análise conversacional de imagens ielp 2012 ipod

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1 Sumário: Resumo e Introdução Pág. 2 Marcadores Pág. 3 A Noção de Face de Erving Goffman Pág. 4 A noção de Face e Cortesia por Brown e Levison Pág. 5 A Descortesia Verbal Pág. 8 Análise do corpus marcadores e teoria da face - 9 Considerações Finais Pág. 13 Referências Bibliográficas Pág. 13

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Análise Conversacional em Português

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1 Sumrio: Resumo e Introduo Pg. 2 Marcadores Pg. 3 A Noo de Face de Erving Goffman Pg. 4 A noo de Face e Cortesia por Brown e Levison Pg. 5 A Descortesia Verbal Pg. 8 Anlise do corpus marcadores e teoria da face - 9 Consideraes Finais Pg. 13 Referncias Bibliogrficas Pg. 13

2 Anlise Conversacional de Imagens: Uma Abordagem Contempornea Karoline Neves Sousa, Cludio Yuji Hanhu, Djamila Oliveira FFLCH / USP. Resumo: Neste artigo se analisar a aplicao da teoria da face (preservao e transgresso de imagem) emumtextofaladocombasenateoriademarcadoresconversacionaisdeHudinilsonUrbano,na definiodeDescortesiaVerbaldeDianaLuzPessoaBarrosenanoodefacedeErvingGoffmane BrowneLevison,analisando-seautilizaodemarcadoresconversacionaisnapreservaoou transgresso de imagem assim como a manipulao por parte dos participantes da conversa. O resultado um sincrtico derelao entrea utilizao de marcadores conversacionais comobjetivo de defesa da faceeautilizaodedescortesiaparaumataquecontraooutro,ondeautilizaodosmarcadores denota uma preservao da prpria imagemea descortesia comoforma dedefesa, ainda queutilizada contra o prprio enunciador. Palavras-chave: Marcadores, anlise, face, descortesia. Nesteartigo,pretende-seprimeiramenteentenderapresenadateoriadafaceemum textooral,apoiadosobreumtextoescrito.Maisdoqueumaabordagemacercadas estratgias utilizadas por cada um dos participantes, ser uma anlise tendo como base as novas formas de defesa de imagem por parte dos participantes e tendo como principal contexto um meio de comunicao em rede, a Internet. Emsegundo,aanlisetercomocorpusumvdeogravadoemtemporealdestinadoa umaredesocial,comduasfalantesdialogandoentresiecommembrosdeumchat escrito que visualizado constantemente por elas no computador. Considera-se,tambm,queseanalisarcomoosparticipantesdavdeo-conferncia utilizaramdoprpriocontextodessatransmissoafavordapreservaodesuas imagens,assimcomodaprpriautilizaodeterceirosedosargumentosdos participantes do chat em favor de transgredir ou preservarem as suas prprias imagens durante todo o vdeo. Paraisso,identificara-seosmarcadoresconversacionaiseasdescortesiasutilizadas pelos participantes para compreender como as mesmas elaboram as suas estratgias. Diantedessesparmetros,irseverificarquaisforamasestratgiasutilizadaspelas participantes,assimcomoaformaqueseutilizaramdetaiselementosdafalaeda descortesiaparaconvencerememanipularemosseusexpectadoresaassimilarema imagem que as duas desejam transmitir. 3 Marcadores Os marcadores conversacionais tambm exercem papel importante no que diz respeito teoriadaface.Apartirdesseselementospodemosobservarecaracterizarsinaisde polidez ou ameaa, de acordo com o contexto do corpus analisado. DeacordocomHudinilsonUrbano(2010:93),podemosdefinirosmarcadores conversacionais da seguinte maneira: (...)Trata-sedeelementosdevariadanatureza,estrutura,dimenso, complexidadesemntico-sinttica,aparentementesuprfluosouat complicadores,masdeindiscutvelsignificaoeimportnciaparaqualquer anlise de texto oral e para sua boa e cabal compreenso. (Urbano, Hudinilson-2010) Dessa maneira, tais elementos, apesar de passarem despercebidos em alguns momentos, so fatores que interferem na compreenso textual em variados nveis da comunicao, principalmentetratando-sedetextosrelacionadosoralidade,emquemarcadores especficos se tornam presentes e tem funes de extrema importncia, principalmente, nosdilogos.Nessecaso,ainteraoentreosinterlocutoresapresentadiversos marcadores que favorecem a comunicao e introduzem o objetivo de cada enunciado. Dentrodateoriadaface,osmarcadoressoutilizadosnoapenasparademonstrar polidezeameaa,mastambmcomoumaformadeaumentaroudiminuiro comprometimentodolocutorcomoenunciadoemitido;explicitaopinies,corrige ideias,transmiteconceitosealterapossveiscompreensesambguasquepossam comprometer a face positiva ou negativa. Essesrecursos,nosdiversosdilogos,exercemfunesqueindicamimpessoalidade, rejeio,opinio,alusoaterceiros,comentriosconclusivos,entreoutros.Todos estabelecendorelaescomaface,poisafetamdiretamenteasignificaodo enunciado,marcamumapossvelopiniosobredeterminadoassunto,mastambm afastamaopiniodolocutordecitaesqueestepossaterfeitodeterceirosemseus dilogos ou em um enunciado. 4 Podemos observar que, de modo espontneo, em dilogos cotidianos, que os locutores e enunciadores tambm se utilizam de tais recursos para resguardar de possveis ataques, diminuindo seu comprometimento diante de assuntos polmicos. Utilizando-sedadefiniodemarcadoresconversacionais,eobtendoconhecimento sobresuaimportnciaefunesatribudasemumdilogo,pode-seanalisar detalhadamente um corpus levando-se em considerao todos os seus aspectos, e como o locutor e enunciador interagem entre si, utilizando recursos que possam comprometer ou preservar sua imagem. A noo de Face de Erving Goffman. A face foi definida por Erving Goffman (1970), como sendo a autoimagem pblica por qual os interactantes em suas relaes interpessoais estabelecem em convvio social. Para o socilogo, quando h o contato com o outro, o interactante tenta preservar sua autoimagem pblica perante ao outro sujeito da interao, assim como por todo meio social que est envolto a si.Pode definir-se o termo face como o valor social positivo que uma pessoa reclama efetivamente para si por meio da linha que os outros supem que ela seguiu durante determinado contato. A face a imagem da pessoa delineada em termos de tributos sociais aprovados, ainda que se trate de uma imagem que outros podem compartilhar, como quando uma pessoa enaltece sua profisso ou sua religio graas a seus prprios mritos (GOFFMAN, Erving, 1970: 13) A linha o modelo de atos verbais e/ou no verbais por qual exposto o ponto de vista dos sujeitos envolvidos na interao. atravs dela que se depreende o ato de interao assim como se feito a avaliao dos participantes e de sua prpria atuao no processo interacional. A face errada em uma interao se d quando o interactante no apresenta uma linha consistncia com sua autoimagem, seu oposto, ou seja, a face correta quando o interactante est firme sobre a linha que toma.Durante a interao possvel observar que em diversos momentos os interactantes do dilogo criam uma ruptura no processo interacional, ou seja, durante o processo interacional os interlocutores nem sempre conseguem demonstrar a imagem pblica desejada, o que leva a uma ameaa a face do outro, e em alguns casos pode criar um conflito real entre os sujeitos. Com isso o individuo constri dois pontos de vista. Um 5 visa a proteo da prpria face, enquanto a outra visa preservar a face do outro. Quando a invaso de territrio, ou seja, h uma ameaa a face alheia, o individuo pode utilizar de procedimentos, que Goffman denomina como face-work, para neutralizar as ameaas a face. O fato de algum entrar em contato com outros constitui uma ruptura de equilbrio social pr-existente e, assim, representa uma ameaa virtual a auto-imagem pblica construda pelos participantes do ato conversacional. [...] designa por processos de representao (face-work) os procedimentos destinados a neutralizar as ameaas (reais ou potenciais) face dos interlocutores ou restaurar a face dos mesmos. (GALEMBECK, 2005: 174) Segundo Goffman, h trs tipos de casos que ameaam a face: a ameaa involuntria, quando no h a inteno de ofender o outro; a ameaa premeditada, qual o sujeito tem inteno clara de atingir o outro por rancor e a terceira a ameaa possvel, quando no h a inteno de ofender diretamente, mas cincia que se trata de um assunto que possa causar incomodo ao interlocutor. A noo de Face e Cortesia por Brown e Levison. Brown e Levison no desvirtuam a ideia de face que Gollfman construiu, os autores ampliaram este conceito e incluem a ideia de face negativa e de face positiva ao conceito anterior. Segundo os mesmos, todo o ser social constitudo com essas duas faces. Face negativa: envolve a no contestao da face, ou seja, a liberdade do individuo no ter seus atos impedidos pelo outro, sendo assim, a face negativa implica a no imposio do outro. Face positiva: representa o eu-social, ou seja, a auto-imagem pblica que necessita da aprovao social. Brown e Levison dividiram os atos de ameaa a face em quatro categorias: 1. Atos que ameaam a face positiva do destinatrio: desaprovaes, acusaes, crticas, refutaes, censuras, insultos, escrnios e outros comportamentos vexatrios.6 2.Atos que ameaam a face negativa do destinatrio: elogios, ofensas, agresses, perguntas imprprias, pedidos, ordens, proibies, conselhos e outros atos contrrios e proibitivos;3. Atos que ameaam a face positiva do emissor: autoconfisses, desculpas, autocrticas, e outros comportamentos auto-degradantes;4.Atos que ameaam a face negativa do emissor: agradecimentos, excusas, aceitao de ofertas. Promessas, pelas quais empenhamo-nos em fazer, em um futuro prximo ou distante, contanto que se evite lesar o territrio prprio;Para os autores, a imagem social vulnervel, por tanto, para manter a prpria face e a do outro, os interactantes se utilizam de algumas estratgiasque servem para manter o equilbrio entre as partes e manuteno da face. 1. On record: o locutor tem a inteno de assumir seu ato lingustico, de se comprometer diante do que fala.2. Off record: o locutor evita responsabilizar-se por seus enunciados, tenta no se comprometer diante dos atos ameaadores de face que produz na interao. Deixa ao seu interlocutor a responsabilidade de interpretao do que enuncia.3. Bald on record: o locutor no est muito preocupado em como dizer alguma coisa, mas no que diz. Tem o objetivo maior de comunicar algo, no dando ateno forma como uma determinada mensagem por ele transmitida. O uso de verbos no imperativo um exemplo deste tipo de realizao comunicativa. Estratgias de cortesia positiva: se trata de mtodos para manter a face positiva do interlocutor, com objetivo de traar uma interao ostentosa, qual gere admirao pelo mesmo. a) Veicular que o interlocutor admirvel, interessante:estratgia 1 interlocutor; estratgia 2 exagerar a aprovao, a simpatia;estratgia 3 intensificar o interesse.7 b) Reivindicar acolhimento do grupo:estratgia 4 usar marcas de identidades do grupo.estratgia 5 buscar concordncia;estratgia 6 evitar discordncia;estratgia 7 pressupor, levantar terreno em comum;estratgia 8 fazer brincadeiras estratgia 10 fazer ofertas;c) Veicular que locutor e interlocutor so cooperativos:estratgia 11 manifestar atitude de otimismo;estratgia 12 incluir locutor e interlocutor na atividade;estratgia 13 apresentar (ou perguntar por) razes;estratgia 14 assumir ou declarar reciprocidade.d) Satisfazer o desejo do interlocutor:estratgia 15 dar presentes ao interlocutor (simpatia, cooperao). Indiretividade (off Record):se trata de mtodos para manter um distanciamento do ouvinte, assim como se auto preservar. Tambm utilizado para ameaa a face do interlocutor, evitando seu comprometimento ao abrir diversas possibilidades de interpretao ao seu ato de fala. Estratgia 1. Dar pistas.Estratgia 2. Dar chaves de associao.Estratgia 3. Pressupor.8 Estratgia 4. Diminuir a importncia.Estratgia 5. Exagerar, aumentar a importncia.Estratgia 6. Usar tautologias.Estratgia 7. Usar contradies.Estratgia 8. Ser irnico.Estratgia 9. Usar metforas.Estratgia 10. Fazer perguntas retricas.Estratgia 11. Ser ambguo.Estratgia 12. Ser vago.Estratgia 13. Hipergeneralizar.Estratgia 14. Deslocar o ouvinte.Estratgia 15. Ser incompleto, usar elipse. A Descortesia verbal. A semitica discursiva francesa defende que toda comunicao entre os sujeitos se baseia em uma forma de manipulao entre os mesmos, ou seja, o destinador oferece ao destinatrio procedimentos pelos quais o convena a fazer algo de seu prprio interesse, lembrando-se que pode ou no ser bem sucedido este processo. Para tal o destinatrio precisa ser convencido que o que lhe proposto corresponde a seus interesses ou que seu destinador confivel. H diversos procedimentos de manipulao, no entanto quatro deles se destacam entre os demais e estes so: a seduo; a tentao; a intimidao e finalmente a provocao. A provocao o procedimento de descortesia mais evidente, no entanto no o nico, a intimidao e, em alguns casos, a tentao tambm podem ser considerados meios pelos quais o destinatrio indica algum tipo de descortesia em seu discurso. 9 No discurso no qual a descortesia e a impolidez se destacam, os procedimentos contrrios preservao da face e tambm h uma atenuao na conversao pela falta delas. A cortesia e a polidez so atribudas como modo nico de se manter um convvio em sociedade e de se atribuir uma boa ou m educao ao sujeito, sendo assim, quem no cumpre com estas regras sociais um estranho em sociedade, em teoria, mas na prtica isso em suma no se aplica como total verdade. A impolidez e a descortesia, assim como a polidez e a cortesia, pertencem aos campos semnticos da civilidade e da urbanidade, ou do modo de se comportar em sociedade. Dizem respeito, portanto, s regras sociais que determinam as relaes de comunicao ou interao entre os sujeitos [...] A impolidez e a descortesia pressupem [...] que as regras sociais no foram corretamente cumpridas ou mesmo foram rompidas.(BARROS, Diana Luz Pessoa, 2008: 93) A provocao tambm est inserida nas regras socialmente estabelecidas, tendo papel de expor ou duvidar da capacidade de um sujeito, para que assim seja atribudo ao mesmo uma imagem negativa. A provocao, assim como a seduo, tambm abrange o campo semntico sentimental, causando ao provocado repulsa ou at mesmo paixo, isso varia de acordo com a situao em questo.Quando as relaes de descortesia e de impolidez so tratadas como provocao, dois aspectos so descortinados, alm da ruptura ou no cumprimento das regras sociais do bom comportamento: a questo emocional e moral da ofensa e da desonra, a maior sensibilizao sensorial e emocional do desencanto, da repulsa e do temor.(BARROS, Diana Luz Pessoa, 2008: 93) Sendoassim,adescortesiaconstituiumaimagemnegativadoeusocial,poisse utilizadetodososelementosquenoconstituemaboaposturadoindividuoem sociedade, no entanto, em um convvio social real, principalmente se h intimidade, este ideal no seaplica,ou seja, uma varivel apenas dos atos sociais eno uma represso destes. Anlise do corpus marcadores e teoria da face Pode-se notar a importncia da face preservao e agresso da imagem em situaes cotidianas,principalmenteemrelaoaalgumasregrasdeconvviosocial,emquea 10 polideznotratamentoouousodetermosofensivospodeafetaraimageme, consequentemente,oconvviodolocutorcomosdemaismembrosdesociedadeoude um grupo social especfico. Nesse caso, os marcadores assumem funes especficas, permitindo o uso de diversos recursos que atuam na compreenso do enunciado e, tratando-se de face, podem atenuar umdilogomaisagressivoouservirdeestratgiaparaatingirafacepositivaou negativadoprximo,semalterardrasticamenteasregrasdeconvvioepolidez existentes. Parademonstrartaiselementosesuasfunes,seranalisadaatranscriodeuma tweetcam; trata-se de um vdeo destinado a uma rede social, gravado em tempo real, em que os participantes interagem entre si e com os membros de um chat: L2:vocs podem achar que eu sou muito retardada...eu at sou... masnada mais retardado do que voc ter uma calcinha com a foto do Aoi ... gente... na boa... eu tenho pster do Aoi... eu gosto do Aoi... eu mando mention pro Aoi... mas no tenho uma calcinha com a foto do Aoi... porque... o cmulo... nem a Lorena que tem essa caralhada de foto na parede... nem ela... consegue ser to retardada (como essa pessoa) que tem a calcinha do Aoi L1: concordo... eh::... assim cara... tem umas pessoas a que to tretando com a gente... acho que principalmente comigo... porque t foda... t foda... meu cabelo rosa... eu sou preta eu sou gorda... ento t foda... ento::... voc? ... L2: no::... minha v... beijo Soul... deixa ela esfregar a cara do Aoi na buceta((lendo)) ... mano (j pensou) dormir com o Aoi na sua bunda? L1: gente... vocs tem que... [ L2: aDOraria:: L1: vocs tem que entender... imagina... voc t l com seu namorado num clima... a ele comea a tirar sua roupa... e no sei o que... no sei o que l... e de repente ele tira a sua saia a sua cala...ou outra coisa que voc esteja usando... o teu vestido... e ele v a foto do Aoi... L2: Pula::... em voc L1: o seu namorado vai brochar cara 11 L2: altamente brochante... a no ser... se o seu namorado no brochar... [ L1:vai brochar [ L2: a voc desconfia L1: ele gay L2: a fudeu... n amiga? L1: ele gay... se ele acharisso o mximo... ele gay L2: gente... a pessoa tem um quarto cheio de foto do Aoi... s do Aoi... [ L1: eu tenho de mais gente... t gente? Observandoatentamenteotrechodatranscrio,pode-senotarautilizaodealguns marcadores,queameaamaimagemedeumterceirocitadoduranteodilogo. Entretanto,umaspectomuitointeressanteaseranalisadoqueosrecursosutilizados para a ameaa da face do terceiro, a ameaa face dos prprios participantes. Segundo Brown e Levinson, esse recurso se enquadra nas categorias de ameaa a face. Ocorreaameaadafacepositivadodestinatrio,queconsisteemacusaes, desaprovaesecrticas;eaameaafacepositivadoemissor,quecompostapor autoconfisses, autocrticas e outros comportamentos degradantes. Transgredindoaprpriaimagem,olocutorparececoncederasimesmoodireitode afetar a imagem pblica do terceiro citado durante o dilogo. Tal artifcio pode no ser percebidoemumprimeiromomentomas,quandoanalisadoatentamente,possvel notar que a justificativa para tal ao acontece em partes. Essefenmenopodesernotadonoseguintetrecho:vocspodemacharqueeusou muitoretardada...euatsou...masnadamaisretardadodoque[...].Nessecasoos marcadoressoutilizadospara,respectivamente,indicarumasuposiodolocutor sobresuaimagempblicae,emseguida,confirm-la.Apsesseprocedimento,o locutorintroduzaargumentaoqueapresentadescortesia,ameaandoaimagemdo terceiro, mas essa sequncia atenua o ataque. 12 Esse aspecto mostra que a utilizao dos marcadores fundamental para a identificao de polidez ou descortesia em dilogos. Esse tipo de descortesia ocorre, principalmente, em conversas espontneas e cotidianas, em que o locutor deseja apenas enunciar algo, mas no utiliza a polidez, caracterizando umdilogoabertoquepodeameaarafacedeterceiros,dolocutoroudoenunciador. Esseaspecto,segundoBrowneLevinson,umamaneirademanterequilbrioe manuteno; a estratgia utilizada a bald on record, em que o locutor se preocupa em transmitir algo, mas no exatamente em como dito. Entretanto,osrecursosdescritosanteriormentedeixamosataquesemumtommais suave, sem prejudicar as regras de convvio social, at mesmo, criando no dilogo e nos enunciados, um certo tom de intimidade. Outrosmarcadorescomo:ten,tratando-sedeinterao,auxiliam olocutoreo enunciadorabuscaraaprovaoparaseuenunciado,jquenessetipodevdeo,a interaofeitaemtemporealcomdiversosinternautasqueassistemtransmissoe tambm participam do chat. Essaumaestratgiadecortesiapositiva,quereivindicaoacolhimentodeumgrupo atravs da concordncia. Almdosmarcadorescitadosanteriormente,outrossoutilizadosparasequenciarou organizar outras aes. Em um dos trechos, para justificar a ameaa face, L2 organiza uma sequncia de fatos que mostram a razo da crtica ao terceiro, comprometendo sua prpria face, na tentativa de comprovar que sua argumentao vlida. Pode-sechamaressaestratgiadeameaafacepremeditadaque,deacordocom Goffman, consiste na inteno de atingir o outro por rancor. Emoutromomentodatranscrio,L1utilizaessesrecursosparatambmjustificara transgresso da face do terceiro citado, tambm enumerando fatos e caractersticas que afetam a prpria imagem, amenizando o efeito: L1: concordo... eh::... assim cara... tem umas pessoas a que to tretando com agente...achoqueprincipalmentecomigo...porquetfoda...tfoda...meu cabelo rosa... eu sou preta eu sou gorda [...] 13 Nestetrecho,L1diminuioseucomprometimentocomoenunciado,enoacusa diretamenteoterceirocitadoduranteatransmissodovdeo,outrorecursoutilizado para amenizar o ataque imagem pblica. Em seguida, enumera caractersticas que agridem a sua prpria imagem, mais uma vez, justificando o motivo do ataque ao indivduo citado diversas vezes durante o vdeo. Tambmficamaneiradedefesaexplcitoqueessaumamaneiradeinteragircomos internautaseconvenc-losdequeestosendojustasemseusataques,umaformade defesaqueconsisteemumautoataqueemumprimeiromomento,masquelogoem seguida configura um ataque face positiva ou negativa de outros. Dessamaneira,possveldetectaraimportnciadosmarcadoresconversacionaisno que diz respeito teoria da face. Consideraes Finais Autilizaodedescortesiasnostrechoscitadosdemonstraqueosterceirosenvolvidos nasestratgiasdasduas(Terceirosestesreferidosnochat)soumamaneirade reforo para as prprias argumentaes, especialmente no que tange o ataque prpria face como tambm citaes de trechos especficos onde estes terceiros atacam a imagem das duas. Osmarcadores,nessecontexto,demonstraram-seclaramenteemgrandepartesendo Marcadoressequenciadores,cujoobjetivofoijustamenteorganizaremostrechosonde asfacesestavamsendoatacadasparavalidaremopoderdeargumentaodas participantesdovdeo,direcionandoosataquescontraelasparacomoverquem estivesse escutando-as. Ou seja, os marcadores serviram de mediadores para transformar asameaassimagenstantodeL1comodeL2emargumentosparaconvenceros expectadores. Referncias Bibliogrficas: Preti, Dino. Cortesia Verbal. Editora: Humanitas. Edio: 1 Ano: 2008 p: 89 a 94. Preti, Dino. O Discurso Oral Culto. Editora: Humanitas. Ano: 2005 p: 174. 14 Preti, Dino. Processos Interacionais na Internet Conversao Digital Tese de Artaxerxes Tiago Tacio Modesto. Editora: Humanitas. Ano: 2010 p: 93.