vuberabilidade social
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Itaberaba2012
ADRIANA DE SOUZA SANTANA
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOSERVIÇO SOCIAL
TABALHO DE CONCLUSAO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
ITABERABA2012
Vulnerabilidade de falta de renda e suas representações: Quais os principais motivadores que levam à população usuárias dos
serviços de proteção social básica - Boa Vista do Tupim-ba
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Orientador: Prof. Maria Lucimar Pereira
ADRIANA DE SOUZA SATANA
Dedico este trabalho a meu pai com quem
sempre pude contar nos momentos de
dificuldades, a pessoa que se tornou meu
exemplo minha referencia de ser humano de
caráter e diguinidade.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre presente em minha vida, me concedendo
bênçãos sem limites e me dando forças para prosseguir em minha caminhada,
transpondo cada barreira encontrada.
À tutora eletrônica ADARLY ROSANA MOREIRA GOES, por ter me
auxiliado durante a graduação, sempre disposta a esclarecer minhas dúvidas. À
tutora eletrônica e orientadora Andressa Nóbrega Vilela, por ter garantido o suporte
teórico necessário para o desenvolvimento deste trabalho e por sua ajuda
indispensável.
À tutora de sala Marta Veloz e Naide, pelo profissionalismo,
amizade, paciência, compreensão e dedicação com que eu sempre pude contar.
À Secretaria de Assistência Social por ter me concedido a
experiência do estágio e a minha supervisora de campo Madriane da Hora Solidade,
pelo grande auxílio prestado e por me fornecer todas as informações necessárias
para a realização deste trabalho.
Aos meus colegas de sala pela solidariedade e companheirismo,
pela ajuda prestada e por todas as dúvidas que eles também esclareceram. Ao meu
pai Domingos um agradecimento especial, pela motivação nos momentos de
desânimo e por estar sempre comigo. Enfim, a todos aqueles que contribuíram
direta ou indiretamente para que eu chegasse até aqui.
Epígrafe...
SANTANA, Adriana. Vulnerabilidade de falta de renda e suas representações: Quais os principais motivadores que levam à população usuárias dos serviços de proteção social básica - Boa Vista do Tupim-ba:. 2012. 62 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Itaberaba, 2012.
RESUMO
Este trabalho faz um estudo sobre a vulnerabilidade de falta de renda e suas representações para analisar os principais motivadores que levam à população usuárias dos serviços de proteção social básica a busca tais de serviços. A metodologia eleita foi analise de dados cedidos pela secretaria municipal de Assistência Social da cidade de Boa Vista do Tupim, e, também a analise de livros, seti, e artigos. Os resultados apontam a fragmentação das políticas sociais, entra ditadura e pos-ditadura.
Palavras-chave: Vulnerabilidade social. Pobreza. Proteção social. Exclusão social. Fome .
SANTANA, ADRIANA. Vulnerability lack of income and its representations: What are the main drivers that lead to public service users of basic social protection - Boa Vista do Tupim-ba. 2012. 62 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Itaberaba, 2012.
ABSTRACT
This work is a study on the vulnerability of lack of income and their representations to analyze the key drivers that lead to the population of users of basic social protection services seeking such services. The methodology chosen was analysis of data provided by the municipal Social Welfare of the city of Boa Vista's Tupim, and also to examine the books, seti, and articles. The results indicate the fragmentation of social policies, enter dictatorship and post-dictatorship.
Key-words: Social vulnerability. Poverty. Social protection. Social exclusion. Hunger.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
PSB
PSE
CRAS
SUS
PAEG
FNAS
CONSEA
PIS
PBF
PIN
CSU
LOAS
PAIF
CNAS
MDS
SUAS
PND
PETI
INSS
NOB-SUAS
IBGE
Programa de Proteção Básica.
Programa de Proteção Especial.
Centro de Referencia de Assistência Social.
Sistema Único de Saúde
Plano de Ação Econômico do Governo.
Fundo nacional de Assistência social.
Conselho Nacional de Segurança Alimentar.
Programa da Integração social.
Programa Bolsa Família.
Programa de Integração nacional.
Centro Social Urbano.
Lei Orgânica dos Assistentes Sociais.
Programa de Atenção Integral a Família.
Conselho Nacional de Assistência Social.
Ministério de Desenvolvimento Social.
Sistema Único de Assistência Social.
Plano nacional de desenvolvimento.
Instituto Brasileiro
SUMÁRIO
Introdução
1 INTRODUÇÃO
Vivemos em tempos globalizados, em que o capitalismo vem se
tornando cada vez mas a economia dominante, e sendo o capitalismo uma forma de
economia não igualitária acaba contribuindo para o aumento da desigualdade social
tão presente nos dias atuais. As análises sobre os vários aspectos que envolvem a
definição do termo vulnerabilidade social no mundo do trabalho estão principalmente
relacionadas ao conjunto das profundas transformações ocorridas, nas últimas
décadas, o processo de industrialização que revoluciono o mundo trabalho, trouxe
consigo não só vários avanços, mas em contra partida contribuiu para o aumento da
desigualdade social não só no Brasil como também no mundo. A desigualdade
social acontece devido a um desajusto na distribuição de renda de um determinado
local, onde basicamente uma parcela da população se favorece mas que a outra, ou
seja, há uma retenção de renda somente para uma pequena parcela do população.
Portanto pode-se entender, que o capitalismo contribuiu fortemente para o aumento
da vulnerabilidade social. Esta situação de crescente precarização das condições de
trabalho dessa parcela expressiva da população– expressada pelo aumento do
trabalho por conta própria, pelas baixas remunerações salariais, instabilidade dos
vínculos de emprego e de remuneração, e a crescente redução de direitos.
A formulação e implantação de um projeto requerem um pré-
diagnostico do ambiente a ser trabalhado, o que ira possibilitar conhecer as
carências da instituição. Assim, o diagnóstico organizacional torna-se fundamental à
elaboração do plano de ação, sendo a análise do ambiente externo e interno da
instituição, e, o comportamento da mesma frente ao ambiente ao qual se encontra
inserida fundamental para o estabelecimento de estratégias que venham a garantir
de forma eficiente.
O presente trabalho teve como laboratório de estudo a Secretaria de
Assistência social de Boa Vista do Tupim –BA, que atua na execução das políticas
sociais e na manutenção da cidadania e geração de emprego e renda no município.
Dessa forma o tema proposto será (Vulnerabilidade de falta de renda e suas
representações: o que leva os usuários a se inscrever no programa bolsa família e
quais os impactos que esse programa tem sobre a população na cidade de Boa
Vista do Tupim-ba) seu principal objetivo é a analise das condições sociais e
econômicas do publico usuários dos programas de proteção social oferecidos pelo
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governo federal do Brasil, tendo como eixo norteador o estudo dos impactos que
esse tipo de programa de caráter assistencialista tem sobre a população dessa
localidade.
Vivemos em um país onde a corrupção faz parte da política, é
vergonhoso afirma tal fato, mas todos nos sabemos e conhecemos o país em que
vivemos. Existe uma certa influencia dos partidos políticos na execução das políticas
publicas, e tal fato consta-se com maior clareza em cidades pequenas, onde o
controle que estes partidos exercem muito grande, e usado para definir, o destino
das políticas publicas implantadas no país. Pude observar que o assistente que
convive com esta realidade faz-se um mediador, para que assim possa fazer um
trabalho que supra as carências da parcela populacional necessitada, dentro dos
padrões da ética profissional e que também não entre em choque com seus
superiores. Todos nós sabemos das políticas publicas existentes no país, assim
como também estamos cientes das suas finalidades, mas para pólas em praticas e
direcionarias para o publico alvo, o assistente social que trabalha em uma instituição
publica e, é subordinado a terceiros tem que fazer um papel diplomático, para tentar
atender a parcela da população em real situação de vulnerabilidade.
O presente trabalho tem a finalidade de Conhecer os principais
motivadores que levam os usuários do programa bolsa família irem a procura de
benefícios de caráter assistencialistas e complementação de renda financeira.
Analisar e traçar um perfil dos usuários dos benefícios eventuais. Conhecer as
carências e fatores influentes na busca de tais benefícios. Analisar demanda x a
ofertas e o numero de família contempladas.
Vulnerabilidade social esta ligada a exclusão social e ao risco social.
Portanto o presente estudo tem a pretensão de analise dos principais fatores
causadores da situação de vulnerabilidade social da parcela da populacional que se
encontra as margens da sociedade.
A definição sobre o que é família, variou muito de forma, contexto e
composição, a palavra família na atualidade traz um significado amplo que vai alem
dos simples laços de sangue. Portanto família é uma construção que varia segunda
cada época cada geração permanecendo, no entanto, aquilo que se chama de
“sentimento de família” (Amaral, 2001), que se forma a partir de um emaranhado de
emoções e ações pessoais, compondo o universo do mundo familiar. Esse universo
do mundo familiar é único para cada família, mas circula na sociedade nas
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interações com o meio social em que vivem.
A mudança constante do conceito família revela a evolução dos
tempos. Um dos fatores influentes nesta modificação é a desigualdade social e
exclusão social. Desigualdade social e exclusão social são algumas formas de
vulnerabilidade social. A utilização do conceito é relativamente recente, sendo a sua
abordagem dificultada pela difusão que vai tendo nos vários discursos.
Com efeito a medida que a noção de exclusão se generalizado e sua
utiliza se torna mas comum e consensual, ela torna-se também mas fluida e por
vezes, equivoca-se enquanto conceito cientifico, por esta razão torna-se pertinente
construir uma abordagem que resulta numa definição mas completa e
operacionalizavel . Considerando que a desigualdade é um principio inerente
qualquer forma de estruturação social.
Segundo Anthony Giddens (GIDDENS, 2005) ciência é o emprego
de métodos sistemáticos de investigação empírica, de análise de dados do
pensamento teórico e da avaliação lógica dos argumentos a fim de desenvolver um
corpo de conhecimento a respeito de um tema. Diante desta afirmação de Giddens,
torna-se evidente a escolha de metodologias que contribuam para que a
investigação seja sistemática e estruturada, seguindo os pressupostos das
pesquisas de caráter científico e acadêmico.
A metodologia escolhida para o desenvolvimento do trabalho
consiste no levantamento de dados secundários através da revisão bibliográfica,
onde serão utilizadas diversas fontes de pesquisa para levantar dados pré-
existentes sobre o tema escolhido para a abordagem. Dentre estas fontes destacam-
se livros, artigos, periódicos e sites especializados na internet, visto que atualmente
esta é uma das fontes mais requisitadas para a pesquisa bibliográfica, sendo
fundamental para o conhecimento da produção científica especializada que norteará
o trabalho como um todo, dando-lhe embasamento teórico apropriado.
Para o desenvolvimento do presente trabalho foi adotada também
como uma das metodologias a pesquisa de referencial bibliográfico e teve fonte
pesquisa e coleta a secretaria de assistência social do município de Boa vista do
tupim-BA e da prefeitura municipal do respectivo município. Dada a sua importância
para a observação e analise do objeto de estudo, se configurando enquanto coleta
de dados primários, coletados através dos cadastros arquivados na secretaria de
assistência social e CRAS da cidade de Boa Vista do Tupim.
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A análise dos indicadores de vulnerabilidade ocorreu, valorizando-se
as condições etárias, de gênero e a situação de pobreza da população. É importante
ressaltar que o conceito de vulnerabilidade adotado neste trabalho está estruturado
no entendimento de que os eventos que vulnerabilizam as pessoas não são apenas
determinados por aspectos de natureza econômica. Fatores como a fragilização dos
vínculos afetivo-relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias,
étnicas ou de gênero...), ou vinculados à violência, ao território, à representação
política dentre outros, também afetam as pessoas. Segundo Francisco de Oliveira,
as situações de vulnerabilidade podem ser geradas pela sociedade e podem ser
originárias das formas como as pessoas (as subjetividades).
Procura-se através deste método de pesquisa a ampliação, analise e
aprofundamento do conhecimento afim de investigar o tema em exposto. Para tal
foram utilizadas fontes de pesquisas impressas e digitais em forma de livros,
dicionários, periódicos, resenhas, monografias, apostilas, boletins, jornais, teses,
dissertações, imagens dentre outras.
foram consultados autores que tratam da temática para confrontar
com os dados, informações coletados a cerca do tema em estudo.
Esse trabalho de pesquisa será dividido da seguinte forma:
introdução, três capítulos e as considerações finais.
Este trabalho esta dividido em 5 capítulos. Nos quais são tratados
assuntos relevantes para abordagem do tema em analise:
Cap. 1- O direito Social no Brasil, que faz uma abordagem singela a formação
e conceituação dos direitos sociais no Brasil, se retratando desde os tempos da
revolução industrial a conceituação do capitalismo como economia.
Cap. 2- Seguridade Social: que trata sobre a articulação as políticas de
seguro social, assistência social, saúde e seguro-desemprego.
Cap. 3- Pobreza no Brasil: que faz uma análise sobre os vários aspectos que
envolvem a definição do termo vulnerabilidade social no mundo do trabalho estão
principalmente relacionadas ao conjunto das profundas transformações ocorridas,
nas últimas décadas, o processo de industrialização que revoluciono o mundo do
trabalho, trouxe consigo não só vários avanços, mas em contra partida contribuiu
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para o aumento da desigualdade social no Brasil e faz uso de uma reflexão sobre o
efeito pos - escravidão ate os dias atuais.
Cap. 4- O sistema de proteção social: este capitulo analisa a formação do
sistema de proteção brasileiro que relata uma temática dos modelos, sistemas e
regimes de bem estar é inevitavelmente importante para análise das políticas de
combate e superação da pobreza, uma vez que as políticas sociais constituem as
respostas desenvolvidas pelo Estado para fazer frente aos problemas da pobreza,
vulnerabilidade e desigualdade social.
Cap. 5- A proteção social básica da política de assistência social: bolsa
família e seu impactos nas vulnerabilidades da população atendida: analisa os
impactos dos sistemas de proteção instaurados no Brasil sob a população.
Os problemas sociais existem em todos os continentes do mundo,
todos os países enfrentam os mesmos dilemas e desafios no combate a fome, a
pobreza e as desigualdades sociais. Atualmente vivemos e fazemos parte de um
mundo globalizado que esta interligado em todos os sentidos, os problemas
econômicos de um país afeta direta ou indiretamente aos demais que compõem a
gigantesca teia globalizada. Pobreza e desigualdade são fenômenos diversos.
Existem países com baixos índices de pobreza absoluta e grande desigualdade,
bem como países com grande incidência de pobreza e baixa desigualdade. Mas no
Brasil esses dois fenômenos se sobrepõem. Parte da pobreza persistente no Brasil
decorre da forte desigualdade de renda. Embora os mais pobres tenham melhorado,
ainda que timidamente, sua participação, a distância entre os extremos pouco se
alterou, tendo, na verdade, se agravado. Em 1992, os 20% mais ricos se
apropriavam de 55,7% da renda nacional e em 2002, de 56,8% (PNUD, 2004, p. 16).
Segundo Henriques (2004), a situação da desigualdade no Brasil - naturalizada e
não considerada ainda seriamente como objeto de intervenção prioritária por parte
do governo e da sociedade - fica evidente ao considerar que os 10% mais ricos
detêm 50% da renda do país e que 50% mais pobres se apropriam de apenas 10%.
Apenas 1% da população detêm parcela de renda superior à renda de 50% da
população brasileira (Henriques, 2004, pp. 63-64).
2.1 O DIREITO SOCIAL NO BRASIL
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Os direitos sociais foram constituídos afim de amenizar as
desigualdade sociais existentes entre ricos e pobres, pretos e brancos ou seja foram
idealizados como uma tentativa de organizar e estabilizar a economia do país.
O governo Collor, ao assumir o poder, tratou de desconstruir os
princípios universalizastes, distributivos e não-estigmatizadores da Seguridade
Social, inscritos na Constituição Federal de 1988. Com uma agenda liberalizante, de
integração subordinada da economia nacional à internacional e, de acordo com o
Consenso de Washington (1989), privatizante, desregulamentadora do mercado de
trabalho e dos direitos trabalhistas e sociais até então conquistados, concebeu a
política social de uma forma minimalista e com um viés estritamente (neo)liberal.
Segundo Soares (2001), o período Collor significou o desmonte do padrão anterior
sem a substituição de um novo padrão de proteção social. A política social foi
compreendida através de uma visão seletiva, liberal e focal das obrigações sociais
do Estado e o seu objetivo primordial foi o combate à inflação. As áreas da saúde,
assistência e previdência são distribuídas em três ministérios diferentes, em
oposição ao conceito de Seguridade Social, mas os recursos foram unificados e
subordinados à área econômica.
2.1.2 Construção dos direitos sociais.
A constituição federal visa a construção de uma sociedade mas justa
e solidaria, afim de promover o bem estar de todos, sem preconceitos seja eles de
caráter social, sexo, raça, cor idade ou qualquer outra forma de discriminação. Pode
também ser considerado como um conjunto de leis e normas que tem como
finalidade determinar garantias a grupos de uma faixa de renda menos favorecidos
visando restringir ao maximo as diferenças sociais e econômicas existentes entre as
classes.
Com a ascensão do capitalismo começa a luta dos trabalhadores por
direitos que lhes amparem diante das tiranias e exorbitâncias de seus
empregadores. Diante de tal conflito o governo começa a cria leis na intenção de
amenizar e equilibra e acalmar os ânimos exaltados dos trabalhadores. Nas décadas
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de 20 e 30 questões sociais eram tratados como caso de policia, onde os pobres e
desocupados eram tidos como únicos responsáveis por sua condição, ainda não
existia a consciência de que os problemas sociais são reflexos das contradições e
instabilidades do sistema capitalista instaurada no país. Os direitos sociais são
reflexos dessa recente preocupação com a integridade física do cidadão, e estão
atrelados a princípios de dignidade da pessoa humana, a solidariedade e igualdade.
Os principais fatores que evidenciam o surgimento são detectados no período do
pos-querra, sendo fruto da reflexão antiliberal e da ascensão do estado de bem esta
social.
Em 1934 a constituição federal do Brasil ganha um novo capitulo,
referente a ordem econômica e social e passa a atribuir responsabilidades sobre a
assistência medica e sanitária ao trabalhador e a gestantes, registrando assim novas
iniciativas governamentais no campo das políticas sociais. Os direitos sociais foram
redigidos com o intuição de amenizar os problemas causados pelas desigualdades
sociais e econômicas predominantes na época. Esse processo de construção são
resultados de questionamentos históricos, forças de embates políticos e resultados
das lutas sociais que trouxe possibilidades de enfrentamento dos problemas já
existente e agravados pelo sistema capitalista que se acentuava cada vez no mais
no país, dessa forma os direitos sociais são reflexo das constantes lutas contra as
desigualdades.
Diante disso.
Os direitos, porem não são uma dádiva, nem uma concessão. Foram arrancados por lutas e operações políticas complexas. (...) não são uma doação dos poderosos, mas um recurso com o qual os poderosos se adaptaram as novas circunstâncias históricas-sociais, dobrando-se com isso, contraditoriamente as exigências e pessoas em favor de mais vida civilizada ( Nogueira, 2004, p. 02).
Diante disso podemos salientar que os direitos sociais sugiram de
lutas políticas almejavam um sistema que amenizasse os problemas causados pela
exclusão e vulnerabilidade sociais existentes na sociedade.
A Seguridade Social ou Previdência Social é um sistema que
proporciona ao indivíduo o direito de receber uma renda após sua inatividade
econômica. No Brasil, este fluxo futuro de renda está condicionado ao fato de que
ele tenha contribuído, ao longo de sua vida, para a manutenção do sistema de
19
repartição. O Estado, por meio de um conjunto de medidas, controla a Seguridade
Social, fazendo com que o cidadão tenha segurança e tranqüilidade ( ARRUDA apud
CANUTO; FERNANDES, 2000).
A Previdência Social em um país é importante porque é por meio
dela que as pessoas se sustentam no final da sua vida laborativa. Sua importância
como fator gerador de renda para o país demanda que o regime adotado tenha certa
estabilidade, além disso, é necessário que o regime de previdência não seja
deficitário e que as contas públicas não sejam afetadas por ele. No entanto, no
Brasil isto não tem acontecido, apesar da elaboração de algumas reformas o déficit
não para de crescer.
A previdência social brasileira se dividia em duas pastas: a pasta do
Trabalho e a pasta da Previdência Social. Na maioria das vezes a pasta trabalhista
predominava, uma vez que não havia muitos aposentados e, portanto, a
preocupação com a previdência social era menor. Em 1974 com a preocupação do
envelhecimento gradativo da população e com a seguridade social cria-se o
Ministério de Previdência e Assistência Social e, com isto, o INPS foi dividido em
três órgãos: o INPS era responsável pelo pagamento dos benefícios previdenciários
e assistências; o Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social
(IAPAS) administrava e recolhia os recursos do INPS e o Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) responsável pelo sistema de
saúde. Em 1990, são feitas algumas reformas e fusões e o INSS passa a ser o
órgão regulador da Previdência Social. Segundo Giambiagi e Além (2000),
consolidado como uma forma de seguro social, faz com que a população brasileira
veja a previdência social como um seguro que se transformou em um fator de
estabilidade social do país, esta preocupação em garantir uma renda para a
população, inclusive para os funcionários públicos, e as mudanças que não estão
sendo feitas em função do regime de repartição tem causado grandes déficits nas
contas do governo.
2.1.3 Um olhar para atualidade.
20
O conjunto de leis que rege nosso país vem se modificando no
decorrer da historia e acompanhado tais modificações, questões de caráter social
passaram a ter cada vez mas importância e peso dentro da constituição federal do
Brasil, podemos observar facilmente tal fato ao analisarmos o artigo 6º da
constituição de 1988 quando diz; “É direito social a educação, a saúde, o trabalho, a
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a maternidade e a infância a
assistência aos desamparados, na forma desta constituição. Nessa perspectiva
direito social é uma via que o estado utiliza em favor dos setores menos favorecidos
da sociedade, fundamenta-se nos valores sociais com o intuito de promover o bem
estar social e a justiça social a sociedade. O artigo supracitado tem a intenção de
promover e assegurar os direitos sociais, alem disso da assistência e proteção a
cultura, ao desporto, as ciências e tecnologia, a comunicação social, a família, ao
meio ambiente, aos índios, a família, a criança, ao adolescente e ao idoso.
Dentro dos direitos sociais há varias categorias, podemos classificar-
las da seguinte forma: direitos sociais referente ao trabalho, direito a grave
trabalhista, a organizações sindicalistas. Direito social referente a singularidade
social, a saúde, a previdência e a assistência social, a família, a criança as pessoas
portadoras de necessidades especiais entre outros. A lógica fundamental de tais
direitos se estrutura na construção de um sistema de proteção básica a todas as
categorias supracitadas e a todos os cidadãos, que necessitarem de alguma forma
se valer de tais leis de proteção.
O Brasil têm passado por grandes crises no sistema previdenciário,
uma vez que opta em utilizar o regime de repartição. Neste sistema, o
envelhecimento da população, o aumento da expectativa de vida e a redução da
taxa de fecundidade são fatores primordiais para se ter um controle atuarial das
contas do governo. Os resultados das contas públicas brasileiras demonstram que
estes índices não são favoráveis, o que implica em déficits crescentes nas contas da
Previdência.
De acordo com, Giambiagi e Além (2000, p. 277),
é o regime de repartição, fruto , de um lado da dilapidação das reservas capitalizadas pelas antigas caixas e institutos; e de outro, de uma tradição de certa forma paternalista, em que cabe o Estado fornecer aos indivíduos os meios de subsistências.
21
A constatação deste alto grau de proteção foi à aprovação da
constituição de 1988 em que os direitos dos aposentados aumentaram e,
consequentemente, as despesas do governo federal também. Pode-se destacar os
principais benefícios obtidos pelos aposentados a partir da constituição de 1988:
estabeleceu a equiparação do salário mínimo entre a população urbana e rural;
reduziu (em cinco anos) o direito de aposentadoria para os trabalhadores rurais;
estabelecimento do piso de um salário mínimo para os benefícios de prestação
continuada; instituiu renda mensal vitalícia para idosos a partir dos 70 anos e
portadores de deficiência, desprovidos de renda, no valor de um salário mínimo;
recalculou os benefícios com base no número de salários mínimos; aprovou a
incorporação de cerca de 400.000 celetistas ao regime jurídico único dos servidores
públicos que passaram a ter direito a aposentadoria integral sem contribuição prévia,
aposentadoria dos servidores ocorreria com o valor da última remuneração;os
índices de reajustes, benefícios ou vantagens concedido aos servidores ativos seria
concedido aos servidores inativos. Segundo Giambiagi e Além (2000, p. 274), no
Brasil o problema se tornou mais crítico do que em outros países em função das
regras serem mais benevolentes, faz com que qualquer medida tomada que cause
descontentamento tenha reações intensas dos beneficiários.
A Constituição de 1988 gerou grandes mudanças na previdência
brasileira, principalmente para o funcionalismo público que causaram problemas
financeiros e econômicos para o governo. O município ou o estado que criasse um
regime próprio, transformando celetistas em estatutário, era isento de pagar INSS e
FGTS. Desta forma, a economia proporcionada por estas isenções fez com que
vários municípios e estados criassem seus próprios regimes. No entanto, os gastos
futuros com as aposentadorias destes funcionários aumentaram muito.
Como lembra Najberg e Ikeda (1999, p.266),
a previdência brasileira administra hoje um dos maiores programas de renda mínima do mundo, na exata proporção em que paga benefícios de um salário mínimo por mês a 7,9 milhões de brasileiros que não contribuíram para a previdência social.
O aumento nos gastos do Governo acarretou uma crise no sistema
de saúde na década de 90. Até então, quem financiava os gastos da saúde era a
Previdência Social, mas este quadro mudou com a constituição de 88.Como lembra
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Rezende (2001, p. 365), “a previdência social não separa claramente o seguro da
assistência”
2.2.Seguridade social
O conceito seguridade social surgiu pela primeira vez no Brasil, na
constituição federal de 1988, e, é considerado uma das mas importantes inovações
para o sistema de proteção social brasileiro. Essa inovação passou a ser
considerada uma das mas importantes para o sistema de proteção social brasileiro,
pois possibilitou a ampliação do sistema previdenciário e o acesso aos benefícios
para trabalhadores rurais, transformou a assistência social em política publica não
contributiva, consolidou a universalização do atendimento a saúde através do
sistema único de saúde (SUS). A seguridade social passa a articular as políticas de
seguro social, assistência social, saúde e seguro-desemprego. Com a ampliação de
cada uma das políticas sociais, passa a ser constituído um sistema de proteção no
país, dessa forma garante a assistência social a todos que dela necessitem. Nesse
mesmo contexto a proteção social se estendem aos idosos, as pessoas com
necessidade especiais tanto físicas quanto mentais, aos trabalhadores da agricultura
familiar, aos doentes que não tenham acesso a assistência medica e
previdenciárias, tais políticas passam a ser responsabilidades do estado e direito do
cidadão.
A justiça social e a promoção do bem esta de todos encontrou no
sistema de seguridade social um instrumento viabilizador dos direitos sociais do
cidadão. O sistema da seguridade social se tornou um mecanismo de fixação
constituinte para a concretização dos propósitos da republica, dentre eles o da
justiça social do bem estar de todos. O sistema norteia o processo da seguridade
social pode ser conceituada como uma rede protetora constituída pelo estado e a
sociedade, com contribuições incluindo direitos , no sentido de estabelecer ações
positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus
dependentes providenciando a manutenção e sustentação de um padrão mínimo de
vida. Em outra palavras os direitos da seguridade social foram criados para tentar
amenizar os impactos causados pelo sistema econômico do país “capitalismo”.
23
As bases da seguridade social começam a se fortalecer ainda nos
tempos da ditadura militar no Brasil. Nesse período os militares estabeleceram um
modelo econômico dividido em três partes; uma fase de estabilização da economia
visando apagar os danos causados pelas altas do inflação, fase do crescimento
econômico e declínio. A primeira fase iniciada, com a implantação do PAEG- Plano
de ação econômica do governo que objetivava a recuperação do crescimento
econômico e estabilizar a inflação. No governo do general Medici foi marcado pela
criação de projetos com intenções sociais como por ex: o Mobral- movimento de
alfabetização brasileiro, o projeto Rondon e o plano nacional de saúde, projetos
integrante do programas de metas do governo, que objetivava a expansão da
fronteira agrícola e integração social. O governo de Médici foi marcado pela
idealização de planos de desenvolvimento econômicos como também pelo
autoritarismo militar e grande revolta da população brasileira. A igreja católica foi
uma das maiores opositoras ao governo de Médici e ao governo militar, por causa
das enumeras denuncias de miséria das camadas populares e violação dos direitos
humanos. O final da ditadura militar brasileira foi marcado por fortes crises
econômicas e o lançamento de um 3º plano de desenvolvimento econômico PND-
numa tentativa para estabilizar a economia e reduzir a inflação. O PND veio com o
intuito de construção de uma sociedade mas desenvolvida livre, equilibrada e
estável esse plano estabelecia metas que visava o crescimento econômico e
geração de renda e de emprego, restaurar o equilíbrio da balança da divida externa
o combate a inflação,o desenvolvimento de novas fontes de energia. Mas as metas
do 3º PND não foram alcançadas e o Brasil então se vê em uma forte crise
econômica com a alta da inflação. Nesse contexto, a política social tornou-se uma
estratégia para minimizar as conseqüências do capitalismo monopolista marcado
pela superexploraçao da força do trabalho e pela grande concentração de renda na
Mao de uma minoria, o PND definiu a política social como integração social, numa
tentativa de articulação entre o setor publica e o setor privado entre regiões
desenvolvidas e regiões subdesenvolvidas com a efetivação de programas: PIS-
programas de integração Social. PASEP- programas de formação do patrimônio do
servidor público, ambos referente ao incentivo á população, BNH- referente á
habitação, Mobral – referente a educação, ambos visavam o desenvolvimento social,
Furnral- fundo de assistência ao trabalhador apoio á categoria de renda mínima,
Proterra- programa de colonização na região transamazônica- PIN programa de
24
integração nacional, projeto Rondon- visava á integração social, CSU, centro social
urbano, que possuía duas óticas de analise a desagregação dos centros urbanos e
rearticulação organizada da sociedade civil.
O final da ditadura militar foi um processo que determinou as
tendências atuais da seguridade social no Brasil, pois de certa forma criou-se
condições objetivas e subjetivas para uma fragmentação da necessidades e dos
interesse mediatos e imediatos dos trabalhadores diz respeito aos direitos e a
proteção social. Nesse sentido o governo das classes dominantes conseguiram
operar um giro sem precedentes nos princípios de base da seguridade social,
previdência social transformou-se em modalidade de seguro social, a saúde em uma
mercadoria a ser comprada nos mercados de seguros de saúde (planos de saúde),
e a assistência social passa a ser uma política estruturada.
Com a constituição federal de 1988 a consagração da política de
proteção social como política obrigatória e baseada num paradigma de direitos
sociais em outras palavras direitos dos cidadãos. No entanto com o governo de
Fernando Collor de Melo deu-se a elaboração e implantação de projetos com bases
neoliberais no país, tais projetos visavam a abertura dos mercados dando incentivos
a reestruturação de empresas, e transmitindo para a sociedade o ideal de que a
causa dos males sociais focava-se no “gigantismo” ou seja nas responsabilidades
que i estado tinha para com a população brasileira, e que a solução mas viável seria
a redução e transferência de suas funções para rede privadas idealizadas mas
apropriadas e eficientes ou seja o famoso processo de privatizações de empresas
estatais para o setor privado. No setor das políticas sociais o governo da Collor
simplesmente ignorou a constituição federal promulgada em 1988, passando por
cima do recente criado sistema de seguridade social. Na CF 88 o sistema de
seguridade social ficou entendido como um conjunto de políticas publicas que
visavam assegurar os direitos referentes a saúde, a previdência e a assistência
social, dessa forma a seguridade social iria requerer uma proposta orçamentária
bem elaborada de forma integra e vincula a um ministério.
O governo de Fernando Collor de Melo subdividiu a seguridade
social em pequenos e diferentes ministérios, deixando assim possibilidades de se
realizar boicotes orçamentários ou seja desvio de dinheiro na área da suade ( SUS),
com a previdência lançou um sucessão de reformas em 1992, que com o objetivo de
retirar os direitos conseguidos pelos trabalhares na constituição federal de 1988, na
25
área da assistência social impediu que a LOAS _ lei Orgânica dos Assistentes
Sociais fosse implantado, desrespeitando a CF de 88. A carta de magna insere a
Assistência social no conjunto do sistema de seguridade social onde as políticas
publicas é direito de todos e dever do estado e da sociedade. Mas no entanto seria
para a desse pacote de seguridade social seria necessário o uso da LOAS que foi
vetada pelo governo de Fernando Collor de Melo. A LOAS só foi sancionada após o
impeachment de Collor e no governo de Itamar Franco, contudo isso as políticas do
neoliberalismo ainda eram vigentes no país, logo após veio o governo de Fernando
Henrique Cardoso que deu continuidade as políticas neoliberais, com a privatização
de grande parte do patrimônio público do país. As grandes marcas do governo de
FHC foi a mudança da moeda, as privatizações estatais, implantação do projeto
reforma do estado brasileiro, diminuindo as funções bruscamente para o terceiro
setor, na assistência social criou o programa comunidade solidaria, passando ao
largo do que a LOAS estabelece, este programa recebe recursos sem controle social
do Conselho Nacional de Assistência Social o (CNAS) configurando-se assim como
política de assistência social.
Esse conjunto de reformas da seguridade social se transfere para o
governo do presidente Luiz Inácio da Silva, o marco da campanha do Lula foi os
discursos da fome zero e a justiça social e promessas de mudanças, sobretudo na
área social. Apesar de tantas promessas de mudanças o governo de Lula deu
continuidade a fragmentação das políticas de seguridade social, com implantação
logo no seu primeiro ano de mandato o programa fome zero o (MESA) dando
continuidade a manutenção dos MA,MPS, MS mas com as dificuldades que se
apresentaram, o governo desmonta o MESA e o MAS para criar o MDS- Ministério
de Desenvolvimento Social que se tornou uma junção das competências do MESA,
MAS e da secretaria executiva do bolsa família. Nesse mesmo período o governo
também realizou uma reforma na previdência social com os ideais de justiça social,
mas no entanto não deixou fora da cobertura previdenciária 40 milhões de
trabalhadores e se limitou a uma novo regime de previdência dos setores públicos,
com a diminuição do teto dos benefícios. Na saúde o governo atual também
manteve a retenção de recursos e investimentos para a área, ao mesmo tempo em
que direciona ações voltadas pata a regulamentação dos planos privados de saúde,
esvaziando o SUS favorecendo assim o setor privado. No que diz respeito a
assistência social aconteceu em 2003 a aprovação do PNAS- Plano Nacional de
26
Assistência Social que almeja a implantação do SUAS que tem como princípios
fundamentais a territorialização da rede; a descentralização político-administrativa, a
padronização dos serviços da assistência social, a integração objetivos, ações,
serviços, benefícios, programas e projetos, a garantia de proteção social a
substituição do paradigma assistencialista e a articulação de ações competências
com os demais sistemas de defesa de direitos humanos políticos sociais e esferas
governamentais. As propostas do SUAS se firmou como um avanço e possibilitou a
efetivação dos princípios das políticas publicas de assistência segundo instituído na
LOAS. Entre essas propostas esta a ruptura do assistencialismo e a associação da
imagem do assistencialismo como veiculo eleitoral, assim as políticas de assistência
social se firmam como política publicas sendo dever do estado e direito de todos os
cidadãos compondo assim o sistema de seguridade social. Por fim, cabe lembrar um
terceiro fator que dificultou a afirmação do princípio de Seguridade como conceito
organizador de uma proteção social unificada, que seja atuante e eficaz por suas
sinergias internas, como verdadeiro sistema.Trata-se da disputa política instalada
logo após a promulgação da Constituição e que se estende até os dias atuais,
opondo dois paradigmas antagônicos, como os definiu Fagnani (2008). De um lado,
estão aqueles que insistem na defesa da Seguridade como base de um projeto de
Estado Social; de outro lado, estão os que consideram as determinações
constitucionais um empecilho ao equilíbrio das contas públicas. Tal disputa
comparece continuamente nos debates em torno das questões do financiamento e
do tão propalado déficit da Previdência Social,de tal modo que este debate tende a
obscurecer o significado do novo sistema de proteção social. Muitos economistas e
a própria imprensa continuam a tratar o orçamento da Seguridade Social como
pertinente apenas à garantia dos benefícios previdenciários, ou seja, como se
estivesse referido à lógica de um seguro,com suas típicas regras atuariais.
Desconsidera-se não apenas que, após a CF/88, a previdência, enquanto política da
Seguridade Social, passou a ter boa parte dos seus gastos realizada a partir de
receitas orçamentárias. Também ignora-se elementos operacionais fundamentais,
tais como a diferença entre a contribuição para a previdência rural –
necessariamente subsidiada por recursos fiscais – e acontribuição para a
previdência urbana – de caráter contributivo mais rigoroso.Nesse mesmo campo de
disputa encontra-se o Programa Bolsa Família (PBF). Inovando e complementando
o sistema de proteção social brasileiro, o PBF é defendido por muitos não como uma
27
ação isolada de Assistência Social, mas como uma política legítima da Seguridade
Social. Para outros, contudo, este programa deveria ser encarado como uma
alternativa ao amploprojeto de proteção social acolhido pela Constituição. Perde-se
de vista, nesta segunda perspectiva, o fato de que a composição e a lógica de
operação dos três segmentos – previdência, saúde e assistência – vêm se
diversificando internamente visando atender ao espírito da Seguridade Social, que é
o da universalização de direitos sociais sem necessariamente depender da
contribuição individual. Neste sentido, o PBF vem se afirmando como uma iniciativa
que amplia o sistema de garantia de renda da proteção social brasileira, atendendo
a um público até então excluído e cumprindo um papel específico e complementar
na Seguridade Social. Resumindo, a idéia de Seguridade Social foi combatida desde
seu nascedouro. Paralelamente, carente de uma regulamentação integradora das
políticas setoriais, ela foi ainda gravemente ferida pela crise fiscal dos anos 1990,
cuja conseqüente guerra por recursos orçamentários conspirou contra toda e
qualquer proposição de uma atuação interinstitucional coerente com o conceito de
Seguridade Social. Finalmente, cabe lembrar que a eliminação, em 1998, do artigo
da lei orgânica que preconizava constituição do conselho da Seguridade Social, fez
com que sua institucionalidade ficasse praticamente reduzida ao planejamento
orçamentário anual.
2.3 Pobreza no Brasil
Vivemos em tempos globalizados, em que o capitalismo vem se
tornando cada vez mas a economia dominante, e sendo o capitalismo uma forma de
economia não igualitária acaba contribuindo para o aumento da desigualdade social
tão presente nos dias atuais. As análises sobre os vários aspectos que envolvem a
definição do termo vulnerabilidade social no mundo do trabalho estão principalmente
relacionadas ao conjunto das profundas transformações ocorridas, nas últimas
décadas, o processo de industrialização que revoluciono o mundo do trabalho,
trouxe consigo não só vários avanços mas em contra partida contribuiu para o
aumento da desigualdade social não só Brasil mas também no mundo. A
desigualdade social acontece devido a um desajusto na distribuição de renda de um
28
determinado local, onde basicamente uma parcela da população se favorece mas
que a outra, ou seja, há uma retenção de renda somente para uma pequena parcela
do população. Portanto pode-se entender, que o capitalismo contribuiu fortemente
para o aumento da vulnerabilidade social. Esta situação de crescente precarização
das condições de trabalho dessa parcela expressiva da população– expressada pelo
aumento do trabalho por conta própria, pelas baixas remunerações salariais,
instabilidade dos vínculos de emprego e de remuneração, e a crescente redução de
direitos.
De acordo com Katzman (1999; 2001), as situações de
vulnerabilidade social devem ser analisadas a partir da existência ou não, por parte
dos indivíduos ou das famílias, de ativos disponíveis e capazes de enfrentar
determinadas situações de risco. Logo, a vulnerabilidade de um indivíduo, família ou
grupos sociais refere-se à maior ou menor capacidade de controlar as forças que
afetam seu bem-estar, ou seja, a posse ou controle de ativos que constituem os
recursos requeridos para o aproveitamento das oportunidades propiciadas pelo
Estado, mercado ou
sociedade. Estes ativos estariam assim ordenados: físicos, que envolveriam todos
os meios essenciais para a busca de bem-estar.
Ao analisarmos a historia do Brasil encontramos uma serie de lutas
no combate a fome. Mas o que é a fome afinal? De que se falam tanto e que tão
mobilizadora? se trata de uma fome oculta na qual a falta permanente de
determinados elementos nutritivos. Ao longo da historia foram idealizados vários
planos e ações governamentais com a criação de instituições públicas de diversas
denominações sem sucesso. Em 1993 o presidente Itamar Franco declara o controle
a fome prioridade absoluta e lança uma proposta de política nacional de segurança
alimentar com a elaboração de um plano de combate a fome e a miséria e a criação
do conselho nacional de segurança alimentar (CONSEA). Em 1994 a realizada a
primeira conferencia Nacional de Segurança Alimentar.
No Brasil haverá Segurança Alimentar quando todos brasileiros tiverem permanentemente acesso em quantidade e qualidade aos alimentos requeridos e as condições de vida e saúde necessárias para saudável reprodução do organismo humano e para uma existência digna. A segurança alimentar há de ser então, um objeto nacional básico e estratégico. Deve permear e articular, horizontal e vertical, todos as políticas e ações das áreas econômicas e social de todas os segmentos sociais, seja em parceria com os distintos níveis
29
de governo, ou em iniciativos cidadãos. ( CONSEA, 1995:88-9).
Apesar do CONSEA ser uma política nova com relação ao combate
da fome, sofreu algumas dificuldades pois encontrou na sua própria política de
organização empecilhos para sua execução, por ser um órgão consultivo e não
executivo dependia sempre da ação da burocracia estatal, que, por vezes, impediu
as ações fundamentos tais como: o atendimento aos desnutridos e as gestantes em
risco nutricional, a burocracia a destribuição de leite, o programa de alimentação do
trabalhador não chegou a ser beneficiar com as propostas do CONSEA de
ampliação do atendimento, o programa de geração de emprego não vingou , o
programa Embala Brasil, voltado para crianças, representou espaço para articulação
de instituições e aumentou a consciência sobre os problemas da infância em torno
de temas como a erradicação do trabalho infantil ( Pereira, 1997).
O CONSEA serviu como base significou avanços na questão do
combate a fome no Brasil. Outros estudos ( GAFAR,1998) apontam varias razões
para utilizar gastos em consumo, em vez de renda, com medidas de bem – estar,
entre elas: a dificuldade de estimular a renda do setor informal e dos por conta
própria, a maior das estimativas de consumo, em comparação com as de renda, o
consumo ser uma melhor medida de bem – estar a longo prazo. A influencia de
indicadores simples como poder de compra ou disponibilidade de alimentos para a
analise da qualidade de vida, e por conseqüência da pobreza é notória.
Segundo Dreze e Sen ( 1989) há duas causas diferentes e em
princípios inseparáveis, por traz da dissonância entre o produto nacional bruto e os
ganhos de qualidade de vida.
O relatório do Banco Mundial de 1990 aponta os problemas da
relação entre a definição de que é a pobreza e o que qualidade de vida, partindo do
principio que a pobreza diz respeito ao padrão de vida absoluto de uma parcela da
sociedade ( os pobres) o relatório define:
A pobreza como incapacidade de manter um padrão de vida mínimo. Para tornar útil esta definição, três questões devem ser respondidas. Como medir os padrões de vida? O que significa uma padrão de vida mínimo? E tendo identificado os pobres, como expressar a seriedade da pobreza na sociedade como um todo por uma única medida ou índice? ( The Workal Bank, 1999, p.26).
Nesse sentido quanto mas uma pessoa gasta quanto mais bens ela
30
adquire, melhor é seu padrão de vida e quanto menos gasta, quanto menos bens
possua mas acentuado esta o seu grau de vulnerabilidade financeira.
Combater a pobreza é, contudo, uma meta antes de tudo política e
demanda o compromisso da sociedade como um todo. Esse é um dos pontos
destacados por Raczynski, Lo Vuolo, Fanfani, Filgueira. Sem essa alteração de
fundo ou perspectiva no horizonte, que acena para um ideário mais republicano que
liberal, as formas de enfrentamento da pobreza permanecerão pouco estratégicas,
configurando uma administração da pobreza e não efetivamente orientadas para sua
superação. Entretanto é importante salientar, como afirma de forma lúcida e
bastante arguta R. Carneiro, que as respostas ao problema da exclusão não
apresentam o mesmo significado em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Embora extenso, vale a pena citar a passagem na qual o autor sintetiza seu
argumento:
“Evitar a exclusão, prevenindo ou minimizando sua manifestação, é uma realidade que tem mais a ver com os países capitalistas desenvolvidos, cujas políticas de bem estar apresentam conteúdos abrangentes e orientações universalistas. Trata-se, mais especificamente, de bloquear a retroação de direitos que se supunham consolidados e de assegurar o efetivo direito a ter direitos, impedindo a emergência ou aprofundamento de uma situação de dualidade no tocante às condições de acesso da população à seguridade social e aos serviços provisionados pelo Estado, típica de países periféricos, como o Brasil. Promover a inclusão, por sua vez, representa uma realidade mais próxima dos países periféricos, com políticas de bem estar restritas em termos de conteúdo e de cobertura. Em países como o Brasil, vale lembrar, os excluídos não são residuais, mas parte importante da população, nem temporários, mas estruturais, refletindo direitos que são instituídos e apenas parcial ou seletivamente assegurados, bem como déficits expressivos no direito a ter direitos, num processo que segrega e reifica a pobreza, para reproduzi-la de forma ampliada através do acúmulo de precariedades....(nos países capitalistas avançados) .... o risco principal é o da exclusão, com a segregação ou marginalização vindo de encontro aos princípios estabelecidos de organização da solidariedade e da integração na sociedade, o que abre, ou pode abrir, fraturas importantes no tecido social...(nos países em desenvolvimento)... o risco principal é a ocorrência de uma segmentação ainda maior num tecido social institucionalmente frágil” (R. Carneiro, 2005, p. 7).
31
2.3.1 Os frutos da escravidão.
Miséria e desigualdade social marcam a historia do mundo e do país
a séculos, encontra uma solução para tal é um grande desafio. Mas são diversos os
fatores que influenciam e determinam as condições sociais da maioria da população
que não tem como garantir sua sobrevivência e no Brasil não é diferente.
O Brasil é um grande país em relação a território é considerado um
dos maiores do mundo, mas em contra partida esta entre os países com maior
índices de desigualdade do mundo. Com a revolução industrial a consolidação do
capitalismo como economia vigente, os problemas referentes a desigualdade social
e a má distribuição de renda ou seja a maior parte do dinheiro corrente no país se
acumulava na mão de uma pequena parcela da população. O capitalismo acentuou-
se ainda, mas com a divisão das classes sociais entre aqueles que detêm os meios
de produção e os trabalhadores, que só tem a força de trabalho para garantir sua
sobrevivência. “para Karl Marx para que o sistema funcione é necessário a
existência de trabalhadores desprovidos dos meios de produção. A desigualdade,
portanto, depende do modo como a sociedade organiza a produção e a distribuição
dos bens que consome”.
A má distribuição de renda é uma das principais causada pobreza no
Brasil, este é um problema que não oriundo apenas do capitalismo. Viemos através
dos séculos acumulando os problemas de caráter social tal fato pode ser facilmente
constatado ao analisarmos a historia brasileira, primeiro fomos colônia, tivemos
nossa riqueza natural explorada e levada para fora do país, depois fomos
bombardeado por escravos trazidos dos continentes africanos e espalhados pelo
país logo após a lei decretada pela princesa Isabel e a libertação de todos os
escravos, que foram simplesmente deixados a deriva e marginalizados por uma
sociedade racista e preconceituosa. Estes escravos s transformaram em homens
livres, foram largados sem a menor condição de sobrevivência, transformando-se
em mendigos, vagabundos e sem identidades. Costumes de séculos não se muda
por causa de uma lei, uma tradição de maus tratos, desrespeito, humilhação não
mudariam, simplesmente por os escravos passaram a ser livres. Devemos lembra
que os direitos políticos públicos que possibilitassem a inserção social dos negros na
32
sociedade.
Após receber a tão sonhada liberdade muitos escravos foram se
refugiar em morros, dando origem mais tarde se transformando nas grandes favelas
que conhecemos hoje. Mas tarde La pra década de 70 com o setor industrial e o
processo de industrialização e a alto produção e exportação de produtos agrícola,
iniciou-se um êxodo rural. Com este processo industrialização surge uma nova
forma de pobreza nas periferias urbanas.
Para negros que migraram para os grandes centros urbanos, so lhes
restavam os subempregos, a economia informal e o artesanato: com isso aumentou
de modo significativo o numero de ambulantes, empregadas domesticas, pessoas
sem a menor garantia a qualquer tipo de assistência. Os negros que moravam nas
ruas ou nas grandes favelas que feitas basicamente de tabua, barro e papelão. O
preconceito e a descriminação deixaram sequelas desde a abolição da escravatura
ate os dias atuais, ficou também a idéia permanente de que o negro só servia para
trabalhos duros ou seja serviços pesados com baixa remuneração. Ate os dias de
hoje sofremos com os reflexos dos problemas oriundos da escravidão x preconceito
e racismo,
2.3.2 Revolução Industrial à Contemporaneidade: mudanças na maneira de
entender a pobreza.
Uma mudança no olhar sobre o pobre foi provocada pelo surgimento
de uma pobreza móvel, como denominado por Castel (1998): os pobres eram, com
freqüência forasteiros desconhecidos indivíduos que não tenham vínculos
estabelecidos com a coletividade na qual passam, então, inseri-se. Isso deveu-se ao
que deveríamos ressurgimento das migrações, as quais, a partir de certo momento e
como veremos adiante, acentuarem-se drasticamente. A deterioração das redes
fechadas de proteção comunitária, comuns nas sociedades pré-modernas, e as
drásticas mudanças posteriores ocorridas na estrutura social, política e econômica
que tinha existido na Idade Média não somente afetaram a configuração das
sociedades, mas, também - é claro - o lugar nelas ocupado pelos indivíduos.
A Revolução Industrial teve grandes conseqüências sobre a
configuração das sociedades, trazendo transformações drásticas na esfera social,
33
política e econômica e consolidando o capitalismo no plano econômico. Num
primeiro momento, a Revolução Industrial se caracterizou pelo uso, na produção, de
máquinas movidas a força motriz. É importante ressaltar que, antes disso, já existia
uma classe proletária forçada a vender sua força de trabalho para garantir sua
existência. Todavia, isto se limitava ao sistema de produção dominado por um
número pequeno de proprietários: a produção capitalista manufatureira. A utilização
crescente e sistemática de máquinas movidas a força motriz na produção mudou
radicalmente não apenas as estruturas produtivas, mas a estrutura da sociedade
tomada em seu conjunto. Tornava-se praticamente impossível para os
trabalhadores até então autônomos concorrer com a produção capitalista fabril, o
que fez aumentar, de forma dramática, a proletarização. Ao mesmo tempo,
intensifica-se a hostilidade contra os pobres, nessa época. Tal como no período da
modernidade pré-industrial, o pobre continuou sendo visto pelas autoridades e pelas
classes mais bem situadas como uma ameaça, um perigo social (GEREMEK, 1987,
1994). Também como havia acontecido no período anterior, os pobres chegaram a
ser visto como criminosos, que, para o bem-estar do resto da sociedade, precisariam
ser afastados do meio social, para não exercer sua perigosa influência. No entanto,
com o amadurecimento da Revolução Industrial e a conseqüente expansão do
capitalismo, fortaleceu-se a idéia de que a pobreza era uma condição social que
afetava até mesmo os trabalhadores industriais (GEREMEK, 1994; CASTEL, 1998;
LEITE, 2002). Tratava-se, pois, de uma “[...] nova pobreza [...]”, cujos sujeitos, os
“[...] novos pobres [...]”, eram “[...] agentes e vítimas da revolução industrial [...]”,
encontrando-se “[...] plantados no coração da sociedade [...]” e formando “[...] a
ponta de lança de seu aparelho produtivo” (CASTEL, 1998, p.282, 284). Engels
(1987), por sua vez, aponta que a Revolução Industrial pode ser vista como uma
maldição para os trabalhadores, pois se caracteriza por jornadas.
34
1.4 O SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL BRASILEIRO
A proteção social é um importante instrumento de política pública
para enfrentar a exclusão social, a desigualdade e a pobreza. Ela abrange tanto
o seguro social como a assistência social. A última pode ser proporcionada na forma
de manutenção da renda e/ou em transferências em espécie bem como em serviços
sociais. Os programas de proteção social contribuem significativamente para a
realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs).Há um interesse
crescente em como os programas de proteção social e de transferência de renda
causam impacto sobre a pobreza, desigualdade e inclusão social. O Bolsa
Família no Brasil desencadearam debates sobre o seu potencial, bem como limites.
Tem sido demonstrado que os incentivam a uma maior utilização de serviços
públicos, como educação e saúde, e proporcionam uma renda necessária vital para
famílias pobres. A temática dos modelos, sistemas e regimes de bem estar é
inevitavelmente importante para análise das políticas de combate e superação da
pobreza, uma vez que as políticas sociais constituem as respostas desenvolvidas
pelo Estado para fazer frente aos problemas da pobreza, vulnerabilidade e
desigualdade social. Olhando não apenas do ponto de vista das estruturas do
Estado de Bem Estar mas em termos da composição da proteção social, tem-se, de
forma mais abrangente, uma distinção básica entre benefícios contributivos
(aposentadoria, seguro desemprego, enfermidade funcional, ligados a riscos
diretamente relacionados com o mercado de trabalho) e não contributivos, que
cobrem uma gama ampla de ações88. Os benefícios não contributivos incluem
renda mínima, benefícios de moradia, benefícios familiares (universal ou verificação
de carência), benefícios para atenção à criança, benefícios para pais solteiros e
benefícios condicionais de emprego. A assistência social89 é apenas uma parte
desses conjuntos de benefícios não contributivos: têm-se outras distinções possíveis
entre os componentes dos sistemas de proteção que não reconhecem apenas dois
tipos de benefícios ou componentes - contributivos e não contributivos -, mas três:
intervenções voltadas para o mercado de trabalho, iniciativas orientadas pela
perspectiva do seguro social, que se refere aos sistemas de benefícios contributivos,
e assistência social. Os programas de assistência social, nos países de economia
avançada, constituem uma parte, pequena, marginal, de um amplo sistema de
proteção, que inclui benefícios universais e generosos. Esse é um ponto que deve
35
ficar bem marcado quando se pretende contrapor estratégias de enfrentamento da
pobreza crônica e exclusão. No Brasil, a política social de transferência de renda,
maior política distributiva desenvolvida até então, atende a mais de sete milhões de
famílias, tendo como base a verificação de carência e exigências de contrapartidas.
A Assistência Social, como política pública de proteção social, se configura como
algo recente e inovador, pois somente a partir de 1988, esta foi assegurada pela
Constituição Federal. Desde então, a Assistência Social passou a integrar o Sistema
de Seguridade Social, como política pública não contributiva, pautada pela
universalidade da cobertura e do atendimento, assim como a Saúde (não
contributiva) e a Previdência Social (contributiva). Constituição Federal de 1988, art.
203 Isto significa que a Assistência Social é hoje um dever do Estado e um direito de
“quem dela necessitar, independente de contribuição à Seguridade Social” (art.203).
A Lei Orgânica de Assistência Social - Lei n.8724, de 07 de Dezembro de 1993,
dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras disposições. Esta lei
foi o que tornou possível à Assistência Social, ser considerada um dever do Estado
e um direito de cidadania, sem a necessidade de contribuição prévia. De acordo com
o artigo 1º da LOAS, a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é
Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais,
realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da
sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. A LOAS dispõe
de 42 artigos sobre a organização da Assistência Social, tendo como principais
temas tratados: Princípios e diretrizes; Competências das esferas de governo;
Conceito de benefícios, serviços, programas e projetos; Instituição e competências
do Conselho Nacional de Assistência Social; Competências do órgão nacional gestor
da PNA;, Financiamento da política; Forma de organização e gestão das ações e,
caráter e composição das instâncias deliberativas. A concepção de Assistência
Social, contida na LOAS, visa assegurar benefícios continuados e eventuais,
programas, projetos e serviços socioassistenciais para enfrentar as condições de
vulnerabilidades que fragilizam a resistência do cidadão e da família ao processo de
exclusão sociocultural, dedicando-se ao fomento de ações impulsionadoras do
desenvolvimento de potencialidades essenciais à conquista da autonomia Visando o
cumprimento do que propõe a LOAS, foi definido um sistema que padroniza e regula
todos os projetos, programas e ações da assistência, o Sistema Único de
Assistência Social. Significa que a pobreza hoje é vista como resultado da ação do
36
homem, do sistema, e não de uma determinação divina, ainda que haja
circunstancias imprevisíveis que possam causar situações de pobreza. É fruto do
modelo econômico, político e social adotado no país, gerador de desigualdade social
e da exclusão social. (PEREIRA, 2006, p. 62)
De acordo com Pereira (2006), ter uma lei que regulamenta a
assistência social como política pública, significa dizer que a sociedade brasileira
entendeu a pobreza de uma maneira diferente daquela que sempre havia permeado
as ações neste campo.
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS), cujo modelo de
gestão é descentralizado e participativo, constitui-se na regulação e organização em
todo território nacional dos serviços, programas, projetos e benefícios
socioassitenciais, de caráter continuado ou eventual, executados e providos por
pessoas jurídicas de direito público sob critério universal e lógico de ação em rede
hierarquizada e em articulação com iniciativas da sociedade civil. Além disso, o
SUAS define e organiza os elementos essenciais e imprescindíveis à execução da
política pública de assistência social, possibilitando a normatização dos padrões nos
serviços, qualidade no atendimento aos usuários, indicadores de avaliação e
resultado, nomenclatura dos serviços e da rede prestadora de serviços
socioassistenciais.
O SUAS foi a principal deliberação da IV Conferência Nacional de
Assistência Social, realizada em Brasília (DF), em 2003, e se inscreve no esforço de
viabilização de um projeto de desenvolvimento nacional, que pleiteia a
universalização dos direitos à Seguridade Social e da proteção social pública com a
composição da política pública de assistência social em nível nacional.
A organização na perspectiva de um sistema tem como objetivo
romper com uma forte tendência de oferta de serviços, programas, projetos e
benefícios socioassitenciais segmentados e desarticulados, sem definição de
referencias e contra-referencias, fluxos e procedimentos de recepção e intervenção
social, gerando superposição e paralelismo de serviços. (CRUS, 2006, p. 81).
Esse novo modelo de gestão supõe um pacto federativo, com a
definição de competências e responsabilidades dos entes das três esferas de
governo (federal, estadual e municipal). Está sendo implementado por meio de uma
nova lógica de organização das ações, com a definição de níveis de complexidade
do sistema: Proteção Social Básica (PSB) e Proteção Social Especial (PSE) de
37
média e alta complexidade, com a referência no território, considerando as
especificidades das regiões e portes de municípios e com centralidade na família. É,
finalmente, uma forma de operacionalização da Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS), que viabiliza o sistema descentralizado e participativo e a sua regulação em
todo o território nacional. A LOAS de 07/12/93 instituiu como responsabilidade da
Assistência Social e da União, o pagamento de alguns benefícios que eram
obrigação anterior da Previdência Social e por conseqüência institucionalizou a
distinção entre benefícios previdenciários e socioassistenciais. Como benefícios
socioassistenciais podemos citar o Beneficio de Prestação Continuada (BPC),
eventuais e de transferência de renda.
O BPC ( Beneficio de Prestação Continuada ) é um benefício socioassistencial
previsto no artigo 203 da Constituição Federal – 1988 na Lei 8.742 (LOAS – Art. 20 e
21) – 07/12/1993, na Lei 10.741 (Estatuto do Idoso) – 01/10/2003 e nos Decretos:
1.744 de 08/12/1995 (Revogado), 4.712 de 29/05/2003 (Revogado), 6.214 de
26/09/2007 (em vigor). Este benefício é um direito garantido pela Constituição
Federal de 1988 e consiste no pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal a
pessoas com 65 anos de idade ou mais e a pessoas com deficiência incapacitante
para a vida independente e para o trabalho. Em ambos os casos a renda per capita
familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo. O BPC também encontra amparo
legal na Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso. O
benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS), a quem compete sua gestão, acompanhamento e avaliação. Ao Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), compete a sua operacionalização. Os recursos
para custeio do BPC provêm do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
Dentre as ações de inclusão dos beneficiários do BPC destaca-se o Programa de
Acompanhamento e Monitoramento do Acesso e Permanência na Escola das
Pessoas com Deficiência Beneficiária do BPC, conhecido como Programa BPC na
Escola. O Programa tem como objetivo promover a elevação da qualidade de vida e
dignidade das pessoas com deficiência e beneficiárias do BPC, preferencialmente
até 18 anos de idade, garantindo-lhes acesso e permanência na escola, por meio de
ações articuladas das áreas de saúde, educação, assistência social e direitos
humanos, envolvendo as esferas federal, estadual e municipal.
Os Benefícios Eventuais estão previstos na Lei 8.742 (LOAS – Art.
22), na Resolução CNAS 212 de 19/10/2006 e no Decreto Presidencial 6.307 de
38
14/12/2007. Todavia eles já haviam sido criados pelo sistema de proteção da
Previdência Social desde 1954, com a denominação de auxílio maternidade e
funeral através do decreto nº. 35.448, em 1º de maio. Eram pagos de forma única,
no valor de um salário mínimo vigente, aos beneficiários previdenciários, que
contribuíssem para a Previdência Social. O auxílio maternidade era pago tanto a
mãe, que fosse segurada, quanto ao pai, desde que tivessem contribuído no mínimo
12 meses. O auxílio por morte era pago ao responsável pelas despesas do funeral
do beneficiário da Previdência Social. De acordo com os princípios da PNAS deve
ocorrer uma divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos
assistenciais. Em relação às diretrizes da PNAS deve prevalecer a centralidade na
família para concepção e implementação dos benefícios, serviços, programas e
projetos. Os benefícios eventuais caracterizam-se por seu caráter provisório e pelo
objetivo de dar suporte aos cidadãos e suas famílias em momentos de fragilidade
advindos de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de
calamidade pública. Esse tipo de beneficio não possui um valor predeterminado
calcula-se seu valor aparte do grau de vulnerabilidade em que se encontra o
usurário.
Ao focalizar as zonas de vulnerabilidade social, espaços sociais
instáveis onde se conjugam de forma perversa a precariedade do trabalho e a
fragilidade das redes de sociabilidade e de proteção social, tem-se a possibilidade
de abordar a questão social tal como ela se manifesta atualmente, quando não há
empregos suficientes para garantir o acesso à renda, elemento básico para evitar e
reduzir a pobreza e a vulnerabilidade. Contra um modo de regulação estática da
pobreza, tem-se a proposta e a efetiva construção de redes universais de
seguridade que pautem novos princípios de organização social. De acordo com essa
visão, a pobreza não é matéria para ficar a cargo de programas assistenciais, que
são ineficazes para a inserção e se justificam, nessa perspectiva, apenas como
exceção, como complemento das redes universais de garantia de recursos básicos.
De acordo com a caracterização do modelo brasileiro de proteção
social, até meados da década de 80, a estrutura burocrática era caracterizada pela
centralização de recursos e serviços na esfera federal; pela opacidade nas
transferências, corrupção, ineficiência, desperdício e pulverização dos recursos,
excessiva superposição e fragmentação de programas, clientelas e instituições. A
demora na alocação dos recursos e seu desvio em relação aos objetivos e público
39
alvo, o caráter regressivo do gasto social100, a excessiva permeabilidade da
máquina social aos interesses corporativos, privados e burocráticos, somados à
ausência de mecanismos de avaliação e controle, e a uma distância total entre os
formuladores e beneficiários dos programas, estão entre as características
fundamentais do sistema de proteção social no Brasil (Draibe, 1990, pp. 15,16).
O sistema de proteção no Brasil combina elementos dos três
modelos: articula-se com um esquema assistencial denso, com um amplo conjunto
de ações focalizadas e pulverizadas de combate à pobreza, por um lado, e com
elementos de um modelo de base universalista, por outro (no que se refere à
educação básica, saúde e benefícios da Lei Orgânica de Assistência Social/LOAS).
Os processos de mudança nos sistemas de proteção tornam incerta a configuração
futura das políticas de proteção social no Brasil. Os sistemas de proteção social,
tanto na Europa quanto na América Latina, têm sofrido pressões para produzir
alterações em sua estrutura e composição. A seção seguinte examina as tendências
em curso para posteriormente, em outro nível de análise, focalizar estratégias de
intervenção que se pautam por uma perspectiva mais residual ou universal de
proteção social.
As transformações em curso nas políticas sociais no Brasil apontam
para a criação de uma nova institucionalidade, dinâmicas, princípios e formas de
cooperação entre atores e instituições diversas. E a princípio, na perspectiva
normativa, a partir da Constituição de 1988 ocorre um adensamento do caráter
redistributivo das políticas sociais e um inegável avanço do sistema de direitos
sociais. A assistência social adquire, pela primeira vez, o status de política pública.
Novos direitos são reconhecidos e emerge uma tendência à maior universalização
da proteção, combinada a novos modelos institucionais e gerenciais fundamentados
nas diretrizes de descentralização e participação social, como apontado por Sônia
Draibe. Embora tenha havido um reconhecimento na legislação da universalização
dos direitos e da ampliação do escopo da proteção, na prática das políticas e
programas a tendência tem sido distinta. Além de o gasto ser reduzido, sua estrutura
de financiamento, de base contributiva e atrelado ao emprego assalariado formal,
levou a que o sistema de proteção, ao ampliar a cobertura, gerasse uma queda no
valor dos benefícios e a precária condição dos serviços oferecidos pelo setor público
(Pochmann, 2004 b, p.12).
40
O estado assistencialista viabiliza a retirada da esfera estatal na
formulação de políticas sociais abrangentes, com o intuito de garantir a centralidade
e intervenção do denominado “terceiro setor” e dos programas de combate a
pobreza, no sistema de proteção social no Brasil. O desafio é demonstrar que a
inserção social não é uma questão que pode ser equacionada dentro desse
paradigma, tratada como uma questão de repressão ou assistência, mas que exige
colocar no centro o conteúdo distributivo do problema e envolver não políticas
isoladas mas sim o conjunto do sistema de políticas públicas, outros atores e
domínios para além do Estado
A intervenção dos programas de combate a pobreza, criados em
função da vigência do estado assistencialista na Brasil, nesse contexto podemos
analisar, o trabalho que desenvolvido nos centro de Centros de referencia e
assistência social- CRAS
O atendimento às famílias é feito a partir do Centro de Referência de
Assistência Social - CRAS, que é um serviço de Proteção Social Básica, que visa
potencializar a família como unidade de referência, fortalecendo os vínculos internos
e externos, por meio do protagonismo dos seus membros e da oferta de um conjunto
de serviços locais que oportunizam à convivência, à socialização e ao acolhimento
em famílias cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos, bom como a
articulação com as demais políticas públicas.
Serviços.
Apoio às famílias e indivíduos na garantia dos seus direitos de cidadania, com
ênfase no direito à convivência familiar e comunitária;
Serviços continuados de acompanhamento social às famílias ou seus
representantes;
Proteção social pró-ativa, visitando as famílias que estejam em situações de
vulnerabilidade;
Acolhida para recepção, escuta, orientação e referência;
Promoção de atividades facilitadoras da convivência familiar e comunitária;
Campanhas socioeducativas;
Reuniões e ação comunitária;
41
Atendimento de Benefícios Eventuais a munícipes em situação de
vulnerabilidade e risco pessoal e social;
Programa de atenção à criança, adolescente e juventude em atividades
socioeducativas em horário complementar ao das aulas, oferta atividades que
favorecem a comunicação, assegurando espaços de referência para relações
de afetividade e regras que garantam a sociabilidade e convivência em grupo.
O país deu grande salto nas políticas sociais nos últimos anos,
superando os métodos assistencialistas de socorro aos mais pobres (simbolizado
pelo programa de Cestas Básicas). Houve evolução para uma segunda geração de
programas sociais, com formas menos paternalistas de superação da pobreza
extrema com a distribuição de renda direta às famílias com contrapartidas dos
beneficiários, como o Bolsa Família.
É preciso agora avançar para uma terceira geração de programas
sociais que amplie os esforços atuais de forma proativa, integrada e adequada a
diferentes condições de carência. O objetivo é superar a pobreza por meio da
garantia do acesso e da oferta de oportunidades a indivíduos e famílias para a sua
inclusão produtiva na sociedade. A Consolidação e ampliação das boas práticas
associadas a políticas e programas sociais – Institucionalização de programas que
alcançaram bons resultados, tais como o Bolsa Família, partindo da identificação
feita por esse programa dos 15 milhões de famílias mais pobres do país, reunidas no
Cadastro Único para Programas Sociais, e definindo esse grupo social como usuário
principal de iniciativas complementares e associadas, voltadas para a erradicação
da pobreza no Brasil. Ampliação e integração de programas sociais dirigidos para a
erradicação da pobreza – Dar maior eficácia, eficiência e efetividade às políticas e
programas sociais hoje disponíveis em vários níveis de governo (federal, estadual e
municipal), consolidando-os, integrando-os e orientando-os prioritariamente para o
atendimento das famílias mais pobres do país, enfatizando de modo específico o
atendimento das principais necessidades, bem como a realização de suas melhores
habilidades. O Esforço individual e familiar como estratégia de superação da
pobreza, a transformação dos beneficiários dos programas sociais em parceiros
dotados de protagonistas na escolha das oportunidades que lhes são oferecidas,
assim como torná-los cientes de que a superação da situação em que se encontram
dependerá principalmente da sua capacidade de aproveitar plenamente tais
oportunidades. Diferenciação entre produção e oferta de programas sociais e
42
definição dos usuários dessas oportunidades. É preciso separar produção e gestão
de programas e serviços sociais da oferta e seleção dos seus usuários. Uma Rede
de Agentes de Desenvolvimento Familiar será responsável por levar os programas
sociais às famílias mais pobres e dar apoio a suas escolhas. Além disso,
apresentarão aos produtores e gestores desses serviços os seus usuários
preferenciais, garantindo aos beneficiários a possibilidade de inscrição nesses
programas. Garantir a disponibilidade, integração e complementação de políticas
sociais orientadas para previdência, assistência social e saúde, educação, cultura e
trabalho, habitação, urbanismo e saneamento. Assegurar a integração orçamentária
e a transversalidade das políticas desses setores por meio de ações matriciais e
territoriais. Priorizar a aquisição de conhecimento, e a Garantia de que programas
educacionais e de formação básica e profissional façam parte e adquiram prioridade
numa estratégia nacional de erradicação da pobreza. Estimular o
empreendedorismo como estratégia de superação da pobreza, e assegurar que os
indivíduos e famílias atendidas pelos programas sociais integrados se sintam
instados a buscar melhores condições fora do ambiente de atendimento desses
programas, principalmente tomando consciência de suas potencialidades e
desenvolvendo capacidades que lhes permitam garantir a sobrevivência. Busca e
estimulação de parcerias público-privadas afim de Avançar além do estado
unicamente provedor para o estado mobilizado e atrair o setor empresarial e as
organizações não governamentais para participarem do esforço de erradicação da
pobreza no Brasil por meio da associação à execução de políticas e programas
sociais integrados, assumindo o lugar de agente econômico principal, capaz de
recrutar, treinar e empregar indivíduos e – eventualmente – famílias em atividades
produtivas que façam parte de cadeias de valor que envolvam o fornecimento de
bens e serviços descentralizados necessários aos seus processos produtivos. A
Construção de uma rede de agentes de desenvolvimento familiar (ADF), integrar o
funcionamento de diferentes sistemas de oferta de programas sociais hoje
existentes que operam em nível federal, estadual e municipal em uma única rede e
descentralizada, voltada para o atendimento prioritário das famílias mais pobres do
país, constantes do Cadastro Único para os Programas Sociais. Aos agentes dessa
Rede caberá atualizar o Cadastro Único, fornecer informações sobre deficiências,
oportunidades e efetividade dos programas sociais, estabelecer com a família o
Plano de Desenvolvimento Familiar, demandar junto aos produtores de programas e
43
serviços a participação das famílias e acompanhar e estimular a evolução da família
no alcance das metas por elas definidas. Plano de Desenvolvimento Familiar afim
de avaliar as necessidades de cada família, priorizar acesso aos programas sociais
e serviços públicos e estabelecer metas a serem por elas alcançadas.
2.5 A PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL:
BOLSA FAMILIA E SEU IMPACTOS NAS VULNERABILIDADES DA POPULAÇÃO
ATENDIDA
A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações de
risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que
vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação
(ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e,
ou, fragilização de vínculos afetivos − relacionais e de pertencimento social
(discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).
Prevê o desenvolvimento de serviços, programas e projetos locais
de acolhimento, convivência e socialização de famílias e de indivíduos, conforme
identificação da situação de vulnerabilidade apresentada. Deverão incluir as pessoas
com deficiência e ser organizados em rede, de modo a inseri-las nas diversas ações
ofertadas. Os benefícios, tanto de prestação continuada como os eventuais,
compõem a proteção social básica, dada à natureza de sua realização. São eles:
Programa de Atenção Integral às Famílias – PAIF; Programas de inclusão produtiva
e projetos de enfrentamento da pobreza; Centro de Convivências para Idosos;
Serviços para crianças de 0 a 6 anos, que visem o fortalecimento do vínculo familiar,
com ações que favoreçam a socialização do brinquedo e a defesa dos direitos da
criança; Serviços sócio-educativos para crianças e adolescentes na faixa de 6 a 14
44
anos, visando a sua proteção, socialização e o fortalecimento dos vínculos familiares
e comunitários; Programas de incentivo ao protagonismo juvenil, com fortalecimento
dos vínculos familiares e comunitários; Centros de Informação e Educação para o
Trabalho para jovens e adultos. Todos os programas listados podem ser geridos
pelo CRAS – Centro de Referência da Assistência Social, que é uma unidade
pública estatal, que atua com famílias e indivíduos em seu contexto comunitário,
visando à orientação e o fortalecimento do convívio sócio-familiar. Nesse sentido, o
CRAS é o responsável pela oferta e o desenvolvimento do PAIF.
A Política de Assistência Social na cidade de Boa Vista do Tupim é
executada pela Secretaria Municipal de Assistência Social é desenvolvida mediante
serviços continuados, através da execução direta e parcerias com organizações de
assistência social, constituindo a Rede de Proteção Básica e Especial, visando
garantia de provimento de seguranças que cubram, reduzam ou previnam
exclusões, riscos e vulnerabilidades sociais, bem como atendam as necessidades
emergentes ou permanentes decorrentes de problemas pessoais ou sociais de seus
usuários. A Proteção Social Básica tem como objetivos prevenir situações de risco e
o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários a famílias que vivem em
situação de pobreza, ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços
públicos, fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social. No
presente artigo 4º do decreto 5.209: “ estimular a emancipação sustentada das
família que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza”, podemos visualizar
compreender, que o programa do bolsa família esta voltado unicamente e
exclusivamente para famílias carentes que se encontrem em estado de
vulnerabilidade econômica e social, e que sua lógica se estrutura nos conceitos de
superação renda e social, em outras palavras este programa segue um, paradigma
que consiste na evolução de seus usuários para que estes saiam da linha de
pobreza em que se encontram.
O programa bolsa família domínio sobre o que é o bolsa família e qual é sua real
finalidade, que vai muito alem do simples assistencialismo. A parcela da população
que faz-se usuária desse programa, desconhece parcial ou totalmente os objetivos,
metas e a lógica na qual este é estruturado. Para grande parte da população, o
bolsa família não passa de uma ajuda financeira que o governo oferece sem maiores
propósitos.
45
Há consenso de que uma mudança na composição dos
rendimentos de um domicílio causa alteração na disposição dos seus membros ao
trabalho. A intensidade dessa mudança se apresenta como um aspecto relevante
para determinar a partir de que ponto um aumento na renda domiciliar modifica, de
fato, a oferta de trabalho. Entende-se por choque no orçamento um aumento súbito
na renda domiciliar. A transferência recebida pelos domicílios beneficiários do
Programa Bolsa Família (PBF) do Governo Federal se encaixa nesse conceito e é
tratada neste artigo como um choque orçamentário desvinculado dos rendimentos
do trabalho. É interessante perceber que, enquanto alguns domicílios têm por única
fonte de receita o benefício do PBF, em outros a transferência representa apenas
um pequeno percentual do orçamento familiar. A intensidade do choque, a razão do
valor da transferência do PBF sobre a renda domiciliar, provoca um efeito que pode
ou não ser proporcional, a que denomina-se efeito-dose. Este artigo propõe-se a
estimar o quão sensível são os homens e mulheres adultos, ocupados em diferentes
nichos de trabalho, às intensidades de choque orçamentário, no que tange a oferta
de horas trabalhadas. O cálculo do efeito médio do tratamento e a análise gráfica do
efeito local do programa permitem afirmar que,apesar do efeito médio ser negativo,
ou seja, o Bolsa Família provoca redução da oferta de trabalho, este efeito não é
uniforme dentre os grupos de indivíduos considerados.
Diversos trabalhos diagnosticaram efeitos positivos do PBF, tais como redução dos
índices de pobreza e melhor distribuição de renda (CHEIN et alli., 2006), (SOARES
et alli.,2006), (IPEA, 2007), redução do trabalho infantil e aumento da freqüência
escolar (CARDOSO&SOUSA, 2004),(PEDROZO, 2007). Outros trabalhos
(TAVARES, 2008), (SOARES et alli., 2007), (FERRO&NICOLLELA, 2007)
analisaram o impacto do PBF na oferta de trabalho. Soares et alli. (2007), por
exemplo, mostra aumento na oferta de trabalho para homens, e ainda mais
expressivo para as mulheres. Tavares (2008) analisa as mães nas famílias
beneficiadas dentro da perspectiva do efeito-renda e efeito-substituição. Ambos os
efeitos ocorrem na direção de manter o orçamento original. O efeito-renda refere-se
à redução dos rendimentos do trabalho como conseqüência direta do aumento dos
rendimentos não vinculados ao trabalho. O efeito renda, por tanto, aponta para a
diminuição da oferta de trabalho. Tavares (2008) compreende como efeito-
substituição o aumento da oferta de trabalho adulto para compensar a redução do
trabalho infantil. Em outras palavras, a retirada dos filhos do trabalho e sua
46
conseqüente perda de receita geram a necessidade de outros membros do domicílio
compensar esta redução no orçamento aumentando suas horas de trabalho. A
autora obteve resultado negativo para o efeito-renda, ou seja, redução das horas de
trabalho em razão do aumento da renda, que, no entanto, é superado por um efeito-
substituição positivo, ou seja, aumento das horas trabalhadas pelos adultos para
compensar a perda do trabalho infantil. As famílias elegíveis ao PBF, em situação de
pobreza e extrema pobreza, têm como estratégia de sobrevivência proporcionar
economias de escala. Partilhar o domicílio implica dividir o uso de recursos, tais
como bens duráveis e não duráveis, assim como a divisão do trabalho na execução
dos afazeres domésticos. A opção pela análise da oferta de trabalho individual
dentro do domicílio parte da teoria sobre o “Tempo e a Produção Domiciliar”
(BECKER, 1965). A teoria descreve os determinantes da decisão de alocação do
tempo entre a produção doméstica, geradora de bem estar, e trabalho, gerador de
renda.
O CRAS Centro de Referencia de Assistência Social - È a unidade
publica de política na assistência social, de base municipal, integrante das SUAS,
localizado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social,
destinado á prestação de serviços e programas socioassistenciais de proteção social
básica ás famílias e indivíduos, e a articulação destes serviços no seu território de
abrangência e uma atuação intersetorial na perspectiva de potencializar a proteção
social.
Algumas ações da proteção social básica devem ser desenvolvida
necessariamente nos CRAS, como o programa de atenção integral as famílias
(PAIF) outras, mesmo ocorrendo na área de abrangência desse centros, podem ser
desenvolvidas fora de seu espaço físico, desde que a ele referenciadas.
Seu publico referenciado são famílias e indivíduos em situação de
vulnerabilidade social, decorrente da pobreza, privação ou ausência de renda,
acesso precário ou nulo aos serviços públicos, com vínculos afetivos relacionais e
de pertencimento social fragilizados, que vivenciam situações de descriminação
etária, étnicas de gêneros ou por deficiência, entre outros.
O publico prioritário são:
*Famílias do PBF, especialmente as que não estão cumprindo
condicional idade;
* Beneficiários do BPC, especialmente, famílias com crianças,
47
adolescentes e jovens com deficiência idosos dependentes e os não inseridos em
serviços locais( Educação, Saúde, Assistência Social, Esporte e Lazer);
* Famílias com crianças e adolescentes inseridas em programa
como o PETI;
* Famílias em situações de negligencia e violência ou antecipadoras
das mesmas;
* Famílias com crianças sobre os cuidados de outras crianças ou
que permaneçam sozinhas em casa;
* Com ocorrência de fragilização ou rompimento de vínculos sem
documento civil, jovens, adolescentes, grávidas e suas crianças.
A unidade apresenta instalações físicas adequadas, de fácil acesso,
equipe multidisciplinar (Assistente Social, Psicóloga) para o desenvolvimento de
ações individuais e ou em grupos, acompanhamento dos diversos setores aos
usuários e suas famílias receber recursos do governo Federal com contra partida o
Município.
Objetivos Institucionais:
GOVERNO FEDERAL
Prefeitura Municipal de Boa Vista do Tupim
Secretária Municipal de Ação Social e Cidadania
Centro de Referência de Assistência Social
Equipe do CRAS
Assist. Social
Psicóloga Agente Administrativ
o
Aux. de Serviço Geral
Motorista
COORDENAÇÃODO CRAS
48
Promover acompanhamento sócio assistencial de famílias em um
determinado território;
Potencializar a família comunidade de referencia e vínculos internos;
Contribuir para o processo de autonomia e emancipação social das
famílias;
Os programas e projetos da área de Assistência Social são alguns
federais, estadual e outros municipal ou será desenvolvido no âmbito municipal de
acordo com as necessidades reais da população local. Alguns projetos e programas
são de origem federal, estadual e municipal, segundo o seu modelo. A instituição
visa atender a população que necessita de um serviço com formação ampla sem
discriminação.
- Política de Assistência a criança e adolescente, idosos, jovens,
famílias e gestantes.
A unidade é de pequeno porte, foi implantada em 2003, com equipe
por: 01 coordenadora, 01 Assistente Social, 01 psicóloga, 01 agente administrativo,
01 auxiliar de serviços gerais e 01 motorista.
Este programa foi criado desde 2003 pelo Governo Federal e
desenvolvido pelo Ministério de Combate à Fome através da Secretaria Municipal do
Trabalho e Assistência Social e Cidadania.
No Município de Boa Vista do Tupim o CRAS foi contemplado em
Abril de 2005, na administração do Prefeito Hiran Campos Nascimento tendo como
Diretora de Ação Social a Srª. Edinete Silva Cruz, Coordenadora Madriani da Hora
Solidade como corpo administrativo, o trabalho realizado nesta instituições tem
prioridades de atendimento os seguintes critérios:
Atendimento e orientações;
Visita domiciliar;
Visita institucional;
Palestra;
Grupo de convivência com idosos;
Acompanhamento familiar;
Grupo de família;
Curso de geração e renda.
49
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade
pública estatal descentralizada da política de assistência social, responsável pela
organização e oferta de serviços da proteção social básica do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos
municípios. Dada sua capilaridade nos territórios, se caracteriza como a principal
porta de entrada do SUAS, ou seja, é uma unidade que propicia o acesso de um
grande número de famílias à rede de proteção social de assistência social.
É o principal equipamento de desenvolvimento dos serviços
socioassistenciais da Proteção Social Básica. Constitui espaço de concretização dos
direitos socioassistenciais nos territórios, materializando a política de assistência
social.
O CRAS é o lugar que possibilita, em geral, o primeiro acesso das famílias
aos direitos socioassistenciais e, portanto, à proteção social. Estrutura-se, assim,
como porta de entrada dos usuários da política de assistência social para a rede de
Proteção Básica e referência para encaminhamentos à Proteção Especial. Possui
uma equipe de trabalhadores da política de assistência social responsáveis pela
implementação do PAIF, de serviços e projetos de Proteção Básica e pela gestão
articulada no território de abrangência, sempre sob orientação do gestor municipal
A partir do reconhecimento da política social desenvolvida no CRAS, busca-
se proporcionar ao aluno inserido na instituição o conhecimento do trabalho
profissional que se realiza na mesma, possibilitando a articulação dos
conhecimentos teóricos adquiridos em sala através das vivências observadas no
cotidiano da prática profissional.
É por meio do CRAS que a proteção social da assistência social se
territorializa e se aproxima da população, reconhecendo a existência das
desigualdades sociais intra-urbanas e a importância presença de políticas sociais
para reduzir essas desigualdades, pois previnem situações de vulnerabilidade e
risco social, bem como identificam e estimulam as potencialidades locais,
modificando a qualidade de vida das famílias que vivem nessas localidades.
No CRAS são desenvolvidos serviços, benefícios, programas e projetos que
podem ser realizados e referenciados em seu território de abrangência:
Serviços: Socioeducativo geracionais, intergeracionais e com famílias; sócio-
comunitário; reabilitação na Comunidade; outros.
50
Benefícios: Transferência de Renda (Bolsa Família), Benefício de Prestação
Continuada (BPC); Benefícios Eventuais – assistência em espécie ou material;
outros.
Programas e Projetos: Capacitação e promoção da inserção produtiva;
Promoção da inclusão produtiva para beneficiários do Programa Bolsa Família e no
Benefício de Prestação Continuada; Projetos e Programas de enfrentamento à
pobreza; Projetos e Programas de enfrentamento à Fome; Grupos de Produção e
Economia Solidária; Geração de Trabalho e Renda, Grupos de Convivência,
Oficinas, etc.
São destinatários do CRAS as famílias em situação de
vulnerabilidade e risco social, residentes nos territórios de abrangência, em especial
as famílias beneficiárias de programas de transferência de renda ou famílias com
membros que recebem benefícios assistenciais, pois a situação de pobreza ou
extrema pobreza agrava a situação de vulnerabilidade social das famílias.
A capacidade de atendimento do CRAS varia de acordo com o porte
do município e com o número de famílias em situação de vulnerabilidade social,
conforme estabelecido na NOB-SUAS.
O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF
consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de
fortalecer a função projetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos,
promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua
qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das
famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, por meio de ações
de caráter preventivo, projetivo e proativo.
O trabalho social com famílias do PAIF apreende as origens,
significados atribuídos e as possibilidades de enfrentamento das situações de
vulnerabilidade vivenciadas por toda a família, contribuindo para sua proteção de
forma integral, materializando a matricial idade sócio-familiar no âmbito da política
de assistência social. O trabalho social do PAIF deve utilizar-se também de ações
nas áreas culturais para o cumprimento de seus objetivos, de modo a ampliar
universo informacional e proporcionar novas vivências às famílias usuárias do
serviço. O PAIF constitui estratégia privilegiada para oferta de serviços aos
beneficiários de transferência de renda.
O cotidiano do exercício profissional desenvolvida pela equipe do
51
CRAS segue uma linha de trabalho que se constitui da seguinte estrutura: acolhida;
estudo social; visita domiciliar; orientação e encaminhamentos; grupos de famílias;
acompanhamento familiar; atividades comunitárias; campanhas socioeducativas;
informação, comunicação e defesa de direitos; promoção ao acesso à
documentação pessoal; mobilização e fortalecimento de redes sociais de apoio;
desenvolvimento do convívio familiar e comunitário; mobilização para a cidadania;
conhecimento do território, cadastramento socioeconômico; elaboração de relatórios
e/ou prontuários.
É irrefutável que a pobreza e a desigualdade vem diminuindo
através dos programas de transferência de renda assistenciais em geral, e o bolsa
família em particular tem contribuído muito com esta evolução. No entanto o BF
expandiu sua cobertura e que o numero de domicílios elegíveis a descoberta
diminuiu, reduziu-se concomitantemente o potencial do programa e mantendo-se
com princípios básicos de levar a redução da pobreza e da desigualdade.
O impacto do programa sobre a pobreza (proporção de pobres), no
entanto, tem sido modesto. Oito por cento da redução da pobreza podem ser
atribuídos aos benefícios do Bolsa Família. Isto deve-se ao pequeno volume dos
benefícios, que não são suficientes para que a maioria das famílias pobres cruze a
linha de pobreza. Os impactos sobre o hiato de pobreza e a severidade da pobreza
têm sido mais fortes. O Bolsa Família não parece ter tido os impactos negativos que
muitos temiam. Uma literatura considerável já concluiu que seu impacto sobre a
participação no mercado de trabalho é muito pequeno e, na maioria dos estudos,
positivo (pelo menos para os homens em idade ativa). O programa também não tem
efeitos mensuráveis sobre a fertilidade, pelo menos para as mulheres que já têm
filhos. Não sabemos nada sobre os efeitos do programa sobre a gravidez na
adolescência, tema este que merece investigação.
Os impactos do bolsa família sobre a pobreza são analisados neste
trabalho baseou-se em dados fornecidos pela secretaria de assistência social da
cidade de Boa Vista do Tupim ( relatório sintético por estado cadastral da família)
medido pelo IBGE municipal. Neste relatório consta o percentual de famílias
cadastradas no município de Boa Vista do Tupim, mostra que de um total de 19 mil
habitantes na cidade cerca de 5150 família estão cadastradas no bolsa família e
3253 são contempladas com neste programa de assistência. Os resultados dos anos
anteriores mostra um aumento significativo na demanda deste programa no ano de
52
2011 existiam escritos neste programa 5000 pessoas e 3000 eram contempladas
com o bolsa família, já no de 2010 existiam 49059 pessoas.
A também no município um certa demanda com relação aos
benefícios de caráter assistencialistas provisórios que são regulamentados pela
LOAS, dentre os benefícios eventuais ministrados pela LOAS os mas procurados
pela população local são os benefícios de caráter alimentícios e moradia, nos anos
de 2011 e 2012 ouve um certo aumento entre um ano e outro, no Ana de 2011 a
demanda do auxilio alimentação 154 ao mês e a oferta era de 80 cestas ao mês, no
ano de 2012 este numero subiu para 250 demanda e 150 a oferta, caráter de no
moradia a demanda era 200 e a oferta 96 no ano de 2012. Ao analisa esses dados
percebemos um certo aumento sob a demanda e oferta de tais benefícios. Os
benefícios desse caráter são concedidos há pessoas, que não consigam garantir
sua existia de forma digna.
Considerando os resultados acima, conclui-se primeiramente que,
para uma análise precisa da relação causal entre o PBF e a oferta de trabalho, faze-
se necessário considerar a intensidade da causa, o choque orçamentário, ou seja, a
análise deve ser feita em termos de efeito-dose. A reação da oferta de trabalho ao
PBF não é constante para as diferentes proporções do valor recebido em razão da
renda domiciliar. Em seguida, mostrou-se que os impactos, apesar de significativos,
não apresentam grande magnitude. O efeito médio do PBF na oferta de horas de
trabalho varia entre zero e a redução de 3,5h de trabalho remunerado. Desta forma,
não se pode afirmar que o PBF é responsável por gerar dependência em relação a
rendimentos desvinculados ao trabalho, ao menos no que se refere aos domicílios
onde existem pessoas ocupadas e que possuem outras fontes de renda além do
benefício. Além disso, a análise dos resultados confirmou que a elasticidade da
oferta de horas de trabalho varia entre o sexo e a posição na ocupação. As mulheres
são mais sensíveis ao choque orçamentário, coerentemente com o esperado, tendo
em vista a divisão do trabalho intra-domiciliar. Em conformidade com a “Teoria de
Alocação do Tempo” (BECKER, 1965), existe substituição entre as horas de trabalho
remunerado e o tempo despendido em afazeres domésticos, pelo menos para as
mulheres pertencentes aos domicílios de maior renda per capita. Isto por que, as
mulheres, empregadas domésticas, habitantes de domicílios cuja faixa de renda per
capita situa-se abaixo de R$70,00, aparentam ser susceptíveis ao efeito-
substituição, apresentando aumento da oferta de trabalho. Dentre as posições de
53
ocupação, o trabalho formal é o menos elástico e o empreendimento próprio o de
maior elasticidade. Discutiu-se que a flexibilidade de horários do trabalho
desempenhado e a garantia de direitos a eles associados influenciam a
sensibilidade dos indivíduos às variações no orçamento. A principal contribuição
deste artigo é apresentar uma investigação mais detalhada da relação causal entre
programas de transferência de renda e a oferta de trabalho, na qual há espaço para
diferentes possibilidades de comportamento. Uma vez identificados os grupos
vulneráveis à redução das horas de trabalho, assim como qual destino essas horas
passam a ter, torna-se possível pensar em oportunidades de potencializar a
interferência nos domicílios, no intuito de melhor alcançar os objetivos do Programa
Bolsa Família.
54
2 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Com base em todo o material exposto e analisado podemos
perceber que entre os maiores fatores influentes na busca por programas de
incentivo e transferência de renda, esta a fome, a pobreza e o desemprego.
Grande parte dos problemas sociais enfrentados na sociedade, são
herança do período pos-escravidão no Brasil e reflexo de um preconceito racista que
atravessou séculos, a dentro ate os dias de hoje. Por sua vez o governo vem através
dos tempos tentando sanar e amenizar as mazelas causadas por esse tipo de
problema, em meio a esta tentativas, surgiu as leis da seguridade social atrelados a
elas os programas de proteção social básica do governo brasileiro. Esses
programas visam a transferência de renda de seus usuários, ou seja, almejam a
superação do estado de vulnerabilidade em que se encontram.
A fragmentação das políticas publicas, ocorrida no período da
ditadura e nos governas de Fernando Collor de Mellor e Frenando Henrique
Cardoso, contribuiu bastante para o aumento das desigualdades sociais no país, e,
a Cidade de Boa Vista do Tupim como parte integrante do esqueleto do país não
ficou de fora da onda de desigualdade social que se instaurou no país no decorrer
desses anos. Os programas de proteção básica visam a superação do estado de
vulnerabilidade social das classes mas pobres da sociedade, os programas de
assistência a família como bolsa família almeja a transferência de renda por meio de
varias condicional idades estipuladas pelo programa e obrigatórias a para seus
integrantes. A lógica estrutural do programa é que no momento em que haja
superação de renda, o cartão do beneficio seja devolvido ao programa para ser
repassada a outro individuo devidamente cadastrado e que esta fila de espera para
ser contemplado com o beneficio supracitado. Mas segundo dados retirados da
Secretaria de assistência social da cidade de Boa Vistam do Tupim-Ba, a procura
pelo beneficio continua crescendo, cada vez mais pessoas são cadastradas e
numero de pessoas que deixam de fazer parte do programa ainda mínimo se
comparado a demanda. Partir disso podemos afirmar que o programa do bolsa
família é não responsável pela geração de renda direta.
Desta forma, não se pode afirmar que o PBF é responsável por
gerar dependência em relação a rendimentos desvinculados ao trabalho, ao menos
55
no que se refere aos domicílios onde existem pessoas ocupadas e que possuem
outras fontes de renda além do benefício.
56
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APÊNDICES
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APÊNDICE A –
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ANEXOS
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