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ANALISE DA CONTAMINAÇÃO DE SOLO POR POSTOS DE COMBUSTÍVEIS Fernanda Maciel Farias 1 , João Evangelista Neto 1 , José Carlos Fernandes de Freitas Junior 1 , Luciano Souza Pereira 1 , Jasminie da Silva Camilo 1 , Italo Willians da Rocha Valente 1 , Edry Antonio Garcia Cisneros 2, José Costa de Macêdo Neto 3 , Weberson Santos Ferreira 4 1 Universidade do Estado de Amazonas, EST, Coordenação de Petróleo e Gás- [email protected] 2 Universidade do Estado de Amazonas, EST, Coordenação de Engenharia Mecânica- [email protected] 3 Universidade do Estado de Amazonas, EST, Coordenação de Engenharia de Materiais- [email protected] 4 Universidade Federal do Amazonas, UFAM, PPGEE- [email protected] RESUMO Os postos revendedores de combustíveis representam uma das maiores fontes de impactos ao meio ambiente, caracterizada por vazamentos de derivados de petróleo e bicombustíveis no solo onde estão alojados os respectivos tanques dos sistemas de abastecimento de combustíveis. A contaminação de águas subterrâneas por vazamentos em postos de combustíveis é uma preocupação crescente no Brasil e mais antiga nos Estados Unidos e Europa. As indústrias de petróleo lidam diariamente com problemas decorrentes de vazamentos, derrames e acidentes durante a exploração, refino, transporte e operações de armazenamento do petróleo e seus derivados. No Brasil existem aproximadamente 35 mil postos de combustíveis, sendo que a maioria foi construída na década de 70, com uma média de vida útil de 25 anos para tanques subterrâneos, supõe-se que eles já estejam comprometidos. No ano de 2007 o consumo de álcool, gasolina e diesel foi de 9, 24 e 41 milhões de m 3 , respectivamente, sendo que os postos respondem por 63% das áreas contaminadas em São Paulo. Neste trabalho é realizada uma analise da contaminação pelos postos de combustíveis na cidade de São Paulo. Palavras chaves : Contaminação, meio ambiente, postos, combustíveis. 1. INTRODUÇÃO Os postos revendedores de combustíveis representam uma das maiores fontes de impactos ao meio ambiente, caracterizada por vazamentos de derivados de petróleo e bicombustíveis no solo onde estão alojados os respectivos tanques dos Sistemas de Abastecimento de Combustíveis (SAC’s) (LOUREIRO et al., 2002). Vazamentos em postos de combustíveis provocam grandes problemas ao meio ambiente, principalmente no que diz respeito à contaminação de águas subterrâneas (PROMMER; BARRY; DAVIS, 1999). Em função de muitos tanques terem mais de 25 anos de uso, acredita-se que a possibilidade de ocorrerem vazamentos é extremamente grande, principalmente pelo surgimento de rachaduras ou corrosão (TIBURTIUS; PERALTA-ZAMORA; LEAL, 2004). A contaminação de águas subterrâneas por hidrocarbonetos, provenientes de postos de abastecimento de combustível, tem sido objeto de crescente preocupação dos organismos ambientais de todo o mundo (U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1997). O composto Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos (BTEX), presentes nesses combustíveis, são altamente tóxicos à saúde humana e podem inviabilizar www.conepetro.com .br (83) 3322.3222 [email protected]

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ANALISE DA CONTAMINAÇÃO DE SOLO POR POSTOS DECOMBUSTÍVEIS

Fernanda Maciel Farias1, João Evangelista Neto1, José Carlos Fernandes de Freitas Junior1, Luciano

Souza Pereira1, Jasminie da Silva Camilo1, Italo Willians da Rocha Valente1, Edry Antonio Garcia

Cisneros2, José Costa de Macêdo Neto3, Weberson Santos Ferreira4

1 Universidade do Estado de Amazonas, EST, Coordenação de Petróleo e Gás- [email protected] Universidade do Estado de Amazonas, EST, Coordenação de Engenharia Mecânica- [email protected]

3 Universidade do Estado de Amazonas, EST, Coordenação de Engenharia de Materiais- [email protected] Universidade Federal do Amazonas, UFAM, PPGEE- [email protected]

RESUMOOs postos revendedores de combustíveis representam uma das maiores fontes de impactos ao meioambiente, caracterizada por vazamentos de derivados de petróleo e bicombustíveis no solo ondeestão alojados os respectivos tanques dos sistemas de abastecimento de combustíveis. Acontaminação de águas subterrâneas por vazamentos em postos de combustíveis é uma preocupaçãocrescente no Brasil e mais antiga nos Estados Unidos e Europa. As indústrias de petróleo lidamdiariamente com problemas decorrentes de vazamentos, derrames e acidentes durante a exploração,refino, transporte e operações de armazenamento do petróleo e seus derivados. No Brasil existemaproximadamente 35 mil postos de combustíveis, sendo que a maioria foi construída na década de70, com uma média de vida útil de 25 anos para tanques subterrâneos, supõe-se que eles já estejamcomprometidos. No ano de 2007 o consumo de álcool, gasolina e diesel foi de 9, 24 e 41 milhões dem3, respectivamente, sendo que os postos respondem por 63% das áreas contaminadas em SãoPaulo. Neste trabalho é realizada uma analise da contaminação pelos postos de combustíveis nacidade de São Paulo.

Palavras chaves: Contaminação, meio ambiente, postos, combustíveis.

1. INTRODUÇÃO

Os postos revendedores de combustíveisrepresentam uma das maiores fontes deimpactos ao meio ambiente, caracterizada porvazamentos de derivados de petróleo ebicombustíveis no solo onde estão alojados osrespectivos tanques dos Sistemas deAbastecimento de Combustíveis (SAC’s)(LOUREIRO et al., 2002).

Vazamentos em postos de combustíveisprovocam grandes problemas ao meioambiente, principalmente no que diz respeitoà contaminação de águas subterrâneas(PROMMER; BARRY; DAVIS, 1999). Em

função de muitos tanques terem mais de 25anos de uso, acredita-se que a possibilidade deocorrerem vazamentos é extremamentegrande, principalmente pelo surgimento derachaduras ou corrosão (TIBURTIUS;PERALTA-ZAMORA; LEAL, 2004).

A contaminação de águas subterrâneas porhidrocarbonetos, provenientes de postos deabastecimento de combustível, tem sidoobjeto de crescente preocupação dosorganismos ambientais de todo o mundo (U.S.ENVIRONMENTAL PROTECTIONAGENCY, 1997). O composto Benzeno,Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos (BTEX),presentes nesses combustíveis, são altamentetóxicos à saúde humana e podem inviabilizar

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a exploração de aquíferos por elescontaminados e, consequentemente, os corposde água utilizados, principalmente para oconsumo humano. Além disso, o BTEXapresenta características de toxicidade para avida aquática, pela contaminação direta dacamada superficial do solo, e percolamento dolençol freático. Outro dado relevante sobreesse produto é que ele é altamente inflamávele seus vapores e fumos de combustão tambémprovocam contaminação do ar.

A contaminação de águas subterrâneaspor vazamentos em postos de combustíveis éuma preocupação crescente no Brasil e maisantiga nos Estados Unidos e Europa(SUGIMOTO 2004).

As indústrias de petróleo lidamdiariamente com problemas decorrentes devazamentos, derrames e acidentes durante aexploração, refino, transporte e operações dearmazenamento do petróleo e seus derivados(CORSEUI; MARINS, 1997). No Brasilexistem aproximadamente 35 mil postos decombustíveis, conforme o Anuário Estatístico(2007), sendo que a maioria foi construída nadécada de 70. Com uma média de vida útil de25 anos para tanques subterrâneos, supõe-seque eles já estejam comprometidos. No ano de2007 o consumo de álcool, gasolina e dieselfoi de 9, 24 e 41 milhões de m3,respectivamente ANP (2008). De acordo coma CETESB, os postos respondem por 63% dasáreas contaminadas em São Paulo(SUGIMOTO, 2004).Este trabalho tem como objetivo geral oestabelecimento de uma analise dacontaminação pelos postos de gasolina nacidade de são Paolo.

2. METODOLOGIA

Materiais e Métodos

A metodologia desenvolvida para odesenvolvimento do trabalho esteve baseadana coleta de informação diversas das fontescomo as bases de dados Scielo, Lilacs,

Bireme e DeCS e outras documentaçõescomo leis, regulamentos e disposiçõespróprias da área de pesquisa.

Foi utilizado o método de análise e síntesesda informação disponível, assim como ométodo de indução - dedução da informaçãopara o estabelecimento da sistematicidadenos critérios de sustentabilidade que devemconter os postos de combustíveissustentáveis.

Para obter as informações referentes aostipos de contaminantes, tipos de remediação,fontes de contaminação, em postos decombustíveis foi realizada ampla pesquisaem bases de dados renomadas e no site daCompanhia Ambiental do Estado de SãoPaulo (CETESB) foram coletados váriosdados relevantes, entre eles o Relatório Anualde Áreas Contaminadas (2012) e outraspublicações de referência sobre o tema.

No caso da documentação legislativa eregulamentadora podem se relacionar:

A Lei nº 7.804, de 18/07/89, as Resoluções273 e 237 da CONAMA, a Lei Federal9.605/98, regulamentada pelo Decreto3.179/99, a Norma ABNT NBR no

13.786:2005 a Norma ABNT NBR no

13.212:2007, a Lei n° 9.605, que caracteriza edefine as sanções penais e administrativasaplicáveis aos responsáveis, diretos e/ouindiretos, por crimes ambientais de todanatureza entre outras.

Os postos revendedores de combustíveisrepresentam uma das maiores fontes deimpactos ao meio ambiente, caracterizada porvazamentos de derivados de petróleo ebicombustíveis no solo onde estão alojadosos respectivos tanques dos Sistemas deAbastecimento de Combustíveis (SAC’s)(LOUREIRO et al, 2002).

A Lei nº 7.804, de 18/07/89 determinou aoInstituto Brasileiro do Meio Ambiente –IBAMA a atribuição de homologar olicenciamento nos casos que venham a serdeterminados pelo Conselho Nacional doMeio Ambiente - CONAMA e conceder

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licença para atividades, cujos impactospassam a ser considerados de âmbitonacional ou regional.

A referida lei também conservou os preceitosmodernos de descentralização do controle eda proteção do meio ambiente, determinando:

A obrigatoriedade do licenciamentoprévio;

A submissão à fiscalização e aocontrole ambiental de pessoasjurídicas, de direito público ouprivado;

O condicionamento definanciamentos e incentivosgovernamentais ao préviofinanciamento dos projetos;

A descentralização administrativapara implementar o licenciamento;

A adoção de princípios democráticosde divulgação, de publicidade e deinformação dos pedidos de licença,sua renovação e respectiva concessão;

A adoção de um amplo conceito depoluição, relacionado à degradação dequalquer dos fatores ambientais dosmeios físicos, bióticos e antrópicos;

A inclusão, nos objetivos doPrograma Nacional de MeioAmbiente – PNAMA da imposição aopoluidor ou predador da obrigação derecuperar e indenizar por danoscausados a terceiros.

A resolução CONAMA no. 237, de 2000alteraram, em vários pontos, o sistema delicenciamento ambiental vigente, segundo oque consta nos itens abaixo:

-Define a distribuição de competência paralicenciar entre o IBAMA, os órgãos estaduaise os órgãos municipais do meio ambiente;-Esta distribuição de competências tem sidomotivo de discussão quanto àconstitucionalidade da CONAMA, no que dizrespeito à legalidade proposta pela ResoluçãoNo.237/97, por não ter força de lei, o quecausa a quebra de hierarquia das leis.

-Limitou a competência dos órgãos estaduaisde meio ambiente às atividades localizadas,cujos impactos ambientais alcancem mais deum município;-Criação de unidades de conservação dedomínio estadual;-Proteção de florestas e demais formas devegetação natural de preservaçãopermanente;-Compete aos Municípios o licenciamento damaior parte das atividades, incluindo todasaquelas cujos impactos são localizados e asque forem delegadas pelo Estado (apesar dafalta de estrutura e capacitação técnica);Diz-se que a descentralização dessas licençasvai evitar:-A sobreposição de competências;-A otimização do uso dos recursos públicos;-Aumentará a eficácia do controle ambiental;Simplificará o processo de licenciamentoambiental;-Consolidará e favorecerá a cooperaçãotécnica entre os órgãos municipais eestaduais do Meio Ambiente;-Realizará o licenciamento em um úniconível, evitando problemas nos Estados quepossuem leis específicas para olicenciamento e a avaliação de impactosambientais (que é também o caso do Estadodo Amazonas).-A validade das licenças varia de acordo comas normas vigentes no Estado em que selocalizao tipo de empreendimento e adsituação ambiental da área, obedecendo aoslimites máximos e mínimos estabelecidos: -LP (Licença de Prévia), prazo mínimo: oestabelecido pelo cronograma do projetoapresentado; prazo máximo: não superior a 5anos.-LI (Licença de Instalação), prazo mínimo:de acordo com cronograma de instalação daatividade; prazo máximo: não superior a 6anos.-LO (Licença de Operação), prazo mínimo: 4anos; prazo máximo: 10 anos.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Estudo de caso: São Paulo.

Em maio de 2002, a Companhia deTecnologia de Saneamento Ambiental-CETESB divulgou, pela primeira vez, a listade áreas contaminadas, registrando aexistência de 255 áreas contaminadas noEstado de São Paulo. O registro dessas áreasvem sendo constantemente atualizado e após6 atualizações (outubro de 2003, novembrode 2004, maio de 2005, novembro de 2005,maio de 2006, novembro de 2006), o númerode áreas contaminadas totalizou, emnovembro de 2006, 1.822 áreas. Na Tabela 1é apresentado de forma clara essa realidadedrástica.

Tabela 1 - Áreas contaminadas no Estado deSão Paulo - Novembro de 2006.

Para a distribuição das áreas contaminadasforam consideradas as seguintes regiões:

São Paulo: capital do Estado;

Região Metropolitana de São Paulo – RMSP;outros: 38 municípios da RegiãoMetropolitana de São Paulo, excluindo-se acapital;

Litoral: municípios do Litoral Sul, BaixadaSantista, Litoral Norte e Vale do Ribeira;

Vale do Paraíba: municípios do Vale Paraíbae da Mantiqueira;

Interior: Os municípios não relacionadosanteriormente. É extremamente elevado onúmero de áreas contaminadas por postos decombustíveis, como pode ser observado o

destaque na lista de áreas contaminadas noestado de São Paulo, de novembro de 2006,com 1.352 registros (74% do total), seguidosdas atividades industriais com 279 querepresentam 15% desse total; das atividadescomerciais com 105 registros (6%), dasinstalações para destinação de resíduos com66 (4%), e dos casos de acidentes e fonte decontaminação de origem desconhecida, com20 registros (1%) (CETESB, 2006).

O aumento constante do número de áreascontaminadas vem ocorrendo, devido à máqualidade dos sistemas dos PRC’s,principalmente os antigos, a ação rotineira defiscalização e licenciamento vem detectandoos problemas com mais eficiência não apenasnos postos de combustíveis, como tambémnas indústrias, comércio. Nos casos em quesão evidenciadas irregularidades, érecomendado o tratamento e disposição deresíduos. No caso de acidentes, os infratoressão identificados como responsáveis,notificados, multados, e obrigados a repararos danos ambientais, dentro de um prazoestabelecido para cada caso.

A contribuição de 73% do número total deáreas contaminadas, registradas atribuídasaos postos de combustíveis, é resultado dodesenvolvimento do programa delicenciamento que se iniciou em 2001, com apublicação da Resolução CONAMA nº 273de 2000. No atendimento à Resolução, oórgão ambiental conta com o apoio esugestões da Câmara Ambiental do Comérciode Derivados de Petróleo, que é um fórumque congrega técnicos da CETESB erepresentantes do setor de combustíveis, daindústria de equipamentos e das empresas deconsultoria ambiental. A CETESBdesenvolveu e vem conduzindo esteprograma, que dentre outras ações, exige arealização de investigação confirmatória,com o objetivo de verificar a situaçãoambiental do empreendimento a serlicenciado, bem como a realização da trocados equipamentos com mais de 15 anos deoperação. Esse programa prevê, para até

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2007, a convocação ao licenciamento de todaa rede de cerca de 9.000 postos de todo oEstado. Até o momento, já foram convocados6.000 postos, o que demonstra a amplitudedo programa e esforço da CETESB noenquadramento da atividade ao licenciamentoambiental. A contaminação por combustíveisocorre, principalmente, por falta de cuidadosnos postos de abastecimento, geralmentedevido aos defeitos na estrutura do tanque ena hora do abastecimento e descarregamentodo combustível (LOUREIRO, 2002). Essesprodutos são muito prejudiciais, tanto para asaúde humana quanto para a fauna e a flora,gerando riscos físicos, químicos eambientais.

Para que este problema seja evitado, énecessário que os postos revendedores decombustível tomem certos cuidados. Dentreeles, podem-se citar cuidados na estruturados tanques de armazenamento, no tipo depiso nas áreas de abastecimento edescarregamento, na manutenção das bombase na movimentação do estoque decombustíveis, para evitar vazamentos. Étambém necessário que sejam realizadasmedições periódicas de gases e vapores emamostragens do solo e da água subterrânea.

Os PRC’s são considerados potencialmentepoluidores, principalmente por suasinstalações geralmente estarem envoltas amuitos empreendimentos comerciais,residenciais e parafernálias, tais como,tubulações, válvulas e tanques dearmazenamento subterrâneo de combustíveisque ficam em contato direto com o solo,principalmente os tanques antigos, nãojaquetados, por não terem um tratamentoanticorrosivo eficaz. Na ocorrência dequalquer vazamento, o solo e o lençolfreático podem vir a ser afetados e ficaremseriamente contaminados. Por isso, alegislação para o uso deste equipamento, bemcomo as exigências relativas à suafabricação, é bastante rigorosa, segundo asnormas da Associação Brasileira de NormasTécnicas, nesse caso a norma ABNT NBR nº

13.312: 2007 que é específica para esseproduto.

A norma ABNT NBR no.13.786:2005estabelecem os critérios de classificação dospostos de serviço. Neste estudo, todos ospostos revendedores de combustíveis serãoconsiderados como pertencentes à classe 3.Para esta classe, a legislação vigente,determina que todos os tanques enterradostenham parede dupla e um equipamento demonitoramento intersticial, sendo tambémnecessário instalar um dispositivoantitransbordante. Em resumo, essa resoluçãodetermina a aplicação da Norma ABNT NBRno 13.786: 2005, que determina osequipamentos mínimos a serem instaladosnos postos.

Os tanques, denominados jaquetados, devemser fabricados de acordo com a Norma ABNTNBR no. 13.212:2007, e terem passado portodos os testes de resistência e desgaste,previstos pela referida norma. Conforme aResolução no. 237 de 2000 da CONAMA, osórgãos estaduais e municipais de controleambiental são responsáveis pela fiscalização,pelo fornecimento de licenças de operaçãopara estabelecimentos, e podem fazerexigências mais rigorosas para os PRC’s deacordo com a classificação dos mesmos. Istosignifica que os tanques de todos os novospostos instalados devem ser fabricados deacordo com as Normas da ABNT, a saber:NBR no. 13.785 ou NBR no. 13.212: 2007,conforme o caso. Os postos que já estão emoperação, mas possuem tanques fora destaespecificação, têm de promover as reformasnecessárias dentro de um prazo determinadopelo órgão estadual competente.

A resolução do CONAMA no. 237 de 2000aplicam-se a qualquer tipo deestabelecimento possuidor de tanquesenterrados: postos revendedores, postos deabastecimento, Terminais de RevendaRetalhistas (TRRs) empresas de ônibus etransportadoras, entre outras. As multas porcontaminação ambiental são bastanteelevadas, e os custos para correção de

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eventuais passivos ambientais são altíssimos,o que muitas vezes acaba inviabilizando acontinuidade de operação do posto. Por isso,é imprescindível que os revendedores (tantoos independentes, que são proprietários dosequipamentos quanto os que mantêmcontratos com uma companhia) tenhamcerteza sobre as características do tanque queestá instalado em seu posto.

Para garantir que os equipamentos fornecidosestejam em conformidade com as normasvigentes de fabricação, a CONAMAdeterminou, também, a necessidade decertificação.

No dia 13 de fevereiro de 1998 foi publicada,no Diário Oficial da União, a Lei n° 9.605,que caracteriza e define as sanções penais eadministrativas aplicáveis aos responsáveis,diretos e/ou indiretos, por crimes ambientaisde toda natureza. Esta lei foi consideradacomo um grande avanço, em termos delegislação ambiental no Brasil, pois abrangeos crimes contra a fauna, a flora, oordenamento urbano e o patrimônio cultural,a poluição em quase todas as suasexpressões, a disseminação de doenças oupragas, entre outros aspectos. Ela nãorestringe a culpa ao executor do crime nem àpessoa física exclusivamente. Ao caracterizara infração, a responsabilidade, assim como aspenas e multas, pode envolver pessoas físicase jurídicas de vários níveis, bem comomembros do órgão responsável pelaadministração ambiental, sempre que forcomprovada a co-responsabilidade. Alémdisso, as pessoas jurídicas serãoresponsabilizadas administrativas, civil epenalmente, nos casos em que a infração forcometida por decisão de seu representantelegal ou contratual, no interesse ou benefíciode sua entidade.

Embora os valores das multas aplicáveis acada caso, bem como o detalhamento dassanções devam ser estipulados emregulamentação própria, a lei já adiantaalgumas regras. Por exemplo, as infraçõesadministrativas poderão gerar multas de até

50 milhões. Quanto às penas gerais previstas,estas incluem prisão e restrição de direitos,que implicam na prestação de serviços àcomunidade, interdição temporária dedireitos, suspensão total ou parcial dasatividades, prestação pecuniária erecolhimento domiciliar. Quando trataespecificamente da pessoa jurídica, a leiprevê, inclusive, de modo cumulativo: aspenas de multa, prestação de serviços àcomunidade e restrição de direitos. Nesseúltimo caso, há suspensão total ou parcial deatividades, interdição temporária deestabelecimento, obra ou atividade, proibiçãode contratos com o Poder Público ou de deleobter qualquer tipo de benefícios por umprazo de até 10 anos.

No que diz respeito à prestação de serviços àcomunidade, tal punição consiste em custeiode programas e de projetos ambientais,execução de obras de recuperação em áreasdegradadas, manutenção de espaços públicose contribuições a entidades ambientais ouculturais públicas. A Lei federal no. 9.605 de13/02/1998 é soberana, quando inexistelegislação estadual ou municipal ambientalpara reger o tema, ou ainda no tocante aaspectos em que estas instâncias são omissasou mais brandas. Por outro lado, os postos deserviços, por sua atividade específica derevenda de combustíveis, estão sujeitos àdisciplina e fiscalização do Ministério dasMinas e Energia (MME), na figura daAgência Nacional do Petróleo, Gás Natural eBiocombustíveis (ANP). A referida lei deveráser aplicada somente ao segmento dos PRC’s,bem como a outros grupos relacionados como setor do petróleo, se houver poluiçãoambiental por ato ou omissão dolosa (quandofor assumido o risco pelo resultado), ouculposa (em qualquer de suas modalidades:negligência, imprudência e imperícia).

Assim, as normas ditadas pelo ConselhoNacional do Meio Ambiente (CONAMA) epelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente(IBAMA), como a exigência da aprovação deestudos e relatórios de impacto ambiental

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para a concessão de licença defuncionamento e de pagamento de taxas,como a de atividades potencialmentepoluidora, não são aplicáveis ao segmento,por interferirem com a regulamentaçãoespecífica do exercício da atividade, que é dacompetência exclusiva da ANP.

4. CONCLUSÕES

Com base no exposto, podemos concluir quea crescente perda de qualidade da água econtaminação de solo, devido à açãoantrópica intensificada nas últimas décadas,pode inviabilizar a utilização futura dessesrecursos naturais, se o poder público foromisso. O número elevado de postos decombustíveis e a idade avançada de grandeparte dos tanques de armazenamento decombustíveis, justificam a preocupaçãoquanto à poluição ambiental causadas porpostos de revenda de combustíveis.Embora, atualmente existam técnicasavançadas de remediação de ambientescontaminados, a prevenção ainda é a melhorforma de conservação destes recursos.Faz-se necessário uma atuação efetiva doPoder Público por meio de legislações maisrestritivas no que tange ao licenciamento,monitoramento e fiscalização de postos esistemas de armazenamento de combustíveis.

5. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio da Fundação deAmparo à Pesquisa do Estado do Amazona(FAPEAM), Universidade do Estado doAmazonas (UEA) e a Universidade Federaldo Amazonas (UFAM) pela geração dosresultados e pelo fomento às atividades depesquisa e desenvolvimento.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA.A evolução da gestão dos recursos hídricosno Brasil. Edição Comemorativa do DiaMundial das Águas. Brasília: AgênciaNacional de Águas, 2002.

AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO –ANP. Fiscalização. Brasília: ANP, data,16/04/2009. Disponível em:<http://www.anp.gov.br/doc/fiscalizacao/fiscaliza_sp.pdf> Acesso em: 17/04/2009.

AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO –ANP. Agência Nacional de Petróleo. Portariano 116, de 5 de julho de 2000. Brasília: ANP.Disponível em:<http://www.mj.gov.br/dpdc/servicos/legislacao/pdf/portaria%20n116_anp.pdf> Acessoem: 10/03/2008.

AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO –ANP. Anuário estatístico, 2006. Brasília:ANP, 2006. Disponível em:<http://www.anp.gov.br/conheca/anuario2006.asp>. Acesso em: 10/09/2008.

ALMEIDA, Josimar Ribeiro et al. Períciaambiental judicial e securitária: impacto,dano e passivo ambiental. Rio de Janeiro:Thex, 2006.

ALMEIDA, Josimar Ribeiro et al. Política eplanejamento ambiental. 3a. ed. revista eatualizada. Rio de Janeiro: thex, 2006.

ALONSO, R. Áreas contaminadas crescemna região. Folha de São Paulo, 05 de abril de2009. Disponívelem:<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/riberao/ri1512200802.htm> Acesso em:17/04/2009.

AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE -API. BTEX: 1993. Disponível em:<http://api-ec.api.org/frontpage.cfm>. Acessoem: 10/08/ 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. Posto de serviço:armazenamento de líquidos inflamáveis ecombustíveis – Posto revendedor veicular(serviço) – Construção de tanqueatmosférico subterrâneo em aço carbono:

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NBR 13.312: 2007. Rio de Janeiro: ABNT,2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. Posto de serviço: manuseio einstalação de tanque subterrâneo decombustíveis: NBR 13.781: 2001. Rio deJaneiro: ABNT, 2001 a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. Posto de serviço: manuseio einstalação de tanque subterrâneo decombustíveis – NBR 13.781:2001. Rio deJaneiro: ABNT, 2001 d.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. Posto de serviço: seleção deequipamentos e sistemas para instalaçõessubterrâneas de combustíveis: NBR13.786:2005. Rio de Janeiro: ABNT, 2001 b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. Posto de serviço: tubulaçãonão-metálica: NBR 14.722:2001. Rio deJaneiro: ABNT, 2001 c.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. Posto de serviço: tubulaçãonão-metálica – NBR 14.722:2001. Rio deJaneiro: ABNT, 2001 e.

BRASIL. Agência Nacional do Petróleo.Anuário Estatístico 2007. Seção 3 –Comercialização. Em:http://www.anp.gov.br/conheca/anuario_2007.asp. Consultado em: 14 de abril de 2008.

BRASIL. Agência Nacional do Petróleo.Dados Estatísticos. Venda de Combustíveis.Em:http://www.anp.gov.br/petro/dados_estatisticos.asp. Consultado em: 14 de abril de 2008.

BRASIL. Conselho Nacional do MeioAmbiente. Resolução 273. Publicada em 29de novembro de 2000.BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 518.Capítulo IV. Tabela 3 – Padrão de

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