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A música digitalTRANSCRIPT
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Esta é a transformada de Fourier. Você tem que agradecer a ela pela música que ouve no
streaming todos os dias, por espremer as imagens que você vê na internet em pequenos
arquivos JPG, e até mesmo pela tecnologia dos fones de ouvido com cancelamento de ruído.
Eis como ela funciona.
A equação permite aos matemáticos compreender rapidamente a frequência de qualquer
tipo de sinal. É uma façanha. E não sou só eu que estou dizendo: em 1867, o físico Lord
Kelvin também expressou seu amor eterno por esta obra da matemática. Ele escreveu: “o
teorema de Fourier não é apenas um dos mais belos resultados da análise moderna, mas
podemos dizer que ele fornece um instrumento indispensável no tratamento de quase todas
as perguntas recônditas na física moderna”. E é assim até hoje.
A transformada de Fourier foi desenvolvida pelo matemático Jean-Baptiste Joseph Fourier e
publicada em seu livro A Teoria Analítica do Calor, de 1822. Ele estava interessado em
como o calor fluía para dentro e em torno de materiais. No processo de estudar este
fenômeno, ele obteve sua transformada. Na época, ele não teria como perceber como era
importante a contribuição que estava dando — não apenas à matemática e à física, mas
também à engenharia, à tecnologia e à ciência como um todo.
Sua maior descoberta foi perceber que os sinais complicados poderiam ser representados
através da simples soma de uma série de sinais mais simples. Ele escolheu fazer isso por
meio da soma de senoides — aquelas ondas oscilantes que você viu na escola, que vagueiam
entre o pico e o vale com regularidade previsível. Digamos que você toca três teclas em um
piano. Você produz três notas diferentes, todas com frequências bem definidas — chamadas
de altura, quando estamos falando de som — que parecem ondas senoidais. Assim:
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Mas ao somá-las, aquele agradável acorde parece bem mais bagunçado. Assim:
Parece complicado, mas sabemos que, fundamentalmente, são apenas três ondas senoidais
agrupadas no tempo e somadas. A grande sacada de Fourier foi perceber que, por mais
complicada que seja a forma da onda final, ela sempre pode ser representada como uma
combinação de senoides — mesmo que isso signifique usar um número infinito.
A genialidade dessa descoberta, para mim, é que, se você pode descobrir quais senoides
precisam ser adicionadas para criar a forma da onda final, você sabe exatamente quais as
frequências das ondas que precisam ser somadas — e em quais quantidades — para
representar o sinal. Com esse conhecimento, você sabe o conteúdo exato da sua onda
resultante.
Isso é o que a equação na parte superior da página faz em uma só tacada. O
termo x(t) representa o grande e complicado sinal que você está tentando representar por
mais simples. O termo e-jπ2ft parece um pouco assustador, mas na verdade é apenas o que
os matemáticos usam para representar essas senoides de que estamos falando.
A parte legal é que multiplicá-los e colocá-los juntos numa integral — aquela linha curva na
parte da frente e o dt no final — permite que a equação separe um por um os componentes
das senoides que são necessários para representar o sinal. Assim, o resultado da equação,
X(f), fornece a magnitude e tempo de atraso de cada um dos sinais simples que você precisa
somar.
Isto é a transformada de Fourier: uma função que explica exatamente que frequências estão
sobrepostas no sinal original. Isso pode parecer trivial, mas não é.
Imagine que você trabalhe com o envio de arquivos de áudio pela internet. Você poderia
simplesmente mandar a música inteira na forma como a gravadora a registrou, só que o
arquivo é grande demais quando está desse jeito. A razão para o seu tamanho é que é uma
gravação sem perdas, completa: cada frequência é preservada desde a gravação, por toda a
mixagem, até a faixa final. Aplique a transformada de Fourier em um pequeno trecho de
uma música, no entanto, e você vai descobrir que existem alguns componentes de
frequência que são incrivelmente dominantes e outros que mal aparecem.
O formato de arquivo MP3 faz exatamente isso; ele também joga fora os componentes de
frequência quase imperceptível para economizar espaço, bem como alguns dos que estão na
extremidade superior de nossa faixa de audição, porque temos dificuldade de distinguir
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Ele faz isso por toda a música, cortando-a em milhões de trechos, determinando os
componentes de frequência importantes e jogando fora aqueles que são sem importância. O
que resta são apenas as mais importantes frequências — ou notas — que podem ser tocadas
em seus ouvidos para representar (com bastante precisão) a música original. Ah, e este
arquivo tem menos de um décimo do tamanho original.
Também é muito semelhante à forma como funciona o Ogg Vorbis, o tipo de arquivo usado
pelo Spotify em seu aplicativo de desktop. Na verdade, o Vorbis usa uma versão
computacional extremamente rápida da transformada de Fourier, chamada de transformada
discreta de cosseno, mas em termos gerais é a mesma ideia.
Aliás, o Shazam usa essas mesmas transformadas: ele tem um banco de dados de
frequências distintas em canções, que ele compara com o que você coloca para o app ouvir,
porque isso é mais confiável do que tentar comparar uma gravação de áudio com outra.
E, já que estamos falando de áudio, os fones de ouvido com cancelamento de ruído também
usam transformadas de Fourier: um microfone grava o ruído do ambiente ao seu redor,
mede o conteúdo da freqüência em todo o espectro, e, em seguida, inverte o conteúdo para
adicionar um som em seu mix de áudio que vai anular os bebês chorando e ruídos da estrada
ao seu redor.
Mas a equação de Fourier não é um craque de uma jogada só, não. Até agora eu só falei
sobre ondas temporais como áudio — mas a transformada foi desenvolvida, em primeiro
lugar, para ajudar Fourier a resolver problemas relacionados com o fluxo de calor através de
materiais. Isso significa que ela também funciona em problemas que são espaciais.
Para Fourier, isso significava somar simples tipos de fluxos de calor em 2D para representar
os mais complexos. Mas, da mesma forma, a transformada de Fourier pode ser usada para
construir imagens digitais de forma mais eficiente do que a fazê-lo de pixel a pixel.
Arquivos de imagem sem perdas têm a cor de cada pixel definida separadamente. Quando
você salva como JPG, a imagem é dividida em pedaços pequenos e a transformada de
Fourier é aplicada a cada um dos blocos. Ela fornece uma descrição das frequências
espaciais sobre como cor e brilho variam ao longo deste pequeno pedaço da imagem. Assim
como no caso de MP3, o JPG joga fora alguns componentes de alta freqüência, que, no caso
de uma imagem, fornecem os detalhes nítidos.
Para a maioria de nós, nossos olhos não podem detectar diferenças sutis de cor. Portanto,
jogar fora os componentes que dão a variação de pixel para a pixel não altera a aparência da
imagem. Obviamente, se você aumenta a compressão, começa a jogar no lixo frequências
mais baixas, também — e é aí que as coisas podem começar a ficar meio pixeladas, à medida
que as variações de cor entre os sub-blocos se tornam mais aparentes.
Exceto para os ouvidos e olhos muito treinados, sistemas de compressão como MP3 e JPG
são pouco perceptíveis na maioria das vezes — os sons e imagens ficam ótimos e ainda
conseguem ocupar apenas uma fração do espaço que seus irmãos sem perdas demandam.
Em outras palavras, eles transformam imagens e músicas digitais em coisas práticas, o que
nos permite compartilhá-los facilmente — um feito absolutamente incrível para uma única
equação. Sem dúvida Fourier, prático o suficiente para escrever um livro sobre o fluxo de
calor, aprovaria.
Imagens por Christine Daniloff/MIT
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Dane-se o Chrome, eu vou voltar para o
Firefox
A pirâmide mais antiga do Egito está
sendo destruída pela empresa contratada
para restaurá-la
A música digital não existiria sem a
transformada de Fourier
Dois novos buracos gigantes são
encontrados na Sibéria, e cientistas
ainda estão perplexos
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68 Comentários Gizmodo Brasil Iniciar sessão
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Karel Cristian •
Simplesmente incrível. Nunca tinha ido atrás pra entender a mágica por trás doShazam. Quando uso ele pareço uma criança olhando pra um truque e meperguntando: Como? Como tão rápido?
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Murphy •
ué
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Renato Biancalana da Silva •
O que você leu aqui foi só uma ínfima (pra não dizer insignificante) parte damágica.
Se souber inglês, dá uma lida aqui:http://www.soyoucode.com/2011/...
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Karel Cristian •
Caramba, muito interessante. Agora vou tentar explicar isso prapróxima pessoa que usar ele rsrsrsrs
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Matheus Schettino •
Parabéns pela matéria. Gostaria de ver mais pautas como essa, temas mais técnicostransmitidos com uma abordagem mais aberta, bem como quando publicaram sobreprogramação de baixo nível em jogos.
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Pacificador •
Pagode então, deve ter a seguinte transformada de Fourier:2+2=5
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Legolas •
e funk? 2+2= 11.. Acerto miséravi
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Voadora do Bran Stark •
ESSE VIDEO >> ALL
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Clonex8 •
Tonico e Tinoco algo como....:____________________________________
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Someuser10 •
Sera que vc poderia deixar o link dessa materia?Obrigado
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Joao Paulo •
Estou estudando essas transformadas no meu curso de engenharia elétrica.Essas transformadas são extremante úteis para calculo de circuito elétrico .Com uma somatória de integrais sen e cos é possível reproduzir qualquer gráfico,mesmo este sendo uma reta ,o que é muito louco ,gráficos de sen e cos sãoondulados (similar a onda de rádio) .Com certeza uma das formulas mais loucas e úteis que já vi .
SomeUser •
Eu fiz elétrica tb. E esta reportagem me lembrou deste tempo. Mas eu nãosabia que eram utilizadas nestes casos da reportagem, como na compressãode imagens.
É uma fórmula realmente impressionante.
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