analise comparativa entre doar e dfc

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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL FREI NIVALDO LIEBEL - ASSEFRENI FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FACISA CELER FACUL DADES CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS E A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA DE UMA EMPRESA DO RAMO INDUSTRIAL DAISON ANDRÉ PAGANI Relatório Final de Estágio Xaxim (SC), Dezembro/2010

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Page 1: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL FREI NIVALDO LIEBEL - ASSEFRENI FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FACISA

CELER FACUL DADES CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGEN S E APLICAÇÕES DE RECURSOS E A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

DE UMA EMPRESA DO RAMO INDUSTRIAL

DAISON ANDRÉ PAGANI Relatório Final de Estágio

Xaxim (SC), Dezembro/2010

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Associação Educacional Frei Nivaldo Liebel – ASSEFRENI Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA Celer Faculdades Curso: Ciências Contábeis Período: 8º (oitavo) Disciplina: Relatório Final de Estágio Professor: Fernando Krahl

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGEN S E APLICAÇÕES DE RECURSOS E A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

DE UMA EMPRESA DO RAMO INDUSTRIAL

DAISON ANDRÉ PAGANI

Xaxim (SC), Dezembro/2010

Page 3: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGEN S E APLICAÇÕES DE RECURSOS E A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

DE UMA EMPRESA DO RAMO INDUSTRIAL

DAISON ANDRÉ PAGANI

Este trabalho de Conclusão foi julgado adequado para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, e aprovado pelo Curso de Ciências Contábeis da Associação Educacional Frei Nivaldo Liebel.

_____________________________________ Prof. (a): José Arnaldo Favretto

Coordenador de Estágio

Apresentado a Comissão Examinadora Integrada pelos Professores:

_____________________________________

Prof. (a): Cleonir P. Theisen Presidente da Banca

_____________________________________ Prof. (a) Fernando Krahl

Orientador (a) e Membro da Comissão

_____________________________________ Prof. (a): José Arnaldo Favretto

Membro da Banca

Xaxim (SC), Dezembro/2010

Page 4: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho a minha família, em

especial meu pai e minha mãe que sempre me

apoiaram e não mediram esforços para que eu

chegasse até aqui. Também dedico este trabalho

a todos os meus colegas de faculdade pelos anos

de convivência no curso, que com certeza

ficarão eternamente guardados na minha

lembrança como uma das melhores fases da

minha vida. Enfim, este trabalho é uma grande

conquista e com certeza, resultado de muito

esforço”.

Page 5: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela vida, saúde e oportunidades, nas quais encontro força e

inspiração na busca por novas conquistas.

Aos meus pais Gasparino e Claudete Pagani, pela educação e incentivo, criadores dos

meus princípios de vida e construtores da minha personalidade.

Aos professores da Celer Faculdades, pelo conhecimento que me foi passado no

decorrer deste curso, em especial ao Prof. Fernando Krahl que sempre me atendeu e se

empenhou ao máximo para que a conclusão deste trabalho fosse possível.

Aos amigos e colegas, pelo constante incentivo.

Estejam certos que sem a vossa presença e apoio tudo não seria realidade. Por isso,

meus sinceros agradecimentos.

Page 6: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

RESUMO

Com a lei 11.638/2007 muitas mudanças foram feitas na lei das sociedades por ações (6.404/76), no intuito de padronizar a lei brasileira com as normas internacionais de Contabilidade. Uma destas mudanças foi à substituição da obrigatoriedade de publicação da Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos (DOAR) pela Demonstração dos Fluxos de Caixa. Este trabalho teve como premissa, verificar se a substituição da DOAR pela DFC trouxe benefícios para a evidenciação contábil melhorando o entendimento dos usuários da Contabilidade. Discorre sobre as vantagens e desvantagens da DOAR e da DFC bem como sua forma legal de apresentação. Adotou-se a metodologia do tipo exploratória e descritiva com enfoque em informações bibliográficas restrita a livros e artigos científicos já publicados e realizou-se um estudo de caso na empresa Rafitec S/A instalada no município de Xaxim/SC, onde foram coletados dados para o andamento do trabalho através de uma entrevista a setores administrativos da empresa. Prossegue mostrando uma análise sobre os dois demonstrativos da empresa em questão e os dados obtidos com a entrevista. E conclui-se que a DFC traz benefícios aos usuários, por ser fácil o seu entendimento em relação a DOAR atendendo melhor o público interessado nas informações contábeis das empresas.

Palavras-chave: Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), benefícios e evidenciação contábil.

Page 7: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Parque Industrial Rafitec S/A ................................................................................... 18

Page 8: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Modelo de uma DOAR ............................................................................................ 33 Quadro 2: DFC pelo método direto .......................................................................................... 40 Quadro 3: DFC pelo método indireto ....................................................................................... 41 Quadro 4: Vantagens da DFC e da DOAR ............................................................................... 43 Quadro 5: Desvantagens da DFC e DOAR .............................................................................. 44 Quadro 6: Resumo dos dados da DFC 2009 ............................................................................. 53 Quadro 7: Resumo dos dados da DOAR 2009 ......................................................................... 56 Quadro 8: Comparativo dos dados da DFC e da DOAR .......................................................... 57

Page 9: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Resumo dos dados da DFC 2009 ............................................................................ 54 Gráfico 2: Variação das disponibilidades ................................................................................. 55 Gráfico 3: Substituição da DOAR pela DFC............................................................................ 59 Gráfico 4: Influência da substituição da DOAR pela DFC na evidenciação contabil .............. 60 Gráfico 5: Aspectos: informação, entendimento e decisão ...................................................... 63

Page 10: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 - ENTREVISTA ..................................................................................................... 71 ANEXO 2 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) ................................... 74 ANEXO 3 – RESUMO DA DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR)............................................................................................................... 76

Page 11: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

LISTA DE ABREVIATURAS

AC – Ativo Circulante PC – Passivo Circulante CCL – Capital Circulante Líquido CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis CVM – Comissão de Valores Mobiliários DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa DOAR – Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos DRE – Demonstração do Resultado do Exercício DVA – Demonstrações do Valor Adicionado IASB – International Accouting Standards Board IFRS – International Financial Reporting Standards

Page 12: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14 1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16 1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 16 1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 16 2 EMPRESA E/OU AMBIENTE .......................................................................................... 17 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 19 3.1 IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL PARA OS USUÁRIOS E SOCIEDADE ........................................................................................................................... 19 3.2 A LEI 11.638/2007 ............................................................................................................. 22 3.3 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR) ....... 24 3.3.1 Descrição das origens e das aplicações de recursos .................................................... 27 3.3.1.1 Origem de recursos ....................................................................................................... 27 3.3.1.2 Aplicação de recursos ................................................................................................... 29 3.3.2 Origens e aplicações que não afetam o capital circulante líquido, mas aparecem na demonstração .......................................................................................................................... 30 3.3.3 Importância da DOAR .................................................................................................. 30 3.3.4 Forma legal de apresentação ........................................................................................ 31 3.4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ............................................................. 34 3.4.1 Caixa e equivalentes de caixa ....................................................................................... 36 3.4.2 Apresentação da demonstração dos fluxos de caixa ................................................... 37 3.5 DOAR x DFC ..................................................................................................................... 42 4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 47 4.1 MÉTODOS CIENTÍFICOS ............................................................................................... 47 4.2 NÍVEIS DE PESQUISA ..................................................................................................... 47 4.3 TIPO DE PROJETO ........................................................................................................... 48 4.4 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................................. 49 4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................................... 49 4.6 DEFINIÇÃO DA ÁREA OU POPULAÇÃO-ALVO ........................................................ 50 4.7 TÉCNICA DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ........................................ 50 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................... 52 5.1 INFORMAÇÕES OBTIDAS COM A ANÁLISE DA DFC ............................................. 52 5.2 INFORMAÇÕES OBTIDAS COM A ANÁLISE DA DOAR .......................................... 56 5.3 VISÃO COMPARATIVA ENTRE A DOAR E A DFC ................................................... 57 5.4 ANÁLISE DOS DADOS DA ENTREVISTA ................................................................... 58 5.4.1 Opinião dos entrevistados quanto à substituição da DOAR pela DFC .................... 58 5.4.2 Os aspectos entendimento, informação e decisão ....................................................... 62 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 65 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 68 ANEXO 1 – ENTREVISTA ................................................................................................... 71

Page 13: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

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ANEXO 2 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) ............................... 74 ANEXO 3 – RESUMO DA DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR) ............................................................................................................. 76

Page 14: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

1 INTRODUÇÃO

A globalização da economia, por meio do desenvolvimento do mercado de capitais

internacional, do crescimento de investidores estrangeiros e também a formação de blocos

econômicos fez surgir à necessidade de informações para seus usuários. Tanto para os

usuários que necessitam de informações para a tomada de decisões, quanto para os usuários

que precisam divulgar informações que atendam as necessidades do mercado. Cada um desses

usuários encontra-se inseridos em locais diferentes, com diferenças de leis, costumes, cultura,

mas a grande diferença em questão esta na existência de diferenças entre as normas contábeis

entre os países inseridos neste contexto de globalização dificultando o processo de

comunicação entre os diversos usuários das informações contábeis.

Diante deste conflito de necessidade de informação contábil e da dificuldade de

comunicação entre os usuários, existe uma tendência mundial visando à padronização dos

procedimentos contábeis, no intuito de possibilitar uma maior interação das empresas, dos

investidores e do mercado de capitais em função do fenômeno da globalização.

Gomes (2000, pag. 01) destaca a expectativa dos usuários quanto à divulgação

contábil afirmando: “A contabilidade como instrumento fundamental no processo de

mensuração e meio de comunicação [...] não pode dar margem ou interpretação equivocada”.

Dentre os objetivos da contabilidade destaca-se a transparência da realidade

econômica e financeira das empresas, com a divulgação de suas operações, ou seja, a

evidenciação, que seria a forma pela qual a administração de cada entidade atende seus

usuários externos com as informações necessárias para a tomada de decisões. Assim a

contabilidade já não é considerada como mero instrumento decisório, mas como fornecedora

de informações que possam ser vistas e entendidas internacionalmente.

É neste ambiente que os padrões internacionais de contabilidade foram fortalecidos, e

a busca pela convergência das práticas contábeis brasileiras com as internacionais se faz

necessária. Essa necessidade se encontrava nos tramites burocráticos há vários anos, mas com

a aprovação da lei 11.638/2007 o Brasil da um grande passo pela busca dessa padronização.

Page 15: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

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Essa nova lei tem objetivo de criar condições para harmonizar as práticas contábeis

adotadas no País e respectivas demonstrações contábeis, com as práticas e demonstrações

exigidas nos principais mercados financeiros mundiais, mais precisamente a contabilidade

internacional.

A lei 11.638/2007 promoveu várias mudanças no cenário contábil nacional, alterando

desde a estrutura do Balanço Patrimonial introduzindo novos grupos de contas no mesmo e

extinguindo outros. Algumas demonstrações financeiras deixaram de ser obrigatórias, como a

Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) sendo substituída pela

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), teve também o surgimento da Demonstração do

Valor Adicionado (DVA), mudanças nos Critérios de Avaliação, mudanças na Demonstração

do Resultado do Exercício (DRE) e entre outras.

A Demonstração do Fluxo de Caixa é uma das demonstrações que passou a ser

obrigatória para as sociedades abrangidas pela lei 11.638/2007, diante deste contexto

levantou-se a seguinte questão: será que a DFC, instituída pela lei 11.638/2007 é de fato

um demonstrativo com características para substituir a DOAR, sem que com isso se

tenha perda na qualidade da informação?

Como já dito, a globalização e a constante evolução tecnológica abriram as portas do

mercado internacional, fazendo com que a Contabilidade assuma um papel cada vez mais

importante e notável no cenário econômico financeiro atual. Diante deste novo contexto, o

profissional contábil deve estar atento as constantes mudanças devendo ser mais flexível para

poder atender as exigências desse novo mercado, não somente a nível nacional, mas também

internacional e buscando maior rapidez na qualidade das informações, comparabilidade e

transparência nas demonstrações financeiras e outros relatórios contábeis, em busca de

facilitar cada vez mais o entendimento de seus usuários no que tange a tomada de decisões

econômicas e financeiras, mas sempre dentro dos limites da ética e normas que regulam a

profissão.

Devido à abrangência do assunto, este trabalho visa discutir a capacidade

informacional da contabilidade por meio da DFC em substituição a DOAR, na tentativa de

avaliar se esta substituição foi benéfica ou não para seus usuários quanto às contribuições para

a evidenciação contábil. Não se pretende neste trabalho orientar seus leitores na elaboração de

quaisquer demonstrações financeiras.

Demonstrar conhecimento e entendimento no assunto tratado neste trabalho é sem

duvida um passo a frente para qualquer profissional da área que busca reconhecimento na sua

atividade, pois o mercado de trabalho hoje é cada vez mais competitivo e, ira se destacar o

Page 16: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

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profissional que se antecipar na busca de informações e estiver atento as frequentes mudanças

que ocorrem e principalmente, mantiver uma educação continuada.

1.1 OBJETIVOS

Para atender as expectativas do referido trabalho, tem-se alguns objetivos:

1.1.1 Objetivo geral

Verificar se a substituição da DOAR pela DFC trazida pela lei 11.638/2007 trouxe

benefícios na qualidade e interpretação da informação contábil dentro de uma empresa do

ramo industrial.

1.1.2 Objetivos específicos

• Relatar a importância da evidenciação contábil para seus usuários e sociedade;

• Determinar a importância do processo de convergência para as normas internacionais

de contabilidade;

• Descrever os objetivos, a importância e os aspectos introdutórios quanto à elaboração

e divulgação da DOAR;

• Identificar a importância da DFC para seus usuários;

• Determinar se a substituição ocorrida apresentou melhora ou piora na qualidade das

informações contábeis.

Page 17: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

2 EMPRESA E/OU AMBIENTE

Em agosto de 1995, nascia a Rafitec Indústria e Comércio de Sacaria Ltda. no

município de Xanxerê – SC, fundada pelos senhores Eloy Luiz Vaccaro e Marcio Vaccaro,

hoje Diretor presidente da empresa. Tendo como objetivo principal a produção de sacos de

ráfia. Em dezembro do mesmo ano, foi produzido o primeiro saco. Contando com poucas

máquinas e apenas 25 colaboradores, produziam cerca de 230.000 (duzentos e trinta mil)

sacos/mês. A empresa mudou-se de local por duas vezes em Xanxerê e por esse motivo sentia

a necessidade de ter seu próprio prédio, para que conseguisse desenvolver bem o projeto

estabelecido. Recebeu então convite para mudar-se para Xaxim/SC.

Em março de 1998, a Rafitec mudou-se totalmente para Xaxim, com um prédio

próprio de 2.300 m² de área construída, com mais equipamentos e condições de trabalho,

absorvendo aproximadamente 60 (sessenta) colaboradores. Na entrada de ano 2000, ampliou

suas instalações, adquiriu novas máquinas e aumentou em grande escala sua produção

diversificando a linha de produtos. Hoje, a Rafitec com uma capacidade instalada de

13.000.000 sacos ao mês e 200.000 big bags ao mês, desenvolve e comercializa seus produtos

para todo Brasil e alguns países do exterior. Seu forte mesmo é a venda no mercado interno,

até porque o Brasil tem grande potencial consumidor para sacarias e big bags, já que produz,

por exemplo, grande quantidade de grãos, sementes. Hoje se denomina Rafitec S/A Indústria

e Comércio de Sacarias.

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Figura 1: Parque Industrial Rafitec S/A Fonte: www.rafitec.com.br

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo terá o objetivo de fundamentar os assuntos abordando vários autores.

3.1 IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL PARA OS USUÁRIOS E

SOCIEDADE

Desde os primórdios da contabilidade, quando esta servia a necessidade do gestor em

medir o seu patrimônio, pois ele era muitas vezes o proprietário de sua empresa, havia o

interesse de fornecer informações aos demais usuários interessados no negócio.

O próprio histórico da contabilidade revela um campo de estudo preocupado com a

informação que fornece aos seus usuários, pois a cada nova faze da sociedade mais

informações são requeridas. Assim nasce a contabilidade como sistema de informação,

visando medir e avaliar o patrimônio das entidades, mensurar seu lucro e principalmente,

gerar informações úteis e eficazes para que, quem as analisar, seja capaz de compreender e

trabalhar com essas informações visando à melhor gestão do patrimônio.

A contabilidade tem dois objetivos primordiais: • Apresentar o patrimônio de uma empresa da maneira mais real possível; e • Apurar o resultado econômico das transações negociais de uma empresa, num

determinado período, com a maior precisão possível (OLIVEIRA, 2002, p. 58).

A contabilidade é então um instrumento que fornece o máximo de informações uteis

para a tomada de decisões dentro e fora das empresas. Ela tem sua metodologia voltada em

captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações

patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade.

Page 20: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

20

As informações contábeis são, na realidade, produto das necessidades dos usuários. Os sistemas contábeis atuam em função de seus usuários. Estes buscam nas informações contábeis subsídios para suas decisões, ou seja, formas de reduzirem suas incertezas no processo de tomada de decisão. As decisões são tomadas buscando a maximização dos resultados das atividades de um segmento social (SCHMIDT, 1996, p. 446).

A informação contábil assumiu de certa forma uma função que oferece a sociedade

vários benefícios, incluindo menores riscos ao investir e a melhor destinação e controle dos

recursos.

Com o objetivo de atender seus usuários, a contabilidade elabora demonstrações ricas

em informações que relatam os principais fatos registrados pela contabilidade em determinado

período visando aumentar a produtividade, reduzir custos e manter a qualidade dos bens e

serviços. Por isso que no atual cenário econômico mundial as empresas cada vez mais,

necessitam dessas informações que a contabilidade fornece para melhor administrar suas

atividades e, alcançar seus objetivos.

A contabilidade está vinculada as mudanças sociais que ocorrem ao longo dos anos e que a cada nova mudança exige-se da contabilidade nova postura na divulgação das informações geradas, visando suprir os anseios de informações requeridas pelos seus usuários. Não resta dúvida que o cumprimento da missão da Contabilidade tornou-se mais difícil de ser alcançado, já que cada usuário deseja um conjunto específico de informações que possam suprir seu modelo decisório (IUDICIBUS, 1997, p. 20).

Verifica-se então a importância da contabilidade como fonte geradora de informações

que agrega valor através de seus relatórios para a gestão das empresas, permitindo a cada

grupo principal de usuários a avaliação da situação econômica e financeira da entidade e

também fazer análises sobre suas tendências futuras.

Nos tempos atuais, a informação é uma poderosa ferramenta de gestão e análise que

está à disposição dos empresários e demais usuários destas informações, ou seja, através das

informações contábeis é possível mensurar o desempenho da empresa, traçar um

planejamento estratégico ou fazer uma análise de investimentos, formando então um conjunto

especifico de informações para atender o modelo decisório de cada usuário como citou o

autor.

O objetivo da Contabilidade praticamente permaneceu inalterado ao longo dos anos; as mudanças substanciais verificaram-se nos tipos de usuário e nas formas de informação que têm sido demandadas (IUDICIBUS, 1997, p. 21).

Page 21: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

21

As informações hoje ganharam uma velocidade muito grande com os avanços

tecnológicos, e a contabilidade como uma ciência social aplicada não poderia ficar de fora

dessa evolução.

Com a globalização dos mercados, os usuários da informação contábil são cada vez

maiores e necessitam de informações cada vez mais precisas e que avaliem as características

econômicas e financeiras de empresas com os mais variados ramos de atividade e por

diferentes ângulos.

A profissão contábil tem procurado acompanhar as mudanças e adaptar-se à nova

realidade de mercado, produzindo informações que buscam o máximo de transparência e

compreensão dos dados apresentados procurando uma interação entre o usuário cada vez mais

exigente e a informação contábil, que deve acompanhar a economia que se encontra a cada

dia mais globalizada, e traz junto com ela a necessidade de informações econômicas e

financeiras que se adéquem a este mercado em constante mudança.

As expectativas da sociedade crescem continuamente, uma vez que ela vê a profissão contábil como capaz de enfrentar os desafios do futuro e de cumprir suas responsabilidades. A profissão tem, portanto, de avaliar e reconhecer até onde ela pode atender às expectativas da sociedade, sempre crescentes, adaptando-se às novas situações, seu crescimento será assegurado. Isso exigirá constante comparação entre as expectativas da sociedade e a capacitação dos membros da profissão para atender a essas expectativas. Ela terá, portanto, de atualizar constantemente seus conhecimentos para justificar sua afirmação de que pode atender às necessidades da sociedade (FRANCO, 1999, p. 86).

Diante do exposto pelo autor, entende-se que o profissional contábil de hoje deve

interagir com as novas perspectivas do mercado e da própria contabilidade mantendo-se

atualizado e em constante aperfeiçoamento para poder enfrentar os desafios das mudanças

existentes e também das mudanças que estão por vir. O que se percebe também, é que a

contabilidade por meio das informações que gera, presta um serviço relevante para as

empresas e consequentemente para a sociedade, contribuindo para a solução de problemas

econômicos, financeiros e até mesmo sociais.

A contabilidade não é e nem nunca será um luxo das empresas, ou algo burocrático

que serve somente para atender a legislação fiscal e societária. A contribuição da

contabilidade vai muito além desses conceitos, sendo ela uma ciência, e como tal, contribui

para o aprimoramento da própria sociedade.

Esta ciência é uma enorme fonte de registro, interpreta dados empresariais e também

governamentais buscando a plenitude de seu objetivo: a informação contábil, que deve ser útil

e compreensível para seus usuários, desempenhando um papel fundamental na modernização

Page 22: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

22

e internacionalização da economia, pois a informação é um meio necessário para se alcançar

os objetivos de uma sociedade.

3.2 A LEI 11.638/2007

Desde a sua criação, ainda na década de 70, a lei 6.404/1976 surgiu com o objetivo de

trazer maior transparência para os procedimentos contábeis e administrativos para as

empresas de capital acionário principalmente. No entanto com o passar dos anos as inovações

nos processos financeiros, nas formas de apuração de resultado bem como a necessidade de

informações socioeconômicas das empresas e principalmente, as constantes alterações

legislativas, fizeram com que a lei 6.404/1976 perde-se parte de sua eficiência e eficácia de

quando fora implantada. Todo este processo se deu mediante ao tão conhecido fenômeno da

globalização, que estabeleceu novos padrões nas relações políticas, sociais e econômicas do

mundo.

Lembra-se também, que à existência de práticas contábeis diferentes pelo mundo tem

sido um problema para a melhor compreensão e comparabilidade das informações

econômicas e financeiras, sendo por meio da contabilidade que os principais agentes

econômicos do mundo buscam estas informações. Por esse motivo, busca-se também à

convergência das normas contábeis no mundo, com o intuito de facilitar o processo de

comunicação das economias.

Diante do exposto, o Brasil não poderia então ficar alheio a tantas mudanças ao seu

redor. Nasce então a lei 11.638/2007 que tramitou durante 7 (sete) anos na Câmara dos

Deputados, como projeto de lei n° 3.741/2000 que tinha a finalidade de possibilitar a

eliminação de algumas barreiras regulatórias que impediam a inserção total das companhias

abertas no processo de convergência contábil internacional, além de aumentar o grau de

transparência das demonstrações financeiras em geral. Foi aprovada então pelo congresso e

sancionada pelo Presidente da Republica na forma da lei 11.638/2007, que altera, revoga e

introduz novos dispositivos à lei 6.404/76 (lei das sociedades por ações) e também da lei

6.385/76, instituindo várias mudanças nos padrões nacionais de contabilidade relativas à

elaboração e divulgação de demonstrações financeiras, buscando a convergência aos

pronunciamentos internacionais de contabilidade.

Page 23: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

23

Esta convergência é irreversível, insere-se no contexto das melhores práticas de governança corporativa, contribuindo para a maior transparência das informações das empresas, aumentando sua exposição aos investidores internacionais e ao mercado de um modo geral (BRAGA; ALMEIDA, 2009, p. 6).

As novas regras estão alinhadas com o mercado contábil internacional, sendo assim,

estamos caminhando para um processo de transparência, fazendo com que as empresas

divulguem informações que possam ser uteis e compreendidas por todos os usuários da

informação contábil, sejam eles: clientes, fornecedores, governo etc.

A lei 11.638/2007 contribui para a melhoria das praticas de governança, fazendo com

que o mercado de capitais cresça ainda mais, pois com o surgimento de uma nova realidade

econômica no Brasil e o processo de globalização das economias, de abertura de capitais, com

expressivo fluxo de capitais ingressando no país e com as empresas brasileiras captando

recursos no exterior, o país deve possuir normas ou uma regulação contábil que favoreçam a

comparabilidade entre as demonstrações financeiras, dentro do país, e de empresas nacionais

com estrangeiras, buscando a internacionalização da economia e a perspectiva de um único

mercado.

Em função do disposto no § 5° do art. 177 adicionado pela lei n° 11.638/2007, as normas contábeis emitidas pela CVM deverão estar obrigatoriamente em consonância com os padrões internacionais adotados nos principais mercados de valores mobiliários, ou seja, de acordo com as normas emitidas pelo International Accouting Standards Board – IASB, que é hoje considerado como a referência internacional dos padrões de contabilidade (Comunicado ao Mercado, de 14-01-2008, da CVM).

O principal objetivo da lei 11.638/2007 ao entrar em vigor, foi de atualizar as regras

contábeis brasileiras e aprofundar a harmonização destas regras com os pronunciamentos

intencionais, em especial os emitidos pelo International Accouting Standards Board (IASB),

por meio dos International Financial Reporting Standards (IFRS).

A lei produziu alterações específicas, pontuais e de aplicação imediata para as

empresas atingidas por ela, em linha com os padrões internacionais de contabilidade, além de

estabelecer para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aliada com o Comitê de

Pronunciamentos Contábeis (CPC) o poder e o dever de emitir normas para as companhias

abrangidas pela lei em consonância com esses padrões internacionais, para que as

demonstrações financeiras já elaboradas de acordo com as novas práticas adotadas no Brasil

Page 24: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

24

contenham informações que proporcionem um ponto de partida adequado para a contabilidade

de acordo com as novas práticas contábeis adotas no país.

Profissionais experientes que militam a certo tempo no processo de convergência contábil internacional ressaltam que a conversão para IFRS é complexa e exigirá um enorme esforço das empresas, reservando importantes desafios para os próximos anos (...) As mudanças tendem a afetar praticamente todas as áreas das empresas, inclusive nos processos e sistemas de informação (AZEVEDO, 2009, p.19).

A apresentação das demonstrações pelas companhias brasileiras em conformidade

com os procedimentos internacionais de contabilidade trará maior transparência e

confiabilidade das informações, aumentando assim a qualidade no fluxo de informações em

busca a facilitar o acesso das empresas brasileiras ao mercado externo com um custo e riscos

reduzidos, promovendo benefícios para a economia nacional como um todo.

Com a atualização da Lei das Sociedades por Ações, juntamente com o poder

regulatório e interpretativo que a CVM passa a ter apoiando-se nos estudos e normas

levantadas pelo CPC, irão colocar o Brasil, mesmo que aos poucos, mas com muita

serenidade aos níveis mais altos de regulação contábil internacional, exigindo cada vez mais

do profissional contábil, uma educação continuada para que ele possa atender as necessidades

e exigências deste novo mercado trazido pela globalização contábil tendo assim o devido e

merecido reconhecimento da classe.

Entre as diversas alterações promovidas pela nova lei, alguns pontos importantes

podem ser destacados. Em relação às demonstrações contábeis a serem apresentadas pelas

empresas sujeitas a nova lei, a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) substituirá a

Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos (DOAR), assim na seqüência deste

trabalho serão apresentadas as características, objetivos e as informações geradas pelas duas

demonstrações.

3.3 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR)

A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, também conhecida por

Demonstração de Mudanças na Posição Financeira ou ainda Demonstração do Fluxo de

Fundos, procura evidenciar o que afeta a folga financeira de curto prazo de uma empresa,

Page 25: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

25

mostrando de forma organizada as informações relativas às operações de financiamento e

investimento da empresa durante o exercício, e principalmente, identifica as fontes de

recursos responsáveis pelas alterações no capital de giro e onde esses recursos foram

aplicados durante determinado período de tempo.

A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos possibilita ao administrador financeiro analisar as origens e aplicações históricas de recursos da empresa. Sua maior vantagem está na avaliação das origens e aplicações. O conhecimento dos padrões históricos da utilização dos recursos dá ao administrador financeiro melhores condições de planejar as necessidades futuras de recursos em prazos intermediários e longos (GITMAN, 1987, p. 205).

Com essa demonstração os usuários das demonstrações financeiras podem conhecer

como fluíram os recursos ao longo de um exercício, ou seja, quais foram os recursos gerados

e como e onde esses recursos foram aplicados na empresa. A finalidade da DOAR de acordo

com Marion (2003, p. 455), é de “[...]esclarecer a variação que aconteceu no Capital

Circulante Líquido (CCL) entre dois momentos distintos no tempo, referente a uma mesma

empresa.” Enfim a Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos permite a análise do

aspecto financeiro da empresa, tanto no que diz respeito ao movimento de investimentos e

financiamentos e como os recursos da empresa foram obtidos e aplicados em um dado

período.

Os financiamentos estão representados pela origem de recursos, e os investimentos

pela aplicação de recursos, sendo que o significado de recursos na DOAR não se resume

apenas ao dinheiro da empresa ou de suas disponibilidades, o mesmo abrange um conceito

bem mais amplo do que isso.

Os recursos na DOAR representam o capital de giro líquido da empresa, sendo este

denominado pela lei das Sociedades por Ações (lei 6.404/1976) de Capital Circulante

Líquido. Conforme Iudícibus (1998, p. 218), ao se subtrair do Ativo Circulante o valor do

Passivo Circulante, “[...] ter-se-á o que se denomina Capital Circulante Líquido, também

chamado de Capital de Giro Líquido”.

A forma mais utilizada para se calcular o Capital Circulante Líquido, como o próprio

autor citou, é através da diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante (CCL= AC

- PC), porém o significado financeiro do CCL é distinto dessa diferença, podendo ser

observado pela diferença entre fontes de financiamento do longo prazo e de Investimentos de

Longo Prazo. Em termos de análise, se a empresa possuir uma fonte de recursos de longo

prazo maior que os investimentos de longo prazo, o CCL desta será positivo, caracterizando a

Page 26: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

26

sobra de fontes de financiamentos de longo prazo em relação aos investimentos de longo

prazo. Dessa forma, essa sobra estaria necessariamente aplicada em investimento líquido de

curto prazo, indicando uma folga financeira de curto prazo, sendo este o significado

financeiro do CCL.

Caso existam na empresa investimentos de longo prazo superiores às fontes de

financiamentos de longo prazo, a mesma estará financiando parte de seus investimentos de

longo prazo com recursos de curto prazo, o que consequentemente implica no desligamento

de prazos entre origens e aplicações de recursos, podendo afetar significativamente a posição

financeira da empresa, sua liquidez por exemplo. Nessa situação o Passivo Circulante é

superior ao Ativo Circulante, indicando, em vez de um investimento líquido de curto prazo,

uma fonte de financiamento líquida de curto prazo.

De acordo com Marion (2003, p. 459), o objetivo da DOAR é exatamente mostrar as

alterações do CCL. Só ocorre variação no CCL com operações “[...] não circulante X

circulante”. Em decorrência disto, qualquer “[...] alteração do não Circulante é a causa da

variação do Circulante”. Portanto, quanto à variação do CCL, deve ser observado que está só

ocorrerá se a transação, envolvendo o ativo circulante ou o passivo circulante, tiver reflexo

em um grupo não circulante.

Caso tivermos uma transação envolvendo exclusivamente o ativo circulante e o

passivo circulante o CCL não sofrerá nenhum tipo de alteração e, o CCL é aumentado pelo

aumento do ativo circulante e reduzido pelo aumento do passivo circulante. Dessa forma a

DOAR para Marion (2003, p. 459), “[...] não evidência, por exemplo, a operação que envolve

Estoque X Fornecedores, uma vez que se trata de Contas de Circulante. Portanto, a DOAR só

existe quando houver alterações simultâneas de Circulante X Não Circulante”.

A DOAR deve apresentar todas as aplicações e todas as origens de recursos, devendo

estás obrigatoriamente serem iguais, assim como o Balanço Patrimonial apresenta no lado

esquerdo (ativo) as aplicações de recursos, e do lado direito (passivo mais patrimônio líquido)

as fontes de financiamentos ou origem dos recursos, pois todas as origens possuem aplicações

e vice-versa.

Porém a DOAR, na sua forma legal de apresentação, que será vista na sequência deste

trabalho, não auxilia no entendimento da igualdade entre origem e aplicação dos recursos,

pois está demonstração é finalizada demonstrando a variação do CCL, e quando a variação do

CCL for positiva na DOAR, ira se ter a impressão que as origens são superiores as aplicações,

e quando a variação do CCL for negativa a impressão é contrária.

Page 27: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

27

Dessa forma a DOAR não apresenta somente as entradas e saídas de dinheiro da

empresa, ela apresenta as variações em função do Capital Circulante Líquido, em vez de

caixa, representa também uma demonstração das mutações na posição financeira da empresa

vista em sua totalidade.

Atualmente existem poucos países que fazem uso desta demonstração, apesar de ser

muito rica em termos de informação. O Brasil seguindo uma tendência mundial substituiu a

DOAR pela DFC com a aprovação da lei 11.638/2007 que entrou em vigor no dia 1º de

janeiro de 2008, estabelecendo a desobrigação da apresentação da DOAR pelas empresas que

até então estavam obrigadas a fazê-la, sendo substituída pela Demonstração dos Fluxos de

Caixa. Os principais motivos desta substituição serão vista na sequência deste trabalho.

3.3.1 Descrição das origens e das aplicações de recursos

3.3.1.1 Origem de recursos

As origens de recursos são representadas pelos aumentos das fontes de financiamento,

ou pelas transferências dos investimentos de longo prazo para curto prazo, resumindo são os

aumentos no Capital Circulante Líquido. Conforme Matarazzo (2007, p. 137) “[...] as origens

de recursos mais comuns são: das próprias operações, dos acionistas e de terceiros”.

As origens de recursos oriundas das próprias operações ocorrem quando as receitas do

exercício são maiores que as despesas. Assim sendo, se ignorarmos as despesas ou receitas

que não afetam o capital circulante líquido, se houver lucro teremos uma origem de recursos e

se ocorrer prejuízo teremos uma aplicação de recursos. Segundo Santos; Shmidt e Fernandes

(2006, p. 112), “[...] o objetivo deste grupo é o de identificar as origens de recursos geradas

pelas operações da empresa, ou seja, recursos gerados pela própria entidade”.

Em caso de a empresa obter prejuízo no período, esse deve ser apresentado no grupo

de aplicações, como sendo o primeiro item de grupo. Entretanto, se a empresa está com

prejuízo, mas, como decorrência dos ajustes, as operações apresentam uma origem de

recursos, a apresentação do prejuízo e de seus ajustes deve ser no agrupamento das origens.

Page 28: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

28

Mas também, se empresa estiver com lucro, mas os ajustes evidenciam finalmente uma

aplicação de recursos, deve ser então apresentado o lucro e seus ajustes no agrupamento de

aplicações. Alguns exemplos de operações que devem ser ajustadas ao lucro ou prejuízo do

exercício na elaboração da DOAR são: depreciação, variação dos resultados de exercícios

futuros, ajustes de exercícios anteriores, equivalência patrimonial, ganhos ou perdas de capital

etc. Segundo Santos; Schmidt e Fernandes (2006, p. 113), “[...] dessa forma evita-se repetir a

maior parte da Demonstração do Resultado do Exercício na Demonstração das Origens e

Aplicação de Recursos”.

As origens de recursos dos acionistas são representadas pelos aumentos de capital

integralizados pelos próprios acionistas no exercício e, também através da formação de

algumas reservas de capital, como: ágio na emissão de ações, alienação de bônus de

subscrição e partes beneficiárias a acionistas, sendo que tais recursos aumentam as

disponibilidades da empresa e consequentemente seu Capital Circulante Líquido.

Mesmo quando a integralização de capital é realizada em bens de ativo permanente,

temos uma origem dos acionistas, pois apesar de não haver uma variação no capital circulante

líquido tem-se simultaneamente uma origem de recursos pela integralização do capital e uma

aplicação de recursos pelo aumento de ativo permanente.

No caso das origens de recursos provenientes de terceiros, são quando a empresa

obtêm empréstimos pagáveis a longo prazo, bem como dos recursos obtidos pela venda de

bens do Ativo Permanente a terceiros, ou também pela transformação do Realizável a longo

prazo em Ativo Circulante.

Ainda nas origens de recursos de terceiros, quando ocorrer aumento do Passivo

Exigível a Longo Prazo pelo valor de novos empréstimos recebidos no exercício e que

geraram aumento do Ativo Circulante, o valor desse empréstimo deve ser caracterizado pelo

seu valor total como Origens, e as reduções por pagamentos ou transferências para Passivo

Circulante devem ser apresentadas com Aplicações.

Ainda, uma redução do Ativo Realizável a Longo Prazo, normalmente representa uma

origem de recursos, pois é transferido para o Ativo Circulante através do recebimento ou da

venda desse ativo, aumentando assim o CCL da empresa. Da mesma maneira, um acréscimo

nesse saldo representa uma aplicação de recursos.

Vale lembrar também que na venda de um bem do imobilizado, a alteração ocorrida

no CCL se da pelo valor da venda. Como o lucro (ou prejuízo) na transação está registrado no

resultado do exercício e, por outro lado, há uma redução no imobilizado pelo ser valor líquido

contábil, basta somá-los para se ter o valor da venda. Porém para que não haja distorções no

Page 29: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

29

entendimento da DOAR, reduz-se do lucro líquido o valor do lucro ou prejuízo da venda do

imobilizado e, ao mesmo tempo, registra-se como origem o valor total produzido por esta

operação.

3.3.1.2 Aplicação de recursos

As aplicações de recursos são representadas pelos aumentos dos investimentos de

longo prazo, ou pelas transferências de fontes de financiamento de longo prazo para o curto

prazo, resumindo são as reduções do Capital Circulante Líquido.

As aplicações das operações surgem quando o resultado do exercício ajustado pelas recitas e despesas que integraram a demonstração do resultado exercício e que não afetaram o CCL, for negativo (SANTOS; SHMIDT e FERNANDES, 2006, p. 114).

Assim, quando as operações da entidade consumir recursos, ou seja, a variação no

CCL for negativa, elas não devem ser apresentadas como origem de recursos, com o seu valor

negativo, pois se trata de uma aplicação de recursos e como tal deve ser classificada.

As aplicações de recursos mais comuns são as seguintes:

a) Inversões permanentes derivadas de:

• Aquisições de bens do Ativo Imobilizado;

• Aquisições de novos investimentos permanentes em outras sociedades;

• Aplicação de recursos no Ativo Diferido;

b) Pagamento de empréstimos a longo prazo, pois, assim como a obtenção de um novo

financiamento representa uma origem, sua liquidação representa uma aplicação.

Na verdade, como o conceito de Recursos é o de Capital Circulante Líquido, a mera

transferência de um saldo de empréstimo do Exigível a Longo Prazo para o Passivo

Circulante, por vencer no exercício seguinte, representa uma aplicação de recursos, pois

reduziu o Capital Circulante Líquido;

c) Remuneração dos acionistas, derivada dos dividendos declarados e/ou juros sobre capital

próprio propostos e/ou distribuídos.

Page 30: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

30

3.3.2 Origens e aplicações que não afetam o capital circulante líquido, mas aparecem

na demonstração

Além das origens e aplicações de recursos relacionadas acima, há inúmeros tipos de

transações que também figuram origens e aplicações, mas que não afetam o Capital

Circulante Líquido, mas devido a sua importância, devem ser representadas na Demonstração

das Origens e Aplicação de Recursos.

Na aquisição de bens do Ativo Permanente, tanto investimentos quanto imobilizados,

pagáveis a longo prazo, é um exemplo claro disso, pois há uma aplicação devido ao aumento

do Ativo Permanente e ao mesmo tempo temos uma origem pelo financiamento obtido pelo

aumento no Exigível a Longo Prazo, como se houvesse entrado um recurso que fosse

imediatamente aplicado.

A conversão de Empréstimos de Longo Prazo em Capital, nesse tipo de operação há

uma origem pelo aumento do capital e, ao mesmo tempo, uma aplicação pela redução do

Exigível a Longo Prazo, como se houvesse ingresso de recurso de Capital aplicado na

liquidação da dívida.

A integralização de Capital em bens do Ativo Permanente é outra situação que resulta

em efeito algum sobre o Capital Circulante Líquido, porém representada na origem pelo

aumento de capital e na aplicação pelos bens do Ativo Permanente recebidos, como se

houvesse essa circulação de recursos.

Outra situação é a venda de bens do Ativo Permanente recebível a longo prazo, está

operação também deve ser apresentada na origem, como se fosse recebido o valor da venda, e

na aplicação, como se houvesse o empréstimo sido feito para recebimento a longo prazo.

3.3.3 Importância da DOAR

Como visto anteriormente, pela natureza das informações apresentadas pela

Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos, tal demonstração demonstra ter grande

Page 31: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

31

utilidade, pois fornece dados importantes que não são contemplados pelas demais

demonstrações contábeis.

Tal demonstração está diretamente relacionada tanto com o Balanço Patrimonial como

com a Demonstração do Resultado do Exercício, complementando ambas as demonstrações,

fornecendo as modificações na posição financeira da empresa pelo fluxo de recursos. Dessa

forma, o conhecimento e a análise da DOAR por parte da empresa é muito útil para avaliar a

sua evolução no tempo, pois a mesma auxilia em importantes aspectos, como citam os autores

a seguir, por exemplo:

• Conhecimento da política de inversões permanentes da empresa e fontes dos recursos correspondentes;

• Constatação dos recursos gerados pelas operações próprias, ou seja, o lucro do exercício ajustado pelos itens que o integram, mas não afetam o capital circulante líquido;

• Verificações de como foram aplicados os recursos obtidos como os novos empréstimos de longo prazo;

• Constatação de se a empresa esta mantendo, reduzindo ou aumentando seu capital circulante líquido;

• Verificação da compatibilidade entre os dividendos e a posição financeira da empresa (IUDICIBUS; MARTINS e GELBECK, 2003, p. 385).

Essa demonstração é também muito importante e muito utilizada no acompanhamento

de desenvolvimento de novos projetos, comparando seus valores realizados com os orçados,

não só para fins internos da administração e de seus acionistas, como também pelos agentes

financiadores do projeto.

Enfim, a análise aprofundada da DOAR, lembrando importância das demais

demonstrações contábeis, permite para a empresa que utilizá-la tirar informações relevantes

para avaliar o seu desempenho num dado período de tempo, avaliando de um modo geral a

administração de variáveis relacionadas ao modo pelo qual a empresa consegue os recursos

necessários para seu funcionamento, ajudando-nos a compreender como e por que a Posição

Financeira mudou de um exercício para outro.

3.3.4 Forma legal de apresentação

Page 32: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

32

A Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos é apresentada conforme os

autores citam com os seguintes grandes títulos:

I – ORIGEM DE RECURSOS Onde são discriminadas as origens, por natureza, e apurado o valor total dos recursos obtidos no exercício. II – APLICAÇÃO DE RECURSOS Onde são relacionadas as aplicações, também por natureza, e evidenciando seu valor total. III – AUMENTO OU RECUÇÃO NO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO Representa a diferença entre o tal das origens e o total das aplicações. IV – SALDO INCIAL E FINAL DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO E VARIAÇÃO Onde são evidenciados Ativo e Passivo Circulante do início e do fim do exercício e respectivo aumento ou redução. (IUDICIBUS; MARTINS e GELBECK, 2003, p. 385)

O texto legal quanto a apresentação da DOAR era o artigo 188 da lei 6.404/1976,

sendo que este com aprovação da lei 11.638/2007 foi alterado sendo tal demonstração

substituída pela Demonstração dos Fluxos de Caixa. O Art. 188 da Lei nº 6.404/1976

reconhecia os critérios de apresentação e o conteúdo dessa demonstração como segue:

A demonstração das origens e aplicações de recursos indicará as modificações na posição financeira da companhia, discriminando:

I – as origens de recursos, agrupadas em:

a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de exercícios futuros;

b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital;

c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo prazo, da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado.

II – as aplicações de recursos, agrupados em:

a) dividendos distribuídos;

b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;

c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido;

d) redução do passivo exigível a longo prazo.

III – o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante líquido.

IV – os saldos no início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes, o montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício (Art. 188 da Lei 6.404/1976).

Page 33: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

33

I – ORIGENS DE RECURSOS

• DAS OPERAÇÕES

Lucro Líquido do Exercício

(+) Depreciação, Amortização e Exaustão

(+) Variações Monetárias de Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo

(+) Perda por Equivalência Patrimonial

(+) Prejuízo na Venda de Bens e Direitos do Ativo Permanente

(+) Recebimentos no Período classificados como REF

(-) Ganhos por Equivalência Patrimonial

(-) Lucro na Venda de Bens e Direitos do Ativo Permanente

(-) Transferência de REF para o Resultado do Exercício

(±) Outras Despesas e Receitas que não afetam o CCL

• DOS PROPRIETÁRIOS

(+) Realização do Capital Social e Contribuições para Reservas de Capital

• DE TERCEIROS

(+) Redução de Bens e Direitos do Ativo Realizável a Longo Prazo

(+) Valor de alienação de Bens ou Direitos do Ativo Permanente

(+) Aumento do Passivo Exigível a Longo Prazo

II – APLICAÇÕES DE RECURSOS

- Dividendos pagos, creditados ou propostos

- Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo

- Aquisição de Bens e Direitos do Ativo Permanente

- Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo

III - VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

IV – DEMONSTRTAÇÃO DA VARIAÇÃO DO CCL

Elementos Inicial Final Variações

Ativo Circulante (AC)

(-) Passivo Circulante (PC)

X

X

X

X

X

X

(=) Capital Circulante Líquido (CCL) X X X

Quadro 1: Modelo de uma DOAR Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

Page 34: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

34

3.4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), com a aprovação da lei 11.638/2007,

passou a compor o grupo de demonstrações financeiras de publicação obrigatória para as

sociedades anônimas que se enquadram na lei, passando a fazer parte do grupo de

informações que são analisadas pelo mercado.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa pode ser definida, de acordo com Iudícibus;

Martins e Gelbeck (2003, p. 32) como uma peça contábil que “[...] visa mostrar como

ocorreram às movimentações de disponibilidades em um dado período de tempo”. Resumindo

em outras palavras o que os autores citam, a DFC é uma demonstração contábil cuja

finalidade é evidenciar o impacto das atividades da empresa no comportamento do caixa. Ela

possibilita apresentar de forma direta ou indireta as mudanças ocorridas no caixa da empresa,

indicando a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa bem como a aplicação de todo o

dinheiro que saiu do caixa em um dado período.

O objetivo primário da DFC é fornecer informações relevantes sobre pagamentos e

recebimentos, em dinheiro, de uma empresa em um dado período de tempo, esclarecendo

situações que geram controversas dentro de uma empresa, como por exemplo, comparando-se

a DRE com a DFC, o porquê de a empresa ter um lucro considerável e estar com o caixa

baixo não conseguindo honrar todos seus compromissos, ou o porquê de a empresa operar

com prejuízo no período e o caixa da mesma ter aumentado.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade, sua estrutura financeira e sua capacidade para alterar valores e prazos dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades. A Demonstração dos Fluxos de Caixa também melhora a comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional para diferentes entidades porque reduz os efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos (Deliberação da CVM n° 547 de 13 de agosto de 2008).

A DFC é capaz de fornecer informações que, analisadas com as demais demonstrações

contábeis, indicam como a empresa está se comportando em relação às suas atividades

operacionais, proporcionando aos gestores da empresa a elaboração do melhor planejamento

financeiro, verificando o momento certo de buscar empréstimos para saldar a falta de fundos,

Page 35: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

35

assim como à hora certa de aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro,

proporcionando maior rendimento à empresa.

As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da

capacidade de que a empresa possui de gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da

época e do grau de segurança de geração de tais recursos. Os usuários das demonstrações

contábeis se interessam em saber como a empresa gera e usa os recursos de caixa e

equivalentes de caixa, independente da natureza de suas atividades.

As empresas necessitam de caixa essencialmente pelas mesmas razões, por mais

diferentes que sejam suas principais atividades geradoras de receita. Elas necessitam dos

recursos de caixa para efetuar suas operações, pagar suas obrigações e prover um retorno para

seus investimentos, e a DFC contempla todas essas informações e, também a necessidade de

Capital de Giro da empresa, sendo este ferramenta importante para analisar se a empresa

possui condições de saldar suas dividas, receber investimentos, bem como avaliar as situações

presentes e futuras do caixa da empresa, tudo isso para que ele não se aproxime da

insolvência.

Com a DFC é possível identificar quais operações representam maior ou menor

geração de caixa. Também é possível verificar onde se encontram as necessidades de caixa,

em maior ou menor intensidade. Assim sendo, a Demonstração dos Fluxos de Caixa, é útil e

importante em vários aspectos e para vários usuários das demonstrações contábeis, os autores

a seguir reforçam ainda mais a capacidade informativa da DFC, salientam que:

As informações da DFC, principalmente quando analisadas em conjunto com as demais demonstrações financeiras, podem permitir que investidores, credores e outros usuários avaliem:

• A capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;

• A capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e

retornar empréstimos obtidos;

• A liquides, solvência e flexibilidade financeira da empresa;

• A taxa de conversão de lucros em caixa;

• A performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os efeitos de

distintos tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos;

• O grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;

• Os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de

investimentos e de financiamentos, etc. (IUDICIBUS, MARTINS e GELBECK,

2003, p.388).

Page 36: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

36

Dessa forma, para que o processo de tomada de decisão ocorra de forma satisfatória, é

necessário que os gestores tenham em mãos informações suficientes para conhecer o

comportamento da empresa e, consequentemente, escolher as alternativas que maximizem o

retorno do investimento. A DFC em conjunto com as demais demonstrações contábeis

apresenta todas essas informações que se fazem necessárias para que os gestores consigam

assim planejar e controlar as atividades da empresa.

As empresas que se utilizarem da DFC, não apenas para atender os aspectos legais,

mas de forma a utilizá-la gerencialmente e analisando a mesma no processo de tomada de

decisões principalmente financeiras, só terão a ganhar com essa análise, pois tal demonstração

constitui uma importante ferramenta de gestão, sendo assim está não deveria ser somente para

as sociedades anônimas como cita a lei, mas sim para qualquer empresa. Lembrando da

importância de se analisar a DFC juntando-a com as demais demonstrações contábeis para

que as decisões sejam tomadas com maior segurança e confiabilidade.

3.4.1 Caixa e equivalentes de caixa

Ao se falar de Demonstração dos Fluxos de Caixa, o conceito de caixa é bem mais

amplo do conceito utilizado no dia-a-dia, ele é ampliada para contemplar também os

investimentos qualificados como equivalentes de caixa. Isso acontece porque faz parte da

gestão de qualquer empresa a aplicação oportuna das sobras de caixa em investimentos de

curto prazo, sendo que estes investimentos são mantidos para os compromissos de caixa a

curto prazo e não para investimento ou outros fins.

A deliberação da CVM nº 547 (2008, p. 4) diz que “[-...] para ser considerada

equivalente de caixa, uma aplicação financeira deve ter conversibilidade imediata em um

montante conhecido de caixa e estar sujeita a um insignificante risco de mudança de valor”.

Vale destacar também, que se consideram como equivalentes de caixa, apenas os

investimentos resgatáveis em até três meses em relação a sua aquisição e os mesmos não

possuem caráter especulativo, de obter lucros exorbitantes com tais aplicações, mas apenas o

de assegurar a estas sobras temporárias a remuneração correspondente ao preço do dinheiro

no mercado.

Page 37: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

37

É importante destacar que os empréstimos bancários são considerados como atividades

de financiamento, devendo ser considerados saldos bancários a descoberto, decorrentes de

empréstimos obtidos por meio de instrumentos como cheques especiais ou conta-corrente

garantidas. A parcela não utilizada do limite dessas linhas de crédito não deverá compor os

equivalentes de caixa.

Os fluxos de caixa excluem movimentos entre itens que constituem caixa ou equivalentes de caixa porque esses componentes são parte da gestão financeira da entidade e não parte de suas atividades operacionais, de investimento ou de financiamento. A gestão de caixa inclui o investimento do excesso de caixa em equivalentes de caixa (Deliberação da CVM nº 547 2008, p. 4).

Assim sendo, as disponibilidades compreendem o caixa puro da empresa, que seria o

dinheiro em espécie ou em conta corrente em bancos, e as aplicações financeiras são os

equivalentes de caixa sendo que as transações entre caixa e equivalentes de caixa não são

contempladas pela DFC.

Dessa forma, ao se elaborar a Demonstração dos Fluxos de Caixa, deve-se

observar não só a movimentação da conta caixa, propriamente dita, como também a

movimentação dos investimentos em altíssima liquides e variação insignificante de valor,

definidos como equivalentes de caixa.

3.4.2 Apresentação da demonstração dos fluxos de caixa

Existem dois grandes métodos para apresentação da DFC que são reconhecidos

internacionalmente: o Método Direto, onde a demonstração é elaborada a partir da

movimentação do caixa e equivalentes de caixa e o Método Indireto, em que a demonstração

é obtida a partir do lucro ou prejuízo do exercício.

A nova norma da lei societária alterada pela lei 11.638/2007 estabelece também:

Art. 176... IV – demonstração dos fluxos de caixa; ... Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo:

Page 38: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

38

I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas durante o exercício, no saldo de caixa e equivalente de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo 3 (três) fluxos:

a) Das operações; b) Dos financiamentos; e c) Dos investimentos (Art. 176 e188 da Lei 6.404/1976 consolidada).

Conforme estabelecido pela lei à empresa deve apresentar os fluxos de caixa

decorrentes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento da forma que

seja mais apropriada para seu ramo de negócio. A classificação por atividade possibilita a

extração de informações que permitem aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre

a posição financeira da empresa e o montante do seu caixa e equivalentes de caixa.

Os autores a seguir descrevem os fluxos das atividades operacionais, de

financiamentos e de investimentos da seguinte forma:

• Atividades operacionais: representam pagamentos e recebimentos atrelados principalmente a geração do lucro operacional da sociedade;

• Atividades de investimentos: significam pagamentos e recebimentos relacionados fundamentalmente com realizações a longo prazo, investimentos, imobilizado, intangível, diferido, renda fixa e renda variável;

• Atividades de financiamentos: representam pagamentos e recebimentos vinculados essencialmente a passivos e patrimônio líquido (BRAGA; ALMEIDA, 2009, p. 12).

As atividades operacionais são as atividades relacionadas à Demonstração do

Resultado do Exercício, ou seja, são as principais atividades geradoras de receita da empresa.

O montante desse grupo serve como indicador para avaliar se as operações da empresa tem

gerado fluxo de caixa suficiente para amortizar empréstimos, fazer novos investimentos sem

recorrer a fontes externas de financiamento etc.

As atividades de investimentos são a aquisição e venda de ativos de longo prazo e

outros investimentos que representam gastos destinados a gerar receitas futuras e fluxos de

caixa que não estão incluídos nos equivalentes de caixa.

Atividades de financiamento são atividades que resultam em mudanças e na

composição do patrimônio líquido e empréstimos a pagar da entidade, que representam

exigências impostas a futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital à empresa.

Essas três atividades estão intimamente ligadas, existindo certa interdependência no

funcionamento de cada uma delas. Quando uma empresa é criada ela estabelece um objeto

social direcionando o foco para sua atividade operacional, que para torná-la viável serão

necessários investimentos para que o negócio seja possível e esses passam a impulsionar sua

atividade de investimento. Esses investimentos são originados de fontes de recursos próprios

Page 39: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

39

e de terceiros, que caracterizam a atividade de financiamento. Portanto, todo o funcionamento

da empresa esta retratado nestes três importantes grupos de atividades que compõem os três

fluxos de caixa apresentados na DFC, observando então a complexibilidade desta

demonstração.

Como já dito, existem duas modalidades para elaboração da DFC, o método direto e o

método indireto, sendo a forma com que a mesma deve ser apresentada é motivo de discussão,

pois as próprias normas internacionais de contabilidade não estabelecem qual método deve ser

utilizado.

No método direto as entradas e as saídas de caixa dos principais componentes da

atividade operacional são apresentadas de forma explicita, ocorrendo um detalhamento do

montante dos principais grupos de recebimento e de pagamentos e, ao final, o saldo das

operações que representa a expressão do volume líquido de caixa provido ou consumido pelas

operações durante o período em questão.

O fluxo de caixa pelo método direto é caracterizado como Fluxo de Caixa no sentido restrito, sendo chamado também como o verdadeiro Fluxo de Caixa por demonstrar efetivamente todos os recebimentos e pagamentos que colaboraram com a variação do caixa naquele período (IUDICIBUS; MARION, 1999, p. 221).

O poder informativo apresentado por esse modelo é importante tanto para os usuários

externos, quanto para os usuários internos na preparação do planejamento financeiro do

empreendimento, proporcionando também informações que podem ser uteis na estimativa de

fluxos de caixa futuros. Segue a estrutura de uma Demonstração dos Fluxos de caixa pelo

método direto:

Page 40: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

40

Quadro 2: DFC pelo método direto Fonte: Deliberação da CVM n° 547, de 13 de Agosto de 2008

No método indireto a função principal é a conversão do resultado econômico constante

da DRE em caixa. A partir desta concepção, parte-se do resultado líquido do exercício,

apurado pelo regime de competência e, com uma serie de ajustes, chega-se ao fluxo de caixa

operacional que seria uma demonstração de resultado numa base de caixa, ou seja, é possível

associar a realização financeira dos itens que compõe a respectiva demonstração contábil.

Com a DFC realizada pelo método indireto, faz-se necessário uma conciliação entre o

resultado contábil ou lucro líquido e o fluxo de caixa líquido gerado pelas atividades

operacionais, visando fornecer informações sobre os efeitos líquidos das transações

operacionais e de outros eventos que afetaram o resultado líquido. O objetivo desta

conciliação “é o de permitir uma ligação entre os regimes de competência e de caixa, DRE e

DFC, respectivamente, uma vez que existem diferenças temporais entre os fluxos de lucro e

de caixa e, por conseqüência, seus montantes não se igualam num período de curto prazo.”

(MARQUES; BRAGA, 2003, p. 28).

Segue a estrutura de uma Demonstração dos Fluxos de caixa pelo método indireto:

Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto Fluxos de caixa das atividades operacionais Recebimentos de clientes Pagamentos a fornecedores e empregados Caixa gerado pelas operações Juros pagos Imposto de renda e contribuição social pagos Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos Caixa líquido proveniente das atividades operacionais Fluxos de caixa das atividades de investimento Aquisição da controlada X líquido do caixa incluído na aquisição (Nota A) Compra de ativo imobilizado (Nota B) Recebido pela venda de equipamento Juros recebidos Dividendos recebidos Caixa líquido usado nas atividades de investimento Fluxos de caixa das atividades de financiamento Recebido pela emissão de ações Recebido por empréstimo a logo prazo Pagamento de passivo por arrendamento Dividendos pagos* Caixa líquido usado nas atividades de financiamento Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalentes de caixa no início do período Caixa e equivalentes de caixa ao fim do período

Page 41: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

41

Quadro3: DFC pelo método indireto Fonte: Deliberação da CVM n° 547, de 13 de Agosto de 2008

A diferença na elaboração da DFC, entre o método direto e o método indireto

encontra-se apenas no grupo das atividades operacionais, uma vez que os fluxos de

Financiamentos e de Investimentos são iguais para os dois métodos. A DFC, quando

elaborada pelo método direto apresenta dentro do grupo das atividades operacionais, primeiro

o valor referente à receita pela venda de mercadorias e serviços, para, em seguida subtrair

deste os valores equivalentes aos pagamentos de fornecedores, salários e encargos sociais dos

empregados, bem como os impostos e outras despesas legais. Já o método indireto apresenta o

fluxo de caixa das atividades operacionais de forma indireta, realizando ajustes ao lucro

líquido do exercício.

Na comparação entre os dois métodos de apresentação da DFC é importante destacar

as vantagens e desvantagens de cada um. De acordo com Campos Filho (1999, p. 48) a

comparação entre os dois métodos deve ir além dos aspectos técnicos:

Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Indireto Fluxo de caixa das atividades operacionais Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição social Ajustes por: Depreciação Perda cambial Renda de Investimentos Despesas de Juros Aumento nas contas a receber de clientes e outros Diminuição nos estoques Diminuição nas contas a pagar - Fornecedores Caixa proveniente das operações Juros pagos Imposto de renda e contribuição social pagos Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos Caixa líquido proveniente das atividades operacionais Fluxo de caixa das atividades de investimento

Aquisição da controlada X menos caixa líquido incluído na aquisição

Compra de ativo imobilizado Recebimento pela venda de equipamentos Juros recebidos Dividendos recebidos Caixa líquido utilizado nas atividades de investimentos Fluxos de caixa das atividades de financiamentos Recebimento pela emissão de ações Recebimento de empréstimos a longo prazo Pagamento de obrigação por arrendamento Dividendos pagos Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalente de caixa no inicio do período Caixa e equivalente de caixa no fim do período

Page 42: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

42

Método indireto - Vantagens • Apresenta baixo custo. Basta utilizar dois balanços patrimoniais (o do início e o

do final do período), a demonstração de resultados e algumas informações adicionais obtidas na contabilidade.

• Concilia lucro contábil com fluxo de caixa operacional líquido, mostrando como se compõe a diferença.

Método Indireto - Desvantagens • O tempo necessário para gerar as informações pelo regime de competência e só

depois convertê-las para o regime de caixa. Se isso for feito uma vez por ano, por exemplo, podemos ter surpresas desagradáveis e tardiamente.

• Se há interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial, e geralmente há, o método indireto irá eliminar somente parte dessas distorções.

Método Direto – Vantagens • Cria condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e

pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais. • Permite que a cultura de administrar pelo caixa seja introduzida mais

rapidamente nas empresas. • As informações de caixa podem estar disponíveis diariamente. Método Direto – Desvantagens • O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos. • A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e financeira em usar as

partidas dobradas para classificar os recebimentos e pagamentos.

3.5 DOAR x DFC

Seguindo uma tendência internacional e, também, em função das necessidades dos

usuários, em especial por parte dos analistas de mercado e investidores institucionais, a lei

11.638/2007 introduz a substituição da DOAR pela DFC (Lei nº 6.404/1976 – art. 176 –

Consolidado com as alterações da Lei nº 11.638/2007 e MP 449/2008), sendo que as

companhias de capital fechado com o patrimônio líquido, na data do balanço patrimonial,

inferior a R$ 2 milhões, não serão obrigadas a elaborar e publicar a DFC.

Tais mudanças mostram uma tendência mundial de dar transparência às informações

contábeis, pois, apesar da DOAR ser uma demonstração mais completa quanto ao volume de

informações, apresenta uma estrutura e conceitos de difícil entendimento a não contabilistas,

enquanto a DFC atende de melhor maneira o público interessado nas informações contábeis

das empresas.

Page 43: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

43

Do ponto de vista prático, portanto, somos favoráveis à substituição, para efeito de divulgação, da DOAR pela DFC, mesmo reconhecendo a perda de capacidade informativa desta frente aquela, mas provavelmente com o ganho líquido decorrente da maior possibilidade de utilização do Fluxo de Caixa por um número muito mais ampliado de usuários (MARTINS; CFC e SANTOS, 2008, p. 78).

A DFC já é adotada em vários outros países ao contrário da DOAR que não é tão

utilizada, e o Brasil com a aprovação da lei 11.638/07 passa a seguir também esta tendência

internacional visando à harmonização com as normas internacionais de contabilidade.

Vejamos abaixo um quadro com as vantagens da DFC e da DOAR:

Vantagens

DOAR DFC

Fornece informações que não constam em outras demonstrações.

Existe tendência mundial de adotar o fluxo de caixa em detrimento da DOAR, pela utilização de uma linguagem comum.

Possibilita melhor conhecimento da política de investimento e de financiamento da empresa.

Oferece maior facilidade de entendimento por visualizar melhor o fluxo dos recursos financeiros

Destinada a mostrar a compatibilidade entre a posição financeira e a distribuição de lucros.

Utiliza um conceito mais concreto, crítico em qualquer empresa, necessário nos curtos/curtíssimos prazos.

Algumas obras enfatizam o seu poder preditivo. Ë necessário para prever problemas de insolvência e, portanto, avaliar o risco, o caixa e os dividendos futuros.

Ë uma demonstração mais abrangente, por representar as mutações em toda a posição financeira.

Possui capacidade analítica maior que o fluxo de caixa , principalmente de longo prazo.

Quadro 4: Vantagens da DFC e da DOAR Fonte: Revista do Conselho Regional de Contabilidade - SP /1997.

Vejamos agora as desvantagens da DFC e da DOAR conforme apresentado no quadro

a seguir:

Page 44: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

44

Desvantagens

DOAR DFC

Depende da conceituação do circulante, o que pode prejudicar sua capacidade analítica.

Não existe consenso sobre que conceito de caixa utilizar. Uns autores aconselham caixa e bancos; outros consideram também títulos de curto prazo. O conceito de equivalente foi proposto em diversas legislações de outros países.

Não é fundamentalmente financeiro, pois aceita ativos não monetários, como os estoques e as despesas antecipadas.

Apresenta volume de informação menor que a DOAR.

O resultado é afetado pelo método de avaliação de ativos não monetários.

A atração pelo Fluxo de Caixa pode levar ao processo de window dressing dessa demonstração. Não obstante a crença contrária, o fluxo de caixa é manipulável.

Apresenta modificações internas do Capital Circulante Líquido de forma residual.

Existe tendência de utilização do fluxo de caixa pelo método indireto, apesar desta metodologia não ser a mais recomendada.

Alguns autores acham sua denominação inadequada, sugerindo a substituição da nomenclatura para "Demonstração das Modificações na Posição Financeira".

Seu uso não tem sido pesquisado de forma científica, inclusive nos países de pesquisa contábil desenvolvida.

Enquanto a DRE obteve aceitação consagrada, o mesmo não aconteceu com a DOAR.

Ë uma demonstração que apresenta dificuldades de entendimento aos usuários, principalmente por trabalhar com o conceito abstrato de capital de giro líquido ou folga financeira de curto prazo.

Quadro 5: Desvantagens da DFC e DOAR Fonte: Revista do Conselho Regional de Contabilidade - SP /1997.

Hoje em dia o que os gestores e usuários das demonstrações financeiras necessitam

são de informações que lhes dêem suporte na tomada de decisões e que essas informações

sejam apresentadas de forma clara e objetiva, em fim, que atendam as suas necessidades. A

DFC se torna superior a DOAR especialmente neste sentido, suas informações são de fácil

entendimento e bem objetivas ao contrario da DOAR, que conforme já comentado existem

Page 45: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

45

dificuldades quanto a sua elaboração e interpretação das transações contempladas pela

mesma.

A contabilidade é uma ciência que tem entre as suas principais funções, fornecer

informações uteis aos diversos usuários, porém se as informações fornecidas não estiverem

sendo entendias pelos usuários, então para que serviriam? Este argumento reforça ainda mais

a substituição da DOAR pela DFC, assim como os tópicos a seguir que apresentam algumas

vantagens da DFC frente a DOAR:

• A DFC apresenta-se em uma linguagem comum e de fácil compreensão aos usuários,

enquanto a DOAR, em geral, é de difícil compreensão pelos usuários, devido à linguagem

técnica com que é apresentada;

• Propicia maior visualização do fluxo dos recursos financeiros, enquanto a DOAR envolve

a avaliação de ativos não-monetários;

• A DFC se faz necessária na previsão de problemas de insolvência e na avaliação de riscos,

caixa e dividendos futuros, enquanto a DOAR não propicia previsões futuras quanto à

disponibilidade financeira da empresa;

• A DFC utiliza o conceito de curto prazo, evidenciando apenas elementos monetários. Já a

DOAR engloba elementos de longo prazo, inclusive não-monetários.

A diferença fundamental entre a DOAR e a DFC é que a DOAR é elaborada no

conceito de capital circulante líquido, dentro do regime de competência, mostrando a posição

financeira da empresa, suas tendências futuras e tem características de médio e longo prazo.

Já a DFC baseia-se no conceito de disponibilidade imediata dentro do regime de caixa,

proporcionando informações concretas, se houve ou haverá dinheiro, quando se deve tomar de

empréstimos e tem características de curto prazo.

A forma com que a DFC é elaborada, propicia fácil leitura e entendimento dos dados

apresentados pela mesma, onde o foco destes dados é a variação do Caixa e Equivalentes de

Caixa, o que, efetivamente, representa o dinheiro pertencente à empresa.

No mundo econômico o processo final de todas as operações é o dinheiro, portanto, o

conceito de dinheiro, ou informações a respeito do dinheiro de uma determinada empresa, é a

informação mais desejada no que tange o processo de tomada de decisão, seja do acionista,

interessado na distribuição de dividendos; seja dos fornecedores, interessados no recebimento

dos seus créditos; seja do governo, interessado no recebimento dos seus impostos; enfim, no

mundo empresarial e/ou econômico, o dinheiro é o principal fator na tomada de decisões e a

Page 46: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

46

Demonstração dos Fluxos de Caixa é uma das demonstrações financeiras que melhor atende

esta necessidade.

Porém Iudícibus e Marion em respeito à substituição da DOAR pela DFC afirmam

que:

A DFC deve ser adota visando atender ao interesse dos usuários pelo conhecimento do fluxo de caixa das empresas e por ser compreendida mais facilmente, principalmente pelos usuários menos afeitos a Contabilidade. Por outro lado, a DOAR não deve ser substituída, apesar de sua reconhecida complexibilidade, pois satisfaz aqueles usuários que podem usufruir de sua superioridade informativa ou mesmo pelo ganho proporcionado pela analise conjunta (IUDÍCIBUS; MARION, 2002, p. 224)

Em fim, nenhuma demonstração contábil, por mais útil que ela seja por si só é capaz

de proporcionar ao usuário de todas as informações importantes necessárias para atender suas

necessidades.

A DFC deve ser adotada para facilitar o conhecimento do fluxo de caixa das empresas

e, devida a sua simplicidade, pode ser acessada pelos usuários menos íntimos da

contabilidade. Mas por outro lado a DOAR, não deveria ser deixada de lado pelas empresas

por não ser mais obrigatória, a mesma deveria continuar a ser elaborada pelas mesmas e

desfrutada da análise dos usuários que possam usufruir de suas informações, seja pela sua

maior abrangência, seja pela própria suscetibilidade da DFC, pois de certa forma essas

demonstrações se complementam e tem a sua importância potencializada quando utilizadas

em conjunto.

Page 47: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

4 METODOLOGIA

4.1 MÉTODOS CIENTÍFICOS

“A característica distintiva do método é a de ajudar a compreender, no sentido mais

amplo, não os resultados da investigação cientifica, mas o próprio processo de investigação.

(KAPLAN, 1972, p. 18).

O método deve permitir a todos, retraçar os procedimentos daquele que alcança um

resultado válido, permitindo a compreensão do caminho seguido no processo de investigação,

ou seja, “[...] a finalidade da atividade científica é a obtenção da verdade, por intermédio da

comprovação de hipóteses, que, por sua vez, são pontes entre a observação da realidade e a

teoria cientifica que explica a realidade.” (LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 46). Resumindo,

o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e

economia, permite alcançar o objetivo, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e

auxiliando nas decisões.

O método utilizado na elaboração deste trabalho foi o método dialético, através deste

foi proposto diálogos passando depois a se referir, ainda dentro do diálogo proposto, a uma

argumentação que fazia clara distinção dos conceitos envolvidos na discussão.

4.2 NÍVEIS DE PESQUISA

A pesquisa exploratória visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador

em volta do assunto levantado, a fim de que este possa formular problemas mais precisos ou

criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores, ou seja, a pesquisa

Page 48: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

48

exploratória é um estudo preliminar em que o maior objetivo é se tornar familiar com o

fenômeno que se quer investigar, de maneira que o estudo principal a seguir seja planejado

com grande entendimento e precisão. Segundo Gil (1999, p. 55), “[...] pesquisas exploratórias

são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de

determinado fato”.

A pesquisa descritiva tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos

sem, entretanto, entrar no mérito do seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência

do investigador, que apenas procura perceber, com o necessário cuidado, a frequência com

que o fenômeno acontece. É importante que se faça uma analise completa desses

questionários para que se chegue a uma conclusão.

A elaboração deste trabalho ocorreu através de pesquisas exploratórias e descritivas.

Na formação de opinião sobre qual das demonstrações contábeis em questão contribuem mais

para a evidenciação contábil e, se os entrevistados são a favor ou não a substituição da DOAR

pela DFC, utilizar-me-ei deste nível de pesquisa para verificar os resultados na opinião dos

mesmos.

4.3 TIPO DE PROJETO

Os tipos de projeto busca identificar a realidade do trabalho na prática e ver sua

eficiência e eficácia. Pode classificar em 5 (cinco) tipos, pesquisa aplicada, avaliação de

resultado, avaliação formativa, propósitos de plano, pesquisa diagnostico.

Para a pesquisa deste trabalho foi utilizada a avaliação formativa, a finalidade desta

“[...] é melhorar ou aperfeiçoar sistemas ou processos. Implica um diagnostico do sistema e

sugestões para a sua reformulação, por isso requer certa familiaridade com o sistema e,

idealmente, a possibilidade de implementar as mudanças sugeridas e observar seus efeitos.”

(ROESCH, 1999, p.74).

Com a avaliação formativa, foi possível o entendimento do tema em questão,

estudando-o de forma aprofundada verificando sua possibilidade aplicação e os ganhos com

esta aplicação.

Page 49: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

49

4.4 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O levantamento de informações é o primeiro passo para conhecermos melhor qualquer

assunto que nos interessa. Neste sentido, quando nos defrontamos com uma temática de

pesquisa, é essencial que procuremos dominar, da melhor maneira possível, o conhecimento

existente sobre este assunto. Para tano é necessário a pesquisa de informações disponíveis,

geradas anteriormente por outros pesquisadores.

No delineamento da pesquisa utilizou-se a pesquisa bibliográfica, que é segundo

Fachin (2006, p. 120) “[...] uma fonte inesgotável de informações, pois auxilia na atividade

intelectual e contribui para o conhecimento cultural em as formas de saber”. Foram

localizadas e consultadas fontes escritas que melhor se adaptem ao tema para, após, coleta de

dados que foram utilizados na elaboração deste trabalho, ampliando e melhorando assim o

conhecimento a respeito do assunto.

Além disso, se fará um estudo de caso, “[...] caracterizado por ser um estudo intensivo.

No método do estudo de caso, leva-se em consideração, principalmente, a compreensão, como

um todo, do assunto investigado. Todos os aspectos do caso são investigados” (FACHIN,

2006, p. 45).

4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A definição do instrumento de coleta de dados se baseou nos objetivos que se

pretendia alcançar com a pesquisa em que se obtêm os dados da realidade para aplicação

técnica. E através da coleta de dados que se iniciam todos os procedimentos científicos no

processo de pesquisa, pode ser considerado como método de investigação.

Os dados podem ser coletados de fontes primárias ou secundárias, “se trata de coleta

de dados primários através de entrevistas e questionários” (ROESCH, 1999 pg. 128). Entre as

técnicas citadas acima se encontram outras como a técnica de documentos e a técnica de

observação.

Page 50: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

50

Para a coleta de dados deste trabalho foi feita uma entrevista, que permitiu um estreito

relacionamento entre pesquisador e pesquisado, com o intuito de agregar o máximo possível

de conhecimento do assunto para poder aplicá-lo de maneira correta e eficaz.

4.6 DEFINIÇÃO DA ÁREA OU POPULAÇÃO-ALVO

É a limitação da área ou população que o estudo será aplicado para se identificar a

realidade da questão. Para Lakatos (2000, pg.99) população “[...] é um conjunto definido de

elementos que possuem determinadas características”. Amostra se define como subconjunto

da população por meio do qual se estabelecem ou se estimam características desse universo

ou população.

A pesquisa foi realizada em uma população, que segundo Fachin é (2006. p.49) “[...]

um conjunto de números obtidos, medindo-se ou contando-se certos atributos dos fenômenos

ou fatos que compõe um universo”.

Assim a pesquisa foi voltada inteiramente para os setores administrativos da empresa

Rafitec S/A.

4.7 TÉCNICA DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Uma vez manipulados os dados e obtidos os resultados, o passo seguinte foi analisar e

interpretar os mesmos, constituindo-se na parte principal da pesquisa.

A análise dos dados apurados é de fundamental importância para a eficácia da

pesquisa, por isso é importante que sejam colocados de forma sintética e de maneira clara e

acessível. Na análise e interpretação dos dados utilizam-se dos métodos a fim de dar

significados mais amplos as respostas e orientar a tomada de decisão, tais métodos podem ser

classificados como qualitativos e quantitativos.

Foi utilizada a pesquisa qualitativa, que utiliza de seus métodos de coleta e análise de

dados que são apropriados para uma fase exploratória de pesquisa. Para a análise e

interpretação de dados Gil (1999) aponta as seguintes técnicas: “estabelecimento de

Page 51: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

51

categorias, codificação, tabulação, análise estatística dos dados, inferência de relações causais

e interpretação de dados”.

Este método foi utilizado neste trabalho, pois o assunto em estudo é complexo, de

natureza social e não tende a quantificação. A pesquisa qualitativa tem como objetivo

principal interpretar o fenômeno que se observa e, traz grande contribuição para o trabalho de

pesquisa apresentando uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de

contribuir para melhor compreensão dos fenômenos.

Page 52: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Para a realização deste trabalho foi feita uma análise comparativa das informações

fornecidas pela DFC e pela DOAR, verificando as principais diferenças entre essas

demonstrações. As demonstrações contábeis utilizadas no trabalho são da empresa Rafitec

S/A Indústria e Comércio de Sacarias.

Após análise comparativa entre as duas demonstrações, foram apresentados os

resultados obtidos e entrevistando os setores contábil, financeiro e a gerência administrativa

da empresa, objetivando conhecer na percepção dos profissionais desses setores as seguintes

informações:

� Se os entrevistados são a favor ou não a substituição da DOAR pela DFC;

� Os principais motivos de serem a favor ou contra essa substituição;

� Se os mesmos acreditam que esta mudança irá melhorar ou não a evidenciação

contábil;

� Conhecer as vantagens e desvantagens da DFC quando comparada com a DOAR na

visão dos entrevistados.

� Verificar os seguintes aspectos quanto a substituição da DOAR pela DFC na visão dos

entrevistados: entendimento, informação e decisão;

5.1 INFORMAÇÕES OBTIDAS COM A ANÁLISE DA DFC

A Demonstração dos Fluxos de Caixa da empresa Rafitec S/A foi elaborada a partir do

método indireto e com os dados obtidos desta demonstração foi possível a elaboração do

quadro a seguir no intuito de se comparar com as informações da DOAR:

Page 53: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

53

RESUMO DA DFC – 2009 VALORES EM R$

CAIXA GERADO PELAS ATIVIDADES OPERACIONAIS 7.797.474

CAIXA CONSUMIDO PELAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO (6.205.718)

CAIXA CONSUMIDO PELAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO (2.694.803)

DIMINUIÇÃO DAS DISPONIBILIDADES (1.103.047)

DISPONIBILIDADES NO FIM DO EXERCICIO 1.167.449

DISPONIBILIDADES NO INÍCIO DO EXERCICIO 2.270.495

VARIAÇAO DAS DISPONIBILIDADES (1.103.047)

Quadro 6: Resumo dos dados da DFC 2009 1 Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

A partir deste quadro nota-se que as informações demonstradas da DFC apresentada

pela Rafitec S/A é possível identificar que as atividades operacionais da empresa geraram um

caixa de R$ 7.797.474 (sete milhões setecentos e noventa e sete mil quatrocentos e setenta e

quatro reais), sendo que o fluxo das atividades operacionais é o principal fluxo da empresa.

Demonstra que a empresa possui grande capacidade de geração operacional de caixa,

suficiente para amortizar seus empréstimos, pagar dividendos, e de fazer novos investimentos

sem a necessidade de captar recursos externos.

Verificou-se também o consumo de R$ 6.205.718 (seis milhões duzentos e cindo mil

setecentos e dezoito reais) em atividades de investimentos. Tal fluxo, por apresentar-se

negativo na DFC demonstra que a empresa está a investindo.

Com novos investimentos a empresa tende a gerar receitas e fluxos de caixa futuros,

assegurando seu funcionamento competitivo no mercado.

Foi consumido com as atividades de financiamento R$ 2.694.803 (dois milhões

seiscentos e noventa e quatro mil oitocentos e três reais), o que demonstra que a empresa

liquidou mais do que captou recursos de fontes externas no período em questão, por isso o

mesmo apresentou-se negativo. Demonstrando que a empresa possui capacidade de liberar

fundos provenientes das atividades operacionais suficientes para saldar seus investimentos, no

entanto o crescimento da mesma não pode ficar limitado pelos fundos provenientes das suas

atividades operacionais, assim a empresa pode buscar novos financiamentos para expandir

ainda mais o seu crescimento.

Essas informações indicam o que ocorreu no período no que diz respeito às saídas e

entradas de dinheiro no caixa da empresa.

Page 54: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

54

Gráfico 1: Resumo dos dados da DFC 2009 Fonte: Desenvolvido pelo acadêmico Daison André Pagani 2010

O resultado desse fluxo foi à diminuição das disponibilidades da empresa, que seriam

o caixa, bancos e aplicações de liquidez imediata (até 90 dias) em R$ 1.103.046 (um milhão

cento e três mil e quarenta e seis reais), sendo que o consumo maior de caixa fora nas

atividades de investimento, onde 67,62% do dinheiro investido teve origem das atividades

operacionais da empresa, 26,84% foi proveniente de recursos externos e o restante, 5,54%

desses investimentos, foi consumido dos saldos que havia no caixa e equivalentes de caixa

vindos do exercício anterior, por isso da diminuição desses.

7.797.474

(6.205.718)

(2.694.803)

(8.000.000)

(6.000.000)

(4.000.000)

(2.000.000)

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

Val

ores

em

(R

$)

Resumo dos dados da DFC

Caixa das AtividadesOperacionais

Caixa das Atividades deInvestimento

Caixa das Atividades deFinanciamento

Page 55: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

55

Gráfico 2: Variação das disponibilidades Fonte: Desenvolvido pelo acadêmico Daison André Pagani 2010

Embora o resultado da variação das disponibilidades fora negativo, não quer dizer que

tenha sido ruim para a empresa, pois como podemos observar no gráfico acima a mesma

possuía um valor bem significativo de sobras de caixa e equivalentes no inicio do exercício,

sendo que a diminuição foi de 48,58%, que foram aplicados em novos investimentos na

empresa e para saldar recursos obtidos de fontes externas, restando ainda R$ 1.167.449 (um

milhão cento e sessenta e sete mil quatrocentos e quarenta e nove mil reais) de disponibilidade

para o início do próximo exercício, demonstrando de fato uma folga financeira excelente.

Analisando os dados apresentados, podemos afirmar que a DFC utiliza conceitos

simples e de fácil interpretação, o que permite uma melhor comunicação com seus usuários,

pois para ser apresentada depende apenas de informações dos Balanços Patrimoniais e da

Demonstração de Resultados do Exercício possibilitando mostrar as mudanças ocorridas no

caixa da empresa desde o momento que sai da DRE até o Balanço Patrimonial.

Através das informações da DFC é possível evidenciar o confronto do fluxo de caixa,

permitindo à administração da empresa decidir com antecedência se a empresa deve tomar

recursos ou aplicá-los, e ainda, avalia e controla ao longo do tempo as decisões importantes

que são tomadas na empresa e seus reflexos monetários.

2.270.495

1.167.449

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000V

alor

es e

m (

R$)

Variação das Disponibilidades

Disponibilidades no inicio doexercício

Disponibilidades no final doexercicio

Page 56: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

56

Com essas informações é possível obter as razões das diferenças observadas entre o

lucro líquido e o caixa gerado pelo lucro líquido, avaliando o impacto que os investimentos e

os financiamentos tiveram sobre a posição financeira da empresa no período considerado.

Resumindo, a facilidade de compreensão da DFC é sua vantagem principal, pois

permite que a comunicação da contabilidade com o usuário possa ser aprimorada, atendendo

assim as necessidades desse usuário, seja ele interno ou externo, possibilitando que essa

demonstração seja utilizada para fins decisórios, por constituir-se numa fonte útil de

informações.

5.2 INFORMAÇÕES OBTIDAS COM A ANÁLISE DA DOAR

Com os dados obtidos da DOAR foi elaborado o quadro a seguir:

RESUMO DA DOAR – 2009

VALORES EM R$

ORIGENS 20.148.380

OPERAÇÕES 7.357.073

FINANCIAMENTOS DE TERCEIROS 12.791.307

APLICAÇÕES 9.173.511

VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO - CCL=(AC-PC) 10.974.869 Quadro 7: Resumo dos dados da DOAR 2009 Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

Pode-se notar que no quadro 7 as atividades operacionais originaram os recursos da

Rafitec S/A num montante de R$ 7.357.073 (sete milhões trezentos e cinqüenta e sete e

setenta e três reais) e os financiamentos de terceiros originaram R$ 12.791.307 (dose milhões

setecentos e noventa e um trezentos e sete mil reais), integrando a parte dos ativos circulantes

totalizados em R$ 20.148.380 (vinte milhões cento e quarenta e oito mil e trezentos e oitenta

reais).

A empresa possui investimentos de R$ 9.173.511 (nove milhões cento e setenta e três

mil e quinhentos e onze reais) totalizados no seu passivo circulante que, variando com os

ativos circulantes representam o capital de giro líquido que a empresa possui.

Page 57: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

57

Vale ressaltar que esses recursos demonstrados não são fáceis de serem

compreendidos, pois falta um detalhamento considerado necessário para melhor entendimento

dos usuários. Logo a DOAR não especificam quais desses financiamentos e investimentos a

empresa tem e também não possibilita avaliar adequadamente a liquidez de curto prazo da

empresa pelo fato de ser de difícil interpretação.

A diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante representa os recursos

financeiros à disposição da sociedade, que serão utilizados para atender as operações do

próximo exercício, portanto neste caso demonstra que a empresa tem mais origem do que

aplicação de recursos, possuindo assim uma variação positiva do CCL de R$ 10.947.869 (dez

milhões novecentos e setenta e quatro mil e oitocentos e sessenta e nove reais).

A preocupação principal da DOAR é evidenciar os itens que alteram o CCL, portanto

não apontam os itens que se modificam dentro do próprio Ativo ou Passivo Circulantes, pois

estes itens não provocam modificações no Capital Circulante Líquido.

5.3 VISÃO COMPARATIVA ENTRE A DOAR E A DFC

Ainda com os dado da DOAR e da DFC da empresa Rafitec S/A elaborou-se o

seguinte quadro, no intuito de se comparar as informações obtidas das duas demonstrações:

RESUMO DA DOAR E DFC – 2009

VALORES EM R$

ORIGENS DOAR DFC

OPERAÇÕES 7.357.073 OPERACIONAL 7.797.474

APLICAÇÕES FINANCIAMENTOS 12.791.307 FINANCIAMENTOS (2.694.803)

INVESTIMENTOS 9.173.511 INVESTIMENTOS (6.205.718)

Variação positiva do CCL

10.974.869 Aumento/Diminuição das Disponibilidades

(1.103.047)

Quadro 8: Comparativo dos dados da DFC e da DOAR Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

A diferença fundamental dessas duas demonstrações é a metodologia na qual são

elaboradas, a DOAR utiliza como base o conceito de capital circulante líquido, dentro do

regime de competência teve uma variação positiva de R$ 10.947.869 (dez milhões novecentos

Page 58: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

58

e setenta e quatro mil e oitocentos e sessenta e nove reais) e a DFC utiliza o conceito de

disponibilidade imediata, dentro do regime de caixa teve uma diminuição das disponibilidades

de R$ 1.103.046 (um milhão cento e três mil e quarenta e seis reais).

Portanto ao final do período em evidencia nas duas demonstrações, o que realmente

tem em caixa líquido na empresa são as informações apresentadas na DFC. Evidenciando a

necessidade ou não de captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa em operações

rentáveis com a finalidade de buscar a eficácia financeira e administrativa da empresa em

questão.

5.4 ANÁLISE DOS DADOS DA ENTREVISTA

Foram entrevistados 3 (três) setores da empresa, gerência administrativa,

departamento contábil e departamento financeiro, totalizando 7 (sete) entrevistados ao todo,

sendo que o retorno do questionário foi de 100%.

Foram escolhidos estes três setores, pois são os que estão realmente envolvidos no

planejamento e controle dos recursos financeiros da empresa.

Para que os entrevistados pudessem responder as questões da entrevista com maior

lucidez, foi primeiramente apresentado aos mesmos um texto com informações extraídas de

pesquisas bibliográficas relatando os principais pontos das demonstrações em questão,

explicando resumidamente cada uma delas e as informações que podem ser extraídas dessas

demonstrações. Foi frisado também os principais motivos da DOAR ter sido substituída pela

DFC.

5.4.1 Opinião dos entrevistados quanto à substituição da DOAR pela DFC

Partiu-se do pressuposto de que um dos fatores determinantes da substituição da

DOAR pela DFC, no Brasil e em vários outros países, ocorreu em razão da dificuldade de

entendimento da DOAR pelos usuários, questionando os entrevistados se esta substituição

Page 59: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

59

realmente melhora a evidenciação contábil da empresa em questão e, se os mesmos são contra

ou a favor dessa substituição chegou-se aos seguintes resultados:

Gráfico 3: Substituição da DOAR pela DFC Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

Dos 7 (sete) entrevistados, 5 (cinco) foram a favor da substituição da DOAR pela DFC

o que representa 71% das opiniões e 2 (dois) dos entrevistados opinaram que são contra a

substituição da DOAR pela DFC representando 29% dos entrevistados, como mostra o

gráfico na acima.

Quanto a opinião dos entrevistados sobre a evidenciação contábil após a substituição

da DOAR pela DFC, 2 (dois) acharam que a mesma não melhorou e não ira melhorar o que

representa 29% das opiniões e, 5 (cinco) entrevistados acharam que a evidenciação contábil

melhorou ou irá melhorar representando 71% das opiniões, como vemos no gráfico a seguir.

71%

29%

Substituição da DOAR pela DFC

Favoravel

Desfavoravel

Page 60: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

60

Gráfico 4: Influência da substituição da DOAR pela DFC na evidenciação contábil Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

Analisando esses dois conjuntos de repostas dos entrevistados que são ou não a favor

da substituição da DOAR pela DFC e as opiniões quanto à influência dessa substituição na

evidenciação contábil e ainda, as respostas obtidas para a verificação na percepção dos

entrevistados quais os principais motivos de serem ou não a favor da substituição da DOAR

pela DFC chegou-se a um resultado muito interessante, a saber:

� Teve os entrevistados que não foram a favor da substituição, afirmando que não

haverá melhora na evidenciação contábil. Estes alegaram que a DOAR apresenta um

nível de informação maior que a DFC satisfazendo as necessidades dos usuários não

sendo necessário na opinião destes outra demonstração;

� Teve também os entrevistados que não são favoráveis a essa substituição, pois

acreditam que uma demonstração complementa a outra, não se tratando de

demonstrações excludentes, mas sim complementares e deveriam ser apresentadas em

conjunto melhorando a evidenciação contábil;

� Dos entrevistados que foram a favor da substituição, tivemos os que acharam que essa

substituição é uma tendência internacional devendo ser seguida e, a DFC é de fácil

entendimento para os usuários principalmente para aqueles menos conhecedores de

contabilidade aumentando assim a quantidade de usuários das demonstrações

contábeis, mas mesmo assim estes acreditam que a substituição da DOAR pela DFC

não melhorou ou irá melhorar a evidenciação contábil;

� Dos entrevistados que foram favoráveis a substituição, tivemos também os que

acreditam que a DFC melhorou ou irá melhorar a evidenciação contábil,

principalmente para os menos afeitos a contabilidade, pois é mais fácil entender o

71%

29%

Influência da substituição da DOAR pela DFC na evidenciação contabil

Melhorou ou irá melhorar

Não melhorou ou não irámelhorar

Page 61: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

61

conceito de caixa usado na DFC do que o de capital circulante líquido usado na

DOAR. Outro aspecto verificado neste grupo de entrevistados foi de que a DFC

possibilita maior visualização do fluxo de recursos financeiros, sendo mais eficaz na

avaliação financeira da empresa, principalmente de sua liquidez, ou seja, sua

capacidade de pagamento.

Observando então os dados levantados com o questionário até aqui, verificou-se que a

maioria dos entrevistados é a favor da substituição da DOAR pela DFC e essa maioria

também acredita que tal mudança melhorou ou irá melhorar a informação contábil. Porém se

levarmos em conta as respostas obtidas por setor em que o questionário foi aplicado vale fazer

algumas observações importantes de serem destacadas, mostrando o principal motivo de

opiniões diferentes quanto à substituição ou não:

� O setor de contabilidade foi o único que teve entrevistados a favor e contra a

substituição da DOAR pela DFC, pode-se afirmar que isso se deu pelo fato destes

apresentarem maior facilidade de leitura e entendimento das demonstrações, tirando da

DOAR, por exemplo, informações que outros usuários menos conhecedores de

contabilidade teriam mais dificuldades em interpretá-las. Os entrevistados que foram

desfavoráveis a substituição neste setor, acham que ambas as demonstrações deveriam

ser apresentadas e analisadas em conjunto, a DFC facilitaria na opinião deste grupo de

entrevistados o conhecimento do fluxo caixa das empresas e ganharíamos um número

maior de usuários da informação contábil por ser mais fácil o seu entendimento, ainda

na opinião dos mesmos, reconhecem que a DOAR é realmente mais complexa, mas

não deveria ser substituída destinando-se aos usuários que podem usufruir de suas

informações;

� Nos outros setores todos foram a favor dessa substituição, pois não assimilam tão

facilmente como o setor contábil, a metodologia com que a DOAR é apresentada, pois

está como já comentado baseia-se no conceito de capital circulante líquido

apresentando valores não monetários, ao contrário da DFC que demonstra os saldos

reais dos recursos financeiros da empresa e como estes fluíram no decorrer do período

em evidência.

Fica claro então que o que mais influenciou os entrevistados quanto à opinião de

serem ou não a favor da substituição da DOAR pela DFC e sua contribuição para a

informação contábil foi o nível de entendimento das informações obtidas da DOAR e da

DFC, pois os setores que teriam menos conhecimento em contabilidade tiveram dificuldades

em assimilar as informações da DOAR e foram a favor de sua substituição achando melhor a

Page 62: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

62

publicação da DFC por ser mais fácil de entender, o que não ocorreu com todos os

entrevistados no setor contábil da empresa.

5.4.2 Os aspectos entendimento, informação e decisão

Sendo um dos objetivos desta pesquisa analisar se a substituição da DOAR pela DFC

melhorou ou não a evidenciação contábil procurou-se, através dos aspectos entendimento,

informação e decisão, verificar esta análise reforçando ainda mais os resultados obtidos até

aqui.

O aspecto entendimento foi escolhido tendo em vista que um dos maiores motivos que

levaram a substituição da DOAR pela DFC, conforme pesquisas bibliográficas, dizem

respeito à dificuldade de entendimento por parte de algum grupo de usuários. O objetivo da

análise deste aspecto é de verificar na opinião dos entrevistados, se realmente existem

dificuldades de entendimento dessa demonstração quando comparada com a DFC e se o

entendimento melhorou ou não com essa substituição.

Com os aspectos informação e decisão buscou-se verificar se as informações trazidas

pela DFC que substitui a DOAR podem realmente auxiliar no processo de tomada de decisão

tendo em vista que o principal objetivo da contabilidade é o de fornecer informações úteis e

confiáveis aos seus usuários, de forma a auxiliá-los na tomada de decisão.

Com os resultados obtidos do questionário que avaliaram tais aspectos, chegou-se ao

seguinte gráfico:

Page 63: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

63

Gráfico 5: Aspectos: informação, entendimento e decisão Fonte: Desenvolvida pelo acadêmico Daison André Pagani, 2010

Para avaliar o aspecto entendimento foram feitas perguntas sobre qual demonstração

apresenta um entendimento mais amplo e fácil de assimilar por parte dos usuários, verificando

se esse aspecto melhorou ou não com a substituição.

Como demonstra o gráfico então, 71% dos entrevistados quando questionados sobre o

aspecto entendimento acham que este melhorou com a substituição da DOAR pela DFC e

29% dizem que não melhorou.

Verificou-se que tal fato deveu-se à grande concordância, por parte dos entrevistados,

que a DOAR, realmente, é de difícil entendimento principalmente para os usuários menos

afeitos à contabilidade, sendo que no setor financeiro e da gerência administrativa da empresa

essa concordância foi de 100%, já no setor contábil da empresa foi bem menor.

No aspecto informação foram questionados os entrevistados sobre qual das duas

demonstrações apresenta-se como uma fonte mais útil de informação verificando se

informação melhorou ou não com a substituição.

Novamente a maioria concordou em favor da DFC, onde 79% acharam que tal quando

comparada com a DOAR, apresenta informações mais úteis para a empresa, principalmente

na gestão dos seus recursos financeiros e, melhorou a qualidade da informação contábil na

opinião desses entrevistados.

71%

29%

71%

29%

86%

14%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

melhorou não melhorou

Aspectos: informação, entendimento e decisão

entendimento

informaçao

decisão

Page 64: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

64

Ressalta-se ainda que entrevistados que acreditam que a DOAR também é uma fonte

útil de informação, até mais que a DFC na opinião destes e, sua substituição não melhorou o

aspecto informação, sendo que estes entrevistados compõe 29% das respostas e encontram-se

no setor contábil da empresa e assim como nos demais aspectos verificados até aqui este setor

é o único entre os entrevistados que defende a DOAR.

Quando questionados a respeito do aspecto decisão a concordância foi ainda maior a

favor da DFC, onde 86% dos entrevistados concordam que a DFC melhora esse aspecto e

apenas 14% acredita que não.

Ainda no aspecto decisão, verificou-se a partir das respostas dos entrevistados que

uma das maiores contribuições da DFC é o auxilio que esta da ao usuário no processo de

tomada de decisão, pois todas as decisões tomadas pelos administradores da empresa têm

repercussão direta no caixa da empresa, lembrando a teoria de que o caixa é coração de uma

empresa, e como a DFC focaliza a atenção de seus usuários ao verdadeiro valor do dinheiro

e/ou do caixa da empresa, considerado como medida mais apropriada para mensurar a

empresa em continuidade, tal demonstração possibilita à administração projetar o futuro da

empresa e melhor visualizar a capacidade de pagamento dos investimentos realizados e da

política financeira empregada.

A partir dos dados levantados com esta análise se verificou que a grande maioria dos

entrevistados concorda em favor da DFC e que está melhorou a evidenciação contábil da

empresa, reforçando ainda mais o fato de que esta demonstração é de um entendimento mais

simplificado do que a DOAR, sendo que os únicos entrevistados que defenderam a DOAR

pertenciam ao setor contábil da empresa e nos demais setores entrevistados todos foram a

favor da DFC, demonstrando a dificuldade de entendimento da DOAR por usuários menos

conhecedores de contabilidade.

Page 65: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foram demonstrados os aspectos relevantes da DFC e da DOAR para

verificar através da percepção dos profissionais da área financeira, contábil e gerência

administrativa da empresa em questão através de uma entrevista com os mesmos, se a

substituição da DOAR pela DFC introduzida pela lei 11.638/2007 melhorou ou não a

evidenciação contábil, que é entendida como o processo pelo qual as informações são

divulgadas através das demonstrações financeiras, sendo que esta não permite à Contabilidade

fornecer informações a usuários conhecidos de modelos particulares de decisão. Dessa

maneira, a Contabilidade procura fornecer informação a usuários não conhecidos com

objetivos múltiplos.

Através da entrevista realizada nos três setores da empresa, verificou-se que essa

substituição melhorou sim a evidenciação contábil, já que 71% dos entrevistados, o que

equivale a 5 (cinco) pessoas de um total de 7 (sete), foram a favor dessa substituição achando

a mesma benéfica para o resultado final da contabilidade, que é a evidenciação contábil e

também, de que a DFC é de mais fácil entendimento quando comparada com a DOAR.

A facilidade de compreensão da DFC frente a DOAR ficou claro na opinião dos

entrevistados quando 71% destes afirmaram que o aspecto entendimento melhorou com a

substituição.

Sendo assim, a DFC, por ser considerada de mais fácil entendimento, traz sua

contribuição à evidenciação contábil através do fornecimento de informações úteis,

lembrando que o conceito de utilidade deve estar associado aos aspectos de materialidade,

quantidade de informação, qualidade e relevância da informação.

Isso se deve ao fato de a mesma trabalhar exclusivamente com o conceito de caixa e

de equivalentes de caixa, mais fácil de ser entendido por qualquer usuário das informações

contábeis, quando a DOAR baseia-se no regime de competência considerando o capital

circulante líquido. Outra contribuição importante que a DFC traz, diz respeito às melhores

condições de avaliação da situação financeira da empresa que a elaboração e divulgação desta

Page 66: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

66

demonstração irá proporcionar, uma vez que o fluxo de caixa mostra a real capacidade de

pagamento das dívidas, sendo um importante indicador da situação financeira da empresa.

Um ponto importante que foi observado, é que dos 5 (cinco) entrevistados que foram a

favor da DFC no lugar da DOAR e, acharam-na de mais fácil entendimento quando

comparada com a DOAR, 1 (um) é do setor de gerência administrativa , 2 (dois) do setor

financeiro e os outros 2 (dois) pertencem ao setor contábil, sendo estes últimos citados os

menos experientes do seu setor. Isso reforça o fato de que a DFC é de mais fácil entendimento

que a DOAR, principalmente para os usuários menos afeitos à Contabilidade, sendo que fora

do setor contábil nenhum outro entrevistado defendeu a não substituição, ficando claro isso

principalmente no próprio setor contábil da empresa, onde 4 (quatro) pessoas foram

entrevistadas e os dois menos experientes do setor como citado acima, responderam em favor

da DFC e, os outros 2 (dois) são profissionais com anos de experiência na área e por isso não

concordaram em substituir a DFC pela DOAR, pois assimilam melhor o conceito de capital

circulante líquido e o regime de competência usados na DOAR do que os outros

entrevistados, e conseguem extrair desta demonstração informações não percebidas pelos

demais.

No setor financeiro da empresa, os dois entrevistados concordaram em substituir a

DOAR pela DFC como já mencionado no parágrafo acima, a explicação para isso é que

historicamente os profissionais desta área trabalham com base no regime de caixa utilizado

como base na elaboração DFC e não pelo regime de competência, este aplicado na DOAR.

A gerência administrativa da empresa também apoiou a substituição da DOAR pela

DFC, considerando-a de mais fácil entendimento e consequentemente mais útil no processo

de tomada de decisão, pois este setor da empresa toma seguidas e importantes decisões, que

causam reflexos diretos no aspecto financeiro da empresa.

Para tomar qualquer decisão o gestor precisa de informações para analisar a real e

atual situação financeira da empresa e nenhuma outra demonstração contábil mostra isso

melhor que a DFC, onde está apresenta o que de fato a nas disponibilidades de uma empresa

demonstrando quanto e como foram gerados seus recursos e onde foram aplicados, isso

comprovou-se quando 71% dos entrevistados acharam que a informação contábil melhorou

com a substituição da DOAR pela DFC.

A relevância da DFC para o processo de tomada de decisão comprovou-se na

importância que os entrevistados deram ao aspecto decisão que pode ser considerado a maior

contribuição que a DFC oferece aos diversos usuários da informação contábil, onde 86% dos

entrevistados concordaram que tal demonstração melhora o processo de tomada de decisão.

Page 67: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

67

Conclui-se, portanto que a adoção da DFC no lugar da DOAR no rol das

demonstrações financeiras obrigatórias, trará importantes contribuições à evidenciação

contábil, pois atende melhor o público interessado nas informações contábeis das empresas e

os objetivos desta substituição que foi introduzida pela lei 11.638/2007, de dar mais

transparência as informações contábeis e consequentemente melhorar o entendimento das

mesmas para os mais diversos usuários da Contabilidade foram atingidos.

Page 68: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Lei n.º 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em 02 out. 2010.

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COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Comunicado ao Mercado, de 14-01-2008.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação n.º 547 Aprova o Pronunciamento Técnico CPC 03 de Pronunciamentos Contábeis, que trata da Demonstração do Fluxo de Caixa. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/>. Acesso em: 28 ago. 2010.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Pronunciamento Técnico CPC 13 – Adoção da Lei n.º 11.638/07 e da Medida Provisória n.º 449/08. Disponível em: < http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_13.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2010.

FACHIN, Odilia. Fundamentos de Metodologia. 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

FERREIRA, Neide de Souza. A importância da gestão do fluxo de caixa no processo decisório das empresas. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2003. Disponível em: <HTTP://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nfs/E5D4B978975DD09A03256FAC00740E9E$File/NT000A45B6.pdf>. Acesso em: 18 set. 2010.

FRANCO, Hilário. A Contabilidade na Era da Globalização. São Paulo: Atlas, 1999.

GIL, Antonio . Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999.

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GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. Tradução Jacob Ancelevicz e Francisco José dos Santos Braga. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1987. IUDÍCIBUS. Sérgio de; MARION. José Carlos. Introdução à Teoria da Contabilidade para o nível de graduação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análises de balanços. São Paulo: Atlas, 1988.

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MARTINS, Eliseu; CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE; SANTOS, Ariovaldo dos. A nova lei das S/A e a internacionalização da contabilidade. Brasília: CFC, 2008.

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SCHIMIDT, Paulo. Uma Contribuição ao Estudo da História do Pensamento Contábil. São Paulo: tese de Doutoramento, USP, 1996.

Page 70: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

ANEXOS

Page 71: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

71

ANEXO 1 – ENTREVISTA

Você é a favor ou contra a substituição da DOAR pela DFC imposta pela lei 11.638/2007?

a) Sim, sou a favor;

b) Não, sou contra.

Resposta Quantidade a 5 b 2

Total 7

Uma das principais funções da contabilidade é de fornecer informações uteis aos usuários

através da evidenciação contábil, com a substituição da DOAR pela DFC, qual sua opinião

entre as alternativas abaixo quanto à evidenciação contábil:

a) Melhorou ou irá melhorar;

b) Não melhorou ou não irá melhorar.

Resposta Quantidade a 5 b 2

Total 7

Se você acha que a DOAR não deveria ter sido substituída pela DFC, qual o principal(s)

motivo(s) em sua opinião entre as alternativas abaixo:

a) Apresenta um volume de informação maior que a DFC, satisfazendo as necessidades

dos usuários;

b) Fornece informações que não constam em outras demonstrações;

c) Possuiu um poder preditivo maior que a DFC;

d) Ou ainda, uma demonstração complementa a outra e, deveriam ser apresentadas em

conjunto.

Resposta Quantidade a 1 d 1

Total 2

Page 72: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

72

Se você concorda com a introdução da DFC no lugar da DOAR, qual o(s) principal(s)

motivo(s) em sua opinião entre as alternativas abaixo:

a) A DFC permite um melhor entendimento aumentando a comunicação entre a

contabilidade e o seu usuário, além de ser essa substituição uma tendência

internacional;

b) A DOAR é de difícil entendimento, principalmente para os não contabilistas;

c) A DFC possibilita maior visualização do fluxo de recursos financeiros, sendo mais

eficaz na avaliação financeira da empresa;

d) É mais fácil entender o conceito de caixa usado na DFC do que o conceito de capital

circulante líquido na DOAR

Resposta Quantidade a 1 b 1 c 1 d 2

Total 5

Levando em conta o aspecto entendimento, qual sua opinião quanto à substituição da DOAR

pela DFC:

a) Melhorou;

b) Não melhorou.

Resposta Quantidade a 5 b 2

Total 7

Levando em conta o aspecto informação, qual sua opinião quanto à substituição da DOAR

pela DFC:

a) Melhorou;

b) Não melhorou.

Resposta Quantidade a 5 b 2

Total 7 7 - Levando em conta o aspecto decisão, qual sua opinião quanto à substituição da DOAR

pela DFC:

a) Melhorou;

Page 73: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

73

b) Não melhorou.

Resposta Quantidade a 6 b 1

Total 7

Page 74: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

74

ANEXO 2 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)

RAFITEC S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE SACARIAS

Demonstração dos Fluxos de Caixa dos exercícios findo em 31 de dezembro de - (Em reais)

2009 2008 FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS a) RESUTADO LÍQUIDO AJUSTADO 20.412.834 9.622.570

Lucro (Prejuízo) do Exercício

2.291.267

(504.117)

Depreciação e Amortização

4.721.039

3.225.087

Despesa (Receita) Variação Cambial -

53.657

Perda/Ganho na Alienação Imobilizado

6.950

(8.874)

Juros sobre Capital Próprio

1.929.583

1.822.476

Juros sobre Aplicações Financeiras

(2.504.019)

(1.039.151)

Juros sobre Empréstimos/Debêntures

13.717.521

5.020.848

Equivalência Patrimonial

(65.725)

980.644

Provisão para Contingências

316.218

72.000 b) ACRÉSCIMO/DECRÉSCIMO DO ATIVO (12.298.147) 308.541

Contas a Receber de Clientes

(262.137)

(44.218)

Estoques

(264.845)

(4.045.000)

Adiantamentos

(11.023.199)

6.081.580

Outras Contas a Receber

(1.137.759)

(888.270)

Realizável a Longo Prazo

389.793

(795.551) c) ACRÉSCIMO/DESCRÉCIMO DO PASSIVO (317.213) 1.448.337

Fornecedores

2.115

706.327

Obrigações Tributárias

196.654

175.102

Obrigações Sociais

262.723

259.353

Outras contas a Pagar

(1.325.707)

307.555

Exigível a Longo Prazo

547.002 - CAIXA LÍQUIDO PROVENIENTE

DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS 7.797.474 11.379.448 FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

Page 75: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

75

Valor da Venda de Ativos Imobilizados

491

10.000

Aquisição de Investimentos

(164.623)

(624.613)

Aquisição de Ativos Imobilizados

(3.915.610)

(12.081.485)

Aquisição de Ativos Intangíveis

(6.854)

167.077

Empréstimos Concedidos a Terceiros -

(321.000)

Empréstimos Concedidos a Empresas Ligadas

(9.798.034)

(2.491.994)

Aplicação em Renda Fixa e Renda Variável

(7.500.000)

(9.271.593) Resgate de Aplicação em Renda Fixa e

Renda Variável

15.178.912

8.656.499 CAIXA LÍQUIDO PROVENIENTE DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS (6.205.718) (15.957.109) FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS

Captação de Empréstimos e Financiamentos

16.823.052

8.195.342

Pagamentos de Empréstimos e Financiamentos

(17.663.244)

(3.632.120)

Pagamento de Juros sobre Capital Próprio

(1.854.611)

(860.372) CAIXA LÍQUIDO PROVENIENTE DAS ATIVIDADES

DE FINANCIAMENTOS (2.694.803) 3.702.850 AUMENTO/DIMINUIÇÃO DE CAIXA E EQUIVALENTES (1.103.047) (874.811) SALDO INICIAL DE CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA 2.270.495 315.306 SALDO FINAL DE CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA 1.167.449 2.270.495

"As notas explicativas são partes integrantes das demonstrações financeiras"

Page 76: Analise Comparativa Entre DOAR e DFC

76

ANEXO 3 – RESUMO DA DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR)

Valores em Reais

1 - Origem de Recursos 20.148.380

Das Operações

7.357.073

Dos Proprietários -

De Terceiros 12.791.307

2 - Aplicação de Recursos 9.173.511

3 - Variação do Capital Circulante Líquido 10.974.869

4 - Demonstração da Variação do CCL

Elementos Inicial Final Variações

Ativo Circulante

39.132.878

49.864.696

10.731.818

(-) Passivo Circulante 6.896.280

6.653.229 (243.051) (=) Capital Circulante Líquido (CCL) 32.236.598 43.211.467 10.974.869