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ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DO CÓRREGO DAS MOÇAS EM UBERLÂNDIA-MG ENVIRONMENTAL ANALYSIS OF FRAGILITY OF MOÇAS STREAM IN UBERLANDIA – BRAZIL Thallita Isabela Silva Graduanda em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia [email protected] Silvio Carlos Rodrigues Prof. Dr. do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia [email protected] Resumo O presente trabalho apresenta a análise da fragilidade ambiental média frente aos processos erosivos da Micro- bacia do Córrego das Moças, situada no município de Uberlândia – MG, a partir da utilização de técnicas de geoprocessamento e imagens interferométricas (SRTM). A elaboração da avaliação da Fragilidade Ambiental da área de estudo foi realizada com base nos pressupostos de Ross (1994), partindo da análise das variáveis da declividade do terreno, da litologia, dos tipos de formações superficiais e do uso da terra e cobertura vegetal. Cada uma das variáveis cartografadas foi classificada em função de sua maior ou menor fragilidade frente aos processos erosivos, recebendo classificação entre Muito Baixa, Baixa, Média, Alta e Muito Alta Fragilidade. Desta forma, foi possível chegar ao diagnóstico da Fragilidade Ambiental Média frente aos Processos Erosivos da área de estudo, visando à contribuição para estudos futuros nesta área, bem como, subsidiar um melhor manejo e conservação da Micro-bacia do Córrego das Moças. Palavras-chave Fragilidade Ambiental frente aos Processos Erosivos, Córrego das Moças, Geoprocessamento. Abstract This paper presents an environmental analysis of the average fragility to the erosion processes of Moças Stream Micro-watershed, in Uberlandia – Brazil, using technical geoprocessing and interferometric images (SRTM). The evaluation of environmental fragility based on porpoises of Ross (1994), analyzing the variables of slope, lithology, types of surface formations and the land use and vegetal coverage. Each of these mapped variables was classified according to their fragility index to erosion processes, as Very Low, Low, Medium, High and Very High Fragility. So, it was possible produce a diagnostic of Environmental Medium Fragility of Erosion Processes on the study area, contribute for future studies in this area, and, subsidize a better management and conservation of Moças Stream Micro-watershed. Key-words Environmental Fragility of the Erosion Processes, Moças Stream, Geoprocessing. 1. Introdução A paisagem é um conceito chave para o entendimento do espaço geográfico, o qual é o palco das realizações humanas que modificam os “arranjos que estruturam o funcionamento dos processos e criam um arranjo secundariamente estruturado” (RODRIGUES e OLIVEIRA, 2007). Desta forma, deve-se considerar a paisagem como o resultado de uma combinação dinâmica de elementos físicos, biológicos e antrópicos que conforme Bertrand, interagem uns sobre os outros e tornam a paisagem um conjunto indissociável, num estado de perpétua evolução. Sendo assim, é importante ressaltar que não se trata somente de paisagens “naturais”, mas de uma paisagem total que integra as implicações da ação antrópica (Bertrand, 2004). Sob essa ótica, pode-se dizer que, as sociedades humanas não devem ser consideradas como elementos externos à natureza e, por conseguinte aos ecossistemas em que vivem. Elas devem ser vistas como integrantes fundamentais de

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ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DO CÓRREGO DAS MOÇAS EM UBERLÂNDIA-MG

ENVIRONMENTAL ANALYSIS OF FRAGILITY OF MOÇAS STREAM IN UBERLANDIA – BRAZIL

Thallita Isabela Silva Graduanda em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia

[email protected] Silvio Carlos Rodrigues

Prof. Dr. do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia [email protected]

Resumo O presente trabalho apresenta a análise da fragilidade ambiental média frente aos processos erosivos da Micro-bacia do Córrego das Moças, situada no município de Uberlândia – MG, a partir da utilização de técnicas de geoprocessamento e imagens interferométricas (SRTM). A elaboração da avaliação da Fragilidade Ambiental da área de estudo foi realizada com base nos pressupostos de Ross (1994), partindo da análise das variáveis da declividade do terreno, da litologia, dos tipos de formações superficiais e do uso da terra e cobertura vegetal. Cada uma das variáveis cartografadas foi classificada em função de sua maior ou menor fragilidade frente aos processos erosivos, recebendo classificação entre Muito Baixa, Baixa, Média, Alta e Muito Alta Fragilidade. Desta forma, foi possível chegar ao diagnóstico da Fragilidade Ambiental Média frente aos Processos Erosivos da área de estudo, visando à contribuição para estudos futuros nesta área, bem como, subsidiar um melhor manejo e conservação da Micro-bacia do Córrego das Moças. Palavras-chave Fragilidade Ambiental frente aos Processos Erosivos, Córrego das Moças, Geoprocessamento. Abstract This paper presents an environmental analysis of the average fragility to the erosion processes of Moças Stream Micro-watershed, in Uberlandia – Brazil, using technical geoprocessing and interferometric images (SRTM). The evaluation of environmental fragility based on porpoises of Ross (1994), analyzing the variables of slope, lithology, types of surface formations and the land use and vegetal coverage. Each of these mapped variables was classified according to their fragility index to erosion processes, as Very Low, Low, Medium, High and Very High Fragility. So, it was possible produce a diagnostic of Environmental Medium Fragility of Erosion Processes on the study area, contribute for future studies in this area, and, subsidize a better management and conservation of Moças Stream Micro-watershed. Key-words Environmental Fragility of the Erosion Processes, Moças Stream, Geoprocessing.

1. Introdução

A paisagem é um conceito chave para o entendimento do espaço geográfico, o qual é o palco

das realizações humanas que modificam os “arranjos que estruturam o funcionamento dos processos e

criam um arranjo secundariamente estruturado” (RODRIGUES e OLIVEIRA, 2007).

Desta forma, deve-se considerar a paisagem como o resultado de uma combinação dinâmica de

elementos físicos, biológicos e antrópicos que conforme Bertrand, interagem uns sobre os outros e

tornam a paisagem um conjunto indissociável, num estado de perpétua evolução. Sendo assim, é

importante ressaltar que não se trata somente de paisagens “naturais”, mas de uma paisagem total que

integra as implicações da ação antrópica (Bertrand, 2004). Sob essa ótica, pode-se dizer que, as

sociedades humanas não devem ser consideradas como elementos externos à natureza e, por

conseguinte aos ecossistemas em que vivem. Elas devem ser vistas como integrantes fundamentais de

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tal dinâmica que é resultado de fluxos energéticos que são responsáveis pelo funcionamento do sistema

como um todo (ROSS, 1994).

Sob essa hipótese, considerando a totalidade da paisagem, representada pelos elementos físicos,

biológicos e pelas relações sociais, pode-se observar que as preocupações em torno das questões

ambientais estão cada vez mais entrando em evidência, pois o meio natural compreende a base para a

sobrevivência e conforme já explicitado, é o palco das relações humanas. Os grandes avanços

tecnológicos, o aumento da rede urbana e em especial, a mecanização do campo com o grande

crescimento das atividades agropecuárias, são elementos integrantes da vida humana, porém, a

preocupação exacerbada com as questões econômicas e os agressivos processos de exploração

irracional e desperdício dos recursos naturais têm agravado a situação do meio ambiente.

Neste contexto, Ross (1994:64) coloca que “os estudos integrados de um determinado território

pressupõem o entendimento da dinâmica de funcionamento do ambiente natural com ou sem a

intervenção das ações humanas”, além de ressaltar que os ambientes naturais apresentam maior ou

menor fragilidade frente às intervenções antrópicas, em função de suas características genéticas.

Portanto, o presente trabalho apresenta a análise da fragilidade ambiental quanto aos processos

erosivos da Micro-bacia do Córrego das Moças situada no município de Uberlândia-MG, a partir da

utilização de técnicas de Geoprocessamento e imagens interferométricas (SRTM).

2. Caracterização da área de estudo e entorno

A Micro-bacia do Córrego das Moças localiza-se em sua totalidade na zona rural ao norte do

Município de Uberlândia, na região do Triângulo Mineiro, tendo como ponto de referência as

coordenadas UTM 784000 mN e 7920000 mE (Figura 01). Tal Micro-bacia deságua no Córrego

Bebedouro, sendo integrante da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari. O Município de Uberlândia,

assim como quase todo o Triângulo Mineiro, segundo Nishiyama (1989) está inserido na Bacia

Sedimentar do Paraná, a qual pode ser representada pelas litologias de idade Mesozóica como: arenitos

da Formação Botucatu, basaltos da Formação Serra Geral e as rochas do Grupo Bauru.

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Convenções CartográficasLimite da Bacia

Represa

Rede de Drenagem

Mapa de LocalizaçãoMicro-Bacia do Córrego das Moças

0 1 20,5 Km Autora: Thallita Isabela SilvaLaboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos

IGUFU, 2009Fonte: HRG/SPOT 5 - fevereiro de 2006

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Figura 01: Localização da área de estudo.

A geologia regional da Bacia do Rio Araguari tem como embasamento xistos e quartzitos do

Pré-Cambriano Médio em seu alto curso, recobertos no seu médio curso por sedimentos mesozóicos da

Bacia Sedimentar do Paraná. No baixo curso o rio Araguari corta intercalações de arenitos e basaltos

da Formação Serra Geral, chegando, no fundo do vale a erodir gnaisses e granitos do Pré-Cambriano

inferior. Sedimentos cenozóicos são encontrados nos planaltos tabulares e em relevos residuais, bem

como recobrindo terraços estruturais (Rodrigues, 2002). A Micro-bacia do Córrego das Moças abrange

formações litológicas como a Serra Geral e Marília, conforme Nishiyama (1998).

Como integrante da Bacia do Rio Araguari, a micro-bacia do Córrego das Moças insere-se na

unidade de relevo chamada por Ab’Saber (1971) como Domínio dos Chapadões Tropicais e por

Radam (1983) na unidade Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná (Ferreira, 2005) e o

clima predominante nessa região é do tipo Aw (segundo classificação de Köppen), com verão quente e

úmido e inverno frio e seco, estando inserida em área do Bioma Cerrado.

3. Método e materiais

Os ambientes naturais apresentam diferentes potenciais de fragilidade em relação aos processos

erosivos. Tricart (1977) baseado na idéia de ecodinâmica trabalha com a teoria dos sistemas, definindo

que os ambientes, quando estão em equilíbrio dinâmico são estáveis, quando estão em desequilíbrio

são instáveis e ainda que, ambientes em transição entre esses dois graus de estabilidade podem ser

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classificados como intergrades. Tais conceitos foram utilizados por Ross (1994), que inseriu novos

critérios para definir as Unidades Ecodinâmicas Estáveis e Instáveis.

No intuito de que esses conceitos pudessem ser utilizados como subsídio ao planejamento

ambiental, eles foram ampliados de modo que as Unidades Ecodinâmicas Estáveis apresentem-se

como Unidades Ecodinâmicas de Instabilidade Potencial em diferentes graus de muito fraca a muito

forte, bem como as Unidades Ecodinâmicas Instáveis se apresentem como Unidades Ecodinâmicas de

Instabilidade Emergente. (ROSS, 1994).

A elaboração da avaliação da Fragilidade Ambiental da Micro-bacia do Córrego das Moças foi

realizada com base nos pressupostos de Ross (1994), a partir da análise das variáveis da declividade do

relevo, do substrato litológico, dos tipos de formações superficiais e do uso da terra e cobertura

vegetal. Cada uma destas variáveis foi considerada como tendo o mesmo peso sobre o grau de

fragilidade, sendo que, a correlação estabelece-se entre classes de fragilidade associadas a cada

variável cartografada. A classificação, relacionada às diferentes feições encontradas, foi estabelecida

em função de sua maior ou menor fragilidade frente aos processos erosivos, recebendo conotação entre

Muito Baixa, Baixa, Média, Alta e Muito Alta Fragilidade. A cada classe foi atribuída um valor: Muito

Baixa (1), Baixa (2), Média (3), Alta (4) e Muito Alta (5) e, a partir deste processo foi produzida uma

matriz de correlação, com diferentes associações destas quatro variáveis, para obter o valor médio de

fragilidade da paisagem, com a sobreposição no software ArcGIS.

As curvas de nível foram extraídas a partir de dados da SRTM (Shuttle Radar Topography

Mission), que apresenta sensores com visada vertical e lateral, com capacidade de reproduzir três

dimensões espaciais do relevo: latitude, longitude e altitude (x, y, z), ou seja, trata-se de um modelo

digital do terreno (Carvalho e Bayer, 2008). Foi realizado um refinamento desse MNT, sendo tal

processo caracterizado pela suavização do espaçamento entre os pontos da grade original pelo método

de interpolação desses pontos, criando uma nova grade (Crepani, 2004 apud Nogueira, 2006), assim,

foi realizada uma divisão dos pixels de 10 em 10 metros.

Além disso, a base geológica e o mapa de formações superficiais foram embasados em

Nishiyama (1998) e para a realização do mapeamento de uso da terra e cobertura vegetal utilizou-se a

imagem de satélite HRG/SPOT 5 de fevereiro de 2006.

O softwares utilizados para a manipulação dos dados foram o SPRING 5.0.4 e o ArcGIS 9.2.

No primeiro foi realizado o refinamento da grade numérica da imagem da SRTM e, posteriormente,

foram geradas as curvas de nível e exportadas como shapefile para o segundo. Neste, a partir das

curvas de nível importadas, foi realizada a criação de uma grade triangular do tipo vetorial, mais

conhecida como TIN, extraindo a declividade do terreno.

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Convenções CartográficasRede de Drenagem

Represa

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Mapa GeológicoMicro-Bacia do Córrego das Moças

0 1 20,5 Km Autora: Thallita Isabela SilvaLaboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos

IGUFU, 2009Fonte: Nishiyama, 1998.

Legenda:Litologia

Arenito

Basalto

Ainda no ArcGIS 9.2, foi realizada a poligonização das classes de uso da terra e cobertura

vegetal a partir da fotointerpretação da imagem de satélite. Os mapas de geologia e de formações

superficiais, conforme já descrito, foram adaptados de Nishiyama (1998), através do recorte para a

área de estudo. Assim, com todas as variáveis em formato vetorial, tornou-se possível cruzar as

informações através da ferramenta Union.

4. Resultados e discussão

A partir das diversas variáveis cartografadas, chegou-se aos seguintes produtos: o Mapa de

Declividade, Mapa Geológico, Mapa de Formações Superficiais, Mapa de Uso da Terra e Cobertura

Vegetal e com a sobreposição destes, o Mapa de Fragilidade Ambiental Média frente aos Processos

Erosivos.

No Mapa Geológico é possível observar a presença de duas feições de rochas, o arenito da

Formação Marília e o basalto da Formação Serra Geral (Figura 02). Desta forma, a atribuição de

valores quanto ao grau de fragilidade frente aos processos erosivos, estabelece que o arenito por sua

característica mais friável, apresenta maior fragilidade com relação ao basalto (Tabela 01).

Figura 02: Mapa Geológico da área de estudo.

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Convenções CartográficasRede de Drenagem

Represa

Limite da Bacia

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Mapa de Formações SuperficiaisMicro-Bacia do Córrego das Moças

0 1 20,5 Km Autora: Thallita Isabela SilvaLaboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos

IGUFU, 2009Fonte: Nishiyama, 1998.

Legenda:Formações superficiais

Retrabalhado argiloso - coberturas de chapada, F. M.*

Residuais - arenoso, F. M.*

Residuais de pequena espessura, F. M.*

Retrabalhado argiloso - colúvios, F. S. G.** e F. M.*

Residuais de pequena espessura, F. S. G.**

Retrabalhado argiloso - residuais, F. S. G.**

* Formação Marília** Formação Serra Geral

Fragilidade Categorias Código

Menor Basalto 1

Maior Arenito 2

Tabela 01: Classificação da geologia quanto à fragilidade.

Com relação ao Mapa de Formações Superficiais (Figura 03), na Micro-Bacia do Córrego da

Moças foi possível identificar seis classes de formações superficiais (Nishiyama, 1998). Assim sendo,

a classificação quanto ao grau de fragilidade levou em consideração a gênese e a textura dos materiais,

conforme Tabela 02.

Figura 03: Mapa de Formações Superficiais da área de estudo.

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Convenções CartográficasRede de Drenagem

Represa

Limite da Bacia

Legenda:Cultura temporária

Mata em regeneração

Mata natural

Pastagem

Reflorestamento

Solo exposto

Uso antrópico

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Mapa de Uso da Terra e Cobertura VegetalMicro-Bacia do Córrego das Moças

0 1 20,5 KmAutora: Thallita Isabela Silva

Laboratório de Geomorfologia e Erosão dos SolosIGUFU, 2009

Fonte: HRG/SPOT 5 - fevereiro de 2006

Fragilidade Categorias Código

Muito Baixa Retrabalhado argiloso – Formação Serra Geral 1

Baixa Residuais de pequena espessura – Formação Serra Geral 2

Baixa Retrabalhado argiloso – colúvios – F. Serra Geral e F. Marília 2

Média Retrabalhado argiloso – cob. de chapadas – Formação Marília 3

Alta Residuais – arenoso – Formação Marília 4

Muito alta Residuais de pequena espessura – Formação Marília 5

Tabela 02: Classificação das formações superficiais quanto à fragilidade.

O Mapa de Uso da Terra e Cobertura Vegetal (Figura 04) demonstra sete classes diferentes,

sendo que, de forma predominante, ocorrem as pastagens e as culturas temporárias. A classificação

destas classes quanto à sua influência sobre a fragilidade do relevo (Tabela 03), está relacionada ao

grau de proteção ao solo oferecido pelos tipos de usos e cobertura vegetal (Ross, 1994).

Figura 04: Mapa de Uso da Terra e Cobertura Vegetal da área de estudo.

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Convenções CartográficasRede de Drenagem

Represa

Limite da Bacia

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Mapa de DeclividadeMicro-Bacia do Córrego das Moças

0 1 20,5 Km Autora: Thallita Isabela SilvaLaboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos

IGUFU, 2009

Legenda:Declividade (%)

< 6

6,1 - 12

12,1 - 20

20,1 - 30

> 30

Proteção Categorias Código

Muito Alta Mata natural 1

Alta Mata em regeneração 2

Alta Reflorestamento 2

Média Pastagem 3

Baixa Cultura temporária 4

Muito baixa Solo exposto 5

Muito baixa Uso antrópico 5

Tabela 03: Classificação das categorias de uso e cobertura vegetal quanto ao grau de proteção aos solos.

O Mapa de Declividade (Figura 05) serve como fonte de informações das formas do relevo, das

aptidões agrícolas, riscos de erosão, restrições de uso e ocupação urbana, entre outros, sendo de grande

utilidade para análises em escalas maiores (de detalhe). Assim, utilizando a classificação proposta por

Ross (1994), foram definidas 5 classes de declividade (Tabela 04), sendo que, quanto maior o grau de

declive do terreno, mais susceptível à erosão torna-se a superfície e, na área de estudo verificou-se a

ocorrência de apenas quatro classes de declividade daquelas apontadas por Ross..

Figura 05: Mapa de Declividade da área de estudo.

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Convenções CartográficasRede de Drenagem

Represa

Limite da Bacia

Mapa de Fragilidade Ambiental Média frente aos Processos ErosivosMicro-Bacia do Córrego das Moças

Autora: Thallita Isabela SilvaLaboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos

IGUFU, 2009

.

Legenda:Fragilidade Média

Muito baixa

Baixa

Média

Alta

Muito alta

0 1 20,5 Km

Fragilidade Categorias Código

Muito baixa < 6% 1

Baixa 6 a 12% 2

Média 12 a 20% 3

Alta 20 a 30% 4

Muito alta >30% 5

Tabela 04: Classificação da declividade quanto à fragilidade.

A partir da sobreposição de cada uma das quatro variáveis apresentadas, chegou-se ao Mapa de

Fragilidade Ambiental Média frente aos Processos Erosivos (Figura 06). Este resultado apresenta um

diagnóstico do meio físico da Micro-bacia do Córrego das Moças, no que se refere à sua maior ou

menor suscetibilidade frente aos processos de erosão, servindo como um aparato para o melhor manejo

da área estudada. Conforme pode-se observar no Gráfico 01, a maior parte da área da Micro-bacia

encontra-se classificada com Alta Fragilidade (34,3%), apesar de uma parte significativa da área se

encontrar classificada com Baixa Fragilidade (32,9%). A classe de fragilidade média também

apresenta um peso significativo, representando 19,4% da área total.

Figura 06: Mapa de Fragilidade Ambiental Média frente aos Processos Erosivos da área de estudo.

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Gráfico 01: Representação da Fragilidade Ambiental Média frente aos Processos Erosivos na área de

estudo.

Sendo assim, pode-se dizer que a Micro-Bacia do Córrego das Moças necessita de atenção

quanto à sua forma de ocupação e manejo do seu território, no sentido de preservação do meio natural,

a partir do conhecimento de suas áreas mais propícias ao desencadeamento de processos erosivos, que

por sua vez implicam na degradação ambiental de determinada área.

5. Conclusão

Conclui-se que os objetivos propostos foram alcançados com êxito, uma vez que, através da

utilização das técnicas de Geoprocessamento outrora apresentadas, foi possível se chegar ao produto

correspondente à Fragilidade Ambiental Média frente aos Processos Erosivos da Micro-Bacia do

Córrego das Moças, e desta forma, levantar um diagnóstico da área específica por meio do

mapeamento de diversas variáveis do meio físico-natural e antropizado.

O estudo da fragilidade ambiental merece destaque por apresentar-se como um subsídio para o

planejamento territorial ambiental, em vista da busca pelo desenvolvimento e uso dos recursos de

forma sustentável.

Espera-se que este trabalho possa instigar a comunidade acadêmica interessada em estudos

ambientais quanto à sua aplicação por meio de técnicas de Geoprocessamento, no sentido da

cartografação de diversas variáveis do meio natural e antrópico para análises no âmbito da fragilidade

ambiental, bem como, possa servir como auxílio para futuras intervenções na área de estudo, em seu

manejo e preservação do meio ambiente atual.

6. Agradecimento

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG pelo apoio para a

realização da pesquisa e financiamento para participação neste evento.

7. Referências

BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global. Esboço Metodológico. R. RÁE GA, Curitiba: Editora UFPR, n. 8, p. 141-152, 2004.

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CARVALHO, T. M; BAYER, M. Utilização dos produtos da “Shuttle Radar Topography Mission” (SRTM) no mapeamento geomorfológico do Estado de Goiás. Revista Brasileira de Geomorfologia – Ano 9, nº 1, 2008.

FERREIRA, I. L., Estudos geomorfológicos em áreas amostrais da Bacia do rio Araguari – MG. Uma abordagem da cartografia geomorfológica. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Uberlândia. Instituto de Geografia. Uberlândia, 2005. NISHIYAMA, L. Geologia do Município de Uberlândia e áreas adjacentes. Revista Sociedade e Natureza, n. 1, vol. 1: 9-16, Uberlândia, junho de 1989. _________. Procedimentos de mapeamento geotécnico como base para análises e avaliações ambientais do meio, em escala 1:100.000: aplicação no município de Uberlândia - MG. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, USP, Brasil, 1998.

NOGUEIRA, T. C. Compartimentação morfológica com base em dados SRTM: Estudo de caso Bacia do Rio Uberabinha, Uberlândia-MG. Monografia (Trabalho de Conclusão de curso) – Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Geografia. Uberlândia, 2006. RODRIGUES, S. C. Mudanças ambientais na região do cerrado. Análise das causas e efeitos da ocupação e uso do solo sobre o relevo. O caso da bacia hidrográfica do Rio Araguari, MG. GEOUSP – Espaço e Tempo, São Paulo, n. 12, 2002.

RODRIGUES, S. C. OLIVEIRA, P. C. A de. Programa de Registro do Patrimônio Natural – Complexo Energético Amador Aguiar. Araguari: Zardo, 2007. p 90; ilust.

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TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, Diretoria Técnica, SUPREM. 97p. 1977.