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ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IMBASSAÍ, NO LITORAL NORTE DA BAHIA, A PARTIR DE PARÂMETROS MORFOMÉTRICOS Anderson Gomes de Oliveira 1 , Maira Tamara de Menezes Torres 2 , Priscilla Neves Soares 3 1 Geográfo, Mestre em Geografia, Professor Adjunto Universidade Salvador,UNIFACS, Salvador-BA, [email protected] 2 Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária, Iniciação Cientifica Voluntária, UNIFACS, Salvador-BA, [email protected] 3 Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária, Bolsista de Iniciação Cientifica, FAPESB/UNIFACS, Salvador-BA, [email protected] RESUMO: Os estudos relativos à fragilidade ambiental são de significativa importância, pois se tratam de instrumentos cuja finalidade é identificar e analisar os ambientes em função de seus diferentes níveis de fragilidade, proporcionando assim uma melhor definição das diretrizes e ações a serem implementadas servindo de base para o zoneamento e fornecendo subsídios à gestão do território. Nesse contexto, uma bacia hidrográfica pode ser considerada como uma das principais unidades no setor de gerenciamento de territórios em que estão dispostas atividades agrossilvipastoris, sendo modeladas pelas condições geológicas e climáticas locais. A Bacia Hidrográfica do Rio Imbassaí, está localizada na Região Hidrográfica do Atlântico Leste, Litoral Norte da Bahia e possui um papel importante para o desenvolvimento da região. Assim, os estudos dos parâmetros físico- naturais, são de suma importância, no sentido de modelar um crescimento pautado na sustentabilidade econômica, social e ambiental. Através do levantamento dos dados morfométricos da citada bacia, pôde-se verificar que o seu porte está entre médio e pequeno, possui baixo coeficiente de manutenção, bom escoamento superficial, orientação de vertentes plana, padrão de drenagem dentrítico, declividade média, grau de vulnerabilidade médio, sendo possível identificar através da junção dessas informações com dados socioeconômicos, as áreas da bacia que apresentam maior ou menor fragilidade - face às atividades humanas - em função de suas características genéticas. PALAVRAS-CHAVE: geoprocessamento, bacia Hidrográfica, indicadores. INTRODUÇÃO: Os espaços geográficos têm sido ocupados de forma cada vez mais intensa, gerando impactos ambientais de relevância significativa para os sistemas ambientais. Diante de tal situação, as questões que envolvem a temática ambiental têm sido amplamente debatidas em todas as esferas de discussão científica, políticas e da sociedade como um todo nas várias escalas de análise, por se tratar de um tema amplo e complexo, e que engloba de forma inter-relacionada, elementos da natureza e da sociedade. Os sistemas ambientais, segundo Christofoletti (1999, p.35) são entidades organizadas na superfície terrestre, de modo que a espacialidade se torna uma de suas características inerentes. A organização desses sistemas vincula-se com a estruturação e funcionamento de (e entre) seus elementos, assim como resulta da dinâmica evolutiva. Ao considerar a diferenciação entre os sistemas ambientais, assim como as diversas formas de apropriação do espaço geográfico pela sociedade, principalmente nas áreas de grande dinamismo onde as modificações na paisagem são relevantes, devem-se evidenciar os problemas ambientais decorrentes dessas transformações socioespacias, dentre elas o impacto do rápido crescimento populacional que impulsiona uma pressão sobre os sistemas ambientais. Em relação ao Litoral Norte da Bahia, assim como na região que compõe a Bacia Hidrográfica do Rio Imbassaí (Figura 01), sua ocupação tem aumentado significativamente nas últimas décadas, impulsionada pela “fuga” dos habitantes (principalmente de Salvador) em busca de uma melhor qualidade de vida as habitações que até então eram utilizadas para fins de veraneio, tem sido progressivamente convertidas para moradia principal . Esse crescimento, aliado à falta de um plano de ocupação e organização territorial, tem provocado impactos ambientais significativos, fator que vem contribuindo para a entropia da beleza cênica e de inúmeras funções ecológicas, sociais, econômicas, recreativas e educativas da bacia. Diante disso, é imprescindível que se façam inserções antrópicas compatíveis com as potencialidades e as limitações dos diferentes sistemas ambientais, o que torna cada vez mais necessária a Gestão Físico Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, 18-21 novembro 2014 33

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ANÁLISE DA FRAGILIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO

IMBASSAÍ, NO LITORAL NORTE DA BAHIA, A PARTIR DE PARÂMETROS

MORFOMÉTRICOS

Anderson Gomes de Oliveira1, Maira Tamara de Menezes Torres

2, Priscilla Neves Soares

3

1Geográfo, Mestre em Geografia, Professor Adjunto Universidade Salvador,UNIFACS, Salvador-BA, [email protected]

2Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária, Iniciação Cientifica Voluntária, UNIFACS, Salvador-BA, [email protected] 3Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária, Bolsista de Iniciação Cientifica, FAPESB/UNIFACS, Salvador-BA,

[email protected]

RESUMO: Os estudos relativos à fragilidade ambiental são de significativa importância, pois se

tratam de instrumentos cuja finalidade é identificar e analisar os ambientes em função de seus

diferentes níveis de fragilidade, proporcionando assim uma melhor definição das diretrizes e ações a

serem implementadas servindo de base para o zoneamento e fornecendo subsídios à gestão do

território. Nesse contexto, uma bacia hidrográfica pode ser considerada como uma das principais

unidades no setor de gerenciamento de territórios em que estão dispostas atividades agrossilvipastoris,

sendo modeladas pelas condições geológicas e climáticas locais. A Bacia Hidrográfica do Rio

Imbassaí, está localizada na Região Hidrográfica do Atlântico Leste, Litoral Norte da Bahia e possui

um papel importante para o desenvolvimento da região. Assim, os estudos dos parâmetros físico-

naturais, são de suma importância, no sentido de modelar um crescimento pautado na sustentabilidade

econômica, social e ambiental. Através do levantamento dos dados morfométricos da citada bacia,

pôde-se verificar que o seu porte está entre médio e pequeno, possui baixo coeficiente de manutenção,

bom escoamento superficial, orientação de vertentes plana, padrão de drenagem dentrítico, declividade

média, grau de vulnerabilidade médio, sendo possível identificar através da junção dessas informações

com dados socioeconômicos, as áreas da bacia que apresentam maior ou menor fragilidade - face às

atividades humanas - em função de suas características genéticas.

PALAVRAS-CHAVE: geoprocessamento, bacia Hidrográfica, indicadores.

INTRODUÇÃO: Os espaços geográficos têm sido ocupados de forma cada vez mais intensa, gerando

impactos ambientais de relevância significativa para os sistemas ambientais. Diante de tal situação, as

questões que envolvem a temática ambiental têm sido amplamente debatidas em todas as esferas de

discussão científica, políticas e da sociedade como um todo nas várias escalas de análise, por se tratar

de um tema amplo e complexo, e que engloba de forma inter-relacionada, elementos da natureza e da

sociedade. Os sistemas ambientais, segundo Christofoletti (1999, p.35) são entidades organizadas na

superfície terrestre, de modo que a espacialidade se torna uma de suas características inerentes. A

organização desses sistemas vincula-se com a estruturação e funcionamento de (e entre) seus

elementos, assim como resulta da dinâmica evolutiva. Ao considerar a diferenciação entre os sistemas

ambientais, assim como as diversas formas de apropriação do espaço geográfico pela sociedade,

principalmente nas áreas de grande dinamismo onde as modificações na paisagem são relevantes,

devem-se evidenciar os problemas ambientais decorrentes dessas transformações socioespacias, dentre

elas o impacto do rápido crescimento populacional que impulsiona uma pressão sobre os sistemas

ambientais. Em relação ao Litoral Norte da Bahia, assim como na região que compõe a Bacia

Hidrográfica do Rio Imbassaí (Figura 01), sua ocupação tem aumentado significativamente nas

últimas décadas, impulsionada pela “fuga” dos habitantes (principalmente de Salvador) em busca de

uma melhor qualidade de vida – as habitações que até então eram utilizadas para fins de veraneio, tem

sido progressivamente convertidas para moradia principal –. Esse crescimento, aliado à falta de um

plano de ocupação e organização territorial, tem provocado impactos ambientais significativos, fator

que vem contribuindo para a entropia da beleza cênica e de inúmeras funções ecológicas, sociais,

econômicas, recreativas e educativas da bacia.

Diante disso, é imprescindível que se façam inserções antrópicas compatíveis com as potencialidades e

as limitações dos diferentes sistemas ambientais, o que torna cada vez mais necessária a Gestão Físico

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Territorial da Bacia do Rio Imbassaí, não apenas voltada para os aspectos naturais, mas considerando

também os fatores econômicos e sociais, compondo uma visão totalitária do ambiente.

Figura 1: Mapa de localização da Bacia Hidrográfica

do Rio Imbassaí.

MATERIAL E MÉTODOS:

Para a realização desse estudo, foram utilizadas imagens do sensor ASTER (Advanced Spacebone

Thermal Emission and Reflection Radiometer) que após processamento foi gerado o MDE para

extração das curvas de nível e a rede de drenagem, que deram subsídios para os cálculos dos

indicadores morfométricos da bacia, tais como: área; comprimento da bacia; densidade de drenagem;

coeficiente de manutenção; orientação das vertentes; declividade; entre outros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Caracterização da bacia hidrográfica: A bacia possui uma área de

aproximadamente 204,77 km² sendo considerada de porte entre média e pequena. Seu comprimento

total (27 km) associado ao seu formato alongado, relevo suave ondulado e boa drenagem evidencia

uma bacia com menos possibilidades de provocar enchentes. Segundo Machado et al, (2011), quanto

maior a área, maior os esforços de monitoramento, pressupondo também uma maior diversidade de

ambientes. A área serve como variável básica para análise, combinada a outras variáveis. O

comprimento do rio principal é importante quando se quer evidenciar a diversidade de ambientes que

o rio percorre, a vazão, a carga de sedimentos que permitem análises de susceptibilidade ambiental,

delimitação das áreas de APP, morfologia de foz e indicação de áreas prioritárias para a conservação

(MACHADO et al, 2011). O rio principal da bacia Imbassaí se estende por cerca de 52,67 km. A

freqüência dos canais de 1° ordem é responsável pela delimitação das áreas de nascente (APP) e

identificação de áreas de recarga. Teoricamente são áreas de vegetação mais densa e estão associadas a

áreas de maior elevação do relevo (MACHADO et al, 2011). Nessa bacia, de acordo com a

metodologia utilizada, foram encontrados cerca de 456 canais de 1ª ordem, representando 49,61% da

sua rede de drenagem e tendo como comprimento total 194,21 km. Segundo SILVA (2011), o

coeficiente de manutenção é um dos parâmetros físicos mais importantes para análise do sistema de

drenagem de uma bacia hidrográfica, o qual indica a área mínima da bacia para manter um

comprimento linear de escoamento permanente. Na bacia do rio Imbassaí, é necessário um coeficiente

de manutenção (cm) de 0,55km² por 1 km de canal para manter o escoamento superficial (runoff)

permanente, porém obteve-se um coeficiente de manutenção baixo na bacia em estudo, devido a

influências indiretas da precipitação local maior que 1000 mm por ano, que depende do índice de

impermeabilização do solo e sua origem rochosa. Em relação à densidade de drenagem, que indica a

maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica, foi encontrado um valor de

1,83 km/km². De acordo com VILLELA e MATTOS (1975 apud TONELLO et. al., 2000), este índice

varia de 0,5 km/km² para bacias de drenagem pobre a 3,5 km/km² ou mais para bacias bem drenadas.

Como a capacidade de drenagem foi de aproximadamente 2 km/km², logo pode-se afirmar que a bacia

do rio Imbassaí tem um bom escoamento superficial. Essas áreas densamente drenadas estão mais

propícias a sofrerem processos erosivos com maior intensidade, e por essa razão merecem mais

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cuidados em relação as suas práticas de manejo e preservação da sua mata ciliar. Já os padrões de

drenagem refletem a natureza do substrato rochoso, que tem implicação direta nas diferenças de

declividade, vazão, fluxo e dinâmica fluvial (MACHADO et al, 2011). A bacia possui padrão

dentrítico, característico de planícies de inundação, desenvolvido sobre estruturas sedimentares

horizontais onde significa que o desenho dos canais tem bom padrão de drenagem e forma ramificada.

Geomorfologia: Segundo NUNES et al. (1981 apud ALMEIDA 2011), a geomorfologia no litoral

norte da Bahia é caracterizada por quatro domínios, sendo eles: o domínio dos Planaltos Cristalinos,

representado pelas regiões dos Planaltos Rebaixados e unidades de Tabuleiros Pré-Litorâneos;

domínio das Bacias e Coberturas Sedimentares que possui unidade Tabuleiros do Recôncavo; domínio

dos Planaltos Inumados engloba a unidade dos Tabuleiros Costeiros e Depósitos Sedimentares

representado pelas Planícies Litorâneas. Na bacia estudada, observa-se a dominância dos Tabuleiros

do Recôncavo ocupando cerca de 50% da área da bacia, com valor de vulnerabilidade estimado entre

2,5 seguido de Tabuleiros Pré-Litorâneos, com valor de vulnerabilidade de 2,8 e ocupando cerca de

37% da área, Planície Marinha e Flúvio Marinha ocupando cerca de 15% da área e valor de

vulnerabilidade de 2,0 e, por fim, ocupando cerca de 8% da área há uma curta faixa de borda marinha,

ao qual atribuiu-se valor de vulnerabilidade de 3,0. Ponderando-se as áreas ocupadas por cada feição e

seus pesos, encontra-se vulnerabilidade media para esse índice de 2,8. Para estabelecer os valores da

escala de vulnerabilidade para as unidades de paisagem natural com relação a geomorfologia, são

analisados alguns índices morfométricos do terreno, entre eles: orientação das vertentes, amplitude

altimétrica e declividade (CREPANI et al., 2001). A orientação das vertentes (Figura 02) determina a

relação com os processos eólicos, umidade, evaporação e luminosidade, influenciando a formação e o

desenvolvimento da vegetação. Indica a direção do escoamento fluvial e pluvial (MACHADO et al,

2011), compondo juntamente com a declividade, a geometria de exposição da superfície do terreno em

representações sob esquema de relevo. A orientação de vertentes é definida como o ângulo azimutal

correspondente a maior inclinação do terreno, no sentido descendente e é expressa em graus, de 0° a

360°. Na bacia do rio Imbassaí, há dominância da orientação plana e distribuição aproximada das

outras orientações. Amplitude altimétrica (Figura 03) esta relacionada com o aprofundamento da

dissecação e é um indicador de energia potencial disponível, onde quanto maior, mais sujeito a erosão

e morfogênese. A amplitude altimétrica da bacia em analise é de 110 m. Segundo CREPANI (2011), o

valor de vulnerabilidade para essa amplitude é de 2,0. Já a declividade refere-se a inclinação do relevo

em relação ao horizonte. A declividade média (Figura 04) da bacia do rio Imbassaí é 6,9% e

classificada, baseado nas classes de declividade de CREPANI (2011), como média (entre 6% e 20%).

Quanto menos intensa a declividade da bacia, menor seus valores de vulnerabilidade. Nesse caso,

sugere-se assumir valor de vulnerabilidade 2,0. (CREPANI et al. 2011). O estudo da declividade é

muito importante para o planejamento de uma bacia, para garantir um maior controle das intervenções

realizadas no meio através das ações humanas, onde interferem diretamente no escoamento superficial

e subterrâneo da água na área e sua distribuição. Segundo TONELLO et. al (2006), a ausência de

cobertura vegetal, classe de solo e intensidade de chuvas, dentre outros, associada à maior declividade,

conduzirá a maior velocidade de escoamento, menor quantidade de água armazenada no solo e

resultará em enchentes mais pronunciadas, sujeitando a bacia à degradação. Uso e ocupação do solo:

O uso do solo na região da bacia do rio Imbassaí encontra - se distribuído principalmente para a

agricultura (lavouras de subsistência no interior da bacia) e para empreendimentos imobiliários e

turísticos (loteamentos, pousadas e hotéis) no baixo curso/ área litorânea e zona estuarina. Segundo o

INGÁ (2014) as vegetações da bacia são, predominantemente, representadas pela Mata Atlântica e

Manguezais. Nesta região, observa-se, em sua grande extensão, plantações de eucalipto e pinus

intercalado com vegetação natural e atividades agropecuárias. A presença de vegetação influencia

muito na qualidade da água que alcança os corpos d’agua, pois durante a precipitação, uma parte da

chuva é absorvida pela vegetação, as outras parcelas dividem-se entre a infiltração no solo e o

escoamento superficial. As restingas têm sido devastadas por estarem em regiões de alto interesse

comercial, onde a especulação imobiliária e a construção de estradas junto ao mar têm causado sérios

danos a esses ecossistemas, condomínios de casas e complexos hoteleiros foram construídos sobre

restingas e dunas. No princípio, os ambientes naturais que compunham a Bacia do Rio Imbassaí

mostravam-se em estado de equilíbrio dinâmico, contudo, os processos de urbanização que hoje atuam

na Bacia, resultantes da ocupação sem planejamento, passaram gradativamente a interferir de forma

mais intensa na apropriação dos recursos ambientais, causando significativas alterações na paisagem,

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num ritmo mais intenso que o determinado pela dinâmica da própria natureza. Analisando o uso e/ou

ocupação do solo com os resultados morfométricos encontrados da respectiva bacia, pode considerar

sua vulnerabilidade como médio, havendo faixas de alta vulnerabilidade – regiões inseridas na Área de

Preservação Ambiental (APA) e em locais próximos a extremidade mais continental, devido as suas

características de elevação e o uso que está sendo feito do solo – e de baixa vulnerabilidade –

localidades onde há um equilíbrio da utilização com suas características geomorfológicas.

Figura 2: Mapa de orientação de

vertentes da Bacia Hidrografica do

Rio Imbassaí

Figura 3: Mapa de elevação da

Bacia Hidrográfica do Rio Imbassaí

Figura 4: Mapa de declividades da

Bacia Hidrográfica do Rio Imbassaí

CONCLUSÃO: Após os estudos realizados, pode-se concluir que a bacia possui uma boa eficiência

de drenagem, o que indica que o deflúvio causado pelas águas pluviais, chega mais rápido ao seu

exutório, reduzindo o risco de inundações, mas não descartando a ocorrência desse fenômeno, pois o

padrão de drenagem da mesma (dendrítico) favorece para o acontecimento desses eventos. Ela foi

considerada de pequena a médio porte acarretando menos esforços para realizar o seu monitoramento,

onde existe a necessidade de se conhecer e entender a localidade com a finalidade de obter melhorias

socieconômicas e ambientais, pois essa região está em crescimento constante principalmente no setor

do turismo, levando a estudos e planejamentos adequados para que esse desenvolvimento não ocorra

de maneira desordenada e tenha como consequência o desequilíbrio ambiental da bacia. Nos pontos

visitados, não foram encontradas erosões laminares e voçorocas, porém, foram encontradas algumas

ravinas por falta de proteção vegetal, onde a existência no local de atividades como queimadas e

pisoteio de gado facilita ainda mais a degradação do solo. As características geomorfológicas e de

exploração econômica da bacia foram determinantes na análise de vulnerabilidade de drenagem do rio

Imbassaí, principalmente na faixa litorânea, onde se verificou a classificação de vulnerabilidade alta.

Nesse caso, a bacia estudada exige uma gestão e planejamento de ocupação e uso do solo para manter

a sustentabilidade local.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA JUNIOR, M. V. C. A. Mapeamento geoambiental da zona costeira da região entre a

foz do Rio Pojuca e a Praia de Imbassaí, Mata de São João – Bahia. 2011. 71 f. Monografia

(Bacharel) – Curso de geologia, Departamento de Instituto de Geociências, Ufba, Salvador, 2011. CREPANI, E., MEDEIROS, J.S., FILHO, P.H., FLORENZANO, T.G., DUARTE, V., BARBOSA,

C.C.F. Sensoriamento remoto e geoprocessamento aplicados ao zoneamento ecológico-econômico

e ao ordenamento territorial. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). São Jose dos

Campos/SP, 2011.

IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná. Classificação Climática. Disponível em

<http://www.iapar.br/modules/conteudo/conteudo. php?conteudo=863>. Acesso: junho, 2014.

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IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativa de população do ano de 2013.

Disponível em <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil. php?codmun=292100>. Acesso em: junho,

2014.

INGÁ - Instituto de Gestão das Águas e Climas. Regiões de Planejamento e Gestão das Águas.

Disponível em< http://www.inema.ba.gov.br/download/36/>.Acesso em: junho, 2014.INGÁ – Instituto de Gestão das Águas. Programa Monitora-Projeto de Monitoramento das Águas do Estado da Bahia. Salvador/BA, 1998. MACHADO, R. A. S. et al. Análise morfométrica de bacias hidrográficas como suporte a definição e

elaboração de indicadores para a gestão ambiental a partir do uso de geotecnologias. Anais XV-SBSR,

Curitiba, Brasil, 30/04 a 05/05/2011, INPE, p. 1441.

SILVA, R. C. Análises Morfométricas e Hídricas das Bacias Hidrográficas do Córrego Teixeiras,

Ribeirão das Rosas e Ribeirão Yung, afluentes do Rio Paraibuna, município Juiz de Fora/MG. Especialização em Análise Ambiental. Faculdade de Engenharia. URJF, 2011. Disponível <

http://www.ufjf.br/analiseambiental/files/2009/11/TCC-AMBIENTAL_RAFAEL-C-SILVA_SET-

2011.pdf>. Acesso julho 2014.

TONELLO, K. C, et al. Morfometria da Bacia Hidrográfica da cachoeira das Pombas, Guanhães

– MG. Departamento de Engenharia Florestal, UFG. Viçosa – MG, 2006. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-67622006000500019>. Acesso junho

2014.

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