amputaÇÃo dos membros locomotores

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Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária II 14) AMPUTAÇÃO DOS MEMBROS LOCOMOTORES # INDICAÇÕES: 1. membro anterior: traumatismos intensos, como em casos de esmagamentos; lesões neurológicas intensas, como a avulsão do plexo braquial e a lesão completa irreparável do nervo radial; nas tromboses que promovem a oclusão de grandes vasos e lesões que comprometem a vida do animal; nas doenças neoplásicas, como em casos de osteossarcomas; em alguns casos de fraturas expostas com infecções crônicas, e; em deformidades congênitas ou adquiridas, que comprometam a qualidade de vida do animal. 2. membro posterior: fraturas irreparáveis; osteomielites crônicas; déficits neurológicos graves, como em casos de lesão do nervo isquiático e lesões do nervo fe moral; contratura irremediável do quadríceps fe moral; lesões extensas de tecido muscular; doenças neoplásicas graves; intensas fístulas artério-venosas, e; em casos de deformidades congênitas ou adquiridas, que venham a prejudicar a dea mbulação do animal. # CONSIDERAÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS: 1. membro anterior: a amputação deve ser feita em nível da articulação escapulo-umeral (ombro) ou acima da mesma, pois o coto não possui atividade funcional e apresenta predisposição para a ocorrência de traumas, acarretando em abrasões e infecções; animais de pequeno porte apresentam melhor adaptação para a ausência de um membro anterior; o paciente deve estar, se possível, em boas condições físicas para uma cirurgia de amputação de membro, pois a perda de sangue em cirurgias desse porte é sempre previsível; em casos de neoplasias e infecções, aconselha-se o uso de torniquetes proximal ao sítio da doença, evitando assim as metástases pela manipulação local no trans-operatório. 39 Prof. Adj. Daniel Roulim Stainki

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Page 1: AMPUTAÇÃO DOS MEMBROS LOCOMOTORES

Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS

Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária II

14) AMPUTAÇÃO DOS MEMBROS LOCOMOTORES

# INDICAÇÕES:

1. membro anterior:

• traumatismos intensos, como em casos de esmagamentos; • lesões neurológicas intensas, como a avulsão do plexo braquial e a lesão

completa irreparável do nervo radial; • nas tromboses que promovem a oclusão de grandes vasos e lesões que

comprometem a vida do animal; • nas doenças neoplásicas, como em casos de osteossarco mas; • em alguns casos de fraturas expostas com infecções crônicas, e; • em deformidades congênitas ou adquiridas, que comprometam a qualidade

de vida do animal. 2. membro posterior:

• fraturas irreparáveis; • osteomielites crônicas; • déficits neurológicos graves, como em casos de lesão do nervo isquiático e

lesões do nervo femoral; • contratura irremediável do quadríceps fe moral; • lesões extensas de tecido muscular; • doenças neoplásicas graves; • intensas fístulas artério-venosas, e; • em casos de deformidades congênitas ou adquiridas, que venham a

prejudicar a deambulação do animal.

# CONSIDERAÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS:

1. membro anterior:

• a amputação deve ser feita em nível da articulação escapulo-umeral (ombro) ou acima da mesma, pois o coto não possui atividade funcional e apresenta predisposição para a ocorrência de traumas, acarretando em abrasões e infecções;

• animais de pequeno porte apresentam melhor adaptação para a ausência de um membro anterior;

• o paciente deve estar, se possível, em boas condições físicas para uma cirurgia de amputação de membro, pois a perda de sangue em cirurgias desse porte é sempre previsível;

• em casos de neoplasias e infecções, aconselha-se o uso de torniquetes proximal ao sítio da doença, evitando assim as metástases pela manipulação local no trans-operatório.

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2. membro posterior: • a remoção do membro posterior em uma posição mais distal do que

proximal no fêmur, freqüentemente apresenta resultados insatisfatórios, pois tanto o cão quanto o gato podem continuar a apoiar no solo o coto do membro, provocando lesões crônicas de difícil tratamento;

• os nervos deve m ser seccionados no seu limite proximal, evitando neuromas superficiais que podem provocar a dor fantasma;

• a redução do espaço morto deve ser a melhor possível, evitando a formação de seromas.

# OPÇÕES CIRÚRGICAS:

1. membro anterior:

• amputação umeral proximal; • desarticulação escápulo-umeral; • amputação escapular (forequarter amputation) – remoção do membro

torácico por completo, incluindo a escápula. Indicada para casos de tumores em nível escapular.

2. membro posterior: • amputação femoral proximal; • desarticulação coxo- femoral com permanência dos músculos da coxa.

Indicações: osteomielites do fêmur, fraturas cominutivas do terço proximal do fêmur;

• desarticulação coxo- femoral com remoção dos músculos da coxa. Indicações: processos neoplásicos do fêmur com comprometimento muscular.

# TÉCNICAS CIRÚRGICAS COMUMENTE UTILIZADAS:

membro anterior:

• desarticulação escápulo-umeral – seguindo a adequada avaliação pré-

operatória o paciente é anestesiado e posicionado em decúbito lateral com o membro afetado disposto dorsalmente. Neste procedimento, a incisão de pele é feita de forma semilunar, iniciando em nível da articulação do ombro (escápulo-umeral), estendendo-se até o ponto médio do úmero e curvando-se de volta para a prega axilar. Esta incisão produz um largo flape de pele que é usado mais tarde para cobrir a ferida. Um flape similar é feito no lado medial do membro, para garantir adequada exposição cirúrgica e generoso suprimento de pele para o fechamento cirúrgico. Para se proceder a desarticulação escápulo-umeral, é necessário secionar os seguintes músculos: braquicefálico, peitoral superficial e profundo, parte acromial e escapular do músculo deltóide, os tendões dos músculos supra e infra-espinhoso, porção

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longa do músculo tríceps braquial, músculo redondo maior e músculo grande dorsal. Os principais vasos que devem ser ligados (duplamente) são a veia cefálica (lateralmente), artéria e veia braquial (medial), devendo ser a ligadura próxima da linha de incisão (categute 2.0). O plexo braquial deve ser seccionado rente a parede torácica. Após a dissecação muscular a articulação é seccionada e luxada e o processo acromial da escápula deve ser extirpado para promover um melhor efeito estético. O fechamento da incisão envolve a sutura muscular, acolchoando a extremidade distal da escápula (mononylon 2.0). A síntese do subcutâneo e pele é de forma rotineira (mononylon 3.0).

membro posterior:

• amputação femoral proximal – após a preparação do membro para a

cirurgia, é feita uma incisão lateral de pele iniciando na prega do flanco e estendendo-se caudal e distal de forma semilunar, logo proximal ao joelho e terminando próximo a tuberosidade isquiática. A incisão é repetida na face medial da coxa. Os músculos da coxa são demarcados e liberados de sua inserção, entre eles estão: bíceps femoral, fáscia lata, abdutor crural caudal (posicionados lateralmente), sob eles situam-se os músculos semimembranoso e semitendinoso (caudo-medial), quadríceps femoral que compreende os músculos vasto lateral, vasto intermédio, vasto medial e reto femoral (cranialmente), músculo sartório (cranial) e grácil (caudo-medial). O maior suprimento sanguíneo situa-se na face medial e deve m ser identificados e ligados os vasos safenos e os ramos da artéria e veia femoral. Estes vasos devem ser duplamente ligados (categute 2.0). Os nervos isquiático e femoral devem ser seccionados proximalmente. A patela e o linfonodo poplíteo devem ser retirados, e o fêmur é seccionado no terço proximal, a síntese muscular deve acolchoar o coto do osso (mononylon 2.0, pontos invaginantes). A síntese de pele é de forma rotineira (mononylon 3.0).

# PÓS-OPERATÓRIO:

• colocação de bandagem compressiva sobre a ferida para evitar a formação

de seromas; • uso de analgésicos (morfina – 0.25mg/kg); • antiinflamatórios e antibioticoterapia; • curativo local diário; • retirada dos pontos de pele com 8 a 10 dias de pós-operatório .

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SUGESTÃO DE LEITURA:

BOJRAB, M. J. , Current techniques in small animal surgery . 3. ed., Philadelphia: Lea & Febiger, 1990, 950 p.

LEONARD, E. Orthopedic surgery of the dog end cat. 2. ed., Philadelphia: Saunders Company, 1971, 351 p.

SLATTER, D. Texbook of small animal surgery. 2 ed. Philadelphia: Saunders Company, v. I e II, 1985. 2362p.

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