anais - 1973 - livro 9 - transcriÇÃo

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ANO DE 1 973 LIVRO 9 ANAIS DO SENADO Secretaria Especial de Editoração e Publicações - Subsecretaria de Anais do Senado Federal TRANSCRIÇÃO SENADO FEDERAL

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  • ANO DE 1973LIVRO 9

    ANAIS DO SENADO

    Secretaria Especial de Editorao e Publicaes - Subsecretaria de Anais do Senado Federal

    TRANSCRIO

    SENADO FEDERAL

  • 126 SESSO DA 3 SESSO LEGISLATIVA DA 7 LEGISLATURA, EM 17 DE SETEMBRO DE 1973

    PRESIDNCIA DO SR. ANTNIO CARLOS

    s 14 horas e 30 minutos, acham-se presentes os Srs. Senadores: Adalberto Sena Geraldo Mesquita Flvio Britto Jos Lindoso Cattete Pinheiro Renato Franco

    Alexandre Costa Clodomir Milet Jos Sarney Fausto Castelo-Branco Petrnio Portella Helvdio Nunes Virglio Tvora Waldemar Alcntara Wilson Gonalves Dinarte Mariz Duarte Filho Ruy Carneiro Paulo Guerra Wilson Campos Luiz Cavalcante Lourival Baptista Antnio Fernandes Heitor Dias Ruy Santos Paulo Torres Gustavo Capanema Magalhes Pinto Carvalho Pinto Emival Caiado Osires Teixeira Fernando Corra Accioly Filho Mattos Leo Ney Braga Antnio Carlos Celso Ramos Daniel Krieger Guido Mondin Tarso Dutra.

    O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): A lista de presena acusa o comparecimento de 40 Srs. Senadores. Havendo nmero regimental, declaro aberta a Sesso.

    O tempo destinado aos oradores do Expediente da presente Sesso, conforme deliberao anterior do Plenrio, ser dedicado a reverenciar a memria do Marechal Mascarenhas de Moraes, por ocasio do 5 aniversrio de seu falecimento.

    Concedo a palavra ao nobre Senador Luiz Cavalcante, que falar em nome da Aliana Renovadora Nacional.

    O SR. LUIZ CAVALCANTE (em nome da ARENA.): Sr. Presidente, Srs. Senadores, h cinco anos falecia o Marechal Joo Batista Mascarenhas de Moraes, ou simplesmente o Jo B, como o crismamos, com afetuosa irreverncia, ns que fomos seus comandados na Escola Militar do Realengo.

    Honrado com o convite do ilustre Presidente Paulo Torres, para rememorar traos da vida do nclito soldado h um lustro desaparecido, deter-me-ei, neste bosquejo, bem mais no homem invariavelmente digno que ele foi, do que no heri mximo da Fora Expedicionria Brasileira. que tenho como um dogma este aforismo de Paul Brulat:

    "Basta um instante para forjar um heri, mas preciso uma vida inteira para fazer um homem de bem."

    Filho de pequeno comerciante, o menino Joo Batista veio ao mundo nos idos de 1883, em So Gabriel, bero tambm de Hermes da Fonseca, Plcido de Castro e Assis Brasil, este fundador do Partido Libertador, ao qual pertenci. Aos 15 anos obtm matricula na Escola Preparatria e de Ttica de Rio Pardo, onde fez o curso de Humanidades. Bertoldo Klinger cadete na mesma turma; Getlio Vargas viria a ser seu calouro no ano seguinte.

    Ingressa depois na Escola Militar da Praia Vermelha, de onde sai alferes, degrau inicial do oficialato na hierarquia militar de ento. E classificado no 1 Regimento de Artilharia de Campanha, sediado em sua cidade natal.

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    Pela vida afora, em todos os postos, em todas as funes, em todas as circunstncias, Mascarenhas de Moraes sempre revelou inexcedvel desvelo pelo Exrcito. Queria-o forte, eficiente, disciplinado; abominava o cientificismo dos positivistas; discordava do inadequado bacharelismo do ensino militar; afligia-se com a incapacidade tcnica das unidades, posta a nu na epopia de Canudos; e, sobretudo, repudiava a exaltao do caudilhismo.

    Fcil, portanto, imaginar o entusiasmo do jovem tenente quando, no Governo Afonso Pena, o Marechal Hermes da Fonseca, Ministro da Guerra, promove a reorganizao do Exrcito, de alto a baixo, quantitativa e qualitativamente. A propsito, extravasa em suas Memrias:

    "Dessa transformao prodigiosa, operada na estrutura moral e material do Exrcito, resultou a morte do bacharelismo militar e do pacifismo doutrinrio dos positivistas impenitentes."

    Decerto pensava ele como Millr Fernandes, autor da jocosa mas veraz sentena: "Um pas s tem autoridade para entrar numa conferncia de desarmamento se estiver muito bem

    armado." Sua extremada conscincia profissional no escapou Misso Militar Francesa, que, ao termo do

    Curso de Aperfeioamento de Oficiais, incisivamente a exaltou no conceito exarado na ficha do Capito Mascarenhas de Moraes, primeiro lugar da turma, seguido de Pantaleo Pessoa.

    Para vivificar nossa saudade, detenhamo-nos num entrecruzar de vidas particularmente interessante para ns.

    Em 1922, servia o Capito Mascarenhas no 1 Regimento de Artilharia Montada, na Vila Militar, quando, recm-egressos da Escola Militar, chegam ao Regimento os Aspirantes Filinto Mller e Joo Alberto. Vejamos como o gabrielense lhes debuxou o perfil:

    "Inteligentes, divergiam entretanto nas qualidades pessoais. Filinto, originrio de Mato Grosso, primeiro aluno de sua turma, ajustava ao esbelto fsico germnico um temperamento discreto e corts; Joo Alberto, originrio de Pernambuco, estouvado na sua moldura nordestina, revela-se indcil, embora sempre cavalheiresco. Classificado na 2 Bateria, sob meu comando, o Tenente Joo Alberto ostentou, em todas as oportunidades, seu reconhecido valor profissional, sem contudo fixar-se nas atribuies especficas de oficial subalterno. Altivo e intrpido, era um embrio de caudilho."

    E mais adiante depe: "Certo dia, quando a 2 Bateria terminava afanosa demonstrao de tiro para a EAO, acerca-se de

    mim o Tenente Joo Alberto. Conduzindo a conversa para assuntos polticos, indaga se eu estava satisfeito com o mau governo de Epitcio Pessoa.

    Respondi-lhe ento: Desde que enverguei a farda sirvo aos maus governos do meu Pas. Mas sempre tenho o consolo

    de v-los posteriormente louvados e aplaudidos pela mesma imprensa que os apedrejava. Assim aconteceu com Campos Salles e Rodrigues Alves, sendo que este chegou a ser reeleito."

    O inquebrantvel respeito legalidade constitui trao fundamental da personalidade do brioso militar. Legalista foi em 1901, no motim dos cadetes da Escola de Rio Pardo; legalista foi em 1904, no levante da Escola Militar da Praia Vervelha contra a vacina obrigatria; legalista foi em 22, 24, 30 e 32; legalista foi em 35, ano em que pela vez primeira a Escola Militar, sob seu comando, empunhou armas para defender o governo; e legalista foi em 54, nos

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    episdios que culminaram na morte do Presidente. Na autobiografia, arrima-se nesta citao de Pio XII: "No na revoluo que reside a salvao e a justia, mas sim na evoluo bem orientada." pregao pontifcia viria render-se outro marechal, este revolucionrio por quase toda uma vida, de

    muitas lutas, evadido da Fortaleza de Santa Cruz ao tempo em que o Tenente-Coronel Mascarenhas de Moraes a comandava. Refiro-me a Juarez Tvora, que, traumatizado pelo suicdio de Getlio Vargas, tomou a deciso de "no mais participar de golpes militares, para tentar corrigir, pela fora das armas, os desvios do Poder Pblico no Brasil".

    Quanto a mim foroso confess-lo ainda no cheguei sublimao dos dois intemeratos chefes militares. Nos meus trinta anos de Exrcito, jamais atentei contra a ordem constituda. Em 1964, porm, no hesitei em opor-me desordem instituda. No bastasse o notvel desenvolvimento da Nao aps aquela data, os recentes acontecimentos no Chile pem mostra o abismo onde nos teramos despencado no fora o movimento revolucionrio deflagrado pelo Governador Magalhes Pinto.

    Em 1943, encontrando-se o General-de-Diviso Mascarenhas de Moraes no comando da 2 Regio Militar, sediada na capital paulista, recebe radiograma do Ministro Eurico Dutra consultando-o se aceitaria comandar a Fora Expedicionria Brasileira. A resposta, imediata e incondicional, vazada nestes termos:

    "Muito honrado e com satisfao respondo afirmativamente consulta Vossa Excelncia acaba fazer-me."

    Na Itlia, antes do nctar das vitrias houve o travo das derrotas. O Comandante tanto se acabrunha que chega at a pensar em transferir a outro o basto do comando. Ele prprio o confessa:

    "Os reveses sofridos pela diviso brasileira no vale do Reino representaram srio agravo ao meu comando. Tais malogros induziram-me a pensar na minha retirada da Campanha."

    E, mais adiante, revela quem o dissuadiu da renncia: "Foi durante uma entrevista confidencial, que mantive com o sempre leal e franco General Cordeiro

    de Farias, a 14 de dezembro de 1944, que lhe expus o meu pensamento de deixar o comando da FEB, motivo pelo qual, viajando para o Rio de Janeiro, deporia nas mos do Ministro Dutra meu pedido de exonerao.

    O nobre amigo, aps ouvir-me, teve palavras repassadas de sinceridade e afeto: O senhor no pode abandonar-nos disse-lhe Cordeiro de Farias entregando-nos a outro

    comando. Trouxe-nos para a guerra: juntos e vitoriosos deveremos regressar. Capaz e respeitado por seus comandados, alcanar sem dvida o xito por que tanto anseia. No renuncie, no deserte da misso que lhe foi dada. este o apelo que lhe fao."

    E conta Mascarenhas como terminou o colquio: "Enternecidos na solidariedade que nos estreitava, abraamo-nos em silncio, proclamando, dessa

    forma tcita, a minha permanncia no comando da diviso e da FEB." D-se, afinal, a grande vitria de Monte Castelo, primeira de uma longa srie de sucessivos triunfos,

    at a apotetica manobra de Fornovo, da qual resultou a rendio de quinze mil integrantes de toda uma diviso alem.

    As Memrias esto eivadas de aluses encomisticas e afetuosas ao General Cordeiro e ao Tenente-Coronel Castello Branco, chefe da Seo de Operaes,

  • 4 "que nas suas atribuies, e por vezes alm delas, foi um dos mais brilhantes fatores da vitria".

    No regresso, a Ptria no regateou aplausos nem distines ao artfice-mor da pica jornada. Porm, de quantas homenagens lhe foram atribudas, de quantas honrarias lhe foram conferidas, de quantas formas de gratido lhe foram manifestas, nenhuma mais eloqente, nem mais grata ao seu corao, do que o preito de justia que o Congresso Nacional lhe rendeu, fazendo dele o nico Marechal da ativa do Exrcito e enquanto vida tivesse!

    O SR. MAGALHES PINTO: Permite V. Ex. um aparte? O SR. LUIZ CAVALCANTE: Com muita honra, nobre Senador Magalhes Pinto. O SR. MAGALHES PINTO: Desejaria dar o aparte noutra oportunidade, quando V. Ex. se referiu

    aos generais que no desejavam mais voltar revoluo, porm, afinal, mudaram de pensar em 1964. Neste particular, temos que louv-los, porque os generais, os militares, tm que ser, de modo geral, guardies da lei, das instituies. No podem estar com os profissionais da conspirao, mas, naquela poca, como V. Ex. bem acentuou, tratava-se de evitar o caos para o Pas. Portanto, todos os brasileiros estavam na obrigao de cerrar fileiras no movimento que, vitorioso, vem governando o Pas com satisfao generalizada. A respeito do Marechal Mascarenhas de Moraes, quero neste instante dar a minha solidariedade a todas as palavras de V. Ex. de louvor a esse ilustre militar e dizer que, se ele tinha como ttulo de glria aquele que lhe foi outorgado pelo Congresso Nacional, ns que, ento, ramos congressistas, temos, tambm, a honra de ter assinado o requerimento que lhe outorgava esse ttulo, dado pela unanimidade do Parlamento brasileiro.

    O SR. LUIZ CAVALCANTE: O depoimento de V. Ex., nobre Senador Magalhes Pinto, bem ressalta a sua inexcedvel modstia e o colorido especial que V. Ex. d ao meu despretensioso discurso. Muito grato, portanto.

    Para, finalizar, guisa de minha particular homenagem ao ilustre extinto, permitam-me trazer baila fato que evidencia a excepcional criatura humana que foi o nosso homenageado de hoje, sem cuja participao no teria eu, provavelmente, a imensa honra de ser hoje colega de Vossas Excelncias.

    Revelei, certa vez, neste plenrio, haver comeado minha vida militar como soldado raso, voluntariamente. Voluntrio menos por vocao do que por necessidade.

    A 5 de outubro de 1930 desembarquei da 3 classe de um navio no Rio de Janeiro, de ps descalos e camisa rota. Decorrida uma semana apenas, integrando o 2 Batalho de Caadores, sob o comando do Coronel Daltro Filho, j me achava trocando balas a esmo com revolucionrios mineiros, s margens do rio Paraba.

    Finda a revoluo, o Pas tratou de reorganizar sua vida e eu a minha. Logo fui promovido a cabo e, mais tarde, a sargento da Aviao Militar. Estudando noite, tirei os preparatrios nos dois anos seguintes, ficando habilitado a enfrentar o exame de admisso Escola Militar do Realengo, meu grande anelo (entre os colegas do cursinho de preparao havia um gacho chamado Mrio Andreazza). Em fevereiro de 1937, submeti-me s provas, logrando classificao no rol dos 90 aprovados.

    Para consumar a matrcula, havia mais um obstculo a transpor o exame de sade. Azaradas coincidncias, ou descoincidncias, para melhor dizer, fizeram-me chegar atrasado a esse exame, com inicio s 7 horas da manh. Atrasei-me a primeira vez, a segunda vez, a terceira vez! A, o tonitroante Doutor Gogol, chefe da junta mdica, achou que trs faltas eram demais, e negou-se a atender s minhas splicas de submeter-me ao exame.

  • 5

    Como se diz hoje vulgarmente, fiquei na maior fossa com a negativa. Aquilo era o desmoronamento dos meus sonhos de galgar o degrau mais difcil da hierarquia, aquele que separa a praa de pr do oficial. Eu no mais poderia ser um tenente, um capito, um major e quem sabe? um general!...

    Banhado em lgrimas deixei o posto mdico rumo ao porto de sada da Escola. A meio do caminho cruzo com um coronel de baixa estatura, acompanhado de alguns oficiais de menor patente. "Esse deve ser o comandante da Escola" pensei com os meus botes, e rpida e precipitadamente a ele me dirigi. Atropelando as palavras, contei-lhe a minha desdita e pedi-lhe que me possibilitasse nova e derradeira oportunidade de provar minha boa sade.

    O coronel, cenho franzido, comeou por exprobrar a minha impontualidade, que no prenunciava um oficial correto. Acabou, porm, fixando o exame para o dia seguinte. Desta vez, por extrema segurana, dormi mesmo no Realengo, nas proximidades da Escola Militar.

    Diante da narrativa sem retoques que venho de fazer a V. Ex.as, Sr. Presidente e Srs. Senadores, e no momento em que o Senado reverencia a memria do insigne Marechal Mascarenhas de Moraes, sobram-me motivos, creio, para proclamar a perene e profunda gratido do Cadete 520 ao seu inesquecvel Comandante o bonssimo Coronel Jo B. (Muito bem! Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): Concedo a palavra ao nobre Senador Adalberto Sena, que falar em nome do Movimento Democrtico Brasileiro.

    O. SR. ADALBERTO SENA: Sr. Presidente, Srs. Senadores, um trao distintivo j se deixa entrever na corrente sesso legislativa. Bem mais freqentemente do que nas anteriores, vimos quebrando a rotina dos trabalhos, para entreme-los de horas rememorativas de eventos ou personalidades que, de algum modo, fizeram vibrar as cordas da nossa sensibilidade neste estado de tenso no qual poltica e socialmente estamos vivendo.

    como se, em meio s inquietudes da hora presente, algum alvio nos pudessem trazer esses recolhimentos nos refgios de Histria ou aquela doce contemplao de belezas do passado que, no sentir de Anatole France, numa das ltimas cintilaes da sua pena, seriam "o nico passeio, o nico bem onde poderamos escapar aos nossos aborrecimentos cotidianos, s nossas misrias, a ns mesmos".

    Foi assim que "vencidos os prazos de silncio", irromperam com tamanho mpeto as relembranas da vida e sobretudo das pregaes de Rui Barbosa; foi assim que, ao evocarmos os rasgos de resistncia cvica dos Constituintes de 1823, se avivou, em lampejos de esperana, a nossa crena no poder e na intangibilidade das instituies representativas da vontade popular; foi assim que, por ocasio da morte de Jacques Maritain, oportuno nos pareceu vir baila o seu estilo de santidade e as novas posies em que ele soube colocar os problemas do humanismo; foi assim que to intensamente tornaram a repercutir entre ns as consagraes das figuras de Caxias, de Osrio, de Barroso, de Mallet e de Rondon; e, nos apropriados ensejos, nos esmeramos no culto s memrias de colegas nossos e de tantos outros brasileiros ilustres, desaparecidos nos vrios recantos do Pas.

    E assim tambm, Sr. Presidente e Srs. Senadores, que ora se elevam os nossos coraes para as homenagens a que, deliberadamente, fica reservada esta nossa Hora do Expediente.

    H precisamente cinco anos morria no Rio de Janeiro o Marechal Joo Batista Mascarenhas de Moraes. Morria carregado de anos e de bnos, e tendo a iluminar-lhe a fronte a lurea de uma glria a glria de se ter cumprido, sob o seu comando, a mais importante misso confiada s nossas Foras Armadas, depois da Proclamao da Repblica.

    E para maior relevo dessa lurea, deixava-nos ainda o paradigma de uma vida brilhante e cheia, em cuja trajetria se encontram, alis, as explicaes

  • 6 mais seguras e mais lgicas daqueles lances culminantes que o coroaram aos olhos dos contemporneos e ho de vir irrevogavelmente sagr-lo nos serenos juzos da posteridade.

    Em verdade, Senhores, os triunfos da fase urea da sua existncia no os alcanou Mascarenhas de Moraes, como a Histria registra noutros casos, nem pela intervenincia de acasos afortunados, nem pelos rasgos espetaculares de uma momentnea aventura.

    Ao revs diso, ele os conquistou ou, melhor, os foi conquistando, merc de um lastro de virtudes vindas do bero e continuamente aprimoradas e postas prova em labutas sem trguas, em empreendimentos sem conta, em gestos de civismo e de nobreza e em tantas outras demonstraes da sua insupervel capacidade de servir ao Exrcito e esmerar-se pelo bem da Ptria e pelo resguardo das suas instituies.

    Da juventude maturidade e desta aos luminosos dias da sua velhice, sua existncia foi um manancial de exemplos a fluir ao longo de uma ascenso lenta e anosa, mas em nenhum momento recuada ou desviada daquela linha de princpios e de conduta que se traou desde primrdios da sua carreira.

    Nascido na cidade gacha de So Gabriel em 1883, e oriundo de ascendentes probos e modestamente entregues a atividades comerciais ou rurais, eis como ele prprio nos relata as suas atribulaes na adolescncia, bem como as circunstncias que influram nas suas inclinaes vocacionais:

    "Em 1893, durante as tropelias que se alastravam pelo Estado do Rio Grande do Sul, retirou-se para Porto Alegre a guarnio federal de So Gabriel, o que levou a minha famlia quela capital, com grandes prejuzos para os haveres comerciais de meu pai.

    Da irmandade constituda por dois rapazes e uma menina, era eu o mais moo, e sobre cujos ombros, por estranhvel que parea, ia cair certa parte dos encargos da famlia, premida pela situao econmica.

    Em Porto Alegre comearam as minhas atribulaes de menino pobre, preocupado com os estudos e a ajuda que deveria prestar minha me no rduo trabalho de sua pequena padaria, enquanto meu pai peregrinava pelo interior do Estado em seu modesto emprego de caixeiro-viajante."

    ................................................................................................................................................................... "Pacificado o Rio Grande do Sul, em fins de 1895, pde minha famlia regressar, em 1898, a So

    Gabriel, onde meu pai se estabeleceu com modesta casa de negcios, enquanto eu, com a idade de 14 anos, ficava em Porto Alegre, empregado e estudando para matricular-me na Escola Preparatria de Cadetes e de Ttica de Rio Pardo."

    ................................................................................................................................................................... "A cidade de So Gabriel, minha terra natal, foi, desde o Imprio, sede de importante guarnio

    militar. Nesse excitante ambiente marcial me criei e eduquei" ... "a guarnio se entrelaava com a sociedade gabrielense em todas as manifestaes cvicas e recreativas"

    Os oficiais mais cultos da guarnio colaboravam espontaneamente no ensino dos colgios locais, tomando parte nas bancas examinadoras e guiando as modestas professoras."

    ................................................................................................................................................................... "Assim comeou minha infncia, deslumbrada pelo brilho das espadas e o vibrar dos clarins. Da meus pendores pela carreira das armas, qual procurei servir com lealdade e dedicaes."

  • 7

    Da Escola Preparatria de Rio Pardo, onde terminou seu curso em 1902, bem provido como ele disse nas matrias de cultura geral, mas precariamente habilitado em instruo militar, ali ento "pouco cuidada", passou Mascarenhas de Moraes Escola Militar do Brasil, tambm chamada Escola da Praia Vermelha, com sede no Rio de Janeiro.

    Nessa, como naquela escola, assistiu a vrios movimentos poltico-militares que agitaram o Pas na primeira dcada deste sculo. Conforme nos recorda o General Meira Matos, ao prefaciar as Memrias do grande marechal, viu os seus companheiros, fascinados pelas idias positivistas, revoltarem-se contra a lei da vacina obrigatria. Presenciara tambm os ltimos reflexos das perturbaes que sacudiram a vida nacional nessa jornada difcil da consolidao da Repblica. Nada disso, porm, "abalou a vida estudantil do cadete Mascarenhas de Moraes que se distinguiu entre os melhores da sua turma". E nesse perodo conturbado formou-se a sua mentalidade e "brotaram as convices que haviam de modelar, ao longo dos anos, o seu comportamento diante das crises polticas". Em face do entrechoque constante entre as razes ardorosas de uma juventude militar idealista, mas irrequieta e inconformada, e as razes da necessidade de ordem e de estabilidade institucional, ele pendeu para estas; fez sua opo e essa foi da por diante uma das constantes do seu comportamento.

    Alferes-aluno em 1905, com o curso das trs armas, formou-se mais tarde em engenharia militar e obteve o diploma de bacharel em Matemtica e Cincias Fsicas. Participou como primeiro-tenente e engenheiro-ajudante nos trabalhos de levantamento e demarcao das fronteiras entre o Brasil e a Bolvia. Esquivo, como foi dito, s sedues poltico-militares, esteve sempre, desde o posto de capito, frente das suas unidades, ao lado do poder constitudo, contra todos os movimentos revolucionrios do perodo de 1922 a 1937. Como coronel, encontrou nos comandos da Escola Militar do Realengo e da Regio Militar em Mato Grosso o ensejo de afirmar a sua personalidade de chefe militar e, j nos postos de general-de-brigada e de general-de-diviso, desempenhou preeminente papel na preparao das foras militares que participariam na segunda guerra mundial.

    O SR. RUY CARNEIRO: Permite-me, V. Ex., um aparte? O SR. ADALBERTO SENA: Com muito prazer. O SR. RUY CARNEIRO: Esta minha interveno, uma vez que V. Ex. j fala em nome da nossa

    bancada, seria dispensvel. Entretanto, considero a homenagem de hoje, prestada pelo Senado da Repblica ao grande heri da FEB, Marechal Mascarenhas de Morais, como uma das mais importante e mais justas que a nossa Casa j prestou a um brasileiro eminente como o foi aquele soldado. V. Ex. que est fazendo um magnfico discurso, acaba de referir-se ao Marechal Mascarenhas de Mores, quando Comandante da 7 Regio Militar, na poca com sede em Recife. Essa referncia que deu margem a pedir-lhe este aparte.

    Quero expressar atravs da sua brilhante orao, o grande apreo que pessoalmente devotei quele saudoso amigo e grande heri da FEB e tambm o apoio da Paraba a esta justssima homenagem.

    Ele, naquele posto militar to importante, distinguiu sempre de modo especial o meu Estado, que alis me encontrava naquela oportunidade dirigindo seus destinos.

    Por tudo isso, no podia deixar de fazer esta interveno pessoal, para caracterizar a minha profunda admirao quele eminente brasileiro, que chegou a citar, com uma referncia comovente, o meu nome no seu livro Memrias.

    Esta Sesso de 17 de setembro de 1973, repito, ficar na histria do Senado como uma das mais importantes e mais justas homenagens que esta Casa j prestou a um homem pblico, da altitude do Marechal Joo Mascarenhas de Morais.

  • 8

    O SR. ADALBERTO SENA: Muitssimo obrigado a V. Ex., nobre Senador Ruy Carneiro. Na VII Regio Militar no Nordeste (1940-1943), mobilizou reservas, organizou unidades, construiu

    quartis e chegou a ter, sob suas ordens, duas divises de infantaria. Na II Regio Militar, em So Paulo (1943), alm do intensivo adestramento que proporcionou s tropas ali aquarteladas, promoveu, com a cooperao do governo do Estado, eficiente campanha de preparao do povo, visando ao possvel comprometimento do Brasil na guerra que j alcanava o seu litoral.

    Todos estes ttulos, todas essas realizaes, tanto o destacaram entre os oficiais-generais da poca, que, por um desfecho natural das marcha dos acontecimentos, haveria por caber-lhe, por necessidade e justia, o comando da Fora Expedicionria Brasileira. E ento que a sua figura predomina em toda a magnitude dos seus mritos e toda a fecundidade da sua preparao militar, fundada na experincia, na disciplina, na capacidade de discernimento, na serenidade em face dos reveses, na inflexibilidade no cumprimento do dever e na superioridade moral com que soube, acima de quaisquer veleidades pessoais repartir com seus camaradas as honras dos sacrifcios e da capacidade estratgica ou combativa a que se deveram as vitrias.

    O SR. PAULO GUERRA: Permite V. Ex. um aparte? O SR. ADALBERTO SENA: Com muito prazer, nobre Senador. O SR. PAULO GUERRA: O Senado, na tarde de hoje, nas vozes de V. Ex. e do Senador Luiz

    Cavalcante, presta a homenagem da posteridade e o reconhecimento ao grande soldado que foi o General Joo Batista Mascarenhas de Moraes. Eu o conheci no Comando da 7 Regio Militar, no incio da dcada de 40, onde aquele jovem general demonstrava o seu amor caserna, a sua lealdade ordem; e, em 1946, no aps-guerra, precisamente 27 anos depois, eu integrava a Constituinte, como representante de Pernambuco, um dos mais jovens da representao no Palcio Tiradentes. Tive a satisfao, justamente com mais nove integrantes do Senado de hoje, de dar aquele justo ttulo, que no foi outorgado somente pelo Congresso, mas pela Nao brasileira, de Marechal a Joo Baptista Mascarenhas de Moraes.

    O SR. ADALBERTO SENA: Muito obrigado a V. Ex., nobre Senador. To conspcio na paz, quanto grandioso na guerra. Mascarenhas de Moraes simboliza seno uma

    poca, pelo menos uma fase memorvel da vida nacional, e dentro dessa perspectiva histrica que os futuros bigrafos tero de traar-lhe o perfil e retrat-lo s vistas das geraes que se forem sucedendo. E tanto mais quanto, na sua atuao militar, no se esgota a grandeza da sua personalidade. Comparvel a Caxias, a Rondon e a outros benemritos fardados, ele soube ser tambm um nclito cidado e uma figura humana, a seu modo, das mais fascinantes.

    Como cidado, nas diversas situaes da sua vida, sempre se revelou um democrata sincero, bastando ler as reflexes exaradas nas suas Memrias, para se ter exata idia dessa feio particular do seu temperamento e da sua imaculao cvico-moral. Amigo e ex-colega de Getlio Vargas, nos primeiros estudos, nem essa amizade, nem a lealdade e esprito de disciplina e de respeito autoridade representada pelo chamado Estado Novo, o impediram de, naquelas reflexes partidas da sinceridade da sua alma, lamentar a persistncia com que se delongou o restabelecimento das prerrogativas polticas suprimidas em 1937, e no mesmo sentido, velada ou patentemente, ressumbra o seu pensamento nalgumas outras passagens.

    Mesmo nas reas no estritamente militares, eram admirveis as suas preocupaes patriticas. Nos trabalhos, canseiras e sacrifcios arrostados nas comisses de que participou, na demarcao das fronteiras do Pas, nunca lhe deixaram de ser proveitosas, a despeito de tais conjunturas as oportunidades de

  • 9 conhecer o nosso hinterland e de impressionar-se com as suas condies de desolamento em contraste com as da outra parte do Brasil. Percorrendo as diversas partes da nossa terra o Norte e o Sul a cidade e o serto, a mata e o pampa, o seu esprito foi capaz de fixar-se na problemtica nacional, compondo, com as diferenas da vida, das zonas e dos tempos, a unidade patritica das suas cogitaes e das suas obras.

    E escusando-me pelo que nisso possa haver de pessoal, no resisto ao desejo de aqui transcrever certo trecho das suas Memrias, no qual, em referncias particulares libertao do Acre, o seu amor pelos pagos natais se identifica, por uma coincidncia muito do seu agrado, com os seus sentimentos em relao a minha terra. Ouamo-lo:

    "Nos acontecimentos que acabo de mencionar ressalto as seguintes coincidncias: Plcido de Castro, o bravo libertador do Acre, e seu colaborador, o engenheiro Gentil Norberto eram ambos gachos, filhos da lendria cidade de So Gabriel; um dos signatrios do Tratado de Petrpolis, o escritor, jurista e diplomata J. F. de Assis Brasil, gacho, nascera na mesma cidade de So Gabriel; finalmente ao autor destas memrias coube a honra de ser um dos demarcadores desse territrio, durante os anos de 1910 a 1914".

    Tambm como homem de sociedade, Mascarenhas de Moraes foi um primor de cortesia. Por onde quer que permanecesse, com a famlia ou sem ela, grato lhe era seguir a tradio de sociabilidade em geral caracterstica dos nossos militares, mostrando-se sensvel aos convvios cvicos e recreativos das cidades do interior, onde a aproximao dos homens e dos grupos nota distintiva dos estilos de vida.

    Notem-se, igualmente, os aspectos mais particularmente humanos da sua individualidade. Seu lar era como que um santurio de onde irradiava a felicidade domstica em recprocos desvelos e carinhos. E nada mais digno de nota, a esse respeito, do que a narrao, feita por ele, dos primeiros encontros com a eleita do seu corao, a constncia do amor que os havia de unir, a despeito da distncia, e do tempo que longamente os manteve separados. E quanto comovedora aquela pgina das suas Memrias, onde ele recorda, na pungente saudade que lhe deixou a morte da esposa, a "assistncia devotada que em toda a sua carreira, recebeu dessa companheira e colaboradora de muitos anos", ao transporem os dias bonanosos e as horas de tempestade.

    Por outro lado, quem quer que o tivesse conhecido na intimidade, como eu tive a felicidade de conhecer atravs de afetuosas relaes entre a sua famlia e a da minha esposa, bem pde testemunhar at que ponto Mascarenhas de Moraes era capaz de gestos de cavalherismo e de aes generosas, sobretudo quando se impressionava com injustias, e se condoa com os sofrimentos de seus semelhantes.

    E a mais edificante das revelaes desse seu feitio, foi a carinhosa constncia com que se conduziu em face dos pracinhas. Regressando das lutas na Itlia, e, de novo na atividade militar nos cargos de Inspetor-Geral do Exercito e de Chefe do Estado-Maior das Foras Armadas, sua preocupao mxima, "conforme no se cansava de dizer, era a da construo do Monumento aos Mortos da 2 Guerra Mundial e transladao dos restos dos nossos pracinhas para o Brasil". E bem se sabe quanto, at a sua morte, se desdobrou e tresdobrou, em carinhos e esforos, para ampar-los nas suas necessidades e no reconhecimento dos seus direitos gratido nacional.

    No cabe, evidentemente, nos breves registros compatveis com o tempo da presente homenagem fixar, na sua profuso de valores, todos os aspectos de to invulgar personagem.

    Mas o Congresso Nacional, que em dois momentos de grandeza cvica, concedeu-lhe as honras do marechalato e, depois, f-lo reverter ao servio ativo, nesse mesmo posto e enquanto vivesse; o Congresso Nacional que, por tal forma,

  • 10 se honrou com a iniciativa de tornar-se o principal guardio das glrias do preclaro Comandante da Fora Expedicionria; o Congresso Nacional, repito eu, no poderia deixar como no deixou, de assinalar to solenemente o marco histrico j representado pelo transcurso do ciclo cronolgico que hoje se completa. E possa este nosso gesto quebrar um pouco do silncio que, infelizmente, se estende, noutras reas, sobre coisas to belas como foram e perenemente sero a vida e as obras daquele magnfico exemplar do herosmo da nossa estirpe e de inapagveis rutilncias de nossa atuao no passado. (Muito bem! Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): O Senado Federal, atravs das palavras das Lideranas dos partidos polticos que o integram, acaba de dar cumprimento deliberao que o Plenrio adotou ao aprovar o Requerimento n 154/73, subscrito pelos nobres Srs. Senadores Danton Jobim, Paulo Torres, Augusto Franco, Dinarte Mariz, Ruy Carneiro, Antnio Carlos, Magalhes Pinto e Carlos Lindenberg.

    A Mesa, atravs desta Presidncia, associa-se s justas homenagens que a Casa acaba de tributar memria do eminente brasileiro Marechal Joo Baptista Mascarenhas de Moraes.

    Comparecem mais os Srs. Senadores: Jos Guiomard Jos Esteves Domcio Gondim Arnon de Mello Augusto Franco Carlos

    Lindenberg Eurico Rezende Benjamin Farah Italvio Coelho Saldanha Derzi Lenoir Vargas. O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): Sobre a mesa, requerimento que ser lido pelo 1-

    Secretrio. lido o seguinte:

    REQUERIMENTO N 178, DE 1973

    Nos termos do art. 234 do Regimento Interno, requeiro transcrio nos Anais do Senado, do discurso proferido, na Sesso de encerramento da Conveno Nacional da ARENA, realizada a 15 do corrente, pelo Senhor General-de-Exrcito Ernesto Geisel, como candidato do Partido Presidncia da Repblica na eleio a processar-se em 15 de janeiro de 1974.

    Sala das Sesses, em 17 de setembro de 1973. Petrnio Portella O SR. PETRNIO PORTELLA: Sr. Presidente, peo a palavra para justificar o requerimento. O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): Concedo a palavra ao nobre Lder da Maioria, Senador

    Petrnio Portella. O SR. PETRNIO PORTELLA (como Lder da Maioria): Sr. Presidente, Srs. Senadores, sbado

    ltimo, falou Nao o General Ernesto Geisel. F-lo como candidato da ARENA Presidncia da Repblica, na eleio de 15 de janeiro de 1974. E o documento precisa ser transcrito em nossos Anais, pela extraordinria importncia, pois S. Ex., como homem de Estado, nele traa, de forma firme, as diretrizes gerais do seu futuro governo.

    Governo de estilo prprio, estar integrado nas linhas doutrinrias da Revoluo de Maro de 1964. O documento ressalta bem a continuidade sem que exclua o aperfeioamento.

    No plano administrativo, o nosso candidato Presidncia da Repblica versou com clarividncia e excepcional competncia a problemtica brasileira, dando a posio exata do seu governo sobre os assuntos mais palpitantes.

    No plano institucional, deixou evidente que a Revoluo um movimento em marcha, disposto sempre a rever, de acordo com a realidade, as instituies,

  • 11 a fim de que elas possam sempre, e cada vez melhor, servir a Nao, promovendo-lhe o desenvolvimento.

    Dissertou S. Ex. sobre os assuntos mais importantes da atualidade brasileira e internacional. Por todos estes motivos, Sr. Presidente, o documento deve ser eternizado em nossos Anais, para que

    esta Casa possa t-l como um dos subsdios valiosos ao estudo da vida brasileira. O documento que solicito, por intermdio da Mesa, seja transcrito, daqueles que no precisam ser

    justificados, pois o seu contedo interessa a todos os brasileiros. (Muito bem! Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): O requerimento que acaba de ser lido foi objeto de

    pronunciamento do nobre Lder da Maioria. De acordo com o art. 234, 1, do Regimento Interno, ser submetido ao exame da Comisso Diretora.

    Ainda h outro requerimento. Peo que o Sr. 1 Secretrio proceda leitura. lido o seguinte:

    REQUERIMENTO N 179, DE 1973

    Sr. Presidente: Nos termos do art. 234 do Regimento Interno, requeiro a transcrio nos Anais do Senado dos

    discursos proferidos pelo Senador Daniel Krieger e Deputado Emanuel Pinheiro, na Sesso de abertura da Conveno Nacional da Arena, no dia 14 do corrente, e dos discursos do Deputado Aureliano Chaves e Senador Petrnio Portella, na Sesso de encerramento da referida Conveno, realizada a 15 do corrente ms.

    Sala das Sesses, em 17 de setembro de 1973. Lourival Baptista Ruy Santos. O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): O requerimento que acaba de ser lido e subscrito pelos

    nobres Senadores Lourival Baptista e Ruy Santos, ser encaminhado ao exame da Comisso Diretora. (Pausa.)

    No h mais expediente a ser lido. Prestes a esgotar-se o tempo destinado ao Expediente, vamos passar ao exame da:

    ORDEM DO DIA

    Item 1 Discusso, em turno nico, da redao final (oferecida pela Comisso de Redao em seu Parecer n

    441, de 1973) do Projeto de Lei da Cmara n 45, de 1973 (n 1.356-B/73, na Casa de origem), de iniciativa do Sr. Presidente da Repblica, que autoriza o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) a doar o imvel que menciona, situado no Municpio de Morada Nova, no Estado do Cear.

    Em discusso a redao final. Se nenhum dos Srs. Senadores quiser usar da palavra, vou encerrar a discusso. (Pausa.) Est encerrada.

  • 12

    No havendo emendas nem requerimento para que a redao final seja submetida a votos, a mesma dada como definitivamente aprovada, independente de votao, nos termos do art. 362 do Regimento Interno.

    O projeto vai sano. a seguinte a redao final aprovada: Redao final do Projeto de Lei da Cmara (n 45, de 1973 1.356-B/73, na Casa de origem), que

    autoriza o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) a doar ao Municpio de Morada Nova, no Estado do Cear, imvel que menciona.

    O Congresso Nacional decreta: Art. 1 O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas DNOCS fica autorizado a doar ao

    Municpio de Morada Nova, no Estado do Cear, o terreno situado na avenida Manuel de Castro, no mesmo Municpio, constitudo de 10.800 m (dez mil e oitocentos metros quadrados).

    Art. 2 A rea de terra a ser doada destina-se construo de um Grupo Escolar, a cargo da municipalidade.

    Art. 3 Esta lei entra em vigor na data de sua publicao, revogadas as disposies em contrrio. O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): Item 2 Discusso, em turno nico, da redao final (oferecida pela Comisso de Redao em seu Parecer n

    429, de 1973) do Projeto de Decreto Legislativo n 5, de 1973 (n 102-A/73, na Cmara dos Deputados), que aprova a aposentadoria de Pedro Augusto Cysneiros, Assessor para Assuntos Legislativos do Quadro de Pessoal do Departamento Administrativo do Pessoal Civil.

    Em discusso a redao final. Se nenhum dos Srs. Senadores quiser usar da palavra, vou encerrar a discusso. (Pausa.) Est encerrada. No havendo emendas nem requerimento para que a redao final seja submetida a votos, a

    mesma dada como definitivamente aprovada, independente de votao, nos termos do art. 362 do Regimento Interno.

    a seguinte a redao final aprovada: Redao final do Projeto de Decreto Legislativo n 5, de 1973 (n 102-A/73, na Cmara dos

    Deputados). Fao saber que o Congresso Nacional aprovou, nos termos do art. 72, 7, da Constituio, e eu,

    Presidente do Senado Federal, promulgo o seguinte:

    DECRETO LEGISLATIVO N , DE 1973 Referenda o ato do Presidente da Repblica que concedeu aposentadoria a Pedro Augusto

    Cysneiros, Assessor para Assuntos Legislativos do Quadro de Pessoal do Departamento Administrativo do Pessoal Civil.

    O Congresso Nacional decreta: Art. 1 referendado o ato do Presidente da Repblica que concedeu aposentadoria a Pedro

    Augusto Cysneiros, Assessor para Assuntos Legislativos do Quadro de Pessoal do Departamento Administrativo do Pessoal Civil.

  • 13

    Art. 2 Este decreto legislativo entra em vigor na data de sua publicao, revogadas as disposies em contrrio.

    O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): Item 3 Discusso, em turno nico, da redao final (oferecida pela Comisso de Redao em seu Parecer n

    426, de 1973) do Projeto de Decreto Legislativo n 25, de 1973 (n 115-B/73, na Cmara dos Deputados), que aprova o texto do Acordo Bsico de Cooperao Tcnica, firmado entre o Governo da Repblica Federativa do Brasil e o Governo da Repblica da Colmbia, a 13 de dezembro de 1972.

    Em discusso a redao final. Se nenhum dos Srs. Senadores desejar fazer uso da palavra, encerrarei a discusso. (Pausa.) Est encerrada. No havendo emendas nem requerimento para que a redao final seja submetida a votos, a

    mesma dada como definitivamente aprovada, independente de votao, nos termos do art. 362 do Regimento Interno.

    O projeto ir promulgao. a seguinte a redao final aprovada: Redao final do Projeto de Decreto Legislativo n 25, de 1973 (n 115-B/73, na Cmara dos

    Deputados). Fao saber que o Congresso Nacional aprovou, nos termos do art. 44, inciso I, da Constituio, e eu,

    Presidente do Senado Federal promulgo, o seguinte:

    DECRETO LEGISLATIVO N , DE Aprova o texto do Acordo Bsico de Cooperao Tcnica entre o Governo da Repblica Federativa

    do Brasil e o Governo da Repblica da Colmbia, firmado em Bogot, a 13 de dezembro de 1972. O Congresso Nacional decreta: Art. 1 aprovado o texto do Acordo Bsico de Cooperao Tcnica entre o Governo da Repblica

    Federativa do Brasil e o Governo da Repblica da Colmbia, firmado em Bogot, a 13 de dezembro de 1972.

    Art. 2 Este decreto legislativo entra em vigor na data de sua publicao, revogadas as disposies em contrrio.

    O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): Est esgotada a matria constante da Ordem do Dia. H oradores inscritos. Concedo a palavra ao nobre Senador Lourival Baptista. O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Sr. Presidente, Srs. Senadores, j com 25 anos de existncia, o

    Banco do Nordeste do Brasil prossegue em sua notvel obra em benefcio do desenvolvimento nordestino, do qual um dos mais poderosos instrumentos de ao do Governo Federal naquela rea.

    Os ambiciosos objetivos que levaram o Poder Legislativo a aprovar a Lei n 1.649, de 19 de julho de 1952, que criou o Banco do Nordeste, esto sendo paulatinamente alcanados, conforme se pode verificar pela anlise das atividades daquele estabelecimento de crdito no decorrer dos anos de sua existncia.

    O balancete semestral, de junho deste ano, j nos revelou o aumento considervel dos recursos aplicados este ano no Nordeste: um volume de emprstimos

  • 14 da ordem de dois bilhes e seiscentos milhes de cruzeiro, sendo que o crdito especializado a longo e mdio prazos atingiu a um bilho e quatrocentos milhes e os depsitos chegaram, at o meio deste ano, a Cr$ 1 bilho e 300 milhes, na confirmao da operosa gesto de sua atual diretoria, frente o presidente, Economista Hilberto Silva.

    No ano passado, conforme j tivemos oportunidade de dizer nesta tribuna, o Banco do Nordeste superou todos seus recordes, apresentando realizaes em dimenses bem superiores s de 1971. Os resultados concretos e positivos alcanados em 1972 vieram animar ainda mais a instituio na sua luta pela integrao no Nordeste, na estratgia de desenvolvimento scio-econmico do Brasil. Naquele ano os emprstimos globais realizados atingiram o montante de Cr$ 652 milhes, contra Cr$ 2.610 milhes em 1971, o que nos d um incremento nominal de 39,9%. E este ano, pelos dados j divulgados, o Banco do Nordeste apresentar resultados ainda maiores e mais promissores.

    Todos sabemos da importncia dos emprstimos do Banco do Nordeste para o setor rural, bem como para o florescimento de todas as atividades econmicas no Nordeste. As operaes de Crdito Geral beneficiam todos os setores, destinando-se, basicamente, comercializao da produo das empresas agrcolas, industriais e comerciais, bem como antecipao de receitas a Estados e municpios da regio a que serve. Em 1972, o Banco do Nordeste realizou 672.116 operaes da espcie, no valor global de Cr$ 3.006 milhes,...

    O SR. PAULO GUERRA: V. Ex. d licena para um aparte? O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Daqui a um minuto, eminente Senador... contra Cr$ 2.259 milhes

    no ano anterior, o que bem demonstra a importncia dessa instituio para a economia nordestina. Ouo, com prazer, V. Ex., eminente Senador Paulo Guerra. O SR. PAULO GUERRA: Faz muito bem V. Ex. em assinalar os grandes servios prestados ao

    Nordeste do Brasil por esta notvel instituio de crdito. Tenho a impresso de que os aplausos so de todo o Nordeste, pois desde sexta-feira tenho conhecimento de que o nosso eminente colega, Senador Waldemar Alcntara, que exerceu durante certo perodo a direo do Banco do Nordeste, tambm abordar o assunto. Isto a demonstrao inequvoca de que o Banco do Nordeste, ontem como hoje, est a servio do desenvolvimento da regio.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Sou muito grato a V. Ex., eminente Senador Paulo Guerra, pelo seu aparte.

    O SR. WALDEMAR ALCNTARA: V. Ex. me permite um aparte? O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Com muito prazer, eminente Senador Waldemar Alcntara. O SR. WALDEMAR ALCNTARA: Evidentemente, se tempo houver, e o gnio e a arte me

    ajudarem, devo fazer uma anlise do relatrio do Banco do Nordeste, correspondente s atividades de 1972; por isto mesmo, estou ouvindo extremamente interessado a exposio que V. Ex. est fazendo e continuar a fazer, verificando se os conceitos que V. Ex. est emitindo sobre o Banco do Nordeste sero aqueles mesmos que, logo mais, expenderei da tribuna desta Casa. Acredito que, nordestino como eu, V. Ex. sente realmente a atuao salutar do Banco do Nordeste, no que respeita a economia da regio.

    Felicito V. Ex. por ter tomado a iniciativa de proclamar da tribuna do Senado os resultados financeiros obtidos pelo Banco do Nordeste no exerccio de 1972, os quais examinarei daqui a pouco, talvez com um pouco mais de detalhes, porque apreciarei o Banco do Nordeste no conjunto da regio a que ele serve.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Ainda agradecendo o aparte do eminente Senador Paulo Guerra, quero dizer a V. Ex. que, h cerca de 25 dias, recebi de

  • 15 um dos diretores do Banco do Nordeste, o General Murillo Borges, um relatrio acentuando a ao do Banco do Nordeste em Sergipe.

    Inscrevi-me na semana passada, para falar na quarta-feira, na quinta e, depois, na sexta-feira, a fim de tratar desse assunto. Mas, infelizmente, devido doena em pessoa da minha famlia, no pude vir a este Plenrio e usar da tribuna, pana ler o discurso que preparara. pois, com muita alegria que oua V. Ex. dizer que, nesta mesma tarde, iremos ouvir Waldemar Alcntara, ilustre Senador e ex-diretor do Banco do Nordeste e que, quando eu era Governador de Estado, esteve em Sergipe vrias vezes, levando o apoio do Banco do Nordeste, comparecendo a vrias exposies agropecurias que realizamos, tanto na cidade de Lagarto, como na nossa Capital, em Aracaju.

    Waldemar Alcntara, como diretor do Banco do Nordeste, prestou servios a Sergipe e ao Nordeste. Tenho a certeza de que, hoje, da tribuna do Senado, vir dizer da ao desse Banco que atende realmente ao Nordeste brasileiro.

    Igualmente intenso foi o trabalho realizado no ltimo ano pelo Banco do Nordeste. Desse trabalho, desejo ressaltar o setor pioneiro das pesquisas, onde atua de forma a mais decisiva para o desenvolvimento nordestino, que aqui encontra um apoio precioso por parte da instituio. Acaba o Banco de realizar mais 26 grandes pesquisas setoriais, abrangendo o setor agropecurio, o industrial e aspectos gerais da economia nordestina. So trabalhos que logo sero publicados e destinados a constituir importante contribuio para novos empreendimentos e, bem assim, o aprimoramento da poltica desenvolvimentista do Nordeste. De grande significao foi, tambm, o aumento do capital social do estabelecimento que, em 1972, passou de Cr$ 140 milhes para Cr$ 420 milhes.

    Como representante de Sergipe nesta Casa, no posso deixar de dar vazo satisfao que me veio do exame de informaes que me foram enviadas pelo General Murillo Borges Moreira, presidente em exerccio do Banco do Nordeste. que realaram elas o crescimento das atividades da instituio no meu Estado, o que se dar novamente no transcurso deste ano.

    Em 1972, os emprstimos globais do Banco em Sergipe chegaram a Cr$ 98 milhes, com um incremento nominal de 21%. As operaes de Crdito Especializado totalizaram Cr$ 32 milhes, e a agropecuria foi o item onde se concentrou o maior volume da assistncia financeira, num crescimento relativamente ao ano anterior que alcanou a 93%! Para o suprimento de capital de giro s empresas, foram realizadas 16.127 operaes no valor total de Cr$ 66 milhes, com um aumento de 14% em relao ao exerccio anterior.

    Pode-se avaliar melhor a atuao do Banco do Nordeste no Estado de Sergipe atravs do exame de sua participao no sistema bancrio do Estado, onde possui cinco unidades operadoras, localizadas em Aracaju, Carira, Guararu, Propri e Simo Dias. Excetuado o Banco do Brasil, os saldos globais dos emprstimos em Sergipe alcanaram o montante de Cr$ 84 milhes, contra Cr$ 189 milhes dos demais estabelecimentos de crdito, o que, em termos percentuais, d ao Banco do Nordeste 44,2% do total aplicado no Estado por toda a rede bancria, com exceo do Banco do Brasil.

    A Agncia de Aracaju aplicou Cr$ 58 milhes, contra Cr$ 156 milhes dos demais estabelecimentos bancrios, o que representa, para o BNB, uma participao de 34% do total. O mesmo se d com relao as aplicaes feitas pelas demais unidades operadoras existentos no meu Estado, realando a importncia da atuao do Banco do Nordeste em Sergipe.

    Mais importante do que esses explndidos resultados o esforo contnuo para sua multiplicao. Assim que, extra-oficialmente, sabemos que as aplicaes do Banco do Nordeste em Sergipe este ano devero ultrapassar os totais de 1972. Esse poderoso instrumento de integrao da regio, de que dispe o Governo Federal, aperfeioa mtodos de trabalho; empreende trabalhos de pesquisa; multiplica seus recursos, em incessante esforo de tornar cada vez mais decisiva e maior sua atuao em favor do desenvolvimento brasileiro, no fiel

  • 16 cumprimento das metas estabelecidas pelo governo do eminente Presidente Garrastazu Mdici. E, com toda justia, Sergipe tem sido cada ano mais aquinhoado, beneficiando-se sempre mais dos crescentes recursos daquela instituio. Quando no governo do Estado, pudemos testemunhar a importncia, a seriedade e a competncia com que se conduz o Banco do Nordeste, hoje sob a dinmica presidncia do Economista Hilberto Silva, que tem correspondido, inteiramente, confiana nele depositada pelo Governo Federal ao entregar-lhe a misso de presidir aquele estabelecimento de crdito, de to grande significao para o Nordeste.

    O SR. PAULO GUERRA: V. Ex. permite mais um aparte? O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Com muito prazer. O SR. PAULO GUERRA: Eminente Senador Lourival Baptista, creio que no somente Sergipe,

    mas todas as Unidades da Federao situadas na Regio Nordestina tm sido altamente beneficiadas pela ao creditcia do Banco do Nordeste, principalmente os governos estaduais e as prefeituras, num trabalho de antecipao da receita, trabalho pioneiro que aquele Banco comeou a realizar em nossa regio e que necessita ser registrado, mais uma vez, nesta Casa. Pernambuco, pela minha voz, incorpora-se aos aplausos que V. Ex. tece nesta hora ao Banco do Nordeste.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Mais uma vez, eminente Senador Paulo Guerra, sou muito grato a V. Ex.. E o depoimento de V. Ex. torna-se mais valioso, vez que, como eu, ex-Governador, teve o apoio desse Banco que, como disse, muito tem feito pela nossa regio. V. Ex. sabe da ajuda que recebeu desse grande estabelecimento de crdito.

    de se salientar, tambm, por um dever de justia, o trabalho de todo o funcionalismo do Banco do Nordeste e, no tocante ao meu Estado, daqueles que servem nos agncias de Aracau, Carira, Guararu, Propri e Simo Dias, sempre solcitos no atendimento s partes e empenhados em bem servir o interesse coletivo do Estado e, dessa forma, do Pas.

    Tal como contei com o apoio da administrao do Banco do Nordeste, o Governador Paulo Barreto de Menezes tem sido prestigiado pela instituio, sempre pronta a dar seu valioso concurso para a realizao de planos e obras que objetivam o maior desenvolvimento sergipano.

    O SR. HEITOR DIAS Permite V. Ex. um aparte? O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Com muito prazer, nobre Senador Heitor Dias. O SR. HEITOR DIAS: Estou de pleno acordo com os elogios e as referncias de V. Ex. ao Banco

    do Nordeste, que tem assinalados servios prestados Nao, no s pelo seu apoio, de um modo geral, a todos os Estados, mas tambm, em vrios casos, aos municpios. O Banco do Nordeste tem contado, na sua direo, com uma pliade de homens do melhor gabarito. de justia recordar os nomes daqueles que estruturaram esse estabelecimento bancrio, a comear pelo Professor Rmulo de Almeida, cujo nome credor do maior respeito e do maior apreo, porque, desde jovem, se dedicou ao planejamento econmico no Brasil, tendo sido, inclusive, assessor do Presidente Getlio Vargas. E uma referncia se faz mister ao trabalho de Rubens Costa que hoje se encontra, com a mesma clarividncia e o mesmo dinamismo, frente do Bando Nacional da Habitao. de se reconhecer que o Dr. Hilberto Silva tem sabido corresponder honrosa misso que lhe foi confiada. Mas a esta altura j olho o Banco do Nordeste impessoalmente, porquanto se trata de organismo que j se credenciou ao respeito e confiana de toda a Nao pela segurana de suas diretrizes e pelas profundas razes que implantou no solo econmico-financeiro do Pas.

    O SR. WALDEMAR ALCNTARA: Permite V. Ex. um aparte? O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Com muito prazer.

  • 17

    O SR. WALDEMAR ALCNTARA: Senador Lourival Baptista, no podia deixar de registrar a omisso, certamente involuntria do Senador Heitor Dias ao se referir aos grandes orientadores do Banco do Nordeste. Seria realmente uma falta grave no citar, a esta altura, o nome do Economista Rmulo de Almeida, pois que foi realmente o organizador e o implantador do Banco do Nordeste. Talvez a sorte, a projeo desse Banco, justamente alcanada, no cenrio financeiro do Pas, deva-se em grande parte organizao de Rmulo de Almeida. Realmente repito Rmulo de Almeida foi o artfice do Banco do Nordeste.

    O SR. PAULO GUERRA: V. Ex. me permite um aparte? O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Com muita satisfao. O SR. PAULO GUERRA: V. Ex. sabe como so perigosas as citaes. Nesta hora em que se

    ensaia um esboo da histria do Banco do Nordeste, iniciado pela ao inteligente, capaz e que tanto projetou esse Banco, logo no seu incio, de Rmulo de Almeida no podemos esquecer o nome de Raul Barbosa. Se Rmulo de Almeida fez o planejamento e lanou o Banco do Nordeste como um estabelecimento de crdito capaz de levar a Regio Nordestina a incorporar-se ao processo de desenvolvimento nacional, foi Raul Barbosa quem o consolidou. O Banco do Nordeste tem sido feliz com os seus presidentes e diretores. Foi Rmulo de Almeida, foi Raul Barbosa, foi Rubens Costa, Hilberto Silva, para falar somente daqueles que durante mais tempo dirigiram o notvel estabelecimento de crdito.

    O SR. WALDEMAR ALCNTARA: V. Ex. me permite mais um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para uma retificao: por um lapso, no ouvi o nobre Senador Heitor Dias referir o nome do Professor Rmulo de Almeida, que realmente como j disse foi a grande figura inicial do Banco do Nordeste. E vejo que S. Ex. fez justia a esse grande economista.

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Sou muito grato aos apartes aqui proferidos pelos eminentes Senadores Heitor Dias, Paulo Guerra e Waldemar Alcntara. Fizeram muito bem S. Ex.s em relembrar os nomes de Rmulo de Almeida, Rubens Cota e Raul Barbosa. Na verdade, foram trs homens que exerceram com dignidade os seus cargos.

    Em discursos anteriores, desta tribuna, a eles j me referi, j disse da ao desses Presidentes do Banco do Nordeste, principalmente daqueles que me apoiaram quando estive frente do Governo de Sergipe. Quando Governador, encontrei na Direo do Banco do Nordeste o Economista Rubens Costa, e este Plenrio sabe muito bem das minhas referncias ao trabalho desse grande tcnico. Tambm desta tribuna j me referi a Raul Barbosa, no como Presidente do Banco do Nordeste e sei da sua obra e do seu trabalho mas quando, no exterior, como Diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Washington, onde se encontra trabalhando pelo Brasil, ajudou uma pretenso de Sergipe.

    Quando Governador, pleiteamos um emprstimo internacional, para ampliao do servio de abastecimento de gua de Aracaju, e o Doutor Raul Barbosa se empenhou, com todo o interesse, para soluo favorvel do problema.

    Quanto a Rmulo de Almeida, o conheo desde os nossos tempos de acadmicos na Bahia. Ele, cursando a Faculdade de Direito e eu, a de Medicina. J se impunha naquela poca pela sua inteligncia, na antecipao de sua brilhante carreira de poltico e administrador. Acompanhei, com especial interesse, sua ao na Cmara dos Deputados, onde representou a Bahia, como o faria em todos os postos que ocupou, de forma especial ao assumir a presidncia do Banco do Nordeste.

    E, hoje, Hilberto Silva realiza uma obra extraordinria, tambm frente daquele estabelecimento de crdito. Disse muito bem o Senador Paulo Guerra: aplausos para os ex-presidentes e tambm para os diretores, que l, como Murillo Borges Moreira, como Waldemar Alcntara, como Corts Pereira, como Jos Noronha de Moura, como Juarez Novaes Pontes, como Bello Parga, como Helio

  • 18 Dias de Assis, e tantos outros, fizeram pelo Nordeste e continuam fazendo por aquela regio sofrida.

    O meu Estado , assim, grato ao Banco do Nordeste, a seus ilustres diretores e a seu corpo de tcnicos e funcionrios. E o progresso de Sergipe representa a contrapartida a esse esforo, a essa ajuda, e h de ser grato aos que trabalham naquela instituio, pois nessa contrapartida vem o alcance das altas finalidades que determinaram a criao e o fortalecimento contnuo do Banco do Nordeste do Brasil. (Muito bem! Muito bem! Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Antnio Carlos): Concedo a palavra ao seguinte orador inscrito, o nobre Senador Waldemar Alcntara.

    O SR. WALDEMAR ALCNTARA: Sr. Presidente, Srs. Senadores, tal como prometi ainda h pouco, atravs de aparte ao nobre Senador Lourival Baptista, devo ocupar-me de uma anlise sobre o Relatrio do Banco do Nordeste correspondente as suas atividades no ano de 1972.

    Serei breve, para no estar repetindo os mesmos conceitos j expendidos pelo eminente Senador pelo Estado de Sergipe. Mas gostaria de dizer que os relatrios anuais do Banco do Nordeste do Brasil S.A. costumam vir publicidade precedidos de um escudo enfocando aspectos econmicos e financeiros da Regio, cuja importncia j temos salientado em outras oportunidades.

    Assim que os relatrios correspondentes s atividades dos anos 1970 e 1971, sob o ttulo geral de Introduo Econmica, reportaram-se, respectivamente, a uma "Viso da Economia Agrcola do Nordeste" e "Perspectivas de Desenvolvimento do Nordeste at 1980".

    Num e noutro trabalho encontram-se dados e informaes muito teis apreciao da economia regional, sua evoluo e comportamento, que dever da instituio acompanhar e avaliar para a segurana dos seus prprios negcios e correto desempenho de suas finalidades.

    O SR. PAULO GUERRA: Permite V. Ex. um aparte? O SR. WALDEMAR ALCNTARA: Com todo o prazer. O SR. PAULO GUERRA: V. Ex., como fez o eminente Senador pelo Estado de Sergipe, Lourival

    Baptista, faz muito bem em analisar o Relatrio, a ao do trabalho do Banco do Nordeste no perodo de 1972. Apenas quero dizer que to grande, to substanciosa a colaborao do Banco do Nordeste a toda a Regio, no somente no trabalho de atendimento aos governadores e prefeitos mas tambm como rgo integrado no processo de desenvolvimento nacional. O Banco do Nordeste tem-se revelado altura da destinao para a qual foi criado. H pouco, quando eu falava aqui em homenagem ao saudoso, grande patriota Marechal Mascarenhas de Moraes, dizia que era um dos dez constituintes desta Casa que havia votado a favor da concesso do ttulo de Marechal quele eminente soldado. Quero tambm dizer que como Deputado por Pernambuco, depois da reconstitucionalizao, tive a satisfao de votar a lei que criou o Banco do Nordeste. Naquela poca o Banco do Nordeste tinha participao da receita federal para formao do seu capital; nele quase ningum acreditava. Por determinao expressa do Presidente Getlio Vargas, a sede do Banco do Nordeste passou a ser no Cear, apesar da luta da representao de Pernambuco para que continuasse em Recife, onde tem seu maior centro de operao.

    Mas foi muito bem. No estamos aqui para lamentar o fato, mas para engrandec-lo, porque l na terra cearense terra de V. Ex., terra que V. Ex. to bem representa no Senado, o Banco soube lanar razes por todo o Nordeste. E como a terra pernambucana era mais fecunda, as razes em Pernambuco so maiores, so mais fecundas. Lamento apenas duas coisas estruturais na formao do Banco: primeira, que ele no pertena ao Ministrio da Fazenda. No compreendo como o Banco do Nordeste no esteja subordinado diretamente ao Ministrio da Fazenda. E agora que vai haver uma

  • 19 mudana do governo, agora que essa idia no pode ser recebida com uma restrio ao Ministro do Interior, eu faria um apelo s autoridades para que, no prximo governo, o Banco do Nordeste passe a integrar a Rede Bancria Nacional controlada pelo Ministrio da Fazenda. Gostaria tambm de fazer e peo licena a V. Ex., porque tenho um compromisso ressalva queles que criticam o Banco do Nordeste, quando ele diminui a sua atuao, dizendo que o Banco do Nordeste tem-se revelado um Banco mais comercial do que um Banco a servio do desenvolvimento da Regio. que o Banco do Nordeste recebia e recebe, hoje com menos volume, um dinheiro resultante do 3418 e tinha que movimentar esse dinheiro, porque ele pago no dia seguinte. Por isso, o Banco do Nordeste ampliou mais a sua Carteira Comercial. Mas, quem se detiver ao trabalho fecundo de todas administraes ainda tera-feira passada Hilberto Silva estava no interior de Pernambuco, levando a sua ao construtiva no Banco do Nordeste ir verificar que aquele estabelecimento bancrio tem correspondido aos anseios da determinao que o criou.

    O SR. WALDEMAR ALCNTARA: Nobre Senador Paulo Guerra, lamento profundamente no poder contar com a audincia de V. Ex., mas antes que V. Ex. deixe o Plenrio, gostaria de dizer que o Cear no s levou a sede do Banco do Nordeste para Fortaleza como foi o Estado do Nordeste que mais corrigir possveis distores nos seus programas e estabelecer prioridades para atravs dos seus capitalistas subscreveu o maior nmero de aes do Banco do Nordeste. Quanto filiao do Banco ao Ministrio da Fazenda, comungo inteiramente da idia de V. Ex.. Tenho para mim que uma excrescncia estar o Banco do Nordeste filiado ao Ministrio do Interior.

    Prosseguindo, Sr. Presidente, referia-me aos documentos que o Banco do Nordeste publica anualmente, para dizer que eles sintetizam observaes e resultados de anlises sobre a problemtica regional ao mesmo tempo que divulgam aspectos relevantes da economia nordestina.

    Desses conhecimentos servem-se as empresas e investidores que operam na rea e sua luz reformulam e reajustam suas atividades, adequando-as aos seus objetivos. Utilizam-nos tambm os administradores estaduais para corrigir possveis distores nos seus programas e estabelecer prioridade para projetos desenvolvimentistas.

    No corrente ano, isto , no relatrio relativo ao exerccio de 1972 a tradio foi mantida. exposio propriamente, dirigida aos acionistas, antepe-se um substancioso e oportuno estudo sob o ttulo "Sistema Financeiro Regional" no qual so examinados muitos dos seus principais aspectos "objetivando fornecer uma viso de conjunto do funcionamento dos Bancos e entidades no bancrias, mostrando seu desempenho e importncia no processo da economia nordestina".

    O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Permite V. Ex. um aparte, eminente Senador Waldemar Alcntara? O SR. WALDEMAR ALCNTARA: Com muito prazer, nobre Senador Lourival Baptista. O SR. LOURIVAL BAPTISTA: Senador Waldemar Alcntara, h poucos minutos, como disse a V.

    Ex., usei da tribuna para falar a respeito do Banco do Nordeste. Disse a V. Ex. e ao eminente Senador Paulo Guerra que era meu desejo falar desde a semana passada e havia me inscrito para faz-lo na quarta, na quinta e na sexta-feira. Protelei o discurso por motivo de doena em pessoa de minha famlia. Mas V. Ex., hoje, aborda este assunto. Se tivesse tido conhecimento de que V. Ex. iria falar neste tema to palpitante que o Banco do Nordeste, teria aberto mo da minha inscrio e da minha fala para que V. Ex. fizesse o pronunciamento, j que sei que V. Ex., como antigo diretor daquele estabelecimento de crdito, conhece plenamente os seus problemas conhece plenamente o que ele faz, o que ele realiza na nossa Regio. Mas quero felicitar V. Ex. pela explanao que est fazendo, pelo conhecimento que est demonstrando e pelo que nos est dizendo sobre o que o Banco

  • 20 do Nordeste realizou no ano de 1972. De parabns est a Casa por ouvir o discurso de V. Ex..

    O SR. WALDEMAR ALCNTARA: V. Ex. apenas labora em um equvoco: eu que estou de parabns por ter ouvido, antes, uma anlise feita por V. Ex. que, como Governador do Estado de Sergipe, teve contato muito estreito com o Banco do Nordeste e sentiu realmente a sua atuao. Portanto, uma autoridade que pode falar, muito acima da minha.

    Mas, continuo a anlise da introduo econmica do Banco do Nordeste. A intermediao financeira exercida atravs de mecanismos de captao de recursos e sua

    distribuio s empresas deficitrias constitui, conforme se explica, a funo precpua do sistema. No estgio atual da nossa economia as instituies financeiras impem-se como instrumentos teis

    acelerao do processo de desenvolvimento, adquirindo maior ou menor significao na dependncia de sua organizao e funcionamento.

    Justificando o estudo apresentado, seus autores valorizam o mecanismo financeiro que deve estar organizado de modo a "poder oferecer aos que poupam as desejveis alternativas de colocao de seus excedentes e s unidades carentes de recursos a flexibilidade de escolha de fontes de financiamentos para seus planos de trabalho". E logo adiante esclarece-se que "a significao que assumem seus mecanismos na presente etapa da economia brasileira" no implica na afirmao de sua supremacia sobre os demais tipos de atividades ou que o seu aperfeioamento seja a via pela qual se resolvero os problemas do desenvolvimento nacional. (Relatrio citado.)

    Aps uma anlise sumria do Sistema Financeiro Nacional, da sua organizao, evoluo e institucionalizao atravs das Leis da Reforma Bancria e do Mercado de Capitais, volta-se o estudioso para o exame do Sistema Regional, que conceituado como o "ncleo de instituies com operaes no Nordeste", embora reconhecendo ser impossvel estabelecer ntida delimitao regional do ponto de vista financeiro.

    Toma-se como ponto de partida as instituies chaves, de jurisdio restrita ao Nordeste, cuja atuao analisada em seus aspectos qualitativos e quantitativos. Outras organizaes, no obstante, so igualmente objeto de comentrios, destacando-se a rede bancria, as instituies no propriamente bancrias, o sistema nacional de habitao, as sociedades financeiras etc.

    Do nosso ponto de vista, interessa-nos particularmente discutir o comportamento do BNB principal agente financeiro do governo federal na regio para salientar aspectos que nos parecem inquietantes.

    Em que pese ao excelente desempenho revelado pelo Banco em seu Relatrio de 1972, a instituio vem-se preocupando seriamente com a perda de posio relativa de sua participao no sistema bancrio regional. De fato, em 1969, registrou o BNB, no que toca ao volume de emprstimos, uma participao no sistema bancrio do Nordeste da ordem de 27%. De l para c, este percentual decresceu ao ponto de atingir apenas 21%, em 1972. Em referncia aos depsitos, a participao do BNB caiu de 28% para 20% no mesmo perodo.

    A preocupao do BNB por esse decesso muito justa. Porque teme que o problema venha a assumir propores mais graves. Porque est comprovado que o declnio no decorre apenas do aumento verificado nas aplicaes de outras instituies que integram o sistema bancrio, mas de fatores diretamente ligados estrutura de recursos movimentados pela instituio. Porque, em suma, a empresa se ressente da escassez de recursos para atender crescente demanda de crdito por parte dos setores econmicos da regio. Conseqentemente, o declnio do ritmo de crescimento das aplicaes do BNB est-se

  • 21

    refletindo no sistema financeiro regional, com evidentes repercusses negativas na economia nordestina. Considerando que o BNB passou a registrar incrementos anuais decrescentes, exatamente num

    perodo em que a economia nordestina vem crescendo a taxas razoavelmente elevadas por isso mesmo merecedora de maior apoio financeiro para continuar em seu processo de expanso acelerada, de modo a acompanhar o desenvolvimento do Pas como um todo convm que se analisem as causas determinantes do declnio em apreo.

    Dentre elas, destacamos: 1 Perda dos Depsitos Obrigatrios do Tesouro Nacional. A escassez de recursos estveis, do BNB vem sendo comentada desde alguns anos (Relatrios de

    1967/69). Tem resistido a todos os esforos e recomendaes no sentido de identificarem-se novas fontes de suprimento em substituio aos depsitos obrigatrios do Tesouro Nacional, decorrentes da vinculao prevista na Constituio de 1946 (art. 198 1) e que a Carta Magna de 1967 e a Emenda Constitucional n 1 no mantiveram.

    Com a vigncia da nova disposio constitucional ficou o BNB desfalcado de sua mais importante fonte de recursos estveis (0,8 da receita tributria da Unio), bastando dizer que referidos depsitos totalizariam hoje mais de um bilho de cruzeiros (cruzeiros de 1972), estimativa feita com base na receita acumulada da Unio, no perodo de 1968 a 1972.

    2 Reduo dos Depsitos Vinculados Ordem da SUDENE Os recursos provenientes dos arts. 34/18 das Leis ns 3.995/61 e 4.239/63 que permitiram o

    elevado incremento das aplicaes do BNB no quadrinio 1965/68 comearam a sofrer uma escassez relativa, em virtude de alguns fatores bsicos, dos quais se destacam:

    a) Diminuio relativa do volume de depsito ordem da SUDENE como decorrncia do processo de diluio dos incentivos fiscais ao desenvolvimento do Nordeste, consubstanciado na concesso de idntico tratamento preferencial a outras reas geogrficas e setores especficos como os de turismo, refloresta-mento e pesca. Por ltimo, reservou o governo substancial parcela desses incentivos para execuo do Programa de Integrao Nacional (PIN) e do Programa de Redistribuio de Terras e de Estmulo Agroindstria do Norte e Nordeste (PROTERRA). Em decorrncia, passou o BNB a receber menos da metade do volume de recursos proporcionveis pelo sistema 34/18, em sua forma original.

    b) Acelerao no ritmo de desembolso por meio da intensificao na liberao dos depsitos, provocada, de um lado, pelo avano do processo de desenvolvimento regional e, do outro, pelas medidas administrativas postas em prtica pela SUDENE, visando a racionalizar o sistema. Efetivamente, o volume de desembolsos cresceu a tal ponto que em 1971 a 1972 chegou a superar em 10% e 11%, respectivamente, o volume de recolhimentos efetuados naqueles anos. Verifica-se, por outro lado, que os depsitos oriundos dos arts. 34/18 passaram a decrescer sensivelmente sua participao nos recursos globais movimentados pelo BNB, visto como caram de 52,4%, em 1969, para 47,5%, em 1970, 39,3%, em 1971 e 26,2%, em 1972.

    3 Liberao Acelerada de Recursos do PROTERRA Para o binio 1972/73, programou o BNB a aplicao de Cr$ 507,4 milhes de recursos do

    PROTERRA, inclusive a parcela de Cr$ 133 milhes no aplicada em 1972. A liberao acelerada desses recursos vem tambm constituindo outro fator importante na reduo das disponibilidades operadas pelo BNB. Agrava o problema o fato de haver-se alocado ao BNB, em 1972, para a implementao do programa, o montante de Cr$ 70,5 milhes, dos quais foram recolhidos Instituio apenas a parcela de Cr$ 43 milhes, at abril de 1973.

  • 22 Eis a trs fatores que enfraquecem a ao do BNB como agncia de desenvolvimento voltada

    para a acelerao da economia nordestina e limitam a sua prpria expanso como empresa. de lamentar que tais fatos ocorram precisamente quando, por fora mesmo do desenvolvimento iniciado, a demanda de recursos torna-se cada vez maior e mais exigente, tanto para o financiamento da produo e circulao de bens, como para os investimentos em programas de infra-estrutura.

    No obstante, a anlise operacional do BNB mostra que as necessidades fundamentais do setor primrio, do comrcio e indstria e do setor servios foram atendidos, em 1972, verificando-se que os saldos dos emprstimos globais experimentaram crescimento nominal de 39%, em relao ao ano anterior. Em nmeros absolutos, evoluram de Cr$ 1.713 milhes, em 1971, para Cr$ 2.386 milhes, em 29 de dezembro de 1972.

    Ao final do exerccio, a distribuio desses saldos por linha de crdito e por atividade financiada foi a seguinte: I) Crdito Especializado: Cr$ 1.210 milhes (50,7%), assim discriminados: a) Setor Rural Cr$ 677 milhes (28,4%), inclusive atravs de cooperativas; b) Setor Industrial Cr$ 351 milhes (14,7%); e c) Servios Bsicos Cr$ 182 milhes (7,6%); e II) Crdito Geral; Cr$ 1.178 milhes (49,3%).

    Em relao s operaes de Crdito Especializado h que distinguir: I) Setor Rural A poltica de Crdito Rural tem-se norteado tanto para o incentivo utilizao

    mais adequada dos fatores terra, capital e trabalho, como e principalmente, para o estmulo s transformaes tecnolgicas. Atendendo diretamente aos agricultores ou, indiretamente, atravs de suas cooperativas, a assistncia financeira realiza-se por meio das seguintes modalidades de crdito:

    Investimentos emprstimos a mdio e longo prazos, para a formao de capital fixo, visando a implantao de novos projetos agropecurios, modernizao ou ampliao da capacidade produtiva da empresa rural; e Custeio crdito a mdio e curto prazos, para recomposio ou suplementao do capital de trabalho, objetivando suprir os recursos necessrios utilizao plena dos ativos fixos.

    O saldo das aplicaes rurais elevou-se, em 1972, cifra de 711 milhes, inclusive 34 milhes concedidos atravs do Departamento de Crdito Geral, o que representa um incremento nominal de 49% sobre o ano anterior.

    No que se refere s realizaes, isto , ao somatrio das operaes contratadas, registrou-se um aumento nominal de 77% sobre o valor do ano anterior, tendo sido realizado 14.813 financiamentos rurais, no valor global de Cr$ 447 milhes.

    Ainda de referncia ao setor rural julgamos conveniente aludir assistncia tcnica e aos programas especiais que o Banco desenvolve.

    Com efeito, ao financiamento das atividades rurais associa o Banco a prestao de assistncia tcnica, a cargo de equipe composta de engenheiros-agrnomos, veterinrios e tcnicos agrcolas, cuja atuao est orientada para o desenvolvimento integrado das empresas rurais. O nmero desses tcnicos se elevou a 269, em 1972. Dentre eles se destacam 39 especialistas em administrao rural, cuja formao profissional lhes possibilita o desempenho de servios tcnicos que vo desde a motivaco introduo de inovaes tecnolgicas at a orientao especfica sobre: (a) emprego adequado de insumos tcnicos (defensivos, corretivos, inoculantes, adubos, sementes melhoradas, alimentos concentrados); (b) cultivo mecanizado; (c) uso correto de solos, sua correo e conservao; (d) prticas modernas de irrigao; (e) remanejamento e melhoria de rebanhos; (f) mtodos profilticos para sanidade de animais; (g) planejamento fsico e administrao da empresa, inclusive aspectos contbeis, armazenamento e comercializao da produo; e (h) programao de novos investimentos.

  • Na condio de um dos agentes financeiros do Programa de Redistrbuio de Terras e de Estmulo Agroindstria do Norte e Nordeste (PROTERRA), contratou o BNB, durante o exerccio de 1972, as operaes a seguir condensadas:

    Modalidades Nmero Cr$ 1.000 Investimentos Gerais ........................................................................................................ 3.019 142.551 Financiamentos Fundirios .............................................................................................. 201 5.494 Financiamentos Agroindstria ....................................................................................... 3 20.300 Fatores Tcnicos de Produtividade .................................................................................. 2.183 29.066 TOTAL .............................................................................................................................. 6.006 197.411

    Para a implementao do Programa Trienal de Difuso do Uso de Fertilizantes no Nordeste, em 1972

    liberou o BNB, conta e risco da FUNDAG, importncia de Cr$ 1.713 milhes, estando includas, nesse montante, as despesas com instalao e assistncia tcnica da Associao Nacional para Difuso de Adubos (ANDA), na Regio, e com os trabalhos de anlise estatstica a cargo da Escola de Agronomia da Universidade Federal do Cear. Dos campos programados, foram instalados, no exerccio, 949 de demonstrao e 235 experimentais.

    II) Setor Industrial As operaes de Crdito Industrial objetivam contribuir para o desenvolvimento econmico do Nordeste, atravs do fomento formao de capital no setor secundrio, de modo a estimular a elevao dos nveis de renda e emprego regionais, abrangendo grande, pequena e mdia indstrias.

    Dentre as condies fundamentais exigidas para a concesso dos emprstimos industriais, a longo prazo, sobressaem as de que os capitais mutuados visem a complementar recursos destinados implantao, expanso, relocalizao ou modernizao de empreendimentos que a SUDENE julgar de interesse para o desenvolvimento scio-econmico do Nordeste.

    O financiamento s atividades industriais feito mediante o deferimento de emprstimos para a formao simultnea de capital fixo (imobilizaes tcnicas) e capital de trabalho permanente.

    A atividade hoteleira, equiparada pelo Decreto-Lei n 55/66 indstria bsica, tambm conta com o amparo da linha de crdito destinada implantao, modernizao, melhoria ou reforma de hotis. Para ampliar a assistncia financeira aos empreendimentos industriais e tursticos, o BNB ainda mobiliza recursos atravs da participao societria no capital social de empresas do ramo.

    Para implementao do Programa de Assistncia Pequena e Mdia Indstrias do Nordeste, iniciado em 1967 estabeleceu-se um sistema integrado pelo BNB, SUDENE e rede de bancos estaduais de desenvolvimento, competindo ao primeiro servir-lhe de fonte de recursos e, juntamente com a SUDENE, coorden-lo e formular a estratgia operacional. Aos ltimos, como agentes financeiros credenciados pelo BNB, cabe a responsabilidade de analisar as propostas e decidir sobre seu deferimento, bem assim a de administrar os crditos concedidos.

    Orienta-se o Programa no sentido de prestar assistncia tcnica na identificao e soluo dos principais problemas com que se deparam as pequenas e mdias empresas. Igualmente, no de financiar imobilizaes fixas e/ou circulantes (capital de trabalho), compreendidas em projetos que visem implantao, ampliao, melhor utilizao da capacidade instalada, modernizao e/ou relocalizao de empresas beneficirias, inclusive as que se dediquem explora

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    o de penses, hotis ou restaurantes preferentemente localizadas em cidades do interior ou margem das principais rodovias pavimentadas.

    Ainda pela modalidade de crdito industrial, vem o Banco implementando, desde 1963, o Programa de Financiamento de Servios Bsicos que assiste as entidades pblicas, principalmente Estados e Municpios. Sua finalidade implantar, modernizar ou ampliar servios ou instalaes de infra-estrutura bsica das comunidades, de modo a criar pr-condies de sustentao ao desenvolvimento industrial e agrcola, indispensveis garantia de estabilidade dos projetos que se implantem no Nordeste.

    Com o objetivo de criar um sistema de financiamento que proporcione administrao pblica regional os recursos de longo prazo necessrios realizao dos empreendimentos de reconhecida prioridade, instituiu a Diretoria do BNB, atravs da Resoluo n 2.516/72 o Programa de Apoio Infra-Estrutura dos Grandes Centros Urbanos do Nordeste, assim considerados os Municpios das Capitais e outros dos Estados nordestinos, cuja sede apresente populao urbana superior a 50 mil habitantes.

    Para implementao do Programa, mobilizar o BNB recursos provenientes do Fundo de Desenvolvimento Urbano do Nordeste. aprovado pela Assemblia-Geral Extraordinria do BNB, realizada em 21-10-72, com a dotao inicial de Cr$ 400 milhes. Desta, participam o BNH, com Cr$ 200 milhes; o BNB, com Cr$ 60 milhes; a Caixa Econmica Federal, com Cr$ 80 milhes; a Financiadora de Estudos de Projetos S/A., com Cr$ 20 milhes; e outras fontes, com Cr$ 40 milhes.

    O volume dos recursos aplicados ou comprometidos indstria e infra-estrutura regionais pode ser apreciado em funo do saldo de aplicaes, das realizaes de 1972 e das operaes em fase de contratao que assim se expressam:

    a) saldo de aplicaes indstria: Cr$ 351 milhes; servios bsicos: Cr$ 182 milhes. b) realizaes indstria: Cr$ 77 milhes correspondentes a 19 operaes; servios bsicos: Cr$ 69

    milhes, em 117 operaes. c) Operaes em Fase de Contratao Ao final de 1972, existiam em fase de contratao 107

    propostas aprovadas pela Diretoria, no valor global de Cr$ 123 milhes, assim distribudos: Indstria, 10 deferimentos, no total de Cr$ 113 milhes e, Servios Bsicos, 97 deferimentos, globalizando Cr$ 10 milhes.

    d) Implementao de Programas Especiais: 1. Programas de Assistncia Pequena e Mdia Indstrias. Durante o exerccio de 1972, registrou o

    Programa as realizaes a seguir assinaladas: a) os agentes financeiros contrataram com os beneficirios do Programa 60 operaes no valor global

    de Cr$ 16 milhes, enquanto existiam a contratar mais 11 propostas aprovadas, no valor total de Cr$ 4 milhes. Em decorrncia das contrataes do exerccio, o nmero geral de operaes desde 1967 elevou-se para 566 operaes, no valor global de Cr$ 71 milhes;

    b) concedeu o BNB ao Banco de Desenvolvimento do Cear mais um emprstimo global para repasse, no valor de Cr$ 10 milhes, em virtude do que os emprstimos globais deferidos aos agentes financeiros passaram de Cr$ 83 milhes para Cr$ 93 milhes.

    2. Programa de Apoio Infra-Estrutura dos Grandes Centros Urbanos do Nordeste. Embora institudo no final do exerccio, o Programa em apreo acusou o deferimento de emprstimo

    Prefeitura Municipal de Fortaleza, no valor de Cr$ 32 milhes, destinados construo de duas vias expressas.

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    3. Programa de Financiamento de Estudos de Projetos. Foram contratadas 2 operaes no valor de Cr$ 552 mil, enquanto existiam a contratar, em dezembro

    ltimo, mais 4 operaes no valor total de Cr$ 1.327 mil. 4. Participao Acionria. Em 1972, realizou o BNB 7 transaes de participao acionria no capital de empresas nordestinas,

    no valor total de Cr$ 1.634 mil, sendo 5 mediante a mobilizao de recursos provenientes dos arts. 34/18 (Cr$ 1.034 mil) e 2 com recursos do Fundo de Investimentos Diretos do BNB (Cr$ 600 mil). Com relao ao exerccio anterior, registrou-se aumento nominal de 23%.

    No que se relaciona com o crdito geral a poltica adotada visa tambm a estimular o desenvolvimento econmico da regio, atravs de transaes de curto prazo. Para tanto, existem normas que as orientam atravs de critrios seletivos e processo de acompanhamento, de modo que a assistncia financeira se faa s atividades realmente prioritrias.

    Por outro lado, as operaes da espcie asseguram maior dinamismo s atividades da Instituio, pois os recursos destinados ao crdito especializado, momentaneamente disponveis por carncia de demanda, so transitoriamente utilizados em financiamentos de curto prazo. Evita-se, assim, que os recursos permaneam ociosos, ao mesmo tempo que propiciam contribuies mais efetiva dinamizao do processo econmico.

    As operaes de crdito geral destina-se, fundamentalmente, ao reforo e suplementao do capital de giro das empresas privadas, concorrendo desta forma para a regularizao dos estoques e a comercializao tempestiva de bens de produo e consumo.

    Secundariamente, assistem tambm o setor pblico nas pocas em que as receitas dos Estados e Municpios nordestinos se tornam mais escassas, devido a variaes cclicas na produo do setor privado.

    Ao final de 1972, o saldo das aplicaes de Crdito Geral montou a Cr$ 1.178 milhes, correspondentes a 49,3% dos Emprstimos Globais do BNB. Em relao a 1971, houve incremento nominal de 47%. Foi a seguinte a distribuio da cifra dessas aplicaes: a) agropecuria: Cr$ 34 milhes (2,9%); b) indstria: Cr$ 306 milhes (26%); c) comrcio: Cr$ 760 milhes (64,5%); e d) antecipao de receitas a Estados e Municpios: Cr$ 78 milhes (6,6%).

    RECURSOS

    O total dos recursos movimentados pelo Banco do Nordeste evoluiu de Cr$ 2.325 milhes, em 1971,

    para Cr$ 3.141 milhes em 1972. Conseqentemente, houve acrscimo de Cr$ 816 milhes, correspondente a 35%. Vale a pena destacar:

    1. Recursos Prprios como decorrncia desse crescimento, verificase que a relao recursos prprios/recursos globais de 28.1%, j se apresenta bastante elevada em relao aos maiores estabelecimentos bancrios do Pas. Trata-se, evidentemente, de capitalizao salutar, indispensvel para que a Empresa possa desempenhar, em ritmo crescente, sua funo de Banco de Desenvolvimento.

    2. Recursos Alheios: a) Nacionais Ao encerrar-se o exerccio de 1972, os recursos alheios representados pelos fundos detidos pelo

    Banco a ttulo de depsitos, emprstimos para repasse, saldos de contas ligadas prestao de servios bancrios e diferenas positivas entre receitas e despesas totalizaram Cr$ 2.261 milhes (71,9% do total). Destes, Cr$ 1.998 milhes (63,6%) correspondem a recursos nacionais, exclusive recursos prprios.

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    Os depsitos continuaram a ser a principal fonte de recursos nacionais, pois atingiram Cr$ 1.382 milhes, equivalente a 43,9% do total geral. Deste item so os "Depsitos para Investimentos Ordem da SUDENE", provenientes dos arts. 34/18 das Leis ns 3.995/61 e 4.239/63, respectivamente, que ainda representam a maior parcela (Cr$ 822 milhes) muito embora sua participao relativa tenha decrescido de 39,3% para 26,2%, em relao ao exerccio de 1971.

    Seguem-se-lhes os "Depsitos do Pblico" (voluntrios), no valor de Cr$ 316 milhes, cuja participao relativa evoluiu de 7,8% para 10%, em relao ao exerccio anterior. Essa rubrica tambm compreende valores de incentivos fiscais (arts. 34/18) transferidos mediante autorizao da SUDENE para contas de beneficirios, para saques posteriores. Por ltimo, os depsitos efetuados por rgos governamentais, no montante de Cr$ 240 milhes, cresceram sua participao de 4% para 7,6% entre 1971 e 1972.

    Tambm integram esse grupo de recursos as "Obrigaes Contradas com Instituies Oficiais" (inclusive financeiras), que correspondem a fundos obtidos atravs de convnio pactuado entre BNB, PIS e SUDENE, para emprstimos agrcolas, bem assim os recursos liberados pelo Banco Central para repasse a governos Estaduais e Municipais. Constam tambm desta rubrica os saldos de recursos do PROTERRA. Tais recursos passaram de Cr$ 72 milhes, em 1971, para Cr$ 404 milhes, em 1972, experimentando crescimento equivalente a 46,3%.

    b) Externos Os recursos externos mobilizados pelo BNB representam 8,3% dos recursos totais em 1972, contra

    9% em 1971. Compreendem principalmente os emprstimos obtidos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao Banco Mundial (BIRD), registrados em balano sob o ttulo "Obrigaes em Moedas Estrangeiras" e destinados a repasse a indstrias e servios bsicos regionais. Ao final do exerccio, o saldo desses recursos totalizou Cr$ 263 milhes, assim discriminados: do BID Cr$ 189 milhes; do BIRD Cr$ 60 milhes; e de outras fontes Cr$ 14 milhes.

    RESULTADOS FINANCEIROS

    Em termos de resultados lquidos, pode-se registrar que o recm-findo exerccio de 72 correspondeu

    s expectativas, graas a uma poltica de racionalizao de servios posta em prtica pelo Banco e conjugao de modernos mtodos de gerncia empresarial, com vistas a uma maior integrao do funcionalismo, o que se refletiu no aumento dos ndices de produtividade.

    Assim, as Receitas Globais, no montante de Cr$ 518,6 milhes estou falando sempre em nmeros redondos , registraram crescimento de Cr$ 75,6 milhes (equivalente a 17%) sobre os rendimentos do perodo anterior. Como as Despesas Globais atingiram Cr$ 332,8% milhes, acusando um acrscimo de Cr$ 57,1 milhes (21%) em relao ao exerccio de 1971, evidenciou-se um lucro lquido anual de Cr$ 185,5 milhes. Esta quantia superou em Cr$ 18,5 milhes os resultados do exercci anterior e atesta a rentabilidade do BNB, com acrscimo equivalente a apenas 11,1%. Considerando que a diferena do aumento das despesas sobre as receitas foi de apenas 4%, segue-se que o nv