ana rita barros pereira dificuldades de expansão da...

131
UMinho | 2015 Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociais Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da infografia interativa: um problema de produção e receção Outubro de 2015 Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da infografia interativa: um problema de produção e receção

Upload: vancong

Post on 11-Nov-2018

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

UM

inho |

2015

Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

Ana Rita Barros Pereira

Dificuldades de expansão da infografia

interativa: um problema de produção e

receção

Outubro de 2015

Ana R

ita B

arr

os

Pere

ira

Dif

icu

lda

de

s d

e e

xp

an

o d

a in

fog

rafi

a in

tera

tiva

: u

m p

rob

lem

a d

e p

rod

uçã

o e

re

ce

çã

o

Page 2: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações
Page 3: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

Ana Rita Barros Pereira

Dificuldades de expansão da infografia

interativa: um problema de produção e

receção

Outubro de 2015

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Media Interativos

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor Luís António Martins dos Santos

Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

Page 4: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

DECLARAÇÃO

Nome: Ana Rita Barros Pereira

Endereço eletrónico: [email protected]

Número do Bilhete de Identidade: 13851273 6ZZ2

Título dissertação: “Dificuldades de expansão da infografia interativa: um problema de produção

e receção.”

Orientador: Professor Doutor Luís António Martins dos Santos

Ano de conclusão: 2015

Designação do Mestrado: Mestrado em Media Interativos

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE

INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE

COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

Assinatura: ________________________________________________

Page 5: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

iii

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, sem eles, era impossível concluir este ou qualquer outro dos meus

objetivos.

Ao meu avô, que me acompanhou em parte deste processo. Estarás sempre no meu

pensamento.

A toda a minha família, obrigada por serem um exemplo.

Ao Rui Miguel, pelo apoio, incentivo e pela compreensão. És o meu porto seguro.

À Joana e à Paula, por me trazerem felicidade, por serem o meu amparo e por me

espevitarem. São o melhor de mim.

Aos meus amigos, que, por trás de reclamações, compreenderam que nem sempre pude estar

presente.

Ao professor Luís Santos pela orientação e pela compreensão ao longo deste projeto.

Ao professor Leonardo Pereira, pela disponibilidade e ajuda.

Page 6: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

iv

Page 7: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

v

Dificuldades de expansão da infografia interativa: um problema de produção e receção

RESUMO

Quando pensamos em jornalismo vem-nos à ideia um conjunto de informação que foi

organizada com o intuito do público perceber mais facilmente um acontecimento ou uma certa

temática. Essa forma de organização e transmissão de dados tem vindo a sofrer alterações com

o passar dos anos. A consulta de informação passou a ser facilitada e a sua disseminação feita

em tempo real. Novas formas de transmitir informação, que passam pela hipertextualidade e

convergência, têm sido estudadas e concebidas para melhorar a experiência do leitor/

visualizador.

A transmissão visual de informação iniciou-se com o surgimento da arte rupestre, e agora,

mais que nunca, está a ser valorizada. Este reconhecimento trouxe as infografias. Apesar de não

haver um consenso sobre quando começaram a ser utilizadas, foi na última década que este

recurso mais evoluiu. São capazes de agrupar texto, imagem, som e vídeo tornando a informação

mais interessante e clara para o público. No meio de tantas potencialidades encontramos um

problema: a mudança a que assistimos parece ser lenta e quase impercetível em alguns países,

dos quais faz parte Portugal.

Com este trabalho pretendemos explorar todas as dificuldades que estão no processo de

expansão da infografia interativa no jornalismo digital, e que vão muito para além do custo de

produção. As dificuldades presentes na rotina de produção de uma infografia, assim como as

questões sociais que não permitem que esta seja corretamente percebida por todos, vão ser

também alvo de análise.

Palavras-chave: Infografias; interatividade; multimedialidade; literacia mediática

Page 8: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

vi

Page 9: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

vii

The expansion difficulties of interactive infographics: a production and reception problem

ABSTRACT

When we think about journalism comes to the idea a set of information that has been

organized with the purpose that the public understands easily an event or a certain theme. This

form of organization and data transmission has undergone changes over the years. The

information query came to be facilitated and its spread done in real time. New ways of

transmitting information, that pass through hypertextuality and convergence, have been studied

and designed to improve the reader’s/viewer’s experience.

The visual transmission of information started with the appearance of rock art, and now,

more than ever, is being valued. This recognition brought the infographics. Although there is no

consensus on when they began to be used, it was in the last decade that this resource more

evolved. They are able to group text, image, sound, video, making information more interesting

and clear to the public. Amongst all the capabilities it can be found a problem: the change we are

watching appears to be slow and almost imperceptible in some countries, of which is part of

Portugal.

With this work we intend to explore all the difficulties that are in the expansion process of

an interactive infographic in digital journalism, and that go far beyond the production cost. The

difficulties in the production routine of an infographic, as well as the social issues that do not

allow it to be correctly understood by all, who will also be analysis of target.

Keywords: Infographics; interativity; multimediality; media literacy

Page 10: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

viii

Page 11: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

ix

ÍNDICE

1 - NOTA INTRODUTÓRIA .............................................................................................................. 1

2- O PODER DA IMAGEM ............................................................................................................... 6

3 - INFOGRAFIA E JORNALISMO .................................................................................................. 10

3.1 - HISTÓRIA E EVOLUÇÃO .................................................................................................. 13

3.1.1 - História da infografia - O caso Português ................................................................ 18

3.1.2 - A atualidade das infografias em Portugal ................................................................ 19

3.2 - MUDANÇAS NO JORNALISMO E NO PAPEL DO JORNALISTA .......................................... 20

3.3 - A IMPORTÂNCIA DA INFOGRAFIA E DA INTERATIVIDADE .............................................. 22

3.4 - INFOGRAFIA. UM GÉNERO? ............................................................................................ 27

3.5 - INFOGRAFIA E PROFISSIONAIS: JORNALISTAS OU DESIGNERS? .................................... 28

3.6 - O QUE INFOGRAFAR ........................................................................................................ 30

3.7 - PRINCÍPIOS PARA UMA BOA INFOGRAFIA ...................................................................... 32

3.7.1 - Arquitetura de informação e usabilidade ................................................................ 34

4 - DIFICULDADES DE PRODUÇÃO E RECEÇÃO DA INFOGRAFIA ................................................. 38

4.0.1 - Entraves ao estabelecimento da infografia em Portugal ......................................... 41

4.1 - EDUCAR PARA OS MEDIA E LITERACIA MEDIÁTICA ........................................................ 43

5 – PERCEÇÂO SOBRE INFOGRAFIAS ........................................................................................... 49

5.1 - MODELO DE ANÁLISE PARA QUESTIONÁRIO .................................................................. 49

5.2 - OS RESULTADOS .............................................................................................................. 52

6 - PRODUÇÃO DA INFOGRAFIA .................................................................................................. 63

6.0.1 – Ideia ......................................................................................................................... 63

6.0.2 – Esboço ..................................................................................................................... 64

6.0.3. - Produção criativa .................................................................................................... 65

6.1 - A ANÁLISE DE UM PROFISSIONAL ................................................................................... 66

6.2 - A OPÇÃO DE UMA NOVA INFOGRAFIA ........................................................................... 67

6.2.1 - O esboço ................................................................................................................... 67

6.2.2 - Produção criativa ..................................................................................................... 69

6.3 - A ANÁLISE DOS GRUPOS DE FOCO .................................................................................. 72

6.3.1 – Publicação................................................................................................................ 75

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 79

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 84

APÊNDICE .................................................................................................................................... 91

Page 12: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

x

Page 13: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

xi

ÍNDICE DE GRÁFICOS, FIGURAS, QUADROS E TABELAS

Quadro 1- Modelo de análise .................................................................................................. 49

Gráfico 1- Dispositivos que possuí em casa (coletiva)........................ Erro! Marcador não definido.

Gráfico 2- Sabe o que é uma infografia interativa? ................................................................... 57

Gráfico 3 - Como avalia a experiência de interagir com essa infografia?.................................... 59

Gráfico 4- Qual a maior dificuldade ao interagir com essa infografia? ....................................... 60

Tabela 1- Dispositivos que possuí em casa (individual) ............................................................ 53

Tabela 2- Relação entre a idade e o grau de facilidade em encontrar/perceber conteúdo online54

Tabela 3- Relação entre a idade e o meio favorito para seguir a atualidade informativa ............ 55

Tabela 4- Relação entre o sexo e o meio favorito para seguir a atualidade informativa .............. 56

Tabela 5 - Relação entre a idade e o conhecimento das infografias interativas ......................... 58

Tabela 6 - Relação entre o sexo e o conhecimento das infografias interativas ........................... 59

Figura 1- Esboço da primeira infografia ................................................................................... 64

Figura 2- Página inicial - primeira infografia ............................................................................. 65

Figura 3- Gráfico de despesas - primeira infografia .................................................................. 66

Figura 4- Portugal e Espanha - Um retrato dos dois países em números .................................. 68

Figura 5- Esboço da segunda infografia ................................................................................... 69

Figura 6- Página inicial - segunda infografia ............................................................................. 71

Figura 7- Quadro de despesas - segunda infografia .................................................................. 71

Page 14: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

xii

Page 15: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

1

1 - NOTA INTRODUTÓRIA

As tecnologias da informação e da comunicação têm mostrado nos últimos anos um

grande desenvolvimento. As evoluções vieram facilitar a difusão de conteúdo mas também

permitiram que este chegasse até nós de uma forma mais dinâmica, com múltiplas possibilidades

de leitura, trazendo ao público uma experiência mais rica e diversa (Mello apud Sousa 2014: 4).

Muitos foram os anos em que o jornalismo devotou mais recursos à informação textual mas,

recentemente, o panorama, tem vindo a ser alterado. A forma de se fazer jornalismo tem sido

repensada, de tal modo, que o papel dos seus profissionais é questionado. Mas o comportamento

do público também se redefiniu. Há um novo consumidor, que anseia por informação constante,

íntegra, mais aprofundada. Os nomes “leitor”, “recetor” e “emissor” foram esquecidos, agora

falamos antes de “usuários”, de “inter-atores” e de “tele-agentes” (Manovich apud Ribas 2004:

9).

Ranieri (2008: 261) diz-nos que a maneira tradicional de fazer notícia têm sido revista e

reelaborada de acordo com os progressos da tecnologia, com os mecanismos disponibilizados

pelo online e com as exigências feitas pela receção. A forma como o jornalismo chega até nós

alterou-se, correntemente escrito, agora assume uma faceta mais visual, retirando ao textual parte

da relevância que lhe havia sido dada. As tecnologias da informação e comunicação colaboraram

para o progresso e para as inovações na impressão, a entrada do computador nas redações

apresentou-se como uma contribuição exemplar, para que a ilustração conquistasse um maior

destaque na imprensa, “dando origem a uma linguagem jornalística mais imagética e com textos

reduzidos” (Nogueira 2013: 9).

Com a era digital o jornalismo começou a transferir a sua informação, que era

anteriormente paga, para domínios web, dando assim, a possibilidade aos leitores de usufruir dos

seus conteúdos gratuitamente.

Um dos problemas que existiu até muito recentemente apontava-se como a baixa

velocidade de conexão da Internet. Portanto a chegada da Web fez-se ressentir de uma grave

limitação que impossibilitava um uso claro e integral das suas potencialidades. A melhor forma

Page 16: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

2

dos conteúdos chegarem aos leitores seria, então, através de texto pois ocupava um menor

espaço, como nos explica Palacios apud Amaral (2010: 33-34):

“Era comum os sites oferecerem alternativas de versões text only (...)

para usuários conectados a baixas velocidades. Tal situação,

evidentemente, restringia a utilização não só de fotos, mas de todo o

qualquer recurso não textual, fazendo dos sites, de um modo geral,

(hiper) textos num sentido estrito, complementados subsidiaria e

optativamente por outros médias, a depender das possibilidades de

conexão dos usuários” (Palacios apud Amaral 2010: 33-34).

As limitações eram diversas. Não é, assim, de estranhar que a massificação da world wide

web tenha demorado alguns anos, apesar da sua criação se ter dado em 1989. Depois de

alcançados os avanços com as ligações de banda larga a audiência cresceu. Com o aumento de

subscritores acabaram por aparecer gráficos cada vez mais realistas (Sabbatini & Maciel 2004:

7). O online trouxe aos profissionais do jornalismo um conjunto interminável de ferramentas

multimédia que, neste momento, “permitem tornar os conteúdos mais inteligíveis para os leitores,

sintetizando a informação e tornando-a mais clara e objetiva” (Nogueira 2013: 1).

Nogueira (ibidem) explica-nos que a web facilitou a difusão de dados e permitiu que se

agrupasse num só meio tudo o que fora explorado e utilizado pelos outros veículos. A imagem,

usada pela televisão, o som, usado pela rádio e a escrita, usada pela imprensa, apareciam agora

reunidos para agarrar os leitores e auxiliar na compreensão da informação. Velho (2009: 6)

enumera os recursos que começaram a ser utilizados e que conduziram ao aparecimento da

infografia:

“a atividade jornalística vem se utilizando cada vez mais da mistura de

gráficos, tabelas, ilustrações, diagramas, resultando num texto

informativo particular, que se une ao texto verbal, apresentado em

blocos. Este texto é a infografia” (Velho 2009: 6).

Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações e texto começaram a ser utilizados

ao mesmo tempo, num único meio. O ambiente digital deu a oportunidade ao narrador de usar

Page 17: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

3

um ou todos estes recursos para apresentar os seus trabalhos. Assim nasceu o que nós hoje

chamamos de multimédia (Paul apud Ranieri 2008: 263). Esta facilidade da web, de aglomerar

vários recursos no mesmo espaço, permitiu a reconfiguração do jornalismo (Pedrosa; Lima &

Nicolau 2013: 2). O novo modelo de jornalismo passou também a exigir uma atualização mais

ligeira da informação, conteúdos totalmente claros, transmitidos com exatidão, e a maior

contextualização possível (Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 4).

Apesar das potencialidades que são encontradas na infografia e do termo estar na “moda”

(Joaquim Guerreiro)1, as pesquisas sobre o tema são escassas. Se procurarmos investigações

sobre a infografia multimédia, encontram-se apenas bons exemplos a nível internacional. Segundo

Nogueira (2013: 1) este lapso pode ser explicado pela novidade do produto. Diz-nos que a

infografia é um recurso jornalístico que se popularizou recentemente, há cerca de uma década.

Pacheco (1995: 67) diz-nos que todas as investigações têm por base um problema inicial,

que se vai complexificando até que surja uma interpretação válida ou solucionadora para esse

problema. Daí, não é apenas importante escrever sobre a temática que é a infografia, é importante

perceber os problemas que esta possuí e percebê-los, encontrando, se possível, uma solução. É

nisto que estamos empenhados ao realizar esta investigação.

Com este trabalho pretendemos explorar todas as dificuldades que estão no processo de

introdução e permanência da infografia interativa no jornalismo digital e nos websites de divulgação

de conteúdo informativo (a que não se pode chamar jornalismo). É nosso objetivo identificar as

dificuldades que estão presentes na rotina de produção de uma infografia, desde o custo à

necessidade de mão de obra qualificada, assim como as questões sociais onde se encontram a

iliteracia mediática e digital.

A metodologia consistiu, primeiramente, em pesquisa bibliográfica sobre as infografias

estáticas e as infografias interativas, partindo do princípio que as leituras ajudar-nos-iam a fazer

um “balanço dos conhecimentos relativos ao problema de partida” (Quivy & Campenhoudt 2008:

69). Não existindo dados sobre o grau de conhecimento dos portugueses sobre o tema, optamos

por inquirir diretamente a população portuguesa, de forma a trabalharmos com resultados

1 Através de entrevista, ver apêndice 1

Page 18: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

4

recentes e que nos aproximam da realidade. Quando percebemos, através dos questionários, que

a percentagem de inquiridos que são conhecedores das infografias interativas era realmente

reduzida, seguimos para a entrevista a jornalistas. Segundo o que nos diz Quivy e Campenhoudt

(ídem) é importante inquirir pessoas, que pela sua ação, posição ou cargo tenham uma boa

compreensão do problema. Foi isto que fizemos. Nesta fase tentamos perceber, se internamente,

há a ideia dos entraves à publicação de uma infografia ou das dificuldades do público em

compreendê-la. Estas entrevistas vieram complementar as ideias que tínhamos ficado através da

leitura de bibliografia. De seguida começamos a desenvolver uma infografia. Esta foi apresentada

a um designer profissional com experiência, o Dr. Leonardo Pereira. Dado o feedback optamos

por realizar uma nova infografia com as sugestões deste designer em mente. Submetemos a

segunda infografia à avaliação de grupos de foco para percebermos se tinha qualidade para ser

publicada online. Por último, contactamos websites, empresas e organizações para colocar a

infografia online e posteriormente tiramos as nossas conclusões.

A dissertação é composta por dez capítulos, subdivididos em vários tópicos. Este primeiro

capítulo é dedicado a algumas explicações sobre a temática da investigação e da sua relevância.

Esclarece também o papel que o jornalismo desempenha na atualidade. A metodologia utilizada

e os objetivos de trabalho são também abordados.

No capítulo dois falamos sobre o poder da imagem, abordando a sua crescente

importância. Fazemos uma revisão histórica para perceber os seus primórdios, passamos pelo

conceito de universalidade e pelo papel próspero que a ilustração vem a ocupar em todos os meios

de comunicação.

O capítulo três aborda os conceitos teóricos mais importantes sobre a infografia, desde as

definições, à sua história e evolução, onde discutimos também o caso português. Fazemos

também uma passagem pelo mundo do jornalismo e das plataformas de divulgação de conteúdo

informativo, enumerando grande parte das mudanças que se foram verificando com o passar dos

tempos. Neste capítulo são também debatidas questões que se foram colocando com a leitura de

bibliografia: desde o papel do jornalista, no presente e no futuro; o papel que a infografia ocupa

no jornalismo; o estatuto dado aos profissionais da infografia e algumas regras básicas para se

fazer boa infografia.

Page 19: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

5

No quarto capítulo são abordadas as dificuldades de implementação de uma infografia,

da produção à receção. As dificuldades técnicas dos profissionais, e as dificuldades de um público,

que se espera menos passivo, para perceber uma nova forma de transmissão de conteúdos, que

não é mais aquela a que se habituaram. Mais uma vez fazemos uma abordagem do caso

português, para perceber a realidade que nos é mais próxima. Por fim, falamos da necessidade

de uma educação para os media, para criar um cidadão ativo, atento e crítico.

No quinto capítulo começamos a desenvolver a nossa metodologia. Este capítulo é

dedicado ao questionário, da preparação, à execução e resultados. No sexto capítulo dedicamo-

nos à descrição da parte mais prática desta investigação, que se trata da realização de duas

infografias interativas. São descritas todas as fases, da ideia à produção, assim como as

dificuldades sentidas, e a necessidade de uma nova infografia. É também neste capítulo que

apresentamos a análise de um profissional e de dois grupos de foco sobre o trabalho realizado.

No sétimo capítulo são apresentadas todas as considerações finais retiradas da

investigação e a possibilidade da adaptação deste tema a dissertações ou investigações futuras.

Vamos utilizar o termo infografia interativa e infografia multimédia como equivalentes para

designar a infografia multimédia interativa. Embora a infografia multimédia possa não ser

interativa, e a infografia interativa possa não ser multimédia, são-no na maior parte das vezes.

Poderíamos optar por outros termos como infografia online ou infografia digital, mas autores, como

Salaverría (2009: 156) dizem que são termos imprecisos, pois hoje as infografias de imprensa

também são feitas com ferramentas digitais e uma infografia estática também pode ser colocada

online. Com interatividade referimo-nos à capacidade do leitor de definir o que quer ver quando

quer ver, escolhendo também se quer seguir uma leitura linear ou não linear. Com multimédia

referimo-nos à utilização de médias distintos e diversificados que permitem apreender uma

realidade de forma multissensorial. A combinação de diferentes médias como texto, imagem e

vídeo, permitem que o leitor visualize, leia e compreenda melhor as informações que lhe são

transmitidas (Sabbatini & Maciel 2004: 6; Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 1).

Page 20: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

6

2- O PODER DA IMAGEM

“A informação visual é o mais antigo registo da história humana. As

pinturas das cavernas representam o relato mais antigo que se

preservou sobre o mundo tal como ele podia ser visto há cerca de trinta

mil anos” (Dondis, 1997: 5-6).

Ochoa (2009: 13) diz-nos que as imagens fazem parte do quotidiano do homem desde

sempre. Os primeiros seres humanos relacionavam a imagem de um objeto com a sua própria

existência, ou seja, identificavam-no com base na realidade que lhe era mais próxima, com o

objeto real. O pensamento visual é algo preeminente e inato no ser humano, vem naturalmente,

sem a necessidade de trabalharmos isso. Para Dondis (1997: 8) ver é ter a capacidade de produzir

imagens mentais. Há aqui uma diferença entre ver e olhar, ver exige mais do homem, olhar é algo

natural e impõe apenas que tenhamos o sentido da visão ativo. Cairo (2012: XV) diz-nos que o

nosso cérebro tem várias regiões relacionadas com a perceção visual. Os neurônios interligam-se

formando grupos que se vão dedicar ao processamento de informação que é recolhida através

dos olhos, exigindo a maior utilização dos nossos recursos mentais. Refere também que somos

espécimes visuais (ibídem).

Huyghe (1986: 9) refere que, anteriormente, os homens podiam ser vistos como senhores

do pensamento, cuja vida interior se alimentava de textos, mas a perspetiva mudou. Vivemos

numa era em que o visual predomina, os nossos sentidos são postos à prova com os choques

sensoriais que o dia-a-dia nos oferece. Realmente a forma mais fácil de comunicar é através da

representação de imagens. Sabe-se, indubitavelmente, que o ser humano compreende melhor

determinados factos ou assuntos quando lhes é mostrada uma explicação visual (Módolo 2007:

11) A necessidade de recorrer à ilustração para comunicar é cada vez maior, especialmente numa

época visual e não mais literal, numa altura “em que se pode entender as coisas com apenas uma

vista de olhos, por mais complexas que estas sejam” (Valero Sancho apud Sousa 2014:24). Os

desenhos e as representações gráficas servem para clarificar assuntos complexos que não se

conseguem esclarecer através de informação textual ou até oralmente. Daí a celebre pergunta

“Percebeste ou queres que te faça um desenho?”.

Page 21: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

7

As imagens são universais, superam as barreiras linguísticas e surgiram mesmo antes da

invenção da linguagem. Percebe-se assim porque são vistas como um dos modos mais simples

de transmitir conhecimento. Ochoa (2009: 21) esclarece-nos porque considera a imagem uma

das formas comunicativas mais importantes:

“estamos inmersos en la cultura que ella propicia y nos invade en todo

momento hasta el punto de que a veces se entromete en nuestras

vidas. Por eso siempre es más fácil que recordemos o relacionemos a

partir de ella la información que, de manera más automática, se

almacena en nuestro cerebro” (Ochoa 2009:21).

Nogueira (2013: 7) refere que para além de a imagem superar a pluralidade de idiomas

dispersos pelo mundo ela é, também, eficaz na comunicação com um recetor não-alfabetizado,

pois não é necessário saber os códigos da escrita para ler uma imagem. Por sua vez Dondis (1997:

9) diz-nos que a quantidade de línguas existentes no mundo é realmente vasta, são todas

independentes e únicas e, portanto, mesmo sendo a linguagem visual intrincada, a sua

universalidade consegue ser maior, e a sua complexidade não deve ser vista como algo impossível

de ultrapassar.

Dondis (1997: 8) diz-nos que nos textos impressos, a palavra surgia como componente

essencial, e em segundo plano, ou como apoio, surgiam os fatores visuais. Peltzer apud Calegari

& Perfeito (2013: 294) refere que a informação gráfica sempre esteve presente no jornalismo

impresso, mas tinha um papel meramente decorativo ou aparecia como um aditivo ao conteúdo

principal, que se apresentava de forma textual. No entanto, no jornalismo digital o panorama é

outro, a imagem já não serve apenas para ilustrar o texto, apresenta-se hoje como informação

principal, ou então assume um protagonismo dividido de forma igualitária com o texto.

“A precedência da imagem sobre o texto muda a importância da

matéria escrita e submete-a a leis mais impressionistas e aleatórias. A

aparência e a dinamicidade da página é que se tornam agora

decisivas” (Marcondes Filho apud Velho 2009: 4).

Page 22: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

8

Nos modernos meios de comunicação, a imagem é valorizada em relação ao textual. A

forma como olhamos para uma notícia mudou, já não segue uma ordem tão marcada, não somos

mais obrigados a ler de cima para baixo, da esquerda para a direita. A escolha, agora é do leitor.

“O visual predomina, o verbal tem a função de acréscimo. A impressão

ainda não morreu, e a linguagem já se deslocou sensivelmente para o

nível icônico. Quase tudo em que acreditamos, e a maior parte das

coisas que sabemos, aprendemos ou compramos, reconhecemos e

desejamos, vem determinado pelo domínio que a fotografia exerce

sobre nossa psique. E esse fenômeno tende a intensificar-se” (Dondis

1997: 8).

A informação visual está a tornar-se, com a evolução do jornalismo, uma necessidade

para o homem, está já tão enraizada nele que é impossível ignorá-la (Módolo 2007: 7). Neste

momento a imagem predomina em relação às outras técnicas de comunicação, isto comprova

que somos “animais visuais por natureza” (Nogueira 2013: 6), com a capacidade de assimilar

melhor aquilo que nós vemos do que aquilo que lemos ou que nos contam. Tal podemos constatar

com o exemplo que Huyghe (1986: 9) nos dá:

“O automobilista vai demasiado depressa para ler painéis, e apenas

obedece aos sinais vermelhos e verdes. O peão, empurrado,

apressado, capta simplesmente de passagem o aspeto de uma

montra, a ordem expressa de um cartaz” (Huyghe 1986: 9).

Uma das razões para percebermos com maior facilidade uma imagem, é que esta se

assemelha com a realidade, tal não acontece na escrita. Nada na palavra “lápis” se assemelha

visualmente com o objeto que é o lápis. Daí que a imagem tenha mais êxito do que o texto quando

é necessário transmitir uma informação mais específica (Nogueira 2013: 5). López (1998:37) dá

um exemplo: um mapa, só muito dificilmente conseguirá passar a informação correta sem uma

imagem gráfica. “Una fotografía proporciona una información que no se puede obtener por otro

medio”(ibidem).

Page 23: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

9

Page 24: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

10

3 - INFOGRAFIA E JORNALISMO

“um dos principais objetivos dos infográficos seria mostrar a notícia em

lugar de somente falar sobre ela” (Módolo 2007: 5).

A palavra “infografia” vem do inglês “Informational graphics”, se buscarmos uma tradução

à letra poderemos interpretar como “gráficos que informam”. No caso Português, podemos dividir

em “info” que nos remete para informação e “grafia” que se traduz em algo visual. A tradução

literal da palavra indica-nos, portanto, que infografia é uma forma de transmitir informação e para

isso utiliza recursos visuais. Normalmente estes recursos visuais são desenhos, gráficos,

fotografias, ilustrações, vídeos e animações. Colle apud Ranieri (2008: 261) descreve a infografia

muito sucintamente como uma disciplina que expõe a informação através de meios visuais

descomplicados e que não é um produto exclusivo do jornalismo. O objetivo da infografia é

informar de uma forma descomplicada, possibilitando ao público uma leitura rápida. Sendo criada

para esse fim, vale por si só, ou seja, não há a necessidade de o leitor procurar uma outra fonte

de informação textual ou visual para que a mensagem se faça entender. Mas uma infografia bem

concebida provoca no leitor um interesse de saber mais sobre o seu assunto. Normalmente a

forma de uma infografia comunicar passa por uma narrativa, que se associa a diferentes códigos

linguísticos:

“Podemos, então, entender a infografia com um instrumento

intertextual - que utiliza diferentes códigos - para compor um quadro

informacional (...) com o objetivo de aumentar a qualidade

informacional de matérias jornalísticas ou esquematizar factos ou

processos” (Velho 2009:2).

Valero Sancho (2008: 2) diz-nos que a infografia é uma das salvações do jornalismo

impresso. Uma das grandes potencialidades da infografia é servir de recurso visual e

esquematização quando há escassez de outros recursos, como a fotografia, para comprovar ou

descrever certo acontecimento. Também se torna imprescindível quando estamos numa situação

de difícil explicação para um público leigo, onde, se apenas estivessem presentes elementos

textuais, correríamos o risco de nos perder num “redemoinho de palavras” (Leturia apud Sabbatini

& Maciel 2004: 2-3).

Page 25: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

11

No jornalismo impresso sabe-se que a informação textual é mais utilizada e é um elemento

fundamental, enquanto a imagem aparece a acompanhar ou a esclarecer o texto, como uma

espécie de complemento. Quando falamos dos meios de comunicação online a imagem ganha

uma maior importância assumindo um papel predominante e quase autónomo no papel de

informar. A infografia multimédia surge hoje na web de duas formas - uma como informação

complementar, que ajuda a perceber a notícia principal, que aparece na forma textual, ou então

como informação principal, sendo a própria notícia, sem necessidade de um acréscimo textual

para ajudar na compreensão. Contudo esta última ainda não ocorre com muita frequência (Ribas

2004: 2). Para Julio apud Ribas (2004: 4) nas infografias que são criadas apenas como apoio de

uma notícia textual, as qualidades informativas deixam de ser consideradas e os valores que regem

a infografia desprezados. Este autor considera que a infografia perfeita deve conter todos os

elementos de uma notícia, sendo possível ser a própria notícia, sem necessidade de um texto de

acompanhamento.

A infografia apresenta caraterísticas distintas dos gráficos. Estes últimos são uma forma

transparente de organizar a informação, não deixam espaço para qualquer tipo de opinião pessoal.

Já a infografia, que recorre correntemente a gráficos para compor a sua narrativa, aproxima-se

mais de uma história, que vai ser contada e repassada ao leitor (Amaral 2010: 28), normalmente

também não deixa muito espaço para opiniões, mas é menos “pura”. Se, através desta narrativa,

o processo de comunicação tiver sucesso, para além do fator positivo que é a atração visual,

podemos falar de uma compressão mais fácil do conteúdo.

A infografia é extremamente útil pela sua capacidade de apresentar a informação de uma

forma sistematizada e dinâmica, tornando-se assim mais apetecível que a tradicional informação

escrita. A sua componente central é o diagrama, uma forma normalmente abstrata de reproduzir

diversos temas (Neves 2014: 13). A aposta no visual vem da intenção de atrair e persuadir os

leitores, para que permaneçam agarrados à leitura/visualização de uma determinada notícia.

Contudo nem tudo se resume ao dinamismo e ao interesse que as infografias captam. Se este

método tem vindo a ser utilizado em muitos países é pela capacidade de compreensão gerada

nos leitores. Segundo Bello apud Cardoso (2010: 30) o sucesso da infografia está em clarificar,

de maneira muito simples os factos complicados. Por sua vez, Amaral (2010: 26) diz-nos que a

Page 26: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

12

infografia não retira a complexidade das informações, ela utiliza uma forma distinta de apresentar

os dados:

“apresenta-as (as informações) de modo diferenciado, onde é possível

visualizar processos complexos e termos técnicos restritos de uma

área, sem os quais, por meio de texto “puro”, o leitor não teria o

recurso visual para auxiliar a compreensão” (Amaral 2010: 26).

Também Lopéz (1998: 37) defende que é através de elementos visuais que se consegue

transmitir uma informação de forma mais rápida e acessível, e em alguns casos a única forma

viável. É realmente mais fácil perceber o que nos diz uma representação/ imagem, desde que

tenha sido bem-feita e construída para esse fim, do que o tradicional texto noticioso. Nogueira

(2013: 19) refere que a infografia dá tempo aos leitores. Dá-lhes a oportunidade de compreender

e assimilar a informação mais rapidamente, sem dificuldades. Ganha assim um novo público,

aquele que não gosta de perder tanto tempo a ler informação noticiosa, nem folhear um jornal.

Uma das discussões que estão presentes na investigação sobre este tema está

relacionada com o uso simultâneo de imagem e texto na infografia. Colle apud Ranieri (2008: 261)

define a infografia como uma unidade, dentro da qual se coloca uma combinação de mensagens

visuais e verbais. Estas transformar-se-ão numa informação ampla e precisa, que seria impossível

de transmitir eficientemente se fosse utilizado apenas o discurso verbal. Também Sojo (2002) diz

que a infografia se deve utilizar de imagens e textos pois pede-se que seja abrangente e esta, é a

melhor forma de se comunicar. Cecilio & Pegoraro (2011:1) fala do binómio imagem-texto e diz

que os dois se fundem formando significado. A imagem facilita assim a perceção do conteúdo e

pode acompanhar ou substituir o texto informativo. Amaral (2010:21) refere a importância de

conjugar imagem e texto, pois cada elemento é crucial para um bom resultado final, sendo que a

sua ausência diminui a eficácia do processo comunicativo. Também Ribas (2004:10) acredita que

o texto pode tornar-se um complemento ao modelo da infografia multimédia. Identicamente Lívia

Cirne apud Cecilio & Pegoraro (2011: 3) defende que a infografia não é composta só por imagens

nem apenas de texto, deve haver uma relação entre os dois, de forma a criar uma conjugação

simétrica, para que que nenhum dos dois tenha uma representação mais relevante do que o outro.

Módolo (2007: 6) é da mesma opinião, diz-nos que para o correto funcionamento de uma

Page 27: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

13

infografia, esta precisa de um texto objetivo, dividido por assuntos e com uma linguagem clara,

para ser corretamente compreendido.

“Apesar de o potencial comunicativo da imagem prevalecer sobre o da

escrita, a complementaridade entre estas duas linguagens resulta

claramente numa maior capacidade interpretativa, uma vez que amplia

o seu raio de abrangência e de explicação dos factos perante o público”

(Nogueira 2013: 7).

Já Cairo apud Ranieri (2008: 269) tem a opinião contrária, diz-nos que nem sempre uma

infografia necessita de um texto de apoio, já que este, por vezes, pode atrapalhar o entendimento

do conteúdo.

A estrutura de uma infografia noticiosa é igual ou idêntica à estrutura de uma notícia

textual. É composta pelo título, pelo texto introdutivo, pelo corpo, pela fonte e, por último, chegam

os créditos da autoria. Contudo, na infografia o leitor lê o que quer primeiro, não segue a ordem

descrita, pode avançar algumas etapas, não é linear. A finalidade é também igual à de uma notícia,

informar os leitores sobre determinado assunto, para isso espera-se que dê resposta às seis

questões jornalísticas: quem? O quê? Onde? Quando? Como? Porquê? (Neves 2014: 27).

No meio de todas as definições e de algumas divergências de opinião, surgem alguns

consensos: a infografia apareceu para facilitar a compreensão dos dados jornalísticos,

transmitindo, de uma forma simples, informação com que o público não está familiarizado; trouxe-

nos novas formas de leitura jornalística e uma maneira distinta de assimilar a informação (Neves

2014: 14); no final, o mais importante, é que se verifique a qualidade.

3.1 - HISTÓRIA E EVOLUÇÃO

“A infografia não é produto da era atual da informática, mas sim da

vontade humana de aprimorar a sua comunicação” (Nogueira 2013:

2).

Page 28: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

14

Peltzer apud Rinieri (2008: 262) diz-nos que as imagens já eram importantes referências

para os homens das cavernas que tentavam comunicar com os seus semelhantes. Contudo Cairo

apud Neves (2014:15) não considera, ainda, estas pinturas como um primórdio da infografia, pois

refere que não se percebe a informação que estes homens queriam transmitir, ou até mesmo se

queriam comunicar algo ou seria apenas uma forma de diversão. Posteriormente, ao lado das

mensagens, começaram a nascer símbolos escritos, para ajudar a compreender o que estava

presente nas gravuras. Até à revolução francesa, nos finais do século XVIII, o poder ficou limitado

aqueles que conheciam os códigos da escrita, os cidadãos alfabetizados (Velho 2009:2), mas já

vem destes homens das cavernas, a tentativa de explicar fenómenos de uma forma mais visual.

Foi assim que nasceu a infografia “fruto dos desejos da humanidade para comunicar-se melhor”

(De Pablos apud Rinieri 2008: 262).

Não há total consenso sobre a primeira infografia de imprensa que foi publicada. Caixeta

apud Módolo (2007: 6) diz-nos que foi em 1702 no primeiro jornal diário Inglês, o “The Daily

Courant” onde, num mapa, se tentou representar a invasão da baía de Cádis pelas tropas

britânicas. Por sua vez Peltzer apud Velho (2009: 4) refere que o primeiro mapa publicado na

imprensa data de 1740, e apareceu no “Daily Post”, de Londres. Este mapa apresentava-se sob

a forma de um desenho e expunha o ataque realizado por um almirante inglês a uma cidade das

Caraíbas. Cerca de uma década mais tarde, em 1754 surgiu uma imagem de uma cobra cortada

em 8 partes com o nome “Join, or Die” que foi publicada no “The Pensylvania Gazette”, sem um

consenso entre a forma como a imagem deveria ser nomeada, as opiniões divergiram entre uma

infografia, uma caricatura ou uma ilustração (Rico 2009: 30). A grande parte dos teóricos e

investigadores dizem que a data da primeira infografia consta do ano de 1806. Esta representava

o cenário do assassinato de Isaac Blight e apareceu no jornal “The Times” de Londres (Cecílio &

Pegoraro 2011: 2). Teixeira (2007: 1) refere que esta infografia foi publicada no início do século

XIX, mas o seu uso só começou a tornar-se expressivo a partir da década de 80 do século passado.

Também Velho (2009: 4) é da opinião que a infografia parou durante 150 anos, restringindo-se,

durante esse tempo a informações secundárias e pouco relevantes, como o uso de informação

meteorológica, mapas e rotas. Até à segunda metade do século XX, poucos eram os planos para

a infografia, que ocupava um papel acessório na redação. A fotografia só começou a ser

amplamente divulgada nos jornais a partir do final do século XIX. Foi nesta fase que se

estabeleceram e desenvolveram as tecnologias de reprodução de informação (Velho 2009: 3). A

Page 29: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

15

ressurgência da infografia deveu-se às investigações militares, aéreas e náuticas realizadas, nos

anos 70, pela NASA (Piñuela apud Velho 2009: 4).

“En la década de los setenta, el número de lectores de prensa

descendió globalmente, lo que obligó a las empresas editoras de

prensa a invertir de forma importante en tecnología, apoyándose en la

propia evolución tecnológica en sectores de tecnología punta, como la

microelectrónica” (Sancho 2001: 53).

Concebiam-se infografias sempre que havia uma falta de imagens para complementar um

texto, mas a qualidade e o rigor das representações ainda não era uma preocupação dos editores

e designers. Estas “serviam apenas para embelezar as páginas, e não como ferramentas de

utilidade informativa para o leitor” (Neves 2014: 23). A mudança verificou-se quando os jornais

decidiram adaptar as suas linguagens a um tipo de leitor que se familiarizou com o mundo do

audiovisual. Mudaram assim o aspeto dos jornais e revistas de forma a imitar a informação que o

leitor via na televisão. Começaram a contratar profissionais com formação e conhecimentos em

informação gráfica e mapas, os departamentos de arte passaram por estruturações (Módolo 2007:

6). Em 1982, nasceu o “USA Today”. O seu criador, através de diversas investigações, percebeu

que os leitores preferiam o uso de cores e imagens, ao invés do texto escrito a que se foram

acostumados. Depois de sucessivas buscas de opinião, este visionário, valorizou o design e criou

um novo modelo para o jornalismo impresso, com mais informação visual e textos curtos, e

revolucionou a imprensa escrita com a sua descoberta (Velho 2009; Teixeira 2007: 1).

“Las técnicas de diseño en cualquiera de sus facetas han

experimentado un gran impulso desde la aparición de los

microprocesadores, dando la posibilidad de retocar imagenes de forma

mas cómoda y sencilla” López (1998: 37).

Para Lopez a importância destes avanços tecnológicos deveu-se à necessidade de

modificar algumas imagens, de forma a conseguir o resultado ideal, algo que antes apenas se via

no desenho ou na pintura. Também Sancho (2001: 54) diz-nos que o aparecimento dos gráficos

explicativos na imprensa escrita, nos anos 80, teve uma forte influência dos computadores. Estes

Page 30: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

16

foram decisivos na consagração da infografia e da produção multimédia pois eram dotados de

softwares específicos que ajudavam a gerar e editar imagens.

Só em 1989 a infografia passou a ser considerada um género informativo. Os editores

começaram a perceber que a infografia facilitava realmente o entendimento da informação. Assim

os jornais passaram a dar mais atenção ao seu conteúdo do que à sua estética (Neves 2014: 23-

24). Foi em 1991, com a cobertura mediática da Guerra do Golfo Pérsico, “que a infografia se

consolidou definitivamente na imprensa mundial” (Nogueira 2013: 12). Apareciam

constantemente infografias com mapas das regiões, com explicações sobre as complexas armas

que eram utilizadas e as estratégias dos soldados (Rodrigues 2010: 2). Ribas (2004: 3) explica

porque é que a Guerra do Golfo Pérsico é um marco: havia uma escassez de fotografias que

comprovassem e completassem a notícia, a infografia encontrou aqui a sua rampa de lançamento.

Quadros apud Amaral (2010: 62) diz que esta necessidade, do uso da infografia, foi em grande

parte incentivada pela censura imposta pelos Estados Unidos em relação às imagens que eram

sendo captadas no campo de batalha. De nada valia falar apenas sobre o acontecimento se o

público não conseguia ter qualquer tipo de visualização sobre este. Esta guerra motivou, ainda, o

uso de “infografias em jornais latino-americanos” (Sousa 2014:29) e também o aparecimento das

“mega infografias” (ibidem).

Alguns anos depois efetuou-se a passagem da infografia estática para a infografia

interativa. Numa primeira fase verificou-se uma reprodução das infografias impressas, sem

grandes alterações, apenas uma transposição. Depois, em 1996 começaram a personalizar-se os

conteúdos, surgindo websites informativos com uma qualidade mais elevada e certo grau de

personalização. Por último, a tendência a que assistimos atualmente, é a criação de conteúdo

específico e exclusivo para o meio digital e a experimentação de novas formas de narrar os

acontecimentos, reescrevendo uma nova forma de comunicação online (Pérez-Luque & Perea-

Foronda, 1998). Realmente, só no final dos anos 90 é que a Society of News Design começou a

premiar as infografias de natureza multimédia:

“Em 1999, los premios Malofiej que otorga la SND (Society for News

Design) en colaboración con la Facultad de Comunicación de la

Page 31: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

17

Universidad de Navarra juzgaron por primera vez infográficos

multimedia” (Salaverria 2009: 158).

Foi na viragem de século (inícios do século XXI) que a consolidação da infografia

multimédia se deu no jornalismo online. A principal causa para este fenómeno foram os atentados

de 11 de Setembro e na sequência destes a Guerra entre o Iraque e os Estados Unidos (Rodrigues

2010: 2).

“Entender como havia acontecido o atentado tornou-se mais fácil a

partir da utilização de infografias, que explicavam em etapas

detalhadas com informações sobre as aeronaves, as torres gémeas e

os locais em que aconteceram os impactos e as consequências”

(Amaral 2010: 66).

Sancho (2001: 54) diz-nos que as reconstruções de alguns feitos notáveis, como batalhas,

compostas por mapas ou diagramas formavam elementos visuais eficazes, que permitiam

contemplar um mapa com um olhar mais geral, abrangendo toda a situação e dando ao leitor uma

visão mais alargada.

Estamos, no presente, perante uma nova geração de infografias (Rodrigues 2010: 9). É a

chamada infografia em base de dados. A habitual infografia tornou-se mais dinâmica, sofisticada

e interativa, mais complexa. Pode sofrer uma atualização constante, permite o cruzamento e

comparação das informações, a personalização do conteúdo por parte do leitor e incorpora

variadas formas de visualização. Também pede mais do leitor do que as outras infografias estáticas

pois requer mais atenção, exploração e nível de interação. Este tipo de infografia surgiu como

resposta a uma emergência de visualizar grandes quantidades de dados complexos, necessidade

cada vez maior na sociedade e no jornalismo. (idem)

Neves (2014: 43) referia, há um ano atrás, que a maioria das infografias digitais era

realizada em Adobe Flash, um dos softwares que fez com que a produção das infografias

interativas aumentasse. Pouco tempo passado, o cenário mudou, devido às incompatibilidades

entre o formato Flash e os sistemas operativos de alguns dos mais recentes dispositivos móveis,

Page 32: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

18

este entrou definitivamente em desuso. Espera-se agora que os infografistas saibam programar

em HTML5.

As infografias sofreram grandes mas lentas alterações, com o passar dos tempos, como

nos dizem Cecilio e Pegoraro (2011:13):

“Pode-se dizer que o infográfico teve uma lenta e gradual evolução,

começando com o seu modo artesanal e como um simples

complemento, e até ao que temos hoje, apontando como uma nova

maneira de se fazer jornalismo” (Cecilio & Pegoraro 2011: 13).

3.1.1 - História da infografia - O caso Português

Neves (2014: 22) diz-nos que a primeira infografia portuguesa foi publicada no dia 21 de

janeiro de 1723, na Gazzeta de Lisboa Ocidental e retratava uma baleia que teria entrado no rio

Tejo. Cardoso (2010: 24) refere que o diário Público é, entre os órgãos de imprensa escrita

nacionais, o pioneiro na criação e publicação de infografias multimédia. Foi em 2001, o primeiro

diário português, a publicar online uma infografia relacionada com a ponte de Entre-Os-Rios.

“O jornal Público, em 2001, foi o primeiro a publicar uma infografia

multimédia online, seguindo-se o Expresso em 2008 e, em 2009,

Jornal de Notícias, Diário de Notícias e Sol” (Cardoso 2010: 74).

Neves (2014: 57) refere que em 2007 o “Público” inaugurou a secção de infografia, onde

eram realizadas maioritariamente infografias impressas. Também no campo das infografias em

bases de dados foi o “Público” o primeiro a mergulhar, em 2008, durante as eleições americanas,

inaugurando assim esta nova fase de produção de infografias (Rodrigues 2010:12).

Para Cardoso (2010: 22) a carência de informações sobre as infografias multimédia nos

mais variados aspetos da sociedade, e os seus poucos anos de existência, só poderão levar à

conclusão de que este ainda é um produto que terá de evoluir bastante. Mas é evidente que há

um esforço de investigadores e os estudos sobre o tema têm evoluído consideravelmente na última

década, pelo menos além-fronteiras.

Page 33: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

19

3.1.2 - A atualidade das infografias em Portugal

A realidade da comunicação social do nosso país difere em muito de outros países

desenvolvidos, como é o caso dos Estados Unidos da América e da Espanha. Estes países

mostram um grande vigor nesta área e é, portanto difícil comparar os nossos níveis de

desenvolvimento com os deles. Quando falamos da infografia interativa a distância entre Portugal

e estes países é ainda maior. Em Espanha, por exemplo, a infografia já está consagrada e é uma

realidade há vários anos. Os estudos sobre infografias, em língua portuguesa, são poucos, sendo

os de maior expressão aqueles que são realizados por profissionais norte-americanos, sul-

americanos, ou espanhóis (Ranieri 2008: 261).

No site “meios e publicidade” (2006) encontramos um artigo sobre os nossos

profissionais. Os jornalistas entrevistados referem que temos bons técnicos na área da infografia.

Estes vão crescendo com as possibilidades que o nosso país vizinho lhes dá, como certames e

congressos. Sabe-se portanto que temos profissionais aptos, qualificados e motivados para

melhorar o panorama da infografia em Portugal. No mesmo artigo encontramos um depoimento

de Susana Lopes que nos explica o atraso em relação a outros países: “A formação ao nível da

infografia em Portugal é ainda muito deficitária, existindo alguns cursos isolados e alguns

congressos mas ainda sem a força que se pretende para impulsionar este veículo de

comunicação” diz-nos Susana Lopes2 num artigo de “Meios e Publicidade”. No mesmo artigo

Joaquim Guerreiro3 constata uma recente aceitação por parte das redações, que só agora se

apercebem que a infografia é extremamente positiva para um artigo, não podendo ser encarada

como rival da escrita.

Com os olhos postos na vizinha Espanha, uma das referências no mundo das infografias

multimédia, Cardoso (2010: 2) diz-nos que Portugal dá os primeiros sinais de estar a ficar ciente

das vantagens da infografia multimédia, começa a notar-se a emergência de uma aposta neste

universo infográfico que é reconhecido pelo seu potencial. Ricardo Castro4 não duvida que a aposta

2 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006) 3 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)

4 Através de entrevista, ver apêndice 2

Page 34: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

20

em conteúdos multimédia permite um maior e mais notório alcance de número de leitores,

confirmando contudo, que as infografias são uma lacuna evidente no ComUM. Cardoso (2010:

26) investigou as editorias de vários órgãos jornalísticos e, através de declarações dos editores

multimédia, constatou que em nenhuma delas existia uma editoria exclusiva para a infografia.

Remata com a conclusão de que as condições socioeconómicas do mercado da Internet, em

Portugal, não são estáveis e não faz sentido produzir conteúdos com maior qualidade.

3.2 - MUDANÇAS NO JORNALISMO E NO PAPEL DO JORNALISTA

O jornalismo mudou definitivamente com a introdução das novas TIC. Muitas são as

alterações que se conhecem nas variadas fases, da produção à receção:

“Hoy las salas de redacción están llenas de ordenadores y equipos que

facilitan cada vez más la producción, pero a su vez la hacen más

compleja gracias a las múltiples possibilidades que ofrecen para

producirla en el menor tiempo posible” (Ochoa 2009: 198).

Mielniczuk (2003) distingue as etapas de evolução do jornalismo online. Numa primeira

fase, no web jornalismo de primeira geração, assiste-se a um trabalho muito idêntico ao da

imprensa. A atualização é diária e os conteúdos são praticamente os mesmos, há apenas uma

transposição e adaptação ao meio. O conteúdo mantém-se estático e linear. No web jornalismo de

segunda geração observa-se uma tentativa de utilizar melhor as caraterísticas oferecidas pelo

meio, a web. Apesar do jornalismo continuar ancorado ao modelo impresso começam a aparecer

links para notícias que aparecem entre as edições. Na última fase, no web jornalismo de terceira

geração, observamos um real esforço para produzir conteúdo exclusivo para o meio, aproveitando

muitas das suas potencialidades. Utilizam-se recursos multimédia, interatividade e hipertexto e há

uma atualização contínua dos conteúdos. Amaral (2010: 36) é um dos autores que acrescenta

uma nova fase, a quarta geração do web jornalismo, que se carateriza pela presença das

infografias em base de dados. Esta dá a possibilidade ao leitor de cruzar dados e personalizar o

seu conteúdo.

Page 35: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

21

O jornalista atual tem a necessidade de pegar em um conjunto de informações e

transformá-las num material visual de qualidade, que facilidade a sua compreensão. Assim chega

ao leitor de forma mais rápida e simples. Tem de criar notícias e reportagens com maior

dinamismo e com uma compreensão mais acessível, tornando-as mais cativantes (Pedroza; Lima

& Nicolau 2013: 12). Ricardo Castro5 refere que hoje pede-se mais de um jornalista. Anteriormente

não se exigia tanta versatilidade a um profissional da área, “hoje em dia qualquer recém-licenciado

tem (quase) a obrigação de ter um conhecimento e domínio crescente das várias técnicas”

(ibidem).

Diz-se que o profissional do jornalismo pode deixar de existir, pois hoje, todos produzimos

conteúdo informativo. Anteriormente, os media tradicionais produziam mensagens para o público,

a lógica da oferta, agora todos produzem conteúdo para todos, a lógica da demanda (Wolton apud

Palácios 2003: 5).

“The promise of so much easily accessible information quickly

transforms into peril as we wonder just how to make sense of all that

abundance, how to find the signal amidst all the noise.” (Craft; Maksl

& Ashley s.d: 1)

Contudo, com este acréscimo de informações, o papel do jornalista não pode ser

esquecido, aliás, deve ser valorizado pois há uma maior necessidade de filtragem. Aparece assim

como um moderador, que diz ao público qual o material que é confiável e qual será nocivo

(Palácios 2003: 6). Como nos diz Nogueira (2013: 29) mais informação não quer dizer que haja,

necessariamente, uma maior facilidade em encontrar o que pretendemos:

“O emergir da Internet veio quebrar com as barreiras do espaço e do

tempo, contribuindo para a rápida disseminação de informações e para

a facilidade de comunicação à escala mundial. Porém, é possível

afirmar que o seu crescimento, paradoxalmente, pode ter dificultado o

acesso às informações realmente pertinentes aos utilizadores.”

(Nogueira 2013: 29).

5 Através de entrevista, ver apêndice 2

Page 36: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

22

À sobrecarga de informação a que os humanos começaram a estar expostos dá se o nome

de “Síndrome da Fadiga Informativa” (David Lewis apud Vietta 2012). Bustamante (s.d.: 24)

mostra-nos um exemplo muito prático:

“Consultar un término cualquiera en un metabuscador como Google

arroja una cantidad extraordinaria -casi inmanejable a veces- de

referencias. Es algo que casi todos hemos experimentado. Es la

sensación de quien está perdido en el desierto, sediento, pide agua y

llega un camión de bomberos con una manguera de alta presión

apuntada directamente al rostro” (Bustamante s.d.: 24).

Se tivermos apenas em atenção a boa informação e compreendermos as notícias que são

credíveis estaremos a caminhar, indiscutivelmente, para uma forma mais razoável de tomar

decisões, mais sábias e informadas.

3.3 - A IMPORTÂNCIA DA INFOGRAFIA E DA INTERATIVIDADE

Joaquim Guerreiro6 entrevistado por “Meios e Publicidade” denota que vivemos num

século em que o tempo para atividades de distração é escasso, sendo, portanto, uma ótima altura

para a aposta na infografia. Há um novo estilo de vida. O tempo para leitura é extremamente

reduzido e é mais fácil e rápido esclarecer o leitor com uma boa infografia do que com um texto

complexo e longo. Pois como nos diz Ochoa (2009:28):

“siempre la percepción visual es más rápida y exige menos trabajo

mental que la lectura que implica además que establezcamos

relaciones diferentes dependiendo del significado que adquieren o no

los signos y de que el medio y nosotros como lectores compartamos el

código” (Ochoa 2009: 28).

Com todas as mudanças exigidas pelo público, o jornalismo teve de inovar, uma tendência

que nos dias de hoje é irreversível. Nasceu o jornalismo visual, que tem como um dos elementos

6 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)

Page 37: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

23

mais marcantes a infografia. Esta nova forma de transmitir conteúdo jornalístico adotou técnicas

esteticamente agradáveis, “com maior legibilidade possível, somada à incorporação de elementos

gráficos e a redução de textos escritos, visando uma leitura mais rápida e fácil” (Sabbatini & Maciel

2004: 2). A eficácia na leitura da infografia está relacionada com a sua forma de apresentação,

pois tem a capacidade de agrupar múltiplas semioses, facilitando a sua compreensão (Calegari &

Perfeito 2013: 292-293).

“As infografias não só se fazem valer pelo seu poder explicativo como

também pelo seu potencial de sedução estética, servindo muitas vezes

como porta de entrada para os textos” (Nogueira 2013: 10).

Este poder explicativo e de sedução assegura um conjunto de leitores que gosta de

absorver a informação com celeridade. Para além de ser lida rapidamente, a infografia é

predominantemente visual, sendo mais fácil de compreender para a generalidade da população,

que apreende melhor os dados recebidos (Nogueira 2013: 13). Também Módolo (2007: 4) tem a

mesma opinião, revela que a linguagem jornalística vai dando, nos dias de hoje, preferência ao

uso da imagem, nomeadamente na utilização de infografias, o que se adequa perfeitamente ao

estilo de vida das populações modernas. A facilidade de apreensão dos variados assuntos assume

uma importância enorme e torna as infografias produtos ainda mais atraentes pois, “a maior força

da linguagem visual está no seu caráter imediato, na sua evidência espontânea” (Dondis apud

Calegari & Perfeito 2013: 294).

A infografia também é extremamente útil para explicar assuntos complicados a um público

leigo, onde geralmente se precisa de facilitar a comunicação. Um exemplo disto é o jornalismo

científico, que muitas vezes utiliza expressões próprias que não são familiares à grande maioria

do público (Cecilio & Pegoraro 2011: 2).

A infografia estática mereceu, durante algum tempo a atenção do jornalismo. Este

utilizava-a como um dos pontos mais importantes da sua linguagem visual. Com as mudanças

tecnológicas a infografia começou a incorporar a interatividade. Temos de perceber o que é

realmente uma infografia interativa e porque se distingue da infografia estática. Sancho apud

Page 38: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

24

Teixeira (2007: 6) fala dos seus atributos - a interatividade, o movimento, o hipertexto e desenho

gráfico - e define-a como:

“uma aportación informativa, en la mayoria de los casos sucesiva, que se

elabora en las publicaciones digitales, basicamente visuales, pero também

audiovisuales, realizada mediante unidades elementales icônicas (estáticas o

dinâmicas), com el apoyo de diversas unidades tipográficas y/o sonoras,

normalmente verbales” (Sancho 2003 apud Teixeira 2007: 6).

A infografia impressa, que algumas vezes era vista apenas como um complemento à

notícia textual migrou, com o avançar das tecnologias, para o ambiente digital, acrescentando aos

seus benefícios a interatividade, a animação e a multimedialidade. Desta forma deixou de ser

encarada como um complemento, passando a ser utilizada, muitas vezes, de forma autónoma.

Ranieri (2008: 260) é um dos autores que nos explica a importância da infografia no jornalismo

atual. Refere que num contexto de jornalismo em mudança, a informação que assume um caráter

visual começa a ganhar o seu espaço. A importância é maior quando se acrescenta o valor da

interatividade. A interatividade é a oportunidade dada ao leitor para escolher o conteúdo que quer

ver, controlando também o momento em que quer ver, podendo optar por uma leitura não linear.

A interatividade é possibilitada pelo meio onde a infografia se insere, a web, que apresenta uma

enorme quantidade de vantagens relativamente ao impresso.

“A infografia já utilizada no jornal impresso aparece no web jornalismo

com outra roupagem e mais paramentada de possibilidades

facilitadoras de emissão de uma grande gama de informações antes

dificultada pela falta de ferramentas ágeis; com capacidade de

armazenamento; fácil manuseio e visualização de vários bancos de

dados” (Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 5).

Salaverría (2009: 47) afirma que a infografia multimédia é certamente um género com

imensas potencialidades devido a todos os recursos que possuí, entre os quais se encontra a

interatividade:

“La hipertextualidad, la multimedialidad, la interactividad y la

frecuencia de actualización confieren a los nuevos medios un

Page 39: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

25

dinamismo que los convierte en entes exclusivos, situados en el mismo

nivel ontológico que prensa, radio y televisión.” (Salaverría 2009:47)

Ribas (2004: 2) compara as infografias estáticas com as infografias multimédia. Diz-nos

que na passagem do estático para a infografia de web, as caraterísticas essenciais mantêm-se,

mas, por agregar as potencialidades que o meio oferece, alargam a sua função, é-lhes alterada a

lógica e passam a agregar novas feições culturais. Teixeira (2007: 2) e Valero Sancho (2008)

alertam para as dificuldades e as limitações da infografia impressa, como as técnicas e o espaço.

Já quando se fala de infografia interativa estamos a falar do suporte da web e estes impedimentos

deixam de fazer sentido pois dissolvem-se nas próprias características do meio. Encontramos,

assim, mais potencialidades relativamente à infografia impressa.

A interatividade transforma a infografia num produto com enorme “polivalência estrutural

e riqueza expressiva” (Salaverria apud Rinieri 2008: 264). Quando assistimos a uma infografia

interativa não nos limitamos a ouvir, ver ou ler aquilo que alguém preparou para nós, podemos

escolher o conteúdo interagindo com ele. A informação deixa de ser linear. O leitor tem a

oportunidade de se envolver com a informação e o conteúdo, este pode filtrar o que quer ver de

acordo com os seus interesses, pode compartilhar e até deixar a opinião (Pedrosa; Lima & Nicolau

2013: 3).

“Fazendo jus à máxima “Uma imagem vale mais do que mil palavras”,

uma infografia multimédia abre um universo de perspetivas (...) e, mais

importante, a possibilidade do utilizador interagir com a informação

que possui diante de si, aumentando os níveis de interesse e

permitindo a existência de várias camadas de conhecimento”

(Cardoso 2010:2)

A interatividade assume grande importância, hoje em dia, pela falta de tempo que se

vislumbra na generalidade das sociedades desenvolvidas. Uma infografia interativa dá a

possibilidade ao leitor/visualizador de escolher aquilo que quer ver, servindo assim de filtro para

o que não é tão interessante. Com a interatividade é também possível interligar e manusear a

informação, para que o leitor fique mais conectado com o que se está a passar. Assim usufrui de

uma nova experiência cheia de potencialidades e não apenas de uma leitura.

Page 40: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

26

Com o aumento da difusão de dados e informações, a maioria do público deixou de ter

tanto tempo para ler todas as notícias, “passando apenas os olhos pelas páginas e pelos

elementos gráficos” (Nogueira 2013: 9). Os leitores informam-se agora, apenas sobre o que faz

parte da sua lista de interesses. As infografias fazem parte, ao mesmo nível que as fotografias e

os títulos, do primeiro nível de leitura de todos os meios impressos, ou seja, é nelas que o leitor

deposita, primariamente a sua atenção, e pode ser através delas que ele escolherá se quer ou não

continuar a ler sobre determinada matéria (Scalzo apud Módolo 2007: 5).

A infografia interativa, sendo jornalismo, tem o objetivo de transmitir informação, para

além de oferecer ao leitor a “possibilidade de selecionar, organizar e visualizar a informação de

acordo com as suas necessidades e em concordância com o seu ritmo de apreensão de

informação” (Sousa 2014: 33). Discute-se o imediatismo de uma infografia, o tempo que esta

demora para estar disponível na web. Neves (2014: 46) diz-nos que esta é realmente uma das

grandes diferenças que se verificam entre a infografia realizada para papel e outra para a web. Na

internet o conteúdo é colocado instantaneamente, e a atualização não é feita de forma diária,

semanal ou mensal como acontece na imprensa. Novos dados pedem atualização imediata.

Uma das principais razões para que a infografia seja facilmente entendida pelos leitores

pode estar relacionada com reminiscências de infância. A junção de imagem com desenho traz à

memória a banda desenhada (Susana Lopes)7.

Ana Serra8 entrevistada por “Meios e Publicidade” diz-nos que a infografia tem a mais

complicada das funções – demonstrar a verdade pura com base nos factos, não deixando espaço

para a opinião. Assim, retira ao leitor todos os obstáculos que poderiam surgir e separá-lo da

verdade. O que apesar de complicado é um fator muito positivo, pois não permite que os leitores

se percam por entre opiniões e mostra-lhes apenas a verdade. Para além disto, segundo Nogueira

(2013: 10), é possível mostrar mais dados num menor espaço:

7 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)

8 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)

Page 41: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

27

“A sua capacidade de condensar e simplificar a informação, através de

uma linguagem verbal mais simples e uma linguagem visual mais

atraente, permite um melhor aproveitamento do espaço da página e

torna o conteúdo mais acessível ao seu público-alvo,

independentemente das camadas sociais” (Nogueira 2013: 10).

Palacios (2003: 2) diz-nos que algumas das potencialidades da infografia multimédia se

prendem com as possibilidades que o meio oferece. Essas possibilidades são a multimedialidade/

convergência, interatividade, hipertextualidade, customização do conteúdo/personalização,

memória, instantaneidade/ atualização contínua. Tudo isto são fatores positivos que colocam a

infografia interativa num patamar acima da infografia estática.

A infografia interativa tem valor pedagógico. Os estudantes mudaram e o sistema

educativo de há umas décadas deixou de ser o ideal (Prensky 2001). Percebeu-se que é mais

simples para um estudante aprender com a personalização do conteúdo. Sabbatini & Maciel

(2004: 13) defendem que se uma infografia usar elementos um pouco abstratos, com

realismo reduzido, os estudantes são obrigados a imaginar parte da situação e não apenas a

visualiza-la de forma passiva, contribuindo, assim, para aumentar a criatividade dos jovens.

Reinhardt (2010), num estudo sobre Infografia Didática, chegou à conclusão que um grupo de

alunos conseguiu descodificar mais facilmente a informação transmitida por uma infografia,

comparando com o texto escrito, que arrecadou uma percentagem de descodificação mais

diminuta. Também a informação que é transmitida pela infografia fica mais tempo na memória do

leitor do que a informação passiva, aquela com que não necessitam de interagir.

3.4 - INFOGRAFIA. UM GÉNERO?

Para Prado apud Pedrosa; Bezerra & Nicolau (2013: 3) não são as diferenças dos veículos,

de meios, produções e plataformas que vão fazer do jornalismo atual menos jornalismo do que o

tradicional. Discute-se o papel da infografia, que se insere neste jornalismo atual, pois ainda não

há total consenso da designação que deverá ser-lhe atribuída. Alguns profissionais e estudiosos

assumem-na como uma técnica jornalística, outros nomeiam-na de “modalidade discursiva”

(Teixeira 2007: 1) e outros elevam-na a género jornalístico. A grande razão para se falar de género

é esta capacidade que a infografia tem, de hoje, já sobreviver independentemente.

Page 42: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

28

Autores como Colle; Clapers; Leturia e Cairo discordam da classificação de género

jornalístico e “referem-se à infografia como uma técnica, uma disciplina, um recurso, uma

ferramenta informativa, uma ilustração, uma unidade espacial” (Ribas 2004: 2). Amaral (2010:

26) diz-nos que podemos classificá-la como género, mas prefere utilizar o termo “modalidade

jornalística” ou sub-género. Cecilio & Pegoraro (2011: 2) dizem-nos que a infografia tem sido vista,

muitas vezes, como um mero recurso de estética ou como forma de complementar aquilo que o

texto principal diz e rematam dizendo que a essência da infografia não é idêntica à do jornalismo.

Paulo Ranieri (2008: 260) refere a constante necessidade de se verificar uma mudança

nos média. Com o espaço que a infografia vem a ocupar no campo hipermediático vem-se

tornando “uma ferramenta autónoma com médias combinadas, e não seria exagerado dizer um

género jornalístico independente” (ibidem). Teixeira apud Cecilio & Pegoraro (2011: 12) diz-nos

que a infografia, assumindo o papel de narrativa jornalística, terá de adotar obrigatoriamente os

princípios do jornalismo, tanto os técnicos quanto os deontológicos, assim como os seus limites.

Portanto, se não se distingue das outras formas de fazer jornalismo terá de ser encarada, tal como

as restantes, como um género. Rico & Rodrigues (2009: 26) também preferem adotar e

concordam com o termo “género jornalístico”. Valero Sancho (2001) também se refere à infografia

como sendo um género. Justifica que se deve ao facto da infografia ter funções jornalísticas

particulares. Assume que pode ser encarada como um género diferente, por ser mais visual, mas

a essência dela é narrar uma informação, assim como os outros géneros. Sojo (2002) explica-nos

porque considera que a infografia é um género jornalístico:

1) Tem uma estrutura claramente definida;

2) Tem um propósito;

3) Tem marcas formais que se repetem em diferentes trabalhos;

4) Faz sentido por conta própria.

3.5 - INFOGRAFIA E PROFISSIONAIS: JORNALISTAS OU DESIGNERS?

Até há bem pouco tempo a infografia ainda não era respeitada dentro e fora das redações.

As direções não faziam qualquer tipo de investimento, e as infografias que apareciam na imprensa

e nos jornais digitais eram maioritariamente compradas a agências. Com a descoberta das suas

Page 43: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

29

potencialidades as direções começaram a preocupar-se com a contratação de designers

profissionais. Estes não se limitavam a pôr em prática aquilo que os jornalistas lhes pediam,

reuniam-se e discutiam a matéria em conjunto. Estes designers, que se foram dotando de um

vasto sentido crítico passaram a ser chamados de “infografistas”. Foi aqui que a profissão nasceu.

Contudo, no meio do tema, há uma questão que sobressaí - estes infografistas, são vistos como

jornalistas ou designers?

Para responder a esta questão, primeiro é preciso esclarecer o papel da infografia no

jornalismo. Apesar de não haver consenso em relação ao tema, como já observamos, algo é

inquestionável - a infografia já deixou de ser um auxiliar visual que se limita a acompanhar a

importante e verdadeira informação. Cardoso (2010: 2) é um dos autores que tenta clarificar este

papel da infografia no jornalismo nomeando-a de género jornalístico.

Deste ponto de vista é normal encararmos os profissionais que trabalham com infografias

como jornalistas pois produzem, tal como os outros, conteúdo informativo jornalístico. Leturia

apud Sabbatini & Maciel (2004:4) diz-nos que o infografista é um jornalista, mas no campo visual,

e para além das características básicas que um jornalista possui, o infografista terá de ter

“habilidade, criatividade e pensamento crítico” (ibidem).

Valero Sancho (2008) diz-nos que os infografistas devem ter formação especializada na

área da comunicação. Defende que é mais importante a presença de disciplinas de jornalismo do

que estudos estéticos, e tal acontece poucas vezes. A arte deve ser desvalorizada em favor da

comunicação. Com esta informação Sancho diz-nos que o infografista é um jornalista pois a sua

profissão se aproxima muito mais do jornalismo do que propriamente do design, pelo menos no

que diz respeito à formação. Mónica Bello apud Cardoso (2010: 29) salienta que a infografia é,

de facto, jornalismo e aquele que faz infografia deve ser visto e tratado como jornalista, e deve ser

um trabalho valorizado pois além das caraterísticas destes profissionais, ainda tem de acrescentar

a carga do pormenor e do impacto visual. Bello apud Cardoso (2010: 30) refere ainda que, mesmo

dentro do meio, esta perceção, de que um infografista é um jornalista, ainda não está bem

presente.

Page 44: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

30

“Existe ainda um certo estigma em torno da função de infografista que,

mesmo até entre os seus pares, não é globalmente reconhecido como

sendo também um jornalista” (Cardoso 2010: 75).

Sérgio Braga9 num artigo de “Meios e Publicidade” defende, que tendo a infografia o papel

de informar o público da mesma forma que uma notícia informa, os profissionais desta área devem

reger-se pelas normas e os princípios do jornalismo e portanto estudarem as suas regras. Contudo

reconhece que em Portugal os infografistas ainda não são vistos como jornalistas, mas sim como

designers ou gráficos. Ranieri (2008: 271) diz, que realmente, são poucos os infografistas que

têm esta formação em jornalismo. A separação entre a área de “jornalismo” e “multimédia” nos

cursos de comunicação, que permite aos alunos de multimédia se aproximarem mais das

infografias, indicam que ainda se faça esta divisão entre os profissionais da infografia e os

jornalistas (Cardoso 2010: 22). Realmente, também Daniel Cerejo10 refere que depois da

licenciatura em Ciências da Comunicação, são os estudantes de multimédia que têm um à vontade

maior com a prática das infografias, ficando os alunos de jornalismo pelos conhecimentos básicos.

A infografia deve ser olhada como um elemento independente da produção jornalística, portanto,

deve ter critérios próprios e “constituir em casos possíveis uma editoria equiparada aos seus

restantes congéneres na sala de redação” Cardoso (2010: 66).

Mário Cameira apud Cardoso (2010: 29) diz-nos que há um estigma: quem escolher

especializar-se e seguir a área de multimédia nunca será tão jornalista quanto os que seguem

jornalismo. Para além disso destaca que poucos são os infografistas que têm a carteira de

jornalista. Joaquim Guerreiro11 diz que apesar de todos, no Público, terem a carteira profissional

de jornalista, em Portugal o infografista em vez de se tornar jornalista visual acaba, muitas vezes,

“por ser a chave inglesa da redação, usada sem grande critério para uma variedade enorme de

tarefas que pouco ou nada têm a ver com infografia” (ibidem).

3.6 - O QUE INFOGRAFAR

9 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)

10 Através de entrevista, ver apêndice 3 11 Através de entrevista, ver apêndice 1

Page 45: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

31

A comunicação digital, nomeadamente as infografias interativas, podem, desde que

utilizem mensagens objetivas e claras, substituir os textos “inflados e prolixos no processo de

comunicação” (Módolo 2007: 8). Porém nem todo o assunto ou notícia tem potencial para se

converter em infografia. De Pablos apud Sousa (2014: 39) diz-nos que o uso da infografia deve

ser moderado, e que, apesar de assistirmos ao seu crescimento, nem sempre é justificável a sua

utilização. Assim, percebemos porque é que algumas infografias são difíceis de perceber, nem

sempre o problema está na forma como é produzida, mas por representar um assunto sem

potencial infográfico. Portanto, para os variados media, torna-se um desafio perceber quais os

assuntos ou acontecimentos onde será adequado utilizar uma infografia e qual poderá ser a forma

mais apropriada para a transmitir ao público.

“A questão (...) não é apenas se o infográfico pode potencializar ou incrementar

uma narrativa, mas se deve ser usado, se ao adotá-lo estar-se-á contribuindo

efetivamente para a compreensão, pelo público, de um dado fenómeno.”

(Teixeira apud Rodrigues 2010: 7)

Clapers (1998) contraria estes autores dizendo que qualquer tema jornalístico se pode

transformar em infografia pois esta deve ser vista como o resumo lógico de uma notícia.

Nem sempre os profissionais recorrem às infografias. Os temas de última hora, por

exemplo, são evitados ao máximo. Existem grandes dificuldades em criar conteúdos com

celeridade e eficácia. Normalmente é preciso tempo para se criar um bom planeamento e

execução (Nogueira 2013: 24).

Valero Sancho apud Calegari & Perfeito (2013:296) explica quais as situações onde se

deve utilizar infografia: quando há uma necessidade de comparar visualmente os dados; quando

é necessário documentar um fenómeno ou acontecimento para que se consiga compreender toda

a informação; quando é necessário localizar os acontecimentos.

“aquelas notícias que não podem ser complementadas por fotos, ou

que não dispõe delas em absoluto, são as melhores candidatas para

receber um tratamento infográfico.” (Sabbatini & Maciel 2004: 4)

Page 46: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

32

Em relação aos temas que surgem com mais destaque, Ribas (2004: 4) diz-nos que são

as grandes ocorrências, das quais fazem parte os conflitos políticos e religiosos, desastres naturais

e descobertas científicas, que têm logrado uma maior atenção nos meios de comunicação social.

Surgem também com bastante frequência as infografias relacionadas com a informação desportiva

e com informação científica ou assuntos relacionados com a medicina. Scalzo apud Módolo

(2007:5) diz-nos que a infografia é um ótimo recurso para descrever procedimentos e métodos,

para demonstrar semelhanças e para explicar objetos e seres que são grandes ou pequenos

demais. Outro dos temas que merece o interesse dos infografistas é o jornalismo científico.

Normalmente este tema é mais difícil de explicar sem que se recorra a qualquer tipo de imagem

ou gráfico, pois os termos são demasiado complexos para um público que é leigo na matéria.

“O uso da infografia é legítimo em todo texto que pretenda fornecer

algum tipo de explicação acerca de um fenómeno ou acontecimento,

mas é quase obrigatório quando se trata da cobertura jornalística de

temas ligados a Ciência e Tecnologia, sobretudo para públicos leigos”

(Teixeira apud Amaral 2010: 24)

Mas não é só no jornalismo que o grafismo é útil para explicar assuntos relacionados com

ciência, os inventores e cientistas utilizam, desde os primórdios, imagens visuais para explicar as

suas descobertas (Schmitt 2006: 55). Também nas enciclopédias encontramos a utilização de

algumas infografias, que servem como uma espécie de ferramenta didática, para explicar

processos e informações detalhadas (Amaral 2010: 24).

3.7 - PRINCÍPIOS PARA UMA BOA INFOGRAFIA

No jornalismo preza-se sempre a qualidade da informação. Quando se realiza uma

infografia os princípios do jornalismo têm de ser respeitados. Desta forma um infografista tem de

estar ciente que o resultado do seu trabalho não pode induzir a nenhum erro de interpretação,

nem mostrar a informação de forma falseada ou distanciada da verdade. Para além da qualidade

da informação há um outro critério que chama a atenção do leitor, falamos da qualidade do design

visual - é a porta de entrada para que o leitor se queira envolver na infografia. A importância destas

funções, decorativa e explicativa, é igual, não se pode valorizar uma em detrimento da outra, sob

perigo de perder o interesse do público ou o seu “potencial informador” (Sabbatini & Maciel 2004:

Page 47: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

33

3-4). Quando a infografia serve para representar uma notícia jornalística espera-se que responda

às tradicionais questões - o quê? Quem? Quando? Como? Onde? Porquê? Mas como a infografia

tem uma formatação diferente da notícia verbal, não é normal ver-se a estrutura de pirâmide

invertida ou a presença de um lead. Presume-se antes que os elementos mais importantes se

apresentem numa parte mais central da página, com um tamanho consideravelmente maior do

que a restante informação, de forma a dar-lhes relevância (Módolo 2007: 10).

Quando se utilizam múltiplos meios, terá de se ter em consideração que a mensagem

seja unitária e não fracionada. Só assim se conseguirá “uma integração harmónica de seus

elementos constituintes, pelo qual o desafio não é tanto tecnológico, mas linguístico e

comunicativo” (Sabbatini & Maciel 2004: 6). Cairo apud Rodrigues (2010: 15) explica que quanto

maior o grau de dificuldade de um gráfico, e menor for o nível de conhecimento que o leitor tem

sobre o assunto desse gráfico, maior será a quantidade de explicações que se devem empregar.

Os elementos estéticos em demasia podem atrapalhar a informação, ainda mais quando o assunto

é complexo, neste caso não se deve retirar a atenção do conteúdo. Espera-se, assim, que a

infografia se rege pela simplicidade.

É necessário passar para o público todos os factos sobre o acontecimento, evitando a

utilização de informações que não estejam completas mas que não se tornem repetitivas. “Só

deve ser apresentado aquilo que for estritamente necessário para ajudar na sua compreensão”

(Neves 2014: 36). É necessário simplificar e tirar fora os excessos. A infografia terá de ter em

conta uma narrativa ou um sistema interativo que seja fácil de compreender para o leitor, para

que a informação lhe chegue de uma forma integra. É importante não supor que o leitor está

familiarizado com a informação, e descurar assim todos os pormenores importantes. Cada tema

deve ser bem explicado, mas de forma simples e concisa para evitar uma overdose de

informações.

As infografias devem absorver o princípio da utilidade, para que consigam transmitir a

“informação, significação e funcionalidade e devem ter em si, o princípio da visualização que

permita ao utilizador a compreensão dos factos” (Cairo apud Sousa 2014: 29). A qualidade

narrativa é um dos fatores mais fundamentais para que a infografia tenha total eficácia no seu

Page 48: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

34

propósito de informar. Para isso todos os elementos devem estar voltados para o mesmo

objetivo - mostrar e narrar um acontecimento (Amaral 2010: 31).

Um dos aspetos a ter em atenção quando se constrói uma infografia é o uso da cor. Ela

deve ser vista e utilizada como informação que é, deve usar-se tendo em conta aquilo que a

sociedade está habituada a associar-lhe. A cor é um elemento de sintaxe visual e a sua utilização

exige criatividade e conhecimento. O objetivo é dar clareza e não confundir os leitores evitando

mal-entendidos na receção da informação (Módolo 2007: 8; Neves 2014: 36).

Sancho (2001:21) refere que no jornalismo de imprensa a infografia deve conter oito

características, que são:

1. Ter significado total e independente;

2. Proporcionar quantidade razoável de informação atual;

3. Conter informações suficientes para a compreensão dos factos;

4. Ordenar o conteúdo utilizado, se preciso, usando variantes de tipologia;

5. Apresentar elementos icónicos que não distorçam a realidade;

6. Realizar funções de síntese ou de complemento da informação escrita;

7. Proporcionar uma certa sensação estética;

8. Ser precisa e exata.

Cairo (2012: 5) fala-nos do perfil de um bom comunicador visual. Esclarece-nos que o

mais importante é a curiosidade aliada à tentativa de explicar racionalmente tudo o que existe no

mundo. Sem este interesse e esta vontade é impossível ser um bom comunicador.

“The life of a visual communicator should be one of systematic and

exciting intellectual chaos” (ibídem)

3.7.1 - Arquitetura de informação e usabilidade

Na década de 1970, Richard Saul Wurman, professor de arquitetura na Carolina do Norte,

previu uma explosão da informação que exigia a intervenção de uma nova classe de profissionais

que, treinados, fossem capazes de organizar quantidades gigantescas de dados. Wurman dizia

Page 49: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

35

que o maior desafio da humanidade seria enfrentar o tsunami de informação que se aproximava.

A estes profissionais foi dado o nome de “Arquitetos de Informação” (Cairo 2012:15).

Para ajudar o leitor a encontrar a informação mais relevante e apenas aquilo que procura,

reduzindo assim a dificuldade de acesso e a sua frustração, criaram-se duas disciplinas que

tornam a navegabilidade e os conteúdos mais eficientes. Nasceu assim a arquitetura ou design de

informação (relacionado com a etapa de planeamento) e a usabilidade (relacionado com a etapa

final, quando o leitor faz uso do produto). Os seus objetivos são: estruturar melhor os conteúdos

e criar um design e navegabilidade mais agradável, no fundo, ajudar os leitores a perceber melhor

e mais rapidamente o que se quer transmitir (Jakob Nielson apud Nogueira 2013: 30; Nogueira

2013: 2).

A arquitetura de informação, tem uma função mais direcionada para um fácil acesso e

recolha de informação pelos leitores. Assim oferece-se facilidade aos leitores nas suas escolhas,

de acordo com os seus interesses. Esta relacionada com a maneira eficiente de dispor os

conteúdos (Rico & Rodriguez 2009: 50).

A arquitetura de informação tem o papel de definir a estrutura do conteúdo e para isso

foca-se particularmente nas experiências do leitor “dando-lhes condições para que sejam capazes

de alcançar os seus objetivos com um mínimo de esforço e com resultados máximos” (Nogueira

2013: 29). Memória apud Nogueira (2013: 30) diz-nos que esta disciplina deve ajudar os

profissionais da área a orientar o conteúdo dos seus trabalhos, permitindo que o mais importante

ganhe relevância. Para isto baseiam-se num modelo mental do utilizador, antecipando, de certa

forma, aquilo que ele vai pensar. O design de comunicação deve “ajudar os recetores a

encontrarem o sentido comunicado” (Nogueira 2013: 30).

“A usabilidade debruça-se mais sobre a qualidade da interação entre

os utilizadores e a infografia, procurando que estes obtenham a

máxima eficácia no acesso aos conteúdos” (Nogueira 2013: 30).

Quanto mais instintiva for uma infografia melhor será a sua usabilidade, devendo, sempre

que possível, acrescentar-lhe atributos de simplicidade (Nogueira 2013: 30). Rico & Rodrigues

Page 50: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

36

(2009: 49) dizem-nos que podemos relacionar este conceito com o grau de facilidade que o leitor

tem em encontrar o conteúdo que procura.

É importante voltar a referir que o design, apesar de ser aquilo que capta mais a atenção,

nunca se pode sobrepor ao conteúdo pois é isso que o utilizador procura. Sendo a infografia

interativa um produto que se encontra maioritariamente na web deve respeitar estas disciplinas

de forma a agradar e captar a atenção do leitor. O seu design deve ser atrativo e ser levado em

conta no momento da pré-produção mas nunca se deve desvalorizar o conteúdo, pois o seu

principal objetivo é informar e não entreter (Módolo 2007: 8). Cairo (2012: XX) esclarece-nos sobre

a importância de conjugar o design com o conteúdo:

“Graphics, charts, and maps aren’t just tools to be seen, but

to be read and scrutinized. The first goal of an infographic is not to be

beautiful just for the sake of eye appeal, but, above all, to be

understandable first, and beautiful after that; or to be beautiful thanks

to its exquisite functionality” Cairo (2012: XX)

Page 51: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

37

Page 52: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

38

4 - DIFICULDADES DE PRODUÇÃO E RECEÇÃO DA INFOGRAFIA

“a pesar de la capacidad informativa y el lugar privilegiado que ha ido

ganando esta herramienta (infografia) dentro de las opciones de

lectura, el usuario promedio no conoce su verdadera significación ni

dimensiones.” (Rico & Rodrigues 2009: 15)

Começa a notar-se um crescimento e um maior envolvimento das redações com as

infografias, contudo, a mudança tem sido lenta e nem todos os meios de comunicação a

acompanham. Apenas nos grandes jornais percecionamos estas mudanças. Nos restantes, de

pequeno e médio porte, mesmo que haja um esforço para incluir as infografias nas suas editorias,

estas utilizam recursos muito ultrapassados (Cecilio & Pegoraro 2011: 7).

Joaquim Guerreiro12 refere que as dificuldades começam logo na procura de um tema

pertinente para infografar; seguem-se as questões relacionadas com a abordagem a seguir e por

último existe o deadline, é ele que vai influenciar todo o procedimento assim como o número de

profissionais necessários.

Ochoa (2009: 216) diz que há um problema na distribuição. O jornalismo precisa de dar

a conhecer a infografia, pois apesar de ser atrativa, é desconhecida ou ignorada pelo público, que

a considera uma oferta apenas para pessoas com conhecimentos informáticos. A sugestão é que

os meios a deverão colocar mais visível de forma a convidar os leitores a interagir com ela.

Um dos problemas na produção da infografia é a falta de profissionais qualificados. Há

uma ausência de investigações acerca das infografias que se agrava quando há também uma

ausência de unidades curriculares nos cursos de comunicação. Isto leva a que se desenvolva um

“descompasso que faz com que teoria e prática não se coadunem no dia-a-dia das redações e da

produção da infografia” (Teixeira 2007: 2). A oferta torna-se menor que a procura, elevando o

preço dos serviços, e nem todos os meios de comunicação têm o mesmo poder económico para

contratar uma equipa para infografia. Assim são os jornais de grande porte os únicos que

conseguem assegurar departamentos próprios para as infografias, “onde interagem profissionais

12 Através de entrevista, ver apêndice 1

Page 53: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

39

do jornalismo e do design gráfico” (Cecilio & Pegoraro 2011: 7). Também Cairo apud Reis &

Rodriguez (2009: 102) assegura que são poucos os departamentos equipados a nível pessoal e

preparados para o mundo online, devido à carência de conhecimentos técnicos e formação teórica.

Um profissional da infografia deve ter conhecimentos de comunicação, de design e de

programação, e é muito difícil ver alguém assim tão preparado. Valero Sancho (2011: 2-3) diz-nos

que o infografista interativo tem o mais difícil dos papéis, pois a linguagem de trabalho é a mais

complexa do meio jornalístico. Refere que todos os outros profissionais têm tarefas mais fáceis,

pois “un presentador o locutor tiene su voz y prepara un texto, un reportero gráfico capta la

información con cámaras, un ilustrador no busca noticias ni documentos” (ibidem). Para além

disso há a pressão do tempo e muitas vezes, quando o conteúdo está toda colocado surgem novas

informações que têm de ser atualizadas. Por sua vez, Cardoso (2010: 74) é uma das autoras que

nos fala do espírito economicista das empresas mediáticas:

“Como condicionante a esta tentativa de impulsão da infografia, surge

a falta de verbas despendidas para o sector já que os detentores dos

títulos nacionais, grandes grupos económicos, olham para os media

como empresas que efetivamente são e que têm de ser geridas de

acordo com o que mais lucro obtiver. E neste momento, o online ainda

não se paga a si mesmo, residindo aí o seu próprio arquirrival”

(Cardoso 2010: 74).

Uma das dificuldades para a fraca receção da infografia está no próprio recetor. O público

está habituado a ser passivo e não é isso que, agora, se anseia dele. Não se espera um público

leigo que não saiba interagir com as tecnologias, mas um publico ativo que pretende explorar uma

notícia, e quer relacionar-se com os conteúdos.

Pereira (2013: 5) fala-nos dos discursos encantatórios que circundam as inovações. Estes

elogios fazem sobressair o potencial de cada uma das ferramentas, de tal forma, que se pode

pensar que estas substituem a ação humana. “Tais discursos encantatórios encontram nos

discursos apocalípticos e ameaçadores o seu reverso” (ibidem).

Bustamante (s.d.: 20) diz-nos que no início, a tecnologia começou a ser entendida como

um meio que engrandeceria as capacidades humanas e permitiria a realização de ações. Mas,

Page 54: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

40

com o passar do tempo, a tecnologia começou a tomar um caminho diferente, segundo a perceção

de algumas pessoas. Bustamante (1993: 60) refere que é possível que o significado da tecnologia

se perca no homem, mas da mesma forma, também o homem se sente perdido na tecnologia. É

provável que uma das causas para que a receção das infografias não aconteça como se prevê seja

a dificuldade, que algumas pessoas têm, em ver e aceitar a tecnologia. Há um tipo de público que

não aceita a passagem do papel para o online pela falta de essência, pela habituação ou pela

desumanização que a tecnologia pode criar. O autor cita a doutrina heideggeriana para defender

o seu papel:

“(...) la tecnología es una parte de nuestra forma de ser, una

parte de la estructura existencial del ser humano. No es un elemento

que pueda ser analizado independientemente de nuestro ser, sino que

es parte de nuestra forma de existir” (Bustamante 1993: 61).

Palácios (2003: 5) diz-nos que não se pode olhar para a tecnologia com a visão tão

simplista de um triunfalismo face aos outros formatos mediáticos. A tecnologia não surgiu como

oposição ou como forma de superar os outros meios. As características do novo jornalismo, de

web, devem antes ser vistas como uma forma de continuidade e potencialização do mesmo e não

como uma rutura ao tradicional. É mais importante estar atento às experimentações do jornalismo

de hoje e às transformações que poderão surgir em vez de “investir em especulações ou numa

futurologia de cunho pouco confiável” (Palácios 2003: 13).

Nem todos conseguem perceber as infografias. É necessário começar a ensinar o público

a interpretá-las, se possível, desde os primeiros anos de escola. Esta prática é cada vez mais usada

nos suportes mediáticos e nem todos têm habilitações para a conseguir ler ou capacidade de a

perceber. Os estudantes são o público ideal, pois são os chamados “nativos digitais” (Prensky

2001) que convivem diariamente com as tecnologias interativas, têm portanto maior capacidade

de interagir com a tecnologia do que os “imigrantes digitais” (ibidem). Este trabalho é

imprescindível para equipar os jovens de conhecimento, tornando-os “ indivíduos multiletrados e

possíveis produtores de suas próprias leituras” (Calegari & Perfeito 2013: 305). A alfabetização

visual é também imensamente importante. As imagens transmitem mensagem que têm

caraterísticas específicas, a sua linguagem pode não ser simples (Ochoa 2009: 142).

Page 55: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

41

Para compreender melhor os media, e para os utilizadores conseguirem selecionar o que

interessa, criou-se uma nova disciplina, a educação para os media.

4.0.1 - Entraves ao estabelecimento da infografia em Portugal

“Não há dúvidas de que existe uma grande iliteracia por parte do

público sobre o que é realmente uma infografia, no entanto este facto

não é, de todo, uma surpresa quando nem nas próprias redações a

sua definição é consensual” (Nogueira 2013: 1).

Uma das maiores dificuldades na implementação de uma infografia é o seu tempo de

execução. Mesmo que seja uma infografia simples, a presença de interatividade aumenta o tempo

de desenvolvimento e requer profissionais e meios específicos. Quando se trata de uma notícia

que diz respeito à atualidade tudo se complica, visto que o tempo para a criação do trabalho

infográfico é sempre inferior ao necessário para a sua boa concretização, o fator deadline que

surge como dissuasor (Daniel Cerejo13). A formação é praticamente inexistente pois as

universidades não preparam os alunos das áreas de comunicação para ingressar na área da

infografia.

“Nas universidades portuguesas, por exemplo, são muito poucos os

cursos académicos de Comunicação e Jornalismo que investem no

ensino da infografia, o que acaba por não preparar devidamente os

estudantes para o que é o panorama atual do meio jornalístico”

(Nogueira 2013: 1).

Relativamente à falta de formação na área, uma das coisas em que a formação académica

faria decisivamente a diferença, seria “na capacitação dos infografistas e no reconhecimento desta

vertente do design de informação como distinta de todas as outras” (Joaquim Guerreiro14).

Esclarece-nos que neste momento o percurso e evolução de um jovem infografista dependem de

13 Através de entrevista, ver apêndice 3 14 Através de entrevista, ver apêndice 1

Page 56: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

42

quem o recebe numa redação e não da sua formação académica. Sérgio Braga15 entrevistado por

“Meios e Publicidade” refere que um entrave para que as infografias não se estabeleçam

definitivamente no jornalismo português estará relacionado com uma questão de cultura, visto que

em Portugal os infografistas são apenas vistos como gráficos enquanto além-fronteiras têm o

estatuto de jornalistas visuais. Também as universidades terão de apostar numa formação mais

específica e direcionada para a área. Para além disso o investimento tem de ser feito já, para que

o fosso que existe entre Portugal e os outros países não aumente ainda mais.

Ricardo Castro16, diretor do ComUM, expõe-nos o seu ponto de vista sobre as dificuldades

na receção da infografia:

“Creio que os leitores de jornais sempre estiveram habituados a

associar notícias a texto, com uma ou mais fotografias a complementar

(…) Mas não sendo esta representada por texto, pode dar aso a alguma

incompreensão de algum leque de leitores, nomeadamente de faixas

etárias mais elevadas, que pouco ou nunca tiveram contacto com

infografias.” (Ricardo Castro17)

Refere ainda que não lhe parece fruto de uma ausência de investimento pois acredita que

a infografia interativa tem sido uma das apostas dos meios de comunicação portugueses. Também

Daniel Cerejo18 pensa que a forte habituação à presença dos conteúdos tradicionais pode impedir

que os leitores recebam de bons olhos a interatividade. Mas refere que lhe parece que o panorama

está a mudar.

A formação é insuficiente. Apesar disso temos profissionais habilitados e aptos para fazer

bons trabalhos, mas que adquirem os seus conhecimentos fora das nossas fronteiras. Parece

então inadiável que os cursos de comunicação mudem a sua forma de ensinar jornalismo e

comecem a formar jovens que estejam qualificados para iniciar o seu percurso na infografia. A

falta de profissionais e de formação traduz-se num aumento do preço dos serviços da infografia.

15 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006) 16 Através de entrevista, ver apêndice 2

17 Através de entrevista, ver apêndice 2

18 Através de entrevista, ver apêndice 3

Page 57: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

43

Por outro ponto de vista, como nos diz Joaquim Guerreiro19, o número de publicações em Portugal

também é reduzido e assim não parece muito rentável a criação dessa formação, sendo mais fácil

e vantajoso os profissionais adquirirem conhecimento em congressos e workshops fora do país.

Cardoso (2010: 22) dá-nos conta que depois dos despedimentos nos média, causados

pela crise económica no país, é normal que as verbas despendidas para o sector das infografias

sejam diminutas. Daniel Cerejo20, editor do JPN, acredita que a divulgação das infografias

interativas pode ter como impedimentos “a falta de pessoal, nas redações, com conhecimentos

para as desenvolver, agravada pela falta de capacidade, por parte dos empregadores, para

contratarem esses profissionais.”

Do lado do recetor encontramos uma literacia mediática incomparável com a dos países

que estão no topo da produção da infografia. Temos pouca população e poucas publicações e não

é fácil perceber se o investimento nas infografias seria lucrativo.

4.1 - EDUCAR PARA OS MEDIA E LITERACIA MEDIÁTICA

Há a ideia de que os media, nomeadamente as novas tecnologias da comunicação e

informação, vieram tirar ao ser humano a capacidade de pensar e tomar decisões. É possível que

isto aconteça, em alguns casos. Contudo a ideia dos novos meios de comunicação e informação

não é essa. Os cidadãos são cada vez mais desafiados pelos media, pela sua enorme quantidade

e diversidade de informação (Pereira et al. 2014: 2). Há uma necessidade de educar para os

media digitais, mas também para os tradicionais, de forma a tornar o público atento, crítico, dotado

de pensamento próprio, respeitador de diversidade e com voz ativa. Não é, de todo, ideia dos

novos media transformar o público num sujeito passivo e superficial. São as mentes inquietas,

ativas e curiosas que chegam mais rapidamente ao conhecimento (Reinhardt 2010: 130).

“Hará falta una conciencia social que evalúe y asuma riesgos y

beneficios, un control social de dichos procesos y una cultura

tecnológica en los ciudadanos de esta nueva aldea global que les

19 Através de entrevista, ver apêndice 1

20 Através de entrevista, ver apêndice 3

Page 58: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

44

permita actores responsables en un proceso de decisión”

(Bustamante s.d.: 16).

A educação para os media passa por saber utilizá-los, mas também compreendê-los e

interrogá-los, de forma a ter uma participação ativa nesta troca de conhecimentos. Esta disciplina

tornou-se “fundamental para uma utilização crítica, esclarecida e participada dos meios digitais.

Sem isso não se desenvolvem novas formas de comunicação e pode sair prejudicado o exercício

de cidadania” (Pereira 2013: 24). Esta é uma necessidade atual para que não se corra o risco de

criar, ao que Pereira (idem) chama de “vaga de analfabetismo funcional” que se define pela

capacidade de saber utilizar as tecnologias da comunicação e da informação, mas não pensar

muito sobre o que é que isso significa. É importante perceber que educar para os media é mais

do que criar acesso. Educar para os media é trabalhar para perceber o que estes nos dizem, criar

sentido com as mensagens deles, fazer escolhas e perceber qual o material informacional que é

correto e qual é nocivo. Por vezes somos tentados a pensar como os meios de comunicação

querem, e temos de refletir sobre os assuntos e ser críticos o suficiente para proteger-nos de

informação duvidosa.

“A literacia para os média, entendida como o conjunto de

competências e conhecimentos que permitem aos cidadãos uma

utilização consciente e informada dos meios de comunicação social,

representa uma componente essencial do processo comunicativo.”

(Pinto et al. 2011: 7).

Quando falamos em Literacia Mediática estamos a referir-nos à capacidade dos indivíduos

de aceder, perceber e tirar conclusões ou avaliações de uma forma crítica, daquilo que lhes é

transmitido pelos media. Portanto iliteracia também não é apenas a falta de competência para

aceder aos média e de perceber o que eles transmitem. É também a incapacidade e falta de

disposição dos indivíduos pensarem sobre os diferentes temas e ter uma vida comunicacional

ativa. Educação para os media deve ser entendida como o processo para conseguir dado objetivo

e a literacia será esse objetivo, aquilo que se consegue atingir (Pinto et al. 2011: 21). Neste

momento, a ideia de literacia digital, remete-nos para a capacidade de olhar criticamente para os

conteúdos, de forma a criar sentido no mundo digital (Pinto el al. 2011: 73).

Page 59: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

45

Pereira (2013: 81) fala-nos das quatro dimensões a ter em conta quando o assunto é

literacia mediática - a capacidade de aceder; habilidade para compreender; aptidão para avaliar e

para criar. Numa fase inicial é preciso conseguir aceder aos media e compreender aquilo que eles

nos dizem. De seguida tirar conclusões sobre o que vemos, pensando criticamente. Por último ter

a capacidade de, também, criar conteúdo mediático. O facto de termos acesso as tecnologias não

faz de nós automaticamente mais cultos ou críticos, isto é uma ilusão.

Não é surpreendente que os níveis de literacia mediática dos portugueses sejam muito

baixos. Mas as conclusões de alguns estudos que têm vindo a ser feitos nas últimas décadas são

realmente preocupantes. O relatório final do IALS (International Adult Literacy Survey) que foi

divulgado em 2000 coloca cerca de 80% da população portuguesa abaixo do nível 3 de literacia -

o nível mínimo para responder adequadamente às exigências sociais (Lopes 2011: 450).

Similarmente Barbosa (2011: 90) na sua dissertação de mestrado, referindo-se à educação

escolar, concluí que há ainda muito para fazer. É necessário “facultar aos jovens uma literacia

digital que lhes permita adquirir uma autonomia crítica, no sentido de desenvolverem o seu próprio

pensamento, à luz da criatividade e produção própria” (ibidem).

Foi para colmatar esta situação que, em Portugal, se criou o programa de educação para

os media. Pereira et al. (2014) no referencial de educação para os media falam de uma

necessidade de educar para os media de forma a combater esta iliteracia mediática. Dizem-nos

que é necessário perceber como funcionam as suas linguagens e mensagens, pensar sobre elas

criticamente e “desvendar o mundo que os ecrãs ocultam, quais biombos entre nós e os

profissionais, as empresas, as tecnologias” (Pereira et al. 2014:4). A partir dos anos 80, Portugal

começou a investir em iniciativas com vista a melhorar o acesso às tecnologias informáticas.

“Em três décadas, diferentes governos privilegiaram uma intervenção

pública na área, o que permitiu melhorar as condições de acesso a

computadores e à internet nas escolas e seus principais atores, alunos

e professores” (Pereira 2013: 27).

Apesar desta evolução Portugal ainda se encontra abaixo da média de utilização de

tecnologias, distanciando-se dos países europeus mais desenvolvidos. Para Pinto (2003; 2011) a

Page 60: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

46

Educação para os Media está longe de se tornar uma prioridade nos programas de políticas

públicas. Nos programas que existem são gastas grandes somas de tempos, dinheiro e energia,

tudo para que haja um fornecimento das TIC, mas no fundo, todos os equipamentos não passam

de um meio e o importante é a finalidade.

“A simples presença numa biblioteca, pelo facto de permitir aceder a

livros com um esticar de braços, não torna automaticamente alguém

leitor, tampouco mais conhecedor” (Pereira 2013: 83).

Estamos numa altura em que temos condições privilegiadas para o acesso a estas

tecnologias mas o conhecimento só chega se nós trabalharmos para isso. Deve então haver uma

combinação de fácil acesso com trabalho e com a criação de competências. Disciplinar para a

literacia. Pereira (2013: 91) chama a atenção para a necessidade e a importância de um sistema

educativo que promova uma formação de novos consumidores, mais críticos e que não se deixem

sufocar pela informação, que saibam filtrar, compreender e reagir. Assim como Pinto et al. (2011:

24), que nos fala da extrema importância deste processo de aprendizagem e da necessidade de

habilitar os cidadãos para compreenderem os media, para que, autonomamente, consigam tirar

as suas conclusões.

“podemos afirmar que as exigências da vida atual pedem mudanças

rápidas e constantes, não podendo a escola alhear-se das mesmas,

uma vez que a introdução das novas tecnologias, em particular da

internet, nestas instituições, procura dar resposta à necessidade de

preparar o indivíduo para uma sociedade em constante devir”

(Barbosa 2011: 18).

O objetivo, então, de um plano de educação para os media é que se desenvolvam todas

as competências acima descritas num contexto escolar, porque é o mais adequado à situação.

Poderá, também ser adaptado para ser falado entre “grupos cívicos; bibliotecários; animadores

socioculturais; grupos e organizações para a juventude; grupos ou associações de pais; empresas

dos media, públicas e comerciais; entidades reguladoras; serviços de saúde; meios de

comunicação; académicos e investigadores; igreja e outros grupos religiosos” (Pinto et al. 2011:

31). Tornero apud Barbosa (2011: 14) considera também que a educação para os media não é

Page 61: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

47

importante só para os jovens, mas também para os mais velhos, pais, professores e profissionais

dos média, definindo-a como uma das melhores ferramentas que se utilizam para fortalecer a

responsabilidades dos cidadãos.

Muitos estudos têm comprovado que os resultados de educar para os novos media são

muito positivos, levam os jovens a tomar decisões mais sábias, contribuindo assim para uma

participação mais ativa na vida democrática (Craft; Maksl & Ashley s.d.).

Page 62: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

48

Page 63: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

49

5 – PERCEÇÂO SOBRE INFOGRAFIAS

É uma realidade que a infografia interativa nos meios de comunicação portugueses está

ainda numa fase de prematuridade comparando-a com os líderes mundiais. Este atraso provocou

um desconhecimento da área levando muitos portugueses a não compreenderem o conceito de

infografia, menos ainda quando se associa a interatividade.

Sendo nosso objetivo perceber porque é que a população portuguesa ainda desconhece

as infografias interativas, precisamos de percentagens que nos dessem uma noção da realidade

nacional. Decidimos realizar um questionário online para efetuar um processo de recolha

sistemática de dados. Através destes dados, de carater anónimo, percebemos qual a percentagem

de pessoas que desconhecem esta área. Contudo, há outras questões, acerca da literacia

mediática e os hábitos informativos da população portuguesa, que foram importantes para

percebermos o que se passa no país, assim como qual será o próximo passo a dar para evoluirmos

e aproximarmo-nos da realidade de outros países europeus. Surgiu, então, a necessidade de ter

perguntas relacionadas com o acesso a equipamentos tecnológicos de uso domestico, a facilidade

em encontrar e perceber conteúdos online e as dificuldades de interação.

O inquérito serviu também para perceber se a web começou a ganhar terreno

comparativamente à televisão; qual o meio predileto dos portugueses para seguir a atualidade e

perceber se ainda há alguma dificuldade em aceder à informação noticiosa nas novas tecnologias,

principalmente nos escalões de maior idade.

5.1 - MODELO DE ANÁLISE PARA QUESTIONÁRIO

Para auxílio na realização do questionário foi elaborado o seguinte modelo de análise

presente no “Quadro 1”. As práticas mediáticas corresponderam à busca, através dos meios de

comunicação, da atualidade informativa.

Quadro 1- Modelo de análise

Conceito Dimensão Indicadores

Page 64: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

50

Caracterização sociodemográfica

Sexo

Escalões Etários

Zona residência

Literacia

mediática

Acesso a equipamentos

tecnológicos de

uso doméstico

Dispositivos que possuí em casa

Acesso a Internet Possuir internet em casa

Capacidade de interação e

perceção

Facilidade em encontrar ou perceber

conteúdo online

Práticas

mediáticas

Internet

Seguir a atualidade informativa através

dos meios online

Televisão, Rádio, Jornais,

Internet

Meio favorito para seguir a atualidade

informativa

Atitudes face à

infografia

Contacto com infografias

Saber o que é uma infografia

Interagir com uma infografia

Recordar o tema de uma infografia

Recordar os recursos que uma

infografia apresentava

Avaliar a experiência da interação

Dificuldades de interação

Page 65: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

51

No questionário, o conceito mais importante correspondia às “atitudes face às

infografias”. No indicador “saber o que é uma infografia interativa” esperava-se a resposta à nossa

pergunta de partida. Esta é a pergunta que nós queríamos ver respondida através do inquérito por

questionário: “Será que a percentagem de pessoas que desconhecem a infografia interativa é

superior às que conhecem, de tal forma que podemos dizer que este desconhecimento é tão

significativo que nos coloca num atraso problemático relativamente aos países líderes?”.

Desenvolvemos esta pergunta de forma a servir de guia ao inquérito, ajudando-nos a encontrar

com maior facilidade aquilo que procurávamos saber. (Quivy & Campenhoudt, 1998: 44).

Algumas das últimas questões não serviram para retirar qualquer conclusão, mas

permitiram-nos perceber se os inquiridos responderam com sinceridade à nossa pergunta

principal. Quisemos também compreender de que forma os inquiridos se sentiam confortáveis ou

desconfortáveis com as infografias.

Optamos pela realização de um questionário curto para que os participantes não se

aborrecessem ao preenchê-lo, ou desistissem de o completar. Foi nossa opção não ter perguntas

com resposta aberta, pois isso poderia levar os inquiridos a escolher uma das opções de mais

fácil e rápida resposta. A opção de condicionar nas respostas teve em vista a fácil comparabilidade

da informação, facilitando a “anotação no ato de inquirir e o apuramento de resultados” (Lima &

Guimarães 2012: 15)

Almeida e Pinto (1995: 119) referem a importância de organizar uma investigação em

torno de hipóteses de trabalho. É assim a forma mais acertada de conduzir o trabalho. As nossas

hipóteses eram: a maioria da população portuguesa desconhece a infografia interativa; o

conhecimento das infografias está relacionado com a idade dos inquiridos, de tal forma que as

classes mais jovens têm mais conhecimento do que as mais antigas.

Antes de colocar o inquérito online, subtemo-lo a um pré-teste junto de sete pessoas. As

dificuldades prenderam-se apenas a uma questão, que foi imediatamente reformulada. Não

existiram problemas de interpretação, sendo que todos consideraram as perguntas e as opções

de resposta claras.

Page 66: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

52

O inquérito foi divulgado e aplicado online. Para a amostra não ser influenciada por redes

de amigos ou redes profissionais, decidiu-se que a divulgação seria feita numa rede social, numa

página de artesanato. Responderam ao inquérito 318 pessoas, mas apenas foram contabilizados

302. Anulamos dezasseis questionários por conter incoerências nas respostas. Seis participantes

diziam saber o que era a infografia mas não sabiam se alguma vez tinham interagido com uma;

seis diziam, da mesma forma, saber o que era uma infografia, mas posteriormente diziam que

interagiram com infografias que utilizavam apenas o texto como recurso; quatro dos questionados

disseram que interagiram com infografias que não tinham o texto como recurso, mas

posteriormente diziam que sentiram dificuldades em perceber a relação, que existia na infografia,

entre texto e imagem. Preferimos não contabilizar estes questionários tendo em mente que a sua

exclusão iria, certamente, beneficiar a fiabilidade dos resultados mais do que prejudicar.

Os inquéritos foram aplicados entre os dias 14 e 28 de Abril de 2015.

5.2 - OS RESULTADOS

Relativamente à caracterização da amostra, cerca de 50% dos inquiridos tinham idade

compreendida entre os 21 e os 30 anos, foi esta a classe com uma representação mais

significativa. A partir daí as percentagens de respostas vão descendo conforme a idade vai

aumentando. É normal isto suceder, visto tratar-se de um inquérito aplicado online e sabendo que

há um maior acesso dos jovens às redes sociais. Cerca de 75% dos questionados foram mulheres

contra os aproximados 25% de elementos do sexo masculino. A razão para isto acontecer pode

ser explicada pelo facto da divulgação do questionário ter sido feita numa página de artesanato,

que apesar da diversidade de seguidores, claramente tem mais membros femininos.

Relativamente à área de residência vimos que a grande maioria vive no Norte, quase 80%; as

restantes zonas têm uma percentagem aproximada, variando entre 3,31% e 6,62%, sendo os

Açores e o Alentejo as zona com menos evidência com uma percentagem de apenas 1,32% e

1,99% respetivamente.

Page 67: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

53

Tabela 1- Dispositivos que possuí em casa (análise individual)

Uma das questões que nos pareceu pertinente analisar refere-se aos dispositivos que os

inquiridos possuíam em casa. Vemos que a televisão foi o suporte mais escolhido e que é predileto

na casa dos portugueses, com 98% dos inquiridos a responderem que a possuíam. Contudo, se

juntarmos os computadores, fixo e portátil e o tablet, que são normalmente utilizados para práticas

idênticas, como aceder à internet, vemos que apenas 0,66% dos inquiridos, o correspondente a

duas pessoas, não assinalaram a utilização caseira destes dispositivos. O computador fixo parece

ser o suporte menos presente na casa dos portugueses.

Page 68: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

54

Tabela 2- Relação entre a idade e o grau de facilidade em encontrar/perceber conteúdo online (Escala de avaliação/ posição)

Percebemos, com base nos totais desta tabela, que a maioria das pessoas escolheu o

número sete ou outro superior para definir o grau de facilidade em perceber ou encontrar conteúdo

online. O número um foi definido como ausência total de facilidade, enquanto o número dez se

definia como a total facilidade para perceber e encontrar conteúdo online. Optamos por colocar os

dados numa tabulação cruzada para perceber a relação destas respostas com a idade dos

inquiridos. Verificamos que os dois segmentos etários mais jovens (<21 e 21-30) teve uma elevada

percentagem de respostas de nível sete ou superior. Definimos que as respostas com valor igual

ou superior ao número sete já compreendiam utilizadores com grande facilidade de acesso à web,

e é a partir desse número que vamos analisar. Dos inqueridos com menos de 21 anos 65,2%

escolheram um número igual ou superior a sete; daqueles que têm entre 21 e 30 anos 75,4%

aparentavam ter facilidade de acesso e perceção dos conteúdos; na amostra seguinte entre 31 e

40 a percentagem reduz para 60%; dos 41 aos 50 apenas 43,8% pareciam ter uma boa relação

com o conteúdo online e nos dois últimos conjuntos de idade, nenhum dos inquiridos escolheu

um número superior a seis. Muito pelo contrário, na classe de idades entre 51 e 60 anos mais de

Page 69: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

55

40% dos inquiridos escolheram o número um, ou seja, sentiam total ausência de facilidade para

encontrar e procurar conteúdo online.

Tabela 3- Relação entre a idade e o meio favorito para seguir a atualidade informativa

A tabela 3 mostra-nos a relação entre a idade dos inquiridos e o meio favorito para seguir

a atualidade informativa, era possível para os participantes escolher unicamente uma opção. Salta

logo à vista que a rádio foi o meio menos preferido, mas não se esperava que fosse o predileto

para alguns jovens e jovens adultos, enquanto as outras classes etárias o colocaram de lado por

completo. Expectava-se o contrário. Vemos também que a internet foi a escolha predileta dos

jovens e jovens adultos (<21 e 21-30). Depois destes escalões ficou a televisão a ganhar, sendo a

favorita das classes etárias entre os 31-40; entre os 41-50 anos e entre os 51-60 anos. Aqui a

percentagem aumenta numa relação direta com o aumento de idade. Na última classe deparamo-

nos com uma divisão entre a televisão e a imprensa escrita mas não é possível tirar inferências

pois é uma amostra muito pequena, de apenas 4 inquiridos e seria um erro fazer alguma leitura

com tão poucas respostas. Feitas as contas a internet ficou à frente com uma percentagem geral

de 56,3%. Contudo é possível que este valor seja influenciado pela grande quantidade de jovens

que responderam ao inquérito.

Page 70: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

56

Tabela 4- Relação entre o sexo e o meio favorito para seguir a atualidade informativa

Decidimos também perceber se havia uma relação entre o sexo dos interrogados e o meio

favorito escolhido para seguir a atualidade informativa. O sexo masculino demonstrou mais

interesse do que as mulheres na procura de notícias online, e evidenciou uma procura similar no

que toca à informação televisiva e na imprensa escrita. O sexo feminino, apesar de preferir também

a internet indicou um nível de interesse muito marcante na televisão, não havendo uma diferença

tão díspar como a observada no sexo masculino. A imprensa escrita foi posta um pouco de lado

por este sexo. No geral, observando os dois grupos, o acompanhamento da informação noticiosa

na rádio não pareceu valorizado, tendo, mesmo assim, uma maior percentagem de aceitação no

caso do sexo masculino.

Page 71: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

57

Gráfico 1- Sabe o que é uma infografia interativa?

Eis a nossa questão principal - “Sabe o que é uma infografia interativa?”. O resultado é o

esperado, mais de metade do nosso universo de inquiridos não sabe o que é uma infografia

interativa, aliás, bem mais do que isso, 72,19% não soube responder. Optamos por definir as

respostas por níveis de conhecimento/ sabedoria. A resposta - “Não sei” - interpretamos como

correspondendo a nenhum conhecimento; a resposta - “É uma forma de transmitir todo o tipo de

informação, que utiliza apenas imagens e gráficos e apresenta-se de forma linear” - definimos

como pouco conhecimento; a resposta - “é uma forma de transmitir algum tipo de informação,

que utiliza apenas imagens e gráficos e apresenta-se de forma linear” - determinamos como sendo

algum conhecimento; fixamos as outras duas respostas como total conhecimento. Apesar de

apenas uma, do nosso ponto de vista, ser totalmente acertada - “É uma forma de transmitir algum

tipo de informação, que utiliza imagens, gráficos e texto e apresenta-se de forma não linear” -

Clapers (1998) diz-nos que toda a informação jornalística pode ser convertida em infografia,

portanto optamos por aceitar também a resposta - “É uma forma de transmitir todo o tipo de

informação, que utiliza imagens, gráficos e texto e apresenta-se de forma não-linear” - como sendo

totalmente correta.

Page 72: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

58

Tabela 5 - Relação entre a idade e o conhecimento das infografias interativas

Decidimos relacionar o grau de conhecimento com a idade, esperando encontrar uma

relação forte entre a idade dos inquiridos e o conhecimento que têm das infografias interativas, de

tal forma que menor idade significaria um melhor conhecimento e maior idade significaria um

menor conhecimento. Não analisamos a última classe de idades (61-70) porque a mostra é de

apenas 4 elementos e não nos pareceu possível tirar alguma ilação disso. Relativamente às outras

classes, vemos que a que apresentava conhecimentos mais satisfatórios foi a dos 31-40 anos,

que tinha também a menor percentagem de respostas que significam “nenhum conhecimento”.

Contudo os valores foram muito idênticos aos das classes de idades anteriores. No intervalo dos

41 - 50 anos o valor de “total conhecimento” já desceu gradualmente, e observou-se uma subida

da percentagem relativa ao “nenhum conhecimento”. Na classe dos 51-60 anos todas as

respostas apontaram para um total desconhecimento. Não parece haver uma relação assumida,

como era expectado, entre a idade e a correta consciência do que é uma infografia interativa.

Page 73: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

59

Tabela 6 - Relação entre o sexo e o conhecimento das infografias interativas

Cruzamos também os dados relativos ao sexo dos inquiridos com o conhecimento que tinham

sobre infografia interativa. O sexo masculino apresentou um menor número de respostas que

refletem a falta total de conhecimento, e apresentaram um maior número de respostas que

correspondiam ao total e a algum conhecimento. Este facto pode estar relacionado com as leituras

que traçamos em cima. Os homens parecerem interessar-se mais por seguir a atualidade

informativa na internet, que é verdadeiramente o único meio que nos permite interagir com

infografias, do que as mulheres que têm um maior interesse pela televisão.

Gráfico 2 - Como avalia a experiência de interagir com essa infografia? (Escala de avaliação/ posição)

Page 74: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

60

Vemos no gráfico 4 a avaliação da experiência de interação com uma infografia. Só estão

presentes as respostas dos inquiridos que já interagiram, efetivamente, com uma infografia. Como

implementamos anteriormente, o número sete serviu de barreira, onde todos os números

superiores foram considerados como uma boa experiência e os anteriores como uma experiência

de mediana ou fraca satisfação. Desta forma, feitas as contas, vimos que cerca de 86% das

pessoas consideraram a interação com uma infografia bastante positiva. De facto não há respostas

muito negativas, visto não se encontrarem respostas com a avaliação de um, dois ou três. Parece-

nos que o nosso universo de inquiridos, no geral, gostou de experimentar as infografias e interagir

com elas.

Gráfico 3- Qual a maior dificuldade ao interagir com essa infografia?

A última pergunta incidia sobre as dificuldades que os inquiridos sentiram ao interagir com

uma infografia. Vemos que a grande maioria, quase 70%, não sentiu qualquer dificuldade. A

principal razão para não conseguirem interagir corretamente com a infografia pareceu estar

precisamente na dificuldade em descobrir como a interação é feita. A segunda causa

aparentemente estava na dificuldade em relacionar o que nos mostram as imagens e o que diz o

texto. Das outras opções de resposta, nenhuma foi escolhida: “Perceber o assunto” e “Perceber

símbolos e gráficos”.

Page 75: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

61

Podemos concluir que as respostas foram, grosso modo, de encontro àquilo que se

esperava. No nosso universo de inquiridos, verificou-se que a maioria não sabe o que é uma

infografia interativa e os valores são, de facto, preocupantes. Não se confirma, contudo, que a

idade influencia diretamente o conhecimento que há sobre as infografias, parece haver uma

relação muito fraca e inconclusiva. Fomos tentar perceber a razão para que ainda exista este

desconhecimento, e se há alguma forma de o combatermos.

Page 76: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

62

Page 77: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

63

6 - PRODUÇÃO DA INFOGRAFIA

No âmbito desta investigação produzimos uma infografia, que teria de ser aprovada por

profissionais e por grupos de foco, para seguidamente ser colocada online, com a finalidade de

perceber o seu “grau de viralidade”. Pereira, J. Monteiro (2014:12) define o potencial viral de certo

produto como a sua capacidade de propagação entre redes de contactos. Na sequência de

contactos com um profissional de design optamos, contudo, por realizar uma segunda infografia,

aproveitando apenas o tema inicial.

Partindo do conceito de infografista híbrido assumimos que seria possível a realização das

infografias de uma forma autónoma, sem a ajuda de programadores, designers ou alguém

responsável pelo tratamento dos dados. Sempre tivemos conhecimento do grau de complexidade

de tal tarefa, pois não sendo especialistas em nenhuma das áreas, o desafio aumentava. Contudo,

consideramo-nos aptos para o trabalho.

Neste capítulo debruçamo-nos nas questões relacionadas com a produção das duas

infografias. São esclarecidas as etapas que superamos - a ideia, o esboço, a produção criativa, a

aprovação/alteração e a publicação - e enumeradas todas as dificuldades sentidas.

6.0.1 – Ideia

Com a crise económica instalada no nosso país pensamos que “O preço um filho!” seria

o tema ideal. É sempre atual, é interessante para futuros pais, para pais que têm filhos em idade

de muitos gastos e para todos os jovens, para que tenham uma noção dos valores que os seus

educadores despendem até aos seus 25 anos. Sabendo da dificuldade de obter estes dados, pois

era necessário realizar mais questionários, decidimos utilizar informações com valores já

existentes para realizar a infografia. Na recolha dos dados fizemos uma compilação das notícias e

reportagens sobre o tema e escolhemos a que nos pareceu mais completa. Apresentava-se como

a única reportagem portuguesa que não suponha apenas médias de gastos, detalhava todas as

despesas, para além de ter informação até aos 25 anos e não apenas relativa aos primeiros meses

de vida, como a grande maioria das restantes. Tínhamos, assim, uma maior quantidade de dados

Page 78: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

64

para trabalhar. Como a reportagem21 dizia respeito a uma simulação com duas famílias, uma de

classe média baixa e outra de classe média alta, decidimos fazer uma comparação dos gastos

entre as duas classes.

6.0.2 – Esboço

Nesta etapa começamos por pensar visualmente na infografia. A definir o tamanho que

poderia ocupar na página e a elaborar os rascunhos. Definimos quais os tipo de media que iriam

ser utilizadas. Foram escolhidas as ilustrações, os gráficos e texto, pois eram a melhor forma de

mostrar a informação e também eram estes os únicos meios que tínhamos disponíveis.

Pensamos sobre como, no geral, se ia parecer a infografia, qual a figura gráfica que ia

representar cada secção de despesa, assim como se iria processar a interação. Pensamos na

melhor forma de organizar o espaço na tela e decidimos criar dois grupos diferentes. O menu,

com os objetos das despesas, que iria estar colocado no lado direito e os gráficos, com os valores

das despesas, que iriam aparecer do lado esquerdo.

Figura 1- Esboço da primeira infografia

21 Disponível em: http://www.cmjornal.xl.pt/domingo/detalhe/quanto-custa-um-filho.html

Page 79: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

65

Esta foi a melhor forma que encontramos para o menu estar sempre disponível para o

leitor.

6.0.3. - Produção criativa

É nesta fase que se constrói realmente a infografia, pondo-se em prática todos os planos.

Começamos por desenhar as imagens no Photoshop. Não consultamos qualquer tipo de banco

de dados, tudo foi realizado autonomamente. Depois de estarem ilustrações e gráficos prontos,

fomos colocando o material no software de programação para começar a desenvolver a interação

e as pequenas animações. Esta foi a etapa mais morosa e complicada.

Para a produção escolhemos o programa Adobe Edge Animate. Apesar de não termos

conhecimentos acerca do software, este pareceu-nos o ideal. Era intuitivo e permitiu-nos trabalhar

na ótica do designer, facilitando-nos o trabalho. Contudo era desconhecido para nós, e estando

habituados a outros programas e a trabalhar com outro tipo de código deparamo-nos com muitas

ações de tentativa e erro. Ficamos um tanto ou quanto limitados as ações básicas pois foram as

únicas que fomos percebendo e dominando.

Figura 2- Página inicial - primeira infografia

Page 80: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

66

Figura 3- Gráfico de despesas - primeira infografia

Com o aproximar do final da produção fomo-nos apercebendo que os ficheiros gerados

pelo Photoshop não eram os ideais, pois de cada vez que era necessário modificar o tamanho de

uma imagem assistíamos ao efeito de despixelização. O grafismo utilizado não parecia homogéneo

e não se conjugava bem. Mesmo com a introdução de imagens com uma palete de cor reduzida

a infografia não estava a ficar do nosso agrado. Por estas razões em vez de recebermos apenas o

feedback de grupos de foco, como estava definido, decidimos consultar primeiro um profissional

da área.

6.1 - A ANÁLISE DE UM PROFISSIONAL

Falamos com o designer Leonardo Pereira, para nos dar algum feedback acerca do design

da infografia. Na nossa conversa, via Skype, foi-nos dando algumas ideias sobre o design mas

também sobre a infografia em si.

O designer começou por dizer que estava marcante, na infografia, uma falta de cultura

visual, que era habitual ver em alunos que não vinham de artes nem de design gráfico. Para

Page 81: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

67

mostrar uma maturidade gráfica, precisávamos de simplificar as formas e objetos. Notava-se uma

necessidade de ir à base para trazer o mais simples, para abstrair o objeto. Assim como

precisávamos de abrir horizontes.

Em relação à utilização dos gráficos para mostrar as despesas, referiu que estava

demasiado insosso, e era presumível que a infografia fosse divertida, pois como disse “a infografia

é como a comida, se a comida não tiver solero ninguém come” (Leonardo Pereira 2015).

Da conversa retivemos principalmente a necessidade de nos basearmos na simplicidade

dos objetos e na utilização de trocadilhos visuais. Para além de tudo, sugeriu que nestes casos

utilizássemos sempre o Adobe Illustrator para desenhar os objetos pois este produz imagens

vetoriais e desta forma não teríamos o problema de despixelização.

6.2 - A OPÇÃO DE UMA NOVA INFOGRAFIA

Face ao que nos foi dito pelo professor Leonardo Pereira e à nossa insatisfação com a

primeira infografia, concluímos que uma melhoria não seria suficiente e optamos pela realização

de uma nova infografia, onde fosse aproveitada apenas a ideia inicial. Reconhecemos que não

havia a necessidade de submeter esta primeira infografia a grupos de foco pois era possível, que

fosse aprovada. Toda a informação que continha era compreensível, e era nesta questão que as

entrevistas aos grupos de focos se ia focar, mas o design foi posto de lado, transformando a

infografia num produto sem grande interesse, e isso poderia acabar com toda a investigação.

Vamos então fazer a descrição pormenorizada das restantes fases.

6.2.1 - O esboço

No esboço voltamos a preocupar-nos, primeiramente, com o design. O nosso principal

foco, desta vez, foi simplificar. Primeiro pensamos individualmente em cada categoria e como

poderíamos representá-la visualmente. Procuramos alguns exemplos e fomos optando sempre

pelo mais básico e com um maior nível de abstração. Depois de pensados os objetos centramo-

nos na organização espacial destes na tela. A nossa ideia era colocar as categorias de forma

dispersas no quadro, mas com alguma organização. Baseamo-nos numa infografia estática,

Page 82: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

68

encontrada num blog22 sobre infografia, que comparava as diferentes realidade de Portugal e

Espanha.

Figura 4- Portugal e Espanha - Um retrato dos dois países em números

Na nossa infografia pensamos em colocar categorias com menores gastos no canto

inferior esquerdo e as com maiores gastos no canto superior direito, com uma maior dimensão.

As restantes iam-se colocando no centro mas sempre obedecendo à mesma ordem. No entanto,

esta hipótese foi abandonada por percebermos que um dos lados ia ficar, consequentemente,

mais preenchido que o outro.

22 Fonte: http://iinfografia.blogspot.pt/2010_04_01_archive.html

Page 83: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

69

Figura 5- Esboço da segunda infografia

Por último pensamos na forma de se desenvolver a interação. A ideia era que, clicando

numa categoria, o objeto que a representaria aumentasse de tamanho e dentro deste objeto

apareceriam os outros elementos clicáveis com informação detalhada e referente aos gastos e às

suas percentagens.

6.2.2 - Produção criativa

Decidimos desenhar os elementos através do software Adobe Illustrator de forma a

trabalharmos com imagens vetoriais, como nos disse o designer Leonardo Pereira. O software era

desconhecido para nós e devido à falta de bases foi complicado trabalhar com vetores no primeiro

dia. Depois de entendida a mecânica de funcionamento tornou-se mais simples e intuitivo do que

o Adobe Photoshop, e as imagens com uma qualidade muito maior. Os resultados começaram,

desde logo, a agradar-nos, muito mais do que os da primeira infografia.

Page 84: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

70

Depois do design estar completo avançamos para a fase da programação. O software foi

o mesmo utilizado na primeira, o Adobe Edge Animate. Começando por criar o projeto, optamos

por fazer duas versões da infografia, pois não sabíamos ainda onde seria possível colocá-la online,

dependia do formato dos sites. As duas tinham exatamente as mesmas imagens e o mesmo

conteúdo mas diferenciavam-se no tamanho. A maior com 900x650 pixéis e a mais pequena com

650x500 pixéis. Começamos por colocar os elementos na tela, da forma como tínhamos colocado

no esboço, mas o posicionamento não nos agradou. Parecia que os elementos tinham sido

colocados arbitrariamente sem qualquer tipo de organização, transformando o trabalho em algo

sem qualquer nexo. Decidimos então dispor todos os elementos na tela e organizados, com a

mesma dimensão, colocando alguma sombra para os botões parecerem clicáveis. Ficou do nosso

agrado, contudo, mesmo ainda sem qualquer tipo de programação, quando realizamos o export,

para ver o trabalho, as imagens confundiam-se entre elas e substituíam-se. No lugar da “saúde”

aparecia a educação que seguidamente aparecia no sítio dos transportes e assim sucessivamente,

acontecendo tudo em poucos segundos. Na incapacidade de perceber o que se passava criamos

um novo projeto sem sombras e com imagens mais leves. No início pareceu resultar mas quando

começamos a criar alguma interatividade o erro voltou. Começamos a perceber que as imagens

só trocavam por outras com a mesma dimensão ou dimensão semelhante. A solução foi voltar ao

plano inicial e colocar as imagens com mais despesas maiores e as imagens com menos despesas

com uma dimensão menor. Apesar disto encontramos uma forma de as manter organizadas para

que todas juntas formassem um retângulo no centro da tela.

Optamos por deixar as imagens representativas das classes sociais (as duas famílias) nos

cantos inferiores para estarem sempre visíveis, assim como as suas descrições, para que as

pessoas as pudessem sempre consultar, como forma de legendar os dados que iam aparecendo.

Page 85: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

71

Figura 6- Página inicial - segunda infografia

Figura 7- Quadro de despesas - segunda infografia

Até à conclusão do trabalho o projeto foi continuando a dar erros, como os que

mencionamos em cima, e portanto a dimensão de algumas imagens teve de ser alterada

impedindo a proporcionalidade de todos os elementos. Quando esta alteração teve de ser feita, o

método utilizado foi sempre o mesmo - maiores despesas foram representadas por maiores

imagens, menores despesas foram representadas por imagens com menor dimensão.

Page 86: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

72

6.3 - A ANÁLISE DOS GRUPOS DE FOCO

Depois de várias revisões da infografia, foi o momento de a apresentar a um grupo de foco

para proceder a uma avaliação.

Segundo Krueger & Casey (2014: 27) os grupos de foco servem para o investigador

perceber como as pessoas (participantes) se sentem ao contactar com um produto e o que

pensam dele. A importância que os grupos focais possuem na pesquisa qualitativa deve-se à

riqueza e flexibilidade na coleta de dados, “normalmente não disponíveis quando se aplica um

instrumento individualmente, além do ganho em espontaneidade pela interação entre os

participantes” (Oliveira e Freitas apud Oliveira et al 2012: 3). Vergara apud Oliveira et al (2012: 4)

refere que o uso do grupo focal é apropriado quando há o objetivo de explicar como os membros

de um certo grupo ou sociedade consideram uma experiência. A nossa ideia era perceber se a

experiência de interação com a infografia era percetível, positiva e agradável, para posteriormente

termos a certeza de que seria uma mais valia publicá-la online, e que a falta de interesse na

publicação, ou uma possível fraca interação do público não tinha como motivo uma má infografia.

Sabendo da importância extrema do moderador para o sucesso da investigação,

recolhemos informação pertinente para perceber qual o comportamento que este deveria ter.

Primeiro era importante que o moderador fosse claro sobre o propósito da reunião do grupo de

foco, pois se o caminho percorrido não fosse aquele que foi, primeiramente, referido, o grupo iria

ficar confuso e frustrado (Krueger & Casey 2014: 26). Era necessário saber administrar e

incentivar o diálogo; criar envolvimento mas manter o desapego; ter sensibilidade; ser permissivo

mas estar atento a uma possível monopolização da discussão por parte de um membro que

poderia gerar atitudes defensivas por parte dos outros; ser capaz de criar dinamismo para manter

a conversa acesa e ser isento. (Malhotra apud Oliveira, Filho e Rodrigues 2007: 8)

De forma a garantir a presença dos elementos nos grupos de foco, foi-lhes oferecido um

vale para gastar em artesanato. Foi critério para participação que nenhum dos elementos que

realizaram a entrevista focal tivesse anteriormente cooperado em vários grupos de foco (Malhotra

apud Oliveira; Filho & Rodrigues 2007: 6), assim como serem todos da mesma área de residência,

simplesmente para facilitar a reunião. Fez-se a divisão em dois grupos. Ambos com oito

Page 87: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

73

participantes, sendo que a media deve situar-se entre 6/8 e 12 (Oliveira; Filho & Rodrigues 2007:

5). A divisão foi feita tendo em vista as caraterísticas dos participantes, um primeiro grupo com

idades menores, na casa dos 20 anos, com ensino superior, mais homogéneo; um segundo grupo

com membros com maiores idades, com o ensino secundário, interesses e profissões mais

diferentes, infelizmente mais heterogéneo.

Seguindo o que Krueger (2002: 3) nos dizia, começamos por introduzir o moderador.

Explicar o que se ia passar e qual o uso que seria dado aos resultados obtidos. Advertimos os

participantes que podiam estar à vontade e dizer o que pensavam, pois não existiam respostas

certas ou erradas. Não havia necessidade de chegar a consenso de opinião, mas que no momento

de um dos colegas se expressar todos deviam ouvir respeitosamente. Cada um, individualmente

se familiarizou com a infografia antes de começar a entrevista. Enquanto isto acontecia, fomos

fazendo uma observação das reações dos envolvidos. Apesar de sabermos que é mais conveniente

percebermos os comportamentos do conjunto, por vezes as informações úteis “só podem ser

obtidas junto dos elementos que constituem o conjunto” (Quivy & Campenhoudt 2008: 157).

Durante toda a entrevista a infografia esteve acessível a todos para o caso de surgir alguma dúvida.

Não mencionamos que a infografia tinha sido realizada pela mesma pessoa que estava a fazer o

papel de moderador para não comprometer a entrevista.

A primeira sessão foi mais demorada do que a segunda. A apresentação da reunião, do

tema, a apresentação dos entrevistados, o contacto com a infografia e a discussão demoraram

cerca de hora e meia. No segundo grupo de foco demorou cerca de uma hora e quinze minutos.

O primeiro grupo era mais crítico; no segundo, os elementos eram menos participativos e estavam

mais de acordo com as escolhas que tínhamos feito para a infografia. No entanto, no segundo

grupo, um dos elementos conhecia minimamente a infografia e levou os outros a tirar algumas

conclusões, sendo que aqui o moderador teve um papel mais importante, para incentivar os outros

elementos a tirar as suas próprias conclusões, sem forçar ou pressionar a participação. Ambas

foram extremamente importantes porque apesar de algumas das conclusões serem idênticas,

foram encontrados problemas diferentes nas duas seções. Alguns dos problemas encontrados na

primeira seção eram mais ou menos previsíveis, já na segunda foram mais inesperados, pois

tratava-se de apontamentos mais básicos.

Page 88: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

74

Alguns elementos, de ambos os grupos, mesmo depois da explicação do que era uma

infografia interativa, tiveram dificuldades em relacionar-se com o trabalho. Visto não terem

contactado com nenhuma, não tinham qualquer ideia da necessidade de interagir, de poder

escolher o que queriam ver, de perceber as ilustrações. Fomos fazendo uma observação direta

dos elementos do grupo, suficientemente distanciados para que não se sentissem sufocados pela

nossa presença. Desta forma conseguimos recolher informações, mesmo antes de começar a

entrevista.

Três dos participantes abriram a infografia e ficaram sem fazer nada, à espera que algo

acontecesse, sem nunca pensarem que eram eles que tinham que escolher e explorar. Quando

isto aconteceu decidimos colocar outro membro a explorar a infografia para que pudessem

interpretá-la juntos, de forma a tirarem conclusões juntos, se não os grupos iriam ficar muito

reduzidos. Também se verificou que apesar de alguns botões reagirem ao passar do rato, muitos

participantes pensavam que, por reagirem de forma diferente, já não seriam botões. Alguns

elementos pareciam realmente perdidos na infografia, sabiam que tinham de clicar em certos

elementos mas não sabiam em quais, verificou-se que não sabiam efetivamente o que era uma

infografia e o que era suposto encontrar-se nela. Ficamos verdadeiramente preocupados com a

possibilidade da infografia não ser percetível ou da navegação ser complicada. Contudo os

restantes participantes, cerca de 50%-55%, perceberam perfeitamente a lógica da interação e do

funcionamento da infografia e foram apontando apenas algumas questões a ser melhoradas.

Conseguimos fazer a leitura de que havia uma grande iliteracia digital, nomeadamente em

questões mediáticas, mesmo no grupo dos participantes mais jovens.

Os problemas encontrados nos dois grupos centraram-se na dificuldade de perceber

alguns botões, que não pareciam à primeira vista clicáveis. Um facto que todos reconheceram que

deveria ser melhorado foram os textos, o que é totalmente aceitável. Sendo uma infografia sobre

questões financeiras, contêm muitas percentagens e as informações não estavam acessível a toda

a gente, e portanto explicações mais detalhadas foram necessárias em alguns casos. Também foi

previsível que nos dois grupos houvesse alguma dificuldade em encontrar os créditos e portanto,

uma das maiores necessidades era colocá-lo num local mais acessível.

Page 89: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

75

No primeiro grupo não se conseguiu encontrar consenso sobre alguns temas, como a

pertinência do uso de vídeo na infografia. No segundo grupo algumas questões não eram

esperadas, entre as quais: não perceberem a organização dos botões do menu; não constatarem

que tamanhos diferentes correspondiam a despesas diferentes: maiores despesas, maiores

imagens. Também alguns elementos sentiram dificuldade em perceber a diferença que existia

entre as duas famílias retratadas, pois não leram a legenda das figuras. Sendo assim, decidimos

deixar lá essa informação, pois era a única forma de ela estar sempre visível, mas optou-se por

reforçar a mostrar isso mais vezes, nos subtítulos.

Uma questão que não foi referida no grupo de foco mas que foi visível nas reações à

infografia, principalmente no segundo grupo, é que depois de tantos números, quando os

entrevistados se deparavam com o valor final não reagiam, como esperávamos, com espanto.

Optamos por colocar uma correspondência ao valor diário de gastos, pois valores tão altos podem

não incitar uma reação a uma pessoa que nem faz ideia do que esse valor é.

Os grupos de foco foram realmente importantes, pois seria impensável, para nós, perceber

todas as imperfeições que a infografia tinha. Julgamos que não foi só importante a parte da

entrevista, a observação do comportamento dos participantes perante a infografia foi tão ou mais

importante. Todas as expressões corporais e olhares foram registados para retirar o maior número

de conclusões possíveis. No final foram realizadas todas as correções que nos foram possíveis

para melhorar ao máximo a experiência do leitor.

6.3.1 – Publicação

Ao contrário do que se esperava, foi esta a etapa que nos trouxe maiores dores de cabeça.

Quando se julgava que o pior, a etapa de produção, tinha passado, eis que chega o maior desafio.

Contactar websites que produzem diariamente/ semanalmente conteúdo informativo e que

destacam temas como o da nossa infografia, tentando convencê-los a publicá-la.

Na primeira fase optamos por fazer uma procura de websites que poderiam estar

interessados na nossa infografia. Os escolhidos foram websites de media com temáticas de

educação, sites de dicas e ideias para ajudar os pais, e por último sites de poupanças e economias.

Page 90: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

76

Só incluímos websites com presença em pelo menos uma rede social (facebook obrigatório) e com

várias publicações recentes.

Seguidamente partimos para o contacto com esses websites a fim de perceber se estavam

interessados na nossa infografia. Foi referida a temática e alguma informação sobre o trabalho.

Pedimos a cooperação, aludindo à importância da colaboração para uma investigação cujas

conclusões iriam ser utilizadas apenas para fins académicos.

Dos dez contactos que efetuamos conseguimos quatro e-mails de retorno. Nas quatro

respostas todos nos pediram primeiro mais informações sobre o que pretendíamos e sobre a

infografia em questão. Como resposta pedimos a colocação online da infografia e seguidamente

uma partilha da mesma nas redes sociais da empresa ou organização. Depois disto apenas um

website de economia e outro de poupanças continuaram interessados. O portal de gestão e a

Reorganiza. Pediram-nos a infografia, que posteriormente apelidaram de “interessante”. Ambos,

depois de vários esforços e na dificuldade de publicar a infografia online, talvez por falta de

conhecimento associada à ausência de qualquer tipo de conteúdo multimédia nos seus websites,

desistiram de nos dar auxilio.

Com alguma margem de tempo decidimos voltar a procurar empresas que se dedicam a

partilhar e escrever artigos e notícias nos seus websites. Desta vez, conseguimos uma lista mais

restrita, pois tinham, como os anteriores, de dedicar-se à temática da nossa infografia, ter presença

nas redes sociais e publicações semanais ou diárias. Voltamos a efetuar contactos através de e-

mails disponibilizados nas páginas. Não nos foi dada nenhuma resposta. Voltamos a insistir, para

diferentes contactos, mas as respostas não apareceram.

Foi neste momento que percebemos que poderíamos começar a tirar algumas conclusões

na lógica dos produtores de conteúdo. Todos os websites que contactamos produzem notícias e

artigos sobre diferentes temas, o crescimento, a poupança, a economia e gestão. Não se pode

dizer que façam jornalismo mas são certamente produtores de conteúdo e, alguns deles, apelidam-

se de empresas de media/ notícias. Nas suas páginas, alguns, são seguidos por dezenas de

milhares de pessoas, que se interessam pelos seus artigos e que seguem os seus conteúdos.

Page 91: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

77

Todos os que tinham um maior número de seguidores ignoraram ou negaram a publicação da

infografia.

De todos os websites, apenas um, o “e-konomista.pt” apresentava alguns artigos em

forma de infografia. Ainda que estática, eram trabalhos de razoável/boa qualidade. Os restantes,

apresentavam poucos, ou nenhuns exemplos, sendo os existentes de fraca qualidade e não nos

arriscamos a chamar-lhes infografia. Isto fez-nos questionar se os produtores de conteúdo têm

noção das mais-valias da infografia. Parece-nos que na sua lógica a infografia não vem acrescentar

nada ao que eles têm produzido, que se cinge, quase inteiramente, a texto. É de ressaltar que a

maioria do trabalho foi realizada por nós, a totalidade da produção. Se nem a publicação estes

websites se interessaram a fazer, porque lhes traria trabalho, imagine-se se tivessem de realizar

todo o trabalho de fabrico. Não foi assim possível verificar o “grau de viralidade” da infografia.

A infografia foi testada no espaço de servidor do designer Leonardo Pereira, que teve a

gentileza de nos ajudar em todas as fases deste projeto. Antes de mais deu-nos os parabéns pelo

salto qualitativo entre a primeira e a segunda infografia, e referiu que era um trabalho com uma

nota muito positiva, principalmente tendo em conta o facto de ser realizada por alguém sem bases

de design. A infografia estava perfeitamente funcional, e não existiu qualquer tipo de entrave à

colocação do trabalho no seu espaço de servidor, estando acessível a todos que quiserem interagir

com ela através do seguinte link: “http://www.entaovadesign.com/rita/infografia.html”. Esta

avaliação veio dar-nos a certeza que a infografia estava perfeitamente apta para que grande parte

das empresas contactadas a publicasse nos seus próprios domínios, e que o facto de não a

publicarem só indica falta de interesse e desconhecimento das potencialidades das infografias

interativas.

Page 92: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

78

Page 93: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

79

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o desenvolvimento desta pesquisa fomos percebendo que o panorama das

infografias interativas tem vindo a melhorar mas ainda está muito longe de se comparar aos líderes

mundiais. É importante referir que, dentro das redações dos grandes jornais, a ideia não parece

ser esta. Há a ideia de que as infografias estão já estabelecidas no jornalismo Português. Tal é

verdade, mas apenas nas publicação mais badaladas. Fomos referindo que o jornalismo e o

jornalista mudaram. Há uma maior liberdade em criar conteúdo informativo e artigos da atualidade

e é importante perceber a realidade destas pequenas publicações, que pouco a pouco, vão

conquistando o seu público e os seus seguidores, transmitindo, diariamente, conteúdos nas redes

sociais, a sua principal forma de contactar, relacionar-se e interagir com o seu público. Sendo

estas publicações e websites, presentes maioritariamente no meio online, extremamente

importantes, pois transmitem a milhares e milhares de pessoas conteúdos e são vistas como tendo

bastante veracidade e às vezes com maior apreço do que as principais publicações portuguesas,

pois os seus conteúdos não têm qualquer custo.

Observando-se um amplo conjunto de problemas não seria sensato cingirmo-nos, na

conclusão, àquele que pensamos ser o mais grave. Falamos primeiro na educação, na ausência

de cursos especializados na área das infografias. É complicado formar um jornalista visual sendo

que a aprendizagem é feita, quase absolutamente, na redação onde começa a trabalhar. Não será

rentável para as publicações contratar um profissional com poucas bases, a quem terá de ser

ensinado quase tudo.

É importante tirar conclusões acerca da necessidade de orientação e de leitura em

projetos como as infografias. Vemos as enormes diferenças entre a primeira infografia realizada e

a segunda. Sendo que, quando começamos o primeiro trabalho, não tínhamos ainda estudado

metade das obras enunciadas nesta investigação, e a cada leitura fomos percebendo mais do

assunto e melhorando a nossa segunda infografia. É essencial ter uma boa formação ou alguém

que nos saiba orientar no nosso trabalho, só assim conseguimos ficar satisfeitos com o resultado.

Há ainda uma ausência de publicação de infografias em muitos jornais e revistas

portuguesas. As grandes publicações têm já uma editoria de multimédia que trabalha nas

Page 94: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

80

infografia mas esse trabalho não se vê com a mesma frequência dos artigos escritos, alguns

cingem-se à meteorologia ou a uma atualização de infografias anuais. As infografias merecem um

maior destaque quando surgem temas onde é realmente importante o seu uso, para uma perceção

mais fácil da realidade: como as projeções das eleições ou os seus resultados; quando acabam

as épocas desportivas; quando há desastres naturais ou grandes acidentes.

As empresas de media que se orgulham de ter um website com artigos ricos e escritos

por profissionais de diversas áreas, vão publicando e partilhando notícias, estudos e informação

constantemente atualizada, mas quase na totalidade escrita. Muitos dos artigos são escritos

realmente com bastante qualidade, o que lhes permite uma maior quantidade de seguidores, mas

não diversificam na forma de mostrar a informação, o que leva a uma fraca interação do público.

Normalmente esse número não chega sequer a 0,2% dos seguidores, sendo que esta marca é

muito raramente ultrapassada.

Pode-se falar também de um problema de orçamento, obviamente, agravado quando a

informação não é paga. É claramente mais benéfico para um jornal fazer uma notícia escrita, com

o complemento de umas fotografias, ou até de uma pequena infografia, que vai aparecer num

jornal em formato de papel, que normalmente é pago. As infografias interativas aparecem online,

entre a informação que normalmente não é paga pelo público. A publicidade vai pagando esta

informação, mas nem todos (os pequenos jornais) conseguem patrocínios suficientes para isso. A

infografia vai pedir mais tempo, maior mão-de-obra e qualificada, licenças de software, no geral

mais recursos do que as outras formas de fazer notícia. Claramente as direções dos jornais têm

que balancear os prós e os contras na aposta das infografias, mas parece-nos que os benefícios

serão maiores, mas não tão imediatos.

Parece-nos que os leitores serão os mais beneficiados neste processo. Como as infografias

interativas aparecem online, estes têm a oportunidade de as consultar de forma gratuita, com a

certeza que usufruem de uma experiência interativa de qualidade. Realmente vemos um público

que começa a demonstrar um interesse crescente nas infografias, parecem não estar

familiarizados com o nome e sentem algum receio, no início, ao explorar um assunto

desconhecido. Principalmente, nas pessoas com maior idade, há o grande medo de fazer asneira

e não saber retroceder. Tal verificou-se nos grupos de foco – alguns dos participantes tiveram

Page 95: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

81

receio de interagir com a nossa infografia, e ficaram parados à espera que algo acontecesse. Não

perceberam imediatamente que o conceito de interatividade implicava um comportamento do

leitor. Verificamos que existia uma disparidade de comportamentos. Podemos dividir os

comportamentos dos participantes em três grupos: aqueles que se sentiram completamente

perdidos na infografia (cerca de 25%); os que interagiram mas não tinham a certeza se estavam a

fazer uma navegação correta e perdiam-se em alguns momentos (cerca de 20%); por fim, aqueles

que navegavam pela infografia com extrema confiança, perceberam o mecanismo e todas as

informações (cerca de 55%).

Verificamos que a grande maioria, no final da entrevista focal, gostou da experiência e

ficou interessado pelo tema. A avaliação geral que fizeram da infografia foi positiva. Mas, como já

referimos, não esperávamos um número relativamente elevado de pessoas que não conseguissem

interagir com a infografia. Isto faz-nos tirar algumas conclusões: há um novo tipo de leitor, tal como

referimos nos primeiros parágrafos, mas não podemos generalizar. Há também uma percentagem

de leitores que ainda não está preparado para o novo jornalismo, apesar de se aperceber que não

é necessariamente contra a mudança, apenas não está preparado e não se sente confortável com

esta.

Relativamente às conclusões com o nosso questionário, fomos percebendo, através do

nosso universo de inquiridos, que a quantidade de adultos a preferir a internet para aceder a

notícias, do que os outros meios, já começa a ser significativa. Há realmente sinais de mudança.

Os profissionais do jornalismo dizem-nos que se denota uma mudança indiscutível de feedback

do público, quando são confrontados com infografia ao invés de texto. Há uma maior interação

com a notícia, mais visualizações, mais comentário e partilhas. Por isso percebe-se que apesar de

reticente, devido à diferença significativa que a infografia faz em relação ao texto, o público parece

querer mergulhar em novas experiências.

O objetivo desta investigação foi perceber qual seria neste momento o principal causador

da falta das infografias, nomeadamente no mercado mediático português, e consequentemente o

desconhecimento do público em relação a estas. As razões balanceavam-se entre a falta de aposta

das direções dos meios de comunicação e a aversão e a antipatia do público. Verificámos que o

público parece aderir cada vez mais à utilização do meio online para aceder à informação noticiosa

Page 96: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

82

e a conteúdo informativo. No nosso questionário, as classes de idade mais baixas por exemplo,

que para além de aceder constantemente e darem preferência à internet, dizem ter uma grande

facilidade para perceber e encontrar conteúdo online. Tal não bate certo com a percentagem de

jovens e jovens adultos que desconhece as infografias interativas. Podemos então concluir que

não é falta de interesse nos conteúdos noticiosos multimédia e interativos, mas antes uma

dificuldade de os encontrar. Esta dificuldade de os encontrar só poderá estar relacionada com a

falta de aposta e resistência financeira das direções dos jornais.

Neste estudo não nos limitamos a enumerar as potencialidades desta nova forma de

transmitir informação, tentamos perceber um problema e encontrar a sua solução. Parece-nos

que a solução trata-se da necessidade de um investimento, por parte das direções dos meios de

comunicação social, nos seus meios online. O retorno será positivo, ainda que não seja tão

imediato como o dos meios tradicionais. Esperamos conseguir alertar para a problemática e

contribuir para um avanço da utilização das infografias interativas.

Pensamos que é importante voltar a investigar este tema daqui a alguns anos, para

perceber se já existiram mudanças significativas e se o panorama português se está a aproximar

dos líderes europeus e mundiais. É também importante retirar mais conclusões relacionadas com

a receção, mas estas só poderão chegar depois do investimento das redações. Seria interessante

perceber se infografias diferentes, infografias com grafismo simples versus infografias com

trocadilhos visuais, trazem reações e níveis de interesse diferentes no público. Estas conclusões

poderiam ser retiradas nesta investigação, pois, a primeira infografia que realizamos pode inserir-

se nas infografias com grafismo simples e a segunda já apresenta certo nível de trocadilho visual.

Infelizmente, por falta de tempo, não conseguimos tirar qualquer tipo de conclusão relativamente

a este assunto. Desta forma esperemos que futuras investigações possam dar continuidade a este

trabalho desenvolvido.

Page 97: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

83

Page 98: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

84

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Meios e Publicidade [online], 2006, ‘Infografia: a informação visual’

[http://www.meiosepublicidade.pt/2006/07/Infografia_a_informa_o_visual/, acedido em

17/10/2014].

ALMEIDA, J. PINTO, J (1995). A Investigação nas Ciências Sociais, Lisboa: Editorial Presença.

AMARAL, R. (2010). Infográfico jornalístico de terceira geração: Análise do uso da multimidialidade

na infografia, Programa de Pós-graduação em Jornalismo na Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis.

[https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/93608/287268.pdf?sequence=1&is

Allowed=y, acedido em 30/09/2014]

BARBOSA, M. (2011). A literacia digital de jovens de meios geográficos distintos: uma realidade

diferente?, Dissertação de Mestrado na Universidade do Minho, Braga.

BUSTAMANTE, J. (1993). Sociedad Informatizada Sociedad deshumanizada - Una visión crítica de

la influencia de la tecnología sobre la sociedad en la era del computador, Madrid: Gaia Ediciones.

BUSTAMANTE, J. (s.d.). ¿ Qué puede esperar la democracia de internet? una reflexión sobre la

crítica de Langdon Winner al poder político transformador de la tecnología, Universidad

Complutense de Madrid, Madrid.

[http://institucional.us.es/revistas/argumentos/7/art_1.pdf , acedido em 14/06/2015]

CAIRO, A. (2012). The Functional Art: an Introduction to Information Graphics and Visualization,

pp. 1-30, Berkeley: PeachPit Press

CALEGARI, D.; PERFEITO, A. (2013). Infográfico: possibilidades metodológicas em salas de aula

de Ensino Médio in Entretextos, Londrina, v.13, nº1, pp. 291-307, Londrina.

[http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/viewFile/15170/13190, acedido

em 22/06/2015].

Page 99: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

85

CARDOSO, C. (2010). Tendências e potencialidades da infografia multimédia em Portugal,

Dissertação de Mestrado na Universidade do Porto, Porto.

CECILIO, E.; PEGORARO, E. (2011). A infografia no jornalismo impresso: além da simples

complementação, um novo modo de se fazer jornalismo in VIII Encontro Nacional de História da

Mídia Unicentro, Guarapuava.

[http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/8o-encontro-2011-1/artigos/A infografia no

jornalismo impresso alem da simples contemplacao- um novo modo de se fazer

jornalismo.pdf/view, acedido em 30/09/2014].

CLAPERS, J. (1998). Los gráficos, desde fuera de la redacción in Revista Latina de

Comunicación Social, nº9, (s.l.).

[Disponível em: http://www.ull.es/publicaciones/latina/a/36infojordi.htm, acedido em

03/06/2015 ].

CORDEIRO, W. (s.d). Infografia interativa na redação: o processo de produção no diário do nordeste

à luz da teoria do jornalismo in 9ºinterprogramas de mestrado, Faculdade Cásper Líbero.

[http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/bitstream/123456789/16415/1/WilliamRCS_DISSERT.p

df, acedido em 10/09/2014].

CRAFT, S.; MAKSL, A.; ASHLEY, S. (s.d.). Measuring news media literacy

How knowledge and motivations combine to create news-literate teens (s.l.).

DONDIS, A. (1997). Sintaxe da Linguagem Visual, tradução Jefferson Luiz (s.l).

[http://www3.uma.pt/dmfe/DONDIS_Sintaxe_da_Linguagem_Visual.pdf, acedido em

26/05/2015].

HUYGHE, R. (1986). O poder da Imagem, Lisboa: Edições 70.

KRUEGER, R; CASEY, M. (2014) Focus Groups: A Practical Guide for Applied. Editora SAGE

Publications. pp. 1 – 37

Page 100: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

86

[https://uk.sagepub.com/en-gb/eur/focus-groups/book243860#resources, acedido em

29/06/2015]

KRUEGER, R. (2002) Designing and Conducting Focus Group Interviews, University of Minnesota:

Minneapolis-Saint Paul

LIMA, L. GUIMARÃES, P (2012). Percursos educativos e vidas dos adultos, Universidade do Minho.

Braga: ATAHCA

LOPES, P. (2011). Literacia Mediática e Cidadania. Perfis de estudantes universitários da Grande

Lisboa: Enquadramento teórico-conceptual, questões metodológicas e operacionais in Congresso

Nacional "Literacia, Media e Cidadania", Universidade do Minho, Braga.

LÓPEZ, J. (1998). Infografia: Disenõ y Animación, Madrid.

MIELNICZUK, L.(2003). Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web, Salvador.

[https://suelytemporal.wordpress.com/artigos/outros-autores/sistematizando-alguns-

conhecimentos-sobre-jornalismo-na-web/, acedido em 20/12/2014].

MÓDOLO, C. (2007). Infográficos: características, conceitos e princípios básicos in XII Congresso

Brasileiro de Ciências da Comunicação da Região Sudeste, Minas Gerais.

[http://ddiprojeto2.xpg.uol.com.br/infograficos_caracteristicas_conceitos_e_principios_basicos.

pdf, acedido em 22/06/2015].

NEVES, C. (2014). Infografia em Meio Digital. Relatório de Estágio na Universidade de Tomar,

Tomar.

NOGUEIRA, P. (2013). Infografia digital: da produção à receção. Dissertação de Mestrado na

Universidade do Minho, Braga.

OCHOA, B. (2009). La infografia digital, una nueva forma de comunicación. Tese doutoramento

na Universidad Autónoma de Barcelona, Barcelona.

Page 101: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

87

OLIVEIRA, A. FILHO; C. RODRIGUES, C. (2007) O Processo de Construção dos Grupos Focais na

Pesquisa Qualitativa e suas Exigências Metodológicas in XXXI Encontro da ANPAD, Rio de Janeiro.

[http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EPQ-A2615.pdf, acedido em 15/06/2015]

PACHECO, J. (1995). O Pensamento e a Acção do Professor, Porto: Porto Editora.

PALACIOS, M. (2003). Ruptura, continuidade e potencialização no jornalismo on-line: o lugar da

memória. In: MACHADO, Elias e PALACIOS, Marcos. Modelos de Jornalismo Digital. Salvador,

Calandra.

[http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/2003_palacios_olugardamemoria.pdf, acedido em

18/06/2015].

PEDROSA, N.; LIMA, P.; NICOLAU, M. (2013). Tratamento da informação no webjornalismo: a

infografia e o uso de ferramentas digitais in XV Congresso de Ciências da Comunicação da Região

Nordeste. Mossoró.

[http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/tematica/article/download/21650/11967, acedido em

15/06/2015].

PEDROSA, N.; BEZERRA, E.; NICOLAU, M. (2013). Ferramentas para elaboração de infográficos:

um estudo de caso, Universidade Federal da Paraíba.

[http://evidosol.textolivre.org/papers/2013/upload/33.pdf, acedido em 10/09/2014].

PEREIRA, J. Monteiro (2014). A Influência do Marketing de Redes Sociais no Relacionamento.

Dissertação de Mestrado no Instituto Politécnico do Porto, Porto.

PEREIRA, L. (2013). Literacia Digital e Políticas Tecnológicas para a Educação, Santo Tirso: De

Facto Editores.

PEREIRA, S. (2014). Referencial de Educação para os Media para a Educação Pré-escolar, o Ensino

Básico e o Ensino Secundário, (s.l.).

Page 102: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

88

PÉREZ-LUQUE, M.; PEREA FORONDA, M.(1998.) El reto de crear noticias online. Análisis de la

comunicación online actual y perspectivas de futuro in Cuadernos de Documentación Multimedia,

n. 6-7, (s.l).

[http://www.ucm.es/info/multidoc/multidoc/revista/cuad6-7/noticias.htm, acedido em

16/11/2014].

PINTO, M. (2003). Correntes da educação para os media em Portugal: retrospectiva e horizontes

em tempos de mudança in Revista Iberoamericana de Educación, nº 32, (s.l.).

[http://www.rieoei.org/rie32a06.htm, acedido em: 23/06/2015].

PINTO, M. [et al.] (2011). Educação para os Media em Portugal: experiências, actores e contextos,

Braga: Universidade do Minho.

PRENSKY, M. (2001). Digital Natives, Digital Immigrants in On The Horizon Vol.9 No.5 (s.l.).

[http://www.marcprensky.com/writing/Prensky - Digital Natives, Digital Immigrants - Part1.pdf ,

acedido em: 29/06/2015 ].

QUIVY, R. CAMPENHOUDT, L. (1998). Manual de Investigação em Ciências Sociais, Lisboa:

Gradiva.

RANIERI, P. (2008). A infografia digital animada como recurso para transmissão da informação

em sites de notícia, Braga: Universidade do Minho.

REINHARDT, N. (2010). Infografía Didáctica: producción interdisciplinaria de infografías didácticas

para la diversidad cultural, Centro de Estudios en Diseño y Comunicación.

[http://www.scielo.org.ar/scielo.php?pid=S1853-35232010000100003&script=sci_arttext,

acedido em: 03/09/2014].

RIBAS, B. (2004). Infografia Multimídia: Um Modelo narrativo para o webjornalismo in 5º

Congresso Iberoamericano de Periodismo em Internet, (s.l.).

[www.facom.ufba.br/jol/pdf/2004_ribas_infografia_multimidia.pdf, acedido em 21/05/2015].

Page 103: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

89

RICO, J.; RODRIGUES, A. (2009). Infografía en el periodismo digital hispanoamericano, Monografía

na Faculdad de Ciencias de la Comunicación, Bogotá.

[http://pt.slideshare.net/guest5eed52/infografa-en-el-periodismo-digital, acedido em:

02/10/2014].

RODRIGUES, A. (2010). Visualização de dados na construção infográfica: abordagem sobre um

objeto em mutação in XXXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Rio Grande do

Sul.

[http://www.bocc.ubi.pt/pag/rodrigues-adriana-2013-visualizacao-dados-construcao-

infografica.pdf, acedido em: 03/05/2015 ]

SABBATINI, M.; MACIEL, B. (2004). Infografias interativas: novos suportes de informação para o

jornalismo científico digital in 8º Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico, Salvador.

[https://www.academia.edu/7128321/Infografias_interativas_novos_suportes_de_informaçao_

para_o_jornalismo, acedido em 25/05/2015].

SALAVERRÍA, R. (2009). Cibermedios – el impacto de internet en los medios de comunicación en

España. Sevilla: Comunicación Social.

[https://books.google.pt/books/about/Cibermedios.html?id=Jp1bOVJvO2IC&redir_esc=y,

acedido em 11/06/2015].

SCHMITT, V. (2006). A infografia jornalística na ciência e tecnologia: um experimento com

estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Dissertação de Mestrado,

Florianópolis.

[http://www.bocc.ubi.pt/pag/schmitt-valdenise-infografia-jornalistica.pdf, acedido em

25/05/2015].

SOJO, C. A. (2002). ‘Es la infografia um gênero periodístico?’ in Revista Latina de Comunicación

Social, ed. 51, (s.l.).

[http://www.ull.es/publicaciones/latina/2002abreujunio5101.htm, acedido em 20/06/2015 ].

Page 104: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

90

SOUSA, L. (2014). Infografia Multimédia: Ferramenta para Comunicar Ciência e Tecnologia,

dissertação de Mestrado na Universidade do Porto, Porto.

TEIXEIRA, T. (2007). ‘Metodologias de Pesquisa sobre Infografia no Jornalismo Digital – uma

análise preliminar’ in 5º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, Universidade Federal

de Sergipe.

[http://sbpjor.kamotini.kinghost.net/sbpjor/admjor/arquivos/coordenada_2_._tattiana_t

eixeira.pdf, acedido em 25/05/2015 ].

VALERO SANCHO, J. L. (2001). La Infografia: Técnicas, Análisis y Usos Periodísticos, Barcelona:

Universitat Autònoma de Barcelona.

[https://books.google.pt/books?id=PclN0KgVUwQC&printsec=frontcover&hl=pt-

PT#v=onepage&q&f=false, acedido em 02/06/2015].

VALERO SANCHO, J. L. (2008). La infografía digital en el ciberperiodismo in Revista Latina de

Comunicación Social 63, Tenerife: Universidad de La Laguna.

[http://www.ull.es/publicaciones/latina/08/42_799_65_Bellaterra/Jose_Luis_Valero.html,

acedido em 02/10/2014]

VALERO SANCHO, J. L. (2011). Algunas consideraciones sobre la infografía digital, Barcelona.

[http://portalcomunicacion.com/uploads/pdf/58_esp.pdf, acedido em 02/06/2015].

VELHO, A. (2009). O jornalismo e a infografia dos veículos impressos

como textos de cultura. Paraná: Universidade Estadual de Maringá.

[http://www.bocc.uff.br/pag/bocc-velhojornalismo- infografia.pdf, acedido em 22/06/2015].

VIETTA, E. (2012). Síndrome do excesso de informação, (s.l).

[ http://www.ufrgs.br/psicoeduc/ed23/tag/sindrome-da-fadiga-informativa/, acedido em

02/06/2015 ].

Page 105: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

91

APÊNDICE

APÊNDICE 1 – ENTREVISTA A JOAQUIM GUERREIRO, INFOGRAFISTA DO PÚBLICO (via e-mail)

2015

1 - Sabe-se que a infografia interativa, aos poucos, tem conquistado o seu espaço dentro das

redações, mas não parece ainda ser reconhecida por uma boa parte dos leitores portugueses.

Quais são, a seu ver os principais fatores que contribuem para este desconhecimento?

R - Comecei a responder, mas fiquei na dúvida sobre o que querias dizer com – não ser

reconhecida por uma boa parte dos leitores.

2 - A formação académica na área da infografia é quase inexistente. Acha que uma alteração neste

panorama poderia significar uma evolução mais rápida no processo de consagração da infografia

interativa?

R - Sem dúvida. Mas eu vejo a infografia interativa no seguimento da infografia estática. A única

coisa que as separa é o suporte e, obviamente, as capacidades tecnológicas para a aplicar. Mas

no fim do dia servem os mesmos objetivos – informar o leitor. Uma das coisas em que a formação

académica faria decisivamente a diferença era na capacitação dos infografistas e no

reconhecimento desta vertente do design de informação como distinta de todas as outras. Ou seja,

um infografista tem de ser formado. Hoje a maior parte deles vem de cursos de design e adaptam-

se quando caem nas redações. É aí que geralmente começa, sabe-se lá como, a sua “formação

em infografia”, que vai depender muito de quem encontram nas redações. Assim o seu percurso

e evolução passam a depender de quem os recebe e não de uma formação académica com

conceitos estudados, regulamentados e praticados num contexto profissional.

3 - Na sua opinião qual o maior entrave ao posicionamento das infografias interativas, a falta de

investimento, uma questão de iliteracia ou outro?

R - Acho que vai na sequência da resposta anterior. Começa por uma falta de investimento na

formação e acaba numa falta de investimento na maior parte das redações. O infografista em vez

de se tornar jornalista visual acaba, muitas vezes, por ser a chave inglesa da redação, usada sem

grande critério para uma variedade enorme de tarefas que pouco ou nada têm a ver com infografia.

Por estranho que possa parecer a formação, quase inexistente em Portugal, muitas vezes deforma

logo à partida potenciais interessados pelo simples facto de os formadores terem pouca ou

nenhuma experiência profissional no contexto de execução de trabalhos concretos. Não se

ensinam métodos jornalísticos em conjunto com os conceitos gráficos e não se cultiva o conceito

Page 106: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

92

de experimentação nem de rigor gráfico. O investimento correto na formação deveria começar pela

escolha mais acertadas de alguns formadores, que deviam ser profissionais no ativo ou que, já

não estando nessa situação, continuem atualizados no que toca a métodos, novas técnicas, novas

aplicações e linguagens de programação.

4 - Quais as maiores dificuldades com que se depara na construção/concessão de uma infografia

interativa?

As dificuldades começam logo na seleção de um assunto pertinente, como qualquer artigo

jornalístico. Depois vêm questões relacionadas com a abordagem a seguir. Depois temos o

deadline, que vai influenciar todo o processo e número de intervenientes. Sendo uma infografia

mais complexa, com bases de dados que facilmente chegam a ter mais de 200.000 linhas de

Excel, torna-se imperativo o auxílio de um programador e de um jornalista de dados (ou infografista

experiente) que estabeleça relações entre os dados que traduzam informação impossível de

visualizar se não forem “infografados”. Resumindo, a dificuldade aumenta com a complexidade e

com o número de intervenientes e especialidades a coordenar.

5 - Há uma questão que tem lançado alguma discussão - a distinção entre infografistas e

jornalistas. Acha que essa distinção deve ser feita?

Depende do contexto. Nem toda a infografia é jornalística. Aqui no jornal PÚBLICO todos os

infografistas têm carteira profissional de jornalista. São Jornalistas Visuais e a haver distinção é no

tipo de conteúdos que produzem.

6 - Quais as perspetivas para o futuro desta área? Crescimento ou estabilização?

Depende de que tipo de infografia estamos a falar. No caso da infografia jornalística a tendência é

cada vez mais de “regulamentação”, não digo de estabilização, porque nem consigo associar esse

termo à atividade jornalística nos tempos que correm. Digo “regulamentação” porque estamos

num ponto em que os infografistas mais antigos, e que têm continuado no ativo, funcionam como

memória viva das etapas e dificuldades ultrapassadas até aqui chegar. Foi um caminho percorrido

que lançou as fundações necessárias para que o desnorte de quem entra agora neste segmento

seja minimizado. Passam assim a existir, no contexto nacional, referências e precedentes tidos

como certos que ajudam a consolidar a atividade.

Resumindo, pode-se dizer que saindo do nicho da infografia jornalística, que apesar de tudo tem

conseguido fazer o seu caminho de forma cada vez mais consistente, não há regras nem conceitos

e muitos dos trabalhos a que chamam infografias nem o chegam a ser, mas o termo “infografia”

está na “moda” e isso só pode ser positivo.

Page 107: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

93

APÊNDICE 2 – ENTREVISTA A RICARDO CASTRO, DIRETOR DO COMUM (via e-mail) 2015

1 - O jornal ComUM tem um forte vertente textual. Sendo um jornal online alguma vez pensaram

em acrescentar o uso de infografias interativas?

R - Dentro das capacidades que o ComUM e os seus elementos têm, há uma atenção cada vez

maior a novas ferramentas digitais para representar os conteúdos de forma mais simples, atrativa

e percetível ao leitor. É um cuidado crescente não só, mas principalmente por temos apenas a

versão online do jornal. A política de inserção de novas ferramentas de cobertura jornalística levou

a que, nas últimas eleições para a Associação Académica (AAUM), em dezembro de 2014,

utilizássemos infografias interativas, além de termos feito o direto da noite eleitoral pelo nosso site.

E não tenho dúvidas de que a aposta em novos conteúdos e formas multimédia torna notório e

mais imediato o alcance a um maior número de leitores. As infografias são, hoje em dia, um

exemplo válido disso mesmo.

2 - Na Universidade do Minho os alunos da área de audiovisual e multimédia contribuem com

artigos interativos para o jornal?

R - Maioritariamente, os alunos de audiovisual e multimédia colaboram no ComUM com trabalhos

nessa mesma vertente e estes têm sido feitos com maior frequência nos últimos tempos,

atentando à necessidade que o mercado impõe aos órgãos de comunicação social, incluindo os

académicos. O texto é o fio condutor de qualquer género jornalístico, mas exige-se cada vez mais

a fotografia, o vídeo, a infografia. No fundo, incutir a multimédia. Neste momento e no nosso jornal,

os alunos da área audiovisual e multimédia contribuem mais com fotorreportagens ou trabalhos

em vídeo. As infografias ainda são uma lacuna evidente a colmatar e a aperfeiçoar no ComUM.

3 - Uma das opiniões de muitos investigadores é que a formação na área das infografias, em

Portugal, é praticamente nula. Acha que os alunos no final da licenciatura em Ciências da

Comunicação estão preparados para trabalhar na área das infografias interativas?

R - Do meu ponto de vista, acredito que hoje estão mais preparados. O avanço digital obriga

inevitavelmente a alterações nos planos de estudos e isso tem acontecido no curso em questão.

Pelo conhecimento que tenho, tem sido assim na Universidade do Minho, havendo já Unidades

Page 108: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

94

Curriculares com aulas dedicadas à aprendizagem em infografia, mas talvez não tão grande ainda

quanto se poderia desejar. Por outro lado, tal como a escrita de notícias, a produção de vídeo ou

a criação de anúncios, acho que as infografias também envolvem aperfeiçoamento ao longo do

tempo e aí, a prática desempenha um processo fulcral. Claro que futuramente à licenciatura será

conveniente uma especialização para os estudantes que queiram dedicar a sua formação às

infografias. Contudo, e de um modo geral, é preciso investir mais nessa formação desde cedo e

esta deverá posteriormente ser intrínseca a qualquer pessoa que saia de um curso de

comunicação. Se antes não se exigia tanta versatilidade a um profissional da área, hoje em dia

qualquer recém-licenciado tem (quase) a obrigação de ter um conhecimento e domínio crescente

das várias técnicas, seja ele um jornalista ou um publicitário. Por isso, qualquer pessoa que

conclua a licenciatura nesta área terá de ter faculdades mínimas que permitam reconhecer a

infografia como é uma ferramenta cada vez inerente ao jornalismo, à publicidade e ao audiovisual.

É existente e evidente esse avanço, até porque conheço pessoas dois ou três anos mais velhas do

que eu, que no fim do curso não tinham qualquer formação ou conhecimento em infografias.

4 - Quais as principais razões para no ComUM não investirem em infografias?

R - Nem sempre é fácil fazer adaptação de novas modalidades digitais no ComUM. E isto deve-se

muito ao facto de toda a equipa não ter o 100% de tempo disponível para o jornal. Pode parecer

que não, mas é um grande entrave a um melhor desempenho de todas as secções que temos.

Não considero que haja uma grande razão concreta para que tal investimento não seja feito, até

porque estamos calma, contínua e progressivamente a apostar nestes novos formatos e

linguagens de representação informativa. O mercado assim o exige.

5 - Não sentem que o retorno (em termos de likes, comentários e partilhas) seria positivo?

R - Tenho notado particularmente o maior retorno do leitor nas redes sociais em todos os

conteúdos multimédia inseridos em notícias, entrevistas ou reportagens que temos realizado nos

últimos meses. Do vídeo à infografia, da fotografia ao áudio, tudo complementa o texto jornalístico

em qualquer peça, despertando o natural interesse de quem lê. Consequentemente há um maior

número de ‘gostos’, comentários e partilhas. Esta espécie de ciclo que se estende por mais e mais

utilizadores torna virais quaisquer conteúdos. E isso só pode ser, diria eu, mais do que positivo.

Como já referi na última resposta, é uma aposta gradual que estamos a fazer e os resultados que

daí advêm têm sido satisfatórios.

Page 109: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

95

6 -Na sua opinião qual o maior entrave ao posicionamento das infografias interativas no mercado

Português, a falta de investimento, uma questão de iliteracia ou outro?

R - Creio que os leitores de jornais sempre estiveram habituados a associar notícias a texto, com

uma ou mais fotografias a complementar. Nas últimas décadas temos assistido a alterações

graduais - até mesmo exponenciais - no modo de fazer jornalismo. As infografias assumem aqui

um papel relevante e dentro deste tipo de representação de conteúdos há cada vez mais formas

de o fazer dentro dos mais variados assuntos. Não sei até que ponto pode haver entraves à sua

inserção, até porque são uma forma de simplificar a informação. Mas não sendo esta representada

por texto, pode dar aso a alguma incompreensão de algum leque de leitores, nomeadamente de

faixas etárias mais elevadas, que pouco ou nunca tiveram contacto com infografias. Por outro lado,

não me parece fruto de falta de investimento, até porque acredito que tem sido uma das grandes

apostas de grandes meios de comunicação no mercado português, no que respeita à produção e

difusão de informação.

Page 110: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

96

APÊNDICE 3 – ENTREVISTA A DANIEL CEREJO, EDITOR DO JPN (via e-mail) 2015

1 - As infografias interativas publicadas no JPN são de origem interna ou externa? Porque é que

optam pela produção interna ou externa?

R - As infografias interativas publicadas no JPN são de origem interna. Não se trata, na verdade,

de uma questão de opção. O JPN foi criado para ser uma espécie de laboratório de jornalismo ao

dispor dos estudantes de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto. Todos os conteúdos

que dele fazem parte provêm dos editores do jornal ou dos estudantes do curso.

2 - São os estudantes do curso de Ciências de Comunicação que contribuem para a realização de

infografias interativas que estão no JPN? No final da licenciatura os alunos estão aptos a

desenvolver inteiramente uma infografia interativa?

R - Acho que a resposta anterior acaba também por responder a esta questão. Quanto ao nível de

aptidão para desenvolver este tipo de infografia, nem todos os alunos, no final do curso, estão no

mesmo patamar. Visto que a licenciatura de Ciências da Comunicação, na UP, é de três anos,

sendo que, no terceiro, os estudantes têm de optar por uma especialização - Jornalismo,

Assessoria ou Multimédia -, é normal que os finalistas de Multimédia encontrem-se mais à vontade

nesse aspeto. Ainda assim, os de Jornalismo têm os conhecimentos básicos para conseguirem

desenvolver uma infografia interativa.

3 - Sente que as dificuldades na construção de uma infografia interativa são maiores do que a

construção de uma notícia de cariz textual? Quais as maiores dificuldades na concessão de uma

infografia interativa?

R - Sim, sinto isso, porque a infografia interativa engloba, ao mesmo tempo, o trabalho de recolha

e tratamento de informação sobre o tema que se vai abordar, que terá de ser introduzida na

própria infografia, bem como o desenho e programação da mesma. Portanto, é trabalho a dobrar

em comparação com um artigo de texto.

4 - Conseguem perceber se o feedback (partilhas, comentários, likes) de uma infografia é mais

positivo ou igual ao de uma notícia maioritariamente textual?

R - Sim, conseguimos perceber isso e não restam dúvidas de que as infografias, junto do nosso

público-alvo, têm muito melhor recetividade do que um outro artigo qualquer. A atividade no

Page 111: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

97

Facebook, por exemplo, quando as partilhamos, aumenta consideravelmente, quer em termos de

visualizações, quer em termos de likes.

5 - Apesar da infografia interativa estar a conquistar o seu espaço dentro das redações não parece

ainda ser reconhecida por uma boa parte dos leitores portugueses. Quais são, a seu ver os

principais fatores que contribuem para esta ignorância?

R - Acho que é uma realidade que tem vindo a alterar-se. Cada vez mais o público apercebe-se da

existência dessa modalidade de tratamento da informação e aprova esse trabalho por parte dos

órgãos de comunicação. Quanto àqueles que ainda estranham a presença de infografias interativas

nos media, acho que tem a ver, sobretudo, com a forte habituação à apresentação tradicional de

conteúdos, que não "obriga" o utilizador a interagir com a informação para deparar-se com novos

dados.

6 - Na sua opinião qual o maior entrave ao posicionamento das infografias interativas, a falta de

investimento, uma questão de iliteracia ou outro?

R - Acredito que a propagação das infografias interativas pode ter como obstáculos a falta de

pessoal, nas redações, com conhecimentos para as desenvolver, agravada pela falta de

capacidade, por parte dos empregadores, para contratarem esses profissionais. Além disso, penso

que o fator "deadline" sempre presente no jornalismo pode, muitas vezes, funcionar como

dissuasor para os media não embarcarem num trabalho dessa envergadura.

Page 112: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

98

APÊNDICE 4 – GRUPO DE FOCO UM

Moderador - O objeto com que vocês interagiram tem o nome de infografia. Conheciam ou já

tinham interagido com alguma?

Ana – Não.

Rui - Hmm, que me lembre não.

Lígia - Eu também não.

Sara - Uma vez vi uma coisa parecida num jornal, bem, não era assim tão parecida, mas tinha

assim umas imagens também e depois ao lado tinha algumas explicações em texto.

Moderador - Sim, provavelmente era uma infografia, mas sendo numa folha de papel tem o nome

de infografia estática. Deste género já contactaram com alguma?

Eduardo - Talvez, mas neste momento não me estou a lembrar de nenhuma.

Catarina - Eu acho que não.

Tânia - Tenho ideia que sim, uma vez, por causa de um acidente, mas lá está, não sei bem se era

uma coisa destas.

Paula - Eu não

Ana - Nem de uma forma nem de outra.

Os restantes abanam a cabeça negativamente.

Moderador - Nesta infografia que viram conseguiram identificar facilmente o título, as informações

textuais e imagens, a fonte de informação e os créditos?

Eduardo - Sim, está tudo.

Sara - Eu não consigo encontrar bem os créditos, encontro, mas não identifico com muita

facilidade.

Rui - Pois, o título, as imagens e até a fonte estão bem visíveis, agora os créditos acho que não.

Paula - Se calhar se estivesse ao pé da fonte, mas assim um bocado separado, pra distinguir, se

calhar estava melhor, não sei.

Sara - Sim, acho que não é informação tão importante e por isso podiam estar juntas.

Moderador - Concordam todos?

Todos consentem afirmativamente.

Page 113: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

99

Moderador - Acham que a informação está organizada e é clara?

Rui - Do género: se as imagens estão bem organizadas?

Moderador - Se o sítio onde os elementos estão posicionados, os títulos, os textos, as imagens,

são os mais corretos/acertados?

Rui - Eu penso que sim, podia haver outra forma, mas não acho que fosse fazer diferença ou que

fosse mais correto.

Sara - Eu gosto principalmente do menu. O título está bem, está em cima. Quando entramos nas

imagens, nos tipos de despesa pronto, as imagens não estão tão organizadas, mas elas também

são diferentes, acho que devem estar em sítios e com dimensões diferentes.

Catarina - Eu acho que as coisas estão no sítio correto, os textos estão posicionados num sítio

diferente das imagens mas percebemos qual texto ou explicação se refere a qual imagem e vice-

versa.

Moderador - Conseguem identificar, no menu principal a informação mais relevante?

Tânia - A infomação mais importante é quase tudo não é? Por isso acho que sim.

Sara - Só os créditos é que não se consegue encontrar bem mas eu acho que essa não é a

informação mais relevante.

Moderador - Não, os créditos e a fonte não fazem parte da informação principal

Sara - Pois.

Moderador - Não é negligenciada então nenhuma informação importante?

Rui - Aquelas imagens que estão no lado, os bonecos, elas são no fundo, o mais importante,

porque são a junção das outras todas, eu acho que deviam estar no meio.

Tânia - Estás a falar da imagem das classes ou famílias, não é? (O Rui consente). Eu sei que elas

não estão no centro como as outras, estão nos lados, mas acho que não são deixadas de parte.

São grandes como as outras. E repara, se elas estivessem no meio, estas imagens, das outras

despesas iam ter de ficar divididas.

Rui - Eu acho que não havia problema em que ficassem divididas.

Page 114: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

100

Ana - Se calhar, se as imagens das classes barra famílias estivessem no meio era a primeira coisa

em que as pessoas iam clicar, e depois sabiam logo as despesas todas.

Rui - Mas assim as pessoas podem clicar na mesma primeiro nelas.

Ana - Podem, mas não é tão provável. Tu clicaste nelas primeiro?

Rui - Por acaso não.

Moderador - Os restantes, qual é a vossa opinião acerca disto?

Sara - Eu continuo a achar que a informação importante é fácil de encontrar.

Eduardo - Sim, eu também acho.

Paula - Por mim está bem como está.

Lígia - Eu não tive problemas em encontrar nada, acho eu.

Catarina - Eu também não.

Moderador - E os elementos secundários, perturbam essa informação principal?

Rui - Não

Todos concordam

Moderador - Sentem-se bombardeados com informação quando abrem a infografia?

Sara - é assim, nós quando olhamos para a infografia vemos muitas imagens (...)

Tânia - sim, mas eu não acho que é em demasia. Elas estão lá porque têm de estar

Sara - mas era isso que eu queria dizer… são muitas, mas são adequadas, não me sinto confusa

ao olhar pra elas.

Paula - elas aparecem todas ao mesmo tempo mas eu nem acho que sejam muitas, temos tempo

suficiente para olharmos para todas e depois os títulos ou as informações em texto aparecem

apenas quando passamos o rato, não aparece tudo ao mesmo tempo.

Moderador - Acham então que a informação aparece de forma subtil e leve?

Paula - sim, eu acho que sim.

Lígia - também concordo.

Todos concordam.

Moderador - Os textos são curtos, compreensíveis e ajustados ao espaço?

Page 115: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

101

Ana - curtos são, e eu percebi tudo.

Sara - aí curtos são.

Rui - eu até acho que são curtos demais. Talvez em alguns casos fosse preciso dizer mais, eu

percebi, mas não sei se toda a gente percebe. Por exemplo, as percentagens aparecem nas

imagens, mas eu acho que se voltassem a aparecer no texto não seria repetitivo.

Moderador - Por falar nisso, vêm alguma repetição de informação desnecessária?

Eduardo - Não, a única coisa que aparece duas vezes é no caso das despesas gerais, quando se

comparam as famílias. Tanto clicando num botão como em outro, as informações são as mesmas.

Mas se a ideia é fazer uma comparação como nas outras despesas teria de ser mesmo assim.

Rui - Eu acho que quando clico num botão diferente espero que se apresente informação diferente

e isso não acontece. Fico um bocado dececionado.

Sara - Eu tenho a mesma opinião, mas acho que ficava pior se a informação fosse dividida, aí não

podíamos comparar e ficávamos sem a noção da disparidade de valores.

(Continuam a falar entre eles, sem chegar a um consenso.)

Moderador - Existem áreas suficientes vazias que dão ao leitor espaço pra respirar e suavizam a

leitura?

Sara - não existem muitas áreas vazias, mas como a informação só é apresentada quando

passamos o rato, vem uma coisa de cada vez.

Tânia - e também como somos nós que escolhemos a velocidade que queremos ler, temos o

tempo pra respirar.

Eduardo - eu acho que há áreas vazias, olhem quando abrimos uma categoria, vemos as imagens

e não tem texto nenhum, tem muitas áreas vazias entre as imagens.

Sara - sim, tem mais áreas vazias dentro das despesas do que no menu inicial.

Tânia - isso é verdade.

Moderador - Mas então acham que na página inicial deveria ter mais espaço vazio?

Eduardo - não era isso que eu queria dizer, tem mais nas despesas do que na página inicial mas

isso não quer dizer que esteja mal.

Page 116: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

102

Moderador - Objetos de natureza semelhante mantêm a mesma identidade? (pausa) Se têm formas

idênticas, as cores, se parece que fazem parte do mesmo universo…

Tânia - sim, completamente.

Lígia - é verdade.

Rui - as cores são as mesmas, são pouquinhas, os títulos por exemplo, também aparecem todos

de forma igual, por isso eu acho que sim.

Moderador - Os objetos clicáveis são facilmente reconhecíveis?

Paula - sim, têm as caixinhas à volta, dá para perceber

Tânia - pois, mas há outros que não têm as caixinhas e nem toda a gente pode perceber

Moderador - Quais, por exemplo?

Tânia - deixa-me ver… na página inicial temos os bonequinhos, estes que representam as famílias,

eles até parecem clicáveis, mas depois quando passamos o rato eles não mudam quase nada, eu

cliquei, mas acho que se calhar alguns não clicavam.

Sara - eu acho que esses nem é pior, dentro das despesas, tem estes número, a mim, o que me

pareceu clicável era a meia roda e não os números, só percebi porque ao passar o rato pela roda

sem querer passei em cima do número.

Eduardo - eu acho que os números não deviam estar aí sem nada, podiam estar dentro de uma

caixa também.

Sara - ou uma rodinha, como tem o símbolo de fechar em cima.

Eduardo - ou isso.

Moderador - Os movimentos tornam a infografia confusa?

Rui - não, são poucos.

Eduardo - como assim os movimentos?

Rui - tipo quando abres e fechas a janelinha das despesas.

Moderador - Sim, exatamente, ou os movimentos que os subtítulos fazem…

Eduardo - ah não, são poucos realmente, não fazem confusão nenhuma.

Sara - eu acho que até são esses pequenos movimentos que dão alguma vida.

Page 117: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

103

Catarina - eu também acho, até deveriam existir mais, para chamar mais à atenção, desde que

não interferisse com a informação, ou seja, que não passassem umas coisas por cima das outras.

Moderador - A navegação, a forma como navegamos na infografia, é fácil de aprender, eficaz, e

agradável?

Tânia - sim é super fácil, não tem nada que saber.

Ana - sim, também acho.

Rui - bem, não tem nada que saber também não é assim.

Tânia - é uma forma de dizer.

Rui- o que pode ser fácil para ti pode ser mais difícil para outra pessoa, eu acho fácil também,

mas não sei se é fácil para todos.

Tânia - sim, está bem, mas eu acho que é muito fácil.

Moderador - Perceberam então todos a lógica de navegação?

Todos respondem afirmativamente.

Moderador - Existem falhas na navegação como botões que não funcionam?

Ana – não.

Paula - que eu desse por ela também não.

Sara - eu reparei que algumas imagens ficavam com uma aparência diferente sem eu clicar nelas.

Tânia - também eu, ficavam estranhas, mas os botões abriam todos.

Moderador - Acham que há a necessidade de sistemas de ajuda e de escape?

Sara - eu acho que não porque é fácil perceber a lógica da infografia.

Rui - é como disse anteriormente, para mim foi fácil e eu acho realmente fácil, mas não sei se

todos compreenderão, mas também se não compreendem isto também não compreendem como

ir ao botão de ajuda.

(todos se riem)

Tânia - realmente é verdade.

Eduardo - é, eu acho que não é preciso ajuda, é fácil perceber o que se deve fazer.

Tânia - só alguem com pouquíssimos conhecimentos de informática é que é capaz de não

perceber.

Page 118: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

104

Moderador - Tem uma boa estética, ou seja, é atrativa?

Sara - sim, gosto particularmente do cenário, porque não atrapalha e enche a vista.

Ana - os desenhos têm boa qualidade, parece-me profissional.

Tânia - sim, é bastante simples, mas é bonita, é agradável.

Moderador - Não acham então que seja demasiado decorativa?

Sara - não, não mesmo.

Tânia - onde podia ser decorativa era no cenário tem as nuvens e isso, mas eu concordo com ela,

é agradável de se ver, não estorva nada.

Moderador - A tipografia é clara e legível?

Tânia - Sim, perfeitamente.

Catarina - Também acho.

Eduardo - Concordo.

Todos consentem.

Moderador - As cores são utilizadas de forma comedida e racional?

Eduardo - Totalmente.

Rui - Sim, só são usadas duas cores, menos do que isso ficava muito morto.

Ana - Verdade. E as cores ficam bem juntas. O cinzento e bordeaux.

Moderador - Acham que há necessidade da utilização de outros media, como vídeo ou som, para

que a informação se torne mais compreensível?

Rui - Eu acho que para a informação ser mais compreensível podiam os textos ser melhorados.

Sara - Não estou a ver como é que o som podia ser inserido na infografia, penso que não. O vídeo

talvez.

Eduardo - e mesmo o vídeo, eu não sei se encaixava bem na infografia, é tudo imagens

desenhadas e depois aparecia o vídeo.

Moderador - Com vídeo podemos estar a falar também de animação, não imagem real…

Page 119: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

105

Eduardo - Nesse caso já podia ser, de qualquer das formas não sei qual a pertinência de ter um

vídeo, está compreensível assim.

Paula - Mas um vídeo podia prender, chamar mais a atenção, das pessoas não é?

Eduardo - Sim, mas isso já não tem a ver com a compreensão da infografia ou da informação.

Paula - Pois, isso não.

Moderador - Mas mesmo que não fosse para ajudar na compreensão, acham pertinente a

colocação de um vídeo?

Eduardo - Talvez, não sei bem, se tivéssemos a infografia com e sem vídeo era melhor para

comparar.

Paula - Eu acho que colocava mais interesse na infografia.

Tânia - Eu acho que tanto poderia dar interesse como estar ali a mais e atrapalhar.

Eduardo - Sim, só vendo.

Moderador - Em resumo, acham a experiência agradavél?

Eduardo - Sim, como nunca tinha “brincado” com nada deste género, achei interessante.

Lígia - Eu gostei, é engraçado.

Todos consentem.

Moderador - De zero a dez, como definem a experiência? Sendo que o zero singnifica “nada

agradável” e o dez significa “totalmente agradavél”.

Eduardo - 9

Paula- 8

Catarina -9

Rui - 7

Tânia - 8

Lígia - 10

Sara - 7

Ana - 9

Moderador - Há alguma coisa que não vos agrade diretamente?

Ana - Eu não tenho nada a dizer.

Page 120: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

106

Tânia - Só tenho a pontar as imagens que não parecem botões .

Lígia - Isso, mas de resto…

Sara - Por mim tudo ok.

Rui - Se for mesmo pra apontar, é só aquela questão dos números [refere-se aos botões em forma

de números]

Sara - é, é só isso.

Rui - Ah, e melhorava os textos

(momento de pausa)

Catarina - Uma pergunta, os valores são mesmo reais?

Moderador - Sim, os valores fazem parte de uma simulação feita com base nos gastos de duas

famílias

Catarina - Nesse caso acho que não quero ter filhos.

Rui - Acho que nenhum de nós vai querer ter depois disto.

(todos fazem comentários acerca da quantidade de despesas, alguns regressam à infografia e

todos riem)

Agradecimento final e despedida

Page 121: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

107

APÊNDICE 5 – GRUPO DE FOCO DOIS

Apresentação da infografia. Contextualização do tema.

Moderador - Depois de saberem resumidamente o que é uma infografia interativa, já tinham

anteriormente interagido com alguma?

Carina - Não

Maria - Eu acho que não

Zé Pedro - Sim já.

Ana - Não

[o resto do grupo responde negativamente]

Moderador - [Diretamente para o Zé Pedro] Qual era a temática da infografia?

Zé Pedro - Já interagi com algumas, a maior parte sobre política e economia.

Moderador - Nesta infografia que viram conseguiram identificar facilmente o título, as informações

textuais e imagens, a fonte de informação e os créditos ou autores?

Rita - Eu acho que vi tudo.

André - Ah, eu não vi a fonte e nem os autores.

Maria - A fonte está aqui em baixo, ou autores também não sei.

Zé Pedro - Está aqui! [Mostra aos restantes onde estão as informações]

Moderador - Então tiveram dificuldades a encontrar a fonte e os créditos?

Maria - Eu só não vi os créditos.

Mariana - Foi como eu.

André - Sim, eu não vi a fonte mas foi porque não estava atento, é fácil de ver.

João - Eu vi tudo.

Moderador - Acham que a informação está organizada e é clara?

[momento de silêncio]

Se a posição do título, imagem e texto é mais adequada? Se facilita ou dificulta o entendimento da

informação.

Page 122: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

108

André - Ah eu acho que está bem, tem o título que está em cima, normalmente os títulos aparecem

em cima.

Zé Pedro - Eu acho que a informação está bem organizada, aparecem os títulos em cima, depois

vêm as imagens e depois no fundo aparece o menos importante, como a fonte e as legendas. O

mesmo acontece quando é aberto o quadro das despesas. No caso do [vai ver a infografia]

“rendimento perdido” também temos o título, depois a descrição, e depois a informação da

despesas e em baixo continua visível a fonte, e as legendas.

Carina - Eu concordo com ele. Mas acho que todos os quadros de despesas deveriam ter algum

tipo de informação, como descrição. Nem toda a gente pode interpretar da mesma forma.

Moderador - Todos têm a opinião da Carina?

Zé Pedro - Sim, os textos que existem são curtos por isso não é exagerado acrescentar alguns,

desde que sejam pequenos.

Moderador - Em relação a isso, não acham então que os textos são exagerados? São curtos e

compreensíveis?

Zé Pedro - Sim, curtos e fáceis de entender.

Maria - Sim, eu percebi.

Moderador - O que é que acham da organização dos botões da página inicial?

Zé Pedro - Estão bem, têm tamanhos diferentes, mas não estão completamente desorganizados.

Ana - Mas não percebo a razão para terem tamanhos diferentes.

André - Eu também não percebo se há uma razão, mas visivelmente é agradável, se calhar ia ficar

mais monótona se fossem todas iguais.

Moderador - E em relação aos quadros com as despesas?

Zé Pedro - Também acho que está bem, as imagens estão mais dispersas mas é para depois

aparecer o texto no espaço em branco.

João - Eu acho que tanto num caso como noutro os botões estão bem organizados, mas prefiro o

menu. É mais agradável.

Page 123: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

109

Moderador - Os elementos secundários, como as legendas, créditos e fontes perturbam a

informação principal?

André - Aí não acho, de forma nenhuma.

Mariana - Sim, de forma alguma. São letras mais pequenas e estão no fundo, tirando os créditos,

mas esses também mal se veem.

Ana - Sim, isso nem se põe em questão, não interferem nada.

Moderador - Quando são confrontados com a infografia, sentem-se, de alguma forma,

bombardeados com informação?

[silêncio]

Zé Pedro - Não! Nós só vemos imagens e um título basicamente.

Rita - O menu não nos dá informação praticamente nenhuma.

Zé Pedro - Pois, só percebemos o nome das categorias, tipo dos subtítulos, e eles não surgem

todos.

Maria - Mesmo nos quadros das despesas, existe muita informação, mas como só aparece quando

nós vamos lá clicar, não somos bombardeados.

Moderador - Encontraram informações repetidas?

Maria - Repetidas não, mas eu ao início não estava a perceber a diferença entre umas

percentagens e as outras.

Zé Pedro - Uma é em relação a uma família e a outra é em relação à outra.

Maria - Eu depois percebi, pelas cores e as legendas em baixo.

Mariana - Eu isso percebi, e não acho que hajam repetições.

André - Eu sou da mesma opinião.

Moderador - Acham que há espaço na infografia para respirar ou seja, áreas vazias, ou há

demasiada informação?

João - Eu acho que não há muitas áreas vazias.

Rita - Não sei se pudemos considerar o fundo uma área vazia.

Zé Pedro - Não é uma área vazia, mas também não passa qualquer tipo de informação, quer dizer,

acho eu.

Page 124: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

110

Moderador - Há então demasiada informação?

Ana - Não há demasiada informação, já tinham dito isso abocado mas a que existe ocupa muito

espaço.

André - É isso mesmo.

João - Exatamente.

Moderador - Os objetos têm a mesma identidade?

[silêncio]

Moderador - Se as formas são ou não idênticas, assim como o sistema de cores, se ficam com a

ideia que pertencem todas ao mesmo sítio ou se há alguma que se diferencia da outra.

[todos visualizam a infografia]

Carina - As imagens têm todas mais ou menos as mesmas cores, só são diferentes porque há dois

conjuntos de informação diferentes. As duas famílias.

Mariana - Os títulos e os sub-títulos são apresentados da mesma forma.

Rita - E os símbolos são todos muito simples, daí não serem muito diferentes uns dos outros.

Moderador - Os objetos clicáveis, normalmente chamados de botões são fáceis de reconhecer?

Zé Pedro - Não, nos quadros de despesas, temos de clicar nuns números (...)

André - Passar o rato.

Zé Pedro - Sim, passar o rato nuns números. Eles não são fáceis de conhecer, não parecem

objetos clicáveis.

André - Tive a mesma impressão

Mariana - É verdade.

Carina - Eu por acaso encontrei logo, mas também acho, os restantes estão ok.

Moderador - A forma de navegar na infografia é fácil de perceber?

João - A forma de navegar?

Moderador - Por exemplo, quando olham pra infografia percebem logo que é suposto clicar numa

das imagens? Quando abrem um quadro de despesas sabem que têm de clicar ou passar o rato

nas imagens e depois fechar? E por aí na mesma lógica… Ou acontece precisamente o contrário

e não há maneira de perceber isto?

Page 125: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

111

Maria - É fácil de perceber isso. Não tem muito que saber.

Mariana - A forma como, como é que me hei-de explicar, como nós brincamos com a infografia…

Zé Pedro - A forma como se interage (...)

Mariana - Isso. A interação é fácil. Nós percebemos o que temos de fazer

Zé Pedro - É realmente simples.

André – Ao início ficamos um bocado parados, mas depois é fácil.

Moderador - Há falhas na navegação? Botões que não reajam ao passar do rato ou que não

funcionem

Ana - Não detetei nenhum erro.

André - Eu gosto da forma de clicar nos botões no menu, porque aparece o título.

Carina - Funcionam todos e todos reagem ao passar do rato.

Zé Pedro - Tirando os botões que não tem reação, como os números que falamos abocado.

André - Exatamente, mas não deve ser uma falha de navegação.

Zé Pedro - Ah sim. É verdade. Se não reagiam alguns e outros não.

Moderador - A infografia é esteticamente atrativa?

Carina - Eu acho que sim logo pelas cores escolhidas. O bordeaux e o cinzento são cores que

ficam muito bem juntas.

João - As imagens têm uma boa qualidade.

André - Não ficam desfocadas, isso tem um nome…

Moderador - Despixelizadas?

André - Exatamente.

Moderador - Não é demasiada decorativa?

Zé Pedro - Não, é simples.

Maria - É a mesma coisa que disseram abocado. Há poucas imagens mas as que há ocupam

muito espaço, assim como a decoração é pouca, é simples, mas como a infografia é toda à base

de imagens parece ser muito decorativa.

Moderador - Acham que o aspeto decorativo se sobrepõe ao aspeto informativo?

Page 126: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

112

Rita - Eu acho que se conseguem ter as duas coisas. Mas há mais imagem do que informação.

Zé Pedro - Mas a imagem é também informação.

Rita - Podemos ver as coisas dessa forma. Mas eu acho isto.

Zé Pedro - Então qual é a alternativa? Retirar as imagens e por só um título em texto em cada

caixa?

Rita - Não, isso também não.

Zé Pedro - Mas estás a perceber o que eu quero dizer?

Rita - Sim, eu percebo. Acho que cada um tem a sua razão.

Moderador - A tipografia é clara e legível?

[respondem todos afirmativamente]

Moderador - Acham que há necessidade da utilização de outros media, como vídeo ou som, para

que a informação se torne mais compreensível?

João - Compreende-se bem como está.

Carina - Em vez de ter as explicações em texto?

Moderador - Por exemplo, ou então para complementar com a imagem ou o texto.

Zé Pedro - Era capaz de ficar engraçado.

Rita - Chamar mais a atenção.

André - Sim, despertar mais interesse.

Moderador - Em resumo, acham a experiência agradável?

Zé Pedro - Sim, sempre achei interessante a utilização de infografias.

Ana - Sim, é interessante e transmite informações ao mesmo tempo.

Carina - Pois, é isso, podemos “brincar” enquanto conhecemos novas coisas.

Moderador - Há alguma coisa que não vos agrade diretamente?

Zé Pedro - Tirando os aspetos que já foram ditos anteriormente…

João - Aquelas pequenas questões, não estou a ver mais nada.

Moderador - Os botões que não parecem clicáveis?

Page 127: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

113

Zé Pedro - E acrescentar alguma informação escrita.

Maria - Exatamente.

Moderador - Têm todos a mesmo opinião?

Mariana - Sim

Ana - Eu não sei se fui a única que não percebi uma coisa. [silêncio] Eu não percebi porque é que

uma família gasta mais do que a outra… Não há uma razão para isso?

Mariana - Porque uma família pertence à classe média baixa e outra à classe média alta.

Ana - Ah eu não vi isso.

João - Está em baixo daqueles dois bonecos, a legenda.

Moderador - Mais alguém não conseguiu ou teve dificuldade em encontrar esta informação?

Rita - Eu no inicio não estava a perceber também, mas depois encontrei e percebi a diferença

entre as famílias.

Carina - Comigo aconteceu o mesmo.

Moderador - Acham que essa informação pode ou deve ser, então, reforçada?

Rita - Sim, penso que sim.

Mariana - Acho que deveria, se não fica-se sem perceber muito bem o sentido de tudo.

Agradecimento final e despedida

Page 128: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

114

APÊNDICE 6 – QUESTIONÁRIO

Page 129: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

115

Page 130: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

116

Page 131: Ana Rita Barros Pereira Dificuldades de expansão da ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/40742/1/Dissertação... · Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações

117