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C C a a r r t t o o g g r r a a f f i i a a I I I I ANA CLARA MOURÃO MOURA 2001 Departamento de Cartografia

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CCaarrttooggrraaff iiaa II II

ANA CLARA MOURÃO MOURA

22000011

Departamento de Cartografia

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Sumário

Introdução....................................................................................................1

Convenções Cartográficas..........................................................................2

Escala.............................................................................................................2O Desenho Topográfico................................................................................6Precisão Em Um Mapa................................................................................11Formatos De Desenho (Segundo ABNT, 1970)..........................................11Revisão Sobre Coordenadas UTM..............................................................11Nomenclatura – Mapeamento Sistemático..................................................13

Mapas Temáticos.......................................................................................19

Mapa De Declividade..................................................................................19Mapas Hipsométricos ou Altimétricos........................................................23A Terceira E Quarta Dimensões..................................................................23Bloco Diagrama – O Desenho Em Perspectiva...........................................26

Síntese De Mapas.......................................................................................32

O Papel Da Cartografia Hoje...................................................................36

A Opção Pela Cartografia Nas Análises Urbanas.......................................36A Cartografia Temática...............................................................................39A Cartografia Assistida Pelo Computador..................................................41A Relação SIG x CAD................................................................................43A Relação Raster x Vetorial........................................................................47A Semiologia Gráfica..................................................................................49Referências Bibliográficas..........................................................................57

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1 Cartografia II IGC UFMG Profa. Ana Clara Mourão Moura

I. Introdução

A Representação cartográfica objetiva responder a duas perguntas básicas:. Em tal lugar quais são as características?. Tais características, onde estão localizadas?

As fontes que geram os produtos cartográficos geralmente são:→Coleta direta de dados (pesquisa de campo):

Coleta de dados sócio-econômicos e de tipos de uso do soloColeta de informações ligadas às caraterísticas físicas (morfológicas) do local

→Coleta indireta de dados:Fotografias aéreasImagens de satéliteArquivos de informações

Os produtos gerados são:→Tratamento de dados:

tabelasgráficosestudos estatísticos e de tipologias (fichário-imagem e matriz)

→MapasCartas planimétricasCartas altimétricasRestituições de fotografias aéreasTrabalhos com ortofotocartasTrabalhos com imagens de satélite

Os resultados obtidos são:→Levantamento completo de daddos de uma área→Construção de perfis sobre características da área→Diagnóstico da área

A metodologia cartográfica pode ser dividida em três momentos:→A Cartografia Tradicional (Analógica)→A Cartografia tratada segundo a Semiologia Gráfica→A Cartografia Digital e os Sistemas Informativos Geográficos (GIS)

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II. Convenções Cartográficas

1. ESCALA

As escalas empregadas como referência de um mapa podem ser métricas ou gráficas. Asescalas métricas apresentam a vantagem da rápida compreensão, enquanto que asgráficas acompanham qualquer ampliação ou redução que possam vir a ser feitas pormeio de cópias heliográficas ou xerográficas do desenho. O ideal é a representação dasduas escalas: métrica e gráfica.Exemplo:

Esc. 1:5.000Como interpretar uma escala:

1: 1.000 - quer dizer que o elemento está representado 1000 vezes menor do queele relamente é.1:1 - o elemento está representado em tamanho natural1:100 - o elemento é representado 100 vezes menor

Escalas mais empregadas:1:100, 1:200, 1:250, 1:500 - Ex.: desenho de edificações, terraplenagem, etc.1:500, 1:1.000, 1:2.000 - Ex.: desenho de planta de fazenda, sítio, vila, plantacadastral urbana, etc.1:5.000, 1:10.000 - Ex.: planta de cidade de pequeno ou médio porteacima disso: planta regional (região metropolitana, grandes cidades), estadual, dopaís, etc.

Cuidado com o emprego dos termos “menor”e “maior”! Entre as escalas seguintes, qualpode ser considerada “maior”? E “menor”? Por que?1:100 1:1.000 1:250.000

Para o cálculo de escalas e distâncias nos mapas, usa-se uma regra de três (pois é umarelação de proporção) que pode ser simplificada pelo uso da seguinte fórmula:

D = d . ESendo:D - valor na realidade (em cm); d - valor medido no desenho (em cm); E - escala

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3 Cartografia II IGC UFMG Profa. Ana Clara Mourão Moura

Exercícios:

1. O que significa a escala:1:100_______________________________________________1:1.000______________________________________________1:4.555______________________________________________1:27________________________________________________

2. Desenhe as escalas gráficas das escalas numéricas acima

3. Tendo as seguintes escalas gráficas, calcule as escalas numéricas

4. Tendo os seguintes desenhos, calcule a distância AB:

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5. Calcule as escalas gráficas dos desenhos abaixo e as distâncias determinadas:

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2. O DESENHO TOPOGRÁFICO

2.1. TERMOS EMPREGADOS NA DESCRIÇÃO TOPOGRÁFICA:

.montanha - grande elevação de extensão considerável

.morro - elevação em menores proporções

.cumeada - aresta superior de uma montanha (interseção dos lados de uma montanha) - também chamada linha de cumeada

.cadeia de montanhas ou cordilheira - agrupamento de montanhas que se sucedemsegundo uma linha contínua, extensa e ramificada

.contra-forte - montanha que parte da cordilheira com a linha de cumeadaaproximadamente normal à mesma

.espigão - contra-forte secundário que se liga ao principal do mesmo modo que este seliga à cordilheira

.serra - um trecho de cordilheira de um contra-forte importante

.cume ou vértice - ponto culminante de uma montanha, que toma o nome de pico se émuito saliente

.planalto - uma superfície considerável de terra em um plano mais ou menos regular esituado em alta altitude

.planície - superfície de terra apresentando plano mais ou menos regular e situado abaixa altitude

.vertentes - superfícies laterais inclinadas de montanhas, serras ou qualquer elevação

.garganta - depressão sensível em uma linha de cumeada

.vale - superfície que compreende duas vertentes ou encostas próximas

.talvegue - parte mais baixa de uma vale (ponto de escoamento das águas que seprecipitam nas vertentes opostas)

.greta - vale apertado e relativamente profundo

.cabeceiras - vales profundos e alagados onde existem nascentes de rumos d’água

.bacia - nome genérico que se dá ao conjunto de vales de um rio e todos os seusafluentes (tributários)

.divisor de águas - nome que se dá à elevação que em determinado trecho separa asbacias de dois cursos d’água importantes

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2.2 O LANÇAMENTO DAS CURVAS DE NÍVEL

Tendo realizado o levantamento planimétrico e o altimétrico, ou tendo recebido de umtopógrafo o seguinte croqui de campo, realizar o lançamento das curvas de nível:AB=40 m BC=61 m CD=75 m DA=70 m

cotas: A= 5.300 B= 7.800 C= 1.000 D= -0.800 E= 5.700 F= 4.300 G= 2.800H= 3.500 I= 0.300 J= -0.600 K= -1.000

azimute AB= 180° azimute BA = 0° azimute BC= 270° azimute CB= 90°azimute CD= 0° azimute DC= 180° azimute DA= 120° azimute AD=300°

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O passo inicial deve ser completar o croqui com o valor dos ângulos internos, o quepossibilitará o desenho da planimetria do lote.Desenhada a planimetria, devem ser lançados no desenho os pontos cuja altimetria foilevantada (pontos E, F, G, H, I e J).

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Tendo em conta os pontos notáveis no terreno, devem ser lançadas as curvas de nível,através da divisão proporcional dos lados do polígono e das linhas que ligam os pontosinternos entre si e com pontos do polígono.O ideal é tringular todo o conjunto.

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Feita a divisão proporcional, lançar as retas que ligam os pontos e depois substituí-laspor traços a mão livre (mais adequado para a representação do terreno).

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3.PRECISÃO EM UM MAPA:

PEC - Precisão/Erro Cartográfico

Em planimetria - erro horizontal = 0.2 mm na escala do mapaEm altimetria - erro altimétrico = metade da curva de nível

Ex.:curva de nível de 10 em 10 metros - erro de 5 metrosmapa escala 1:10.000 - erro de 2 metros, pois 1 cm na escala 1:10.000

corresponde a 100 metros, 1mm deverá corresponder a 10 metros, logo 0.2 de mm são 2metros.

4. FORMATOS DE DESENHO (SEGUNDO ABNT, 1970):

A0 - 841 x 1189 mmA1 - 594 x 841 mmA2 - 420 x 594 mmA3 - 297 x 420 mmA4 - 210 x 297 mm

É usual deixar margem de 2,5 cm à esquerda e 1 cm nos demais lados.

5. REVISÃO SOBRE COORDENADAS UTM:

- Transversal - cilindro transverso, perpendicular ao eixo da Terra- Como é secante, em dois pontos não há distorções.- Gira de 6 em 6 graus, resultando em 60 projeções - projeção múltipla.- A folha de 1:1.000.000 resulta em área de 6 por 4 graus.

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Diferença entre NQ e NG - Convergência MeridianaDiferença entre NM e NG - Declinação Magnética

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6. NOMENCLATURA - Mapeamanto Sistemático

A Cartografia Básica "compõe-se de cartas sistemáticas e especiais. A CartografiaSistemática tem por finalidade a representação de um espaço territorial por meio decartas elaboradas segundo padrões cartográficos oficiais. A Cartografia SistemáticaTerrestre Básica refere-se somente à parte terrestre, através de séries de cartas gerais,contínuas, homogêneas e articuladas.

Cartas Básicas não sistemáticas ou especiais são quaisquer mapeamentos realizadosextra-oficialmente, podendo enquadra-se dentro das especificações técnicas daCartografia Sistemática. Em geral, destinam-se a uma única classe de usuários."(EMPLASA, 1993:9).

A CARTA INTERNACIONAL DO MUNDO AO MILIONÉSIMO:

A Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo é um esquema de articulações emescala 1:1.000.000 que fornece informações sobre a posição da área mapeada,padronizando referências cartográficas. A Conferência Técnica das Nações Unidas,realizada em Bonn em 1962, teve como objetivo rever as especificações definidas nosencontros de Londres (1909) e em Paris (1913).

Fonte: EMPLASA, Sistema Cartográfico Metropolitano, Governo do Estado de São Paulo, 1993:10.

O sistema de referências abrange uma área de 4o de latitude por 6 o de longitude, faixaque corresponde à divisão do globo em coordenadas UTM. As divisões vão até osparalelos 88 o sul e norte. As zonas são denominadas pelas letras de A até V, partindo doEquador em direção ao pólos. A calotas polares recebem a letra Z.

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Fonte: MANUAL DE FUNDAMENTOS CARTOGRÁFICOS E DIRETRIZES GERAIS PARA ELABORAÇÃODE MAPAS GEOLÓGICOS, GEOMORFOLÓGICOS E GEOTÉCNICOS, pg. 27.

O desdobramento da folha de 1:1.000.000 em outras escalas é feito da seguinte forma(MANUAL DE FUNDAMENTOS CARTOGRÁFICOS E DIRETRIZES GERAISPARA ELABORAÇÃO DE MAPAS GEOLÓGICOS, GEOMORFOLÓGICOS EGEOTÉCNICOS):* Folha de 1:1.000.000 (4o por 6o) divide-se em 4 folhas de 1:500.000 (V, X, Y, Z)* Folha de 1:500.000 (2o por 3o) divide-se em 4 folhas de 1:250.000 (A, B, C, D)* Folha de 1:250.000 (1o por 1o 30') divide-se em 6 folhas de 1:100.000 (I, II, III, IV, V,VI)* Folha de 1:100.000 (30' por 30') divide-se em 4 folhas de 1:50.000 (1, 2, 3, 4)* Folha de 1:50.000 (15' por 15') divide-se em 4 folhas de 1:25.000 (NO, NE, SO, SE)* Folha de 1:25.000 (7'30" por 7'30") divide-se em 6 folhas de 1:10.000 (A, B, C, D, E,F)

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Fonte: MANUAL DE FUNDAMENTOS CARTOGRÁFICOS E DIRETRIZES GERAIS PARA ELABORAÇÃODE MAPAS GEOLÓGICOS, GEOMORFOLÓGICOS E GEOTÉCNICOS.

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Exemplo: a Carta do Sistema Cartográfico Metropolitano de São Paulo, na escala1:2.000:Índice de nomenclatura: SF-23-Y-C-VI-2-NO-D-II-3S - referência ao sul do EquadorF - direção sul, a 6a. quadrícula de 4o

23 - na direção leste, o 23o. fuso de 6o

SF-23 - referência à folha na escala 1:1.000.000 (Sistema Internacional)Y - referência à folha na escala 1:500.000 (Sistema Nacional)C - referência à folha na escala 1:250.000 (Sistema Nacional)VI - referência à folha na escala 1:100.000 (Sistema Nacional)2 - referência à folha na escala 1:50.000 (Sistema Nacional)NO -referência à folha na escala 1:25.000 (Sistema Nacional)D - referência à folha na escala 1:10.000 (Sistema Cartográfico Metropolitano)II - referência à folha na escala 1:5.000 (não existente em São Paulo)3 - referência à folha na escala 1:2.000 (Sistema Cartográfico Metropolitano)A - referência à folha na escala 1:1.000 (não existente em São Paulo)

Fonte: EMPLASA, Sistema Cartográfico Metropolitano, Governo do Estado de São Paulo, 1993:12.

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Em 1967 foi aprovado o Sistema Cartográfico Nacional e em 1972 a FIBGE divulgou oálbum com as 46 cartas em escala 1: 1.000.000 que recobrem todo o território nacional.

Fonte: MANUAL DE FUNDAMENTOS CARTOGRÁFICOS E DIRETRIZES GERAIS PARA ELABORAÇÃODE MAPAS GEOLÓGICOS, GEOMORFOLÓGICOS E GEOTÉCNICOS.

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Aracaju SC 24 Manaus SA 20Araguaia SB 22 Natal SB 25Assuncion SG 21 Paranapanema SF 22Belém SA 22 Pico da Neblina NA 19Belo Horizonte SE 23 Porto Alegre SH 22Boa Vista NA 20 Purus SB 20Brasília SD 23 Rio Apa SF 21Contamana SC 18 Rio Branco SC 19Corumbá SE 21 Rio de Janeiro SF 23Cuiabá SD 21 Rio Doce SE 24Curitiba SG 22 Rio São Francisco SC 23Fortaleza SA 24 Recife SC 25Giânia SE 22 Roraima NB 20Goiás SD 22 Salvador SD 24Guaporé SD 20 Santarém SA 21Iça SA 19 São Luís SA 23Iguapé SG 23 Tapajós SB 21Jaguaribe SB 24 Teresina SB 23Javari SB 18 Tocantins SC 22Juruá SB 19 Tumucumaque NA 21Juruema SC 21 Uruguaiana SH 21Lagoa Mirim SI 22 Vitória SF 24Macapá NA 22

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III. MAPAS TEMÁTICOS

1. MAPA DE DECLIVIDADES:

São elaborados através do uso do ábaco, mapeando direntes classes de declividade deacordo com as necessidades da análise espacial a ser realizada. Na escala urbana, porexemplo, o mais comum é a produção de Mapas de Declividade com as classes:

0 a 5%5 a 10%10 a 20%20 a 30%30 a 45%acima de 45%

Declividade:Realizando um corte no terreno, observa-se que quanto mais próximas as curvas denível, maior a inclinação, e quanto mais afastadas menor a inclinação:

Quando trabalhamos com um mapa topográfico o que vemos, ou seja, a distância entreas curvas de nível, corresponde à PROJEÇÃO HORIZONTAL da distância. Quandorealizamos o perfil, vemos a PROJEÇÃO HORIZONTAL e a PROJEÇÃO VERTICALdas distância entre as curvas:

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A declividade de um terreno é dada pela relação entre a projeção horizontal e a projeçãovertical de uma curva.Exemplo: declividade de 30%:

Variação vertical 30_______________ = ____Variação horizontal 100

Quando trabalhamos com as curvas de nível, a VARIAÇÃO VERTICAL é sempreconstante, pois as curvas estão smpre à mesma distância vertical, ex.: de 10 em 10metros, de 5 em 5 metros, de 1 em 1 metro, etc.

- Logo, no cálculo da declividade Y será constante e X deverá variar.

Calcule e construa o ábaco de declividades para o mapa abaixo, sabendo que sua escalaé 1:1000. Em seguida, faça o mapa usando as seguintes classes de declividade:

0 a 10% , 10 a 20%, 20 a 30%, acima de 30%

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Construção do ábaco:- variação vertical de 1 metro - variação vertical igual a x10% 10/100 = 1/x logo, x=10 m20% 20/100 = 1/x logo, x=5 m30% 30/100 = 1/x logo, x=3,3 mDesenho do ábaco, na escala 1:1000:

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0 a 10%10 a 20%20 a 30%30 a 45%acima de 45%

ESC. 1:5000

Na escolha das classes mapeadas, caso o objetivo seja o uso agrícola, é interessantemapear a faixa até 13%, pois fica entre 10 e 13% o limite máximo de emprego demecanização na agricultura. No caso do espaço urbano, segundo a lei 6766/79 éconsiderado non aedificandi a declividade acima de 30%, porém, de 30 a 47%, caso sejaapresentado laudo geotécnico, é permitida a ocupação, sendo restrita acima de 47%. Jásegundo o código de proteção florestal (Lei no. 4771/64) não é permitida a derrubada deárvores acima de 45 graus ou 100% de declividade.

Caso o mapa a ser elaborado não esteja em escala convencional, deve ser feita aconversão pela aplicação da fórmula (D=d x E) ou pela "regra de 3".

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2. MAPAS HIPSOMÉTRICOS OU ALTIMÉTRICOS

Os mapas hipsométricos têm como objetivo a comunicação do relevo representado.Utiliza-se da escala de cores frias e cores quentes para informar a gradação da altimetria.São consideradas cores frias os verdes e os azuis, enquanto que as cores quentes são osamarelos, laranjas, vermelhos e marrons. É aconselhável não utilizar o azul cian para asclasses altimétricas, e reservá-lo para a hidrografia. Cores como o rosa e o roxo (violeta)devem ser evitadas, pois dão ambigüidade na leitura da escala.

Exemplo de escala de cores frias/cores quentes:azulverde azuladoverde folhaverde amareladoamarelolaranjavermelhovermelho bordômarrom

Entre as tentivas da Cartografia em dar uma noção de terceira dimensão, se destacam:

- Mapa Topográfico - a altimetria é fornecida pelas curvas de nível (lugares geométricosde pontos de mesma altitude) e por cotas altimétricas;- Mapa Altimétrico ou Hipsométrico - consiste na definição das alturas máximas emínimas no mapa topográfico original, procurando expressar de modo rápido o relevo.A seleção de cores não é arbitrária, mas obedece a um sistema internacional que visa dara impressão de 3a. dimensão, variando das cores frias às cores quentes.- Bloco-Diagrama - através do uso da perspectica axonométrica ou cônica

3. A TERCEIRA E A QUARTA DIMENSÕES:

O público interessa-se pela crítica de pintura, música, escultura e literatura, mas nãopelas intervenções espaciais, pelo que afeta o meio ambiente. "Todavia, toda a gentepode desligar o rádio e abandonar os concertos, não gostar do cinema e do teatro enão ler um livro, mas ninguém pode fechar os olhos perante as construções queconstituem o palco da vida citadina e trazem a marca do homem no campo e napaisagem. " (ZEVI, 1978). Esse desinteresse pode vir da incapacidade de transmitir eperceber a essência das intervenções espaciais, pois não são muitas as pessoas que têm acapacidade da visão espacial.

Um dos pontos mais delicados no estudo da geografia, e certamente um dos principaisdesafios da Cartografia, é fazer da representação espacial algo mais real. A plantas sãosimplificações da realidade. Desde os primeiros descobrimentos, das primeirasdelimitações dos territórios, o homem tem buscado instrumentos e métodos quepermitam a representação da realidade, do espaço. Ao longo da história da Cartografia écomum encontrarmos croquis nos quais os autores misturam elementos bidimensionaise trimensionais, sempre na tentativa de retratar da melhor forma possível o meio

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ambiente. Hoje vivemos a era da informática: é quase impossível falar de Cartografiasem mencionar os recursos de Sensoriamento Remoto e de Geoprocessamento.Conrtudo, o principal desafio continua sendo a eficaz representação do meio ambiente ea tradução da TERCEIRA e da QUARTA dimensão.

O caráter essencial da análise ambiental, o que a distingue as ciências espaciais, está nofato de trabalhar com um vocabulário tridimensional que é percebido e vivenciado pelohomem.

BRUNO ZEVI, em seu livro "Saber ver a Arquitetura" (1978), relata essas questões noque diz respeito à Arquitetura. As suas críticas podem ser aplicadas às dificuldadesencontradas em outras ciências espaciais, como a geografia, a geologia, as ciênciasambientais e a Cartografia:

"Quando queremos construir uma casa, o arquiteto apresenta-nos umaperspectiva de uma de suas vistas exteriores e possivelmente outra da salade estar. Depois apresenta-nos plantas, fachadas e seções, isto é,representa o volume arquitetônico, decompondo-o nos planos que ocompõem e o dividem: paredes exteriores e interiores, planos verticais ehorizontais. Do uso desse método representativo provém, em grande parte,a nossa falta de educação espacial."

"A planta de um edifício é uma realidade que ninguém vê a não ser nopapel, cuja única justificação depende da necessidade de medir, para osoperários que devem executar materialmente o trabalho, as distâncias entreos vários elementos da construção. As fachadas e as seções longitudinais,interiores e exteriores, servem para medir as alturas. Mas a arquitetura nãoprovém de um conjunto de larguras, comprimentos e alturas dos elementosconstrutivos que contêm o espaço, mas precisamente do vácuo, do espaçocontido, do espaço interior em que os homens andam e vivem."

Zevi coloca que para compreender o espaço é preciso trabalhar com a quarta dimensão,a dimensão tempo. A dimensão tempo é percebida com o percorrer, o caminhar ao longode uma obra que é percebida em infinitos pontos de vistas, obtidos no deslocamentosucessivo do ângulo visual.

Contudo, não basta deslocar-se e perceber o objeto, pois a mesma percepção pode-se terda escultura quando caminhamos ao seu redor e a mesma nos surpreende nos diferenteseixos visuais. A essência do espaço está na sintonia entre os nossos referenciais deimagem e a imagem que se coloca para o nosso percorrer "é, sobretudo, o ambiente, acena onde decorre a nossa vida."

Segundo Bruno Zevi, os meios mais usados para a representação do espaço são asplantas e cortes ou seções e as fotografias. Acrescenta-se a esses as filmagens e osrecentes recursos da computação gráfica, que trazem as possibilidades de lidar com arealidade virtual. Através da realidade virtual procura-se compreender a dimensãotempo, o percorrer, a 4a. dimensão, mas nada se compara ao "vivenciar" do espaço,quando são manifestados os laços entre espaço e usuário, com base na memória espacialde cada um.

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3.1. AS PLANTAS, CARTAS E MAPAS:

Embora abstratas, são o único meio através do qual consegue-se julgar a estruturacompleta de um espaço. Segundo Zevi, antes de representar uma tragédia os gregosouviam o argumento resumido no prólogo, e seguiam o desenrolar da ação com maiscapacidade de apreciação estética. Conhecendo a essência do drama, apreciavam arealização artística.. A planta pode ser considerada como um método de resumo gráfico,que deve ser completado com percepções da terceira e quarta dimensões.

3.2. OS CORTES ou PERFIS:

Somente através da representação em duas dimensões não é possível exprimir asdiferentes camadas que resultam no espaço da superfície, assim como dar noção deescala, isto é, a relação entre as dimensões do espaço cartografado e as dimensões dohomem. Através dos perfis é possível compreender as relações entre as dimensõesverticais e as horizontais.

3.3 AS FOTOGRAFIAS:

As fotografias reproduzem fielmente o que existe de bidimensional e tridimensional noambiente, menos a sua essência espacial, pois a fotografia representa um só ponto devista, enquanto que o percorrer de um espaço traduz-se em inúmeros pontos de vista.Ela é um importante veículo de percepção espacial se apresenta um figura humana, poispode demonstrar a escala da obra. A cinematografia, assim como o uso da realidadevirtual, podem resolver o caso das diferentes visões, a quarta dimensão, e da percepçãoda escala.

Contudo, como coloca Bruno Zevi, "...uma coisa é estar sentado na poltrona de umteatro e ver os atores que se movem e outra é viver e atuar na cena da vida. Existe umelemento físico e dinâmico na criação e apreensão da quarta dimensão com o própriocaminhar; é a diferença que existe entre fazer esporte e ver os outros que jogam, entredançar e ver dançar, entre amar e ler romances de amor. ...falta a sensação deliberdade que sentimos na experiência direta com o espaço."

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4. BLOCO DIAGRAMA - O DESENHO EM PERSPERCTIVA:

a) Perspectiva Axonométrica

a.1 . Observador paralelo ao objeto:- Linhas paralelas ao observador e paralelas à terra - horizontais;- Linhas perpendiculares ao observador e paralelas à terra - 45º, 30º ou 60º- Linhas perpendiculares à terra - continuam perpendiculares ( 90º )- Medidas realizadas em real grandeza no próprio desenho

a 45º a 30º a 60º

a.2. Observador na quina do objeto:- Linhas perpendiculares ao observador e paralelas à terra - 45º, 30º ou 60º- Linhas perpendiculares à terra - continuam perpendiculares ( 90º )- Medições são feitas em real grandeza, no próprio desenho

a 45º/45º a 30º/30º a 30º/60º a 60º/30º

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b) Perspectiva com um ponto de fuga:

b.1 Ponto de fuga central:- O observador está paralelo ao objeto- Defino a altura do observador, onde será colocado o ponto de fuga (é o “olho”doobservador)- As linhas paralelas ao observador e paralelas à terra - horizontais- Linhas perpendiculares ao observador e paralelas à terra - vão para o ponto de fuga- Linhas perpendiculares à terra - continuam perpendiculares ( 90º )- Medições são feitas no quadro próximo ao observador e transferidas por eixos que vãoao ponto de fuga

b.2 Ponto de fuga lateral- O observador está paralelo ao objeto- Defino a altura do observador, onde será colocado o ponto de fuga (é o “olho”doobservador)- As linhas paralelas ao observador e paralelas à terra - horizontais- Linhas perpendiculares ao observador e paralelas à terra - vão para o ponto de fuga- Linhas perpendiculares à terra - continuam perpendiculares ( 90º )- Medições são feitas no quadro próximo ao observador e transferidas por eixos que vãoao ponto de fuga

b.2.1 Observador acima do objeto:

b.2.2 Observador abaixo do objeto:

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c) Perspectiva com dois pontos de fuga:

- O observador está na quina do objeto- Defino a altura do observador, onde serão colocados os pontos de fuga (Ponto de fugada direita PD e ponto de fuga da esquerda PE)- Linhas perpendiculares ao observador e paralelas à terra - vão para o ponto de fuga. Aslinhas da direita vão para o ponto de fuga da esquerda e as linhas da esquerda vão para oponto de fuga da direita- Linhas perpendiculares à terra - continuam perpendiculares ( 90º )- Medições são feitas no linha de terra ou na linha perpendicular da quina e transferidaspor eixos que vão aos pontos de fuga

c.1 Observador acima do objeto:

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c.2 Observador mais baixo que o objeto:

Exemplos do efeito da perspectiva nas artes:

(Fonte: OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. Rio de Janeiro, Campus, 1983:88,93.)

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No Renascimento - Leonardo da Vinci

(Fonte: OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. Rio de Janeiro, Campus, 1983:181.)

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No Barroco: Tintoretto

(Fonte: OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. Rio de Janeiro, Campus, 1983:182.)

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IV.SÍNTESE DE MAPAS

Esta metodologia destina-se à síntese de mapas, bem como ao cálculo de percentuais departicipação de algum tipo de uso de solo no conjunto, ou mesmo para o cálculoaproximado de áreas de superfícies.

Exemplo: Tendo o mapeamento das declividades de uma área segundo as classes:abaixo de 5%, de 5 a 30%, de 30 a 47% e acima de 47%:

Como proceder caso seja necessário apresentar, também, um relatório técnicoespecificando o percentual aproximado da área que corresponde à faixa abaixo de 5%,etc; ou além dos percentuais apresentar um cálculo aproximado de superfície de cadatipo de uso?

Para conseguirmos os valores de modo expedito (mais rápido) sem usarmos oplanímetro (aparelho usado para medir áreas), e sem os recursos de informática(cartografia digital), podemos usar uma malha quadriculada sobreposta ao mapa:

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Para escolher o tamanho da malha, é preciso decidir o grau de precisão para os cálculos.Usando o exemplo do mapa de declividades em escala 1:2000, se for desenhada umamalha de 1 cm por 1cm, cada quadradinho (ou pixel, célula) terá 20 metros por 20metros, resultando em 400 m2 por unidade. Caso a malha seja desenhada com 2 cm por2 cm, isto corresponde a 40 m por 40 m, ou 1600 m2.

Exemplo de transformação de um mapa em malha quadriculada:

Observamos que temos:65 quadradinhos ou células de declividade acima de 47%53 células de declividade de 30 a 47%89 células de declividade de 5 a 30%45 células de declividade abaixo de 5%

Isto quer dizer que, no total de 252 células:25,8% são de declividade acima de 47%21% de declividade entre 30 e 47%35,3% de declividade entre 5 e 30%17,9% de declividade abaixo de 5%

Para transformar isto em metros quadrados, devemos saber qual é a área de uma célula.Caso a malha seja de células de 400 m2, temos:26.000 m2 de declividade acima de 47%21.200 m2 de declividade de 30 a 47%35.600 m2 de declividade 5 a 30%18.000 m2 de declividade abaixo de 5%

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Além do cálculo de áreas, a metodologia pode ser utilizada para realizar sínteses demapas. No exemplo abaixo, tendo as cartas temáticas "Declividades" e "Uso do Solo"de uma mesma região, realizar a síntese de informações e espacializar a ocorrência deárea na qual, além da declividade acima de 47%, o uso do solo é caracterizado pelocerrado:

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V. O PAPEL DA CARTOGRAFIA HOJE

No momento atual, marcado pela consciência da complexidade da realidade espacial, epela importância de uma visão holística das questões espaciais, a cartografia temáticaapresenta-se como instrumento de grande potencialidade na caracterização de valores eelementos, na síntese de dados e na composição de perfis sobre os objetos analisados.

É preciso conhecer uma realidade para a coerente construção de propostas deintervenção espacial. Evitando a construção de modelos, que na verdade sãosimplicações resultantes de generalizações, é importante a expressiva caracterização deuma situação ambiental, bem como sua avaliação por diferentes profissionais,representantes da comunidade e de instituições.

A cartografia temática pode gerar um trabalho que se apresenta como uma "obra aberta"pois, ao mesmo tempo em que fornece informações básicas sobre diferentescaracterísticas da área, possibilita que outros profissionais, de posse dos dadosexistentes, componham novas sínteses e produzam suas avaliações da realidadeenfocada. Essa possibilidade faz da cartografia temática um instrumento adequado àvisão integrada do meio ambiente, holística e não atomística, promovendo a visão darealidade, não de forma linear e, sim, marcada pela complexidade.

Os produtos cartográficos devem atender à função de veículo de comunicação,viabilizando a ponte entre técnicos, instituições e comunidade. A metodologiacartográfica deve caracterizar-se pela agilidade e dinâmica, bem como permitir a fácilatualização de dados.

A adoção dos métodos da Semiologia Gráfica baseia-se nas propriedades da percepçãovisual, dos sistemas de sinais carregados de significados. O objetivo é que os mapaspromovam a clara interpretação dos dados, funcionando com suas plenaspotencialidades de veículo de comunicação.

A adoção da cartografia assistida pelo computador, por sua vez, permite enfrentar umgrande desafio nos estudos espaciais de hoje: maior agilidade na produção dediagnósticos e mais fácil atualização dos dados. A computação permite a construção deanálises mais complexas sob diferentes pontos de vista, buscando o caráter dinâmicoinerente à análise ambiental.

Acredita-se que a construção de mapas-diagnóstico da área, com boa legibilidade,exploram as potencialidades da cartografia enquanto veículo de comunicação e decooptação da participação comunitária. Desta forma, adequa-se às propostas deplanejamento sustentável o fato de que a comunidade pesquisada pode compreender asua situação e assumir responsabilidades e direitos.

O estudo da cartografia temática enfoca diferentes metodologias, suas potencialidades elimitações. Aborda desde a cartografia temática tradicional, à cartografia assistida pelocomputador, passando pelos estudos de Semiologia Gráfica.

1. A OPÇÃO PELA CARTOGRAFIA NAS ANÁLISES URBANAS

MOURA (1993:24-25) defende que a cartografia deve ser o principal instrumento detrabalho nas análises urbanas, e justifica esse argumento:

"A dinâmica inerente ao espaço urbano impõe a necessidade de trabalharcom uma visão sistêmica do conjunto. A representação de elementosespaciais que se interligam e, ao mesmo tempo, são identificáveis

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individualmente, traz consigo a valorização da cartografia temática comoelemento de comunicação visual das análises e das propostas para asquestões urbanas. A representação cartográfica é resultante de processosde análise e síntese de dados, retratando a realidade e favorecendodiagnósticos e intervenções.

Uma carta temática é um veículo de comunicação que se expressa atravésda representação gráfica. Os temas cartografados são retratos de certosaspectos da realidade, podendo enfocar questões qualitativas ouquantitativas. Resultam da manipulação de dados e da apresentação destesem visões parciais ou de conjunto sobre o espaço estudado.

Para a adoção do planejamento participativo e do desenvolvimento detrabalhos em equipes multidisciplinares, os recursos de comunicação visualda cartografia temática apresentam-se como uma linguagem comum quepossibilita a troca de informações e opiniões.

O grande desenvolvimento dos recursos de automatização dos dados, quegerou a cartografia digital e o sistema informativo territorial, aplicou osconceitos da cartografia temática através do uso de níveis de informação eda associação entre esses níveis. Esses recursos ganham importância com apossibilidade de associação de dados cartográficos a alfanuméricos e,principalmente, a partir do desenvolvimento das relações topológicas.

O diagnóstico urbano baseado na cartografia temática (através da geraçãode mapas-tema, mapas-síntese e mapa-diagnóstico final) resulta em perfisdos valores sociais e características físico-ambientais de uma área,evidenciando as restrições à ocupação e as potencialidades dedesenvolvimento de um espaço físico.

Acredita-se na cartografia temática como a linguagem que traduz astendências atuais de visão sistêmica das questões urbanas, além depossibilitar o gerenciamento e a análise de complexos e dinâmicos bancosde dados. É uma linguagem que permite o acompanhamento da comunidadetanto nos diagnósticos como nas propostas de intervenção que sejam deconsenso entre planejadores e usuários e que estejam dentro dos conceitosde desenvolvimento sustentável."

A cartografia, enquanto veículo de comunicação é,

"...forma de expressão do conhecimento territorial que, melhor que outras,consegue compensar a heterogeneidade das linguagens e dos níveis deaprofundamento, consentindo enfocar, de forma sintética, os fenômenos eas suas interrelações". (RIGAMONTI,1988:253).(tradução nossa)

Defendendo a mesma questão, MARBLE (1990:8) coloca:

"Pesquisadores e usuários de geografia, assim como em outras disciplinas,enfrentam, por muitos anos, problemas relativos à análise e manipulaçãode entidades que existem em um específico quadro espaço-temporal. Os

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primeiros mapas foram, aparentemente, criados antes do primeiro alfabeto,de forma que, aparentemente, tem-se trabalhado com esses produtosanalógicos, de armazenamento e comunicação de dados espaciais, por umlongo período de tempo." (tradução nossa)

A questão da cartografia como um dos mais antigos veículos de comunicação, também,é colocada por DANGERMOND (1988:31), quando diz que:

"Nos últimos 4000 anos, várias culturas usaram as simbologias gráficaspara representar fenômenos espacialmente distribuídos. Gráficos na formade mapas, historicamente, nos serviram com modos úteis de armazenamentode registros, concepção de idéias, análises, previsão do futuro,desenvolvimento de decisões sobre geografia e, finalmente, comunicandoconceitos espaciais para outros." (tradução nossa)

Tendências recentes valorizam as diferentes interpretações do conjunto urbano, com aconsciência de que a realidade não é linear, mas caracterizada pela complexidade e peladinamicidade. Acredita-se na participação comunitária, trazendo para as intervenções ediagnósticos os valores e as imagens coletivas, bem como a abertura para a abordagemmultidisciplinar do tema. Os "pesos e medidas", as tomadas de decisão são trabalhadasdentro da lógica Fuzzy, fugindo de um sistema binário, tanto nas interpretações, comonas decisões.

Essa nova postura esperada dos urbanistas exige instrumentos de trabalho que permitamtal visão dinâmica. A cartografia temática, por constituir um instrumento de análise esíntese de dados, uma vez que baseia-se na produção e sobreposição de mapas sobrediferentes temas, apresenta-se como um rico recurso. Essa técnica, associada àsinovações tecnológicas trazidas com o desenvolvimento da informática, difundiu-se demaneira bastante expressiva visando, não só, à produção da cartografia digital, como,também, compondo os Sistemas Informativos Geográficos (SIGs - SIG - SistemaInformativo Geográfico, também encontrado na literatura com o nome de GIS -"Geographical Information System". Embora muitos dos artigos publicados emportuguês mantenham a sigla GIS, com o uso do termo em inglês, optou-se pelatradução) em que os bancos de dados são associados aos elementos cartográficos,facilitando os estudos de correlações e os mapeamentos temáticos.

Difundidas algumas noções de alfabetização gráfica, a cartografia, por basear-se nalinguagem visual, pode tornar-se veículo de fácil apreensão. Instruindo o usuário naleitura gráfica, é possível situá-lo em relação ao contexto urbano e dar-lhe inúmerasinformações a respeito de sua situação comparada à de outros usuários e à de outrossetores da realidade urbana.

Ao se tratar das questões urbanas devem ser evitadas as simplificações resultantes degeneralizações, representações que, muitas vezes ideológicas, não reproduzem umretrato fiel da realidade. Constitui passo inicial e fundamental "Leggere il territórioprima di progettare, prima di programmare" (Ler o território antes de projetar, antesde programar - BONAPACE, 1984:20) Diante do dinamismo das questões urbanas,colocam VAN DER BERG e VAN DER MEER (1991:41): "È passato il tempo dellapianificazione programmata. Si deve dare spazio alla flessibilità e alla creatività..."

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(Passou o tempo do planejamento programado. Deve-se dar espaço para a flexibilidadee para a criatividade).

Posto que a cartografia é valioso instrumento nesse processo, o objetivo principal destetrabalho é o de enfocar metodologias, técnicas e recursos da cartografia temática comoinstrumento de comunicação visual das análises das questões urbanas.

2. A CARTOGRAFIA TEMÁTICA

A proposta de adoção da cartografia temática como a base principal para a elaboraçãodo diagnóstico urbano da área escolhida apresenta-se como eficaz instrumento deanálise e síntese de dados. O próprio ato de mapear é, já, caracterizado pelas ações deanálise e síntese, pois os mapas podem ter o objetivo de somente retratar o "o quê" e"onde", como podem, também, conter informações resultantes de interpretações.

Sobre essa relação de análise e síntese no tratamento dos dados e na produção de cartastemáticas, TOMLIN (1990:194) coloca:

"...descrições sobre o quê podem ser expressas em termos de observações-padrão, e medições podem ser complicadas por interpretações maisespecializadas de como. A separação dos dois pode facilitar o trabalho dogrupo, pois análises, preferencialmente devem ser conduzidas por técnicosespecializados e produzem resultados definitivos, enquanto é mais provávelque sínteses subjetivas sejam sujeitas a revisões." (tradução nossa)

Essa técnica de trabalho através da cartas temáticas, que segundo TOMLIN (1990) não érecente, mas tem sido empregada desde o início do século, aparecendo maissistematicamente na bibliografia após os anos 60, já pode ser considerada dentro dosprincípios da lógica Fuzzy. A lógica Fuzzy evita as relações binárias (que estariamdentro da lógica dualista, Booleana) e permite diferentes interpretações, valorizando,dessa forma, as opiniões dos especialistas. Diferentes mapas-síntese podem serpropostos, resultando em uma visão holística, além da visão atomística, do complexourbano, uma vez que pode envolver critérios múltiplos de interpretação.

O diagnóstico de áreas urbanas baseado na cartografia temática, através da escolha demapas-tema e sobreposições desses em análises parciais, resulta em perfis dos valoressociais e características físico-ambientais, possibilitando a determinação de restrições,potencialidades e probabilidades. Características que são identificáveis e mensuráveis,bem como passíveis de ser localizadas espacialmente, poderão ser mapeadas formandoo "todo" da imagem visual do espaço urbano. Permitem a definição do grau desusceptibilidade ao uso urbano, através da identificação de características naturais esociais, que favorecem ou são hostis a certos usos, objetivando o desenvolvimentoassociado à preservação ambiental e de valores.

Os mapas temáticos, também chamados de "themes", "overlays", "coverages", "dataplanes", "layers" ou "levels" conformam um sistema para responder perguntas, embasardecisões ou auxiliar na resolução de problemas. Baseiam-se na linguagem visual e, paraTOMLIN, (1990:xi) "as a language, this is a formal system of symbols, rules governingthe formation and transformation of those symbols..." ( TOMLIN (1990:xi) " como

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linguagem é um sistema formal de símbolos, regras governando a formação e atransformação desses símbolos.)

O interesse nos recursos da cartografia temática cresceu com a evolução da cartografiaautomatizada, também conhecida como cartografia numérica ou digital e,principalmente, dos Sistemas Informativos Geográficos, nos quais a base essencial detrabalho são os métodos de "overlay mapping" (sobreposição de mapeamentos).TOMLIN (1990:xiv) aponta que vive-se uma fase importante no uso desse recurso, pois"It is a field that has now grown to a point where fascination with tools has maturedinto concern for the way in which these tools are used." ("É, também, um campo queagora tem crescido a um ponto no qual a fascinação com os instrumentos amadureceupara a preocupação com o modo no qual esses instrumentos são usados.")

A cartografia automatizada adota a tradicional metodologia de construção de cartastemáticas, mas as análises e sínteses podem envolver relações mais complexas,evidenciando mútuas relações, que melhor representem a dinâmica espacial. SegundoSECONDINI (1988:96)

"...torna possível a constatação sempre mais analítica e objetiva daorganização territorial de um lado e, por outro lado, faz emergir novoselementos de conhecimento e novas sugestões de interpretação relacionadasa particulares fenômenos econômicos e sociais, em função de suadistribuição no território." (tradução nossa)

Passado o momento de grande entusiasmo com os recursos trazidos pela automatizaçãodos dados, quando em muitos momentos observou-se uma maior valorização dos meiosem detrimento da função fim, nota-se um amadurecimento no meio científico, trazendouma maior preocupação com os fins a serem atingidos e, conseqüentemente, com osprocessos adotados, com as metodologias de trabalho.

Hoje, os SIGs procuram evoluir nessas metodologias de tratamento de dados. Oconjunto de dados, tanto cartográficos como alfanuméricos, oferece informações quesão explícitas, mas existem, também, relações espaciais ou lógicas, e, é, em explicitaressas relações, que está a essência dos Sistemas Informativos Geográficos.

Os Sistemas Informativos Geográficos, ao buscarem formas de trabalhar com asrelações espaciais ou lógicas, tendem a evoluir do descritivo para o prognóstico. Emlugar de, simplesmente descrever elementos ou fatos, podem traçar cenários, simulaçõesde fenômenos, com base em tendências observadas ou julgamentos de condiçõesestabelecidas.

DANGERMOND (1990:32), aponta as vantagens do uso da automatização dos dados:

"1.Dados são mantidos em um formato fisicamente compacto;2.Dados podem ser mantidos e extraídos a baixo custo por unidade dedado manipulado;3.Dados podem ser recuperados a muito maior velocidade;4.Várias ferramentas computadorizadas permitem variedade de tipos demanipulação, incluindo medição, sobreposições, transformações e desenhosgráficos nos mapas, além da manipulação de bancos de dados;

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5.Gráficos e bancos de dados podem ser somados e manipulados,simultaneamente, de forma "relacional";6.Diferentes testes analíticos, de modelos conceituais em geografia, podemser executados. Isso facilita a rápida avaliação de critérios científicos e ocontrole sobre grandes áreas;7.Mudanças de análise podem ser eficientemente realizadas para dois oumais períodos de tempo;8.Desenhos gráficos inter-ativos e ferramentas de desenho automatizadopodem ser aplicadas na produção de desenho cartográfico;9.Certas formas de análise podem ser desenvolvidas a um custo que,simplesmente, não poderia ser feito eficientemente se desenvolvidasmanualmente;10. Há tendência em integrar coleção de dados, análise espacial, eprocessos de tomada de decisões em um único contexto de quadro deinformações." (tradução nossa)

Quanto às desvantagens, o autor relata questões relativas aos custos iniciais deimplantação, aos investimentos em equipamentos, e à adaptação ao sistema, aotreinamento de pessoal.

Dessa forma, o conjunto de mapas proposto caracteriza-se pela elaboração, em umaprimeira etapa, de mapas temáticos que descrevem, de forma mais objetiva, diferentesperfis da área enfocada. Em uma segunda etapa são produzidos mapas-síntese, quesomam e interpretam informações sobre um conjunto correlato de dados. Diferentesmapas-síntese podem ser propostos em diferentes associações de mapas temáticos,assim como, diferentes profissionais podem propor diferentes interpretações através deprocessos de síntese. Resulta que a técnica da manipulação de conjunto de mapas ébastante adequada ao trabalho em equipes multidisciplinares, pois facilita a troca deinformações e ermite a composição de diferentes sínteses, interpretações, resultando emvisão mais dinâmica e representativa da complexidade do espaço urbano.

3. A CARTOGRAFIA ASSISTIDA PELO COMPUTADOR

Coloca-se como desafio fundamental a questão da cartografia e atualização dos dados,tendo em vista que a complexidade urbana exige análises que, por si só, são dinâmicas,promovendo a possibilidade de geração de diferentes sínteses e interpretações, segundodiferentes pontos de vista. As constantes mudanças exigem que os instrumentosadotados se adaptem à necessária atualização dos dados. Segundo SECONDINI etal.(1988:23) "a realidade está sujeita a contínuas mudanças que modificam, erapidamente, a projeção territorial dos fenômenos econômicos e sociais."

Os recursos da cartografia assistida pelo computador, a cartografia digital ou numérica,possibilitam a necessária atualização de dados, fazendo com que as análises produzidasacompanhem a dinâmica e evolução dos fenômenos. Quando o trabalho enfoca questõesregionais, o mapeamento com base em informações obtidas por sensoriamento remoto éfacilmente atualizado, no que se refere à cobertura do solo e a algumas identificações deuso. Contudo, trabalhando na escala local, a atualização da maioria dos dados exigetrabalho de campo, coleta direta das informações. GALETTO(1988:113) acredita serapropriada a interligação de informações, através do uso de um SIG, de forma que, ao

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ser detectada uma intervenção no território, a informação não só resulte em seu registro,como, também, seja difundida em rede, a diferentes setores ligados ao estudo eplanejamento espacial de um território.

A cartografia assistida pelo computador pode limitar-se aos recursos de editoraçãográfica do mapa, o "desenho"; ou trabalhar, dotando certos elementos de umainteligência, tanto espacial, quanto de características contidas em um banco de dados, deforma a agilizar as interrogações exigidas no processo de análise e síntese. A cartografiadigital ou numérica é a que explora os recursos de CAD, enquanto a cartografia quemanipula relações topológicas, elementos com uma certa inteligência espacial, exploraos recursos de SIG. ("Computer Aided Design" e "Sistema Informativo Geográfico")

Segundo CHRISTOFOLETTI et al.(1992:8):

"Situções complexas como as do sistema urbano que envolve a estruturaurbana, controle de trânsito, saneamento básico, qualidade ambiental,zoneamento, controle de enchentes, ou mesmo os aspectos administrativosde uma prefeitura, podem ser representadas e tratadas através de um SIG,propiciando resultados mais rápidos e confiáveis no tocante à tomada dedecisões e planejamento".

É importante enfocar a questão da computação aplicada à cartografia, e como esserecurso tem evoluído, acompanhando as exigências impostas pela sociedade. Ossistemas informativos territoriais são, segundo SECONDINI (1988:18)

"Instrumentos apropriados para a elaboração de uma base descritivaarticulada, dos recursos territorias e ambientais, de modo a consentirmelhorias significativas nas definições de estratégias de planejamento."(tradução nossa)

O mesmo autor define o papel da tecnologia da informação como o de instrumento deavaliação, devendo-se atentar para o perigo da valorização dos "meios" em detrimentodos "fins". Deve-se evitar a supervalorização dos instrumentos tecnológicos disponíveis,em detrimento da organização de uma metodologia de trabalho coerente, e querealmente atinja os objetivos propostos para a ação de planejamento.

GERELLI (1988:9), assim defende a exploração dos recursos da informática nostrabalhos de análise e monitoramento territorial:

"As preocupações sociais com a qualidade de vida do futuro suscitaram aatenção, em diversos níveis, sobre os problemas derivados do mau uso doterritório, e do ambiente em geral. (...) Um monitoramento contínuo(certamente adequado ao desenvolvimento da tecnologia de informação)representa, de fato, um pressuposto indispensável para as iniciativasvoltadas para a proteção do ambiente, guiando as escolhas deplanejamento e de programação, e permitindo uma avaliação da eficáciadas políticas de intervenção em defesa do ambiente." (tradução nossa)

O grande dinamismo e as constantes modificações das realidades espaciais exigem aadoção da cartografia assistida pelo computador, como instrumento essencial de sua

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análise. A técnica agiliza o processo de produção de cartas temáticas, com sínteses einterpretações propostas por um especialista, além de tornar possível que, através denova determinação de pesos e valores, sejam gerados outros conjuntos de mapas,trazendo uma maior dinâmica para as análises e interpretações. Isto está dentro daconsciência de que a realidade não é linear, não é "Booleana", mas é complexa, é"Fuzzy".

Entre os recursos, hoje, disponíveis na aquisição e manuseio de informações geo-referenciadas existem os CADs, os SIGs e outros sistemas dotados de recursos quefazem com que possam ser considerados de situação intermediária entre um CAD e umSIG, o "computer mapping".

4. A RELAÇÃO SIG X CAD

A tecnologia da informação, segundo SECONDINI (1988:24) acrescenta potencialidadeàs seguintes funções: aquisição e elaboração de informações; análise das informações;formulação de previsões; geração de propostas de controle do sistema; e, identificaçãode soluções aos problemas que se apresentam.

Segundo GERELLI (1988:10), um SIG é um "...processo unitario di elaborazionedell'informazione centrato su un data base geografico" . Um dos objetivos do SIG,segundo SECONDINI (1988:31), é "...realizzare una organizzazione integrata dellegrandezze descrittive del territorio e dei suoi modi d'uso" . A massa de dados cada vezmais volumosa e as complexas questões relativas ao planejamento e monitoramento doterritório levaram à evolução da cartografia computadorizada, principalmente de formaintegrada às informações alfanuméricas.

Partindo da conceituação dos SIG como instrumentos de elaboração eletrônica quepermitem a coleta, gestão, análise e representação automática de dados geo-referenciados, MUZZARELLI et al. (1993:27-38), desenvolve estudo bibliográficosobre o termo, comprovando que, ainda, não existe uma definição padronizada euniversalmente aceita, a não ser o fato de que refere-se a informações espacialmentelocalizadas e que permitem o controle e gestão do território. Segundo o autor, a falta deuma definição precisa do termo deve-se a dois fatores: o primeiro, que aspotencialidades da informática, ainda, não estão completamente exploradas eprevisíveis, e o segundo que percebe-se uma tendência de que os conceitos de geografiasejam associados ao quadro teórico, enquanto o instrumento operacional para osestudos espaciais seja associado à cartografia. O autor, também, relaciona a dois pontosprincipais a rápida difusão dos SIG:

"- um crescente interesse no território do ponto de vista geográfico,urbanístico e ambiental, sobretudo com a conscientização a respeito desuas limitações;- por uma maior necessidade de informações, asseguradas pelodesenvolvimento tecnológico com uma relação custo/benefício maisvantajosa." (1993:28)

Nota-se uma grande difusão do SIG na produção de inventários e apoio à prática doplanejamento, uma vez que permite a definição física e análise quantitativa doscomponentes sócio-econômicos e até mesmo análises qualitativas, atribuindo pesos às

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características identificadas dentro de uma escala de valores estabelecida. Tem-setornado o principal instrumento de planejamento urbano por possibilitar um retrato maisfiel de sua complexidade e permitir a integração de análises por disciplinas diversas (doponto de vista geológico, arquitetônico, econômico, entre outros).

MARBLE e PEUQUET (1991:3) relatam que o primeiro SIG a ser criado foi o CGIS(Canada Geographic Information System), nos anos 60, objetivando o inventárioterritorial, e logo depois foram criados SIGs para os estados de New York e Minnesota.Para TOMLINSON (1990:18-29) os anos 60 podem ser caracterizados como a época doprocessamento de dados e de resoluções gráficas pobres. Os anos 70 foram uma épocade consolidação, mais do que um período de inovações, com o desenvolvimento dahabilidade dos usuários em interagir com o processo. Nos anos 80 fica clara aimportância das descrições geográficas para a compreensão dos fenômenos espaciais eretorno financeiro dos investimentos. A época foi marcada pelo desenvolvimento dascapacidades de velocidade, fácil manuseio e flexibilidade dos dados geográficos. Aexpectativa maior é a de interação de diferentes tipos de dados e bancos de dados,levando à avaliação dos processos de coleta e armazenamento de dados. A tônicaprincipal trazida pela década de 80 e que canaliza os interesses na década de 90 é odesafio de responder à questão "What if", de lidar com simulações, providenciando o"Expert Geographic Information System".

Objetivando a caracterização de um SIG, MARINI (1988:145-148) informa que sãoesperadas dos sistemas as seguintes capacidades:

- gestão de bancos de dados indexados espacialmente;- obtenção de informações de forma eficiente dos bancos de dados sobre a existência,localização e propriedades de um grande número de objetos;- flexibilidade do sistema em adaptar-se às exigências de cada usuário;- possibilidade de adquirir conhecimento sobre os objetos tratados durante o uso dosistema.

Os sistemas, segundo o autor, devem responder às seguintes questões:

- onde está o objeto A?- onde está A em uma certa relação com B?- quantos objetos de tipo A estão a uma certa distância de B?- qual é o valor de uma certa função Z, no ponto X?- quanto vale um certo parâmetro geométrico do objeto A?- qual é o resultado da interseção de vários tipos de objetos geométricos?- qual é o percurso de menores custos, resistência ou distância entre A e B seguindo umarede fixada?- o que há nos pontos X1, X2, X3...?- quais são os objetos vizinhos àqueles que têm uma certa configuração de atributos?- usando um arquivo digital como modelo do mundo real, simular o efeito do processoP, no tempo T, em um dado cenário C.

As questões acima colocadas como essenciais para que um SIG seja considerado eficaze possa ser adotado como ferramenta de trabalho de grande potencialidade, só podemser respondidas quando o sistema trabalha, operando relações topológicas. Muitosautores vinculam a definição de um SIG à possibilidade de manuseio de suas relações.

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Quando os sistemas não trabalham com relações topológicas, são definidos como CADou cartografia digital.

Segundo MARINI (1988:122), as relações topológicas entre elementos são vizinhança,pertinência, conexão, inclusão, interseção. É como se o computador trabalhasse comconjuntos e identificasse elementos que pertencem a um mesmo conjunto segundocertas características. Quando se trabalha com dados em formato raster, memorizadosponto a ponto de forma a compor uma imagem, é mais clara a compreensão das relaçõesde topologia, pois é fácil verificar a adjacência de dois "pixels" (unidade mínima, cadaponto que conforma a imagem). Contudo, quando os dados estão em formato vetorial, acada nó que delimita um segmento devem ser adicionadas informações sobre as áreasque eles dividem e, dessa forma, adicionar a estrutura informativa relativa à topologia.

CHISTOFOLETTI et al.(1992:9) defendem que a diferença entre um SIG e um CAD:

"...consiste basicamente no fato de que o último é principalmente umaferramenta de desenho digital e não necessariamente de processamento deinformação. Um CAD geralmente possui funções que permitem arepresentação precisa de linhas e formas, podendo ser utilizado, porexemplo, na digitalização de mapas e cartas. Entretanto, apresentarestrições no que diz respeito à atribuição de outras informações àsentidades espaciais (elementos gráficos) por ele criados."

Mostram, ainda, que o SIG:

"...dispõe de ferramentas que permitem cruzamentos de informação dediferentes temas, bem como análise de natureza espacial complexa comoproximidade e conectividade, fundamentais em estudos e projetos que seutilizam desse tipo de dados."

Os autores, embora associem o conceito de SIG às relações topológicas e o CAD àsferramentas de desenho, deixam fora o caso dos instrumentos que associam dadoscartográficos a alfanuméricos e possibilitam a geração de algumas cartas temáticasatravés da manipulação do banco de dados.

Ainda sobre a relação CAD x SIG, COWEN (1990), acredita na existência de produtoscaracterizados como CAD, SIG e o que classifica como "computer mapping". O autormostra que as primeiras definições de SIG levavam à visão errada de que qualquermapeamento por computador poderia ser um SIG. Cita os conceitos adotados porTOMLINSON e outros, no início dos anos 70, o que chama de conceitos baseados no"process-oriented approach", quando um SIG era visto como um conjunto de sub-sistemas integrados que ajudariam na conversão de dados geográficos em informaçõesúteis. Segundo o autor, a mesma visão, extremamente ampla do conceito, era adotadapor CLARKE em 1986, que conceituava um SIG como "computer-assisted systems forthe capture, storage, retrieval, analysis, and display of spatial data"*3. Essa visão deCLARKE e outros é chamada por COWEN de "application approach", pois associa oSIG à informação manipulada mas, não o diferencia de outras formas de manipulaçãoautomática de dados. COWEN detecta, ainda, uma tendência que chama de "toolboxapproach", para a qual um SIG deveria possuir um conjunto sofisticado deprocedimentos computacionais e algorítimos para o manuseio de dados espaciais. Já é o

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início da associação dos conceitos de SIG ao emprego de relações topológicas namanipulação de dados, conceito defendido, segundo COWEN, por TOMLINSON eBOYLE em 1981 e por DANGERMOND em 1983. Finalmente, o conceito de SIG,segundo COWEN, chega ao que considera "database approach", definido como uminstrumento para a manipulação de dados geo-referenciados e, segundo GOODCHILD(1985, apud COWEN, op.cit p.54) "...the generic GIS thus can be viewed as a numberof specialized spatial routines laid over a standard relational database managementsystem".

COWEN, após verificar as diferentes tendências da conceituação do SIG ao longo dahistória, consegue conceituar com clareza SIG, CAD e o que chama de COMPUTERMAPPING. O autor associa o conceito de CAD ao desenho, à representação deinformações geográficas, usando diferentes camadas de desenho, cores, estilos de linhase recursos gráficos. Adverte, contudo, que:

"...the CAD system by itself, however, could not automatically shade eachparcel based on values stored in an assessor's database containinginformation regarding ownership, usage, or value" (1990:55).

Já ao conceito de SIG ele associa a capacidade de produzir não só o inventário, como,também, a análise e a manipulação de dados, o que torna possível gerar informações enão só recuperá-las de um banco de dados. Existe um certo número de sistemas quenão se enquadram nas definições de SIG ou de CAD acima apresentadas, e que sãoclassificadas pelo autor como uma situação intermediária, o "COMPUTER MAPPING",que é caracterizado pela ligação entre dados cartográficos e alfanuméricos,possibilitando a resposta de algumas questões geo-referenciadas, embora não possa serconsiderado exatamente um SIG. Nesses casos

""...combinando operações padrão de manipulação de banco de dados comtransmissão automática de símbolos, o sistema "computer mapping"proporciona uma ligação muito melhor entre informações geográficas e aapresentação do que é simplesmente desenho ou sistemas CAD. Contudo,tais sistemas pecam pela pouca capacidade em relação aos tipos que estãoagora disponíveis com os sistemas informativos geográficos comcaracterísticas completas." (tradução nossa) (1990:56).

As conceituações estudadas por COWEN expressam com clareza as características dediferentes recursos disponíveis, pois, existem, hoje, no mercado da informática,software que são ótimos CADs, atendendo às expectativas de produzir mapas com boaresolução gráfica, e que também tornam possível a geração de cartas temáticas atravésda manipulação do banco de dados associado aos elementos gráficos. Tais sistemas são,muitas vezes, erroneamente classificados como SIG, pois falta uma definição que oscaracterize não só como CAD, mas como portadores de alguns recursos de manipulaçãode dados alfanuméricos. Um SIG completo deve ser capaz de trabalhar com relaçõestopológicas, ou seja, com estruturas geométricas que manipulam relações comovizinhança, conexão e pertinência.

Segundo CHRISTOFOLETTI et al.(1992:25)"a topologia define a localização dos fenômenos geográficos, um emrelação aos outros, não requerendo necessariamente o uso do conceito de

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coordenadas, mas considerando apenas a sua posição no arranjo da rede,por exemplo".

MARBLE (1990:10), ao desenvolver uma panorâmica dos sistemas informativosgeográficos, lista o que considera características essenciais que definem um SIG:

"1. subsistema de entrada de dados que coleta e/ou processa dadosespaciais derivados de mapas existentes, sensoriamento remoto, etc;2. armazenamento de dados e subsistema de recuperação que organiza osdados espaciais, de forma a permitir que eles sejam rapidamente acessadospelo usuário para suas análises, bem como permita rápidas e precisasatualizações e correções;3. manipulação de dados e análises de subsistemas que realizam uma sériede tarefas, como mudar a forma de um dado através do uso de regras deagregação, definidas em rotinas ou por estimativas de parâmetros, epotencialidade para vários tipos de otimização espacial ou simulação demodelos;4. subsistema de saída de dados que é capaz de apresentar todo ou parte dobanco de dados original, assim como manipular dados e a saída paramodelos espaciais na forma de quadros ou mapas. A criação daapresentação de mapas envolve uma extensão conceitual considerável deabordagens cartográficas tradicionais, e a mudança substancial nasferramentas usadas na criação das apresentações cartográficas." (traduçãonossa)

Discutindo a questão da adoção de recursos da informática à cartografia, é importanteainda enfocar as relações "raster x vetorial", as suas características e diferenciações nouso.

5. A RELAÇÃO RASTER X VETORIAL

As diferenças entre software que trabalham com estrutura raster e estrutura vetorialocorrem, principalmente, na forma de armazenamento, manipulação e saída dos dados.

Nas estruturas raster, as informações são armazenadas em unidades mínimas, células,chamadas de "pixel" (picture elements), quadrículas, que no conjunto compõem cadaelemento gráfico. Sobre as informações contidas em cada quadrícula, "pixel", ouunidade mínima, CHRISTOFOLETTI et al. (1992:17) mostra que "...ocorre umprocesso de generalização onde os vários elementos que podem constituir umaquadrícula deixam de ser individualizados". Exemplificando, uma imagem de satélite éum produto raster onde cada "pixel", que varia de 10x10m a 120x120m, representa acaracterística ou o elemento predominante naquela unidade mínima de leitura. Quandouma primitiva gráfica (linha, ponto, polígono, curva etc.) é representada num softwarede estrutura raster, são memorizados todos os pontos que a compõem. Num software deestrutura vetorial são memorizados os pontos inicial e final que definem a reta.

No software com estrutura raster, a precisão do mapa obtido depende da resolução daquadrícula. A maior dificuldade relaciona-se ao armazenamento de dados, pois comocada elemento é memorizado ponto a ponto, são necessárias eficazes estratégias decompactação dos dados. A memorização de dados raster é feita como se o espaço

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cartografado fosse "quebrado" em unidades discretas, pequenas. Para os dadosvetorizados, por sua vez, são memorizadas as coordenadas dos nós dos mapas e asconexões e informações para reconstruir objetos complexos. Como são memorizadosapenas os extremos do segmento, a ocupação de memória é inferior.

Nas estruturas vetoriais, o armazenamento de dados é feito através de primitivasgráficas, e a resolução obtida reproduz mais fielmente os elementos. SegundoCHRISTOFOLETTI et al.(1992:29), usando um software de estrutura vetorial:

"...as formas de saída convencionais como impressoras e plotter permitemuma apresentação mais adequada dos resultados, não só do ponto de vistaestético mas também pelo fato de que o produto final assemelha-se muitomais à forma convencional (analógica) de elaboração de mapas".

Questionando, ainda, a relação raster x vetorial, os pontos que devem ser considerados,quando da escolha de um ou outro sistema, TOMLIN (1990:44) enfoca bem aquestão ao definir: "yes, raster is faster, but raster is vaster, and vector just seems morecorrecter" e discute, com muita propriedade, essa relação e os recursos disponíveis:

"...os dados obtidos por satélites são, geralmente, no formato raster, e amaior parte do que está disponível, em organizações de mapas, tantopúblicas como privadas, está na forma vetorial. Quadros de digitalizaçãode desenhos (ou mesas de digitalização) são, também, orientadas paradados vetoriais, enquanto que os equipamentos de entrada por vídeo (oudigitalizadores de imagens obtidas pelo scanner) são orientadas para dadosno formato raster. Não é verdade que dados cartográficos, em um certonível de precisão, possam ser armazenados, mais eficientemente, na formavetorial.

Em termos de apresentação dos dados, as vantagens dos formatos raster ouvetorial dependem das necessidades. A resolução gráfica do raster tende aser como imagens fotográficas, e pode atingir maior realismo do que épossível com produtos vetoriais. A representação gráfica vetorial, por outrolado, tende a ser como desenhos. Dessa forma, esses são mais adequadospara o tipo de representação simbólica que é tradicionalmente associada àcartografia.

Sobre a interpretação dos dados, as vantagens da estrutura de dados rasterou vetorial é a maneira como cada tipo expressa as relações entre o quê eonde. As estruturas raster são orientadas para a posição, enquanto asestruturas vetoriais são orientadas para o tema. No raster, armazenam-secaracterísticas que são associadas a localizações, enquanto no vetorialregistram-se localizações que são associadas a características. Por essarazão, estruturas raster se adaptam melhorà interpretação do onde,enquanto estruturas vetoriais se adaptam melhor às interpretações de oquê."

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Sobre os processos de conversão de dados ver CHRISTOFOLETTI, 1992:20-23;TONMLIN, 1990; MARINI, In SECONDINI et al., 1988:126-128 e PEUQUET, InMARBLE e PEUQUET, 1990:250-285).

6. A SEMIOLOGIA GRÁFICA

Acreditando-se na cartografia como veículo de comunicação nas análises urbanas,torna-se essencial o coerente tratamento das informações gráficas garantindo a corretainterpretação dos dados. Um mapa deve ser construído, e não apenas desenhado,observando as propriedades inerentes à percepção visual.

Para BERTIN (1980) a cartografia, hoje, apresenta a função não só, de representar aimagem de elementos geo-referenciados que sejam de interesse para o homem, comotambém tem se desenvolvido em outra direção: a representação de múltiplos fenômenosque o homem deve conhecer para tomar certas decisões, fenômenos visíveis ou não,como no caso das legislações aplicáveis a elementos enfocados. Com essamultiplicidade de informações a tratar, torna-se essencial o estudo das propriedades dapercepção visual, objetivo da Semiologia Gráfica. Segundo o autor:

"Como toda ciência, a Semiologia Gráfica desenvolveu-se a partir dedificuldades encontradas, e de constatações de fracassos. Crê-se,realmente, que o único erro cartográfico possível é trocar a posiçãogeográfica. Esse erro é quase inexistente, exceto, infelizmente, entre aquelesmilhares que confundem ainda cartografia e decoração...O erro maiscorrente, e ainda o mais grave porque surge de más decisões, consiste emtrocar não de posição, mas de caraterística, pois é trocar a representaçãode uma ordem de quantidades por uma não-ordem, ou por uma desordem,dando, assim, uma falsa imagem, o que quer dizer uma falsa informação."(p.2) (tradução nossa)

Um mapa, ao representar a realidade, o faz através de modelos descritivos. Essapreocupação em trabalhar com um sistema de sinais, com a transcodificação dosignificado de cada sinal, gerou os estudos de uma linguagem gráfica proposta pelaequipe do "Laboratoire de Graphique" da "Ecole des Hautes Etudes en SciencesSociales", com a coordenação do Professor JACQUES BERTIN. Estudando a TeoriaGeral dos Signos, desenvolveram a metodologia conhecida como SEMIOLOGIAGRÁFICA.

SANTOS, M.(1987) mostra que as representações gráficas são expressões de umalinguagem, isto é, são uma das quatro formas que o ser humano usa para se comunicar: alinguagem das palavras, dos números, da música e a representação gráfica, essa últimabaseada na interpretação viso-espacial. O mapa é um instrumento construído com alinguagem gráfica, usando símbolos carregados de significado, que devem sertrabalhados de forma a refletir a realidade. Segundo a autora,

"A atividade de mapeamento, entretanto, por mais simples e direta que seja,envolve várias transformações da realidade, no que diz respeito à escala, àprojeção e simbologia. E essas transformações ultrapassam a experiêncianormal ou o horizonte de percepção da maioria dos indivíduos".(p.4).

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O sistema de signos é trabalhado de forma bidimensional e com base na decodificaçãoda significação atribuída aos mesmos. Dessa forma, segundo SANTOS, M. (1987) arepresentação gráfica baseia-se em um sistema semiológico monossêmico, pois adefinição de cada signo precede sua transcrição ou interpretação.

A teoria da Semiologia Gráfica pode ser empregada na construção de mapas ou gráficospara serem "vistos", e não para serem "lidos", de forma que a percepção deve serimediata, a apreensão deve ser clara, trabalhando com o nível monossêmico de imagens,construindo um sistema semântico através do estudo das regras relacionadas aos signos.

exemplo de legenda inadequada

Deve-se partir do princípio de que existem níveis diferenciados de leitura dainformação: o nível global, o intermediário e o elementar. Um mapa deve apresentarlegibilidade nos três níveis. O ser humano está mais acostumado a compreender a leituraque parte do elementar e chega ao global, tendo dificuldades em compreender que aleitura espacial e visual representa um processo inverso, é do global para o particular,como é o caso da música e das palavras. Por exemplo, na linguagem escrita são lidaspalavras, que formam frases e compõem o conjunto de orações que dão sentido àcomunicação. Nesse processo, segundo CARDOSO (1984:39) "... o olho humano, antesde tudo, generaliza, vê o conjunto, e só depois vai ao detalhe (processo que é inverso aoda linguagem verbal) ".

Em uma leitura inicial tem-se informações sobre o conjunto, sobre como se agrupam astipologias identificadas no documento. Na leitura intermediária, observam-se ascaracterísticas das tipologias, enquanto na leitura elementar observa-se cada elementomapeado. Por exemplo, mapeando a situação de conforto bioclimático das edificaçõesde uma área urbana, na leitura global devem ser percebidas as relações entre os gruposde edificações criados segundo padrões de conforto bioclimático (áreas de concentraçãode situação ruim, áreas de concentração de situação boa, tendências gerais, etc.); naleitura intermediária devem ser identificadas, por exemplo, as edificações que possuempadrão médio-baixo dentro da classificação proposta e, no nível elementar, deveria seridentificada, numa certa edificação, a classificação obtida.

O mapa visa a atender a duas perguntas fundamentais:- onde estão localizadas tais características ?- quais são as características em tal lugar ?

Buscando respostas a essas duas perguntas essenciais "navega-se" através dos diferentesníveis de leitura do documento e são realizadas interpretações analíticas e sintéticas dasinformações.

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Aplicar a metodologia da Semiologia Gráfica é realizar a transcodificação da linguagemescrita para a linguagem gráfica, evitando o "ruído" na comunicação, buscando signosque realmente representem as características mapeadas. A escolha dos signos baseia-seem sistema monossêmico, a sua definição precede a interpretação, de modo que oresponsável pela composição do mapa passa da condição de mero desenhista para a de"redator gráfico".

A definição dos objetivos a serem alcançados com o mapa, e o público a que ele sedestina, precede a etapa de escolha dos signos e do tratamento gráfico. É com base nessadefinição que são escolhidos a escala e o formato do mapa. Mapas de trabalho (aindanão usados para apresentação), quandoa leitura é feita por técnicos, exigemapresentações diferenciadas dos mapas de apresentação, quando o perfil do público édiversificado. Para a cartografia de trabalho, muitas vezes, é aconselhável a adoção derepresentações que são usuais entre os técnicos, pois a certos signos e tratamentosgráficos já estão associados significados, que fazem parte da linguagem gráfica dosespecialistas. Exemplo disso é o Mapa de Declividades, no qual são representadasdiferentes classes de declividade, ordenadas, sendo mais adequado a variação de valor.Contudo, é usual, entre os técnicos, adotar variação de cores frias às cores quentes.

Quando um mapa é destinado a diferentes públicos, quando a cartografia é deapresentação ou comunicação, o tratamento gráfico da informação deve basear-se emsistema monossêmico, o que torna a metodologia da Semiologia Gráfica um importanterecurso.

A determinação da escala do mapa, também, deve estar vinculada a seus objetivos, aopúblico a que se destina, e ao fato de compor cartografia de trabalho ou cartografia decomunicação. Quando o mapa deve funcionar, por exemplo, como apoio à regularizaçãofundiária de uma área (é um mapa cadastral), tem-se uma cartografia de trabalho, naqual devem ser usados signos que são usuais ou que estão previstos nas normas técnicas,e a escala deve possibilitar a leitura detalhada das informações. No caso de uma cartatemática, quando o objetivo é compor o perfil de uma área segundo determinadascaracterísticas, dispensa-se a base cartográfica detalhada, pois o enfoque principal estáno tematismo. A carta temática pode ser cartografia de trabalho ou de comunicação,sendo que a de trabalho destina-se a grupo de técnicos, e a de apresentação arepresentantes de instituções ou da comunidade. Quanto à escala de trabalho, éimportante prever a distância da qual o mapa será observado, adaptando-a ao confortovisual. Além disso, se o material se destinar à distribuição a diferentes pessoas, deveráser construído de forma a possibilitar a sua reprodução. Mapas cadastrais podem serfeitos em papel copiativo (vegetal ou similar) e em formatos maiores, enquanto cartastemáticas podem ser feitas em formatos menores e sem o uso de cores.

São essenciais os cuidados com as referências colocadas no mapa (fonte, escala gráficae/ou métrica, orientação, executor, ano de realização do mapa e ano da fonte dos dados),bem como a escolha de um título representativo e de legenda com fontes (tamanho etipo de letra) adaptadas à distância de leitura do observador.

Para o fundo de mapa é essencial a escolha de elementos a serem mapeados e otratamento dos mesmos. No caso de um mapa temático, a base tem a função de geo-referenciar as informações, sem, contudo, interferir na comunicação principal, que estárelacionada ao tematismo.

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Estando claros os objetivos do mapa (a que e a quem se destina), definidas a escala e abase cartográfica, deve ser estudado o tratamento gráfico da informação, iniciando coma escolha dos componentes.

Um componente é uma tipologia de informação mapeada. Um mapa pode ter, porexemplo, os seguintes componentes: estradas, edificações, declividades. BERTIN(1967) aponta que os componentes possuem características de organização,comprimento e modo de implantação. Aos componentes são associadas variáveisvisuais, que são transcrições da informação para a linguagem gráfica.

exemplo de componentes e seus comprimentos

O nível de organização do componente está relacionado ao significado da informação.BERTIN (1967:34-39) explica que os componentes podem exprimir quantidades,podem estar unidos por uma relação de ordem, ou podem ser diferentes entre si. São trêsos níveis de organização: o quantitativo, o ordenado e o qualitativo. O qualitativo podeser associativo ou seletivo, sendo que o primeiro exprime comparação entre oselementos, e o segundo diferenciação. O quantitativo fornece quantidades.

exemplos de níveis de organização

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Deve-se observar que tudo o que é quantitativo é ordenado, mas nem tudo o que éordenado é quantitativo. Além disso, tudo o que é ordenado é seletivo, mas nem tudo oque é seletivo é ordenado. Por exemplo: número de habitantes por edificação (1, 2, 3,...)é quantitativo e ordenado; mas, padrão das edificações (bom, médio, ruim) é ordenado,e não é quantitativo. No componente padrão das edificações, bom é seletivo e ordenadoem relação ao médio, mas no uso do solo (comércio, prestação de serviços e serviços deuso coletivo) o componente, seletivo, não é ordenado.

O comprimento do componente está relacionado ao número de subdivisões do mesmo.Tomando como exemplo o componente estradas, se essas apresentam a subdivisão emfederal, estadual e municipal, o comprimento do componente é 3.

O modo de implantação de um componente pode ser pontual, linear ou zonal. Conformeexplica LE SANN (1983:9) "a informação transmitida pode se referir a umalocalização precisa, um limite ou um percurso, ou ainda, a uma superfície." Ocomponente "escola", que possui localização precisa, é pontual. Um rio, uma rua ou umlimite administrativo são lineares. As manchas que caracterizam a densidade de umaregião, as faixas de declividade de um terreno, por exemplo, são zonais.

Pode-se mudar o modo de implantação de um componente, de acordo com a escala domapa construído, ou diante da necessidade de sobrepor informações. Nos exemplos aolado , no primeiro mapa usou-se o modo de implantação zonal para caracterizar as ruas,enquanto que no segundo usou-se o linear. No terceiro mapa, diante da necessidade desobrepor componentes de modo de implantação zonal, um deles foi implantado comomancha e o outro através de seu limite, linear, mas representando a delimitação de umazona.

Os componentes, quando são transcodificados para a linguagem gráfica, sãotransformados em variáveis visuais ou retinais que, segundo BERTIN (1967) são otamanho, a cor, a granulação, o valor, a orientação e a forma.

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6.1 REVISÃO DE TRATAMENTO DE MAPAS:

1. Fundo de mapa - somente com informações necessárias segundo objetivos do mapa;

2. Tamanho das fontes (letras):- Título deve ser expressivo e em destaque;Exemplo: Declividades, Diamantina, 1989- Legenda deve ser legível e bem posicionada.

3. Todo mapa deve ter:- Fonte (da base cartográfica e dos dados);- Orientação (NV e nunca somente o NM, pois a declinação magnética é variável);- Referências de localização da área (coordenadas geográficas e/ou UTM);- Escala gráfica e escala numérica ( a gráfica é mais significativa que a numérica).

4. Cuidados no tratamento gráfico:- Identificar se as informações são zonais, pontuais ou lineares para a correta escolha das

representações;- Não usar simultaneamente os símbolos:

- Bertin (1969) aconselha os seguintes símbolos para boa leitura:

Letras com serifo;Nunca usar triângulo círculo e quadrado ao mesmo tempo, caso use dois deles, um preenchidoe o outro não;Bastonetes usados a 0, 90, 45 ou 135 grausAsterisco formado por bastonetes.

5. Pensar se o mapa deverá ser reproduzido em preto e branco. Caso afirmativo, éaconselhável trabalhar com hachuras diferentes, dando noção de ordem, em lugar dos tons decinza:

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6. Quando for necessário fazer sobreposições de muitas informações, dar um "zoom" (puxar odetalhe ou encarte) mantendo a aglomeração no original, evitando a falsa noção de "vazio".

7. Quando for necessário fazer a sobreposição de elementos zonais, evitar sobreposições queresultem em um terceiro elemento:

Preferir: cor+hachura cor+elemento linear delimitando a mancha hachura+elemento linear delimitando a mancha

8. Ao desenhar símbolos, não usá-los muito pequenos. Sendo uma carta temática, aespacialização da informação é mais importante que a leitura de precisão do fundo de mapa,por exemplo.

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Fonte: CARDOSO, J.A Construção de gráficos e linguagem visual. História: questão edebates. Curitiba, v.5, n.8, p.42. jun. 1984.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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.CHRISTOFOLETTI, Antônio, MORETTI, Edmar, TEIXEIRA, Amandio L. A. Introdução aos Sistemasde Informação Geográfica. Rio Claro: Edição do autor, 1992. 80p.

.DANGERMOND, Jack. A classification of software components commonly used in GeographicInformation Systems. In.: MARBLE, Duane, PEUQUET, Donna. Introductory readings in GeographicInformation Systems. London: Taylor & Francis, 1990. p.30-51.

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.MOURA, Ana Clara M. Tendências recentes nos estudos urbanos e o papel da cartografia temática.ARQUITETURA; Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v.1, n.1, p.23-25, abr.1993.

.MOURA, Ana Clara M. Estudo metodológico de aplicação da cartografia temática às análisesurbanas. Belo Horizonte, IGC-UFMG, 1993. 212 p. (Dissertação de Mestrado).

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.SECONDINI, Piero (Org.) La conoscenza del territorio e dell'ambiente; il ruolo delle tecnologie dell'informazione. Milano: Enidata, 1988. 269p. (Coleção Dati & Fatti).

.TOMLIN, Dana. Geographic Information Systems and cartographic modeling. New Jersey: PrenticeHall, Englewood Cliffs. 1990. 249p.

.VAN DER BERG, L., VAN DER MEER, J. Politica e gestione urbana, il caso Rotterdam. In:BOLOGNAFIERE - SAIE. Il projetto metropolitano; la città Europea, 1991, Bologna: Fiere di Bologna,1991. p.41.