anais - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre geocodificação com a criação de cartogramas com...

116
ANAIS XXIV SEMANA DA GEOGRAFIA VI SEMANA DO ENSINO A DISTÂNCIA DA UEPG XVIII JORNADA CIENTÍFICA DA GEOGRAFIA XI ENCONTRO DO SABER ESCOLAR E CONHECIMENTO GEOGRÁFICO UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PONTA GROSSA 06 A 11 DE NOVEMBRO DE 2017

Upload: others

Post on 28-Oct-2019

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

ANAIS

XXIV SEMANA DA GEOGRAFIA

VI SEMANA DO ENSINO A DISTÂNCIA DA UEPG

XVIII JORNADA CIENTÍFICA DA GEOGRAFIA

XI ENCONTRO DO SABER ESCOLAR E

CONHECIMENTO GEOGRÁFICO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PONTA GROSSA

06 A 11 DE NOVEMBRO DE 2017

Page 2: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

2

ANAIS

XXIV Semana da Geografia

VI Semana do Ensino a distância da UEPG

XVIII Jornada Científica da Geografia

XI Encontro do Saber Escolar e Conhecimento Geográfico

ISSN 2317-9759

Ponta Grossa

2017

Page 3: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

2

Capa

Pedro Crist

Projeto gráfico e diagramação

Pedro Crist

Comissão Técnico-Científica

Prof. Dr. Almir Nabozny

Prof.ª Dr.ª Ana Paula Aparecida Ferreira

Alves

Prof.ª Me. Julio Cesar Botega do Carmo

Prof.ª Drª. Maria Ligia Cassol Pinto

Profª. Drª. Carla Sílvia Pimentel

Prof. Dr. Antonio Liccardo

Prof. Dr. Celbo Antonio Fonseca Rosas

Prof. Dr. Gilson Campos Ferreira da

Cruz

Prof.ª Dr.ª Joseli Maria Silva

Prof. Dr. Leonel Brizolla Monastirsky

Prof. Dr. Isonel Sandino Meneguzzo

Prof. Dr. Marcio Ornat

Prof. Dr. Paulo Rogerio Moro

Prof.ª Dr.ª Silvia Méri Carvalho

Prof. Dr. Alides Baptista Chimin Junior

Prof. Ricardo Letenski

Comissão Organizadora

Docentes

Prof. Me. Pedro Crist

Prof. Me. Mário Cezar Lopes

Discentes

Aline Cristina Bertoni

Amanda Thalia Miranda

Andresa Aparecida Alves Santos

Ariadne Patricia Alves

Camila Priotto Mendes

Cassiano Willian Farias

Diely Cristina Pereira

Evelyn Stocco

Igor Schimidt Cesar

Jessica Liziane Gadotti

Joelma Aparecida Krepel

Luana França

Marcos Marcondes Carneiro

Mariane Rodrigues Muniz

Marianne Louro de Lima

Thiago Felipe Milski

Secretaria

Mariana Fernandes Siqueira

Page 4: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

3

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

Reitor

Carlos Luciano Sant´Ana Vargas

Vice-Reitor

Gisele Alves de Sá Quimelli

SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

Diretor

Luiz Alexandre Gonçalves Cunha

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

Chefe

Celbo Antonio Ramos da Fonseca Rosas

CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Coordenação

Adriana Salviato Uller

CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA

Coordenação

Sílvia Méri Carvalho

Page 5: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

4

• SUMÁRIO •

Sumário RESUMOS ...................................................................................................................... 6

O USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA ............. 7

ESPAÇO E LESBOFOBIA NA CIDADE DE PONTA GROSSA, PARANÁ ............... 8

A CRIAÇÃO DE UMA BASE DE DADOS EM COLÉGIOS DE ENSINO MÉDIO

EM PONTA GROSSA E A GEOCODIFICAÇÃO COM A CRIAÇÃO DE

CARTOGRAMAS COM QUANTUMGIS ..................................................................... 9

BACIAS HIDROGRÁFICAS E O ENSINO DE GEOGRAFIA ................................... 10

O USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA ENSINO DE GEOGRAFIA ........... 11

IDENTIFICAÇÃO DE FEIÇÕES POR ANÁLISE DE COMPONENTES

PRINCIPAIS, ESTUDO DE CASO BAIRRO RONDA EM PONTA GROSSA- PR .. 12

GRUPO DE ESTUDOS: UMA FERRAMENTA INTEGRADORA ............................ 13

OFICINAS EM GEOMORFOLOGIA NO ENSINO À DISTÂNCIA: PROCESSOS

EXÓGENOS MODELADORES DO RELEVO ............................................................ 14

RESUMOS EXPANDIDOS ......................................................................................... 15

A UTILIZAÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS COMO RECURSO DIDÁTICO NO

ENSINO DE GEOGRAFIA ........................................................................................... 16

AS DIFERENTES VIVÊNCIAS ESPACIAIS DOS MEMBROS LGBT DA IGREJA

EPISCOPAL ANGLICANA DE CURITIBA E NA IGREJA DA COMUNIDADE

METROPOLITANA DE MARINGÁ E AS SIGNIFICAÇÕES SOBRE SUAS

SEXUALIDADES .......................................................................................................... 21

CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS DE MINERAÇÃO EM RELAÇÃO AS

UNIDADES DE PAISAGEM NO MUNICÍPIO DE BALSA NOVA, PR ................... 26

EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENTRE AS DISCIPLINAS DE

PLANEJAMENTO TERRITORIAL E AMBIENTAL, SISTEMAS DE

INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL: O

ENSINO DE GEOGRAFIA POR MEIO DE PROJETOS ............................................ 30

ENSAIO SOBRE A INDÚSTRIA FONOGRÁFICA BRASILEIRA: UMA

EXPRESSÃO ARTÍSTICA-CULTURAL MASSIVA .................................................. 35

O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO NAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

........................................................................................................................................ 40

Page 6: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

5

A GEOGRAFIA DA CARTOGRAFIA FANTÁSTICA: UMA DISCUSSÃO SOBRE

PRÁTICAS GEOGRÁFICAS E IMAGINAÇÃO ......................................................... 44

DENSIDADE DOS PONTOS DE CRIMINALIDADE NO CAMPUS DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – PR ...................................... 50

PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS NO PARQUE MUNICIPAL MARGHERITA

SANNINI MASINI, PONTA GROSSA, PARANÁ ...................................................... 56

A REITERAÇÃO LINEAR E BINÁRIA DE GÊNERO ATRAVÉS DOS DISCURSOS

E PRÁTICAS DA IGREJA EVANGÉLICA REFORMADA NOVA HOLANDA DE

CARAMBEÍ, PR ............................................................................................................ 59

MAPAS ANTIGOS DA BIBLIOTECA NACIONAL COMO OBJETO DE MEMÓRIA

........................................................................................................................................ 65

UNIDADES DE SAÚDE EM PONTA GROSSA – PR: ESPECIALIDADES E

ESPACIALIDADES ...................................................................................................... 71

RITUAIS E BENZIMENTO: COMPREENSÃO DAS PRÁTICAS TRADICIONAIS E

MULTICULTURAIS NO MUNICÍPIO DE REBOUÇAS - PR ................................... 76

A EXPERIÊNCIA DO JOGO “GEOGRAFIA DO MILHÃO” COM ESTUDANTES

DO ENSINO FUNDAMENTAL ................................................................................... 81

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA A CONFECÇÃO DO JOHO “SUPER

TRUNFO GEOGRÁFICO" ............................................................................................ 86

TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM ARBORIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS, A

PARTIR DAS PRODUÇÕES PUBLICADAS NA REVISTA DA SOCIEDADE

BRASILEIRA DE ARBORIZAÇÃO URBANA. ......................................................... 90

A UTILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FÍLMICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: A

GUERRA FRIA .............................................................................................................. 94

CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO DE ESTUDOS NO PIBID - GEOGRAFIA . 98

OS INFOGRÁFICOS EDUCACIONAIS NAS PROVAS DE GEOGRAFIA DO ENEM

...................................................................................................................................... 101

A INSTALAÇÃO DA ESTAÇÃO METEOROLOGICA DO LABCLIMEAM: O

ENSINO, A PESQUISA, E A EXTENSÃO ................................................................ 106

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ENTRE ESTUDANTES DA “GERAÇÃO Z”

ACERCA DE CONCEPÇÕES DE GÊNERO: AS NOVAS TECNOLOGIAS ESTÃO

CONTRIBUINDO PARA CONCEPÇÕES MAIS PROGRESSISTAS OU

CONSERVADORAS? ................................................................................................. 111

Page 7: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

6

RESUMOS

Page 8: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

7

O USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

Vivian Renata Prado;

Carla Silvia Pimentel

Palavras-chave: Ensino Fundamental. Material Didático. Ensino de Geografia.

Os materiais, instrumentos e procedimentos organizados pelo professor, a partir de seu

conhecimento pedagógico do conteúdo e de seus saberes da experiência, possibilitam

práticas didáticas mais coerentes com os modos de aprender de seus alunos. Na

Geografia os professores utilizam diferentes linguagens e instrumentos, que também são

usados pelos geógrafos no estudo do espaço e podem contribuir com práticas que

possibilitam o desenvolvimento do raciocínio geográfico. A proposta desenvolvida

envolveu o trabalho com diferentes materiais didáticos em uma turma de 6º ano do

Ensino Fundamental, que auxiliou o aprendizado contextualizado de temas, noções e

conceitos da Geografia e permitiu a avaliação dos saberes geográficos que os alunos já

dominavam. O trabalho foi organizado no formato de unidade didática e para seu

desenvolvimento foram confeccionados diferentes materiais didáticos e utilizados

alguns já existentes. O tema de trabalho se concentrou em três eixos temáticos:

astronomia; planeta Terra e cartografia e representação do espaço. Constatou-se grande

interesse dos alunos pelos materiais, mesmo os mais simples, a curiosidade de montar,

jogar e participar enriqueceu as aulas. Dentre as dificuldades encontradas em sala de

aula destaca-se a de trabalhar com alunos que apresentam dificuldades de aprendizado,

mas com a utilização dos materiais propostos foi possível verificar maior compreensão e

rendimento em relação ao conteúdo proposto. Outro fator que dificulta o trabalho em

sala de aula é a indisciplina, mas observou-se que as atividades propostas chamaram a

atenção e os alunos passaram a realizar as atividades e colaborar auxiliando os colegas

com maior dificuldade. Durante os dois bimestres trabalhados, foi possível verificar o

progresso dos alunos, principalmente na responsabilidade de trazer o material solicitado

e no comprometimento em realizar as atividades e auxiliar os colegas. Destaca-se ainda

o aprendizado do trabalho em grupo.

Page 9: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

8

ESPAÇO E LESBOFOBIA NA CIDADE DE PONTA GROSSA, PARANÁ

Raissa Lizieri Leite Mellado

Palavras-chave: Espaço. Lesbofobia. Espaço urbano.

Esse trabalho em andamento se trata de como a lesbofobia presente nas diversas

espacialidades de Ponta Grossa, Paraná influencia na vivência lésbica na mesma cidade.

Segundo Borrillo (2009), lesbofobia seria a fobia usada para descrever a dupla opressão

que mulheres lésbicas e bissexuais sofrem: a opressão de gênero junto da opressão pela

orientação sexual. Lefebvre (2001) entendia o direito à cidade como o direito de se

apropriar do espaço urbano no sentido de usá-lo de forma plena e completa. Rodó-de-

Zárate (2016) usa essa teoria de Lefebvre para dissertar sobre as limitações no direito à

cidade sentida por jovens lésbicas em que, por exemplo, o medo de sofrer um ataque

lesbofóbico as deixam alertas sobre até quanta intimidade podem ter com outra garota

em um espaço público ou num espaço privado, logo, mulheres homoafetivas não

possuem pleno direito à apropriarem-se do espaço urbano. O objetivo dessa pesquisa é,

então, entender como as diferentes espacialidades compõe a lesbofobia na cidade de

Ponta Grossa, Paraná, como as lésbicas se apropriam de seus espaços e suas estratégias

para lidar com a lesbofobia. Além disso, outro objetivo é aumentar o volume das

pesquisas sobre a sexualidade, especialmente a lésbica, que há uma carência de estudos

na ciência geográfica, que, no período entre 1974 e 2013, Cesar e Pinto (2015)

coletaram 13.990 artigos a partir de periódicos científicos brasileiros mantidos por

instituições de cunho geográfico avaliados pelo Sistema Qualis da Capes, em que

encontraram apenas 49 artigos (0,3%) que abordavam a temática de Sexualidades. A

pesquisa está sendo feita com base teórica e empírica, no caso, com entrevistas semi-

estruturadas a lésbicas até que haja saturação de relatos e informações.

Page 10: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

9

A CRIAÇÃO DE UMA BASE DE DADOS EM COLÉGIOS DE ENSINO MÉDIO

EM PONTA GROSSA E A GEOCODIFICAÇÃO COM A CRIAÇÃO DE

CARTOGRAMAS COM QUANTUMGIS

Paulo Rogério Moro;

João Paulo Leandro de Almeida

Palavras Chaves. Cartografia Digital. Prática Docente/Profissional. Ensino de

Geografia.

O presente resumo tem como objetivo relatar uma das atividades que vem sendo

desenvolvida pelos acadêmicos do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à

Docência – PIBID do subprograma de Geografia e atuantes no Ensino Médio e

finaciado pela CAPES. Além das atividades voltadas à docência, pretende-se também a

produção do conhecimento geográfico com os dados cadastrais dos alunos obtidos nas

fichas de matrículas junto as secretarias e disponibilizá-los para as escolas participantes.

A coleta de dados foi realizada nas secretarías dos Colégios Instituto de Educação

Professor Cesar Prieto Martinez (1455 alunos) e Meneleu de Almeida Torres (786

alunos) na cidade de Ponta Grossa, Paraná. A atividade proposta foi desenvolvida em

duas frentes distintas, a primeira um levantamento de dados nas secretarias dos dois

colégios. Os dados foram inseridos em planilhas elaboradas no LibreOffice 5.3, durante

os meses de maio a outubro de 2017. Na segunda frente, foi ofertado na UEPG um

mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para

os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios, os acadêmicos

estão processando os dados coletados e produzindo os cartogramas com base nas

diferentes informações e gerando os respectivos mapas. Em novembro e dezembro serão

trabalhadas as informações obtidas pelos cartogramas e produzido um relatório

circunstanciado para entrega as escolas participantes. A participação e colaboração dos

diretores e dos secretários dos colégios permitindo o acesso dos acadêmicos aos

arquivos das turmas foi fundamental para desenvolvimento do trabalho.

Page 11: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

10

BACIAS HIDROGRÁFICAS E O ENSINO DE GEOGRAFIA

Thiago Della Torres Padilha;

Adriano Tavares

Palavras-Chave: Sala de aula, Hidrografia, Ponta Grossa, Conhecimento, Experiências.

O presente trabalho é o relato uma atividade de ensino – aprendizagem desenvolvida de

forma clara e objetiva em cinco turmas do primeiro ano do Ensino Médio no Colégio

Instituto de Educação Estadual Professor César Prieto Martinez. Esta atividade foi

desenvolvida dentro do Programa Institucional de Bolsa à Iniciação Docente – PIBID e

tinha como objetivo de revisar e aprofundar os conhecimentos geográficos sobre o tema

desenvolvido em sala de aula pelo professor da turma. Procurando buscar um maior

discernimento dos alunos sobre o tema Bacias Hidrográficas e levá-los a compreender

os processos hídricos, partiu-se da hidrografia do município de Ponta Grossa e

posteriormente, ampliando para as 12 bacias hidrográficas brasileiras. Como o tema foi

trabalhado pelo professor durante o bimestre, iniciou-se com questionamentos sobre os

rios e arroios do município e após uma revisão sobre os conceitos gerais sobre

Hidrologia como Oceanos, Mares, Rios, Lagos e Lagoas. Como recursos didáticos

foram utilizados a TV pen-drive e o quadro-negro onde foram apresentadas diferentes

desenhos, ilustrações e imagens sobre o tema hidrografia. Neste momento, foram

realizados vários questionamentos aos alunos e suas respostas demonstraram o interesse

e a participação da maioria. A inserção da hidrografia do município, trazendo

informações sobre os arroios existentes próximos ao Colégio e de forma geral os rios do

município, visava detectar o nível de conhecimento dos alunos sobre o tema

desenvolvido. Os resultados obtidos durante a atividade pode ser observado pela

curiosidade e interesse da maioria dos alunos através dos seus questionamentos durante

o desenvolvimento da atividade. Esta atividade contribuiu para auxiliar na formação dos

acadêmicos integrantes do PIBID uma vez que possibilitou o planejamento e a execução

de uma atividade com os alunos em sala de aula.

Page 12: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

11

O USO DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA ENSINO DE GEOGRAFIA

Vivian Renata Prado;

Carla Silvia Pimentel

Palavras-chave: Ensino Fundamental. Material Didático. Ensino de Geografia.

Os materiais, instrumentos e procedimentos organizados pelo professor, a partir de seu

conhecimento pedagógico do conteúdo e de seus saberes da experiência, possibilitam

práticas didáticas mais coerentes com os modos de aprender de seus alunos. Na

Geografia os professores utilizam diferentes linguagens e instrumentos, que também são

usados pelos geógrafos no estudo do espaço e podem contribuir com práticas que

possibilitam o desenvolvimento do raciocínio geográfico. A proposta desenvolvida

envolveu o trabalho com diferentes materiais didáticos em uma turma de 6º ano do

Ensino Fundamental, que auxiliou o aprendizado contextualizado de temas, noções e

conceitos da Geografia e permitiu a avaliação dos saberes geográficos que os alunos já

dominavam. O trabalho foi organizado no formato de unidade didática e para seu

desenvolvimento foram confeccionados diferentes materiais didáticos e utilizados

alguns já existentes. O tema de trabalho se concentrou em três eixos temáticos:

astronomia; planeta Terra e cartografia e representação do espaço. Constatou-se grande

interesse dos alunos pelos materiais, mesmo os mais simples, a curiosidade de montar,

jogar e participar enriqueceu as aulas. Dentre as dificuldades encontradas em sala de

aula destaca-se a de trabalhar com alunos que apresentam dificuldades de aprendizado,

mas com a utilização dos materiais propostos foi possível verificar maior compreensão e

rendimento em relação ao conteúdo proposto. Outro fator que dificulta o trabalho em

sala de aula é a indisciplina, mas observou-se que as atividades propostas chamaram a

atenção e os alunos passaram a realizar as atividades e colaborar auxiliando os colegas

com maior dificuldade. Durante os dois bimestres trabalhados, foi possível verificar o

progresso dos alunos, principalmente na responsabilidade de trazer o material solicitado

e no comprometimento em realizar as atividades e auxiliar os colegas. Destaca-se ainda

o aprendizado do trabalho em grupo.

Page 13: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

12

IDENTIFICAÇÃO DE FEIÇÕES POR ANÁLISE DE COMPONENTES

PRINCIPAIS, ESTUDO DE CASO BAIRRO RONDA EM PONTA GROSSA- PR

Marianne Oliveira;

Murilo Henrique de Brito;

Selma Regina Aranha Ribeiro.

Palavras- Chave: PCA. PDI. SR.

Para auxiliar os diferentes tipos de sensores remotos surge o Processamento Digital de

Imagem com o objetivo de fornecer as ferramentas para facilitar a extração e

interpretação das informações nas imagens, sendo a Análise de Componentes Principais

(ACP) uma delas. A ACP é uma técnica que consiste na simplificação dos dados

presentes na imagem sem a perda das informações. Para isto o objetivo do estudo é

comparar a identificação das feições mediante o uso da técnica de Análise de

Componentes Principais nas imagens de alta resolução, PLEIADES e RapidEye, no

bairro da Ronda em Ponta Grossa. A metodologia seguida foi à aquisição da base

cartográfica e processamento das imagens PLEIADES com 2,0m a multiespectral, e a

imagem RapidEye com 5m. Aplicado a elas a ACP uma técnica estatística multivariada

para transformar um conjunto de variáveis originais em um novo conjunto, este

denomina-se componentes principais e são utilizados para realce de feições para auxiliar

a observação das informações contidas na imagem, que em alguns casos podem ser

confundidas com as classes do entorno, mesmo em imagens de alta resolução espacial.

Conclui-se que as informações presentes nas componentes quando comparadas

demonstram diferença significante, considerando que a imagem PLEIADES contém

maior informação na imagem original do que a RapidEye e após processamento

verificou-se que os dados quanto as informações foram ao contrário. Ambas as imagens

apresentaram resultados na identificação de feições mas a imagem PLEIADES

identificou melhor as feições. O acesso à informação e os gastos são um fator limitante

para escolha dos dados a serem utilizados nos estudos, para órgãos públicos a imagem

RapidEye tem melhor custo-benefício, pois a mesma é disponibilizada gratuitamente

para todos os órgãos públicos incluindo universidades públicas, enquanto o preço da

imagem PLEIADES varia de acordo com a área.

Page 14: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

13

GRUPO DE ESTUDOS: UMA FERRAMENTA INTEGRADORA

Cassiano William Farias;

Thiago Della Torres Padilha;

Adriano Tavares;

Weliton Janelso de Lima;

Douglas Cassins Moreira do Carmo

Palavras-chave: Integração. Estudo. Revisão.

O presente trabalho teve por objetivo desenvolver o ensino - aprendizagem de maneira

nítida e integradora, com o intuito de promover o estudo coletivo dos alunos. Essa

dinâmica que foi desenvolvida, buscou uma maior articulação e envolvimento entre os

alunos a partir da comunicação oral entre os diferentes grupos na sala de aula,

possibilitando uma aproximação entre os estudantes. A metodologia utilizada partiu do

tema trabalhado pelo professor durante o bimestre sobre Conceitos Gerais da

Climatologia. A dinâmica foi trabalhada em cinco turmas de primeiro ano do Ensino

Médio do Instituto de Educação Estadual Professor César Prieto Martinez, sendo

elaborada a partir de uma atividade de revisão, através de questionamentos aleatórios

distribuídos aos grupos em que os alunos deveriam num determinado tempo, debater

com os colegas e responderem numa folha impressa. Após esse tempo de consulta,

debate, estudo e orientação da atividade feita pelos acadêmicos do PIBID, foi realizado

um sistema de rodízio entre os alunos dos diferentes grupos. Com a folha impressa

recebida com as perguntas, o aluno de um dos grupos lia em voz alta as perguntas e

outro aluno de outro grupo a respondia com base em seus estudos. E assim,

sucessivamente com todos os alunos até chegar a última pergunta. Entretanto, essa

atividade de revisão previa a integração dos alunos no momento das respostas e debate,

pois, na conclusão os alunos que estavam se alternando entre os grupos, tinham de se

dirigir até a frente da sala de aula e explicar para toda a turma. O desenvolvimento desta

dinâmica propiciou uma melhor absorção do conhecimento por parte dos alunos, fato

este observado posteriormente nos bons resultados obtidos pelos alunos na prova de

Geografia.

Page 15: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

14

OFICINAS EM GEOMORFOLOGIA NO ENSINO À DISTÂNCIA:

PROCESSOS EXÓGENOS MODELADORES DO RELEVO

Diely Cristina Pereira

Palavras-chave: Geomorfologia. Processos endógenos. Oficina.

A dinâmica do relevo é regida pelos processos endógenos e exógenos de elaboração do

modelado da superfície terrestre. Aqueles processos externos, notadamente climáticos,

são passíveis de compreensão por meio de experimentos que demonstrem os

mecanismos de entrada e saída de matéria e energia, e consequente esculturação das

formas. Tendo como objetivo compreender as etapas e os mecanismos dos processos

erosivos, elaborou-se uma oficina de erosão hídrica durante encontro presencial dos

alunos de Licenciatura em Geografia EAD-UEPG, na disciplina de Geomorfologia I,

em 2016. Procedeu-se a discussão das temáticas ao decorrer da disciplina e quando do

encontro presencial, os experimentos foram elaborados em dupla, onde cada aluno

colaborou com os materiais, sendo eles: garrafas pet transparentes, canudos, tesoura, 2

kg de solo seco sem vegetação, 2 kg de solo seco com vegetação, tufos de algodão,

água, regador. As garrafas foram cortadas em uma das laterais e o tufo de algodão

fechou a abertura principal. Os solos foram acondicionados nas garrafas e com os

canudos os alunos sopraram simulando o efeito do vento. Posteriormente, os solos

foram molhados com o regador para simular a chuva sob diferentes inclinações da

garrafa para observar o efeito da declividade. Água coletada no experimento continha

sedimentos em quantidades diferentes quando comparados os solos com e sem

cobertura vegetal. Ao longo da atividade foram discutidos os fatores responsáveis pela

deflagração dos processos erosivos, os efeitos da erosão no modelado do relevo e

algumas práticas de controle da erosão e sua importância para as atividades

agrosilvopastoris. Os experimentos de erosão hídrica com solos extremamente

diferentes, trazidos de diversas localidades pelos alunos, foram considerados eficientes

para discutir e compreender os efeitos do splash, selamento de camadas, efeito dos

escoamentos, retirada de material, usos da terra, fenômenos estes mais ativos na

esculturação atual de vertentes.

Page 16: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

15

RESUMOS EXPANDIDOS

Page 17: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

16

A UTILIZAÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS COMO RECURSO DIDÁTICO NO

ENSINO DE GEOGRAFIA

Luiz Felipe Przybyloviecz;

Alison Diego Leajanski;

IsonelSandinoMeneguzzo

INTRODUÇÃO

Nos dias atuais é comum nos depararmos com diferentes tipos de mapas, seja em

livros didáticos, internet, em jornais, na televisão, guias de ruas, entre outros. Aprender

a interpretar e, principalmente, a utilizar um mapa é de fundamental importância devido

a essas utilizações em nosso cotidiano. Porém, as pessoas ainda encontram muitas

dificuldades para ler e interpretar um mapa. Esses conhecimentos cartográficos podem

ser adquiridos no ambiente escolar por meio das aulas de Geografia.

Diante disso, o professor tem um papel de protagonista neste processo de

alfabetização cartográfica, pois deve utilizá-lo de modo que os alunos se interessem

pelo tema e compreendam aspectos referentes à leitura e interpretação de mapas. Com o

intuito de dinamizar as aulas, o docente pode propor a confecção de mapas temáticos

pelos estudantes de modo que sirvam de facilitador no processo ensino-aprendizagem.

Segundo Novo (1992) a utilização de mapas no ensino possibilita uma melhor

transmissão de conteúdos, pois possibilita aos alunos fazer uma relação das informações

contidas nos mapas com a realidade observada, construindo assim uma aprendizagem

significativa.

É importante que os alunos tenham contato com mapas desde as séries iniciais,

conhecendo assim suas diversas aplicações. Para facilitar esse processo, o professor

deve trabalhar com mapas de simbologia de fácil interpretação e ainda com mapas

temáticos que por estarem muito presentes no cotidiano dos estudantes, acabam por

aproximar os conteúdos da sua realidade. Por isso, o domínio da cartografia pelo

docente torna-se fundamental, para que consiga aplicar um ensino cartográfico de

qualidade.

De acordo com Ludwig et al (2013) existe uma grande dificuldade em se

trabalhar com a Cartografia Temática no âmbito escolar devido a diversos fatores, como

por exemplo, carências na formação acadêmica dos professores, falta de materiais

didáticos nas escolas e de infraestrutura escolar adequada.

Diante de tais dificuldades encontradas, o professor deve pesquisar alternativas

que favoreçam o processo ensino-aprendizagem dos seus alunos. No caso da utilização

de mapas temáticos, podemos citar o uso de materiais recicláveis, os mapas mentais e os

trabalhos em grupo que, além de diminuir o uso de materiais didáticos, favorecem a

relação entre os alunos e dos alunos com o professor, com a divisão de tarefas e trabalho

coletivo.

Segundo Almeida e Passini (2011) para uma alfabetização cartográfica é

importante que os alunos não apenas pintem ou copiem contornos, mas também

elaborem mapas, pois cada etapa desta metodologia facilitará sua compreensão da

linguagem cartográfica.

Page 18: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

17

A partir deste contexto, surgiu o interesse em trabalhar com os mapas temáticos

com o intuito de uma melhor assimilação dos conteúdos trabalhados nas aulas de

Geografia. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo relatar os procedimentos

envolvidos na confecção de mapas temáticos com o tema "relevo e hidrografia da

América do Sul" no âmbito da Geografia escolar do ensino fundamental.

METODOLOGIA

A construção de um mapa em alto relevo com as principais cotas de altitude

existentes na América do Sul e com as principais bacias hidrográficas do continente, foi

uma metodologia escolhida para melhor representar aos alunos, o relevo do continente a

qual pertencem, pois muitas vezes, as aulas expositivas embora importantes, não dão

conta de exemplificar um conteúdo mais complexo, e que é possível de ser trabalhado

com metodologias diferenciadas, que fujam um pouco do cotidiano escolar e torne os

alunos mais ativos no processo ensino-aprendizagem.

A proposta foi aplicada pelos acadêmicos do Programa Institucional de Bolsas

de Iniciação a Docência (PIBID) no Colégio Meneleu de Almeida Torres (Ponta Grossa

– PR), com alunos de turmas de 8º ano do ensino fundamental, entre os dias 19 a 23 de

junho de 2017.

Para realizar a atividade de confecção dos mapas temáticos, foram necessárias

04 aulas da disciplina de Geografia. Na primeira aula, o conteúdo em questão, relevo e

hidrografia da América do Sul foi trabalhado teoricamente, buscando retomar com os

alunos, alguns conceitos imprescindíveis para que pudessem compreender realmente

como estão distribuídas as principais formas de relevo e as principais bacias

hidrográficas da América do Sul, e principalmente, através de quais processos se

originaram. Para que o conteúdo não se tornasse tão abstrato, trabalhamos o conteúdo

de forma expositiva, utilizando-se de desenhos no quadro e slides com imagens do

relevo e bacias hidrográficas.

Figura 1: Aula expositiva sobre aspectos físicos da América.

Nas aulas seguintes, os alunos foram divididos em duplas para confeccionarem o

mapa físico da América em alto relevo. Os materiais utilizados foram: Cartolina, folhas

Page 19: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

18

em EVA utilizando as cores verde, amarela, laranja, marrom e preta, além de tesoura,

cola para EVA, barbante azul, caneta e régua.

A segunda aula iniciou-se com a explicação do que seria feito com os materiais

que foram distribuídos aos alunos na aula anterior. Discorreu-se sobre o mapa, qual a

sua importância e o que representava, dando como exemplo o conceito de altitude.

Como referência para a elaboração do mapa de relevo e hidrografia foi utilizado outro

mapa, presente no livro didático, porém em escala diferente. Após as explanações a

respeito da proposta da atividade, os alunos deram início a confecção do mapa

elaborando-o por etapas. Nesta aula, o trabalho foi apenas iniciado com o recorte das

figuras que representavam as altimetrias e alguns minutos antes do fim da aula, os

materiais foram recolhidos e a sala organizada.

Figura 2: Construção de mapas temáticos sobre aspectos físicos da América.

Na terceira aula, as cotas de altitude foram coladas, os barbantes que

representariam e as bacias hidrográficas também foram coladas. Além disso, foram

Page 20: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

19

inseridos os principais elementos que um mapa deve apresentar (escala, legenda, título),

finalizando assim a atividade.

No último dia programado de aula, os mapas foram entregues corrigidos para as

duplas, pois essa atividade valia nota na média do bimestre e alguns exercícios

referentes ao conteúdo trabalhado foram propostos, para que fossem resolvidos com o

auxílio do mapa que havia sido construído pelos alunos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado desta proposta de trabalho foram 30 mapas temáticos sobre o relevo

e hidrografia da América do Sul. Os mapas possuíam um tamanho de 35cm x50 cm e

foram expostos no mural da escola após a finalização da atividade.

Figura 3: Exemplo de um mapa temático finalizado.

Observamos que os objetivos foram alcançados, pois a utilização de mapas

temáticos proporcionou uma melhor assimilação dos conteúdos trabalhados nas aulas de

Geografia. A metodologia utilizada proporcionou uma dinamização das aulas e a partir

disso, os estudantes tiveram uma melhor compreensão do relevo da América do Sul

Page 21: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

20

através da confecção de um mapa temático. Isto ficou evidente a partir da realização das

atividades em classe onde a maioria absoluta dos estudante obteve êxito.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir a partir deste trabalho que a confecção de mapas temáticos por

alunos com o auxílio do professor pode servir como um importante recurso didático no

âmbito escolar. Os materiais produzidos, além de contribuírem para a assimilação de

conceitos/conteúdos, torna as aulas mais dinâmicas e atrativas, fugindo da corriqueira

exposição oral de conteúdos por parte dos docentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, R. D.; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico, ensino e representação. 15.

ed. São Paulo: Contexto, 2011.

NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento Remoto: Princípios e Aplicações. 2. ed. São

Paulo: Edgard Blücher, 1992.

LUDWIG, A. B. et al. Cartografia temática e ensino de Geografia: reflexões e

experiências. XIV Encuentro de Geógrafos de América Latina. Anais... Lima,

Union Geográfica Internacional, 2013.

Page 22: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

21

AS DIFERENTES VIVÊNCIAS ESPACIAIS DOS MEMBROS LGBT DA

IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DE CURITIBA E NA IGREJA DA

COMUNIDADE METROPOLITANA DE MARINGÁ E AS SIGNIFICAÇÕES

SOBRE SUAS SEXUALIDADES

ADRIANA GELINSKI

O presente trabalho concentra-se no seguinte objetivo: compreender como as

diferentes vivências espaciais dos membros LGBT da Igreja Episcopal Anglicana de

Curitiba-IEA e na Igreja da Comunidade Metropolitana de Maringá-ICM constituem as

significações sobre suas sexualidades. A partir desta questão, que estabelece o fio

condutor deste trabalho, faz-se necessário estabelecer diálogo com Massey (2008), que

afirma que o espaço surge através de vivências, relações e práticas, este movimento é

temporal e espacial concomitantemente.

Entendido por Massey (2008) como lugar, um evento, este, por sua vez, é um

conjunto de encontros “como a integração de espaço e tempo, como eventualidades

espaço-temporal” (p. 191). Assim, o espaço igreja ICM-Maringá e IEA-Curitiba surgem

através das vivências, das relações e das práticas, estando em constante movimento

sendo ao mesmo tempo material e imaterial. Contudo, cada vivência espacial dos

membros das ICM-Maringá e da IEA-Curitiba não são simples encontros espaço-

temporais, mas colocam-se como evento.

Ademais, são cheios de significado e efeito, podendo ser negociado e

renegociado constantemente. Tanto a IEA-Curitiba como a ICM-Maringá são locais

institucionalizados de encontros, de práticas, de sociabilidades, as quais contribuem

para a significação e resignificação de concepções dos membros. Logo, este evento é

feito por um conjunto de encontros entre as pessoas, e das pessoas com a ideia de que a

vivência espacial da/na ICM-Maringá e IEA-Curitiba possibilita o contato com o

divino/Deus.

Dito de outra maneira, o espaço ICM-Maringá e IEA-Curitiba atuam como um

articulador, dando forma às alianças, às práticas, discursos e às fantasias. E quanto as

fantasias dos membros LGBT das respectivas comunidades religiosas, estas estão

relacionadas à compreensão do mundo espiritual, da crença da existência de almas e de

seres sobrenaturais. Esta compreensão vai além da materialidade, isto é, indo além da

corporeidade considera-se, assim, a possibilidade de uma continuidade pós-morte.

Com base nos estudos de Massey (2008) sobre espaço e identidade, essa relação

é compreendida através de práticas, pois, para a autora, a identidade não vem

constituída na essência da pessoa, mas sim é relacional e construída. Tal relação leva em

consideração as vivências, a subjetividade e os discursos. Desta forma, é um erro

pretender reivindicar que a identidade é imutável/fixa, pois depende do que Massey

(2008) denomina de política de inter-relação, onde há uma tríade entre identidade,

relação e espacialidade, as quais estão relacionadas e são co-constitutivas. Logo, as

relações sociais são constituídas e constituem o espaço. Os membros da ICM-Maringá e

IEA-Curitiba vivenciam práticas religiosas e relações sociais nos espaços religiosos, tais

relações e vivências contribuem para constituir, significar e ressignificar categorias

identitárias como as sexualidades.

Ao refletirmos sobre a complexidade do espaço religioso inclusivo LGBT,

podemos considerar o espaço constituído pelas inter-relações e interações dos discursos,

fantasias e corporeidades, como afirma Rose (1999). Assim, compreendemos nosso

Page 23: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

22

fenômeno a partir desta tríade, pois, os membros LGBT sentem a necessidade de estar

no espaço religioso expressando sua sexualidade, sem se sentirem rejeitados e

‘pecadores’, uma vez que a sexualidade está inscrita na corporeidade deles.

Sendo assim, as performances contribuem para a existência de um espaço

específico, e ao passo que as interações e relações mudam há a produção de outros

espaços (BUTLER, 2008). Assim, de acordo com Rose (1999, p. 3): “O espaço é

praticado à matriz do jogo, dinâmico e interativo, formas e configurações produzidas

através das performances situacionais de relação entre eu e outro”.

A relação entre gênero, sexualidade e religião é um importante caminho para

compreender o desenvolvimento das igrejas e as relações de poder que se estabelecem

nas disputas espaciais em torno da conquista de fiéis (NATIVIDADE, 2006). A

vivência religiosa é permeada pela forma em que as pessoas são interpretadas

socialmente, nas relações de poder, nas práticas e nos discursos religiosos.

Silva (2009) ressalta que a Geografia Brasileira produziu um não dito geográfico

sobre as temáticas de gênero, sexualidades e religiosidade. A autora afirma isso

ressaltando que a ciência geográfica brasileira segue uma base eurocêntrica, tem um

apego à forma material do espaço e a permanência de um discurso generalizador,

invisibilizando as especificidades e subjetividades dos grupos sociais. Ao pensar a

construção do dispositivo da sexualidade e do mecanismo de gênero, Foucault (1988)

ressalta que são processos que estão envoltos por relações de poder, bem como estão em

movimento e tensões.

Desta forma, Foucault (1979) define o dispositivo da sexualidade como um

conjunto de discursos (científicos, biológicos, morais, filosóficos e religiosos), passando

por instituições até decisões regulamentares como as leis. Resumindo, “o dito e o não

dito são os elementos do dispositivo, é a rede que se pode tecer entre estes elementos,

que inventam, modificam, reajustam, segundo as circunstâncias do momento e do lugar,

a ponto de se obter uma estratégia global, coerente, racional” (Foucault, 2000, p. 244).

Dito de outra forma, Butler (2003), ao conceituar o mecanismo de gênero,

ressalta que este mecanismo também é um mecanismo de poder. Scott (1989)

compreende o gênero como uma forma de significar as relações de poder. “O gênero é

um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os

sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder” (SCOTT,

1989, p. 21).

O mecanismo de gênero, regula e normatiza os corpos, esses corpos, por sua vez,

que não seguem este modelo regulatório são passíveis de punição e vigilância para se

adequar às regras estabelecidas (BUTLER, 2003) nas mais variadas instituições e

espaços como a casa, escola, igreja. Neste sentido Butler (2003) afirma que o

mecanismo de gênero reforça e naturaliza as noções de masculino e feminino. Segundo

a autora, é a partir dos discursos e práticas constantemente repetidos que a noção de

gênero é concebida. Reforça que o gênero não é o que somos em essência, mas é algo

que foi produzido, reproduzido e naturalizado.

Desta forma, o ser de cada pessoa é composto pelo corpo, gênero, sexualidade,

religiosidade constituindo assim a identidade de cada pessoa. E não há um destino único

e fixo para os corpos (BUTLER, 2003), mas sim são mutáveis para subverter e

rearticular a lógica normativa imposta pelos padrões sociais de sexo, gênero e desejo.

Assim são várias as formas e intensidades de reiteração da heterossexualidade

compulsória, “variando desde o total silêncio acerca da diversidade sexual e de gênero

até a produção de estereótipos que operam por uma franca estigmatização de pessoas

LGBT” (NATIVIDADE e OLIVEIRA, 2009, p. 13). Ademais, as perspectivas

Page 24: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

23

teológicas hegemônicas articulam-se com políticas que justificam seus posicionamentos

homofóbicos na cosmologia, passagens bíblicas e práticas cristãs preconceituosas.

As experiências espaciais e religiosas dos membros da ICM-Maringá e da IEA-Curitiba

e a compreensão sobre suas sexualidades

Os membros LGBT, mesmo tendo inúmeras experiências e vivências fora do

espaço religioso, ainda carregam princípios religiosos. Os espaços vivenciados pelos

membros LGBT da ICM-Maringá e IEA-Curitiba estão conectados com discursos,

práticas e experiências, as quais são entendidas e sentidas de maneiras distintas,

contribuindo assim para as significações e para a constituição das identidades

individuais e do grupo.

Desta forma, ao analisar os paradoxos vivenciados pelos membros LGBT da

ICM-Maringá e da IEA-Curitiba, evidenciou-se que os mesmos mesclam suas

experiências espaciais, isto é, práticas religiosas interseccionadas com as categoriais

identitárias. Através dos discursos das lideranças e dos membros LGBT, tanto da ICM-

Maringá quanto da IEA-Curitiba, é possível compreender as significações em relação às

sexualidades.

Faz-se necessário ressaltar que o grupo pesquisado da ICM-Maringá é composto

por quatro gays, um bissexual, duas travestis, uma mulher trans. Já o grupo pesquisado

da IEA-Curitiba é composto por cinco membros gays. Para tanto, evidencia-se que as

categorias discursivas da ICM-Maringá e da IEA-Curitiba, conectam-se com as

espacialidades, visto que todas as categorias discursivas estão em relação e se

copenetram.

Para tanto, este trabalho é fruto da análise de conteúdo de 14 entrevistas, 9 delas

realizadas com os membros LGBT da ICM-Maringá e 5 entrevistas com membros da

IEA-Curitiba. Desta forma, o gráfico 1 é resultado das evocações evidenciadas pelos

membros LGBT da ICM-Maringá e dos homens gays da IEA-Curitiba, Paraná. Assim,

as igrejas contextualizam os textos bíblicos, buscam compreender o tempo e espaço de

cada texto bíblico, e para isso a Teologia bíblica utilizada pelos líderes desta igrejas

conta com o auxílio de técnicas e disciplinas como a exegese, hermenêutica e a história.

Foram realizadas 14 entrevistas seguindo roteiro semi-estruturado. As entrevistas foram

transcritas e sistematizadas a partir da análise de conteúdo do discurso de Bardin (1977),

o que resultou em 987 evocações, que foram organizadas em espacialidade discursivas e

categorias discursivas. A análise de conteúdo do discurso destas entrevistas evidencia

que tanto a ideia de uma prática religiosa relacional quanto construção da compreensão

do 'sexo enquanto pecado prática esta entendida como errada e em desvio. Tal

elaboração dialoga com a Teologia inclusiva, Feminista e Gay praticada por ambas as

igrejas.

Como pode ser observado no gráfico 1, a intensidade de evocações remete a um

determinado espaço, bem como os diferentes espaços estão relacionados com as

experiências espaciais e religiosas. Assim evidencia-se não somente os espaços

religiosos, mas os mais variados espaços cotidianos dos membros entrevistados. Neste

sentido, nosso objetivo foi analisar como cada espacialidade contribui para as

significações individuais e coletivas em relação às sexualidades.

Evidenciou-se assim oito espacialidades (ICM-Maringá, IEA-Curitiba, antiga

comunidade religiosa, casa da família, corpo, espaço educacional, espaço mítico

conceitual e espaço de sociabilidade). Para tanto, neste trabalho será evidenciado as

Page 25: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

24

quatro espacialidades mais evocadas sendo elas ICM-Maringá, IEA-Curitiba, antiga

comunidade religiosa, casa da família.

GRÁFICO 1 – Espacialidades dos membros LGBT da ICM-Maringá e da IEA-Curitiba

– PR.

FONTE: Entrevistas realizadas com membros LGBT da ICM-Maringá, Paraná e da IEA-Curitiba

entre os dias 4 de janeiro de 2016 a 28 de julho de 2016. Organizadora: GELINSKI, 2017

Deste modo, as igrejas ICM-Maringá e IEA-Curitiba configuram-se com

algumas características diferentes, as quais se referem à localização e estrutura, o

surgimento de cada comunidade religiosa e a organização dos momentos religiosos. No

entanto, as categorias discursivas evidenciadas a partir de ambos os grupos são

semelhantes. Para os membros LGBT da ICM-Maringá, identificou-se as categorias

discursivas ‘acolhimento’ com 20%, ‘vida religiosa’ 19%, ‘interpretação Bíblica’ 16%,

‘direcionamento’ 14% e ‘relações sociais’ 12%. Por sua vez, os membros gays da IEA-

Curitiba possuem as mesmas categorias discursivas, mas com intensidades diferentes.

Posto que ‘vida religiosa’ corresponde a 29%, ‘acolhimento’ 19%, ‘interpretação

Bíblica’ 22%, ‘relações sociais’ 12%, ‘pecado’ 10% e ‘direcionamento’ 10%.

Revela-se assim, que as espacialidades religiosas atuais são locais que despertam

o sentimento de pertença ao grupo, aquela coletividade (ROCHER, 1971). Pois é no

espaço ICM-Maringá ou no espaço IEA-Curitiba que seus respectivos membros têm a

liberdade de vivenciarem as práticas e os discursos religiosos, conciliando com as suas

sexualidades. Tais espaços constituem-se como locais de “consagramento, pertença e

solidariedade entre os membros” (ROCHER, 1971, p. 169). Por outro lado, as

categoriais discursivas evidenciadas pelos membros LGBT da ICM-Maringá e dos

homens gays da IEA-Curitiba relacionadas à espacialidade ‘antiga comunidade

religiosa’ são semelhantes em sua maioria. Visto que para os membros LGBT da ICM-

Maringá a categoria discursiva ‘vida religiosa’ constitui-se com 35%, precedida da

categoria discursiva ‘preconceito’ com 13% e ‘homofobia’ com 10%. Seguida ainda

pelas categorias discursivas ‘interpretação da bíblia’ e ‘relações sociais’ com 8% e a

categoria ‘acolhimento’ com 3%.

A quarta espacialidade discursiva a ser analisada é a ‘casa da família’, a qual

apresenta 11% do total de evocações dos membros LGBT da ICM-Maringá e IEA-

Curitiba, Paraná. A ‘casa da família’ constitui-se como uma espacialidade de grande

Page 26: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

25

importância para compreender as concepções religiosas e consequentemente as visões

de mundo, a noção de ‘certo e errado’, ‘bom e mal’, bem como as concepções

relacionadas às sexualidades. Assim sendo, esta espacialidade relaciona-se diretamente

com discursos religiosos, bem como com a espacialidade ‘antiga comunidade religiosa’,

visto que todas as pessoas entrevistadas provêm de famílias religiosas. Para tanto, as

categoriais discursivas evidenciadas pelos membros LGBT da ICM-Maringá e dos

homens gays da IEA-Curitiba relacionadas à espacialidade ‘Casa da Família’ são

semelhantes em sua maioria. Assim, as categorias discursivas ‘ausência de aceitação da

família’, ‘aceitação da família’, ‘experiência’ e ‘preconceito’ são apontadas por ambos

os grupos entrevistados.

Considerações Finais

O presente trabalho evidenciou como as diferentes vivências espaciais dos

membros LGBT da ICM-Maringá e da IEA-Curitiba constituem as significações de suas

sexualidades. Neste sentido, o espaço igreja pode ser compreendido como uma

espacialidade vivenciada no cotidiano de pessoas que comungam uma determinada

forma de compreender e significar o mundo.

Compreendemos assim, no decorrer do texto desta dissertação, que os espaços

cotidianos evidenciados pelo grupo pesquisado, bem como a ICM-Maringá e a IEA-

Curitiba são frutos de relações sociais e permeados por práticas sociais, discursos e

concepções sociais sobre a própria organização espacial. Além do mais, o espaço é

interseccionado por múltiplas categorias identitárias, estando dentre elas as

sexualidades e as religiosidades. Para tanto, as reflexões sobre espaço, gênero e

sexualidades se fazem indispensáveis, visto que os espaços vivenciados pelos membros

LGBT da ICM-Maringá e IEA-Curitiba estão conectados com discursos, práticas e

experiências, as quais são entendidas e sentidas de maneiras distintas, contribuindo

assim para as significações e para a constituição das identidades individuais e do grupo.

Nesta vasta extensão de pensamentos e compreensões, a ICM-Maringá e a IEA-

Curitiba estruturam-se a partir de compreensões teológicas contextuais, histórico-

críticas, bem como simpatizam com as perspectivas teológicas feministas, gay e

inclusiva. Tais compreensões religiosas dissidem das perspectivas teológicas

hegemônicas, ao problematizarem e focarem nos grupos até então deixados de lado:

mulheres, negros, indígenas, pessoas de baixa renda, comunidade LGBT. Constituindo-

se então em espacialidades com discursos e práticas de acolhimento e respeito a todas as

pessoas.

Referências

BUTLER, Judith. Critically Queer. In Playing with Fire: Queer Politics, Queer

Theories. Ed. Shane Phelan. New York & London: Routledge.11-29, 1990.

MASSEY, Doreen. Pelo Espaço: Uma nova Política da Espacialidade. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2008.

ROSE, Gillian. Feminism & Geography. The limits of Geographical Knowledge.

Cambridge: Polity Press, 1993.

NATIVIDADE, Marcelo Tavares. "Homossexualidade, gênero e cura em perspectivas

pastorais evangélicas". Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2006.

Page 27: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

26

CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS DE MINERAÇÃO EM RELAÇÃO AS

UNIDADES DE PAISAGEM NO MUNICÍPIO DE BALSA NOVA, PR

Ricardo Letenski

INTRODUÇÃO

A Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana, localizada na

região natural dos Campos Gerais do Paraná, recebeu nos últimos anos um significativo

aumento na quantidade de requerimentos minerários junto ao DNPM, em distintas fases

de andamento, principalmente, para as substâncias areia e arenito. Importantes

remanescentes dos ecossistemas protegidos que compõem a sua paisagem natural se

encontram nessa área, tornando essa região a confluência de conflitos entre interesses

econômicos e ambientais. Os requerimentos para mineração concentram-se,

principalmente, nos municípios de Balsa Nova, Tibagi, Jaguariaiva e Sengés. O recorte

proposto para o seguinte estudo é a área do município de Balsa Nova, devido a sua

proximidade da Capital Curitiba e por que a Área de Proteção Ambiental da Escarpa

Devoniana abrange mais de 70% sua da área municipal e apresenta expressiva atividade

minerária como parte de sua economia agravando essa tensão. O conhecimento das

limitações e aptidões paisagísticas são um importante critério para planejar as atividades

em uma paisagem levando em consideração suas potencialidades.

OBJETIVO

Este trabalho busca compreender as relações entre as unidades da paisagem em

função de suas características físicas (geologia, relevo e hidrografia, hipsometria,

declividade e áreas protegidas) e as áreas escolhidas para explotação mineral. Foram

delimitadas cinco Unidades de Paisagem, que identificam áreas homogêneas, com

características físicas similares.

METODOLOGIA

Para elaboração deste estudo foram utilizados os seguintes arquivos digitais do

mapeamento de abrangência da bacia do Alto Iguaçu (SUDERHSA, 2004): Altimetria

que inclui curvas de nível e pontos cotados na escala 1:10.000; hidrografia na escala

1:10.000, geologia na escala 1:20.000. Os polígonos com informações referentes aos

arquivos minerários foram obtidos no Departamento Nacional de Produção Mineral.

Outros dados como limites municipais e geomorfologia foram obtidos junto ao Instituto

de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná. As unidades de conservação foram obtidos

na coordenação da Região Metropolitana de Curitiba. De posse desses dados foi gerado,

a partir das curvas de nível, pontos cotados e da hidrografia um modelo digital de

elevação do terreno, desse material foram elaborados os mapas de classes de

declividade e de hipsometria. Foram gerados também mapas de geologia,

geomorfologia, requerimentos minerários e unidades de conservação. Os

processamentos foram realizados no software ARCGIS 9.3. De posse das informações

das características físicas da área de estudo, foram delimitadas as Unidades de Paisagem

(UP). Conforme propõem Bertrand (1971) e Cavalcanti (2004) a delimitação das UPs

baseou-se na escolha dos elementos mais representativos da paisagem. Neste caso, as

informações utilizadas foram a geologia, a declividade, a hipsometria, a hidrografia, o

Page 28: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

27

relevo e as unidades de conservação. Por meio da análise visual das cartas temáticas,

foram delimitadas a unidades de paisagem pela homogeneidade dos elementos que a

compõem.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O trabalho desenvolvido resultou na identificação de 5 Unidades de Paisagem no

munícipio de Balsa Nova, conforme a similaridade de suas características físicas,

descritas a seguir.

A Unidade de Paisagem 1 – Sedimentos Inconsolidados é composta aluviões atuais e

terraços aluvionares pertencentes ao compartimento geológico Sedimentos Cenozoicos

e ao compartimento geomorfológico das Planícies Fluviais, apresenta relevo de planície

com altitudes inferiores a 880 metros e declividade predominante plano-suave

ondulado, e apresenta porções na Área de Interesse Especial Regional do Rio Iguaçu.

Nesta UP ocorre a concentração do maior número de áreas de extração mineral. Nesta

área substância extraída é a areia de depósitos de sedimentos quaternários

inconsolidados por meio de dragagem e cava submersa no Rio Iguaçu e seus afluentes

do 1° Planalto: Rio Verde, Itaqui e Tortuoso.

A Unidade de Paisagem 2 – Planalto Inferior é composta rochas sedimentares

paleozoicas e sedimentos cenozoicos, predominando arenitos pertencentes ao

compartimento geológico da Bacia Sedimentar do Paraná e ao compartimento

geomorfológico do 2° Planalto Paranaense, apresenta relevo de planalto com topos

alongados e vales em U, apresenta altitudes inferiores a 1.000 metros, e declividade

predominante suave ondulada. Está contida na APA da Escarpa Devoniana

predominantemente na Zona de Conservação 10. Nesta área apesar de ocorrerem

diversos requerimentos minerários para substância areia e arenito inclusive com pedido

de lavra, na prática não existe mineração na UP 2.

A Unidade de Paisagem 3 – Planalto Superior é composta rochas sedimentares

paleozoicas e sedimentos cenozoicos, predominando arenitos pertencentes ao

compartimento geológico da Bacia Sedimentar do Paraná e ao compartimento

geomorfológico do 2° Planato Paranaense, apresenta relevo de planalto com topos

aplainados e vales muito encaixados, apresenta altitudes superiores a 1.000 metros e

declividade predominante plano-suave. Está contida na APA da Escarpa Devoniana nas

Zonas de Conservação 10 e 11. Nesta UP as substâncias extraídas informadas nos

requerimentos são areia e caulim diretamente de rochas sedimentares por meio de

desmonte hidráulico em cavas secas. Todas essas áreas de mineração ocorrer na APA da

Escarpa Devoniana em zonas de conservação conforme o zoneamento do plano de

manejo de unidade de conservação que inclusive não recomenda a mineração.

A Unidade de Paisagem 4 – Faixa de Transição de Planaltos é composta rochas

paleozóicas e rochas proterozóicas no contato entre a Bacia do Paraná e o Escudo

Paranaense e entre 1° Planalto e o 2°Planalto, apresenta relevo escarpado e encostas de

talus com altitudes entre 880 e 1.000 metros e declividade predominante entre

escarpado e forte ondulado. Está contida na APA da Escarpa Devoniana,

predominantemente, na sua Zonas de Conservação 11. Nessa área ocorre a extração de

gnaisse e migmatito para extração de brita.

A Unidade de Paisagem 5 – Planalto de Curitiba é composta rochas Proterozóicas do

Escudo Paranaense com predomínio de Gnaisse e Migmatito pertencentes ao

compartimento geológico do Escudo Paranaense e ao compartimento geomorfológico

do 1° Planalto Paranaense, apresenta relevo de planalto com topos alongados e

Page 29: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

28

aplainados e altitudes entre 880 e 1.000 metros. Não apresenta unidades de

Conservação. Está UP não apresenta área de mineração ou requerimentos minerários.

Figura 2 – Mapa de Unidades da Paisagem da Área de Estudo.

Page 30: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

29

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A identificação de unidades de paisagem permite uma melhor percepção da área de

estudo, possibilitando agrupar áreas homogêneas e perceber melhor as diferenças entre

elas, oferecendo a base para sua a análise.

Observadas as características das cinco Unidades de Paisagem apresentadas e suas

diferenças, pode-se inferir que os tipos de mineração ocorrem de maneira distinta em

função de cada compartimento.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA

BERTRAND, G. Paisagem e Geografia física global: esboço metodológico. Cadernos

de Ciências da Terra, São Paulo: IGEOG/USP, n. 13, 1971. 27p.

CAVALCANTI, L.C.G. Cartografia de Paisagens: Fundamentos. São Paulo: Oficina

de textos, 2014. 95 p.

SUDERSHA. Sistema de Informações Geográficas para Gestão de Recursos

Hídricos no Alto Iguaçu: Relatório final. Curitiba: SUDERSHA, 2004. 155 p.

Page 31: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

30

EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENTRE AS DISCIPLINAS DE

PLANEJAMENTO TERRITORIAL E AMBIENTAL, SISTEMAS DE

INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL:

O ENSINO DE GEOGRAFIA POR MEIO DE PROJETOS

Silvia Méri Carvalho; Ricardo Letenski; Julio Cesar Botega do Carmo

INTRODUÇÃO

Segundo Prado (2003, p. 2) na pedagogia de projetos "o aluno aprende no

processo de produzir, de levantar dúvidas, de pesquisar e de criar relações que

incentivam novas buscas, descobertas, compreensões e reconstruções do

conhecimento". A pedagogia de projetos viabiliza ao aluno aprender baseado na

integração entre conteúdos de várias áreas do conhecimento, bem como entre diversas

mídias (computadores, televisores, livros) disponíveis no contexto da escola e da

sociedade, pois envolve a inter-relação entre conceitos e princípios.

O objeto de estudo desta atividade foram as pequenas cidades, pois há poucos

estudos que abordem os problemas ambientais das mesmas, principalmente se

comparados com o número de trabalhos dedicados às médias e grandes cidades.

Contudo, ao contrário do que se pressupõe, as cidades pequenas apresentam, muitas

vezes, problemas ambientais e sociais típicos de cidades maiores, mas não na mesma

extensão e intensidade (NASCIMENTO E CARVALHO, 2005). O planejamento seja

ambiental, urbano de uma cidade independente de sua escala, passa por diversos

momentos.

Segundo Santos (2004) o diagnóstico é um momento do planejamento que

envolve, pelo menos, três fases: a seleção e obtenção dos dados de entrada, a análise

integrada e a elaboração de indicadores que servirão de base para tomada de decisão.

Os dados, informações ou parâmetros de entrada, de diferentes naturezas costumam ser

agrupados em temas simples e derivados, que facilitam a compreensão e a descrição do

meio. Não existe um conjunto único de temas, mas alguns deles são muito frequentes,

como os que retratam as pressões humanas e o estado do meio em seus diferentes

planos.

O estado do meio costuma ser avaliado por temas relacionados aos aspectos

físicos (climatologia, geologia, geomorfologia, pedologia, hidrografia) e biológicos

(vegetação e fauna). As pressões são verificadas pela avaliação das atividades humanas,

sociais e econômicas (uso da terra, demografia, condições de vida da população,

infraestrutura de serviços). As respostas da sociedade às pressões podem ser observadas

pelos aspectos jurídicos, institucionais e de organização política.

OBJETIVO

De forma geral a atividade buscou uma experiência de integração entre as

disciplinas de Planejamento Territorial e Ambiental (104114), Sistemas de Informação

Geográfica (104079) e Planejamento Urbano e Regional (104035) ministradas no 4° ano

do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa

(UEPG) na elaboração de um Diagnóstico Ambiental Preliminar da cidade de Ipiranga,

no Paraná. Igualmente visou contribuir para que o aprendizado dos alunos se aproxime

ao máximo das exigências do mundo contemporâneo e da prática profissional do

geógrafo.

Page 32: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

31

METODOLOGIA

O diagnóstico Ambiental preliminar do Município de Ipiranga-PR compreendeu

os seguintes temas e temáticas:

Estado do meio: Geologia, Pedologia, Hidrografia, Climatologia, Hipsometria,

Declividade, Modelo Digital de Elevação e Vegetação

Pressões: Uso da terra, Demografia e Infraestrutura de serviços.

Resposta: Perímetro urbano, Zoneamento e APP.

A atividade foi realizada em dois grupos, inicialmente composto por 5 alunos cada um,

com seus respectivos coordenadores, em 5 fases:

A fase 1 correspondeu ao levantamento de dados e preparação da base

cartográfica

Todos os dados foram convertidos para o datum Sirgas 2000 e representados no Sistema

de Projeção UTM - Fuso 22 Sul. Foi realizada a delimitação da área do município, bem

como perímetro urbano e zoneamento, por meio de arquivos digitais da Prefeitura

Municipal. As curvas de nível com equidistância de 20 m, os pontos cotados e a rede de

drenagem em formato DWG, correspondentes a Carta Topográfica de Imbituva SG.22-

X-C-I-2, foram cedidos pelo Paranacidade.

As informações geoespaciais temáticas geologia e pedologia foram obtidas junto ao

ITCG.

Os dados climáticos, temperatura e precipitação, foram obtidos junto ao

INEMET para o período de 1986-2016. Foi utilizada imagem RapidEye (GEO

CATALOGO-MMA, 2017) com cinco faixas espectrais (azul, verde,

vermelho, infravermelho, infravermelho próximo), resolução radiométrica de 12 bits,

com resolução de 5 metros, com passagem em 21/08/2013. Ainda foram levantadas as

leis de expansão do perímetro urbano e os instrumentos do Estatuto da Cidade. Nesta

fase, foi realizado o primeiro trabalho de campo para um contato inicial com a área de

pesquisa.

Na Fase 2 foram elaborados mapas temáticos de localização da área, mapa

hipsométrico, modelo digital de elevação, mapa de declividade e localização das

principais bacias do município. Igualmente foi elaborado mapa de uso e ocupação da

terra, como base o Manual de Uso da Terra (IBGE, 2006) e mapa com as Áreas de

Preservação Permanente-APP dentro do perímetro urbano do município, com base na

Lei 12.651/2012 (BRASIL, 2012).

Na Fase 3 os alunos foram instruídos a elaborar os Mapas Temáticos de

Conflitos Ambientais de acordo com Metodologia de Beltrame (1994) e o balanço

hídrico a partir dos dados climatológicos obtidos (ROLIM e SENTELHAS, sd).

A Fase 4 correspondeu ao trabalho de campo para checagem dos dados

levantados em gabinete, levantamento da infraestrutura de serviços e pontos de interesse

urbano com uso de receptor de GPS para mapeamento do uso solo urbano, além da

aplicação de instrumentos do Estatuto da Cidade.

A Fase 5 correspondeu a elaboração do relatório final, avaliação da atividade por

parte dos alunos e docentes e apresentação dos resultados na Semana Acadêmica de

Geografia da UEPG, por meio de uma mostra.

Page 33: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

32

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram elaborados mapas temáticos, sendo que com relação aos aspectos

geológicos a área de estudo apresenta como substrato o Grupo Itararé, uma unidade

litoestratigráfica permo-carbonífera pertencente a Bacia Sedimentar do Paraná,

caracterizada por apresentar uma complexa variedade de rochas depositadas em

ambiente glacial.

As classes pedológicas, encontradas no mapeamento temático, compilado para a

área de estudo, foram o Latossolo Vermelho e o Cambissolo.

Com relação a hispsometria as altitudes variaram entre 780m, no vale do Rio Ipiranga e

872 m nas porções mais elevadas à leste e sudeste da área de estudo, apresentando um

gradiente altimétrico de 92 m. Foram encontradas três classes de declividade, a seguir

com as seguintes áreas: entre 0 e 3% 167,79 ha (31,62%), entre 3 e 8% 269,57 ha

(50,82%) e entre 8 e 15% 93,17 ha (17,56%).

Para o mapeamento de uso e ocupação da terra foram identificadas as seguintes

classes e suas respectivas áreas: floresta com 423,45 ha (41,82%) área urbana com

244,71 ha (24,17%); campos com 219, 96 ha (21,72%); agricultura com 120,36 ha

(11,89%) e corpos d’água com 4,01 ha (0,40%).

Page 34: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

33

Figura 1. Principais mapas temáticos elaborados durante a realização do projeto.

No mapeamento de conflitos ambientais a classe de uso correspondente

representou a maior parte do perímetro urbano e abrange áreas de campos, floresta e

corpos d’água nas Áreas de Preservação Permanente e, também, áreas urbanas fora das

APPs. A classe sobre utilizada corresponde as áreas urbanas e de cultivo (agricultura)

que estão localizadas dentro das Áreas de Preservação Permanente. A classe de uso

subutilizado compreende as áreas de expansão urbana que ainda não foram ocupadas.

Foi realizado levantamento referente ao uso do solo urbano nas principais vias, Rua XV

de Novembro e a Rua João Ribeiro da Fonseca. Foi identificado o predomínio da classe

Comercial em 41 lotes, Residencial em 68 lotes, Institucional em 16 lotes, Misto em 37

lotes e Vazios em 5 lotes.

Page 35: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

34

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término das atividades foi solicitado que os alunos respondessem a dez

perguntas para avaliação global e por disciplina de como se desenvolveu o projeto, bem

como uma reunião entre os professores para leitura e análise das respostas dadas pelos

discentes. A partir das respostas foi gerado um quadro, do qual foram retirados as

principais virtudes e dificuldades do projeto, bem como alternativas para sua melhoria

nos anos subsequentes.

Entre as dificuldades foi apontado o uso de software, os problemas em grupo

(falta de empenho, responsabilidade de alguns alunos), o conflito de informações, a falta

de tempo, o acesso a dados na escala necessária, o acesso ao laboratório em mais

horários para confecção dos mapas, a distribuição melhor das atividades de forma a não

prejudicar nenhuma disciplina, definição de objetivos comuns às disciplinas e forma de

execução antes do início. Foi sugerido a transformação do projeto em atividade de

extensão - não inserido nas disciplinas, melhorias na comunicação entre professores e

alunos e mais objetividade nas atividades.

De forma positiva, foi visto como instigante o contato com o mercado de

trabalho, a interdisciplinaridade/ multidisciplinaridade do trabalho do geógrafo, a

prática de cada disciplina, a identificação de problemas reais ambientais e de

planejamento, a gestão das áreas naturais, a percepção do trabalho de órgãos públicos, o

aprofundamento de conhecimentos sobre instrumentos do Estatuto da Cidade e do Plano

Diretor, a compreensão da distribuição, problemas e dinâmica da área urbana, confecção

de mapas com problemas e temáticas reais, para a vida profissional e a aproximação

com as ferramentas de SIG, apesar das dificuldades na confiabilidade dos dados.

Considera-se que a experiência foi avaliada em geral – pelos professores e

alunos envolvidos – como positiva. Sendo resultado de uma primeira experiência,

envolvendo três disciplinas, há diversos pontos a serem melhorados, contudo, a própria

inciativa já é digna de destaque, uma vez, que cada vez mais segmentados, os

conhecimentos neste projeto foram integrados da melhor maneira possível,

possibilitando a compreensão da prática profissional pelos futuros geógrafos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA

BELTRAME, A. da V. Diagnóstico do meio físico de Bacias Hidrográficas: modelo e

aplicação. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 1994. 112p.

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação

nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de

1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de

setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166- 67,

de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 mai 2012.

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico de Uso da

Terra. 2ª edição. Série: Manuais técnicos em Geociências (n° 7). 2006.

Page 36: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

35

GEO CATÁLOGO-MMA- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Imagem RapidEye.

2013. Disponível em: < http://geocatalogo.ibama.gov.br/> Acesso em: 25 de jun. 2017.

NASCIMENTO, M. A. do, e CARVALHO, P. F. de. Pensando o planejamento

ambiental para cidades pequenas: o caso de Perdões – MG. In MENDES, A. A. &

LOMBARDO, M. A. (orgs.). Paisagens geográficas e desenvolvimento territorial.

Rio Claro, PPG-Unesp/Ageteo, 2005, páginas 27- 44.

ROLIM, G. de S. e SENTELHAS, P. C. Balanços Hídricos e Produtividade de culturas

v 6.2 para EXCELL 7.0 TM . 12p. EMBRAPA. Londrina- PR.

SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de

Textos, 2004.

Page 37: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

36

ENSAIO SOBRE A INDÚSTRIA FONOGRÁFICA BRASILEIRA: UMA

EXPRESSÃO ARTÍSTICA-CULTURAL MASSIVA

Augusto A. Duarte;

Amanda Thalia Miranda

Introdução

A música é uma arte milenar, presente em todas as culturas. Em seu livro

“Teoria Musical”, Bohumil Med (1996) classifica a música como “a arte de combinar os

sons simultânea e sucessivamente”. Em séculos anteriores, para se registrar uma música,

era necessário escrevê-la em partituras, para que um músico pudesse ler e executar a

peça. A necessidade e procura pelas partituras fez com que se tornassem comuns, na

Europa, lojas de partituras, que eram escritas à mão ou postas em prensas para serem

copiadas. As lojas de partitura representam o início de uma indústria musical. Com o

advento do rádio e da música gravada mecanicamente, na década de 1930, as lojas de

partitura davam o lugar de maior distribuidoras de música para um método mais simples

de se escutar uma música - ao invés de comprar a partitura e executá-la em casa, era

possível se escutar as músicas a partir de um gramofone, e com o rádio podia-se escutar

canções mesmo sem fazer a compra dos discos. O rádio e o gramofone foram os grandes

responsáveis pela formação da indústria fonográfica, que até hoje é a responsável pela

gravação e distribuição das músicas, e também por escolher os artistas que farão as

músicas.

Tendo em mente que há praticamente um monopólio cultural das músicas

produzidas pela indústria sobre as músicas de artistas independentes, cabe a indagação -

até que ponto a indústria fonográfica influencia o produto final da música e o fazer

musical? Este trabalho visa a realização de um ensaio sobre o tema, com o intuito de

relacionar a banalização da música e sua relação com a indústria, trazendo um panorama

sobre uma possível relação entre classes sociais e gênero músical.

Objetivos:

-Realizar um ensaio sobre a indústria fonográfica brasileira e como ela influencia a

produção e o fazer musical, direcionando a reflexão para a música presente na mídia

enquanto um produto formulático a ser vendido às massas antes de uma expressão

artístico-cultural de representação social e identidade.

Fundamentação Teórica

A partir do século XX, na chamada por muitos estudiosos de revolução técnica

científica, o capitalismo global é continuamente difundido em todas as expressões de

cultura possíveis, entre elas a música. A combinação dos novos recursos tecnológicos

de difusão da informação em âmbito mundial e o modelo econômico capitalista da

Page 38: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

37

sociedade deram forma à indústria fonográfica, possibilitando o consumidor de comprar

algo físico (um vinil, uma fita cassete, um CD), para assim, ouvir. Neste momento a

música tornou-se parte de um mercado que visa lucro e a sua produção passou a ser

realizada de uma maneira formulática para agradar às massas que consomem a música

enquanto produto. Como a indústria escolhe à dedo os artistas que serão divulgados na

mídia, as pessoas que irão produzir os álbuns e as canções, as músicas acabam ficando,

estruturalmente, semelhantes umas às outras, sendo estrategicamente instituído uma

cultura musical de massa, onde compositores se conformam em adaptar seu estilo à

moda.

Um grande exemplo destas músicas ‘industrializadas’ no território nacional são

as músicas do gênero Sertanejo, um dos mais apreciados do Brasil. Em pesquisa

realizada pelo IBOPE em 2013, foi revelado que cerca de 65% das músicas tocadas nas

rádios são pertencentes ao gênero. O restante é dividido entre “as mais pedidas”, Rock,

Samba/pagode, MPB, Gospel e Funk. A pesquisa indica os gêneros mais ouvidos pelas

classes sociais, como mostra o gráfico 1.

Gráfico 1: Gêneros musicais ouvidos por classe social e idade. Fonte: KANTAR IBOPE

MEDIA. 2013.

Cada gênero musical que existe compreende características do meio em que ele

é propagado, abordando um leque de questões desde sociais até pessoais. Assim, os

indivíduos tenderão a ouvir algo com que eles se identifiquem. A música industrial, por

ser parte de um mercado capitalista globalizado e por ser criada na perspectiva de uma

atividade lúdica, dieficilmente remonta à questões sociais, com frequência

permanecendo no âmbito materialista. Para ilustrar melhor, é comum que músicas feitas

Page 39: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

38

com esta perspectiva de mercado falem sobre amor, sexo ou festas e consumo - segundo

uma pesquisa realizada por Kantar IBOPE Media em 2013, 45% das músicas que tocam

no rádio falam sobre sexo, 28% sobre festas e consumo e 63% sobre amor. Obviamente,

músicas criadas por artistas independentes também falam sobre estes assuntos, porém o

espectro de questões tratadas fora da mídia massiva é muito mais abrangente.

Cultura é o conjunto de diversas manifestações. Entre elas temos as

manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou

civilização, com isso não podemos dissociar a prática musical como expressão artística-

cultural de uma população inserida em qualquer espaço geográfico fruto de um contexto

sociocultural próprio.

Considerações Finais

Considerando os diversos gêneros musicais e a abrangência de temas que são

tratados por estes gêneros, bem como as limitações que a indústria impõe sobre a

música e os artistas, é válido pensar que ao tentar globalizar e unificar a música, a

indústria fonográfica limita os significados e motivos que a própria arte poderia ter para

apenas conteúdos sobre os assuntos comuns à música pop. Assim, ao estrategicamente

abordar temas gerais e cabíveis para qualquer indivíduo, a música industrial pode ser

encaixada em várias realidades diferentes, resultando em uma grande quantidade de

indivíduos que se identificam e vêm a consumí-la, formando, moldando e tornando a

música um produto como qualquer outro após a terceira revolução industrial ou

revolução técnica-científica, massiva.

A falta de divulgação pela mídia de artistas e gêneros diferentes do que é tocado

nos rádios e a propagação da música pop/ como o gênero mais escutado e repercutido

pode causar uma alienação musical àqueles que a escutam, a partir do momento em que

a música que é propagada é simplesmente um produto feito para ser vendido,

consumido e em seguida esquecido, e os gêneros fora desta categoria possuem um teor

artístico - tanto estético quando poético - que simplesmente não se encontra nas músicas

pop.

É necessário se considerar e conhecer os outros gêneros para que não se limite à

ouvir o que a indústria empurra aos seus consumidores; Em outras palavras, ser crítico

em relação ao conteúdo que se escuta, buscar compreender o que torna as músicas pop

tão semelhantes e procurar gêneros que possuem um teor artístico maior. Apesar de

vivermos numa sociedade capitalista globalizada, podemos fugir da regra, e não apenas

aceitar tudo, mas aproveitar esse câmbio de informações global e conhecer novas

culturas e sociedades através da música, outros ritmos e outras rimas. Referências

Bibliográficas

KANTAR IBOPE MEDIA. Disponível em: <https://www.kantaribopemedia.com/>.

Acesso em: 20 Outubro. 2017.

Page 40: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

39

MED, Bohumil. Teoria da Música. 4. ed. Brasília, DF: Musimed, 1996.

ROMANELLI, Guilherme. Como a música conversa com as outras áreas do

conhecimento.

Revista Aprendizagem, Pinhais, n.14, p.24-25, 2009.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo:

Edusp, 2002.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência

universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

Page 41: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

40

O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO NAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

Evelyn Stocco¹ Adir Fellipe Silva Santos²

Resumo

Esta pesquisa buscou analisar a formação das escolas nas comunidades quilombolas e como se deu seu processo de formação escolar. Também procurou compreender se a população dessas comunidades tem ou não acesso à educação de qualidade; como se deu o processo de formação das comunidades no Brasil desde sua formação, e também como se sucedeu esse processo principalmente, nos Campos Gerais, PR. Nas últimas décadas os historiadores da educação têm se voltado à redescoberta de antigos e novos documentos para auxiliar a reconstruir o passado. Diante disso, o presente trabalho referiu-se ao desenvolvimento do projeto de pesquisa “O processo de escolarização nas comunidades quilombolas” cujo objetivo foi, por meio da análise de fontes escritas e iconográficas, compreender, preservar e divulgar a história das primeiras comunidades.

Palavras-Chave: Educação, comunidades quilombola, fontes primárias, políticas públicas.

Introdução

Durante o decorrer do projeto foi possível apreender mais sobre a educação, a formação das comunidades quilombolas e o como elas estão na atualidade, teve um enfoque e a realização de um curso de extensão na comunidade quilombola do Limitão em Castro. A origem dos quilombos está relacionada com as rebeliões ocorridas em diferentes décadas, sejam no século XVIII ou no século XIX. Desde então houve uma série de problemas que resultaram no que temos atualmente, que é as comunidades quilombolas com muito pouco acesso à educação, devido ás políticas atuais que acabaram afastando os quilombolas da formação escolar. Com a promulgação da Lei 10639/03 foi instituída que todas as comunidades quilombolas devem ter escolarização. A pesquisa apontou como resultados a necessidade de valorizar e respeitar a identidade das comunidades, bem como políticas públicas que favoreçam e deem maior visibilidade a essa população.

Page 42: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

41

Material e Métodos

Na tentativa de explicar a realidade, a ciência caracteriza-se por uma atividade metódica, por meio de ações passíveis de serem produzidas (ANDERY, 1994).

Para o desenvolvimento do projeto foi dividido em fases:

- a primeira, destinou–se ao levantamento e catalogação das fontes primárias e secundárias a respeito do tema.

- a segunda fase, destinou-se para a construção e interpretação sobre o processo de formação das primeiras comunidades quilombolas nesta região.

Foram utilizados procedimentos pertinentes à problemática investigada por meio da investigação, seleção e definição de acervos arquivísticos e bibliográficos, catalogação e digitalização das fontes primárias e secundárias em um banco de dados específico para o projeto.

Foram catalogadas as documentações, utilizando as normas da ABNT.

Essa fase, que finalizará a primeira etapa da coleta de dados, permitirá uma seleção das fontes consideradas raras que serão enviadas para compor a catalogação nacional, do qual este grupo de pesquisa faz parte.

Na última etapa, após o levantamento e catalogação das fontes primárias e secundárias será feita a divulgação dos resultados da pesquisa, procurando discutir e compreender o processo histórico de formação das comunidades.

A divulgação foi realizada por meio da participação dos estudantes e pesquisadores em eventos científicos, bem como em material impresso e em mídia digital.

Resultados e discussão

Percebe-se que a lacuna presente sobre as comunidades remanescentes de quilombos ainda é muito restrita, não havendo muitas pesquisas e discussões sobre o tema. Também o entendimento por parte das comunidades e também de escolas sobre o tema é indefinido e dessa forma, foi possível conscientizar com o curso de extensão “Educação e relações étnico-raciais: possibilidades pedagógicas”, sobre a importância da valorização e a preservação das fontes educacionais da comunidade quilombola do Limitão (Castro). A legislação sobre os remanescentes de quilombos, em muitos casos não está sendo aplicada, as políticas públicas que essas comunidades tradicionais têm direito, passam despercebidos e acabam não sendo aplicadas. Com a pesquisa se tornou perceptível que políticas destinadas as comunidades quilombolas não estão sendo executadas, sendo que seus moradores não têm noção de que muitas existem. Foi produzido para contemplar o que foi

Page 43: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

42

pesquisado um capítulo de livro sobre a pesquisa. Os resultados da pesquisa foram socializados por meio de publicação de capítulo de livro que aborda a história e a politica das comunidades quilombolas.

Conclusão

Com este trabalho foi concluído que a busca de fontes de pesquisa se torna cada vez mais escassa, até pela falta de conhecimento dos remanescentes dos quilombos da importância de se preservar essas fontes. Outro fator das comunidades é a não implementação das políticas públicas em que muitos direitos não são contemplados, sendo que alguns casos ficam somente no papel, inclusive de escolas dentro das comunidades, principalmente para as séries iniciais. No que diz respeito aos dados educacionais, os alunos que frequentam as escolas estão tendo uma redução, a evasão escolar principalmente nos anos finais do ensino fundamental e o ensino médio é grande, muitos deles desistem pelo fato de terem que trabalhar para ajudar na renda da família. Isso se reflete no ingresso no ensino superior, que acaba sendo o mínimo. Assim, muitas coisas ainda devem ser mudadas, até pela aplicação das políticas públicas para os remanescentes, que reflete diretamente para uma mudança no ingresso dos alunos na educação, seja ela a básica até na superior.

Agradecimentos

Para a realização dessa pesquisa o agradecimento vai a todas as pessoas que de alguma forma ajudaram para a realização da mesma.

Em especial agradeço a minha orientadora professora vera Lucia Martiniak, que foi fundamental para o desenvolvimento dessa pesquisa, com orientações e auxílios.

Referências

CRUZ, Cassius Marcelus; Simões, Willian. Comunidades remanescentes de Quilombos, terras de pretos, comunidades negras rurais tradicionais e a gestão de políticas públicas educacionais no estado do paraná. In: Educação escolar quilombola: pilões, peneiras e conhecimento escolar. Curitiba, SEED, 2010.

_____. Grupo de Trabalho Clóvis Moura. Microrregião de Ponta Grossa. Disponível em: <http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=27>.

LEITE, Ilka Boaventura. Os quilombos no brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica, Vol. IV (2), 2000, pp. 333-354.

Page 44: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

43

_____. Ministério da Saúde. Programa Brasil Quilombola. Brasília: MS, 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasilquilombola_2004.pdf>

_____. Ministério da Educação. Contribuições para Implementação da Lei 10.639/2003. Brasília: MEC, 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1851-lei10639-pdf&category_slug=novembro-2009-pdf&Itemid=30192>

PADILHA, Lucia Mara de Lima. A (in) existência de um projeto educacional para os negros quilombolas no paraná: do império a república. (Tese de Doutorado) - Universidade estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa, 2016.

REIS, João José. Quilombos e revoltas escravas no Brasil. Revista USP, São Paulo: 14-39, dezembro/fevereiro 95/96. Disponível em: <file:///E:/Meus%20Documentos/Downloads/28362-33013-1-SM.pdf>.

_____. RODRIGUES, Bárbara Luiza Ribeiro. Primeiros olhares sobre as políticas públicas para comunidades remanescentes de quilombos. Disponível em: <http://www.cchla.ufrn.br/cnpp/pgs/anais/Arquivos%20GTS%20-%20recebidos%20em%20PDF/PRIMEIROS%20OLHARES%20SOBRE%20AS%>.

Page 45: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

44

A GEOGRAFIA DA CARTOGRAFIA FANTÁSTICA: UMA DISCUSSÃO

SOBRE PRÁTICAS GEOGRÁFICAS E IMAGINAÇÃO

Brendo Francis CARVALHO;

Almir NABOZNY

INTRODUÇÃO

O presente texto busca discutir de que modo elementos da Cartografia Moderna

compõem a produção de uma geografia fantástica no mapa vencedor do Cartographer’s

Choice Awards de 2016 do fórum online Cartographer’s Guild. Dentre os principais

eixos que compõe a discussão, estão: a Cartografia Moderna, a Geografia pensada

enquanto práticas geográficas (ESCOLAR, 1996), a ideia de imaginário

(BERDOULAY, 2012), representações sociais (JOVCHELOVITCH, 2008) e o conceito

de espaço geográfico.

Num primeiro momento busca-se contrastar duas concepções de mapas e em

seguida é apresentar a Guilda dos Cartógrafos e a imagem a ser discutida.

Posteriormente é tema de debate a Cartografia, o sujeito cartógrafo e suas referências e

saberes científicos que permeiam a produção de um mapa; a Geografia (práticas

geográficas) é articulada com a perspectiva da representação cartográfica projetada a

partir das visões de mundo, coletiva e individual. O trabalho é finalizado evidenciando

uma prática geográfica associada a um imaginário cartográfico que contempla

elementos da racionalidade moderna, bem como retoma uma “tradição” da dimensão

estética dos mapas.

DESENVOLVIMENTO

A palavra mapa atualmente refere-se a um tipo de imagem/objeto que configura

uma representação espacial elaborada por um grupo específico de profissionais

(cartógrafos, geógrafos, engenheiros cartógrafos) que praticam a Cartografia a partir de

um conjunto de teorias e convenções técnicas, produtos de diversas tradições de

pensamento da ciência geográfica até a atualidade (ESCOLAR, 1996).

Nesse contexto, o cartógrafo (que também pode ser geógrafo ou engenheiro

cartógrafo) é um profissional cuja atuação é institucionalizada (vinculado a uma

entidade privada, ao Estado ou instituição de ensino). Ele não só elabora como também

tem a permissão oficial de mapear, produzindo um tipo de informação validada

enquanto uma representação espacial da realidade. O autor do mapa media, pela

representação, o “deslocamento do outro à (na) realidade”, sendo que as diferenças

subjetivas e a impossibilidade da representação atingir uma realidade “pura” dão origem

às lutas pelo “representar” (JOVCHELOVITCH, 2008).

A Cartografia Moderna aproxima-se das áreas ditas “exatas” do conhecimento

científico por conta de sua linguagem matemática, de sua proximidade com o desenho

técnico e a geometria. O mapa moderno busca representar um espaço cartesiano

absoluto: fixo, neutro, dissociado da materialidade, pré-existente, imóvel e aberto ao

cálculo (neutralidade e monotismo metodológico). Entretanto, em contraposição a este

discurso de distanciamento e neutralidade, Besse (2014) faz lembrar que o ato de

cartografar é intencional e depende também da referência e da visão de mundo do

sujeito cartógrafo. A partir da descrição do real (expressa em texto ou dados numéricos)

Page 46: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

45

o cartógrafo apresenta no desenho cartográfico um tipo de “realidade do mapa” mediada

pelo sujeito e sua capacidade técnica de representar:

Esta realidade é, por assim dizer a ‘realidade do mapa’, seu re-presentado (e

não seu referente). E esse representado do mapa é dependente do próprio ato

cartográfico, mesmo se, aos olhos daqueles que olham o mapa, ele vale como

o referente, a realidade à qual se faz referência. Em outras palavras, o mapa

institui por si só uma entidade intencional que e aquela à qual nos reportamos

como sendo realidade. É nisso, ou seja, porque ela institui essa entidade que

vale pelo real em si, que o mapa pode ser considerado como criador e como a

expressão de um projeto em relação à realidade. O mapa é a representação

desse projeto. (BESSE, 2014, p.149).

Porém, a imagem apresentada como mapa nesta reflexão não foi produzida aos

moldes da ciência moderna por um cartógrafo, nem se adéqua aos critérios técnicos de

produção de um mapa. Recebe esta nomenclatura a partir de uma comunidade não

científica, que produz desenhos fictícios nos quais se apresentam espaços geográficos

criados partir da imaginação do sujeito. Surgem duas questões importantes: a

apropriação de elementos cartográficos e produção destes desenhos constituem práticas

geográficas? Em caso afirmativo, que tipo de teoria ou discurso geográfico estaria

presente nesta Geografia da Fantasia?

O fórum online Cartographer’s Guild (Guilda dos Cartógrafos) é um sitio digital

de compartilhamento de conteúdo sobre a produção de mapas dos mais diversos tipos.

Constituído por aproximadamente setenta mil postagens feitas por cerca de quarenta e

três mil membros, o site recebe cerca de trezentas e trinta e sete mil visitas mensais.

Sobre o perfil dos membros da guilda, segundo estatísticas do site datadas de Julho de

2016, 43% dos participantes são dos Estados Unidos, 8% do Reino Unido, 6% do

Canadá e 5% da França, entre outras nacionalidades, segundo dados estatísticos

apresentados no próprio site, o que denota certa centralização na Europa e na América

do Norte. Na página inicial de visitantes, pode-se ler a seguinte apresentação:

A Guilda dos Cartógrafos é um fórum criado por e para elaboradores de

mapas e aficionados, um lugar onde todos os aspectos da cartografia podem

ser admirados, examinados, aprendidos e discutidos. Nossos membros

consistem em profissionais designers e artistas, hobbyistas e amadores - todos

são bem vindos a entrar e participar da busca pela habilidade cartográfica e o

conhecimento.

Embora nos especializemos em mapas de reinos de ficção, comumente

usados em romances e jogos (mesa e interpretação), muitos membros do

Guilda também são proficientes em mapas históricos e contemporâneos. Da

mesma forma, nos especializamos na cartografia elaborada com o auxílio de

computador (como o GIMP, aplicativos Adobe, Campaign Cartographer,

Dundjinni, etc.), embora muitos membros aqui também tenham interesse em

mapas elaborados manualmente. (Tradução feita pelo autor). (Página inicial

de Cartographers Guild, disponível em:

<https://www.cartographersguild.com/content.php>. Acesso em 10 jun de

2017).

A partir desta descrição, percebe-se a assimilação de ao menos uma ideia geral

acerca do conceito de mapa e de elementos comuns do discurso cartográfico, como o

uso de técnicas específicas, tecnologias, ferramentas de desenho e principalmente, o

reconhecimento do valor estético da forma de um mapa. Periodicamente, esta

comunidade elege o Cartographers Choice Awards (Prêmio da Escolha dos

Page 47: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

46

Cartógrafos), que reconhece o melhor mapa feito naquele ano, independentemente do

tema. Esta reflexão parte do mapa vencedor de 2016, denominado Skenara [Land

Beyond the Sea], produzido por J.Edward.1

O mapa de J. Edward apresenta uma região fictícia, um arquipélago chamado

Skenara. Existem bordas desenhas e margens com linhas de coordenadas, uma rosa dos

ventos, título, caixa de legendas que identifica os diversos tipos de biomas imaginados,

perspectiva paisagística de observação, ícones de monstros, cidades rios e estradas, e

palavras maiores referem-se aos nomes mais importantes (conforme pressupõe a

Cartografia temática). O mapa é acompanhado por uma longa descrição da história

fantástica do lugar, seus habitantes e seres fictícios, conforme mostra a figura 1:

Figura 1: Skenara, de J. Edward

1

Mapa de Skenara. Disponível em

<https://www.cartographersguild.com/showthread.php?t=35808>. É preciso ser membro da Guilda para

acessar as postagens.

Page 48: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

47

Fonte: Guilda dos Cartógrafos, 2017. Versão reduzida, a versão completa está disponível

em: https://www.cartographersguild.com/showthread.php?t=35808. Acesso em 22 de out

de 2017.

Seria o mapa de Skenara um trabalho geográfico segundo os parâmetros da

Cartografia Moderna? A resposta básica é negativa, pelo simples motivo de que a

espacialidade representada por Edward é fruto de sua imaginação, isto é, não configura

um mapeamento do “mundo empírico”. Mesmo diante da existência de elementos como

coordenadas, escala e legenda, o compromisso técnico em relação a produção do

desenho é muito mais estético do que informacional, e a aparência da informação

iguala-se a importância do conteúdo da imagem. Essa resposta negativa permite

questionamentos possíveis em relação à materialidade do espaço e a tradição que

compõe a “geografia dos conceitos” da própria Cartografia Moderna.

Se a Cartografia é uma prática da Geografia, Escolar (1996) nos lembra da

diversidade de “geografias” existentes, propondo quatro tipos de práticas ditas

geográficas: a “geografia acadêmica”, ou “científica”, a “geografia ensinada” nas

escolas, a “geografia profissional” e a “geografia cotidiana”. O autor também argumenta

que o espaço geográfico não é um objeto de estudo exclusivo dos geógrafos, e o que

configura uma ciência não são seus conceitos, e sim as práticas, sendo os conceitos

resultados da assimilação destas ações (ESCOLAR, 1996). Seja para o

geoprocessamento de dados demográficos levantados para o censo populacional, até o

cartograma do Brasil apresentado durante a previsão do tempo no telejornal, a

Cartografia e seus produtos estão presentes nas quatro práticas, e fundamentam o

pensamento geográfico seja ele acadêmico, institucionalizado, ensinado ou

simplesmente popular.

Todos os seres humanos compartilham elementos de uma Geografia comum,

mesmo leigos e artistas. Existe um consenso geral sobre a ordenação do mundo, um

rudimento do quadro mundial compartilhado por bilhões de pessoas da sociedade

ocidental. Este consenso geográfico generalizado obviamente possui falhas e

discordâncias, é transitório e míope em muitos sentidos, mas é partir dos estereótipos

geográficos oriundos desta visão compartilhada de mundo que se tornam

compreensíveis nossos discursos espaciais, são apreendidos os elementos geográficos

que vão ser aplicados para produzir um mapa. O olhar geográfico, segundo este

pensamento, estaria vinculado a uma preocupação com as questões espaciais, partindo

do sujeito e não de um campo científico.

Um elemento comum tanto ao mapa técnico quanto ao mapa desenho é o desejo

de representar o espaço. A representação, para Jovchelovitch (2008), configura uma

forma de aproximação entre o eu e aquilo que está distante, permitindo o acesso ao que

não está acessível aos sentidos. Já uma representação social resulta de uma

convergência entre as informações do universo reificado (teórico), e o processo de

ancoragem destas informações no universo consensual de informações compartilhadas,

estabelecendo um tipo de “senso comum” em relação a o que se representa. Ao discutir

representações sociais e a construção das representações na experiência das crianças, a

autora traz a seguinte contribuição:

Representar, isto é, tornar presente o que está de fato ausente por meio do uso

de símbolos, é fundamental para o desenvolvimento ontogenético da criança,

está na base de construção da linguagem e da aquisição da fala, é crucial para

o estabelecimento das inter-relações que constituem a ordem social e é o

material que forma e transforma as culturas, no tempo e no espaço

(JOVCHELOVITCH, 2008, p.33).

Page 49: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

48

A experiência com o mundo é mediada pelo mapa, um tipo de representação,

elaborado a partir da imaginação e da ancoragem de ideias feita pelo cartógrafo,

somando-se à sua interpretação da realidade, de modo a proporcionar uma experiência

imagética do espaço. Tanto o mapa científico quanto o mapa artístico trazem esta

perspectiva da aproximação. Através da reprodução estética de um mapa, os artistas

podem compartilhar os símbolos e signos de seus espaços abstratos produzindo

inteligibilidade, experiência e intersubjetividade a partir da linguagem geográfica

genérica e comum.

Pode-se perguntar, por que não utilizar a Cartografia técnica para praticar o

exercício geográfico proposto? De maneira simples, o objetivo de produzir um tipo de

geografia não significa necessariamente o desejo de produzir ciência geográfica. Os

mundos imaginados estão livres dos parâmetros da realidade, mas ainda sim, são

dotados de signos e ícones que surgiram a partir da visão de mundo compartilhada e de

Geografia compreendida. Se o espaço cartográfico é matemático e abstrato, essa

imaterialidade não garante a liberdade criativa ou imaginária. Ao contrário, elas são

excluídas em virtude do discurso de neutralidade e racionalismo, que dissocia sujeito e

objeto e impede qualquer ligação com subjetividade, transferindo-as para as chamadas

Ciências Humanas, como a Psicologia e a História.

O mapa artístico é a porta de acesso à geografia do imaginário do artista, através

do compartilhamento das concepções geográficas do mundo produzido. Berdoulay

(2012) caracteriza o imaginário como um conjunto de imagens criadas pelo sujeito no

decorrer de sua construção de mundo, enquanto ele capta e ordena elementos materiais e

imateriais de sua vivência a fim de expressar-se acerca de mudanças sobre si e em si. O

imaginário media a relação do homem e o meio, funcionando como um estoque de

valores, modelos e ações. Toda atividade intelectual permeia um exercício prévio de

imaginação, existindo a priori na mente dos sujeitos, podendo vir a ser “performática”,

ou seja, assumir manifestação material (BERDOULAY, 2012). Já a imaginação

geográfica seleciona atributos que considera centrais da realidade, destacando temas que

representem a totalidade, condensando possibilidades e reduzindo a realidade (ibid,

2012), no caso da Cartografia, a uma imagem.

Ao passo que os cartógrafos buscam transformar as terras desconhecidas do

mundo em conhecidas pela ciência, os artistas criam seus universos a partir de suas

representações sociais de geografia presentes no seu imaginário. Se hoje a concepção de

espaço do homem moderno inclui a ideia de uma Terra completamente mapeada e

conhecida, o artista usa da geografia para criar a Terrae Incognitae, restaurar o medo do

outro, do assombro pela desinformação. Esse aspecto temerário que a Geografia

moderna eliminou, é resgatado pela estética “antiga” e pela produção geografia

fantástica.

A forma como se dá o olhar geográfico para os mapas artísticos é acusatória, na

perspectiva de que estes somente ilustram, e não informam. Porém, como se

argumentou até aqui, o imaginário, o processo de representação espacial, e a até mesmo

a temática “regional” já assumem uma série de feições geográficas, que não estão

atreladas ao discurso científico, mas que são sim práticas geográficas, na medida em

que se fundamentam no pensamento geográfico científico. Também é resultado de um

exercício da representação social de Geografia e Cartografia dos artistas, fonte de

informações para os exercícios criativos.

Assim, concluiu-se que a partir da Geografia científica surgem elementos que

são usados como parâmetros para o imaginário da Guilda dos Cartógrafos. Mas os

Page 50: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

49

artistas querem que sejam acessados seus projetos de realidade, e para isso, rompem os

rígidos limites da representação cartográfica moderna, desvinculados da ciência, mas

comprometidos com o olhar e o exercício das práticas geográficas.

REFERÊNCIAS

BERDOULAY, V. El Sujeto, El lugar y La Mediación del Imaginario. In: LINDÓN, A;

HIERNAUX, D (orgs.). GEOGRAFÍAS de lo imaginario. Barcelona: Anthropos

Editorial; México: Universidad Autónoma Metropolitana. Iztapalapa, 2012. p.49-65.

BESSE, J. M. O Gosto do Mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: EDUERJ,

2014.

Cartographers Guild: The Atlas Awards Winners 2017. Disponível em:

<https://www.cartographersguild.com/content.php?r=312-The-Atlas-Awards-Winners-

2017.> Acesso em: 20 Jun. 2017.

ESCOLAR, M. Problemas de legitimação científica na produção geográfica da

realidade social. In: ESCOLAR, M. Crítica do discurso geográfico. São Paulo:

Hucitec, 1996. p.09-47.

JOVCHELOVITCH, S. Introdução. 1 Saber, Afeto e Interação. In: JOVCHELOVITCH,

S. Os contextos do saber. Representações, comunidade e cultura. Petrópolis: Vozes,

2008. p.19-77.

Page 51: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

50

DENSIDADE DOS PONTOS DE CRIMINALIDADE NO CAMPUS DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – PR

Murilo Henrique de Brito;

Marianne Oliveira;

João Alfredo Madalozo

Introdução

A insegurança vivida pela sociedade nos dias de hoje já ultrapassou os limites

até mesmo das universidades, como o caso do Campus da Universidade Estadual de

Ponta Grossa, os indivíduos não se sentem pressionados mesmo com câmeras de

vigilância, alarmes e cadeados nas portas dos blocos ou a movimentação de pessoas

dentre deles, ou as patrulhas dos guardas. Todas estas ações são para evitar ocorrências

e oferecer segurança a funcionários e alunos.

Mesmo com todas as ocorrências já registradas ou apenas circuladas entre as

redes sociais de alunos, professores, funcionários ou visitantes, foi necessário o

episódio com o aluno estrangeiro Eric Dario Acuña Navarro que foi baleado em um

roubo dentro da universidade. Como resultado gerou uma onda de protestos e

aumento da segurança com a presença da Policia Militar auxiliando a segurança, mas

o Campus apresenta uma área extremamente extensa à segura interna e mesmo a

segurança pública do município não consegue promover a segurança necessária para

todos os alunos, o que resulta em um índice de crimes extremamente alto, para isto

busca-se mapear e demonstrar os pontos de maior criminalidade.

1. Objetivos

O objetivo do estudo é demonstrar a distribuição das ocorrências de

criminalidade no Campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa com o uso dos

boletins de ocorrência registrados na universidade dos últimos cinco anos.

2. Metodologia

O Campus da UEPG localiza-se no bairro de Uvaranas em Ponta Grossa, nele

constam os cursos das áreas da saúde, exatas e naturais e área humana. A figura 1

apresenta a área de estudo, identifica na imagem em vermelho são os limites da

instituição. Em verde o limite do bairro de Uvaranas assim como o perímetro urbano em

laranja e em amarelo o município de Ponta Grossa.

Page 52: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

51

Figura 1 – Localização da área de estudo.

Page 53: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

52

Para demonstrar a metodologia de estudo na figura 2 está o diagrama de blocos

representando suas fases. No início a base cartográfica extraída a partir da planta

confeccionada no projeto Levantamento Físico da Rede Elétrica Campus Uvaranas –

UEPG. O limite do bairro de Uvaranas confeccionado sobre o mapeamento realizado

pela prefeitura municipal de ponta grossa, e de Ponta Grossa obtido a partir da base

cartográfica do IBGE.

Figura 2 - Diagrama de blocos.

Figura 2 – Metodologia do trabalho identificada a partir do diagrama de blocos.

A aquisição dos dados dos boletins de ocorrência foi na prefeitura do campus,

mas os dados não apresentam nenhuma metodologia para classificação, sendo que a

descrição e o nome da ocorrência varia de acordo com o funcionário que está

registrando o ocorrido no momento, e este registro muitas vezes está confuso e de difícil

interpretação.

Como os dados adquiridos extrapolam mais de 4.000 ocorrências e muitas delas

tratam de críticas sobre tempero ou comida de funcionários, atos libidinosos ou pessoas

ensinando menores a dirigir objetivou-se separar os dados que tratam de furtos, assaltos

e pessoas “estranhas” circulando pelo campus, como não existiram ocorrências quanto a

estupro e tentativa de estupro, está classe não foi adicionada ao levantamento mas o que

não exclui sua existência.

Page 54: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

53

A partir da filtragem gerou-se um novo banco de dados com as ocorrências de

interesse, e que apresentam a identificação do crime, a descrição feita pela vítima e sua

localização para sua espacialização.

Para espacializar estes dados eles foram processados no software ArcGis 9.3

aplicando o estimador de densidade kernel. O estimador de densidade kernel ilustra uma

vizinhança no entorno de cada ponto ou amostra, demonstrando seu raio de influência, a

partir da função matemática que 1 representa o ponto de ocorrência dos crimes ou

tentativas, e 0 seu limite da vizinhança (SILVERMAN,1986).

Este método é considerado um estimador probabilístico não paramétrico, pois

não necessita de parâmetros pré-estabelecidos, não utilizando média e desvio padrão

como parâmetro e não necessita de elementos suficientes para afirmar que segue uma

distribuição normal, se baseando na intensidade dos dados, e estes são divididos pela

área de estudo (BAILEY & GATRELL,1995).

Para Matsumoto e Flores (2012) o estimador de Kernel é uma técnica de

estatística espacial para demonstrar a concentração dos eventos em um plano, muito

utilizado em um SIG para interpolação sobre as bases cartográficas com dados

georeferenciados no espaço geográfico destacando a frequência das concentrações do

fenômeno.

3. Resultados e Discussões

Com base nos dados filtrados, gerou-se uma tabela onde foi especializado as

ocorrências de acordo com a localização citada. Os resultados do estimador de

densidade kernel apresentou as principais de áreas de risco, verificadas visualmente pelo

aglomerado com maior densidade de caso.

A partir do estimador de densidade kernel é possível verificar na figura 3 aonde

estão concentradas as ocorrências registradas. Em (A) os furtos registrados estão

principalmente no bloco L, incluindo estacionamento, os centros acadêmicos e o CIPP,

outro local com alta densidade de furtos é o bloco F, passando para a reitoria em

segundo caso e poucas ocorrências no bloco M e bloco G. Em (B) apresentam-se os

locais onde ha maior movimentação de pessoas suspeitas, sendo os mais frequentes a

reitoria, os blocos E e F, as proximidades do observatório, o bloco G, o bloco L e a

Central de Salas, com ocorrências moderadas no caminho da Central de Salas até o

bloco L, no bloco M e próximo ao Centro de convivências. Em (C) são representados os

roubos, sendo o local com maior número de ocorrências o viaduto e em seguida as

proximidades dos Blocos E e F, com um número menor de ocorrências na Central de

Salas e no observatório.

Page 55: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

54

Figura 3 – Espacialização das ocorrências pelo estimador de densidade Kernel em (A) a densidade dos

furtos, na (B) a densidade de pessoas suspeitas circulando pela instituição e (C) a densidade de roubos

sofridos pelos alunos, funcionários e professores.

Com base nas informações acima citadas, foi criado um mapa juntando todas

elas. Na figura 4 está representado o mapa gerado a partir da junção de todas as

ocorrências utilizadas para o estudo, na qual mostra que os locais onde mais ocorreram

ocorrências são no bloco E e F, observatório e a central de salas, com ocorrências

moderadas perto da reitoria, próximo ao viaduto, no bloco G, no bloco L e próximo ao

CAAP e, com baixo taxa de ocorrência no bloco M e na pista de atletismo.

Figura 4 – Mapa de densidade kernel com todas as ocorrências

Page 56: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

55

4. Considerações Finais

Com a utilização do Sistema de Informação Geográfico foi possível a plotagem

das ocorrências, podendo assim gerar os mapas identificando cada ocorrência. Por meio

desse estudo percebeu-se que há muitas ocorrências que são faladas nas redes sociais,

mas que não foram registradas nos boletins de ocorrência, sendo esta necessária, visto

que elas servem para um melhor gerenciamento da Universidade Estadual de Ponta

Grossa.

5. Referências

BAILEY, T. C.; GATRELL, A. C.; Interactive Spatial Data Analysis. London:

Longman, 1995. 413pags.

MATSUMOTO, P. S. S.; FLORES, E. F.; Estatística espacial na geografia: um

estudo dos acidentes de trânsito em Presidente Prudente - SP. GeoAtos - Revista

geografia em Atos, Vol. 1, Nº 12, 95-113. Disponível em :

http://revista.fct.unesp.br/index.php/geografiaematos/article/viewFile/1755/matsumoto.

Acesso em: 15 out. 2017. 2012.

SILVERMAN, B. W. Density Estimation for Statistics and Data Analysis. Nova

York: Chapman and Hall,1986.

Page 57: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

56

PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS NO PARQUE MUNICIPAL

MARGHERITA SANNINI MASINI, PONTA GROSSA, PARANÁ

Isonel Sandino Meneguzzo;

Paula Mariele Meneguzzo;

Adeline Chaicouski Meneguzzo

Introdução

As unidades de conservação (ucs) compreendem espaços protegidos, os quais

são estabelecidos por leis ou decretos emitidos pelo poder público. Desta forma, cada uc

possui especificidades e enquadra-se em uma categoria/grupo de manejo (BRASIL,

2000). Portanto, atendem a objetivos que visem preservar e conservar elementos do

meio físico-biológico e o patrimônio histórico-cultural, dentre outros objetivos.

Porém, entre o que a legislação ambiental preconiza e a gestão de uma uc, existe,

em certos casos uma dissonância em termos de efetividade dos instrumentos legais.

Criado por meio de uma lei municipal em 1992 (PONA GROSSA, 1992), o

Parque Municipal Margherita Sannini Masini (PMMSM) passou por contextos

socioambientais distintos, englobando desde o seu uso público sistematizado pela

Prefeitura Municipal de Ponta Grossa entre meados da década de 1990 e início da

década de 2000, chegando até o presente momento, onde o mesmo encontra-se

abandonado, sem fiscalização ou implementação de um plano de manejo.

A uc possui diversos atrativos naturais tais como: lago, o Arroio do Padre,

vegetação secundária e exposição de uma soleira de diabásio. Estes atrativos tiveram no

passado uso didático significativo por parte de instituições educacionais, envolvendo

escolas públicas e privadas (BELLO e MELO, 2006).

Diante deste contexto é que o PMMSM, situado no espaço urbano de Ponta

Grossa insere-se. Justifica-se assim a execução de trabalhos com o caráter exploratório,

a fim de que a realidade seja evidenciada e que informações atinentes ao tema do

trabalho sejam disseminadas no ambiente acadêmico.

Objetivo

O presente trabalho visou identificar os problemas socioambientais do PMMSM

a partir de visitas sistemáticas à área da uc.

Metodologia

Para elaboração deste estudo foram utilizados os seguintes procedimentos

metodológicos:

Revisão bibliográfica: Etapa inicial da realização do trabalho, contou com a

pesquisa documental envolvendo a área de estudo em relação aos aspectos legais (Lei

de criação da uc e Sistema Nacional de Unidades de Conservação;

Trabalhos de Campo: Foram realizadas visitas mensais no PMMSM, ao longo de

dez meses (uma visita por mês em dias aleatórios da semana), com vistas a identificar os

conflitos de uso da uc em relação à legislação ambiental vigente. Nos trabalhos de

campo foi possível verificar a presença de resíduos sólidos urbanos no Arroio do Padre

e no lago, situado no interior do parque;

Page 58: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

57

Sistematização dos dados: Os dados levantados em campo foram sistematizados

na forma de um quadro (Quadro 1) a fim de tornar didática a exposição dos problemas

socioambientais existentes na área objeto de estudo.

Resultados e discussões

A área que compreende o atual PMMSM, foi ocupada por uma pedreira de onde

se explotava diabásio entre fins do século XIX e meados do século XX. Posteriormente,

teve ocupação humana familiar e somente no final da década de 1990 a uc foi

implementada. Desde aproximadamente a metade da década de 2000, o Parque

foi abandonado pela administração municipal, sendo que sua infraestrutura (recepção de

visitantes, cercas e banheiros) foi depredada (BATISTA; PRANDEL; MENEGUZZO,

2012).

O parque possui uma área de 5,86 hectares e atrativos naturais como exposição

de rochas ígneas, o Arroio do Padre (sub-afluente do rio Tibagi) e associação secundária

da Floresta Ombrófila Mista com a introdução de espécies exóticas (TAKEDA;

MATTOSO TAKEDA; FARAGO, 2001).

O trabalho desenvolvido resultou na identificação de diversos problemas

socioambientais observados ao longo de dez visitas realizadas ao longo de dez meses.

Foram identificados os seguintes conflitos: ausência de infraestrutura básica para

funcionamento, ausência de monitoramento e fiscalização ambiental, ausência de

atividades de ecoturismo, ausência de atividades de educação ambiental, acesso

irrestrito à área de mata, disposição inadequada de resíduos sólidos, usos sociais

incompatíveis com os objetivos da uc, corte de árvores e queimada, contaminação

biológica do Arroio do Padre, eutrofização de águas superficiais e ausência de zona de

amortecimento.

PROBLEMAS

AMBIENTAIS

Ausência de infraestrutura

básica para funcionamento

Ausência de

monitoramento e

fiscalização ambiental

Ausência de atividades de

ecoturismo

Ausência de atividades de

educação ambiental

Acesso irrestrito à área de

mata

Disposição inadequada de

resíduos sólidos

Uso social incompatível

Corte de árvores

Queimada

Contaminação biológica do

Arroio do Padre

Eutrofização de águas

Page 59: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

58

Considerações finais

A realização do trabalho permitiu identificar diferentes problemas

socioambientais do PMMSM ao longo do período verificado. O PMMSM é uma área de

proteção integral e deveria possuir usos que estivessem em consonância com as leis

ambientais atualmente em vigor.

A verificação dos problemas socioambientais, materializados pela ausência de

atuação do poder público e uso sem critérios técnicos compromete a qualidade

ambiental da área em relação, inclusive a possíveis usos no futuro. Isto se deve ao fato

de que para tornar a uc em condições adequadas para fins de uso público, haverá a

necessidade de intervenções antrópicas no sentido de restaurar elementos do meio

físico-biológico, despoluir alguns pontos específicos e implementar infraestrutra.

É evidente o descaso do poder público municipal em colocar em prática as

políticas públicas ambientais vigentes. Diante desta situação, os conflitos ambientais

repercutem negativamente do ponto de vista socioambiental, com consequências

adversas para o meio físico-biológico e para a sociedade, que poderia estar utilizando

este espaço para a melhoria da qualidade de vida urbana, utilizando a área para lazer,

recreação, interpretação e educação ambiental.

Referências bibliográficas

BATISTA, M. R. PRANDEL, J. A. MENEGUZZO, I. S. Possibilidades de temas em

educação ambiental a partir dos parques urbanos de Ponta Grossa, Paraná. In: 4º

Congresso Internacioanal de Educação, 2012, Ponta Grossa. Anais do 4º Congresso

Internacional de Educação. Ponta Grossa, 2012.

BELLO, E. M. ; MELO, M. S. Utilização dos sítios naturais em atividades didáticas do

ensino fundamental e médio no município de Ponta Grossa, PR. Publicatio UEPG,

Ponta Grossa, v. 14, n. 2, p. 25-42, 2006.

BRASIL. Lei número 9.985 de 18 de julho de 2000. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm>. Acesso em 16 out. 2017.

MELO, M.S. ; MENEGUZZO, I.S. Patrimônio natural dos Campos Gerais do Paraná.

In: DITZEL, C. H. M. ; SAHR, C. L. L. Espaço e cultura: Ponta Grossa e os Campos

Gerais. Ponta Grossa, Editora UEPG, 2001, p. 415 - 428.

PONTA GROSSA. Lei número 4.832 de 09 de dezembro de 1992. Disponível

em<https://camara-municipal-da-ponta-grossa.jusbrasil.com.br/legislacao/419411/lei-

4832-92>. Acesso em 16 out. 2017.

TAKEDA, A. K.; MATTOZO TAKEDA, I. J. M.; FARAGO, P. V. Unidades de

conservação

da região dos Campos Gerais, Paraná. Revista Publicatio, Ponta Grossa, vol.7, n.1, p.

57-78, 2001.

superficiais

Ausência de zona de

amortecimento

Page 60: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

59

A REITERAÇÃO LINEAR E BINÁRIA DE GÊNERO ATRAVÉS DOS

DISCURSOS E PRÁTICAS DA IGREJA EVANGÉLICA REFORMADA NOVA

HOLANDA DE CARAMBEÍ, PR

Adriana Gelinski

Introdução

A presente reflexão teve por questão central evidenciar como o discurso e as

vivências religiosas da/na Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda (IERNH)

Carambeí, PR reiteram o ideal de gênero. Os caminhos estabelecidos de reflexão

buscaram compreender o conjunto de ideias estabelecidas em relação ao que é ser

mulher a partir da vivência cotidiana na IERNH, o perfil do grupo de jovens mulheres

que participam da comunidade religiosa IERNH e as maneiras pelas quais as vivências

cotidianas são mediadas pela representação ideal de gênero da igreja. Tais questões

foram estabelecidas por um processo pessoal de vivência da autora deste trabalho. Tal

processo de vivências, observações e entrevistas colaborou para uma nova questão:

compreender quais as espacialidades mais vivenciadas e relevantes para a vida das

jovens mulheres entrevistadas, bem como identificar de que forma o discurso e os

princípios religiosos influenciam em tais espacialidades.

Neste sentido escolhi a Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda, Carambeí –

PR para investigar tais questões. Esta Igreja foi fundada no ano de 1933 no Paraná, mais

especificamente em Carambeí, colaborando para unir os holandeses à nova terra

colonizada e também sendo uma forma de preservar sua cultura e fé. Contava no início

com trinta e três fiéis de Carambeí. Posteriormente, se expandiu a novas cidades do

Paraná, conquistando novos membros, agora não mais se restringindo aos de origem

holandesa. Atualmente, tem por escopo atuar em conjunto com membros de origem

holandesa e brasileiros com o intuito de manter a comunidade de fiéis unida. (IER,

2000).

Deste modo, a Igreja pode ser compreendida como uma espacialidade que é

vivenciada no cotidiano de pessoas que comungam uma determinada forma de ver,

significar e entender o mundo, essas buscam se reunir em espaços como Igrejas, casas,

salões da Igreja, etc. Assim, Lefebvre (1974) salienta que o espaço está presente

entremeio a sociedade, aos indivíduos e até aos objetos. Esses não se formam e nem se

reconhecem enquanto sujeito, sem estarem em algum espaço.

Dentre as múltiplas perspectivas existentes sobre o espaço os fenômenos

religiosos não foram centrais na discussão geográfica brasileira. Contudo, Gil Filho

(2008) resgata o fenômeno religioso na Geografia. Para este autor a religião é um

conjunto de fatores simbólicos. De tal modo este autor desenvolveu um novo campo na

abordagem cultural em Geografia, a Geografia da Religião, a qual busca compreender e

entender o discurso, a prática e as vivências religiosas. Logo, Gil Filho (2008) entende

que a religião se apresenta como um fenômeno, e este está ligado a cultura humana.

Pensando assim, faz-se necessário comentar sobre a importância e o espaço que

as mulheres estão ganhando diferentes ambientes, antes tidos como apenas masculinos,

Page 61: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

60

como por exemplo, no futebol, nas empresas, na política e em algumas Igrejas entre

outros. Além disso, refletir sobre religiosidade nas mulheres não pode se restringir

apenas a uma investigação individual de suas crenças, mas sim na tentativa de

compreender que elas fazem parte de um universo experienciado, vivenciado de

diversas formas e com variadas simbologias as quais colaboram para explicação de sua

existência. Onde este universo vivido é “uma experiência continua, social e egocêntrica

e se refere ao imaginário, afetivo e mágico” (HOLZER, 1992). Esse universo

imaginário é rico em símbolos e está ligado com as crenças e aspirações das mulheres

que vivenciam essa espacialidade gerada pela religião. Essas fazem desse espaço uma

vivência única e peculiar e que as leva a acreditar em uma vida baseada no sagrado.

Sendo assim, as mulheres constituem-se como um importante grupo de

sustentabilidade das práticas religiosas e, portanto do poder social que a religiosidade se

faz no cotidiano das pessoas. Tais mulheres freqüentemente seguem discursos e

princípios religiosos, os quais elas (as jovens mulheres) preservam nas mais variadas

espacialidades. Sendo assim, no referido trabalho busco demonstrar a influencia da

religião na vida das jovens mulheres, as quais mesmo tendo outras vivencias e

experiências não conseguem “desapegar” dos princípios religiosos.

Metodologia

A pesquisa foi realizada na Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda da

Cidade de Carambeí, PR. Caracteriza-se de uma pesquisa qualitativa, onde foram

realizadas 9 entrevistas semi-estruturadas com mulheres jovens integrantes da

comunidade religiosa, bem como uma entrevista com líder religioso.

Desenvolveu-se observações sistemáticas e vivencias com a comunidade

religiosa que resultaram em relatos de diário de campo, bem como a construção de

banco de dados para sistematização e análise de conteúdo fundamentada em Bardin

(1977), esta metodologia pode ser aplicada a vários discursos.

Resultados e discussões

Das dez entrevistas realizadas com as jovens e com o líder religioso foi possível

obter um total de de 6 horas e 52 minutos de entrevistas, as quais geraram 84 páginas

transcritas e 335 evocações e inúmeras espacialidades. Onde a igreja aparece como a

primeira espacialidade mais evocada com total de 40.30%, a casa foi evidenciada como

a segunda espacialidade com 25.07%, a terceira espacialidade esta relacionada com as

espacialidades de sociabilidade com um total de 24.48%. Além disso, a pesquisa

evidenciou um aspecto peculiar e interessante a questão do corpo como espacialidade

somando um total de 10.15%. As espacialidades podem ser observadas no gráfico 1 a

seguir:

Page 62: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

61

Gráfico 1 – Espacialidades das Jovens mulheres da IERNH, Carambeí – PR

Fonte: A autora.

Neste sentido, a igreja foi evocada mais vezes podendo ser identificada como

uma das espacialidades mais importante para as jovens mulheres. Onde a espacialidade

Igreja aparece como local de conforto, busca por explicações e é visto como uma

espacialidade necessária para as suas vidas. Em um mundo com inúmeras atitudes,

desejos, anseios e relações, freqüentemente as pessoas começam a não se sentir

totalmente confortáveis em determinadas espacialidades e buscam consolo, explicações

e força para tais agruras cotidianas. Como é visto na fala que segue abaixo:

Agora nos dias de hoje a igreja na verdade significa uma direção

na minha vida, não totalmente a Igreja, mas mais Deus. Tipo

Deus me direciona a fazer minhas escolhas, a Igreja me dá a

base pra eu viver minha vida. Então a Igreja seria minha base

pra eu poder tomar as atitudes necessárias pra minha vida e é um

apoio em momentos difíceis é um lugar que eu posso agradecer

por coisas boas. Então tipo é digamos o centro da minha vida.

(Entrevista realizada com Anis, Carambeí em 17/02/2013)

Assim é na espacialidade igreja que são aprendidos os princípios, e as práticas

religiosas cotidianas. Além de ser entendida pelas jovens como um local cheio de

símbolos e representações, os quais atuam de forma motivacional para as jovens

continuar seguindo tais princípios.

Desta forma, os discursos e práticas religiosas ultrapassam a espacialidade

igreja, e frequentemente são refletidos no lar das e dos fiéis da IERNH. Onde é

reproduzido o modelo familiar generificado, os papéis de mulheres e homens, bem

como os princípios religiosos como motivadores para a construção do ideal familiar. A

casa se constitui como uma espacialidade com grande simbolismo para as/os fiéis e de

certa forma faz ligação direta com os ensinamentos religiosos. De tal modo, a casa pode

Page 63: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

62

ser entendida como um espaço de convivência, um espaço de descanso, reservado,

especial e reprodutor dos princípios religiosos. Tais princípios frequentemente reforçam

o discurso bipolar de mulher vista como mãe, esposa e submissa. Já o homem é visto

como líder, administrador e ‘o cabeça’ do lar. Como visto na fala de Alfazema: “O

homem tem que ser acredito tem que ser o chefe da casa ‘o cabeça’ da família e a

mulher, bom tem que ser submissa”. Concordante com Santos (2006, p.72):

A mulher é representada como esposa e mãe, cabendo-lhe a

responsabilidade pelo trabalho doméstico, não remunerado e

nem reconhecido. Sendo reservado ao homem papel de

provedor, este deve ganhar mais do que a mulher e a renda

feminina se apresenta como auxiliar, mesmo nos casos em que

se constitui na principal ou única renda familiar, de modo que

ainda aí a mulher cumpre um papel de ‘auxiliadora’.

Os outros espaços de sociabilidade estão espacialidades de sociabilidade como:

local de trabalho, Universidade ou Escola, restaurantes, shows, casa do namorado e casa

dos familiares. A análise empreendida evidencia que as outras espacialidades trazidas no

cotidiano das jovens mulheres são vividas de forma conectada com os princípios

religiosos e prática religiosa. Algumas espacialidades são consideradas confortáveis por

poder conciliar sua vivência de fé e outras atividades. Outras espacialidades são

consideradas neutras por não apresentarem nem aspectos negativos ou positivos e ainda

pode-se evidenciar as espacialidades que são vivenciadas pelo conflito entre a religião e

outras atividades.

Desta forma a pesquisa evidenciou que dentre as três espacialidades a

confortável, neutra e a conflituosa, a espacialidade conflituosa é mais evidenciada e se

destaca. Isso pode ser percebido na profundidade das falas e dos exemplos, as

espacialidades ou momentos conflituosos aparecem como mais marcantes para as

jovens entrevistadas.

Por fim, durante a pesquisa foi possível perceber um aspecto peculiar e

interessante. Onde as jovens mulheres identificam seu corpo como próprio templo do

espírito, bem como o discurso religioso busca reforça tal pensamento. Assim, o corpo

feminino é visto como algo sagrado, tal pensamento justifica as formas de ver, se

comportar, vestir-se e cuidar do corpo.

De tal modo, as jovens mulheres identificam seu corpo como o próprio templo

do espírito. São entendidos assim conforme Herod (2011, p.63) como entidades

individuais e por este motivo buscam zelar de seus corpos de forma a não escandalizar.

Tal pensamento colabora para a possível existência do controle dos corpos, pois o corpo

passa a ser algo não só algo biológico, mas permeado de símbolos e representações.

Sendo entendido como um texto e neste são esboçados significados/simbologias

culturais como a linguagem religiosa, princípios, desejos e representações. Além disso,

são vistos como o que faz a ligação com locais ou algo maior como é o caso das jovens

mulheres que se entendem como entidades em conexão direta com o Espírito Santo –

Deus. Como na fala que segue:

Page 64: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

63

Como dizem né nosso corpo é o templo do espírito. Então tudo

que você pude faze pra honra, você faz. Agora você vai faze

algo que é prejudicial a tua saúde ou algo que você saiba que vai

afeta a outra pessoa ou escandaliza a outra pessoa evita né?!

(Entrevista realizada com Anis, Carambeí em 17/02/2013).

Sendo assim, as jovens mulheres demonstram sentirem-se parte íntegra da boa

criação divina, onde de certa forma as jovens mulheres negam seu próprio corpo não

sendo delas, mas de algo maior – Deus. A concepção que seu corpo não há pertence

colabora para o sentimento de passividade, submissão e obediência, bem como para

seus princípios e de sua dignidade humana. Os quais freqüentemente são aproveitados

por “terceiros” (Deifelt, 2012). Logo, as mulheres são vistas como “santas ou libertinas,

santas como a Virgem Maria, ou de libertina como Eva, não sendo possível a liberdade

das mulheres” (VIANNA, 2009, p. 115). Desta forma, há uma “classificação” nos

corpos femininos sendo “mães/esposas, santas, putas, presas ou loucas” conforme

Lagarde (2001).

Conclusões

Esta pesquisa teve como fio condutor evidenciar como o discurso e as vivências

religiosas da/na Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda (IERNH) Carambeí, PR

reiteram o ideal de gênero. No entanto ao decorrer da pesquisa foi possível elaborar

outras questões como: compreender quais as espacialidades mais vivenciadas e

relevantes para a vida das jovens mulheres entrevistadas, bem como identificar de que

forma o discurso e os princípios religiosos influenciam em tais espacialidades.

Nesse sentido evidencia-se que a IERNH baseia-se na vivência de uma fé

generificado em que as mulheres são focos fundamentais de controle e são vistas como

pilares de sustentação para as práticas religiosas de seus filhos, marido e familiares.

Nesse mar de pensamentos, simbologias e ideais, a IERNH baseia-se na vivência de

uma fé generificada em que as mulheres são focos fundamentais de controle e estigmas.

Quando nascem já são motivadas a desenvolver posturas e atitudes femininas.

Sutilmente nas brincadeiras de casinha elas são ensinadas que o papel que

desempenharão no futuro: ser mãe e esposa; tendo que zelar pelo seu corpo de modo a

não escandalizar ou seguir seus desejos, pois seu corpo não lhe pertence. Assim, as

mulheres são alvo de discursos normatizadores que domesticam seus corpos conforme

valores religiosos.

Para tanto é fundamental a imaginação geográfica que estabelece conexões entre

espacialidades, pois as significações que se fazem na vivência religiosa que tem a

espacialidade igreja como seu principal lócus se relaciona com outras espacialidades,

acontecendo de forma complexa, podendo ser harmoniosas ou conflituosas.

Para finalizar, vale lembrar que o universo das jovens mulheres pesquisadas é

constituído por um conjunto de símbolos; esses símbolos e importâncias não podem ser

quantificados apenas compreendidos. Faz-se necessário frisar que para algumas pessoas

a religião é algo dotado de símbolos e sacralidades e para outras não há sentido algum

nela. Assim, a referente pesquisa evidenciou a forma como o discurso, as práticas e as

vivências religiosas instituem e colaboram para a reiteração de práticas lineares, ou seja,

Page 65: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

64

mulher, feminina, esposa, mãe etc. Tais concepções pautadas na heteronormatividade e

na noção binária de gênero.

Outro ponto evidenciado é que mesmo as jovens tendo outras vivências e

experiências ainda preservam em si, alguns princípios religiosos. Portanto, os princípios

religiosos se ‘confundem e se ajustam’ com as novas experiências aprendidas nas

espacialidades vivenciadas pelas jovens, exercendo assim uma ortoprática.

Referencias

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

GIL FILHO, Sylvio. Fausto. Geografia da Religião: Reconstruções Teóricas sob o

idealismo crítico. In: KOZEL, S.; SILVA, J. C.; GIL FILHO, S. F. (orgs.). Da

percepção e Cognição à Representação: Reconstruções teóricas da Geografia Cultural e

Humanista. São Paulo: Terceira Imagem; Curitiba: NEER, 2007.p. 207 – 222.

GIL FILHO, Sylvio. Fausto. Espaço sagrado: estudos em Geografia da religião.

Curitiba: IBPEX, 2008.

HEROD, Andrew. The body. Scale.London and New York: Routledge, p.60-89,

2011

I.E.R. – Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda. História do protestantismo no

Brasil. Arquivo oficia da Igreja Evangélica Reformada Nova Holanda. Xerox. 2000.

LEFEBVRE, H. A Produção do Espaço. Paris: Armand Colin, 1974.

SANTOS, Naira Carla. Di G.P dos. Reprodução de gênero, religião e trabalho

doméstico: resultados de pesquisa entre Batista na cidade de São Paulo. Gênero e

Religião no Brasil: ensaios feministas. São Bernardo do Campo: Universidade

Metodista de São Paulo, p. 69-79, 2006.

SILVA, Eliane. Moura da. Fundamentalismo evangélico e questões de gênero: em

busca de perguntas. Gênero e Religião no Brasil: ensaios feministas. São Bernardo do

Campo: Universidade Metodista de São Paulo, p.11-27, 2006.

SILVA, Joseli Maria. Fazendo geografias: pluriversalidades sobre gênero e

sexualidades. Geografias Subversivas: discursos sobre espaço, gênero e sexualidades.

Toda Palavra, p.25-50, 2009

Page 66: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

65

MAPAS ANTIGOS DA BIBLIOTECA NACIONAL COMO OBJETO DE

MEMÓRIA

Brendo Francis Carvalho

INTRODUÇÃO

Em junho de 2017, o Plenário do Senado aprovou o projeto de lei PLS 146/2007

que autoriza a destruição de documentos originais em papel após a digitalização

certificada. Esse projeto foi criticado por pesquisadores de diversas áreas,

principalmente por não reconhecer a importância do patrimônio cultural documental,

levando em conta apenas aspectos econômicos em relação à manutenção dos acervos

públicos brasileiros. Dentre as instituições possíveis a serem afetadas pela medida, estão

acervos públicos federais, como a Biblioteca e o Arquivo Nacional. Nestes locais estão

disponíveis objetos e documentos históricos de todo o Brasil, gratuitamente, para fins de

pesquisa e consulta pública. A execução desta lei levaria a digitalização e destruição de

milhares de documentos presentes nos acervos destas instituições. Por sua vez, haveria

prejuízo significativo aos estudos culturais, históricos e também geográficos, haja vista

a perda da materialidade do patrimônio documental.

No caso do acervo cartográfico da Biblioteca Nacional, de acordo com o site da

instituição e tomando como exemplo o campo da Geografia e da Cartografia Histórica, a

importância do material armazenado não é só histórica como também cultural. Destaca-

se que o acervo cartográfico da Biblioteca Nacional possui mais de 22 mil mapas e

aproximadamente 2.500 atlas, incluindo também diversos trabalhos produzidos sobre

este tema. Ao longo da história brasileira, mapas do Brasil representaram a colônia, o

império e a república, sendo produzidos por sujeitos posicionados histórica e

geograficamente, ocupando funções próximas ao Estado.

Neste ensaio, pretende-se articular autores para discutir a ideia de que mapas

antigos2 podem configurar-se como objetos de memória e parte do patrimônio cultural

brasileiro, não apenas por fornecerem informações documentais a respeito da geografia

brasileira, mas também por demonstrarem de quais maneiras administradores e

cartógrafos pensavam a gestão do espaço brasileiro. Estas imagens podem ser

consideradas em estudos acerca da memória política e cultural brasileira, em áreas como

Epistemologia Geográfica, Geografia Histórica, Cartografia, Geografia Política e

Geografia Cultural (no caso desta última, através do conceito de patrimônio cultural).

Não se pretendem discutir os vinte mil mapas individualmente, mas sim, destacar

estruturalmente a função social e cultural que este tipo de imagem tem em relação à

pesquisa científica e memória política.

2 Trata-se aqui de mapas antigos que retratam o Brasil ou América Portuguesa, feitos por portugueses ou

a mando de governantes do Brasil, entre os sécs. XVI e XIX, especialmente aqueles que foram utilizados

pelo governo na administração do território brasileiro.

Page 67: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

66

DESENVOLVIMENTO

Quando se usa a expressão “mapa antigo”, pensa-se que ele não se enquadra na

categoria de um mero documento apenas, mas sim de objeto antigo3. O adjetivo antigo

é pensado no sentido de que “o objeto antigo é aquele que alguns estudiosos chamam de

“objeto marginal”, ou seja, o objeto que perdeu sua funcionalidade prática e ganhou a

função de signo, passando a significar tempo” (CHAUÍ, 2006, p.116). Acrescenta-se

ainda que para ser suporte de memória, o objeto precisa “ser definitivo ou terminado”,

“figurar um mito de origem” organizando o mundo como “uma constelação simbólica”

(CHAUÍ, 2006, p. 116).

A perspectiva do patrimônio cultural permite uma abordagem dos objetos

históricos (mapas antigos) enquanto artefatos culturais, ultrapassando assim a simples

materialidade e o valor de uso destes objetos/imagens. Tal como aponta Gonçalves

(2003), a categoria de patrimônio cultural surge nos fins do séc. XVIII, juntamente com

a emersão dos Estados Nação Modernos. A criação de uma unidade nacional esteve

diretamente vinculada à produção da “cultura nacional”, sendo a própria ideia de nação

“o primeiro semióforo” (CHAUÍ, 2006, p.119). Esse movimento nacionalista, que

aconteceu em vários impérios europeus da época, como França, Alemanha e Inglaterra,

deu origem a uma percepção de cultura reificada em símbolos, artefatos, imagens e

também em narrativas históricas construídas, preservando a estrutura social vigente.

A origem da conservação de objetos em acervos aproxima-se também das

origens do conceito de patrimônio. Desde o quatroccento tornou-se hábito entre

eruditos europeus a criação de grandes coleções de antiguidades, que depois levou ao

surgimento de instituições com caráter museológico que mantinham as coleções de

antiguidades. Para os iluministas do séc. XVII estas instituições tinham função social,

pois a pesquisa não poderia ser satisfeita apenas com ilustrações e reproduções

imagéticas dos artefatos, era preciso acessá-los material e presencialmente. Era o desejo

de democratizar o conhecimento “tornando-o acessível a todos pela substituição das

descrições e imagens das compilações por objetos reais - vontade (...) de democratizar a

experiência estética” (CHOAY, 2006, p.189).

Apesar desta perspectiva, a cultura não é em si algo material, mas pode ser

coisificada. Ao longo dos séculos, muito se discutiu acerca da origem e natureza e onde

“reside a cultura” (CUCHE, 1999). Porém, conforme Cuche (1999), a cultura é o

resultado das relações sociais humanas, não residindo em objetos. Ela pode vir tomar a

materialidade de artefatos ou monumentos, mas pode também ser imaterial ou

intangível (GONÇALVES, 2003) como um saber-fazer, práticas religiosas, danças

tradicionais, hábitos de vestimenta e linguagem. O autor destaca que o conceito de

cultura acabou vinculando-se a ideia identidade, sendo esta tratada como “um assunto

de Estado” pelos Estados modernos, priorizando uma “ideologia nacionalista de

exclusão das diferenças culturais” (CUCHE, 1999, p.188).

3 Dentro da proposta de Chauí (2006), os suportes da memória seriam dispostos em monumentos,

documentos ou objetos. Ao mesmo tempo em que o mapa é um documento (por ter um papel histórico

relativo a poder e um reconhecimento perante o Estado), sua função enquanto um objeto imagético (como

uma pintura, uma fotografia ou um desenho) é mais relevante para a análise geográfica. Portanto, os

mapas antigos são arquivados como documentos nos acervos, mas sua análise não é exclusivamente

textual pelo viés documental, sendo possível aplicar uma gama de técnicas de exploração destes objetos.

Page 68: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

67

De certa forma, no contexto da Modernidade iluminista, o surgimento da ideia

de Patrimônio Cultural está associado a uma busca pela formação da “identidade

cultural”. No Brasil, o processo não foi diferente, pois como mostra Chauí (2000), foi

na época do Império que passou a ser elaborado e afirmado o mito fundador brasileiro.

Da independência em 1822, passando pela velha república, a Era Vargas, a ditadura

militar e seguindo até os dias de hoje, a constituição e transformação do mito fundador

brasileiro esteve embasada em metanarrativas, imagens, objetos culturais, ou como

chama a autora, em semióforos. É através da adaptação dos semióforos que se faz a

manutenção do mito fundador através dos séculos, preservando assim a estrutura social

dominante, descrita por Chauí (2000) da seguinte maneira:

A divisão social de classes é naturalizada por um conjunto de

práticas que ocultam a determinação histórica ou material da

exploração, da discriminação e da dominação, e que,

imaginariamente, estruturam a sociedade sob o signo da nação

una e indivisa, sobreposta como um manto protetor que recobre

as divisões reais que a constituem. CHAUÍ, 2000, p.94.

Testemunhos do projeto territorial descrito pela autora, os mapas antigos já

conferiam ao Brasil determinada “unidade” desde o séc. XVI, ainda que fosse uma

unidade esvaziada e sem personalidade. Um mapa é um produto social e cultural de sua

época, fonte para análise histórica de valores espaciais utilizados na ordenação do

território e na criação “geografia nacional”.

A produção de mapas esteve ligada a elite intelectual da corte, como cartógrafos

de editoras estrangeiras. Assim, este tipo de objeto refere-se a uma cultura de alta

patente, extremamente técnica e militarizada, com linguagem erudita (latim) e

conhecimentos científicos avançados para a época (latitude, longitude, transformação de

escalas). Durante o período colonial, os mapas tiveram função importante representando

o ambiente nativo brasileiro, o formato da costa e as primeiras formações urbanas.

Posteriormente, retrataram as principais rotas comerciais, vilas e acidentes de relevo. No

séc. XVIII, os mapas se aproximavam esteticamente da Cartografia que temos hoje,

constituindo um projeto de território a serviço da corte, conforme o mapa da figura 1:

Page 69: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

68

Figura 1: Mapas das Cortes, (Mapa dos confins do Brasil, com as terras da

Coroa de Espanha na America Meridional). de José Monteiro de Carvalho. fl. 1750-

1780.

Fonte: Catálogo da Biblioteca Nacional. Disponível em:

http://purl.pt/859/3/. Acesso em 23 de jul de 2017.

O mapa apresentado, conhecido como Mapa das Cortes, é um exemplar feito

para o governo do Brasil no séc. XVIII. Características importantes podem ser

observadas, como a ênfase às bacias hidrográficas, a representação da região central e

interiorana como esvaziada e desconhecida. O litoral, representado como ocupado e

delineado com precisão, e nenhuma referência iconográfica a cultura indígena. Através

desta imagem, podem-se produzir tanto reflexões históricas (como a utilização deste

mapa no Tratado de Madri (1750)) quanto geográficas, como uma análise dos atributos

cartográficos da obra.

Nesse sentido, tomando como exemplo o Mapa das Cortes, a Cartografia Real

contribuiu no processo de transformação do espaço colonial: por exemplo, ao

representar cidades e não citar as tribos nativas e substituir toponímias das terras

indígenas por nomes portugueses cristãos justificou-se e consolidou-se a apropriação do

território, tornando assim o objeto mapa um elemento da cultura de dominação

hegemônica, servindo como um instrumento de legitimação do etnocídio indígena.

Em relação ao mito fundador brasileiro, os mapas antigos são semióforos: seu

valor e força simbólicos mediam nossa relação com o passado narrado pela

Page 70: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

69

historiografia. Ao demonstrar o Brasil enquanto um país tropical e desaparecer com a

cultura de seus habitantes nativos, a cartografia antiga brasileira contribuiu para reforçar

a ideia de que os indígenas brasileiros e sua cultura foram “aculturados” e incorporados

a população.

O Brasil do descobrimento e sua natureza exuberante e selvagem podem ser

acessados através destes retratos cartográficos brasileiros, produzidos com elementos

representativos da cultura dominante à época e rebuscadas técnicas cartográficas. Do

ponto de vista científico analítico atual, os mapas explicam a formação do Brasil, mas

em suas épocas, serviram ao Estado e ao seu discurso de fundação brasileira (CHAUÍ,

2000).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora tenham origem política e façam parte de um discurso de poder

específico do Estado, os mapas antigos são documentos que configuram objetos da

memória política nacional, e seu valor histórico e geográfico agrega-lhes o status de

patrimônios culturais documentais. Ao longo dos anos, funcionaram como semióforos

dos projetos de poder e de Brasil, contribuindo para a manutenção do mito fundador

brasileiro nas mais diversas épocas.

Embora sejam arquivados como documentos, os mapas antigos são objetos de

memória. Não de uma memória individual e singular, necessariamente experenciada e

vivida, mas sim de uma memória “forjada” para justificar o mito fundador brasileiro e

seus atributos ao longo do tempo.

A partir de Choay (2006) e sua discussão sobre a conservação real e a

conservação iconográfica, pode-se refutar a proposta da lei (PLS 146/2007), uma vez

que desde o séc. XVII entende-se a necessidade de se preservar a materialidade dos

objetos de memória em detrimento de seu registro iconográfico, fotográfico ou

imagético.

O patrimônio cultural “é uma categoria extremamente importante para a vida

social e mental de qualquer coletividade humana” (GONÇALVES, 2003). Mesmo

mapas antigos anteriores a própria criação do conceito de patrimônio tem seu valor

simbólico e cultural destacáveis para a História e a Geografia do Estado-Nação Brasil.

O estudo e análise destes objetos culturais permitem entender melhor as bases culturais

sobre as qual foi construída a sociedade brasileira, e sua cultura pública nacional.

Por fim, entende-se que a manutenção da materialidade do patrimônio

documental é uma forma de política de memória, em detrimento da digitalização, que

promoveria aquilo que Chauí chama de “miséria pomposa”, “que leva ao abandono da

forma nobre de memória” (CHAUÍ, 2000, p.121). Ao invés da destruição do

patrimônio, deveria estimular-se seu conhecimento e acesso. Enquanto os mapas

antigos repousarem esquecidos no acervo da Biblioteca Nacional, sendo acessado

apenas por pesquisadores, pouco se questionará sobre o que será perdido com a

destruição física destes documentos. Porém, uma política de memória efetiva traria estes

objetos para museus, reinserindo-os em exposições que valorizassem seus contextos

históricos, instigando interações com estes objetos de memória, em contraponto a

simples observação do expectador.

A emancipação política e intelectual depende do conhecimento crítico acerca

dos semióforos que celebram a historiografia brasileira tradicional. Os objetos de

Page 71: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

70

memória poderiam então ser apresentados para desconstruir e fazer refletir acerca das

narrativas que no passado, ajudaram a compor.

REFERÊNCIAS

CHAUÍ, M. Brasil: Mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo, Editora Perseu

Abramo, 2000.

CHAUÍ, M. Cidadania Cultural: o direito à cultura. São Paulo: Editora Fundação

Perseu Abramo, 2006.

CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora da Unesp: Estação

Liberdade, 2006.

CUCHE, D. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru, Edusc, 1999.

GONÇALVES, J. R. S. O Patrimônio como Categoria de Pensamento. In: ABREU, R.

M.; CHAGAS, Mario (Orgs). Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos. 1ed.

Rio de Janeiro: DP&A editora Ltda, p.21-30, 2003.

Page 72: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

71

UNIDADES DE SAÚDE EM PONTA GROSSA – PR: ESPECIALIDADES E

ESPACIALIDADES

Felipe Caruso;

Amanda Weridyana Uller

Adriana Salviato Uller

Introdução

Este resumo relata uma experiência de trabalho de conclusão de curso de

Licenciatura em Geografia, cujo objetivo principal foi o de caracterizar a distribuição

das unidades de saúde no município de Ponta Grossa – PR quanto ao tipo de

especialidades atendidas bem como quanto a espacialidade de abrangência do território

para fins de assitência, necessitando para isso a realização dos seguintes objetivos

específicos: situar a Geografia da Saúde entre os interesses científicos na Epistemologia

da Geografia; justificar a importância do uso das geotecnologias no segmento de

pesquisa e gestão em saúde pública; investigar quantas e quais são as especialidades

medicas atendidas nas unidades de saúde publica bem como verificar como são

definidas as areas de abrangencia das unidades de saúde.

O estudo tem sua importância no conhecimento da infraestrutura que o

município oferece para usuários do serviço de saúde.Tal compreensão se justifica pelas

pesquisas que permitiram refletir sobre a relação entre Geografia Urbana e a Geografia

da Saúde, ou seja, a relação entre a estrutura urbana (localização e funcionalidades das

unidades de saúdes) e a situação da saúde no município (atendimento à demanda).

A problemática desta pesquisa pautou-se na seguinte indagação: Como se

distribuem as Unidades de Saúde no Município de Ponta Grossa – PR quanto às

especialidades (setores de atendimento) e às espacialidades (áreas de abrangência)?

Como encaminhamento metodológico para a realização dessa caracterização

espacial foi realizado um estudo do plano diretor municipal, bem como do plano de

saúde municipal. Posteriormente, com auxilio de geotecnologias, foram realizadas um

diagnóstico sobre as produções cartográficas sobre serviços saúde, presente no site da

prefeitura municipal, enquanto meio de informação pública aos usuários. Finalizando o

trabalho foi elaborado um protótipo de mapa temático com condições de contribuir tanto

para a população, como para os gestores públicos, que frequentemente demandam de

instrumental de visualização espacial para deslocamentos e implementações de infra-

estrutura. Destaca-se que a pesquisa buscou identificar todas as unidades de saúde

classificando-as em hospitais e postos de atendimento, construindo uma espécie de

banco de dados com informações importantes para subsidiar o mapeamento e demais

atividades ligada ao SIG (Sistema de Informação Geográfico), podendo este ser

alimentado e utilizado permanentemente num melhor monitoramento.

Page 73: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

72

Desenvolvimento

Buscando a epistemologia da ciência e a epistemologia da geografia verificou-se

que a preocupação com as questões de saúde ligada ao espaço vem de muito tempo,

mais precisamente de 460 a.C ~ 377a.C, com o médico e filósofo brego Hipócrates,

concebido como o pai da medicina e porque não dizer da Geografia da Saúde.

Contudo FERREIRA (apud JUNQUEIRA,2009, p.3 ) destaca que:

“A aproximação entre o saber médico e a geografia só foi impulsionada a

partir do século XVI com os grandes descobrimentos, que colocaram a

necessidade de se conhecer as doenças nas terras conquistadas, visando à

proteção de seus colonizadores e ao desenvolvimento das atividades

comerciais. Esse período corresponde ao predomínio da concepção

determinista da geografia sobre a relação homem/natureza, de modo que as

características geográficas, principalmente o clima, eram colocadas como

responsáveis pela ocorrência das doenças” (p. 273, 1999).

Percebe-se neste sentido que o delinear da concepção de abordagem espacial em

relação à sua importância nas questões de saúde evoluíram a medida que a própria

ciência geográfica também foi redimensionando o seu pensar sobre o espaço, partindo

do aspecto absolutamente determinista para compreensões teóricas possibilistas,

regionalistas e histórico-crítica, colocando o homem como um agente que também

exerce influência sobre o espaço.

Segundo GUIMARÃES, 2015, p. 22:

Foram os estudos ecológicos dos hospedeiros e vetores, das condições

climáticas e microclimáticas, que se constituíram no repertório desse

arcabouço teórico da Geografia médica sob influência do pensamento de Max

Sorre, recolocando a antiga problemática da ação do meio sobre o Homem,

cuja matriz na prática médica remonta ao Tratado de Hipócrates, da

Antiguidade clássica, agora revivido em bases científicas modernas.

Assim, a vertente da Geografia da saúde transita por diferentes olhares,

primeiramente partindo de uma teoria higienista, passando para a sanitarista e por fim a

regionalista, com abordagens que foram além das estatísticas e se apoiaram no período

pós-guerra em uma localização e análise espacial dos fenômenos, como explica

GUIMARÃES (2015; 30):

Os pesquisadores da Geografia médica do período pós-Segunda Guerra

Mundial enfrentaram tais questões de uma maneira muito mais pragmática do

que teórica, transformando a saúde em um dos campos de aplicação dos

estudos geométricos do território. O paradigma da análise espacial,

disseminado na Geografia entre o final da década de 1950 e começo dos anos

1960, permitiu maior rigor na compreensão dos fenômenos de localização e

distribuição dos equipamentos de saúde ou na compreensão do papel dos

diferentes elementos que contribuem para que as pessoas adoeçam.

Percebe-se neste sentido a contribuição dos instrumentais cartográficos no

estudo do território para fins de temáticas ligadas à saúde, principalmente no contexto

atual, que dispõe de meios tecnológicos bastante aprimorados, através de satélites

assistidos por computadores, que auxiliam do processo de visualização e também

atualização dos referenciais. Ao conjunto destes recursos compostos por SIG, aparelhos

de GPSs, aerofotogrametria, sensores remotos, e computadores damos o nome de

geotecnologias.

Page 74: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

73

O uso destes recursos geotecnológicos aplicados a geografia da saúde é

importante por permitir diferentes formas de levantamentos de dados, organização,

podendo elaborar mapas com indicadores de acordo com as necessidades. Já o uso do

SIG (sistema de informação geográfica) surge como ferramenta de auxílio aos estudos

das áreas de saúde, permitindo a construção e utilização de um banco de dados, podendo

apresentar informações de forma integrada e podendo determinar causas de problemas

relacionados a saúde assim como possíveis soluções.

Diante destas constatações buscou-se verificar como estes recursos vem sendo

utilizados na gestão do serviço de saúde pública no município de vivência (recorte

espacial definido para estudo).

Primeiramente faz-se necessário destacar que o municipio de Ponta Grossa,

contendo uma população de 341.130 habitantes, e uma area de 2.054,732 km² (IBGE,

2016), possui apenas 52 unidades básicas de saúde, atualmente inseridas no denominado

Programa Saúde da Família (dados do Plano Municipal de Saúde 2014-2017). Também

no setor público, de forma mais abrangente o município conta com 4 hospitais, sendo

eles o Pronto Socorro Municipal, o Hospital da Criança Prof. João Vargas de Oliveira, o

Hospital 26 de Outubro que atua como Centro Municipal de Especialidades e o Hospital

Regional Wallace Thadeu de Mello e Silva, inaugurado em 2010 junto às dependências

da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Consultando a Secretaria Municipal de Saúde, pôde-se ter acesso à algumas

poucas informações além das obtidas no Plano Municipal de Saúde e Plano Diretor

Participativo do Município de Ponta Grossa – PR, bem como seus apêndices referenetes

à saúde, todos disponibilizados no site da prefeitura.

Verificou-se que os dados disponibilizados no Plano Municipal de Saúde são

datados do período entre 2014 à 2017, ou seja, pertinentes à gestão atual, contudo já

apresentam desatualização de informações uma vez que não foram sendo atualizados os

dados após 2015. Da mesma forma os dados cartográficos, sendo o último mapa da

saúde datado de 2008 (anterior ao próprio Plano), o que problematiza o acesso a

informação correta por parte dos usuários que tem seus atendimentos nas Unidades de

Saúde setorizados por área espacial de abrangência, área esta que se altera dia-a-dia,

uma vez que o território ocupado se expande com os novos loteamentos que surgem no

espaço urbano.

Abaixo é apresentado o cartograma (mapa) das unidades de saúde dispostas no

município de Ponta Grossa:

Figura 1. Localização dos Postos de Saúde em Ponta Grossa

Page 75: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

74

Fonte: IPLAN,pontagrossa.pr.gov.br/arquivos-shp + geo.pontagrossa.pr.gov.br, 2008/

Na imagem é possível perceber algumas dificultades e lacunas de informação.

Primeiramente falando cartograficamente a mesma não é georeferenciada, o que implica

em impossibilidade de trabalhar com a localização precisa e transformação das escalas.

O georreferenciamento é a localização exata de um objeto, logo é um dado

muito importante, não só para o deslocamento como também para a compreenção do

todo espacial, principalmente para efetivar o cruzamento de outras informações e/ou

variáveis que podem ser encontradas no mesmo lugar. Assim explica Barcellos (1996;

p.393):

Algumas variáveis extraídas dessas imagens (densidade de construções,

vegetação, hidrografia, podem servir à análise espacial de eventos de saúde

por estar relacionada a outras de interesse mais direto (formas de habitação,

densidade demográfica e qualidade ambiental).

Também observou-se que na nova gestão, a parte do site que era responsável

pelo geoprocessamento mudou, trazendo nova roupagem ao ambiente cartográfico,

contudo com reserva de acesso, permitido apenas aos operadores portadores de senha na

secretaria. Isto dificultou sobremaneira os propósitos de contribuir com a produção de

novos cartogramas, pois não haveria tempo hábil para ir a campo em todos os pontos

para georeferenciar adequadamente para aplicar o banco de dados temáticos.

Deste modo optou-se por estender a proposta à pesquisa de mestrado e criar para

esta pesquisa apenas um protótipo de mapa temático no qual apresenta o recorte

espacial de abrangência de uma única unidade de saúde, de modo a exemplificar o que

seria essencial enquanto mapeamento informativo à população, uma vez que a secretaria

deveria ter de modo atualizado não só o endereçamento dos postos de atendimento,

como todos os limites de cada unidade.

Quanto às especialidades obteve-se como resposta que atualmente as unidades

de saúde são generalistas, atendendo à consultas, exames, preventidos e

acompanhamento de pré-natais que não requerem maiores cuidados. As especialidades e

atendimentos mais complexos ficam a cargo dos hospitais. Fora explicado nesta ocasião

Page 76: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

75

que os 4 CAS foram desativados e transformados em Unidades de Saúde da Família,

para atender ao Programa Saúde da Família, implantado na última gestão (em vigor).

Resultados e Considerações

O trabalho desenvolvido apresenta a importância de criação de mapas temáticos

destinados exclusivamente ao segmento da saúde do município, seja para informação de

seus usuários ou para a gestão do município, efetuada pelas secretarias administrativas e

prefeitura. Uma vez que os dados encontrados estão desatualizados, tem-se a

necessidade de georreferenciamento das localizações das unidades de saúde, e a

demarcação dos recortes espaciais ou áreas de abrangência. Os mapas temáticos

produzidos podem no caso indicar não só as espacialidades, como também as

especialidades, trazendo maior qualidade na informação à população, como facilitando

o trabalho dos diferentes profissionais atuantes neste ramo.

Há de se destacar a compreensão de que por mais que os dirigentes do município

tenham se preocupado em implantar unidades de saúde em todos os eixos da cidade,

com o crescimento urbano, estes ainda são insuficientes, conforme apresentado em

pesquisa preliminar. Isto pode ser facilmente evidenciado principalmente após os novos

loteamentos populacionais que surgiram nos últimos dez anos, nos programas de

governo que fizeram eclodir áreas de habitação popular, expandindo a área urbana.

Atrelada a falta de unidades de saúde que atendam a toda demanda da população quanto

às áreas de abrangência espacial, também há carência na questão de especialidades

atendidas.

Esta expansão e carência atrelada às deficiências de informações à população,

amplia as dificuldades no acesso das pessoas quando necessitam de algum atendimento.

É neste sentido que acredita-se que uma coleção de mapas temáticos voltados à

geografia da saúde facilitaria o uso dos serviços, bem como o planejamento urbano e

ainda a destinação de recursos.

Apesar de lamentar a impossibilidade de concluir com êxito a produção

pretendida, o trabalho abriu a oportunidade de estender a preocupação ao nível do

mestrado dada a ênfase da necessidade no trato para com as questões de informação

geocartográficas referente à saúde no município.

Referências Bibliográficas

BARCELOS, Christovam; BASTOS , Inácio . Geoprocessamento, ambiente e saúde:

uma união possível? Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 389-

397, 1996.

GUIMARÃES, RAUL BORGES. Geografia e Saúde Urbana. In - Saúde:

Fundamentos de Geografia Humana (on line). São Paulo: Ed. UNESP, 2015. p.17-39

disponível em htpp://books.scielo.org acessado em 22/10/2017.

JUNQUEIRA, Renata Dias. Geografia Médica e Geografia da Saúde. Gôiania:

HYGEIA, Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, 2009.

Page 77: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

76

RITUAIS E BENZIMENTO: COMPREENSÃO DAS PRÁTICAS

TRADICIONAIS E MULTICULTURAIS NO MUNICÍPIO DE REBOUÇAS -

PR4

Janaíne Rodrigues5 ;

Nicolas Floriani6

Introdução

O município de Rebouças está localizado na Mesorregião do Sudeste

Paranaense, com uma área de 481,840 km² (IBGE, 2015) e com uma população de

aproximadamente 14.176 habitantes (IBGE, 2010). Em 2009 foi realizado um

mapeamento onde foi identificado cerca de 133 Detentores de Ofícios Tradicionais da

Cura, que inclui Benzedeiras, Benzedores, Curadeiras, Curadores, Rezadeiras,

Remedieiros, Costureiras e Costureiros de Rendidura e Parteiras, levantamento do qual

foi realizado pelo grupo MASA (Movimento Aprendizes do Saberes).

A busca pela cura é uma atitude muito comum entre muitos brasileiros,

principalmente as pessoas que tem algum vínculo de vivências no meio rural, e a crença

pelo benzimento, simpatias, costuras de rendiduras, xaropes, chás e o uso de objetos

(amuletos e imagens de santos) está muito presente na vida das pessoas.

O que é conhecido atualmente como medicina popular,já vem acompanhando o homem

desde a sua existência. E nessas práticas são utilizados vários métodos tradicionais

envolvendo cada cultura, onde abrangem populações do mundo inteiro utilizando estes

métodos para a cura (GASPAR, 2010).

Ao longo dos anos, eram as mulheres que elaboravam e repassavam as práticas

populares de saúde, pois as mesmas cuidavam do lar e da família exercendo os saberes

que foram repassados por suas mães e avós, principalmente as famílias mais pobres, que

não tinham condições financeiras. Os conhecimentos repassados de família a família,

não competem com a medicina científica, mas a população em geral tem acesso a esses

conhecimentos tradicionais da prática da saúde popular que essas mulheres detêm

(DIAS, 1991).

A pesquisa foi realizada com mulheres denominadas Benzedeiras, pois são a

grande maioria e as que mais fazem uso da prática da cura através da benzeção e

remédios naturais. Elas são profissionais independentes, em que não possuem ligação

com uma instituição e atuam em comunidades/locais onde seus serviços são

necessários, elas atendem desde bebês até pessoas idosas.

]

4 Pesquisa realizada através do Programa Voluntário de Pesquisa (PROVIC)

5 Acadêmica do Curso de Licenciatura em Geografia, [email protected]

6 Prof. Dr. do Departamento de Geociências da UEPG, [email protected]

Page 78: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

77

Material e Métodos

Para o levantamento bibliográfico foram utilizados artigos, tcc, dissertações,

teses e livros que retratavam do assunto, e ambos tinham enfoque em diversas cidades

do Brasil. Com base no levantamento bibliográfico, foi elaboradas as entrevistas semi-

estruturadas, no qual a aquisição de dados das entrevistas foi utilizado técnicas de

Surveys Sociais.

No decorrer do levantamento bibliográfico, compete ressaltar a importância do

uso das plantas medicinais usadas para benzer, chás, banhos, defumadores, xaropes,

compressas, entre outras práticas em que são utilizadas.

Oliveira retrata a importância do uso das plantas na vida do homem

(...) os homens são dependentes das plantas como recursos

necessários à sobrevivência e que culturas diversas detêm um

saber tradicional sobre o uso de plantas para os mais variados

fins. Considerando a pluralidade de usos das plantas, uma das

formas que se pode destacar é a prática de utilização de plantas

por rezadores, especialmente católicos, que em seus rituais de

rezas e benzeduras associam o uso de um determinado vegetal a

uma ação terapêutica nos processos ritualísticos da reza. Há

utilização de espécies no tratamento de problemas espirituais e

amuletos de sorte, com indicações de várias formas de uso, como

banhos, defumadores, benzeduras e rezas (Oliveira, 2009, p. 245-

246).

Resultados e discussão

Com os dados obtidos através das entrevistas, percebe-se que está havendo grande

dificuldade para o repasse dos conhecimentos tradicionais, em que foi relatado através

das falas das benzedeiras que os jovens estão perdendo o interesse, como relata a

benzedeira B:

“Os jovens de agora querem coisas rápidas e mais fácil sem tem

muito esforço, preferem comprar um remédio na farmácia do que

fazer, e não pode ser assim, por que se a gente toma esses remédio

industrializado, pode até sara a dor mas causa mais doença em

outra parte do corpo.” (Benzedeira B, 2017)

Entretanto, algumas delas relataram que estão repassando para seus familiares e

para outras pessoas que não são da família:

“Já ensinei a minha filha benzer de quebranto e a costura e está

fazendo certinho, e agora estou mostrando pra minha neta como

que faz, aproveita que ela se interessou por isso, assim não vai

acabar tão logo.” (Benzedeira F, 2017).

“Eu ensino pra quem quiser aprender, deixo até as pessoas

copiarem as orações, por que assim essas pessoas vão ensinando

pra mais pessoas e cada vez vai aumentar, e isso é muito bom”

(Benzedeira C, 2017).

Page 79: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

78

Já a concepção de duas benzedeiras para o repasse das práticas é que a pessoa

que vai continuar com a prática deve ter o dom da cura, como mostra uma das falas das

mesmas:

“A pessoa teve ter um dom pra benzer. Minha tia era quem benzia

a nossa família, antes dela morrer ela disse que eu é que iria

continuar a benzer por que ela via que eu tinha um dom e desde

aquele dia ela foi me ensinando, e quando eu aprendi tudo

certinho ela morreu e eu continuei benzendo até hoje. Eu sinto

que a minha filha, que é professora, tem esse dom também, só que

ela não quer aprender por que diz que não tem tempo por causa do

trabalho e se ela não quiser aprender, os ensinamentos vão acabar

por que ninguém mais da família benze.” (Benzedeira D, 2017)

Muitas benzedeiras ficam preocupadas com as dificuldades de manutenção e

repasse dos seus conhecimentos, pois se trata de uma prática de fé, em que não há

substâncias que possam fazer mal ao corpo e a saúde, e os remédios que elas muitas

vezes receitam são naturais e elas detêm o conhecimento para uso da planta de maneira

correta.

O objetivo geral da pesquisa era identificar as práticas etnoculturais de

benzimento no município de Rebouças, porém ao longo das entrevistas algumas

benzedeiras acharam melhor não dar muitos detalhes sobre seus rituais e orações que

fazem, mas forneceram dados para a elaboração do banco de dados (Anexo 2), muitas

utilizavam as mesmas ervas/plantas para os mesmo fins, então optei por não repetir

esses dados, pois iria ficar muita informação repetitiva. As plantas que as benzedeiras

fazem uso, são cultivadas na própria residência (Anexo 3), assim elas podem fazer na

hora em que a pessoa vem buscar a cura, como essas benzedeiras relatam:

“Eu gosto de ter várias plantinhas na minha casa, por que muitas

pessoas acham que é mato e não gostam de ter na casa, daí se tem

alguma dor e eu falo que aquela planta é boa, eu mesmo já pego

do quintal e faço o preparo pra ela." (Benzedeira A, 2017)

"Na minha horta tem muitos remédios que eu faço pra mim, pra

família e pra quem me procura pra fazer benzimento e está

doente. Tenho muito cuidado com elas, por que são remédio bão

pra saúde de todos nós." (Benzedeira C, 2017)

Através dos encontros realizados pelo grupo MASA, as benzedeiras contam

suas experiências e fazem troca de conhecimentos, e dentre eles realizam a troca de

plantas medicinais, em que cada pessoa leva as plantas que cultivam em casa e durante

o encontro trocam com outras pessoas, eram raízes, sementes, cascas, mudas. No dia 1º

e 2 de abril deste ano, ocorreu o 3º ENCONTRO DAS BENZEDEIRAS (OS) DO

CENTRO SUL DO PARANÁ, em que eu participei como ouvinte, e nesse encontro

ocorreu muitas trocas de conhecimentos e experiências.

Page 80: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

79

Conclusão

As pessoas que realizam a cura de um dom há muito têm a sua prática

reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) como patrimônio

imaterial, em que

(...) dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que

se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer;

celebrações; formas de expressão cênicas, pl´sticas, musicais ou

lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que

abrigam práticas culturais coletivas) (IPHAN, 2013).

Com muita dedicação das lideranças do MASA na negociação política com a

Câmara Municipal de Vereadores, Prefeitura Municipal de Rebouças e demais

Secretarias, em 03/02/2010 foi aprovada a Lei Municipal nº1.401 de Rebouças, a

primeira “Lei das Benzedeiras” do Brasil. A lei municipal reconhece formalmente os

Benzedores do município, regulariza o livre acesso as ervas e plantas medicinais

existentes no município por parte dos Benzedores, e prevê o acolhimento das práticas

tradicionais de cura no sistema formal de saúde. (ALMEIDA, 2012)

Muitas benzedeiras relataram alguns dos problemas que enfrentavam e

enfrentam atualmente, que são repressão de pessoas ligadas a igreja; medo por praticar

para desconhecidos; falta de fé das pessoas; falta de apoio da família; contaminação das

plantas por venenos; extinção ou falta de plantas nativas (desmatamento); falta de

conhecimento das plantas pelos mais jovens e falta de interesse dos jovens, porém com

a aprovação da lei municipal, houve um grande melhoramento para realizar a prática,

pois agora elas são amparadas por um lei, e não sentem-se como sendo um crime.

Mas ainda a muito de ser feito em prol das práticas tradicionais da saúde, tanto

na questão do reconhecimento quanto a questão de repassar para mais pessoas e jovens

para que o conhecimento sobre o cuidado com a vida não se extingue.

Referências

ALMEIDA, A. W. B. Boletim Informativo - conhecimentos tradicionais e mobilizações

políticas: o direito de afirmação de identidade de benzedeiras e benzedores, município

de Rebouças e São João do Triunfo, Paraná. Projeto Nova Cartografia Social dos Povos

e Comunidades Tradicionais do Brasil, Manaus, v. 1, n. 1, abr. 2012. ISSN 2237-4922.

DIAS, N. M. O. Mulheres: sanitaristas de pés descalços. São Paulo: HUCITEC, 1991.

GASPAR, L. Medicina popular. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco,

Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 20

mar 2017.

IBGE. Dados Gerais. Disponível em

<http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?lang=&codmun=412150&search=%

7Creboucas>. Acesso em: 15 fev 2017.

IPHAN - INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL.

Patrimônio histórico. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal>. Acesso em 20

mar 2017.

Page 81: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

80

OLIVEIRA, E. C. S. ; TROVÃO, D. M. B. M. . O Uso de Plantas em Rituais de Rezas e

Benzeduras: Um olhar sobre esta prática no estado da Paraíbe. Revista Brasileira de

Biociências, v. 7, p. 245-251, 2009.

REBOUÇAS. Lei que dispõe do Certificado de Detentor de Ofício Tradicional de Saúde

Popular. nº. 1.401, 11 de fevereiro de 2010.

Banco de Dados:

Page 82: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

81

A EXPERIÊNCIA DO JOGO “GEOGRAFIA DO MILHÃO” COM

ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Willian Samuel Santana da Roza;

Fernanda Penteado;

Miriane Aparecida Scolimoski;

Alison Diego Leajanski;

Camila Ghion da Silva Francisco;

Isonel Sandino Meneguzzo

Agência Financiadora: PIBID/CAPES

INTRODUÇÃO

O ensino de Geografia na atualidade é importante para ampliar os conhecimentos sobre

o espaço em que os estudantes vivem e possibilitar a compreensão da dinâmica local até

global, a qual é uma necessidade do cidadão contemporâneo. De acordo com as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (PARANÁ, 2008), nos anos

finais do Ensino Fundamental, o professor de Geografia trabalhará os conhecimentos

necessários para a compreensão das inter-relações entre as dimensões econômica,

cultural e demográfica, política e socioambiental, presentes no espaço geográfico.

Assim, aprofundará os conceitos básicos que fundamentam a compreensão e a crítica à

organização espacial.

Despertar o interesse dos estudantes para o ensino de Geografia é um grande desafio.

Para isto, exige do professor constante atualização e aperfeiçoamento para que alcance

metodologias eficazes para trabalhar as inter-relações do espaço geográfico. Dentre as

metodologias alternativas para o ensino, estão os jogos, que segundo Verri e Endlich

(2009) estimulam, tanto para melhor compreensão do conteúdo, quanto para o

crescimento e o desenvolvimento intelectual dos estudantes que é essencial para atingir

a responsabilidade e a maturidade. Constitui também uma maneira de aproximar o

conteúdo aos estudantes, motivando-os a estudar de forma mais atrativa.

Para Pinheiro; Santos e Ribeiro Filho (2013), o professor interessado em promover

mudanças, poderá encontrar na proposta do lúdico um importante mecanismo com

vistas à significação do ensino de Geografia, e, consequentemente da realidade,

Page 83: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

82

podendo contribuir assim para que haja redução dos altos índices de fracasso e de

evasão verificados nas escolas, além de despertar o interesse dos estudantes pelas aulas

de Geografia.

OBJETIVO

Visando alcançar uma forma alternativa para o ensino de Geografia, este trabalho teve

como objetivo revisar com os estudantes do ensino fundamental, de maneira lúdica e

divertida, os conteúdos trabalhados no decorrer do ano de 2016, por meio da elaboração

e aplicação do jogo “Geografia do Milhão”.

METODOLOGIA

“Geografia do Milhão” é uma adaptação do jogo “Show do Milhão” exibido na

televisão, entre os anos de 1999 e 2003, em que os participantes concorriam ao prêmio

de um milhão de reais, mediante as respostas corretas de questões de conhecimentos

gerais. As questões para o jogo foram desenvolvidas por quatro acadêmicos do

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UEPG,

subprojeto de Geografia e aplicado com quatro turmas do 6º ano e duas turmas de 7º

ano do Colégio Estadual 31 de Março, situado na cidade de Ponta Grossa.

Para o desenvolvimento da atividade selecionou-se os seguintes os conteúdos para as

turmas de 6º ano: sistema de orientação, cartografia, fases da lua, zonas térmicas e tipos

de movimentos do Planeta Terra, solstícios e equinócios, tipos de vegetação, pontos

turísticos do Paraná, características gerais dos continentes, estrutura interna da Terra,

Teoria da Deriva Continental e Tectônica de Placas, formas de relevo, tipos de chuva e

de condensação, tipos de rochas e minerais.

Já para as turmas de 7º ano, os conteúdos selecionados foram: localização do território

brasileiro e as suas fronteiras, climas do Paraná, geração de energia por meio de usinas

hidrelétricas, biomas brasileiros, monitoramento de desmatamento a partir de imagens

de satélite, miscigenação do povo brasileiro, indicadores demográficos, massas de ar

que atuam no Brasil, regionalização do Brasil, setores da economia, problemas urbanos

socioambientais, migrações, regiões metropolitanas do Paraná, situação da estrutura

agrária brasileira, Parque Estadual de Vila Velha e Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH).

A montagem do jogo foi realizada no programa power point, por meio de slides, sendo

que cada um continha a pergunta e quatro alternativas, com um tempo determinado para

a resposta, além de sons e imagens. Em cada sala de aula, os estudantes foram

organizados em equipes com quatro e cinco componentes. Após, explicar as regras do

jogo, os estudantes escolheram um nome para a sua equipe como, por exemplo,

Page 84: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

83

‘’Gladiadores da Geografia’’; ‘’Os pensadores’’; “Os geológicos”; “Super Pangeia”,

“Heróis da Geografia”, “Indígenas” entre outros.

As equipes receberam placas com as letras das alternativas das respostas e após cada

rodada de pergunta, um dos integrantes do grupo levantava a placa com a resposta

correta, lembrando que era solicitado que todos levantassem ao mesmo tempo. Assim,

os acadêmicos foram pontuando as equipes que respondiam corretamente e ao final

venceu o grupo com o maior número de acertos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos conteúdos trabalhados em sala de aula no decorrer do ano de 2016, foram

elaboradas trinta questões referentes aos conteúdos trabalhados no 6º ano e mais 30

referentes aos do 7º ano. Na Figura 1, é possível verificar questões sobre os movimentos

do planeta Terra e de um ponto turístico do município de Ponta Grossa, que foram

trabalhados com as turmas do 6º ano. Já as questões referentes aos setores da economia

e espaço agrário foram aplicadas com estudantes do 7º ano.

Figura 1 – Exemplos de questões aplicadas em sala de aula, por meio do jogo

“Geografia do Milhão”.

Page 85: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

84

A partir das questões do jogo evidenciaram-se os conteúdos que os estudantes tiveram

mais facilidade de compreensão. Já para as questões com os menores índices de acerto,

houve a discussão do professor e acadêmicos, com os estudantes, para justificar a

resposta correta visando à fixação dos conteúdos trabalhados. Na Figura 2 é possível

verificar o jogo aplicado em sala de aula, em que um dos acadêmicos marcava a

pontuação das equipes e o outro lia as questões para a turma, sendo que após a resposta

estes discutiam com os estudantes a respeito das questões trabalhadas.

Figura 2 – Jogo “Geografia do Milhão” aplicado em sala de aula.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do desenvolvimento desta pesquisa foi possível verificar o envolvimento e

interesse dos estudantes pelo jogo, o qual possibilitou aulas descontraídas, trabalho em

equipe, competição saudável e a revisão de vários conteúdos trabalhados no decorrer do

ano. Além disso, este trabalho possibilitou a inserção no ambiente escolar, antes do

Page 86: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

85

estágio obrigatório, de acadêmicos do curso de Lecenciatura em Geografia na busca de

novas estratégias de ensino e aprendizagem.

REFERÊNCIAS

PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Geografia do Estado. Curitiba: SEED, 2008.

PINHEIRO, I. de A.; SANTOS, V. de S.; RIBEIRO FILHO, F. G. Brincar de

geografia: o lúdico no processo de ensino e aprendizagem. Revista Equador (UFPI), v.

1, n. 2, p. 25- 41, 2013.

VERRI, J. B.; E., Â. M. A utilização de jogos aplicados no ensino de geografia. Revista

Percurso – NEMO. Maringá, v. 1, n. 1, p. 65-83, 2009.

Page 87: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

86

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA A CONFECÇÃO DO JOHO

“SUPER TRUNFO GEOGRÁFICO"

Alison Diego Leajanski;

Camila Ghion da Silva Francisco;

Willian Samuel Santana da Roza;

Fernanda Penteado;

Miriane Scolimoski;

Isonel Sandino Meneguzzo

Agência Financiadora: PIBID/CAPES

Palavras-chave: Ensino de Geografia, Jogo Geográfico, PIBID.

INTRODUÇÃO

A elaboração de jogos com dados alusivos aos países do mundo possui

significativa relevância no ensino fundamental, no âmbito da disciplina de Geografia.

De acordo com Sawczuk e Moura (2014) atualmente os professores de Geografia têm

buscado novos métodos de ensino que busquem uma abordagem metodológica mais

dinâmica, pois são os professores os principais responsáveis por transmitir os

conhecimentos através de métodos que permitam aos estudantes compreender os

conteúdos de uma forma mais prazerosa e eficaz.

Atividades envolvendo jogos despertam o interesse dos alunos, pois possibilitam

a interação dos mesmos. Isto pode ser observado quando Castellar e Vilhena (2010)

destacam o papel dos jogos no processo de aprendizagem dos estudantes, pois

proporcionam uma interação entre aluno e professor e também entre os próprios

estudantes, que acabam sendo estimulados a trabalhar em equipe e cooperarem entre si.

Além disso, os jogos contribuem positivamente na formação de conceitos e no

entendimento dos conteúdos de forma descontraída, diferente da forma tradicional

trabalhada em sala de aula.

O papel do professor na aplicação de jogos também deve ser destacado. Para

Brougère (1997, p. 57), o educador deve “controlar o conteúdo do jogo de modo que

permita à criança adquirir conhecimentos relevantes neste ou naquele momento”.

Adicionalmente, contribui para o processo ensino-aprendizagem na medida em que se

trabalha com dados de caráter geográficos.

A confecção de jogos permite a interação e organização da equipe em relação às

tarefas de pesquisa e produção do material didático. Nesta perspectiva observa-se que

para Tardif (2002, p. 49): “O docente raramente atua sozinho. Ele se encontra em

interação com outras pessoas, a começar pelos alunos”. Por isso, a importância do

projeto promover o trabalho coletivo entre os participantes.

Page 88: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

87

OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo, relatar os procedimentos operacionais

envolvidos na elaboração do jogo “Super Trunfo Geográfico” aplicado num colégio

público do município de Ponta Grossa, Paraná.

METODOLOGIA

Super Trunfo é um jogo que pode ser praticado a partir de dois adversários, que

tem a finalidade de tomar todas as cartas dos outros participantes, mediante escolhas de

características de cada uma, tais como expectativa de vida, população absoluta, entre

outros, sendo que em cada rodada vence o jogador que possuir os melhores valores

quando de sua confrontração. A confecção do jogo foi desenvolvida na Universidade

Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em uma sala designada para as ações do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID).

Para a confecção do jogo, foram utilizados os seguintes materiais: papel cartão,

impressora, tesoura, fita dupla face e papel contact. Dos quatro acadêmicos

participantes do projeto, cada um ficou responsável pela pesquisa de dados dos países

de diferentes continentes. Os dados referentes à população absoluta, área, densidade

demográfica, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Produto Interno Bruto (PIB),

PIB per capita, expectativa de vida e as bandeiras dos países, foram inseridos nos

cartões do jogo. Tais dados foram consultados no sítio eletrônico do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE).

O professor supervisor montou uma tabela utilizando a ferramenta de edição de

textos do Microsoft Office que deu sequência para a elaboração do jogo. Os acadêmicos

inseriram na tabela os dados correspondentes aos indicadores sociais, econômicos e

demográficos. Posteriormente, desenvolveram uma logo, para ser colada no verso de

cada carta. Logo após, o professor supervisor analisou e conferiu todos os dados e

imprimiu a tabela.

O passo seguinte foi o recorte das tabelas, conforme é apresentado na Figura 1.

Em seguida, houve a colagem das mesmas no papel cartão com fita dupla face. O passo

seguinte foi o recorte das tabelas inseridas no papel cartão e a colagem dos mesmos no

papel contact. Posteriormente, realizou-se o recorte das tabelas já inseridas no papel

contact, para a colagem do mesmo no verso, onde foi colada a logomarca do jogo. O

último passo foi a colagem do papel cartão no papel contact, já com as logos inseridas

no verso da folha, havendo o recorte das tabelas em formato de cartas. Após a

confecção do jogo, ocorreu testes entre os acadêmicos "pibidianos" e professor

supervisor para estabelecer as regras do mesmo.

Figura 1 – Confecção do jogo “Super Trunfo Geográfico” pelos pibidianos.

Page 89: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

88

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Trabalhar indicadores econômicos, sociais e demográficos por meio de um jogo,

possibilita que os alunos não só memorizem dados, mas também analisem e comparem

as realidades de diferentes nações do mundo e assim, compreendam um pouco da atual

situação social e econômica dos países. De acordo com Castellar e Vilhena (2010, p. 5)

“Quando o aluno apenas memoriza, ou não vê objetivos no que aprende, acaba

esquecendo os conteúdos após aplicá-los em uma avaliação”.

Muitas vezes os alunos acabam desinteressados quando esses indicadores são

trabalhados em sala de aula, por se tratarem de dados que muitas vezes estão longe de

suas realidades. Daí a importância de se utilizar uma abordagem metodológica mais

dinâmica, que trabalhe com os conteúdos de uma forma diferente e também vise à

interação entre os alunos.

Como resultado do desenvolvimento do trabalho obteve-se um jogo composto de

193 cartas, com indicadores sociais, econômicos e demográficos de todos os países

presentes no site do IBGE, que está sendo aplicado no ano letivo de 2017 com

estudantes do ensino fundamental (8º e 9º anos) de escolas públicas no município de

Ponta Grossa. Na Figura 2 são apresentadas como exemplos, algumas cartas

confeccionadas para o jogo.

Figura 2 – Exemplos de algumas cartas produzidas para o “Super Trunfo Geográfico”,

com a bandeira, nome do país e seu respectivo continente, população, área, densidade

demográfica, IDH, PIB, PIB per capita e expectativa de vida. A última carta se refere ao

modelo do logo que foi aplicado em todas as cartas.

Page 90: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

89

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o objetivo foi alcançado, pois se confeccionou um jogo

geográfico com indicadores sociais, demográficos e econômicos de todos os países do

mundo, onde os jogadores realizaram a comparação dos mesmos quando um país é

confrontado com outro. A escolha do jogo como recurso no processo ensino-

aprendizagem baseou-se na busca em se propor uma metodologia mais dinâmica e

interessante que estimulasse os alunos a participarem das aulas.

Com relação ao desenvolvimento do trabalho coletivo, o PIBID tem contribuído

positivamente, pois atividades como esta proporcionam um trabalho integrado por meio

da divisão de tarefas na produção de material didático entre os participantes do projeto.

A elaboração do jogo Super Trunfo Geográfico permitiu também aos acadêmicos,

pesquisar dados de todos os países do mundo, consultando uma fonte de pesquisa

oficial. Por fim, espera-se que esse trabalho possa servir de estímulo aos professores que

estão sempre à procura de metodologias de ensino eficazes que valorizem suas aulas e

as tornem mais interessantes e dinâmicas.

REFERÊNCIAS

BROUGÈRE, J. Jogo e educação. Porto Alegre: Artmed, 1997.

CASTELLAR, S.; VILHENA, J. Ensino de geografia. São Paulo: Cengage Learning,

2010.

SAWCZUK, M. I. L.; MOURA, J. D. P. Jogos pedagógicos para o ensino de Geografia.

In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. O

professor PDE e os desafios da escola pública paranaense: produção didático-

pedagógica, 2012. Curitiba: SEED/PR, 2014. v. 2. (Cadernos PDE). Disponível em:

<www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=20>.

Acesso em: 16 mar. 2017.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 13. ed. Petrópolis: Vozes,

2012.

Page 91: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

90

TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM ARBORIZAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS, A

PARTIR DAS PRODUÇÕES PUBLICADAS NA REVISTA DA SOCIEDADE

BRASILEIRA DE ARBORIZAÇÃO URBANA.

Mariane Rodrigues Muniz;

Miguel Paes Crispim;

Silvia Méri Carvalho

INTRODUÇÃO

Sendo a arborização urbana um grande beneficiador do bem estar na vida das

pessoas, sobretudo as que moram nas grandes cidades, esse tema se tornou cada vez

mais um assunto discutido no meio acadêmico. Segundo Biondi (2011, p.7) “o interesse

da sociedade, especificamente da comunidade acadêmica em promover a arborização

nas cidades e investigar problemas existentes no ecossistema urbano” se reflete a partir

dos inúmeros eventos e publicações ligados a esse assunto.

Para tanto, é importante que a implementação e manejo da arborização urbana,

estejam adequados a dinâmica do espaço urbano, para que tragam mais benefícios,

propiciando relações harmônicas entre a natureza e a sociedade.

Considerando que a arborização urbana traz inúmeros benefícios à população das

cidades, Coutro e Miranda (2007, p.2) destacam entre os benefícios, o estético, "como

cores, texturas e formas, que quebram a monotonia e suavizam linhas arquitetônicas, de

modo que constrói uma harmonia paisagística", o climático e ambiental, os efeitos

psicológicos, fisiológicos, econômicos e sociais.

Sendo o sistema viário uma importante estrutura do espaço urbanizado, a

arborização viária além de ser um elemento paisagístico é segundo Biondi (2008, p.33)

"composta de árvores plantadas linearmente nas calçadas ao longo das ruas e avenidas".

Reconhecendo a necessidade dos estudos sobre o verde urbano, a Revista da

Sociedade Brasileira de Arborização Urbana-Revsbau, tem como missão, ‘’desenvolver

o conhecimento na área de verde urbano e florestas urbanas, para a melhoria da

qualidade de vida no mundo’’ (REVSBAU, 2017). Por esta razão a revista foi escolhida

como fonte de informações para nortear uma análise sobre as tendências de pesquisa em

arborização de vias públicas. A Revsbau desde 2006 se dedica a divulgação de estudos

científicos, notas técnicas e artigos de revisão, com veiculação trimestral e está

classificada no Qualis Periódicos-Capes na categoria B3 (2013-2016).

Page 92: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

91

OBJETIVOS

Este trabalho tem o objetivo de inventariar os artigos e analisar as tendências das

pesquisas referentes a arborização de vias públicas, publicadas pela Revista da

Sociedade Brasileira de Arborização Urbana.

METODOLOGIA

Para a realização desta pesquisa foram consultados os artigos publicados em meio

digital na Revsbau entre o período de 2006 a 2017. Foram selecionados os artigos que

continham em seus títulos, a referência a arborização urbana, seja direta ou

indiretamente associadas a arborização de vias públicas. Foi elaborada planilha com as

principais informações a serem levantadas: ano da publicação, nome e área de formação

dos autores, título do artigo, recorte espacial, tipo de censo e seus critérios, metodologia

e tipos de dados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos artigos da Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana

(Revsbau) foi possível obter um panorama do “estado da arte” sobre a temática

arborização de vias públicas. As edições da revista continuam trimestrais separadas por

tópicos: Silvicultura Urbana, Ecologia Urbana, Percepção Ambiental Urbana,

Paisagismo e Paisagem Urbana, Planejamento e Gestão Florestal Urbana.

Foram analisados 103 artigos concernentes ao tema, em 44 edições, distribuídas

ao longo dos 11 anos de publicação. O ano de 2012 apresentou a maior concentração de

publicações (16,5%), seguido de 2014 com 15,5% e 2009 com 11,6%. Dentre os autores

que publicaram trabalhos na revista, uma única autora da Engenharia Florestal é

responsável por 16,5% do total de publicações neste tema.

Dos 343 autores que publicaram na revista, predominam aqueles da Engenharia

Florestal, tendo em vista que eles muitas das vezes eram compostos por grandes grupos

de pesquisa apresentando 7 pesquisadores em determinados trabalhos, desta forma com

38,19% das publicações, das Ciências Biológicas com 22,44%, da Agronomia com

15,7% e da Geografia com 3,20%. As demais áreas do conhecimento, como Engenharia

Civil, Engenharia de Produção, Engenharia de Materiais, Ecologia, Arquitetura e

Urbanismo, Paisagismo, Turismo, Matemática, Áreas Ambientais, acadêmicos de

graduação e Ensino Médio, apresentaram quantidades menos expressivas e juntas

somam 16%.

Quanto ao recorte espacial, os que apresentam maior volume de trabalho são

aqueles que utilizam a cidade toda (32%) para o levantamento arbóreo, este recorte foi

muitas vezes utilizado por profissionais que buscavam identificar os índices de

cobertura vegetal, ou seja, eles buscavam saber a porcentagem de áreas verdes

existentes nas vias públicas, a partir de uma visão mais holística da distribuição arbórea

arbustiva e das suas especificidades. Os trabalhos que elegem bairros como recorte da

pesquisa somaram 24,2%, os que utilizaram algumas ruas representam 17,47%, apenas

avenidas, somam 7,76%, apenas principais vias somam 3,8% e os que optaram por

Page 93: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

92

apenas uma via 3,8%. Outros recortes como vias do centro da cidade, litoral do Paraná,

rodovias, Bacia do Rio Tiete ou sem recorte, perfazem 10,67% do total.

O censo arbóreo mais utilizado em pesquisas com árvores de vias foi o

qualiquantitativo apresentando 80,58%, em detrimento do censo qualitativo com

13,59% e do quantitativos com 5,82%. Este resultado se dá tendo em vista as

especificidades de cada censo, em especial o qualiquantitativo que faz uso das matrizes

qualitativas e quantitativas, ou seja, este censo não busca apenas obter informações

numéricas a respeito da arborização, mas sim, um panorama geral de como a

arborização está se desenvolvendo naquele lugar, desta forma se fazendo mais

adequando frente os estudos de arborização de vias públicas. As metodologias

aplicadas apresentaram diversificação e uso simultâneo de mais de uma metodologia.

Predominam os inventários de campo (72,32%), seguido do emprego de questionários

(15,17%), pesquisa de gabinete (2,67%), abordagem teórica (8,03%), índice de

cobertura vegetal e a análise microclimática (0,89% em ambos os casos).

Dos trabalhos analisados uma pequena fração optou por utilizar um critério de

avaliação em seus censos como: altura mínima da 1ª bifurcação ser superior a 1,30

metros, diâmetro a altura do peito igual ou superior a 5 cm, circunferência à altura do

peito igual ou superior a 15 cm, circunferência à altura do peito superior a 20 cm, idade

mínima de 15 anos e apenas uma pessoa por residência nos questionários de percepção

da arborização. Critérios estes se fazendo presentes em apenas (9,7%) dos artigos.

Os dados analisados sobre a arborização de vias tratam da localização (97,03%),

família (94,17%), espécie arbórea (92,23%), a origem, se nativa ou exótica (89,32%),

altura total do indivíduo arbóreo (86,40%), fitossanidade (82,52%), frequência absoluta

(81,55%), frequência relativa (79,61%), além da altura da primeira bifurcação (71,84%),

conflito da raiz com as calçadas (66,99%), conflito da copa com a rede elétrica

(65,04%), tipo de poda (44,66%) e diâmetro a altura do peito - DAP (35,92%).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Houve mudança de Qualis da revista pois anteriormente era bastante variado em

relação as áreas do conhecimento e houve uma maior padronização ficando com Qualis

B3, no último quadriênio.

Tendências apontam para uma produção liderada por Engenheiros Florestais,

utilizando sobretudo inventário de campo, direcionados ao levantamento arbóreo de vias

públicas do município ou de bairros. As principais informações levantadas estão ligadas

a aspectos específicos do indivíduo arbóreo, como localização, família, origem, altura,

fitossanidade e frequência. Secundariamente aparecem informações que podem estar

associadas a problemas ou conflitos ambientais como: altura da primeira bifurcação,

conflitos das raízes, conflitos com a rede elétrica, e problemas com a poda.

Page 94: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

93

REFERÊNCIAS

REVSBAU- Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. Disponível em:

http://www.revsbau.esalq.usp.br/pt-br/a_revista.html. Acesso em: 19 Out. 2017.

BIONDI, Daniela. Arborização urbana. Aplicada à educação ambiental nas escolas.

Curitiba: a autora, 2008.

BIONDI, Daniela; NETO, Everaldo M. L. Pesquisa em arborização de ruas. Curitiba:

A autora, 2011.

COUTRO, Eduardo Matheus; MIRANDA, Gabriel de Magalhães. Levantamento da

arborização urbana de Irati – PR e sua influência na qualidade de vida de seus

habitantes. In: Revista eletrônica Lato Sensu. Vol 2 (1), 27-48, Julho de 2007.

Page 95: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

94

A UTILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FÍLMICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: A

GUERRA FRIA

Andreia Maria Aires Barboza;

Marcio José Ornat

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é de inserção pedagógica para conclusão do PDE –

Programa de Desenvolvimento Educacional desenvolvido pela SEED – na disciplina de

Geografia, que tem como tema trabalhar a partir da produção cinematográfica “13 DIAS

QUE ABALARAM O MUNDO”, conceitos geopolíticos, com enfoque para análise da

realidade apresentada na fase histórica chamada Guerra Fria, que com o andamento

atual da política mundial, é muito citada nos meios de comunicação como uma

possibilidade do retorno confrontos semelhantes.

O tema foi pensado a partir de observação tanto dos assuntos abordados na

mídia, assim como de provas de vestibulares e concursos em geral, sendo esse um tema

recorrente, assim como parte importante para argumentação em temas de redação em

concursos de maneira direta ou indireta.

Pretende-se ao término do período de trabalho, mudar essa visão desse período,

saído de estereótipos amplamente divulgados por produções cinematográficas onde um

lado sempre é mocinho e o outro bandido.

Page 96: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

95

O trabalho foi realizado com professores de diversas disciplinas, sendo este tema

voltado a uma reflexão de conceitos e de conhecimentos de ‘atualidades’, não se

limitando a disciplina de Geografia.

OBJETIVOS:

Objetivo Geral:

Auxiliar os cursistas na compreensão da realidade atual, a partir do estudo do Mundo

Bipolar, utilizando de recursos de mídias como de produções fílmicas e documentários

específicos.

Objetivos Específicos:

Discorrer sobre termos, nomes, países atuais ou não, mas que fizeram parte da

realidade mundial e sem o conhecimento dos mesmos, dificulta o entendimento da

nossa Geopolítica.

Subsidiar instrumentos para uma visão crítica ao tendencionismo das questões

abordadas nas produções apresentadas.

METODOLOGIA

O uso de mídia, torna o ensino mais prazeroso, contudo podem ser

tendencionista. Este curso usou: filmes, documentário, clipes musicais para despertar a

reflexão de professores para temas muito utilizados como meio de propaganda

ideológica.

O documentário: A Guerra Fria – o que aconteceu nesse período (1946- 1991),

publicado no site Youtube em agosto de 2016, como esperado, colaborou para elucidar

muitas das questões que surgiram sobre o tema e os recursos midiáticos utilizados, fez

uma ponte entre as informações que eram divulgadas amplamente e a relação entre

realidade e a reflexão proposta.

Page 97: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

96

O objetivo geral é a formação crítica de indivíduos capazes de entender

realidade construída em décadas passadas por nossos contemporâneos para entendermos

a realidade que se apresenta nos jornais diários que são fruto do que iniciou na década

de 90.

A disciplina de Geografia tem entre suas funções na escola, levar essa visão de

mundo aos alunos, para entender as diversas fases que mundo passou para chegarmos

na atual. Esse é o papel dessa unidade didática no recorte temporal que abrange a

Guerra Fria. O ensinar Geografia, precisa ser reflexivo e a utilização dessas mídias

propostas, procuram ajudar o professor nessa função.

RESULTADOS E DISCUSSÕES:

Esta unidade ainda não foi publicada, contudo foi utilizada no curso de

implementação com professores da rede estadual de ensino, onde utilizei o material

juntamente com filmes e clipes musicais e um instrumento de pesquisa a esses

profissionais que eram das seguintes áreas: Arte, Biologia, Ciências, Educação Física,

Geografia, Historia, Língua Portuguesa e Inglesa, Matemática e Pedagogos. Também

participaram acadêmicos de Historia e Geografia da UEPG, além de alguns diretores e

funcionários de diversos estabelecimentos de ensino da rede estadual de Ponta Grossa.

Podemos analisar esta resposta da professora Célia: “Como sou de outra área,

aprendi muito sobre a Guerra Fria, tema do qual tinha apenas uma vaga lembrança da

época da escola. Além de poder utilizar as sugestões de filmes em sala, trabalhando

questões como biografia, músicas, etc., na área do Inglês, posso trabalhar o tema

interdisciplinarmente.

Também tive uma outra visão do que é o Comunismo e do quanto o Capitalismo

pode ser destrutivo e corromper as pessoas. Mas que pior que tudo é a briga que a luta

entre os dois sistemas econômicos pode travar.”

Vejamos um recorte do que escreveu a professora Delia: “O curso foi

construtivo, pois houve abordagem de vários temas por meio de filmes. A forma como

foi conduzido teve sucesso. Atividades condizentes com os encontros. Exclusivamente

para mim que não sou da área do curso, só tive crescimento em conhecimento. Vejo

como positiva a iniciativa.”

Nesta última em especial, vi a desconstrução daquela visão do estadunidense

herói, onde não se questiona sua ideologia ou atitudes, sendo esse o grande objetivo

tanto do curso ministrado como da unidade didática apresentada, a visão crítica de

produções fílmicas desse período, onde o mocinho: belo, inteligente, com múltiplas

habilidades sempre era o capitalista e o vilão feio, sem escrúpulos e desprovido de

inteligência em grande parte das produções, era da Rússia, URSS ou comunista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Através da análise das atividades online enviadas pelos professores participantes

do curso de implementação: Produção Fílmica e a Guerra Fria, constata-se a

Page 98: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

97

necessidade de se oportunizar a diversas áreas do conhecimento uma crítica a obras de

grandes orçamentos, além da necessidade da procura de obras com o mesmo tema, mas

de países diferentes para confrontar o enfoque. Foi o que se tentou com a unidade

didática e foi praticado no curso propriamente dito.

Faz-se necessário também citar que profissionais de outras áreas precisam da

orientação crítica que a Geografia possui, como citado pelas falas acima, que refletem a

opinião documentada da maioria dos participantes.

REFERÊNCIAS:

BALSANELL, Álice Paula. Aprendizagem de jovens e adultos: a aprendizagem a seu

tempo. Disponível em: https://pedagogiaseberi.files.wordpress.com/2014/06/134.pdf.

Acesso em 12 dez. 2016.

DORIGONI, Gilza Maria Leite e SILVA, João Carlos. Mídia e Educação: o uso das

novas tecnologias no espaço escolar. Disponível em:

http://design.org.br/artigos_cientificos/1170-2.pdf. Acesso em : 1 fev. 2017.

HOEPERS, Juliana Carla Muterlle Rosa e FRIGOTTO, Tatiane Saffnauer. Oficina de

Geografia. Curitiba: SEED, Departamento de Educação Básica.

OLIVEIRA, Sandro José de; SUGAYAMA, Soraya. Educação física escolar – Filmes

como Recurso Didático. Disponível:

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoe:

s_pde/2014/2014_ufpr_edfis_artigo_sandro_jose_de_oliveira.pdf. Acesso em: 4 de

maio 2016.

VENÂNCIO, Luciana e SANTOS, Inês Silva. O cinema nas aulas de educação física:

Ler e escrever em diferentes contextos. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.20,

p.349-76, set. 2006. Suplemento n.5. Disponível em: http://cev.org.br/biblioteca/o-

cinema-nas-aulas-educacao-fisica-lerescreverdiferentes-contextos/. Acesso em: 12 mai.

2016.

Page 99: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

98

CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRUPO DE ESTUDOS NO PIBID -

GEOGRAFIA

Isonel Sandino Meneguzzo;

Cassiano William Farias;

Alison Leajanski;

Luiz Felipe Przybyloviecz

Introdução

A realização de grupo de estudos no âmbito do ensino superior de um curso de

licenciatura em Geografia, permite que os acadêmicos tenham um contato com leituras

que tratam dos aspectos teórico-metodológicos da ciência geográfica, em sua interface

com a educação geográfica escolar. Em consonância com os propósitos do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), o grupo de estudos procurou

estreitar, ao longo do primeiro semestre letivo de 2017, a relação existente entre teoria e

prática, aprimorando o processo ensino-aprendizagem dos acadêmicos inseridos no

ambiente escolar.

Esta ação se intercalou em relação às demais atividades do programa, com vistas

ao desenvolvimento estimulante da intelectualidade a partir da realização de leituras de

texto técnico-científicos, que num grupo de estudos promovem a interação e debate

entre acadêmicos e professores, revelando a troca de saberes do que foi apreendido

como proposta lançada.

Nesse sentido, o grupo de estudos visou contribuir para o aprimoramento da

educação geográfica escolar, por meio da leitura e discussão de textos teóricos que

fundamentam as atividades práticas efetivadas pelos acadêmicos no ambiente escolar.

Sobre em que consiste um grupo de estudos, a UFJF (2005) define grupo de estudo

como sendo "o processo educativo que envolve o aluno em atividades de estudos

temáticos, sob a orientação de, no mínimo, um professor." Portanto, um grupo de

estudos contribui para a diminuição da distância existente entre teoria e prática,

contribuindo assim para uma práxis mais efetiva. Ressalta-se o que Freire (1989, p. 9)

comenta a respeito das leituras: “a compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura

crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”. Dessa maneira, o

leitor pode estabelecer relações entre o que lê e o contexto socioeducacional em que está

inserido. Já Krug (2015, apud Koch e Elias, 2008) apontam que “a leitura está além de

apenas ocupar um importante espaço na vida do leitor”. Seguindo esta linha de

raciocínio, a realização dessa atividade, possibilita entender que a leitura

categoricamente não se baseia somente da experiência pessoal em ler, mas atribui à ela,

parte destinada ao futuro professor de Geografia em estabelecer nexos e inter-relações

existentes entre o plano teórico e a prática pedagógica.

Perante este contexto, cabe destacar que atividades envolvendo grupos de estudo

contribuem para que haja um senso de responsabilidade no ambiente acadêmico e

sistematizando procedimentos metodológicos.

Page 100: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

99

Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo tratar de algumas considerações sobre a

realização do grupo de estudos do PIBID, sub-projeto Geografia, ensino fundamental. O

grupo de estudos visa contribuir para o aprimoramento da educação geográfica escolar,

por meio da leitura e discussão de textos teóricos que fundamentam as atividades

práticas efetivadas pelos acadêmicos no ambiente escolar.

Metodologia

A metodologia adotada para a realização do grupo de estudos consistiu em:

seleção de textos científicos que tratam da ciência geográfica em seus aspectos teórico-

metodológicos e epistêmicos, bem como textos que tratem de atividades didático-

pedagógicas envolvendo a Geografia escolar.

Num primeiro momento, a atividade de seleção dos textos foi realizada pelo

professor coordenador responsável pelo ensino fundamental. Após esse procedimento,

os textos foram disponibilizados para os acadêmicos realizarem a leitura e elaboração de

resumos atinentes à esses textos. Num prazo aproximado de quinze dias, os acadêmicos

desenvolveram tais atividades e, no encontro presencial, as discussões foram realizadas,

mediadas pelo professor coordenador. Nessa dinâmica foram levantadas questões-

chave, com o intuito de que os acadêmicos pudessem respondê-las, fundamentadas nos

autores lidos.

Num segundo momento, o professor coordenador, ao invés de trazer as

indicações de textos a serem lidos e trabalhados nos grupos de estudo, propôs que os

acadêmicos trouxessem ideias de textos conforme as demandas dos colégios. Nesse

sentido, foram trabalhados textos envolvendo ética profissional, tolerância e homofobia

na escola. Os procedimentos adotados seguiram o mesmo modelo acima referido

(primeiro momento). Porém, tendo em vista as temáticas serem de extrema relevância

no contexto atual, em alguns encontros foram realizados convites para que participantes

de outros sub-projetos pudessem participar das discussões.

Vale ressaltar que o modelo de adotado para a gestão do subprojeto Geografia-

Ensino Fundamental esteve amparado na chamada Teoria Y. Esta teoria foi preconizada

por Mc Gragor por volta da década de 1960, nos Estados Unidos da América no âmbito

da administração.

Segundo Chiavenato (1997), a Teoria Y propõe um estilo de dirigir atividades de

forma democrática e participativa, pautado nos valores humanos e sociais, os quais

devem permear as relações entre as pessoas envolvidas nos processos de gestão.

Apresenta também as características de descentralização e a delegação de tarefas, com

menos controle e mais liberdade (KNAPIK, 2008).

Possui como pressuposições essenciais que as pessoas procuram e aceitam

responsabilidades e desafios, podem ser automotivadas, são criativas e competentes

(CHIAVENATO, 1997).

Page 101: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

100

Resultados e discussões

Constatou-se que no período da realização do grupo de estudos, os acadêmicos

compareceram maciçamente nos encontros, demonstraram interesse na realização das

leituras e efetivaram os resumos solicitados referentes aos textos lidos. Dessa forma, a

dinamização das aulas, com práticas pedagógicas diferenciadas puderam ser

desenvolvidas após o aporte teórico adquirido durante as atividades do grupo de

estudos, contribuindo para o processo ensino-aprendizagem dos acadêmicos, bem como

dos alunos do ensino fundamental inseridos no contexto do PIBID, sub-projeto

Geografia do ensino fundamental. Ficou evidente, por meio da realização do grupo de

estudos, que tal atividade é de suma relevância no contexto do PIBID, sub-projeto

Geografia. Esta atividade agrega valor aos trabalhos desenvolvidos pela coordenação de

Geografia, pois possibilitou aos alunos a oportunidade de aprofundar os conhecimentos

em relação à ciência geográfica, bem como à Geografia escolar no ensino fundamental.

As temáticas envolvendo ética profissional, tolerância e homofobia também se

fizeram fundamentais, pois permitiram o aporte teórico-conceitual, o que permite

contribuir assim com conhecimentos que podem vir a ser aplicados no contexto escolar

e profissional dos acadêmicos.

Os convites realizados aos integrantes de outros sub-projetos do PIBID da

Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para que participassem do grupo de

estudos da Geografia foram exitosos. Em dois encontros foi possível ocorrer a

participação de acadêmicos de licenciatura em Ciências Biológicas, Pedagogia e

Química, bem como a presença da coordenadora de gestão do PIBID da UEPG.

A presença de pessoas de provindas de licenciaturas de campos do conhecimento

diferentes foi enriquecedora, permitindo a interação entre acadêmicos e docentes,

contribuindo assim para a ampliação dos espaços de discussão em ambientes

plenamente democráticos.

Considerações finais

Ficou evidente, por meio da realização do grupo de estudos, que tal atividade é

de suma relevância no contexto do PIBID, sub-projeto Geografia. Esta atividade agrega

valor aos trabalhos desenvolvidos pela coordenação de Geografia, pois possibilitou aos

alunos a oportunidade de aprofundar os conhecimentos em relação à ciência geográfica,

bem como à Geografia escolar no ensino fundamental.

O PIBID, além de contribuir para a qualidade na formação de futuros

professores, também propicia, por meio de atividades como a aqui apresentada, a

oportunidade do aprofundamento dos conhecimentos envolvendo a Geografia escolar,

principalmente em seus aspectos teórico-conceituais e metodológicos.

Outro elemento importante neste contexto é a interação e troca de ideias ocorrida

entre acadêmicos e professor coordenador ocorrida num ambiente plural e democrático.

Por fim, cabe ressaltar o senso de responsabilidade que os acadêmicos

integrantes do grupo de estudos acabam adquirindo, considerando que os mesmos são

responsáveis por comparecer nos grupos de estudos, apresentar e debater as principais

ideias contidas nos textos científicos, bem como da elaboração dos resumos que são

entregues ao professor coordenador.

Page 102: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

101

Referencias bibliográficas

CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas: o passo decisivo para a administração

participativa. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 1997.

FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23. ed.

São Paulo: Cortez, 1989.

KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. 2. ed. Curitiba: IBPEX, 2008.

KOCH, I. V.; ELIAS, M. V. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo:

Contexto, 2008.

KRUG, F. S. A Importância da Leitura na Formação do Leitor. Revista de Educação

do IDEAU, Getúlio Vargas - RS, v. 10, n. 22, p. 01-13, jul./dez. 2015.

UFJF. Resolução do Conselho Setorial de Graduação quanto à flexibilização dos

Currículos de Graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Disponível

em:<http://www.producao.ufjf.br/arqufjf/res018.htm> Jan., 2005.

Page 103: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

102

OS INFOGRÁFICOS EDUCACIONAIS NAS PROVAS DE GEOGRAFIA DO

ENEM

Amanda Weridyana Uller;

Carla Silvia Pimentel

Introdução

Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa de trabalho de conclusão do

curso de licenciatura em Geografia desenvolvido na Universidade Estadual de Ponta

Grossa. O mesmo surgiu da seguinte indagação: quais as características e a incidência

de infográficos nos materiais didáticos de geografia de alunos do ensino médio? A

questão surgiu durante o desenvolvimento dos estágios curriculares obrigatórios. Nesse

período percebeu-se que os materiais didáticos utilizados na escola apresentavam

diferentes linguagens para abordar os fenômenos geográficos, e nesse contexto, tiveram

relevância a presença de infográficos.

Essa descoberta promoveu o interesse pela investigação desses recursos lingüísticos. Essa descoberta propiciou a organização da pesquisa, que tem como objetivo analisar os infográficos de Geografia contidos nas provas do ENEM desde 1998, contemplando os 15 últimos anos do exame. Pretendeu-se descobrir a frequência que essa linguagem é utilizada nessas avaliações; quais temáticas os infográficos abordam nas questões e o tipo de infográficos contidos nas provas.

Enquanto procedimento metodológico, a presente pesquisa foi realizada partindo

da análise das provas, considerando que este é um dos principais instrumentos

avaliativos deste nível educacional e que influencia diretamente a produção de materiais

didáticos usados pelos escolares. Esta análise compreendeu ainda a categorização das

imagens segundo Colle (2005) que organiza os infográficos entre científicos, de

divulgação e jornalísticos.

Desenvolvimento

Desde que se têm registros do processo de humanização do homem, a

comunicação aparece como o fenômeno mais importante. O homem pré-histórico inicia

seu processo de comunicação com o intuito de responder os ruídos/grunhidos vocais

imitando os da natureza que eles ouviam. Logo, pode-se afirmar que a evolução humana

está vinculada ao processo de comunicação seja ela falada, gesticulada ou escrita desde

o início de sua existência. Contudo, na medida em que o processo de humanização vai

acontecendo, o homem vai buscando formas alternativas de se comunicar e perpetuar a

sua passagem pela Terra.

Segundo GARDNER,

Page 104: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

103

“Os seres humanos são considerados, por excelência, as criaturas da

comunicação, que armazenam significados através de palavras,

desenhos, gestos, números, padrões musicais e um grande número de

outras formas simbólicas. As manifestações destes símbolos são

públicas: todos podem observar a imagem escrita, os sistemas

numéricos, desenhos, mapas, linguagens gestuais e assim por diante.

Entretanto, os processos mentais necessários para manipular esses

símbolos devem ser inferidos dos desempenhos dos indivíduos em

vários tipos de tarefas”. (1995; p.145)

Cada imagem possui um desempenho de uma função linguística comunicativa,

esta pode ser conceituada e caracterizada como: denotativa/ cognitiva ou referencial,

sendo definida como aquela qual não se desprende do conteúdo que está sendo falado.

A mesma autora ressalta também que a imagem possui mensagens ocultas, que são

voltadas a determinado público, com o objetivo de retratar algum assunto específico

através de seus códigos, contudo ela não possui uma capacidade metalinguística, ou

seja, ela não revela uma certeza para que todos tenham a compreensão real do que ela

quis passar, logo faz-se necessário um aprender a ler as imagens. (JOLY, 1996)

Explicando esta ideia pode-se recorrer a Barthes (1964), que afirma que a conotação da

imagem é uma provocação de uma segunda significação de um primário. Por exemplo:

a cruz é um símbolo qualquer, contudo, ela não irá significar apenas uma cruz, mas terá

o intuito de representar uma igreja, ou um cemitério, ou um hospital, vai depender da

contextualização e da espacialidade em que ela se encontra, ou ainda, poderia se afirmar

que a imagem não consegue ser suficiente para informar o todo da mensagem quando

está sozinha, descontextualizada, fazendo com que ela precise de algo que a

complemente e traga sentido aquela visualização.

Isto traz a significação e importância do objeto de estudo desta pesquisa sobre os

infográficos no meio educacional, visando compreender a utilização dos mesmos no

contexto atual, principalmente no ensino de Geografia, que por si, carrega em seu

arcabouço, uma infinidade de situações que permitem a exploração do visual enquanto

imagem espacial a ser explorada para sua melhor compreensão.

A palavra infográfico vem da simplificação do termo em inglês information

graphic, designando info graphia. O termo info (do latim) é traduzido como: mostrar

claramente uma ideia ou conceito, demonstrar, exibir, caracterizar uma noção de algo. O

termo graphia, que é compreendido como: através das palavras, da escrita. Desta forma,

podemos considerar o infográfico como sendo a união entre palavra e imagem, em que

uma complementa a outra para obtenção do sentido desejado (ALVAREZ, 2012).

Colle (2005), classifica a infografia em três categorias gerais: os infográficos

científicos ou técnicos, que são utilizados em pesquisas de cunho científico e em

manuais técnicos, há muitos anos. Os Infográficos de divulgação, estes se preocupam

em atender a transmissão de conhecimentos técnicos e científicos, para toda a

população, também estão presentes em materiais didáticos, enciclopédias e podem ser

utilizados para a educação informal, ou seja, um processo em que o ser humano

desenvolve valores, hábitos, aprende alguns saberes técnicos, científicos e do senso

comum em ambientes do cotidiano, também em revistas, catálogos e placas. E por fim,

os infográficos jornalísticos, os quais são os mais “populares”, responsáveis por ajudar

na transmissão de conhecimentos, apresentando os fatos na sequência em que ocorreram

e as consequências que foram deixadas.

Page 105: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

104

Os infográficos se constituem atualmente em elementos comunicativos muito

presentes em materiais didáticos, exames nacionais, como ENEM, e provas de

vestibulares da área de Geografia, além dos mais diversos meios informacionais

contemporâneos. É um recurso didático e uma linguagem muito utilizada por

professores para ensinar conceitos e trazer informações de conteúdos geográficos, visto

que se trata de um modelo comunicativo bastante eficiente para expressar dados e

informações aos leitores no contexto atual, principalmente com o avanço das

tecnologias. Este formato, denominado de semiótico, une texto escrito a imagens e/ou

dados, e busca, ao mesmo tempo, maior amplitude e contextualização aos conteúdos,

bem como instigar o aluno a interpretar esses códigos visuais, favorecendo uma nova

percepção de letramento científico.

Na sequência é apresentado um modelo de Infográfico presente em materiais

didáticos e questões do ENEM:

Figura 1. Questão 28 – Enem 2013 (layout adaptado).

No esquema, o problema atmosférico

relacionado ao ciclo de água acentuou-se

após revoluções industriais. Uma

consequência direta deste problema esta

na: a) redução da flora

b) elevação das marés

c) erosão das encostas

d) laterização dos solos

e) fragmentação das rochas

Fonte: Ir além ENEM: Resumos infográficos complementos questões. 1. Ed. São Paulo:

FTD, 2016

Observa-se que o elemento visual associado aos apontamentos escritos exige do

aluno o raciocínio reflexivo sobre uma situação habitual da realidade, associando vários

componentes nela presente, de modo a não isolar o conceito da complexidade do todo.

Esse é apenas um exemplo, mas o mesmo existe nos mais diversos contextos, sejam eles

físicos, humanos, sociais, políticos, partindo de dados estatísticos, mapas, etc.

Considerações sobre os Resultados

Observou-se diante dos estudos teóricos desenvolvidos que os infográficos são elementos comunicativos presentes nos dias atuais, seja nos canais de imprensa escrita ou até mesmo nos materiais didáticos e nos mecanismos de seleção e/ou avaliação da área de Geografia. Os mesmos se constituem num potencial instrumento de análise e interpretação, uma vez que apresentam uma junção de elementos visuais, sejam eles constituídos por fotos, mapas, gráficos, croquis ou organogramas, com explicações textuais sintetizadas. Isso contribui para o processo cognitivo de modo a apreender a informação num âmbito mais amplo, unindo o concreto (visual codificado) com seu conceito (decodificação), conduzindo mais rapidamente às condições interpretativas.

Page 106: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

105

Com estas propriedades intrínsecas, os sistemas educativos vêm se apropriando nos últimos anos desse recurso comunicativo com ênfase para o Ensino Médio (recorte analisado), bem como os órgãos responsáveis pelos processos seletivos de vestibular e no ENEM, que tem adotado essa linguagem para apresentar suas questões. Constatou-se, além da presença constante nas últimas provas que os infográficos aparecem com mais intensidade nas categorias científicas e de divulgação e que estão mais presentes nas questões da área humana da disciplina de Geografia.

Diante do que fora possível verificar, constatou-se que os infográficos presentes nos materiais didáticos contribuem para a compreensão de fenômenos da Geografia, preparando os alunos para um pensar mais analítico e reflexivo, de modo a exigir dos professores um amplo direcionamento metodológico para este tipo de abordagem conceitual. Isto vem se efetivando cada vez mais, principalmente nas redes privadas de ensino, e deve também ser apropriada pelos docentes da rede pública, uma vez que toda a comunidade discente estará à frente desta cobrança nos dispositivos avaliativos.

Percebe-se que a velha decoreba de conceitos prontos já não cabe mais nas concepções educativas atuais, que acompanham os interesses da sociedade que demanda sujeitos capazes de compreender e contextualizar os fatos. Esse é apenas um dos mecanismos para propiciar às escolas um novo olhar sobre a formação dos alunos, contudo tem-se a certeza de um uso mais intenso dos infográficos, considerando a própria expansão e o acesso aos dispositivos tecnológicos e informacionais pelas pessoas.

Referências Bibliográficas

Alvarez, Ana Maria Torres. Infografia na educação: contribuições para o pensar crítico

e criativo. 2012. 313 f. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.

BARTHES, Roland. Rhétorique de I’image. In: Comunications, no 4. Paris: Seuil, 1964.

COLLE, Raymond. Estilos o tipos de infográficos. [S.I.], 2005. Disponível em: <

http://www.ull.es/publicaciones/latina/a/02mcolle/texto.colle.htm.> Acesso em: 13 ago.

2017.

GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: A Teoria na Prática. Porto Alegre: Ed.

Artes Médicas, 1995.

JOLY, Fernand. Introdução à análise da Imagem. Tradução de Marina Appenzeller.

Campinas: Papirus, 1996.

Page 107: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

106

A INSTALAÇÃO DA ESTAÇÃO METEOROLOGICA DO LABCLIMEAM: O

ENSINO, A PESQUISA, E A EXTENSÃO

Andresa Ap. Alves Santos;

Gilson Campos Ferreira da Cruz

INTRODUÇÃO

Atualmente ouve-se muito em falar sobre a Climatologia e a Meteorologia pois

estão presentes no dia- a- dia das pessoas, através das condições do tempo

meteorológico, auxiliando em suas atividades, segundo Fogaça, Limberger (2011) a

Climatologia é ciência que busca estudar os fenômenos atmosféricos num longo prazo

de tempo, enquanto que a Meteorologia pretende, através de cálculos matemáticos e

análise de imagens de satélites, prever as mudanças no tempo em um curto prazo, no

entanto o ser humano não possui uma dimensão climática, muitas vezes isso ocorre pela

falta de recursos que são ofertadas na escolaridade destas, por exemplo, nas escolas

muito pouco se é estudado sobre meteorologia ou até mesmo climatologia.

Tendo em vistas essas implicações procurou-se a elaboração de um projeto de

extensão que tenha como objetivo principal abordar essa compreensão de climatologia e

meteorologia para comunidade acadêmica e comunidade geral, através da implantação

da estação meteorológica na Universidade Estadual Ponta Grossa, onde essa

aprendizagem ficara mais valida e eficaz.

OBJETIVOS

O projeto de extensão da Estação Meteorológica tem por objetivos proporcionar

uma aproximação entre universidade, alunos e a comunidade em geral, com um

aprender mais dinâmico sobre a estação meteorológica, onde todos possam conhecer os

instrumentos que pertence à estação meteorológica automática e convencional, bem

como utilizar os dados coletados para fins acadêmicos e cotidianos.

METODOLOGIA

A Estação Meteorológica está sendo instalada nas dependências Universidade

Estadual Ponta Grossa, Campus Uvaranas, com previsão de término até o fim deste ano.

Segundo o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), em geral a Estação

Meteorológica Automática possui sensores de temperatura, radiação UV, umidade,

precipitação, direção e velocidade do vento, além de uma central de armazenagem de

dados, e uma Estação Meteorológica Convencional, composta por vários equipamentos,

os quais foram doados pelo IAPAR (Instituto agronômico do Paraná ) em janeiro de

2017, como: Heliógrafo utilizado para a medição da insolação/brilho solar, através de

Page 108: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

107

uma esfera de vidro maciça por onde a radiação solar transparecer e converge num feixe

de luz, que irá queimar a tira de papel e o actinógrafo também utilizado para medir a

radiação solar, mas consiste em placas que absorvem a radiação em diferentes

quantidades, registrando o valor instantâneo da radiação.

.

O higrógrafo que tem por função medir e registrar a umidade relativa do ar;

Barógrafo que registra continuamente a pressão atmosférica; Anemógrafo utilizado para

registrar a variação de direção e velocidade dos ventos; Evaporigrafo o qual registra a

evapotranspiração da água em um diagrama semanal, consiste em um reservatório de

água, com uma área em exposição, donde um disco absorvente continuamente

encharcado é exposto; Evaporimetro de piche utilizado para medir a evaporação em

milímetros de água evaporada no período diário.

Os equipamentos que são utilizados para a medir e registrar as chuvas, o

orvalho, e as temperaturas como: Pluviógrafo o qual registra num diagrama diário o

gráfico de todos os detalhes da chuva: altura, intensidade, caráter, início e término;

Pluviômetro o qual consiste de um funil oco com uma área de captação exposta de 20

cm de diâmetro e instalado a1,5 m do solo, e tem por função indicar a altura da lamina

d’agua sobre toda a extensão do metro quadrado de superfície. Para as medidas de

orvalho temos: Orvalhografo sendo utilizado para registrar a ocorrência e intensidade do

orvalho e pode se mensurar a quantidade de orvalho formada e a duração; Aspergígrafo

este tem por finalidade registrar o período de molhamento do orvalho. E os aparelhos de

medição das temperaturas: termômetros de máxima capaz de registra a maior

temperatura diária, por volta das 15h seu registrador é em mercúrio, e mínima registra

menor temperatura diária por volta das 04h às 6h, seu registrador é em álcool para uma

melhor precisão, os geotermômetros para medir a temperatura do solo em várias

profundidades dentre 02cm a 1 m.

Higrógrafo Barógrafo Anemógrafo Evaporigrafo

Page 109: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

108

Estes ficarão alojados dentro da área pré-estabelecida de 81m², a qual se

encontra em construção, seguindo um mínimo de padronização estipulada pelo INMET,

como a cor do abrigo meteorológico em madeira na cor branca, e o gramado ambos para

evitem o excesso de aquecimento.

No momento de definição do local, foi abordado a técnica Sky View Factor,

juntamente com o software Rayman versão 1.2, o qual obtém o fator de visão do céu.

Assim foi tirado fotos como uma câmera especial com lente olho de peixe, onde mostra

uma imagem em projeção estereográfica a qual posteriormente transformada em uma

imagem monocromática deixando construções e arvores como obstáculo a ser

calculado, afim de mais precisão nos resultados:

O processamento das fotos datadas de 01/12/2015, permitiu determinar o fator de

visão do céu que é de: 0.878 e obstrução de 12.2%, tendo obstrução maior nos

quadrantes NW, SO, nota-se a obstrução pelas arvores, considerando o caminho aparente

do sol no verão percebe-se que não há muitas obstruções resultando em um local viável a

instalação, porem será necessário a poda das arvores para que se possa aumentar o fator

de visão do céu no local. No que refere a espacialização dos equipamentos dentro da

estação meteorológica foram considerados aspectos de segurança tanto das pessoas que

iram circular, quantos aos equipamentos para que não haja nenhum acidente, bem como

analise de posição dos instrumentos em relação aos outros.

Pluviógrafo Pluviómetro

Orvalhografo Aspergígrafo

Page 110: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

109

. O projeto tem por finalidade uma aproximação da comunidade e alunos através

da estação, onde terão a oportunidade de conhecer sobre o funcionamento e a finalidade

de cada instrumento que compõe a estação. As visitas serão previamente agendadas por

telefone e pelo site do Laboratório de Climatologia e Estudos Ambientais, sob a

orientação dos estagiários e coordenador do laboratório, geralmente no período

vespertino. Além disso o site trará informações que irão complementar o aprendizado

feito durante a visita.

Segundo Sant’Anna Neto (1998) apud Rondão e Santos (2012), mostra que o

interesse do homem em compreender os fenômenos originados na atmosfera e que de

forma direta repercutem na superfície terrestre é tão antigo quanto a sua percepção do

ambiente habitado, sendo assim será de grande importância a realização dessas visitas

monitoradas, bem como também se mostrará eficiente no que refere aos conteúdos

abordados em sala, facilitando assim a compreensão dos mesmos.

RESULTADOS

Durante o processo de instalação da estação, obteve-se um amparo em

pesquisa, e elaboração da técnica Sky View Factor que vão proporcionar uma base

motivadora para as esperadas visitas da comunidade da região. A definição dos locais

para instalação de cada equipamento, foi feita com a participação de toda a equipe,

momento em que levou em consideração, questões de segurança para os equipamentos e

de espacialização, considerando a circulação das pessoas, comunidade acadêmica e

comunidade em geral, que participaram das visitas monitoradas. Um dos principais

resultados desse projeto estará na importância que há do cidadão ter contato com as

dinâmicas do clima, para melhor compreensão do seu próprio cotidiano

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos primeiros contatos de divulgação do projeto, as pessoas têm se mostrado

bastantes interessadas e a expectativa é grande por parte da comunidade universitária e

em geral.

Com relação ao estudo que será abordado nas visitas bem como nas palestras,

sabemos que condicionará aos visitantes na observação do clima, uma perspectiva de

compreensão dos fatores relacionados ao clima e dos instrumentos que serão utilizados

para registrar esses fatores.

Agradecimentos: Fundação Araucária, pela Bolsa concedida para o projeto de extensão.

Planta Estação

Meteorológica na UEPG

Page 111: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

110

Apoio: (IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS FOGAÇA. K, T. LIMBERGER L. Percepção ambiental e climática em colégios públicos do município de Toledo–PR. Disponível em: http://cac-php.unioeste.br/eventos/geofronteira/anais2011/Arquivos/Artigos/ENSINO/Artigo44.pdf. Acessado em: 09 de outubro de 2017

Instituto Nacional de Meteorologia. Estações Convencionais. Disponível em:

http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/estacoesConvencionais. Acessado

em: 28/02/2017 ás 20h

ROLDÃO, Aline de Freitas. SANTOS, Juliana Goncalves. A estação meteorológica da

universidade federal de Uberlândia como ferramenta para ensino de climatologia.

Revista de Ensino de Geografia, Uberlândia, v. 3, n. 5, p. 64-75, jul./dez. 2012.

SILVA, Mario A. Varejão. Meteorologia e climatologia :Versão Digital 2, 2006.

Disponível em:

<http://www.icat.ufal.br/laboratorio/clima/data/uploads/pdf/METEOROLOGIA_E_CLI

MATOLOGIA_VD2_Mar_2006.pdf >. Acessado em: 28/02/2017.

Page 112: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

111

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ENTRE ESTUDANTES DA “GERAÇÃO Z”

ACERCA DE CONCEPÇÕES DE GÊNERO: AS NOVAS TECNOLOGIAS

ESTÃO CONTRIBUINDO PARA CONCEPÇÕES MAIS PROGRESSISTAS OU

CONSERVADORAS?

Letícia Marli Fernandes;

Záire Osório dos Santos;

Edvanderson R dos Santos;

Adriana Gelinski

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como escopo entender a visão da atual geração Z sobre as

noções e compreensões sobre gênero. Também se problematiza o papel das novas

tecnologias na formação das ideias da geração. A pesquisa se justifica devido ao atual

momento vivido nas discussões sobre gênero, bem como faz-se relevante diante do

aumento no índice de violência contra a mulher e a população LGBT (FILHO, 2005).

De tal modo, o presente objetivo do trabalho é determinar, por meio de questionários

aplicados com os alunos na faixa etária de 14-17 anos, as características das representações

sociais da geração Z ao qual eles a atribuem sobre as concepções de gênero. Além de

identificar as ideias pré-estabelecidas pela sociedade e os preconceitos que ainda permeiam

sobre esta geração. E por fim, como as redes sociais, os diferentes gêneros e a religião

influenciam acerca desse assunto.

A Geração Z nasceu na era da digitalização e desde pequenos estão expostos ao

mundo tecnológico, as redes sociais permitem ter um acesso mais rápido e direto de

informação ao qual se encontra polarizada, neste meio você pode optar pelo o que quer ler e

quais informações irão chegar até você, mas até que ponto as novas tecnologias estão

contribuindo para o progresso social? Se é que de fato ela está contribuindo para um

pregresso, poderia as redes estar colaborando para a formação de uma sociedade

conservadora? Com a análise dos dados conseguimos traçar uma resposta para essa questão,

apesar do fácil acesso a diversos assuntos as pessoas acabam se fechando em uma bolha

política e, assim como nas redes sociais o preconceito e a discriminação ficam subjetivos.

Page 113: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

112

METODOLOGIA

Para obtenção dos dados utilizamos aplicação de questionário as/os alunas/os dos

técnicos integrados ao Ensino Médio do IFC Campus Araquari. Entre as perguntas estão

perguntas sobre as questões de gênero e assédio. Muitos estudantes compreendem o gênero,

relacionado a algo determinado pela natureza do indivíduo, aquele que nasce com órgãos

sexuais predeterminados para tais gêneros. Além disso, foram realizado buscas em páginas

da internet como na página “quebrando tabu” e “deboas na revolução” resultando em imagens

progressistas. Por outro lado ao buscar páginas como “orgulho em ser hetero” e “garota

conservadora” evidencia-se imagens conservadoras. Tais páginas são adivindas do Facebook

pelo fato de ser uma forte ferramenta de comunicação na geração Z. Logo após foi elaborado

um questionário a despeito da perspectiva da geração Z sobre o assunto, utilizando perguntas

acerca de religião, gênero, assédio, machismo entre outras. Para abordar as redes sociais no

questionário utilizamos imagens dos modelos citados acima, dando como opção para os

participantes as reações provenientes do Facebook.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Inicialmente, como base do trabalho precisou entender o significado de gênero.

Para definir gênero precisa-se distinguir sexo que se refere ás características biológicas

de homens e mulheres, ou seja, ás características específicas dos aparelhos reprodutores

femininos e masculinos, de gênero que são as relações sociais desiguais de poder entre

homens e mulheres que são o resultado de uma construção social do papel do homem e

da mulher a partir das diferenças sexuais. (CABRAL; DIAZ, 1998) Refletindo acerca da

definição abordada, entende-se que gênero vem decorrente de uma relação na sociedade

no qual estamos inseridos, porém, infelizmente a partir de uma cultura machista o papel

de homem e de mulher já é destinado desde o nascimento.

Após um longo entendimento acerca de gênero, e a elaboração do questionário,

aplicamos o mesmo no campus Araquari, onde participaram da pesquisa 255 estudantes.

Depois do término do questionário, analisamos as respostas dividindo-as em religião e

gênero. Para uma análise mais ampla utilizamos as questões sobre qual gênero se

identificava, se já havia sofrido assédio e quais questões de assédios já haviam

acontecido. Além de separar duas imagens, uma progressista e uma conservadora, e

analisar como a religião e o gênero influenciavam nas reações dessas imagens.

Evidenciou-se através das respostas das/dos alunas/os que suas compreensões sobre

gênero estão atreladas ao biológico e a noção linear, ou seja, sexo, gênero e desejo, assim uma

Page 114: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

113

pessoa quando nasce é dita homem ou mulher de acordo com o órgão genital somente

consequentemente suas relações afetivas também são ditadas por esta linearidade, nesta

concepção sempre correspondendo a ordem heterossexual (SILVEIRA, 2014). Ademais

através do gênero são pré-estabelecidos papéis e características. Assim 17% das pessoas

participantes caracterizaram as mulheres sendo puras e do lar e 23% como pessoas fortes e

guerreiras. Outro ponto relevante mostra-se em relação a religiosidade e a frequência nos

espaços religiosos, pois como evidenciado algumas concepções religiosas reiteram

pensamentos mais conservadores em assuntos como as sexualidades e as questões de gênero.

58% dos participantes se identificaram sendo do gênero feminino e, quando

tratamos da questão do assédio, achamos importante mostrar a diferença dos gêneros em

relação ao assédio sofrido. A resposta foi a de que 70 alunos do gênero masculino

alegaram nunca terem sofrido assédio e 32 alegam já terem sofrido; em relação ao

público feminino 124 pessoas alegaram já ter sofrido algum tipo de assédio e apenas 25

estudantes não. Com esses dados fica nítida a grande diferença em relação ao assédio

sofrido entre os gêneros.

Outra parte da análise dos resultados se deu através de duas imagens, uma de

feitio classificado como “conservador” (Figura 01) e outra classificado de “progressista”

(Figura 02). Com base nas imagens foi abordada a reação de diferentes grupos, sendo

eles: Público feminino, masculino, os que vão sempre ou quase sempre a cultos

religiosos, e os que nunca ou quase nunca vão a cultos religiosos. Utilizamos reações do

Facebook por ser uma rede social bastante utilizada e ao qual a geração Z se identifica e

busca informações. Queríamos trazer como cada grupo se comporta a medidas

consideradas progressistas e conservadoras. Na imagem conservadora, referente ao

grupo masculino, onde amaioria (43 alunos) reagiu de forma negativa à imagem

conservadora, porém teve uma grande quantidade de curtir (29 alunos), ou seja, muitos

curtiram a condição da mulher em função do marido. Referente ao público feminino,

onde maior parte das meninas (91 alunas) reagiu de forma negativa á imagem, se

opondo a uma imagem que fazia delas submissa ao companheiro.

Com relação a imagem progressista no grupo masculino predominou areação

curtir, com 44 alunos. Estando quase empatas as reações “amei”, “grr” e “haha”, com 17,

13, 13 respectivamente. Podendo então constatar que uma parte do público masculino não

gostou da imagem, ou simplesmente desdenhou com areação “haha”. Referente ao grupo

feminino, onde predominou as reações “amei” e“curtir” tendo poucas alunas distribuídas

em outras reações. As mulheres reagiram de forma mais positiva que o homem, por

entenderem todo o preconceito que é sofrido por causa das vestes e se sentirem

representadas com a imagem analisada.

Page 115: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

114

Figura01-Imagem conservadora

Figura 02 – Imagem progressista

Fonte: Facebook: De boas na revolução

Page 116: ANAIS - pitangui.uepg.br · mini-curso sobre Geocodificação com a criação de Cartogramas com QuantumGis para os alunos PIBID. Com a finalização da coleta dos dados nos colégios,

XXIV Semana de Geografia – 2017

“Geografa Integradora: cidade, cultura e educação uma abordagem da

ciência geográfica” ISSN 2317-9759

115

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar do término da pesquisa ainda não estar concluída – entendendo que para

uma pesquisa mais ampla mais escolas devem ser analisadas-observa-se que fica cada

vez mais notória a importância de se fazer o debate de gênero nas escolas. Com a

análise dos dados constatou-se que apesar do fácil acesso a informação nas mídias

digitais a diversos assuntos e os diferentes avanços sociais das últimas décadas, os

jovens da geração Z acabam se fechandoem bolhas políticas e/ou ideológicas. Ou seja, a

geração Z não está isenta dos preconceitos, pois o machismo contemporâneo se mascara

nas expressões da geração.

A Geração Z nasceu na era da digitalização e desde pequenos estão expostos ao

mundo tecnológico. As redes sociais permitem ter um acesso mais rápido e direto de

informação ao qual se encontra polarizada, neste meio você pode optar pelo o que quer

ler e quais informações irão chegar até você. Mas até que ponto as novas tecnologias

estão contribuindo para concepções mais progressistas ou conservadoras?A partir da

análise dos dados infere-se que como ferramenta de comunicação as novas tecnologias

nos permitem ter acesso àsdiferentes perspectivas de um determinado assunto, onde

deixa a critério da pessoa analisar os dados obtidos. Geralmente para usufruir das

informações,o sujeito deve ter uma atitude tolerante e de alteridade para debater as

diferentes perspectivas de determinado tema – como as questões de gênero. Caso

contrário poderá se fechar dentro de uma bolha, isolado com a informação que lhe

convém, atrapalhando seu desenvolvimento e repetindo discursos conservadores.

REFERÊNCIAS

CABRAL, F.; DÍAZ, M. Relações de gênero. In: SECRETARIA MUNICIPAL DE

EDUCAÇÃO DE BELO HORIZONTE; FUNDAÇÃO ODEBRECHT.Cadernos

afetividade e sexualidade na educação: um n ovo olhar. Belo Horizonte: Gráfica e

Editora RonaLtda, 1998. p. 142-150.

FILHO, A. T. Uma questão de gênero. São Paulo, jan-jun. 2005.

SILVEIRA, M. L. Apontamentos para uma trajetória teórica feminista. In: RESVISTA

COMMUNICARE, São Paulo, v.14, n. 1, p.158-170, set. 2014.