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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE PIRACAIA - SP.
URGENTE: PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
João Ramos de Souza, menor, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF-MF sob o nº
333.454.321-26, neste ato representado por sua genitora, Maria das Neves,
brasileira, solteira, comerciante, portadora do RG nº 43.970.827-6 e inscrita no CPF-
MF sob o nº 135.427.112-07, endereço eletrônico
maria.das.neves@piracaiapira.com.br, ambos residentes e domiciliados à Av. Dr.
Cândido Rodrigues, 109A, Centro, Piracaia - SP vem, mui respeitosamente à
presença de V. Exa., por meio de seu advogado e bastante procurador, conforme
instrumento de procuração anexo (doc. 1), com fundamento nos artigos 282 e 273
do Código de Processo Civil, propor a presente
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COMPEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
Em face da Prefeitura Municipal de Piracaia, pessoa jurídica de direito
público interno inscrita no CNPJ-MF sob o nº 45.2796.27/0001-61, sediada à Av. Dr.
Cândido Rodrigues, 120, Centro, Piracaia - SP, neste ato representado pelo Prefeito
Municipal, conforme o art. 67, V da Lei Orgânica do Município de Piracaia, o Sr.
José Silvino Cintra, brasileiro, casado, odontólogo, endereço eletrônico
gabinete@piracaia.sp.gov.br, pelos motivos de fato e direito que se seguem:
1. PRELIMINARMENTE – DA JUSTIÇA GRATUITA
O autor informa desde logo, que é pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não tendo condições de demandar sem prejuízo de seu sustento, de modo que, pleiteia os benefícios da Justiça Gratuita nos termos da Lei nº 1.060/50.
Outrossim, o advogado signatário declara sob as penas da lei, que atua na presente demanda de forma “pro-bono”, considerando a impossibilidade do autor de arcar com o pagamento de honorários de advogado.
2. DOS FATOS
Maria das Neves, na qualidade de representante do menor, no dia 20.12.2016,
apresentou-se na secretaria da creche Antonieta Carvalho afim de realizar a
matrícula de seu filho João Ramos de Souza para o ano letivo seguinte, 2017, ato
em que lhe fora informado que por ausência de vagas teria que ficar o Proponente
inscrito em lista de espera, conforme consignado em protocolo de atendimento e
inscrição (doc. 2).
Insta consignar que o Proponente atendeu ao quanto determinado pela Portaria da
Secretaria Municipal de Educação (doc.3), apresentando-se, mais de uma vez,
perante a instituição de ensino, afim de verificar a situação em que se encontrava o
cadastro do menor, oportunidade em que teve, mais uma vez, acesso à informação
de que a inscrição restava frustrada face à inexistência de vagas (doc.4). Por mais
uma vez, às vésperas do início do período letivo, conforme demonstrado em
protocolo de atendimento (doc. 5), procurou a secretaria da creche afim de verificar
a existência de vagas para o Pleiteante, que mais uma vez restou frustrada.
Tamanha surpresa a que foi acometida quando teve notícia de que o filho de sua
vizinha, inscrito em posição tanto pior que a do Demandante (doc. 6), que goza de
iguais condições do mesmo, conseguira a matrícula e já frequenta com regularidade
unidade escolar da municipalidade de idêntico gênero ao pretendido pelo Pleiteante (doc. 7).
Munida de tal informação encaminhou-se então à Secretaria Municipal de Educação, onde viu as pretensões de seu filho repetidamente frustradas de
maneira injustificada, conforme protocolos anexos (docs. 8 e 9). Procurando esta
Defensoria foi instruída a oficiar o Município para tentar solucionar a demanda de
forma administrativa, o que foi realizado (doc. 10), restando, no entanto, a pretensão
mais uma vez frustrada (doc. 11).
Oras Excelência, ainda mais, necessita a Mãe realizar atividade remunerada, no
mesmo período em que o Menor atenderia às classes, para atender às
necessidades que o Requerente demanda, colocando em flagrante e premente
risco o próprio sustento deste já que a Genitora é solteira e não conta com outras
fontes de renda para compor o orçamento (docs.12 e13) ficando o sustento do
Infante seriamente ameaçado.
Ademais pode o Proponente sofrer graves atrasos intelectuais e sociais com esta
situação já que o mesmo se encontra em faixa etária crucial para o
desenvolvimento, fato este que pode trazer danos irreparáveis na vida futura do
Requerente. O prejuízo pode ser ainda maior caso a tutela não seja concedida
imediatamente, haja vista que mais atrasos podem culminar na perda do ano letivo
por parte do menos, tudo por culpa exclusiva da Administração, ora demandada, o
que torna urgente e indispensável a presente demanda.
2. DO DIREITO
Diante dos fatos supracitados, fica cristalino que o autor, necessita de uma creche,
objeto da presente demanda..
A Carta Magna disciplina os direitos sociais em seu art. 6º sendo eles “a educação,
a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”;
Ainda, a Constituição Federal dispõe em diversos artigos que é dever do Município
zelar pela educação, in verbis:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:(...)V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;(...)Art. 30. Compete aos Municípios:VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental;(...) Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Ademais, o art. 208 da Constituição Federal dispõe que o dever do Estado à educação será efetivado mediante a garantia de educação básica obrigatória e gratuita. Conclui-se que é obrigatória a colocação do autor em instituição de ensino.
Por seu turno, a criança e o adolescente gozam de ampla proteção constitucional , conforme se pode depreender do art. 227 da Carta Magna, bem como do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90 – que ratifica o dispositivo constitucional supracitado em seus artigos 4º 22º. O Art 227 foi Substituído pelo Ar 536 do CPC- No Cumprimento de Sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção da tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1º- Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.§ 2º -O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ 1º a 4º, se houver necessidade de arrombamento.
§ 3º- O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.§ 4º- No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que couber.§ 5º- O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de coloca-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Ainda o art. 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente disciplina que toda a criança tem direito à escola próxima de sua residência, in verbis:
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se -lhes:
V – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.Assim, o pedido do autor está amplamente amparado na legislação constitucional e infraconstitucional, posto que toda a criança tem direito ao acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência, como se pode vislumbrar pelos endereços do Autor e da Creche “Maria das Neves”, que se encontram ambos no mesmo Bairro da Cidade de Piracaia; portanto, justificando a proximidade do estabelecimento de ensino.
Por conseguinte, a demanda se faz imprescindível, pois a situação como se
encontra atualmente não pode se perpetuar no tempo, uma vez que se estará
privando o autor do direito à educação.
3.DA IMPORTANCIA DA TUTELA ANTECIPADA
Diante do explicitado, resta evidente que é imperativo o deferimento da presente
tutela antecipada, que autoriza a ABERTURA DE VAGA e a consequente
MATRÍCULA para o estabelecimento Creche “Antonieta Carvalho”, localizada
na Av. Dr. Cândido Rodrigues, 109A, Centro, Piracaia - SP , posto que o autor
precisa de Creche, uma vez que possui o direito fundamental.
A prova inequívoca e a verossimilhança da alegação (art. 273, caput do CPC),
encontra-se comprovadas pela persistência da representante do Autor ao tentar,
conforme evidenciado através dos documentos 23, 11, 76, já juntados, por
diversas vezes, vaga na Creche, diretamente junto à diretoria do estabelecimento
bem como também por intermédio à Secretaria da Educação que fora, em todas as
oportunidades, negado.
Assim sendo, uma vez, demonstrados e comprovados os requisitos autorizadores
da tutela antecipada, é dever do Magistrado deferi-la liminarmente. Ademais, é
evidente que a CONCESSÃO da tutela antecipada requerida não causará nenhum
prejuízo ao Réu, mas em contrapartida, o seu indeferimento, causará grande
prejuízo ao autor.
Deste modo, faz-se imperiosa a presente demanda, uma vez que os
representantes do Autor tentaram de forma administrativa a referida vaga na
Creche para o menor e não obtiveram êxito com as autoridades competentes.
4. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se que Vossa Excelência DEFIRA A TUTELA ANTECIPADA, in limine litis e inaudita altera parte, com fulcro no art. 273, I, CPC, para ORDENAR expedição de ofício à Secretaria da Educação, a fim de que faça a MATRÍCULA/INSCRIÇÃO/ABERTURA DE VAGA para nº 135.427.112-07 para a Creche “Antonieta Carvalho”, localizada na Av. Dr. Cândido Rodrigues, 109A, Centro, Piracaia - SP;
E NO MÉRITO, JULGUE TOTALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS PARA:
a) ORDENAR a ABERTURA DE VAGA e a consequente MATRÍCULA definitiva do Autor João Ramos de Souza na Creche “Antonieta Carvalho”, conforme art. 53, inciso V do Estatuto da Criança e do Adolescente, que assegura o acesso a escola pública e gratuidade próxima a sua residência.
b) ORDENAR expedição de ofício à Secretaria da Educação com a finalidade de fazer-se cumprir a sentença.
Ante os fatos expostos e o direito pretendido serve a presente para requerer o quanto segue:
DOS REQUERIMENTOS
A) DA CITAÇÃO
Requer a CITAÇÃO do Réu, MUNICIPIO DE PIRACAIA, no endereço fornecido no preâmbulo, para, querendo, oferecer resposta no prazo legal, sob pena de revelia e confissão.
B) DA INTIMAÇÃO
Requer a INTIMAÇÃO do ilustre representante do Ministério Público para acompanhar todos os atos do processo, nos termos do art. 82, I e II do CPC.
C) DAS PROVAS
Requer a PRODUÇÃO de prova documental (reservando-se o direito de juntar documentos novos que aparecerem durante o processo, bem como de certidões e informações, bem como dos demais meios probantes em direito admitidos que se fizeram necessários à comprovação do alegado.
D) DA SUCUMBÊNCIA
Requer a CONDENAÇÃO do Réu ao pagamento das obrigações derivadas da aplicação do princípio da sucumbência e da incidência, nos termos do art. 20, CPC.
E) DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Requer a CONCESSÃO do benefício da ASSISTÊNCIA Judiciária Gratuita, nos termos do art. 4º, Lei nº 1.060/50, tendo em vista que o Autor é menor impúbere e seus representantes legais não possuem condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de suas mantenças.
À causa, atribui-se o valor de R$ 10.000.00 (Dez mil reais) à presente ação, conforme insculpido no CPC.
Termos em que,
Pede deferimento.
Piracaia, 20 de abril de 2017
Rogério Alves
Defensor Público OAB C5574G-0
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