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I CICLO DE ESTUDOS EM EDUCAO
CONTEMPORANEIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE
ANAIS
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Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das
Misses Reitor Luiz Mario Silveira Spinelli Pr-Reitora de Ensino Rosane Vontobel Rodrigues Pr-Reitor de Pesquisa, Extenso e Ps-Graduao Giovani Palma Bastos Pr-Reitor de Administrao Clvis Quadros Hempel Campus de Frederico Westphalen Diretor Geral Csar Lus Pinheiro Diretora Acadmica Silvia Regina Canan Diretor Administrativo Nestor Henrique De Cesaro Campus de Erechim Diretor Geral Paulo Jos Sponchiado Diretora Acadmica Elisabete Maria Zanin Diretor Administrativo Paulo Roberto Giollo Campus de Santo ngelo Diretor Geral Maurlio Miguel Tiecker Diretora Acadmica Neusa Maria John Scheid Diretor Administrativo Gilberto Pacheco Campus de Santiago Diretor Geral Francisco de Assis Grski Diretora Acadmica Michele Noal Beltro Diretor Administrativo Jorge Padilha Santos Campus de So Luiz Gonzaga Diretora Geral Sonia Regina Bressan Vieira Campus de Cerro Largo Diretor Geral Edson Bolzan
ANAIS DO I CICLO DE ESTUDOS EM EDUCAO
CONTEMPORANEIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE
JUNHO A SETEMBRO DE 2013
FREDERICO WESTPHALEN - RS COORDENAO DO EVENTO Programa de Ps-Graduao em Educao Departamento de Cincias Humanas Cursos de Filosofia, Letras, Matemtica, Pedagogia e Psicologia Comisso Cientfica Adriane Ester Hoffmann Alessandra Tiburski Fink Ana Maria Carvalho Metzler Ana Paula Teixeira Porto Camila Nicola Boeri Carmo Henrique Kamphor Claudir Miguel Zuchi Ederson Cadona Edite Maria Sudbrack Eliane Maria B. Grotto Elisabete Cerutti Juliane Claudia Piovesan Leandro Greff da Silveira Maria Cristina Gubiani Aita Maria Tereza Cauduro Maria Thereza Veloso Marines Aires Marins Ulbriki Costa
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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSES CAMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN
DEPARTAMENTO DE CINCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EDUCAO
CURSOS DE FILOSOFIA, LETRAS, MATEMTICA, PEDAGOGIA E PSICOLOGIA
I CICLO DE ESTUDOS EM EDUCAO
CONTEMPORANEIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE
ANAIS
Organizadoras
Edite Maria Sudbrack Magali Teresa de Pellegrin Reinheimer
Mrcia Dalla Nora
FREDERICO WESTPHALEN
2013
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Este trabalho est licenciado sob uma Licena Creative Commons Atribuio-NoComercial-SemDerivados 3.0
No Adaptada. Para ver uma cpia desta licena, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/. Organizao: Edite Maria Sudbrack, Magali Teresa de Pellegrin Reinheimer e Mrcia Dalla Nora Reviso metodolgica: Magali Teresa de Pellegrin Reinheimer Diagramao: Magali Teresa de Pellegrin Reinheimer Capa/Arte: Andr Forte Reviso Lingustica: Wilson Cadon
O contedo de cada trabalho bem como sua redao formal so de responsabilidade exclusiva dos (as) autores (as).
Catalogao na Fonte elaborada pela
Biblioteca Central URI/FW
C499a
Ciclo de Estudos em Educao (1.: 2013 : Frederico Westphalen, RS)
Anais [recurso eletrnico] [do] I Ciclo de Estudos em Educao : contemporaneidade e interdisciplinaridade, Departamento de Cincias Humanas, Programa de Ps-Graduao em Educao / Organizadores: Edite Maria Sudbrak, Magali Teresa de Pellegrin Reinheimer, Mrcia Dalla Nora. Frederico Westphalen : URI Frederico Westph, 2013.
726 p.
ISBN 978-85-7796-104-7
1. Cincias Humanas. 2. Educao. I.Sudbrak, Edite Maria. II. Reinheimer, Magali Teresa de Pellegrin. III. Nora, Mrcia Dalla . IV. Ttulo.
CDU 37
URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Misses Prdio 8, Sala 108
Campus de Frederico Westphalen Rua Assis Brasil, 709 - CEP 98400-000 Tel.: 55 3744 9223 - Fax: 55 3744-9265
E-mail: [email protected], [email protected]
Impresso no Brasil Printed in Brazil
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SUMRIO
15 APRESENTAO
16 PALESTRAS
17
INOVAO CURRICULAR NO ENSINO MDIO: A POLITECNIA EM QUESTO Gaudncio Frigotto
38 APRENDER A APRENDER Pedro Demo
59 PLENRIAS
60 EIXO TEMTICO: Polticas Pblicas e Gesto da Educao
61
A AVALIAO NA POLTICA DE PROGRESSO CONTINUADA E A CONSTANTE BUSCA POR QUALIDADE E EQUIDADE. Silvia Daiana Parussolo Boniati
69
A EDUCAO EMANCIPATRIA E OS CONSELHOS DE SADE: ESTRATGIAS PARA EFETIVAO DO CONTROLE SOCIAL EM SADE Caroline Ottobelli
79
A EDUCAO INFANTIL DO DIREITO OBRIGAO: CAMINHO PARA A QUALIDADE? Emanuele Froner
90
A MANUTENO DAS CULTURAS INDGENAS POR INTERMDIO DA EDUCAO Denise Tatiane Girardon Dos Santos
95 ESTUDOS INICIAIS SOBRE GESTO ESCOLAR NA EDUCAO BSICA Adejane Pires Da Silva e Eliane Maria Cocco
101
FORMAO PEDAGGICA DO DOCENTE UNIVERSITRIO: REGULAO E/OU EMANCIPAO? Janane Souza Gazzola
111 FUNDEB: UMA POLTICA EDUCACIONAL Paulo Rogerio Brand
118 GESTO EDUCACIONAL E DEMOCRACIA: UMA RELAO NECESSRIA Clarinda De Carli
130
O IMPACTO DA INICIAO CIENTFICA NA FORMAO STRICTO-SENSU DOS EGRESSOS BOLSISTAS DA URI CAMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN Rosangela Da Silva
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137
POLTICAS DE FORMAO CONTINUADA E A PRTICA PEDAGGICA DOCENTE Camila De Fatima Soares Dos Santos
148
POLTICAS EDUCACIONAIS E SEU IMPACTO PARA A EDUCAO DE QUALIDADE Ana Paula Pellegrin
156 POLITICAS PUBLICAS DE EDUCAO PARA SERIES INICIAIS. Karine Seidel Da Rosa
165 POLTICAS PBLICAS E EXTENSO UNIVERSITRIA Adriano De Souza
173 EIXO TEMTICO: Formao de Professores e Prticas Educativas
174 A CANO EM DIFERENTES POCAS: UM PROPOSTA METODOLGICA Adriane Ester Hoffmann E Marins Ulbriki Costa
183
A IMPORTNCIA DA SUPERVISO ESCOLAR NA FORMAO ACADMICA DOCENTE ATRAVS DO PROGRAMA PIBID. A CONTRIBUIO DA SUPERVISO ESCOLAR NA FORMAO ACADMICADOCENTE ATRAVS DO PROGRAMA PIBID Dilvana Zanatta
192
A PEDAGOGIA DA ALTERNNCIA E OS PRINCPIOS SOCIOEDUCATIVOS DOS CENTROS FAMILIARES DE FORMAO POR ALTERNNCIA CEFFAs Vanessa Dal Canton
201
A PERSONIFICAO DA TEORIA NA PRTICAS EDUCATIVAS: O OLHAR DO PIBID NA CONSTRUO DA IDENTIDADE DOCENTE Anilce Angela Arboit
211 A PRXIS FILOSFICA: UMA REFLEXO SOBRE A CONSTRUO DO CONHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR Evandro Santos Duarte
220
A SUPERVISO NO PIBID, EDUCAO CONTINUADA E SABERES DOCENTES: QUESTES DE PROFISSIONALIZAO DO PROFESSOR Dulce Maria De Souza Hemielewski
229
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: UMA POLTICA DE EDUCAO ESPECIAL NO CONTEXTO ESCOLAR INCLUSIVO Emanuele Moura Barretta
237
AO SE RENOVAR NA FORMAO DO PROFESSOR, RENOVAM-SE AS PRTICAS PEDAGGICAS, RENOVA-SE A EDUCAO Viviane De Vargas Geribone
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243 AS VIVNCIAS DE ESTGIO A PARTIR DA FORMAO INICIAL Vanusa Kerscner
251 AUTOAVALIAO INSTITUCIONAL NA URI Patrcia Fontana
263
BRINQUEDOTECA UNIVERSITRIA: ESPAO DE FORMAO CONTINUADA Dbora Regina Vieira Rocha
273 CONTAO DE HISTRIAS: UMA VERDADEIRA FBRICA DE SONHOS Elisiane Andria Lippi
281
CONTEXTUALIZAO HISTRICA DA POLITECNIA: UM RETORNO AO CONCEITO MARXISTA Magali Seidel Kunz
294 CONTRIBUIES DE UM ENSINO MUSICAL NAS ESCOLAS Naiara Andreatto Da Silva
303 ESTADO DA ARTE DA PEDAGOGIA DA ALTERNNCIA Elisandra Manfio Zonta
312 ESTADO DA ARTE: EDUCAO INCLUSIVA NAS ESCOLAS RURAIS. Juliana Cerutti Ottonelli
328
EXPERINCIA DO PROGRAMA PIBID PEDAGOGIA ENSINO MDIO NA URI CAMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN: UM NOVO OLHAR SOBRE A FORMAO DO PROFESSOR Luci Mary Duso Pacheco
340
FORMAO DE ANIMADORES EM EDUCAO DO CAMPO COLABORANDO COM O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL DO MDIO ALTO URUGUAI GACHO Antonio Carlos Moreira
354
FORMAO DOCENTE A TEORIA E A PRTICA NA CONSTRUO DO CONHECIMENTO Luana Nunes Hauch
363 FORMAO DOCENTE: SABERES NECESSRIOS PARA UMA FORMAO Salete Maria Moreira Da Silva
372
FORMAO E PROFISSO DOCENTE: EXPERINCIAS VIVENCIADAS NO PIBID Eliane Matias Queiroz Martins E Marcieli Salete Schu
382
FORMAO INICIAL E CONTINUADA PARA PROFESSORES DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO AEE: POLTICAS E PRTICAS PEDAGGICAS PARA A INCLUSO DE ALUNOS Carina Luisa Kurek Tibola
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390 GNERO FILMICO: UMA NOVA EXPERINCIA EM SALA DE AULA Bibiane Trevisol
400
GNEROS MIDITICOS E VARIAO LINGUSTICA: PRTICAS DE USO REAL DA LNGUA. Patrcia Simone Grando
407 INTERFACE DIALGICA ENTRE ARTIGO DE OPINIO E NOTCIA Minia Carine Huber
415
KANT: UMA REFERNCIA NA CONSTRUO DO CONHECIMENTO A PARTIR DO SUJEITO ATIVO PEDAGGICAMENTE Fernando Battisti
422
LABORATRIO DE ENSINO DE MATEMTICA: CONTRIBUIES PARA OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM Eduardo Post
428
LEITURAS PEDAGGICAS: A VISO FREIREANA COMO PRTICA NECESSRIA A FORMAO DE PROFESSORES NAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO PIBID NA ESCOLA CAMPO. Raquel Da Silva Brochier e Vanessa Tas Eloy
436
LNGUA E CULTURA NO COTIDIANO ESCOLAR: A PERSPECTIVA DO ALUNO NAS RELAES INTERCULTURAIS Andria Dalla Costa
445 O ATO PEDAGGICO DE ENSINAR E A FORMAO DO PROFESSOR Fernanda Cristina Piovesan De Souza E Marisa Barbieri
455 O EDUCADOR: QUEM ELE? Silvana Aparecida Pin e Claudir Miguel Zuchi
464
O IMPACTO DA CASA FAMILIAR RURAL E DA PEDAGOGIA DA ALTRENNCIA NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DO MEIO RURAL Clber Renato Zorta
472
PEDAGOGIA DA ALTERNNCIA E AGRICULTURA FAMILIAR: IMPLICAES DA REVOLUO VERDE NA ORGANIZAO RURAL Anilce Angela Arboit
483
PIBID - POLTICA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAO DOCNCIA: UMA APROXIMAO ENTRE A TEORIA E A PRTICA DOCENTE Giovanessa Lcia Poletti
494
PIBID- PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAO DOCNCIA UM APOIO FORMAO DOCENTE Letcia Gobb
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504 POLITECNIA E O ENSINO POLITCNICO Vanderlei Gularte Farias
511
PROJETO DE PESQUISA: REFLEXES SOBRE A CRISE DA RACIONALIDADE INSTRUMENTAL NA EDUCAO E A CONSTRUO DA RACIONALIDADE EMANCIPATRIA Henriqueta Alves Da Silva
516
REFLEXES SOBRE EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS DO ENSINO SUPERIOR Edinia De Lurdes Samua
523
SADE/DOENA DOS DOCENTES E SUAS CONSEQUNCIAS NA PRTICA EDUCATIVA Jaqueline Marafon Pinheiro
531
TEMA GERADOR FREIREANO: RELAES DIALGICAS COM A PEDAGOGIA DA ALTERNNCIA Ana Paula Noro Grabowski
540 EIXO TEMTICO: Educao e Tecnologias
541 ANLISE DE DADOS E PROBABILIDADE NOS CURRCULOS Gesseca Camara Lubachewski
549 AS TECNOLOGIAS INFORMTICAS E O ENSINO DE MATEMTICA Franciele Spinelli Cargnin
557
EDUCOMUNICAO E A CONSTITUIO DO CONHECIMENTO A PARTIR DA LITERATURA INFANTIL PARA SURDOS Maria Aparecida Brum Trindade
565
OFICINAS DIDTICO PEDAGGICAS COM AUXLIO DE TECNOLOGIAS INFORMTICAS: EXPERINCIAS PROPICIADAS PELO PIBID Jssica Freitas Avrella
572 OS DESAFIOS DA DOCNCIA EM TEMPOS DE CIBERCULTURA Elisabete Cerutti
580
O USO DE TECNOLOGIAS E A MUDANA DE PARADIGMA DO ENSINO APRENDIZAGEM Roberto Franciscatto
588 TECNOLOGIAS NA EDUCAO: INOVAO ATRAVS DA REDE EDUCATIVA APRENDERMAIS.NET Manoelle Silaveira Duarte
596 EIXO TEMTICO: Educao e Diversidade
597 A LITERATURA COMO UM ESPAO PARA A DIVERSIDADE Luciane Figueiredo Pokulat
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603
A PRTICA PIBID EM LNGUA PORTUGUESA, UM ENSAIO PARA A VIDA PROFISSIONAL Daniela Tur e Claudia Aline Da Silva Vargas
610
BRINCANDO E APRENDENDO: ATIVIDADES LDICAS MEDIANDO A CONSTRUO DO CONHECIMENTO Manoelle Silveira Duarte
619 O ENFERMEIRO COMO PROTAGONISTA DA EDUCAO EM SADE Sinara Rapachi Rossato
625
OS INDGENAS E A UNIVERSIDADE: OS DESAFIOS PARA A INTERCULTURALIDADE Camila Guidini Camargo
633
PIBID: REVISITANDO E ESTABELECENDO RELAES ENTRE TEORIA E PRTICA DO ENSINO DA LNGUA PORTUGUESA Claudia Mara Silva De Oliveira e Tanise Gobbi Dos Reis
641
UM OLHAR DA PSICOLOGIA SOBRE A ARTE DE ENSINAR E APRENDER NA UNIVERSIDADE Lus Henrique Paloski
649 EIXO TEMTICO: Educao e Interdisciplinaridade
650 A INTERDISCIPLINARIDADE NA HISTRIA DA EDUCAO Clenio Vianei Mazzonetto
657
EDUCAR PELO CUIDAR HUMANIZAR: POR UMA EDUCAO COMPROMETIDA COM O CUIDADO Ilria Franois Wahlbrinck
666
MODELOS MATEMTICOS UTILIZADOS NA PREDIO DO TEMPO DE VIDA DE BATERIAS UTILIZADAS EM DISPOSITIVOS PORTTEIS Janine Da Rosa Albarello
672 PSTERES
673 EIXO TEMTICO: Polticas Pblicas e Gesto da Educao
674 A FORMAO CONTINUADA E A PRTICA PEDAGGICA DOS DOCENTES LUZ DO CICLO DE POLTICAS Camila De Fatima Soares Dos Santos
675
INCENTIVO CARREIRA DOCENTE: O ESTADO PROTAGONISTA OU REGULADOR? Tas Regina Freo
676 POLTICAS DE FORMAO INICIAL DOS PROFESSORES NO BRASIL Diani Carol Dos Reis
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677 EIXO TEMTICO: Formao de Professores e Prticas Educativas
678 A CIDADANIA E OS ALUNOS DO ENSINO MEDIO Martha Izabel Dalla Nora
679
A DOCNCIA UNIVERSITRIA: CONTRASSENSOS NAS POLTICAS DE FORMAO DE PROFESSORES Jssica De Marco
680 A INDISCIPLINA EM SALA DE AULA: A REFLEXO DO PIBID ACERCA DA PROBLEMTICA Marcia Da Silva
681 COMPETNCIA DOCENTE Tais Levulis
682
CONTEXTUALIZAO DO CONTEDO DE FRAES ATRAVS DE SITUAES COTIDIANAS Dionatan Breskovit De Matos
683
DIALETOLOGIA E TEXTOS JORNALISTICOS: A UNIDADE E A DIVERSIDADE NA MIDIA IMPRESSA DAS REGIOES DO MEDIO E ALTO URUGUAI, DAS MISSEOS E METROPOLITANA Letcia Rodrigues Da Silva
684 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Lucimara Nunes Hauch
685 DIRETRIZES PARA O ENSINO NORMAL Cassinli Aparecida Reis Borba
686 TICA NA FORMAO DOCENTE Cassiano Librelotto Trezzi
687 FORMAO DE PROFESSORES E PRTICAS EDUCATIVAS Janete Campos
688
FORMAO DOCENTE E O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAO DOCNCIA PIBID Cristina Enderli e Jaqueline Vargas Coelho
689
FORMAO DO PROFESSOR PARA A EDUCAO NO CAMPO: SABERES NECESSRIOS A PRTICA DOCENTE Mateus Jose Da Costa
690 FORMAO PROFISSIONAL ACADMICA: ESPAO- TEMPO INTERDISCIPLINAR NA CONSTRUO DO PROFESSOR Ketlin Ramos Nunes
691 FORMAO PROFISSIONAL ACADMICA: ESPAO-TEMPO INTERDISCIPLINAR NA CONSTRUO DO PROFESSOR Valria Vedana
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692
HABILIDADES E COMPETNCIAS: NA VISO DE INGRESSANTES E CONCLUINTES DE EDUCAO FSICA Tharles Gabriele Cauduro
693
LEITURAS PEDAGGICAS: CONTRIBUIES PARA A FORMAO INICIAL DOCENTE ATRAVS DO PIBID/URI FREDERICO WESTPHALEN Alessandra Maschio e Katiucia Daniela Poletto Magahim
694
OFICINA ENVOLVENDO O NMERO UREO: UMA EXPERINCIA PIBIDIANA Aline Danelli
695
OS ESPAOS E AS EXPERINCIAS VIVIDAS, SENTIDAS E INDISPENSVEIS PARA O CONHECIMENTO DO SER APRENDENTE Alexandra Franchini Raffaelli
696 OS JOGOS NO RECREIO E A TICA Tharles Gabriele Cauduro
697
PEDAGOGIA DA INFNCIA, EDUCADOR INFANTIL E TECNOLOGIA: PROCESSO EDUCATIVO EM CONSTRUO Edineia Dos Reis
698 PRTICA SUPERVISIONADA DE EDUCAO FSICA NO ENSINO MDIO Carlise Olschowsky Pereira
699 QUALIDADE DE VIDA PARA ALUNOS DO ENSINO MDIO Camila Cadon
700 RECREIO ESCOLAR: EM UMA ESCOLA DE FREDERICO WESTPHALEN Fernanda Cocco
701 EIXO TEMTICO: Educao e Diversidade
702 CINCIA, TECNOLOGIA E FILOSOFIA: UMA INICIAO ngela Srocynsky Da Costa
703 TICA E SOCIEDADE Claudiane Paula Szdloski
704
EXPERINCIA DE ESTGIO NO CONSELHO TUTELAR: UMA PRTICA VINCULADA EDUCAO Jaqueline Paula Vieira
705 NCLEOS DE INCLUSO SOCIAL Emanuele Moura Barretta
706
O USO DAS TICS COMO FERRAMENTAS PEDAGGICAS PARA O ENSINO DE REA DE FIGURAS PLANAS EM LIBRAS Maria Aparecida Brum Trindade
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707 UNIVERSIDADE X ESCOLA DE EDUCAO BSICA Viviane Andria Santana Saldanha Dos Anjos
708 EIXO TEMTICO: Educao e Tecnologias
709 A AULA E AS NOVAS TECNOLOGIAS NA CONTEMPORANEIDADE Letcia Cristina Scherer
710
ANLISE DE JOGOS EDUCACIONAIS ONLINE: CONTRIBUIES PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Rudinei Lazarotti
711
A TRAJETRIA DA TECNOLOGIA NA EDUCAO E AS POLTICAS PARA A FORMAO DO PROFESSOR COM O USO DAS TECNOLOGIAS Natana Fussinger
712
A TECNOLOGIA E SUA INFLUNCIA NAS CRIANAS DA EDUCAO INFANTIL E DOS ANOS INICIAIS Luana Fussinger
713
EDUCAO E TECNOLOGIA: POLTICAS PARA A FORMAO DO PROFESSOR Fabiana Vicente
714
EDUCAO E TECNOLOGIA: POSSIBILIDADES DE ENFRENTAMENTO DA EXCLUSO SOCIAL Karine De Freitas Quevedo
715 FILOSOFIA, CINCIA E TECNOLOGIA Alessandra Azeredo Ferrari
716
FILOSOFIA, CUIDADO E QUALIDADE DE VIDA: BIOTICA E AS RELAES DE PRODUO PRIMRIA Karoline Burin
717
IDEOLOGIA E ALIENAO: UMA REFLEXO SOBRE A SOCIEDADE DE CONSUMO Raquel Botezini Quoos
718
INDSTRIA CULTURAL E COMUNICAO DE MASSA: O PODER DOS MEIOS DE COMUNICAO Ricardo Ceolin
719
MSICA E TECNOLOGIA: REFLEXES E PERSPECTIVAS NO PROCESSO DE APRENDER E ENSINAR Letcia Zanella
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720 O LDICO NA EDUCAO INFANTIL Mara Margarida Ellwanger
721
POLTICAS PBLICAS PARA A FORMAO DO PROFESSOR NO USO DAS TECNOLOGIAS Raquel Johann Prezniska
722 RECURSOS TECNOLOGICOS NA PRTICA DOCENTE Marili Philippsen
723
REDES SOCIAIS: RECURSOS TECNOLOGICOS PARA O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Ana Claudia De Quadros Fontoura
724
TECNOLOGIA E COMUNICAO: APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS PARA PROFESSOR E ALUNO Casiane Vargas De Queiroz
725 EIXO TEMTICO: Educao e Interdisciplinaridade
726 AS INFLUNCIAS NA ESCOLHA DO CURSO DE GRADUAO Anelise Flach, Fbio Andr Frigeri E Gilson Henrique Panosso
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APRESENTAO
Esta publicao que ora tornada pblica contm a Conferncia de Abertura do I
Ciclo de Estudos em Educao: Contemporaneidade e Interdisciplinaridade, a cargo do
Professor Doutor Gaudncio Frigotto (UERJ), Inovao Curricular no Ensino Mdio: A
Politecnia em questo
Destacamos de igual forma, a palestra de Encerramento proferida pelo Professor
Doutor Pedro Demo (UnB), abordando a temtica Desafios da Educao Contempornea.
Anunciamos neste veculo tambm, os trabalhos aprovados pela comisso Cientfica,
na modalidade Plenria e Pster.
Ao faz-lo cumpre evocar o espao de reflexo sobre as temticas do contexto
educacional contemporneo; a integrao entre o PPGEDU da URI, Cursos de Graduao e as
Redes de Ensino; a divulgao das pesquisas e da produo de saber acerca dos eixos
temticos deste Ciclo.
A edio dos ANAIS leva ao leitor(a), a disseminao do saber que orbitaram em
torno da contemporaneidade e da interdisciplinaridade, focando os sub-eixos Educao e
Diversidade; Formao de Professores e Prticas Educativas; Polticas Pblicas e Gesto da
Educao; Educao e Tecnologias; Educao e Interdisciplinaridade.
Registramos, por fim, nosso reconhecimento aos pesquisadores que compartilham
sua cincia, aos pareceristas e avaliadores, pelo desprendimento e generosidade na apreciao
dos trabalhos.
Agradecemos de forma especial a todas as Comisses de Trabalho envolvidas pela
dedicao e disponibilidade.
Boa leitura.
A Coordenao
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PALESTRAS
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Anais I CICLO DE ESTUDO EM EDUCAO: Contemporaneidade e Interdisciplinaridade
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INOVAO CURRICULAR NO ENSINO MDIO:
A POLITECNIA EM QUESTO1
Gaudencio Frigotto2
Somos um pas que com frequncia fazemos reformas de legislao e mudanas
curriculares no suposto que a esteja o grande problema da educao bsica. No momento o
foco destas mudanas o ensino mdio dada a sua situao de acesso e qualidade pfias.
Com efeito, no Brasil, de acordo com os dados do Censo do INEP/MEC de 2011,
tem atualmente 8.357.675 alunos matriculados no ensino mdio. Apenas 1,2% no mbito
pblico federal, 85,9%, no mbito estadual, 1,1% no municipal e 11,8% no ensino privado.
Pode-se afirmar que no mbito pblico apenas as escolas federais de nvel mdio e algumas
experincias estaduais tm condies objetivas de um trabalho de qualidade com professores
de tempo integral, carreira digna, tempo de pesquisa e orientao, laboratrios, biblioteca,
espao para esporte e arte etc., cujo custo econmico mdio de 4 mil dlares,
aproximadamente 8 mil reais.
Mas o alarmante o que revela a ltima Pesquisa Nacional por Amostra de
Domiclios (PNAD) sobre a negao do direito ao ensino mdio aos jovens brasileiros.
Aproximadamente 18 milhes de jovens entre 15 e 24 anos esto fora da escola, metade da
juventude brasileira.
Face s condies objetivas das bases que se oferece na maioria das escolas pblicas
do Brasil o foco reiterado em nossa cultura educacional de reformas curriculares
contraditrio por duas razes principais. Primeiro porque o que bsico no muda com tanta
frequncia, pois de contrrio no seria bsico. As melhores escolas, onde estudam os filhos da
classe dirigente, resistem s mudanas daquilo que entendem que bsico. Um segundo
aspecto de que, especialmente em relao escola pblica, o problema fundamental no est
na reforma curricular e nem mesmo na gesto, como tanto se tem insistido entre ns. Tudo
isso importante, mas no resolve o problema dos dados acima apontados. Antnio Gramsci,
na dcada de 1930, referindo-se escola na Itlia insistia que seu problema principal no era
de currculo, o professor ou gesto, mas de deciso poltica da sociedade assumir a escola
pblica como uma questo central. 1 Texto da Conferncia de Abertura do I Ciclo de Estudos em Educao, realizada em 28/06/2013. 2. Doutor em Cincias Humanas- Educao. Professor titular em economia Poltica da Educao Na Universidade Federal Fluminense (aposentado). Atualmente professor no Programa de Ps graduao em Polticas Pblicas e Formao Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
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Anais I CICLO DE ESTUDO EM EDUCAO: Contemporaneidade e Interdisciplinaridade
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As diferentes denominaes que encontramos na legislao ou normatizaes sobre
o ensino mdio (ensino mdio inovador, ensino mdio integrado, ensino mdio tcnico,
ensino mdio tcnico concomitante ou subsequente) revelam que a classe dominante brasileira
representada nas organizaes da sociedade civil e com o poder na burocracia do Estado, no
poder judicirio, no executivo e no parlamento, no s no assume o preceito constitucional
de que o ensino mdio a etapa final da educao bsica, como, no raro e salve poucas
excees, impedem que isso acontea por interesses particularistas. Hoje vemos bancos, redes
de comunicao, igrejas, entidades industriais, de servios e do agronegcio, todos querendo
moldar a educao bsica de acordo com seus interesses particulares. O direito escola
pblica e os recursos para dar-lhes a bases materiais para seu funcionamento com qualidade
so sistematicamente ignorados.
Neste breve texto, que objetiva dar elementos para o debate especialmente com os
educadores e as instituies cientficas e movimentos sociais historicamente empenhados na
luta pela escola bsica pblica como direito social e subjetivo, vou abordar os seguintes
aspectos: o ensino mdio pbico como uma dvida social a hegemonia do pensamento
mercantil no contedo, mtodo e forma da educao bsica de ensino mdio e nas polticas
educacionais como entraves concepo de educao politcnica; a politecnia como
concepo no ensino mdio e o ensino mdio integrado como estratgia para a travessia a
esta concepo; e, a ttulo de consideraes finais, como se situa hoje a perspectiva de
educao politcnica, as resistncias e os desafios para uma agenda propositiva para renascer
das cinzas.
1.Ensino mdio: reiterao de uma dvida social politicamente produzida e
afirmao da concepo mercantil.
Caberia perguntar o que foi feito, quem utilizou de fato e em que mudaram a
educao fundamental brasileira os Parmetros Curriculares Nacionais lanados em 1997 no
governo de Fernando Henrique Cardoso? Dezesseis anos depois, o atual Ministro da
Educao bate na mesma tecla, agora em relao ao ensino mdio. Temos que sair desse
currculo3. Alm do currculo, outro lugar comum reiterado pelo ministro o despreparo dos
professores. Os alunos so digitais e a gerao de docentes, em geral, analgica.
3 Ver entrevista do Ministro Aluisio Marcadante ao Jornal Zero Horas em 15/06/20013. Baixada no dia 17.06.2013 [email protected] klecio.gruporbs.com.br
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Anais I CICLO DE ESTUDO EM EDUCAO: Contemporaneidade e Interdisciplinaridade
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O problema maior, certamente, est num outro lugar. Um olhar histrico sobre nossa
realidade educacional a partir da dcada de 1930 nos conduz a perceber que nunca se teve de
fato uma deciso poltica para enfrentar a questo da educao bsica em geral e, em
particular, o ensino mdio. No presente no s no se est enfrentando como a tendncia
dominante de gerir a educao bsica pblica com critrios mercantis.
Antnio Cndido, ao analisar a dcada de 1930 e a questo da cultura e educao
discorda das avaliaes dos que a historiografia apresenta como os pioneiros da educao para
os quais teria havido mudanas significativas no campo da educao pblica. Pelo contrrio,
para Cndido, como no houve alteraes na estrutura e relaes sociais, mas apenas um
arranjos entre os grupos da classe dominante, tratava- se de ampliar e melhorar o
recrutamento da massa votante e de enriquecer a composio da elite votada. Portanto, no
era uma revoluo educacional, mas uma reforma ampla, pois o que concerne ao grosso da
populao a situao pouco se alterou. (Candido, 1984, p. 28)
A ditadura civil militar, que durou duas dcadas, processou reformas em todos os
nveis de ensino e um dos focos era a profissionalizao compulsria do ensino mdio,
poca denominado segundo grau. Todas estas reformas efetivaram-se tendo como concepo
a teoria do capital humano. Tratava-se de entender a educao bsica no mais como um
direito social e subjetivo, mas um lugar onde, especialmente, as crianas e jovens da classe
trabalhadora iriam adquirir um capital, to importante quanto ser dono de fbricas, terras,
bancos, redes de televiso, etc. Uma ideologia que penetrou no tecido social e cultural e que
se aprofundou, como veremos adiante, com outras noes mais sutis com a ideologia
neoliberal 4.
A dcada de 1980 constitui-se num singular momento da vida poltica do Brasil onde
ressurgiram as lutas que foram interrompidas mediante a violncia do golpe civil militar de
1964. Um momento de intensa mobilizao pela redemocratizao e pela defesa da escola
pblica no contexto de construo de uma nova constituio. O campo educacional
mobilizou-se em debates, conferncias e, no interior de alguns programas de ps graduao,
na elaborao terica para a disputa das concepes de educao.
Foi no interior destes embates que aparece a elaborao das concepes da escola
unitria, politcnica, ominilateral e o trabalho como principio educativo. Trata-se de
concepes, como veremos abaixo, que no apenas se contrapem ao iderio da deologia de
capital humano, mas buscam ir alm concepo liberal burguesa de escola pblica.
4 . Para uma compreenso detalhada da teoria do capital humano e seus efeitos no desmanche da educao pblica no Brasil ver: Frigotto, 2010.
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O que se esperava de que a nova Constituio incorpora-se, certamente no estas
concepes, mas no mnimo o compromisso constitucional de garantir as bases materiais para
que o Brasil, ainda que tardiamente, pagasse a dvida imensa com o direito da educao bsica
no patamar daquelas sociedades que completaram a revoluo burguesa e que, mesmo que
dentro da dualidade, garantiram a educao bsica universalmente.
Passado meio sculo da anlise de Antnio Cndido, um dos mais destacados
intelectuais do sculo XX na defesa da escola pblica, universal gratuita, laica e democrtica,
Florestan Fernandes, proclamada a nova Constituio, conclui que a educao, uma vez mais,
no foi assumida pela sociedade como prioridade. A educao nunca foi algo de fundamental
no Brasil, e muitos esperavam que isso mudasse com a convocao da Assembleia Nacional
Constituinte. Mas a Constituio promulgada em 1988, confirmando que a educao tida
como assunto menor, no alterou a situao (Fernandes, 1992).
Os embates da dcada de 1990 enfrentados pelos movimentos sociais, organizaes
dos educadores e instituies cientficas, tanto no plano da defesa da escola pblica, quanto da
sua concepo pedaggica se deram numa conjuntura de contrarreforma sob os auspcios da
ideologia neoliberal.
O colapso do socialismo existente e a apropriao privada de um novo salto
tecnolgico digital molecular- deram as bases para o que se denominou de ajuste. A palavra
ajuste assume aqui o sentido poltico de consertar algo que tinha se desajustado da ideologia
do livre mercado como o deus regulador das relaes sociais5. Este ajuste seguiu uma cartilha
produzidas pelos intelectuais dos centros hegemnicos do capital e seus associados nos pases
de capitalismo dependente e de desenvolvimento desigual e combinado6 e que foi conhecida
como Consenso de Washington. Vrios intelectuais do campo econmico especialmente do
Brasil faziam e os que ainda vivem fazem parte dos organismos internacionais que
representam os interesses do grande capital.
5 . Os fundamentos do neoliberalismo ou de retorno ao liberalismo conservador foram desenvolvidos especialmente por Frederik Hayek, considerado pai do neoliberalismo. Sua tese fundamental que as polticas sociais do Estado de bem estar social e o socialismo levam servido, porque so contra a natureza humana e conduzem preguia, no competio, ao no progresso. Ver Hayek (1980 e 1987) 6 . O conceito de capitalismo dependente que se caracteriza por um desenvolvimento desigual e combinado se expressa pela combinao de concentrao de riqueza e capital e de desigualdade. Trata-se de um conceito que rechaa a ideologia da modernizao e expe os limites da teoria da dependncia com as abordagens centro e periferia e o confronto entre naes, ao situar o ncleo explicativo na relao de classes e no conflito de classe no sistema capitalista. Capitalismo dependente expressa que no se trata de dualidade e, tambm, no um confronto entre naes, mas a aliana e associao subordinada, em nosso caso da burguesia brasileira, com as burguesias dos centros hegemnicos do sistema capital na consecuo de seus interesses. Ver Fernandes, 1973
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O ajuste, em realidade, tem se constitudo num conjunto de medidas para permitir
liberdade total ao mercado, agora em termos globais, para o livre fluxo de capitais, em
especial, o financeiro e a anulao das leis que protegiam a classe trabalhadora e que lhes
garantiam direitos duramente conquistados ao longo do sculo XX.
Resulta deste ajuste um tempo de horror econmico, na anlise de Viviane Forrester
(1996), de rolo compressor ou desmedida do capital, sobre os trabalhadores e sindicatos,
como o descreve Danile Linhart (2007), de um pesado fardo histrico para a humanidade,
por Istvn Mszros(2007) e de banalizao da injustia social e corroso do carter,
respectivamente, nas anlises de Cristophe Dejours (1999) e de Ricard Sennett (1999).
Trata-se de uma literatura que evidencia a vingana do capital contra o trabalho e as
consequncias sobre o desemprego, a super explorao e precarizao dos trabalhadores em
todas as esferas da sociedade.
Embora as teses do neoliberalismo e sua aplicao poltica j estivessem em curso na
dcada de 1980, a organizao dos movimentos sociais, sindicatos e a batalha no plano das
ideias em pequenos espaos do campo acadmico, no permitiram sua adoo aberta na
sociedade brasileira. As polticas neoliberais iniciam com o governo Collor de Mello no incio
da dcada de 1990, mas por ter sido incapaz de conduzir o ajuste acabou, com a juno de
foras de sentido oposto, em certa medida antagnico, sofrendo o impeachment. Quem vai
efetivar de forma profunda o ajuste com a venda do pas mediante as privatizaes e o
desmanche da economia e do Estado em sua face pblica, como analisa Oliveira (2007),
foram os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso.
ao longo destes oito anos que se instaura um processo de hegemonia do
pensamento mercantil no campo da educao numa dupla e articulada estratgia de protelar e
descaracterizar a aprovao da Lei de Diretrizes e Bases da Educao (LDB) e,
posteriormente o Plano Nacional de Educao e, ao mesmo tempo, efetivar por medidas ad
hoc, as mudanas no campo educativo seguindo os ditames dos organismos internacionais.
No por acaso o ministro Paulo Renato de Souza e intelectuais que como ele trabalharam no
ou pelo Banco Mundial, trataram de ajustar, na forma, contedo mtodo o campo
educacional ao iderio do livre mercado, do ajuste para conformar a fora de trabalho ao
contexto da flexibilizao e da reengenharia dos processos de trabalho. Uma LDB que por seu
carter minimalista7 apenas ratificava o que j tinha sido feito.
7 Para uma viso crtica sobre a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional e o Plano Nacional de Educao ver , respectivamente, Saviani ( 1998).
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No que concerne ao ensino mdio, que a Constituio e a prpria LDB na letra
asseguram como a ultima etapa da educao bsica, no s no se alterou no plano do acesso
e da defasagem idade srie daqueles que o frequentam, mas consagrou a ampliao da
dualidade de uma escola generalista e humanista e de uma escola adestradora, tecnicista,
esta para a grande massa dos filhos de trabalhadores. Isto se materializou mediante o Decreto
Lei 2.208/97.
Junto afirmao da dualidade incorporou-se ao iderio pedaggico da estrutura
curricular as novas noes que redefinem a ideologia do capital humano para ajustar mentes e
coraes na educao que serve ao mercado. Trata-se de elevar para a educao bsica, em
particular para o ensino mdio, aquilo que foi a pedagogia do capital traada para o Sistema S
peles empresrios a partir da dcada de 1940 ensinar o que serve ao mercado8.
As novas noes que embasam as mudanas ou inovaes curriculares e que
mascaram o carter opaco e cada vez mais violento das relaes sociais, so: sociedade do
conhecimento, qualidade total, competncias ou pedagogia das competncias,
empregabilidade e empreendedorismo. Cada uma destas noes representa um deslocamento
de sentido e busca naturalizar as formas em que o capital penetra nas relaes sociais
anulando direitos e buscando colocar nos indivduos a culpa pele excluso a que so
submetidos.
Assim, a ideia de sociedade de conhecimento quer nos convencer que j no h
classes sociais com assimetria de poder, mas apenas quem detm mais ou menos
conhecimento para inserir-se no mundo da tecnologia. No mundo real, contrariamente, o
conhecimento cientfico apropriado cada vez mais por uma minoria. Da engenharia
gentica, aos remdios e modificao de sementes, etc., apenas alguns grupos privados
detm as patentes. Um nico remdio pode custar, para enfrentar determinadas doenas mais
de dez mil reais por ms. Isso porque uns poucos laboratrios detm o direito privado do que
ao longo de dcadas se produziu. Bela sociedade do conhecimento! No Brasil o agronegcio
se vangloria de gerar segurana alimentar, ao mesmo tempo que milhes de brasileiros esto
dentro de um programa de fome zero. Aqui tambm meia dzia de grandes empresas do
capital mundo fazem da maior produo de alimentos do mundo propriedade sua para vender
onde d mais lucro.
Num mudo onde a cincia e a tecnologia so apropriadas privadamente as mquinas
substituem braos e energia intelectual e, no apenas qualidade, mas qualidade total passa
8 . Sobre o sentido de ensinar o que serve ao mercado e ao capital o leitor poder ter uma compreenso ampliada num pequeno texto publicado nos Cadernos de Pesquisa da Fundao Carlos Chagas Frigotto, 1993
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significar que no h lugar para todos no mercado, mas apenas para aqueles que se submetem
s normas do mercado de fazer bem feito, em menor tempo e com menor custo o que se lhes
pede.
Se o trabalhador tem que se adaptar a um mercado flexvel e organizao flexvel e,
portanto a uma sociedade desregulamentada que no garante direitos, no faz sentido a busca
de emprego estvel. A educao tem que educar para a instabilidade. Resulta da o
apagamento da ideia de emprego e de qualificao e de direitos do trabalhador e o surgimento
duas noes correlatas empregabilidade e competncias. Agora trata-se de convencer o
trabalhador e quem o educa que ele tem que correr atrs e que se no consegue emprego ou se
demitido a culpa dele. Para ser empregvel tem que permanentemente estar atento quais
as competncias que o mercado lhes exige e tratar de adquiri-las. preciso que esquea o
sentido de qualificao, de profisso, pois estas esto ligadas a um tempo de conquista de
direitos, num passado no tanto distante, de estabilidade no emprego e de instituies, dentre
elas os sindicatos, que lhes defendiam os direitos.
Numa sociedade de decrescente necessidade de trabalhadores empregados, como
ofuscar a realidade crescente do trabalho informal que assume uma gama de feies na
legalidade e se espraia na esfera ilegal e do crime? Aqui surge a noo charmosa do
empreendedorismo. Por certo em todos os tempos encontramos empreendedores e no havia
a necessidade de cursos e frmulas para que existissem. Empreendedorismo, assim assume
outro significado. O recado : caso no haja emprego ou se perder o emprego h um caminho
de viver sem patro prepare-se para ser empreendedor. Trate, pois, de construir essa
competncia, o mercado oferece cursos. Aqui tambm depende de voc como indivduo!
Para que como educadores no assumamos uma compreenso alienada deste
processo crucial entender que essas alteraes conceituais, incorporadas nas reformas
curriculares expressam, no plano das ideias, o que funcional s mudanas nas relaes
sociais de produo. A sntese, pois, de que a dcada de 1990, ao mesmo tempo em que
vendeu o pas e o desmanche da face pblica do Estado, tratou de incorpora nas reformas
educativas o iderio do mercado formulado no mais por pessoas ligadas formao
pedaggica, filosfica e sociolgica da educao, mas por economistas e gestores ligados aos
organismos internacionais Banco Mundial (BM) Organizao Mundial do Comrcio
(OMC), Organizao Internacional do Trabalho (OIT), Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) e seus braos nas regies e naes. No caso Brasileiro os grupos
privados que constituem o Todos pela Educao. As novas noes acima assinaladas
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expressam, pois, a pedagogia do mercado e do capital. O interesse privado passa comandar o
Estado e os governos em todos os nveis da federao, com rarssimas excees .
Que tipo de alterao as foras sociais ligadas luta pelas reformas estruturais da
sociedade brasileira poderiam esperar com a eleio de um operrio e hoje de uma ex
militante revolucionria na direo de reformas estruturais e da garantia da educao bsica
pbica como direito social e subjetivo? Trata-se daquilo um projeto de desenvolvimento
nacional e popular, que no ruptura com a sociedade capitalista, mas condio para que
relaes sociais de novo tipo, socialistas, possam se constituir sem retorno. Uma revoluo,
como a expe Florestan Fernandes (1975) dentro da ordem, mas na perspectiva de ruptura
com esta ordem.
Uma vasta literatura de intelectuais que, em sua maioria construiu a possibilidade da
eleio do ex operrio Luiz Incio Lula da Silva, em consecutivas anlises, aps o primeiro
ano de governo explicitam que o que foi se consolidando dereforma dentro da ordem para
manter inalteradas as estruturas sociais. Na metfora do ornitorrinco de Francisco de Oliveira
(2003), de uma sociedade desigualitria sem remisso, que produz a misria e se alimenta
dela.
A aliana, por um lado, com as foras que historicamente produziram as estruturas da
desigualdade na sociedade e na educao e por outro as polticas assistenciais da bolsa famlia
e programas mltiplos de pequena transferncia de renda, includo no consumo vastos
contingentes que viviam na misria, descoladas da ruptura das estruturas e dos grupos que
produzem esta misria, tm como efeito a anulao da poltica. Todas estas medidas teriam
outra positividade se acompanhadas de mudanas estruturais. O resultado perverso de que
os grupos que constituem a burguesia brasileira, que sempre foram associados aos centros
hegemnicos do capital, tomam o Estado para regular a misria no limite da no
desagregao social e utilizam o fundo pblico privadamente impondo a pedagogia do
mercado e do capital como poltica do Estado.
No campo da educao o que acabamos de assinalar se explicita de forma
emblemtica pelo que ocorre com o Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE) e o Plano
Nacional de Educao. Enquanto o Plano Nacional de Educao (PNE), que expressa uma
longa negociao e construo em diferentes espaos da sociedade, cuja sntese foi a
Conferncia Nacional da Educao (CONAE) em dezembro de 2010, est sendo retalhado e
protelado h trs anos. E quem so os que efetivam esse retalhamento e postergao?
Justamente os deputados e senadores dos grupos privados que constituem o todos pela
educao e comanda dentro e fora do MEC o PDE.
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A retrica de todos pela educao esconde que de fato quem protagoniza a poltica
de educao e sua concepo so organizaes que representam, os interesses dos industriais,
dos servios, especialmente os bancos, as grandes redes de comunicao, o agronegcio. Os
passos so cada vez mais ousados. Em 31 de Janeiro de 2013, lanou-se, com clara anuncia
do MEC, um sistema virtual gratuito com o nome sugestivo de Conviva Educao,
produzido por investidores sociais para apoiar a gesto das secretarias municipais e
estaduais de educao de todo o Brasil. Compe a lista principal destes investidores:
Fundao Lemann, Fundao Roberto Marinho, Fundao SM Fundao Ita Social,
Fundao Telefnica Vivo, Fundao Victor Civita, Instituto Gerdau, Instituto Natura,
Instituto Razo Social, Ita BBA e o Movimento Todos Pela Educao. A barriga de aluguel
para a gesto e da divulgao Unio Nacional dos Dirigentes Municipais da Educao
(UNDIME), com o apoio do Conselho Nacional de Secretrios da Educao (CONSED).
Constata-se, pois, pois que os grupos privados que dominam o PDE tem a mesma
estratgia, agora mais ousada porque sem resistncia e com consentimento ativo do Ministrio
da Educao, que se utilizou na rejeio do texto da LDB fruto da negociao feita na
sociedade, no governo de Fernando Henrique Cardoso. No momento est se debatendo em
todo o Brasil outra CONAE, cujo objetivo deveria ser avaliar os resultados da implementao
do PNE. Mas como o PNE est h trs anos no Congresso Nacional sendo estilhaado e
postergado a agenda no poderia ser outra seno de avaliar porque o PDE no aprovado e o
quanto o setor privado tomou por inteiro, na gesto e no contedo, a educao publica bsica.
Dermeval Saviani, referindo-se ao Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE),
susteta:
Fica-se com a impresso que estamos diante, mais uma vez dos famosos mecanismos protelatrios. (...) do ponto de vista da pedagogia histrico crtica, o questionamento ao PDE dirige-se prpria lgica que o embasa. Com efeito, essa lgica poderia ser traduzida como uma espcie de pedagogia de resultados. Assim, o governo se equipa com instrumentos de avaliao dos produtos forando, com isso, que o processo se ajuste a essa demanda. , pois, uma lgica do mercado que se guia, nas atuais circunstncias, pelos mecanismos das chamadas pedagogia das competncias e da qualidade total (Saviani, 2007.p.3).
O ensino mdio elucida mais claramente este processo. Ao longo de dois anos
debateu-se no Ministrio da Educao a revogao do decreto 2.208\97 que consagrava como
lei a dualidade educacional no ensino mdio. Deste processo resultou o Decreto 5154/04 que
busca restabelecer o ensino mdio integrado. Na compreenso dos que se empenharam na
construo de sua concepo, desde incio tinham presente que no se tratava da mesma coisa
da perspectiva da politecnia, mas se construdo tendo como eixos de integrao a cincia, o
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trabalho e a cultura e efetivado em quatro anos e com bases materiais (laboratrios,
professor em tempo integral numa escola e com salrio digno e carreira, etc.), poderia se
constituir em travessia para a formao politcnica
O caminho acima trilhado pelo governo e o avano da hegemonia empresarial
acabou que esta proposta no teve aderncia nem mesmo na rede federal onde poderia ser
exemplar9. Os protagonistas do todos para a educao (que convm ao mercado) ocuparam
rapidamente os espaos. Um primeiro grande campo aberto foi o a aprovao do Decreto N
7.397 de 22 de dezembro de 2010 que inclui na educao bsica a educao financeira. De
imediato os bancos, atravs de sues organismos, buscaram oferecer aos estados e municpios e
governo federal seus prestimosos servios. Um exemplo, entre muitos, o que a Associao
de Bancos do Distrito Federal imediatamente se props.
Visando a disseminao dos conhecimentos sobre educao financeira e tributria, a ASSBANDF, juntamente com Procon/ DF e o Governo do Distrito Federal, tenciona ministrar em todas as Escolas Pblicas do DF, os conceitos primordiais sobre Educao Financeira. Para tanto estamos solicitando uma parceria da BM & F, e desta colaborao gostaramos que nos fosse autorizado a utilizao dos links da vossa Home Page onde aparecem os vdeos educativos para atender o pblico de idade 7 a 12 anos, que visa atender 16890 crianas que esto localizadas na rea urbana e 2250 crianas residentes na rea rural, distribudas por 22 regionais e 638 escolas pblicas do DF10.
Estados de So Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Cear, Gois, Tocantins, entre
outros adotam em escolas de ensino mdio educao financeira. Na mesma esteira o
agronegcio cria cartilhas para serem includas na educao bsica.
A fora da hegemonia empresarial na educao bsica se escancara no fato que quem
presidiu a Cmara de Educao Bsica no perodo da discusso das novas diretrizes do ensino
mdio um histrico representante do Sistema S. No obstante grande presso para aprovar
uma nica diretriz, acabou-se, reiterando a dualidade do ensino mdio, aprovar duas
diretrizes: uma diretriz para a educao de ensino mdio e outra para a educao profissional
e tcnica de nvel mdio11.
As ltimas medidas adotadas pelo MEC em 2013 mostram, ao mesmo tempo o
abandono da perspectiva do ensino mdio integrado e deciso de entregar a gesto deste nvel
de ensino pblico ao setor empresarial. Uma primeira iniciativa foi de entregar a orientao 9 . Dentre vrios outros trabalhos,o leitor poder o sentido da concepo de ensino mdio integrado como travessia formao politcnica no livro organizado por Frigotto, Ciavatta e Ramos, (2005 ) 10 . Ver: Carminha Porto. Plano de trabalho financeiro nas escolas do DF. s/d. Baixado da interne [email protected] em 20 de julho de 2013. 11 . Do documento que sintetiza a proposta contrria ao que foi aprovado e no qual constam os pesquisadores que o produziram foi publicado um livro. Ver Pacheco, 2012.
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do ensino mdio inovador cuja origem tinha outra perspectiva para ser gerido pelo
Instituto Airton Sena e escola Unibanco. A segunda medida a oferta do MEC aos Estados
do mesmo patrocinar para que adotem, especialmente para os 54,9% de alunos fora da idade
adequada e que cursam os ensino mdio, de acordo com o ministro, o modelo consagrado o
telecurso da Rede Globo.
Por certo, trata-se de estratgias que reafirmam as anlises que mostram que para
uma classe dominante, que sempre se associou de forma subordinada ao grande capital e
construiu uma sociedade que combina altssima concentrao de renda e de propriedade para
uma minoria e vida precria ou pobreza para a grande maioria, no h necessidade e nem
interesse de universalizao do ensino mdio e menos ainda na perspectiva do integrado e da
formao politcnica. Mas o que se afirma pela hegemonia do pensamento empresarial
gerindo a educao do Estado Brasileiro mais grave. Est se desenhando, pelo abandono do
sentido de educao bsica, a anulao da possibilidade da cidadania poltica determinado o
que Milton Santos temia a formao de geraes de deficientes cvicos.
2. A concepo e as bases materiais da educao politcnica: incompreenses,
resistncias e possibilidades.
Colocar na agenda do debate educacional a concepo da formao politcnica, da
escola unitria, da educao que leve em conta todas as dimenses da vida humana
(omnilateral) no processo educativo e do trabalho como principio educativo algo
extremamente positivo na batalha das ideias e no embate contra-hegemnico da tendncia
avassaladora de mercantilizar a educao.
Neste sentido importante o debate que se efetiva no Rio Grande do Sul sobre a
introduo no ensino mdio, destas concepes. Trata-se de averiguar quais os pontos que
geram tenses quer pela estratgia de implementao, quer pela frgil compreenso de grande
parte do magistrio atordoado pela sua sobrevivncia ou mesmo resistncia desta perspectiva
pelas foras que expressam a perspectiva mercadolgica de educao.
Neste item buscarei explicitar sucintamente as concepes de educao politcnica,
educao omnilateral, escola unitria e trabalho como principio educativo. Num segundo
momento buscarei situar as tenses, questionamentos e possveis equvocos na reforma
curricular que se processa no Rio Grande do Sul a despeito de sua intencionalidade ser
claramente positiva. Buscarei assinalar que, talvez, o passo primeiro, no s no Rio Grande do
Sul, mas no Brasil para os que buscam alterar as relaes sociais e educativas historicamente
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dominantes, seria a tentativa de universalizar o ensino mdio integrado com base nos eixos da
cincia, trabalho e cultura como travessia necessria para superar a dualidade e para a
formao politcnica.
Os conceitos de educao ominalateral, educao politcnica, escola unitria e
trabalho como principio educativo12 no so sinnimos, mas tm em comum a luta para
desenvolver, no plano contraditrio das relaes sociais capitalistas, a formao do ser
humano novo que incorpora os valores de uma sociedade solidria, sem a explorao de uma
classe sobre as outras.
A idia de que o futuro no acontece se no for construdo na apreenso das
contradies do presente, dimenso central da dialtica do processo histrico elabora por
Marx, talvez tenha na tese de seu doutoramento sobre Epicuro uma inspirao primeira.
Nunca nos devemos esquecer que o futuro nem totalmente nosso, nem totalmente no-nosso,
para no sermos obrigados a esper-lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos
desesperarmos como se no estivesse por vir jamais13.
A tese central que podemos tirar da dialtica em Marx, Engels, Gramsci, Lenin de
que nem o presente e nem o futuro so fatalidades, mas construes sociais feitas pelos seres
humanos e que, portanto, o futuro que buscamos s acontecer se o construirmos nas
contradies do presente.
Os processos de dominao de uma classe sobre as demais classes, ao longo da
histria tm como resultado a imposio de obstculos para o livre e amplo desenvolvimento
das potencialidades humanas. Os escravos, na sociedade antiga, sequer eram concebidos
como seres humanos e sim como animais que falavam. Nos regimes feudais a nobreza e o
clero tinham em seus servos como serviais e mesmo os que tinham o usofruto da terra o
excedente no lhes pertencia. Sob o capitalismo instaura-se uma igualdade formal, mas a
classe que precisa vender sua fora de trabalho, quando existem compradores, o faz numa
relao de explorao e expropriao de parte de seu tempo de trabalho.
Em todas as formas dessas sociedades, com suas particularidades, a classe dominante
impede, restringe e mutila o desenvolvimento humano dos dominados. Assim a busca da
educao ominlateral (termo que vem do latim e cuja traduo literal significa todos os lados
ou dimenses) implica levar em conta todas as dimenses que constituem a especificidade do
ser humano e as condies objetivas e subjetivas reais para seu pleno desenvolvimento 12 . A breve caracterizao destes conceitos retirada de anlises mais amplas que efetivo em textos j publicados Uma sntese destas concepes de formao humana o leitor pode encontr-las no Dicionrio de Educao do Campo. Ver: Caldart, Pereira, Alentejano e Frigotto, org. (2012). 13 . Ver: Epicuro . Carta a Meneceu. (lvaro Lorencini, Enzo Del Carratore). So Paulo: UNESP, 1987
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histrico. Dimenses que envolvem sua vida corprea material e seu desenvolvimento
intelectual, cultural, educacional, psicossocial, afetivo, esttico, tico e ldico. Em sntese,
abrange a educao e emancipao de todos os sentidos humanos, pois os mesmos tambm
so desenvolvidos socialmente. Trata-se de uma concepo de formao humana que vai alm
da escola e trata de desenvolver as qualidades do ser humano para uma sociedade sem
explorao e, portanto, sem a dominao de classe.
A concepo de formao humana politcnica igualmente tem como centro a
construo do ser humano novo e para novas relaes sociais, mas numa dimenso mais
especfica ligada aos processos de produo da existncia pelo trabalho. O ser humano, como
um ser da natureza, para sobreviver necessita apropria-se desta mesma natureza ou produzir
bens que satisfaam suas necessidades vitais. Desde os povos coletores e caadores at o
presente e enquanto o ser humano existir, o trabalho constitui-se, assim, na atividade vital
imprescindvel pelo simples fato que atravs dele que o ser humano se produz ou recria
permanentemente.
na apreenso da especificidade das relaes sociais do modo de produo
capitalista e de suas contradies insanveis que Marx (1983), ainda que de forma breve no
conjunto de sua obra, trata dos processos amplos de formao humana e da instruo escolar e
a natureza do conhecimento e da cincia que interessa serem desenvolvidas na perspectiva da
superao do capitalismo e de todas as formas de ciso em classes.
A revoluo burguesa aboliu o trabalho escravo como necessidade imprescindvel de
produzir uma classe duplamente livre: no ter dono e no ter propriedade. Assim construiu-se
de um lado detentores de propriedade privada para gerar lucro e de outro trabalhadores que
dispunham da nica propriedade, sua fora de trabalho a ser negociada no mercado.
Uma das caractersticas da sociedade capitalista a busca incessante de introduzir
novos processos, mais velozes, de produo das mercadorias e servios para aumentar a
produtividade do trabalho e aumentar os lucros. Isto implica que os trabalhadores tenham um
domnio mnimo desse processo, mas ao mesmo tempo que os mesmos estejam sob o controle
de capital. Uma equao que sempre foi problemtica para os gestores do capital j que no
h interesse que os trabalhadores tenham uma formao ampla. A estratgia histrica e que
perdura at o presente de construir sistemas formativos duais: uma educao geral e
cientfica para a classe dominante e dos seus prepostos na gesto dos seus negcios e da fora
de trabalho e uma educao pragmtica, restrita e adestradora para os trabalhadores.
A educao politcnica resulta, assim, no plano contraditrio da necessidade do
desenvolvimento das foras produtivas das relaes capitalistas de produo e da luta
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consciente da necessidade de romper com os limites intrnsecos e insanveis destas mesmas
relaes e de seus processos formativos. Assim formao politcnica, ao contrario de
processos formativos duais, pragmticos, tecnicista e adestradores, diz respeito ao domnio
dos fundamentos cientficos das diferentes tcnicas que caracterizam o processo de trabalho
moderno. (Saviani, 2003, p. 140).
Pelo fato de Marx ao longo de sua obra ter utilizado tanto o termo politecnia, que
literalmente significa muitas tcnicas, quanto o de tecnologia- cujo sentido a cincia da
tcnica alguns educadores, dentre eles osella (2007), defendem que o termo mais adequado
seria educao tecnolgica.
Por certo o debate ajuda a qualificar as anlises, mas por diferentes razes
entendemos como Saviani que independentemente da questo terminolgica do ponto de vista
conceitual o que est em causa um mesmo contedo. Trata-se da unio entre formao
intelectual e trabalho produtivo, que, no texto do Manifesto, aparece como unificao da
instruo com a produo material nas instrues, como, instruo politcnica que
transmita os fundamentos cientficos gerais de todos os processos de produo e nO
Capital como instruo tecnolgica, terica e prtica (Saviani, op. cit. p.145).
O que parece claro que as diferentes denominaes dadas por Marx para qualificar
a educao ou instruo que interessa classe trabalhadora e que se contrape educao
formao humana burguesa, se forjam no plano histrico real e contraditrio das relaes
sociais capitalistas.
interessante sublinhar que tanto a formao humana omnilateral, conceito mais
amplo e que no se reduz educao escolar, quanto a politcnica, esta relacionada aos
fundamentos cientficos que embasam todos os processos produtivos, no se definem como
nveis ou modalidades de ensino, mas como concepes que orientam a natureza dos
processos educativos. Quando referidos educao ou instruo escolas assumem o sentido
dado por Gramsci de escola unitria a qual se expressa na unidade entre instruo e trabalho,
na formao de homens capazes de produzir, mas tambm de serem dirigentes, governantes.
Para isso, seria necessrio tanto o conhecimento das leis da natureza, como das humanidades
e da ordem legal que regula a vida em sociedade14.
Outro conceito que se situa no embate da travessia na construo do ser humano
novo, para uma sociedade sem a explorao de classe o de trabalho como principio
educativo. A questo que emerge entre educadores e mesmo pesquisadores com frequncia
14 . Ver a esse respeito Gramsci, 1981
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a seguinte: como o trabalho pode ser educativo se at o presente tivemos o trabalho
escravo, servil e sob o capitalismo o trabalho explorado? Sem dvida sob todas essas formas
o trabalho tem imensa negatividade, porm mesmo sob esta tem a positividade de produzir os
meios de vida para quem explora e para si mesmo.
O ser humano, como um ser da natureza, para sobreviver necessita apropria-se desta
mesma natureza ou produzir bens que satisfaam suas necessidades vitais. Desde os povos
coletores e caadores at o presente e enquanto o ser humano existir, o trabalho constitui-se,
assim, na atividade vital imprescindvel pelo simples fato que atravs dele que o ser humano
se produz ou recria permanentemente.
dentro desta compreenso que Marx (1983, p. 149) vai dizer que o trabalho um
processo entre o homem e a natureza onde, por sua ao, os seres humanos regulam e
controlam o seu metabolismo com a natureza. Para isso pe em movimento seu corpo, braos,
pernas, cabea, mos para apropria-se daquilo que necessitam para a prpria vida. Pelo
trabalho, ento, o ser humano modifica a natureza que lhe externa e, ao mesmo tempo,
modifica a sua prpria natureza. A histria humana, nesta perspectiva, para Marx a
expresso da produo do ser humano pelo trabalho.
O trabalho como principio educativo est relacionado formao humana
ominalteral que transcende, portanto, o mbito da escola, embora nela possa ser includo.
Trata-se de um princpio formativo que deriva do fato de que todos os seres humanos so
seres da natureza e, portanto, tm a necessidade de alimentar-se, proteger-se das intempries e
criar seus meios de vida. fundamental socializar, desde a infncia, o princpio de que a
tarefa de prover a subsistncia e outras esferas da vida pelo trabalho, comum a todos os
seres humanos, evitando-se, desta forma, criar indivduos ou grupos que exploram e vivem do
trabalho de outros. Estes, na expresso de Gramsci, podem ser considerados mamferos de
luxo seres de outra espcie que acham natural explorar outros seres humanos. O trabalho
como principio educativo, ento, no uma tcnica didtica ou metodolgica no processo de
aprendizagem, mas um princpio tico-poltico. Dentro desta perspectiva o trabalho , ao
mesmo tempo um dever e um direito.
Dentro desta compreenso h hoje uma dupla tarefa para os educadores e para as
organizaes da classe trabalhadora. Uma luta sem trguas contra a explorao do trabalho
infantil pelo capital sob qualquer forma. Neste sentido as leis da Organizao Internacional do
Trabalho de proibio do trabalho infantil, ainda que o foco dominante seja a competio
intercapitalista, so bem vindas. Entretanto no se pode confundir que qualquer atividade
infantil limpar uma sala, ajudar os pais no cuidado com a casa, etc., possa ser confundido
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com explorao infantil. Pelo contrrio, este tipo de atividade fundamental na formao para
no criar exploradores.
Do que expusemos at aqui fica claro que estas concepes esto em sentido
antagnico tendncia da mercantilizao dos processo educativos na escola e na sociedade
como exposto no item 1. dentro deste contexto que a reforma curricular em curso no Rio
Grande do sul onde estas concepes, mormente de politecnia e de trabalho como principio
formativo, esto presentes, algo fundamental.
Em que sentido, ento, a questo da politecnia estaria em questo na experincia que
est sendo proposta e implementada no Rio Grande do Sul? At onde acompanho tanto a
concepo da mudana curricular, quanto a estratgia de sua implementao, tendo a perceber
um aspecto de ordem conceitual e outro de ordem estratgica que podem gerar dificuldade de
entendimento e resistncias.
O de ordem conceitual diz respeito ao fato de que a concepo de educao
politcnica, como assinalei acima, no pode ser entendida como uma modalidade de ensino
mdio, mas uma concepo que o orienta de forma unitria. E at onde percebo, na mudana
curricular em curso entra como uma opo ou modalidade. Se assim , trata-se de um
equvoco de compreenso.
No plano estratgico, considerando o fato de que no s o ensino mdio tem sido
historicamente dual, mas apresenta dentro da dualidade diferenciaes, inclino-me a pensar
que o Rio Grande do Sul teria dado uma enorme contribuio ao ensino mdio pblico no
Brasil se tivesse encampado como horizonte de sua proposta curricular o ensino mdio
integrado, sob os eixos da cincia, trabalho e cultura como travessia para a educao
politcnica. Uma perspectiva que engendra a concepo de escola unitria e do trabalho como
principio educativo e de combate, portanto, da dualidade educacional que se caracteriza pelas
diferentes modalidades de ensino mdio para diferentes grupos sociais.
Por certo no se trata de abandonar a perspectiva da formao humana politcnica,
educao ominlateral e do trabalho no sentido de valor de uso e produtivo desde a infncia,
mas de ter presente as condies objetivas no processo de sua construo. Como nos ensina
Bertolt Bretch, na teoria temos que buscar fazer o caminho todo, na prtica um passo de cada
vez.
As resistncias, os questionamentos e resistncias em grande parte, creio, advm pro
um lado no fato de a educao politcnica parecer na reforma curricular como uma
modalidade e, pro outro, sua implementao, exigira como passo anterior analisar que bases
materiais so demandadas para o desenvolvimento da perspectiva da politecnia ou do ensino
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mdio integrado. Essas bases materiais os educadores de todo o Brasil as sabem muito bem e
as defendem h dcadas: incluem escolas com laboratrios, bibliotecas, espaos para a arte e
o lazer, professores numa s escola e com pelo menos metade de sua carga horria para
pesquisar, atender alunos, etc. com uma carreira e salrios dignos. Um dos grandes ns, no
s no Rio Grande do Sul, mas no Brasil, criar essas condies. Seja qual for a proposta
curricular, sem encarar pela raiz estas condies, tende ter enormes resistncias e rejeio.
Por certo isso no depende apenas e principalmente de um governador ou de um
secretrio de educao, mas como sublinhei acima na compreenso que Gramsci tinha dos
problemas da escola, de uma sociedade que entenda escola como uma valor seu e a dote de
condies e recursos. Tambm pelo que j assinalei no o caso da classe dominante
brasileira que sequer completou a revoluo burguesa e sempre foi associada ao grande
capital.
Por isso se entende que passados trs anos as propostas que constituem o Plano
Nacional de Educao e que poderiam permitir um salto qualitativo escola Bsica pblica,
esto congeladas e em grande parte desfiguradas. Os 10% do PIB para a educao no s so
escalonados ao longo de uma dcada, mas dependem de algo que ainda no realidade
recursos que advenham do pr sal.
A ttulo de consideraes Finas: Ou como renascer das cinzas
A breve anlise acima exposta sinaliza que a questo do ensino mdio no Brasil
continua sendo um desafio sem clara soluo quanto ao atendimento de todos os jovens desta
etapa final da educao bsica e quanto ao foco de sua concepo. O fato de mais da metade
dos jovens entre 15 e 24 estarem fora da escola e as frgeis condies materiais em que se
encontra a maioria das escolas e a tendncia de uma viso mercantil e estreita de ensino
mdio tm como resultado a negao da possibilidade da cidadania poltica e econmico
social para a maio parte de nossa juventude.
Cidadania poltica significa ter os instrumentos de leitura da realidade social que
permitam aos jovens e adultos reconhecerem os seus direitos bsicos, polticos, econmicos,
sociais, culturas e subjetivos e a capacidade de organizao para poder fru-los. No plano da
preparao para inserir-se no mundo da produo e conquista da cidadania econmico social o
pressuposto de que adquiram os fundamentos cientficos que esto na base de qualquer
processo produtivo ou servio. Este , como est assinalado acima, o sentido da educao
politcnica e de ensino mdio integrado como perspectiva e travessia para esta concepo.
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Tanto no sentido da cidadania poltica, quanto da cidadania econmico social a
condio bsica o de superar a dualidade estrutural que separa a formao geral da
especfica, a formao tcnica da poltica, lgica dominante no Brasil desde a colnia aos dias
atuais. Uma concepo que naturaliza a desigualdade social postulando uma formao geral
para os filhos da classe dominante e de adestramento tcnico profissional para os filhos da
classe trabalhadora.
O descaminho que assumiram as polticas pblicas da educao bsica na dcada de
1990, sob a ideologia neoliberal que postula que o mercado deve regular todas as relaes
sociais, afirmou na legislao a dualidade histrica do ensino mdio mediante o decreto
2.208/97. Isto no se deu sem forte resistncia dos movimentos sociais, instituies cientficas
e sindicalismo que historicamente e, em especial ao longo da dcada de 1990, lutaram para
restaurar a escola bsica pblica, universal, gratuita, laica e unitria. Foi neste movimento de
resistncia que a concepo de educao politcnica ocupou o debate de muitos educadores.
A ascenso ao poder de um ex operrio, com o apoio de ampla base social, oferecia
perspectivas de efetivar rupturas profundas numa das sociedades mais injustas e desiguais do
mundo e avanar no direito efetivo a todas as crianas, jovens e aos adultos ainda no
escolarizados, a educao bsica como direito social e subjetivo e dentro de uma viso da
escola unitria. Uma escola que se no igual no seu incio no acesso ao conhecimento tem
como tarefa de s-lo ao longo do processo.
O caminho trilhado pelo governo nos ltimos dez anos optou por reformas dentro da
ordem e conservando intactas as estruturas que impedem reforma agrria, tributria, jurdica e
poltica e impedem sistematicamente ao direito educao a milhes de jovens ou lhes
oferece uma educao de pssima qualidade. Cinicamente so as mesmas foras que se dizem
todos pela educao e que reclamam de tempos em tempos aquilo que eles mesmos
produzem o apago educacional. Uma imagem que revela sua medocre compreenso do
que seja uma educao de qualidade e o tempo de sua construo.
O paradoxo de que um governo eleito com ampla base social para reverter o
desmanche da economia e do Estado na sua face pblica e que introduziu a viso
mercadolgica na educao tenha perdido justamente o projeto de sociedade e de educao
pelas foras que fora eleito para combat-las. A natureza das intensas e enormes
manifestaes que esto ocorrendo, capitaneadas por jovens em redes sociais e que rejeitam
explicitamente a mediao a presena de partidos e sindicatos, pode ser resultado do que
Francisco de Oliveira (2010) denominou de hegemonia s avessas ou despolitizao da
poltica pela natureza da aliana efetivadas.
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Se por um lado o claro recado aos poderes institudos de que esqueceram da
sociedade e das necessidades elementares de grandes massas altamente positivo, por outro a
fluidez de representao das multides nas ruas podem abrir caminho ao impondervel. Os
conglomerados da grande mdia, foras diuturnas que navegam para o grande capital da qual
so parte, do sinais claros para onde querem canalizar a insatisfao de inmeras facetas que
expressam as multides nas ruas.
Dentro da perda de direo do projeto educacional em plano Nacional pelas foras
poderosas do mercado e do capital, como busquei demonstrar, o sentido de fundo da reforma
curricular do ensino mdio do Rio Grande do Sul retomando a concepo de politecnia,
com o esforo de dar novas bases materiais s escolas, altamente positivo. Nada impede
que no processo, possveis equvocos conceituais e estratgias de implementao sejam
alterados.
A lio da autocrtica da gerao de Florestan Fernandes dos caminhos trilhados para
construir a revoluo nacional no foi levada a srio. Uma lio de extraordinria clareza para
os que queira fazer uma revoluo dentro da ordem, mas contra e na perspectiva de sua
superao. No foi um erro confiar na democracia e lutar pela revoluo nacional. O erro foi
outro o de supor que se poderiam atingir esses fins percorrendo a estrada real dos
privilgios na companhia dos privilegiados. No h reforma que concilie uma minoria
prepotente a uma maioria desvalida ( FERNANDES, 1980, p.245)
Isto no s possvel como, em muitas circunstncias desejvel. Mas quem pode
avaliar isso so os condutores do processo. Um passo que pode ser dado, talvez, seja de
analisar se o ensino mdio integrado, tendo como eixos a cincia, o trabalho e a ultura, no
poderia contemplar o horizonte da politecnia e caminhar na consolidao do ensino mdio
unitrio. Seria, na minha avaliao, uma contribuio extraordinria educao bsica no seu
conjunto e, em especial ao ensino mdio. Mais que isso, um sinal forte, que possvel
renascer das cinzas, pois como nos ensina Florestan Fernandes: A histria nunca se fecha por
si mesma e nunca se fecha para sempre. So os homens, em grupos e confrontando-se como
classes em conflito, que fecham ou abrem os circuitos da histria.(FERNANDES, 1977, p.
5)
Referncia Bibliogrficas.
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APRENDER A APRENDER*
- Neoliberal? -
Pedro Demo**
Resumo: O texto mostra que aprender a aprender, como toda temtica naturalmente ambgua, pode ser usada para inmeros fins e oportunismos, mas igualmente para propostas bem fundamentadas. Num primeiro momento sinaliza as tiradas neoliberais e questiona a noo de aprender a aprender, destaca que a escola lugar da aprendizagem do professor e do aluno, da garantia do direito de todos de aprender bem e reconhecer que fundamental aprender a vida toda do que preferir arruinar o termo porque seria neoliberal. No ser neoliberal importante, mas no a preo do despreparo. Na continuidade, as dinmicas vlidas do aprender a aprender, sinalizam o duplo horizonte entre o direito constitucional de aprender bem e, a percepo de que aprender bem implica captar a necessidade de continuar aprendendo a vida toda. Entende que sejam sinalizaes neoliberais flagrantes nessas esquerdas da direita: alfabetizar em trs anos, ciclos e promoo automtica, Ideb, planos conservadores de educao, escola integral, aposta no sistema, novas tecnologias, assistncias e assistencialismos e nivelamentos por baixo. No ltimo capitulo discute sobre os grafiteiros e os pichadores, afirmando que h muitos revolucionrios de planto, contudo o importante ter abertura solcita e respeitosa a pontos de vista contrrios para aprender a aprender. Assim, nada combate melhor o neoliberalismo que a aprendizagem bem feita na escola e por toda a vida, uma educao capaz de aprender a aprender pode contribuir medida que instiga um tipo de cidadania sempre aberta, crtica e autocrtica, e capaz de conviver com vises divergentes. Palavras-chave: Aprendizagem; Neoliberalismo; Educao.
INTRODUO
De repente, aprender a aprender virou estigma neoliberal. Quem usa esta expresso
(aprender a aprender), est ipso facto se declarando neoliberal. Certamente, esta expresso
vem sendo usada preponderantemente em contextos neoliberais prprios de empresas e
propostas privadas de educao, como o caso de um de seus mentores mais conhecidos,
Novak (2009. Novak et alii, 1984), sem falar em sites mltiplos que usam esta nomenclatura
tendencial ou escrachadamente para fins comerciais, no educacionais (How to Learn.com,
2011. Learning to learn, 2011. Learn to learn, 2011. ACE Distance, 2011, Campaign for
learning, 2011). Cita-se frequentemente ao educador John Holt: J que no podemos saber
qual conhecimento ser mais necessrio no futuro, sem sentido tentar ensin-lo previamente.
Ao invs, deveramos tentar inventar pessoas que amam aprender tanto e aprendem to bem
que sero capazes de aprender o que sempre for necessrio ser aprendido (Campaign, 2011.
Unschooling, 2011). Esta aluso indica desafio pertinente e fundamental para a vida das
pessoas, acenando para dinmicas cruciais da formao, contrrias ao instrucionismo,
* Texto publicado anteriormente na Revista de Cincias Humanas v.14, n 22(dez.2013). **. Ps-doutor em sociologia. Professor titular aposentado e emrito da Universidade de Braslia
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memorizao, reproduo (Fonseca, 1998), muito embora no decorra disso que sua
fundamentao seja satisfatria (por vezes cognitivista, como no caso de Fonseca). J que
Holt visto tambm como pai da desescolarizao (Unschooling, 2011), em posio similar
de Illich (1971. Kamenetz, 2010), esta aluso pode insinuar que aprender a aprender
dispensaria a escola, ao final das contas. Por mais que a educao no formal venha crescendo
avassaladoramente e coloque a escola contra a parede (Rosen, 2010), no se pensa em acabar
com a escola. Ao contrrio, pensa-se em traz-la para dentro do sculo XXI com renovada
condio de equalizao de oportunidades (Au, 2009. Zhao, 2009), porque hoje uma
entidade de sculos passados (Knobel & Lankshear, 2010. Kamenetz, 2010).
O estigma de neoliberal hoje assacado a torto e a direito apenas para ofender e
pretensamente arrumar uma superioridade ridcula, por parte de revolucionrios de planto
acomodados sombra de propostas neoliberais inconfessas, tambm porque, quase sempre,
no possuem nenhuma prtica alternativa. Quando tentam alguma prtica, aparecem coisas
como piso salarial de mil reais, alfabetizar em trs anos, aumentar os dias letivos, escola
integral, formao docente apenas presencial, ciclos e promoo automtica, e assim por
diante. Neste texto no enfrento esta gama inteira de questes. Apenas procuro mostrar que
aprender a aprender, como toda temtica naturalmente ambgua, pode ser usada para
inmeros fins e oportunismos, mas igualmente para propostas bem fundamentadas. O abuso
no tolhe o uso, assim como o abuso da web 2.0 no mercado no suprime a oportunidade de
us-la de modo adequado na escola, ou o abuso da espiritualidade em declaraes de misses
empresariais no desfaz sua importncia na vida das pessoas e da sociedade (Demo, 2009;
2009a).
1 TIRADAS NEOLIBERAIS
Um dos panos de fundo do aprender a aprender a tradio nrdica (neste caso
americana) do do-it-yourself (faa por Voc mesmo, autonomamente) (Kamenetz, 2010.
Knobel & Lankshear, 2010), voltada para a instigao da autonomia das pessoas, entendendo
sempre ajuda mais apropriada como aquela que ajuda to bem que, logo, o ajudado no mais
precisa dela (Wirth & Perkins, 2011). Esta ideia vem no conceito de autoajuda, mas, que, na
prtica, formulada de tal modo a vincular-se submissamente a frmulas prontas impositivas
(Demo, 2005). Este mesmo truque reaparece na proposta de empoderamento do Banco
Mundial e instituies similares: postulando que os marginalizados precisam ser
empoderados por conta de seu direito de cidadania, o que se prope no sua condio de
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protagonistas, mas de comparsas (Caufield, 1998. Demo, 2000), oferecendo uma incluso
acomodatcia. No muito diferente do Bolsa-Famlia: os includos neste programa de
extrema importncia e peso no so protagonistas da superao de sua pobreza, mas
beneficirios que se acomodam e votam. Esta crtica no desfaz a relevncia do Bolsa-
Famlia no plano assistencial quem tem fome, tem direito de se alimentar condignamente
em qualquer democracia, mesmo nesta democracia fajuta brasileira mas desvela que apenas
a pobreza material enfrentada, no a pobreza poltica (Demo, 2007). Na prtica, no se
quer o pobre como protagonista, ou se teme, denotando a um indisfarvel contexto
neoliberal.
A viso do do-it-yourself faz parte do American dream (sonho americano),
sinalizado pela expectativa tipicamente neoliberal do self-made man (homem que se faz a si
mesmo) ou do American way of life (modo americano de vida), propugnando a crena
facilmente etnocntrica de que s pobre quem no trabalha ou no quer trabalhar. Embora
esta viso receba muitas crticas (Ehrenreich, 2005; 2009), tambm por conta de sua p