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Universidade Federal do Triângulo Mineiro Cássia Cristina Silva ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TRATAMENTOS TÉRMICOS INDUSTRIAIS E POR IRRADIAÇÃO MICRO-ONDAS EM CALDO DE CANA-DE- AÇÚCAR DESTINADO A PRODUÇÃO DE ETANOL UBERABA 2016

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Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Cássia Cristina Silva

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TRATAMENTOS TÉRMICOS

INDUSTRIAIS E POR IRRADIAÇÃO MICRO-ONDAS EM CALDO DE CANA-DE-

AÇÚCAR DESTINADO A PRODUÇÃO DE ETANOL

UBERABA

2016

Cássia Cristina Silva

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TRATAMENTOS TÉRMICOS

INDUSTRIAIS E POR IRRADIAÇÃO MICRO-ONDAS EM CALDO DE CANA-DE-

AÇÚCAR DESTINADO A PRODUÇÃO DE ETANOL

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Inovação

Tecnológica da Universidade Federal do

Triângulo Mineiro, como requisito para a

obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof.ª Dr.ª Ariana de Campos

Co-orientador: Prof.ª Dr.ª Mônica Hitomi

Okura

UBERABA

2016

Dedico esse trabalho a minha amada mãe, Deuza,

ao meu companheiro de todas as horas, Fellipe, e

a toda minha família.

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus pela dádiva da vida.

Imensamente grata à minha mãe, Deuza, pelo amor incondicional e por não poupar

esforços para me auxiliar em cada fase de minha existência.

Àqueles que compartilharam esse período no Programa de Mestrado de Inovação

Tecnológica, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro; juntamente agradeço aos

professores que fizeram essa conquista ainda mais grandiosa. Aos queridos Enio, Janaína,

Karen e Mateus, pelos diversos serviços e auxílios prestados.

Agradeço à minha orientadora Prof.ª Dr.ª Ariana de Campos com quem iniciei minha

pesquisa e que me permitiu explorar esse tema, por ainda ter aceitado participar de mais esse

desafio.

Agradeço ao Prof. Dr. Deusmaque Carneiro Ferreira pela contribuição primorosa ao

trabalho e ao Prof. Dr. Alexandre de Faria Lima pelo auxílio no laboratório.

Agradeço em especial à minha co-orientadora, Prof.ª Dr.ª Mônica Hitomi Okura,

professora e pesquisadora exemplar que não poupou esforços para me auxiliar nesse projeto.

Muito obrigado, Professora, pela dedicação e pela salutar contribuição que destes ao

trabalho.

Agradeço de profundo coração a generosidade e companheirismo do Professor Me.

José Waldir de Sousa Filho, que me acompanha desde a graduação, sem seu apoio e

contribuição não conseguiria ter realizado este projeto.

Agradeço a contribuição, auxílio e generosidade do Engenheiro de Produção Cidmar

Alves Costa, a sua equipe e a Usina Coruripe, por me proporcionarem a realização de testes e

a cessão de caldos de cana para o trabalho.

Agradeço a todos com os quais compartilho a existência, entendendo que fazemos

parte de um bem maior e estamos caminhando juntos ao progresso moral e intelectual.

Por fim, ao meu amável companheiro, Fellipe, sempre me aconselhando, por seu

carinho, compreensão, boa vontade, e parceria. Por compartilhar todos os desafios e alegrias

junto comigo. Amigo de anos, te amo.

“Os que se encantam com a prática sem a ciência

são como os timoneiros que entram no navio sem timão

nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino”.

Leonardo da Vinci

RESUMO

O etanol é avaliado como um combustível alternativo na diminuição de problemas ambientais

e energéticos no mundo, se mostrando um processo que adota mecanismos mais limpos de

produção e ainda se destacando frente ao aumento dos preços dos combustíveis fósseis. As

novas tecnologias dirigidas ao setor sucroalcooleiro vêm se sobressaindo nos últimos anos,

pois com este recurso, as indústrias conseguem reduzir o custo energético e o tempo de

produção. É possível simplificar o processo de tratamento térmico do caldo de cana-de-açúcar

a partir da tecnologia de irradiação micro-ondas, já que esta reduz a utilização de insumos

utilizados nos métodos de tratamento térmico convencional, mostrando-se eficiente no

combate a microrganismos contaminantes existentes nas etapas de produção do etanol,

melhorando o desempenho fermentativo das leveduras no processo. Dessa forma, o objetivo

deste trabalho foi comparar as influências do tratamento térmico por irradiação micro-ondas

no caldo de cana-de-açúcar ao tratamento convencional realizado na indústria visando à

produção de etanol, empregando três condições operacionais para o tratamento do caldo por

irradiação micro-ondas. No experimento laboratorial foram realizadas comparações das

análises físico-químicas do caldo in natura com os caldos obtidos por tratamentos com

irradiações e de maneira industrial. No que se refere aos caldos purificados e tratados de

maneira industrial, foram analisados: turbidez, cor, sólidos solúveis (ºBrix), pH, análises

microbiológicas e análises de açúcares, além do teor alcoólico. Com relação à contagem de

microrganismos utilizou-se o método pour-plate para bactérias. Para avaliação dos resultados

utilizou-se da análise de variância – ANOVA – seguida do teste de Tukey, e/ou o teste não

paramétrico de Kruskall-Wallis seguido de comparações múltiplas por ordens, todos com

nível de significância 0,05. O método de micro-ondas com potência 840 W e tempo de

exposição 3 minutos foi o mais indicado reduzindo significativamente os índices de cor,

turbidez e ºBrix, o pH não sofrendo redução significativa, não houve contaminação por

bactérias aeróbias e o teor alcoólico alcançado foi de 7,680 °GL. Mostrando-se um tratamento

térmico eficaz, capaz de eliminar microrganismos, inativar enzimas que podem causar a

deterioração do caldo, controlando fatores negativos à fermentação para obtenção do etanol.

Palavras chave: Fermentação. Tratamento térmico. Irradiação micro-ondas.

ABSTRACT

The ethanol is evaluated as an alternative fuel in the decrease of environmental problems and

energy in the world, showing a process that adopts mechanisms for cleaner production and

still standing out front of the rising prices of fossil fuels. The new technologies directed to

the sugar-alcohol sector have been standing out in recent years, because with this feature, the

industries can reduce the energy cost and production time. It is possible to simplify the

process of treatment and clarification of the broth of sugarcane from the microwave

irradiation technology. Since this reduces the use of inputs, being efficient against existing

contaminating microorganisms in the production stages ethanol; therefore, it improves the

fermentation performance of the process. In this way, the objective of this study was to

compare the influences of thermal treatment, by microwave irradiation in the broth of

sugarcane, contrasting to conventional treatment used in industry to produce ethanol. It was

used three operating conditions for the treatment of broth by a microwave irradiation. In the

laboratory experiments, were realized comparisons of the physicochemical analysis of the

broth ‘in natura’, with broths obtained by treatments with irradiation and industrial With

regard to the broths, purified and treated industrial manner, were analyzed: turbidity, color,

soluble solids (ºBrix), pH, microbiological analyses and analyses of sugars, in addition to the

alcohol content. With respect to the count of micro-organisms, we used the method pour-

plate for bacteria. To evaluate the results we used the analysis of variance – ANOVA –

followed by the test of Tukey, and/or the non-parametric test of Kruskall-Wallis followed by

multiple comparison by orders, all with significance level 0.05. The method of microwave

power 840 W and exposure time of 3 minutes was further indicated by significantly reducing

the rates of color, turbidity, and ºBrix, pH not suffering any significant reduction, there was

no contamination by aerobic bacteria and the alcohol content reached 7,680 °GL. Showing a

heat treatment effective, able to eliminate microorganisms, inactivate enzymes that can cause

deterioration of the juice, controlling negative factors to the fermentation for obtaining the

ethanol.

Key words: Fermentation. Heat treatment. Microwave Irradiation.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução histórica do destino de cana-de-açúcar processada da região Centro-

Sul.............................................................................................................................................22

Figura 2– Diferentes rotas tecnológicas para produção do etanol..........................................26

Figura 3 – Esquematização da produção de etanol (álcool). ................................................... 27

Figura 4 – Estrutura molecular da sacarose. A: Fórmula molecular estrutural. B: Fórmula

espacial tridimensional ............................................................................................................. 31

Figura 5 – Estrutura química das moléculas de frutose e glicose que representamos açúcares

redutores do caldo.....................................................................................................................32

Figura 6 – Fluxograma da fermentação em batelada, onde se destacam ( ) os possíveis

pontos de contaminação do processo, sendo essa contaminação por bactérias ou

leveduras...................................................................................................................................36

Figura 7 – Radiação micro-ondas em uma fração do espectro eletromagnético. ................. ...42

Figura 8 – Comprimento de onda. ........................................................................................ ...43

Figura 9 – Forno micro-ondas. ............................................................................................. ...46

Figura 10 – Proccesso fermentativo em batelada. ................................................................ ...47

Figura 11 – Gráfico comparativo das variações do Log de Bactérias das amostras após o

tratamento com micro-ondas.. ................................................................................................. ...57

Figura 12 – Gráfico comparativo das variações do ºBrix das amostras após o tratamento com

micro-ondas.. .......................................................................................................................... ...59

Figura 13 – Gráfico comparativo das variações do pH das amostras após o tratamento com

micro-ondas.. .......................................................................................................................... ...60

Figura 14 – Gráfico comparativo das variações de cor das amostras após o tratamento com

micro-ondas.. .......................................................................................................................... ...61

Figura 15 – Gráfico comparativo das variações de turbidez das amostras após o tratamento com

micro-ondas.. .......................................................................................................................... ...62

Figura 16 – Gráfico comparativo das variações de POL das amostras após o tratamento com

micro-ondas.. .......................................................................................................................... ...63

Figura 17 – Gráfico comparativo das variações de açúcares invertidos das amostras após o

tratamento com micro-ondas.. ................................................................................................. ...64

Figura 18 – Gráfico comparativo das variações de açúcares redutores das amostras após o

tratamento com micro-ondas.. ................................................................................................. ...65

Figura 19 – Gráfico comparativo das variações de açúcares redutores totais das amostras após o

tratamento com micro-ondas.. ................................................................................................. ...66

Figura 20 – Gráfico comparativo das variações dos teores alcoólicos das amostras após o

tratamento com micro-ondas.. ................................................................................................. ...67

Figura 21 – Gráfico comparativo da demanda energética dos tratamentos com micro-ondas e

com banho-maria... ................................................................................................................ ...68

Figura 22 – Tabela de correção sacarímetro de °Brix calibrado a 20°C... ........................... ...86

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composição química da cana sem queima. ........................................................... 21

Tabela 2 – Área plantada de cana-de-açúcar 2015. ................................................................. 23

Tabela 3 – Produção de etanol total no Brasil nos anos de 2014 e 2015. ................................ 25

Tabela 4 – Fatores e níveis de delineamento experimental - Micro-ondas. ............................ 45

Tabela 5 – Matriz do planejamento fatorial completo. ............................................................ 45

Tabela 6 – Testes de normalidade e homoceedasticidade para análises físico-químicas. ....... 55

Tabela 7 – Eficiência na redução de bactérias após o tratamento com micro-ondas. ............ 56

Tabela 8 – Composição do caldo de cana-de-açúcar in natura. ................................................. 58

Tabela 9 – Variação de temperatura dos tratamentos com micro-ondas. ................................ 58

Tabela 10 – Comparativo microbiológico e físico-químico dos tratamentos com micro-ondas

e banho-maria.. ......................................................................................................................... 69

Tabela 11 – Determinação melhor tratamento – Micro-ondas.. .............................................. 70

Tabela 12 – Composição caldo in natura, tratado em micro-ondas e tratado industrialmente..

.................................................................................................................................................. 71

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANOVA Análise de Variâncias

A Absorbância

AR Açúcares Redutores

ART Açúcares Redutores Totais

ºBrix Quantidade de compostos solúveis numa solução de sacarose

g Gramas

GHz Giga Hertz

h Horas

ICMSA Comissão Internacional pela Uniformização dos Métodos de Análises de açúcar

KW Quilowatt

m Metros

MHz Mega Hertz

min Minutos

m3 Metros cúbicos

mL Mililitros

mm Milímetros

nm Nanômetros

NTU Unidades Nefolométricas de Turbidez

pH Potencial Hidrogeniônico

PIB Produto Interno Bruto

POL Teor de sacarose aparente

U.I. Unidades ICMSA

W Watts

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 19

2.1 OBJETIVO ESPECÍFICO ...................................................................................... 19

3. REVISÃO BIBIOGRÁFICA ................................................................................. 20

3.1 CANA-DE-AÇÚCAR ............................................................................................ 20

3.1.1 Histórico e aspectos econômicos ....................................................................... 20

3.1.2 Cultura ................................................................................................................ 21

3.2 ETANOL ................................................................................................................ 24

3.3 TRATAMENTO DO CALDO ............................................................................... 29

3.4 FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA .......................................................................... 31

3.4.1 Processo Fermentativo ...................................................................................... 34

3.4.2 Fatores que influenciam o processo fermentativo .......................................... 35

3.4.3 Contaminação dos processos fermentativos .................................................... 36

3.4.4 Métodos de combate à contaminação .............................................................. 38

3.5 TRATAMENTO TÉRMICO .................................................................................. 40

3.6 ENERGIA DE MICRO-ONDAS ........................................................................... 41

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 45

4.1 MATÉRIA-PRIMA ................................................................................................ 45

4.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................................. 45

4.3 UNIDADE EXPERIMENTAL .............................................................................. 47

4.4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS .............................................................. 47

4.4.1 Microrganismos ................................................................................................. 47

4.4.2 Condução do Processo fermentativo ................................................................ 48

4.5 METODOLOGIAS E ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ...................................... 49

4.5.1 Contagem do número de microrganismos – Técnica Pour Plate .................. 49

4.5.2 Análise de Sólidos solúveis totais (ºBrix) ......................................................... 50

4.5.3 Determinação de pH .......................................................................................... 50

4.5.4 Determinação do índice de Cor ICUMSA ....................................................... 50

4.5.5 Determinação de Turbidez ................................................................................ 51

4.5.6 Determinação do teor de sacarose aparente na cana (POL) .......................... 51

4.5.7 Determinação dos Açúcares Redutores (AR) .................................................. 52

4.5.8 Determinação dos Açúcares Redutores Totais (ART) ................................... 53

4.5.9 Teor Alcoólico (°GL) ......................................................................................... 54

4.6 DETERMINAÇÃO DA DEMANDA ENERGÉTICA .......................................... 54

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 56

5.1 RESULTADOS DAS ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS - BACTÉRIAS ......... 56

5.2 RESULTADOS DAS ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ...................................... 58

5.2.1 Análise de Sólidos solúveis totais (ºBrix) ......................................................... 59

5.2.2 Determinação de pH .......................................................................................... 60

5.2.3 Determinação do índice de Cor ICMSA .......................................................... 62

5.2.4 Determinação de Turbidez ................................................................................ 63

5.2.5 Determinação do teor de sacarose aparente na cana (POL) .......................... 64

5.2.6 Determinação dos Açúcares Redutores (AR) .................................................. 66

5.2.7 Determinação dos Açúcares Redutores Totais (ART) ................................... 67

5.2.8 Teor Alcoólico (°GL) ......................................................................................... 68

5.3 ANÁLISES DE DEMANDA ENERGÉTICA ....................................................... 69

5.4 ESCOLHA DO MELHOR MÉTODO DE TRATAMENTO TÉRMICO POR

IRRADIAÇÃO MICRO-ONDAS NO CALDO DE CANA-DE-AÇÚCAR ............... 71

6. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 73

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 74

ANEXO A .................................................................................................................... 85

ANEXO B .................................................................................................................... 87

17

1. INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar (Sacharum ssp) é considerada a espécie de gramínea mais cultivada

nas regiões tropicais e subtropicais, em razão à sua grande capacidade de armazenamento de

sacarose, esse potencial atribui a esta cultura uma ampla contribuição socioeconômica no

cenário brasileiro (STUPIELLO, 1993). O Brasil é potencialmente preparado para elaborar

produtos oriundos da cana-de-açúcar, pois detém adequadas condições para o seu cultivo,

apresentando duas estações distintas anuais, uma quente e úmida, que favorece a germinação,

perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, acompanhada por outra fria e seca, que auxilia

na maturação e consequente acúmulo de sacarose nos colmos da cana-de-açúcar (MORAES,

2013). O país possui ainda um sistema sucroalcooleiro baseado, predominantemente, no

emprego da cana-de-açúcar como matéria-prima para produção de açúcar e álcool, sendo

considerado o maior produtor mundial de etanol a partir da cana. Contudo, pode se afirmar,

analisando as perspectivas de expansão, que a produção de aproximadamente 634 mil

toneladas de cana na safra 2014/2015, que equivale em 28,48 milhões de litros de etanol,

poderá ser ampliada para 1.038 mil toneladas na safra 2020/2021. Correspondendo a uma

produção de 65,3 milhões de litros de etanol, o que irá representar 15% da matriz energética

brasileira (UNICA, 2016).

Todo esse cenário faz com que o setor sucroalcooleiro busque inovações tecnológicas

a fim de reduzir custos e aumentar consideravelmente sua produtividade no processo

industrial para que consiga suprir as futuras demandas por este biocombustível

(ALKASRAWI; JRAI; AL-MUHTASEB, 2013). Diante ainda de crescentes preocupações

causadas pelos impactos ambientais provenientes da produção de etanol e açúcar,

principalmente com relação às emissões de gases de efeito estufa, o Brasil vem intensificando

a busca por metodologias que visem à sustentabilidade no processo produtivo, com o intuito

de diminuir perdas ambientais, apresentando assim, combustíveis alternativos que possam

competir com os fósseis (MORAES, 2013).

Na busca por uma maior eficiência na produção do etanol, novas tecnologias estão em

desenvolvimento, podendo destacar as linhagens de leveduras selecionadas, dornas fechadas,

variedades de cana-de-açúcar, antibióticos e, alternativas nas etapas de clarificação. Nesse

processo produtivo, um dos parâmetros fundamentais é o controle da fermentação, que

necessita sempre de um ambiente livre de qualquer contaminação, estando presentes apenas

os microrganismos responsáveis pela eficiência fermentativa. Para isso, torna-se indispensável

evitar a contaminação microbiológica do caldo de cana a ser fermentado para que se consiga

18

um alto rendimento fermentativo. Para efetivar a obtenção de etanol é necessária a busca por

alternativas eficazes que possam diminuir ou eliminar a carga microbiana bem como melhorar

o rendimento de produção (GÔUVEIA, 2006).

O forno micro-ondas vem sendo largamente empregada para esterilização de

substratos e materiais, e seu comprimento de onda no espectro eletromagnético atinge uma

extensão entre 1 mm e 1 m (TEIXEIRA, 2010). Esta técnica pode ser classificada como

agente não térmico de transmissão de calor, se diferindo dos mecanismos usuais como a

condução, convecção e radiação. O aquecimento de uma determinada substância ou material

devido à irradiação por micro-ondas se deve à interação da onda eletromagnética com o

dipolo elétrico da molécula (BARBOZA, 2001). É um método consegue, dentre outras coisas,

realizar a manutenção de características como odor e sabor em sucos de maça, por exemplo

(CAVICCHIOLI; GUTZ, 2003). Tecnologias que venham a proporcionar inovações nos

métodos de processamento da cana-de-açúcar são importantes, por visarem de forma geral,

reduzir contaminações no processo, aumentar o rendimento fermentativo, reduzir custos

globais da indústria, além de fomentar a geração de produtos que não agridam ao meio

ambiente. Estes métodos de irradiação térmico por micro-ondas, que visa a purificação do

caldo de cana, não gera resíduos, possibilita um aumento na eficiência de redução do número

de microrganismos e oferecem elevado potencial para clarificar o caldo, podendo reduzir a

turbidez e a coloração sem alterar o teor de sacarose, que é o objetivo fundamental das etapas

de tratamento na indústria.

19

2. OBJETIVOS

Comparar através de análises físico-químicas e microbiológicas as influências do

tratamento térmico utilizando forno micro-ondas no caldo de cana-de-açúcar ao tratamento

convencional realizado na indústria visando à produção de etanol.

2.1 OBJETIVO ESPECÍFICO

Verificar os parâmetros físico-químicos e microbiológicos do caldo de cana-

de-açúcar utilizando forno micro-ondas;

Identificar as melhores condições de operação do método de irradiação pelo

monitoramento dos parâmetros potência e tempo de exposição e

Verificar o teor alcoólico no caldo esterilizado por irradiação micro-ondas

comparando-os com o tratamento industrial.

20

3. REVISÃO BIBIOGRÁFICA

Para melhor compreensão do estudo, neste item foram apresentadas considerações

gerais sobre a cana-de-açúcar, principal matéria-prima do etanol produzido no Brasil.

Também estão descritas as operações convencionais de tratamento e fermentação do caldo de

cana destinado à produção de etanol.

3.1 CANA-DE-AÇÚCAR

3.1.1 Histórico e aspectos econômicos

Com a alta demanda por energias renováveis, o agronegócio brasileiro ampliou sua

relevância no cenário mundial e fez com que a cadeia produtiva da cana-de-açúcar se

destacasse gerando um aumento de estudos voltados a apresentar um processamento cada vez

mais eficiente.

A cana-de-açúcar é cultivada em mais de cem países, tornando-se uma das principais

culturas mundiais, e muito embora cerca de três quartos desta produção estejam concentrados

em oito países, as nações em desenvolvimento vêm ganhando destaque neste setor (BASTOS,

2007). No Brasil, o plantio da cana-de-açúcar teve início em São Paulo em meados do ano de

1522 e atualmente, o país é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, seguido pela Índia,

Tailândia e Austrália. As regiões de concentração do cultivo são Centro-Oeste, Sudeste, Sul e

Nordeste, e isso, possibilita a colheita de duas safras anuais e uma maior produção de açúcar e

etanol (UNICA, 2016).

No agronegócio brasileiro, a indústria sucroalcooleira representa cerca de 2% das

exportações nacionais, além de acumular cerca de 6% dos empregos agroindustriais

brasileiros e auxiliar na contribuição de maneira efetiva para o crescimento do mercado

interno de bens de consumo (BOLGNA-CAMPBELL, 2007; UNICA, 2007).

No Brasil, a cana ainda pode ser colhida cinco ou seis vezes antes do replantio devido

ao seu elevado rendimento, isso fez com que sua produtividade crescesse significativamente

nos últimos 30 anos, podendo atribuir esse crescimento às novas variedades e novas formas

de manejo no plantio e colheita, acrescido ainda pelo fato do país possuir o menor custo

mundial de produção de etanol (ADECOAGRO, 2011). Dados da União da Indústria de cana-

de-açúcar (2016) mostram que na safra 2014/2015, o volume produzido de etanol atingiu 28

21

bilhões de litros, devendo-se muito disso ao clima, solo e topografia favoráveis, que lhe

proporciona vantagens competitivas em relação a outros países (UNICA, 2016).

É importante salientar a relevância ambiental proposta na produção do etanol, pois

além da utilização de matérias-primas renováveis, este setor consegue gerar empregos e novas

oportunidades de negócios. O processo produtivo ajuda reduzir a emissão de gases para a

atmosfera, que é hoje, uma das maiores preocupações que afligem o mundo (SEBRAE, 2013).

As usinas produtoras de etanol são ainda autossuficientes em energia elétrica, visto que o

bagaço gerado durante o processo, na etapa da moagem, é queimado em caldeiras para

geração de energia, até mesmo em quantidades maiores que a necessária no processo,

tornando possível sua comercialização (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE

GOIÁS, 2009). Sendo assim, torna-se indiscutível a relevância desta cultura no agronegócio

brasileiro e mesmo se destacando no cenário internacional por toda tecnologia empregada

atualmente nas diferentes etapas de produção, a pesquisa científica no Brasil ainda necessita

evoluir para conseguir maximizar e aperfeiçoar seu processo produtivo, desde a lavoura até a

indústria (COSTA, 2005).

3.1.2 Cultura

Conhecida cientificamente por Saccharum officinarum, a cana-de-açúcar pertence ao

gênero Saccharum da família das Poáceas, além de possuir uma habilidade única de estocar

sacarose nos colmos, é largamente encontrada na Nova Guiné, de onde atribuem sua origem

(CONSECANA, 2006; WHEALS, 1999). A versão cultivada mais moderna da cana se deve

aos cruzamentos realizados entre espécies diferentes, como a S. officinarum, S. spontaneum,

S. barberi, S. sinense, onde procuravam obter uma planta rica em açúcar e rústica (CHEN;

CHOU, 1993).

Atualmente, os cruzamentos realizados para obtenção de novas plantas, visam à

obtenção de clones que possam ser adaptados aos mais diferentes ambientes de produção e

suportem grandes variações climáticas, possibilitando o cultivo em regiões diversas

(CONSECANA, 2006). As variedades são híbridas alcançados por um criterioso

procedimento de seleção e melhoramento genético entre as espécies já conhecidas,

aperfeiçoando características desejáveis para regiões e situações específicas agrupados por

cruzamentos, fazendo com que a produção em regiões de climas variados seja possível

(MARTINS, 2004).

22

As características de composição das variedades comerciais da cana-de-açúcar e

sólidos solúveis do caldo de cana variam, dentro de certos limites, conforme o apresentado na

Tabela 1.

Tabela 1: Composição química da cana sem queima.

Fonte: Adaptado manual Consecana, 2012.

Na etapa de moagem, onde o principal objetivo é a extração do caldo de cana, calcula-

se que a eficiência alcance em média 95% e, que o resíduo sólido remanescente seja a fibra de

cana, conhecida comumente como bagaço (CONSECANA, 2006).

No processo industrial, a diferença na composição do caldo da cana-de-açúcar afeta as

diversas operações unitárias, podendo muitas vezes prejudicar ou retardar a produção de

açúcar e etanol e, no caso de destilarias, a etapa mais influenciada é a purificação do caldo

que afeta diretamente o rendimento da fermentação alcoólica (CESAR et al.,1987).

Fatores como a variedade da cultura, a idade fisiológica, as condições climáticas

durante o desenvolvimento e maturação, as propriedades físicas, químicas e microbiológicas

Fibras (celulose, pentosanas e ligninas) 10,0 - 16,0 %

Caldo 84,0 - 90,0 %

Água 75,0 - 82,0 %

Sólidos Solúveis 18,0 - 25,0 %

Açúcares 14,5 - 24,0 %

Sacarose 14,5 - 24,0 %

Glicose 0,2 - 1,0 %

Frutose 0,0 - 0,5 %

Não-açúcares 1,2 - 2,5 %

Orgânicos (Aminoácidos, gorduras, ceras, matérias

corantes, ácidos, etc.)

0,8 - 1,8 %

Inorgânicos (Sílica, potássio, fósforo, cálcio, magnésio,

sódio, ferro, enxofre, cloro, etc.)

0,2 - 0,7 %

23

do solo e o tipo de cultivo podem fazer com que haja variações significantes na composição

química dos colmos (PARANHOS, 1987; MARQUES; MARQUES; TASSO JÚNIOR,

2001).

O crescimento da demanda por produção de etanol pode ser observado, conforme

Figura 1, onde está representada a evolução histórica do destino da cana-de-açúcar produzida

na região Centro-Sul do País, onde se concentram a maior parte do cultivo e processamento

da cana-de-açúcar (UNICA, 2016).

Figura 1: Evolução histórica do destino de cana-de-açúcar processada da região Centro-Sul.

Fonte: Adaptado de UNICA, 2016.

Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (2016), no Brasil somente no

ano de 2015 havia cerca 10,9 milhões de hectares em que se cultivava cana-de-açúcar, sendo

destes 9,2 milhões aproximadamente na Região Centro-Sul do País, onde se concentra a maior

parte da produção, conforme Tabela 2, onde os estados não mencionados não apresentaram

áreas plantadas relevantes.

48

,6%

49

,6%

48

,3%

49

,5%

44

,1%

39

,7%

42

,8%

44

,9%

48

,4%

49

,5%

45

,2%

43

,0%

51

,4%

50

,4%

51

,7%

50

,5%

55

,9%

60

,3%

57

,2%

55

,1%

51

,6%

50

,5%

54

,8%

57

,0%

Etanol

Açúcar

24

Tabela 2: Área plantada de cana-de-açúcar Safra/2015.

ESTADO HECTARES

Alagoas 399.230

Amazonas 4.437

Bahia 120.720

Ceará 21.281

Espírito Santo 77.915

Goiás 967.936

Maranhão 47.326

Mato Grosso 300.177

Mato Grosso do Sul 692.300

Minas Gerais 1.071.934

Pará 16.628

Paraíba 149.359

Paraná 678.290

Pernambuco 320.942

Piauí 18.290

Rio de Janeiro 82.519

Rio Grande do Norte 56.488

Rio Grande do Sul 22.359

São Paulo 5.728.285

Sergipe 58.820

Tocantins 35.411

Região Centro-Sul 9.621.715

Região Norte-Nordeste 1.248.932

Brasil 10.870.647

Fonte: Adaptado de UNICA, (2016).

3.2 ETANOL

Visto como uma opção viável para diminuir problemas ambientais e energéticos,

contribuindo com a redução das emissões de dióxido de carbono, e ainda, se apresentando

como uma fonte renovável de energia, o etanol assumiu a liderança no cenário econômico

atual em razão da alta dos preços, escassez e poluição causada pelos combustíveis fósseis. O

Brasil está em segundo lugar na produção mundial de etanol, atrás apenas dos Estados

Unidos, e juntamente com Argentina e Colômbia são os únicos países da América Latina a

aparecerem entre os principais produtores de etanol e de biodiesel (AGÊNCIA EFE, 2011).

Na década de 70, com a crise do petróleo, o País desenvolveu o Programa Nacional do

Álcool (Proálcool), que visava apresentar uma alternativa para substituir a gasolina. Na época,

o etanol era empregado como combustível somente misturado à gasolina, fato que vigorava

desde 1938 com o Decreto – Lei Nº 737. Através desse novo programa, pesquisadores

25

brasileiros receberam apoio para o desenvolvimento de processos de produção de

biocombustíveis com baixos custos, e em razão da baixa nos preços do açúcar na época, a

melhor alternativa era a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar por via fermentativa.

Esta metodologia foi novamente retomada, no início do século XXI, quando a certeza de

escassez e da crescente elevação dos preços nos combustíveis fósseis se intensificou

(ALTINTAS et al., 2002).

Os principais fatores que garantiram a continuidade desse projeto bioenergético até os

dias atuais foram seu desempenho na diminuição das emissões de dióxido de carbono (CO2),

sua eficiência energética e seu potencial para o desenvolvimento da agricultura brasileira.

Com isso, o setor sucroalcooleiro vem crescendo e cada vez mais busca por alternativas que

aumentem a produção de etanol. Um dos motivos desse aumento produtivo pode ser oriundo

da procura por veículos “flex”, que possibilitam a escolha do combustível, o consumidor

tende, em sua grande maioria, optar pelo etanol (TRIANA, 2011).

Nos anos de 1975 a 1994, com o auxílio de tecnologias capazes de melhorar o

desempenho da produção do setor, a capacidade de moagem foi aumentada em 100%, e assim

o processo de extração conseguiu elevar sua eficiência de 93% para 97%, enquanto o processo

fermentativo aumentou sua eficiência de 80% para 91%. Sendo assim, como consequência a

recuperação geral na produção de álcool aumentou em 30% e o consumo de vapor na

destilação conseguiu ser reduzido em 44%. Este entre outros indicadores, apontavam o

avanço tecnológico do setor sucroalcooleiro brasileiro (ABARCA, 2005).

Uma das opções para exploração de fontes alternativas de energia é a conversão de

biomassa em biocombustível que representa forte tendência para a redução de gases

poluentes, tais como dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e enxofre (SOx)

(GHORBANI, 2010). Atualmente, para a produção de etanol, a conversão de material

lignocelulósico ou biomassa em açúcares fermentados, se mostra promissora no intuito de

aumentar a produção, a fim de atender a demanda mundial, que é cada vez maior

(BUCKERIDGE; SANTOS; SOUZA, 2010).

O Brasil possui um grande número de destilarias de etanol, estando distribuídas pelo

país da seguinte forma: 43% em São Paulo; 9% em Minas Gerais; 8% havendo tendências de

descentralização e reinstalação nos estados do Mato Grosso do Sul, parte do Triângulo

Mineiro e para Goiás (KOHLHEPP, 2010). Dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar, o

etanol total produzido no Brasil nos anos de 2014 e 2015 foi de aproximadamente 28,4 mil

m3, ficando a região Centro-Sul com mais de 91% dessa produção, conforme aponta a Tabela

3.

26

Tabela 3: Produção de etanol total no Brasil nos anos de 2014 e 2015.

ESTADO Mil m3

Alagoas 555

Amazonas 3

Bahia 240

Ceará 9

Espírito Santo 167

Goiás 4.175

Maranhão 180

Mato Grosso 1.169

Mato Grosso do Sul 2.440

Minas Gerais 2.727

Pará 41

Paraíba 421

Paraná 1.610

Pernambuco 350

Piauí 33

Rio de Janeiro 89

Rio Grande do Norte 89

Rio Grande do Sul 4

Rondônia 13

São Paulo 13.764

Sergipe 141

Tocantins 176

Região Centro-Sul 26.146

Região Norte-Nordeste 2.249

Brasil 28.394

Fonte: UNICA, 2016.

O processo mais utilizado para a obtenção do etanol é o advindo da cana-de-açúcar,

realizado através da fermentação alcoólica da sacarose oriunda do caldo. A obtenção também

ocorre através de matérias amiláceas, como é o caso do amido de milho, batata doce e

mandioca, que dão origem ao denominado etanol de primeira geração (BNDES; CGEE,

2008).

O processo produtivo do etanol tem início imediatamente à chegada da matéria-prima

na indústria, em que amostras de cana são recolhidas para análise. Posteriormente, a cana é

lavada a fim de eliminar solo e impurezas, conduzindo para a realização do preparo básico,

visando o aumento de sua densidade e capacidade de moagem, de modo que as células se

rompam ao máximo para a liberação do caldo (PAYNE, 1989).

No caso de matérias amiláceas ou celulósicas, é necessário primeiramente a

transformação da matéria-prima em açúcares simples por ações enzimáticas, enquanto que no

27

caldo de cana os açúcares já estão disponíveis na biomassa, conforme Figura 2 (BNDES;

CGEE, 2008).

Figura 2: Diferentes rotas tecnológicas para produção do etanol.

Fonte: Adaptado de BNDES e CGEE, (2008).

Quando a obtenção de etanol ocorre a partir dos polissacarídeos, que são materiais que

também possuem um alto teor de lignina e celulose, como é o caso das gramíneas perenes,

resíduos agrícolas, lascas de madeira, cascas, ramos ou coprodutos como bagaço,

proporcionam uma produção a partir da parede celular vegetal, e geram o chamando etanol de

segunda geração. É ainda mencionado o etanol de terceira geração e quarta geração, em que a

planta utilizada seria geneticamente modificada (BUCKERIDGE; SANTOS; SOUZA, 2010;

TRIANA, 2011).

Os meios mais comuns de obtenção do etanol são por processos fermentativos, que

podem ocorrer com qualquer material que contenha açúcares ou precursores de açúcar

(WHEALS, 1999; SINGH E BISHNOI, 2012).

28

A levedura comumente utilizada para fermentação alcoólica Saccharomyces

cerevisiae, possuindo capacidade de fermentar grandes quantidades de açúcares, em

condições adequadas. São utilizados ainda outros microrganismos, como Leuconostocoenos e

Zymomonasmobilis, que tornam o processo de produção de etanol viável (GHORBANI,

2010).

O processo convencional de produção industrial do etanol tem como principais

operações unitárias a moagem ou difusão de cana, a etapa de clarificação e tratamento térmico

do caldo, fermentação e destilação, que tornam possível a transformação da sacarose contida

na cana-de-açúcar em etanol, conforme Figura 3.

Figura 3: Esquematização da produção de etanol (álcool).

Fonte: Adaptado de Cardona e Sánchez, (2007).

Na etapa de fermentação, a levedura é acrescida ao caldo já tratado e após o fim desta

etapa é recuperada com o auxílio de uma centrífuga que a separa do suco fermentado, o qual é

enviado sequencialmente para a fase de destilação, realizada em três colunas diferentes, para

que se obtenha o etanol hidratado, isto é, o biocombustível com 5% de água (TRIANA,

2011). Para a produção do etanol anidro, a água dever ser removida, com a utilização de

29

peneiras moleculares que a adsorvem ou por meio da utilização de ciclohexano. Após o

processo de destilação, é gerado um resíduo aquoso conhecido no Brasil como vinhaça, que

representa de 10 a 15 partes do volume de etanol anidro produzido (WHEALS, 1999).

Na obtenção do etanol, um dos principais parâmetros que exigem maior controle é a

fermentação. Essa necessita de um ambiente controlado e meio de fermentação assépticos

com a presença apenas dos microrganismos desejáveis, responsáveis pela maior eficiência

fermentativa. Vários fatores podem afetar diretamente o rendimento do processo

fermentativo, dentre eles a qualidade da matéria-prima, pH, acidez volátil, presença de

microrganismos contaminantes, temperatura, concentração de açúcares do meio, etanol e

disponibilidade de nutrientes, fazendo com que essa etapa exija maior controle para garantir

sua eficiência (GARCIA, 2009). É preciso garantir a sanidade e qualidade da matéria-prima e

evitar que ocorra o desenvolvimento de outros microrganismos, principalmente bactérias, que

produzem fermentações indesejáveis. Assim, é necessário que as etapas antecessoras a

fermentação seja rigorosamente monitorada, principalmente a etapa do tratamento do caldo,

por seu maior gasto de tempo e insumos que pode apresentar riscos de prejuízo ao processo

(MUTTON, 2008).

3.3 TRATAMENTO DO CALDO

A cana-de-açúcar é uma fonte de sacarose de baixo custo, e representa uma alta

viabilidade econômica para o processo de produção de etanol. No entanto, a eficiência de

algumas etapas de seu processamento vem sendo questionadas, o que remete na constante

busca por melhorias (GHORBANI, 2010). Notificações apontam ainda que sua qualidade vem

sendo prejudicada devido ao atraso na extração do caldo após a colheita da cana, que pode

provocar a oxidação de alguns componentes, causando efeitos negativos ao processo

(YUSOF; SHIAN; OSMAN, 1999; PRATI; MORETTI, 2009). Entre os efeitos indesejados

para o processo, a formação de melanoidinas, provenientes da reação de Maillard entre

açúcares redutores e aminoácidos presentes na cana, está relacionada com a formação de uma

coloração marrom (OLIVEIRA, 2007).

Devido às etapas que antecedem a fase de tratamento do caldo como, o corte de cana,

a colheita, o transporte e as operações de moagem, o caldo pode chegar à etapa de

fermentação como uma mistura complexa, contendo grande número de partículas em

suspensão, que muitas vezes são os componentes integrais da cana-de-açúcar acrescidos de

matérias estranhas advindas dessas outras etapas. O que determina a quantidade relativa dos

30

componentes solúveis do caldo como a sacarose, glicose, frutose, proteínas, oligossacarídeos,

polissacarídeos, ácidos orgânicos, aminoácido e sais, e ainda, componentes em suspensão

constituídos principalmente por bagacilhos (bioproduto lignocelulósico), terra, areia, argila,

amido, ceras, gorduras e gomas nas duas fases são o tipo de solo, a variedade, maturidade e

condição da cana-de-açúcar, além dos meios e condições da colheita (OLIVEIRA, 2007;

DOHERTY, 2011).

O tratamento do caldo serve para remover as impurezas grossas. Após o peneiramento

do caldo que em seguida tratado é com agentes químicos, que tem por objetivo coagular parte

da matéria coloidal como ceras, graxas, proteínas, gomas, pectinas, corantes, e ainda

precipitar certas impurezas como silicatos, sulfatos, ácidos orgânicos, Ca, Mg, K, Na. Esse

tratamento ainda permite a modificação e o controle do pH durante o processo. Para esse

propósito estão relacionadas às etapas de peneiramento, tratamento químico, aquecimento,

decantação e filtragem do caldo (OLIVEIRA, 2007; MENEGUETTI; MEZAROBA: GROFF,

2010).

Para a fabricação de etanol, a eficiência da fermentação está diretamente ligada ao

desempenho do tratamento térmico realizado nessa etapa e, portanto, quanto mais completo

for, maior a produção de etanol por tonelada de cana, desde que ocorra a minimização das

perdas de açúcar no lodo do decantador. O rendimento em etanol na fermentação foi

propiciado principalmente pela redução do teor de impurezas grosseiras presentes no caldo,

tanto de natureza vegetal como mineral, além da redução do número de microrganismos

provenientes do campo, que também podem se multiplicar durante as operações preliminares

do processo (CAMARGO et al.,1990). A coloração amarelada do caldo de cana deve ser

associada à degradação da clorofila, que acontece em meio ácido, pois essa interação provoca

a perda do magnésio das clorofilas, que é substituído por um próton fornecido pelos ácidos,

fazendo com que a tonalidade verde se torne amarelo (IADEROZA; DRAETTA, 1991).

Para o processo convencional de produção de etanol, inicialmente é adicionado

anidrido sulfuroso (SO2) ao caldo, com o objetivo de baixar o seu pH original para

aproximadamente 4,0. Este processo visa inibir reações que causam a formação de cor,

auxiliando na coagulação de colóides solúveis, e consequentemente na sedimentação das

partículas de impureza, diminuindo também a viscosidade do caldo e; consequentemente do

xarope, massas cozidas e méis, o que facilita as operações de evaporação e cozimento.

Posteriormente, o caldo passa pela etapa de calagem (CaO), com o objetivo de eliminar

corantes do caldo, neutralizando ácidos orgânicos e auxiliando na formação de sulfito e

31

fosfato de cálcio, que ao sedimentar, arrastam com eles impurezas presentes no líquido e

elevam o pH do caldo para valores da ordem de 6,8 a 7,2 (MAFRA, 2004).

Em seguida, o caldo vai para a etapa de aquecimento, onde se eleva a temperatura à

aproximadamente 105 ºC, sem adição de produtos químicos, para que a floculação dos

coloides ocorra com maior rapidez e facilidade (ALCARDE, 2000; MENEGUETTI,

MEZAROBA; GROFF, 2010). Esta temperatura proporciona a redução da viscosidade e

densidade do caldo, acelerando a velocidade das reações químicas e, auxiliando no

agrupamento das impurezas na forma de pequenos “flocos”, que são insolúveis a altas

temperaturas, possibilitando sua decantação (SILVA et al., 2008). A etapa de aquecimento

ocorre em aquecedores tubulares, horizontais e/ou verticais, nos quais o caldo circula em alta

velocidade. (CAMARGO et al., 1990; ROZA, 2008). Temperaturas acima do limite de 105 ºC

podem fazer com que as ceras presentes no caldo se emulsionem, dificultando sua separação

(CAMARGO et al., 1990). Fica evidente que temperaturas abaixo de 98 ºC podem diminuir a

eficiência da clarificação, porém, quanto maior a temperatura alcançada, maior o risco de que

as ceras se fundam, prejudicando a chegada ao tanque que precede o clarificador (HUGOT,

1969).

O caldo decantado fica na parte superior do decantador sendo posteriormente enviado

para a etapa de pré-evaporação e o lodo remanescente para novo tratamento. Na pré-

evaporação o caldo passa por um aquecimento a aproximadamente 115 ºC, evaporando água e

sendo concentrado a 20 ºBrix. Isso favorece a fermentação, pois proporciona uma

"esterilização" das bactérias e leveduras que poderiam concorrer com a levedura responsável

pela produção do etanol no processo de fermentação. Sendo assim, devidamente esterilizado e

estando livre de impurezas, o caldo poderá para ser enviado para a fermentação e ser

transformado em etanol (ROZA, 2008).

3.4 FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA

A fermentação alcoólica é um processo bioquímico, no qual os microrganismos

transformam os açúcares (sacarose) em etanol e CO2 (NELSON; COX, 2011). A sacarose é

um dissacarídeo considerado como um dos carboidratos cristalino mais abundante na

natureza, conforme Figura 4. E em meio ácido sofre hidrólise e produz uma mistura

equimolar de D-glicose (Aldose) e D-frutose (Cetose), comumente conhecidos como açúcar

invertido (KHAN, 1984; SNYDER, 1995).

32

Figura 4: Estrutura molecular da sacarose. A: Fórmula molecular estrutural. B: Fórmula

espacial tridimensional.

Fonte: SEaD/UFSCar, 2012

A sacarose é o principal elemento a ser obtido durante o processamento da cana-de-

açúcar, e está sujeito a reações de decomposição como as que podem ocorrer em meio ácido e

básico, por efeito da temperatura, enzimas e microrganismos (MANTELATTO, 2005).

No caso dos açúcares redutores (glicose e frutose), são eles os monossacarídeos

presentes em maior quantidade no caldo de cana. Ambos se caracterizam por possuírem a

mesma fórmula molecular (C6H12O6), se diferindo em conformação estrutural, onde a glicose

contém um anel com seis átomos de carbono, piranose, enquanto a frutose contém um anel

com apenas cinco átomos de carbono, furanose, conforme Figura 5 (OETTERER;

REGINATO-D’ARCE; SPOTO, 2006).

A formação de açúcares redutores durante o processamento do caldo influencia na

possível produção de compostos altamente coloridos e complexos, além de substâncias como,

por exemplo, o ácido aspártico que podem interferir de forma negativa na morfologia final

B

A

33

dos cristais de sacarose, não interferindo, porém, na produção do etanol, pois por serem

açúcares serão também consumidos pela levedura (HONIG, 1953; DELGADO; AZEVEDO

CESAR, 1977).

Figura 5: Estrutura química das moléculas de frutose e glicose que representam os açúcares

redutores do caldo.

Fonte: SEaD/UFSCar, 2012.

A fermentação alcoólica transforma açúcares presentes no mosto em etanol, gás

carbônico e energia, sobre a ação enzimática das leveduras, conforme Equações 1. A sacarose,

se hidrolisa na presença da enzima invertase, produzindo glicose e frutose. Na sequência, sob

ação da enzima zimase, os monossacarídeos são fermentados produzindo etanol e gás

carbônico (CAMARGO et al, 1990).

C12H22O11 + H2O 𝐈𝐧𝐯𝐞𝐫𝐭𝐚𝐬𝐞→ 2 c6H12O6

(1)

2 C6H12O6𝐙𝐢𝐦𝐚𝐬𝐞→ 4 CH3CH2OH + 4CO2 + 47,0 cal

𝐄𝐭𝐚𝐧𝐨𝐥

Os açúcares redutores presentes no mosto não passam pela invertase, acelerando assim

o processo fermentativo. No decorrer da reação, ocorre uma intensa liberação de gás

carbônico e esta pode ser facilmente observada pela formação de bolhas, o que causa uma

ligeira impressão de que uma ebulição está ocorrendo no processo (fervura fria). Dos

metabólitos secretados pelas leveduras, o etanol é produzido em maior quantidade

(CAMARGO et al, 1990; SILVA, 2003). Outros compostos orgânicos como o glicerol, o

34

ácido succínico, os álcoois amílico e isoamílico, são considerados produtos secundários,

porém se dão em quantidades menores neste tipo de fermentação (MUTTON, 2008).

O tempo de fermentação pode variar de 4 a 12 h e ao final deste período, praticamente

todo o açúcar já terá sido consumido, tendo-se uma consequente redução da liberação de

gases. Ao término da fermentação, o teor alcoólico nas dornas de fermentação foi de 7 a 10%,

recebendo essa mistura o nome de vinho fermentado (CAMARGO et al, 1990). Durante todo

o processo fermentativo, a temperatura deve ser mantida baixa (34 °C), pois há uma grande

quantidade de calor liberado. Aqui torna-se necessário que seja realizado um resfriamento do

mosto fermentado, através da circulação de água em serpentinas internas nas dornas, ou em

trocadores de calor, por onde o mosto é bombeado continuamente com água contracorrente.

Após esse processo, o mosto fermentado é enviado para as centrífugas, para que a levedura

usada no processo seja recuperada (RIBEIRO; LOPES; FERRARI, 1987).

3.4.1 Processo Fermentativo

Atualmente, a fermentação alcoólica industrial é um processo conduzido por

leveduras, sendo estas, microrganismos unicelulares, desprovidos de clorofila que possuem

estrutura interna complexa, denominados eucariontes, e são largamente encontrados no

ambiente (SCHWAN; CASTRO, 2001). A partir dessas características é possível realizar o

processo de seleção de cepas industriais mais adequadas ao processo, buscando, alta produção

de etanol e tolerância aos subprodutos produzidos. Com o melhoramento das características

da levedura e do processo de produção de etanol, tem-se um aumento de rendimento e

produtividade dos processos fermentativos, sendo testada também, a utilização de novos

microrganismos, melhores adequações na composição e quantidade de nutrientes do meio,

visando sempre à otimização do processo (AMORIM, 2005).

A habilidade de conversão de açúcares em etanol é característica de um pequeno

grupo de microrganismos, dentre eles a espécie Saccharomyces cereviseae que possui uma

alta eficiência fermentativa, via anaeróbia facultativa. Esta condição a possibilita crescer sob

ambos os meios: aerobiose ou anaerobiose usando, respectivamente, oxigênio molecular ou

outro composto como aceptor final de elétrons ou redutores equivalentes vindos do processo

anabólico (RODRIGUES; LUDOVICO; LEÃO, 2006).

Durante todo o processo de fermentação, as células de leveduras necessitam de um

ambiente com condições nutricionais favoráveis, pois ele influencia diretamente na

multiplicação e no crescimento celular, estando estes ligados à eficiência da transformação de

35

açúcar em álcool (RIBEIRO; LOPES; FERRARI, 1987). Para que a fermentação se dê de

forma vigorosa, as exigências nutricionais da levedura (fermento) devem ser necessariamente

supridas, para que assim, a produção e a viabilidade celular sejam garantidas (SCHWAN;

CASTRO, 2001).

Convencionalmente, a fermentação alcoólica tem sido um processo realizado em

batelada no qual a formação do etanol está ligada ao crescimento da levedura que conduz o

processo. Esta interdependência entre formação do etanol e o crescimento microbiano foi

classificada como fermentação “com crescimento associado”. Apesar de existirem sistemas

fermentativos em fluxo contínuo, a maior parte das unidades produtoras emprega o processo

em batelada, isso se deve a maior facilidade na realização da assepsia e ainda, a opção de não

manter o sistema trabalhando constantemente, o que torna acessível às situações de parada na

usina (GADEN, 1959).

3.4.2 Fatores que influenciam o processo fermentativo

Neste tipo de processo, vários são os fatores que podem influenciar seu rendimento,

dentre eles tem-se fatores químicos (Potencial Hidrogeniônico, tipo de oxigenação, nutrientes,

inibidores), físicos (temperatura, pressão), e microbiológicos (tipo de espécie, linhagem e

concentração da levedura, contaminação bacteriana), que interferem também na eficiência da

conversão de açúcar em etanol (GARCIA, 2009; LIMA et al., 2001). Em meio ao processo

fermentativo, a levedura fica suscetível a inúmeros fatores estressantes, e os mais comumente

citados são os teores alcoólicos elevados, a alta temperatura, a acidez do meio, a possível

presença de sulfito, a contaminação bacteriana (BASSO, 1991; BASSO, 2004).

De uma forma geral, recomendam-se faixas de temperatura entre 25 e 36°C para que a

fermentação aconteça de forma favorável. Temperaturas inferiores a este limite podem

retardar o processo e temperaturas superiores podem ocasionar a evaporação do álcool e

favorecer o aparecimento de contaminações. Esta faixa de temperatura pode ser mantida

através de dispositivos que auxiliam o resfriamento das dornas, e poderá chegar aos 35ºC se

conseguir manter a contaminação entre 5.106 a 1.107 bactérias/mL, pois nesta temperatura a

levedura se multiplicará menos e haverá um aumento no rendimento (AMORIM, 2005;

MENEZES, 1980).

À medida em que a temperatura é aumentada, a contaminação bacteriana pode ser

favorecida e a sensibilidade da levedura à toxidez do etanol fica mais evidente. As linhagens

industriais de S. cerevisiae normalmente apresentam maior resistência a altas temperaturas,

36

mas este fator pode interferir em sua viabilidade celular quando combinado com baixo pH do

meio ou ainda em presença de etanol (SILVA FILHO et al., 2005).

Nos processos industriais, os valores de pH do mosto geralmente ficam na faixa de 4,5

a 5,5. Para que ocorra a reutilização da levedura é necessária a realização de um tratamento

com ácido sulfúrico em pH de 2,0 a 3,2, o qual dura de uma a duas horas e visa reduzir a

carga microbiana. Sendo assim, a fermentação alcoólica é iniciada com valores de pH mais

baixos, finalizando-se com valores de 3,5 a 4,0 (LIMA et al., 2001).

3.4.3 Contaminação dos processos fermentativos

Os prejuízos ocasionados pela contaminação bacteriana durante o processo

fermentativo podem ser iniciados ainda na lavoura, com a matéria-prima. A cana-de-açúcar é

colhida com excesso de contaminantes e aliadas aos problemas existentes, durante as etapas

do tratamento do caldo, elevam consideravelmente o número de bactérias e produtos de seu

metabolismo na fermentação (AMORIM; OLIVEIRA, 1982).

Em avaliações realizadas na flora contaminante nas principais etapas do processo de

produção do etanol, pôde ser verificado que os principais microrganismos no setor de

extração do caldo são basicamente aqueles provenientes do solo e vegetais. Dentre esses,

podemos citar fungos, leveduras, bactérias lácticas e esporogênicas são responsáveis por

contaminação em um ou mais pontos da usina. No processo de extração mecânica, as

bactérias lácticas são extremamente importantes, assim como no setor de fermentação, pois

são consideradas as principais causadoras da fermentação indesejável e ainda podem ser

responsáveis pela floculação das leveduras (MUTTON, 2008).

O desenvolvimento da grande flora microbiana encontrada em todo processo

produtivo do etanol, conforme Figura 6, pode ser atribuído ao fato do caldo de cana-de-açúcar

possuir quantias instáveis de nutrientes orgânicos e inorgânicos, uma elevada atividade de

água (Aa), pH e temperatura favoráveis. As próprias condições de cada etapa do processo de

produção de álcool selecionam o desenvolvimento de microrganismos, sendo que todo o

processo está sujeito à contaminação, desde a cana-de-açúcar no campo até a fermentação do

seu caldo (GALLO, 1990).

Na fermentação alcoólica industrial, frequentemente há contaminação por este tipo de

bactérias, sobretudo, do gênero Lactobacillus. Em meio aos microrganismos que podem

causar a biodeterioração da cana cortada, os que provocam maiores prejuízos são as bactérias

responsáveis pela produção de ácido lático, habitualmente, conhecidas como bactérias do

37

ácido lático (BAL), estimando-se uma perda diária de sacarose recuperável na ordem de

4,75% (VALSECHI, 2005).

Figura 6: Fluxograma da fermentação em batelada, onde se destacam ( ) os possíveis

pontos de contaminação do processo, sendo essa contaminação por bactérias ou leveduras.

Fonte: Adaptado de Ferreira, 2008.

A capacidade de causar problemas na floculação não pode ser conferida a todas as

linhagens de Lactobacillus, porém, algumas linhagens de L. fermentum, L. plantarum, L.

fructivorans, L. fructosus e L. buchneri, mostraram uma elevada eficiência na promoção da

floculação de leveduras enquanto que as linhagens de B. subtilis e B. coagulans não

(YOKOYA, OLIVA-NETO, 1991; ALCARDE; YOKOYA, 2003). São considerados, além

dos Lactobacillus, os Sporolactobacillus como agentes causadores da floculação

(ZARATTINI et al., 1993; YOKOYA, 2003). Mesmo com a realização de um tratamento

térmico ou antimicrobiano eficiente, a toxidez dos produtos metabólicos produzidos pela L.

fermentum podem se manifestar, causando grandes prejuízos às leveduras responsáveis pela

fermentação (OLIVEIRA-FREGUGLIA; HORII, 1998).

A importância de analisar os microrganismos contaminantes e os reflexos por eles

causados sobre todo processo fermentativo se dá a partir da necessidade de diminuir os sérios

prejuízos causados as leveduras, que refletem diretamente na produtividade e no rendimento

desse processo (CAMOLEZ; MUTTON, 2005). Os maiores danos acarretados pela

38

contaminação bacteriana são a deterioração da sacarose e o desenvolvimento de ácidos

orgânicos que resultam na perda de açúcar e consequente queda do desempenho fermentativo

ocasionado pela intoxicação das leveduras (OLIVA-NETO; YOKOYA, 1997).

O fenômeno denominado floculação ocorre na fermentação alcoólica sendo

caracterizado pelo agrupamento de células de leveduras que formam conglomerados de

diâmetros bem maiores ao da célula individualizada e, quando a fase tumultuosa da

fermentação é finalizada, ou ainda quando a agitação mecânica no fermentador é

descontinuada, ocorre uma rápida sedimentação desses flocos estimulada por bolhas de gases.

Ao formar flocos de leveduras, a conversão de açúcar em etanol e CO2 ficam comprometidas,

pois há uma redução da superfície de contato direto das células e o mosto. Ressaltando ainda,

que as indústrias que empregam o processo de reaproveitamento de leveduras encontram

muita dificuldade, pois as etapas de recuperação do produto são prejudicadas pela presença de

estruturas desse nível (LUDWIG; OLIVA NETO; ANGELIS, 2001).

Com o aparecimento de contaminantes na fermentação a floculação da levedura é

potencialmente prejudicado, podendo ocasionar o detrimento do fermento que fica

sedimentado no fundo das dornas ou nas centrífugas, aumentando o tempo necessário para

fermentação causado pela queda do teor de fermento nas dornas, podendo ainda causar uma

contaminação intensa acabando com uma fermentação (TROMBINI et al., 1988). O

transtorno se agrava ainda mais com a utilização do método de reciclagem de leveduras, a fim

de que haja um aumento na produtividade e uma redução no tempo e no custo da fermentação,

pois essa prática, caso seja mal executada, pode causar um acúmulo de contaminantes a cada

ciclo do processo (YOKOYA; OLIVA-NETO, 1991).

3.4.4 Métodos de combate à contaminação

Na indústria sucroalcooleira, uma das maiores dificuldades é a contaminação causada

por microrganismos no processo de produção de álcool, representados pelas bactérias e

leveduras selvagens que se instalam em várias etapas do processo. Estes contaminantes

podem causar inúmeros problemas, dentre eles: o consumo de açúcar fermentável, queda na

viabilidade de levedura, ocasionado por toxinas excretadas no meio, a floculação das células,

o que causa perda de fermento no fundo da dorna ou centrífuga e a consequente queda do

rendimento do processo (AMORIM et.al., 1989). Outra preocupação vem com a capacidade

que a contaminação por determinados microrganismos tem de formar gomas, principalmente

a dextrana (polímeros de glicose produzidos a partir de sacarose principalmente por bactérias

39

do gênero Leuconostoc), que é capaz de aumentar a viscosidade do caldo e causar problemas

de ordem operacional na indústria (TILBURY, 1975).

Os métodos tradicionalmente utilizados na indústria para o tratamento do mosto

visando à redução de sua carga microbiana contaminante priorizam o emprego de antibióticos

e o de ácido sulfúrico concentrado. Estudos estão sendo realizados a fim de verificar a ação de

novos agentes antimicrobianos frente à sensibilidade das bactérias contaminantes

(STUPIELLO, 1993; OLIVEIRA et al., 1996; ALCARDE, 2000; LIMA et al., 2001). Para

tratamento do fermento, o método mais comum na indústria sucroalcooleira é o da utilização

do ácido sulfúrico concentrado, que visa à redução da carga microbiana contaminante

(SOUZA; MUTTON, 2004). O ácido sulfúrico frequentemente utilizado é do tipo comercial

com 98% de concentração, embora não seja aplicado em grandes quantidades, este ácido tem

um alto poder corrosivo, oxidativo e de desidratação, constituindo assim um sério risco tanto

para a unidade industrial quanto para o pessoal envolvido em seu manuseio. Assim, sua

instalação, armazenamento e distribuição devem ser projetados seguindo medidas de

segurança (COPERSUCAR, 1983; NOBRE, 2005).

Estudos mostraram que o fermento tratado com ácido sulfúrico conseguiu reduzir em

média 44,5 % da flora bacteriana durante duas horas de tratamento com pH igual a 2,0. E

ainda que, com a aplicação dos antimicrobianos virginiamicina, penicilina e cloranfenicol em

mostos contaminados com uma mistura de microrganismos foram alcançadas uma alta

eficácia da fermentação, aumentando consideravelmente seu rendimento (GALLO, 1989;

ALVES, 1994). Porém, os altos custos dos antibióticos e seu baixo custo-benefício restringem

sua utilização por indústrias do segmento, agravados pelo fato de que este produto exigiria

uma aplicação constante (BEVAN; BOND, 1971). Levando em consideração o fato de que as

bactérias podem desenvolver resistência aos antibióticos, a tática de inocular uma taxa

elevada de leveduras é uma alternativa que visa minimizar os efeitos indesejáveis ocasionados

pela contaminação bacteriana (NARENDRANAT; POWER 2004).

A radiação ionizada se apresenta como uma opção para a descontaminação do mosto

de cana-de-açúcar, pois tem o poder de alterar o DNA celular e, assim, afetar as funções

celulares e levar a morte das células (URBAIN, 1986). Em estudos realizados nesta mesma

vertente, apontam que a irradiação por micro-ondas aplicada para inativação de linhagens do

tipo L. plantarum, mostrou-se mais eficiente que o método de tratamento por calor (50ºC por

30 minutos) mais convencional, não sendo observadas alterações consideráveis na capacidade

fermentativa das leveduras, que foram adicionadas após os tratamentos de inativação (SHIN;

PYUN, 1997). Em pesquisas que visavam à aplicação de uma metodologia que ocasionasse o

40

controle de contaminações microbianas, especialmente as bactérias produtoras de ácido lático

(BAL), submeteram-se as linhagens CCT4143; CCT4144; CCT4145; CCT4146 e FT038B de

Lactobacillus fermentum a um aquecimento provocado por radiações eletromagnéticas

(micro-ondas) e um aquecimento convencional, verificando-se que a eliminação total de L.

fermentum quando irradiadas com micro-ondas (2450 MHz), se deu em nove segundos

atingindo uma temperatura de 58,3 °C, enquanto o aquecimento convencional atingiu essa

mesma temperatura após 10 minutos, conseguindo uma diminuição de 80% (VALSECHI,

2005).

3.5 TRATAMENTO TÉRMICO

A aplicação do tratamento térmico para descontaminação na indústria sucroalcooleira

é largamente utilizada e visa uma inativação enzimática, redução da carga microbiana e ainda

destruir bactérias patogênicas, com a finalidade de conservar os nutrientes do meio. A sua

intensidade depende, sobretudo, do valor do pH, da composição e das características físicas

do mosto, sendo necessária uma combinação dos parâmetros tempo-temperatura

(BARUFFALDI; OLIVEIRA, 1998).

Como a temperatura influencia diretamente a fermentação, quanto mais elevada ela

for, melhor será o desempenho fermentativo, no entanto, quando abaixo dos 12º C, este

desempenho se torna pouco possível. Temperaturas muito elevadas retardam a ação das

leveduras responsáveis pela produção do etanol, favorecendo o aparecimento indesejável da

acidez volátil (aumento na concentração de ácido acético no mosto), exigindo assim que se

tenha um maior controle nessa etapa e podendo prolongar, consequentemente, o tempo de

fermentação de um mosto em várias horas. Na indústria são utilizados vários meios de

controlar a temperatura de fermentação, que podem variar desde sistemas elétricos de

refrigeração a simples adegas bem frescas (GOUVEIA, 2006).

O aquecimento do caldo pode ser obtido através do aumento da temperatura pelo

vapor proveniente do processo de concentração do caldo (conhecido como vapor de escape ou

vapor vegetal que vem dos evaporadores), em trocadores de calor do tipo tubular,

denominados aquecedores, chegando a temperaturas entre 90° a 105°C. Este aquecimento

visa à remoção de albuminas e impurezas coloidais, levando à sua separação por floculação e

precipitação nos decantadores, deixando o caldo apropriado à decantação e pasteurização,

estando assim, consideravelmente isento de bactérias contaminantes. Este processo visa ainda

41

degradar proteínas do caldo de cana, auxiliando em uma menor formação de espuma nas

dornas, durante a fase de fermentação (MARAFANTE, 1993).

Testes ainda constataram que determinadas bactérias dos gêneros Sporolactobacillus e

Bacillus demonstram uma resistência térmica relativamente baixa e que o procedimento de

decantação pode assegurar a total eliminação dos lactobacilos contaminantes da fermentação

alcoólica, de modo que eles só podem aparecer na fermentação por recontaminação. Para os

testes, utilizaram-se decantadores rápido sem bandeja, com tempo médio de residência de

1,15 horas e decantadores convencionais com bandeja (2,5 horas), chegando assim, a uma

temperatura ideal de exterminação de 93,61 °C (NOLASCO, 2005).

Na etapa da calagem, onde o pH do caldo normalmente se encontra acima de 6,0, o

crescimento microbiano nos difusores, encontra condições ideais para seu desenvolvimento.

Sendo assim, a temperatura nos difusores necessita ser maior que 75 ºC, visando evitar o

crescimento bacteriano. Temperaturas inferiores proporcionam o crescimento de bactérias

láticas que consomem os açúcares do caldo, ocasionando a diminuição do ºBrix e aumentando

a quantidade de ácido lático acarretando prejuízos à fermentação (CHEN, 1985).

Fica evidente a influência que a temperatura exerce sobre o desempenho da

fermentação sendo um fator que deve ser avaliado em todas as etapas de produção. O

tratamento térmico será diretamente responsável pela eficácia do processo, visando diminuir a

infestação microbiana e inativar enzimas que poderão causar a deterioração dos nutrientes

durante o armazenamento (AMORIM et al., 1989). Sendo assim, quaisquer novas tecnologias

empregadas a fim de melhorar essa etapa do processo de produção do etanol, deverão ser

consideradas para aperfeiçoá-los, buscando sempre a diminuição de tempo e custos que o

envolvem.

3.6 ENERGIA DE MICRO-ONDAS

Em 1864 foi proposta por James Clerk Maxwell a existência de ondas

eletromagnéticas, mas só em 1888, Heinrich Hertz ao construir um dispositivo capaz de

produzir ondas de rádio, pôde demonstrar a real existência de tais ondas (NUNES, 2009).

Então, a partir do grande desenvolvimento tecnológico em meio a segunda guerra mundial, se

deu o início da produção dos primeiros fornos micro-ondas, tornando possível sua utilização

em processos de aquecimento, já que possuíam potência suficiente para fornecer rápida

energia e aquecer certos materiais (JONES, 2001).

As micro-ondas geradas são radiações eletromagnéticas não ionizantes, contendo

42

bandas de frequência entre 0,3 e 300 GHz e que corresponde a comprimentos de onda

alterando de 0,001 a 1 m. Induzida pelo campo elétrico das radiações de materiais dielétricos,

os efeitos são originados da reorganização das cargas das moléculas polares (polarização) e

dos íons livres, designadamente, promovendo o alinhamento das cargas livres e dos dipolos

na direção do campo. Influenciado pela agitação térmica do sistema e pelas influencias

intermoleculares, denomina-se aquecimento dielétrico, a fricção entre as cargas em

movimento e as moléculas, resultando na liberação de energia na forma de calor e o

consequente aumento da temperatura do sistema. (FORTUNY, 2008).

Para ocorrer o aquecimento por micro-ondas é necessário que o material absorva a

energia procedente das micro-ondas, que por fim, será convertida em calor. É devido aos

mecanismos dipolar e iônico que esse aquecimento acontece. Devido à característica dipolar

da água presente, ele causa o efeito dielétrico que pode ser explicado pela variação do campo

elétrico nas moléculas que continuam polarizadas e tendem a se realinhar na direção do

campo elétrico. A alta frequência do campo elétrico faz com que o realinhamento ocorra

milhões de vezes por segundo causando, desta forma, o aquecimento volumétrico do material

(SOUZA; MIRANDA, 2011; CHANDRASEKARAN; RAMANATHAN; BASAK, 2013).

Por haver uma diminuição do tempo de reação e redução de produtos indesejáveis é

viável a utilização da irradiação de micro-ondas em lugar do aquecimento convencional nas

reações orgânicas, visto que a utilização de micro-ondas fornece o aquecimento que deixa a

distribuição de calor através do produto mais uniforme e rápido (SOUZA; MIRANDA, 2011).

No comércio, os equipamentos de micro-ondas são na maioria das vezes projetados para

operar sob frequência constante no valor de 2,45 GHz. Com isso, o exclusivo parâmetro capaz

de influenciar as propriedades dielétricas, é a temperatura do sistema, que aumenta durante o

aquecimento do material. (FORTUNY, 2008).

Este tipo de irradiação se sobressai no processamento de materiais por possuir a

capacidade de penetrar na matéria depositando energia e converter em calor que podem ser

transferidos por todo o volume do material. Isso acontece por interações moleculares com o

campo eletromagnético (CHANDRASEKARAN; RAMANATHAN; BASAK, 2013). As

micro-ondas são refletidas por superfícies metálicas e refratadas por materiais dielétricos, pois

a radiação pode sofrer fenômenos de reflexão, transmissão e absorção (ENGELDER;

BUFFLER, 1991). Por isso, a irradiação por micro-ondas se difere dos tratamentos térmicos

convencionais, pois o calor latente penetra nas amostras por meio de transferência de calor e

na energia eletromagnética das micro-ondas, com isso, é possível gerar calor penetrando

profundamente nas amostras. A faixa da irradiação micro-ondas no espectro eletromagnético,

43

abrange três bandas de frequência característica: a frequência ultra-alta (UHF – ultra high

frequency: 300 MHz a 3 GHz), a frequência super-alta (SHF – super high frequency: 3 a 30

GHz) e a frequência extremamente alta (EHF – extremely high frequency: 30 a 300 GHz),

conforme esboça Figura 7 (FORTUNY, 2008).

Figura 7: Radiação micro-ondas em uma fração do espectro eletromagnético.

Fonte: Fortuny, 2008.

As micro-ondas são geradas pelo magnetron, que é a válvula pertencente ao

equipamento micro-ondas. Por diferença de potencial a válvula sob vácuo converte energia

elétrica em micro-ondas. A diferença de potência é aplicada entre o ânodo e o cátodo com

adição de um eletroímã entre os dois pólos. Isso faz com que produza uma rádio frequência

onde os elétrons percorrem uma trajetória em espiral. Para que o material seja aquecido, as

ondas eletromagnéticas geradas são guiadas até o material. A estrutura da molécula não é

prejudicada, visto que a radiação micro-ondas não é ionizante, causando a migração dos íons

e a rotação dos dipolos (FORTUNY, 2008). Durante o tratamento por irradiação micro-

ondas, acontece a interação da onda eletromagnética das moléculas de água que absorvem

energia das micro-ondas seletivamente que são aquecidas rapidamente (GE, 2013).

O aquecimento por convecção por micro-ondas a absorção é direto da energia pelo

material a ser aquecido, sendo assim a energia é transferida lentamente do recipiente de

reação para a solução (BARBOZA et al., 2001). A ação do campo elétrico da frequência de

micro-ondas é que conduz ao aumento da temperatura em algumas substâncias, decorrente das

características dielétricas, ou seja, sua capacidade de conduzir eletricidade. Uma das

vantagens do aquecimento por micro-ondas se comparado com os métodos térmicos

convencionais é principalmente a velocidade que a amostra leva para ser aquecida (JONES,

2001). Pode-se também salientar o não contato com a fonte de calor, transferência de energia

e não de calor, a seletividade do material a ser aquecido, aquecimento de grandes volumes,

iniciação e cancelamento rápido do aquecimento, aquecimento do interior da amostra e alto

44

nível de segurança e automação na operação (MENÉNDEZ, 2009). A região de micro-ondas

situa-se entre a região de infravermelho e ondas de rádio no espectro eletromagnético,

conforme Figura 8 (SANSEVERINO, 2002).

Figura 8: Comprimento de ondas.

Fonte: Vasquez (2010).

Desta forma, quanto maior a constante dielétrica, maior será a quantidade de energia

a ser armazenada e quanto maior o momento de dipolo, maior a interação da molécula com as

ondas eletromagnéticas na região das micro-ondas (ZIELINSKI; ZIELINSKA; DEBOWSKI,

2012).

As utilizações tecnicamente possíveis de micro-ondas são abundantes, constituindo

que suas fundamentais aplicações são: na indústria de alimentos, secagem de massas

alimentícias, desidratação a vácuo, branqueamento, esterilização, pasteurização, cozimento,

descongelamento de carnes; na indústria do papel e gráfica, secagem de tintas e

revestimentos, secagem de cola; e na indústria química, selagem de plásticos, secagem de

produtos em pó, expansão de espumas, reações químicas incentivadas, eliminação de resíduos

tóxicos (SACHAROW; SCHIFFMANN, 1992). A energia de micro-ondas vem sendo testada

em estudos de torração e secagem, onde os resultados obtidos foram bastante satisfatórios.

45

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Os materiais e métodos que foram aplicados para a realização dos testes experimentais

estão descritos nessa seção.

4.1 MATÉRIA-PRIMA

Os caldos de cana-de-açúcar in natura e tratado convencionalmente de maneira

industrial foram obtidos na Usina Coruripe, da cidade de Campo Florido, MG. O caldo in

natura foi filtrado e colocado em recipientes de vidro previamente esterilizados, identificados

e levados à refrigeração a uma temperatura de - 15 ºC para posterior realização dos testes. O

caldo tratado convencionalmente de maneira industrial foi utilizado em todos os testes como

um controle, fornecendo valores padrão, que foram avaliados posteriormente de maneira

comparativa com os valores que encontrados no caldo tratado com energia micro-ondas.

4.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Para a realização dos procedimentos experimentais foi determinado inicialmente o

planejamento dos testes. Para tanto, foram utilizados testes com 4 repetições, conforme Anexo

A, no esquema fatorial 3x3. O planejamento fatorial possibilita a combinação de todas as

variáveis independentes em todos os níveis, permitindo que a análise de uma variável, esteja

combinada com todas as demais (CALADO; MONTGOMERY, 2003). Pois, como

determinado em experimentos realizados por Sousa Filho (2014), onde para o tratamento de

clarificação do caldo em micro-ondas a potência de 600 W em um tempo de exposição de 2

minutos foram as melhores condições encontradas, foram escolhidos três valores de potência

ao redor da potência ótima encontrada para a realização dos testes, a fim de se obter uma

maior abrangência. Partindo da premissa que o forno micro-ondas utilizado possui uma

potência máxima de 1,4 KW, as potências foram obtidas em porcentagem, sendo elas 30%,

50% e 60%.

Foram analisados dois fatores para o método de purificação do caldo com irradiação

micro-ondas (potência, tempo de exposição). Variando-os em três níveis, foi ainda atribuído (-

1) para ao menor nível e (+1) para o maior e (0) para o intermediário, conforme Tabela 4.

46

Tabela 4: Fatores e níveis de delineamento experimental - Micro-ondas.

Variável -1 0 +1

Potência (W) 420 700 840

Tempo de Exposição (min.) 1 2 3

Fonte: Do autor, 2016.

Os dados foram submetidos à análise de variância, usando o teste F, a fim de verificar

se satisfariam as pressuposições de independência, homocedasticidade e normalidade. Caso

houvesse diferenças significativas os dados passariam pelo teste de Tukey.

A homocedasticidade foi verificada pelo teste de Levene, enquanto a normalidade pelo

teste de Kolmogorov-Smirnov com correção de Lilliefors. Para os dados que indicaram

violação desses critérios para o uso da ANOVA foi utilizado o procedimento de

transformação de dados e para as análises que continuaram a violar os critérios para ANOVA

foi utilizado análise de variância não paramétrica, com a utilização do teste de Kruskall-

Wallis. Para os casos em que o teste F apresentou significância, foi analisado a ocorrência de

interação entre os fatores. O nível de significância adotado em todos os testes foi de 5%.

O software utilizado para elaborar todo planejamento experimental foi o

STATISTICA 8.0 (Stat-Soft, Tulsa, OK, USA). Evitando que fatores indesejáveis e

desconhecidos interfiram significativamente na resposta dos efeitos estudados, os

experimentos foram realizados de forma aleatória, pois assim a probabilidade de um desses

fatores virem a influenciar na resposta fosse a mesma para todas (BARROS NETO;

SCARMINIO; BRUNS, 2007).

Tabela 5: Matriz do planejamento fatorial completo.

Experimentos Aleatórios Potência Tempo de exposição

1 1,000 0,000

2 1,000 0,000

3 0,000 0,000

4 0,000 -1,000

5 -1,000 1,000

6 1,000 1,000

7 1,000 -1,000

8 0,000 1,000

9 -1,000 -1,000

Fonte: Do autor, 2016.

47

4.3 UNIDADE EXPERIMENTAL

O equipamento utilizado na realização dos testes foi um forno micro-ondas caseiro

convencional, marca BRASTEMP Maxi, modelo BMS35ABHNA, com capacidade de 30 L,

com 11 níveis de potência que variam em porcentagem, atingindo de 0 a 1400 W. Suas

dimensões externas de altura, largura e profundidade de 300 x 539 x 420 mm,

respectivamente, conforme Figura 9. O equipamento foi cedido pelo laboratório de

Bioprocessos (G2) do PMPIT (Programa de Mestrado Profissional em Inovação

Tecnológica).

Figura 9: Forno micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

4.4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

4.4.1 Microrganismos

Foram utilizadas culturas das leveduras Saccharomyces cerevisiae, por serem

largamente utilizadas em processos fermentativos industriais, adquiridas comercialmente da

48

marca FLEISCHMANN, com lote 04.07:57 que custam em média R$ 2,00 a cada 10 g,

podendo ser facilmente encontradas em supermercados.

4.4.2 Condução do Processo fermentativo

O caldo clarificado por irradiação micro-ondas foi padronizado para 16 ºBrix, o pH

corrigido com Ácido Sulfúrico até 4,5 (± 0,3) e levado a banho-maria até atingir uma

temperatura de aproximadamente a 40ºC, resultando no mosto. Alíquotas de 1000 mL de

mosto foram inoculadas com as leveduras fermentadoras, em concentração de 7,5 g/L, que

foram inicialmente dissolvidas em água morna (40 ºC) e depositadas nos frascos

fermentadores, sendo o mosto depositado por cima deste ‘leite de leveduras’ e agitados. Os

frascos foram mantidos em temperatura ambiente durante toda a fermentação, por 36 horas,

sem agitação.

A condução da fermentação foi realizada com processos em bateladas, em recipientes

de material plástico, conforme Figura 10. O processo fermentativo foi monitorado pela

redução do ºBrix, com auxílio de refratômetro de bancada. No início da fermentação (1 hora

após inoculação) e ao final do processo, quando o ºBrix apresentava valores inferiores a 1 ou

próximos de zero. Ao término de cada fermentação, os vinhos foram filtrados para separação

do fermento e do vinho. No vinho delevurado, assim como no caldo antes da fermentação,

foram realizados testes físico-químicos descritos na sequência, além do teor alcoólico e pH

(leitura direta em medidor digital com correção de temperatura).

Figura 10: Processo fermentativo em batelada.

Fonte: Do autor, 2016.

49

4.5 METODOLOGIAS E ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

As metodologias empregadas para analisar a turbidez, sólidos solúveis (ºBrix), pH, e

cor ICUMSA, no caldo de cana-de-açúcar in natura e tratado, que estão descritas em

Consecana (2012), foram baseadas nos métodos recomendados pela ICUMSA – International

Commission for Uniform Methods of Sugar Analysis - Comissão Internacional para Métodos

Uniformes de Análise de Açúcar, principal órgão responsável por delimitar padrões para esses

tipos de testes.

Nos experimentos laboratoriais foram realizadas comparações das análises físico-

químicas do caldo in natura com os caldos obtidos pelos tratamentos térmicos com irradiação

micro-ondas e industrial, o qual foi considerado como parâmetro para todos os testes.

Para tanto, o caldo in natura foi previamente filtrado, em algodão hidrófilo, para evitar

a interferência de sólidos suspensos nas análises.

4.5.1 Contagem do número de microrganismos – Técnica Pour Plate

Para medir a população bacteriana, o método de contagem de placas é o mais

utilizado, pois possui a grande vantagem de fazer a medição do número de células viáveis;

apresentando como desvantagem o tempo do experimento, que pode chegar a 24 horas ou

mais para a formação de colônias visíveis. A contagem em placas assume que cada bactéria

viva cresça, se divida e produza colônias (TORTORA; FUNKE; CASE, 2010).

Na determinação do número de microrganismos, pipetou-se 1 mL do caldo de cana e

transferiu para um tudo contendo 9 mL de água peptonada denominando de diluição 10-1

.

Agitou-se esse tubo e transferiu 1 mL para outro tubo contendo 9 mL de água peptonada

denominando de diluição 10-2

. Seguiu-se a diluição seriada até a diluição 10-4

. Após a

diluição, retirou-se 1 mL de cada diluição, transferindo-os para placas de Petri estéreis. Em

seguida colocou-se 15 a 20 mL de Nutriente Agar fundido em cada uma delas. Submeteu as

placas a suaves movimentos rotatórios (em forma de oito), visando à perfeita mistura da

cultura com o ágar e após a solidificação do meio as placas foram incubadas invertidas a 37º

C por 48 horas (OKURA, RENDE, 2008).

50

4.5.2 Análise de Sólidos solúveis totais (ºBrix)

De acordo com a Consecana (2012), o índice de refração encontrado em uma solução

de sacarose corresponde à medida do teor de sacarose, podendo ser estendido para

contabilizar os sólidos solúveis totais ou ºBrix em soluções impuras, esse processo é

denominado ºBrix refratométrico.

O efeito dielétrico causado pela irradiação micro-ondas em moléculas polares, como a

água, provoca o aquecimento dos materiais e a evaporação quando se excede a temperatura de

ebulição da substância. O ºBrix é considerado a razão entre a quantidade de açúcar e a massa

da solução e, consequentemente poderá sofrer uma elevação em seu valor causada pela

evaporação da água durante o tratamento, ocasionando a concentração do caldo (Consecana,

2012).

Os resultados obtidos pela análise do ºBrix refratométrico são mais próximos da

determinação dos sólidos reais dissolvidos. Para a determinação do ºBrix foi utilizado o

refratômetro de bancada INSTRUTHERM, modelo RTA – 100, e as análises foram realizados

no caldo in natura, no caldo tratado com micro-ondas e no caldo tratado industrialmente, que

foi o parâmetro utilizado, todos em temperatura padrão de 20°C. Para isso o equipamento foi

calibrado com água destilada, sendo a leitura ajustada, quando necessário de acordo com

valores da Tabela no Anexo B

4.5.3 Determinação de pH

A leitura do pH foi realizada em pHmetro digital HANNA Instruments Brasil modelo

pH 21, sendo o equipamento calibrado com soluções de calibração de pH 4,01 e 10,01.

4.5.4 Determinação do índice de Cor ICUMSA

O caldo é um sistema coloidal complexo, no qual o meio de dispersão é a água.

Alguns constituintes estão dispersos em proporções moleculares na solução, onde os

diâmetros das partículas são inferiores a 1 µm, tais como: sacarose, glicose, frutose e sais

minerais (matérias solúveis). Os outros se encontram em estado de dispersão coloidal ou em

suspensão e seu diâmetro varia de 1µm a 10µm, tais como: proteínas, gomas, pectinas, ceras,

bagaço e outras impurezas (HAMERSKI, 2009).

51

A medida de cor ICUMSA é a expressão do índice de absorbância de uma solução

açucarada multiplicada por 100. O caldo de cana foi primeiramente diluído a 1 ºBrix. A

leitura da absorbância foi realizada em espectrofotômetro laboratorial BIOSPECTRO modelo

SP-220 Luz UV e Visível faixa 200 a 1000 nm, com cubeta de quartzo de 1 cm a 420 nm,

tendo água como branco. O cálculo da cor foi realizado de acordo com a Equação 2.

𝐼𝐶𝑈𝑀𝑆𝐴 (𝐼𝑈) = 𝐴

𝑏.𝑐× 100 (2)

Onde:

A = absorbância do caldo a 420 nm;

b = comprimento da cubeta (cm);

c = concentração de sacarose (ºBrix da solução).

As principais substâncias que garantem a opacidade e cor do caldo são as proteínas

(albuminas), colóides (polissacarídeos, como dextranas), sais (cinzas), pigmentos naturais

(clorofila), pectina e compostos resultantes de reações químicas no caldo (ARMAS et al,

1999).

4.5.5 Determinação de Turbidez

A turbidez de uma solução se define geralmente pela capacidade de redução da sua

transparência devido à presença de material em suspensão (CALDAS, 2005). A medida da

turbidez demonstra a eficácia na separação do material insolúvel e coloidal presente no caldo

de cana-de-açúcar. A leitura da turbidez dos caldos de cana-de-açúcar foi realizada em

turbidímetro de bancada HANNA Instruments Brasil modelo HI – 93703.

4.5.6 Determinação do teor de sacarose aparente na cana (POL)

A POL e o brix são utilizados para medir a pureza do caldo extraído na moagem da

cana-de-açúcar e ambos medem o teor de sacarose da cana. A POL do caldo (teor de sacarose

aparente no caldo) foi determinada no Laboratório da Usina Coruripe – Campo Florido/MG,

em sacarímetro automático digital, provido de tubo polarimétrico de fluxo contínuo e com

52

saída para impressora e/ou registro magnético de dados, após clarificação do caldo com

mistura clarificante à base de alumínio.

O cálculo da POL no caldo é dado pela equação 3:

𝑃𝑂𝐿 = 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑟𝑖𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 × (0,260666 − 0,000995 × °𝐵𝑟𝑖𝑥) (3)

O caldo de cana contém em sua composição predominantemente três açucares:

Sacarose

Glicose

Frutose

Os dois primeiros são dextrógiros, ou seja, desviam o plano da luz polarizada para a

direita. A frutose é levógira e desvia este plano para a esquerda. Assim, quando o caldo de

cana é submetido a uma análise, obtém-se a leitura polarimétrica que representa a soma

algébrica dos desvios dos três açucares. Para o caldo da cana maturada, o teor de glicose e

frutose é, de uma maneira geral, muito baixo (menor que 1%). Isso aproxima o valor da

sacarose aparente do teor real da sacarose (RIPOLI; RIPOLI, 2009).

De uma maneira geral, considera-se que 95 g de sacarose se converte em 100 g de

açucares invertidos. Conforme equação 5, uma vez que a pol % do caldo pode ser arbitrada

como igual à sacarose % caldo, obtém-se:

𝐴ç𝑢𝑐𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑑𝑜𝑠 % 𝑐𝑎𝑙𝑑𝑜 =(𝑝𝑜𝑙 % 𝑐𝑎𝑙𝑑𝑜)

0,95⁄ (5)

4.5.7 Determinação dos Açúcares Redutores (AR)

Para a determinação de açúcares redutores nos caldos de cana in natura, tratados com

micro-ondas e de maneira industrial, foi utilizada a metodologia de Eynon-Lane, onde os

açúcares redutores reagem com os íons cúpricos (Cu2+

) da solução de Fehling, reduzindo-se a

íons cuprosos (Cu+), sob a ação do calor em meio alcalino. Ao reagir com os íons cúpricos, os

açúcares sofrem oxidação, enquanto que o cobre é reduzido, formando-se um precipitado

vermelho de óxido cuproso (CuO). Os açúcares não redutores devem sofrer uma prévia

53

hidrólise com ácido clorídrico dissociando o dissacarídeo em seus monossacarídeos com

capacidade redutora (RIPOLI; RIPOLI, 2009).

Os açúcares redutores foram quantificados a partir da metodologia e equipamentos do

Laboratório da Usina Coruripe – Campo Florido/MG. A quantidade de açúcares redutores

presentes nos caldos podem ser calculados de acordo com a equação 6:

𝐴𝑅 % 𝑐𝑎𝑙𝑑𝑜 = 5 𝑉𝑔⁄ × 𝐹 (6)

Onde:

AR = Açúcares redutores % caldo

Vg = Volume gasto na Titulação

F = Fator de correção da concentração do licor de Fehling

4.5.8 Determinação dos Açúcares Redutores Totais (ART)

Os açucares redutores totais, são representados pela soma dos açucares redutores e da

sacarose invertida por hidrólise ácida ou enzimática pela invertase, e podem ser quantificados

na solução açucarada por uma reação de oxirredução na relação massa/massa (RIPOLI;

RIPOLI, 2009).

A quantidade de açúcares redutores totais presentes nos caldos foi determinada a partir

da equação 7:

𝐴𝑅𝑇 = (𝑃𝑂𝐿 0,95⁄ ) + 𝐴𝑅 (7)

Onde:

ART = Açúcares redutores totais % caldo.

POL = Teor de sacarose aparente na cana.

AR = Açúcares redutores % caldo

A quantificação do teor de açucares redutores totais é importante para a avaliação da

qualidade da matéria-prima destinada à produção de álcool etílico.

54

4.5.9 Teor Alcoólico (°GL)

Para a determinação do teor alcoólico das amostras fermentadas e filtradas, realizou-se

a destilação de 25 mL de cada amostra em um destilador do tipo Kjeldahl, marca MARCONI,

sendo todos os equipamentos e análises realizadas pelo Laboratório da Usina Coruripe –

Campo Florido/MG. Após destiladas, as amostras foram submetidas à análise em um

densímetro eletrônico, posteriormente, as leituras das densidades alcoólicas foram convertidas

em teor alcoólico (%).

4.6 DETERMINAÇÃO DA DEMANDA ENERGÉTICA

Na indústria, o consumo de energia elétrica representa um dos custos mais elevados

para o processo de produção e, diante deste cenário, buscou-se determinar o gasto de energia

que cada tratamento com micro-ondas representou e compará-lo a um método de aquecimento

convencional, neste caso o banho-maria.

Foram expostas ao tratamento micro-ondas e por banho-maria, alíquotas de 150 mL de

amostra. Para o tratamento com micro-ondas, foi escolhido o tratamento que conseguiu

eliminar o maior número de microrganismos, verificando em qual temperatura, potência e

tempo de exposição esse tratamento chegou, neste caso, o tratamento escolhido foi com

potência de 840 W e tempo de exposição de 3 minutos. Logo foi submetida uma amostra de

mesmo volume ao tratamento com banho-maria, que durou até que o caldo atingisse a mesma

temperatura do tratamento em micro-ondas (aproximadamente 13 minutos). A energia gasta

nos dois métodos foi calculada conforme equação 8:

𝐸 = 𝑃 × ∆𝑡 (8)

Onde:

E = energia consumida (KW/h)

P = potência do aparelho (KW)

Δt = intervalo de tempo (h)

A energia gasta em cada tratamento foi multiplicada pela tarifa cobrada na geradora

regional de energia, equivalente ao mês de setembro de 2016, no valor de R$ 0,80695731 por

KW/h. Além disso, e a fim de comprovar que a esterilização realizada no micro-ondas deve

55

ser atribuída à temperatura que as amostras atingem quando exposta ao tratamento, foram

realizadas análises microbiológicas nas amostras tratadas em micro-ondas e em banho-maria.

56

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados experimentais da dissertação, bem como as discussões estão

apresentados nesta seção.

As análises físico-químicas e microbiológicas foram realizadas no caldo in natura, no

caldo tratado por irradiação micro-ondas e também no caldo tratado industrialmente, para que

houvesse um número significativo de comparações.

Primeiramente, verificou-se a normalidade dos dados para as variáveis: ºBrix, pH, cor,

turbidez e log de bactérias (pour). Para as análises de POL, AR, ART e teor alcoólico, que

foram realizadas nos laboratórios da Usina Coruripe, não foi possível a realização de análises

estatísticas. Realizou-se o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov com correção de

Lilliefors, com isso determinou-se que nenhuma das variáveis apresentaram distribuição

normal. Para análise de homogeneidade de variância fez-se uso do teste de Levene, conforme

Tabela 6.

Tabela 6: Testes de normalidade e homocedasticidade para análises físico-químicas.

Variável

p-valor (teste de

Kolmogorov-

Smirnov)

Normalidade Homocedasticidade

(Teste de Levene)

°Brix < 0,15 Sim Não

pH < 0,01 Não Não

Turbidez < 0,01 Não Não

Cor < 0,10 Sim Não

Log (Bactérias – pour) >0,20 Sim Não

Fonte: Do autor, 2016.

As variáveis não apresentaram homogeneidade de variâncias, fazendo-se necessário o

uso do teste não paramétrico de Kruskal-Wallis.

5.1 RESULTADOS DAS ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS - BACTÉRIAS

A eficiência na redução de microrganismos no caldo de cana- de-açúcar, tomando

como base o valor inicial de 6,7283 para o Log de bactérias no caldo in natura, demonstra que

57

o método por irradiação micro-ondas obteve valores satisfatórios na maioria das variações de

potência e tempo, o que pode trazer benefícios à indústria sucroalcooleira principalmente na

produção do etanol, onde a concorrência microbiana com a Saccharomyces cerevisiae pode

prejudicar o rendimento da fermentação, conforme Tabela 7.

Tabela 7: Eficiência na redução de bactérias após o tratamento com micro-ondas.

Experimentos Log Bactérias (Pour) Eficiência

420 W - 1 min. 3,491 48%

420 W - 2 min. 4,342 35%

420 W - 3 min. 3,130 53%

700 W - 1 min. 4,447 34%

700 W - 2 min. 3,845 43%

700 W - 3 min. 2,903 57%

840 W - 1 min. 4,482 33%

840 W - 2 min. 2,562 62%

840 W - 3 min. 2,322 65%

Controle 4,202 38%

Fonte: Do autor, 2016.

De acordo com a Figura 12, as bactérias aeróbias facultativas (Pour) foram eliminadas

com maior eficiência nos tratamentos com 840 W de potência e, respectivamente, 2 e 3 min

de tempo de exposição, conseguindo uma eficiência de mais de 60% nesses tratamentos,

comparado com o método utilizado na indústria que conseguiu somente uma redução de 38%

no Log de bactérias. Em todas as análises, o caldo tratado industrialmente foi considerado o

controle.

58

Figura 11: Gráfico comparativo das variações do Log de Bactérias das amostras após o

tratamento com micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

Os dados obtidos permitem inferir que as bactérias apresentam os mesmos

comportamentos de redução em função do tempo de exposição às micro-ondas em todas as

potências estudadas. Como o intuito é a esterilização do caldo, o tratamento por micro-ondas

pode ser utilizado como tratamento térmico alternativo do caldo de cana-de-açúcar, uma vez

que diminui consideravelmente o número de bactérias no caldo.

Resultados semelhantes foram alcançados por Gentry e Roberts (2004), que

verificaram a efetiva esterilização de Escherichia coli 25922 em cidra de maça com micro-

ondas em fluxo contínuo; Ceballos-Schiavone (2009) que realizou experimentos com caldos

de cana-de-açúcar clarificados por aquecimento e por adição de fosfato mono hidratado de

sódio, verificou que sete espécies de Lactobacillus foram sensíveis à temperatura da água em

ebulição, não sobrevivendo por mais de 4 minutos, não importando a forma como foi feita a

clarificação (aquecimento ou adição de fosfato mono hidratado de sódio).

5.2 RESULTADOS DAS ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

Nessa seção estão apresentadas as análises físico-químicas do caldo após tratamento

por micro-ondas. A composição do caldo in natura no início dos experimentos está

apresentada na Tabela 8, onde todas as suas variáveis estão em acordo com os parâmetros

aceitos na indústria.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

420 W

- 1 min.

420 W

- 2 min.

420 W

- 3 min.

700 W

- 1 min.

700 W

- 2 min.

700 W

- 3 min.

840 W

- 1 min.

840 W

- 2 min.

840 W

- 3 min.

in

natura

Ba

ctér

ias

(po

ur)

Tratamentos

420 W - 1 min.

420 W - 2 min.

420 W - 3 min.

700 W - 1 min.

700 W - 2 min.

700 W - 3 min.

840 W - 1 min.

840 W - 2 min.

840 W - 3 min.

in natura

Controle

4,202

59

Tabela 8: Composição do caldo de cana-de-açúcar in natura.

Variável Valores

ºBrix 20,8%

pH 5,21

Turbidez 1172 NTU

Cor 0,771 A

Log Bactérias 6,728

AR 3,780%

Fonte: Do autor, 2016.

5.2.1 Análise de Sólidos solúveis totais (ºBrix)

Afim de demostrar a elevação de temperatura provocada pelos tratamentos com micro-

ondas foram realizados testes de temperatura, medindo-se as temperaturas iniciais e após o

tratamento, obtendo-se assim a variação de temperatura em cada potência combinada com o

tempo, conforme Tabela 9.

Tabela 9: Variação de temperatura dos tratamentos com micro-ondas.

Tratamentos Temperatura inicial (ºC) Temperatura final (ºC) ΔT

420 W - 1 min. 24 37 13

420 W - 2 min. 18 42 24

420 W - 3 min. 12 58 46

700 W - 1 min. 14 41 27

700 W - 2 min. 13 58 45

700 W - 3 min. 12 78 66

840 W - 1 min. 20 52 32

840 W - 2 min. 16 77 61

840 W - 3 min. 15 86 71

Fonte: Do autor, 2016.

O tratamento por micro-ondas provoca a elevação da temperatura nas amostras, o

ºBrix aumenta com uma combinação entre a potência utilizada e o tempo de exposição às

micro-ondas, conforme Figura 12.

60

Figura 12: Gráfico comparativo das variações do ºBrix das amostras após o tratamento com

Fonte: Do autor, 2016.

Todos os tratamentos apresentaram um ºBrix desejável para o processo fermentativo

(15 a 20 ºBrix), não ultrapassando o valor do ºBrix inicial do caldo in natura, o que mostra

que não houve uma grande evaporação do caldo. Houveram ainda tratamentos que se

aproximaram do valor do ºBrix do caldo tratado industrialmente sendo os tratamentos

correspondentes às potências de 420 e 840 W e tempos de exposição de 2 minutos

respectivamente.

Com relação ao parâmetro ºBrix, os melhores tratamentos, que correspondem aos

testes de 700W com tempo de exposição de 2 minutos e 840W com tempo de exposição de 3

minutos, não alteraram significativamente seus valores em relação ao caldo tratado

industrialmente (controle), no entanto, para os demais tratamentos com o aumento do tempo

de exposição e da potência aplicada, diretamente ligada à temperatura, houve aumento

significativo. Tais resultados estão de acordo com o encontrado por Gerard e Roberts (2004),

que estudaram aquecimento de pasta de maça; Fazaeli, Yousefi e Emam-Djomeh (2011),

investigando os efeitos das micro-ondas em sucos de romã e amoras pretas observou aumento

significativo no ºBrix deixando esses sucos concentrados.

5.2.2 Determinação de pH

O pH no caldo in natura foi de 5,21. Conforme demonstrado na Figura 13.

1

6

11

16

21

420 W -

1 min.

420 W -

2 min.

420 W -

3 min.

700 W -

1 min.

700 W -

2 min.

700 W -

3 min.

840 W -

1 min.

840 W -

2 min.

840 W -

3 min.

In

natura

°Bri

x

Tratamentos

420 W - 1 min.

420 W - 2 min.

420 W - 3 min.

700 W - 1 min.

700 W - 2 min.

700 W - 3 min.

840 W - 1 min.

840 W - 2 min.

840 W - 3 min.

In natura

Controle

13,00

61

Figura 13: Gráfico comparativo das variações do pH das amostras após o tratamento

com micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

O tratamento com a potência de 420 W e tempo de exposição de 1 min, foi o único

que apresentou queda do pH. A acidificação da amostra pode ser atribuída à degradação de

compostos possivelmente provocada por microrganismos que não foram devidamente

esterilizados por esse tratamento. Essa afirmação só seria concreta com a realização de

análises cromatográficas para determinação de quais moléculas que estão sofrendo alterações.

O mesmo pôde ser observado por Cañumir (2001), quando trabalharam com pasteurização de

maças por micro-ondas e observaram a redução não significativa no pH.

Os valores ideias para o potencial hidrogeniônico (pH) determinados industrialmente

estão entre 4,8 a 5,5, valores de pH inferiores a 4,2 são indícios de deterioração. Os valores

obtidos para esse parâmetro demostram que todos os tratamentos estão dentro da faixa de

valores esperados. O Controle – caldo tratado industrialmente - teve seu valor de pH em 6,61,

e isso pode ser causado pelo grande volume de insumos adicionados no caldo durante o

tratamento convencional.

0

1

2

3

4

5

6

7

420 W -

1 min.

420 W -

2 min.

420 W -

3 min.

700 W -

1 min.

700 W -

2 min.

700 W -

3 min.

840 W -

1 min.

840 W -

2 min.

840 W -

3 min.

In

natura

pH

Tratamentos

420 W - 1 min.

420 W - 2 min.

420 W - 3 min.

700 W - 1 min.

700 W - 2 min.

700 W - 3 min.

840 W - 1 min.

840 W - 2 min.

840 W - 3 min.

In natura

Controle

6,61

62

5.2.3 Determinação do índice de Cor ICMSA

O índice de cor do caldo in natura foi de 0,771. Como nos tratamentos convencionais

da indústria se determina esse índice, o objetivo foi verificar o potencial que os tratamentos

por irradiação micro-ondas possuíam de provocar a decantação de substâncias que elevam

esse índice, proporcionando uma clarificação do caldo, sem nenhuma adição de reagentes.

Conforme demonstrado na Figura 14,

Figura 14: Gráfico comparativo das variações de cor das amostras após o tratamento com

micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

Todos os tratamentos conseguiram provocar um clareamento no caldo, e os que

conseguiram apresentar um menor índice de cor, foram respectivamente o de 420 W e 2 min,

o tratamento de 840 W e 2 min e o tratamento de 840 W e 3 min. A redução no índice de cor

ICUMSA também foi percebido por Hervé et al. (1995) que pesquisaram uma possível

substituição do processo de clarificação convencional (sulfitagem) pela utilização de

membranas minerais de ultrafiltração. O mesmo não foi percebido em estudos realizados por

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

420 W

- 1 min.

420 W

- 2 min.

420 W

- 3 min.

700 W

- 1 min.

700 W

- 2 min.

700 W

- 3 min.

840 W

- 1 min.

840 W

- 2 min.

840 W

- 3 min.

In

natura

U.I

.

Tratamentos

420 W - 1 min.

420 W - 2 min.

420 W - 3 min.

700 W - 1 min.

700 W - 2 min.

700 W - 3 min.

840 W - 1 min.

840 W - 2 min.

840 W - 3 min.

In natura

Controle

0,198

63

Cañumir (2001), em trabalhos com sucos de maçã, que verificou um aumento de coloração

devido a oxidação da vitamina C do suco.

5.2.4 Determinação de Turbidez

A turbidez do caldo in natura foi de 1.172 NTU e dos tratamentos com micro-ondas e

industrial estão apresentados na figura 15.

Figura 15: Gráfico comparativo das variações de turbidez das amostras após o tratamento

com micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

Um dos objetivos da clarificação do caldo de cana-de-açúcar é a redução dos valores

desse parâmetro. No caldo tratado industrialmente pode-se notar a redução de cerca de 80%

desse valor, chegando a 231 NTU. Com isso, nenhum dos tratamentos conseguiu uma

eficiência tão grande, porém, os tratamentos mais indicados seriam com potências de 840, 700

e 420 W e tempo de exposição de 3, 3 e 1 min, respectivamente.

Levando em consideração que o tratamento por micro-ondas não teve o acréscimos de

nenhum clarificante, esses tratamentos conseguiram reduzir a turbidez de maneira bem

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

420 W

- 1 min.

420 W

- 2 min.

420 W

- 3 min.

700 W

- 1 min.

700 W

- 2 min.

700 W

- 3 min.

840 W

- 1 min.

840 W

- 2 min.

840 W

- 3 min.

In

natura

T

urb

idez

(N

TU

)

Tratamentos

420 W - 1 min.

420 W - 2 min.

420 W - 3 min.

700 W - 1 min.

700 W - 2 min.

700 W - 3 min.

840 W - 1 min.

840 W - 2 min.

840 W - 3 min.

In natura

Controle

231,00

64

satisfatória. Em estudos realizados por Gerard e Roberts (2004), houveram um aumento

significativo da turbidez com a elevação da temperatura causada pelo tratamento com micro-

ondas tendo como substrato a pasta de maçã, o mesmo aconteceu com Souza Filho (2014) no

tratamento do caldo de cana com micro-ondas.

5.2.5 Determinação do teor de sacarose aparente na cana (POL)

Os valores para o teor de sacarose aparente encontradas nas análises dos tratamentos

térmicos por micro-ondas e industrial podem ser vistos no gráfico representado pela figura 16.

Podendo-se notar uma diminuição significativa do valor de POL nos tratamentos com micro-

ondas expostos a 420 W por 1 e 2 minutos, comparado ao valor encontrado nos demais

tratamentos, isso pode ser explicado, levando em consideração a má eliminação de

microrganismos decompositores e contaminantes do caldo por meio da esterilização realizada

nos testes com micro-ondas. Percebe-se que onde houve melhor esterilização, o valor

percentual de POL foi mais elevado. Não foi possível a determinação do teor de sacarose

aparente no caldo de cana in natura.

Figura 16: Gráfico comparativo das variações de POL das amostras após o tratamento

com micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

420 W -

1 min.

420 W -

2 min.

420 W -

3 min.

700 W -

1 min.

700 W -

2 min.

700 W -

3 min.

840 W -

1 min.

840 W -

2 min.

840 W -

3 min.

P

OL

(%

)

Tratamentos

Tratamentos por

irradiação

micro-ondas

Controle

7,110

65

Em estudos com micro e ultrafiltração Venturini Filho e Nogueira (2007), observou

valores semelhantes para a POL no caldo de cana, indicando que não houve hidrólise da

sacarose. Destacam também que a sacarose sofre hidrólise em altas temperaturas e baixo pH.

Sendo assim, temperaturas usadas no tratamento com micro-ondas não ultrapassaram 86 °C,

não sendo suficientes para inverter a sacarose, e o pH do caldo (em torno de 5,4) foi

suficientemente elevado para inibir a hidrólise.

Os valores para os teores de açúcares invertidos contidos nas amostras submetidas aos

tratamentos térmicos por micro-ondas e industrial podem ser vistos no gráfico representado

pela figura 17.

Figura 17: Gráfico comparativo das variações de açúcares invertidos das amostras após o

tratamento com micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

A inversão não representa uma perda direta para a indústria, os açúcares invertidos

podem se transformar em etanol, pois as leveduras atacam diretamente esses açúcares. Porém,

uma inversão muito intensa pode levar à dificuldade de cristalização no caso da produção do

açúcar, à perda de eficiência, à redução da qualidade do açúcar e à contaminação da

fermentação (VIAN, 2014).

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

420 W -

1 min.

420 W -

2 min.

420 W -

3 min.

700 W -

1 min.

700 W -

2 min.

700 W -

3 min.

840 W -

1 min.

840 W -

2 min.

840 W -

3 min.

Açú

care

s In

ver

tid

os

(%)

Tratamentos

Açúcares

Invertidos

7,484

Controle

66

5.2.6 Determinação dos Açúcares Redutores (AR)

A quantidade de açúcares redutores encontrados nos caldos tratados em micro-ondas e

industrialmente, estão representados no gráfico a seguir, conforme Figura 18.

Os teores de açúcares redutores apresentaram, de uma maneira geral, uma diminuição

quando comparados aos do caldo in natura. Esse comportamento só não pode ser visto nos

tratamentos com 420 W com 1 min. de tempo de exposição.

Figura 18: Gráfico comparativo das variações de açúcares redutores das amostras após o

tratamento com micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

Foi possível observar de uma tendência de diminuição no teor de açúcares redutores

com o decorrer do tempo em todas as potências, exceto nos tratamentos com 840W com

tempos de exposição de 1 e 3 minutos respectivamente. Esta diminuição pode estar

relacionada com a esterilização de microrganismos que proporcionaram a inversão de

sacarose, fazendo com que a sacarose presente no caldo fosse mais preservada. Esta tendência

está de acordo com a literatura que destaca o favorecimento da degradação dos açúcares

redutores em condições de alcalinidade e temperatura elevada (DELGADO; CESAR, 1977,

FARINE et al., 2000, EGGLESTON; VERCELLOTTI, 2000).

0

1

2

3

4

5

6

420 W -

1 min.

420 W -

2 min.

420 W -

3 min.

700 W -

1 min.

700 W -

2 min.

700 W -

3 min.

840 W -

1 min.

840 W -

2 min.

840 W -

3 min.

In

natura

Açú

care

s R

edu

tore

s (%

)

Tratamentos

420 W - 1 min.

420 W - 2 min.

420 W - 3 min.

700 W - 1 min.

700 W - 2 min.

700 W - 3 min.

840 W - 1 min.

840 W - 2 min.

840 W - 3 min.

In natura

Controle

0,810

67

Em estudos com micro e ultrafiltração Venturini Filho e Nogueira (2007), não

constaram alterações no teor de açúcares redutores no caldo de cana e no permeado, indicando

que não houve hidrólise da sacarose.

5.2.7 Determinação dos Açúcares Redutores Totais (ART)

A quantidade de açúcares redutores totais, presentes nos diferentes tratamentos do

caldo de cana, estão representados graficamente, conforme Figura 19.

Figura 19: Gráfico comparativo das variações de açúcares redutores totais das amostras

após o tratamento com micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

Como a quantidade de ART é dada pela soma de açúcares invertidos com a quantidade

de açúcares redutores contidos no caldo, o gráfico teve um comportamento semelhante ao

gráfico de açúcares redutores, pois estes estavam presentes em maior quantidade. Pode-se

observar uma diminuição no teor de ART proporcional à má eficiência na esterilização nos

tratamentos que obtiveram menor combinação das potências com os tempos de exposição,

como nos testes de 420W com tempos de exposição de 1 e 2 minutos.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

420 W -

1 min.

420 W -

2 min.

420 W -

3 min.

700 W -

1 min.

700 W -

2 min.

700 W -

3 min.

840 W -

1 min.

840 W -

2 min.

840 W -

3 min.

Açú

care

s R

edu

tore

s T

ota

is

Tratamentos

Tratamentos

com irradiação

micro-ondas

Controle

8,294

68

5.2.8 Teor Alcoólico (°GL)

Após a fermentação, o vinho fermentado foi filtrado e submetido à análise do teor

alcoólico. Para que fosse possível a comparação com a fermentação do caldo industrial, este

foi submetido ao mesmo processo fermentativo. Os valores dos teores alcoólicos encontrados

nas diferentes amostras e no caldo tratado convencionalmente estão representados

graficamente, conforme Figura 20.

Levando em consideração que os valores obtidos industrialmente estão entre 8 e 8,5%

de álcool (AMORIM; LOPES, 2013), nas condições em que foram fermentadas, as amostras

expostas aos tratamentos com 420W com 1 e 3 minutos de exposição, 700W com 1 minuto de

exposição e ainda 840W com 2 minutos de exposição obtiveram um teor alcoólico

satisfatório, sendo que as demais obtiveram valores acima do esperado comparadas ao caldo

tratado industrialmente. As únicas amostras que não conseguiram um bom resultado foram às

expostas aos tratamentos de 840 W por 1 min. e 700 W por 3 min.

Figura 20: Gráfico comparativo das variações dos teores alcoólicos das amostras após o

tratamento com micro-ondas.

Fonte: Do autor, 2016.

Esse bom desempenho pode ser explicado pela boa esterilização proporcionada pelo

tratamento com micro-ondas, que possibilitou a preservação das propriedades do caldo que

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

420 W -

1 min.

420 W -

2 min.

420 W -

3 min.

700 W -

1 min.

700 W -

2 min.

700 W -

3 min.

840 W -

1 min.

840 W -

2 min.

840 W -

3 min.

Teo

r A

lco

óli

co (°G

L)

Tratamentos

Tratamentos

com irradiação

micro-ondas

Controle

5,680

69

poderiam ser danificadas pela ação dos microrganismos contaminantes. Resultados similares

foram obtidos por Ravaneli (2005), que verificou fermentações incompletas, causadas por

pragas. Blumer (1992), avaliando o efeito do complexo broca-podridão sobre o processo

fermentativo, também observou significativas reduções na eficiência da fermentação causada

por infestações.

5.3 ANÁLISES DE DEMANDA ENERGÉTICA

O consumo de energia elétrica nas usinas sucroalcooleiras irá depender de fatores

como: a quantidade de cana a ser processada, a modernidade dos equipamentos, o

desempenho e as variações do processo, entre outros. As análises relacionadas com a

demanda de energia foram feitas a fim de demostrar comparativamente o desempenho de cada

tratamento, conforme Figura 21.

Figura 21: Gráfico comparativo da demanda energética dos tratamentos com micro-

ondas e com banho-maria.

Fonte: Do autor, 2016.

Analisando-se o gráfico, fica visível que o aumento do gasto de energia nos

tratamentos com micro-ondas é proporcional ao aumento combinado da potência com o

tempo. O mesmo acontece em relação ao cálculo de preço energético do tratamento com

micro-ondas que foi de 0,033892207 centavos, consideravelmente menor que o preço do tratamento

com banho-maria que foi de 0,21367584 centavos para o mesmo volume de amostra. Os cálculos de

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

Energia Consumida

KW

/h

Tratamentos

Energia Consumida noTratamento com Micro-ondas (840W - 3 minutos)

Energia Consumida notratamento em Banho -Maria

70

energia e seus referentes preços foram realizados de maneira demonstrativa, visto que o forno

micro-ondas utilizado para a realização de todos os testes foi um forno convencional

doméstico, e para seu dimensionamento e implantação na indústria seriam levados em

consideração aspectos que aumentassem sua eficiência energética, sendo necessários estudos

mais específicos e aprofundados.

Foram realizados ainda testes microbiológicos, de sólidos solúveis (ºBrix), pH e

turbidez nas amostras submetidas aos tratamentos com banho-maria por aproximadamente 13

minutos até que atingisse 90 °C e micro-ondas com potência de 840 W e tempo de exposição

de 3 min (tratamento com maior eficiência na eliminação de bactérias, com aproximadamente

90 °C), com o intuito de comprovar que o efeito térmico provocado nas amostras é resultante

do aumento de temperatura, conforme Tabela 10.

Tabela 10: Comparativo microbiológico e físico-químico dos tratamentos com micro-ondas

e banho-maria.

Tratamentos

Caldo in natura Micro-ondas

(840 W – 3 min.)

Banho-maria

(90 °C – 13 min)

Número de Bactérias 23000000 480000 390000

Eficiência de esterilização - 97,90% 98,30%

ºBrix 21 19,5 20,9

pH 4,81 4,80 4,82

Turbidez (NTU) 1042 519 811

Fonte: Do autor, 2016.

Os resultados obtidos mostram que não houve diferenças expressivas entre os

tratamentos com micro-ondas e banho-maria. Com isso, foi possível demostrar a vantagem,

do ponto de vista energético, do tratamento com irradiação micro-ondas frente ao tratamento

com banho-maria, que seria o tratamento mais aproximado do realizado industrialmente.

Lakshimi (2007), em estudo comparativo do consumo de energia e da eficiência do cozimento

de arroz em forno de micro-ondas, panela elétrica de arroz e uma panela de pressão

demonstrou que o cozimento do arroz no forno de micro-ondas resultou em um menor tempo

de preparo do que os outros métodos, o teor de umidade foi uniforme, exceto na superfície

onde ocorre certa evaporação, enquanto que a panela de arroz elétrica foi a mais eficiente em

consumo de energia.

71

5.4 ESCOLHA DO MELHOR MÉTODO DE TRATAMENTO TÉRMICO POR

IRRADIAÇÃO MICRO-ONDAS NO CALDO DE CANA-DE-AÇÚCAR

Com base nos dados alcançados nos tratamentos com micro-ondas foi elaborada uma

tabela a fim de determinar qual a melhor combinação de potência e tempo de exposição foi a

mais indicada para o tratamento térmico do caldo de cana-de-açúcar para produção de etanol,

conforme Tabela 11.

Tabela 11: Determinação melhor tratamento – Micro-ondas.

Tratamentos

Variáveis

420 W -

1 min.

420 W -

2 min.

420 W -

3 min.

700 W -

1 min.

700 W -

2 min.

700 W -

3 min.

840 W -

1 min.

840 W -

2 min.

840 W -

3 min.

ºBrix

X X X

X

pH

X X X X X X X

Cor

X

X X

Turbidez X

X X

X

Log Bactérias (Pour)

X

X

X X

POL

X X X X X X X

Açúcares Redutores

X X

X

Açúcares Invertidos X X X X X X X

ART

X X X X X X X

Teor Alcoólico X

X X X

X X

Fonte: Do autor, 2016.

Após a avaliação de cada variável pôde-se constatar que o tratamento com 840 W de

potência e tempo de exposição de 3 minutos, apresentou as melhores condições para o

tratamento do caldo por micro-ondas. Onde com relação ao caldo in natura, a variação do

ºBrix foi insignificante, o pH não sofreu redução significativa, a cor mostrou-se abaixo do

índice encontrado no caldo tratado industrialmente, mostrando que o tratamento obteve um

ótimo desempenho e a turbidez também apresentou variação significativa, não há

contaminação por bactérias aeróbias.

Na Tabela 12, está demonstrada a comparação entre a composição do caldo in natura,

do caldo com exposição às micro-ondas com 840 W e 3 minutos e ainda do caldo tratado

industrialmente.

72

Tabela 12: Composição dos caldos in natura, tratado em micro-ondas e tratado

industrialmente.

Variável Caldo in natura Caldo micro-ondas

(840 W – 3 min.)

Caldo Tradado

Industrialmente

ºBrix 20,8 21,0 13,00

pH 5,21 5,22 6,61

Cor (A) 0,771 0,111 0,198

Turbidez (NTU) 1172 317 231

Log Bactérias (Pour) 6,728 2,322 4,202

POL (%) - 19,587 7,110

Açúcares Invertidos (%) - 20,618 7,500

Açúcares Redutores (%) 3,780 3,430 0,810

ART (%) - 24,048 8,294

Teor Alcoólico (°GL) - 7,680 5,680

Fonte: Do autor, 2016.

Pode-se avaliar que o método por micro-ondas além de ser um tratamento que

promove a redução da cor e da turbidez de forma significativa, não alterando o ºBrix e o pH é

ainda bastante eficaz na esterilização do caldo de cana-de-açúcar podendo contribuir para

eliminar microrganismos competidores na fermentação para produção de etanol, isso foi

comprovado pelo alto teor alcoólico alcançado no tratamento. Como há aumento dos açúcares

invertidos com a potência e o tempo de exposição, é evidente que está ocorrendo à inversão

dos açúcares no caldo, o que pode indicar, caso haja uma inversão muito intensa, que a

fermentação possa ser prejudicada. Isso deve ser levado em consideração, por isso a

necessidade de análises mais completas do caldo fermentado com esse método.

73

6. CONCLUSÃO

A constante procura por otimização nos processos produtivos do setor sucroalcooleiro

são sempre sanadas na inovação tecnológica, que não só busca criar novas rotas e

equipamentos como também melhorar aqueles já existentes. Nesse contexto, o tratamento

térmico do caldo de cana é uma etapa do processo passível de inovações. Como nessa etapa o

gasto de insumos químicos e energia são intensos, propostas que visem à redução desses itens

são de extrema importância no setor.

O tratamento do caldo por micro-ondas que apresentou as melhores condições para a

clarificação correspondeu à potência de 840 W e ao tempo de exposição de 3 minutos, onde

com relação ao caldo in natura, a variação do ºBrix foi insignificante, o pH não sofreu

redução significativa, a cor e a turbidez demostraram uma variação significativa e vantajosa,

não houve contaminação por bactérias aeróbias, fazendo com que o teor alcoólico alcançado

fosse muito favorável.

A fermentação é o principal parâmetro a ser controlado na produção do etanol, sendo

necessário um rigoroso controle das etapas como a contaminação do caldo e do fermento,

buscando alternativas eficazes que consigam diminuir ou eliminar a carga microbiana

melhorando consequentemente o rendimento da produção. Portanto, com o tratamento por

irradiação micro-ondas com 840W de potência e um tempo de exposição de 3 minutos, com

alíquotas de 150 mL, conseguiu-se manter o caldo de cana com 21 °Brix, um pH de 5,22, um

índice de cor de 0,111, uma turbidez de 317 NTU, o log de bactérias (pour) de 2,322, o teor

de sacarose aparente se manteve em 19,587%, de açúcares invertidos em 20,618%, açúcares

redutores em 3,430%, açúcares redutores totais em 24,048%, alcançando um teor alcoólico de

7,680 °GL. Todos esses resultados comparados aos alcançados pelo tratamento industrial

mostram o potencial que o tratamento por irradiação micro-ondas tem proporcionar um

processo mais rápido e vantajoso para a indústria.

Um tratamento térmico eficaz como o proporcionado pela irradiação micro-ondas é

capaz de destruir microrganismos, inativar enzimas que podem causar a deterioração do

caldo, eliminando e controlando fatores negativos à fermentação para obtenção do etanol.

Logo, a utilização desse método pode vir a simplificar o processo de esterilização do caldo de

cana-de-açúcar, uma vez que não utiliza insumos e pode ser automatizada, racionalizando a

mão de obra e diminuindo custo de produção.

74

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85

ANEXO A

CÁLCULO DO NÚMERO DE EXPERIMENTOS

Propondo a obter ao menos 20 graus de liberdade no resíduo da ANOVA, foi realizado

o cálculo do número de repetições, segundo a relação demonstrada entre os graus de

liberdade, onde pode ser expressa de acordo com a equação 2:

𝐺𝐿𝑅𝑒𝑠 = 𝐺𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝐺𝐿𝑡𝑟𝑎𝑡 − 𝐺𝐿𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 (9)

Onde:

𝐺𝐿𝑅𝑒𝑠= Grau de liberdade no resíduo;

𝐺𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙= Grau de liberdade total;

𝐺𝐿𝑡𝑟𝑎𝑡= Grau de liberdade tratamento;

𝐺𝐿𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜= Grau de liberdade bloco.

O grau de liberdade dos fatores (tratamentos) e dos blocos estão demonstrados,

respectivamente pelas equações 3 e 4, levando-se em consideração que se trata de uma

ANOVA fatorial 3 X 3.

𝐺𝐿𝑡𝑟𝑎𝑡 = 𝑡 − 1 (10)

𝐺𝐿𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 = 𝑏𝑙 − 1 (11)

Como existem 9 tratamentos (todas as combinações de potência e tempo de exposição)

o tratamento proporciona grau de liberdade 8. O reajuste da equação 2 já com a substituição

dos valores de 𝐺𝐿𝑅𝑒𝑠 (20) e 𝐺𝐿𝑡𝑟𝑎𝑡 (8) pode ser anotado conforme equação 5. A equação 6

representa uma expressão para o grau de liberdade total.

𝐺𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝐺𝐿𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 = 28 (12)

𝐺𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑛 − 𝑡 (13)

86

Onde:

𝑛 = número de observações;

𝑡 = tratamentos (níveis dos fatores).

Ao se realizar 3 repetições por tratamento, obtém um 𝐺𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙de 26, insuficiente para

tornar a equação 5 verdadeira. Por outro lado, 4 repetições por tratamento resultariam em um

𝐺𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 de 35, suficiente para satisfazer a equação acima. Dessa forma, para cada combinação

de potência e tempo de exposição, é preciso realizar a medição dos parâmetros ºBrix, pH, Cor,

Turbidez, Contagem de bactérias e fermentação 4 vezes.

87

ANEXO B

TABELA DE CORREÇÃO SACARÍMETRO DE °BRIX CALIBRADOS A 20°C

Figura 22: Tabela de correção sacarímetro de °Brix calibrado a 20°C.

Fonte: Rodrigues e Santos, 2011.