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João Pedro Aloise ANÁLISE COMPARATIVA IN VITRO, DA INFILTRAÇÃO BACTERIANA NA INTERFACE IMPLANTE / INTERMEDIÁRIO PROTÉTICO, ENTRE IMPLANTES CONE-MORSE Dissertação apresentada ao Curso de Pós- graduação para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis – Hosphel São Paulo 2009

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João Pedro Aloise

ANÁLISE COMPARATIVA IN VITRO, DA INFILTRAÇÃO BACTERIANA NA INTERFACE IMPLANTE / INTERMEDIÁRIO PROTÉTICO,

ENTRE IMPLANTES CONE-MORSE

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis – Hosphel

São Paulo

2009

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João Pedro Aloise

ANÁLISE COMPARATIVA IN VITRO, DA INFILTRAÇÃO BACTERIANA NA INTERFACE IMPLANTE / INTERMEDIÁRIO PROTÉTICO,

ENTRE IMPLANTES CONE-MORSE

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis – Hosphel

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Curcio

São Paulo

2009

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© reprodução autorizada pelo autor, desde que citada a fonte.

Aloise, João Pedro Análise comparativa in vitro, da infiltração bacteriana na interface

implante/intermediário protético, entre implantes cone-morse. /João Pedro Aloise; Orientador, Ricardo Curcio – São Paulo, 2009.

xi, 79f. Dissertação (Mestrado) – Hospital Heliópolis – HOSPHEL. Curso de

Pós-graduação em Ciências da Saúde. Título em inglês: In vitro evaluation of the microbial leakage in the

implant/abutment interface, between morse-taper dental implants. 1. Implantes dentais. 2. Infiltração bacteriana.

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ii

Dedicatória

Ao meu pai Carmine, que aos 97 anos continua exemplo de honestidade, honradez,

determinação e amor pelo trabalho, e à minha mãe Paolina, aos 93 anos, pela fibra,

coragem e amor incondicional à familia, serão eternamente meus maiores professores.

Ao meu irmão Francesco, alicerce e esteio de toda a “Famiglia”, meu segundo Pai.

Às minhas queridas filhas Pamela e Barbara e a minha esposa Juvita, que são motivo

de orgulho e razão de minha motivação pessoal e profissional.

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iii

Agradecimentos

Ao Coordenador da Pós-graduação do Hospital Heliópolis, Prof. Livre-Docente Abrão

Rapoport, pela oportunidade de permitir minha pós-graduação nesta conceituada

instituição.

Ao meu orientador Prof. Dr. Ricardo Curcio, pela sua amizade, paciência, humildade e

principalmente apoio em um dos momentos mais difíceis da minha vida. Extremamente

solícito e acessível até mesmo nas horas mais impróprias, dando sua valiosa

contribuição científica e humana na orientação deste trabalho de pesquisa e

dissertação. Antes de tudo, um grande amigo para sempre.

A todos os professores da Pós-graduação pela dedicação, paciência, abnegação e

conhecimento transmitido ao longo do curso, em especial ao Prof. Dr. Odilon Victor

Porto Denardin e Prof. Dr. Marcos Brasilino de Carvalho, serão sempre uma referência

para todos nós, alunos que tiveram o privilégio de assistir suas brilhantes aulas,

simplesmente inesquecíveis.

À secretária da Pós-graduação Rosicler Aparecida de Mello, à Bióloga Selma Pagotto e

à segurança Adenilda Félix pelo carinho e paciência.

A todos os funcionários do Hospital Heliópolis.

A todos os colegas do Curso de Pós-graduação, pelo convívio, amizade e momentos

de descontração de todas as sextas-feiras, em especial aos grandes amigos, Marcio

Holcman® (meu professor de microbiologia no primeiro ano da Faculdade de

Odontologia), Eduardo Vasques da Fonseca®, Cláudio Machado de Stefano®, Gustavo

Branco Lopes Petrilli®, Danilo Leal Carvalho e Silva® e Paschoal Pippa Neto®.

À Profa. Dra. Adriana Madeira Álvares da Silva, Diretora do Laboratório de Biologia

Molecular do Hospital Heliópolis, pelo apoio pessoal e incentivo recebido, sem o qual

seria improvável a realização deste trabalho.

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iv

À Profa. Dra. Marcia Zorello Laporta, Professora Titular da disciplina de Microbiologia

do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da

Fundação Santo André (FAFIL), pela confiança e incentivo em mim depositados, por

ceder o laboratório de microbiologia, ceder os materiais laboratoriais, ceder seu

precioso tempo e imenso conhecimento indispensáveis para a execução da pesquisa.

À Bióloga Liliane Rossi, pela execução da parte microbiológica experimental do estudo,

no laboratório de microbiologia do Centro Universitário da Fundação Santo André,

demonstrando seu elevado nível técnico-científico, competência, paciência e dedicação

nos intermináveis e exaustivos ensaios laboratoriais até altas horas.

À Bióloga Januária Cristina Dani, do laboratório de microbiologia do Centro

Universitário da Fundação Santo André, pelo apoio logístico à execução da pesquisa.

Ao Prof. Dr. Décio de Natale Caly, médico Patologista do Laboratório de Biologia

Molecular do Hospital Heliópolis, por sua imensa disponibilidade e interesse

manifestado pelo experimento, responsável pelas sessões de microscopia óptica e

realização das fotomicrografias.

À empresa Bicon® Dental Implants, representada pelo seu Presidente Dr. Vincent J.

Morgan, pelo Diretor Geral Mundial, Prof. Dr. Drauseo Speratti e a Diretora Brasil,

Elaine Filipini, pela amizade, despreendimento, espírito científico e confiança

depositada na doação dos implantes e intermediários protéticos. À empresa Dentsply-

Friadent®, pelas facilidades na aquisição dos implantes e intermediários protéticos.

À Profa. Dra. Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre, pela orientação e elaboração

da análise estatística do estudo.

À Sra. Tânia Pereira Morais Fino e Giovana Fabri, pela revisão semântica e formatação

da Dissertação.

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v

"Uma longa viagem começa com um único passo."

Lao-Tsé

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vi

Lista de figuras

Figura 1 – Implante e I-IP Bicon® .................................................................................. 36 Figura 2 – Implante e I-IP Ankylos® ............................................................................... 36 Figura 3 – Crescimento de colônias compatíveis de Streptococcus sp. em placa

de Petri contendo meio de cultura BHA, após cultivo por 24h, a 37ºC, em anaerobiose ............................................................................................ 38

Figura 4 – Fotomicrografia da lâmina, por meio de microscopia óptica, após coloração de Gram, compatível com Streptococcus sp. (cocos Gram +) (1000x de aumento) ................................................................................. 38

Figura 5 – Dez tubos de ensaio com meio BHI estéril destinados ao Grupo 1 .............. 41 Figura 6 – Dez tubos de ensaio com meio BHI estéril destinados ao Grupo 2 .............. 42 Figura 7 – Dez tubos de ensaio de controle da esterilidade das superfícies

externas dos implantes destinados ao Grupo 1, com meio BHI estéril ......... 43 Figura 8 – Dez tubos de ensaio de controle da esterilidade das superfícies

externas dos implantes destinados ao Grupo 2, com meio BHI estéril ......... 43 Figura 9 – Micropipeta calibrada em 0,1 µL, com ponteira estéril e descartável ........... 44 Figura 10 – Pré-inoculação bacteriana do Streptococcus sanguinis ATCC

10557 .......................................................................................................... 45 Figura 11 – Inoculação na porção mais profunda do implante ...................................... 45 Figura 12 – Intermediário protético do sistema Bicon®, sendo ativado por meio

do assentador manual e martelo Bicon® ..................................................... 46 Figura 13 – Ativação do intermediário protético do sistema Ankylos®, com

torquímetro calibrado a 25 N.cm ................................................................. 47 Figura 14 – As dez composições do sistema Bicon® inoculados, os dez tubos

de ensaio como controles de contaminação externa nas estantes verticais ....................................................................................................... 48

Figura 15 – As dez composições do sistema Ankylos® inoculados, os dez tubos de ensaio como controles de contaminação externa nas estantes verticais ....................................................................................................... 49

Figura 16 – Dois tubos de ensaio, um controle positivo e um negativo para cada sistema de implantes, dispostos na estante vertical ................................... 49

Figura 17 – Estufa biológica com as composições do Grupo 1, Grupo 2 e respectivos controles positivos (CP) e negativos (CN) em condições de anaerobiose ........................................................................................... 50

Figura 18 – Turvamento das composições 11 e 20 do sistema Bicon® ......................... 52 Figura 19 – Turvamento das composições 21 e 30 do sistema Ankylos® ..................... 53 Figura 20 – Fotomicrografia da lâmina, por meio de microscopia óptica, após

coloração de Gram, compatível com Streptococcus sp. (cocos Gram +) (1000x de aumento) ...................................................................... 56

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vii

Lista de quadros e tabelas

Quadro 1 – Descrição dos implantes Bicon® ao longo dos 14 dias de seguimento ................................................................................................. 54

Quadro 2 – Descrição dos implantes Ankylos® ao longo dos 14 dias de seguimento ................................................................................................. 55

Tabela 1 – Percentual de implantes contaminados segundo o grupo de implante ....................................................................................................... 55

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viii

Lista de abreviaturas e símbolos

°C Graus Celsius ® Marca Registrada µ Micron μL Microlitro μm Micrômetro - Negativo “ Polegada % Porcentagem + Positivo ™ Trade Mark ATCC American Type Culture Collection BHI Brain and Heart Infusion BHA Brain and Heart Infusion Agar CE Controle Externo CN Controle Negativo CP Controle Positivo CRA Pilar Protético Retido por Cimento D Dia G Grama g/L Grama por Litro IP Intermediário Protético I-IP Implante-Intermediário Protético IFA Interferência Friccional por Aparafusamento IFP Interferência Friccional Pura ISO International Organization for Standardization KGF Kilograma-Força L Litro mL Mililitro MEV Microscopia Eletrônica de Varredura mm Milímetros mm2 Milímetros Quadrados N Newtons N.cm Newtons por Centímetro SRA Pilar Protético Retido por Parafuso Ti6Al4V Liga metálica contendo 90% de Titânio, 6% de Alumínio e 4% de Vanádio USA United States of America UFC/mL Unidades Formadoras de Colônias por Mililitro

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Resumo

Objetivos: Avaliar e comparar in vitro a freqüência de infiltração bacteriana da bactéria Streptococcus sanguinis na interface implante/intermediário protético entre dois sistemas de implantes dentais com conexão cone-morse, com diferentes métodos de ativação de intermediários protéticos, por interferência friccional pura Bicon® e interferência friccional por aparafusamento Ankylos®, com um desenho experimental in vitro. Material e Método: Foram utilizados vinte composições formadas de implantes com seus respectivos intermediários protéticos (Bicon® – Grupo 1 e Ankylos® – Grupo 2). A análise microbiológica foi realizada após a inoculação da bactéria da espécie Streptococcus sanguinis II ATCC 10557 na porção interna do implante, seguida pela adaptação de um intermediário protético parafusado manualmente com um torque de 25 N.cm no sistema de implantes Ankylos® e batido no interior do implante com martelo no sistema Bicon®. A composição foi inserida em um meio de cultura estéril BHI (Bacto ™ – Brain Heart Infusion) armazenada em uma estufa bacteriológica a 37°C durante 14 dias, em condições de anaerobiose, sendo realizada uma leitura diária para verificação da contaminação. Primeiramente foi feita a descrição das amostras. A comparação dos percentuais de contaminação bacteriana no meio BHI (Brain Heart Infusion), entre os dois grupos de implantes Ankylos® e Bicon® foi feita pelo teste de Fisher. Trabalhou-se com o nível de significância de 5% e a análise estatística foi feita pelo pacote EPI-INFO (versão 6.04). Resultados: Após seguimento de 14 dias observou-se o turvamento e contaminação bacteriana no meio externo BHI de duas composições, 20%, de números 11 e 20 referente ao Sistema Bicon®, e do meio externo BHI de duas composições, 20%, de números 21 e 30 referente ao Sistema Ankylos®, ambas após decorrido 48 horas da inoculação bacteriana dentro das cavidades internas dos implantes. Observou-se que os controles externos de cada composição (CE) permaneceram negativos ao longo de todo o experimento demonstrando que a bactéria foi inoculada apenas dentro de cada implante. Os 2 controles negativos (CN) respectivos do sistema Bicon® e Ankylos® permaneceram negativos demonstrando a condição estéril do meio nutriente previamente à imersão das composições, os controles positivos (CP) permaneceram positivos os 14 dias demonstrando a sobrevivência da bactéria Streptococcus sanguinis ao longo do seguimento. Conclusões: 1. Independentemente do tipo de ativação dos intermediários protéticos dos sistemas de implantes cone-morse analisados, interferência friccional pura (Bicon®) e interferência friccional por aparafusamento (Ankylos®), este estudo experimental in vitro mostrou ocorrência de infiltração bacteriana. 2. A frequência de infiltração bacteriana na interface implante/intermediário protético entre estes dois diferentes sistemas de conexão cone-morse, foi de 20% das amostras de cada sistema de implantes, não sendo encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os mesmos.

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x

Abstract

Purposes: The aim of this study was to determine and compare the frequency of

bacterial leakage of bacteria Streptococcus sanguinis along the interface

implant/abutment between two systems of morse-taper dental implants, employing

different methods of activation of the taper abutments: tapped-in (Bicon®) and screwed-

in (Ankylos®). Material and Method: Twenty sterile assemblies were selected and

attached, ten of Bicon® and ten of Ankylos® implants, according to manufacturers’

specifications, then were totally immersed within twenty test tubes containing a sterile

nutrient solution BHI (Brain-Heart Infusion). The internal part of the twenty implants was

previously inoculated with 0.1µL of Streptococcus sanguinis II (ATCC 10557) and then

connected to the respective abutments. The assemblies were incubated under

anaerobic conditions for 14 days in a bacteriologic oven at 37°C, and monitored daily to

observe solution cloudiness and therefore microbial leakage on the interface of the

assemblies. The proportion test at the 5% significance level was used to compare the

values of bacterial contamination between the two groups analyzed. There were no

statistical differences, Fisher Test (p>0.05), between the results of the two implant

systems. Results: There was solution cloudiness, showing bacterial growth, inside two

Bicon® assemblies and two Ankylos® assemblies 48 hours after incubation, the

microbial leakage was traced by checking the suspension positive for the presence of

Streptococcus sanguinis. None of the sterility controls were contaminated.

Conclusions: 1.Irrespective of which of the two systems of activation of morse-taper

implant connection analyzed, tapped-in (Bicon®) and screwed-in (Ankylos®), this in-vitro

experiment showed bacterial leakage along the interface implant/abutment. 2.The

frequency of bacterial leakage along the interface implant/abutment, between the two

different morse-taper implant systems, was 20% of assemblies of each system and

there were no statiscal differences between them.

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Sumário

Dedicatória .................................................................................................................... ii

Agradecimentos ............................................................................................................. iii

Lista de figuras .............................................................................................................. vi

Lista de quadros e tabelas............................................................................................. vii

Lista de abreviaturas e símbolos ................................................................................... viii

Resumo ......................................................................................................................... ix

Abstract ......................................................................................................................... x

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 01

2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 03

3 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 04

3.1 Microbiota ............................................................................................................... 04

3.2 Aspectos biomecânicos ........................................................................................... 16

3.3 Modelos experimentais de infiltração bacteriana ..................................................... 25

4 MATERIAL E MÉTODO .............................................................................................. 35

4.1 Material .................................................................................................................... 35

4.1.1 Seleção dos corpos de prova ............................................................................... 35

4.2 Método ..................................................................................................................... 36

4.2.1 Análise microbiológica .......................................................................................... 41

4.3 Análise estatística .................................................................................................... 51

5 RESULTADOS ........................................................................................................... 52

6 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 57

7 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 69

8 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 70

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1 INTRODUÇÃO

Quirynen et al. (1991) observaram que um dos momentos mais críticos para

constatação de falhas na reabilitação de pacientes com implantes do sistema

Brånemark®, após ocorrida a osseointegração, ocorre no ato da reabertura e instalação

do intermediário protético ou logo após serem submetidos à função mastigatória. Adell

et al. (1981) e Jansen et al. (1997) e Gross et al. (1999) citaram que nos sistemas de

implantes de dois estágios, o intermediário protético é retido ao implante empregando-

se um método de adaptação mecânica, resultando em espaços e cavidades entre o

implante e o intermediário protético, agindo como um verdadeiro reservatório

bacteriano, o qual pode causar um processo inflamatório nos tecidos peri-implantares e

mal odor, associado ao fato de que a interface implante e intermediário protético está

localizado perto do nível da crista óssea alveolar para a maioria dos sistemas de

implantes, a colonização bacteriana da interface pode vir a resultar em reabsorção

óssea.

Goodacre et al. (1999), Merz et al. (2000), Schwarz (2000) e Kitagawa et al.

(2005) concluiram que em sistemas de implantes com conexão em hexágono externo,

os quais utilizam apenas um parafuso para a retenção protética, são mais propensos a

apresentar afrouxamento do parafuso e conseqüente micromovimentação entre

implante e intermediário protético, isto deve-se às propriedades mecânicas do sistema

de conexão quando submetido a carga dinâmica.

Carrilho et al. (2005) e Maeda et al. (2006) encontraram que sistemas de

implantes com conexão em hexágono interno foram desenvolvidos para minimizar tais

ocorrências e mostraram significativas vantagens biomecânicas quando comparados

com sistemas com hexágonos externos. Embora tenham apresentado algumas

desvantagens tais como, paredes internas mais finas na interface conectora,

dificuldade em ajustar divergências de ângulos entre os implantes e maior liberdade

rotacional.

O fenômeno Morse é oriundo da indústria mecânica, desenvolvido no século XIX

por Stephen Ambrose Morse. As conexões em cone-morse são baseadas no princípio

mecânico do “cone dentro de cone” o qual proporciona grande área de contato entre as

superfícies, com retenção friccional (Hall et al., 1986), são frequentemente utilizadas

nas diversas áreas da engenharia principalmente a aeroespacial sempre que seja

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2

necessário uma conexão de grande poder de retenção, sendo de eleição na medicina

em próteses coxo-femurais (Schramm et al., 2000) e utilizada há muito pela

implantodontia. Assim, pode-se dizer que o sistema de conexão por cone-morse foi

desenvolvida em 1985, tanto para o sistema de interferência friccional pura, DB

Precision Fin® por Thomas D. Driskell, posteriormente Bicon®, como para o sistema de

interferência friccional por aparafusamento, Ankylos® por G.H Nentwig e W. Moser,

sendo tão antiga quanto às conexões de hexágono externo e interno.

Sutter et al. (1993), Binon (1995), Chapman e Grippo (1996), Norton (1997) e

Norton (1999), estudando as propriedades biomecânicas e desenho geométrico deste

tipo de conexão, relataram que apresentam desenho das cavidades conectoras dos

implantes com geometria cônica, proporcionando que os intermediários protéticos

tenham uma grande área de contato com a superfície interna dos implantes, resultando

em uma interface cônica com um microembricamento friccional entre as superfícies,

denominado de solda fria, tornando sua resposta mecânica como um implante de corpo

único. As propriedades biomecânicas desses sistemas de implantes apresentam

algumas vantagens como, redução dos níveis de reabsorção óssea peri-implantar,

diminuição de micromovimentos entre as conexões protéticas, melhor efeito

antirotacional entre os componentes, reduzindo com isso a incidência de problemas

mecânicos encontrados nas conexões em hexágono externo e hexágono interno.

Bozkaya e Müftü (2004 e 2005) dividiram os sitemas de conexão cone-morse em

duas categorias: conexões cônicas por interferência friccional por aparafusamento

(IFA) exemplificadas pelo sistema de implantes Ankylos® e pelas conexões cônicas por

interferência friccionais puras (IFP), exemplificadas pelo sistema de implantes Bicon®.

Deste modo, delimitamos nossa proposta de trabalho à análise destes dois

sistemas de implantes do tipo cone-morse especificamente na infiltração bacteriana

que ocorre na interface implante/intermediário protético.

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2 OBJETIVOS

1. Avaliar a infiltração bacteriana na interface implante/intermediário protético em

sistemas de conexão cone-morse, com um desenho experimental in vitro.

2. Comparar a frequência de infiltração bacteriana na interface

implante/intermediário protético entre estes dois diferentes sistemas de conexão

cone-morse.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Microbiota

Adell et al. (1981) avaliaram durante um período de 15 anos (1965-1980) 2768

composições de implantes-intermediários protéticos Brånemark® (Nobelpharma) com

conexão em hexágono externo instalados em mandíbulas edêntulas de 371 pacientes

consecutivos, aonde fístulas na região ao redor dos intermediários protéticos eram

frequentemente observadas e a presença de infiltração bacteriana no parafuso de

fixação protética foi sugerida como possível fator etiológico. Desde que foi utilizado um

anel de silicone no intermediário protético, a ocorrência de fístula desapareceu

completamente.

Lekholm et al. (1986) compararam o biofilme supragengival e subgengival

presente em implantes e intermediários protéticos com a placa existente em dentes

naturais, revelando semelhanças entre as microbiotas. Sendo 80% cocos anaeróbios

facultativos Gram-positivos, predominantemente Streptococcus sanguinis,

Streptococcus mitis e Streptococcus acidominimus.

Nakou et al. (1987) avaliaram implantes com superfície de hidroxiapatita em

cinco pacientes, com 10 implantes clinicamente saudáveis, encontraram que a placa

supragengival dos implantes eram predominantemente composta por cocos Gram-

positivos e bastonetes. A Placa subgengival era constituída basicamente por

Heamophilus sp. e Veillonela parvula. Na superfície dos implantes também existe a

formação de placa bacteriana como acontece na dentição natural.

Nakazato et al. (1989) observaram in vivo a formação de película em cinco tipos

de superfícies de implantes: cristal de alumina, policristal de alumina, policristal de

zircônia, hidroxiapatita e titânio puro. Streptococcus sp foram encontrados nas

primeiras 4 horas em todas as superfícies, sendo que, nas 48 horas subseqüentes, a

população bacteriana consistiu basicamente em anaeróbios. Os autores concluíram

que a formação de placa bacteriana nos materiais de implantes é independente de sua

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superfície. No entanto, quanto mais rugosa, maior é a aderência bacteriana. Portanto, é

necessário um rigoroso controle de placa bacteriana, a fim de prevenir falhas nos

implantes, independente do tipo de superfície empregada.

Wolinsky et al. (1989) avaliaram a aderência de Streptococcus sanguinis G9-B e

Actinomyces viscosus T14V à superfície de esmalte e à de titânio comercialmente puro,

tratados com saliva. Streptococcus sanguinis G9-B aderiu às duas superfícies em uma

escala estatisticamente significante quando comparada à Actinomyces viscosus T14V,

em ambas as superfícies. Streptococcus sanguinis G9-B faz parte da flora indígena da

cavidade bucal, estando associada ao mecanismo inicial de formação de placa

bacteriana.

Becker et al. (1990) concluíram que não somente fatores como o trauma

cirúrgico não controlado, dentre outros, devem ser considerados como causa do

fracasso dos implantes. Á longo prazo, outros fatores podem ser considerados na

sobrevida dos implantes como, por exemplo, o papel dos microorganismos. Pacientes

que apresentam formação excessiva de placa bacteriana têm apresentado inflamação

gengival na região da interface do implante com sua respectiva conexão protética,

resultando em fracasso por volta de 80% dos casos quando instalada a doença peri-

implantar, o que comprova o efeito da contaminação microbiana sobre a manutenção

da osseointegração.

Mombelli e Mericske-Stern (1990), estudando a microbiota associada a

implantes osseointegrados usados em próteses do tipo overdenture, encontraram

52,8% dos microrganismos cultivados eram cocos facultativos anaeróbicos, 17,4%

eram bastonetes facultativos anaeróbicos e 7,3% bastonetes Gram-negativos

anaeróbicos estritos (8,8% eram Prevotella intermedia e Fusobacterium spp), não

sendo observados Porphyromonas gingivalis e espiroquetas.

Sanz et al. (1990) realizaram um estudo onde verificaram os achados

microbiológicos associados aos implantes de safira feitos em pacientes com

edentulismo parcial. Trinta pacientes foram selecionados com o requisito de possuírem

pelo menos um implante de safira com um dente natural adjacente. As amostras foram

colhidas do sulco peri-implantar e do sulco gengival do dente adjacente. Verificaram

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que a microbiota em locais comprometidos era formada por bastonetes anaeróbios

Gram-negativos e bacterióides de pigmentação negra. Locais saudáveis possuíram

uma pequena quantidade de cocos Gram-positivos e bastonetes. A microbiota dos

locais saudáveis e comprometidos foi muito similar. Concluíram que a flora associada

com a doença peri-implantar é muito similar à doença periodontal, em sua grande

maioria formada por bastonetes anaeróbios Gram-negativos.

Bauman et al. (1992), estudando leitos peri-implantares e periodontais in vivo,

afirmaram que a flora bacteriana presente é semelhante, tanto em leitos saudáveis

como em comprometidos, em pacientes edentados parciais. No entanto, a flora difere

quando o paciente é desdentado total. Pode-se verificar, então, o caráter migratório

que os microorganismos possuem. Por isso, é certo que não se deve realizar a terapia

por implantes, em pacientes periodontalmente comprometidos, sem antes haver a

devolução adequada da saúde periodontal.

Koka et al. (1993), observando a colonização bacteriana associada a implantes

em pacientes parcialmente desdentados, após o segundo estágio cirúrgico, verificaram

que a colonização bacteriana supragengival ocorre em torno de 14 dias, e a

colonização subgengival em 28 dias. Portanto, segundo os autores, pode haver uma

população bacteriana potencialmente agressiva aos tecidos peri-implantares após 14

dias da colocação do cicatrizador.

Dharmar et al. (1994) utilizaram um teste enzimático (kit SK-013, Periocheck)

para identificar e comparar a população bacteriana no sulco gengival de dentes

naturais e no sulco peri-implantar de implantes do sistema Brånemark®. O estudo

incluiu 18 pacientes parcialmente edêntulos e 6 pacientes desdentados totais, sendo 8

homens e 16 mulheres, com idade de 24 a 81 anos (média de 54,1 anos). O número

total de implantes foi de 64, e 22 dentes naturais serviram como grupo controle. As

amostras foram coletadas do sulco gengival do grupo controle e do sulco peri-

implantar. Verificaram que a flora encontrada não diferiu entre os grupos, sendo

constituída em sua maior parte por cocos, bastonetes móveis e não móveis, fusiformes

e espiroquetas. Estas últimas bactérias não foram encontradas em pacientes

edêntulos.

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Kohavi et al. (1994) investigaram a microbiota supra e subgengival associada à

implantes osseointegrados saudáveis em 16 pacientes com edentulismo parcial. Em

cada paciente, um (n=3) ou dois (n=13) implantes foram utilizados como grupo

experimental e respectivamente, um ou dois locais de dentes adjacentes aos implantes

foram utilizados como grupo controle, totalizando 58 locais. As amostras de placa supra

e subgengival foram coletadas utilizando-se uma cureta estéril. Os resultados obtidos

demostraram que, em relação à placa subgengival, a presença de anaeróbios fora a de

maior incidência tanto no grupo controle quanto no experimental. Em relação à placa

supragengival, verificou-se uma incidência maior de Streptococcus mutans no leito peri-

implantar e no grupo controle. Concluíram que não existe diferença significativa na flora

subgengival entre dentes e implantes. No entanto, as amostras coletadas da placa

supragengival demostraram a presença de uma quantidade maior de bactérias

consideradas como colonizadoras secundárias da superfície dental.

Ericsson et al. (1995) realizaram um estudo em cães, e nele foi verificada reação

inflamatória nos tecidos ao redor dos implantes, sendo utilizados neste estudo cinco

cães. Deles foram removidos os pré-molares e o 1° molar, e, após um período de três

meses, foram instalados 6 implantes NobelBiocare® (Nobelpharma) em cada cão,

sendo que 4 receberam controle de placa bacteriana e 2 não. Os intermediários

protéticos foram colocados após três meses e o controle de placa foi realizado por mais

três meses. Ao término do período de estudo principal, 12 meses após instalação dos

intermediários protéticos os cães foram sacrificados. Os resultados da experiência

demonstraram que o tecido conjuntivo da mucosa do peri-implante onde os implantes

receberam controle de placa bacteriana estavam livres de células inflamatórias,

entretanto no grupo que não recebeu controle de placa bacteriana apresentavam

grande acúmulo de placa e tártaro. A análise histológica demonstrou infiltrado de

células inflamatórias em ambos os grupos na região de interface implante/intermediário

protético.

Mombelli et al. (1995) analisaram a presença de bactérias relacionadas à

doença periodontal com a microbiota presente nos implantes osseointegrados,

expostos ao meio bucal por 3 e 6 meses, em 20 pacientes com doença periodontal

previamente tratados. Após 3 meses em duas amostras peri-implantares, foram

encontradas a Porphyromonas gingivalis, em 6 amostras Prevotella intermedia. Quatro

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pacientes apresentavam Campylobacter rectus após 3 meses e 2 pacientes após 6

meses. Espiroquetas estavam presentes em 3 sítios após 3 meses e em 5 sítios após 6

meses. Os autores concluíram que houve uma alta prevalência de bactérias

anaeróbicas relacionadas à doença periodontal no período de 3 a 6 meses de

exposição dos implantes ao meio bucal.

Bollen et al. (1996) examinaram os efeitos desta rugosidade na adesão de

bactérias em superfícies de implantes. Seis pacientes que faziam uso de overdentures

foram selecionados, sendo que, de um lado o conector protético era altamente polido e

do outro um conector protético padrão de titânio. A cada três meses foram realizadas

análises microbiológicas da placa bacteriana removida ao redor dos implantes. A

análise dos resultados permitiu concluir que houve maior acúmulo no intermediário

protético de superfície mais rugosa, no entanto as bactérias encontradas eram

semelhantes em ambos os casos. Concluindo que a adesão bacteriana em superfícies

duras da cavidade oral é altamente influenciada pelo grau de rugosidade destas

estruturas. Quanto mais rugosa a superfície, maior o número de colônias bacterianas

formadas.

Edgerton et al. (1996) estudaram a adesão de diferentes espécies de

Streptococcus na superfície de titânio. Concluíram que a adesão das espécies

Streptococcus sanguinis e Streptococcus oralis foi maior que as outras espécies

estudadas, principalmente na presença de saliva. Em geral, as bactérias desta família

habitam o leito peri-implantar saudável. No entanto, acham-se associadas ao

mecanismo inicial de formação de placa bacteriana na região, podendo favorecer a

colonização secundária de outras espécies bacterianas, especialmente patógenas.

Quirynen et al. (1996), avaliando a relação entre a superfície do conector

protético e o acúmulo de placa bacteriana, verificaram que há maior acúmulo nas

superfícies com grau de rugosidade acentuado, chegando a ser 25 vezes maior do que

em superfícies lisas. No entanto, não houve diferença na população bacteriana, tanto

supra como subgengivalmente, em relação à rugosidade do conector protético.

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Trüper e De Clari (1997) e (1998), em revisões taxonômicas microbiológicas,

sugeriram e estabeleceram nova nomenclatura para algumas cepas bacterianas entre

elas Streptococcus sanguinis em vez de sanguis, nomenclatura criada por White

(1944), pois a intenção da designação da espécie neste caso é do ponto de vista

gramatical em latim, um genitivo, que indica uma relação, principalmente de posse,

entre o nome no caso genitivo e outro nome. Então do latim sanguis “o sangue“ e

sanguinis “do sangue”, caso genitivo corretamente aplicado, estando tal correção de

acordo com o Código Internacional de Nomenclatura Bacteriana (Bergey's Manual of

Systematic Bacteriology).

Callan et al. (1998), em estudo retrospectivo in vivo, observaram por meio de

microscopia eletrônica de varredura, 45 implantes de 2 estágios de hexágono externo

com perda de osseointegração, que removidos indicaram a presença de acúmulo de

placa bacteriana na interface implante/conector protético. Concluindo que o sistema de

fixação por parafuso cria uma via de disseminação bacteriana do meio externo para o

interno, quando a interface implante/intermediário protético está posicionada na região

subgengival, sendo a perda óssea circunferencial ao redor dos implantes presente em

100% dos implantes examinados, e que a falta de acessibilidade de higienização por

parte do paciente como também de controle de placa bacteriana, são fatores

preponderantes para o estabelecimento de um nicho bacteriano com produção de

toxinas que induzem processos inflamatórios dos tecidos peri-implantares.

Lee et al. (1999a) realizaram um estudo onde examinaram 43 pacientes

desdentados parciais que receberam 101 implantes, todos com sucesso clínico.

Objetivaram identificar a microbiota peri-implantar de acordo com o tipo de restauração

protética, tipo de implante, histórico de doença periodontal/peri-implantar. Os implantes

foram colonizados principalmente por Streptococcus, Capnocytophagae, Veillonella

parvula, Peptostreptococus micros e Fusobacterium nucleatum. Concluiram que a

presença ou não de restauração protética pouco influi na microbiota da região.

Histórico de doença periodontal ou infecções peri-implantares têm grande influência na

microbiota, principalmente as bactérias P. gingivalis e B. forsythus. No entanto, apesar

da presença destes microorganismos na região, os implantes achavam-se

osseointegrados e funcionais.

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Lee et al. (1999b), em outro estudo no mesmo ano, investigaram a origem de

espécies de microrganismos que colonizavam os implantes, realizando uma análise de

DNA de 42 espécies de bactérias subgengivais. As amostras foram coletadas pré-

implantação em dentes e língua e pós-implantação em dentes, língua e superfícies

subgengivais dos implantes de 10 pacientes edêntulos totais e de 11 parcialmente

edêntulos. Nos pacientes edêntulos totais houve uma prevalência de Streptococcus

sanguinis, seguida de Actinomyces naeslundii, Capnocytophaga ochracea e

Campylobacter rectus. O Streptococcus gordonii, A.naeslundii, Fusobacterium

nucleatum subsp. vincentii e Treponema denticola estavam entre os mais presentes

nos pacientes parcialmente edêntulos. Os níveis de microrganismos que colonizaram

implantes e dentes foram similares, contudo a língua apresentou maiores índices de

colonização. A maioria das espécies detectadas nos implantes estavam presentes

antes da implantação localizadas na língua e nos dentes remanescentes.

Behneke et al. (2000), por meio de um estudo prospectivo, compreendido entre 6

meses e 3 anos, realizado em 17 pacientes com peri-implantites, observaram que o

sucesso ou o fracasso dos implantes tem relação com a composição do biofilme. Os

implantes com sucesso foram colonizados com poucos cocos gram positivos, já os que

falharam tinham predominância de bactérias gram-negativas anaeróbias. Os patógenos

mais prevalentes foram a Prevotella intermedia e Porphyromonas gingivalis.

Rimondini et al. (2001) analisaram a adesão bacteriana em 3 tipos de superfícies

de titânio comercialmente puro. Oito voluntários foram selecionados para o estudo, que

consistiu na colocação de 3 discos de titânio, com diferentes superfícies, na região

posterior da mandíbula, sustentados por um aparato. Os discos de superfície lisa foram

colocados no grupo A, e os demais discos formaram o grupo B, de rugosidade

intermediária e grupo C, de alta rugosidade. Os voluntários foram orientados a

suspender a higiene oral por 24 horas. A aderência bacteriana verificada por

microscopia eletrônica de varredura, comprovou que os discos de superfície lisa

apresentaram colonização bacteriana muito inferior aos demais, sendo que a

população bacteriana era formada basicamente de cocos e bastonetes.

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Behneke et al. (2002), em estudo retrospectivo de 5 anos, avaliaram a

efetividade de implantes não submersos, encontraram um índice de sucesso de 98,8%

em 100 pacientes totalmente edêntulos na mandíbula. A média de perda óssea

marginal durante este período foi de 0,5 mm, sendo 0,1 mm anualmente. Os tecidos

peri-implantares permaneceram saudáveis, porém houve um acúmulo de depósitos de

placa principalmente na região lingual dos implantes. Para os autores, isto demonstra a

necessidade de controles periódicos, uma vez que muitos destes pacientes

apresentam dificuldade de manter um bom índice de higiene oral.

Ferrigno et al. (2002) avaliaram as principais causas de insucesso em 1286

implantes não submersos, em pacientes totalmente edêntulos, acompanhados em um

período de 10 anos. Durante todo esse período ocorreram 5 insucessos pela presença

de peri-implantite e 2 por reabsorção progressiva do osso associada à peri-implantite.

Nos controles anuais, a infecção peri-implantar pode ser observada em 18 implantes, e

foi considerada como insucesso, o que os autores chamaram de “falha biológica”.

Desses, 8 receberam debridamento mecânico, aplicação tópica de clorexidina 0,5% e

antibiótico (metronidazol 2x 500mg) por 10 dias para controle da infecção; em 6, houve

necessidade de intervenção cirúrgica para tentar recuperar a arquitetura dos tecidos

moles e duros. Os demais não responderam satisfatoriamente ao tratamento. Os

resultados mostraram que após 10 anos, os implantes atingiram 95,9% de sucesso,

porém a maior parte dos insucessos estavam relacionados à peri-implantite.

Heydenrijk et al. (2002), em estudo prospectivo, compararam implantes de dois

estágios ,IMZ®, com o de um estágio cone-morse, ITI®, através de avaliação clínica,

radiográfica e microbiológica em 40 pacientes, com 1 ano de carga funcional. Os

autores tinham por objetivo verificar o impacto do espaço no nível da crista óssea

alveolar e monitorar a microbiota peri-implantar. Após 12 meses de carga, foi realizada

uma coleta da amostra no sulco peri-implantar, que foi analisada por cultura em ágar,

para verificar os patógenos na região em ambos os sistemas de implantes. A perda

óssea alveolar foi mensurada por meio de radiografias pela técnica do paralelismo

(cone longo) e analisadas de forma digital. A mobilidade, o índice de placa e de

sangramento foram os parâmetros clínicos adotados neste trabalho. Os parâmetros

clínicos mostraram diferenças significativas entre os implantes de 1 e 2 estágios, uma

vez que os implantes de único estágio mostraram resultados inferiores quando

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comparados ao de 2 estágios. Não houve diferença estatisticamente significativa na

perda óssea entre ambos os sistemas, com uma média de perda no primeiro ano de

carga equivalente a 0,6 mm. A bactéria de maior prevalência no sulco peri-implantar foi

a Prevotella intermedia, encontrada em 12 implantes ITI® e em 3 IMZ®. A bactéria

Porphyromonas gingivalis esteve presente em 3 pacientes, onde em um destes a perda

óssea ocorreu em média 1,6 mm no período de 1 ano. Os resultados a curto prazo

indicam que os implantes de dois estágios, IMZ®, podem ser tão previsíveis como os

implantes de único estágio. Segundo os autores, a presença do espaço na crista óssea

alveolar dos implantes de 2 estágios não provocou efeito adverso na colonização

bacteriana e na perda óssea com 1 ano de carga funcional. Embora o sulco peri-

implantar funcione como um reservatório para microrganismos patogênicos, não houve

de uma maneira geral sinais de peri-implantite durante o período de avaliação de 1

ano.

Barboza et al. (2002) observaram o nível da crista óssea adjacente para

implantes submergidos e expostos durante a fase curativa, sendo que neste estudo

foram instalados implantes bilaterais na mandíbula de 10 pacientes durante 4 meses.

Foram obtidas culturas nos locais dos implantes expostos. Todos os pacientes

apresentaram perda do osso na crista nos implantes que ficaram expostos, em

comparação aos implantes submersos. Na maioria dos locais onde foi realizada a

coleta, encontraram, principalmente, Prevotella sp, Streptococcus beta-hemolíticos e

Fusobacterium sp. Devido à exposição dos implantes ficou mais propício o acúmulo de

placa bacteriana, principalmente na região do microfenda, favorecendo a reabsorção

da crista.

Leonhardt et al. (2002) realizaram um acompanhamento durante dez anos, em

15 pacientes que apresentavam doença periodontal. Após rigoroso tratamento, foram

colocados implantes do Sistema Brånemark®, mantendo uma proservação cuidadosa

por todo esse período. A média de sucesso dos implantes após este período foi de

94,7%. Quando do tratamento periodontal inicial, os pacientes foram submetidos a

exames microbiológicos onde foram identificadas as bactérias Porphyromonas

gingivalis, Prevotela intermedia, Actinobacillus actinomycetemcomitans,

Capnocytophaga ssp e Campylobacter rectus, presentes no sulco gengival dos dentes

normalmente implantados. Os resultados do estudo mostraram a presença das

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mesmas bactérias nos leitos peri-implantares saudáveis e que a presença delas não

pode ser associada diretamente à doença peri-implantar, já que esses faziam parte da

microbiota de todos os pacientes da amostra. Os autores relataram que essas

bactérias também foram encontradas em sulcos peri-implantares comprometidos.

Quirynen et al. (2002), realizando uma criteriosa revisão da literatura,

discorreram sobre os principais riscos de infecção nos implantes dentários. Para os

autores, longevidade dos implantes osseointegrados é comprometida pela presença da

sobrecarga oclusal e placa bacteriana, as quais podem induzir a peri-implantite. O

acúmulo da placa bacteriana pode sofrer influência direta da geometria e da superfície

dos implantes. Uma alta proporção de anaeróbios gram-negativos, organismos móveis

e espiroquetas, que são os microrganismos presentes na doença peri-implantar, não

diferindo grandemente daqueles relacionados às doenças periodontais. Existe também

uma preocupação com a translocação de bactérias patogênicas de áreas dentadas

para regiões peri-implantares no mesmo paciente. Finalmente eles concluíram que os

mesmos fatores de risco da doença periodontal são os responsáveis pela peri-

implantite, tais como, fumo e higiene oral deficitária, podendo o risco ser ainda maior,

variando de acordo com o tipo e especialmente a topografia da superfície dos

implantes.

Covani et al. (2006) demonstraram grande colonização bacteriana na interface

implante-intermediário protético de implantes que falharam e foram removidos vários

anos após sua instalação. Essas bactérias eram, em sua maioria, cocos e filamentos,

que estavam aderidos à superfície do implante em uma orientação perpendicular ao

seu longo eixo. Grande quantidade de bactérias foram encontradas nos tecidos moles

peri-implantares, onde filamentos, bastões e espiroquetas estavam presentes.

De Boever e De Boever (2006) analisaram a ocorrência de colonização

bacteriana precoce em implantes não submersos durante um período de 6 meses em

pacientes parcialmente edêntulos já tratados de periodontite agressiva em estágios

avançados. O outro fator de inclusão dos 22 pacientes selecionados a receberem o

tratamento com implantes, foi de estarem se submetendo a um programa de controle

clínico de manutenção por um período não menos de 12 e não mais de 240 meses no

momento da cirurgia de instalação de implantes, sendo um total de 68 implantes não-

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submersos instalados. Os pacientes obtiveram um índice de placa bacteriana abaixo de

20% e menos de 20% das bolsas periodontais ao redor dos dentes apresentaram

sangramento à sondagem. A utilização do método de extração de DNA das células

(micro-IDent) denunciou a presença e concentração de cinco patógenos periodontais

(Actinobacillus actinomycetemcomitans (Aa), Porphyromonas gingivalis (Pg), Prevotella

intermedia (Pi), Tannerella forsythensis (Tf) e Treponema denticola (Td)), nas cinco

mais profundas bolsas periodontais presentes no resto da dentição previamente às

cirurgias e após seis meses. Após 10 dias de realizada a cirurgia 3 pacientes

apresentaram uma composição bacteriana exatamente igual entre dentes e implantes.

Em 14 pacientes a composição foi razoavelmente similar enquanto grandes diferenças

em composição e concentração ocorreram em 5 pacientes. A microbiota ao redor dos

implantes permaneceu quase inalterada por um período de 6 meses e não prejudicou a

osseointegração clínica e radiográfica e não levou a peri-implantite, mucosites ou inicío

de perda óssea.

Quirynen et al. (2006), em estudo bacteriano in vivo em indivíduos parcialmente

edêntulos submetidos a implantes, encontraram uma microbiota subgengival complexa

que se estabeleceu em menos de uma semana após a cirurgia de segundo estágio ou

da instalação de implantes de um estágio. Após sete dias, já há alta proporção de

patógenos nos sulcos peri-implantares recém-formados. Da segunda semana em

diante, apenas pequenos aumentos no número total de espécies são observados, com

uma proporção praticamente inalterada na composição, exceto por membros do

complexo vermelho e laranja, que aumentam até a décima terceira semana.

Fürst et al. (2007) avaliaram in vivo a colonização bacteriana em implantes

comparando a microbiota bacteriana presente nos primeiros 30 minutos após sua

instalação com a microbiota presente após 1, 2, 4, 8 e 12 semanas, com estudo das

possíveis diferenças microbianas entre implantes e dentes adjacentes. Neste estudo

foram encontradas 40 espécies bacterianas ao todo. Apenas a bactéria Veillonella

parvula mostrou maior concentração após à primeira semana (p<0,05), quando

comparada à colonização bacteriana ocorrida aos 30 minutos da instalação dos

implantes. Na 12ª semana encontrou-se uma concentração bacteriana mais elevada

em regiões de dentes. Foi encontrada uma quantidade maior de algumas cepas

bacterianas (Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia e Treponema denticola) na

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12ª semana nas regiões de implantes comparando regiões de dentes e implantes. Um

total de 27 espécies bacterianas foram encontradas em dentes e 13 em implantes 30

minutos após a colocação dos mesmos. Esta diferença após 12 semanas foi de 35

espécies em dentes e 5 em implantes.

Hauser-Gerspach et al. (2007) avaliaram a capacidade de adesão in vitro da

bactéria Steptococcus sanguinis ao titânio, ouro, cerâmica (Vita Omega 900),

compósito (Tetric Ceram) e esmalte dental humano revestido com saliva coletada de

um doador são, durante um período de 1 hora em uma câmara de fluxo, simuladora

das condições encontradas in vivo na cavidade oral. O número de bactérias que

aderiram ao titânio, ouro e a superfície cerâmica foi alto (p<0,001) e baixo no

compósito (p<0,001) quando comparado ao esmalte humano. Quando levado em conta

a porcentagem de bactérias vivas que aderiram as superfícies, a quantidade que se

fixou ao esmalte dental foi maior do que nos outros materiais testados (92.5%). Os

resultados sugeriram que as variações na quantidade e da vitalidade da bactéria

Streptococcus sanguinis está na dependência das características de hidrofilia ou

hidrofobia da superfície, do substrato aderido a esta superfície como também a

presença da película salivar, que esta presente em todas as estruturas dentro da

cavidade oral.

Salvi et al. (2008) compararam o padrão de colonização bacteriana ao redor de

implantes de titânio 30 minutos após a instalação, após 12 semanas e após 12 meses,

também compararam a microbiota presente na região submucosa dos implantes e na

região subgengival de dentes adjacentes. Coletaram amostras de placa bacteriana da

região submucosa e/ou subgengival ao redor de 17 implantes e dentes adjacentes

sendo realizadas análises de DNA das células aos 30 minutos, 12 semanas e 12

meses após a instalação cirúrgica dos implantes. Após 12 meses nenhum implante foi

perdido ou apresentou sinais de peri-implantite. Bolsas peri-implantares com

profundidade < ou = a 3 mm foram encontradas em 75% dos implantes, sendo

encontrada grande prevalência da bactéria Tannerella forsythia nas regiões dos

implantes entre o período de 12 semanas e 12 meses (p<0,05), mostrando diferenças

na composição de espécies bacterianas presentes nos tecidos ao redor de dentes e

implantes.

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3.2 Aspectos biomecânicos

Patterson e Johns (1992) desenvolveram um método para calcular a resistência

à fadiga dos componentes parafusados em sistemas de próteses fixas sobre implantes.

Relataram que a ausência de adaptação passiva faz com que as superfícies dos

componentes não entrem em contato quando a pré-carga é aplicada, dessa forma o

parafuso passa a receber toda a carga, tendo seu tempo de fadiga reduzido. Para

predizer a sobrevida de um componente à fadiga, a distribuição de tensão naquele

componente deve ser determinada, e este depende das cargas que estão sendo

aplicadas ao componente. Segundo os autores quando o parafuso é apertado, uma

pré-carga é produzida no parafuso e isto induz a uma tensão compressiva nos

componentes e quando cargas externas são aplicadas aos componentes unidos,

produzem um relaxamento da tensão compressiva e parte desta aumenta a tensão no

parafuso. Observaram que existem duas áreas principais de concentração de tensão

nos parafusos, nas quais provavelmente se inicia a fadiga e conseqüentemente a falha;

a primeira está entre a haste e a cabeça do parafuso; esta concentração é uma

conseqüência do raio e o diâmetro da curvatura. A segunda área onde existe alta

concentração de tensão é na primeira rosca do parafuso; está é conseqüência da

geometria da rosca que produz uma concentração neste ponto em todas as roscas e é

particularmente um resultado da concentração da carga na primeira rosca. Em seu

estudo, utilizando os princípios de engenharia mecânica sobre um modelo, afirmaram

que quando uma prótese total fixa é construída de forma precisa sobre suficientes

implantes eqüidistantes, a resistência à fadiga do parafuso do pilar pode chegar até 20

anos, porém esta pode ser reduzida drasticamente quando as condições de tensão e

carga não são satisfeitas. Concluíram que, devido à possibilidade de incorporar

pequenos erros nos diferentes procedimentos, é necessário que os parafusos estejam

apertados ao máximo, aumentado dessa forma o tempo de vida útil dos mesmos e para

que isso ocorra, recomendam a aplicação de torque apropriado.

Goheen et al. (1994) ressaltaram a importância do torque para melhorar a

adaptação dos componentes protéticos aos implantes. Segundo esse autor, torques

insuficientes podem favorecer a desadaptação e a infiltração bacteriana da interface

implante/conector protético, como demonstraram ao registrar valores da variação nas

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mensurações de torque utilizando torquímetros mecânicos, de 0,7 N.cm a 18,1 N.cm;

1,4 N.cm a 33,7 N.cm e 8,2 N.cm a 36,2 N.cm para torquímetros de 10 N.cm, 20 N.cm

e 30 N.cm respectivamente, concluindo ser mandatório a utilização de torquímetro

calibrado e com controle de torque para se atingir torques precisos. Os dados

demonstraram que há grande variação na habilidade dos clínicos em perceber

adequadas forças de torque aplicadas aos componentes protéticos.

Sakaguchi e Borgersen (1995) mencionaram que estudos clínicos apontam a

soltura de parafusos ou fratura de próteses em 5% a 45% dos casos no primeiro ano

de função e atribuiram o fato, entre outros aspectos, ao alongamento excessivo do

parafuso de fixação por sobre-esforço.

Chapman e Grippo (1996) descreveram o mecanismo locking-taper, definindo-o

como um mecanismo de retenção entre o implante e intermediário protético apenas por

microembricamento friccional entre as duas superfícies cônicas anguladas em 1,5°,

com travamento apenas por atrito estático, com grande área de superfície de contato.

Sendo o implante e intermediário protético compostos de titânio grau 5 (Ti6Al4V).

Apresentaram um trabalho retrospectivo no qual 1757 implantes instalados

cirurgicamente em pacientes foram restaurados com conexão locking-taper em 3

diferentes grandes serviços odontológicos. No serviço A, 504 implantes instalados e

restaurados, foram monitorados por um período de 7 anos pelo mesmo cirurgião. No

serviço B, 835 implantes foram instalados e monitorados pelo mesmo cirurgião por um

período de 4 anos. No serviço C, 418 implantes restaurados foram monitorados por um

período de 4 anos. No serviço A, 11 intermediários protéticos fraturaram durante um

período de 7 anos. 15 intermediários protéticos soltaram e 1 fraturou durante 4 anos de

acompanhamento no serviço B, enquanto 4 intermediários protéticos soltaram e

nenhum fraturou durante os 4 anos de acompanhamento do serviço C. O percentual de

intermediários protéticos fraturados foi de 0,05% e que se soltaram foi de 1,7% de

implantes restaurados nos 3 serviços, com percentual de complicação total de 2,2%.

Todos os intermediários que se soltaram foram recolocados novamente nos

respectivos implantes sem nenhuma outra complicação.

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Hämmerle et al. (1996), em estudo in vivo em que 11 pacientes foram

submetidos à instalação subcrestal em 1,0 mm utilizando-se implantes do sistema ITI®

com conexão cone-morse, sendo avaliados clínica e radiograficamente em 4 e 12

meses pós-cirurgia. Os implantes mostraram ao longo do período observado,

reabsorção óssea peri-implantar.

Müftü e Chapman (1998), em estudo retrospectivo de 4 anos, avaliaram o

comportamento biomecânico de próteses unitárias confeccionadas sobre 432 implantes

curtos do sistema Bicon® (3.5 mm de diâmetro e 8.0 mm de altura) instalados em 168

pacientes (84 homens e 84 mulheres) em regiões posteriores de 98 maxilas (190

implantes) e 103 mandíbulas (242 implantes). Sendo que todos os procedimentos

cirúrgicos foram realizados pelo mesmo cirurgião em um período compreendido de 4

anos e 2 meses. O índice de sobrevivência dos implantes foi de 90% em maxila e

96.8% em mandíbula. Durante este período de 4 anos houve 0.74% de afrouxamento

dos intermediários protéticos, 0.5% de fratura dos intermediários protéticos e 2.47%

das coroas de porcelana fraturaram no momento da instalação aos implantes. Sendo

concluído que o baixo índice de complicações deste sistema de implantes torna a

reabilitação protética utilizando implantes unitários do sistema Bicon® uma confiável

solução para o tratamento do edentulismo em regiões posteriores.

Norton et al. (1999), avaliando sistemas de implantes de conexão cone-morse,

compararam o torque de afrouxamento com o torque de aperto nos sistemas ITI® e

Astra Tech® (8° e 11° de cone interno respectivamente) testaram também a ocorrência

de solda fria entre os componentes. Definiram solda fria como uma propriedade das

conexões onde um aumento no torque de afrouxamento em relação ao torque de

apertamento está sempre presente. Estabeleceram para que este estudo evidenciasse

a presença de solda fria, um aumento de 100% na relação do torque de

afrouxamento/apertamento. Para a realização dos testes implantes-intermediários

protéticos foram montados em um dispositivo fixado rigidamente de forma a permitir as

forças de torque. Um transmissor foi utilizado para transmitir os dados obtidos ao

computador. Testes foram realizados em ambiente úmido e seco em uma série de

baixo torque de 4 a 50N.cm e uma serie de alto torque de 100 a 300N.cm. Em cada

serie 4 implantes ITI® e 5 implantes Astra®, foram utilizados, sendo que em dois destes,

um tempo de 10 e 60 minutos a 200N.cm, foi esperado entre cada teste para

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determinar se a recuperação elástica influenciava no torque de afrouxamento.

Concluíram que na série de baixo torque em ambiente seco e úmido, nenhuma das

amostras excedeu 100% do torque de aperto, sendo sempre entre 80% e 90%. Em 100

e 300N.cm, o torque de afrouxamento excedeu o torque de aperto, caracterizando a

solda fria, antes da falha do componente, quando uma deformação plástica era

esperada. Médias de 109% e 104% foram encontrados em amostras Astra® e ITI ®

respectivamente. Não foram encontradas diferenças estatísticas ao se comparar meio

úmido e seco, assim como quando 10 e 60 minutos foram esperados para recuperação

elástica. Para níveis de aperto de relevância clinica (20 a 40N.cm), o torque de

afrouxamento foi entre 80 e 85% em todas as amostras utilizadas.

Weiss et al. (2000) compararam o efeito apertos múltiplos em diferentes

sistemas de implante-conector protético. No seu trabalho, utilizaram sete conexões

tipo: cone-morse (ITI® e Alpha-Bio®), spline (Calcitek®), um sistema de conexão plana

integral (Calcitek®), hexágono externo (Steri-Oss® e Brånemark®) e octágono interno

(Omnilock®). Cada conexão foi fixada em um medidor de torque, e aplicado um torque

a 20N.cm por cinco segundos com um torquímetro manual. Depois de um período de

dez segundos de repouso foi realizado o torque de afrouxamento e registrado o valor

obtido; este procedimento foi repetido duzentas vezes consecutivas e os dados obtidos

submetidos à análise estatística. Os resultados mostraram uma progressiva perda da

quantidade de torque de afrouxamento em todos os sistemas testados, sendo

encontradas diferenças significantes entre eles. Os sistemas que mantiveram maiores

valores de torque de afrouxamento consistentemente foram o cone-morse e o spline. A

percentagem de perda de torque imediato entre os sistemas foi de 3% a 20%; de 3% a

31% depois de cinco ciclos; e de 4,5% a 36% em 15 ciclos. Os dois sistemas cone

morse testados (ITI® e Alpha-Biov®) tiveram uma média de perda de torque imediato

de 0,5 e 0,6N.cm, respectivamente, o sistema spline® (Calcitek) uma média de

1,2N.cm; já o sistema Integral® (Calcitek) teve perda de 2,6N.cm, os dois sistemas de

hexágono externo (Steri-Oss® e Brånemark®) tiveram perda imediata de 3,4 e 6,2N.cm

respectivamente, e o sistema de octágono interno (Omnilock®) de 6,5N.cm. Depois de

duzentos ciclos de torque de aperto e afrouxamento dos primeiros quatro sistemas

baixaram o nível de torque para 15N.cm aproximadamente; os sistemas Steri-Oss® e

Omniloc® para 12N.cm aproximadamente e o sistema Brånemark® falhou em 32 ciclos.

Os autores acreditam que para minimizar o afrouxamento dos parafusos, o número de

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aperto e afrouxamento nos procedimentos clínicos e laboratoriais antes da fixação final

devem ser reduzidos.

O’Callaghan et al. (2001), estudando as conexões protéticas de interferência

cônica friccional, desenvolveram um protótipo de instrumento para martelamento do

intermediário protético, no qual utiliza um sistema com mola comprimida dentro de um

tubo circular de titânio, que ao ser acionada libera a energia requerida para fixar o

intermediário protético ao implante através de impacto mecânico. A expectativa era de

criar um método mais padronizado para a inserção do intermediário protético ao

implante, que liberasse a energia necessária e suficiente para fixação e retenção do

intermediário protético. O instrumento desenvolvido mostrou significante melhora em

relação ao método convencional de utilização de martelo protético, tendo alcançado os

objetivos de inserção e retenção do intermediário protético ao implante, sendo

ergonômico em várias áreas da cavidade oral.

Guimarães et al. (2001), considerando a importância de uma longevidade maior

dos implantes osseointegrados e da necessidade de se obter a melhor adaptação

possível entre a base do implante e pilar protético, realizaram uma revisão de literatura

sobre a importância do perfeito ajuste entre estes dois componentes, suas implicações

biomecânicas, funcionais, biológicas e clínicas e, ainda, realizaram um levantamento

dos diferentes métodos para estudo desta interface de união. A margem de união

implante-intermediário protético é tida hoje, como uma área de muita importância,

devido, principalmente a localização da microfenda. Essa união, dependendo do seu

tamanho, pode levar a perda da reabilitação protética. O desajuste entre a base do

implante e o pilar protético, e a falta de adaptação passiva entre a prótese e os pilares

podem levar a fraturas, tanto dos componentes protéticos quanto do parafuso do pilar

ou do próprio implante; pode também levar a distribuição inadequada das forças ao

ossso de suporte, infiltração bacteriana na interface, ao acúmulo de biofilme e até

mesmo a perda da osseointegração.

Bozkaya e Müftü (2003) definiram as conexões protéticas cônicas por

interferência também chamadas de cone-morse, como intermediários protéticos que

possuem grande parte ativa cônica, que se adaptam por interferência friccional dentro

do implante. Sendo que as roscas parecem não ser necessárias para a retenção deste

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tipo de conexão. As conexões cone-morse ou cônicas por interferência, se

estabelecem pela grande área de contato entre a superfície do intermediário e das

paredes internas do implante, resultando em resistência friccional, promovendo uma

conexão mecânica segura por microembricamento. Sendo que o sistema de implantes

cone-morse Ankylos®, utiliza um intermediário protético em parafuso com interferência

friccional e o sistema de implantes cone-morse Bicon® utiliza um intermediário protético

apenas por interferência friccional pura. Quando conexões cone-morse friccionais são

utilizadas, complicações como afrouxamento ou soltura do parafuso ocorrem com

menor frequência.

Tenembaum et al. (2003), em estudo in vivo no qual utilizou 6 cães labradores,

nos quais foram instalados 2 implantes Ankylos® cada. Os animais foram sacrificados 6

meses após a instalação dos intermediários protéticos sem submetê-los a carga

funcional e sem controle de placa bacteriana. A mucosa peri-implantar ao redor dos

implantes foi analisada histologicamente por meio de microscopia eletrônica de

varredura e histomorfometria. Os resultados mostraram um leve processo inflamatório

no tecido conjuntivo e um epitélio queratinizado juncional longo. A presença de uma

interface cônica entre o implante e o intermediário protético no sistema de implantes

Ankylos® pode explicar os resultados histológicos dos tecidos peri-implantares. A maior

espessura e altura de tecido conjuntivo presente pode representar um efeito de

proteção contra a infiltração bacteriana e de processos inflamatórios da mucosa peri-

implantar.

Bozkaya e Müftü (2004) analisaram o comportamento mecânico entre implantes

e intermediários protéticos em sistemas de implantes cone-morse com diferentes

formas de conexão entre as partes, com interferência friccional por aparafusamento

(IFA) Ankylos® e ITI® e com interferência friccional pura (IFP) Bicon®, encontrando que

as propriedades mecânicas deste tipo de conexões tais como a força de inserção

mínima segura e a força de remoção do intermediário protético, estão na dependência

do ângulo das paredes internas do implante e da superfície de contato na interface

cônica entre as duas estruturas. Concluindo que conexões cone-morse que

apresentam paredes internas com ângulos menores de 5,8° (Bicon® e Ankylos®) são

consideradas mecanicamente eficientes, tendo como característica mecânica favorável

a força de remoção maior do que a força de inserção do intermediário protético ao

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implante, o que traduz-se por uma melhor estabilidade mecânica entre as partes e

melhor microembricamento entre as superfícies de contato, e que em conexões cone-

morse, quanto menor o ângulo de inclinação das paredes internas e maior a área de

contato na interface, menor a quantidade de força de inserção mínima necesssária

para a estabilidade mecânica do conjunto em função mastigatória. Este estudo analítico

mostrou ainda que mais de 86% do torque de apertamento e mais de 96% do torque de

afrouxamento do intermediário protético em conexões cone-morse por aparafusamento

são mediados pela parte cônica do sistema.

Weigl (2004), em revisão de literatura sobre reabilitações protéticas unitárias

sobre implantes do sistema Ankylos® instalados em região de incisivos laterais, relatou

uma taxa de afrouxamento de parafuso protético após 5 anos em função de 1.3% em

233 reabilitações. Descreveu ainda as características do sistema de implante Ankylos®

como um implante que apresenta um cone interno com roscas na sua porção apical,

sendo a conexão mantida em posição através de forças friccionais que agem nas

roscas incorporadas na extremidade do parafuso do intermediário protético e forças

friccionais que agem na superfície cônica do mesmo, sendo este atrito estático entre as

partes mais do que suficiente para proporcionar propriedades antirotacionais e encaixe

preciso sem apresentar micromovimentos entre implante-intermediário protético.

Zipprich et al. (2004) avaliaram a fadiga em conexões entre implante-

intermediário protético após serem submetidos a cargas cíclicas em simulador de

mastigação utilizando no máximo 1.000.000.00 de ciclos com 5Kg de peso, força de

±100 N, freqüência de 2 Hz, distância de 1,5 mm e velocidade de 40 m/s em 7 sistemas

de implantes apresentando plataforma protética larga (ITI®, Impla®, Brånemark®,

Camlog®, Frialit 2®, Bio-Horizon® e Ankylos®). Apenas os sistemas de implantes Bio-

Horizon® e Ankylos® resistiram ao ciclo máximo sem apresentarem nenhum tipo de

falha por fadiga estrutural ou micromovimentos entre implante-intermediário protético.

Weng et al. (2004) verificaram o nível de reabsorção óssea peri-implantar por

meio de radiografias, durante 6 meses, em dois sistemas de implantes com conexões

protéticas diferentes em animais. Após 3 meses após a extração do dente, foi

instalado, em 8 cães, 1 implante de hexágono externo (3,75 x 8,5 mm Tiunite®,

Nobelbiocare) e, ao seu lado, foi instalado um implante com cone-morse (3,5 x 8,5 mm

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Ankylos®, Friadent®). Os implantes foram instalados 1,5mm abaixo da crista óssea.

Após 3 meses os implantes foram cirurgicamente expostos e os intermediários

protéticos colocados. Radiografias unificadas foram tiradas imediatamente após a

colocação do intermediário protético, e após controladas mensalmente. Após 6 meses,

os níveis de reabsorção da crista óssea haviam diminuído e, logo depois de 1 mês

essas diferenças já eram notadas, sendo maior para os implantes de hexágono

externo. Dentro dos limites deste estudo, in vivo, concluíram que os desenhos

diferentes da microfenda têm influência significante na reabsorção do nível da crista

óssea para mais ou para menos. Isto é de interesse clínico especial sempre que

implantes forem instalados abaixo da crista óssea por razões estéticas.

Döring et al. (2004), em estudo retrospectivo de 8 anos, analisaram o

comportamento de 275 implantes unitários do sistema Ankylos® instalados em regiões

anteriores e posteriores de mandíbula abaixo da crista óssea, onde foram analisados

do ponto de vista funcional e estético. O índice de sobrevida dos implantes foi de

98.2% e nenhuma complicação mecânica foi reportada como afrouxamento ou fratura

de intermediário protético mesmo em regiões posteriores de mandíbula, sugerindo a

segurança funcional do sistema de conexão cone-morse entre implante e intermediário

protético.

Baumgarten et al. (2005) definiram o conceito de mudança de plataforma

(platform switching) em implantes com conexão cone-morse referindo-se ao uso de um

pilar protético de menor diâmetro do que a plataforma do implante. Essa conexão

posiciona a interface implante/intermediário protético mais centralmente ao eixo do

implante, afastando-a da crista óssea. Suas potenciais aplicações incluem situações

onde implantes mais largos são indicados mais o espaço protético é limitado e em

regiões estéticas. As observações clínicas da sua utilização demonstraram

preservação da crista óssea ao redor destes implantes.

Carrilho et al. (2005), em estudo comparativo da liberdade rotacional

apresentada entre implantes de conexão em hexágono externo e interno do sistema de

implantes Conexão®, São Paulo-Brasil, onde foram utilizados 5 implantes de cada

sistema acoplados aos seus respectivos intermediário protéticos. Os implantes com

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conexão em hexágono interno apresentaram maior liberdade rotacional quando

comparados aos de hexágono externo (p<0,05).

Kitagawa et al. (2005) analisaram através de um ensaio com elementos finitos a

micro-movimentação da conexão implante/pilar em diferentes sistemas de implantes. O

estudo comparou implantes com conexões em hexágono externo e cone-morse, e

verificou micro-movimentação maior para o sistema de hexágono externo. Além disso,

verificaram a presença de movimentos de rotação nos pilares de hexágono externo, e

completa ausência de movimentos de rotação nos pilares cone-morse.

Lazzara e Porter (2006) sugeriram que a proximidade do infiltrado inflamatório

do intermediário protético com a crista óssea, pode explicar em parte, as observações

biológicas e radiográficas de perda óssea ao redor de implantes de duas peças

expostos e restaurados. Esses autores sugeriram que a mudança de plataforma

(platform switching) em implantes com conexão cone-morse afasta o infiltrado

inflamatório da crista óssea, fazendo com que ocorra pouca ou nenhuma remodelação

óssea peri-implantar.

Maeda et al. (2006) avaliaram as vantagens biomecânicas de implantes com

conexão cone-morse que apresentam o conceito de mudança de plataforma (platform

switching) comparados com implantes com conexão hexagonal externa, utilizando

modelo tridimensional por análise de elemento finito, simulando implantes

osseointegrados. Foi sugerido que o implante com mudança de plataforma, possui a

vantagem biomecânica de mudar a incidência de concentração de forças ao nível da

crista óssea ao redor da interface implante/intermediário protético, tendo como

desvantagem mecânica o aumento de concentração de forças diretamente no

intermediário protético ou no seu parafuso.

Hürzeler et al. (2007) trataram 15 pacientes com implantes, sendo 14 de grande

diâmetro com intermediários protéticos com mudança de plataforma (platform

switching). Oito implantes com plataforma regular foram instalados com intermediários

protéticos padrão. Radiografias digitais foram realizadas do osso peri-implantar no

momento da cirurgia e comparadas com radiografias realizadas pós-reconstrução

protética sobre os implantes após 1 ano em função. Mensurações do osso peri-

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implantar foram realizadas utilizando análise digital de imagem. O sistema de implante

com conceito de mudança de plataforma mostrou preservar melhor e de forma evidente

a estrutura óssea quando comparados a implantes com intermediários protéticos com

plataforma regular.

Weng et al. (2008) analisaram comparativamente a reação óssea à dois

sistemas de implantes com diferentes interfaces implante/intermediário protético,

cônica representado pelo sistema Ankylos® com conexão em cone-morse e horizontal

presentado pelo sistema de implante TiUnite® (Brånemark) com conexão em hexágono

externo. Três meses após a extração de pré-molares e 1° molares na mandíbula de

oito cães, foram instalados dois implantes com conexão em cone-morse de um lado e

no lado contralateral dois implantes com conexão em hexágono externo. Um implante

de cada lado foi instalado ao nível da crista óssea e outro 1.5 mm abaixo da crista

óssea. Após três meses os implantes foram expostos ao meio bucal, os cães

sacrificados, os implantes com a estrutura óssea circundante onde foram analisadas

possíveis diferenças histológicas da estrutura óssea peri-implantar. Foi observado

formação óssea apenas sobre a interface cônica dos implantes submersos com

conexão em cone-morse Ankylos®, sugerindo que a infiltração bacteriana e

micromovimentação mecânica entre o implante-intermediário protético ou a

combinação de ambos possa ser reduzida nesse sistema de implantes.

3.3 Modelos experimentais de infiltração bacteriana

Traversy e Birek (1992) em estudo in vitro evidenciaram de forma pioneira

passagem bidirecional bacteriana através da interface implante/intermediário protético

de implantes do sistema Brånemark®. A infiltração bacteriana foi demonstratada tanto

da cavidade interna dos implantes para o meio externo estéril (BHI), quanto do meio

contaminado externo para a cavidade interna estéril, utilizando solução de

paranitrofenol e a bactéria Streptococcus sanguinis.

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Quirynen e van Steenberghe (1993) estudaram a presença de microorganismos

na parte interna da fixação de Brånemark® (Nobelpharma). Os autores observaram que

todos os parafusos de fixação abrigavam uma quantidade significativa de

microorganismos, tais como células cocóides e espiroquetas.

Quirynen et al. (1994) realizaram um estudo no qual examinaram, in vitro, a

existência de infiltração microbiana através dos componentes do sistema Brånemark®.

Trinta e dois implantes foram conectados aos intermediários protéticos com aperto de

10N.cm e foram colocados em meio líquido de cultura a base de sangue e previamente

inoculado com microorganismos do meio bucal. A amostra foi dividida de dois em dois

grupos, sendo o primeiro composto por 16 elementos imersos parcialmente no líquido,

até a altura da metade do intermediário protético, cobrindo a união implante-

intermediário protético e o restante, imerso totalmente para avaliar a infiltração através

da parte superior do componente. Após sete dias de incubação anaeróbica os

microorganismos da parte interna dos implantes foram coletados e incubados em

placas de Agar-sangue e em condições anaeróbicas. Microorganismos foram

encontrados em ambos os grupos, sendo o maior número naqueles imersos

totalmente. A importância clínica deste fato é a de que a infiltração bacteriana na

junção implante-intermediário protético pode ter um papel relevante na ocorrência de

peri-implantite nos implantes osseointegrados. Contudo, são necessários outros

estudos para esclarecer o mecanismo etiológico, bem como o tratamento.

Müftü et al. (1996), em estudo comparativo da penetração bacteriana na

interface implante/intermediário protético entre sistema de implante com conexão

hexagonal externa, Brånemark® e com conexão cone-morse locking-taper, Bicon®,

utilizaram 10 composições do sistema Bicon® e 7 composições do sistema

Brånemark®, sendo todas imersas em caldo nutriente previamente inoculado com a

bactéria Streptococcus sanguinis (ATCC 10556) e incubados a 35°C. Após 70 horas as

composições foram lavadas em 25 mL de água ultra-filtrada e estéril por 2 vezes. Antes

da abertura das composições as superfícies externas foram secas com gaze estéril

para prevenir contaminação do meio nutriente ao longo da interface

implante/intermediário protético. Sob condições assépticas as composições foram

abertas e por meio de agulha 26G 3/8 acoplada à micropipeta P100 Pipetman, sendo

as porções mais internas de todos os implantes do sistema Bicon® e do sistema

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Brånemark® preenchidas com 5 µL e 15 µL respectivamente de uma solução salina

estéril. Esta suspensão foi aspirada e inoculada em meio nutriente trypticase de soja.

Após 72 horas de incubação 1 composição do sistema Bicon® e 4 do sistema

Brånemark® mostraram crescimento bacteriano, enquanto que nenhum dos controles

de contaminação foram contaminados. Este resultado demonstrou haver menor

contaminação bacteriana em implantes com conexão cone-morse locking-taper do que

com sistema de retenção em parafuso e que o tamanho dos espaços presentes no

mecanismo locking-taper parecem reduzir ou prevenir a passagem bacteriana através

da interface.

Persson et al. (1996), em estudo in vivo, examinaram a microbiota da superfície

interna dos componentes de 28 implantes Brånemark®, em 10 pacientes parcialmente

desdentados que foram tratados com próteses parciais fixas, onde posteriormente os

intermediários protéticos removidos, apresentaram amostras bacterianas das seguintes

localidades: área abaixo do anel de silicone no parafuso do intermediário protético e

dentro do intermediário protético abaixo do nível do anel de silicone. As amostras foram

coletadas com bastão de plástico esterelizado Quick-stick, Dentinova AB), adaptado

com uma bolinha de algodão com 1 x 1 mm. As amostras bacteriológicas das

superfícies internas de todos os implantes mostraram um crescimento de bactéria

muito intenso. A flora era constituída, principalmente por Streptococcus facultativos

anaeróbios, bacilos anaeróbios Gram-positivos tais como, Propionibacterium,

Eubacterium e Actinomyces e bacilos anaeróbios Gram-negativos incluindo

Fusobacterium, Prevotella e Porphyromonas. Todas as amostras obtidas das

superfícies internas dos implantes continham grande quantidade de microorganismos.

Os tipos morfológicos presentes na maioria das amostras tinham uma distribuição

similar àquela descrita por Quirynen et al. (1994).

Jansen et al. (1997), em um estudo in vitro, determinaram a infiltração

microbiana na interface implante/intermediário protético de diferentes sistemas de

implantes. Em treze combinações de nove sistemas diferentes, foram realizados testes

microbiológicos nos quais a penetração da bactéria Escherichia coli na área da

interface implante/intermediário protético foi observada. Os desenhos dos sistemas

testados foram diferentes em vários aspectos, como na forma da interface as quais

foram cônicas e planas; pilares de uma parte e de várias partes conectados aos

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implantes por parafusos separados. Dez amostras de cada sistema foram testadas sob

condições estéreis; a parte interna do implante foi inoculada com uma solução de

Escherichia coli que é uma bactéria móvel Gram-negativa que mede 1,1 a 1,5 μm de

diâmetro e 2,6 μm de extensão. As amostras foram colocadas em tubos de ensaio

contendo uma solução nutriente e armazenadas a 37°C. Nos dias 1, 2, 5, 7, 10, e 14

uma possível penetração da bactéria na solução circundante foi avaliada; esta

penetração causou colonização bacteriana e resultou em uma solução turva. Na

maioria dos sistemas de implantes, os componentes da conexão resultaram em apenas

alguns casos de contaminação na porção externa, entretanto para os sistemas

Ankylos® e Astra® a solução bacteriana invadiu a parte externa em mais da metade das

amostras. Em uma segunda parte do estudo uma amostra de cada tipo foi

aleatoriamente selecionada e analisada no microscópio eletrônico de varredura (MEV),

a adaptação marginal entre o implante e o intermediário protético foram medidos em 12

áreas com um aumento de 775 x. Os resultados mostraram que as fendas marginais de

todas as partes pré-fabricadas foram menores de 10 μm, somente o pilar Octa mostrou

fenda máxima de 12 μm. O valor médio esteve abaixo de 5 μm para todos os sistemas.

Os autores concluíram que os sistemas de implantes utilizados não puderam prevenir a

infiltração microbiana e a colonização bacteriana da parte interna do implante, sendo

que há necessidade de modificações para vedar a área de interface

implante/intermediário protético. Uma solução promissora é o anel de silicone do pilar

Frialit-2®, o qual claramente reduz a infiltração quando comparado aos outros pilares

convencionais.

Gross et al. (1999) afirmaram que a microinfiltração pode ocorrer na interface

implante/intermediário protético, provocando odor desagradável e inflamação nos

tecidos peri-implantares. Foram avaliados cinco sistemas de implantes, variando a

condição de torque no aperto do parafuso de fixação do intermediário protético, sendo

utilizado um torquímetro de bancada, que serviu para estabilizar as amostras e

mensurar os torques aplicados. Em todos os sistemas verificaram a presença da

microinfiltração. Houve também variação de sistemas e torque de aperto. O aumento

de torque de 10N.cm para 20N.cm, diminuiu significativamente a microinfiltração em

todos os sistemas. A análise de variância mostrou interação significante entre torque e

microinfiltração. Os resultados indicam que fluidos e pequenas moléculas são capazes

de passar através da interface implante/intermediário protético nas condições

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estudadas. Presume-se que fluidos, subprodutos bacterianos e nutrientes necessários

para o desenvolvimento bacteriano possam passar através da microfenda, contribuindo

em parte, para as observações clínicas de odor e peri-implantite. A mobilidade do

componente, no momento funcional, agrava a infiltração pelo afrouxamento do

parafuso do intermediário protético.

Orsini et al. (2000) apresentaram a análise histológica da reação tecidual e

colonização interna por fluidos e bactérias de implantes retirados em uma autópsia de

uma paciente de 72 anos de idade que recebeu 2 implantes osseointegráveis na região

posterior da mandíbula, sendo que, após 5 meses da instalação cirúrgica, veio a

falecer. Os autores retiraram o bloco ósseo que continha os implantes osseointegrados

e verificaram por meio de análise histométrica contato com osso maduro em 50% da

superfície dos implantes. As três roscas dos dois implantes estavam envolvidas por

tecido conjuntivo denso, e na porção coronal desse tecido conjuntivo estava presente

infiltrado inflamatório composto por linfócitos e células plasmáticas. Uma desadaptação

variando entre 1,0 e 5,0 μm foi encontrada entre o implante e o intermediário protético,

estando esse espaço preenchido por cálculo dental e bactérias, embora esses não

tenham sido encontrados na superfície externa dos intermediários protéticos ou na

região cervical dos implantes. Também foram encontradas bactérias na porção mais

profunda da cavidade interna oca dos implantes, formando um verdadeiro reservatório

bacteriano. No tecido conjuntivo peri-implantar foi encontrado um infiltrado inflamatório

composto predominantemente por linfócitos e neutrófilos.

Piattelli et al. (2001) observaram que, implantes com intermediários protéticos

retidos por parafusos, as bactérias podem penetrar dentro da cavidade interna do

implante como conseqüência de vazamento à interface do implante/intermediário

protético. Uma possibilidade para melhorar está situação seria a adoção de

intermediário protético cimentado. A infecção bacteriana pode interferir com o processo

da osseointegração durante a fase de cicatrização e pode provocar a peri-implantite. A

flora bacteriana existente no sulco peri-implantar é a mesma da flora existente no sulco

dental. Neste estudo foram utilizados dois sistemas de implantes: um com intermediário

protético cimentado denominado CRA e um com intermediário protético parafusado

denominado SRA. Os resultados mostraram que, em todos os casos de implantes

CRA, não se observou nenhuma infiltração nem fluida nem bacteriana, mas nos casos

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de implantes SRA, todos eles apresentavam de fluidos e bactérias dentro da cavidade

interna de cada implante. A migração bacteriana é facilitada pela presença de

microfenda que sempre se forma quando se utiliza intermediário protético retido por

parafuso.

Amaral (2003), em estudo in vitro, utilizou 50 composições de implantes com

seus respectivos intermediários protéticos (Conic® – Grupo 1, Master Porous® – Grupo

2, Serson® – Grupo 3, INP® – Grupo 4 e Implac® – Grupo 5), divididos em 5 grupos de

10 unidades, onde avaliou a contaminação bacteriana através da interface

implante/intermediário protético, buscando correlacioná-la com as dimensões dos

espaços na referida interface. A analise microbiológica foi realizada após a inoculação

de 0,3µL da solução da bactéria Streptococcus sanguinis ATCC 10556 na parte interna

dos implantes, seguida da adaptação dos respectivos intermediários protéticos, por

meio de torquímetro manual, sendo as amostras estabilizadas por meio de pinça porta-

agulha. As composições foram imersas em caldo BHI estéril e feito um seguimento em

estufa biológica por 14 dias em condições de anaerobiose, sendo que foi constatado

passagem da bactéria S. sanguinis para o meio externo estéril, BHI, até o 140 dia após

ocorrido a inoculação da referida bactéria dentro da cavidade protética e acoplamento

das composições. Passados os 14 dias as composições foram analisadas em MEV

para verificar o tamanho das interfaces implante/intermediários protéticos. Todos os

grupos avaliados apresentaram alto grau de infiltração bacteriana na interface

implante/intermediário protético, com exceção do grupo 3 – INP® – (p<0,05). Com

relação às dimensões dos espaços na interface implante/intermediário protético não

houve correlação com a contaminação bacteriana observada nos sistemas de

implantes estudados.

Cravinhos (2003), em estudo in vitro, no qual inoculou 0,1µL de solução da

bactéria Streptococcus sanguinis, dentro de implantes de conexão interna e externa,

sendo os intermediários protéticos acoplados por meio de torquímetro manual e as

amostras estabilizadas por meio de pinça porta-agulha. O estudo demonstrou que a

infiltração bacteriana nestes implantes é semelhante, uma vez que todas as

composições analisadas foram contaminadas, não sendo encontradas diferenças

estatisticamente significantes entre os grupos avaliados.

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Joly e Lima (2003) analisaram a existência de fendas em componentes de

implantes de até dois estágios e de um estágio. Os espécimes foram montados em

stubs e analisados em microscopia eletrônica de varredura (MEV). Nos implantes de

dois estágios, os intermediários foram adaptados ao hexágono externo e travados com

parafuso, com torque definitivo de 20 N.cm. Nos casos dos implantes cone-morse de

um estágio, foram utilizados intermediários sólidos que foram adaptados e fixados por

travamento friccional, com torque definitivo de 30 N.cm. A grande diferença entre estes

sistemas relaciona-se com a localização da fenda entre os componentes secundários.

Nos implantes de dois estágios as fendas estão localizadas no nível ou abaixo da crista

óssea alveolar nos tecidos moles, facilitando a disseminação da contaminação

bacteriana. A extensão média da fenda foi em torno de 3,89 (±0,36 µm) nos implantes

de dois estágios e de 3,98 (±1,29 µm) nos de um estágio, os quais apresentaram uma

fenda bastante irregular, especulando-se que o travamento friccional poderá permitir

uma adaptação íntima nas porções mais profundas do cone-morse. Esses resultados

são condizentes com Piattelli et al. (2001), que encontraram variações entre 2µm e

9µm neste tipo de implante. Devido à microfenda existente, a presença de problema

inflamatório na região da crista óssea proporcionará uma reação no tecido ósseo,

fazendo que o mesmo sofra um processo de reabsorção óssea ao seu redor. A partir

desse momento problemas peri-implantares poderão se instalar na região e causar a

perda do implante.

Dibart et al. (2005) analisaram implantes cone-morse locking taper de titânio

grau 5 (Ti6Al4V – 90% de titânio, 6% de Alumínio e 4% de Vanádio), Bicon Dental

Implants, Boston (MA), USA, em sistema de implantes em que a conexão protética é

feita somente por fricção dentro do implante, sem utilizar nenhum sistema de

parafusamento (locking taper), avaliaram in vitro tanto a permeabilidade bacteriana na

interface implante/intermediário protético de dentro para fora da superfície interna do

implante, quanto de fora para dentro, tendo-se concluido que houve um total selamento

bacteriano neste sistema de implantes, sendo encontrada microfenda externa entre

implante/intermediário protético de 0,5 µm, avaliada por meio de microscopia eletrônica

de varredura. Os microorganismos utilizados neste estudo foram Actinobacillus

actinomycetemcomitans, Streptococcus oralis, e Fusobacterium nucleatum, formando

um caldo de bactérias. Em uma primeira fase, dez conjuntos formados por implante e

intermediário- protético do sistema Bicon® foram imersos no caldo de bactérias por 24

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horas. Os intermediários foram então separados dos implantes e a presença de

bactérias avaliada por meio de microscopia eletrônica de varredura. Nenhuma bactéria

foi detectada no interior dos implantes testados. Na segunda fase, os intermediários

foram inoculados com uma pequena gota de um gel com bactérias e montados nos

implantes. Esses conjuntos foram incubados em um caldo nutriente estéril por 72h e

amostras recolhidas para avaliar a presença de bactérias. Novamente, nenhuma

bactéria foi detectada no meio nutriente ou nas placas de Agar. Os autores concluíram

que tal projeto com travamento cônico demonstrou ser hermético em relação à invasão

bacteriana in vitro.

Steinebrunner et al. (2005) ressaltaram que as cargas mastigatórias poderiam

diminuir a estabilidade das conexões implante/intermediário protético e com isso,

permitir a penetração bacteriana. Como teste, foram avaliados oito conjuntos (implante-

intermediário protético) de cinco diferentes sistemas de implantes (Brånemark®, Frialit-

2®, Camlog®, Replace Select® e Screw-vent®), em um total de 40 amostras. Os

implantes tiveram sua porção interna inoculada com 5 μL de uma suspensão contendo

Escherichia coli e em seguida conectados aos pilares protéticos com torque

recomendado pelos respectivos fabricantes. As amostras foram então imersas em uma

solução nutriente e submetidas a cargas de 120N por 1.200.000 ciclos em um

simulador de mastigação. Todas as amostras apresentaram penetração bacteriana.

Porém, diferenças estatisticamente significantes no número de ciclos foram

encontradas entre os sistemas até que houvesse a penetração bacteriana. A média de

ciclos até que a bactéria fosse detectada na solução foi de 172.800 para o sistema

Brånemark®; 43.200 para o sistema Frialit-2®; 64.800 ciclos para o sistema Replace

Select®; 345.600 para o sistema Camlog® e 24.300 para o sistema Screw-vent®.

Proff et al. (2006) analisaram in vitro a capacidade da bactéria Porphyromonas

gingivalis, bactéria presente em processos de peri-implantite, atravessar a interface

implante/intermediário protético em sistemas de implantes de ancoragem ortodôntica e

permanecer viva no interior das composições. Adicionalmente foi testada a capacidade

de vedação da interface pela utilização de guta-percha. Doze composições estéreis de

implantes/intermediários protéticos 3i® (Straumann, diâmetro: 3.3 mm, comprimento 5.5

mm) foram utilizadas, sendo aplicado um torque fixo em 20N.cm em todas as

composições. Seis das composições foram seladas com guta-percha antes da

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adaptação dos intermediários protéticos. Em seguida todas as composições foram

imersas em tubos de ensaio contendo uma solução nutriente que continha a bactéria

Porphyromonas gingivalis. Amostras bacterianas foram coletadas do interior dos

implantes após 24 e 72 horas e analisadas utilizando métodos de cultura. Após análise

microbiológica comprovou-se penetração bacteriana logo após decorrido 24 horas da

contaminação, em todas as composições, comprovando-se a sobrevivência das

bactérias no interior das cavidades dos implantes, assumindo-se a presença de um

reservatório bacteriano. Este estudo evidenciou que a utilização de guta-percha na

interface das composições não é um meio efetivo para prevenir a colonização

bacteriana no interior de implantes.

Dias (2006) avaliou a desadaptação da interface entre implante e intermediário

protético onde foram testadas cinco amostras de cada sistema de implantes: Neodent®

Titamax, Neodent® cone-morse, Titanium Fix®, Conexão®, SIN® e Dentoflex®, as

medidas da desadaptação foram obtidas em 12 pontos eqüidistantes com auxílio de

microscopia eletrônica de varredura, com aumentos de até 20.000 vezes. Na segunda

etapa do experimento, oito conjuntos de cada sistema foram inoculados com 0,5μL de

uma suspensão contendo Escherichia coli para análise da infiltração bacteriana. Para

estabilização e fixação das amostras foi utilizado um torno de bancada previamente

esterilizado em autoclave e para acoplamento das amostras foi utilizado um

torquímetro manual Neodent®. A leitura das amostras após a inoculação foi realizada

até o 14° dia, pela observação do turvamento do meio de cultura. O sistema que

apresentou infiltração bacteriana no maior número de amostras foi o Neodent® cone-

morse, com todas as oito amostras (100%), enquanto o sistema Dentoflex apresentou

infiltração bacteriana em sete amostras (87,5%), Titanium Fix® e Conexão®

apresentaram infiltração em cinco amostras (62,5%), SIN® e Neodent Titamax®

apresentaram infiltração em uma amostra (12,5%). No presente estudo não foi possível

estabelecer uma relação entre o tamanho da desadaptação e a infiltração bacteriana.

Duarte et al. (2006), em estudo in vitro testaram a capacidade de selamento

bacteriano na interface de cinco sistemas de implantes com conexões em hexágono

externo e interno (Master Screw®, Colosso®, Titamax®, EX Serson Implant® e Titanium

Fix®), utilizando dois materiais diferentes nas interfaces protéticas, verniz e silicone

selante, sendo que ambos foram incapazes de prevenir a contaminação da bactéria

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Enterococcus faecalis. Embora os materiais testados demonstaram a mesma

capacidade de vedação bacteriana, as composições testadas mostraram contaminação

bacteriana, independente da configuração hexagonal externa ou interna.

Cury et al. (2006), em avaliação in vitro da microinfiltração bacteriana na

interface implante/intermediário protético associando-se intermediários de fabricantes

brasileiros distintos (10 intermediários SIN® e 10 intermediários Impladen®) e 1 alemão

(10 intermediários Frialit-2®– Friadent, Alemanha) a 30 implantes de conexão de

hexágono interno Frialit-2® (Friadent, Alemanha), utilizando para a análise

microbiológica a bactéria E.coli., realizaram 30 montagens, dez para cada grupo (1, 2 e

3). A penetração do microorganismo foi detectada na parte interna das 30 composições

implante-intermediário protético, sendo o número de unidades formadoras de colônias

abundante, entretanto não houve diferença estatisticamente significante entre os três

grupos (p>0,15).

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4 MATERIAL E MÉTODO

Este estudo experimental foi conduzido no Laboratório de Microbiologia do

Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário da Fundação Santo André –

FAFIL – (Santo André-SP, Brasil) e Laboratório de Biologia Molecular do Hospital

Heliópolis (São Paulo, Brasil), no período de 11 de Junho a 11 de Julho 2008.

4.1 Material

4.1.1 Seleção dos corpos de prova

Para realização deste trabalho, os implantes e os intermediários protéticos,

foram divididos em dois grupos:

• Grupo 1: Dez implantes sistema Bicon® de titânio grau 5 (Ti6Al4V) de 5,0 mm de

diâmetro por 8,0 mm de altura, sem tratamento de superfície, com receptáculo

protético interno de 3,0 mm de diâmetro, estéreis, lote 65890-0506A e 10

intermediários protéticos retos, estéreis de 5,0 mm de diâmetro por 6.5mm de

altura com parte ativa de 3,0mm de diâmetro, de titânio grau 5 (Ti6Al4V), lote

19638-0807. Oriundos da empresa: Bicon Dental Implants (Boston-MA, USA);

• Grupo 2: Dez implantes sistema Ankylos® de titânio grau 2 (ISO 5832/II) de 5,0

mm de diâmetro por 6,0 mm de comprimento, lote 20014236 e 10 intermediários

protéticos standards retos a/1.5/6.0, 2,4 mm de diâmetro e comprimento de parte

ativa de 5,4 mm, de titânio grau 5, Ti6Al4V (ISO 5832/III), lote 20031261.

Oriundos da empresa: Dentisply-Friadent (Mannheim, Germany).

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Figura 1 – Implante e I-IP Bicon® Figura 2 – Implante e I-IP Ankylos®

4.2 Método

Todos os implantes e intermediários protéticos utilizados no experimento

estavam acondicionados em embalagens lacradas e estéreis, do mesmo modo como

eles são disponibilizados comercialmente pelo fabricante.

No presente estudo, foi empregada a bactéria Streptococcus sanguinis Tipo II,

ATCC 10557, cepa obtida da coleção de culturas de microrganismos do Instituto Adolfo

Lutz – São Paulo-SP. A bactéria foi ativada da seguinte maneira: 100μL da cepa

congelada e liofilizada foi semeada em 3 mL de caldo nutriente específico BHI para

semeadura (Bacto™ – Brain Heart Infusion – Becton, Dickinson and Company,

Maryland, USA). A bactéria Streptococcus sanguinis foi selecionada para este estudo

por ser considerada uma bactéria móvel, de pequeno tamanho, medindo de 0,5 a 1,0

µm em média (Bulleid, 1938), anaeróbia facultativa e por fazer parte da flora bacteriana

indígena oral dos humanos, a partir da erupção dos dentes (Carlsson et al., 1970).

Liga-se diretamente às superfícies da cavidade oral, inclusive a dental, com maior

poder de adesividade e afinidade pelo titânio do que outras bactérias (Edgerton et al.,

1996), servindo como intermediária primária para fixação de outras bactérias

patogênicas na formação do biofilme dental e da placa bacteriana, contribuindo para a

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etiologia da doença periodontal e peri-implantar. Tendo também provada sua

capacidade e habilidade de penetrar através da interface implante/intermediário

protético (Traversy e Birek, 1992).

Especial atenção em nosso estudo foi dada para o nome "sanguis" sendo

gramaticalmente incorreta, apesar de serem utilizados como sinônimos, com a correta

forma sendo "sanguinis", onde o caso genitivo está corretamente aplicado (Trüper e De

Clari, 1997; Trüper e De Clari, 1998), nós seguimos esta recomendação e portanto

utilizamos a designação “sanguinis“ em nosso trabalho.

Foi decidido testar a infiltração bacteriana da superfície interna das composições

implante-intermediário protético para o meio externo estéril, presumindo-se que

havendo infiltração bacteriana da superfície interna para o meio externo, o oposto

poderia também ocorrer (Traversy e Birek, 1992).

Os meios de cultura utilizados no experimento foram o BHI (Brain Heart Infusion)

e o BHA (Brain Heart Agar). Os meios foram preparados de acordo com as

especificações do fabricante: 37g de BHI foram dissolvidos em 1 L de água destilada e

52 g de BHA foram dissolvidos em mesmo volume de água. Os meios foram, então,

submetidos à autoclavação, por 15 minutos a 121°C. Feita a autoclavagem, os meios

foram acondicionados em tubos de vidro e placas de Petri, respectivamente.

O cultivo foi feito em condições ideais, em anaerobiose, a 37°C por 24 horas em

uma estufa biológica padrão (Q-316M2 – Quimis® Aparelhos Científicos Ltda.,

Diadema-SP). A partir do crescimento obtido no caldo BHI, verificou-se a pureza da

cultura, por meio da coloração pelo método de Gram com visualização por meio de

microscopia óptica e a seguir a documentação por fotomicrografia, (microscópio marca

Zeiss™, Germany, modelo Primo Star trinocular, com objetivas Plan-Acromat de 40 x e

100 x, e ocular de 20 mm com aumento de 10 x; vídeo-câmera Motic™, China, 1000 de

1,3 megapixel, Software: motic image plus 2.0), e semeadura em meio ágar cérebro-

coração (BHA) (Difco™ Brain Heart Agar, Becton, Dickinson and Company, Maryland,

USA), por 48 horas a 37°C sob condições de anaerobiose, sendo verificada a

existência de um único tipo morfológico colonial correspondente a Streptococcus

sp.(Figuras 3 e 4).

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Figura 3 – Crescimento de colônias compatíveis de Streptococcus sp. em placa de Petri

contendo meio de cultura BHA, após cultivo por 24 h, a 37ºC, em anaerobiose

Figura 4 – Fotomicrografia da lâmina, por meio de microscopia óptica, após coloração de

Gram, compatível com Streptococcus sp. (cocos Gram +) (1000x de aumento)

A quantidade utilizada no experimento foi de 0,1μL do meio BHI, para cada

composição implante/intermediário protético. A fim de verificar se haveria o crescimento

de Streptococcus sanguinis a partir de 0,1µL de cultura em caldo, foi realizado um

estudo piloto. Uma alíquota de 0,1μL de cultura de S. sanguinis em BHI foi transferida

para um tubo de ensaio (Pirex® – São Paulo, Brasil), contendo 2 mL do meio BHI e

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mantido por 24 horas em estufa biológica padrão (Q-316M2 – Quimis® Aparelhos

Científicos Ltda. Diadema-SP) sob condições ideais. A seguir, 0,1 mL do meio assim

cultivado foi semeado em uma placa contendo o meio BHA (Brain Heart Agar). A placa

foi incubada por 24 horas em condições ideiais. Verificou-se a formação de colônias

típicas do S. sanguinis que, submetidas à coloração de Gram, mostraram-se formadas

por cocos em cadeias Gram +, comprovando que uma alíquota de 0,1μL de cultura de

S. sanguinis em BHI é suficiente para o cultivo da bactéria em meio BHI.

Um outro estudo piloto foi realizado a fim de evidenciar-se qual a quantidade

ideal da solução contendo a bactéria S. sanguinis seria inoculada na porção mais

profunda da cavidade conectora dos dois sistemas de implantes e se permaneceria

restrita a mesma, no momento do acoplamento do intermediário protético ou seria

embolizada por pressão para a superfície externa. Dois implantes estéreis de cada

sistema foram disponibilizados em condições de assepsia, sendo utilizado para

estabilização e fixação das amostras em posição vertical no sentido de seu longo eixo,

um torno de bancada (Torno de Mesa Profissional Eda® – mod- 8RN- 3”, São Paulo,

Brasil) previamente esterelizado em autoclave, como também os mordentes de

borracha. Utilizando-se uma Micropipeta (LAB MATE™–HTL-High Tech Laboratories,

PZ HTL S.A, Warsaw, Poland) calibrada inicialmente em 0,5 µL, com ponteira estéril e

descartável, foi inoculado 0,5 µL de solução da bactéria S. sanguinis na porção mais

profunda da cavidade conectora dos dois sistemas de implantes, em seguida os

intermediários protéticos foram acoplados de acordo com as especificações dos

fabricantes e imersos totalmente em dois tubos de ensaio codificados (Pirex® – São

Paulo, Brasil), estéreis contendo meio nutriente BHI estéril, os tubos foram vedados e

dispostos em estantes verticais. Após incubação em condições ideais, em anaerobiose,

a 37°C por 14 dias em uma estufa biológica padrão (Q-316M2 – Quimis® Aparelhos

Científicos Ltda., Diadema-SP), vinculando-se o turvamento do meio nutriente BHI

como presença de contaminação bacteriana, sendo realizadas leituras diárias.

Decorridos os 14 dias nenhum turvamento foi observado para o sistema Bicon®, sendo

observado turvamento no segundo dia para o sistema Ankylos®. O mesmo

procedimento foi realizado com a quantidade de 0,1 µL nos outros dois implantes

estéreis. Decorridos os 14 dias de seguimento, nenhum turvamento foi observado

nos dois tubos de ensaio com meio BHI, então foi padronizada a quantidade de 0,1µL

para inoculação bacteriana no experimento propriamento dito.

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Após verificada a pureza da cultura, realizou-se o experimento, sendo que

medidas de assepsia foram providenciadas no sentido de evitar a contaminação

externa durante a execução da parte laboratorial: a bancada de trabalho foi desinfetada

com álcool a 70% e forrada com campos cirúrgicos descartáveis estéreis. Todo o

experimento foi realizado na área asséptica correspondente à abrangência do bico de

gás. Toda a vidraria, as pinças, o torquímetro, as chaves para torque, martelo protético

e assentador manual de intermediário protético foram autoclavados (Autoclave Sercon®

mod. AHMC 5- 21 L, São Paulo, Brasil, por 30min, a temperatura de 121°C e 1,0

KGF/cm2 de pressão, em envelopes grau cirúrgico). Os dois operadores (1 Cirurgião-

Dentista e 1 Biólogo Microbiologista) com larga experiência e familiaridade nas

respectivas áreas de atuação, foram devidamente paramentados com aventais

cirúrgicos descartáveis estéreis, luvas (Mucambo® – São Paulo, Brasil) trocadas a cada

experimento, gorro e máscara estéreis, sendo utilizada a mesma rotina em todos os

experimentos.

Para estabilização e fixação das amostras em posição vertical no sentido de seu

longo eixo, de forma a permitir as forças de torque corretas, foi utilizado um torno de

bancada (Torno de Mesa Profissional Eda® – mod- 8RN- 3”, São Paulo, Brasil)

previamente esterelizado em autoclave, como também os mordentes de borracha.

Foi utilizado neste trabalho experimental dois quadros para controle da

esterilidade do meio BHI, para o sistema de implantes Bicon® – Grupo 1 – (Quadro 1) e

para o Sistema de implantes Ankylos® – Grupo 2 – (Quadro 2), sendo utilizado o critério

turvação do meio como positivo (+) e a não turvação do meio como negativo (-).

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4.2.1 Análise microbiológica

O experimento foi então realizado na zona reservada do interior da capela, na

região asséptica do bico de gás. Então, o operador, retirou do invólucro o implante. O

implante foi apreendido com uma pinça porta agulha de aço estéril próximo à sua

porção coronal e fixado nos mordentes de borracha do torno de bancada. Os tubos de

ensaio estéreis destinados aos implantes do sistema Bicon® – Grupo 1 – foram

denominados e codificados como 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20 (Figura 5). Os

tubos de ensaio estéreis destinados aos implantes do sistema Ankylos® – Grupo 2 –

foram denominados e codificados como 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29 e 30 (Figura

6). Todos os tubos de ensaio continham 2 mL de meio BHI estéril.

Figura 5 – Dez tubos de ensaio com meio BHI estéril destinados ao Grupo 1

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Figura 6 – Dez tubos de ensaio com meio BHI estéril destinados ao Grupo 2

Para cada composição implante/intermediário protético de cada sistema, foi

designado um tubo de ensaio controle, também contendo 2 mL de caldo BHI, (Brain

Heart Infusion) estéril, os quais foram codificados como: 11 CE, 12 CE, 13 CE, 14 CE,

15 CE, 16 CE, 17 CE, 18 CE, 19 CE, 20 CE para o sistema de implantes Bicon® –

Grupo 1 – (Figura 7), e 21 CE, 22 CE, 23 CE, 24 CE, 25 CE, 26 CE, 27 CE, 28 CE, 29

CE e 30 CE para o sistema de implantes Ankylos® – Grupo 2 – (Figura 8).

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Figura 7 – Dez tubos de ensaio de controle da esterilidade das superfícies externas dos

implantes destinados ao Grupo 1, com meio BHI estéril

Figura 8 – Dez tubos de ensaio de controle da esterilidade das superfícies externas dos

implantes destinados ao Grupo 2, com meio BHI estéril

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Foi utilizada para a inoculação bacteriana dentro das cavidades internas dos

implantes uma micro-pipeta calibrada em 0,1µL, com ponteira estéril e descartável

(LAB MATE™ – HTL-High Tech Laboratories, PZ HTL S.A, Warsaw, Poland) – (Figura 9).

Dez implantes do Grupo 1 – sistema Bicon® (Figuras 10 e 11) e dez implantes do

Grupo 2 – sistema Ankylos® foram inoculados sequencialmente, cada um, com 0,1µL

de uma cultura de Streptococcus sanguinis em meio BHI contendo 2,41 x 106 UFC/mL,

na diluição de 10-4, depositada dentro das respectivas cavidades conectoras protéticas,

na parte mais profunda dos referidos implantes.

Figura 9 – Micropipeta calibrada em 0,1µL, com ponteira estéril e descartável

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Figura 10 – Pré-inoculação bacteriana do Streptococcus sanguinis ATCC 10557

Figura 11 – Inoculação na porção mais profunda do implante

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Todos os materiais utilizados neste experimento foram esterelizados pelo próprio

fabricante ou foram esterelizados em autoclave de acordo com as especificações do

equipamento, os intermediários protéticos, foram montados em condições estéreis na

mesma sessão laboratorial e os conjuntos mantidos em temperatura e umidade

ambiente, respeitando as instruções e força de inserção ou torque, recomendadas

pelos fabricantes. Imediatamente após a inoculação, os intermediários protéticos foram

conectados aos seus respectivos implantes sempre pelo mesmo operador, obedecendo

a sequência numérica estabelecida aos dois grupos de implantes.

Para a fixação do intermediário protético no sistema Bicon®, foi utilizado um

martelo (218,83 g), e um assentador manual de intermediário protético, desenvolvidos

pelo fabricante, sendo padronizada a aplicação de força de martelamento na porção

final do intermediário protético por seis vezes consecutivas, a uma altura de

aproximadamente 20cm, gerando uma força direcionada ao longo eixo do implante,

procedimento realizado igualmente para fixação de cada intermediário protético nas

dez composições, a fim de ativar o travamento entre o intermediário protético ao

implante (Figura 12).

Figura 12 – Intermediário protético do sistema Bicon®, sendo ativado por meio do assentador

manual e martelo Bicon®

Para aplicação do torque no parafuso de fixação do intermediário protético para

o sistema de implantes Ankylos® foi usada a chave de torque recomendada pelo

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fabricante, acoplada a um torquímetro manual novo (Dentsply-Friadent®, Mannheim,

Germany) pré-calibrado em 25N.cm (Figura 13).

Figura 13 – Ativação do intermediário protético do sistema Ankylos®, com torquímetro calibrado

a 25 N.cm

As 20 composições de implantes e seus respectivos intermediários protéticos

conectados, foram totalmente imersos no meio BHI estéril dos tubos de ensaio de

controle de contaminação externa (CE) codificados para cada composição, contendo

caldo BHI (Brain Heart Infusion) estéril por 60 segundos, baseado em teste piloto

previamente realizado, o qual demonstrou ser o tempo suficiente e necessário para que

havendo a presença de contaminação bacteriana na superficie externa do implante,

haveria contaminação do meio estéril BHI, e somente então, foram completamente

depositados nos respectivos tubos de ensaio contendo caldo BHI (Brain Heart Infusion)

estéril, também codificados para cada composição, em igual procedimento para os dois

sistemas de implantes, Bicon® – Grupo 1 – (Figura 14) e Ankylos® – Grupo 2 – (Figura

15).

A turvação nos tubos de ensaio controle foi vinculada à hipótese de

contaminação da superficie externa dos implantes durante o preparo ou contaminação

ambiental, isto ocorrendo a composição correspondente seria excluida da amostra.

No controle positivo, 0,1µL da cultura de Streptococcus sanguinis, em caldo BHI

utilizada para a inoculação dos implantes foi também inoculada em um outro tubo de

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ensaio estéril com caldo BHI (Brain Heart Infusion) estéril, utilizando-se uma micro-

pipeta calibrada com ponteira estéril e descartável, denominando-o como CP, sendo

um para cada grupo (Figura 16).

No controle negativo, foi utilizado tubo de ensaio estéril com meio de cultura BHI

(Brain Heart Infusion) estéril, sem que houvesse inoculação com Streptococcus

sanguinis, denominando-o como CN, sendo um para cada grupo (Figura 17).

Os tubos de ensaio contendo os corpos-de-prova inoculados do Grupo 1 e do

Grupo 2, os tubos de ensaio contendo caldo BHI (Brain Heart Infusion) como controles

de contaminação de superfície externa dos implantes, assim como os controles positivo

e negativo, foram incubados em estufa biológica padrão a 37°C, ficando totalmente

vedados e posicionados em estantes verticais sob condições de anaerobiose por 14

dias (Figura 17). Sendo o tempo suficiente para promover a passagem dos fluídos e

bactérias da parte interna do implante para o meio externo (Koka et al., 1993; Amaral,

2003).

Figura 14 – As dez composições do sistema Bicon® inoculados, os dez tubos de ensaio como

controles de contaminação externa nas estantes verticais

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Figura 15 – As dez composições do sistema Ankylos® inoculados, os dez tubos de ensaio

como controles de contaminação externa nas estantes verticais

Figura 16 – Dois tubos de ensaio, um controle positivo e um negativo para cada sistema de

implantes, dispostos na estante vertical

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Figura 17 – Estufa biológica com as composições do Grupo 1, Grupo 2 e respectivos controles

positivos (CP) e negativos (CN) em condições de anaerobiose

As verificações da presença de bactérias nos meios de cultura foram efetuadas

nos 1°, 2°, 3°, 4°, 5°, 6°, 7°, 8°, 9°, 10°, 11°, 12°, 13° e 14° dias após a inoculação, pela

observação de turvação dos meios de cultura (positivo ou negativo). De cada amostra

que apresentou resultado positivo para contaminação bacteriana foi colhida uma

porção do meio de cultura contaminado BHI (0,1mL) utilizando-se pipeta de vidro de 1

mL, procedendo-se diluição seriada do meio até 10-4, (0,1mL do meio BHI foi colocado

em 0,9 mL de solução salina a 0,9%, sendo este tubo denominado -1. Este

procedimento repetiu-se à -4), e feito um repique em placa de Petri com todas as 4

diluições em meio de cultura BHA (Brain Heart Agar), sendo todas as placas

armazenadas em estufa biológica a 37°C em condições de anaerobiose e mantidas por

24 horas para confirmar o crescimento de colônias compatíveis com as bactérias

utilizadas. Foi realizada também o método de coloração de Gram e observação em

microscópio óptico, para confirmar o crescimento de bactérias Gram-positivas.

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4.3 Análise estatística

Primeiramente, foi feita a descrição das amostras. A comparação dos

percentuais de contaminação bacteriana no meio BHI (Brain Heart Infusion), entre os

dois grupos de implantes Ankylos® e Bicon® foi feita pelo teste de Fisher. Trabalhou-se

com o nível de significância de 5% e a análise estatística foi feita pelo pacote EPI-INFO

(versão 6.04).

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5 RESULTADOS

Após seguimento de 14 dias observou-se o turvamento e contaminação

bacteriana no meio externo BHI de duas composições, número 11 e 20 referente ao

Grupo 1 – Sistema Bicon® (Figura 18), e do meio externo BHI de duas composições,

números 21 e 30 referente ao Grupo 2 – Sistema Ankylos® (Figura 19), ambas na

leitura de 48 horas da inoculação bacteriana dentro das cavidades internas dos

implantes.

Figura 18 – Turvamento das composições 11 e 20 do sistema Bicon®

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Figura 19 – Turvamento das composições 21 e 30 do sistema Ankylos®

O Quadro 1 apresenta a descrição dos implantes Bicon® (Grupo 1), ao longo do

14 dias. Verifica-se que houve apenas 2 contaminações (20%) e as duas no segundo

dia – (implantes 11 e 20). Observa-se que os controles externos de cada composição

(CE) permaneceram negativos ao longo de todo o experimento demonstrando que a

bactéria foi inoculada apenas dentro de cada implante, comprovando que não houve

nenhum tipo de contaminação. O controle negativo (CN) também permaneceu negativo

durante os 14 dias, ou seja, o meio BHI estava inicialmente estéril, e no controle

positivo (CP) ocorreu turvação a partir do primeiro dia de incubação, ou seja,

multiplicação bacteriana, indicando que a bactéria inoculada no implante era viável.

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Quadro 1 – Descrição dos implantes Bicon® ao longo dos 14 dias de seguimento

Implantes Bicon 1° D  2° D  3° D 4° D 5° D 6° D 7° D 8° D 9° D 10° D 11° D 12° D 13° D 14° D11 — † † † † † † † † † † † † †11CE — — — — — — — — — — — — — —12 — — — — — — — — — — — — — —12CE — — — — — — — — — — — — — —13 — — — — — — — — — — — — — —13CE — — — — — — — — — — — — — —14 — — — — — — — — — — — — — —14CE — — — — — — — — — — — — — —15 — — — — — — — — — — — — — —15CE — — — — — — — — — — — — — —16 — — — — — — — — — — — — — —16CE — — — — — — — — — — — — — —17 — — — — — — — — — — — — — —17CE — — — — — — — — — — — — — —18 — — — — — — — — — — — — — —18CE — — — — — — — — — — — — — —19 — — — — — — — — — — — — — —19CE — — — — — — — — — — — — — —20 — † † † † † † † † † † † † †20CE — — — — — — — — — — — — — —CP † † † † † † † † † † † † † †

CN — — — — — — — — — — — — — —

O Quadro 2 apresenta a descrição dos implantes Ankylos® (Grupo 2), ao longo

dos 14 dias. Verifica-se que houve apenas 2 contaminações (20%) e as duas no

segundo dia – 48 horas – (implantes 21 e 30). Observa-se que os controles externos de

cada composição (CE) permaneceram negativos ao longo de todo o experimento

demonstrando que a bactéria foi inoculada apenas dentro de cada implante,

comprovando que não houve nenhum tipo de contaminação. O controle negativo (CN)

também permaneceu negativo durante os 14 dias, ou seja, o meio BHI estava

inicialmente estéril, e no controle positivo (CP) ocorreu turvação a partir do primeiro dia

de incubação, ou seja, multiplicação bacteriana, indicando que a bactéria inoculada no

implante era viável.

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Quadro 2 – Descrição dos implantes Ankylos® ao longo dos 14 dias de seguimento

Implantes Ankylos  1° D  2° D  3° D  4° D 5° D 6° D 7° D 8° D 9° D 10° D 11° D 12° D 13° D 14° D21 — † † † † † † † † † † † † †

21CE — — — — — — — — — — — — — —22 — — — — — — — — — — — — — —

22CE — — — — — — — — — — — — — —23 — — — — — — — — — — — — — —

23CE — — — — — — — — — — — — — —24 — — — — — — — — — — — — — —

24CE — — — — — — — — — — — — — —25 — — — — — — — — — — — — — —

25CE — — — — — — — — — — — — — —26 — — — — — — — — — — — — — —

26CE — — — — — — — — — — — — — —27 — — — — — — — — — — — — — —

27CE — — — — — — — — — — — — — —28 — — — — — — — — — — — — — —

28CE — — — — — — — — — — — — — —29 — — — — — — — — — — — — — —

29CE — — — — — — — — — — — — — —30 — † † † † † † † † † † † † †

30CE — — — — — — — — — — — — — —CP † † † † † † † † † † † † † †

CN — — — — — — — — — — — — — —

Contaminação bacteriana

A Tabela 1 mostra a comparação dos percentuais de contaminação dos dois

tipos de implante, verificando-se que estes percentuais foram semelhantes (20% x

20%; p=1,000).

Tabela 1 – Percentual de implantes contaminados segundo o grupo de implante

Marca Comercial n Porcentagem de Implantes Contaminados

Grupo  1 (Bicon) 10 20%

Grupo 2 ( Ankylos) 10 20% P (teste de Fisher) = 1,000.

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As bactérias encontradas nos quatro tubos de ensaio que apresentaram

turvamento foram identificadas como positivas para Streptococcus sp., pelo método de

coloração de Gram com visualização em microscópio óptico com aumento de 1000

vezes (Figura 20), o qual mostrou bactérias com morfologia de cocos em cadeias

ramificadas e coloração Gram +.

Figura 20 – Fotomicrografia da lâmina, por meio de microscopia óptica, após coloração de

Gram, compatível com Streptococcus sp. (cocos Gram +) (1000x de aumento)

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6 DISCUSSÃO

Durante o desenvolvimento do sistema de implantes Brånemark® (Nobelpharma)

com conexão em hexágono externo, fístulas na região ao redor dos intermediários

protéticos eram frequentemente observadas e a presença de infiltração bacteriana no

parafuso de fixação protética foi sugerida como possível fator etiológico. Desde que foi

utilizado um anel de silicone no intermediário protético, a ocorrência de fístula

desapareceu completamente, apesar de uma perda óssea média de 1,2 mm ao redor

dos implantes ser esperada no primeiro ano em função mastigatória (Adell et al., 1981).

Duarte et al. (2006), na tentativa de utilizar materiais que pudessem selar efetivamente

a interface implante/intermediário protético, testaram dois materiais diferentes, verniz e

silicone selante em cinco sistemas de implantes com conexões em hexágono externo e

interno, sendo que ambos foram incapazes de prevenir a contaminação bacteriana in

vitro.

Foi evidenciado em estudo longitudinal em seres humanos, perda da crista

óssea adjacente a implantes ITI® não submersos, apresentando maior perda em maxila

do que em mandíbula (Brägger et al., 2001). Tal comportamento é multifatorial,

atribuindo-se à presença de infecção bacteriana peri-implantar (peri-implantite),

presença de espaço na interface entre implante e intermediário protético, ao trauma

cirúrgico, sobrecarga oclusal, invasão de espaço biológico e fatores biomecânicos

(Hobo et al., 1990; van Steenberghe et al., 1999; Hermann et al., 2000; O’Mahony et

al., 2000; Yonn et al., 2002; Joly e Lima, 2003; Weng et al., 2008). A estabilidade do

osso marginal é um fator importante para longevidade dos implantes dentários e o

sucesso na manutenção da osseointegração é altamente dependente da integração

entre o implante e os tecidos duros e moles intra-orais (Hobo et al., 1990; Yonn et al.,

2002). Para Mombelli e Lang (1998), o sucesso do implante está em obter e manter o

selamento do tecido mole peri-implantar à superfície do mesmo, servindo como

proteção à osseointegração de bactérias intraorais. A ruptura do selamento possibilita a

migração apical do epitélio juncional, a reabsorção óssea e a formação da bolsa peri-

implantar.

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O infiltrado inflamatório presente no tecido conjuntivo no nível da interface

implante/intermediário protético, encontrado por Broggini et al. (2003), sugere a

existência de um estímulo quimiotático ali originado ou próximo a ela, que inicia e

sustenta o recrutamento de células inflamatórias. Considerando que a presença de

microorganismos na porção interna dos componentes de vários sistemas de implantes,

assim como a infiltração ou passagem bidirecional de bactérias e/ou fluidos na interface

implante/intermediário protético foram previamente demonstrados em vários estudos in

vitro e in vivo (Traversy e Birek, 1992; Quirynen e van Steenberghe, 1993; Quirynen et

al., 1994; Persson et al., 1996; Müftü et al., 1996; Jansen et al., 1997; Orsini et al.,

2000; Piatelli et al., 2001; Amaral, 2003; Cravinhos, 2003; Cury et al., 2006; Dias,

2006), parece aceitável que microorganismos da cavidade oral, na qual já foram

detectadas cerca de 700 diferentes espécies de microorganismos (Aas et al., 2005),

possam alojar-se na interface implante/intermediário protético, sendo responsáveis por

esse estímulo que promove o crescimento e ativação de osteoclastos, resultando em

perda óssea ao redor do implante.

Orsini et al. (2000) apresentaram a análise histológica da reação tecidual e

colonização interna por fluidos e bactérias de implantes retirados em uma autópsia de

uma paciente de 72 anos de idade que recebeu 2 implantes osseointegráveis de titânio

na região posterior da mandíbula, sendo que, após 5 meses da instalação cirúrgica,

veio a falecer. O bloco ósseo que continha os implantes osseointegrados foi

removido, onde verificaram, após análise histomorfométrica, que havia infiltrado

inflamatório nos tecidos ao redor da interface implante/intermediário protético.

Observaram também a presença de bactérias na porção interna dos implantes, sendo

que esta infiltração ocorre sempre em implantes de 2 estágios, como os utilizados em

nosso trabalho. Em nosso estudo, comprovamos também esta microinfiltração.

Segundo Cravinhos (2003), a infiltração bacteriana de Streptococcus sanguinis, in vitro,

em implantes de conexão interna e externa é semelhante, uma vez que todas as

composições analisadas foram contaminadas, não sendo encontradas diferenças

estatisticamente significantes entre os grupos avaliados. A manutenção destes

verdadeiros reservatórios bacterianos (Orsini et al., 2000; Proff et al., 2006) contendo a

bactéria S. sanguinis Tipo II dentro da cavidade oral, na região subgengival, é

preocupante e reveste-se de importância, pois na literatura existe vínculo direto deste

patógeno oriundo da cavidade oral com o desenvolvimento de endocardite bacteriana

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subaguda em 30 a 40% dos casos (White, 1944; Straus, 1982; Wilson e Gaya, 1996;

Meyer e Fives-Taylor, 1998).

O sistema de implantes com conexão cone-morse, foi selecionado para este

estudo por ser considerado confiável alternativa para evitar a infiltração bacteriana

entre implantes e intermediários protéticos, pela sua propriedade mecânica de conexão

por interferência friccional, sendo a principal, a diminuição de micromovimentos entre

as partes com rotação zero, ocorrência de solda fria, grande superfície de contato,

estabilidade funcional (Niznick, 1991; Sutter et al., 1993; Norton, 1999; Hermann et al.,

2001; King et al., 2002; Broggini et al., 2003; Zipprich et al., 2004; Weng et al., 2008),

propriedade de selamento bacteriano (Dibart et al., 2005) e ainda por pertencer a um

sistema de implantes de dois estágios, que apesar de apresentar uma interface entre o

implante e intermediário protético no nível ou abaixo da crista óssea, possui a

vantagem de permitir a desinfecção extra-oral ou mesmo substituição do intermediário

protético, que está em íntimo contato com os tecidos peri-implantares, de forma

atraumática, em caso de instalação de infecção bacteriana peri-implantar (Lekholm et

al., 1986; King et al., 2002), fato que não ocorre com implantes de corpo único. Sendo

selecionados o sistema Bicon® e o sistema Ankylos® por ambos serem os mais antigos

representantes de implantes com conexão cone-morse, utilizados comercialmente em

escala mundial.

A bactéria Streptococcus sanguinis Tipo II foi selecionada para este estudo por

ser considerada uma bactéria móvel, de pequeno tamanho, medindo de 0,5 a 1,0 µm

em média (Bulleid, 1938), anaeróbia facultativa e por fazer parte da flora bacteriana

indígena oral dos humanos, a partir da erupção dentária (Carlsson et al., 1970). Liga-se

diretamente a superfícies da cavidade oral, inclusive a dental, com maior poder de

adesividade e afinidade pelo titânio do que outras bactérias, (Edgerton et al., 1996),

podendo portanto fixar-se e colonizar tanto em sistema de implantes de corpo único

quanto em sistema de implantes de um ou dois estágios. Sendo microbiota de grande

relevância clínica, já que inicia o fenômeno de coagregação bacteriana dos biofilmes

bucais (Gibbons e Nygaart, 1970; Handley et al., 1985; Rickard et al., 2003), aderindo

diretamente à superfície dental e do titânio de forma irreversível (Wolinsky et al., 1989;

Rimondini et al., 2001; Hauser-Gerspach et al., 2007), funcionando como intermediária

primária para fixação de outras bactérias patogênicas na formação do biofilme dental e

da placa bacteriana, contribuindo para a etiologia da doença periodontal e peri-

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implantar. Tendo também provada sua capacidade e habilidade de penetrar através da

interface implante/intermediário protético (Traversy e Birek, 1992).

Especial atenção em nosso estudo foi dada para o nome "sanguis" sendo

gramaticalmente incorreta, apesar de serem utilizados como sinônimos, com a correta

forma sendo "sanguinis", onde o caso genitivo está corretamente aplicado (Trüper e De

Clari, 1997; Trüper e De Clari, 1998), nós seguimos esta recomendação e portanto

utilizamos a designação “sanguinis“ em nosso trabalho.

Embora alguns estudos terem mostrado alta precisão de adaptação na interface

externa em composições de implantes/intermediários protéticos com conexão cone-

morse por interferência friccional pura (Chapman e Grippo, 1996; Müftü e Chapman,

1998; Bozkaya e Müftü, 2003; Bozkaya e Müftü, 2004; Dibart et al., 2005), e com

conexão cone-morse por interferência friccional por aparafusamento (Tenenbaum et al.,

2003; Döring et al., 2004; Weigl, 2004; Zipprich et al., 2004; Bozkaya e Müftü, 2005), os

resultados do presente estudo foram concordes com Müftü et al. (1996) em estudo in

vitro comparativo da infiltração bacteriana na interface implante/intermediário protético

entre implantes de conexão externa, Brånemark® e implantes de conexão cone-morse

Bicon® utilizando a bactéria Streptococcus sanguinis, onde 10% dos implantes do

sistema Bicon® foram contaminados e 57% do sistema Branemark®, corroborando

também outro estudo in vitro de outros autores como o de Jansen et al. (1997), que

realizaram experimento para testar a infiltração bacteriana, em que já havia

demonstrado que mesmo em sistemas de implantes com um alto grau de adaptação

protética como o sistema cone-morse, não podiam prevenir completamente a infiltração

e colonização bacteriana, e que tais sistemas de implantes, os quais apresentam a

ocorrência de solda fria, que Sutter et al. (1993) e Norton (1999) a definiram como uma

propriedade mecânica das conexões onde existe um aumento no torque de

afrouxamento em relação ao torque de apertamento dos intermediários protéticos, não

devendo pois ser confundida com total vedação bacteriana. Seus resultados também

mostraram que na maioria das composições analisadas, a infiltração bacteriana foi

observada dentro dos 2 primeiros dias de incubação.

É muito importante observarmos que o sistema de implantes Ankylos® mostrou

um melhor desempenho no presente estudo, apenas 20% de contaminação bacteriana

em comparação com a proporção de infiltração bacteriana nas composições de

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implantes-intermediários protéticos do estudo de Jansen et al. (1997) que foi mais de

50%, sendo que a relevância deste resultado se acentua quando a diferença de

tamanho dos microorganismos utilizados é levada em consideração, Escherichia coli,

que possui um diâmetro de 1,1 a 1,5 µm em média e a bactéria Streptococcus

sanguinis com 0,5 a 1,0 µm em média. Talvez o fato de termos utilizado um torquímetro

calibrado e com controle de torque, pois após atingido o torque de 25 N.cm, perde

automaticamente a capacidade de aperto, o que segundo Goheen et al. (1994), é

mandatório se um correto torque for objetivado, como também uma morsa de bancada

para correta estabilização das amostras em posição vertical no sentido de seu longo

eixo, tenham sido fatores decisivos na aplicação do torque adequado permitindo uma

correta adaptação entre implante e intermediário protético, como muito bem descrito no

estudo de Gross et al. (1999), o que já no estudo de Jansen e colaboradores não

ocorreu, os implantes foram estabilizados por meio de pinças. Acreditamos também ter

sido preponderante a quantidade da solução bacteriana inoculada, no nosso de 0,1 µL

e no de Jansen 0,5 µL, o que segundo descrito pelos próprios autores, devido ao

espaço reduzido presente na cavidade protética dos implantes do sistema Ankylos®,

como também a própria geometria do intermediário protético deste sistema, o qual

apresenta transição imediata da superfície cônica para as roscas, possibilitou a

passagem de bactéria para o meio externo já no momento do acoplamento dos

intermediários protéticos, sendo as roscas uma via para passagem bacteriana (Jansen

et al., 1997).

Dias (2006) também realizou estudo in vitro para testar a infiltração bacteriana

em implantes, no qual inoculou solução de 0,5 µL da bactéria Escherichia coli

encontrando 100% de contaminação bacteriana em composições de implantes-

intermediários protéticos de sistema cone-morse Neodent® (Neodent, Curitiba, Brasil),

sendo que a estabilização das amostras em posição vertical no sentido de seu longo

eixo, foi realizada por meio de torno de bancada previamente esterilizado, porém

utilizou-se torquímetro manual com controle de torque apenas visual. Cravinhos (2003)

também realizou estudo in vitro da infiltração bacteriana em implantes, utilizando a

bactéria Streptococcus sanguinis, sendo que para estabilização das amostras utilizou

pinça porta-agulha, como no estudo de Jansen et al. (1997). Ressaltamos a propósito,

trabalho de Dellow et al. (1997), no qual os autores relataram que o acoplamento

impreciso dos componentes pode influenciar no prognóstico a longo prazo do implante.

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As implicações clínicas podem ser: freqüente desaperto do parafuso, fratura do

parafuso, maior retenção de biofilme, resposta adversa do tecido mole, perda da

integração.

A infiltração bacteriana do meio externo para dentro da cavidade interna do

implante apesar de ter sido utilizada em outros estudos similares encontrados na

literatura, não foi testada porque seria requerida a desconexão das composições

implante-intermediários protéticos, situação que apresenta algumas desvantagens de

comprovação científica da ocorrência da infiltração bacteriana ocorrida apenas durante

o período de incubação, pois bactérias da superfície externa do implante podem ser

transferidas para a superfície interna durante o processo de abertura, causando

resultados falso-positivos. A desinfecção das composições antes da abertura poderia

causar resultados falso-negativos, se a substância desinfetante alcançar a superfície

interna dos implantes. A comprovação de infiltração bacteriana neste caso é difícil de

ser obtida e não totalmente confiável. Por causa destas circunstâncias foi decidido

testar a infiltração bacteriana da superfície interna das composições implante-

intermediário protético para o meio externo, presumindo-se que havendo infiltração

bacteriana da superfície interna para o meio externo, o oposto poderia também ocorrer

(Traversy e Birek, 1992).

As dez composições do sistema Bicon® de implantes foram codificadas como 11,

12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20. As dez composições do sistema Ankylos® de

implantes foram codificadas como 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29 e 30, o que

caracterizou um estudo cego, pois os dois examinadores microbiologistas que

analizaram o estudo não possuem conhecimento específico para distinguir diferenças

entre os dois sistemas de implantes utilizados.

O fato de ocorrerem contaminações bacterianas nos meios BHI estéreis,

igualmente nas primeiras e últimas composições dos dois grupos de implantes

analisados e dentro das 48 horas de seguimento, foi um achado intrigante, pois a

metodologia utilizada foi rigorosamente a mesma na inoculação bacteriana na porção

mais profunda da cavidade conectora dos implantes, bem como o cuidado tomado na

adaptação dos intermediários protéticos de todos os implantes, sendo realizadas na

mesma sessão laboratorial, obedecendo uma sequência numérica pré-estabelecida e

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sendo utilizado para estabilização e fixação das amostras em posição vertical no

sentido de seu longo eixo de forma a permitir as forças de torque corretas, um torno de

bancada profissional previamente esterelizado em autoclave, como também os

mordentes de borracha. Sendo o experimento realizado por operadores com larga

experiência e familiaridade nas respectivas áreas de atuação. Como todos os controles

de contaminação externa (CE) de todas as composições, permaneceram negativos ao

longo do seguimento, comprovando não ter havido nenhum tipo de contaminação

acidental ou mesmo ambiental, demonstrando que a bactéria foi inoculada apenas

dentro de cada implante, o resultado final sugere uma igualdade no controle de

qualidade dos fabricantes, como por exemplo ocorrência de pequenas imprecisões e

desadaptações horizontais e/ou verticais ao longo da interface, na confecção dos dois

sistemas de implantes (Niznick, 1991; Coelho et al., 2007) suficientes apenas para

permitir a passagem da bactéria utilizada, já que ambos apresentam o conceito de

liberdade de encaixe do intermediário protético em 3600. Fato que talvez tenha também

ocorrido com estudo in vitro de Müftü et al. (1996), já que apenas 10% das

composições utilizadas no experimento permitiram a passagem da bactéria S.

sanguinis, no sistema de implantes Bicon®. Tal resultado estimula-nos a dar

continuidade a esta pesquisa, com a realização de seccionamento transversal seriado

de todas as amostras e análise por meio de microscopia eletrônica de varredura para

mensuração dos espaços ao longo de toda a interface implante/intermediário protético

cônica em função de seu raio, para que assim possamos obter uma resposta definitiva

de tal comportamento e melhor entendimento sobre as conexões cônicas.

Nos intermediários protéticos cone-morse tipo IFA, representados pelo sistema

de implantes Ankylos® – Dentisply – Friadent (Mannheim, Germany), a conexão é

mantida em posição por meio de forças friccionais que agem nas roscas do parafuso e

na superfície cônica, aonde as roscas foram incorporadas no final do intermediário

protético. O intermediário protético é colocado dentro do implante por meio da

aplicação de um torque de aparafusamento de 25N.cm, especificado pelo fabricante. O

intermediário protético do sistema Ankylos® é aparafusado ao cone interno do implante

por meio de um parafuso central, apresentando um ângulo de 5.6° nas suas paredes

internas, o qual produz uma considerável quantidade de retenção friccional entre o

intermediário protético e o implante (Bozkaya e Müftü, 2005).

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Os intermediários protéticos tipo IFP, representados pelo sistema de implantes

Bicon® – (Boston-MA, USA), são sólidos, cônicos e com superfície lisa e o implante

apresenta um cone interno, o método de fixação do intermediário protético ao implante

é realizado por meio da aplicação de uma força que o desloca internamente e que age

longitudinalmente ao longo eixo do implante, fazendo que ocorra um

microembricamento mecânico por atrito estático entre as duas superfícies, criando uma

enorme resistência ao movimento oposto de remoção, por isto denominado de

interferência friccional pura (Bozkaya e Müftü, 2005). O cone interno do implante

apresenta um ângulo de 1,5° nas suas paredes internas, como também a parte ativa do

intermediário protético, o que proporciona quando adaptados, uma retenção friccional

sem nenhum tipo de aparafusamento, denominada de locking taper, sendo necessário

muito maior força para sua remoção do que a força necessária para sua inserção

(Chapman e Grippo, 1996; O’Callaghan et al., 2001; Bozkaya e Müftü, 2003; Bozkaya e

Müftü, 2004; Bozkaya e Müftü, 2005).

Um achado de muita importância no nosso estudo foi que apesar de existirem

diferenças relativas ao tipo de ativação dos intermediários protéticos e de possuirem

diferentes ângulos de conicidade de suas paredes a capacidade de vedação bacteriana

é exatamente equivalente, resultado que nos faz remeter ao estudo sobre a eficiência

mecânica das conexões cone-morse de Bozcaya e Müftü (2004), que demonstraram

que conexões cone-morse que apresentam paredes internas com ângulos menores de

5,8° (Bicon® e Ankylos®) são consideradas mecanicamente eficientes, sendo a força de

remoção maior do que a força de inserção do intermediário protético ao implante, o que

traduz-se por uma melhor estabilidade mecânica entre as partes e melhor

microembricamento entre as superfícies de contato.

Outros autores, Dibart et al. (2005), testaram in vitro a capacidade do sistema

locking taper dos implantes Bicon®, em impedir a invasão de microorganismos

presentes na cavidade oral, concluindo que o selamento proporcionado pela interface

cônica demonstrou ser hermético com relação à invasão bacteriana, apesar de ter sido

encontrado microfenda externa entre implante/intermediário protético de 0,5 µm, por

meio de análise de microscopia eletrônica de varredura. As aparentes discrepâncias

nos resultados obtidos neste estudo, quando comparados com os resultados obtidos

com nosso estudo atual e de Müftü et al. (1996), na verdade são encorajadores, pois

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apontam para um sistema de implantes que pode impedir ou minimizar a infiltração

bacteriana através de sua interface cônica, mesmo porque devemos levar em conta as

diferentes condições experimentais utilizadas nos estudos.

Patterson e Johns (1992), Goheen et al. (1994) e Weiss (2000) evidenciaram a

importância do torque para melhorar a adaptação dos componentes protéticos sobre os

implantes. Segundo os autores torques inadequados possibilitam uma desadaptação

que favorece a colonização bacteriana. O torque utilizado em nosso trabalho seguiu as

recomendações dos fabricantes, apesar de o método de fixação do intermediário

protético do sistema Bicon®, se dê por meio da utilização de um martelo protético e

assentador manual desenvolvidos pelo fabricante, sendo aplicada uma força de

martelamento na porção final do intermediário protético por seis vezes consecutivas, a

uma altura de aproximadamente 20 cm, tal impacto gera uma força direcionada ao

longo eixo do implante, proporcionando retenção mecânica friccional estática por

deslocamento dentro do cone interno do implante, sendo portanto este método de

fixação uma variável, pois não há como ser muito bem definido e padronizado, pois

tratasse de uma fixação protética operador-dependente, a qual pode de per si gerar

uma inconsistência na força de fixação e induzir à diferenças (O'Callaghan et al., 2001;

Bozkaya e Müftü, 2004; Kim et al., 2008). No entanto não nos parece coerente afirmar

que as infiltrações bacterianas ocorridas neste sistema se devam a este parâmetro.

A inconsistência deste procedimento cria a necessidade de um dispositivo que

possa proporcionar uma força consistente e padronizada de inserção do intermediário

protético em apenas uma única aplicação e ao mesmo tempo ser versátil para poder

ser aplicado em diferentes regiões da boca (O'Callaghan et al., 2001). Em detrimento

disto, o sistema de implantes Bicon® provou ser confiável, baseado em estudos, como

de Müftü e Chapman (1998), em que as complicações protéticas relacionadas a falhas

no mecanismo de conexão implante/intermediário protético foram de apenas 0,74%

para próteses unitárias, e também por estar em utilização a mais de duas décadas sem

nenhuma modificação em seu desenho ou de seus componentes protéticos.

Nakazato et al. (1989) verificaram a colonização bacteriana nas superfícies dos

conectores protéticos, após 4 horas de exposição ao meio bucal. Koka et al. (1993)

evidenciaram a colonização bacteriana secundária subgengival 14 dias após o

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acoplamento do intermediário protético ao implante, desde que a bactéria permaneceu

viva na região da interface. Amaral (2003), em estudo in vitro da infiltração bacteriana

em cinco sistemas de implantes diferentes, constatou passagem da bactéria

Streptococcus sanguinis para o meio externo estéril, BHI, até o 14° dia após ocorrido a

inoculação da referida bactéria dentro da cavidade protética e acoplamento das

composições. Os 14 dias de seguimento na análise microbiológica no nosso

experimento corroboram os dados relatados na literatura, sendo o tempo suficiente

para promover a passagem dos fluídos e bactérias da parte interna do implante para o

meio externo.

Em nosso experimento comprovamos que colônias bacterianas provenientes da

cavidade interna dos implantes conseguiram ultrapassar a interface cônica de algumas

composições dos dois grupos de implantes analisados, mas para que a patologia peri-

implantar se estabeleça, além deste importante fator etiológico existem outros

envolvidos, como os vinculados ao próprio hospedeiro. Fatores de risco como, má

higiene oral, flora residente, tipo de dieta, histórico de doença periodontal, tabagismo,

parafunção, alterações no equilíbrio hormonal, idade, má oclusão e fatores

biomecânicos também devem ser considerados (Hämmerle et al., 1996; Pucca Jr,

1998; Pucca Jr, 2002; Quirynen et al., 2002).

Segundo Quirynen et al. (2002), a existência da interface implante/intermediário

protético na altura da crista alveolar, pode favorecer a manutenção de um processo

inflamatório crônico na área, pelo acúmulo de bactérias, valendo também ressaltar, o

papel da carga oclusal sobre o implante determinando reabsorção progressiva do osso

em torno dos implantes (Isidor, 1996; O’Mahony et al., 2000).

Os efeitos da presença de espaço entre a conexão implante/intermediário

protético no nível da crista óssea foi observado exaustivamente por diversos autores,

desde que a reabsorção óssea tem se mostrado evidente em implantes de dois

estágios (Hermann et al., 1997; Callan et al., 1998; Hermann et al., 2000; Broggini et

al., 2003), sendo que segundo Hermann et al. (2001) e King et al. (2002), o tamanho

desta interface/implante-intermediário protético de per si não influencia a quantidade de

reabsorção óssea peri-implantar à menos que a presença de micromovimentos seja um

fator adicional, mostrando portanto a relevância da realização de nosso estudo, pois

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em implantes com sistema cone-morse, usualmente em regiões estéticas, se preconiza

a instalação cirúrgica abaixo do nível da crista óssea alveolar, podendo em alguns

casos ocasionar perdas da crista óssea (Hämmerle et al., 1996).

Vale ressaltar que existe um grande diferencial comum aos dois sistemas de

implantes cone-morse estudados neste trabalho, Ankylos® e Bicon®, pois ambos

apresentam o conceito de mudança de plataforma (Platform Switching), que foi

introduzido na literatura, referindo-se ao uso de um pilar protético de menor diâmetro

do que a plataforma do implante, o que permite um posicionamento da interface

implante/intermediário protético mais centralmente ao eixo do implante, afastando-a da

crista óssea, proporcionando um favorável ganho em altura e espessura de tecido

conjuntivo peri-implantar circundante protetor nesta região (Tenenbaum et al., 2003;

Döring et al., 2004; Baumgartem et al., 2005; Degidi et al., 2008), sendo que Lazzara e

Porter (2006); Degidi et al., 2008 sugeriram que a mudança de plataforma afasta o

infiltrado inflamatório da crista óssea, fazendo com que ocorra pouca ou nenhuma

remodelação óssea peri-implantar.

Uma das alternativas para se evitar a infiltração bacteriana na interface implante/

intermediário protético em implantes instalados no nível ou abaixo da crista óssea, é a

utilização de implantes de corpo único (King et al., 2002; Broggini et al., 2003) mas sua

aplicabilidade clínica restrita apenas no evento de função imediata, bem como pobres

desempenhos na sua utilização descritos na literatura, a partir de estudos in vivo em

seres humanos, como ocorrência de extensas perdas ósseas ao redor de mais de 1/3

dos implantes instalados (Sennerby et al., 2008) e menor índice de sobrevida quando

comparados com implantes de dois estágios relacionados ao desenho geométrico do

implante (Ostman et al., 2007), tem motivado os profissionais a utilizar sistemas de

implantes de dois estágios com boas propriedades de selamento bacteriano.

É importante salientarmos o pioneirismo na realização desse nosso estudo,

como também sua importância, pois até então havia uma carência na literatura sobre

trabalho científico que avaliasse a capacidade de vedação bacteriana, bem como sua

frequência ao longo da interface implante/intermediário protético de forma comparativa

entre sistema de implante com conexão cone-morse por interferência friccional pura e

interferência friccional por aparafusamento, sendo evidente que o estudo da infiltração

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bacteriana neste modelo de conexão não está totalmente esclarecido e que novos

estudos prospectivos in vivo e in vitro serão necessários para complementar e

esclarecer definitivamente esta questão.

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7CONCLUSÕES

1. Independentemente do tipo de ativação dos intermediários protéticos dos

sistemas de implantes cone-morse analisados, interferência friccional pura

(Bicon®) e interferência friccional por aparafusamento (Ankylos®), este estudo

experimental in vitro mostrou ocorrência de infiltração bacteriana.

2. A frequência de infiltração bacteriana na interface implante/intermediário

protético entre estes dois diferentes sistemas de conexão cone-morse, foi de

20% das amostras de cada sistema de implantes, não sendo encontradas

diferenças estatisticamente significantes entre os mesmos.

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