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Relatos

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PROJETO MEMÓRIA LOCAL NA ESCOLA

E.M.E.B. LORENZO ENRICO FELICE LORENZETTI

AUTORES: “ALUNOS DOS 2º ANOS A e B DO CICLO II”

MEMÓRIA LOCAL NA ESCOLA

E.M.E.B. LORENZO ENRICO FELICE LORENZETTI

REVISÃO E EDIÇÃO: PROFESSORAS JULIANA FERRI E PRISCILA TATIANE

SÃO BERNARDO DO CAMPO. SP/ 2012.

ÍNDICE

Texto coletivo a partir da entrevista com a Sra. Maria Gilda Vieira Souza, realizada com os alunos da 4ª série A.

Texto coletivo a partir da entrevista com a Sra. Andréia Maria Costa Mangelo, realizada com os alunos da 4ª série B.

PREFÁCIO

O trabalho com lembranças oferece um meio eficiente de vincular o ambiente em que as crianças vivem a um passado mais amplo e alcançar uma percepção viva do passado, o qual passa a ser não somente conhecido, mas sentido pessoalmente. Por isso, o trabalho com a memória da comunidade não pode se restringir à recuperação de um passado morto e enterrado dentro de uma abordagem pitoresca ou nostálgica, como se só o que já passou fosse bom e tivesse valor. Trata-se, antes, de resgatar memórias vivas das pessoas mais velhas que, passadas continuamente às gerações mais novas pelas palavras, pelos gestos, pelo sentimento de comunidade de destino, ligam os moradores de um lugar. Recuperar essa história, entre outras coisas, estimulou professores e alunos, a se tornarem companheiros de trabalho, permitindo mostrar o valor de pessoas que vêm da maioria desconhecida do povo, traz a história para dentro da comunidade ao mesmo tempo em que extrai história de dentro dela, propiciando o contato entre gerações e gerando um sentimento de pertencer ao lugar onde se vive, contribuindo para a formação de seres humanos mais completos e para a constituição da cidadania.

Professoras Juliana Ferri e Priscila Tatiane.

Maria Gilda Vieira Souza, 55 anos, nasceu no dia 01 de setembro de

1957 em Loanda, Paraná. Neta legitima de índios; seus pais nasceram na

Bahia, Salvador, atualmente estão morando no Rio de Janeiro.

Aos 2 anos ela sofreu um acidente, sua mãe estava lavando roupa e ela

foi mexer no fogo e se queimou, ficou na UTI, teve queimaduras de 1º grau.

Dona Gilda não teve oportunidade de estudar, pois tinha que trabalhar

na lavoura para ajudar seus pais.

Passou toda sua infância em Curitiba sempre ao lado de seus pais e

seus seis irmãos

“Em Curitiba fazia muito frio e até nevava”-conta Dona Gilda.

Na semana ela trabalhava nas plantações de café, arroz e feijão e no

domingo era o único dia que podia brincar. Suas brincadeiras favoritas eram:

peteca, brincadeira de roda e passa anel. Na sua juventude escutava muito

Roberto Carlos.

Aos 19 anos veio para São Paulo em busca de um emprego melhor,

mas como não estava acostumada com a cidade grande sentiu muito medo.

Seu primeiro emprego em São Bernardo do Campo foi como babá.

Quando chegou aqui no Jardim Jussara o bairro não tinha luz, água

encanada, as ruas não tinham asfaltos e tinha muito mato. Ela gostaria que

tivesse algumas melhorias no bairro como uma farmácia e um hospital.

Dona Gilda se casou aos 24 anos e teve 3 filhos, atualmente esta

separada.

Começou a estudar aos 50 anos na escola Maria Pires e depois na

EMEB Lorenzo Lorenzetti. Seu maior sonho é terminar os estudos e fazer

alguns cursos.

Atualmente sua diversão é ler e fazer crochê.

Andréia Maria Costa Mangelo, 37 anos, cozinheira por profissão e paixão, é moradora do bairro Jardim Jussara há 30 anos. Veio para São Paulo aos 7 anos de idade com seus pais e 5 irmãos.

Moraram por muito tempo em uma casa humilde, pois eram de poucas posses.

Andréia nos contou que sempre ajudou sua mãe, cuidando de seus irmãos enquanto ela trabalhava nos motéis da região.

Quando criança estudou no colégio Maria Pires, brincava com seus colegas de fubeca e de escalar montanhas. Tinha como ídolos na adolescência os “Menudos” e os cantores do grupo “Dominó”.

“ Nessa época, tinham apenas quatro casas aqui na Jurubeba, o restante era tudo mato... “ – relata nossa entrevistada.

Seu primeiro emprego, aos 15 anos, foi como ajudante no Restaurante Rancho da Pamonha, onde lavava as forminhas de fazer cuscuz.

Como já era de se imaginar, Andréia deu seu primeiro salário para sua mãe, pois já tinha a responsabilidade de ajudar em casa.

O tempo passou e como toda mulher, Andréia tinha o sonho de encontrar sua alma gêmea, a tampa para sua panela. Morou junto de seu companheiro, teve seus 3 filhos e depois de 13 anos de união, realizou seu sonho, casou-se oficialmente.

Com muito orgulho, conta que sua “cria”, hoje quase adultos, são pessoas que seguem seus passos; estudam e trabalham, buscando uma profissão e um futuro promissor.

Andréia durante muito tempo trabalhou em nossa escola e conta que um dos momentos que emocionou e marcou sua vida, foi quando a promoveram de auxiliar para cozinheira. Função esta, que desenvolveu com maestria.

Durante nossa entrevista, perguntamos para Andréia, quais melhorias ela anseia para seu bairro, o Jardim Jussara e dentre várias coisas, ela citou a dificuldade que os moradores enfrentam ao receber sua correspondência, pois a maioria deles é extraviada ou até mesmo jogada fora.

Além de ver seus filhos formados e encaminhados na vida, Andréia tem como sonho ainda a realizar, a abertura de um restaurante familiar, pois suas irmãs também têm como profissão, o ofício de cozinheira.

E assim, ficamos conhecendo e sabendo um pouco mais da vida dessa “amiga”, Andréia Maria Costa Mangelo, nascida na Bahia no ano de 1975, moradora do nosso bairro, o Jardim Jussara.

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