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Ana Claudia Rocha ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DIFERENTES ABORDAGENS PARA O CÁLCULO DE ESTOQUE DE SEGURANÇA PARA MATÉRIA-PRIMA: O CASO DE UMA INDÚSTRIA DO SEGMENTO DE BEBIDAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título em Engenharia Civil, habilitação Produção Civil. Orientador: Prof. Carlos Manuel Taboada Rodriguez, Dr. Florianópolis 2018

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Ana Claudia Rocha

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DIFERENTES

ABORDAGENS PARA O CÁLCULO DE ESTOQUE DE

SEGURANÇA PARA MATÉRIA-PRIMA: O CASO DE UMA

INDÚSTRIA DO SEGMENTO DE BEBIDAS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Engenharia de Produção e Sistemas da

Universidade Federal de Santa

Catarina, como requisito parcial para

obtenção do título em Engenharia

Civil, habilitação Produção Civil.

Orientador: Prof. Carlos Manuel

Taboada Rodriguez, Dr.

Florianópolis

2018

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ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DIFERENTES

ABORDAGENS PARA O CÁLCULO DE ESTOQUE DE

SEGURANÇA PARA MATÉRIA-PRIMA: O CASO DE UMA

INDÚSTRIA DO SEGMENTO DE BEBIDAS DE MÉDIO

PORTE

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e

aprovado, em sua forma final, pelo curso de Graduação em Engenharia

de Produção Mecânica, da Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, 30 de novembro de 2018.

________________________

Prof. Marina Bouzon, Dr ª.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________

Prof.ª Carlos Manuel Taboada Rodriguez, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof.ª Antônio Sérgio Coelho, Dr.ª

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Eduardo Ferreira da Silva, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

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Dedico este trabalho aos meus pais,

meu irmão e meu namorado por todo

amor e apoio depositados em mim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Valmor e Silene, meu

irmão, André, e meu namorado Vinicios, são estes os meus melhores

amigos e meu porto seguro. Agradeço pelo amor, carinho e compreensão

ao longo dos anos, inesgotáveis e essenciais para eu chegar até aqui.

Aos meus pais, por me proporcionarem a oportunidade de estudar,

me ensinarem o valor do estudo e me incentivarem a sonhar sempre alto

e buscar estar entre os melhores.

Ao meu namorado, por durante estes seis anos de faculdade ser

tolerante com as ausências e distâncias físicas e sempre ser meu apoio e

o maior torcedor pelo meu sucesso.

À toda minha família e amigos, que de alguma forma contribuíram

para a realização desta etapa e foram fundamentais na minha jornada.

À EJEP (Empresa Júnior de Engenharia de Produção) e seus

membros, por ser a minha primeira experiência profissional, que me

gerou todo o preparo necessário para traçar meu caminho na graduação,

além de trazer grandes amigos para a vida.

Ao GELOG (Grupo de Estudos Logísticos) e seus membros, por

me apresentar o mundo da logística, despertando uma grande paixão e o

que viria a ser meu principal caminho profissional.

Ao meu orientador, professor Carlos Manuel Taboada Rodriguez,

pelo conhecimento transmitido e pelo apoio e acompanhamento

constantes.

À empresa estudada para a elaboração deste TCC e seus

colaboradores, pela abertura e disponibilidade constante.

E a todos os professores, servidores e colegas do Departamento de

Engenharia de Produção e Sistemas e do Departamento de Engenharia

Mecânica, por se dedicarem a esta universidade e por contribuírem na

minha formação.

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“Não se deve ir atrás de objetivos fáceis, é

preciso buscar o que só pode ser alcançado por

meio dos maiores esforços. ” (Albert Eistein)

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo identificar a abordagem mais

adequado de cálculo de estoque de segurança para matéria-prima em

uma indústria de bebidas de médio porte com gestão de estoques via

MRP (Material Requirement Planning). Para isso, identifica-se o nível

de serviço desejado para o atendimento do processo produtivo com o

auxílio da classificação ABC, delimita-se o comportamento

probabilístico da demanda de cada insumo por meio do uso da

ferramenta Imput Analyser. Posteriormente, é calculado o estoque de

segurança de matéria-prima, para o caso de uma indústria do segmento

de bebida de médio porte, pelas diferentes abordagens de cálculo de

estoque de segurança encontrados na literatura. Por fim, confronta-se

os resultados obtidos por meio dos indicadores de cobertura de estoque

e valor de estoque, propondo a abordagem mais adequada ao estudo

de caso em questão.

Palavras-chave: Estoque de segurança, Gestão de estoques, Matéria-

prima.

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ABSTRACT

The present study aims to identify the most appropriate method of

calculating safety stock for raw material in a medium-sized beverage

industry with inventory management via MRP (Material Requirement

Planning). For this, identify the level of service desired for the service

of the productive product with the aid of the ABC classification,

delimit the probabilistic behavior of the demand of each analysis tool.

Subsequently, it is the stock of raw material safety, in the case of a

medium-sized soft drink industry, through various methods of storing

safety stock. Finally, the comparison with the results of the indicators

of capital coverage and stock value, proposing the method that best

suits the case study in question.

Keywords: Safety Stock, Inventory Management, Raw Material.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas da pesquisa ..................................................... 27 Figura 2 - Distribuição normal ................................................... 35 Figura 3 - Distribuição típica e usual da curva ABC .................. 36 Figura 4 - Esquema de planejamento de necessidades de materiais

............................................................................................................... 38 Figura 5 - Modelo para a definição do estoque de segurança ..... 46 Figura 6 - Mapa da cadeia de suprimentos da empresa ............. 49 Figura 7 - Gráfico do volume (toneladas) vendido x produzido 50 Figura 8 - Diagrama de Pareto .................................................... 54 Figura 9 - Distribuição probabilística do item 63158 ................. 59 Figura 10 - Distribuição probabilística do item 63479 ............... 59 Figura 11 - Distribuição probabilística do item 63791 ............... 60 Figura 12 - Valor do estoque de segurança para dois casos: sem e

com tratamento para os itens esporádicos ............................................. 67 Figura 13 - Cobertura de estoque de segurança para dois casos: sem

e com tratamento para os itens esporádicos .......................................... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Parâmetros MRP......................................................... 51 Tabela 2- BOM do SKU 19428 .................................................. 52 Tabela 3 - Priorização ABC........................................................ 53 Tabela 4 - Parâmetros estabelecidos entre empresa e fornecedores

e nível de serviço determinado .............................................................. 56 Tabela 5 - Parâmetros de consumo calculados ........................... 58 Tabela 6- Erros quadráticos do item 63158 ................................ 59 Tabela 7 - Erros quadráticos do item 63479 ............................... 60 Tabela 8- Erros quadráticos do item 63791 ................................ 60 Tabela 9 - Adaptação do consumo dos itens a curvas

probabilísticas ....................................................................................... 61 Tabela 10 - Resumo das equações e parâmetros utilizados para o

cálculo do E.S. ....................................................................................... 62 Tabela 11 - Indicadores para os diferentes métodos de cálculo de

E.S. ........................................................................................................ 64 Tabela 12 -Valores de E.S. para itens com comportamento não

normal ................................................................................................... 66 Tabela 13 - Indicadores dos cálculos de E.S diferenciando itens

com comportamentos não normal ......................................................... 67

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABC – Activity Based Costing

BOM – Bill of Materials

CD – Centro de distribuição

CIF – Cost, Insurance and Freight

Cód – Código

D. Pad – Desvio Padrão

ERP – Enterprise Resource Planning

ES – Estoque de segurança

FOB – Free on Board

LDL – Laborátorio de desenvolvimento logístico

MAD – Mean Absolute Deviation

MAPE (Mean Absolute Percentage Error)

MRP –Material Requirements Planning

NS – Nível de serviço

OTIF – On time in full

PCP – Planejamento e Controle de Produção

S&OP – Sales and operations Planning

SKU – Stock Keeping Unit

TI – Tecnologia de Informação

TR – Tempo de ressuprimento

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

Uind – Unidade

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................... 23 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................... 23

1.2 OBJETIVOS ......................................................................... 25

1.2.1 Objetivo geral ...................................................................... 25

1.2.2 Objetivo específico .............................................................. 25

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................. 25

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................... 26

1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ........................................ 28

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................... 28

2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................. 31 2.1 IMPORTANCIA DOS ESTOQUES .................................... 31

2.2 GESTÃO DE ESTOQUES ................................................... 32

2.2.1 Lead time ............................................................................. 33

2.2.2 Consumo médio mensal ...................................................... 34

2.2.3 Estoque cíclico ..................................................................... 34

2.2.4 Estoque máximo .................................................................. 34

2.2.5 Nível de serviço.................................................................... 35

2.2.6 Curva ABC .......................................................................... 36

2.3 SISTEMAS DE REVISÃO DE ESTOQUES ....................... 37

2.4 ESTOQUE DE SEGURANÇA............................................. 39

3 ESTUDO DE CASO ........................................................... 48 3.1 A EMPRESA ........................................................................ 48

3.2 DEFINIÇÃO DO ESCOPO DO ESTUDO DE CASO......... 51

3.3 TRATAMENTO DOS DADOS E NÍVEL DE SERVIÇO ... 52

3.4 DEFINIÇÃO DOS PARAMETROS DE CONSUMO ......... 56

3.5 CÁLCULO DO ESTOQUE DE SEGURANÇA .................. 62

4 RESULTADOS ................................................................... 64 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................... 72 6 REFERENCIAS .................................................................. 74

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Para Campos (2013) os avanços tecnológicos do século XXI e a

exigência cada vez maior dos clientes por produtos e serviços de

qualidade, fez com que houvesse a necessidade de as empresas adaptarem

estratégias e processos internos para garantir a lealdade do cliente,

colocando-o como o foco das empresas modernas.

A crescente competição no mercado exige uma eficiência

operacional cada vez maior, reduzindo os custos e dando um enfoque

maior no cliente final. Os consumidores estão sempre exigindo níveis de

serviço mais elevados com menores preços de compra. Para conseguir

atender tal exigência é necessário operar no ponto ótimo entre os custos e

o nível de serviço entregue ao cliente.

De acordo com Novaes (2016), não é possível atuar de forma

competitiva sem que haja mecanismos de melhoria contínua junto aos

elos de uma cadeia de suprimentos, de forma a reduzir custos, aumentar

a qualidade dos produtos e do nível de serviço no ponto de vista do cliente

final. Bornia (2010) acrescenta que as empresas modernas se diferenciam

das empresas tradicionais pelo combate aos desperdícios e pela aplicação

de processos de melhoria contínua.

Diante da importância da melhoria da eficiência no ambiente

empresarial, e dado que segundo Ballou (2006), os custos logísticos

ocupam o segundo lugar em uma empresa, perdendo apenas para o custo

de compras para um fabricante médio, assim, destaca-se a importância da

otimização desse custo. O mesmo autor ainda complementa que se agrega

valor pela minimização desses custos e mediante o repasse desses

benefícios aos clientes e aos acionistas da empresa.

Dentro dos custos logísticos citados por Ballou (2006), Vollmann

et al. (2006) destaca que os estoques representam investimentos acima de

25% do capital aplicado no negócio. Ademais, pesquisa realizada pelo

LDL (Laboratório de Desenvolvimento Logístico) em 2014 demonstra

que, para o estado de Santa Catarina, os custos de estoque representam a

segunda maior parcela dos custos logísticos de uma empresa, inferior

apenas aos custos de transporte.

Na opinião de Morrison (1970) o principal objetivo, quando se

trata de estoques, é manter o valor do inventário sempre nos mais baixos

níveis praticáveis, visando a economia do uso de capital de giro e para

minimização dos custos de estocagem.

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Neste sentido, Slack at al (2009), corrobora que os gerentes de

produção têm uma atitude ambivalente em relação aos estoques. Pois

apesar de eles serem custosos, algumas vezes empatar considerável

quantidade de capital, além dos riscos inerentes a obsolescência e o

espaço valioso ocupado, eles trazem benefícios quando considerado o

nível de segurança que proporcionam em ambientes complexos e incertos.

Krever et al. (2003) mostraram que uma boa gestão de estoque

equilibra a disponibilidade de produto, o nível de serviço e os custos de

manutenção. Isto acontece, pois, o estoque interliga e influencia diversas

operações dentro da organização. Faz-se necessário, portanto, alcançar o

equilíbrio das atividades envolvendo estoque, pois ao passo que este gera

malefícios, como por exemplo, custo de armazenagem e capital parado, o

produto disponível na hora certa permite que os clientes fiquem satisfeitos

com o serviço, fator importante para o aumento das vendas.

Um parâmetro indispensável para o gerenciamento eficiente dos

estoques é o estoque mínimo, ou estoque de segurança, que a empresa

deve manter para garantir o fluxo contínuo das operações. De acordo com

Slack at al (2009) o estoque de segurança “É chamado de estoque

isolador. Seu propósito é compensar as incertezas inerentes a

fornecimento e demanda. Por exemplo, uma operação de varejo nunca

pode prever perfeitamente a demanda. Ela vai encomendar bens de seus

fornecedores de modo que sempre haja pelo menos certa quantidade da

maioria dos itens em estoque. ”

Considerada a relevância da gestão de estoques no diferencial

competitivo das empresas, observa-se a oportunidade de pesquisa no que

diz respeito ao estabelecimento dos níveis mínimos de estoque de

matéria-prima de uma indústria para que se mantenha o fluxo contínuo do

processo produtivo, evitando paradas de linha e o não atendimento do

cliente final.

Ademais, quando tratamos de cálculo de estoque de segurança

encontramos diferentes abordagens na literatura, o que pode levar a

dúvidas sobre qual equação mais adequada quando se depara com um

problema real.

Dentro do exposto, o presente trabalho aborda um problema real

de grande importância no cenário competitivo atual, o dimensionamento

do estoque de segurança. Assim sendo, para a indústria de médio porte do

segmento de bebidas objeto de estudo, o presente trabalho visa calcular

da melhor maneira os níveis de estoque se segurança necessários, de

modo a adequar-se as variações do ambiente industrial garantindo o fluxo

contínuo do processo produtivo e melhorando a eficiência operacional da

empresa.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O presente estudo tem por objetivo realizar um comparativo entre

diferentes abordagens para o cálculo de estoque de segurança para

matéria-prima em uma indústria do segmento de bebidas de médio porte.

Objetivo específico

a) identificar o nível de serviço desejado para o atendimento do

processo produtivo

b) delimitar o comportamento da demanda de matéria-prima

c) realizar um comparativo entre as diferentes abordagens de

cálculo de estoque de segurança por meio de indicadores

d) definir o nível de estoque de segurança para as matérias-primas

com base nas abordagens de cálculo estudadas, nos indicadores, e na

realidade da empresa.

1.3 JUSTIFICATIVA

Almeida (2011) destaca que um estudo pode ser justificado com

base em argumentos referentes à sua importância, originalidade,

oportunidade e viabilidade.

Sendo assim, o presente estudo justifica-se pelos seguintes

argumentos levantados. A importância deste trabalho surge pelo fato de

resolver uma problemática real. Ademais, a definição dos níveis de

estoque de segurança a serem praticados por uma empresa é uma

problemática comum em outras diversas companhias.

Contudo, hoje na literatura encontra-se uma variedade de

pesquisas acadêmicas tratando do cálculo do estoque de segurança do

produto acabado, sendo a maior parte dos estudos encontrados voltados

para o varejo, onde o estoque de segurança é projeto para o atendimento

do cliente final. Todavia, este estudo tem como foco o cálculo do estoque

de segurança de matéria-prima para atendimento do processo produtivo.

Desse modo, a dinâmica e a realidade da problemática são

diferentes. Para tal caso, a perspectiva é para uma demanda dependente e

o problema pode ser intensificado quando se possui grande variação entre

o planejamento de produção e a produção realizada a médio prazo. Além

do mais, encontra-se na literatura diferentes abordagens para cálculo de

estoque de segurança, que podem variar o resultado final desejado.

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Sendo assim, justifica-se a importância do estudo dado que a

realidade do ambiente de matéria-prima industrial é menos explorada na

literatura e as abordagens para cálculo do estoque de segurança são

diversas, gerando dúvidas quando aplicados em um problema real.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Segundo Mello (2007), o objetivo de um método científico é dar

subsídio e segurança para o desenvolvimento da investigação, a fim de

orientar as atividades e procedimentos para fundamentar o estudo. Isto

inclui a capacidade de discernir e conduzir à ação para obter resultados

consistentes que levam a argumentar uma hipótese.

Considerando o contexto da empresa objeto de estudo e os

procedimentos metodológicos presentes neste trabalho, pode-se concluir

que esta pesquisa se caracteriza como um estudo de caso.

[...] Pode-se definir o estudo de caso com uma investigação empírica que

investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,

especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. (YIN, 2001, apud MARTINS, MELLO E TURRIONI,

2014 p.141).

O estudo de caso baseia-se em evidências e dados, e beneficia-se

do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta

e a análise de dados. (YIN, 2005)

Para Yin (2005), o estudo ainda pode ser classificado como uma

pesquisa de caráter exploratório, uma vez que o estudo possui a finalidade

de ampliar o conhecimento sobre determinado problema, por meio de

dados e análises, proporcionando uma maior busca de conhecimento.

A estrutura da pesquisa está dividida em dez etapas. As três

primeiras são referentes à escolha do tema, objetivos e método de

pesquisa, o qual definiu-se como sendo um estudo de caso. Na sequência,

realizou-se uma pesquisa na literatura em artigos, periódicos, teses

acadêmicas, congressos e livros. Esta pesquisa permitiu aprofundamento

do entendimento dos conceitos de Gestão de Estoque, do modelo de

revisão de estoques via MRP (Material Requirements Planning) e as

diferentes abordagens utilizados para cálculo de estoque de segurança.

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Figura 1 - Etapas da pesquisa

Fonte: Autor

Nas etapas 5 e 6 obteve-se as informações necessárias para dar

suporte aos cálculos e análises seguintes. Para isso, realizou-se entrevistas

e acompanhamento do cotidiano da empresa, objeto do estudo. Na etapa

7, fez-se uma tratativa nos dados fornecidos, uma vez que as informações

necessárias para a resolução do problema não eram controladas

atualmente pela empresa.

Na etapa oito, iniciou-se analisando a distribuição probabilística

para o consumo de cada item em questão. Para tal, fez-se uso do Input Analyser, um componente do software ARENA®, que auxilia na

determinação da distribuição de probabilidades que melhor se ajusta aos

dados. Esta determinação é feita com base no menor erro quadrático

obtido.

Em seguida, com base nos conceitos obtidos na etapa de referencial

teórico, realizou-se o cálculo do estoque de segurança dos insumos para

cinco diferentes abordagens presentes da literatura. Posteriormente,

aferiu-se que para os itens que possuíam demanda com comportamento

probabilístico diferente da curva normal, fazia-se necessário uma sexta

abordagem para o cálculo do estoque de segurança, uma vez que as fórmulas exploradas na literatura englobavam apenas itens de

comportamento normal.

Para facilitar a posterior análise, calculou-se indicadores para os

resultados de estoques de segurança obtidos, tais como, cobertura de

estoque, desvio padrão da cobertura e valor de estoque de segurança total.

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Por fim, com base nos resultados obtidos e na realidade da empresa

determinou-se a abordagem mais adequada para o cálculo de estoque de

segurança na empresa objeto de estudo e apresentou-se recomendações

para a mesma, visando a melhoria dos resultados apresentados.

1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Devido ao termo de confidencialidade acordado com a empresa

objeto de estudo algumas informações sobre o negócio serão trazidas de

maneira fictícia, porém de modo a adaptar-se à realidade da empresa em

questão. Ademais, pelas mesmas razões, todo os dados utilizados foram

multiplicados por um fator aleatório.

Apesar de a empresa em questão possuir três plantas produtivas, o

estudo será restrito às matérias-primas de apenas uma das plantas

produtivas, a de maior volume, podendo ser replicado para as outras

unidades produtivas posteriormente.

Os dados sobre lote econômico de compras não serão calculados

no presente trabalho como costumeiramente é realizado em trabalhos

sobre gestão de estoques, tal limitação deve-se ao fato do foco do trabalho

ser apenas nos estoques de segurança.

Não foi possível, por questão de tempo, a coleta de dados históricos

que não eram mensurados pela empresa, desse modo, dados sobre os

quais a empresa não possuía controle e seriam necessários utilizou-se

aproximações que retratassem de forma mais próxima a realidade. Tais

aproximações serão descritas durante o trabalho.

O estudo em questão possui o enfoque na empresa objeto de estudo

e apenas nos estoques de segurança de matéria-prima, não garantindo que

os mesmos métodos utilizados para este trabalho tenham adaptabilidade

para uma empresa qualquer, porém, o mesmo pode ser utilizado como

embasamento para enfrentamento de futuros problemas semelhantes.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em cinco capítulos. No primeiro

capítulo é apresentada a introdução do trabalho, o tema da pesquisa,

contextualização, objetivos, justificativa e a metodologia utilizada no seu

desenvolvimento.

O segundo capítulo contempla o conteúdo teórico principal do

trabalho, onde é abordado as principais referências na revisão

bibliográfica, discorrendo sobre a importância dos estoques, gestão de

estoques e as principais definições relacionadas, sistemas de revisão de

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estoque dando enfoque ao sistema de revisão via MRP (Material

Requirements Planning) e por último sobre estoques de seguranças, tema

que será amplamente debatido nas etapas seguintes.

No terceiro capítulo é descrito o estudo de caso, as características

da empresa, a definição do escopo do estudo e a maneira como foram

tratados os dados. É descrita também a obtenção do nível de serviço e a

obtenção dos parâmetros de consumo e por fim, os cálculos de estoque de

segurança para as diferentes abordagens.

No quarto capítulo são realizadas análises a respeito dos resultados

obtidos com o estudo de caso, e define-se o melhor método para ser

utilizado pela empresa, além de recomendações.

No quinto e último capítulo encontram-se as conclusões do estudo

e considerações finais, realizando uma reflexão entre os objetivos

propostos e alcançados, bem com sugestões para futuros trabalhos sobre

o tema.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A fundamentação teórica foi realizada com base nos conceitos

abordados neste trabalho visando facilitar o entendimento do que foi

desenvolvido. Os principais assuntos são: Estoques, gestão de estoques,

sistemas de revisão de estoque e estoque de segurança.

2.1 IMPORTANCIA DOS ESTOQUES

Christopher (2011), afirma que a logística é o gerenciamento da

compra, do fluxo e da armazenagem de materiais de modo a maximizar

lucros das organizações e atender a demanda. Segundo Novaes (2016), o

foco principal da logística é satisfazer a necessidade do cliente, seja ele

uma pessoa física ou uma empresa. O mesmo autor salienta que é a

logística que dá condições reais de garantir ao consumidor final a posse

do seu produto ou serviço.

Para garantir a posse do consumidor final é necessário a eficiência

do processo produtivo, Smykay (1973) afirma que, os inventários de

matérias-primas, suprimentos e produtos acabados são as entradas para

manter a manufatura e saídas do processo produtivo, garantindo as vendas

da empresa.

Para Ballou (2006), os estoques são acúmulos de matérias-primas,

suprimentos, componentes, materiais em processo e produtos prontos,

podendo ser armazenados em diversos pontos do processo ou da cadeia

logística de uma empresa. Entende-se que as razões para se manter um

estoque estão nas variações entre a demanda do item em cada período e

na capacidade de produção ou fornecimento deste no respectivo período.

Para Gasnier (2002) “O propósito fundamental dos estoques é

amortecer as consequências das incertezas impedindo ou minimizando os

efeitos nos demais processos na cadeia de suprimento”.

Corrêa (2010) afirma ainda que há três tipos de estoque:

• Estoque de matérias-primas, na qual são usados como

ingredientes na linha de produção;

• Estoque de produtos acabados, definido como o estoque dos

produtos finais do processo;

• Estoque de materiais para manutenção, que apoia a linha de

produção e seu uso não está diretamente relacionado ao produto final.

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2.2 GESTÃO DE ESTOQUES

Para garantir o amortecimento das incertezas citadas anteriormente

e o atendimento das necessidades dos clientes, faz-se necessário a gestão

eficiente dos estoques.

O ato de controlar a quantidade de produto armazenado, decidir

quando fazer uma nova compra, a organização e distribuição por lotes ou

datas, identificação, classificação e outros, pode-se denominar de

gerenciamento de estoque ou de gestão de estoque. Gerenciamento de

estoque é o processo integrado pelo qual são obedecidas às políticas da

empresa e da cadeia de valor com relação aos estoques. (BALLOU,

2006).

Dias define o objetivo da gestão de estoques em uma empresa

como:

A gestão de estoques visa elevar o controle

de custos e melhorar a qualidade dos produtos

guardados na empresa. As teorias sobre o tema

normalmente ressaltam a seguinte premissa: é

possível definir uma quantidade ótima de estoque

de cada componente e dos produtos da empresa,

entretanto, só é possível defini-la a partir da

previsão da demanda de consumo do produto.

(DIAS, 2010).

O tipo de demanda é uma classificação fundamental para a gestão

de estoques. Slack, Chambers e Johnston (2009) classificam a demanda

para fins de gerenciamento do nível de estoque em dois tipos: dependente

e independente.

Vollmann et al. (2006) afirmam que a demanda independente é

influenciada por fatores externos da empresa, que induzem a variação

aleatória na demanda dos itens. Assim, as previsões de demanda para

estes materiais são baseadas nas projeções históricas da demanda,

estimando as taxas de consumo médio e padrões de variação aleatória.

Itens de demanda independentes estão associados ao gerenciamento dos

estoques de produtos finais, porém itens sujeitos a uso aleatório também

podem estar relacionados, sendo eles: itens de reposição para equipamentos, suprimentos de escritório e suprimentos que dão suporte a

todo processo de produção.

Vollmann et al. (2006), defini também o conceito de demanda

dependente, como a que está associado a possibilidade de calcular as

demandas com exatidão, de acordo com a necessidade prevista pelo plano

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mestre de produção. Define-se os itens dependentes como matérias-

primas e estoques intermediários.

A demanda dependente é aquela cuja reposição deve levar em

consideração itens que apresentam correlação. Desta forma, a demanda

de matéria-prima pode ser calculada uma vez que está sob o controle da

operação, estando diretamente relacionada com a necessidade bruta do

produto final. Os itens de demanda dependente podem ser controlados

pelo sistema MRP, pois o software auxilia no gerenciamento das

necessidades de itens ou produtos finais conforme a demanda prevista ou

nível de estoque (LUSTOSA et al., 2008).

Para realizar uma gestão de estoque eficiente é importante algumas

definições para futuros cálculos e discussões, os próximos itens têm como

objetivo descrever os principais conceitos necessários para compreensão

deste trabalho.

2.2.1 Lead time

Segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), lead time de compras

é o tempo compreendido entre a realização do pedido e a chegada do

material no estoque. A redução deste tempo dentro da cadeia de

fornecimento, produção e distribuição é o mecanismo para a competição

baseada no tempo.

Já de acordo com Leng e Parlar (2009), a redução do lead time

pode também resultar em previsões mais precisas, menores estoques de

segurança, níveis mais baixos de itens fora de estoque e menores

tamanhos de pedidos, levando a uma redução de inventário e custos. Para

Corrêa, Gianesi e Caon (2011), o lead time pode ser divido em dois tipos,

lead time de produção e lead time de compra.

Corrêa, Gianesi e Caon (2011) assemelham lead time de compras

ao de produção, porém a diferença é que os itens são comprados de

fornecedores. Sendo assim, define-se o lead time de compras da seguinte

forma:

a) Tempo de emissão física da ordem;

b) Tempo de transformação da ordem de compra em pedido;

c) Tempo de envio ao fornecedor;

d) Tempo de entrega do fornecedor;

e) Tempos de transporte se não considerados no item acima;

f) Tempo gasto com possíveis inspeções.

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Médias e desvio-padrão são geralmente usadas para indicar as

características das entregas dos fornecedores, desta forma, passa a ser

possível tomar decisões mais adequadas quanto ao lead time de itens

comprados. Entende-se que só é possível usar a média das distribuições

quando o desvio-padrão é relativamente pequeno em relação ao tempo

prometido ou quando o estoque de segurança é mais elevado para

satisfazer o nível de incerteza do desvio-padrão (CORRÊA; GIANESI;

CAON, 2011).

2.2.2 Consumo médio mensal

O consumo médio mensal é a quantidade referente a média

aritmética das retiradas mensais de estoque. A fim de que haja um grau

de confiabilidade razoável, está média deverá ser obtida do consumo dos

últimos 6 meses. (DIAS, 1993)

Também segundo Dias (1993), o consumo médio mensal é o guia

inicial do estudo do dimensionamento e controle de estoques.

2.2.3 Estoque cíclico

De acordo com Krajewski, Ritzman e Malhotra (2009), o tamanho

do estoque cíclico ou estoque médio é diretamente proporcional ao

tamanho do lote de produção ou de compras. A produção ou compra de

materiais se dá em lotes, ou bateladas, os quais proporcionam economias

que compensam os custos associados à manutenção deste tipo de estoque.

São classificados como natureza determinística por considerarem que o

suprimento e a demanda se manterão constantes e invariáveis ao longo do

tempo.

Para Dias (1993), o estoque médio deve ser igual ao estoque

mínimo ou estoque de segurança somado ao tamanho do lote de compra

dividido por dois.

2.2.4 Estoque máximo

Estoque máximo é a soma do estoque mínimo mais o lote de

compra. Nas condições normais de equilíbrio entre a compra e o

consumo, o estoque irá variar entre os limites máximos e mínimos. Estes

níveis somente serão validos sob o enfoque da produção, não se levando

em considerações aspectos de ordem financeira nem conjuntural, como

inflação, especulação ou investimento. Ele sofre influencias da

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capacidade de armazenagem disponível, que deve ser levada em

consideração na ocasião do seu dimensionamento. (DIAS, 1993).

2.2.5 Nível de serviço

Nível de serviço é a probabilidade de não faltar material durante

um ciclo de abastecimento, sendo que um ciclo de abastecimento é o

intervalo entre duas entregas. Naturalmente o risco ou a chance de faltar

material será o complemento do nível de serviço, por exemplo, um nível

de serviço de 98% representa um risco de 2% de acontecer falta de

material. (PEINALDO E GRAENEL, 2004)

Segundo Tubino (2000), a determinação do risco a correr, ou em

outras palavras do nível de serviço do item, é função de quantas faltas se

admite durante o período de planejamento como suportável para este

item. E se a demanda durante o tempo de ressuprimento possuir

comportamento normal, poderá se relacionar o nível de serviço com o

número de desvios padrões a serem cobertos pelos estoques de segurança.

Na figura 3 é representado o caso da distribuição normal citado

anteriormente. Observa-se no gráfico, que a distribuição normal está

centralizada em torno da demanda média e que o nível de serviço

corresponde a área coberta da distribuição normal, sendo o parâmetro Z,

referente ao número de desvios padrões necessários para cobrir essa área.

Figura 2 - Distribuição normal

Fonte: Peinado e Graenel (2004)

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2.2.6 Curva ABC

Para Dias (2010) “a curva ABC (Activity Based Costing) é um

importante instrumento para o administrador; ela permite identificar itens

que justificam atenção e tratamento adequados quanto a sua

administração”.

Assim de acordo com Viana (2010), a classificação ABC poderá

ser implementada com base em diferentes critérios, como tempo de

reposição, valor demanda/consumo, inventário, aquisições e outras, mas

predomina a classificação pelo valor de consumo.

Novaes (2000) cita, “o tratamento através da classificação ABC

permite a escolha de procedimentos mais adequados para cada categoria”.

Na figura 4 é apresentado uma curva ABC comum, onde apenas cinco

itens correspondem a 75% do valor em estoque. Em geral, a curva ABC

retrata um comportamento recorrente, onde uma pequena parcela de itens

corresponde a maior parcela dos parâmetros citados por Viana (2010) no

parágrafo anterior.

Figura 3 - Distribuição típica e usual da curva ABC

Fonte: Viana (2010).

A quantidade de itens relacionados para cada classe varia de

acordo com a empresa. Viana (2010) define as classes da curva ABC da

seguinte forma:

a) Classe A: representa o grupo de maior valor de

consumo e menor quantidade de itens, os quais devem

ser gerenciados com atenção especial, pois deles é a

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grande massa de imobilização de capital empatado na

formação de estoques.

b) Classe B: representa os itens intermediários entre as

classes A e C.

c) Classe C: representa o grupo de menor valor de

consumo e maior quantidade de itens; portanto,

menos importantes, que justificam menor atenção.

2.3 SISTEMAS DE REVISÃO DE ESTOQUES

Na literatura observa-se que os dois modelos de controle de

estoques debatidos mais frequentemente são os modelos de revisão

contínua e o modelo de revisão periódica.

Para Slack, Chambers e Johnston (2009), o controle de estoque por

ponto de reposição, ou modelo de revisão contínua, aborda a tomada de

decisão no instante do reabastecimento, havendo a necessidade de

acompanhamento contínuo dos níveis de estoque de cada item, assim,

quando o estoque atinge o nível de ressuprimento é necessário que seja

feito um pedido para reabastecimento.

Lustosa et al. (2008) definem que o modelo de revisão contínua é

um modelo de controle reativo, pois as decisões de reposição são baseadas

nas quantidades em estoque após cada retirada, não necessitando de

previsão sobre a demanda para que haja compra.

Já o modelo de revisão periódica para Moreira (2008), é mais

usado em estoque de demanda independente. De acordo com Ballou

(2006), o método pode controlar os níveis de estoques de múltiplos itens,

podendo revisar as necessidades e realizar encomendas ao mesmo tempo.

O nível de estoque de um item deve ser conferido sempre em uma data

predeterminada, sendo posto o pedido de compra após a conferência.

Entende-se que após a chegada do pedido, o estoque terá a capacidade de

cobrir a demanda até a próxima revisão.

Porém para o caso em questão, faz importante dar enfoque a um

terceiro modelo de controle de estoque, o por meio do MRP.

Tubino (2009) afirma que os modelos de controle de estoque

podem ser divididos em dois grupos: os de emissão indireta e os de

emissão direta. Os modelos de emissão indireta se encarregam de

determinar o momento da reposição independentemente da demanda, já

os de emissão direta que contemplam o sistema de reposição MRP,

consiste em emitir pedidos de acordo com a demanda prevista.

Para Ritzman e Krajewski (2004), o MRP é um sistema de

informação computadorizado desenvolvido para auxiliar as empresas na

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administração dos estoques, elaboração do plano de suprimentos de

materiais e atendimento à demanda produtiva.

Segundo Chase, Jacobs e Aquilano (2006), o sistema consegue

prever a necessidade devido as listas de materiais que são geradas, criando

assim uma programação de tempo e quantidade para cada etapa do

processo.

Slack, Chambers e Johnston (2006) definem o MRP como um

sistema de administração de estoques produção baseado na combinação

de pedidos contratados e pedidos futuros, gerando assim uma base de

cálculos para a programação dos materiais.

A Figura 7 ilustra o esquema definido por Slack, Chambers e

Johnston (2009), para o processo de informações do sistema MRP, onde

as entradas das necessidades de produção são feitas pelas previsões de

demanda e carteira de pedidos, gerando assim o plano mestre de

produção.

Figura 4 - Esquema de planejamento de necessidades de materiais

Fonte: Slack, Chamber e Johnston (2009)

Com isso, o sistema realiza o processamento das informações

baseado nos registros de estoques, lista de materiais e plano mestre de

produção, calculando as necessidades para ressuprimento dos estoques.

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Assim que processadas as informações, o sistema gera os resultados que

se dá por meio de ordens de compras, planos de materiais e ordens de

trabalho (Slack; Chambers; Johnston, 2009).

Para Moura (2004), a Bill of Materials (BOM), que possui a

tradução livre de lista de materiais, é um pré-requisito importante para

que MRP tenha um funcionamento eficaz. A BOM contém a relação de

todos os conjuntos, subconjuntos, peças componentes e matérias-primas

que são necessários para produzir uma unidade de produto acabado. Todo

produto pronto possui sua própria lista de materiais, sendo de extrema

importância que a lista esteja sempre correta e atualizada, a fim de evitar

possíveis erros nas compras de materiais.

Corrêa, Gianesi e Caon (2011) afirma que o cálculo do MRP visa

retardar ao máximo as programações de atividades, tendendo a

minimização dos estoques carregados. Nota-se que o sistema possui uma

lógica que parte inicialmente da futura necessidade de produto acabado,

posteriormente o sistema realiza a explosão das necessidades de

componentes nível a nível, levando em conta o lead time, este processo,

no MRP, é denominando como programação para trás.

Moura (2004) conclui que o sistema MRP oferece grandes

vantagens como:

a) Redução nos custos de estoque;

b) Maior eficiência na programação de materiais e insumos;

c) Redução em desperdícios de materiais;

d) Agilidade às mudanças do mercado;

e) Disciplinar e priorizar a produção, eliminando assim

custos relacionados a controles manuais dos estoques;

f) Controle por inventários.

Para Dias (2010), o sistema MRP apresenta as seguintes limitações:

a) Processamento computacional pesado;

b) Não realiza avaliação dos custos de colocação de ordens e

transportes, podendo gerar aumento nos gastos com

transporte, à medida que os lotes são menores;

c) Baixa sensibilidade à flutuação do mercado a curto prazo;

alta complexidade do sistema pode gerar desistência na

implantação

2.4 ESTOQUE DE SEGURANÇA

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Ritzman e Krajewski (2004) definem estoque de segurança como

uma ferramenta que objetiva fazer frente às incertezas do processo de

aquisição ou fabricação de materiais. Usa-se estoque de segurança para

os itens finais e comprados, protegendo a empresa contra pedidos de

clientes e fornecedores que possuem variação e também não são

confiáveis.

Segundo Tubino (2000) quanto maiores forem as variações na

demanda prevista e/ou variações nos tempos previstos de ressuprimento,

maiores deverão ser os estoques de segurança do sistema para garantir o

abastecimento contínuo. Na realidade os estoques de segurança agem

como amortecedores para os erros do sistema produtivo associados ao

abastecimento interno ou externo dos itens.

Tubino (2000) complementa que no que se refere ao

dimensionamento dos estoques de segurança, a determinação deles deve

levar em consideração dois fatores a serem equilibrados: os custos

decorrentes do esgotamento do item e os custos de manutenção dos

estoques de segurança. Quanto maiores forem os custos de falta atribuídos

ao item, maiores serão os níveis de estoque de segurança que se dispõe

manter, e vice-versa.

Quando se diz respeito ao estoque de segurança para matéria-prima

para modelos de controle de estoque baseados nos MRP, Ritzman e

Krajewski (2004) afirma que o estoque de segurança se incorpora a lógica

do MRP programando um recebimento planejado sempre que o saldo

disponível ficar abaixo do nível de estoque de segurança desejado.

De acordo com Guerra (2009), diferentes abordagens podem ser

utilizadas para a definição do ES (estoque de segurança): desde uma

decisão sem nenhum fundamento, apenas travestida de feeling, passando

por definições de estoque baseadas na experiência até um complexo

cálculo analítico. O ponto a destacar é que, em muitas situações, os

sistemas MRP tratam o parâmetro ES como um dado de entrada, o que

exige uma decisão humana sobre qual dado carregar no sistema. Em

outras, ainda que o sistema possa calculá-lo, podem existir outros

entraves:

a) A qualidade e a quantidade de dados necessários para o

sistema realizar o cálculo segundo sua lógica, tanto em

termos da diversidade de dados, quanto do período

histórico mínimo que deve estar disponível;

b) O raciocínio usado no cálculo pode estar escondido na

caixa preta que são os softwares proprietários, o que acaba

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gerando uma desconfiança do usuário no que se refere ao

cálculo feito pelo sistema.

Guerra (2009) ainda acrescenta que, o parâmetro ES e mais um

conjunto de outras informações são tratados pelo sistema MRP que, por

fim, irá sugerir ordens de compra a serem efetivadas ao longo do tempo.

Assim, a função responsável por analisar estas sugestões e tomar a

decisão de aceitá-las ou não é do usuário do parâmetro, pois é ele quem

efetivamente está decidindo e agindo no sentido de transformar o

parâmetro cadastrado no sistema em um estoque físico.

Segundo Staudt (2014) os dois métodos mais utilizados para

calcular o ES são baseados no sistema de demanda (também denominado

reativo) e no sistema de previsão (também denominado ativo). O método

reativo quantifica o estoque de segurança a partir da variabilidade da

demanda, já o método ativo, pela variabilidade dos erros de previsão de

demanda.

Segundo Figueiredo e Netto (2001), no modelo baseado no sistema

de demanda a previsão implícita do período é a demanda média. Como

resultado, o desvio-padrão da demanda é equivalente ao desvio-padrão da

“previsão” de erros. Já o sistema de previsão é mais complexo e caro de

implementar que o baseado no sistema de demanda, mas é potencialmente

mais eficiente, pois requer a estimação do erro de previsão.

Wanke (2003) apresenta a equação 1 para o cálculo do estoque de

segurança. Tal equação avalia a demanda e o tempo de resposta como

duas variáveis independentes. Peinado e Graenel (2004), corrobora a

equação e afirma que em diversas situações a variabilidade pode

acontecer tanto para a demanda como para o tempo de ressuprimento,

nessas situações naturalmente, ambas as variações precisam ser levadas

em conta para a estimativa do estoque de segurança.

𝐸𝑆 = 𝑍𝑎√𝜇𝑇𝑅 ∗ 𝜎𝐷2 + 𝜇𝐷

2 ∗ 𝜎𝑇𝑅2 (1)

Onde:

𝑍𝑎: Nível de atendimento

𝜇𝑇𝑅: Tempo médio de ressuprimento

𝜎𝐷: Desvio padrão da demanda

𝜇𝐷: Demanda média

𝜎𝑇𝑅: Desvio padrão do tempo de ressuprimento

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Peinado e Graenel (2004) sugere também uma simplificação do

modelo para casos onde a demanda é variável e o tempo de ressuprimento

constante, para esses casos, é estabelecido o uso da formulação 2.

𝐸𝑆 = 𝑍𝑎 ∗ √𝑇𝑅 ∗ 𝜎𝐷 (2)

Onde:

𝑍𝑎: Nível de atendimento

TR: Tempo de ressuprimento

𝜎𝐷: Desvio padrão da demanda

Este caso acontece quanto o material em questão tem fornecedor

que apresenta elevado grau de garantia no cumprimento do prazo de

tempo de ressuprimento tornando mínima ou desprezível qualquer

variação no prazo de entrega. Nesta situação o estoque de segurança será

calculado levando-se em conta a variação da demanda durante o tempo

de ressuprimento (Peinado e Graenel, 2004)

Peinado e Graenel (2004), sugere também o cálculo de estoque de

segurança para uma demanda constante e um tempo de ressuprimento

variável. Este caso acontece quando o material apresenta processos de

consumo ou utilização com demanda constante ou de variação

desprezível como, por exemplo, em determinados processos contínuos de

fabricação, mas não existe garantia absoluta no tempo de ressuprimento

da matéria-prima.

𝐸𝑆 = 𝑍𝑎 ∗ 𝜇𝐷 ∗ 𝜎𝑡𝑟 (3)

Onde:

𝑍𝑎: Nível de atendimento

𝜇𝐷: Demanda média

𝜎𝑡𝑟: Desvio padrão do fornecedor

Via de regra, o cálculo do desvio padrão do tempo de

ressuprimento é efetuado com base nas entregas ocorridas em períodos

anteriores através da tradicional fórmula.

𝑆 = √∑(𝑥𝑖−𝑥𝑚é𝑑.)

2

(𝑛−1) (4)

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Onde:

𝑥𝑖: Tempo de ressuprimento no período

𝑥𝑚é𝑑.: Tempo médio de ressuprimento

𝑛: Número de períodos analisados

Nota-se que todas as formulações apresentadas até o momento

levam em consideração o desvio padrão da demanda e não indicadores do

erro da previsão de demanda. Ademais, é estabelecido como premissa

para todas as formulações que o comportamento da demanda segue uma

distribuição normal.

Eppen e Martin (1988, apud Oliveira, 2010) afirmam que na

prática essa normalidade de distribuição não é garantida, que somente em

alguns casos se pode encontrar um material com uma distribuição normal

de demanda. Muitas vezes assume-se o comportamento normal para

determinar o estoque de segurança, contudo, ele afirma que esse

procedimento facilita, mas infelizmente incorre em erros, levando a

rupturas no estoque ou a excesso do mesmo.

Gonçalves e Schwember (1979) propõem um modelo simplificado

para o cálculo de estoque de segurança não envolvendo os parâmetros da

curva de distribuição normal. Ele define o fator de segurança, F, como a

porcentagem desejada de atendimento da demanda, ou seja, o nível de

serviço.

𝐸𝑆 = 𝜇𝐷 ∗ 𝐹 (5)

ES = estoque de segurança

F = fator de segurança

𝜇𝐷: Demanda média

Contudo, Junior (2007) destaca que a previsão de demanda é um

dos principais fatores que contribui para a eficiência na cadeia produtiva

das empresas. Ela é fundamental para o planejamento da demanda e, por

extensão, para o início do processo de suprimento. Neste sentido, quanto

maior a acuracidade da previsão de demanda menor serão os impactos no

nível de atendimento e custos da cadeia de suprimentos. O não-

atendimento destas condições aumentam os custos do produto e afeta a

lucratividade do negócio.

Staudt (2011) apresenta uma equação para o cálculo do estoque de

segurança com base no erro de previsão para modelos de revisão contínua,

sendo o erro de previsão calculado pela equação 6, e o estoque de

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segurança pela equação 7. Ela ressalta que, para implantação deste

modelo, necessita-se de um histórico da demanda do produto que pode

variar de acordo com o método de previsão a ser aplicado.

𝜎𝐷 = √∑ (𝑥𝑖

𝑛𝑖=1 −𝑥𝑚)2

𝑛−1 (6)

Onde:

𝜎𝐷: Desvio padrão do erro de previsão

𝑥𝑖: Valor de determinada diferença entre previsão de demanda e

demanda

𝑥𝑚: Média das diferenças entre previsão de demanda e demanda

𝑛: Número de períodos analisados

𝐸𝑆 = 𝑍𝑎 ∗ √𝑇𝑅 ∗ 𝜎𝐷 (7)

Onde:

𝑍𝑎: Nível de atendimento

TR: Tempo de ressuprimento

𝜎𝐷: Desvio padrão do erro de previsão

Nota-se que a diferença entre a formulação 2 e a 7 está no fator de

variação da demanda, a primeira leva em consideração o desvio padrão

da demanda durante o tempo de ressuprimento, enquanto a segunda a leva

em consideração o erro da previsão de demanda.

Tubino (2000) propõem também uma formulação levando em

consideração o erro da previsão, contudo é utilizado como indicador do

erro o MAD (Mean Absolute Deviation) descrito na equação 8, que é o

desvio padrão absoluto da média, ou seja, mensura a diferença média

entre a previsão do período e o realizado no mesmo período. Segundo o

autor, a utilização do MAD deve-se ao fato da facilidade em se trabalhar

com tal indicador em sistemas computacionais. A formulação proposta

por Tubino é representada pela equação 9.

𝑀𝐴𝐷 =∑ |𝑦𝑡−𝑦𝑡 ̇ | 𝑛

𝑖=1

𝑛 (8)

Onde:

𝑦𝑡: Demanda real do período

𝑦𝑡 ̇ : Demanda prevista para o período

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𝑛: Número de períodos em análise

𝑄𝑠 = 𝑍 ∗ 1,25 ∗ 𝑀𝐴𝐷 (9)

Onde:

𝑍: Nível de atendimento

𝑀𝐴𝐷: Mean Absolute Deviation

Schwitzky (2001) avalia que quando a produção é realizada em

função de previsões de demanda, recomenda-se calcular o desvio-padrão

das diferenças entre previsão e demanda para o dimensionamento do

estoque de segurança. Isto se justifica em duas situações:

a) Quando a variação da demanda é pequena e os erros de

previsão são grandes o estoque de segurança

dimensionado pelo desvio-padrão da variação da demanda

(método reativo) não consegue garantir um nível de

atendimento escolhido.

b) Quando a variação da demanda é grande e os erros de

previsão são pequenos – o estoque de segurança

dimensionado pelo desvio-padrão da variação da demanda

resulta num estoque de segurança muito além do

necessário para garantir um nível de atendimento

previamente escolhido

Figueiredo e Netto (2001) descrevem os resultados dos estudos de

Zin & Marmorstein (1990) em que simulações indicaram que o método

de cálculo de estoque de segurança baseado na previsão, embora menos

utilizado na literatura da área de logística, resulta em aproximadamente

15% menos estoque de segurança para assegurar o mesmo nível de

serviço ao cliente que o modelo de demanda.

Ademais, para que os cálculos de estoque de segurança funcionem

na prática Guerra (2009) destaca que é imprescindível que o usuário (a

pessoa, não a função) do parâmetro tenha consciência e segurança do

processo que foi utilizado na sua definição, ainda que ele não tenha

participado dele. Pode não parecer uma boa ideia para um comprador

confiar em um parâmetro definido por terceiros e por meio de critérios

desconhecidos, pois, neste caso, o valor do parâmetro torna-se algo

subjetivo, ao passo que ele tem seu trabalho medido por indicadores

bastante claros.

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Por fim, Guerra (2009) propõe um processo formal para a definição

de estoque de segurança para itens comprados por uma empresa, descrito

na figura 6. Sendo a primeira etapa o cálculo do ES de maneira

quantitativa, como pelas formulas descritas anteriormente, seguido pela

análise qualitativa, dada a rotina do planejador e a validação com a corpo

diretiva no que se diz respeito ao valor do estoque, posteriormente a

oficialização do cadastro com compras e TI (tecnologia de informação)

(para a parametrização do sistema MRP) e por fim, o monitoramento dos

itens.

Figura 5 - Modelo para a definição do estoque de segurança

Fonte: Guerra (2009)

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48

3 ESTUDO DE CASO

Neste capítulo será descrito o caso em questão, a problemática a

ser estudada de maneira mais detalhada e o desenvolvimento da proposta

para cálculo de estoque de segurança para empresa objeto de estudo

3.1 A EMPRESA

Desse modo, a empresa em questão trata-se de uma indústria do

seguimento de bebidas, que atua prioritariamente no estado Santa

Catarina, tendo três plantas produtivas e dezesseis SKUs (Stock Keeping Unit). O principal diferencial competitivo da empresa é a qualidade dos

produtos e o bom nível de serviço.

A empresa está inserida em um mercado com demanda sazonal e

uma capacidade produtiva limitada. Desse modo, a empresa não possui

capacidade produtiva suficiente para atender a demanda do período de

alta, sendo necessária a formação de estoque durante o período de menor

demanda.

Assim, o planejamento da produção exige uma boa previsão de

demanda anual para permitir o estudo da capacidade produtiva ao longo

do ano e o dimensionamento dos estoques necessários para atendimento

completo da demanda. As três fábricas atuam de maneira complementar,

tendo alguns SKUs que possuem flexibilidade, que podem ser produzidos

em mais de uma planta, enquanto outros itens são exclusivos de uma

unidade produtiva.

A unidade produtiva responsável pelo maior volume de produção

é localizada próxima ao principal polo consumidor, está unidade

produtiva será tratada neste trabalho como fábrica A. Por sua localização

privilegiada, a fábrica A, possui um centro de distribuição acoplado a ela.

Tal centro de distribuição além de armazenar e distribuir os itens

produzidos pela fábrica A, recebe itens produzidos pelas fábricas B e C.

Ademais, as fábricas B e C atendem os mercados consumidores nas suas

proximidades. O centro de distribuição e as fábricas atendem varejistas,

que revendem o item para o consumidor final.

O esquema mostrado na figura 6 demonstra a cadeia logística em

questão. As setas em vermelho indicam o transporte interno, entre fábrica

e CD (centro de distribuição), enquanto as setas em cinza indicam o

transporte até os varejistas. Nota-se que o centro de distribuição é

responsável também pelo atendimento da demanda do estado vizinho.

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Figura 6 - Mapa da cadeia de suprimentos da empresa

Fonte: Autor.

A previsão da demanda da empresa é bastante robusta, e é revista

mensalmente a cada rodada de S&OP (Sales and operations Planning),

sendo reajustada sempre que há mudanças no mercado. Atualmente a

empresa controla sua acuracidade de previsão de demanda por meio do

MAPE (Mean Absolute Percentage Error), que considera a variação entre

as vendas planejadas e as vendas realizadas conforme a equação 10.

𝑀𝐴𝑃𝐸 =1

𝑛∑ 𝑛

𝑖=1|𝑦𝑡−𝑦𝑡 ̇ |

|𝑦𝑡|∗ 100 (10)

𝑦𝑡: Demanda real do período

𝑦𝑡 ̇ : Demanda prevista para o período

n: Períodos analisados

Desse modo, segundo entrevista com o responsável pelo

planejamento de demanda, atualmente a previsão de vendas possui com

acuracidade (1- MAPE) para o horizonte mensal, considerando a média

dos últimos seis períodos, de 93% em relação ao volume total de litros

vendidos, contudo, cai para 82% em relação ao MIX vendido, ou seja, a

previsão de vendas por SKU. Tal erro de previsão gera alterações mensais

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no planejamento de demanda, de produção, e consequentemente, de

materiais.

No gráfico da figura 8 é apresentado a variação entre as vendas e a

produção de um SKU de alto giro em toneladas por mês no ano de 2017.

Nota-se que a demanda possui um comportamento sazonal, com pico no

verão, enquanto há um nível maior de produção em relação a vendas no

inverno, o que acarreta na formação de estoques no período de baixo

consumo. Figura 7 - Gráfico do volume (toneladas) vendido x produzido

Fonte: Autor

Com base na previsão de demanda é realizado o plano mestre de

produção anual, e em seguida o sequenciamento de produção mensal para

o próximo período. Ambas as análises são realizadas na ferramenta

Excel® e as informações são inseridas no software SAP® de ERP

(Enterprise Resource Planning). As informações via ERP são utilizadas

pelas plantas produtivas e pela equipe de planejamento de materiais, que

necessita de tais informações no sistema para por meio do MRP

(Manufacturing Resource Planning) realizar o planejamento de materiais.

O planejamento de materiais é feito via MRP porém a definição da

quantidade a ser pedida e a data de entrega é feita manualmente. O sistema

possui boa parametrização em relação as BOMs dos materiais, dando boa visibilidade do consumo previsto de matéria-prima, além de possuir alta

acuracidade da quantidade em estoque. Todavia, não possui dados

suficientes parametrizados no sistema para que ele gere os pedidos de

maneira automática, conforme necessidades.

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

1,5 L x 8 com arte (2017)

Vendas Produção

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51

Desse modo, com base no horizonte de planejamento fornecido

pela equipe de PCP, o planejador de materiais visualiza no sistema MRP

o consumo previsto de cada material e o nível de estoque resultante, para

definir o ponto ideal para receber uma nova entrega. Está conferência é

realizada semanalmente ou quando há mudanças no plano de produção.

Dessa forma, com base em sua experiência, o planejador de

materiais determina quando deseja receber o insumo, gerando uma ordem

de compra que é enviada via e-mail para o fornecedor do item. Em geral,

a quantidade pedida é o lote econômico de compra, negociada pelo setor

de compras da empresa.

3.2 DEFINIÇÃO DO ESCOPO DO ESTUDO DE CASO

O enfoque do trabalho será no planejamento de matéria-prima,

como descrito anteriormente, os pedidos de matéria-prima são realizados

pela experiência prévia do planejador, não possuindo estoque de

segurança determinado e não utilizando toda a capacidade de automação

do sistema.

O motivador do trabalho foi o desejo da empresa em parametrizar

o MRP para que as necessidades de compra fossem geradas de maneira

automática, facilitando o trabalho do planejador e aumentando a

eficiência do processo.

Levantou-se então junto à empresa os parâmetros necessários para

que tornasse possível a parametrização do MRP. Na tabela 1 estão

apresentadas as informações que necessitam ser definidas para que o

sistema de MRP possa ser automatizado. Dentre todas as informações,

constatou-se que a única informação que a empresa ainda não possuía

definida seriam os níveis de estoque de segurança desejado para cada

material.

MRP parâmetros Observação

Tamanho de lote minimo Por exemplo, um caminhão

Tamanho de lote máximo Para limites do recebimento

Multiplo para o pedido Por exemplo, uma pallet

Calendário de recebimento fábrica Dia da semana que há recebimento

Estoque de segurança fixo Não varia conforme a demanda

Estoque de segurança dinâmico Varia conforme a demanda

Lead time de entrega Tempo determinado entre pedido e entrega

Tempo de inspeção Do recebimento até a liberação

Tabela 1- Parâmetros MRP

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Fonte: Autor

Pelos motivos destacados por Guerra (2009) no item 2.4 do referencial

teórico referentes a qualidade e a quantidade de dados necessários para o

sistema realizar o cálculo segundo sua lógica e a falta de clareza e

segurança no raciocínio usado para o cálculo, optou-se pelo uso do

estoque de segurança fixo.

Assim sendo, e com base na diversidade de abordagens de cálculo

de estoque de segurança presentes na literatura, o escopo do estudo está

em analisar dentre todos os métodos qual será mais adequado para definir

o estoque de segurança fixo para cada material, para que possa ser

realizada a posterior parametrização do MRP.

3.3 TRATAMENTO DOS DADOS E NÍVEL DE SERVIÇO

No primeiro passo para a resolução do problema definiu-se o

histórico de consumo de matéria-prima, para isso, fez-se necessário tratar

os dados históricos de produção mensal de cada produto acabado na

planta em questão. A partir dos dados históricos de produção de 2015 a

2018 e utilizando as BOMs dos SKUs, multiplicou-se o consumo unitário

de cada componente da embalagem pelo número de garrafas produzidas

a cada mês.

Posteriormente, somou-se os consumos de matérias-primas

comuns a cada item, definindo-se assim o histórico de consumo mensal

de cada matéria-prima entre os anos de 2015 e 2018. Na tabela 2 é

apresentado um exemplo da BOM do SKU 19428.

Fonte: Autor

SKU:

19428500ml x24 Unid. Consumo

63158 Filme paletização Kg 0,000342

63780 Tampa padrão Unid 1

63930 Tabuleiro espessura elevada Unid 0,00321

63171 Preforma 14g Unid 1

63288 Cola Kg 0,000013

63649 Filme Shirink 24x500ml arte 1 Kg 0,001296

63561 Rotúlo 500ml Unid 1

Tabela 2- BOM do SKU 19428

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Como observado no item 2.4 do referencial teórico, para o cálculo

do estoque de segurança eficiente é necessário estipular o nível de serviço

desejado. Em entrevista com os decisores da área de planejamento

levantou-se que a empresa não possuía registro da incidência de faltas de

matéria-prima em linha, desse modo, não era possível estipular o nível de

serviço atual da empresa no setor de suprimentos.

Buscou-se então, o nível de serviço praticado entre o CD e o

varejista, para obter-se uma aproximação do cenário atual da empresa.

Apesar de não se possuir registro de não atendimento dos pedidos neste

elo, para as definições dos parâmetros de estoque de produtos acabados é

utilizado atualmente um nível de serviço de 95%, e segundo os

responsáveis, atende as necessidades na grande maioria dos casos.

Em conjunto com os responsáveis, definiu-se então, que para os

produtos de maior importância para empresa, seria razoável praticar o

mesmo nível de serviço que para os produtos acabados, 95%, enquanto

que para itens de menor importância, o nível de serviço estipulado seria

de 90%.

Desse modo, para definir os itens que correspondem aos produtos

de maior importância, utilizou-se o diagrama de Pareto, tendo como

critério de importância o faturamento de cada item com base no preço de

venda para o varejista. Na tabela 3 é apresentado a priorização,

identificando a parcela de participação no faturamento de cada SKU,

separando os itens A B e C, pelas cores verde, azul e rosa,

respectivamente. Na figura 9, é apresentado o gráfico, ilustrando o

diagrama de Pareto.

Fonte: Autor

Tabela 3 - Priorização ABC

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Fonte: Autor

A partir dos dados da curva ABC utilizou-se como premissa que

insumos que fazem parte das árvores dos SKUs do grupo A, no caso os

itens que compõem os SKUs 19428,19884,19161, 19435 e 19344 devem

ter maior nível de serviço. Tal decisão é embasada pelo fato de que a falta

de um dos componentes por si só já impossibilita a produção do produto

acabado. Ressalta-se que, pelo mesmo princípio, um item que compõem

simultaneamente um produto A e um produto B ou C, como é o caso do

filme stresch para a paletização, observado na tabela 4, herdará um nível

de serviço de 95%, mesmo compondo também itens da classe B e C.

Para cada um dos insumos foi levantado também o seu respectivo

fornecedor, que é único durante o período bianual do contrato, e o seu

indicador de desempenho OTIF (On time in full). O OTIF é calculado mensalmente representado a porcentagem das

entregas que foram realizadas, ou fora do prazo estipulado e/ou fora da

quantidade especificada, sobre todas as entregas realizadas pelo

fornecedor no período. Sendo que é penalizada tanto entregas com

quantidades a menos ou a mais do que as pedidas, quanto entregas

adiantadas ou atrasadas em relação ao prazo pré-definido. O OTIF é termo

de contrato entre a empresa e o fornecedor e há multas para indicadores à

baixo de 90% no período mensal.

Em geral, pela experiência relatada pelo planejador da área, a

maior parte das pontuações negativas ocorrem por variações no prazo de

entrega, sendo que a empresa possui política mais flexível em relação as

quantidades entregues, não pontuando no indicador.

Figura 8 - Diagrama de Pareto

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Posteriormente, para o cálculo do desvio padrão do fornecedor fez-

se uso dessas informações e realizadou-se uma aproximação com base no

histórico do OTIF de cada fornecedor. Tal aproximação fez-se

multiplicando o valor de (1-OTIF), ou seja, a taxa de não atendimento do

fornecedor, pelo lead time do fornecedor, obtendo-se uma variação média

em dias para as entregas do fornecedor. Fez necessária está aproximação,

uma vez que a empresa não possuía o histórico do lead time de entrega de

cada fornecedor, para que fosse possível calcular a média e

posteriormente o desvio-padrão do lead-time.

Ressalta-se a importância do entendimento do lote de compra

utilizado pela empresa objeto de estudo, uma vez que o mesmo é fator

importante para a gestão de estoques. Na empresa, a definição do lote de

compra advém da negociação entre o setor de compras da empresa e o

fornecedor. Está negociação leva em consideração lotes mínimos de

produção do fornecedor, consolidação da carga no transporte, descontos

em escala e negociação quanto a modalidade do transporte, CIF (Cost, Insurance and Freight) ou FOB (Free on Board), dependendo da

quantidade acordada como lote de compra.

Ainda sobre as entregas dos fornecedores, levantou-se o lead time

de entrega estabelecido em contrato, sendo este, o tempo entre o envio do

pedido por e-mail até a entrega na planta, salva exceções, tais entregas

são de responsabilidade do fornecedor. Desse modo, mensura-se o tempo

de entrega do fornecedor e o tempo de transporte descrito por Corrêa,

Gianesi e Caon (2011) como parcelas necessárias para o cálculo do lead

time de compras, no item 2.2.1 do referencial teórico.

Em relação ao tempo de emissão física da ordem, o tempo de

transformação da ordem de compra em pedido e o tempo de envio para o

fornecedor foram considerados desprezível para o caso em questão, uma

vez que são realizados em poucos minutos. Procurou-se estabelecer

também o tempo em que a carga permanece em análise de qualidade,

entretanto, como esse tempo é de, em média, duas horas, interpretou-se

que o tempo de análise não interferiria nos futuros cálculos.

Na tabela 4 são apresentados os dados coletados, sendo eles o

código de cada componente, descrição, respectivo fornecedor, unidade de

medida, lote de compra praticado, lead time de entrega, OTIF do

fornecedor e o nível de serviço (calculado com base na análise ABC

realizada anteriormente) e os respectivos custos unitários.

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Tabela 4 - Parâmetros estabelecidos entre empresa e fornecedores e nível de

serviço determinado

Fonte: Autor

Com os parâmetros estabelecidos entre empresa e fornecedores e

o nível de serviço determinado para o posterior cálculo de estoque de

segurança faz-se necessário ainda o estabelecimento dos parâmetros de

consumo de cada item, que serão descritos no item 3.4.

3.4 DEFINIÇÃO DOS PARAMETROS DE CONSUMO

Para os cálculos dos parâmetros referentes ao histórico de consumo

de cada insumo, primeiramente realizou-se a média simples do consumo

entre maio 2015 a maio de 2018, excluindo os valores nulos da amostra,

considerados outliers. Seguidamente, calculou-se o desvio padrão da

Cod material fornecedor Unid.Lead

Time (d)LEC OTIF NS

Custo

unit.

63158 Filme paletização Fornec D Kg 30 1433 90,00% 95,00% R$8,83

63651 Tabuleiro Fornec E Unid. 20 7920 98,00% 95,00% R$1,69

63288 Cola Fornec F Kg 20 112 98,00% 95,00% R$18,30

63780 Tampa padrão Fornec G Unid. 25 1050000 99,00% 95,00% R$0,03

63929 Filme Shrink 8x 1,5l arte 1 Fornec H Kg 30 1800 98,00% 95,00% R$12,57

63948 Rótulo 1,5L Fonec I Unid. 30 654000 90,00% 95,00% R$0,01

63973 Preforma 28g Fornec J Unid. 30 314496 96,00% 95,00% R$0,14

63648 Filme Shrink 1,5 arte 2 Fornec H Kg 30 1800 98,00% 95,00% R$12,57

63930 Tabuleiro espessura elevada Fornec E Unid. 30 9474 98,00% 95,00% R$1,74

63171 Preforma 14g Fornec K Unid. 30 624600 94,00% 95,00% R$0,10

63649 Filme Shirink 24x500ml arte 1 Fornec H Kg 30 1800 98,00% 95,00% R$12,44

63561 Rotúlo 500ml Fonec I Unid. 40 1320000 90,00% 95,00% R$0,01

63479 Filme Shrink 2L Fornec A Kg 30 1800 98,00% 90,00% R$11,38

63484 Filme Shrink infantil 1 Fornec A Kg 30 1200 89,00% 90,00% R$8,73

63183 Rótulo infantil Fornec B Unid. 45 1320000 94,00% 90,00% R$0,01

63523 Preforma 13g Fornec C Unid. 25 703872 93,00% 90,00% R$0,11

63176 Filme Shrink 1,5L por 4 Fornec H Kg 30 1800 98,00% 90,00% R$10,55

63005 Preforma 42g Fornec J Unid. 25 245606 96,00% 90,00% R$0,55

63949 Rotulo 2L Fonec I Unid. 40 654000 90,00% 90,00% R$0,03

63345 Preforma 20g Fornec J Unid. 30 536643 96,00% 90,00% R$0,10

63946 Rotulo espotivo Fonec I Unid. 40 654000 90,00% 90,00% R$0,01

63756 Filme Shrink esportivo Fornec A Kg 30 1800 89,00% 90,00% R$11,42

63767 Tampa espotiva Fornec G Unid. 25 480000 99,00% 90,00% R$0,19

63791 Filme Shrink 2L sem arte Fornec A Kg 30 1800 89,00% 90,00% R$11,55

63352 Preforma 21 g Fornec J Unid. 25 506813 96,00% 90,00% R$0,11

63041 Filme Shirink 1,5 x 8 sem arte Fornec A Kg 30 600 98,00% 90,00% R$8,60

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população utilizando a fórmula 11, descrita a seguir, para o mesmo

período amostral.

𝑆 = √∑(𝑥𝑖−𝑥𝑚é𝑑.)

2

𝑛 (11)

Onde:

𝑥𝑖: Consumo do período

𝑥𝑚é𝑑.: Média do consumo

𝑛: Número de períodos analisados

Já em relação ao desvio padrão do erro de previsão, utilizou-se o

histórico entre o plano de produção estabelecido no início do mês e o

realizado no final do período para a planta em questão, com o horizonte

histórico de oito meses, de outubro de 2017 a maio de 2018. Para o cálculo

utilizou-se a equação 6, descrita no item 2.4 do referencial teórico.

Optou-se por utilizar o desvio padrão do erro do planejamento de

produção ao invés do desvio padrão do erro da previsão de demanda de

produto acabado, como encontrado em alguns estudos de caso na

literatura, por duas razões. A primeira razão, o nível de estoque elevado

no período de baixa demanda faz com que as variações na demanda de

produto acabado não afetem o plano de produção a curto prazo

imediatamente, a segunda razão são as variabilidades do processo

produtivo não ligadas diretamente a demanda de produto acabado, como

por exemplo:

a) Aumento ou diminuição da eficiência da linha.

b) Paradas para manutenção.

c) Falta de matéria-prima por recusa do controle de

qualidade.

d) Paradas para testes não agendados.

e) Absenteísmo.

f) Correção de planejamento de produção equivocado, etc.

Com base no mesmo histórico entre o plano de produção e a

produção realizada utilizado anteriormente, calculou-se também o MAD,

como mostrado na seção 2.4 do referencial teórico, pelas fórmulas 8. Na

tabela 5 apresenta-se os resultados para a demanda média, desvio padrão

da demanda (D. Pad. Demanda), erro de previsão e MAD.

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Tabela 5 - Parâmetros de consumo calculados

Fonte: Autor

Continuamente, com base no histórico de consumo mensal de cada

item e utilizando a extensão do Software Arena®, o Input Analyser,

aferiu-se a distribuição de probabilidade de cada item, identificando qual

curva probabilística melhor representa o comportamento da demanda do

item, tendo como critério o menor erro quadrático calculado. O intuito da

análise é identificar o comportamento da demanda de cada item para a compreensão futura de qual abordagem de cálculo de estoque de

segurança utilizar,

As figuras 9, 10 e 11 exemplificam a adequação da distribuição de

probabilidade dos itens 63158, 63479 e 63791 à curva normal, beta e

triangular, respectivamente. E nas tabelas 6,7 e 8, são apresentados os

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59

respectivos erros quadrático de adequação a diferentes curvas

probabilísticas.

Figura 9 - Distribuição probabilística do item 63158

Fonte: Autor

Tabela 6- Erros quadráticos do item 63158

Fonte: Autor

Figura 10 - Distribuição probabilística do item 63479

Fonte: Autor

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Tabela 7 - Erros quadráticos do item 63479

Fonte: Autor

Figura 11 - Distribuição probabilística do item 63791

Fonte: Autor

Tabela 8- Erros quadráticos do item 63791

Fonte: Autor

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61

Na tabela 9, é apresentado cada item e a sua respectiva curva

probabilística que melhor se adequada ao comportamento do seu

consumo e o respectivo nível de serviço estipulado anteriormente com

base na curva ABC.

Observa-se que todos itens com nível de serviço de 95%, ou seja,

classificados como itens A anteriormente, possuem comportamento

normal. Enquanto os demais itens, de menor demanda, variam entre as

curvas normal, triangular, exponencial e Erlang. Este é um resultado

esperado uma vez que quanto mais frequente é a demanda de um item

maiores as chances de ter um comportamento probabilístico normal.

Tabela 9 - Adaptação do consumo dos itens a curvas probabilísticas

Fonte: Autor

Cod material Unid. CurvaErro

quadráticoNS

63158 Filme paletização Kg Normal 0.00605 95,00%

63651 Tabuleiro Unid. Normal 0.029 95,00%

63288 Cola Kg Normal 0.0291 95,00%

63780 Tampa padrão Unid. Normal 0.00667 95,00%

63929 Filme Shrink 8x 1,5l arte 1 Kg Normal 0.0374 95,00%

63948 Rótulo 1,5L Unid. Normal 0.0121 95,00%

63973 Preforma 28g Unid. Normal 0.0404 95,00%

63648 Filme Shrink 1,5 arte 2 Kg Normal 0.0313 95,00%

63930 Tabuleiro espessura elevada Unid. Normal 0.0279 95,00%

63171 Preforma 14g Unid. Normal 0.0279 95,00%

63649 Filme Shirink 24x500ml arte 1 Kg Normal 0.0279 95,00%

63561 Rotúlo 500ml Unid. Normal 0.0279 95,00%

63479 Filme Shrink 2L Kg Beta 0.0251 90,00%

63484 Filme Shrink infantil 1 Kg Erlang 0.0929 90,00%

63183 Rótulo infantil Unid. Erlang 0.0929 90,00%

63523 Preforma 13g Unid. Exponencial 0.0968 90,00%

63176 Filme Shrink 1,5L por 4 Kg Normal 0.0404 90,00%

63005 Preforma 42g Unid. Normal 0.0357 90,00%

63949 Rotulo 2L Unid. Normal 0.0357 90,00%

63345 Preforma 20g Unid. Normal 0.0375 90,00%

63946 Rotulo espotivo Unid. Normal 0.0375 90,00%

63756 Filme Shrink esportivo Kg Normal 0.0375 90,00%

63767 Tampa espotiva Unid. Triangular 0.00899 90,00%

63791 Filme Shrink 2L sem arte Kg Triangular 0.0012 90,00%

63352 Preforma 21 g Unid. Triangular 0,00195 90,00%

63041 Filme Shirink 1,5 x 8 sem arte Kg Triangular 0,00195 90,00%

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62

3.5 CÁLCULO DO ESTOQUE DE SEGURANÇA

Para os cálculos dos estoques de segurança foram utilizadas cinco

diferentes abordagens encontradas com frequência na literatura

apresentada no item 2.4 do referencial teórico.

A tabela 10 apresenta cada uma das fórmulas e os parâmetros

necessários para o cálculo, além de uma legenda que será utilizada nos

próximos itens para identificação de cada método. Nota-se, que todos os

parâmetros necessários para os cálculos já foram obtidos nas etapas

anteriores.

Tabela 10 - Resumo das equações e parâmetros utilizados para o cálculo do E.S.

Fonte: Autor

Constata-se que para todos os cálculos é necessário a utilização da

tabela Z. Contudo, a tabela Z é caracterizado como o número de desvios

padrões necessários para atingir o nível de serviço desejado para uma

curva normal, como descrito no item 2.2.5 do referencial teórico.

Entretanto, no caso em questão, existem itens que possuem demanda

esporádica e seu comportamento probabilístico não tem boa aproximação

à curva normal.

Para tais itens, em um primeiro momento buscou-se uma

simplificação não envolvendo os parâmetros de curva normal,

representadas pela equação 5, apresentada no item 2.4 do referencial

teórico, envolvendo apenas os parâmetros de fator de segurança e

demanda média. Tal método será representado como ES(6).

Com base nos resultados obtidos, que serão apresentados na seção

4, viu-se a necessidade da utilização de um método com embasamento

qualitativo para a determinação do ES para os itens considerados

exceções. Estipulou-se então, o tempo de segurança desejado, ou seja,

quantos dias de cobertura de estoque eram desejados para tais materiais.

Para isso, realizou-se entrevistas com os planejadores de materiais e de

Legenda FormúlasNível de

atendimento

Tempo de

ressuprimento

Desvio

padrão da

demanda

Demanda

média

Desvio padrão

do tempo de

ressuprimento

Desvio padrão

do erro de

previsão

MAD

ES (1)

ES (2)

ES (3)

ES (4)

ES (5)

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produção para definir a cobertura de estoque desejada para os itens, que

será apresentada na seção 4 de resultados.

Assim, a partir da demanda média mensal, calculou-se a demanda

média diária e multiplicou-se pelos dias de cobertura desejados,

encontrando assim, o estoque de segurança adequado, como mostrado na

equação 12.

𝐸𝑆:𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙

𝐷𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑚ê𝑠∗ 𝐶𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑎 𝑒𝑚 𝑑𝑖𝑎𝑠 (12)

Para todas as diferentes maneiras de cálculo de estoque de

segurança aferiu-se o valor em reais de estoque de segurança para cada

item e o valor total, a cobertura de estoque em dias para cada item, bem

como a sua média e o desvio padrão.

Com base no processo de cálculo de estoque de segurança,

proposto por Guerra (2009) explicitado no item 2.2.5 do referencial

teórico, após a análise quantitativa dos estoques de segurança realizou-se

uma análise qualitativa dos resultados junto com o planejador da área de

matéria-prima e os gestores. Comparando e confrontando os resultados

com a realidade da empresa para determinar os valores de estoque de

segurança mais adequado para o caso em questão, os resultados obtidos

serão apresentados na seção 4.

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4 RESULTADOS

Com os parâmetros do comportamento de consumo de cada item,

os dados sobre o fornecimento das matérias-primas, foi possível calcular

os estoques de segurança pelas diferentes formas, e posteriormente os

indicadores.

No apêndice A, encontram-se os resultados obtidos para cada

insumo em termos de quantidade em estoque, cobertura de estoque e valor

do estoque de segurança para cada método. Com intuito de facilitar a

análise, na tabela 11, é apresentada uma síntese dos resultados obtidos,

identificando a cobertura de estoque média entre os itens, o desvio padrão

da cobertura de estoque de cada um dos insumos e o valor de estoque

total. Ressalta-se que no primeiro momento foram realizados os mesmos

cálculos para todos os itens sem distinção, ou seja, considerando

comportamento normal e utilizando a tabela Z para todos os insumos.

Tabela 11 - Indicadores para os diferentes métodos de cálculo de E.S.

Fonte: Autor

Analisando os resultados é possível observar que o ES (3) é o que

apresenta maior cobertura de estoque e o maior valor de estoque, muito

próximo do valor de estoque apresentado pelo método ES (1). Ademais,

comparando o ES (1) com o ES (3), percebe-se que a adição do termo

referente a variação do tempo de ressuprimento do fornecedor implica em

um aumento da cobertura de estoque em dias, uma diminuição do desvio

padrão da cobertura entre cada um dos materiais, ou seja, equipara-se a cobertura de estoque entre os itens, mantendo o mesmo valor de estoque.

Ademais, vale ressaltar que o método ES (2) apresenta uma média

de cobertura de estoque e um valor de estoque muito baixo, impraticável

para a realidade da empresa. Isso deve-se ao fato do desvio padrão do

Legenda Formúlas

Média da

cobertura de

estoque (dias )

Desvio padrão da

cobertura de

estoque (dias)

Valor do

estoque de

segurança

ES (1) 17,7 5,9 R$644.910

ES (2) 2,4 1,9 R$79.006

ES (3) 18,4 5,6 R$644.911

ES (4) 15,9 10,0 R$588.701

ES (5) 12,7 8,3 R$454.245

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tempo de ressuprimento do fornecedor ser baixo frente ao desvio padrão

apresentado pela demanda ou pelo erro da previsão. Hoje, os contratos

rígidos com multas para entregas fora do prazo e a comunicação e

negociação com os fornecedores faz com que as entregas possuam alta

eficiência.

Em relação ao ES (4) apesar da sua média de cobertura de estoque

ser menor em aproximadamente 10% e 15% do ES (1) e do ES(3),

respectivamente, o seu desvio padrão em relação a cobertura de estoque

obtida é o mais alto, chegando a dez dias, maior que por exemplo o

método ES(5) que utiliza de parâmetros da previsão de demanda. O

desvio padrão mais elevado mostra que há uma variação maior em relação

a cobertura de estoque de cada item. Ou seja, há uma diferença

considerável entre os erros de previsão de cada SKU.

Nota-se que comparando os resultados obtidos pelo ES(1),

baseado no comportamento da demanda, e os dados obtidos pelo ES(5),

baseado na previsão, corroboram com os resultados obtidos por Zin &

Marmorstein (1990) descritos por Figueiredo e Netto (2001) na seção 2.4

do referencial teórico, no qual ele afirma que o método de cálculo de

estoque de segurança baseado na previsão, embora menos utilizado na

literatura da área de logística, resulta em uma diminuição no estoque de

segurança para assegurar o mesmo nível de serviço ao cliente que o

modelo de demanda.

Em seguida, realizou-se uma segunda análise, distinguindo itens

de comportamento normal dos itens que possuíam maior adaptabilidade

a curva probabilística beta, Erlang, exponencial e triangular.

Inicialmente, utilizou-se o método ES (6) descrito no item 3.5.

Analisando o valor de estoque de segurança resultante dos oito itens que

possuem comportamento diferente da curva normal para cada um dos

métodos de cálculo descrito, conclui-se que o método ES (6) é o método

que gera o maior valor de estoque e a maior cobertura de estoque.

Confrontando com a cobertura de estoque de itens da classe A da

empresa encontrados pelos métodos anteriores, constatou-se que por meio

do método ES (6) alguns itens C possuíam uma cobertura de estoque em

dias maiores que itens A, prioridades para empresa.

A tabela 12, apresenta a soma do valor do estoque de segurança

dos itens com comportamento probabilístico não normal. Pode-se

observar que a aplicação desse método gerou um aumento no valor dos

itens quando comparado a outros métodos. Por essa razão constata-se que

para o modelo do negócio a elevação do estoque para itens esporádicos

não era compatível com a estratégia da companhia.

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Tabela 12 -Valores de E.S. para itens com comportamento não normal

Fonte: Autor

Portanto, com a lacuna de métodos quantitativos para itens

esporádicos na literatura, buscou-se um método qualitativo para a

determinação do ES para os itens considerados exceções. Para a

determinação dos dias de cobertura primeiramente se analisou o estoque

de segurança praticado hoje com base no conhecimento prático do

planejador, e observou-se que atualmente o estoque de segurança estava

garantido uma cobertura de estoque maior para os itens esporádicos do

que para alguns itens de classe A prioridades para a empresa.

Para definir a cobertura que seria praticada para esses itens

comparou-se então com as coberturas de estoque obtidas para todos os

itens por meio dos métodos anteriores, notou-se que as médias de

cobertura entre os cinco métodos estudados variam entre 12,7 a 18,4 dias.

Desse modo, acordou-se em baixar a cobertura praticada hoje,

definindo a cobertura de estoque mínima de 12 dias para os oito itens com

baixa demanda e consumo não representados por uma distribuição

normal.

Dessa forma utilizou-se o método baseado no tempo de segurança

para os itens destacados anteriormente com comportamento

probabilístico não normal e manteve-se os métodos apresentados anteriormente para os demais itens. Os resultados dessa análise

combinada são apresentados na tabela 12.

Legenda Formúlas

Valor do ES itens

com comportamento

não normal

ES (1) R$96.384

ES (2) R$5.806

ES (3) R$96.384

ES (4) R$96.319

ES (5) R$71.089

ES (6) R$130.306

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Tabela 13 - Indicadores dos cálculos de E.S diferenciando itens com

comportamentos não normal

Fonte: Autor

Pode ser observado a partir dos indicadores da tabela 12 em

comparação com a tabela 11 que os métodos ES (1), ES (3), ES (4) e ES

(5) ao modificar a análise para itens de demanda não normais há uma

diminuição do valor de estoque de segurança total, como pode ser

observado no gráfico da figura 12.

Figura 12 - Valor do estoque de segurança para dois casos: sem e com

tratamento para os itens esporádicos

Fonte: Autor

Sendo que para os métodos ES (1) e ES (3) além da diminuição do

valor do estoque total, há um aumento da média de cobertura de estoque,

como pode ser constatado no gráfico da figura 12, e uma diminuição do

Legenda Formúlas

Média da

cobertura de

estoque (dias )

Desvio padrão

da cobertura de

estoque (dias)

Valor do

estoque de

segurança

ES (1) 15,2 5,0 R$608.714

ES (2) 5,4 4,7 R$133.388

ES (3) 15,2 5,0 R$608.714

ES (4) 16,1 8,2 R$552.570

ES (5) 13,6 6,8 R$443.345

R$0

R$100.000

R$200.000

R$300.000

R$400.000

R$500.000

R$600.000

R$700.000

ES (1) ES (2) ES (3) ES (4) ES (5)

Valor do estoque de segurança

Considerandocomportamento normal

Tratando itensesporádicos

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desvio padrão da demanda. Ou seja, aumentam a cobertura de estoque

com maior equilíbrio entre os itens, além de diminuir o valor de estoque

total.

Figura 13 - Cobertura de estoque de segurança para dois casos: sem e com

tratamento para os itens esporádicos

Fonte: Autor

Ressalta-se que na análise combinada com a abordagem

diferenciada para os itens de comportamento não normal, para o ES (1) e

o ES(3), os parâmetros analisados tornam-se praticamente idênticos (há

variações nas casas decimais). Atribui-se este comportamento ao fato da

amortização do fator de variação do tempo de ressuprimento, fator esse

que já era pequeno na análise anterior. Desse modo, conclui-se que o uso

do método ES (3) frente ao método ES (1) apenas aumenta a

complexidade dos cálculos e coleta de informações, sem agregar ao

resultado final.

Definiu-se então que os métodos mais pertinentes para o cálculo

de estoque de segurança seriam: O método ES (1), pela menor

complexidade na coleta de dados, menor variação entre a cobertura de

estoque de cada material, trazendo um estoque equilibrado e de mais fácil

gestão, fator importante para a empresa; E o método ES (5), pela redução

do valor total de estoque e o baixo desvio padrão entre a cobertura de

estoque de cada item quando comparada com o ES (4).

Fez-se então uma análise qualitativa junto com a empresa, a qual

optou pela utilização do método ES (1), que apesar de apresentar maior

valor de estoque frente ao método ES(5), traz maior confiança nos

parâmetros utilizados ao planejador de matéria-prima, destacado por

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

ES (1) ES (2) ES (3) ES (4) ES (5)

Cobertura de estoque em dias

Considerandocomportamento normal

Tratando itensesporádicos

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Guerra (2009) na seção 2.2.5 do referencial teórico como fator

imprescindível.

Tal desconfiança no método que utiliza o erro da previsão, deve-

se ao fato de os dados utilizados atualmente para o cálculo da variação

entre a produção planejada e a realizada na empresa possuírem baixa

acuracidade, devido as constantes mudanças no plano de produção no

decorrer do mês.

Os dados hoje permitem comparar apenas a variação entre o início

e o final do mês. Ou seja, podem haver mais de uma variação no volume

planejado de produção de um SKU durante o período mensal, ora para

mais ora para menos, que não são estão sendo considerados. E dado que

o momento de compra pode ocorrer continuamente durante o mês, a

variação entre o planejado e o realizado durante o tempo de ressuprimento

pode estar distorcida quando utilizados dados somente do início e do fim

do período.

Desse modo, estabelecido o estoque de segurança fixo para cada

item por meio do método combinado ES (1), e recomendável a empresa

seguir as demais etapas do processo proposto por Guerra (2009) na seção

2.2.5 do referencial teórico, ou seja, contato com fornecedores e com o

setor de TI (tecnologia da informação) para a parametrizar no sistema

MRP, e o monitoramento do desempenho obtido, para verificar a validade

do método.

Pode-se resumir os métodos analisados em duas categorias

principais, os métodos com base no comportamento histórico da demanda

e os métodos com base na previsão de demanda. Os métodos baseados na

previsão, trazem de fato uma redução no valor de estoque global, e trazem

um fator importante para o cálculo que é a assertividade da previsão.

Pois de fato, se o planejamento de produção no caso em questão

possuísse um horizonte de congelamento superior ao lead time de entrega

dos fornecedores, ou seja, não houvessem variações entre o planejado e o

realizado, o estoque de segurança seria apenas para suprir as variações do

processo produtivo. Uma vez que por mais que hajam variações na

demanda média do item mês a mês com o auxílio da ferramenta MRP,

que permite uma visibilidade acurada da produção futura, os pedidos de

compram poderiam ser previamente ajustados a essas variações, não

sendo necessária a elevação dos estoques de segurança.

Ademais, outro fator importante que diferenciam os métodos de

cálculo de estoque de segurança é a utilização ou não dos dados de

variação do lead time de entrega do fornecedor. Nota-se que no caso em

questão, a boa relação com o fornecedor e os rígidos termos de contrato

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fazem com que este fator não seja relevante para os cálculos, ou seja,

reduz-se os níveis de estoque de segurança.

Conclui-se assim, que o método ES (1) é o mais adequado para o

momento da empresa, uma vez que a base de dados utilizada para

mensuração dos desvios da produção possui baixa confiabilidade. Porém,

recomenda-se manter-se o histórico das alterações no planejamento de

produção, para o futuro uso do método ES (5), que como apresentado na

literatura e verificado no presente trabalho, reduz o valor de estoque da

empresa.

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5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este trabalho teve como objetivo apontar o método mais adequado

de cálculo de estoque de segurança de matéria-prima para uma indústria

de bebidas, levando em considerações a dinâmica especifica do negócio.

O objetivo foi atingido, oferecendo informação aos gestores para a futura

parametrização e automação do sistema de MRP da empresa.

Entre os objetivos específicos estava a definição do nível de

serviço desejado dos insumos para o atendimento da matéria-prima, que

foram definidos no item 3.2 do estudo de caso por meio da curva ABC.

O segundo objetivo especifico estava em delimitar o

comportamento da demanda de matéria-prima, que foi realizado por meio

do software Arena® pela extensão Imput Analyser, o que permitiu

entender os diferentes comportamentos da demanda de cada insumo.

O terceiro objetivo específico predeterminado era a realização de

um comparativo entre os diferentes métodos de cálculo de estoque de

segurança por meio de indicadores, tal objetivo foi atingido no item 3.3

do estudo de caso, onde foram calculados os estoques de segurança por

diferentes métodos da literatura, e no item 4 os comparativos e resultados

foram amplamente abordados.

Por fim, o último objetivo especifico tratava-se de propor a melhor

maneira de calcular os estoque de segurança para a empresa em questão,

o método proposto combina um método para o cálculo de estoque de

segurança para itens com comportamento probabilístico normal, e outro

método com base qualitativa para os itens com comportamento que não

se adequavam a uma curva probabilística normal (triangular, Erlang, beta

e exponencial), sendo que para esses itens o objetivo era diminuir os

valores de estoque.

O trabalho teve algumas limitações durante sua elaboração. Entre

elas está o sigilo exigido pela empresa, que não permite a exposição de

seus verdadeiros números. Outra limitação foi em relação aos dados

necessários para execução dos cálculos tal qual descritos na literatura.

Assim, algumas informações tiveram que ser obtidas de maneira

indireta, como por exemplo, o histórico do consumo de matéria-prima

mensal, exigindo o tratamento dos dados. Outro dado limitante foi em

relação a variação entre a produção planejada e a realizada mensal, que

apesar de a empresa possuir o histórico dos últimos oito meses, ele não

era confiável na opinião da própria empresa, sendo um dos fatores

determinantes para não escolha dos métodos que utilizavam a informação.

Remonda-se que a empresa replique os cálculos para as demais

plantas produtivas e utilize os mesmos como insumo para a

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parametrização do sistema de MRP. Contudo, ressalta-se a importância

do controle das alterações dos planos de produção, de modo que possam

ser estudadas as causas e tratadas, para facilitar a rotina do planejamento

de materiais e a eficiência da operação como um todo.

Ademais, apesar de o lote econômico de compra não ser foco do

estudo, pode-se observar que por mais que os níveis de estoque de

segurança sejam reduzidos, diminuindo os custos e aumentando a

eficiência operacional da empresa, se a mesma atenção não for dada aos

lotes de compras a empresa continuará atuando com desperdícios e custo

operacional elevado. Portanto, recomenda-se o estudo dos lotes compras

em busca do lote ótimo que aumente a eficiência operacional.

Recomenda-se também o controle histórico do lead time real dos

fornecedores para que se permita a posterior análise da média e o desvio

padrão do tempo de entrega para cada fornecedor.

Por fim, se propõem que após o controle e levantamento de dados

mais acurados das variações entre a produção planejada e a realizada seja

avaliado a utilização da metodologia ES (5), que se baseia na variação da

previsão da demanda. Uma vez que a mesma reduz os valores de estoque

global, implicando em maior eficiência operacional e expondo as

deficiências que os níveis de estoques maiores encobrem, levando a uma

redução de desperdício e melhoria dos processos, justamente o que prega

a teoria do Just in Time tão difundida nas empresas atualmente.

O presente estudo destaca a importância da análise dos dados de

entrada bem como os resultados encontrados quando aplicados na prática

métodos teóricos presentes na literatura, de modo a ter criticidade em

relação aos resultados obtidos e a adequação a realidade da empresa.

Conclui-se, ressaltando a importância do trabalho de conclusão de

curso para a formação do engenheiro. Além disso, a aplicação prática e

contato com a empresa permitiram a percepção de como uma empresa

funciona, quais são as dificuldades encontradas em um ambiente de

manufatura e o desafio que se tem ao aplicar a teoria na prática, algo

pouco comentado e explicitado nos livros.

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da produção para gerenciamento da cadeia de suprimentos. 5. ed.

Porto Alegre: Bookman, 2006

VOLLMANN, Thomas E. et al. Sistema de planejamento & controle

da produção para gerenciamento da cadeia de suprimentos. 5. ed.

Porto Alegre: Bookman, 2006.

WANKE, P. Gestão de estoques na cadeia de suprimento: decisões e

modelos quantitativos. São Paulo: Atlas, 2003

YIN, R. Estudo de caso. Planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre:

Bookman, 2001.

Page 90: Ana Claudia Rocha - UFSC · Mecânica, por se dedicarem a esta universidade e por contribuírem na minha formação. ... Por exemplo, uma operação de varejo nunca pode prever perfeitamente

78

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79

ANEXO A – Valores de estoque de segurança para as diferentes

abordagens

Co

dC

ust

o

un

it.

ES (

1)

Dia

s d

e

cob

ert

ura

Val

or

ESES

(2

)D

ias

de

cob

ert

ura

Val

or

ESES

(3

)D

ias

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Val

or

ESES

(4

) D

ias

de

cob

ert

ura

Val

or

ESES

(5

) D

ias

de

cob

ert

ura

Val

or

ES

63

76

7R

$0

,19

19

22

15

15

,9R

$3

5.9

56

38

82

0,3

R$

72

61

92

21

51

5,9

R$

35

.95

63

80

44

23

1,4

R$

71

.16

72

77

83

62

2,9

R$

51

.97

3

63

79

1R

$1

1,5

55

22

21

,9R

$6

.02

41

01

4,2

R$

1.1

61

52

22

1,9

R$

6.0

24

33

71

4,2

R$

3.8

92

27

01

1,3

R$

3.1

14

63

35

2R

$0

,11

25

12

93

21

,8R

$2

7.7

05

14

75

81

,3R

$1

.62

72

51

29

32

1,8

R$

27

.70

55

03

23

4,4

R$

5.5

48

36

75

13

,2R

$4

.05

2

63

04

1R

$8

,60

34

72

3,9

R$

2.9

82

11

0,8

R$

96

34

72

3,9

R$

2.9

82

63

4,4

R$

54

55

13

,5R

$4

36

63

15

8R

$8

,83

86

58

,7R

$7

.64

04

91

4,9

R$

4.3

38

86

58

,7R

$7

.64

01

52

01

5,3

R$

13

.42

41

21

61

2,2

R$

10

.74

0

63

65

1R

$1

,69

32

77

8,0

R$

5.5

52

27

00

,7R

$4

57

32

77

8,0

R$

5.5

52

81

91

20

,0R

$1

3.8

76

53

50

13

,0R

$9

.06

4

63

28

8R

$1

8,3

01

77

,0R

$3

13

20

,7R

$2

91

77

,0R

$3

13

33

13

,6R

$6

07

22

8,9

R$

39

6

63

78

0R

$0

,03

15

14

76

18

,9R

$4

0.5

13

70

02

30

,4R

$1

.87

31

51

47

61

8,9

R$

40

.51

31

99

04

60

11

,7R

$5

3.2

36

14

53

62

78

,5R

$3

8.8

78

63

92

9R

$1

2,5

71

29

02

5,0

R$

16

.20

85

11

,0R

$6

41

12

90

25

,0R

$1

6.2

08

12

69

24

,6R

$1

5.9

46

10

15

19

,7R

$1

2.7

57

63

94

8R

$0

,01

84

42

25

18

,8R

$1

1.3

64

22

20

90

4,9

R$

2.9

90

84

42

25

18

,8R

$1

1.3

64

72

54

36

16

,1R

$9

.76

55

80

34

91

2,9

R$

7.8

12

63

97

3R

$0

,14

84

42

25

18

,8R

$1

18

.19

18

88

36

2,0

R$

12

.43

78

44

22

51

8,8

R$

11

8.1

91

72

54

36

16

,1R

$1

01

.56

15

80

34

91

2,9

R$

81

.24

9

63

64

8R

$1

2,5

72

15

92

3,3

R$

27

.12

69

21

,0R

$1

.15

02

15

92

3,3

R$

27

.12

61

00

01

0,8

R$

12

.56

88

00

8,6

R$

10

.05

5

63

93

0R

$1

,74

48

31

14

,1R

$8

.41

23

39

1,0

R$

59

04

83

11

4,1

R$

8.4

12

31

22

9,1

R$

5.4

35

24

98

7,3

R$

4.3

48

63

17

1R

$0

,10

15

05

09

81

4,1

R$

14

8.2

60

31

69

68

3,0

R$

31

.22

31

50

50

98

14

,1R

$1

48

.26

09

72

56

69

,1R

$9

5.8

03

77

80

53

7,3

R$

76

.64

2

63

64

9R

$1

2,4

41

95

11

4,1

R$

24

.27

21

37

1,0

R$

1.7

04

19

51

14

,1R

$2

4.2

72

12

60

9,1

R$

15

.68

41

00

87

,3R

$1

2.5

47

63

56

1R

$0

,01

17

37

93

81

6,2

R$

12

.28

67

04

37

46

,6R

$4

.97

91

73

79

38

16

,2R

$1

2.2

86

97

25

66

9,1

R$

6.8

75

89

84

18

8,4

R$

6.3

51

63

17

6R

$1

0,5

56

04

19

,9R

$6

.37

22

30

,8R

$2

46

60

41

9,9

R$

6.3

72

30

91

0,2

R$

3.2

66

24

88

,2R

$2

.61

3

63

00

5R

$0

,55

16

97

83

18

,4R

$9

3.3

81

11

83

01

,3R

$6

.50

71

69

78

31

8,4

R$

93

.38

11

77

54

01

9,2

R$

97

.64

71

29

65

71

4,0

R$

71

.31

1

63

94

9R

$0

,03

21

47

60

23

,3R

$6

.04

84

73

22

5,1

R$

1.3

33

21

47

60

23

,3R

$6

.04

81

77

54

01

9,2

R$

5.0

00

16

40

04

17

,8R

$4

.61

9

63

34

5R

$0

,10

15

74

22

19

,5R

$1

6.1

16

12

44

41

,5R

$1

.27

41

57

42

21

9,5

R$

16

.11

62

94

23

23

6,4

R$

30

.12

22

35

38

62

9,1

R$

24

.09

8

63

94

6R

$0

,01

18

17

76

22

,5R

$2

.12

14

14

79

5,1

R$

48

41

81

77

62

2,5

R$

2.1

21

29

42

32

36

,4R

$3

.43

32

71

80

03

3,6

R$

3.1

71

63

75

6R

$1

1,4

23

81

19

,5R

$4

.35

18

34

,2R

$9

46

38

11

9,5

R$

4.3

52

71

23

6,4

R$

8.1

33

57

02

9,1

R$

6.5

06

63

52

3R

$0

,11

12

84

85

20

,2R

$1

3.6

35

14

25

92

,2R

$1

.51

31

28

48

52

0,2

R$

13

.63

58

62

10

13

,6R

$9

.14

96

29

59

9,9

R$

6.6

82

63

48

4R

$8

,73

15

82

2,6

R$

1.3

80

30

4,2

R$

25

81

58

22

,6R

$1

.38

01

21

,7R

$1

04

10

1,4

R$

83

63

18

3R

$0

,01

14

38

02

27

,7R

$1

.64

61

79

60

3,5

R$

20

61

43

80

22

7,7

R$

1.6

46

88

74

1,7

R$

10

28

69

51

,7R

$9

9

63

47

9R

$1

1,3

86

20

0,1

R$

7.0

56

19

0,8

R$

21

96

20

24

,8R

$7

.05

65

11

20

,4R

$5

.81

34

09

16

,3R

$4

.65

0

dia

17

,73

R$

64

4.9

10

dia

2,4

0R

$7

9.0

06

dia

18

,41

R$

64

4.9

11

dia

15

,92

R$

58

8.7

01

dia

12

,65

R$

45

4.2

45

De

sv.P

ad6

,44

Cu

sto

De

sv.P

ad1

,86

Cu

sto

De

sv.P

ad5

,56

Cu

sto

De

sv.P

ad9

,95

Cu

sto

De

sv.P

ad8

,27

Cu

sto

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