnitude da mortalidade por homicdios porarma de fogo no Brasil recomendou uma avaliaode sua tendncia no perodo de 1980 a 2003: a taxade mortalidade padronizada no Pas cresceu durantetodo o perodo analisado. No sexo masculino, ela quase

    45

    40

    35

    30

    15

    10

    0

    Branca

    Preta

    Parda

    Negra a

    TOTAL b

    15,90

    33,26

    29,63

    30,11

    26,08

    19,87

    34,59

    31,67

    32,06

    27,11

    19,80

    34,40

    33,40

    33,50

    27,67

    19,53

    38,72

    34,51

    35,07

    28,16

    Taxapor100mil

    2000 2001 2002 2003

    25

    20

    5

    a) Negra:preta e parda

    b) TOTAL: inclui todas as categorias de raa/cor (indgena, amarela, branca, preta e parda).

    Fonte:Ministrio da Sade,Secretaria de Vigilncia em Sade e Departamento de Informtica do SUS, Sistema de Informaes sobre Mortalidade; Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)

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    Mortalidade por homicdios no Brasil

    quintuplicou na faixa etria de 15 a 29 anos, passandode 17, em 1980, para 83 bitos por 100 mil homensem 2003. Ainda no sexo masculino, na faixa de 30 a59 anos, essa taxa cresceu 2,7 vezes, passando de 15,em 1980, para 40 por 100 mil homens em 2003. Nafaixa etria de 0 a 14 anos, a taxa apresentou seus

    valores mais altos no sexo masculino no incio dadcada de noventa (3 a 4 por 100 mil), para declinarem seguida. A taxa de mortalidade tambm aumentou

    significativamente na faixa etria de 60 anos oumais, a partir de 1999, atingindo valores acima de 20por 100 mil em 2003. A taxa padronizada no sexofeminino apresentou-se sempre mais baixa, compa-rada do sexo masculino, embora tambm sofressecrescimento, tendo atingido 2 por 100 mil em nvelnacional, em 2003 (Figura 8).

    A partir do ajuste do modelo para as 11 unidades daFederao selecionadas, observou-se, no sexo masculi-

    Figura 8 - Evoluo da taxa padronizada de homicdios por arma de fogo por 100 mil habitantes, segundo sexoe faixa etria. Brasil, 1980 a 2003

    Fonte:Ministrio da Sade,Secretaria de Vigilncia em Sade e Departamento de Informtica do SUS, Sistema de Informaes sobre Mortalidade; Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)

    1980 1985 1990 1995 2000 2005

    0,00

    1,00

    2,00

    3,00

    4,00

    5,00

    6,00

    1980 1985 1990 1995 2000 2005

    0,00

    20,00

    40,00

    60,00

    80,00

    100,00

    1980 1985 1990 1995 2000 2005

    0,00

    10,00

    20,00

    30,00

    40,00

    Faixa etria: 0 a 14 Faixa etria: 15 a 29

    Faixa etria: 30 a 59

    Taxapor100mil

    Taxapor100mil

    Taxapor100mil

    1980 1985 1990 1995 2000 2005

    0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    Faixa etria: 60 ou mais

    Taxapor100mil

    Sexo

    Masculino

    Feminino

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    Adauto Martins Soares Filho e colaboradores

    no, que as taxas de mortalidade apresentaram variaoanual positiva, estatisticamente significativa em todosos Estados, na faixa de 15 a 29 anos de idade. No sexofeminino, na mesma faixa etria, os resultados foramsemelhantes, exceto em Minas Gerais e no Rio Grandedo Sul. A segunda faixa etria com maior mortalidadepor homicdios por arma de fogo, 30 a 59 anos, tam-bm apresentou variao anual positiva e significativa,estatisticamente, nas suas taxas de mortalidade, excetopara o sexo masculino no Distrito Federal, no Rio de

    Janeiro e no Rio Grande do Sul, e para o sexo femininono Distrito Federal e em Mato Grosso do Sul.

    Discusso

    Os resultados apresentados por este artigo exempli-

    ficam o uso dos sistemas de informaes disponveispara a produo de evidncias que subsidiem aes epolticas pblicas no Pas. A avaliao dos homicdiospor diferentes variveis, bem como sua evoluo aolongo do tempo, auxilia o entendimento da complexarede de fatores associados a esses eventos. Apesardo curto perodo de tempo definido para avaliaoda evoluo das taxas de homicdio por raa/cor(2000 a 2003), observaram-se diferentes comporta-mentos das taxas para cada categoria dessa varivel:consistente distanciamento das taxas entre negros

    e brancos, verificando-se as mais altas, geralmente,entre os primeiros (ou, ao menos, entre uma de suassubcategorias pardos ou pretos), comparadas dosbrancos. Destacou-se, em 2003, a taxa padronizada de286 homicdios por 100 mil habitantes entre homenspretos de 20 a 29 anos, residentes na Regio Sudeste,correspondendo a um risco de homicdio dez vezesmaior que o observado entre a populao geral bra-sileira, no mesmo ano. Esse perfil foi compatvel como verificado em outras regies do mundo: homicdiospreponderantes no sexo masculino, em faixas etriasjovens, em populaes com nvel socioeconmico

    baixo, em aglomerados urbanos e em conseqnciado uso de arma de fogo.1

    Segundo Minayo e Souza,9 ... este quadro deelevada mortalidade e morbidade por violncia no

    Brasil no pode ser compreendido integralmente,sem que se lance mo de determinados termos econceitos como desigualdade, injustia, corrupo,impunidade, deteriorao institucional, violaodos direitos humanos, banalizao e pouca va-

    lorizao da vida. Estudos realizados no Estadode So Paulo e no Municpio de Salvador, Estado daBahia, por exemplo, focalizaram-se em indicadoresde desigualdade socioeconmica para melhor com-preender a mortalidade diferencial por agresses naspopulaes selecionadas.10-13 Indicadores de urbani-zao, concentrao de renda, renda mdia mensal,escolaridade e raa/cor, por exemplo, foram utilizadosnessas anlises; em seu conjunto, concordam coma importncia da desigualdade socioeconmica napredio da vitimizao por homicdio.

    Os sistemas de informaes com armazenamentosistemtico de dados de qualidade tm o potencialde oferecer anlises que geram hipteses; eventual-mente, respondem a elas e acompanham respostas aintervenes realizadas, permitindo o monitoramento

    do evento. No basta, to-somente, o armazenamentode dados em sistemas de informaes, como tambmno suficiente aprimor-los e utiliz-los em anlisesque produzam evidncias, instrumentos de mudan-a da situao de sade da populao. Vale lembrarque a captao de bitos pelo SIM e a qualidade nopreenchimento da declarao de bito tm melhora-do sensivelmente, em todo o Pas. bitos por causasexternas, particularmente, tm encaminhamentoobrigatrio para institutos mdicos legais,14 onde asdeclaraes de bito tendem a ser melhor preenchidas.

    Na presente anlise, a varivel escolaridade, entre-tanto, teve seu campo nas declaraes de bito comqualidade de preenchimento insuficiente, em todasas macrorregies brasileiras. Essa varivel ofereceinformaes mais fidedignas e menos flutuantes doque renda mdia mensal, por exemplo, para definir onvel socioeconmico da populao, alm de encon-trar-se associada varivel raa/cor, classificada porcritrios subjetivos do entrevistado ou entrevistador.15

    Assim, para anlises mais detalhadas, informaesausentes, sobre escolaridade, raa/cor ou qualqueroutra varivel que se queira considerar, podem indu-

    zir concluses errneas. Como exemplo do presenteartigo, indivduos sem informao sobre escolaridadeforam excludos da anlise. Esses indivduos excludospoderiam ser aqueles com menor escolaridade (menornvel socioeconmico) e negros e as taxas de homi-cdio observadas nessa populao seriam, portanto,subestimadas, oferecendo nmeros mais conservado-res do que os verdadeiros. Estimativas imprecisas ouerrneas, em sua magnitude ou direo, podem indu-

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    zir, eventualmente, concluses equivocadas, alm deprejudicar o monitoramento dos eventos na populao.Finalmente, menores taxas de homicdios no devemsubestimar a situao nas diferentes subpopulaesou macrorregies analisadas, como ocorre entre asmulheres. A magnitude relativa da mortalidade poragresses nessa populao menor, comparada doshomens; porm, sua relevncia absoluta, reflexo dosubstrato sociocultural envolvido no processo de deter-minao da violncia, bem como em sua reproduo.Informaes sobre as circunstncias da morte no sexofeminino podem confirmar essa hiptese e oferecerevidncias para a estruturao efetiva de servios que

    atendam mulheres em situao de risco. O presenteartigo avaliou amortalidade por agresses, quecorresponde a uma pequena parcela desse agravo napopulao.1 Amorbidade por agresses, que incluios eventos no fatais, pode ou no apresentar compor-tamento semelhante ao da mortalidade, quanto a suascaractersticas e evoluo. A implantao da vigilnciaepidemiolgica em servios sentinela selecionados emdiferentes Municpios brasileiros dever aprimorar oconhecimento da violncia, abrangendo eventos nocaptados sistematicamente at ento , sua evoluoe, possivelmente, seu controle, considerada sempre agarantia da qualidade dos dados coletados.16

    Referncias bibliogrficas

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    Mortalidade por homicdios no Brasil