anÁlise comparativa sobre declaraÇÕes de … · resumo: este artigo tem como objetivo fazer um...
TRANSCRIPT
ANÁLISE COMPARATIVA SOBRE DECLARAÇÕES DE
MISSÃO EM EMPRESAS DE SERVIÇO
Área temática: Gestão Estratégica e Organizacional
Francisca Noeme Moreira de Araújo
Kléber Cavalcanti Nóbrega
Resumo: Este artigo tem como objetivo fazer um estudo comparativo de sentenças de missão, tendo como objeto de
estudo as empresas caracterizadas pelo Guia das Melhores Empresas para Trabalhar 2014, da revista Exame. Foram
selecionadas todas as empresas de serviço, que tinham a missão publicada no site, totalizando 38 organizações, de um
total de 44 empresas. No primeiro momento foi realizada uma análise individual de cada missão, buscando analisar os
elementos mais usados, a partir da conceituação de autores, extensão e objetividade, sendo o elemento mais frequente
produto/serviço e o menos usado acionista e fornecedores. Em um segundo momento foram identificados os autores
com proposições mais presentes, tendo-se destacado os autores Pearce (1982), Campbell (1997), Mullane (2002),
Cochran et al (2008). A extensão da missão também foi analisada e foi identificado que algumas empresas possuem a
declaração de missão muito extensa e que em geral, utilizam verbos na formulação da missão. Foi identificado que
ainda existe a necessidade do amadurecimento no que se refere à definição da missão organizacional.
Palavras-chaves: missão, elementos, empresas de serviço
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
2
1. INTRODUÇÃO
As organizações atuais estão cada vez mais atentas a necessidade de declarar a sua missão,
como ponto inicial da definição estratégica, no entanto são poucas que compreendem a importância ou
que incorporam este elemento ao dia-dia da empresa (BART, 2006). De acordo com Machado (2003),
a partir da década de 80, começaram a surgir estudos direcionados a utilização da missão. Stallworth
(2008) afirma que por mais de 30 anos a missão vem sendo utilizada como meio de comunicação
corporativa.
A definição da missão organizacional deve ir além de sua declaração pública, ou seja, deve
ser um balizador entre o que a empresa se compromete com o que realiza, (Kemp e Dwyer, 2003).
Com isso é importante que exista o alinhamento organizacional, onde todos os funcionários devem
entender a essência da existência da missão da empresa (BRANDÃO E GUIMARÃES, 2001).
Para Thompson Jr et al (2008, p. 24) “a missão normalmente descreve seus negócios e
finalidades”, é a declaração da existência da organização, para isso todos devem estar envolvidos e
compreender de que trata, gerando o envolvimento de todos os cargos, começando pela alta diretoria e
envolvendo todos os níveis hierárquicos (MULLANE, 2002). O alinhamento organizacional só é
possível quando todos os níveis organizacionais estão envolvidos nesse processo, desde o cargo mais
alto até o nível (BRANDÃO E GUIMARÃES, 2001). Para Coutinho (2005), uma organização deve
comunicar a estratégia se desejar alcançar as mudanças pretendidas, iniciando pela identificação da
missão e a partir daí iniciar o processo de disseminação para equipe.
Desta forma, a correta definição da missão organizacional se faz necessária, pois esta é o
direcionador do comportamento da empresa, no entanto a incorporação e vivência da missão se dão a
partir de uma definição correta, onde as palavras transmitam a realidade da empresa, permitindo que
todos compreendam a mensagem. (BART, 2006), diante disto questiona-se, existe um padrão na
definição das sentenças de missão por parte das empresas analisadas?
A missão é um elemento da identidade organizacional e se torna importante a construção da
mesma, pois é a missão que descreve qual o motivo da existência de uma empresa, bem como sinaliza
as primeiras intenções da organização no que se refere a desafios estratégicos (KING ET AL., 2012).
Esta pesquisa foi realizada com empresas classificadas como as melhores para trabalhar em 2014, pela
revista Exame, sendo todas empresas de serviço, tendo em vista a contribuição deste setor da economia
brasileira para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O presente artigo tem como objetivo fazer um
estudo comparativo de sentenças de missão com a finalidade de identificar quais elementos mais
presentes, baseado na teoria de autores como Pearce (1982), Campbell (1997), Mullane (2002),
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
3
Cochran et al (2008), bem como apontar qual a missão mais extensa e mais objetiva, e analisar a média
das sentenças das missões analisadas.
2. Referencial Teórico
2.1 A Missão como Componente da Identidade Organizacional
A identidade organizacional é a identificação de uma empresa, a qual descreve o propósito de
sua existência, onde ela quer chegar e o que valoriza, ou seja, é um direcionador das ações dos
indivíduos, e é traduzida da maneira como as pessoas enxergam uma organização e como constroem
sua imagem (CARASSAI e FONSECA, 2009). O sujeito analisado na identidade organizacional é
coletivo, pois identifica um grupo, extinguindo interesses individuais (SILVA, 2012). Para Ravasi e
Van Rekon (2003), embora existam muitas definições para identidade organizacional, a maioria admite
que o conceito esteja relacionado a processos cognitivos, e embasado em valores, levando as pessoas a
refletir sobre seu papel nas organizações. Para Nogueira (2007), a construção da identidade
organizacional pode ser definida como um processo que estabelece uma interação social.
A missão é componente da identidade organizacional, e deixa explícita o que a organização faz
e como se distingue das outras, pois uma organização pode ter o mesmo negócio, mas nunca a mesma
missão (MINTZBERG ET AL, 2000). Para Irigaray, et al (2014), a missão é um meio das empresas
transmitirem seu propósito ao seu público interessado, os quais envolve acionistas, clientes, sociedade,
funcionários, etc.
2.2 Formulação da Missão
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
4
A missão expressa o propósito da empresa, ou seja, a finalidade de sua existência, explicitando
os benefícios que deseja prestar à sociedade e aos seus clientes, ou seja, a missão é o resumo de como
os clientes, colaboradores e a sociedade veem a sua empresa (KOTLER, 1998). A correta definição da
missão organizacional é importante para as organizações, pois esta é o ponto de partida, oferecendo
uma orientação geral para empresa, buscando assegurar um propósito único, além de possibilitar que
os funcionários se identifiquem com o propósito da organização (SILVA, 2006). No entanto, não basta
ter uma missão defendida, esta deve tornar claro o que a organização faz e em que negócio está
inserido, ajustando o foco para facilitar o caminho e agilizar o processo do alcance de objetivos, ou
seja, a definição clara da missão proporciona vantagem competitiva na perspectiva da estratégia (King
et al., 2012).
A missão, conforme Oliveira (2008), deve ser implementada com a intenção estratégica de
mover a organização em direção ao sucesso. Para ter um norte, as empresas precisam definir a sua
apresentação perante os seus colaboradores, clientes, fornecedores e concorrentes, criando uma
missão, no qual identifique seu ramo de atuação e como ela se apresenta para o mercado, quais seus
fatores de diferenciação, clareza e responsabilidade social (SUFI E LYONS, 2003).
Para Thompson (2008, p.24), a missão pode descrita como a forma de “identificar os produtos
ou serviços da empresa e especificar as necessidades do comprador que procura satisfazer os grupos de
clientes” Sabendo que a missão é a declaração da existência de uma empresa, a mesma deve ser
elaborada em consonância com a razão de ser da organização (KOTLER, 1998).
A missão deve ser motivadora, capaz de mobilizar as partes interessadas e ser o critério geral
para orientar a tomada de decisão e determinação de objetivos, por isso a utilização de palavras típicas
deve ser considerada ao reformular uma missão (SUFI E LYONS 2003). Para Forbes et al (2006) a
declaração da missão pode impactar todo o pessoal, pois a mesma pode ser um fator motivacional para
os funcionários, no entanto os autores alertam que se a missão não for definida baseada na filosofia da
empresa, ocasiona descrédito junto ao seus stakeholders, especialmente os funcionários, ou seja, a
sentença de uma missão deve ser descrita baseada no que a empresa acredita e realiza, pois a mesma
deve ser a orientadora na tomada de decisão. (MULLANE, 2002). Mussoi (2011) defende que a
missão não deve incorporar somente a filosofia de uma organização, ela deve ir além, pois revela a
imagem da organização e norteia as decisões estratégicas.
O estudo e utilização da missão organizacional ganhou força por volta da década de 1980
(MUSSOI, 2011). Pearce (1982), afirma que para que uma missão tenha efeito, esta deve ser objetiva e
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
5
capaz de ser avaliada periodicamente, o autor defende que elementos como o tipo de produto que é
ofertado, o mercado atuante ou consumidores que atende, bem como a tecnologia empregada para a
execução dos processos, a filosofia empresarial, lucratividade, imagem desejada e identidade própria,
ou seja, definir o seu papel básico na sociedade, devem ser considerados na formulação da missão.
Campbell (1997) afirma que uma missão bem formulada é aquela que consegue ser atraente aos
consumidores, que define o posicionamento estratégico da empresa e que engloba os valores, ou seja,
descreve os padrões de comportamento dos funcionários e avalia o reflexo da missão, ainda explica
que, quando a missão não é compreendida, causa consequências adversas. Para Mullane (2002), uma
missão deve ser mensurável e adaptável. Bart (2006) ressalta que uma missão efetiva é aquela que
consegue criar uma aprendizagem coletiva, a qual consiga se fazer entender pelos funcionários, ou
seja, que os mesmos compreendam o proposito da empresa, o motivo de sua existência e qual a sua
meta, o autor ainda fala que a missão deve ser clara e direcionada a funcionários e consumidores, além
de ser algo que faça parte do dia a dia da empresa, não ser algo simplesmente exposto, sem
significado. Para Cochran et al (2008), os elementos contidos na missão servem principalmente para
guiar gestores no desenvolvimento de uma missão consistente.
Outros estudos foram direcionados a análise dos elementos de missões, os quais foram
desenvolvidos por Aquino (2003), que estudou as missões de instituições de ensino superior do Ceará,
o mesmo constatou que os elementos mais frequentes referiam-se a ideologia do negócio. Silva,
Ferreira e Castro (2006), também realizaram um estudo desta natureza, o qual foi direcionado a
instituições financeiras, e identificou que na declaração da missão nenhuma dessas citou tecnologia
como elemento da missão, Mussoi (2011) foi responsável pela elaboração de um estudo dos principais
elementos presentes nas missões de empresas brasileiras de capital aberto, onde analisou cada missão
das empresas estudadas e identificou que no geral, as empresas dão grande ênfase aos clientes e a
imagem organizacional, não focando muito elementos referentes à rentabilidade e perpetuidade do
negócio.
3. Metodologia
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
6
Buscando atender o objetivo desta pesquisa, o qual é fazer um estudo comparativo de sentenças
de missão, om a finalidade de identificar quais os elementos e autores mais presentes em cada sentença
de missão pesquisadas, são exclusivamente as classificadas no Guia Exame, da edição de anual do guia
de 2014, como as melhores empresas para trabalhar em 2014, sendo este o motivo de escolha dessas
empresas. O guia classificou 150 empresas como as melhores empresas para trabalhar no ano de 2014,
no entanto para a realização desta pesquisa foram selecionadas as empresas de serviço, o que constitui
44 do total. O quadro 1 contém a relação das empresas que foram analisadas nesta pesquisa.
Empresas Analisadas
Cielo Sebrae RS
Banco Bradesco Selbetti Gestão de Documentos
Sicredi Senac RN
Banco Mercantil do Brasil S/A Senac SC
Itaú Unibanco Sirtec Sistemas Elétricos
Prudential do Brasil SPC Brasil
Elektro Unisc
AES Sul Laboratório Sabin
Cemar A.C. Camargo Cancer Center
Coelce Hospital Albert Einstein
CPFL Paulista Laboratório Leme
Endesa Geração São Bernardo Apart Hospital
Enel Green Power São Bernardo Saúde
Grupo São Martinho Teleperformance
Nova Fronteira Bioenergia Telefônica Vivo
Schneider Electric Transpes
Algar Empreendimento e Participações Martin Brower
Grupo Rio Quente MRS Logística
Promon Sodexo Benefícios e Incentivos
Quadro 1: Relação das empresas analisadas
Fonte: Guia das Melhores Empresas para trabalhar (2014)
As missões foram buscadas unicamente pelo site das empresas selecionadas, onde estes sites
foram examinados individualmente, as empresas que não apresentavam a missão foram eliminadas, ou
seja, das 44 empresas selecionadas, restringiu-se a análise a 38 das empresas selecionadas, o que
corresponde a 86% das empresas de serviços caracterizadas como as melhores para trabalhar em 2014,
conforme o Guia Exame, seis das empresas de serviço não divulgaram sua missão no site. A opção de
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
7
trabalhar somente com empresas de serviços deu-se a partir da consideração deste setor para economia
do Brasil, sua contribuição corresponde a 70% do PIB nacional, segundo o Valor Econômico (2015).
Esta pesquisa foi dividida em duas partes: teórica e prática, onde a primeira corresponde à
leitura e análise dos elementos que compõem a missão, sendo classificadas a partir de 10 itens
selecionados e considerados pelos autores Pearce (1982), Campbell (1997), Mullane (2002), Cochran
et al (2008), como indispensáveis para a formulação de uma missão. Os 10 itens referem-se a:
acionista, relacionamento com clientes, relacionamento com funcionários, relacionamento com
fornecedores, relacionamento com a sociedade, serviços/produto, responsabilidade socioambiental,
tecnologia, localização geográfica e rentabilidade, o critério de escolha desses itens se deu mediante
análise prévia das missões das empresas e da teoria apresentada pelos autores citados. A segunda parte
confronta os elementos encontrados nas missões com as abordagens apresentadas pelos autores e
analisa individualmente cada missão, objetivando identificar o estilo de escrita, o qual considera
palavras mais frequentes, numero de palavras que compõem a missão.
4. Análise dos Resultados
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
8
No primeiro momento, foi analisada cada missão individualmente e foram identificadas 949
palavras nas missões analisadas, sendo detectados 103 elementos mencionados como indispensáveis
pelos autores estudados. O quadro 2, mostra a frequência dos elementos mencionados pelas empresas
analisadas. Os dados foram organizados em ordem decrescente.
Elementos Frequência Percentual
Serviços/produto 30 29%
Relacionamento com clientes 16 16%
Relacionamento com Funcionários 10 10%
Tecnologia 9 9%
Responsabilidade Socioambiental 9 9%
Relacionamento com a sociedade 9 9%
Localização geográfica 8 8%
Acionista 8 8%
Rentabilidade 2 2%
Relacionamento com fornecedores 1 1%
Total 103 100%
Quadro 2: Frequência dos elementos citados nas missões.
Fonte: Elaboração Própria (2015)
Como percebe-se o elemento mais citado entre as empresas estudadas foi o elemento
serviço/produto, correspondendo a 29% da totalidade, seguido do elemento relacionamento com
cliente (16%) e relacionamento com funcionários (10%). O elemento menos citado pelas empresas é o
relacionamento com fornecedores, onde apenas uma empresa citou, seguido do item rentabilidade, o
qual corresponde apenas a 1% dos elementos citados, sugerindo que as missões das empresas, em
grande parte, estão direcionadas ao ambiente interno (Mussoi, 2011).
No segundo momento foi realizado a análise das sentenças da missão de cada empresa
estudada, buscando identificar na visão dos autores Drucker (1973), Pearce (1982), Campbell (1997),
Mullane (2002), Cochran et al (2008), quais os elementos mais frequentes nas sentenças de missão a
partir da teoria. Na Figura 1, pode-se ver os resultados obtidos.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
9
Figura 1: Autor mais presente nas missões das empresas
Fonte: Elaboração Própria (2015)
Baseado nos autores percebe-se que perante as empresas analisadas, o autor mais presente é
Pearce (1982), obtendo 54% da frequência dos elementos cotados nas missões estudadas. Isso pode ser
explicado devido a sua teoria ser a mais extensa, o qual defende a importância de diferentes elementos
na composição de uma missão. O Cochran et al (2008), que obteve 6% é mais objetivos e define a
relevância de pouco elementos na formulação da missão, sendo o menos presente nas missões
analisadas. Mullane (2002) e Campbell (1997), obtiveram 19% e 21% respectivamente, em relação à
frequência dos aspectos considerados importante pelos autores, no que se refere à formulação da
missão.
Tendo como missão, “Contribuir para o Bem-estar e o Desenvolvimento da Humanidade”, a
empresa Sirtec Sistemas Elétricos (empresa de prestação de serviços na área de construção e
manutenção de redes elétricas, chamou atenção por não fazer menção a nenhum dos elementos
apresentados pelos autores Pearce (1982), Campbell (1997), Mullane (2002), Cochran et al (2008), a
missão expressa apenas o objetivo da empresa, de forma clara e sucinta. Os itens responsabilidade
social e relacionamento com fornecedores, apesar de serem citados nas missões, não são considerados
pelos referidos autores.
Não existe regra a respeito do tamanho ideal de uma missão, no entanto Bart (2006), alerta ao
cuidado de definir uma missão muito extensa, pois a mesma poderá não ser compreendida. O quadro 3
mostra a análise de cada missão individualmente quanto à extensão e utilização do número de palavras.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
10
Empresa Nº de
Palavras
Empresa Nº de
Palavras
Sodexo Benefícios e
Incentivos 96 Prudential do Brasil
20
Promon 69 Laboratório Leme 20
Banco Bradesco 48 Grupo São Martinho 19
Teleperformance 44 Nova Fronteira Bioenergia 19
Martin Brower 43 Sebrae RS 19
Coelce 40 AES Sul 18
Itaú Unibanco 37 Selbetti Gestão de Documentos 15
Enel Green Power 37 CPFL Paulista 14
SPC Brasil 34 Senac RN 13
MRS Logística 30 Cemar 12
Senac SC 29
Algar Empreendimento e
Participações 12
Schneider Electric 28 Cielo 11
Hospital Albert Einstein 28 Sirtec Sistemas Elétricos 9
Sicredi 26 São Bernardo Saúde 9
Telefônica Vivo 24 São Bernardo Apart Hospital 9
Banco Mercantil do
Brasil S/A 23 Grupo Rio Quente
7
Elektro 23 Endesa Geração 6
Transpes 23 Laboratório Sabin 6
Unisc 23 A.C. Camargo Câncer Center 6
Total 949 Média (949/38) 24,9
Quadro 3: Número de Palavras por Missão
Fonte: Elaboração Própria (2015)
Realizando a análise individual em cada uma das missões declaradas, identificou-se que em
cada uma das empresas estudadas foi identificado que o número médio é de 1,2 sentenças, no entanto
15,7% das empresas possuem missão com mais de uma sentença. Três das empresas analisadas
possuem a menor missão, que contém apenas uma sentença e seis palavras e pertence às empresas
Laboratório Sabin, A. C.Camargo Câncer Center, prestam serviço na área de saúde e a Endesa
Geração, a qual presta serviços de energia, ambas fazem referência ao serviço prestado. A missão mais
extensa contém 96 palavras e pertence à empresa Sodexo Benefícios e Incentivos, empresa que oferece
serviços na área de administração de benefícios, como vale alimentação, por exemplo. A missão da
Sodexo Benefícios e Incentivos contempla aspectos relacionados ao relacionamento com o cliente,
produto, responsabilidade social e ambiental e relacionamento com os funcionários. O número médio
de palavras utilizadas nas missões analisadas é de 24,9, o que representa uma quantidade elevada e
consequentemente poderá levar a não compreensão da informação transmitida, conforme ressalta Bart
(2006), que uma missão muito extensa pode perder o foco e não ser compreendida, ou seja, uma
missão com múltiplas sentenças poderá ser de difícil compreensão, assimilação e execução, o que
compromete aplicabilidade da mesma.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
11
Das empresas analisadas 86% fazem menção ao negócio que atuam, deixando claro que a
missão está voltada ao mercado e não internamente, o que pode facilitar o entendimento do público
externo quanto à atuação da empresa. No que se refere a utilização das palavras na declaração da
missão, 89% das missões utilizam em alguma parte verbos que identifica o propósito da empresa, o
objetivo, onde pretende chegar e como quer ser reconhecida. O quadro 4, mostra o resultado da
análise:
Verbo
Utilizado
Frequência Verbo
Utilizado
Frequência
Oferecer 7 Criar 1
Contribuir 3 Dar 1
Fornecer 3 Educar 1
Promover 3 Empreender 1
Prover 3 Executar 1
Ser 3 Fomentar 1
Desenvolver 2 Garantir 1
Distribuir 2 Melhorar 1
Gerar 2 Produzir 1
Proporcionar 2 Sistematizar 1
Agregar 1 Socializar 1
Ampliar 1 Superar 1
Combater 1 Valorizar 1
Quadro 4: Verbos utilizados no enunciado das missões
Fonte: Elaboração Própria (2015)
Como mostra o quadro 4, o verbo mais utilizado nas missões analisadas é o verbo oferecer,
sendo utilizado sete vezes, os verbos contribuir, fornecer, promover, prover e ser foram utilizados três
vezes cada um, o restante foram utilizados pelo menos duas vezes. As empresas Coelce, Endesa
Geração e a Teleperformance não fazem utilização de verbos em suas missões. A empresa Sicredi
possui a missão com o maior número de verbos, totalizando três: valorizar, oferecer e contribuir.
O verbo utilizado na formulação da missão deve ser considerado baseado no que a empresa
pretende cumprir; o emprego de verbos como superar pode comprometer a fidelidade do alcance da
missão, pois atingir a superação pode ser algo difícil, tendo em vista as exigências impostas pela
competitividade. A utilização de verbos em uma missão dá a ideia de ação contínua, no entanto, o uso
deve ser feito de forma moderada, que permita o alcance do que se propõem. A não utilização de
verbos em uma missão dá a conotação de uma atividade pontual, que acontece, mas que não possui
perpetuidade.
A definição de uma missão organizacional é algo que deve ser feito de forma cautelosa, tendo
em vista que a missão é imutável e é a identificação de uma empresa. A correta utilização dos termos,
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
12
objetividade, sentenças compreensíveis devem ser considerados na formulação da missão. Bart (2006),
afirma que não existe uma fórmula para elaboração de uma missão eficaz, mas alerta para que a
mesma seja compreensível e objetiva.
5. Considerações Finais
No que se refere ao objetivo desta pesquisa, foi alcançado, tendo em vista que foi possível fazer
uma avaliação das sentenças das missões, sendo identificado que 75% das empresas estudadas
possuem a missão com apenas uma sentença, o que a torna mais objetiva e compreensível. A
compreensão da importância da missão para organização é o primeiro passo para reformulação da
mesma, de forma que fique sucinta e compreensível focada no que realmente é pertinente à empresa.
O elemento produto/serviço foi o mais citados entre as empresas, deixando clara a área que a
empresa atua, seguido de cliente, evidenciando a importância deste agente para a existência
organizacional. A frequência da utilização das sentenças da missão pode ser entendida como uma ação
de marketing, de fazer divulgar a empresa e tentar atrair o cliente, especialmente pela não menção por
parte de 99% das empresas aos acionistas, o qual é o principal interessado na perpetuidade da empresa,
dando a ideia que as organizações no geral, utilizam a missão como uma ferramenta de comunicação
de marketing, o que se caracteriza como um risco, pois o mercado poderá entender que a mesma é
destinada somente a promover a imagem da empresa, com isso é importante que exista conscientização
e consequentemente uma revisão na missão, focando no que é importante para empresa, sem perder a
objetividade. O autor mais presente nas sentenças é Pearce (1982), e 86% das missões mencionam o
negócio, fortalecendo a ideia da atuação. O verbo mais utilizado é Oferecer, transmitindo a ideia de
proporcionar o serviço proposto.
A pesquisa apresentou como limitação a não declaração através do site da missão de todas as
empresas de serviço premiadas como as melhores para trabalhar em 2014 pelo guia da revista Exame.
Para estudos futuros recomenda-se que seja feita uma análise a respeito do comprometimento das
partes envolvidas com o cumprimento da missão, bem como análise do propósito da missão de
empresas de serviço.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
13
Referências
BART, Christopher K.. Mission profitable. The Canadian Manager, v. 31, n. 3, p. 20, Winter 2006.
BRANDÃO, H. P.; GUIMARÃES, T. A. Gestão de competências e gestão de desempenho:
tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto? Revista de Administração de Empresas
da EAESP/FGV, São Paulo, v. 41, n. 1, p. 8-15, jan./mar. 2001.
CAMPBELL, Andrew. Mission Statements. Long Range Planning, v. 30, n. 6, p. 931-932, 1997.
CARASSAI, Gerson Luis. FONSECA, Valéria Silva da. Identidade Organizacional e Mudança
Estratégica: O Caso de uma Instituição de Ensino Particular Curitibana. In: ENCONTRO
ANUAL DA ANPAD – ENANPAD, XXXIII Encontro. São Paulo, 2009.
COCHRAN, Daniel S.; DAVID, Fred R.; GIBSON,C. Kendrick. A framework for developing an
383 effective mission statement. Journal of Business Strategies, v. 25, n. 2, p. 27-39, 2008.
COUTINHO, André R.; KALLÁS, David. Gestão estratégica: experiências e lições de empresas
brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus 2005.
IRIGARAY, Helio Arthur Reis. HARTEN, Bruno Anastassiu. Missão Organizacional: Por Uma
Análise de Sua Dimensão Simbólica. In: VIII Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD-
ENEO. Rio Grande do Sul, 2014.
KEMP, S. and DWYER, L. “Mission statements of international airlines: a content analysis”,
Tourism Management, Vol. 24 No. 6, pp. 635-637, 2003.
KING, D.L., CASE, C.J. and PREMO, K.M. “An international mission statement comparison:
United States, France, Germany, Japan, and China”, Academy of Strategic Management Journal,
Vol. 11 No. 2, pp. 93-119, 2012.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing – Análise, Planejamento, implementação e
Controle. São Paulo: Atlas, 1998.
MACHADO, H. V. A identidade e o contexto organizacional: perspectivas de análise. Revista de
Administração Contemporânea. Curitiba, Edição Especial, v. 51, n. 73, p.51-73, 2003.
REVISTA EXAME. As melhores empresas para você trabalhar. Disponível em
<http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/melhores-empresas-para-trabalhar/2014/>. Acesso em
03/04/2015.
MINTZBERG, Henry, AHLSTRAND, Bruce e LAMPEL, Joseph, Safári de Estratégia: Um roteiro
pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
MULLANE, Jonh V, The mission statement is a strategic tool: when used properly. Management
Decision,V.40, N.5, 2002, p. 448-455., 2002.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
14
MUSSOI, Alex, LUNKES, Rogério João. SILVA, Rodrigo Valverde da. Missão institucional: uma
análise da efetividade e dos principais elementos presentes nas missões de empresas brasileiras
de capital aberto. REGE, São Paulo – SP, Brasil, v. 18, n. 3, p. 361-384, jul./set. 2011.
NOGUEIRA, Eros E. S. Símbolo e Identidade Organizacional – Símbolo e Identidade
Organizacional – Função da Figura ou Imagem Conceitual. RAC-Eletrônica, v. 1, n. 2, art. 6, p.
81-96, Maio/Ago. 2007.
PEARCE, John A. II; DAVID, Fred. Corporate mission statement: the bottom line. The Academy
of Management Executive, v. 1, n. 2, p. 109-116, May1987.
RAVASI, David; VAN REKOM, Johan. Key issues in organizational identity and identification
theory. Corporate Reputation Review, v.6, n.2, p.118-132, 2003.
SILVA, Antônio João Hocayen da. JÚNIOR, Israel Ferreira. CASTRO, Marcos de. Missão
organizacional como instrumento para a formulação de estratégias e obtenção de vantagem
competitiva: análise comparativa em instituições financeiras brasileiras. Revista de Economia e
Administração, v.5, n.2, 221-242p, abr./jun. 2006.
SILVA, Georgina Alves Vieira da. VIEIRA, Adriane. SILVA, Marina Loyola Vieira da. Identidade
Projetada, Identidade Percebida e Identificação Organizacional: Estudo de Caso em Indústria
da Construção Civil. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD – ENANPAD, XXXVI Encontro. Rio
de Janeiro, 2012.
STALLWORTH, Williams L. “The mission statement: a corporate reporting tool with a past,
present, and future”, Journal of Business Communication, Vol. 45 No. 2, pp. 94-119, 2008.
SUFI, T. LYONS, H. “Mission statements exposed”, International Journal of Contemporary
Hospitality Management, Vol. 15 No. 5, pp. 255-262., 2003.
THOMPSON JR, Arthur A. STRICKLAND II, A. J. GAMBLE, John E. Administração
estratégica. 15ª ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2008.
VALOR ECONOMICO. Atividade de serviços continuará desacelerar em 2015, diz FVG.
Disponível em <http://www.valor.com.br/brasil/3918706/atividade-de-servicos-continuara-
desacelerar-em-2015-diz-fgv.> Acesso em 06/04/2015.