análise da dentadura mista

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Curso de Odontologia - UNISUL Disciplina de Ortodontia Profª. Andresa Nolla de Matos Furtado ANÁLISE DA DENTADURA MISTA 1. Introdução: Angle, no final do século passado, classificou os diferentes tipos de maloclusões , a partir de então, muitos estudos confirmaram que a maior parte das maloclusões envolve problemas de discrepâncias negativas entre o tamanho dos dentes e o tamanho do arco dentário. Clinicamente pode ser observado nas maloclusões de Classe I com apinhamento, onde que, boa parte desses casos situa-se graus de discrepância negativa, inferior a 3 milímetros. É um fato bastante conhecido, que grande porcentagem de casos de maloclusões tem sua origem durante o período da dentadura mista, onde que, esses casos podem ser diagnosticados precocemente, através da análise da dentadura mista. O objetivo da análise da dentadura mista é determinar a relação entre a quantidade de espaço presente no arco e a quantidade de espaço requerido pelos dentes permanentes sucessores, ou seja, prever se haverá espaço suficiente ou não para a irrupção dos dentes permanentes situados da mesial do primeiro molar permanente de um lado, à mesial do primeiro molar permanente do outro lado de uma das arcadas. Um aspecto importante durante o estudo da dentição mista é a diferença existente entre o diâmetro mésio-distal dos caninos e molares decíduos e seus respectivos dentes permanentes sucessores. Essa diferença é positiva em favor dos dentes decíduos, que chamamos de espaço livre de Nance (Leeway Space), esta sobra de espaço é de 3,4 mm no arco inferior e 1,8 mm no superior. Diferença esta que se perde com a migração dos dentes para a mesial durante a esfoliação dos decíduos. Com base nesses cálculos medidas terapêuticas já na dentadura mista poderão ser tomadas incluindo: orientar a erupção dos dentes permanentes, manter espaços,

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  • Curso de Odontologia - UNISUL Disciplina de Ortodontia

    Prof. Andresa Nolla de Matos Furtado

    ANLISE DA DENTADURA MISTA

    1. Introduo:

    Angle, no final do sculo passado, classificou os diferentes tipos de malocluses, a

    partir de ento, muitos estudos confirmaram que a maior parte das malocluses

    envolve problemas de discrepncias negativas entre o tamanho dos dentes e o

    tamanho do arco dentrio. Clinicamente pode ser observado nas malocluses de

    Classe I com apinhamento, onde que, boa parte desses casos situa-se graus de

    discrepncia negativa, inferior a 3 milmetros.

    um fato bastante conhecido, que grande porcentagem de casos de malocluses

    tem sua origem durante o perodo da dentadura mista, onde que, esses casos

    podem ser diagnosticados precocemente, atravs da anlise da dentadura mista.

    O objetivo da anlise da dentadura mista determinar a relao entre a quantidade

    de espao presente no arco e a quantidade de espao requerido pelos dentes

    permanentes sucessores, ou seja, prever se haver espao suficiente ou no para a

    irrupo dos dentes permanentes situados da mesial do primeiro molar permanente

    de um lado, mesial do primeiro molar permanente do outro lado de uma das

    arcadas.

    Um aspecto importante durante o estudo da dentio mista a diferena existente

    entre o dimetro msio-distal dos caninos e molares decduos e seus respectivos

    dentes permanentes sucessores. Essa diferena positiva em favor dos dentes

    decduos, que chamamos de espao livre de Nance (Leeway Space), esta sobra de

    espao de 3,4 mm no arco inferior e 1,8 mm no superior. Diferena esta que se

    perde com a migrao dos dentes para a mesial durante a esfoliao dos decduos.

    Com base nesses clculos medidas teraputicas j na dentadura mista podero ser

    tomadas incluindo: orientar a erupo dos dentes permanentes, manter espaos,

  • requisitar extraes seriadas ou no intervir, mantendo o desenvolvimento da

    dentio sob observao.

    A anlise da dentadura mista deve ser realizada no perodo intertransitrio quando

    esto presentes nos arcos dentrios os primeiros molares e os incisivos

    permanentes.

    2. Anlise da dentadura mista:

    Para a realizao da anlise deve-se avaliar o modelo de gesso e obter duas

    medidas:

    Espao presente: permetro do osso basal compreendido entre a mesial do

    primeiro molar de um lado, at a mesial do primeiro molar do lado oposto. Pode

    ser realizado com o uso do fio de lato, compasso de ponta seca ou paqumetro

    de Boley.

    Espao requerido: somatria do maior dimetro msio-distal dos dentes

    permanentes irrompidos ou intra-sseo, localizados de mesial de primeiro molar

    de um lado mesial de primeiro molar do lado oposto.

    Existem quatro maneiras usuais para medir o espao requerido para os dentes no

    irrompidos:

    a) Medio dos dentes nas radiografias periapicais;

    b) Tabelas de proporcionalidade entre os dentes permanentes j irrompidos e

    os no irrompidos;

    c) Utilizando telerradiografias tomadas em 45;

    d) Combinao de radiografias e equaes de predio.

    A diferena entre espao presente e espao requerido vai nos dar as discrepncias

    de modelo que podem ser positivas, negativas ou nulas. (DM= EP ER)

    Discrepncia positiva: Quando o espao presente maior que o espao requerido,

    portanto vai haver sobra de espao sseo para a irrupo dos dentes permanentes.

  • Discrepncia negativa: Quando o espao presente menor que o espao requerido,

    ou seja, no vai haver espao suficiente para o correto posicionamento dos dentes

    permanentes.

    Discrepncia nula: O espao presente igual ao espao requerido.

    O profissional deve ficar atento quando a discrepncia for nula, pois sabido que o

    permetro do arco diminui quando da troca dos decduos pelos permanentes

    (LeeWay Space) devido ao fato dos molares permanentes se acomodarem em Classe

    I durante este perodo. Dessa maneira, aconselhvel medir a quantidade de

    deslizamento mesial necessrio para levar os molares a uma relao de Classe I.

    Dessa forma, para completar a anlise da dentio mista trs fatores devem ser

    observados:

    O tamanho de todos os dentes permanentes anteriores ao primeiro molar

    (espao requerido).

    O permetro do arco (espao presente).

    As alteraes esperadas no permetro do arco.

    3. Mtodos de anlise da dentio mista:

    Na literatura encontramos vrios mtodos de anlise da dentio mista, que se

    diferenciam na maneira de medir o espao requerido.

    a) Mtodo radiogrfico (periapicais):

    Nance estabeleceu um mtodo de predio do dimetro msio-distal de caninos e

    pr-molares no irrompidos atravs de medies diretas em radiografias periapicais

    com um compasso de ponta seca. Salientou ainda que a preciso das medidas

    depende da ausncia de distoro na radiografia. No caso de dentes girados ou com

    dificuldades de mensurao, o autor recomenda o uso do dente homlogo.

    Segundo Huckaba, em 1964, existe um fator de magnificao na sombra do dente no

    filme radiogrfico. Por isso, medidas de imagens tiradas do filme so maiores do que

  • as medidas realizadas diretamente sobre o dente. Portanto, necessrio compensar

    este fator atravs de uma regra de trs:

    MdM= Medida do dimetro msio-distal do dente decduo no modelo

    MdRx= Medida do dimetro msio-distal na radiografia

    MpRx= Medida do dente permanente na radiografia

    X= incgnita (medida do dimetro msio-distal do dente permanente)

    MdM---------------------MdRx

    X---------------------MpRx

    X= MdM . MpRx

    MdRx

    Por exemplo:

    X = (germe do canino permanente) largura real

    MpRx = 8 (canino permanente) largura aparente

    MdM = 5 (canino decduo) largura real

    MdRx = 6 (canino decduo) largura aparente

    Usaremos a frmula

    X = MdM .MpRx = 5.8 = 40 = 6,6 mm

    MdRx 6 6

    Este procedimento deve ser efetuado para cada dente permanente posterior no

    irrompido. Para calcularmos o espao requerido total soma-se a largura real dos

    posteriores com a largura dos quatro incisivos.

  • b) Mtodo de Moyers:

    Essa anlise realizada pelo mtodo estatstico com o uso de tabelas, na qual o

    tamanho dos caninos e pr-molares derivado do conhecimento do tamanho dos

    dentes permanentes j irrompidos (incisivos inferiores), assim se um individuo

    apresenta seus incisivos maiores que o tamanho mdio, provavelmente exibir

    caninos e pr-molares maiores que o tamanho mdio.

    Os incisivos inferiores foram escolhidos para medida porque irrompem

    precocemente na dentadura mista, so facilmente medidos com exatido, e esto

    diretamente envolvidos com a maioria de problemas de controle de espao. Dessa

    maneira, os incisivos inferiores so medidos para predizer o tamanho dos dentes

    posteriores superiores assim como dos inferiores.

    Sendo assim, o autor props o uso de uma tabela de correlao entre valores

    encontrados para a soma das larguras msio-distal de incisivos inferiores j

    irrompidos e essa mesma dimenso nos pr-molares e caninos permanentes no

    irrompidos. As tabelas so divididas de acordo com o sexo e com a arcada (superior

    ou inferior). Para cada valor de soma dos quatro incisivos, encontra-se a medida

    total para canino e pr-molar de cada lado, havendo um nvel de confiana que varia

    de 5% a 95%. O ideal seria utilizar o nvel de 50% para que ocorresse uma

    distribuio dos erros nos dois sentidos, no entanto indica-se o nvel de 75% porque

    julgou prefervel superestimar o valor previsto em relao ao valor real do que

    subestimar o mesmo, sendo mais prtico sob o ponto de vista clnico.

    Procedimento tcnico:

    Para clculo do espao requerido (ER)

    - Com o compasso de pontas secas medir a maior distncia msio-distal de cada um

    dos incisivos inferiores e registre na ficha do paciente;

    -Determine a quantidade de espao necessrio para o alinhamento dos incisivos. Isto

    feito da seguinte maneira: ajuste o compasso de pontas secas, correspondentes s

    distncias mesio-distal de incisivo central e lateral esquerdo. Coloque uma ponta do

    compasso na linha mdia entre os incisivos deixando que a outra ponta toque o

    dente correspondente do lado esquerdo. Marque no dente, no modelo, o ponto

  • exato em que esta ponta tocou. Este ponto corresponde face do incisivo lateral

    quando os dentes tiverem alinhados. distncia deste ponto at a mesial do

    primeiro molar permanente corresponde ao espao disponvel para a irrupo dos

    caninos e pr-molares. Se a relao molar ainda estiver em topo-a-topo, este espao

    disponvel tambm ser para a possvel para a mesializao dos molares inferiores

    (deslizamento mesial).

    - Com o valor da somatria das distncias msio-distal dos incisivos inferiores

    localizar na tabela o valor que mais se aproxima, a direita h uma coluna indicando

    os valores de caninos e pr-molares que sero encontrados para os incisivos do

    tamanho indicado, utiliza-se o nvel de 75%.

  • Tabela de probabilidade para predio do tamanho dos caninos e pr-molares no-

    irrompidos (Tabela de Moyers).

    A - Canino e pr-molares inferiores

    SEXO MASCULINO

    21/12 19,5 20,0 20,5 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 23,5 24,0 24,5 25,0 25,5

    95% 21,6 21,8 22,0 22,2 22,4 22,6 22,8 23,0 23,2 23,5 23,7 23,9 24,2

    85% 20,8 21,0 21,2 21,4 21,6 21,9 22,1 22,3 22,5 22,7 23,0 23,2 23,4

    75% 20,4 20,6 20,8 21,0 21,2 21,4 21,6 21,9 22,1 22,3 22,5 22,8 23,0

    65% 20,0 20,2 20,4 20,6 20,9 21,1 21,3 21,5 21,8 22,0 22,2 22,4 22,7

    50% 19,5 19,7 20,0 20,2 20,4 20,6 20,9 21,1 21,3 21,5 21,7 22,0 22,2

    35% 19,0 19,3 19,5 19,7 20,0 20,2 20,4 20,67 20,9 21,1 21,3 21,5 21,7

    25% 18,7 18,9 19,1 19,4 19,6 19,8 20,1 20,3 20,5 20,7 21,0 21,2 21,4

    15% 18,2 18,5 18,7 18,9 19,2 19,4 19,6 19,9 20,1 20,3 20,5 20,7 20,9

    5% 17,5 17,7 18,0 18,2 18,5 18,7 18,9 19,2 19,4 19,6 19,8 20,0 20,2

    SEXO FEMININO

    95% 20,8 21,0 21,2 21,5 21,7 22,0 22,2 22,5 22,7 23,0 23,3 23,6 23,9

    85% 20,0 20,3 20,5 20,7 21,0 21,2 21,5 21,8 22,0 22,3 22,6 22,8 23,1

    75% 19,6 19,8 20,1 20,3 20,6 20,8 21,1 21,3 21,6 21,9 22,1 22,4 22,7

    65% 19,2 19,5 19,7 20,0 20,2 20,5 20,7 21,0 21,3 21,5 21,8 22,1 22,3

    50% 18,7 19,0 19,2 19,5 19,8 20,0 20,3 20,5 20,8 21,1 21,3 21,6 21,8

    35% 18,2 18,5 18,8 19,0 19,3 19,6 19,8 20,1 20,3 20,6 20,9 21,1 21,4

    25% 17,9 18,1 18,4 18,7 19,0 19,2 19,5 19,7 20,0 20,3 20,5 20,8 21,0

    15% 17,4 17,7 18,0 18,3 18,5 18,8 19,1 19,3 19,6 19,8 20,1 20,3 20,6

    5% 16,7 17,0 17,2 17,5 17,8 18,1 18,3 18,6 18,9 19,1 19,3 19,6 19,8

  • B - Canino e pr-molares superiores

    SEXO MASCULINO

    21/12 19,5 20,0 20,5 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 23,5 24,0 24,5 25,0 25,5

    95% 21,2 21,4 21,6 21,9 22,1 22,3. 22,6 22,8 23,1 23,4 23,6 23,9 24,1

    85% 20,6 20,9 21,1 21,3 21,6 21,8 22,1 22,3 22,6 22,8 23,1 23,3 23,6

    75% 20,3 20,5 20,8 21,0 21,3 21,5 21,8 22,0 22,3 22,5 22,8 23,0 23,3

    65% 20,0 20,3 20,5 20,8 21,0 21,3 21,5 21,8 22,0 22,3 22,5 22,8 23,0

    50% 19,7 19,9 20,2 20,4 21,7 20,9 21,2 21,5 21,7 22,0 22,2 22,5 22,7

    35% 19,3 19,6 19,9 20,1 20,4 20,6 20,9 21,1 21,4 21,6 21,9 22,1 22,4

    25% 19,1 19,3 19,6 19,9 20,1 20,4 20,6 20,9 21,1 21,4 21,6 21,9 22,1

    15% 18,8 19,0 19,3 19,6 19,8 20,1 20,3 20,6 20,8 21,1 21,3 21,6 21,8

    5% 18,2 18,5 18,8 19,0 19,3 19,6 19,8 20,1 20,3 20,6 20,8 21,0 21,3

    SEXO FEMININO

    95% 21,4 21,6 21,7 21,8 21,9 22,0 22,2 22,3 22,5 22,6 22,8 22,9 23,1

    85% 20,8 20,9 21,0 21,1 21,3 21,4 21,5 21,7 21,8 22,0 22,1 22,3 22,4

    75% 20,4 20,5 20,6 20,8 20,9 21,0 21,2 21,3 21,5 21,6 21,8 21,9 22,1

    65% 20,1 20,2 20,3 20,5 20,6 20,7 20,9 21,0 21,2 21,3 21,4 21,6 21,7

    50% 19,6 19,8 19,9 20,1 20,2 20,3 20,5 20,6 20,8 20,9 21,0 21,2 21,3

    35% 19,2 19,4 19,5 19,7 19,8 19,9 20,1 20,2 20,4 20,5 20,6 20,8 20,9

    25% 18,9 19,1 19,2 19,4 19,5 19,6 19,8 19,9 20,1 20,2 20,3 20,5 20,6

    15% 18,5 18,7 18,8 19,0 19,1 19,3 19,4 19,6 19,7 19,8 20,0 20,1 20,2

    5% 17,8 18,0 18,2 18,3 18,5 18,6 18,8 18,9 19,1 19,2 19,3 19,4 19,5

  • c) Mtodo de Tanaka-Johnston:

    Esse tipo de anlise se baseia na somatria das larguras msio-distal de incisivos

    inferiores para o clculo do espao requerido posterior, na qual foi desenvolvida

    uma equao de regresso e predio de tamanhos de caninos e pr-molares

    no irrompidos.

    Esses pesquisadores determinaram que as larguras msio-distal de caninos e pr-

    molares na probabilidade de 75% podem ser calculadas utilizando-se a metade

    da largura dos incisivos inferiores e somando-se 11,0mm para os dentes

    superiores e 10,5mm para os dentes inferiores.

    Dos mtodos comumente empregados hoje em dia, esse se torna o mais rpido e

    de fcil memorizao, sem consultar tabelas ou radiografias.

    Frmula:

    X= largura dos caninos e pr-molares no irrompidos

    Y= largura dos 4 incisivos inferiores

    A = 11,0 mm constante usada para o arco superior

    B= 10,5mm constante usada para o arco inferior

    X= (Y/2 + A ou B) x 2

    d) Mtodo de Lima (telerradiografia de 45):

    Este mtodo consiste em medir com o compasso de pontas secas o dimetro msio-

    distal de caninos e pr-molares na telerradiografia de 45, somando-se as larguras

    dos dentes do mesmo lado e multiplicando-se por um fator de correo proposto

    por Lima, que de 0,928. O fator de correo ajusta a magnificao da imagem que

    ocorre na telerradiografia, chegando a um valor muito prximo do real. Faz-se esse

    procedimento em ambos os lados, usando para isto uma tele de 45 para cada

    hemiarco.

  • e) Mtodos de equao e tabelas de predio combinadas com radiografias:

    Hixon e Oldfther, em 1958, apresentaram uma tabela estimativa da largura

    combinada de caninos e pr-molares inferiores no irrompidos de um lado da

    arcada, baseada nas larguras de um incisivo central e lateral inferiores

    permanentes, verificadas no modelo de gesso combinadas com a largura msio-

    distal de dois pr-molares intra-sseos do mesmo lado, obtidas atravs da

    radiografia periapical.

    O mtodo tem uma preciso de 0,6mm para 68% dos casos, 1,1mm para 95% e

    1,7 para 99% dos casos.

    Tabela: Estimativa da largura msio-distal combinada de canino, primeiro e segundo

    pr-molares inferiores, de um lado do arco (mm), de acordo com Hixon e Oldfather.

    Largura de incisivo central + lateral

    (modelo), acrescida da largura das

    imagens de 1 e 2 pr-molares

    Valor estimado para canino 1 e 2 pr-

    molar inferior no irrompido

    23

    24

    25

    26

    27

    28

    29

    30

    18,4

    19

    19,7

    20,3

    21

    21,6

    22,3

    22,9

    Em 1980, Staley e Kerber, fizeram uma reviso do mtodo de Hixon e Oldfather e

    desenvolveram uma equao de predio melhorada, com o intuito de corrigir a

    tendncia de subestimativa apresentada pela tabela original. J que neste estudo os

    autores utilizaram computadores enquanto que Hixon e Oldfather no contaram

  • com o uso dos computadores. Staley e Kerber tambm utilizaram um compasso com

    maior preciso, e as medidas dos pr-molares retiradas das radiografias descartavam

    os dentes que estivessem girados, tentando sempre que possvel verificar as

    medidas dos dois lados do arco. Com a essa nova equao conseguiram uma

    preciso maior, cujo erro padro de estimativa (0,44mm) e erro absoluto mdio foi

    menor do que Hixon e Oldfather. O valor obtido para caninos e pr-molares

    inferiores de um lado da arcada era uma mdia estimativa no nvel de 50%. Partindo

    do princpio que alguns clnicos preferem se proteger contra uma subestimativa do

    dimetro destes dentes, recomenda-se adicionar o erro padro de estimativa

    (0,44mm) ao valor predito para canino e pr-molares inferiores, obtidos atravs do

    grfico de predio, para cada lado do arco.

    Grfico de predio de Hixon e Oldfather revisado por Staley e Kerber

    Som

    atri

    o d

    e ca

    nin

    o 1

    e

    2

    pr

    -mola

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    s (d

    o l

    ado d

    iret

    o o

    u e

    squer

    do)

    Somatrio de incisivo central e incisivo lateral inferiores permanentes

    medidos no modelo mais o 1 e 2 pr-molares inferiores medidos na

    radiografia periapical (do lado direito e esquerdo).

  • 4. Discusso:

    A anlise da dentadura mista um registro de suma importncia em casos de

    malocluses, principalmente no arco inferior, onde se encontram em maior nmero.

    A anlise alm de auxiliar o diagnstico pode orientar o planejamento da

    manuteno de espao, da leve recuperao de espao ou at mesmo de extraes

    seriadas. No arco superior pode indicar se o tratamento ter xito com a expanso

    seja ela dentria ou maxilar, ou se o melhor seria o planejamento de extraes

    seriadas.

    Na literatura encontram-se vrios mtodos para este fim: radiografias periapicais,

    tabelas de predio, telerradiografias tomadas em 45, ou ainda equaes de

    predio combinadas com radiografias. Ao ortodontista cabe escolher um que

    atenda alguns requisitos importantes. O principal deles a acuracidade na

    estimativa. Outros requisitos so a facilidade e rapidez na aplicao, como tambm

    baixo custo financeiro.

    Dentre os mtodos que tomam por base medidas dentrias nas radiografias pode-se

    citar o de Nance, o de Huckaba, o da Telerradiografia obliqua em 45 e o de Lima.

    Huckaba tentou corrigir a magnificao da imagem do dente na radiografia

    periapical, proposto por Nance, atravs de uma proporo matemtica,

    considerando que haveria um aumento proporcional dos dentes decduos e

    permanentes. No entanto, distncia do dente decduo e o filme menor que a do

    dente permanente ao filme, por causa da tbua ssea. Alm disso, essa distncia

    varivel e somada a fatores como malposio dentria contribui para uma menor

    acuracidade do mtodo. Apesar de ser prtico, possui uma tendncia de

    sobreestimar os valores. A telerradiografia obliqua em 45 realizada de tal forma

    que todos os pacientes fiquem exatamente na mesma posio, com a mesma

    distncia do cilindro da mquina e o filme, por esse motivo que Lima desenvolveu

    um coeficiente de correo da magnificao da imagem, tendo uma melhora,

    indicando uma maior acuracidade.

  • Moyers elaborou uma tabela, baseada nos tamanhos de incisivos inferiores obtm-

    se o somatrio de caninos e pr-molares. Tanaka e Johnston fizeram um estudo

    similar e encontraram resultados praticamente idnticos. Na maioria dos trabalhos

    que comparam essas duas tcnicas, os resultados foram extremamente parecidos.

    Possuem a vantagem de ser prtico, baixo custo, porm, menos preciso com uma

    tendncia de superestimar o tamanho dos dentes no irrompidos.

    Nos mtodos que tomam como base combinao de radiografias e medidas de

    dentes permanentes irrompidos, como o de Hixon e Oldfather apresenta bons

    resultados, apesar de subpredizer os tamanhos dos dentes, pois os autores julgaram

    ser prefervel predizer para menos do que para mais, e provocar extraes

    desnecessrias, contrariando a opinio de Moyers que indicou a utilizao de sua

    tabela no nvel de 75%, acreditando ser mais conveniente um valor superior ao real

    do que inferior ao mesmo.

    Gardner (1979) realizou um estudo comparando os mtodos de Moyers, Tanaka

    Johnston, Nance e Hixon e Oldfather e relatou que todos os mtodos tendem a

    sobrepredizer o espao requerido de 1 a 3 mm, com exceo do mtodo de Hixon e

    Oldfather que subpredis o valor em aproximadamente 0,5 mm.

    A eleio do mtodo de predio de tamanhos de caninos e pr-molares est

    relacionada necessidade do profissional. O mtodo de Lima de fcil aplicao

    apresenta alta preciso para o arco inferior, indicado principalmente aos casos

    limtrofes, mas apresenta dificuldade do padro radiogrfico realizado pelas clnicas

    de radiologia. O mtodo de Huckaba trabalhoso, necessita de radiografias

    periapicais, expondo o paciente a uma maior radiao, alm de possuir uma menor

    acuracidade, entretanto, o fato de sobrepredizer faz com que o profissional trabalhe

    com uma margem maior de zelo. O mtodo de Moyers de fcil aplicao, com boa

    acuracidade e no utiliza radiografias, est indicado para consideraes iniciais j na

    primeira consulta.

  • APINHAMENTO DE INCISIVOS INFERIORES DENTADURA MISTA- ANLISE DA DENTADURA MISTA

    a) Discrepncia positiva ( 1 a 2mm) Superviso do espao - Acompanhamento

    b) Discrepncia nula

    - mantenedor de espao (manter molares em posio preservando o Leeway Space); - Quando o molar superior for mantido em posio: Impedir a migrao mesial do molar superior ou distalizar o molar superior, dependendo da relao antero-posterior dos arcos (aparelho removvel ou AEB).

    c) Discrepncia negativa (- 1 a 2mm) Aumento do permetro do arco (expanso, verticalizao dos molares e

    incisivos);

    d) Discrepncia negativa (-3 a 5mm) -mecnica com AEB/PLA e elsticos

    e) Discrepncia negativa (-6 a 9mm) - Perfil; - Posio do incisivo inferior; - Expanso dos arcos X extrao dentria?

    f) Discrepncia negativa (-10mm)

    - Extrao seriada

  • - Apinhamento primrio temporrio

    Essas alteraes dimensionais ocorrem durante e imediatamente aps o primeiro

    perodo transitrio da dentadura mista e contribuem para o aumento do permetro

    dos arcos dentrios. Enfim, o aumento do permetro do arco dentrio confere ao

    apinhamento primrio temporrio o seu carter de temporariedade (SILVA-FILHO,

    2001).

    Apinhamento Primrio Definitivo Gentico

    - discrepncia negativa dente/osso severa, determinada por dimenses dentrias

    incompatveis com as dimenses da base alveolar;

    - Arcos dentrios com dimenses normais, os quais no permitem expanso;

    - Tratamento: Diminuio da massa dentria.

    EXTRAO SERIADA

    Indicaes

    - Exame clnico aos 6-7 anos:

    a) presena de apinhamento significativo nos incisivos permanentes

    (apinhamento 1rio definitivo gentico)

    b) ausncia de espao para a irrupo regular dos dentes permanentes

    c) desarmonia entre o volume da base ssea e a dimenso M-D dos dentes

    permanentes

    d) perda prematura dos caninos decduos

    e) desvio da linha mdia

    - DIAGSTICO DEFINITIVO

    1) anlise dentadura mista

    2) determinar a discrepncia dentria

    3) casos limtrofes (borderline) com discrepncia negativa entre 6 e 9mm - Perfil;

    Posio do incisivo inferior; Expanso dos arcos X extrao dentria?

    4) casos onde ocorre discrepncia negativa de 10mm ou ainda maior:

  • - OBTEREMOS RESULTADOS OTIMIZADOS QUANDO:

    1) relao de Classe I bilateral

    2) esqueleto facial equilibrado nos sentidos ntero-posterior,vertical e transversal

    3) discrepncia de pelo menos 5mm em cada quadrante

    4) linhas mdias coincidentes

    5) ausncia de mordida aberta e sobremordida

    6) perfil no pode ser reto ou cncavo

    SEQUNCIA DAS EXTRAES SERIADAS

    1) Estgio:

    - remoo caninos decduos (e incisivos laterais decduos, quando necessrio);

    - permite a irrupo e alinhamento adequado dos incisivos laterais permanentes.

    Quando: primeiro perodo transitrio da dentadura mista

    Por que: eliminar o apinhamento primrio

    2) Estgio:

    - remoo dos primeiros molares decduos (estgio 7-8 de Nolla)

    -irrupo primeiros pr-molares inferiores ( inverso na seqncia de erupo)

    -irrupo primeiros pr-molares superiores

    3) Estgio:

    - remoo dos 4 primeiros pr-molares

    Quando: segundo perodo transitrio da dentadura mista

    Por que: eliminar o apinhamento secundrio

  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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