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29 de setembro a 04 de outubro de 2013 Brasília-DF Congresso Brasileiro de Software: Teoria e Prática Anais WTRANS 2013 I WORKSHOP DE TRANSPARÊNCIA EM SISTEMAS

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29 de setembro a 04 de outubro de 2013

Brasília-DF

congresso Brasileiro de Software: Teoria e Prática

AnaisWTRANS 2013 I WoRkShop de TRANSpARêNcIA em SISTemAS

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WTRANS 2013I Workshop de Transparência em Sistemas

29 de setembro de 2013 Brasília-DF, Brasil

ANAISCOORDENAÇÃO DO wtRANs 2013

Julio Cesar Sampaio do Prado Leite (PUC-Rio) André Luiz de Castro Leal (UFRRJ/PUC-Rio)

Marília Guterres Ferreira (PUC-Rio)

COORDENAÇÃO DO CBsOFt 2013

Genaína Rodrigues – UnB Rodrigo Bonifácio – UnB Edna Dias Canedo - UnB

REAlizAÇÃO

Universidade de Brasília (UnB) Departamento de Ciência da Computação (DIMAp/UFRN)

PROmOÇÃO

Sociedade Brasileira de Computação (SBC)

PAtROCíNiO

CAPES, CNPq, Google, INES, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e RNP

APOiO

Instituto Federal Brasília, Instituto Federal Goiás, Loop Engenharia de Computação, Secretaria de Turismo do GDF, Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação do GDF e Secretaria da Mulher do GDF

Volume 01 ISSN: 2178-6097

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WTRANS 2013

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Volume 01 ISSN: 2178-6097

Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte

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WTRANS 2013

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APREsENtAÇÃO

Recentes movimentos sociais registram uma forte tendência na necessidade de considerar

explicitamente a informação aberta em sistemas que são de interesse do cidadão. Essa abertura no

sentido de acesso à informação é um tema central no estudo do conceito de Transparência.

A recente Lei de Acesso à Informação brasileira é um reflexo desse movimento e traz uma série de

desafios para a evolução de sistemas que precisam lidar com informação aberta. Esses desafios estão

presentes em diversas áreas de interesse de pesquisa, com forte impacto na construção de sistemas

que venham a lidar com essa nova demanda.

Dados abertos, usabilidade orientada ao cidadão, acessibilidade, apresentação de informação,

proveniência da informação e confiança na informação são algumas das novas necessidades que os

sistemas terão que atender. Discuti-los num contexto de software, que apoiarão os referidos sistemas,

é importante para que se possa ter uma visão interdisciplinar para um desafio de tal magnitude. O

desafio aplica-se tanto no uso de sistemas para prover transparência, como na própria arquitetura dos

sistemas que devem ser transparentes.

O objetivo desse workshop é procurar agregar diferentes pesquisadores com interesse tanto em

Ciência da Computação, como em outras áreas, no sentido de discutir como tratar os referidos

desafios, para nortear a criação de tecnologias que deem efetivo apoio na evolução de sistemas na

direção da transparência.

Iniciar o workshop na comunidade de engenharia de software é uma proposta proativa. À medida que

o mercado pressionar por mais transparência nas informações e nos processos executados, tanto por

órgãos públicos como por organizações privadas, o profissional de sistemas e, particularmente, o

desenvolvedor de software, terão que lidar com diferentes requisitos não funcionais.

Discutir sob a ótica de pesquisa como lidar com esses novos desafios é o objetivo central do nosso I

Workshop de Transparência em Sistemas (I WTranS).

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BiOgRAFiA DOs COORDENADOREs / ChAiRs shORt BiOgRAPhiEs

PROF. JuliO CEsAR sAmPAiO DO PRADO lEitE http://lattes.cnpq.br/6871006250321522

Membro do Working Group 2.9 (Software Requirements Engineering) da IFIP (International Federation

for Information Processing) é um dos fundadores da área de Engenharia de Requisitos. Tem

participação ativa nessa área; quer como membro do corpo editorial do Requirements Engineering

Journal da Springer, quer como membro, desde de 1993, do comitê de programa da conferência

internacional de requisitos (RE). Além da Engenharia de Requisitos, tem trabalhado em outras áreas,

principalmente em reuso de software; tendo sido o General Chair da ICSR. Cientista do Nosso Estado

(1999, 2007 e 2009), professor visitante da Universidade de São Paulo(ICMC), professor visitante

da Universität Kaiserslautern, cientista visitante do Fraunhofer IESE, professor convidado da ECI da

Universidad de Buenos Aires, visiting scholar na University of Toronto e cientista visitante do Projeto

Lucretius - Università degli Studi di Trento. É membro da Association for Computing Machinery e da

IEEE Computer Society. Sócio fundador da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) , participou de

seu conselho entre 1996 e 2000. Tem participado de alguns seminários Dagstuhl. É Co-editor do livro

Perspectives on Software Requirements e co-fundador da série WER (Workshop em Engenharia de

Requisitos) e da série FEES (Fórum de Educação em Engenharia de Software). Autor do livro:” Livro Vivo:

Engenharia de Requisitos”. Através de palestras ou consultoria tem ajudado diversas organizações na

adoção de novas tecnologias

PROF. ANDRé luiz DE CAstRO lEAl http://lattes.cnpq.br/7302692557217402

Atua no mercado de TI desde 1992 em cargos como de Analista de Sistemas, Consultor, Gerência de

Projetos de Software. Prof. da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Doutorando em informática

pela PUC-Rio e mestre em Ciência da Computação pela UFV. Especialista em Ciência da Computação

pela UFV. Especialista em Gestão de TI pela Faculdade Machado Sobrinho. Interesse em Engenharia

de Software, Gerência de Projetos de Software, Qualidade de Processos de Software, Processos

Organizacionais, Ontologia, Transparência de Software. Atuou ou atua em empresas como PNUD/

ONU, Unimed, Embrapa Gado de Leite, MRS Logística, Laboratório de Engenharia de Software PUC-Rio,

Rhealeza Informática, Grupo Mult, CAEd, entre outros.

mARíliA gutERREs FERREiRA http://lattes.cnpq.br/9540472751590233

Doutoranda do Departamento de Informática da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (DI-

PUC-Rio) (2011.2 - atual) e pesquisadora do Laboratório de Engenharia de Software da PUC-Rio (LES)

(2011.2 - atual). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da Universidade

Federal de Santa Catarina (PPGCC-UFSC) (2008.1/2011.1). Bacharel em Ciência da Computação pela

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) (2004.1/2007.2). Graduação Sanduíche ao participar do

Programa UNIBRAL Brasil / Alemanha CAPES / DAAD - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) /

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Centro Universitário Univates / Fachhochschule Gelsenkirchen (FHGe) (09/2006 a 03/2007). Integrante

dos Grupos Pet (Programa de Educação Tutorial) (05/2004 a 09/2006) e do LaCA (Laboratório de

Computação Aplicada) (09/2006 a 03/2008). Professora na Faculdade Barddal (Florianópolis - SC) das

disciplinas de Engenharia de Software, Algoritmos, Estruturas de Dados, Programação WEB e Banco de

Dados (2010.1/2011.1).

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COmitês téCNiCOs / tEChNiCAl COmmittEEs

André Luiz de Castro Leal, UFRRJ/PUC-Rio

Antônio de Pádua Albuquerque Oliveira, UERJ

Asterio Kiyoshi Tanaka, UNIRIO

Carla Silva, UFPE

Claudia Cappelli Aló, UNIRIO

Eduardo Almentero, PUC-Rio

Henrique Prado Sousa, PUC-Rio

Herbet Cunha, PUC-Rio/Petrobras

Jaelson Castro, UFPE

José Carlos Vaz, USP/Leste

José Luis Braga, UFV

Julio Cesar Sampaio do Prado Leite, PUC-Rio

Leticia Duboc, UERJ

Liziane Soares Santos, UFV

Luiz Marcio Cysneiros, York University/Canada

Mauricio Serrano, UnB-FGA

Marcus Vinicius de Azevedo Braga, CGU/Brasil

Marília Guterres Ferreira, PUC-Rio

Milene Serrano, UnB-FGA

Patrícia Vilain, UFSC

Priscila Engiel, PUC-Rio

Renata Mendes Araújo, UNIRIO

Sérgio Manuel Serra da Cruz, UFRRJ

Vera Maria Benjamim Werneck, UERJ

PAlEstRANtE CONviDADO / iNvitED kEyNOtE

PROF. DR. JOsé CARlOs vAz http://lattes.cnpq.br/0053168971489438

Professor da Universidade de São Paulo - Escola de Artes, Ciências e Humanidades, no curso de Gestão

de Políticas Públicas. Graduação em Administração pela Universidade de São Paulo (1986), Mestrado

em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas SP (1995) e doutorado em Administração

de Empresas - Sistemas de Informação pela Fundação Getúlio Vargas SP (2003). Tem experiência na

área de Administração Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: governo eletrônico,

atendimento ao cidadão, inovações em gestão pública, desenvolvimento local, planejamento

estratégico, governança e transparência.

liNk PARA visuAlizAR ARQuivOs

Demais detalhes do evento podem ser vistos em (papers, downloads, palestrantes, etc)

http://wtrans.inf.puc-rio.br

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íNDiCE DE ARtigOs / tABlE OF CONtENts

RElAÇõEs DE iNtERsEÇÃO ENtRE tRANsPARêNCiA E O mPs.BR Henrique Prado Sousa, André Luiz de Castro Leal, Marília Guterres Ferreira,

Julio Cesar Sampaio do Prado Leite, Arndt von Staa

PROCEssO DE AvAliAÇÃO DA tRANsPARêNCiA ORgANizACiONAl Kizzy Macedo Benjamin, Claudia Cappelli, Gleison Santos

REQuisitOs PARA CONstRuÇÃO DE um PADRÃO PuBliCAÇÃO DA ExECuÇÃO DE ORÇAmENtO PúBliCO NO BRAsil Marcelo T. Santana, Gisele S. Craveiro

tRANsPARêNCiA DAs CONtAs PúBliCAs E CONtROlE sOCiAl viA PORtAl DO CiDADÃO – um EstuDO DE CAsO Lislaine Krupek Braz de Oliveira, Cristiano Maciel

CONstRuÇÃO DO mODElO DE mAtuRiDADE Em tRANsPARêNCiA ORgANizACiONAl Claudia Cappelli, Priscila Engiel, Julio Cesar Sampaio do Prado Leite,

Vanessa Nunes, Asterio Tanaka, Renata Mendes de Araujo, Gleison Santos,

Kizzy Benjamim, Miriam Moraes

DEsAFiOs DA tRANsPARêNCiA NO CONtExtO DA tERCEiRizAÇÃO DO DEsENvOlvimENtO DE sOFtwARE NO sEtOR PúBliCO Fabíola Ferreira de Macedo, Patrícia Vilain

AÇõEs DE tRANsPARêNCiA NO PROCEssO DE DEsENvOlvimENtO DE sOFtwARE NO sEtOR PúBliCOFabíola Ferreira de Macedo, Patrícia Vilain

tRANsPARêNCiA Em sistEmAs multiAgENtEsCaique Peixoto, Maurício Serrano e Milene Serrano

DEsAFiOs PARA A gOvERNANÇA ElEtRôNiCA E DADOs gOvERNAmENtAis ABERtOs Em gOvERNOs lOCAisJosé Carlos Vaz, Manuella Maria Ribeiro, Ricardo Matheus

O PROCEssO DE CONstRuÇÃO DE léxiCO AmPliADO DA liNguAgEm PARA A tRANsPARêNCiAPriscila Engiel, Marília Guterres Ferreira, Antonio Lutfi, Julio Cesar Sampaio

do Prado Leite

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tRANsPARêNCiA E tEstABiliDADE PARA A gERAÇÃO AutOmAtizADA DE CAsOs DE tEstE DE sOFtwAREEdgar Sarmiento Calisaya, Julio Cesar Sampaio do Prado Leite

iNCORPORANDO tRANsPARêNCiA NA PEDAgOgiA AtRAvés DO usO DE JOgOs PARA ENsiNOElizabeth Suescún Monsalve, Vera Maria B. Werneck, Julio Cesar Sampaio do

Prado Leite

usiNg tRANsPARENCy mODEls tO EvAluAtE OPEN DAtA systEms: A CAsE stuDy usiNg A mExiCAN OPEN DAtA PlAtFORmHugo Estrada, Blanca Vazquez, Karen Najera

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Relações de Interseção entre Transparência e o MPS.BR

Henrique Prado Sousa1, André Luiz de Castro Leal

1,2, Marília Guterres Ferreira

1,

Julio Cesar Sampaio do Prado Leite1, Arndt von Staa

1

1 Departamento de Informática – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-

Rio) Rio de Janeiro – RJ – Brasil 2 ICE/DEMAT – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropédica, RJ, Brasil

{hsousa, aleal, mferreira, arndt @inf.puc-rio.br}, www.inf.puc-rio.br/~julio

Resumo. O modelo MPS.BR sugere uma série de práticas para dar suporte à melhoria da qualidade do

processo de software. Por outro lado, atualmente existe uma forte tendência para questões de

Transparência relacionadas ao processo organizacional, informação e software. Ao avaliar processos

elaborados para atender as exigências dos níveis de MPS.BR são identificadas características de

Transparência. Desta forma, há um entendimento de que implantar o MPS.BR contribui para a

Transparência, e vice-versa. Portanto, é relevante identificar um relacionamento bidirecional que pode

potencializar o processo de alinhamento entre as abordagens. O objetivo deste artigo é abrir uma

discussão sobre as principais convergências dos processos dos níveis do modelo MPS.BR com

Transparência.

Keywords: Transparência, MPS.BR, processo, software, qualidade.

1. Introdução

O conceito de Transparência surge no decorrer dos últimos anos nos contextos social, empresarial e político

[1]. Uma justificativa é a ampliação do acesso à informação como forma de possibilitar maior nível de

confiabilidade em serviços prestados. Diversas iniciativas têm sido realizadas com esse intuito, tais como, a

Lei Sarbanes-Oxley [2], a iniciativa EITI (Extractive Industries Transparency Initiative) [3] e a

Transparência Brasil [4]. A demanda pela aplicação da Transparência em diferentes domínios sugere a

necessidade de aprofundamento nos estudos do seu conceito e formas de aplicá-la.

O Grupo de Engenharia de Requisitos da PUC-Rio (GER PUC-Rio) [5] estuda, em especial, a

aplicação da Transparência em processos, informação e software. Nas pesquisas, Transparência é entendida

como um atributo qualitativo [10], portanto um requisito não funcional, que é definido através de relações

de contribuição com outros atributos de mesma natureza. Apesar do entendimento da Transparência como

um requisito não funcional, ela não se propõe apenas a ser um requisito implementado no código fonte do

software, mas uma característica transversal a todo o ciclo de construção, o que inclui, por exemplo, o

processo de desenvolvimento, artefatos (manuais, diagramas, casos de uso...), interface, estados do software,

publicidade e processo do sistema de informação automatizado. A Transparência pode ser aplicada para

benefício da equipe de desenvolvimento, do programador que lê o código, do cliente que lê um artefato, de

um grupo da sociedade com objetivo específico (auditores e avaliadores) e também de um usuário.

Durante os estudos do GER PUC-Rio voltados para a implementação da Transparência em

software foi identificada uma similitude ao modelo de qualidade de software MPS.BR (Melhoria de

Processos do Software Brasileiro). Para isso, fizemos um estudo comparativo entre a Transparência,

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conforme definido por [5], e o Modelo de Referência (MR.MPS) [9]. Os resultados iniciais demonstraram

que o MPS.BR possui correlações com Transparência através de propósitos (metas) presentes em ambas as

abordagens. Desta forma, é possível projetar operacionalizações que contribuam positivamente tanto na

ótica de Transparência quanto na maturidade em software, o que possibilita a definição de processos

contendo a qualidade de Transparência ao mesmo tempo em que se encontram alinhados ao MPS.BR.

Este artigo apresenta a perspectiva de pesquisa sobre o tema, sendo dividido como segue: na Seção

2 são apresentados os objetivos da pesquisa; na Seção 3, as contribuições científicas; na Seção 4, os

resultados iniciais já alcançados; e na Seção 5 são apresentadas as perspectivas de trabalhos futuros.

2. Objetivos da Pesquisa

O objetivo da pesquisa é fazer um estudo das relações de contribuição entre Transparência e o MPS.BR.

Neste trabalho procura-se investigar como Transparência pode potencializar processos orientados ao

MPS.BR, bem como uma análise inversa para demonstrar que a relação contrária também é verdadeira, ou

seja, como o MPS.BR sugere características de Transparência. Para estruturar o conceito de Transparência,

foi desenvolvido pelo GER PUC-Rio um catálogo [6] composto por três níveis. No primeiro nível estão os

requisitos não funcionais identificados que possuem relação de contribuição com Transparência. Todos os

elementos desse nível estão expressos em softgoals (ou metas flexíveis), formando um grafo do tipo

Softgoal Interdependency Graph (SIG) [11], denominado no contexto de Transparência como “SIG de

Transparência” [6] (Erro! Fonte de referência não encontrada.). O grafo é composto por três camadas

que relaciona Transparência com as seguintes qualidades básicas: Acessibilidade, Usabilidade, Informativo,

Entendimento e Auditabilidade.

Figura 1. SIG de Transparência de Software [6].

Os elementos estão relacionados através de links de contribuição, que pode ser positiva (help) ou

negativa (hurt). Cada elemento no grafo denota uma “qualidade” intrínseca à Transparência, por isso todos

os relacionamentos são de help. A Transparência é uma qualidade resultante da aplicação desses elementos,

que podem contribuir de diferentes maneiras [6]; no segundo nível encontram-se um conjunto de questões

que remetem às necessidades básicas de cada elemento folha do SIG de Transparência, ou seja, são questões

que necessitam ser respondidas positivamente para que o elemento receba uma contribuição positiva e passe

a existir em algum grau; no terceiro nível está um conjunto de ações (chamadas de operacionalizações) que,

uma vez executadas, contribuem positivamente para o atributo de qualidade relacionado, ou seja, respondem

positivamente a uma ou mais questões da segunda camada. Essa estrutura foi baseada no método GQM

(Goal-Question-Metrics) [7], adaptado para GQO (Goal-Question-Operationalization) [8] para substituir as

métricas da proposta original por relacionamentos entre questões e suas operacionalizações.

No contexto de software, a Transparência quando atua no elemento “informação”, incentiva a sua

disponibilização de forma clara e objetiva, melhora o acesso, auxilia no seu entendimento e permite ainda

que canais de comunicação estejam abertos para acesso livre pelo o público alvo [5]. Esses benefícios

podem ser aplicados visando tanto o usuário final quanto os próprios profissionais que atuam no

desenvolvimento do software. Para beneficiar um usuário final, por exemplo, poderiam ser gerados produtos

com características de Transparência que colaborariam com a facilidade de comunicação, informatividade

do conteúdo textual, clareza dos elementos representativos, completude da documentação e rastreabilidade

de operações do usuário. Por outro lado, uma equipe de desenvolvimento de software se beneficiaria das

qualidades de Transparência que resultassem em artefatos de requisitos mais detalhados, explicativos e

11

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explícitos, os quais reduzissem as dificuldades de comunicação com o usuário e entre os próprios membros

da equipe. Segundo [5] e [6] o entendimento de dois aspectos são necessários: A) Transparência do

Processo: um processo é transparente se pudermos ter Transparência sobre sua execução. Essa

Transparência pode ocorrer em tempo real ou ter sido registrada no seu ínterim para uso posterior,

entretanto, este registro tem que ser considerado confiável. Em outras palavras, para que exista a

Transparência do processo é necessário ter um mecanismo de monitoração. Representações estáticas de um

processo são possíveis, por exemplo, um fluxograma ou um código de um software; mas para efetivamente

ser transparente, a execução do processo deve ser registrada. B) Transparência da Informação: considerando

que processos necessariamente produzem informação, dizemos que temos Transparência da Informação

quando o registro de um fato está disponível de maneira transparente. Uma informação representa um fato

ocorrido num tempo determinado, portanto possui período de existência e, a princípio, sempre estará

disponível. Diferentemente da Transparência do Processo, não é necessário informar como a informação foi

produzida, mas sim que seu conteúdo e apresentação possuam características de Transparência.

Apresentadas as definições e características de Transparência é importante abordar sucintamente o

modelo MPS.BR para que sejam iniciadas as condições de relação. O modelo é conhecido e amplamente

divulgado na comunidade científica e empresarial e está dividido em níveis [9]: A (Em Otimização), B

(Gerenciado Quantitativamente), C (Definido), D (Largamente Definido), E (Parcialmente Definido), F

(Gerenciado) e G (Parcialmente Gerenciado), necessários para que a organização suba degraus em direção a

excelência na qualidade de software. Este trabalho ressalta a análise das relações de Transparência com o

nível F do MPS.BR. O nível de maturidade F é composto pelos processos Aquisição (AQU), Garantia da

Qualidade (GQA), Gerência de Configuração (GCO), Gerência de Portfólio de Projetos (GPP) e Medição

(MED). Além da decomposição do nível em processos, existem os Resultados Esperados dos Atributos dos

Processos (RAPs) que estabelecem os resultados a serem obtidos com a efetiva implementação do processo.

Estes resultados podem ser evidenciados por um produto de trabalho ou mudança significativa de estado ao

se executar o processo. O detalhamento dos RAPs para cada nível pode ser visto em [9]. Aqui, iremos tratar

o texto de detalhamento dos RAPs de forma pontual quando for motivo de comparação entre as abordagens.

3. Contribuições Esperadas

Com essa pesquisa espera-se entender qual o grau de relação entre as abordagens com o objetivo de projetar

processos com operacionalizações que correspondam simultaneamente às duas expectativas. Desta forma

também seria possível instanciar processos capazes de serem certificados, mas que enfatizam certas

qualidades de Transparência específicas. Como trabalho inicial foram traçados os elementos em comum

presentes no catálogo de Transparência e do MPS.BR.. Esses elementos são os atributos de Transparência e

os processos do nível F do MPS.BR. As relações foram baseadas principalmente nos enunciados dos

propósitos dos processos, a partir da identificação de palavras-chave que expressam os diversos objetivos

que devem ser alcançados pelo respectivo nível do MPS.BR. Observou-se que diversos elementos (palavras-

chave) são semelhantes aos softgoals de Transparência ou estão presentes nas questões do catálogo de

Transparência, demonstrando a afinidade das características intrínsecas nas duas abordagens.

O texto a seguir demonstra a discriminação do propósito do nível F [9]: “O principal foco do nível

F é agregar processos de apoio à gestão do projeto no que diz respeito à GQA e MED, bem como

aqueles referentes à organização dos artefatos de trabalho por meio da GCO. Esses processos

adicionais possibilitam uma maior visibilidade de como os artefatos são produzidos nas várias etapas do

projeto e do processo. Essa visibilidade tem como foco analisar se os artefatos produzidos no processo e no

projeto estão de acordo com os padrões e procedimentos estabelecidos, o que ajuda muito na implantação

do programa de melhoria de processo sob o ponto de vista de institucionalização.”.

A descrição do nível F apresenta dois pontos que estão correlacionados com características de

Transparência. O texto indica que no MPS.BR existe a preocupação com o estabelecimento dos processos

(em negrito) e de artefatos (sublinhado) gerados por eles. A Transparência também tem sua aplicação sobre

processos e informação. Ou seja, ao tratar a Transparência de Processo há a preocupação de se estabelecer

modelos de processos alinhados aos atributos de Transparência (Figura 1), como também de se estabelecer

processos que tornem explícitos (visibilidade) seus artefatos (informação), conforme relatado anteriormente

em “Transparência da Informação”. Isso sugere que a construção de processos baseados em uma abordagem

do MPS.BR já contribui para processos mais transparentes, apesar de não possuir esse objetivo explicito.

Portanto, podemos supor que algumas operacionalizações de Transparência podem contribuir para que o

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objetivo do nível F seja alcançado. Assim, verifica-se uma relação de duas vias, ou seja, tanto do ponto de

vista de Transparência, quanto do ponto de vista do MPS.BR, visualizam-se contribuições.

4. Resultados Iniciais

Na análise dos processos do MPS.BR foi possível obter a avaliação de convergência entre as abordagens até

as RAPs dos processos do nível F. O método aplicado é o mesmo explicado anteriormente (palavra-chave).

Primeiramente vamos à discussão sobre a convergência entre a Transparência e os processos do nível F do

MPS.BR . As palavras-chave ou sentenças que apresentam referências aos elementos de Transparência

(softgoals e/ou questões do catálogo) estão marcadas em negrito. No processo de GCO foram identificadas

as palavras/sentenças “estabelecer e manter integridade” e “Disponibilizá-los”. A partir disso foram

criados relacionamentos com os seguintes atributos: Acessibilidade (Portabilidade, Disponibilidade e

Publicidade), para corresponder à necessidade de “disponibilizar os produtos de trabalho”; Informativo

(Completeza, Corretude, Atualidade, Comparabilidade, Consistência, e Integridade), para manter a

qualidade das informações que serão disponibilizadas; e Auditabilidade (Validade, Controlabilidade,

Verificabilidade, Rastreabilidade, Explicação), para garantir que a informação é confiável. No processo

GQA foram identificadas as palavras/sentenças “garantir”, “conformidade com os planos e recursos

predefinidos”. Esta palavra somada à sentença resume o propósito do processo (Garantir conformidade

com os planos e recursos predefinidos). A partir disso, foram criados os relacionamentos com os seguintes

atributos: Informativo (Corretude, Atualidade, Consistência, Integridade) para garantir a qualidade da

informação em documentações; e Auditabilidade (Validade, Controlabilidade, Verificabilidade,

Rastreabilidade, Explicação) para auxiliar principalmente no acompanhamento dos elementos planejados de

forma a garantir a “conformidade”. No processo MED foram identificadas as palavras/sentenças “coletar e

analisar”, “de forma a apoiar os objetivos organizacionais”. As sentenças somadas resumem o propósito

do processo (Coletar e analisar dados de forma a apoiar os objetivos organizacionais). A partir disso, foram

criados relacionamentos com os seguintes atributos: Informativo (Clareza, Completeza, Corretude,

Atualidade, Comparabilidade, Consistência, Integridade) para garantir a qualidade das informações geradas

a partir das medições. No processo AQU foram identificadas as palavras/sentenças “gerenciar a

aquisição”, “satisfaçam as necessidades”. As sentenças somadas resumem o propósito do processo

(Gerenciar a aquisição garantindo a satisfação das necessidades). A partir disso, foram criados

relacionamentos com os seguintes atributos: Informativo (Completeza, Corretude, Atualidade), para garantir

a qualidade dos requisitos; e Auditabilidade (Verificabilidade, Rastreabilidade, Explicação), para garantir o

acompanhamento e justificativas das aquisições. No processo GPP foram identificadas as palavras/sentenças

“iniciar e manter projetos”, “de forma a atender os objetivos estratégicos”, “este processo

compromete o investimento”, “estabelece a autoridade”, “justificam”. A partir disso, foram criados

relacionamentos com os seguintes atributos: Informativo (Completeza, Corretude, Atualidade,

Comparabilidade, Consistência, Integridade), para garantir a qualidade da informação utilizada no processo;

e Auditabilidade (Verificabilidade, Rastreabilidade, Explicação), para garantir o acesso ao histórico de

ações, responsáveis, recursos utilizados, produtos desenvolvidos e justificativos de tomadas de decisão.

Não é possível apresentar discussões aprofundadas sobre as relações identificadas devido ao

tamanho limitado do artigo, portanto, neste trabalho elas são demonstradas com efeito preliminar do estudo.

Outras identificações poderão ocorrer e o processo de relacionamento deve ser o mesmo. A Tabela 1 resume

e evidencia as relações entre atributos de Transparência e processos do nível F:

Tabela 1. Relações entre atributos de Transparência e processos do Nível F do MPS.BR

Atributos de

Transparência

MPS.BR – Nível F

GCO GQA MED AQU GPP

Portabilidade X

Disponibilidade X

Publicidade X

Clareza X

Completeza X X X X

Corretude X X X X X

Atualidade X X X X X

Comparabilidade X X X

Consistência X X X X

Integridade X X X X

Validade X X

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Controlabilidade X X

Verificabilidade X X X X

Rastreabilidade X X X X

Explicação X X X X

A mesma sistemática foi aplicada nas RAPs da GCO. As interseções das correlações mostraram-se

também aderentes. A seleção aleatória do processo GCO para nosso estudo segue a mesma motivação da

seleção do nível F, como forma de restringir o escopo do trabalho. Ao comparar o conjunto de palavras-

chave que foram identificadas nos RAPs, com os relacionamentos criados a partir da análise do enunciado

do processo GCO é possível verificar a consistência destes relacionamentos, uma vez que eles encontram-se

textualmente mais detalhados na descrição nos RAPs por se tratar de um nível inferior (mais operacional)

em comparação aos níveis e seus processos. A Figura 2 apresenta os relacionamentos, partindo de

Transparência para o processo GCO. Os atributos identificados nos enunciados dos RAP estão destacados

no grafo modelado no padrão SIG (Figura 2). É possível notar que as palavras-chave marcadas com

círculos, negrito ou sublinhados são coincidentes em ambas as propostas.

Figura 2 – Relação dos atributos de Transparência com CGO.

Tais relações são justificadas não apenas nas descrições dos softgoals como Consistência,

Completeza, Integridade, Controlabilidade, Disponibilidade e Rastreabilidade, conforme proposto no grafo

(Figura 2), mas principalmente pelas questões descritas no catálogo de Transparência [6]. A Tabela 3

apresenta algumas dessas descrições para efeito de exemplificação do contexto abordado.

Tabela 2 - Operacionalizações de Transparência [6].

Características Operacionalizações

Consistência

Verificar igualdade entre produtos de processos similares.

Comparar etapas do processo com dados armazenados.

Comparar resultados com objetivos dos processos.

Comparar nome das atividades com suas descrições.

Completeza

Identificar se o conjunto de atividades atinge o objetivo.

Verificar se processos similares tem as mesmas atividades

Possuir todas as atividades necessárias a sua execução

Disponibilidade

Disponibilizar processos através de bancos de dados.

Automatizar processo com ferramentas de Workflow.

Suportar o processo com sistemas de informação.

Integridade

Oferecer informações de forma imparcial.

Permitir confirmação das informações.

Apresentar fontes das informações.

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5. Conclusão

Esse trabalho é um primeiro esforço de apresentar convergências entre duas abordagens que estão

relacionadas à qualidade de software. Os resultados da comparação demonstram indícios de interseção entre

as abordagens Transparência e MPS.BR. No trabalho foram apresentados os conceitos e estrutura de

características de Transparência, bem como do MPS.BR. As interseções entre as abordagens foram

aplicadas a partir de objetivos expressos em palavras-chave identificados nos textos que apresentam os

propósitos gerais (metas) dos níveis, processos e RAPs do MPS.BR e também do catálogo de

Transparência. Para efeito de contextualização e minimização de escopo, a pesquisa foi focada no nível F do

MPS.BR, seus processos e resultados esperados do processo GCO.

Pelas observações tratadas no trabalho é possível identificar que diversos atributos de

Transparência estão inseridas implicitamente no MPS.BR. Isso significa que ao aplicar o MPS.BR, já ocorre

um esforço voltado à Transparência e vice-versa. Apesar disso, é importante que no momento da elaboração

de processos que atendam ao MPS.BR, sejam verificadas as características formais de Transparência,

visando tornar o processo proposto mais aderente.

Por tratar de questões sobre Transparência em processos, o trabalho assemelha-se ao relatado em

[12] onde os autores tratam da avaliação de um processo de software na esfera pública a partir de

características de Transparência. Como trabalho futuro pretende-se estabelecer relações entre Transparência

e um determinado processo de software com os RAPs de um nível do MPS.BR. A intenção é observar a

transformação do processo e o esforço na adição de características de Transparência.

Referências

1. Fung, A., Graham, M., Weil, D. (2007), “Full Disclosure, the Perils and Promise of Transparency”,

Cambridge University Press.

2. SOX - Sarbanes-Sox (2002). Disponível em: <http://www.soxlaw.com> Acessado em: 22/06/2013.

3. EITI – Extractive Industries Transparency Initiative. Disponível em: http://eitransparency.org. Acessado em:

22/06/2013.

4. TransBra - Transparência Brasil. 2000. Disponível em: <http://www. transparencia.org.br/index.html>.

Acessado em 22/06/2013.

5. GER PUC-Rio. Grupo de Engenharia de Requisitos, PUC – Rio. 2013. Disponível em:

<http://www.er.les.inf.puc-rio.br/~wiki/index.php>. Acessado em: 20/06/2013.

6. Cappelli, C. (2009), “Uma Abordagem para Transparência em Processos Organizacionais Utilizando

Aspectos”, Rio de Janeiro. 328 p. Tese de Doutorado – Departamento de Informática, PUC- Rio.

7. Basili, V.R. (1992), “Software Modeling and Measurement: The Goal Question Metric Paradigm”, Computer

Sc. Technical Report Series, CS-TR-2956 (UMIACS-TR-92-96), University of Maryland, College Park, MD.

8. Serrano, M., Leite, J.C.S.P. (2011), “Capturing Transparency-Related Requirements Patterns through

Argumentation”, First International Workshop on Requirements Patterns (RePa´11) em conjunto com 19th

IEEE International Requirements Engineering Conference (RE'11), Trento, Italy.

9. Softex (2012), Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. MPS.BR, Melhoria do

Processo de Software Brasileiro: Guia Geral, SOFTEX.

10. Leite, J.C.S.P., Cappelli, C. (2010), “Software Transparency. Business & Information Systems Engineering”,

Springer 127-139.

11. Chung, L., Leite, J.C.S.P. (2009), “On Non-Functional Requirements in Software Engineering”, Conceptual

Modeling: Foundations and Applications, 363-379.

12. Macedo, F.F.de, Vilain, P. (2012), “Transparência no Processo de Software como Apoio à Publicidade da

Administração Pública”, VII Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação. São Paulo, Brasil, pp.303-323.

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Processo de Avaliação da Transparência

Organizacional

Kizzy Macedo Benjamin1, Claudia Cappelli1, Gleison Santos1

1 PPGI- Programa de Pós-Graduação em Informática – Departamento de Informática

Aplicada – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Rio de Janeiro/RJ –

Brasil

{kizzy.benjamin, claudia.cappelli, gleison.santos}@uniriotec.br

Resumo. Transparência organizacional consiste em dar acesso, uso,

qualidade, entendimento e permitir a auditabilidade de processos e

informações. O modelo de Maturidade em Transparência

Organizacional é o instrumento que permite a organização estabelecer

as práticas para implantação deste conceito. Como todo modelo de

maturidade, este modelo tem atrelado a ele o modelo de Avaliação em

Transparência Organizacional, que permite verificar o estado de cada

uma destas práticas. O presente trabalho tem como objetivo apresentar

os processos necessários à realização desta avaliação.

1 Introdução

Transparência Organizacional é um conceito que foi definido por Cappelli [5] como

sendo “a existência de políticas, padrões e procedimentos que visam fornecer aos

interessados informações sobre a organização segundo características gerais de

acesso, uso, qualidade de conteúdo, entendimento e auditabilidade”. No entanto para

implementação deste conceito faz-se necessário um método. Com esse objetivo foi

criado o Modelo de Maturidade em Transparência Organizacional [11].

Segundo as práticas existentes atualmente em relação à modelos de maturidade,

verifica-se que todo modelo de maturidade sempre possui um modelo de avaliação

atrelado a ele [1]. Seguindo esta prática, associado ao Modelo de Maturidade em

Transparência Organizacional [6] também está sendo construído um modelo de

Avaliação em Transparência Organizacional, que permitirá que uma organização

inicie um programa de melhoria, diagnostique sua situação atual e defina seus pontos

fortes e oportunidade de melhorias em relação às práticas de transparência.

Este trabalho tem por objetivo apresentar os processos e as sequências de

atividades contidas no modelo de processo de avaliação e está organizado da seguinte

forma: na seção 2, são apresentados os objetivos da pesquisa; a seção 3 apresenta as

contribuições esperadas com o trabalho; a seção 4 apresenta os resultados alcançados.

Na seção 5, é apresentada a conclusão deste trabalho.

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2 Objetivos da Pesquisa

O objetivo deste trabalho é apresentar o modelo de processos de avaliação do Método

de Avaliação da Transparência Organizacional. Esse método tem como objetivo

permitir a verificação da maturidade da organização em relação às práticas

relacionadas à transparência organizacional. Também fazem parte do objetivo deste

trabalho, a definição das informações sobre cada atividade dos modelos de processo.

3 Contribuições Esperadas

Entre as contribuições esperadas com este trabalho, tem-se a criação de um

instrumento que garanta a padronização dos processos necessários à avaliação da

Maturidade em Transparência Organizacional e redução da ocorrência de desvios

durante a execução da avaliação. Somado a isso tem-se também a definição dos

documentos (Templates) a serem usados durante a avaliação.

Com o intuito de permitir seu emprego tanto por avaliadores como por membros de

organizações que não tem formação em tecnologia da informação e que pretendam

implementar a Transparência Organizacional, foi escolhida como notação para

modelagem do processo o BPMN (Business Process Modeling Notation) [8] por ser a

notação padrão internacional mais utilizada atualmente [4]. No Brasil, a escolha da

notação também se harmonizou com o padrão definido pela e-PING para modelagem

de processos, o que pode facilitar seu uso por instituições governamentais [3].

4 Resultados Alcançados

O principal resultado alcançado com este trabalho até o presente momento é a

construção do modelo de processos de Avaliação em Transparência Organizacional.

O modelo apoia-se no guia de Avaliação do MPS.BR [10], no SCAMPI [9], na ISO

15504 [1] e no Método de Avaliação da CERTICS [7]. Mas diferente desses modelos

e normas que são aplicados no contexto de avaliação de processo de

desenvolvimentos de software, o processo apresentado neste trabalho é aplicado no

contexto da transparência organizacional.

A primeira versão do modelo foi desenvolvida por meio de agrupamento mental

dos subprocessos dos modelos já citados, gerando um modelo com quatro processos

principais (preparar avaliação, realizar avaliação, preparar relatório de auditoria e

concluir avaliação), dos quais dois foram detalhados em subprocessos. Com o intuito

de facilitar o desenvolvimento, foi realizado um mapeamento e agrupamento dos

processos dos modelos, de modo a ter-se um documento com os principais processos

e as relações entre eles, gerando a versão apresentada neste documento. Nessa versão

as atividades de avaliação são agrupadas em cinco macros processos apresentados na

Figura 1 e a ferramenta utilizada para apoiar a modelagem foi o Bizagi Process

Modeler [2].

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Fig. 1. Modelo de Processo de Avaliação de Transparência Organizacional

Cada um doa macroprocessos acima foram descritos em modelos de fluxos de

processos apresentados nos itens 4.1, 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5. Cada uma das atividades que

compõem os fluxos, foram descritas de acordo com as informações apresentadas na

Tabela 1.

Tabela 1. Itens para descrição de uma atividade

Objetivo: Explica a meta ou alvo que se quer atingir. O propósito a ser satisfeito.

Responsável: Descreve a(s) pessoa(s) responsável.

Critério de entradas: Condição que precisa ser garantida para que a atividade possa ser

iniciada.

Entradas: Identifica os insumos necessários para a execução da atividade.

Descrição: Descreve detalhadamente a atividade.

Critérios de saída: Condição que precisa ser atendida para que a atividade possa ser

considerada finalizada.

Saídas: Identifica os produtos resultantes da execução da atividade.

Regras: Descreve as regras a serem seguidas para que a atividade possa ser

executada.

Materiais auxiliares: Identifica os artefatos necessários na execução da atividade.

Alguns documentos como: Documento de avaliação do perfil da organização, Plano

de avaliação, Relatório de recomendações e Relatório de avaliação final. Já foram

também definidos.

4.1 Processo Coletar Informações sobre a Organização.

Esse processo tem como objetivo estabelecer contato com a organização a ser

avaliada para obter informações que forneçam uma visão global da organização. O

processo é iniciado com recebimento do contrato de avaliação. O coordenador da

organização avaliadora designa o avaliador líder da avaliação. O avaliador líder envia

o documento de identificação de perfil para coleta de informações. A organização

preenche este documento e o envia ao avaliador líder. A completude deste documento

é verificada. Caso esteja completo o processo Preparar Avaliação é iniciado, caso

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contrário novas informações são solicitadas através do reenvio do documento para a

organização a ser avaliada. O proecsso se encerra com o documento de identificação

de perfil preenchido corretamente.

Fig 2. Atividades do Processo Coletar Informações sobre a Organização

4.2 Processo Preparar Avaliação

Esse processo tem como objetivo organizar as informações e pessoas para possibilitar

a realização da avaliação. O processo é iniciado com o documento de identificação de

perfil preenchido corretamente. O avaliador líder determina o escopo da avaliação.

Em seguida devem ser identificados os membros da equipe de avaliação com o perfil

adequado. É solicitado ao coordenador local da avaliação que envie a lista dos

membros da organização que participarão da avaliação. Com base em todas as

informações anteriores, o avaliador líder desenvolve o plano de avaliação. Em seguida

solicita-se a aprovação do plano por parte do patrocinador da avaliação. Ajustes são

feitos caso necessário. Caso este não esteja adequado, será desenvolvido novo plano

de avaliação. Será verificada a necessidade de adaptar os instrumentos de avaliação ao

perfil da organização. Se não houver necessidade de adaptação, a equipe de avaliação

será montada e preparada para a realização da avaliação. O processo se encerra com a

equipe de avaliação treinada.

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4.3 Processo Realizar Avaliação

Esse processo tem como objetivo realizar a coleta de evidências e gerar relatório com

o resultado da avaliação. O processo inicia com a equipe de avaliação treinada. O

avaliador líder realiza uma reunião de abertura. Cada membro da equipe de avaliação

coleta as evidências necessárias para determinar a implementação das práticas. Depois

será verificada se as evidências coletadas são suficiente para comprovar a

implementação das práticas. Em seguida serão pontudas as práticas. O avaliador líder

conduzirá reunião entre todos da equipe para se obter um consenso sobre o resultado

da avaliação, caso necessário serão coletadas novas evidências. Posteriormente a

equipe de avaliação determinará o nível de maturidade da unidade organizacional. O

avaliador líder preparar o relatório de avaliação oficializando e tornando público o

resultado. O processo se encerra com a entrega do relatório de avaliação.

4.4 Processo Realizar Auditoria de Avaliação

Esse processo tem como objetivo verificar se a avaliação foi executada de acordo com

o Método de Avaliação da Transparência Organizacional. O processo inicia com o

recebimento da relatório de avaliação pelo coordenador do grupo de avaliadores. O

coordenador designa um auditor e entrega ao auditor o relatório de avaliação. O

auditor audita o relatório. Case este seja aprovado é gerado o relatório de auditoria.

Caso contrário será solicitado que ao avaliador líder realize ajustes. Uma vez que os

ajustes sejam realizados, o auditor líder envia relatório de auditoria para o auditor

líder e para o coordenador da organização avaliadora. O processo se encerra com a

aprovação do relatório de auditoria.

4.5 Processo Apresentar Resultados

Esse processo tem como objetivo relatar os resultados da avaliação. O processo inicia

com o envio do relatório de auditoria produzido no processo Realizar Auditoria da

Avaliação. O avaliador líder registra as lições aprendidas durante a avaliação. Depois

é gerado o relatório final e é solicitada a avaliação da execução da avaliação para o

patrocinador da avaliação. Após o recebimento do documento de avaliação da

execução, todos os documentos da avaliação serão arquivados. O processo se encerra

com a apresentação do resultado final da avaliação.

5 Conclusão

Neste trabalho, foi apresentado o modelo de processos de avaliação da Transparência

Organização, modelo este que comporá o Guia de Avaliação da Transparência

Organizacional. Suas atividades são agrupadas em cinco macroprocessos: Coletar

Informações Sobre a Organização, Preparar Avaliação, Realizar Avaliação, Realizar

Auditoria de Avaliação e Apresentar Resultado da Avaliação.

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Os próximos passos serão a definição dos indicadores para avaliação, regras de

pontuação, papeis e responsabilidades e requisitos para avaliadores assim como os

templates de todos os documentos a serem utilizados.

6 Referências

1. ABNT NBR ISO/IEC 15540-2. “Tecnologia da informação - Avaliação de processo Parte

2: Realizando uma avaliação”. Rio de Janeiro (2008)

2. Bizagi. Freeware Bizagi Process Modeler. http://www.bizagi.com/. Acessado em

23/07/2013. (2013)

3. Brasil. Documento de Referência da e-PING – Versão 2013. Comitê Executivo de

Governo Eletrônico (2013)

4. Campos, A. L. N; Oliveira, T. C. Modelagem de Processos de Trabalho e

Desenvolvimento de Software: Notação e Ferramenta. In: VII Simpósio Brasileiro de

Sistemas de Informação, pp. 226-237, Salvador, Bahia (2011).

5. Cappelli, C. Leite, J. C. S. P. Transparência de Processos Organizacionais In: II Simpósio

Internacional de Transparência Nos Negócios, v. II. pp. 1-13, Niterói, Rio de Janeiro

(2008).

6. Cappelli, C.; Leite, J. C. S. P; Araújo, R. M. A importância de um modelo de estágios

para avaliar Transparência”. Revista TCMRJ, Rio de Janeiro, p 97-103.

http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/. Acessado em 06/11/2012 (2010)

7. CERTICS. CTI Renato Archer. “Método de Avaliação da CERTICS, Versão 1.1”

http://www.certics.cti.gov.br/metodologia.html. Acessado em 26/06/2013 (2013)

8. OMG: Business process model and notation 2.0 Beta 1 Specification. www.bpmn.org em

19/06/2010 (2009)

9. SEI - Software Engineering Institute. “Standard CMMI Appraisal Method for Process 8.

Improvement (SCAMPISM) A”, Version 1.3: Method Definition Document

http://www.sei.cmu.edu. Acessado em 11/11/2012 (2011)

10. SOFTEX. Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. MPS.BR -

Guia de Avaliação.

http://www.softex.br/mpsbr/_guias/guias/MPSBR_Guia_de_Avaliacao_2012.pdf.

Acessado em 06/11/2012 (2011)

11. UNIRIO. Núcleo de Pesquisa e Inovação em CiberDemocracia.

https://sites.google.com/site/ciberdem/modelo-de-maturidade-em-transparncia-

organizacional. Acessado em 19/03/2013 (2012)

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Requisitos para construção de um padrão publicação daexecução de orçamento público no Brasil

Marcelo T. Santana1, Gisele S. Craveiro1

1Escola de Artes, Ciências e Humanidades – Universidade de São Paulo (USP)Av. Arlindo Béttio, 1000 – 03828-000 – São Paulo – SP – Brazil

{marcelo.tavares,giselesc}@usp.br

Resumo. O Brasil tem um quadro legal que impõe a todas entidadesgovernamentais a publicação de dados detalhados da execução do orçamentoem tempo real na Web. Conforme um diagnóstico encontrado na literatura, agrande maioria dos portais de transparência não atende o nível mínimo dequalidade da informação prevista no arcabouço legal, o que leva a umasituação de opacidade das contas públicas. Este artigo apresenta requisitos aser considerados numa proposta de padronização de publicação de dados daexecução orçamentária no Brasil e aponta alguns caminhos.

1. Introdução

O acesso à informação das finanças públicas é essencial para a transparência nas açõesdo governo, para aumentar sua confiança e responsabilidade. Os movimentos da NovaGestão Pública e da Nova Gestão das Finanças Públicas (Frederickson, 1996)(Pollitt,2000) mostram a importância da transparência como um pré-requisito para a prestaçãode contas. De acordo com a OECD, 2002, "o acesso à informação, consulta eparticipação ativa na formulação de políticas contribui para a boa governança,fomentando uma maior transparência na formulação de políticas; maisresponsabilidade".

O Brasil tem um bom e reconhecido quadro legal sobre transparência fiscal,como a Lei Complementar n º 131 (Brasil, 2009) que requer de entidades públicasbrasileiras a publicação, em tempo real, de informações detalhadas sobre a execuçãoorçamentária na Web. Na Lei Complementar nº 12.527 também se reforça que muitasinformações do setor público, despesas, transferências financeiras e aquisições devemser publicadas da forma primária, autêntica e atualizada (Brasil, 2011).

Em 2007, a Open Government Working Group publicou oito princípios deDados Governamentais Abertos visando a preservação do direito de informação paratoda sociedade. Neles os dados devem ser completos, primários, atuais, acessíveis,processáveis por máquina, não-discriminatórios, estar em formatos não-proprietários eterem licença livre. Um estudo recente examinou dados de execução do orçamentopúblico em 88 portais de transparência no Brasil em relação aos oito princípios deDGA(Craveiro et al, 2013) e, embora em alguns aspectos tenha sido encontradaconformidade com esses princípios, uma das principais conclusões leva à falta deaderência ao princípio de primariedade dos dados, sendo apenas 17.16% de todos osconjuntos de dados analisados. Além disso, outro resultado mostra 30% dos conjuntos

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de dados eram processáveis por máquina, mas é importante notar que isso érelativamente fraco, uma vez que na maioria dos casos os dados foram publicados deforma semi-estruturada, sem metadados nem vocabulário comum, pois os dadosconsiderados processáveis por máquina nesse estudo foram encontrados no formatoCSV ou XLS.

A Figura 1 resume a conformidade da amostra nesse estudo com os princípios deDados Governamentais Abertos (DGA). Os autores observaram que apenas osprincípios completo, acessível e não-discriminatório estavam em conformidade superiora 50%. Por outro lado, apenas 4,4% dos sites analisados forneciam informações atuais enenhum apresentou licença livre para uso dos dados.

Estamos de acordo com Wang e Strong (1996) que a má qualidade de dadospode ter impactos sociais e econômicos sustanciais e exigem que a conceituação dessaqualidade deva emergir a partir da perspectiva dos consumidores de dados. Este artigovisa dar uma contribuição nesta direção, apresentando alguns requisitos para publicaçãode dados de execução de orçamento público relativos ao caso específico da realidadebrasileira.

2. Objetivos da Pesquisa

A pesquisa objetiva, a partir de um levantamento de requisitos da literatura sobre dadosabertos, discutir as características necessárias para uma padronização de publicação dedados abertos de execução de orçamento público.

3. Contribuições Esperadas

O Brasil é uma federação com o tamanho continental e milhares de entidades, incluindopoderes executivo, legislativo e judiciário nas esferas federal, estadual e municipal. Detodos os dados que são gerados por estas entidades, a Lei Complementar nº 131 (Brasil,2009) só exige a publicação de dados sobre a execução do orçamento.

Tendo em vista a falta de aderência de dados do orçamento publicados com aabordagem de DGA espera-se contribuir para uma construção de padrão para publicaçãode dados que permita novas formas de reuso por máquina.

Complete 59.46%

Primary 17.16%

Timely 4.40%

Accessible 86.73%

M achine processable 30.07%

Non-discriminatory 98.82%

Non-proprietary 30.07%

License-free 0%

Figura 1. Conformidade da amostra comos princípios de DGA(Craveiro et al, 2013)

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4. Resultados já alcançados

Da revisão da literatura de DGA e LD foram levantados requisitos a serem consideradosna implementação de sistema de publicação de dados. Esses requisitos são apresentadosnessa sessão e associados ao modelo de sistema de informação da Figura 2. Esse modeloem quatro camadas segue a abordagem de desenvolvimento top-down a partir do cliente,ou seja, a partir do usuário de dados do orçamento público, e neste trabalho é utilizadopara auxiliar na identificação de requisitos para publicação de dados, ou seja, aquelesque devem ser implementados na camada de apresentação.

Bernes-Lee em 2009, desenvolveu um modelo de dados abertos ligados em cinconíveis (chamados de estrelas) para classificar progressivamente a facilidade de uso porconsumidores de dados. Este modelo é uma classificação de referência de dados abertosna abordagem Linked Data (LD) e complementa os oito princípios de DGA. As trêsprimeiras estrelas referem-se a licença-livre (uma estrela), formatos processáveis pormáquina (duas estrelas) e formato não-proprietário (três estrelas), mas três questões sãoadicionados por este modelo:

• Estar disponível na Web (parte da classificação uma estrela): o princípiodifere do princípio acessível, porque define que a via de acesso é a Web.

• Processável por máquina significa ser um formato de dados estruturado (duasestrelas);

• Identificar as coisas (quatro estrelas): "Usar padrões abertos da W3C paraidentificar as coisas, de modo que as pessoas podem apontar para as suascoisas." Criar um identificador único é um meio de permitir que outrosconjuntos de dados podem ser ligados ao mesmo recurso.

• Ligar dados (cinco estrelas): "Vincular seus dados com os dados de outraspessoas para fornecer contexto."

Notamos que a publicação de dados no Brasil em relação ao modelo de LinkedData não pode ser classificado como uma estrela, porque, apesar de os conjuntos dedados de execução orçamental serem publicados na Web, eles não tinham licença livredeclarada (Craveiro et al, 2013), apesar da Lei de Acesso a Informação (Brasil, 2011)garantir que todas as informações do governo são de domínio público a priori, o usodelas podem ser limitado juridicamente. Se considerarmos que dados estruturados sãoaqueles que possuem um esquema declarado, ou seja, informação de estrutura de dados,os conjuntos de dados não são estruturados, porque 49,27% dos conjuntos de dados deorçamento no Brasil foram publicados em CSV ou XLS, o resto em PDF (Craveiro et al,2013), sem seguir um padrão de publicação. Apenas 30,07% dos conjuntos de dadosestavam em CSV (Craveiro et al, 2013) e não podem ser considerados cinco estrelaspois esse formato não suporta links, assim, não é possível nesse cenário ligar dadosorçamentários no Brasil.

Também em 2009, Hartig desenvolveu um modelo de proveniência de dadosWeb, que inclui duas dimensões - criação de dados e acesso a dados - a fim de "apoiar aavaliação das qualidades de dados, tais como precisão, confiabilidade e pontualidade".Por isso, acrescentamos a publicação de informações de proveniência como requisito.

Sheridan e Tennison, 2010, relatam a experiência do Reino Unido em publicar

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dados como Linked Data e afirma que os formatos de dados como RDF1 são"impenetrável sem analisadores especiais, tornando-se difícil usar [os dados] pornão-especialistas". Devido a essa dificuldade, e para a ampla participação cívica, ogoverno do Reino Unido decidiu fornecer dados em formatos CSV2 e XML3. Por isso,incluir o fornecimento de alternativas de acesso para a sociedade é também umrequisito.

Open Knowledge Foundation, 2011, indicou a necessidade de se "organizar umcatálogo central para listar as suas bases de dados abertos" com a finalidade deaprimorar a descoberta dos dados. Além disso, vocabulários controlados são uma formade ajudar os cidadãos na busca de informações, pois "alterações na semântica de termosem vocabulários dados ligados podem ter uma influência dramática sobre ainterpretação de conjuntos de dados" (Käfer, 2012). Zhu et al, 2012 afirma que a ligardados não é suficiente, metadados são obrigatórios para um uso efetivo dos dados, poisproporcionam a criação de novas hipóteses ao melhorar a capacidade de se encontrarpadrões nos dados. Metadados também podem ser utilizados para se formar coleções dedados (Powell, 2009).

A Tabela 1 lista os requisitos que foram levantados da literatura neste trabalho eonde deveriam ser implementadas no modelo de sistema de informação na Figura 2,onde cada requisito foi confrontado com as camadas considerando a origem dos dados ea experiência do consumidor de dados. Por exemplo, para os dados serem completos naapresentação é necessário serem completos no gerenciamento de recurso, caso contrárionão é possível ao consumidor baixar esses dados. A licença livre não precisa existir nalógica de aplicação nem no gerenciamento do recurso, mas precisa ser apresentada aousuário. O aspecto não-discriminatório depende exclusivamente da lógica de aplicação,que não deve selecionar por usuário quais dados no gerenciamento do recurso sãoapresentados.

Catorze desses requisitos devem ser representados na camada de apresentação.Sete requisitos referem-se a dados que devem existir na camada de gerenciamento de

1 www.w3.org/RDF2 en.wikipedia.org/wiki/Comma-separated_values3 www.w3.org/XML

Figure 2: Information System model (Alonso, 2004)

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recurso, sem os quais não poderiam ser representados na apresentação. Algunsrequisitos devem ser contemplados na lógica de aplicação, onde podem surgir novosdados, por exemplo, a informação de data e hora da criação do conjunto de dados nacamada de apresentação; essa informação não existe no recurso mas deve aparecer comoparte dos dados de proveniência.

5. Conclusão

Os requisitos apresentados neste trabalho são em si desafios que devem ser alcançadosnum contexto de publicação que não atende as abordagens de Dados GovernamentaisAbertos num Linked Data. O mapeamento desses requisitos com um modelo de sistemade informação auxilia na tomada de decisões de desenvolvimento de um ambiente depublicação de dados do orçamento público.

Com base nesses requisitos pode-se selecionar tecnologias para publicação dedados que garanta o direito à informação, através do atendimento aos princípios deDGA, e permita novas formas de reuso de dados por máquina pela inclusão demetadados, vocabulários controlados, informações de proveniência, e outros requisitosencontrados na literatura.

6. Referências

Alonso, G. et al.: “Web services”. Springer Berlin Heidelberg, 2004.

Berners-Lee, T.: Linked Data. 2009. Disponível em: <http://www.w3.org/DesignIssues/LinkedData.html>.

Brasil: “Lei Complementar nº 131”. 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp131.htm>

Brasil: “Lei nº 12.527”. 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12527.htm>.

Tabela 1 – requisitos levantados na literatura

Requisito camadas do sistema de informaçãoDados devem ser completos gerenciamento de recurso, apresentaçãoDados devem ser primários gerenciamento de recurso, apresentaçãoDados devem ser atuais lógica de aplicação, apresentaçãoDados devem ser acessíveis lógica de aplicação, apresentaçãoDados devem ser processáveis por máquina gerenciamento de recurso, apresentaçãoDados devem ser não-discriminatórios lógica de aplicaçãoDados devem estar em formatos não proprietários apresentaçãoDados devem ter licença livre apresentaçãoDisponíveis na Web apresentaçãoIdentificador único dados apresentaçãoLigar dados a outros dados lógica de aplicação, apresentaçãoTer informações de proveniência gerenciamento de recurso, apresentaçãoDados devem ser permanentes gerenciamento de recurso, apresentaçãoProver alternativas de acesso lógica de aplicação, apresentaçãoUsar vocabulários controlados gerenciamento de recurso, apresentaçãoUsar metadados gerenciamento de recurso, apresentação

Fonte: elaborado pelos autores

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Craveiro, G. S., Santana, M. T. e Alburquerque, J. P.: “Assessing Open GovernmentBudgetary Data in Brazil”. In The Seventh International Conference on DigitalSociety 2013.

Frederickson, H. G.: “Comparing the Reinventing Government Movement with the NewPublic Administration,” Public Administration Review, 1996, 56(3), 263-270.

Hartig, O.: “Provenance Information in the Web of Data”. In Linked Data on the Web.2009. Disponível em: <http://events.linkeddata.org/ldow2009/papers/ldow2009_paper18.pdf>

Käfer, T. et al.: “Towards a Dynamic Linked Data Observatory”. In: 5th Linked Data onthe Web Workshop at WWW. 2012.

OECD: “OECD Best Practices for Budget Transparency,” OECD publications, France,2002. Disponível em: <www.oecd.org/gov/budgetingandpublicexpenditures/Best%20Practices%20Budget%20Transparency%20-%20complete%20with%20cover%20page.pdf>

Open Government Working Group: 8 Principles of Open Government. 2007. Available:<http://www.opengovdata.org/home/8principles>

Open Knowledge Foundation: “Beyond Access: The Right to (Re)Use PublicInformation” (p. 8-9). 2011.

Pollitt, C.: “Is the emperor in his underwear? An analysis of the impact of publicmanagement reform,” Public Management, 2000, 2(2), 181-199.

Powell, L. F.: “Building a strong foundation with Dublin Core”. In: InternationalConference on Dublin Core and Metadata Applications. 2009. p. pp. 87-95.

Sheridan, J. e Tennison, J.: “Linking UK Government Date. In Linked Data on theWeb”, 2010, Raleigh, North California.

Wang, R. Y., Strong, D. M.: “Beyond accuracy what data quality means to dataconsumers”, 1996, Journal of Management Information Systems, v. 12, n.4, p. 5-34.

Zhu, H. et al.: “Data and Information Quality Research: Its Evolution and Future”,2012, In MIT Information Quality Program Proceedings. Disponível em:<http://mitiq.mit.edu/Documents/Publications/Papers/2012/Madnick_2012_Data%20and%20Information%20Quality.pdf>

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Transparência das Contas Públicas e Controle Social via Portal do Cidadão - um estudo de caso

Lislaine Krupek Braz de Oliveira

1, Cristiano Maciel

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Universidade Federal de Mato Grosso – Av. Fernando Correa da Costa, 2367,

Boa Esperança – Cuiabá – MT – Brasil [email protected], [email protected]

Resumo. A transparência pública é evidenciada pela publicidade dos atos praticados na Administração Pública, objetivando o controle social e a participação dos cidadãos nos atos do poder público. Neste sentido, esta pesquisa tem como foco principal analisar a participação popular nas contas públicas, por meio dos demonstrativos disponibilizados para os cidadãos via Portal do Cidadão pelo Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso. Para tal, o trabalho abrange uma revisão bibliográfica de referenciais e legislações nesta área; a aplicação de questionários aos cidadãos e de entrevistas a gestores; e análise qualitativa dos dados com uso do método de triangulação, confrontando opiniões dos sujeitos envolvidos na pesquisa. A análise dos dados revela importantes elementos para o desenvolvimento de sistemas nessa área.

Palavras chaves: Transparência Pública, Cidadãos, Usabilidade, Controle Social.

1 Introdução

As contas públicas, na administração pública, são evidenciadas por um conjunto de dados e informações contábeis, financeiras, orçamentárias e patrimoniais, as quais devem ser publicadas de forma clara e compreensível para toda a sociedade acompanhar e fiscalizar os atos da Administração Pública. Tal divulgação permite a concretização da transparência dos gastos públicos, principalmente se as informações disponíveis proporcionarem facilidade de uso aos cidadãos (usabilidade) [6], no compromisso de suprir suas necessidades sem constrangimento sobre suas capacidades e habilidades.

De acordo com a Lei de Acesso a Informação 12.527/2011, em seu Art. 3o, os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes: I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; II - divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações; III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública; V - desenvolvimento do controle social da administração pública [1]. No entanto, "é imprescindível que a Administração Pública publique e divulgue seus atos públicos,

1 Graduada em Sistemas de Informações. Especialista em Controladoria e Finanças

Empresariais pela UNINOVA. [email protected]. 2 Doutor em Computação. Professor do Instituto de Computação e do Programa de Pós-

Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso. Pesquisador do projeto “Tecnologias da Informação no TCE-MT/UNISELVA”. [email protected].

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promovendo à participação popular no controle dos gastos públicos exigindo o uso adequado dos recursos oriundos de impostos, taxas e serviços arrecadados e tornando a Administração Pública transparente em vista de uma sociedade democrática" [9].

Nesta pesquisa, questiona-se se tal publicidade das informações via Portal do Cidadão do Mato Grosso3 tem sido utilizado pela sociedade de forma satisfatória. Nesse sentido, o trabalho realiza um estudo de caso que visa averiguar a transparência das contas públicas em função dos dados disponibilizados no Portal do Cidadão via sistema de auditoria pública informatizada de contas, do ano de 2011, da Prefeitura Municipal de Nova Mutum. Para a pesquisa utilizou-se levantamento de dados indutivo e pesquisa qualitativa. A amostragem utilizada foi à probabilística do tipo aleatória, tendo esta pesquisa duração de dois meses e, com amostragem da população, aplicaram-se 300 questionários em meio físico, contemplando 1% da população do município. Visando alcançar outros resultados foram realizadas ainda entrevistas com um gestor municipal e um gestor de software, sendo utilizada a técnica de entrevista semi-estruturada. Os dados colhidos com os diferentes sujeitos foram triangulados, possibilitando discutir a compreensão dos demonstrativos disponíveis no Portal; o interesse dos cidadãos em fiscalizar via Internet e a usabilidade deste sistema Web.

2 Objetivos da Pesquisa

Esta pesquisa teve como objetivo, de forma geral, averiguar a percepção dos cidadãos e gestores acerca da transparência nas contas públicas, em função dos dados disponibilizados no Portal do Cidadão via Sistema de Auditoria Pública Informatizada (Aplic) do Tribunal de Contas do Contas do Estado de Mato Grosso – MT (TCE-MT).

Nesse sentido, podem-se citar os objetivos específicos desta pesquisa: identificar como os cidadãos fiscalizam as contas públicas, e quais os meios utilizados por eles; verificar se os demonstrativos de receitas e despesas disponibilizados pelo sistema de auditoria pública informatizada de contas possibilitam entendimento de forma clara para os cidadãos e gestores; analisar como os dados disponibilizados por meio do Portal do Cidadão auxiliam na transparência das contas públicas do município de Nova Mutum – MT; e verificar se há usabilidade do Portal na visão dos sujeitos participantes da pesquisa.

3 Contribuições Esperadas

Como contribuições citam-se: 1) análise de dados triangulada em relação aos

resultados alcançados na aplicação dos questionários e das entrevistas com gestor municipal e gestor de software, possibilitando identificar elementos comuns e contraditórios entre os três sujeitos; 2) fomento à discussão sobre a transparência das contas públicas e a participação dos cidadãos por meio de sistemas Web de órgãos governamentais responsáveis pela divulgação desses, pelo compartilhamento desta experiência em particular; 3) divulgação do trabalho desenvolvido pelo Tribunal de Contas do Mato Grosso na fiscalização e divulgação das contas públicas via Portal do

3 www.tcemt.gov.br

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Cidadão; 4) provimento de subsídios ao Tribunal de Contas para melhoria nos sistemas, visando aprimorar as informações disponíveis no Portal do Cidadão, atendendo assim os anseios dos cidadãos, razão de ser destas iniciativas; 5) fornecimento de elementos para melhor projetar as aplicações pelos órgãos governamentais, permitindo generalizações a partir de um estudo inicial; 6) reflexão sobre questões importantes para cumprimento efetivo da Lei de Acesso a Informação [1], bem como para a adoção de estratégias mais robustas com uso de dados abertos governamentais [6] e visualização de dados; 7) socialização dos resultados da pesquisa em conferências internacionais [8][9], discutindo questões importantes do governo eletrônico no Brasil; e em nacionais, incluindo reuniões no órgão governamental objeto deste estudo.

4 Resultados Alcançados Os resultados desta pesquisa advêm da aplicação de questionários aos cidadãos e entrevistas realizadas com gestor municipal e gestor de software, no contexto do Portal do Cidadão e da transparência pública, e, por fim, com a análise de tais dados por triangulação.

4.1 Estudo de caso A transparência pública e o controle social são evidenciados nos resultados descritos nesta seção, contemplando os tópicos a seguir. 4.1.1 Questionários com cidadãos Na pesquisa com os cidadãos, participaram 66% de mulheres e 34% de homens. Verificou-se que todos os níveis de escolaridade foram contemplados, destacando-se o nível médio completo com 35% do total dos entrevistados [8]. Na análise da faixa etária dos entrevistados, a partir de 18 anos, houve destaque entre 26 aos 35 anos, representando 31% dos participantes. Verificou-se que 50% da amostra possui habilidades de nível intermediário com o uso da internet e 52% com o uso do computador. A partir deste ponto, a presente análise, que destaca alguns pontos da pesquisa, está dividida entre aqueles que conhecem o Portal do Cidadão e os que não conhecem. Apenas 23% dos cidadãos conhecem tal Portal. Quando questionados sobre a facilidade de uso que o Portal oferece, 71% acreditam que o acesso as informações são rápidas e eficientes. 88% dos cidadãos que conhecem o Portal do Cidadão teriam mais interesse pelas informações se encontrassem notas explicativas, glossário e gráficos [8]. Nesse sentido, a informação de interesse público deve despertar a atenção, ser interpretada e apropriada pelo interessado em seus próprios termos, de maneira a que seja transformada em capacitação para reflexão e ação [5]. Ressalta-se ainda que, para 62% dos cidadãos, as informações divulgadas no Portal do Cidadão não são suficientes no âmbito da prestação de contas [8]. Por outro lado, 77% dos cidadãos sequer conhecem o Portal do Cidadão ou nunca acessaram as informações disponíveis. Verificou-se que 59% deste total acreditam que a fiscalização e divulgação tempestiva das informações na internet

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impedem que ocorram irregularidades na administração pública. No entanto, analisou-se que 32% acessam raramente informações na internet e que 46 % dos cidadãos nunca fiscalizaram por meio de sites da web. Ainda, verifica-se que 23% do total dos cidadãos pesquisados não participam do controle das contas públicas pois não sabem como fiscalizar e 10% acreditam que a divulgação deve ser mais atrativa [8].

4.1.2 Entrevista com gestores Por meio das entrevistas pode-se constatar que, para o gestor municipal, a fiscalização dos gastos públicos é positiva para a administração pública pois evita que sejam cometidos erros para o futuro. No entanto, para o gestor de software, a fiscalização contínua do Tribunal de Contas inibe parcialmente a ocorrência de erros ou irregularidades, tendo em vista que a fiscalização e as prestações de contas não ocorrem junto com o fato gerador, ou seja, demoram muito para acontecer. Para os gestores públicos, as informações divulgadas no Portal do Cidadão são transparentes, porém, para o gestor municipal, são de difícil compreensão pelos cidadãos, uma vez que são informações técnicas e sua interpretação depende de conhecimentos específicos na área contábil [9]. Além disso, os gestores acreditam que para se ter um efetivo controle social, os cidadãos devem acompanhar as contas públicas e opinar em relação a elas. No entanto, falta orientação e divulgação em como acessar as informações, ou, quando acessadas, é necessário clareza nas informações. Ressalta - se que é dever da prefeitura informar a população, com clareza, sobre como é gasto o dinheiro público [4].

4.2 Triangulação dos dados

De acordo com Cohen, “as técnicas triangulares intentam traçar e explicar de maneira mais completa a riqueza e complexidade do comportamento humano estudando mais de um ponto de vista, utilizando-se dados quantitativos e qualitativos” [3]. Para análise dos resultados por meio da triangulação dos dados foram criadas as categorias: compreensão dos demonstrativos disponíveis no Portal do Cidadão; interesse dos cidadãos em fiscalizar via Internet; e usabilidade do Sistema Web. 4.2.1 Compreensão dos demonstrativos disponíveis no Portal do Cidadão

Nesse sentido, verificou-se que 71% dos cidadãos consideram que as

informações disponíveis no Portal do Cidadão fazem uso de termos técnicos, impossibilitando a compreensão de tais informações. De acordo com os dois gestores municipais, as informações devem ser mais claras e compreensíveis, facilitando o entendimento dos cidadãos, independente de seus conhecimentos e habilidades. Entretanto, faz-se necessário aprimorar as informações disponíveis no Portal do Cidadão, tornando-as mais atrativas e compreensíveis pela sociedade, desenvolvendo demonstrativos que possibilitem a interpretação fácil e clara das informações publicadas, fazendo uso, por exemplo, de gráficos, glossários e notas explicativas. Neste sentido, o uso de dados abertos governamentais [6] e de técnicas de visualização de dados podem prover interessantes soluções.

4.2.2 Interesse dos cidadãos em fiscalizar via Internet

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Identificou-se que 56% dos cidadãos entrevistados não têm interesse em

fiscalizar os atos públicos. Muitos cidadãos estão desacreditados com as políticas públicas, ou, não confiam nos dados disponíveis, acreditando que os programas de transparência só geram mais gastos, tendo em vista que não atingem o foco principal: “os cidadãos”. Assim sendo, verifica-se a necessidade da Administração Pública, incentivar a participação popular, mostrar que todos os cidadãos são fiscais, e devem participar do controle das contas públicas.

Verificou-se que os gestores acreditam que é importante que os cidadãos acompanhem os atos públicos, mas falta orientação de como acessar essas informações e, quando acessadas, falta entendimento das informações publicadas, pois, são informações técnicas.

4.2.3 Usabilidade do Sistema Web.

Verificou-se que 49% dos cidadãos que conhecem o Portal do Cidadão

consideram que o sistema não proporciona facilidade de uso, haja vista que acreditam que o sítio é confuso, gerando dúvidas e dificuldades na busca pelas informações requeridas. Nesse sentido, verifica-se que o gestor municipal acredita que “é importante que os cidadãos consigam acessar as informações disponíveis com facilidade”. Porém, o gestor de software ressalta que “o sistema informatizado do portal do cidadão proporciona aos cidadãos facilidade de uso, sendo que todos os cidadãos, independente de seus conhecimentos e habilidades, possuem capacidade para acessar e interpretar as informações disponíveis”. A falta de um entendimento comum quanto a esta questão é um elemento necessário para o bom desenvolvimento dos sistemas. Assim, verifica-se a necessidade de realizar melhorias nos sistemas informatizados do Portal do Cidadão, objetivando o acesso fácil e rápido dos cidadãos, proporcionando o requerido controle social e a transparência pública. Como esta pesquisa foi realizada em 2011 e os sistemas do TCE-MT estão em constante atualização, melhorias já foram incorporadas ao Portal. Contudo, recomenda-se que inspeções e testes de usabilidade sejam fortemente incorporados ao desenvolvimento de sistemas, utilizando-se técnicas consagradas nesta área, de forma a prover melhorias no uso destes sistemas pelos cidadãos [7].

5 Conclusão

A transparência das contas públicas é o princípio da gestão fiscal responsável,

sendo a publicidade e a compreensibilidade das informações fundamental para o exercício da cidadania, possibilitando aos cidadãos intervir nas políticas públicas.

A Lei de Acesso a Informação [1], significa um grande passo para a transparência pública e o controle social no Brasil, tendo em vista a busca pela padronização e divulgação de informações reservadas ou secretas, ampliando as possibilidades de fiscalização pelos cidadãos. Nesse sentido, o Portal do Cidadão desenvolvido pelo Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso é um valioso instrumento que visa garantir os direitos dos cidadãos, em conformidade com os citados pela Lei de Acesso a Informação, permitindo que os atos dos gestores públicos, sejam vistos por todos os cidadãos, por meio de demonstrativos contábeis,

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financeiros, orçamentários e patrimoniais, garantindo a constitucionalidade e a transparência de governo.

Percebe-se todo o esforço da Administração Pública, neste caso o TCE-MT, em realizar a publicação e dar publicidade dos seus atos perante a sociedade, objetivando a transparência das contas públicas. Todavia, é necessário um real aproveitamento dos dados, conforme dados coletados nas entrevistas com gestores e cidadãos. Também, além do governo disponibilizar dados, deve haver interesse da população pela transparência das contas públicas.

Nesta pesquisa, a identificação de inconsistências no discurso dos sujeitos envolvidos, as dificuldades no entendimento dos demonstrativos públicos pelos cidadãos e a necessidade de investimento na usabilidade dos sistemas web fornecem indícios de que os trabalhos precisam avançar para além da disponibilização da informação, primeiro passo para cumprimento da Lei de Acesso a Informação. Isso requer não somente um trabalho técnico, em prol da melhoria das informações divulgadas via sistemas pelos órgãos governamentais, mas um trabalho social. Neste sentido, por exemplo, são bem-vindas técnicas de análise de contas públicas, por meio de grupos focais, conduzindo a protótipos de como essas informações poderiam chegar a população. Isso pode ser feito em parceria com estratégias de divulgação dos dados no mundo real, por meio de comunidades locais. Para tal, como realizado nesta pesquisa, a parceria entre órgãos governamentais e instituições educacionais pode prover bons resultados. Também, um amplo trabalho de divulgação das informações disponibilizadas na web, de forma geral e específica, deve ser realizado.

6 Referências

[1] Brasil. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações públicas.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm> Acesso em 13 julho 2013.

[2] Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em 28 janeiro 2012.

[3] Cohen, Louis; Manion, Lawrence. Métodos de Investigación Educativa. Triangulación. Madrid: Editorial La Muralla. 1990.

[4] Controladoria Geral da União. Olho Vivo no dinheiro público. 1ª ed. Brasília, 2009. [5] Duarte, Jorge. Comunicação Pública. Disponível em: <

http://www.jforni.jor.br/forni/files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf>. Acesso em: 17 dezembro 2011.

[6] Maciel, Cristiano; Viterbo Filho, José; Breitman, Karin. Governo Brasileiro no Futuro.

Transparência Pública e Dados Abertos Governamentais. São Paulo: Cubzac Editora, 2012. [7] Nielsen, Jakob; Loranger, Hoa. Usabilidade na web: projetando websites com qualidade. Rio de

Janeiro. Elsevier, 2007. 409p [8] Oliveira, Lislaine, K.B., Maciel, Cristiano. Transparency and Social Control via the Citizen’s

Portal: A Case Study with the Use of Triangulation. In: Electronic Government, EGOVIS/EDEM

2013, Praga (República Tcheca), LNCS 8061, pp. 112–124, [9] Oliveira, Lislaine, K.B.; Maciel, Cristiano. Interaction with public accounts via citizen portal: a

case study. In: 4th IFIP ePart Conference, 2012, Kristiansand (Norway). Electronic Government and Electronic Participation. Osterreich (Áustria): Trauner Verlag, 2012. v. 39. p. 231-239.

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Construção do Modelo de Maturidade em Transparência Organizacional

Claudia Cappelli1,2,3, Priscila Engiel2,3,5, Julio Cesar Sampaio do Prado Leite2,5 , Va-nessa Nunes6, Asterio Tanaka1,2, Renata Mendes de Araujo1,2,3, Gleison Santos1, Kiz-

zy Benjamim1,2, Miriam Moraes4

1Programa de Pós-Graduação em Informática 2Núcleo de Pesquisa e Inovação em Ciberdemocracia

3Núcleo de Pesquisa e Prática em Tecnologia 4Centro de Ciências Humanas e Sociais

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO Av. Pasteur 458, Urca, 22290-240, Rio de Janeiro – RJ - Brasil

5Programa de Pós-Graduação em Informática – PUC-Rio R. Marquês de São Vicente, 225 – Gávea, 22451-900, Rio de

Janeiro-RJ-Brasil

6SE7Ti - Tecnologia & Inovação Av. Maracanã, 987 – Torre 3, Sala 906 – Tijuca, 20.511-000, Rio

de Janeiro- RJ-Brasil

{renata.araujo, claudia.cappelli, tanaka, gleison.santos}@uniriotec.br, { pengiel,julio}@inf.puc-rio.br,

[email protected], [email protected]

Abstract. Organizational transparency consists in giving access, use, quality, understanding, and allow auditability of processes and information. To be used in practice, this concept needs methods that allow establishing it efficiently and systematically in organizations. This paper describes the transparency maturity model being built, as well as the creation process, what were the theoretical ba-ses and which steps and activities were already undertaken.

Resumo. Transparência organizacional consiste em dar acesso, uso, qualidade, en-tendimento e permitir a auditabilidade de processos e informações. Este conceito, tamanha é sua complexidade necessita de métodos que possibilitem estabelecê-lo de forma eficiente e sistemática nas organizações. Este artigo descreve o modelo de maturidade em transparência organizacional, que busca definir práticas e produ-tos que contribuem para o estabelecimento da transparência organizacional.

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Keywords: Transparência, Modelo de Maturidade, Avaliação de transparência.

1 Introdução

As organizações, têm sido cobradas na sua capacidade de oferecer transparência sobre seu funcionamento, desempenho e resultados. No contexto público [1], acredita-se que o acesso à informação crie uma sociedade democrática, com cidadãos partici-pativos e capazes de compreender e utilizar a informação que lhes está acessível. No contexto privado, as organizações têm observado que a prática da transparência traz vantagens competitivas em um mundo cada vez mais aberto e colaborativo[2]. Há ainda a necessidade de atender exigências regulatórias [3][4][5][6][7][8]. Organismos nacionais e internacionais[9][10][11][12] buscam discutir o tema e criar redes de co-nhecimento neste assunto, também sugerindo práticas para o alcance da transparência.

A fim de atender esta demanda, o conceito de transparência necessita, de mé-todos que possibilitem estabelecê-lo de forma eficiente e sistemática nas organizações [1]. Na prática, o que se observa é a aplicação deste conceito de forma limitada às práticas sugeridas pelos instrumentos regulatórios, com pouca estruturação interna das organizações para sua manutenção e desenvolvimento, sem métodos específicos e ainda com poucas ferramentas apropriadas.

No sentido de tornar factível a implementação do conceito de transparência, é necessário dispor de abordagens que ajudem os gestores a melhor entender este conceito, a planejar sua implantação e acompanhar sua implementação. . Neste con-texto, foi definido o Modelo de Maturidade em Transparência Organizacional1 cujo objetivo é estabelecer um caminho evolutivo para que organizações implementem o conceito de transparência. O Modelo de Maturidade em Transparência Organizacional é baseado em estágios [13].A estruturação por estágios é comum a modelos utilizados em outros campos, sobretudo na área de software [14][15]. O objetivo destes modelos é nortear a implantação de políticas ou avaliar a situação de diferentes organizações em relação a uma determinada prática.

2 Objetivos do trabalho

A sociedade tem necessidade de acesso à informação, porém dar acesso à uma in-formação é mais do que torná-la disponível. Faz-se necessário que esta seja entendida para que possa ser utilizada com algum fim. Em torno deste tema diversas iniciativas têm sido realizadas no intuito de estabelecer mecanismos para disponibilização de informações. Porém, para isso há necessidade de um entendimento comum do que é transparência e de como implantá-la nas organizações.

A definição do conceito de transparência, baseado em outros conceitos de qualidade, foi desenvolvida por Cappelli [16]. Porém somente o conhecimento sobre

1 https://sites.google.com/site/ciberdem/produtos-gerados/Modelo%20de%20Maturidade%20em%20Transparencia%20Organizacional%202013-02-04.odt?attredirects=0&d=1

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este conceito não guia sua implantação na organização. O objetivo deste trabalho é apresentar um modelo que define práticas sobre o que a organização deve fazer para implementar o conceito de transparência organizacional e como este modelo foi con-cebido.

3 Contribuições Esperadas

A principal contribuição deste trabalho, reside em possibilitar que as organizações definam o que será inserido em seus processos e políticas para aderência às caracterís-ticas de transparência organizacional.

Além disso, apresentamos os passos seguidos e as referências utilizadas pa-ra construção do Modelo de Maturidade em Transparência Organizacional.

A construção deste modelo traz ainda a possibilidade de construção de um Modelo de Avaliação de Transparência Organizacional que será capaz de definir o nível de maturidade em transparência de uma organização.

4 Resultados já Alcançados

Neste trabalho já foram produzidos dois principais resultados sendo o primeiro de-les a definição de um método para construção do Modelo de Maturidade em Transpa-rência Organizacional e o segundo, o próprio modelo com seus níveis compostos por características, práticas e produtos a serem gerados pela organização. Cada um destes dois resultados é apresentado a seguir:

4.1 O método de construção do Modelo de Maturidade em Transparência Organizacional

Com base na literatura sobre construção de modelos de maturidade [17] [18] [19], o modelo de maturidade em transparência está sendo elaborado seguindo o processo apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Processo de construção do modelo de maturidade em transparência or-ganizacional

No primeiro passo do método é feita a definição do escopo do modelo. No caso deste trabalho o escopo definido foi a transparência dos processos e informações da organização. No segundo passo é construído o meta-modelo do modelo conceitual [20], apresentado na Figura 2, para representação dos conceitos que devem compor cada um dos níveis do modelo.

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Figura 2 - Meta-modelo do Modelo de Maturidade em Transparência Organizacio-

nal

Cada Nível de Maturidade possui um ou mais objetivos, é composto de uma ou mais características (acesso, uso, apresentação, entendimento e auditabilidade) e é aplicado a um ou mais “objetos” (partes da organização, setores, processos) na orga-nização. O Objetivo descreve o propósito do nível de maturidade e está relacionado a um nível de maturidade, também podendo ser desdobrado em outros objetivos. O Objeto descreve o contexto a que se aplica o nível de maturidade. A Característica define a qualidade que contribui para atingir o nível de maturidade. Um nível possui diversas características. A Prática descreve a atividade a ser realizada para a imple-mentação de uma determinada característica. Uma característica pode ser implemen-tada através de uma ou mais práticas. Uma prática pode contribuir para mais de uma característica, podendo ainda ser composta de outras práticas. O Produto de trabalho define o que é gerado pela realização das práticas. Uma prática pode gerar um ou mais produtos de trabalho.

O terceiro passo do método é a Especificação de Instrumentos. Nesta fase fo-ram definidos os níveis do Modelo de Maturidade em Transparência Organizacional (apresentados na próxima seção), as características pertencentes a cada nível e quais práticas e produtos são recomendados à organização. O quarto passo define a execu-ção de um piloto para teste dos instrumentos construídos no passo anterior, onde um piloto já foi realizado para avaliação do nível 2. A intenção é testar se os instrumentos definidos para cada nível são adequados e realimentar o modelo com as conclusões tiradas na execução do piloto. O quinto passo define a aplicação do Modelo em si e o sexto passo trata da sua evolução. Neste trabalho os dois últimos passos do processo ainda estão em andamento.

4.2 O Modelo de Maturidade em Transparência Organizacional

O modelo organiza as características de transparência em 5 níveis ou estágios (Figura 2).

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Participativa: A organização possibilita o diálogo com o ambiente externo sobre as informações disponibilizadas. Confiável: A organização permite a auditoria pelo ambiente externo das informações disponibilizadas.

Compreendida: A organização disponibiliza e fornece acesso à informação ao ambiente externo com qualidade e entendimento. Divulgada: A organização disponibiliza e fornece acesso à informação ao ambiente externo.

Opaca: A organização disponibiliza a informação de forma não sistemática ao ambiente externo.

Figura 2 -Níveis de Transparência

Cada nível de maturidade reúne características que são desejáveis para que a orga-nização alcance o objetivo definido pelo nível. O modelo define ainda práticas para a implementação de cada característica em cada nível. As práticas ajudam às organiza-ções a definirem o que deve ser aplicado em seus procedimentos e políticas internas para que se tornem aderentes às características de transparência. A implementação das práticas determina a elaboração de produtos específicos, também sugeridos pelo mo-delo.

Além do desenvolvimento do nível 2 do modelo, foi realizado um piloto em uma instituição pública de ensino, que pode ser acessado no link: https://sites.google.com/site/ciberdem/produtos-gerados. Atualmente a equipe do projeto está elaborando o terceiro nível de maturidade em transparência e buscando parcerias para novos teste do nível 2.

5 Conclusão

Este artigo, tem o objetivo de apresentar o trabalho que está sendo realizado para construção de um modelo de maturidade em transparência organizacional. O primeiro estágio (nível 2) para o alcance da transparência já está construído e disponibilizado, em conformidade com a recente legislação brasileira concernente à transparência, o que já permite o uso deste modelo.

O grupo de trabalho responsável por esta construção é interdisciplinar e inte-rinstitucional e está trabalhando na continuidade desta construção. A intenção é con-tribuir de maneira eficaz, auxiliando as organizações a se tornar cada vez mais trans-parentes como forma de alcançar uma sociedade mais democrática e participativa.

6 Referências

1. Harrison, T. M., Guerrero, S., Burke, G.B., Cook, M., Cresswell, A.,Helbig, N., Hrdinová, J, and Pardo, T., (2011), “Open Government and E-Government: Democratic Challenges from a Public Value Perspective”, In: Proceedingsofthe 12th Annual International Digital Government Research Conference. pp. 1-9.

2. Tapscott D. and Ticoll D., (2003), “The Naked Corporation: How the Age of Transparency Will Revolutionize Business”, Free Press, 1 edição

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3. SOX - Sarbanes-Oxley Actof, (2002), Pub. L. No. 107-204, 116 Stat. 745 (codified as amended in scatteredsectionsof 15 U.S.C.).

4. BASEL - Basel Committeeon Banking Supervision, Disponível em: http://www.bis.org/, Acessado em 22/08/2010.

5. EITI – Extractive Industries Transparency Initiative, Disponível em: http://eitransparency.org/, Acessado em: 10/02/2013.

6. OECD - Organization for Economic Co-operation and Development, Disponível em: http://www.oecd.org, Acessado em: 10/02/2013.

7. LEI 131, (2009), Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp131.htm. Acessado em: 10/02/2013.

8. LEI 12.527, (2011), Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12527.htm, Acessado em: 28/01/2013.

9. OGP – Open Government Partnership, (2012), Disponível em: http://www.opengovpartnership.org, Acessado em: 10/02/2013.

10. CGU, (2001) – Corregedoria Geral da União, Disponível em: http://www.cgu.gov.br/CGU/, Acessado em: 10/02/2013.

11. TB - Transparência Brasil - Disponível em: http://www.transparencia.org.br/index.html, Acessado em: 23/07/2013.

12. TCC – Transparência, Consciência e Cidadania, (1996), Disponível em: http://www.tcc-brasil.org.br/, Acessado em: 23/07/2013.

13. Nolan, R. L., (1973), “Managing the computer resource: a stage hypothesis”, ACM. pp. 399-405. Disponível em: http://dl.acm.org/citation.cfm?id=362284, Acessado em: 10/02/2013.

14. CMMI Product Team, (2010) “CMMI for Development, Version 1.3,” Software Engineering Institute, Carnegie MellonUniversity, Pittsburgh, Pennsylvania, TechnicalReport CMU/SEI-2010-TR-033, 2010. Disponível em: http://www.sei.cmu.edu/library/abstracts/reports/10tr033.cfm. Acessado em: 13/03/2013.

15. Softex, (2012), Associação para promoção da excelência do software brasileiro – Softex “MPS.BR – Guia Geral de Software:2012, Disponível em: www.softex.br, Acessado em: 13/03/2013.

16. Cappelli, C. (2009) “Uma Abordagem para Transparência em Processos Organizacionais Utilizando Aspectos”. Rio de Janeiro, 2009. 328 p. Tese de Doutorado – Departamento de Informática, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

17. Mettler t (2009) a Design science research perspective on maturity models in information systems. Working Papaer, Institute of Information Management, University of St. Gallen, St; Gallen

18. Pöppelbuß, J.; Röglinger, M., (2011), “What makes a useful maturity model? A framework of general design principles for maturity models and its demonstration in business process management”, In: Proceedings of the 19th European Conference on Information Systems (ECIS). Helsinki, Finland. SEI. (2012) Software Engineering Instituite. Carnegie Mellon University.

19. Steenbergen, M; Brinkkemper, S.,Weerd, I.; Bekkers, W (2010), “The design of focus area maturity models”, Proceeding DESRIST’10 Proceedings of the 5th international conference on Global Perspectives on Design Science Research, pp 317-332.

20. Heuser, C.A. (2008) Projeto de Banco de Dados, Volume 4 da Série Livros Didáticos Informática UFRGS, 6a. edição, Ed.Bookman.

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Desafios da Transparência no Contexto da Terceirização

do Desenvolvimento de Software no Setor Público

Fabíola Ferreira de Macedo1,2

, Patrícia Vilain1

1Universidade Federal de Santa Catarina 2Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina

[email protected]

[email protected]

Abstract.A transparência tem sido amplamente discutida nas sociedades atuais

e com isso enfatizada também nas organizações públicas. O aumento da atenção

sobre as questões de transparência nos governos originaram a proposição de

novas leis, a exemplo da Lei de Acesso à Informação (LAI), que define um im-

portante marco regulatório em direção à transparência pública. A LAI gerou às

instituições governamentais a necessidade de estabelecer mecanismos que de-

monstrem a transparência de suas informações e seus processos. Este artigo a-

borda alguns desafios da transparência no contexto da terceirização do desen-

volvimento de software no setor público. Ele apresenta ações a serem realizadas

pelas empresas públicas contratantes, ainda na fase de levantamento de requisi-

tos, a fim de apoiar a definição dos requisitos de transparência desejados pela

instituição, e a incluí-los nos contratos licitatórios. Estas ações auxiliam, tam-

bém, na validação dos requisitos e no acompanhamento da evolução do proces-

so de desenvolvimento de software terceirizado.

Keywords:Transparência de Software, Transparência Pública, Terceirização de

Software Público.

1 Introdução

Atualmente a transparência tem sido enfatizada nas organizações, principalmente nos

governos e grandes corporações (YU-CHENG et al., 2011). Com o aumento da aten-

ção sobre as questões da transparência na política moderna (OPEN FORUM

FOUNDATION, 2011), observou-se o surgimento de novas leis no sentido de apri-

morar a transparência e eficiência dos atos da administração pública.

No Brasil a legislação também passou a exigir iniciativas e resultados no sentido

de aprimorar a transparência e eficiência dos atos da administração pública. A partir

da Lei de Acesso à Informação (LAI), o Brasil “consolida e define o marco regulató-

rio sobre o acesso à informação pública sob a guarda do Estado” (BRASIL, 2011a).

Para a Controladoria Geral da União, órgão do Governo Federal responsável pelo

incremento da transparência da gestão pública, o desafio passa a ser a garantia da

implementação da LAI, enfrentando questões de natureza administrativa, técnica e

tecnológica, a fim de assegurar a observância do que dispõe esta lei (BRASIL,

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2011b). Logo, essas questões atingem também o contexto do desenvolvimento de

software. Assim, para implementar a transparência a sociedade necessita abordar

como o software lidará com este conceito (LEITE E CAPPELLI, 2010).

Nesse sentido, a transparência de software é “uma nova e importante preocupação

com que os desenvolvedores de software devem lidar” (LEITE e CAPPELLI, 2010).

Uma das questões a ser tratada dentro da transparência de software é como garantir a

transparência do desenvolvimento de software no setor público. Isto é importante

porque, frequentemente, as instituições públicas, devido à alta demanda por sistemas

de informação, terceirizam algumas etapas do desenvolvimento de software, aumen-

tando a complexidade em garantir os requisitos de transparência.

Este artigo está organizado da seguinte maneira, a seção 2 apresenta os objetivos

da pesquisa que está sendo desenvolvida para tratar a transparência de software na

terceirização do desenvolvimento de software em instituições públicas. As seções 3 e

4 mostram, respectivamente, as contribuições esperadas e os resultados já alcançados

por esta pesquisa. Finalmente, a seção 5 apresenta as conclusões.

2 Objetivos da Pesquisa

Nesse trabalho considera-se a transparência de software como um requisito de quali-

dade e para garantir essa transparência deve-se lidar com este requisito já no contexto

da especificação de requisitos (LEITE e CAPPELLI, 2010). Uma maneira de especi-

ficar os requisitos de transparência em um sistema de software é através de requisitos

não-funcionais, como acessibilidade, usabilidade, informatividade, entendimento e

auditabilidade (CAPPELLI, 2009; SERRANO e LEITE, 2011), utilizados também

pelo grupo de pesquisa de Engenharia de Requisitos da PUC-Rio (ER – PUC-Rio,

2013).

Normalmente, na terceirização de etapas do processo de desenvolvimento de soft-

ware, cabe à empresa pública contratante realizar a etapa de especificação de requisi-

tos e acompanhar a evolução do processo de desenvolvimento. Acredita-se que a cha-

ve para a transparência de software é tornar os requisitos mais legíveis aos interessa-

dos em geral, bem como para os desenvolvedores (LEITE e CAPPELLI, 2008;

CYSNEIROS, 2009). Assim, torna-se necessário saber quais ações as instituições

públicas devem realizar durante o processo de desenvolvimento de um software, a fim

de considerar e alcançar os requisitos de transparência exigidos pela legislação, mes-

mo quando parte do desenvolvimento é realizado por terceiros.

Portanto, o objetivo dessa pesquisa é apresentar um conjunto de ações a serem rea-

lizadas pelas empresas públicas, ainda na fase de levantamento de requisitos, visando

à definição dos requisitos de transparência exigidos e/ou desejados pela instituição, e

a inclusão desses requisitos nos contratos com as empresas terceirizadas. Algumas

ações apresentadas também podem ser utilizadas para validar os requisitos entregues e

para acompanhar a evolução do processo de desenvolvimento de software na empresa

contratada.

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3 Contribuições Esperadas

O processo de desenvolvimento de um software terceirizado engloba as atividades

que vão conduzir a aquisição de um software pela organização pública (contratante),

desde o estabelecimento das necessidades (requisitos), passando pela elaboração do

contrato, até a aceitação do sistema entregue (SOFTEX, 2011). Espera-se, como con-

tribuição deste trabalho, apresentar ações que promovam a observância dos requisitos

de transparência em todas essas etapas do processo de desenvolvimento, e a avaliação

dessas ações colaborando para garantia da transparência pública.

Com as ações apresentadas pretende-se (i) selecioná-las durante a definição de re-

quisitos de acordo com os atributos de transparência desejados pela instituição, aju-

dando os stakeholders a pensar em transparência; (ii) incluí-las nos contratos licitató-

rios, como forma de exigir das empresas contratadas a realização destas ações; (iii)

utilizá-las para promover o acompanhamento da evolução do processo de desenvol-

vimento de software; e (iv) verificar o atendimento à transparência.

Essas ações deverão estar organizadasde maneira a apoiar as instituições públicas a

selecionarem, ainda na fase de levantamento de requisitos, aquelas que possam con-

tribuir com a garantia da transparência necessária durante todo o processo de desen-

volvimento de software.

4 Resultados Alcançados

Para apresentar ações que promovam a observância dos requisitos de transparência no

processo de desenvolvimento de software, foram identificadas quais são as caracterís-

ticas de qualidade importantes para que se alcance a transparência em instituições

governamentais. Para isso, realizaram-se estudos sobre a legislação brasileira relacio-

nada à transparência pública, como a Constituição Federal (BRASIL, 1998), a Lei da

Transparência (BRASIL, 2009) e a LAI (BRASIL, 2011a). A partir dessa pesquisa,

chegou-se aos atributos ou requisitos mínimos para a divulgação da informação em

órgãos governamentais, entre eles: publicidade, facilidade de uso, disponibilidade e

segurança.

Entretanto, observou-se que a legislação consultada impõe apenas requisitos míni-

mos para a divulgação da informação e que estes estão, na maioria das vezes, relacio-

nados apenas com a interação do cidadão com o conteúdo. Sendo assim, pesquisaram-

se também outras referências que tratavam de transparência. Como resultado desta

pesquisa, encontrou-se o conjunto de características de transparência proposto por

Cappelli (CAPPELLI, 2009), e utilizado pelo grupo de Engenharia de Requisitos da

PUC-Rio(ER – PUC-Rio, 2013), onde os requisitos de qualidade estão agrupados em:

acessibilidade, usabilidade, informativo, entendimento e auditabilidade. Ao final desta

pesquisa, como primeiro resultado esperado, definiu-se um conjunto mínimo de

transparência composto pelo conjunto de requisitos mínimos impostos pela legislação

e pelo conjunto de características de transparência proposto por Cappelli (CAPPELLI,

2009).

Para decompor as características não-funcionais do conjunto mínimo de transpa-

rência em ações, que indicariam como de fato elas poderiam ser concretizadas no

desenvolvimento (XAVIER et al., 2010), foram realizadas pesquisas de iniciativas de

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apoio ao aumento da transparência, destacando-se os trabalhos realizados pelo Gover-

no Federal Brasileiro e pelo Grupo de pesquisa de Engenharia de Requisitos da PUC-

Rio. Essas iniciativas podem ajudar a atender aos requisitos obrigatórios impostos

pela legislação, e a concretizar as características de transparência de software. Entre

as iniciativas do governo estão o Manual dos Dados Abertos (W3C, 2010), a Cartilha

de Usabilidade (BRASIL, 2010) e o Modelo de Acessibilidade (BRASIL, 2011c). Já

as iniciativas realizadas pelo Grupo ER – PUC-Rio, para promover a transparência de

software, estão dispostas numa página web em formato de wiki, na forma de um catá-

logo de requisitos não-funcionais (NFR), chamado de Catálogo de Transparência.

O Catálogo de Transparência, disponibilizado pelo Grupo ER – PUC-Rio, apresen-

ta uma série de “padrões questão”, ou perguntas, que poderiam ser feitas durante o

desenvolvimento de um sistema de software, visando o atendimento de cada caracte-

rística de transparência (ER – PUC-Rio, 2013). Entretanto, observou-se que este catá-

logo não ultrapassa o nível das perguntas (“padrões questão”), ou seja, não chega ao

nível das operacionalizações, que são as ações que podem ajudar na efetiva aplicação

da transparência.

Portanto, como segundo resultado alcançado, especializou-se o Catálogo de Trans-

parência, baseando-se nas exigências da legislação e nas iniciativas do governo, para

que atenda as necessidades do setor público. Esta especialização é feita através da

sugestão de ações e exemplos que podem ajudar a responder às perguntas “padrões

questão”. Entretanto, nem todas as perguntas do catálogo foram utilizadas como, por

exemplo, aquelas listadas para “Descrever a arquitetura”, pois se entendeu que elas

não estão relacionadas ao levantamento de requisitos, mas sim, à etapa de projeto.

Além disso, outras ações foram incluídas diretamente a partir da legislação ou das

iniciativas do governo como, por exemplo, “Fornecer informações sobre o conjunto

de dados utilizados”, apresentada pelo Manual dos Dados Abertos (W3C, 2010), que

foi adaptada para “Fornecer informações sobre o conjunto de dados utilizados no

sistema” (a expressão “no sistema” foi incluída para englobar o contexto do desen-

volvimento de software, e não apenas da informação). As ações sugeridas e seus res-

pectivos exemplos foram organizados em um checklist, conforme exemplo apresenta-

do na Tabela 1 que mostra a característica de Acessibilidade, que recebe contribuições

dos atributos portabilidade, disponibilidade e publicidade.

Tabela1.Checklist de Ações para Transparência (Acessibilidade).

Atributo Legislação e/ou

Documento Afim

Ação Sugerida Exemplos

Port

abil

idad

e

Lei de Acesso à Informa-

ção (amplo acesso à infor-

mação)

Especificar as diferentes

plataformas atualmente

utilizadas que devem ser

compatíveis com o software.

- Hardware (PC’s, tablets, smartphones)

- Software (windows, MAC, Linux,

android). (fonte:

www.evolutionoftheweb.com)

Lei de Acesso à Informa-

ção (possibilitar a gravação

de relatórios em diversos

formatos, estruturados e

legíveis por máquina)

Definir o formato aberto a

ser utilizado.

- Formatos reconhecíveis por máquinas

(RDF, JSON e XML)

- Disponibilização dos dados em Web

services.

(fonte: Manual dos Dados Abertos

Governo Federal).

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Manual Acessibilidade Especificar as diferentes

tecnologias onde o software

poderá ser utilizado.

- Navegadores IExplorer e Chrome

(fonte: www.evolutionoftheweb.com)

- Padrões de desenvolvimento (W3C).

(fonte: Manual Acessibilidade Governo

Federal)

Dis

ponib

ilid

ade Lei de Acesso à Informa-

ção (garantir disponibilida-

de)

Definir os recursos e técnicas

a serem utilizados para

garantia da disponibilidade.

- Servidor dedicado, replicação, balance-

amento de carga.

- Links de dados com SLA’s.

- Servidor de Aplicação.

Lei de Acesso à Informa-

ção (garantir a proteção da

informação)

Definir as tecnologias de

proteção da informação

- Algoritmo de Criptografia.

Publi

cidade

Manual dos Dados Abertos Fornecer informações sobre

o conjunto de dados utiliza-

dos no sistema.

- Catálogo de Dados.

(fonte: Manual dos Dados Abertos Gover-

no Federal).

Lei de Acesso à Informa-

ção (garantir a acessibili-

dade de conteúdo para

pessoas com deficiência).

Definir as facilidades de

navegação, inclusive, para

pessoas com deficiência.

- Acesso ao computador sem mouse.

(fonte: Manual Acessibilidade Governo

Federal)

A partir das ações sugeridas, a instituição deve selecionar, com base nos seus

recursos e objetivos, a maneira mais adequada de realizar essas ações, podendo utili-

zar também as sugestões contidas na coluna “Exemplos”, que dão preferência à suges-

tão de práticas contidas nas iniciativas do Governo Federal.

Este checklist está sendo empregado em um projeto na Assembleia Legislativa do

Estado de Santa Catarina (ALESC) e ainda está em construção. A instituição está

utilizando-o na fase de especificação de requisitos para ajudar os envolvidos no proje-

to a definirem os requisitos de transparência necessários e/ou desejados e para ajudar

na realização das ações pertinentes a cada um dos atributos de transparência. Em rela-

ção à terceirização, a ideia é que as ações que devem ter continuidade em outras eta-

pas do desenvolvimento, e que são de responsabilidade da empresa contratada, tam-

bém devem ser incluídas nos contratos licitatórios, permitindo desta forma o acompa-

nhamento das ações executadas pela empresa terceirizada.

5 Conclusão

Observa-se que a regulamentação da transparência pública gerou uma nova demanda

às instituições governamentais. Para garantir a implementação da LAI, verifica-se que

ainda há necessidade de estudos e iniciativas de naturezas diversas, inclusive técnicas

e tecnológicas. Alguns dos desafios que as instituições públicas ainda têm que enfren-

tar estão relacionados ao desenvolvimento de software, principalmente, quando algu-

mas etapas desse processo são delegadas à empresas contratadas.

O maior objetivo desse trabalho foi apresentar um conjunto de ações a serem reali-

zadas pelas empresas públicas, ainda na fase de levantamento de requisitos, visando a

definição dos requisitos de transparência exigidos e/ou desejados pela instituição, e a

inclusão desses requisitos nos contratos com as empresas terceirizadas. Como resulta-

do, essas ações foram organizadas em um checklist de ações, que pode ser utilizado

também para validar os requisitos entregues e para acompanhar a evolução do proces-

so de desenvolvimento de software na empresa contratada.

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Referências

1. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulga-

da em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF, Senado, 2004.

2. BRASIL. Lei n. 131, de 27 de maio de 2009. Dispõe sobre disponibilização em tempo real

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Ações de Transparência no Processo de Desenvolvimento

de Software no Setor Público

Fabíola Ferreira de Macedo1,2

, Patrícia Vilain1

1Universidade Federal de Santa Catarina 2Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina

[email protected]

[email protected]

Abstract. Impulsionadas pela sociedade e por legislações mais rigorosas, cada

vez mais as organizações públicas necessitam demonstrar transparência. Após a

promulgação da Lei de Acesso à Informação (LAI), que regulamenta a transpa-

rência pública, o desafio está na aplicação desta lei nos processos e informações

dos órgãos governamentais, incluindo o processo de desenvolvimento de sof-

tware. Para isso, são necessários esforços em resolver questões de como cada

software irá lidar com os requisitos de transparência ao longo do seu processo

de desenvolvimento. Este artigo apresenta como órgãos públicos, que terceiri-

zam algumas etapas do desenvolvimento de software, podem realizar ações de

transparência durante o processo de desenvolvimento de software apoiando a

implementação de requisitos de transparência.

Keywords:Transparência de Software, Transparência Pública, Ações de Trans-

parência, Terceirização de Software, Processo de Software.

1 Introdução

As sociedades, cada vez mais exigentes quanto aos atos da administração pública,

estimulam iniciativas por mais transparência nos governos. No Brasil, importantes

esforços na busca por mais transparência foram traduzidos em leis. A Lei da Transpa-

rência (BRASIL, 2009) dispõe sobre a disponibilização, em tempo real, de informa-

ções. E, mais recentemente, a Lei de Acesso a Informações – LAI (BRASIL, 2011a)

regula o acesso a informações e dispõe sobre os procedimentos a serem observados

pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a

informações.

A LAI representa um novo passo na busca pela transparência no país, pois desde a

aprovação dessa lei “qualquer cidadão pode solicitar acesso às informações públicas,

e não classificadas como sigilosas, conforme procedimentos, prazos e recursos previs-

tos” (BRASIL, 2011a). A LAI também prevê, em seu artigo 6º, que cabe aos órgãos

públicos assegurar a gestão transparente, promovendo o amplo acesso e divulgação da

informação e garantir a proteção da informação, observando a sua disponibilidade,

autenticidade, integridade e eventuais restrições de acesso (BRASIL, 2011a). Essa

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nova demanda impõe às instituições públicas a necessidade de estabelecer mecanis-

mos que demonstrem a transparência de suas informações e processos (LEITE e

CAPPELLI, 2010), o que inclui, inevitavelmente, o processo de desenvolvimento de

software.

A transparência de software relacionada ao processo de desenvolvimento foi defi-

nida como um atributo de comunicação que permite aos stakeholders responder ques-

tões sobre o sistema de software durante o seu ciclo de vida (YU-CHENG et al.,

2011). Segundo essa definição, a falta de transparência é um importante fator que

contribui para problemas de comunicação que levam a falhas no desenvolvimento de

software.

Alguns estudos sugerem, como forma de melhorar a comunicação entre os

stakeholders, o compartilhamento de dados empíricos do projeto de desenvolvimento

de software como, por exemplo, documentos de requisitos, documentos de projeto de

software, casos de teste, etc., o que também promoveria a transparência do desenvol-

vimento de software (TSUNODA et al., 2010). Nesse sentido, modelos que facilitem

a comunicação desde a análise de requisitos são de extrema relevância e devem ser

utilizados (XAVIER, 2010).

Nesse cenário, pretende-se com essa pesquisa descobrir maneiras de definir, des-

crever e avaliar os requisitos de transparência de software e identificar em que mo-

mento as ações para transparência podem ser realizadas ao longo do processo de de-

senvolvimento de software.

O artigo está organizado da seguinte maneira, a seção 2 apresenta os objetivos da

pesquisa que está sendo desenvolvida para tratar das ações de transparência durante o

processo de desenvolvimento de software. A seção 3 mostra as contribuições espera-

das para a área de desenvolvimento transparente de software. A seção 4 apresenta os

resultados já alcançados por esta pesquisa. E, por fim, a seção 5 apresenta as conclu-

sões.

2 Objetivos da Pesquisa

Nessa pesquisa considera-se que os requisitos de transparência em um sistema de

software podem ser especificados por meio de requisitos não-funcionais, como aces-

sibilidade, usabilidade, informatividade, entendimento e auditabilidade (CAPPELLI,

2009; SERRANO e LEITE, 2011). Para mapear essas características não-funcionais

em ações, que indicariam como de fato elas poderiam ser concretizadas no desenvol-

vimento (XAVIER et al., 2010), torna-se necessário saber quais ações as instituições

públicas devem realizar durante o processo de desenvolvimento de software.

Sendo assim, as ações para transparência consideradas nessa pesquisa são aquelas

apresentadas pelo checklist desenvolvido a partir de um projeto de pesquisa iniciado

em 2012 (MACEDO, 2012) e em processo de evolução desde então, e que está sendo

aplicado em um projeto na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina

(ALESC). O checklist de ações para transparência foi proposto considerando-se a

legislação relacionada à transparência pública (BRASIL, 1998; BRASIL, 2009;

BRASIL, 2011a), o Catálogo de Transparência de Software apresentado pelo Grupo

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ER – PUC-Rio (ER – PUC-Rio, 2013), e as iniciativas para concretizar características

de transparência do Governo Federal, como o Manual dos Dados Abertos (W3C,

2010), a Cartilha de Usabilidade (BRASIL, 2010) e o Modelo de Acessibilidade

(BRASIL, 2011b).

O checklist de ações consiste em uma adaptação do Catálogo de Transparência

proposto pelo Grupo ER – PUC-Rio, voltado a atender as necessidades do setor pú-

blico, por meio de ações que podem ajudar na transparência do desenvolvimento de

software, mesmo quando parte dele é terceirizada. Entretanto, além do uso desse che-

cklist, verifica-se a necessidade de encontrar maneiras de definir e avaliar o atendi-

mento a transparência, além de identificar a ocasião em que as ações de transparência,

propostas pelo checklist, podem ser realizadas ao longo do processo de desenvolvi-

mento de software.

Sendo assim, o objetivo geral dessa pesquisa é (i) definir em que momento do pro-

cesso de desenvolvimento de software os requisitos de transparência, identificados a

partir das ações de transparência apresentadas pelo checklist, devem ser definidos e

validados; (ii) sugerir uma forma de como o atendimento à transparência pode ser

avaliado.

3 Contribuições Esperadas

A falta de entendimento dos objetivos do sistema e a deficiência na comunicação

podem levar ao fracasso do projeto (XAVIER, 2010). Portanto, como uma primeira

contribuição, pretende-se determinar quando os requisitos de transparência, identifi-

cados a partir das ações de transparência sugeridas pelo checklist, devem ser definidos

e validados durante o processo de desenvolvimento de software. Isso ajudará a escla-

receras verdadeiras necessidades do projeto em relação à transparência e demais re-

quisitos.

Para alcançar a transparência, num sentido completo, todas as características de

transparência (acessibilidade, usabilidade, informatividade, entendimento e auditabi-

lidade) devem estar presentes na organização (ARAÚJO et al., 2010). Porém, como

estas são características de qualidade, podem existir diferentes níveis de entendimento

e percepção dependendo do interessado (LEITE e CAPPELLI, 2010). Essa questão se

configura numa segunda contribuição esperada para essa pesquisa, ou seja, propor

uma forma de como o atendimento à transparência pode ser avaliado considerando as

necessidades de cada instituição.

4 Resultados Alcançados

Nas instituições públicas, devido à alta demanda por sistemas de informação, al-

gumas etapas do desenvolvimento de software são terceirizadas. Normalmente, nesse

processo as atividades que vão conduzir a aquisição de um software pela organização

pública (contratante) têm início desde o estabelecimento das necessidades (requisi-

tos), passando pela elaboração do contrato, indo até a aceitação do sistema entregue

(SOFTEX, 2011). Neste cenário, como primeiro resultado esperado, propõe-se que os

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requisitos de transparência, identificados por meio do checklist, sejam definidos na

fase de levantamento de requisitos e descritos na forma de testes de aceitação.

Os testes de aceitação podem ser definidos como testes escritos pela colaboração

entre stakeholders e programadores a fim de definir quando um requisito é realizado

(MARTIN, 2011). Tradicionalmente, eles são executados na etapa final de testes,

antes da liberação para o cliente. Entretanto, nem sempre é conveniente esperar tanto

tempo para defini-los, recomendando-se especificar os testes de aceitação antes da

implementação começar (CONNOLLY, 2009). Essa recomendação, de especificar os

testes de aceitação o quanto antes, está incluída nesta proposta de pesquisa e está sen-

do aplicada em um projeto realizado na ALESC. Entendeu-se que a necessidade de

delegar etapas de desenvolvimento a empresas externas exige uma representação mais

completa dos requisitos desejados em estágios iniciais do desenvolvimento, para que

estes possam ser incluídos nos contratos (editais) licitatórios e exigidos na entrega do

sistema de software.

Nesta pesquisa, os testes de aceitação são especificados da seguinte forma, os re-

quisitos, incluindo os de transparência, são descritos em “critérios de aceitação” pelos

stakeholders, e incluídos no contrato licitatório (edital). A empresa terceirizada deve

implementar um sistema que atenda a todas as exigências contidas nos “critérios de

aceitação”, pois eles serão usados na validação do sistema entregue. A tabela 1 apre-

senta alguns exemplos de “critérios de aceitação” especificados no projeto em desen-

volvimento na ALESC para a funcionalidade “Listar Licença - Prêmio”, representada

através de uma estória de usuário. As ações de transparência sugeridas a partir do

checklist e selecionadas para essa estória do usuário estão grifadas.

Tabela 1. Exemplos de Critérios de Aceitação

Estória de Usuário 01: Listar Licença-Prêmio

Usuário insere um determinado período e o sistema lista o nome e a matrícula dos servidores que tem

direito ao benefício licença-prêmio baseado nos critérios da Lei 6.745.

Critérios para Aceitação:

- O usuário deve obrigatoriamente informar o período. Caso o campo estiver em branco, o sistema

deve mostrar uma mensagem de alerta.

- Quando o sistema não encontrar servidores que atendam aos critérios, deve informar que nenhum

servidor foi encontrado.

- Deve ser possível salvar as informações em formato aberto (RDF).

- Deve ser possível executar a tarefa completa em navegadores IExplore e Chrome.

- O sistema deve apresentar informações sobre o conjunto de dados (Catálogo de dados).

Nesse exemplo, observa-se que foram incluídos, além dos requisitos de sistema,

alguns requisitos e ações para alcance da transparência, como a possibilidade de sal-

var as informações em formato aberto, a definição das diferentes plataformas atual-

mente utilizadas com que o software deve ser compatível e a necessidade de apresen-

tar informações sobre o conjunto de dados.

Assim, considerando as quatro atividades fundamentais para a engenharia de sof-

tware: especificação, projeto e implementação, validação e evolução

(SOMMERVILLE, 2011), propõe-se que as ações de transparência constantes no

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checklist devem ser selecionadas pela empresa contratante nas atividades de especifi-

cação e descritas em testes de aceitação, por meio de critérios de aceitação. As ações

constantes nos critérios de aceitação serão realizadas pela empresa terceirizada no

projeto e implementação de software. E, finalmente, os critérios de aceitação serão

averiguados na validação de software pela empresa pública contratante. Porém, ainda

não foi detalhado como estas ações serão realizadas dentro destas atividades.

Como segundo resultado dessa pesquisa, propõe-se o uso dos critérios de aceitação

para realizar a conferência do percentual de ações atendidas. Sendo assim, a própria

instituição pode determinar um percentual mínimo de ações concretizadas para consi-

derar o software transparente. No projeto desenvolvido na ALESC, por exemplo,

pretende-se estabelecer um mínimo de 90% (noventa por cento) de realização (em

relação aos critérios de aceitação como, por exemplo, aqueles grifados na tabela 1).

Alguns trabalhos pesquisados apontam para o uso de modelo de níveis de transpa-

rência, usando estágios (CAPPELLI e LEITE, 2008; CAPPELLI, 2009; ARAÚJO et

al., 2010). Também o “Projeto de Construção do Modelo de Maturidade em Transpa-

rência Organizacional”, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO, 2013),

sugere o uso de um modelo de níveis para avaliar o atendimento a transparência. En-

tretanto, apesar de ainda não ter sido analisado como será a validação de um sistema

quando um modelo de níveis de transparência é usado, acredita-se que os critérios de

aceitação também sejam adequados neste tipo de abordagem.

5 Conclusão

As sociedades cada vez mais exigentes e a regulamentação da transparência pública

geraram uma nova demanda às instituições governamentais. Para garantir a aplicação

desta Lei de Acesso à Informação (LAI) nos processos e informações dos órgãos go-

vernamentais, são necessários esforços para resolver questões de como software irá

lidar com os requisitos de transparência ao longo do processo de desenvolvimento.

O objetivo dessa pesquisa foi esclarecer em que momento do desenvolvimento de

software as instituições públicas, que terceirizam parte desse desenvolvimento, podem

definir e validar os requisitos de transparência desejados. E como o atendimento a

essa transparência pode ser avaliado, contribuindo assim para a garantia da transpa-

rência necessária. Essa proposta de pesquisa está sendo aplicada no projeto de Recur-

sos Humanos (módulo de benefícios) na ALESC, em que as etapas de especificação

de requisitos e validação serão realizadas pela instituição pública e as etapas de proje-

to e implementação serão delegadas a uma empresa contratada.

Referências

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Transparencia em Sistemas Multiagentes

Caique Peixoto, Maurıcio Serrano e Milene Serrano

Faculdade do Gama – Universidade de Brasılia (UNB)Caixa Postal 8114 – 72.405-610 – Brasilia – DF – Brazil{caiquepeixoto1,serr.mau,mileneserrano}@gmail.com

http://fga.unb.br/

Resumo A proposta desse artigo consiste em aplicar o conceito detransparencia na interacao entre agentes de software, os quais simulam,em contextos do cotidiano, a socializacao entre indivıduos. O intuitoe proporcionar maior auditabilidade, confiabilidade, clareza, rastreabili-dade, dentre outros criterios de qualidade, principalmente, a comunicacaoentre os agentes. Varios estudos de caso, orientados ao paradigma desistemas multiagentes, foram desenvolvidos para identificar situacoes re-correntes nas interacoes entre os agentes. Dada a intrınseca autonomia,mobilidade, flexibilidade, dentre outros aspectos autonomicos dos agen-tes de software, percebeu-se, a necessidade de manter, por exemplo, orastro (i.e log) das decisoes, negociacoes, colaboracoes e demais acoesdesempenhadas pelos agentes. No intuito de evoluir nesse sentido, foieleito um estudo de caso, o qual foi refinado com o desenvolvimento deum agente estrategico na comunidade multiagentes. Diante dos resulta-dos obtidos com a pesquisa experimental, os quais sao relatados nesseartigo, observa-se maior rastreabilidade, auditabilidade, clareza, e trans-parencia na interacao entre os agentes. Alem disso, a proposta e dirigidaa reutilizacao de software e a nocao de retroalimentacao.

Keywords: Transparencia, rastreabilidade, auditabilidade, multiagentes

1 Introducao

Transparencia e um conceito moderno, especialmente investigado em contex-tos polıtico-sociais. Considerando a definicao de Holzner&Holzner [1], o termotransparencia pode ser definido como: ”valor social do acesso aberto, publicoe/ou individual a informacao mantida e disponibilizada por centros de autori-dade”.A transparencia pode ser entendida como um criterio de qualidade crıticopara sociedades democraticas modernas. Dado o emergente cenario, e crescentea demanda por produtos de software, os quais apoiam varios anseios da soci-edade (ex. auditabilidade e acesso a informacao). Portanto, a transparencia desoftware esta se tornando um criterio de qualidade que demanda mais atencaopor parte dos desenvolvedores.

Leite e Cappelli [2] fazem um extenso levantamento do estado da arte no quetange a transparencia em contextos polıtico-sociais, e apresentam uma abor-dagem recente para transparencia no contexto da Engenharia de Software. Os

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2 Caique Peixoto, Maurıcio Serrano e Milene Serrano

autores lidam com a transparencia de software como um requisito nao-funcional,ou meta-flexıvel, ou criterio de qualidade.

No Laboratorio de Engenharia de Software da Universidade de Brasılia (UnB/ FGA), a transparencia de software tem sido investigada no intuito de agre-gar valores sociais relacionados, principalmente, com acessibilidade, usabilidade,informatividade, entendimento e auditabilidade das informacoes providas pelosprodutos de software que permeiam nossas vidas. Nesse sentido, investiga-se oconceito de transparencia de software na interacao de agentes de software, osquais compoem sistemas multiagentes que simulam a colaboracao, a negociacaoe demais atividades de socializacao entre indivıduos.

Um agente e um software que automaticamente age/reage para executaracoes [3]. Agentes de software tem propriedades particulares que os diferenciamdos componentes e artefatos tradicionais de software, tais como: autonomia, fle-xibilidade, comunicacao, adaptabilidade e mobilidade. Um sistema multiagentesrepresenta uma colecao de agentes de software (i.e. entidades autonomas compropositos particulares). Esses agentes cooperam uns com os outros de acordocom a organizacao e no intuito de solucionar/desempenhar as acoes demandadas.Vale ressaltar que os sistemas multiagentes [4] tem sido utilizados em diferen-tes areas da Computacao (ex. Inteligencia Artificial e Engenharia de Software).Alem disso, sua aplicabilidade se estende a diferentes domınios cognitivos (ex.jogos, telemedicina, comercio e educacao).

Nos diferentes domınios, cabe aos agentes a responsabilidade de interagire executar acoes para atingir as metas delegadas aos mesmos. As interacoespodem ocorrer entre os agentes e o ambiente bem como entre os proprios agentes,seguindo protocolos de comunicacao especıficos [5]. A organizacao determina asacoes que serao executadas pelos agentes. O ambiente prove recursos que podemser utilizados pelos agentes na execucao dessas acoes. Esses recursos tambemimpactam na forma como as acoes serao desempenhadas. Cada elemento (agente,interacao, organizacao ou recurso) contem uma esfera de influencia dentro doambiente em analise. A comunicacao permite lidar com as informacoes trocadasentre os agentes, focando na percepcao dos mesmos e no processo interativo.

Percebe-se nas colocacoes supracitadas que as interacoes entre os agentes saointrınsecas bem como essenciais para a maior colaboracao, negociacao e demaisrelacoes sociais entre eles. Diante do exposto, e visando maior clareza, auditabi-lidade, confiabilidade, controlabilidade, dentre outros criterios de qualidade [2],propomos a aplicacao do conceito de transparencia de software em sistemas mul-tigentes dirigidos pela socializacao dos agentes. Durante as aulas da disciplina deParadigmas de Programacao, ministradas na UnB/FGA, varios estudos de caso,orientados ao paradigma de Sistemas Multiagentes, foram desenvolvidos com oobjetivo de explorar as capacidades do paradigma. Foi identificada, nesses sis-temas, a necessidade de manter, por exemplo, o rastro (i.e. log) das decisoes,negociacoes, colaboracoes e demais acoes desempenhadas pelos agentes. Dadaessa necessidade, foi desenvolvido um agente cuja principal atuacao era observaros demais agentes em suas acoes cooperativas, registrando o ocorrido, ou seja,mantendo o rastro quanto as acoes dos agentes, permitindo que essas fossem au-

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Transparencia em Sistemas Multiagentes 3

ditaveis, e impactando positivamente em transparencia de software - uma formade retroalimentacao [6]. Entretanto, nessa segunda evolucao, percebeu-se a re-plicacao de codigo e a falta de legibilidade, dada a necessidade de manter trocasde mensagens constantes entre a comunidade de agentes e o agente observador.Adicionalmente, replicacao e falta de legibilidade impoem dificuldades de manu-tencao. Em funcao desse cenario nao desejavel, uma segunda evolucao ocorreu,a qual proporcionou a criacao de uma biblioteca de classes, ou API, de baixaintrusividade e orientada, principalmente, a rastreabilidade e a auditabilidade.Esse refinamento aprimorou a qualidade interna do sistema, reduzindo o aco-plamento e aumentando a coesao dos componentes, bem como provendo maiorreutilizacao de codigo, menor intrusividade, e maior legibilidade.

O artigo esta organizado em Secoes. Na Secao 2, sao descritos os objetivosda pesquisa. As contribuicoes esperadas bem como os resultados obtidos sao,respectivamente, apresentados nas Secoes 3 e 4. Na Secao 5, as consideracoesfinais sao abordadas, seguidas pelas referencias.

2 Objetivos da Pesquisa

A proposta aqui elucidada contempla varios objetivos especıficos. Visando apre-sentar alguns desses objetivos, tem-se: (i) usar o conceito de transparencia, bemcomo demais criterios de qualidade que impactam em transparencia, para lidarcom a socializacao entre indivıduos, a qual e simulada com um sistema multi-agentes; (ii) verificar o quanto apropriado e o uso desse conceito visando umainteracao colaborativa entre os agentes que permita, por exemplo, auditar res-ponsabilidades e manter o rastro das acoes desempenhadas pelos agentes; (iii)prover uma biblioteca que facilite a implantacao de transparencia de software,e conceitos associados, em sistemas multiagentes; e (iv) prover suporte para areutilizacao de boas praticas pela comunidade da Engenharia de Software.

3 Contribuicoes Esperadas

Conforme apresentado na Secao 2, o foco dessa pesquisa e melhorar o trabalhocolaborativo entre os agentes de software usando como base o conceito de trans-parencia bem como conceitos associados (ex. auditabilidade e rastreabilidade).Nesse cenario, alem dos progressos ja alcancados ate o momento em experimentosno Laboratorio de Engenharia de Software da UnB/FGA, os quais serao apre-sentados na Secao 4, ainda sao vislumbradas: (i) a construcao de um catalogo depadroes [7], contendo boas praticas em atendimento as atividades de elicitacaode requisitos, projeto arquitetural e codificacao de sistemas multiagentes que si-mulam a socializacao entre indivıduos. Esses padroes serao reutilizaveis, e dispo-nibilizados a comunidade no intuito de viabilizar a retroalimentacao e a evolucaosistematica e incremental do catalogo; (ii) a ampliacao da pesquisa experimen-tal, permitindo a comparacao entre sistemas multiagentes autonomicos [8] ori-entados a comportamento [5] e orientados a meta [9][10]; (iii) a ampliacao da

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4 Caique Peixoto, Maurıcio Serrano e Milene Serrano

biblioteca de classes oferecida ate o momento, provendo um framework para o de-senvolvimento de sistemas multiagentes cada vez mais cognitivos, autonomicos,colaborativos, e preparados para execucao em diferentes plataformas, incluindodispositivos moveis. Vale ressaltar que os topicos supracitados ja se encontramem andamento pelos autores desse artigo.

4 Resultados Ja Alcancados

O estudo de caso escolhido para ilustrar a aplicacao de transparencia de softwareem sistemas multiagentes, denominado PRIDE [11], foi desenvolvido com o in-tuito de simular um combate, onde os agentes de software representam lutadorese arbitros, responsavels por diferentes etapas da simulacao.

O objetivo final do PRIDE, que detemina se as interacoes entre os agentesforam bem-sucedidas, consiste na impressao de mensagens de texto significativase aderentes ao contexto do sistema, em que o conjunto dessas mensagens relataos fatos ocorridos durante a simulacao, como exemplificado no trecho 1.1.

Inicialmente, as mensagens eram impressas no console, em tempo de execucao,pelos proprios agentes, como exemplificado no trecho 1.2, o qual representa a en-trada de um lutador ou arbitro na luta.

Trecho 1.1: Relato do combate esperado

1 Anderson Silva hit the opponent ‘s face!2 Vitor Belfort was punched by Anderson Silva

Trecho 1.2: Impressao de mensagens pelos agentes em tempo de execucao

1 DFService.register(this , dfd);2 System.out.println(name + " enter the octagon!");

Essa abordagem atinge o objetivo de imprimir mensagens. Entretanto, dadoque com essa impressao perde-se a referencia para a mensagem, e inviavel imple-mentar qualquer aspecto correlato a transparencia. Essas caracterısticas tambemforam identificadas nos demais sistemas multiagentes, desenvolvidos ao longo doprimeiro semestre de 2013 na disciplina de Paradigmas de Programacao, os quaisabordam diversos outros domınios, como controle de trafego aereo, recomendacaode conteudo, simulador biologico, dentre outros.

Nesse contexto, foi proposto o desenvolvimento de um agente observador,denominado Broadcaster, responsavel por receber mensagens de outros agentes earmazenar as mensagens, imprimindo o relato do combate ao final das interacoes,como demonstrado no trecho 1.3.

Trecho 1.3: Relato do combate pelo Broadcaster

1 for (String message : events) System.out.println(message);

Essa troca de mensagens entre os agentes e o Broadcaster passou a ser re-alizada pelo envio de uma ACLMessage[12] e por um comportamento cıclico,demonstrados nos trechos 1.4 e 1.5, respectivamente, requerendo que os agentessubstituissem a utilizacao do metodo System.out.println(message) pelo metodoreportThat(message).

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Transparencia em Sistemas Multiagentes 5

Trecho 1.4: Metodo reportThat()

1 ACLMessage report = new ACLMessage(ACLMessage.INFORM);2 report.addReceiver(broadcaster);3 report.setLanguage("report");4 report.setContent(content);5 myAgent.send(report);

Trecho 1.5: CyclicBehaviour para receber mensagens doas agentes

1 ACLMessage report = myAgent.receive(template);2

3 if (report != null) events.add(report.getContent ());

A implementacao desse agente tornou possıvel a implementacao de carac-terısticas relacionadas a transparencia de software, como auditabilidade e rastre-abilidade. Entretanto, o agente por sı so apresentava uma reducao na qualidadeinterna, uma vez que o metodo reportThat precisou ser replicado em cada umdos agentes. Visando o aumento da legibilidade, da reutilizacao, e consequen-temente de manutencao e generalizacao da solucao, foi desenvolvida uma bibli-oteca composta por tres classes fundamentais: (i) Broadcaster : implementacaoconcreta do agente observador; (ii) ReportBehaviour : implementacao concretado envio de mensagens ao Broadcaster, dispensando a implementacao por partedos agentes; e (iii) ObservableAgent : implementacao abstrata que ja implementao metodo para identificar Broadcasters ativos e o metodo reportThat.

Com essa estrutura, a implementacao de qualquer agente transparente ne-cessita apenas que esse agente herde a classe ObservableAgent, que um agenteBroadcaster seja inicializado junto aos demais agentes, e que o metodo re-portThat(message) seja utilizado quando se desejar enviar uma mensagem.

Durante a execucao, o Broadcaster armazena informacoes sobre os agentes esobre suas interacoes e compoe um relatorio visando a implementacao de criteriosde qualidade correlatos a transparencia.

5 Conclusao

Esse artigo descreve uma abordagem quanto ao uso do conceito de transparenciade software na comunicacao em sistemas multiagentes. Nessa proposta, destaca-se o desenvolvimento de uma biblioteca de classes, centrada no paradigma mul-tiagentes, e orientada a rastreabilidade, acessibilidade e auditabilidade.

Dentre outras contribuicoes, tem-se: (i) a possibilidade de reutilizacao decodigo em aplicacoes com necessidades semelhantes bem como melhorias quantoa manutenibilidade, modularizacao, coesao e acoplamento; (ii) o desenvolvimentoinicial de um catalogo de boas praticas no uso de transparencia de softwareem sistemas multiagentes, em atendimento a diferentes criterios de qualidade,tais como rastreabilidade, acessibilidade e auditabilidade, e (iii) capacidade deretroalimentacao da abordagem, uma vez que que os autores defendem a aberturada solucao a comunidade, permitindo contribuicoes de terceiros.

Tomando como base alguns trabalhos relacionados [13] [14], temos que asolucao proposta nesse artigo faz uso dos conceitos e fundamentos defendidos

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6 Caique Peixoto, Maurıcio Serrano e Milene Serrano

pelos autores supracitados. Alem disso, a proposta agrega ao topico um su-porte tecnologico reutilizavel, aberto a contribuicao de terceiros, e especıfico paratransparencia de software em contextos sociais baseados em diferentes domınioscognitivos e simulados por comunidades de agentes de software colaborativos.

No intuito de evoluir a abordagem proposta, os autores vislumbram, den-tre outros trabalhos futuros: (i) o refinamento do catalogo de boas praticas;(ii) a melhoria cognitiva dos agentes, usando como base o paradigma da Ori-entacao a Meta, e (iii) a ampliacao da biblioteca de classes, acompanhandonovas tendencias tecnologicas e demandas observadas.

Referencias

1. Holzner, B., Holzner, L.: Transparency in Global Change: The Vanguard of theOpen Society. University of Pittsburgh Press, 1st edition (2006)

2. Leite, J.C.S.d.P., Cappelli, C.: Software transparency. Business & InformationSystems Engineering Vol. 2, nro. 3, pp. 127–139, (2010)

3. Jennings, N.R.: On agent-based software engineering. Elsevier Science, ArtificialIntelligence Vol. 117, Issue 2, pp. 277-296, (Mar. 2000)

4. Wooldridge, M.: An introduction to MultiAgent systems. 366 pages, (2002)5. Bellifemine, F., Caire, G., Greenwood, D.: Developing multi-agent systems with

JADE. John Wiley & Sons, ISBN 0470057475, 286 pages, (Apr. 2007)6. Lehman, M.: Laws of software evolution revisited. EWSPT 1996, LNCS 1149,

Springer Verlag, pp. 108–124, (1997)7. Leal, A.L.d.C., et al;: Aplicacao de modelos intencionais em sistemas multiagentes

para estabelecer polıticas de monitoracao de transparencia de software. RITA Vol.20, nro. 2, pp. 111–138, (2013)

8. Rolon, M., Martınez, E.: Agent-based modeling and simulation of an autonomicmanufacturing execution system. Vol. 63, pp. 53-78, (2012)

9. Braubach, L., Lamersdorf, W., Pokahr, A.: Jadex: Implementing a BDI infrastruc-ture for JADE agents. Dist. Systems and Inf. Systems Vol. 3, nro. 3, pp 76-85,(2003)

10. Mylopoulos, J.: Goal-oriented requirements engineering. XI Conferencia Iberoa-mericana de Software Engineering, pp. 13-17, (Feb. 2008)

11. PRIDE: Disponıvel em: https://github.com/caiquerodrigues/pride-simulator12. JADE: Documentation. disponıvel em: http://jade.cselt.it/doc/api/index.html13. Iskanius, P., Helaakoski, H., Alaruikka, A.M., Kipina, J.: Transparent information

flow in business networks by using agents. Proceedings of IEEE InternationalEngineering Management Conference Vol. 3, pp. 1342–1346 (2004)

14. Lam, D.N., Barber, K.S.: Comprehending agent software. Conference of Autono-mous Agents and Multiagent Systems (AAMAS), pp. 25-29, (Jul 2005)

15. Chung, L., Nixon, B., Yu, E., Mylopoulos, J.: Non-functional requirements insoftware engineering. Vol. 5 ISBN 978-0-7923-8666-7, 476 pages, (2000)

16. Holmes, R., Walker, R.: Systematizing pragmatic software reuse. ACM Transacti-ons on Software Eng. and Methodology Vol. 21, nro. 4, 20 pages, (2012)

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Desafios para a Governança Eletrônica e Dados Governamentais Abertos em Governos Locais

José Carlos Vaz1, Manuella Maia Ribeiro2, Ricardo Matheus3

1 Universidade de São Paulo (EACH - Escola de Artes, Ciências e Humanidades), 2 Fundação Getúlio Vargas (EAESP Escola de Administração de Empresas de São Paulo),

3 Delft University of Technology (TUDelft - Holanda)

ResumoEste texto apresenta os objetivos e principais conclusões alcançadas até o momento na pesquisa "Desafios para a Governança Eletrônica e Dados Governamentais Abertos em Governos Locais". A pesquisa fundamenta-se na articulação entre as aplicações ds tecnologia e a promoção de direitos de cidadania associados à sua utilização para a governança eletrônica. Iniciou-se em 2008, identificando experiências de uso da TI para promoção da transparência em governos locais brasileiros e latino-americanos. A partir de 2010, a pesquisa orientou-se para a temática dos dados governamentais abertos, levantando as experiências emergentes nos governos no Brasil. A partir de 2013, a pesquisa aprofundou o estudo das experiências de governos locais, desta vez sob uma abordagem comparativa em governos locais do Cone Sul, documentando e comparando as experiências de São Paulo, Montevidéu e Buenos Aires. Enquanto, na etapa anterior, a pesquisa focou as potencialidades e as decisões sobre abertura de dados, nesta fase corrente já foi possível identificar elementos concretos do processo de implementação, obtendo avaliaçòes mais aprofundadas sobre os desafios, dificuldades e novos potenciais de uso dos dados governamentais abertos, a partir da incorporação de novos atores e novas práticas de trabalho na implementação das experiências. Futuramente, a pesquisa deverá expandir o número de casos estudados para governos locais de outros países da América Latina e também deverá aprofundar os requisitos e atributos dos processos de abertura de dados governamentais, tanto do ponto de vista técnico quanto organizacional e institucional. A metodologia do trabalho combina pesquisa exploratória e estudos de caso em profundidade, através de inspeção estruturada de websites e levantamento e análise de experiências de referência.

Palavras-chaveGovernança eletrônica, Dados governamentais abertos, Transparência, Controle social dos Governos, Participação cidadã

1 Introdução A disseminação do acesso e uso às novas tecnologias da informação, especialmente a Internet, atingindo no Brasil 46% dos domicílios com computador e 40% com acesso à Internet (CETIC, 2013), propiciou novas possibilidades de relacionamento entre governo e sociedade civil.

A expansão do uso das TICs passa a ser vista como uma inovação democrática com potencialidades para propiciar avanços na democracia participativa (COLOMBO, 2006). Vários autores afirmam que existem possibilidades de ampliação da transparência e do controle social sobre os governos, em uma perspectiva de colaboração até então inédita (NAM, 2011, SHERIDAN & TENNISON, 2010,PERYCEK & SACHS, 2010).

Entretanto, face à relativa novidade da temática e à evolução constante das tecnologias, não há clareza dos limites desse processo (ZUIDERWIJK, JANSSEN, CHOENNI, MEIJER, & SHEIKH_ALIBAKS, 2013). Da mesma forma, há evidências de que o potencial das tecnologias para a governança eletrônica não foi ainda inteiramente explorado (Dawes & Helbig, 2010; Torkington, 2010; Vaz, Ribeiro, & Matheus, 2010).

VAZ (2007) demonstra que a utilização de recursos de governança eletrônica pode contribuir para a promoção de um grupo de direitos de cidadania.

O primeiro desses direitos é o direito ao controle social do governo. Trata-se do direito dos cidadãos de acompanharem as ações dos agentes públicos e das organizações governamentais. Este é um direito que se nutre de práticas de transparência pública, facilitando o acompanhamento das iniciativas governamentais por parte dos cidadãos e de suas entidades representativas. As TICs podem contribuir, neste caso, facilitando o acesso à informação, quer seja pela disponibilização de grandes blocos de informação de interesse geral (por exemplo, o orçamento público), como possibilidade de consultas específicas de acordo com o interesse dos cidadãos (por exemplo, a ocorrência de crimes em uma dada cidade, em período determinado).

O segundo direito é o direito à participação nas decisões da gestão publica. Assim como o direito ao controle social do governo, o direto a participação na gestão pública é de natureza coletiva. Promover este direito significa oferecer à sociedade espaços para a discussão da agenda das políticas públicas e da gestão pública, permitindo que os cidadãos e suas entidades de representação possam ao menos opinar ou, mais ativamente, participar das deliberações sobre a ação estatal. Dessa maneira, novas relações de governança são implantadas, com tranformações dos processos

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decisórios governamentais para a viabilização desses novos espaços. As TICs podem contribuir significativamente, oferecendo novos canais interativos, notadamente através da web, que facilitem e/ou estimulem a participação dos cidadãos.

Um terceiro direito, este de exercício individual, pode ser considerado. É o direito a ser ouvido pelo governo. Refere-se à existência de canais regulares para que os cidadãos individualmente possam apresentar aos governantes suas demandas, sugestões, opiniões e reclamações. Além de atender a necessidades dos cidadãos, em termos mais gerais a promoção desse direito reforça as condições para o fortalecimento de relações de confiança entre governados e governantes, dando assim legitimidade ás ações destes últimos. Novamente, as TIC podem ter um papel importante, ofertando espaços interativos para que os cidadãos apresentem suas demandas, sugestões, opiniões e reclamações junto ao governo e recebam respostas.

Paralelamente a essa disseminação do uso, o contexto da sociedade do conhecimento, em que não apenas as grandes corporações ou os governos podem criar conteúdo e disponibilizar informação, permite que os cidadãos individualmente ou cooperativamente possam construir e trocar conhecimento, informação e cultura (BENKLER, 2006).

Nesse quadro, diversas iniciativas governamentais de disponibilização da informação sobre os seus atos na Internet foram lançadas nos últimos anos do Brasil por meio de portais públicos. Entre essas iniciativas, os portais de transparência, páginas na Internet com o propósito de prestar contas (PRADO, 2009), se disseminaram, entre outros motivos: pela experiência reconhecida internacionalmente do Governo Federal e por uma série de legislações como a Lei de Transparência que obrigou todas as entidades públicas a disponibilizarem determinadas informações sobre as contas públicas na rede mundial de computadores.

Posteriormente uma nova discussão entrou em pauta sobre os dados públicos: a forma como este estão disponibilizados para a sociedade. Ou seja, não importa apenas ter a informação disponível na Internet, também é importante observar de que maneira está informação pode ser acessada.

Nesse sentido, surgem as discussões sobre dados governamentais abertos que trata das possibilidades de garantir o download de toda e qualquer informação pública, inclusive, de bancos de dados pela sociedade para a construção de novas aplicações e/ou pesquisas a partir dessas informações.

Para garantir esse acesso foram criados oito princípios dos dados abertos governamentais que definem, entre outros, que os dados públicos devem ser: completos, acessíveis por máquinas, não proprietários e livres de licenças (OpenGovData, 2007).

BERNERS-LEE (2010) criou um modelo de avaliação de maturidade de dados abertos governamentais, baseado em cinco categorias cumulativas, a saber:

1. Os dados estão disponíveis na Web, independente de formato, mas usando uma licença aberta;2. Os dados são disponibilizados como dados estruturados legíveis por máquina;3. O formato utilizado é um formato não-proprietário 4. Os dados disponibilizados apresentam URIs estruturados que permitam sua identificação e

referenciação. 5. Os dados ofertado são ligados a outros dados, publicizados por outros atores, o que permite prover

contexto. Como se vê, o processo de expansão da governança eletrônica vem caminhando para uma diversificação de

ferramentas e, no que diz respeito à transparência, em especial, ocorre um avanço no sentido de permitir maior profundidade de utilização das informações. Não se trata mais apenas de disponibilizar as informações, mas de fazê-lo com objetivo de ampliar seu uso e de obter novas aplicações para além da simples prestação de contas. Emergem temáticas de uso como utilização de dados abertos para a promoção do desenvolvimento econômico, para avaliação de políticas públicas e para a criação de serviços públicos inovadores (Helbig, Cresswell, Burke, Pardo, & Luna-Reyes, 2012).

2 Objetivos da Pesquisa A pesquisa "Desafios para a Governança Eletrônica e Dados Governamentais Abertos em Governos Locais" fundamenta-se na articulação entre as aplicações das TICs e a promoção dos direitos de cidadania (apresentados acima) associados à sua utilização para a governança eletrônica.

O principal objetivo da pesquisa é demonstrar de que maneira as TICs são utilizadas para promover melhores relações de governança eletrônica entre os governos locais e a sociedade.

A pesquisa busca explorar as possibilidades de uso das TICs para apoiar o engajamento dos cidadãos em processos de governança democrática local, especialmente em ferramentas de governança eletrônica baseadas em ambientes baseados em computador, como portais municipais, fóruns, e aplicaçòes para dispositivos móveis.

A utilização de diversos recursos tecnológicos é estudada do ponto de vista da sua adoção pelo poder público para facilitar sua interação com os cidadãos e com as organizações da sociedade civil.

O foco da pesquisa são os governos locais latino-americanos, com maior destaque para os casos brasileiros. A escolha deste foco baseou-se não somente em critérios práticos (recursos, facilidade de deslocamento, idioma, redes de contato pré-existentes etc.), como também nas relativas similaridades dos contextos políticos dos países latino-americanos.

A metodologia do trabalho combina pesquisa exploratória e estudos de caso aprofundados. A pesquisa

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exploratória baseia-se no levantamento de casos de referência junto a fontes secundárias e a informantes qualificados, submetendo-os a uma inspeção estruturada de websites em modo preliminar.

A partir da pesquisa exploratória, as experiencias escolhidas são objeto de estudos em caso em profundidade. Além de entrevistas semi-estruturadas em profundidade com participantes dos processos, quando necessárias, os casos utilizam o recurso da inspeção estruturada de websites, desta vez de maneira aprofundada, onde se busca verificar atributos referentes às funcionalidades ofertadas, no que diz respeito ao tipo de recurso ofertado e sua vinculação com os direitos de cidadania no campo da governança eletrônica. Avaliações de usabilidade e desempenho não fazem parte do escopo do pesquisa.

3 Contribuições Esperadas Uma vez que a pesquisa busca avançar no entendimento das possibilidades do uso das TICs para a promoção da governança eletrônica, entende-se que sua principal contribuição é exatamente a identificação dessas possibilidades em casos concretos dos governos locais latino-americanos, abrindo espaço para uma melhor compreensão dos processos de adoção das TICs pelos governos, envolvendo tanto os potenciais e efetivos resultados, quanto os obstáculos para a implantação, utilização e disseminação de seu uso.

Nas fases anteriores a pesquisa focou-se inicialmente em experiências de governança eletrônica em nível local utilizando-se variados recursos de interação mediada por computador.

Na fase corrente da pesquisa, o foco orienta-se para a adoção das práticas de dados governamentais abertos nas cidades de São Paulo, Buenos Aires e Montevideú. A pesquisa atual é financiada pelo International Development Research Centre (IDRC), órgão canadense de financiamento de pesquisas, e Web Foundation.

Aqui, espera-se produzir as seguintes contribuições:• Caracterização de como os governos locais têm atuado no campo dos dados abertos governamentais,

descrevendo contextos, políticas adotadas e impactos potenciais e efetivos;• Análise de questões-chave de governança eletrônica em torno das políticas locais de dados

governamentais abertos, do ponto de vista dos policy makers e ativistas, identificando desafios institucionais e sociais para o sucesso das políticas;

• Avaliação do nível de maturidade dos portais de dados governamentais abertos, utilizando-se a classificação de cinco estrelas (Berners-Lee, 2006) e as diretrizes da World Wide Web Foundation (W3C, 2012).

4 Resultados já Alcançados A pesquisa iniciou-se em 2008, identificando experiências de uso da TI para promoção da transparência em governos locais brasileiros e latino-americanos, quando foram identificadas tendências de uso da tecnologia e as principais funcionalidades empregadas pelos governos locais tais como portais de transparências, sistemas informatizados de denúncias, votação online em orçamento participativo, ouvidorias eletrônicas, entre outros.

Os resultados geraram uma série de trabalhos sobre a adoção de TICs tanto para a participação como para o controle social . Esses trabalhos evidenciaram que demandas da sociedade no campo da transparência puderam ser atendidas com maior abrangência e profundidade (MATHEUS, RIBEIRO, VAZ & SOUZA, 2012; RIBEIRO, VAZ & MATHEUS, 2011), ainda que o potencial da tecnologia ainda seja subutilizado.

Também foi possível evidenciar que a adoção de mecanismos de participação social mediada por computador ampliaram a base de cidadãos envolvidos em processos participativos, abrindo espaço para públicos que anteriormente não se mobilizava para esses processos (BEST, RIBEIRO, MATHEUS & VAZ, 2010; VAZ, 2009).

A partir de 2010, a pesquisa orientou-se para a temática dos dados governamentais abertos, levantando as experiências emergentes nos governos no Brasil. As conclusões desse trabalho identificaram que os dados governamentais abertos ainda eram bastante incipientes nesse período no setor público brasileiro, mas já foi possível identificar padrões de uso e os principais obstáculos para a sua expansão (VAZ, RIBEIRO & MATHEUS, 2010).

Na fase atual, iniciada em 2013, a pesquisa aprofunda o estudo das experiências de governos locais, desta vez sob uma abordagem comparativa em governos locais do Cone Sul, documentando e comparando as experiências de São Paulo, Montevidéu e Buenos Aires.

Enquanto, na etapa anterior, a pesquisa focou as potencialidades e as decisões sobre abertura de dados, nesta fase corrente já foi possível identificar elementos concretos do processo de implementação, obtendo avaliaçòes mais aprofundadas sobre os desafios, dificuldades e novos potenciais de uso dos dados governamentais abertos, a partir da incorporação de novos atores e novas práticas de trabalho na implementação das experiências.

No mês de junho realizou-se seminário em Montevidéu envolvendo pesquisadores, ativistas, técnicos e dirigentes públicos relacionados às experiências estudadas. O processamento dos dados levantados ainda não foi concluído. As principais questões abordadas foram:

a) As relações custo-benefício das políticas de dados governamentais abertas ainda não são plenamente conhecidas e dissemnadas;

b) Ainda é difícil medir os impactos das políticas de abertura de dados governamentais; c) Não há clareza sobre a conveniência da regulação dos dados governamentais abertos, ainda que pareça

haver uma tendências dos praticantes de considerar necessário algum nível de regulação; e

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d) A agenda dos dados governamentais abertos nos governos locais estudados, configura-se como uma agenda própria, e não uma simples transposição da agenda dos países desenvolvidos, ainda que tenha sido fortemente influenciada por esta em sua origem.

5 Conclusão A primeria etapa da pesquisa demonstrou a existência de um leque de possibilidades de uso de instrumentos de governança eletrônica pelos governos locais. A segunda etapa demonstrou a emergência dos dados governamentais abertos como oportunidade para o aprofundamento das políticas de transparência e disseminação da informação.

O estudo atual aprofundará as conclusões das etapas anteriores, mas ainda terá um caráter introdutório, próprio do estudo de fenômenos contemporâneos.

Futuramente, a pesquisa deverá expandir o número de casos estudados para governos locais de outros países da América Latina e também deverá aprofundar os requisitos e atributos dos processos de abertura de dados governamentais, tanto do ponto de vista técnico quanto organizacional e institucional.

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adfa, p. 1, 2011.

© Springer-Verlag Berlin Heidelberg 2011

O Processo de Construção de Léxico Ampliado da

Linguagem para a Transparência

Priscila Engiel1, Marília Guterres Ferreira

1, Antonio Lutfi

1, Julio Cesar Sampaio do

Prado Leite1

1Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC - Rio,

Brasil

{julio, alutfi, mferreira, pengiel}@inf.puc-rio.br

Abstract. Atualmente existe uma grande demanda para que empresas, princi-

palmente públicas, disponibilizem determinadas informações, ou seja, tornem-

se transparentes para a sociedade. Este trabalho apresenta um processo de cria-

ção de um Léxico Ampliado da Linguagem (LAL) sobre Transparência, Este

Léxico foi modelado a partir da discussão de dois livros de autores com perfis

distintos, um com características sócio históricas e outro com a preocupação

mais voltada ao governo e à legislação. A partir deste LAL pretende-se elaborar

uma ontologia sobre Transparência.

Keywords: Transparência, ontologia, história, governo, Léxico Ampliado da

Linguagem.

1 Introdução

Cada vez mais, a Transparência vem se tornando uma preocupação para as socie-

dades democráticas. Porém, mesmo com esta demanda, ainda existem poucos traba-

lhos na definição do que é Transparência e como aplicá-la nas organizações e no go-

verno.

Em Engenharia de Software, existem alguns trabalhos que tratam de Transparên-

cia. Cappelli e Leite [1][2][3] propuseram um entendimento sobre Transparência an-

corada no conceito de requisitos não funcionais (RNF), e modelaram este conheci-

mento usando as idéias de Chung et. al. [4] NFR (Non Functional Requirements).

Dessa maneira, a Transparência é alcançada através dos RNFs: acesso, usabilidade,

informação, entendimento e auditabilidade. Os RNFs são relacionados através de

contribuições de ajuda, um relacionamento especial definido por Chung et, al, (NFR

Framework) [4] e modelados como um “Softgoal Interdependency Graph (SIG)”, que

organiza um conjunto de “NFR Requirements Patterns”, seguindo a proposta de Su-

pakkul et al. [5].

Para a construção deste trabalho, Leite e Cappelli resumiram as principais informa-

ções encontradas na elicitação do conceito sobre Transparência. Quatro livros foram

utilizados para a construção deste conhecimento. Holzner and Holzner [6] que proveu

um estudo sobre perspectivas sociais e históricas, aonde foi observado um movimento

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para as sociedades, no qual a Transparência seria a chave para sociedades mais demo-

cráticas; Henriques [7] que examinou diferentes aspectos sobre a Transparência no

contexto organizacional, chegando à conclusão de que a Transparência é essencial

para o sucesso das organizações; Lord [8] forneceu argumentos que mostravam que

aumentando o nível de Transparência não implicava em mais democracia, mostrando

os limites da Transparência e Fung et al.[9] utilizou o conceito de transparência dire-

cionada como uma maneira de organizações reduzirem riscos ou problemas a partir de

divulgação seletiva de informações.

O trabalho aqui apresentado teve como objetivo revisitar 2 das literaturas utiliza-

das: Fung et al.[9] e Holzner and Holzner [6], com o objetivo de criar um conheci-

mento sobre Transparência, através da compreensão desses livros sob a ótica do Lé-

xico Ampliado da Linguagem (LAL). A ideia de utilizar essas duas literaturas é pos-

suir duas visões distintas sobre a transparência, uma sob a ótica sócio-histórica e outra

com a preocupação mais voltada ao governo e à legislação. É importante ressaltar que

o conhecimento gerado é baseado nos dois livros, não sendo o LAL resultante genéri-

co sobre Transparência.

Este artigo está dividido da seguinte forma: a primeira seção apresenta os objetivos

da pesquisa, a segunda seção as contribuições esperadas. A terceira seção apresenta os

resultados já alcançados e por último são apresentadas as conclusões do trabalho.

2 Objetivos da Pesquisa

O objetivo dessa pesquisa é a consolidação de um conhecimento sobre Transparência

que possa ser evoluído para a criação de uma ontologia sobre Transparência. Para a

criação da ontologia foi utilizado o método proposto por Breitman e Leite [10] que

indica a construção de um Léxico Ampliado de Linguagem (LAL) para a organização

do conhecimento. E a seguir, a transformação deste léxico em uma ontologia. Acredi-

ta-se que com a criação desta ontologia, ficará mais fácil para organizações, cidadãos

e governo entenderem o que é a Transparência e assim tornar mais fácil a sua implan-

tação.

3 Contribuições Esperadas

As principais contribuições deste trabalho são a explanação sobre o processo de cria-

ção do Léxico Ampliado da Linguagem (LAL) sobre Transparência, que representa os

dois livros supracitados, e o LAL propriamente dito. O LAL é uma técnica que procu-

ra descrever os símbolos de uma linguagem. A ideia central é a existência da lingua-

gem da aplicação, neste caso a Transparência, sob a visão dos livros. Portanto nos

livros foram identificados palavras ou frases ao meio social da aplicação sob estudo.

Este LAL é constituído de conceitos como sujeito, predicado, objeto, verbos e seus

relacionamentos, ajudando o entendimento sobre o que é Transparência e como ela

está relacionada. Cada símbolo é descrito com noção e impacto. Noção é o que o sig-

nifica o símbolo (denotação). Impacto descreve efeitos do uso/ocorrência do símbolo

na aplicação ou do efeito de algo na aplicação sobre o símbolo (conotação) [10].

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Este LAL servirá como base para a construção de uma ontologia sobre Transparên-

cia. Com esses artefatos, espera-se contribuir para a evolução do conhecimento sobre

Transparência.

4 Resultados já Alcançados

O processo de construção do LAL da Transparência ocorreu durante um semestre em

uma disciplina de pós-graduação sobre transparência e desenvolveu-se da seguinte

forma:

1. Elicitação de conhecimento descompromissada de modelo representacional:

(a) Leitura de documentos, aqui representados pelos livros Transparency in Global

Change: The Vanguard of the Open Society [9] e Full Disclosure: The Perils

and Promise of Transparency [6].

(b) Apresentação da leitura dos livros por capítulos;

(c) Discussão em reuniões;

(d) Consolidação dos pontos principais de cada capítulo em um resumo único por

livro;

(e) Identificação de cada sentença dos resumos por números;

(f) Releitura e avaliação dos resumos;

(g) Introspeção sobre Transparência;

(h) Rediscussão;

(i) Consolidação.

2. Modelagem do conhecimento segundo a linguagem do LAL.

(a) Criação do LAL com base nos resumos: para essa fase foram necessários clas-

sificar os termos identificados como sujeito,

(b) Manutenção da rastreabilidade com os resumos.

A primeira fase do processo caracterizou-se pelo exercício de elicitação de conheci-

mento descompromissada, isto é, pela aquisição de conhecimento independente de

linguagem de modelagem. Nessa fase, os autores realizaram a leitura dos dois livros

referenciados [9] e [6]. Durante as leituras, foram realizadas apresentações por capítu-

los dos livros seguidas por discussões das ideias apresentadas. Com o intuito de for-

malização, essas discussões foram consolidadas em resumos, nos quais cada sentença

foi identificada por números para posteriormente manter-se a rastreabilidade das in-

formações, um extrato do resumo gerado é apresentado abaixo:

1. Revolução tecnológica aumenta a diferença entre os países e a torna mais

visível.

2. Transparência econômica importante para encurtar distâncias.

3. Transparência econômica importante para a confiança.

4. Quasi-market.

5. Transparência como demanda e expectativa da União Européia.

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6. Transparência entre currículos acadêmicos- equivalências. Ensino sem

fronteiras.

7. Infraestrutura técnica para a disponibilização da informação.

8. Certificação, códigos éticos e regulação pública.

9. Perda da privacidade.

10. Transparência nem sempre é voluntária.

11. Transparência não garante a qualidade da informação.

12. Transparência tem sido eficaz contra corrupção.

13. Demanda de disponibilização das informações das ONGs.

14. Memória Amoral.

15. Transparência Histórica.

16. Jurisdição Universal.

17. Direito Civil.

Após essa consolidação, realizou-se a releitura dos resumos, introspecção de cada

autor e rediscussão em grupo para nova consolidação.

Na segunda fase, efetivou-se um exercício de elicitação compromissada pelo mo-

delo, isto é, de aquisição de conhecimento baseada em linguagem de modelagem. A

partir das sentenças geradas nos resumos, foram escolhidas palavras chaves, que fo-

ram classificadas como sujeito, objeto, verbo e estado, para isto também foram reali-

zadas discussões internas no grupo para realizar esta classificação, o resultado é apre-

sentado na tabela 1:

Tabela 1- classificação dos termos do LAL de transparência

Sujeito Objeto Verbo Estado

Governo Direitos Hu-

manos Ajuda Accountability

Intermediários Infraestrutura

técnica Contribui Acurácia

Lei Liberdade Depende Assimetria

Mercado Linguagem É demanda

pelo Autonomia

Normas É eficaz

contra Corrupção

Transparência É oposto de Confiança

Transparência

direcionada

É propor-

cional a Crise

Usuário É subtipo

de Custo

Organização Evidencia Democracia

Empresa Facilita Discriminação

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Transparência in-

terna Gera Disponibilidade

Transparência

externa Melhora Entendimento

Transparência

emergente Molda Escândalo

Necessita Opacidade

Permite Padronização

Pode con-

trolar Privacidade

Pode ser

regrada

Processo de tomada

de decisão

Prejudica Qualidade da infor-

mação

Promove Sigilo

Sustentabilidade

Usabilidade

Comparabilidade

Vigilância

Concorrência

Alienação

Relações internacio-

nais

Nesse momento, realizou-se a adição dos símbolos identificados no sistema C&L.

Um exemplo da criação de um símbolo do LAL é apresentado na figura 1:

Figura 1: Exemplo de símbolo no léxico

5 Conclusão

Com o andamento desse trabalho, muitas lacunas no conhecimento sobre Transparên-

cia foram preenchidas pelos conceitos advindos da leitura dos livros e pelo processo

de construção do LAL. Os resumos aqui construídos possuem o viés dos pontos de

vista dos autores e aliam visões distintas da Transparência, advindas de uma visão

sócio-histórica e de uma visão governamental, legal. Além disso, o Léxico Ampliado

da Linguagem representa a linguagem sobre Transparência apresentada nos dois li-

vros referenciados. As contribuições principais desse artigo são a apresentação do

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processo de construção do LAL da Transparência, que representa os dois livros supra-

citados e o LAL propriamente dito.

Como trabalho futuro, é necessário validar o LAL construído. O LAL foi construí-

do pelos autores na disciplina de Transparência de Software, porém ele precisa ser

revisto para verificação se todos os conceitos presentes nos resumos foram incluídos e

se a forma como estes conceitos foram incluídos está correta. A validação do LAL

será realizada utilizando o método apresentado em [11]

Outro trabalho futuro é a construção de uma ontologia [10] para a Transparência de

acordo com o LAL gerado. Acredita-se que com a ontologia, o conceito de Transpa-

rência possa ser mais bem difundido e utilizado pela academia e pela indústria.

6 Referências

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Transparência e Testabilidade para a Geração Automatizada de Casos de Teste de Software

Edgar Sarmiento Calisaya and Julio Cesar Sampaio do Prado Leite

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC - Rio, Brasil

{ecalisaya,julio}@inf.puc-rio.br

Resumo. Transparência de Software é um conceito relacionado à disponibilida-de de informação; e, o software é considerado transparente quando suas opera-ções são visíveis e se tem acesso ao processo que o gerou. Durante o processo de construção do grafo de interdependências de transparência, percebeu-se que os requisitos não funcionais relacionados à transparência também estavam rela-cionadas à Testabilidade; ou seja, transparência e testabilidade têm contribui-ções positivas. Testabilidade é uma característica de software que expõe o grau em que um artefato de software facilita o processo de testes. Este trabalho des-creve os relacionamentos entre a testabilidade e a transparência: como a testabi-lidade melhora a transparência, e como a transparência facilita a testabilida-de? A testabilidade e a transparência podem facilitar à automação de testes, e este trabalho propõe uma abordagem automatizada para a geração de casos de teste a partir de descrições de requisitos. O entendimento e a transparência dos requisitos possibilitam a construção de software mais transparente; as lingua-gens de Cenário e Léxico serão usadas para representar as descrições de requisi-tos.

Palavras-chave. transparência de software, testabilidade, requisitos, cenários, teste de software, casos de teste.

1 Introdução

Segundo [2], o direito de ser informado e de ter acesso à informação tem sido uma consideração importante nas sociedades modernas; entretanto, como o software per-meia vários aspectos da sociedade, em algum ponto do futuro, engenheiros de softwa-re terão que dar conta de mais uma demanda: transparência.

O grupo de engenharia de requisitos da PUC-Rio (Grupo ER) [10] classificou a transparência como um conjunto de requisitos não funcionais (metas flexíveis), orga-nizados hierarquicamente através de um grafo de interdependências (SIG – NFR Fra-mework [13]). Este grafo representa as diferentes contribuições e correlações necessá-rias para satisfazer este novo requisito não funcional, e mostrado parcialmente na Fig. 1. Este grafo é composto por 28 nós folha e cinco grupos. Cada nó é uma característi-ca ou meta flexível necessária para alcançarmos a transparência.

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Fig. 1. Transparência como um requisito não funcional [2]

Considera-se a transparência como um conceito em desenvolvimento, onde alguns aspectos ainda estão sendo pesquisados; pois fazer software transparente tem algumas implicações, ou seja, os NFRs do SIG de transparência podem contribuir ou ter corre-lações sobre outros requisitos não funcionais (Fig. 2). Por exemplo:

• Segurança e Privacidade: software transparente pode comprometer a segurança. • Custo: software transparente e de qualidade pode ser muito custoso. • Testabilidade: software transparente pode facilitar a testabilidade, e, software tes-

tável pode impactar positivamente na transparência.

Fig. 2. Possíveis Correlações entre NFRs [10]

Durante o processo de construção do SIG de transparência, percebeu-se que as NFRs identificadas também contribuem positivamente na testabilidade; ou seja, transparência e testabilidade têm contribuições positivas. Para isto foi necessário construir o SIG da testabilidade. Na Fig. 3 é possível observar que os NFRs que con-tribuem na testabilidade já fazem parte do SIG de transparência.

Fig. 3. Testabilidade como um requisito não funcional (Adaptado de [14])

Controlabilide e observabilidade são as características chave para a testabilidade [14]; ou seja, para testar um artefato de software é necessário controlar as entradas

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(controlabilidade) e observar as saídas (observabilidade). Sem estas características é impossível melhorar a testabilidade do software; assim como o é a acessibilidade na transparência.

A Tabela 1 mostra os requisitos não funcionais presentes na transparência e que contribuem na testabilidade. Em alguns casos foi necessário identificar algumas equi-valências (Observabilidade ≡ Validade e Verificabilidade).

Table 1. Relacionamentos e equivalências entre transparência e testabilidade.

Transparency Testability Availability Availability Simplicity Simplicity

Completeness Stability Informativeness Informativeness Controllability Controllability

Verifiability & Validity Observability Diversas pesquisas demonstraram que o processo de desenvolvimento de software

deveria ser dirigido pelos requisitos [2,12]. Isto principalmente porque os conceitos usados para definir os requisitos de um sistema são (e devem ser) usados no restante das etapas do processo de desenvolvimento (projeto e implementação). Alem disso, demonstrou-se que o caminho para construir software transparente precisa de métodos de desenvolvimento de Software dirigidos por requisitos [2]. Estes requisitos devem ser entendíveis e transparentes para todos os items envolvidos (cidadãos, usuários, clientes e desenvolvedores).

A transição de requisitos para outros artefatos de software tem sido um dos princi-pais desafios no desenvolvimento de software e diversas abordagens que visam ajudar neste processo têm sido propostas (Model-driven Development). Neste contexto, a transição de modelos de requisitos para modelos de teste (Model-driven Testing) sem-pre foi um tópico desafiante, pois as tarefas de testes são as mais custosas, demoradas e obscuras. Então, a especificação transparente de requisitos pode facilitar a transfor-mação automatizada de descrições de requisitos para casos de teste.

Uma abordagem de especificação de requisitos baseada em cenário e léxico [1] po-de ajudar tanto na compreensão do sistema que será desenvolvido quanto na validação do conhecimento do engenheiro e pelo cliente. Isto se dá pelo fato de que os cenários são descritos em linguagem natural e modelam situações do sistema, fazendo com que clientes se sintam mais à vontade e entendam melhor o processo de descobrimento dos requisitos.

Desta forma, nossa motivação principal é facilitar a transição entre requisitos e ca-sos de teste de uma maneira a seguir os princípios de transparência de software e pa-ralelamente melhorar a testabilidade do produto de software; as linguagens de Cenário e Léxico serão utilizadas para representar as descrições de requisitos.

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2 Objetivos da Pesquisa

Os testes de software continuam sendo uma das técnicas de verificação e validação mais comumente utilizadas. No entanto, as atividades associadas aos testes são bas-tante custosas, obscuras e usualmente executadas manualmente. Para reduzir o seu custo e aumentar sua eficácia é desejável relacionar os requisitos ao processo de testes o mais cedo possível e automatizar as atividades relacionadas a este [3, 4, 9]. Então, é sempre um tópico desafiante reduzir o custo destas tarefas: fazer a tarefa de testes mais fácil e mais efetiva. Em outras palavras, melhorar a testabilidade do software.

A Testabilidade e a Transparência são satisfeitas através da operacionalização das características de qualidade relacionadas a estas; este fato possibilita um melhor en-tendimento, manipulação e uma melhor visualização e interpretação dos resultados da execução do software. Estas operacionalizações têm um impacto positivo sobre o produto e o processo de software. Neste trabalho, testabilidade e transparência facili-tam a automação de testes.

O objetivo desta pesquisa é mostrar os relacionamentos entre a testabilidade e a transparência: como a testabilidade melhora a transparência e como a transparência facilita a testabilidade? Ou seja, este trabalho mostrará como a Testabilidade e a Transparência facilitam à automação de testes, e este propõe uma abordagem automa-tizada para a geração de casos de teste a partir de descrições de requisitos.

3 Contribuições Esperadas

A contribuição principal deste trabalho é uma abordagem automatizada para a ge-ração de casos de teste de aplicações complexas, a partir de descrições de requisitos descritas nas linguagens de Cenário e Léxico [1]. Neste processo, para cada cenário é derivado um grafo direcionado e este grafo é representado como um diagrama de atividades (UML). Este diagrama é usado para a derivação de cenários de teste usan-do estratégias de graph-search e path-combination [6, 7, 8]. Um diagrama de ativida-des pode mostrar o comportamento visual de um cenário porque este representa o fluxo de controle entre atividades, este também pode ser usado para facilitar a trans-formação a outros modelos (Model-driven Development - MDD). A Fig. 4 mostra este processo.

Fig. 4. Processo de Derivação de Casos de Teste

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Cenários [1] descrevem situações especificas da aplicação, e estas descrições refe-renciam as palavras ou frases relevantes do domínio da aplicação (Léxico). Este rela-cionamento: (1) explicita as principais entidades da aplicação desde descrições inici-ais de requisitos, (2) explicita as interações de tarefas concorrentes descritas no cená-rio, e (3) pode ser usado para reduzir o número de cenários de teste derivados. Este fato também possibilita as descrições de aspectos internos e externos da aplicação. Casos de uso [5] podem ser vistos como um modelo particular de cenários; entretanto, caso de uso é usado para descrever interações entre o usuário e o sistema através de uma interface (aspectos externos).

4 Resultados já Alcançados

Para demonstrar a viabilidade desta abordagem, os algoritmos de transformação de descrições de requisitos para grafos de atividades, e de geração de cenários de teste a partir destes grafos estão sendo implementados junto com uma ferramenta de apoio a este processo. Os algoritmos propostos são capazes de lidar com as descrições de requisitos que contém estruturas complexas como a concorrência. O desenvolvimento esta sendo baseado na ferramenta C&L (edição de cenários e léxicos) [11].

A Fig. 5 mostra através de um exemplo as principais tarefas da nossa abordagem. O exemplo ilustrado é a derivação de casos de teste para o “Shipping Order System”.

Fig. 5. Ilustração do Processo de Geração de Casos de Teste

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5 Conclusão

A nossa abordagem fornecerá contribuições, devido às seguintes razões: (1) a geração de casos de teste baseado em cenários ajuda os desenvolvedores a melhorar a qualida-de do produto e, conseqüentemente, reduzir: custos de falhas em uso, custos de manu-tenção depois de entregue o produto final, o tempo de desenvolvimento do software. (2) a abordagem será capaz de detectar as interações, erros de comunicação e blo-queios entre processos concorrentes de forma mais compreensiva do que as aborda-gens já existentes. (3) a abordagem será capaz de derivar casos de teste para aplica-ções concorrentes a partir de descrições de requisitos baseados numa linguagem natu-ral semi-estruturada, as abordagens existentes são baseadas em modelos visuais semi-formais. (4) a abordagem será capaz de reduzir o número de cenários de teste gerados para aplicações concorrentes.

Cenário [1] facilita testes unitários e testes de integração, pois descreve as interações entre objetos ou módulos do sistema. Os módulos são descritos como cenários de um macro-cenário (Sistema), e os módulos podem ser descritos por sub-cenários que descrevem situações específicas (procedimentos).

6 Referências

1. Leite, J. C. S. P., Hadad, G., Doorn, J., Kaplan, G.: A scenario construction process, Re-quirements. Engineering Journal, Springer-Verlag London Limited, 5, 1, pp. 38-61 (2000)

2. Leite, J. C. S. P., Cappelli, C.: Software Transparency, Business & Information Systems Engineering: Vol. 2: Iss. 3, 127-139 (2010)

3. Heumann, J.: Generating test cases from use cases, IBM (2001) 4. Binder, R. V.: Testing object-oriented systems. Addison Wesley (2000) 5. Cockburn, A.: Writing Effective Use Cases. Addison-Wesley, Reading, MA (2001) 6. Katayama, T., Itoh, E., Furukawa, Z.: Test-case generation for concurrent programs with

the testing criteria using interaction sequences. 6th Asia-Pacific Software Engineering Conference (1999)

7. Yan, J., Li, Z., Yuan, Y., Sun, W., Zhang, J.: BPEL4WS Unit Testing: Test Case Genera-tion Using a Concurrent Path Analysis Approach, In Proceedings of ISSRE’06, pp.75-84 (2006)

8. Shirole, M., Kumar, R.: Testing for concurrency in UML diagrams. SIGSOFT Softw. Eng. Notes, vol. 37, no. 5 (2012)

9. Denger, C., Medina, M.: Test Case Derived from Requirement Specifications. Fraunhofer IESE Report (2003)

10. Grupo de Pesquisas em Engenharia de Requisitos da PUC-Rio. Disponível em: http://transparencia.inf.puc-rio.br/wiki/index.php/Integrantes.

11. C&L – Cenários e Léxicos – Disponível em: http://pes.inf.puc-rio.br/cel. 12. Van Lamsweerde, A. From System Goals to Software Architecture. Formal Methods for

Software Architectures (2003) 13. Chung L., Nixon B.A., Yu E., Mylopoulos J. Non- Functional Requirements in Software

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http://www.satisfice.com/tools/testable.pdf Acessado em 20/07/2013

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Incorporando Transparência na Pedagogia através do

Uso de Jogos para Ensino

Elizabeth Suescún Monsalve1, Vera Maria B. Werneck

2 e Julio Cesar Sampaio do Prado Leite

1

1Departamento de Informática, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,

Rua Marquês de São Vicente 225, Ed. Padre Leonel Franca 13o. andar, Rio de Janeiro, Brasil

[email protected], http://www-di.inf.puc-rio.br/~julio/ 2Departamento de Informática e Ciência da Computação Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

Rua São Francisco Xavier, 524 - Pavilhão Reitor João Lyra Filho

6º andar, 20559-900, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]

Resumo. Na sociedade em constante transformação, a educação é quem

facilita a adaptação do ser humano ao mundo, sendo a pedagogia a respon-

sável em criar uma educação mais eficaz. Neste contexto, se olharmos o

passado a pedagogia era fundamentalmente voltada para uma relação pro-

fessor-aluno e menos numa sinergia aluno-professor, ou seja, o papel do

estudante era menos ativo. Novas propostas pedagógicas incluem o olhar

a pedagogia com o foco da transparência, informação revelada. Pedagogia

com transparência oferece um equilíbrio entre professor e aluno. E faz

com que este último participe mais e seja ciente sobre processos e conteú-

dos educativos. Nesse contexto, jogos surgem como uma alternativa de

ensino em que existe mais participação do aluno. Nosso trabalho pretende

explorar as noções de transparência pedagógica.

Palavras Chave. Transparência, Pedagogia, Jogos para ensino.

1 Introdução

Há um interesse crescente, da sociedade, pela transparência, criando uma maior de-

manda por acesso às informações de interesse do cidadão. Transparência possibilita

que a sociedade tenha conhecimento de atos, ações, condições referentes a organiza-

ções com as quais um cidadão tem que interagir.

Portanto, a informação revelada oferece ao cidadão a capacidade de uma

maior e efetiva participação. Lord em [1] diz: "A transparência é uma condição na

qual as informações relacionadas às prioridades, capacidades e procedimentos das

organizações estão amplamente disponíveis para o público mundial". Por isso, a pu-

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blicidade da informação permite ao cidadão acompanhar o comportamento e atos das

organizações, participando, fazendo comparações e exercendo seus direitos.

A transparência possui três participantes ativos: cidadão, organização e esta-

do. No foco do cidadão a transparência tem que permitir-lhe ter acesso de forma sim-

ples e livre à informação, exercer controle sobre os organismos e fazer cumprir suas

funções, contudo, ela também permite ao cidadão participar de ações que melhorem

aqueles serviços ou produtos. No foco da organização, a transparência faz com que

organizações disponibilizem e publiquem as informações que sejam de interesse para

o cidadão. E finalmente, como estado, a transparência permite criar ações para a visi-

bilidade da transparência e mecanismos de participação.

Cidadãos cada vez mais participativos acarretam na necessidade da incorpo-

ração da transparência em diferentes âmbitos da sociedade. Isso é observado princi-

palmente no setor governamental com a criação de várias instituições e organizações

como: a Transparência Internacional [2] e Transparência Brasil [3], a CGU (Contro-

ladoria Geral da União) [4], dos portais de transparência dos governos federal [5],

estaduais e municipais e de iniciativas como o Freedom of Information Act [6] e a lei

Sorbanes-Oxley [7], entre outros.

Observando os exemplos anteriores, na gestão governamental a transparência

está cada vez mais fortalecida. No âmbito do software, o movimento de software livre

é nessa direção. Cada dia, estamos mais e mais rodeados de software, isso se dá com a

massificação da tecnologia e o crescimento exponencial da mesma, assim sendo, sof-

tware já é parte fundamental da nossa vida moderna. Software serve para socializar,

fazer negócios, ensinar, aprender. Ele está transformando aquilo que conhecemos,

pensamos e nossas relações de uma forma mais profunda. Neste contexto, o cidadão

precisa se informar do que o software está fazendo, que recursos e informações são

manipulados. Além disso, ele quer saber quais políticas de privacidade e de publici-

dade operam no software.

Nesse contexto trabalha o Grupo de Transparência de Software [8, 9], visan-

do a operacionalização dos atributos da transparência apresentados no trabalho de

Cappelli em [10]. Esta abordagem foi estendida de processos de negócios para sof-

tware com o método GQO (Goal question and operationalization), o qual reúne um

conjunto de perguntas que permite identificar, operacionalizar e aplicar as metas fle-

xíveis do SIG (Softgoal Interdependency Graphs) de Transparência visando à criação

de softwares mais transparentes.

Como software está cada vez mais presente na sociedade moderna, há um

notório crescimento do seu uso para as atividades educacionais. Em particular, o caso

de jogos para ensino, que vários trabalhos demonstram sua efetividade [11,12 e 13],

pois seu uso explora situações em que aulas tradicionais deixam a desejar, tais como:

competitividade, cooperação, e criação de estratégias. Jogos são meios de potenciali-

zar a imaginação, a socialização e a criatividade para resolução de problemas. Eles

são poderosas ferramentas, e se aplicados de forma correta levam para a aprendiza-

gem efetiva. Idealmente eles devem ser desafiantes, interativos e fomentar a retroali-

mentação na educação. Essas características, quando aplicadas, possibilitam que a

pedagogia possa ser mais transparente.

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2 Objetivos da Pesquisa

Como já mencionado, a sociedade está cada vez mais permeada pela tecnologia, e no

ensino esta realidade também se aplica, pois é fácil identificar como alunos agora são

mais imersos em tecnologias digitais. Prensky em [14], pode ser visto como um ma-

nual para os professores onde se apresenta este novo paradigma, além de, mostrar

como grandes empresas de desenvolvimento de software estão interessadas nos jogos

para ensino.

Nosso objetivo é apresentar nosso avanço na aplicação da transparência na

pedagogia com o uso de jogos para ensino. Acreditamos que jogos para ensino ofere-

cem característica que permitem tornar a pedagogia mais efetiva. E neste caso, mes-

mo que timidamente, se percebe que há um interesse crescente em pedagogia transpa-

rente [15, 16 e 17]. Pedagogia com qualidade sugere a interação e retroalimentação

como fatores relevantes na comunicação de estudantes e de professores, visando a

consciência entre o estudante e o curso através de um aprendizado mais participativo.

Como na aplicação do âmbito governamental, social e organizacional, transparência

na pedagogia está relacionada ao nível de acessibilidade e quanto o projeto do curso é

aberto aos estudantes apresentando seus objetivos e resultados.

Assim esta pesquisa acredita que há um potencial pedagógico no uso de sof-

tware para o ensino, mais especificamente jogos, e eles têm que lidar com a transpa-

rência. Alguns autores [15,16,17] apresentam seus pontos de vista sobre a transparên-

cia no contexto pedagógico. Kulesz em [16] acredita que professores têm que consci-

entizar os estudantes sobre a experiência de ensino. E por isso ele propõe que estudan-

tes têm que experimentar ensinar, assumindo o papel do professor. No papel do pro-

fessor, o aluno terá o entendimento da distância que há entre aquilo falado pelo pro-

fessor e a real experiência do estudante, ou seja, será possível ter uma visão sobre o

quê, como e porque ensinamos. No foco do estudante isso criaria consciência sobre

aquilo que está sendo ensinado. Nesta tarefa os professores devem falar para os estu-

dantes sobre as estratégias abordadas para cumprir o objetivo de aprendizado e com

isso mostra-se, para o estudante, não só o segredo do aprendizado como envolve-os na

preparação das aulas. Com isso, não só os estudantes estariam contribuindo para seu

aprendizado, mas também, o fato de explicar estas estratégias aos estudantes permiti-

ria um processo de retroalimentação, no sentido de aperfeiçoar as estratégias de ensi-

no. Igualmente, Fierro em [15] expõe que transparência na pedagogia é “mostrar aqui-

lo que nós sabemos” e isso não somente implica ver, como também implica saber e

frequentemente controlar. Assim, se retomarmos ao trabalho de Cappelli em [10],

veremos que a transparência nas organizações sugere informação revelada, entendi-

mento e auditabilidade, características que visam o controle do cidadão sobre as in-

formações. No entanto, a noção de retroalimentação oriundo da auditabilidade não

está presente; mas na pedagogia transparente isso é importante e se pretende explorar

neste trabalho.

A abordagem de Dalsgaard e Paulsen em [17] trata sobre a transparência na

educação online, fazendo especial ênfase na cooperação. Eles argumentam que trans-

parência oferece aos estudantes a visão das ações dos outros. Criando um entorno de

cooperação que seria possível tornar os estudantes cientes uns dos outros, com acesso

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para a informação e os serviços em comum. Essa acessibilidade permite ver interes-

ses, pensamentos, ideias, referências e fazer que eles estejam habilitados para partici-

par uns com outros como fontes do seu próprio aprendizado. Conforme esses autores,

este tipo de transparência também implicaria naquilo que se possa ver e naquilo que

seria visto. Ou seja, participantes (alunos) seriam visíveis e acessíveis e como conse-

quência disso se daria, aquilo que eles definem como “socialização do conhecimen-

to”.

Em suma, se o tópico abordado são jogos para ensino, e nele se quer incorpo-

rar atributos de transparência, se faz necessário uma conjugação de diretrizes para

avaliar estas ferramentas e as pedagogias adjuntas para eles.

3 Contribuições Esperadas

Surge assim, a iniciativa de atender às necessidades de tornar jogos para ensino mais

transparentes, o que nos leva à transparência do processo (software) como a transpa-

rência da informação (material pedagógico). Para isso ser feito se criará uma aborda-

gem que permita a valoração dos diferentes elementos.

Percebe-se, então, que para a aplicação do conceito da transparência no sof-

tware para ensino, faz-se necessário o entendimento sobre o conceito de transparência

na educação. Nosso trabalho objetiva a criação de uma abordagem que possa identi-

ficar a aderência deste conceito à pedagogia e uma estratégia de implementação deste

conceito nos processos de software e/ou ferramentas utilizadas.

4 Resultados já Alcançados

Seguindo o resultado do levantamento de informação e das próprias leituras desse

material identificou-se que não existe uma definição unificada para transparência na

pedagogia. No entanto, alguns autores [15, 16 e 17] timidamente tratam o tema. Por-

tanto, objetivando esta definição e analisando seus pontos de vista, observa-se que na

maioria se têm expressões e pensamentos relacionados com transparência na pedago-

gia, como: retroalimentação, comunicação, participação, recursos, consciência, aber-

to, acessibilidade. Todos esses termos podem auxiliar a caracterização da definição de

transparência na pedagogia. Com afirmações como, “transparência torna-se pedago-

gia.”, “transparência permite que os estudantes sejam coautores do seu conhecimen-

to.”, “o futuro chega e com ele a transparência”.

A ideia inicial foi de criar um SIG da Transparência Pedagógica (Figura 1)

com o objetivo de oferecer um conjunto de diretrizes sustentadas na qualidade do

ensino e focadas no estudante. A construção desse modelo de metas flexíveis (softgo-

als) foi baseada na literatura de transparência e de educação com jogos. Para que o

SIG seja útil no contexto pedagógico foram incorporadas características como simpli-

cidade, compreensão e facilidade de uso. Para estes requisitos não funcionais, deverão

ser estabelecidos critérios de controle e realização de testes para avaliar a satisfação

dos mesmos. A principal ideia da pedagogia transparente conforme é identificado

nesse trabalho é a relação consensual entre o professor e o estudante, promovendo a

consciência do último e que suporte sua autoconfiança.

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Pedagogia

Transparente

Motivacão

Consistência

Avaliação

Coerência

Acessibilidade

He

lp

Help

Agradabilidade Relevancia

RecepçãoHel

p

Help

CompreensibilidadeCompleteza

Clareza

Help

Confiabilidade Sustentabilidade Eficacia

Help

Help

Help

Hel

pH

elp

Apropriação

Extensibilidade

Inclusão

Útilidade

Suportabilidade

Help

Help H

elp

Disponibilidade

HelpHelp

Help

Help

HelpH

elp

Help

Figura 1. SIG da Transparência Pedagógica

O uso de jogos foi identificado como uma oportunidade de mecanismo de se

obter uma pedagogia mais efetiva e, também mais transparente. Nesse contexto, fo-

ram definidas diretrizes para avaliar jogos para ensino com um foco mais holístico,

olhando para os elementos pedagógicos e a ferramenta como um todo para atingir um

objetivo em comum, fornecer conhecimento efetivo. É um ponto de partida, nesta

pesquisa, um SIG da Transparência Pedagógica (Figura 1).

5 Conclusão

Transparência na pedagogia é uma oportunidade para maximizar a participação dos

estudantes, contribuir para uma aprendizagem mais efetiva e para que o professor

conheça diferentes pontos de vista, onde ambas as partes recebem uma retroalimenta-

ção constante. Há uma grande variedade de abordagens pedagógicas, métodos e práti-

cas, e ferramentas de aprendizado. E uma dessas alternativas é o ensino baseado em

jogos, no intuito de oferecer aos estudantes mecanismos de experimentação, conhe-

cimento em que aulas tradicionais não conseguem oferecer. Assim, esse trabalho tem

como objetivo a criação de uma abordagem para avaliação de jogos para ensino foca-

do na transparência, visando uma avaliação mais holística que permita considerar

tanto as ferramentas quanto as metodologias de ensino que acompanham essas ferra-

mentas.

Referências

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2006.

2. TI. Transparency International. 1993. Disponível em: http://www.transparency.org/ (último acesso

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3. TB. Transparência Brasil. 2000. Disponível em: http://www.transparencia.org.br/index.html (último

acesso em Setembro 2012).

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acesso em Abril 2013a)

9. GTS. Wiki do Grupo de Transparência de Software. Disponível em: http://transparencia.inf.puc-rio.br/wiki/index.php/Transparência (último acesso em Abril 2013b).

10. Aló, C.C. Uma Abordagem para Transparência em Processos Organizacionais Utilizando Aspectos.

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14. Prensky, M. (2003). Digital game-based learning. Computers in Entertainment (CIE), 1(1), 21-21.

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http://www.jstor.org/stable/1425687.

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17. Dalsgaard, C., & Paulsen, M. F. 2009. Transparency in Cooperative Online Education. The Interna-

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http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/671/1267.

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Using Transparency Models to evaluate OpenData Systems: a case study using a Mexican

Open Data Platform

Hugo Estrada, Blanca Vazquez, and Karen Najera

Fondo de Informacion y Documentacion para la Industria - INFOTEC, Mexico{hugo.estrada, blanca.vazquez, karen.najera}@infotec.com.mx

Abstract. Actualmente, la transparencia es un tema demandado por lasociedad principalmente en el ambito polıtico. En este sentido, muchosorganismos gubernamentales han buscado transparentar su informacionmediante el uso de plataformas de software que exponen publicamentesus datos. El uso de estas plataformas se ha generalizado en muchospaıses, y es posible evaluar el nivel de apertura de los datos que publican.Sin embargo, no es posible determinar su nivel de transparencia comosistemas de software. En este artıculo, proponemos el uso de modelos detransparencia desarrollados por expertos para evaluar cualitativamente elnivel de transparencia de una plataforma de Datos Abiertos desarrolladaen Mexico. Como caso de estudio presentamos los resultados previos deesta evaluacion los cuales comprenden el nivel de transparencia de laplataforma como sistema de software ası como el nivel de transparenciade la informacion que publica.

Keywords: Transparencia, Datos Abiertos, Modelo de Transparencia,Plataforma de Datos Abiertos

1 Introduccion

Hoy en dıa, la transparencia es un tema demandado por la sociedad, la cualsolicita a los gobiernos e instituciones privadas hacer publica la informacion rel-ativa a sus procesos. En este sentido, la iniciativa de Datos del Gobierno Abierto(OGD, por sus siglas en ingles) promueve la transparencia mediante la aperturade los datos gubernamentales, impulsando a la ciudadanıa hacia la consulta, usoy valoracion de la informacion [2]. La OGD abarca los conceptos de Datos Abier-tos (aquellos que son distribuidos libremente por cualquier persona) y Datosabiertos del gobierno (aquellos que son producidos por organismos publicos).Para que los Datos de Gobierno puedan ser considerados Datos Abiertos debencumplir con los siguientes principios (propuestos por la Fundacion Sunlight1

y el grupo de trabajo en Gobierno Abierto2): ser completos, sin previo proce-samiento, oportunos, accesibles, procesables, no discriminatorios, descritos enformatos no propietarios y publicados bajo licencia abierta. El nivel de aperturade los Datos de Gobierno puede ser medido mediante el esquema de apertura

1 Sunlight Foundation. http://sunlightfoundation.com/2 World Wide Web Consortium (W3C). http://www.w3.org/Consortium/

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2 Hugo Estrada, Blanca Vazquez, and Karen Najera

de Datos Abiertos propuesto por la W3C [3], que define que la apertura de losdatos es mayor mientras mas alto sea el nivel en el que se encuentran. Los nive-les son: 1 estrella, datos disponibles en la Web con licencia abierta, en cualquierformato (e.g. PDF); 2 estrellas, datos en formato estructurado (e.g. Ms Excel);3 estrellas, datos en formato estructurado y no propietario (e.g. CSV, XML); 4estrellas, datos en formato estructurado, no propietario, que usan IdentificadoresUniformes de Recursos (URIs) y estandares de la W3C (e.g. RDF) para iden-tificar cosas y propiedades; 5 estrellas, datos cuyas URIs apunten a otros datosdotandolos de contexto (datos ligados).Actualmente, se han desarrollado diversas plataformas para la publicacion deDatos Abiertos, cuyo uso se ha generalizado en los gobiernos de muchos paıses.Si bien es posible analizar el nivel de apertura de los datos utilizando el es-quema de la W3C, no es posible determinan el nivel de transparencia de estasplataformas como sistemas de software y debido a su proposito, estas platafor-mas deben proveer un alto nivel de transparencia. Este tema ha sido abordadopor Leite [4], quien afirma que la transparencia del software se esta convirtiendoen un criterio de calidad relevante, por ello, hace uso de modelos definidos porCapelli [1] (Modelo de Transparencia y Modelos de Operacionalizacion), quedefinen la transparencia de procesos (desde el punto de vista cualitativo), paraproporcionar una definicion de trasparencia desde la perspectiva de software.En este artıculo se propone el uso del Modelo de Transparencia y de los Modelosde Operacionalizacion [1, 4], como medio para evaluar el nivel de transparen-cia de sistemas de software. Como caso de estudio se utiliza una plataforma deDatos Abiertos desarrollada por el Fondo de Informacion y Documentacion parala Industria INFOTEC en Mexico, de la cual se estima su nivel de transparenciacomo sistema de software ası como su nivel de transparencia como sistema de in-formacion y se presentan los resultados previos de la evaluacion de la plataforma.

2 Objetivos de investigacion

El objetivo de este artıculo es demostrar como el Modelo de Transparencia ylos Modelos de Operacionalizacion [1, 4] pueden ser utilizados para evaluar demanera cualitativa el nivel de transparencia de plataformas de Datos Abiertos.En este artıculo se evalua una plataforma de Datos Abiertos desarrollada enINFOTEC, Mexico, analizandola como sistema de software y como sistema deinformacion.

3 Contribuciones esperadas

Las contribuciones esperadas de este trabajo a partir de los resultados obtenidosde la evaluacion son:– Un caso de exito que demuestre que el Modelo de Transparencia y los Mod-

elos de Operacionalizacion [1, 4] pueden utilizarse para evaluar el nivel detransparencia de sistemas de software orientados al acceso publico de in-formacion, como las plataformas de Datos Abiertos y los portales de trans-parencia.

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Using Transparency Models to evaluate Open Data Systems 3

4 Resultados alcanzadosLa plataforma de Datos Abiertos desarrollada por INFOTEC integra un conjuntode funcionalidades para la publicacion, gestion y consumo de datos publicos, conel objetivo de proveer a los ciudadanos un espacio para la participacion y colab-oracion. Al ser una plataforma que promueve la transparencia de informacion,consideramos que es necesario conocer su nivel de transparencia e identificarsus puntos de mejora. Por este motivo proponemos utilizar el Modelo de Trans-parencia y los Modelos de Operacionalizacion propuestos en [1, 4] para evaluarnuestra plataforma.Nuestra evaluacion se baso en el trabajo de Chung [5], el cual consiste en elanalisis de las funcionalidades de un sistema y su mapeo contra aquellos requi-sitos no funcionales que las describen. El uso de la investigacion de Chung fuecrucial para evaluar cualitativamente la plataforma, ya que el Modelo de Trans-parencia y los Modelos de Operacionalizacion describen atributos de calidad(conocidos como requisitos no funcionales).Previo a la evaluacion de la plataforma se estudio el Modelo de Transparencia,identificando las definiciones de cada una de sus caracterısticas (accesibilidad,usabilidad, informatividad, entedimiento y auditabilidad) y sus correspondientessub-caracterısticas (la tabla 1 presenta usabilidad e informatividad y sus sub-caracterısticas). Cada sub-caracterıstica cuenta con un Modelo de Operacional-izacion que incluye elementos que detallan las acciones que la sub-caracterısticadebe cumplir. Estos Modelos de Operacionalizacion tambien fueron estudiados.El proceso de evaluacion es el siguiente:Para determinar si la plataforma cubrıa con una caracterıstica del Modelo deTransparencia, se realizo una evaluacion de abajo hacia arriba, partiendo delModelo de Operacionalizacion hacia las caracterısticas del Modelo de Trans-parencia. La evaluacion consistio en el mapeo manual de las funcionalidades dela plataforma, con cada uno de los elementos de los Modelos de Operacional-izacion. Si al menos uno de los elementos de un Modelo de Operacionalizacionera cubierto por las funcionalidades de la plataforma, entonces se determinabaque la sub-caracterıstica era cubierta. No se exigio que todos los elementos fuerancubiertos por la plataforma dado que algunos de ellos estan orientados a procesosy las funcionalidades de la plataforma no estan enfocadas a procesos.Una vez determinadas las sub-caracterısticas cubiertas por la plataforma, sedefinio que si todas las sub-caracterısticas pertenecientes a una caracterısticaeran cubiertas, entonces la caracterıstica era cubierta totalmente, y si no todaspero al menos una de las sub-caracterısticas pertenecientes a una caracterısticaera cubierta, entonces la caracterıstica era cubierta parcialmente.A continuacion se describen los resultados previos de la evaluacion. La Fig. 1muestra las caracterısticas cubiertas por nuestra plataforma de Datos Abiertos.

4.1 Transparencia desde la perspectiva de sistema de softwareDesde la perspectiva de sistema de software, la plataforma de Datos Abiertossatisface la caracterıstica base de Usabilidad del modelo de transparencia, debidoa que cubre, en forma satisfactoria todas sus sub-caracterısticas. A continuacionse describe como son cubiertas las sub-caracterısticas por la plataforma.

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4 Hugo Estrada, Blanca Vazquez, and Karen Najera

Table 1. Definicion de caracterısticas del modelo de transparencia [1, 4]

Caracterıstica Definicion

Usabilidad Cualidad de ser capaz de proporcionar un buen servicio.

Uniformidad Cualidad de ausencia de diversidad y variacion.

Simplicidad Cualidad de estar libre de dificultades y esfuerzos.

Operabilidad Cualidad de ser operacional.

Intuitividad Cualidad de ser espontaneo derivado o provocado por una tendencia natural.

Desempeno Capacidad de dar buen rendimiento.

Adaptabilidad Capacidad de cambiar o ser cambiado de acuerdo a las circunstancias.

Amigable Capacidad para usar facilmente.

Informatividad Capacidad de proveer o cubrir informacion.

Claridad Capacidad de ser libre y facil de entender.

Completo Cualidad de estar completo y entero, teniendo cada cosa que se necesita.

Exactitud Capacidad de ser libre de errores.

Actual Cualidad de ocurrencia o pertenencia en tiempo presente.

Comparable Capacidad para ser comparado.

Consistencia Capacidad de obtener resultados similares en cada ejecucion.

Integridad Cualidad de integridad indivisible, intactos o totalidad.

Precision Capacidad de precision sin errores sistematicos.

Fig. 1. Caracterısticas del Modelo de Transparencia [4] que cubre la plataforma

Uniformidad : La plataforma es uniforme debido a que cuenta con un disenoque aplica un mismo patron visual a toda la plataforma. Tambien cuenta conun patron e imagen visual definida para categorizar cada uno de los tipos dearchivos que se almacenan. De esta forma, se da el mismo tratamiento a todoslos tipos de archivos, ayudando a uniformizar su acceso y utilizacion.

Simplicidad : La plataforma es simple debido a que cuenta con rutas bien definidasde navegacion para que el usuario acceda a datasets y aplicaciones, ası como sepresenta una unificacion de metadatos para el registro de estos y de usuarios.

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Ademas unicamente archivos con formatos no propietarios pueden ser almace-nados en la plataforma (CSV, KML, KMZ, XML y JSON).Operabilidad : La plataforma es operable debido a que cualquier usuario puedeacceder a todas las funcionalidades, descargar o visualizar informacion sin re-stricciones y sin requerir previa capacitacion.Intuitividad : La plataforma es intuitiva debido a que se utilizan patrones biendefinidos para interactuar con las funcionalidades relativas a los datasets y apli-caciones. Estos patrones incluyen imagenes y texto que ayudan al usuario a intuirfacilmente en que consiste cada funcionalidad y si le es de utilidad o no.Desempeno: La plataforma cubre esta caracterıstica debido a que cuenta conmodulos especıficos para mejorar el desempeno en cuanto al almacenamiento yacceso a los datos en situaciones concurrentes, esto se logra a traves del mejo-ramiento de conectores para acceso a bases de datos. Ademas esto es soportadopor servidores dedicados, lo cual permite que la plataforma pueda almacenargrandes cantidades de informacion con un alto desempeno.Adaptabilidad : La plataforma es adaptable debido a que se construyo sobre unaplataforma de desarrollo dirigida por ontologıas [6], por lo que una ontologıa esla base de la plataforma. La ontologıa define la estructura del sistema, el modelode datos y el comportamiento de objetos, ası tambien esta puede ser facilmenteextendida para soportar nuevos requerimientos.Amigable: La plataforma es amigable, ya que cumple con las caracterısticasde uniformidad, simplicidad, operabilidad e intuitividad, lo cual hace que laplataforma pueda ser usada facilmente.

4.2 Transparencia desde la perspectiva de informacionDesde la perspectiva de la informacion que proporciona, la plataforma de DatosAbiertos satisface parcialmente la caracterıstica base de capacidad Informativadel modelo de transparencia, debido a que cubre, en forma satisfactoria la mayo-ria de sus sub-caracterısticas. A continuacion se describe como son cubiertas lassub-caracterısticas por la plataforma.Completa: La informacion proporcionada en la plataforma es completa debidoa que se definio un conjunto de metadatos que describen a detalle datasets,aplicaciones, usuarios consumidores y publicadores.Claridad : La informacion proporcionada en la plataforma es clara debido a losmetadatos mencionados en el punto anterior. Ademas se definio una guıa depublicacion que describe estos metadatos, y los formatos de archivo permitidos.

Integridad : La informacion proporcionada en la plataforma es ıntegra, ya quelos datos proporcionados por los publicadores se almacenan sin modificacionesni alteraciones, garantizando ası la integridad de los datos.Comparable: La informacion proporcionada en la plataforma es comparable de-bido a que se proporcionan estadısticas del uso de datos, aplicaciones, de co-mentarios, de descargas, de visualizaciones y de puntuaciones. Las estadısticaspueden ser visualizadas en forma tabular o grafica.

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6 Hugo Estrada, Blanca Vazquez, and Karen Najera

La sub-caracterıstica exactitud no se cubre ya que la informacion expuesta enla plataforma es introducida por los usuarios, lo que no garantiza que sea librede errores. Las sub-caracterısticas consistencia y precision engloban acciones deejecucion, con las que se podrıa evaluar como sistema de software a la plataforma,sin embargo no aplican para evaluar la informacion publicada en esta.

5 Conclusiones

En el presente artıculo se describio un caso de estudio en el que se evaluo elnivel de transparencia de una plataforma de Datos Abiertos desarrollada enMexico mediante el uso de modelos de transparencia definidos por expertos enel dominio. El caso de estudio fue realizado con la finalidad de demostrar que losmodelos de transparencia pueden utilizarse para evaluar el nivel de transparenciade sistemas de software orientados al acceso publico de informacion.Como resultado del caso de estudio se identifico la necesidad de proporcionaruna definicion generica de las caracterısticas del modelo de transparencia y suscorrespondientes modelos de operacionalizacion, debido a que las definicionesactuales estan enfocadas a procesos. De tal manera, un modelo generico serıade gran utilidad para evaluar la transparencia de un sistema de software desdediferentes perspectivas, por ejemplo, la transparencia como sistema de softwarey la transparencia de la informacion que expone.Como trabajo futuro, con base en los resultados del caso de estudio, se planteala definicion de las funcionalidades basicas que un sistema de software orientadoal acceso publico de informacion debe considerar para transparentar el softwarey la apertura de su informacion.Es importante comentar que la plataforma analizada en este artıculo es un pro-ducto comercializable que comprende tambien sus servicios asociados como com-sultorıa, soporte tecnico, capacitacion y personalizacion.

References

1. Claudia Cappelli Alo. Uma Abordagem para Transparencia em Processos Organi-zacionais Utilizando Aspectos. PhD thesis, Pontifıcia Universidade Catolica Do Riode Janeiro, 2009.

2. Ubaldi. B. Open government data: Towards empirical analysis of open governmentdata initiatives. OECD Working Papers on Public Governance, (22):127–139, 2013.

3. Tim Berners-Lee. Linked Data. http://www.w3.org/DesignIssues/LinkedData.

html, 2009. Last access: 23/08/2013.4. Julio Cesar Sampaio do Prado Leite and Claudia Cappelli. Software transparency.

Business & Information Systems Engineering, 2(3):127–139, 2010.5. John Mylopoulos, Lawrence Chung, and Brian A. Nixon. Representing and using

nonfunctional requirements: A process-oriented approach. IEEE Trans. SoftwareEng., 18(6):483–497, 1992.

6. Javier Solis, Hasdai Pacheco, Karen Najera, and Hugo Estrada. A MDE Frameworkfor Semi-automatic Development of Web Applications. In Proceedings of the 1stInternational Conference on MDE and Software Development, pages 241–246, 2013.

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