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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
NATHALE BICALHO CORRÊA DALVI
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE GENÓTIPOS DE GOIABA SOB ESTRESSE SALINO E CORRELAÇÕES ENTRE
CARACTERES DO DESENVOLVIMENTO PÓS-SEMINAL
ALEGRE, ES 2012
NATHALE BICALHO CORRÊA DALVI
QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE GENÓTIPOS DE GOIABA SOB ESTRESSE SALINO E CORRELAÇÕES ENTRE
CARACTERES DO DESENVOLVIMENTO PÓS-SEMINAL
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Espírito Santo, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.
Orientador: Prof. Dr. Adésio Ferreira Coorientador(es): Prof. Dra. Márcia Flores da S. Ferreira Prof. Dr. José Carlos Lopes
ALEGRE, ES JULHO – 2012
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Setorial de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil) Dalvi, Nathale Bicalho Corrêa, 1984- D152q Qualidade fisiológica de sementes de genótipos de goiaba sob estresse
salino e correlações entre caracteres do desenvolvimento pós-seminal / Nathale Bicalho Corrêa Dalvi. – 2012.
49 f. : il. Orientador: Adésio Ferreira. Coorientadores: Márcia Flores da Silva Ferreira; José Carlos Lopes. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Federal do
Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias. 1. Goiaba - Melhoramento genético. 2. Sementes – Qualidade. 3. Solos -
Salinidade. 4. Germinação. I. Ferreira, Adésio. II. Ferreira, Márcia Flores da Silva. III. Lopes, José Carlos. IV. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências Agrárias. V. Título.
CDU: 63
ii
“Todas as vitórias ocultam uma abdicação”.
(Simone de Beauvoir)
iii
Ao meu amado pai, Antônio Corrêa Lima (sempre presente),
principal motivador e entusiasta dos meus estudos.
Dedico
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida;
Ao professor Dr. Adésio Ferreira, pela orientação, ensinamentos e
compreensão.
À professora Dra. Márcia Flores da Silva Ferreira, pela coorientações e
ensinamentos;
Ao professor Dr. José Carlos Lopes, pela coorientação, ensinamentos,
compreensão e amizade;
À pesquisadora do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural –
INCAPER, Dra. Maristela Aparecida Dias, pela disponibilidade em participar da
banca e pelas valiosas sugestões;
Ao professor Dr. Edvaldo Fialho dos Reis, pelo auxílio durante todo o
mestrado;
A todos os professores que tive durante minha vida, a quem devo os
ensinamentos que me trouxeram até aqui;
Ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo –
IDAF, pela autorização para cursar o mestrado;
Aos colegas do escritório local do IDAF de Guaçuí, pela amizade,
compreensão e apoio;
Aos doutorandos, Liana Mengarda e Rafael Zanotti, aos colegas
mestrandos, Wagner Bastos e João Felipe Senra, e aos acadêmicos de
agronomia, José Henrique e Thiago, pelas dicas e auxílio nos experimentos;
Às amigas do mestrado, Sara Coser e Stéphanie Oliveira, pela
amizade, companheirismo e motivação;
Aos amigos, Alfie e Toddy, pela fidelidade e por me fazerem sorrir,
mesmo em momentos difíceis;
Aos meus sogros, Décio e Mariza, e minha cunhada Aline, pelas
orações;
Aos queridos amigos, “Té”, Yhasmim Paiva (Jasmim), Gustavo Sessa,
Miele Tallon e Camila Carrareto, pela amizade que tem resistido à distância e o
tempo;
À minha mãe, Zélia Bicalho Corrêa, por todos os cuidados durante
minha vida;
v
À minha irmã, Vanêssa Bicalho Corrêa, por sempre acreditar em mim e
me enxergar melhor do que realmente sou;
À minha filha, Alice, por tudo que tem me ensinado, pelo mundo
maravilhoso que tem me mostrado e por me fazer tão feliz;
Ao meu amado marido, Leandro Pin Dalvi, pela convivência,
companheirismo, auxílio, motivação e amor;
Ao meu saudoso pai, Antônio Corrêa Lima (sempre presente), exemplo
de dignidade e caráter, por ter sido o melhor pai do mundo.
vi
BIOGRAFIA
Nathale Bicalho Corrêa Dalvi, filha de Antônio Corrêa Lima e Zélia
Bicalho Corrêa, nasceu em 20 de agosto de 1984, no município de Alegre,
estado do Espírito Santo.
Em 2002, ingressou no curso de Agronomia da Universidade Federal
do Espírito Santo, graduando-se no ano de 2006.
Em 2007, assumiu o cargo de Analista em Desenvolvimento
Agropecuário no Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo,
onde atua até hoje.
Em agosto de 2010, ingressou no curso de Mestrado em Produção
Vegetal da Universidade Federal do Espírito Santo, defendendo dissertação em
31 de julho de 2012.
vii
CONTEÚDO
Lista de Tabelas........................................................................................... viii
Lista de Figuras........................................................................................... x
Resumo........................................................................................................ xi
Abstract........................................................................................................ xiii
1. Introdução Geral...................................................................................... 1
2. Revisão de Literatura............................................................................... 2
2.1. A goiabeira....................................................................................... 2
2.2. Germinação e vigor de sementes..................................................... 7
2.3. Salinidade......................................................................................... 8
2.4. Correlação fenotípica, ambiental e genotípica................................. 11
2.5. Referências...................................................................................... 12
3. Capítulo 1 - Desempenho fisiológico de sementes de genótipos de
goiaba sob estresse salino.......................................................................... 21
3.1. Resumo............................................................................................ 22
3.2. Abstract............................................................................................ 23
3.3. Introdução......................................................................................... 24
3.4. Material e métodos........................................................................... 26
3.5. Resultados e discussão.................................................................... 27
3.6. Conclusões....................................................................................... 32
3.7. Referências...................................................................................... 33
4. Capítulo 2 - Correlações genotípicas, fenotípicas e ambientais entre
características de germinação e desenvolvimento inicial de plântulas de
goiabeira...................................................................................................... 37
4.1. Resumo............................................................................................ 38
4.2. Abstract............................................................................................ 39
4.3. Introdução......................................................................................... 40
4.4. Material e métodos........................................................................... 41
4.5. Resultados e discussão.................................................................... 43
4.6. Conclusões....................................................................................... 48
4.7. Referências...................................................................................... 48
5. Conclusões gerais................................................................................... 52
viii
LISTA DE TABELAS
REVISÃO DE LITERATURA
Tabela 1- Produção anual de goiaba dos principais países produtores
no mundo.................................................................................. 4
Tabela 2- Produção de goiaba dos estados brasileiros no ano de
2010.......................................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Tabela 1- Resumo da análise de variância com os valores de F
calculado de germinação (G), índice de velocidade de
germinação (IVG), comprimento da parte aérea (CPA),
comprimento da raiz (CR), diâmetro do colo (DC), massa
fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte aérea
(MSPA), massa fresca da raiz (MFR) e massa seca da raiz
(MSR)........................................................................................ 28
Tabela 2- Porcentagem de germinação e IVG de sementes de sete
genótipos de Psidium guajava L. em meios com solução de
NaCl com diferentes potenciais osmóticos............................... 28
Tabela 3- Comprimento da parte aérea, da raiz e diâmetro do colo de
plântulas de sete genótipos de Psidium guajava L. em meios
com solução de NaCl com diferentes potenciais
osmóticos.................................................................................. 30
Tabela 4- Massa fresca e seca da parte aérea de plântulas de sete
genótipos de Psidium guajava L. em meios com solução de
NaCl com diferentes potenciais osmóticos............................... 31
Tabela 5- Massa fresca e seca da raiz de plântulas de sete genótipos
de Psidium guajava L. em meios com solução de NaCl com
diferentes potenciais osmóticos................................................ 32
CAPÍTULO 2
Tabela 1- Resumo da análise de variância dos caracteres germinação
ix
(G), índice de velocidade de germinação (IVG), grau de
umidade de sementes (U), altura da plântula (AP), diâmetro
do colo (DC), massa fresca da plântula (MFP), massa seca
da plântula (MSP), comprimento de semente (CS), largura da
semente (LS), espessura da semente (ES) e volume da
semente (VS) em sete genótipos de goiabeira (Psidium
guajava L.)................................................................................
44
Tabela 2- Resultados médios de germinação (G), índice de velocidade
de germinação (IVG), grau de umidade de sementes (U),
altura da plântula (AP), diâmetro do colo (DC), massa fresca
da plântula (MFP), massa seca da plântula (MSP),
comprimento de semente (CS), largura da semente (LS),
espessura da semente (ES) e volume da semente (VS) de
sete genótipos de goiabeira (Psidium guajava
L.).............................................................................................. 44
Tabela 3- Estimativa dos coeficientes de correlação (r) fenotípico (f),
genotípico (g) e ambiental (e) dos caracteres germinação
(G), índice de velocidade de germinação (IVG), grau de
umidade de sementes (U), altura da plântula (AP), diâmetro
do colo (DC), massa fresca da plântula (MFP), massa seca
da plântula (MSP), comprimento de semente (CS), largura da
semente (LS), espessura da semente (ES) e volume da
semente (VS) de sete genótipos de goiabeira (Psidium
guajava L.)................................................................................ 46
x
LISTA DE FIGURAS
REVISÃO DE LITERATURA
Figura 1- Produção anual de goiaba no mundo....................................... 4
Figura 2- Participação dos continentes na produção mundial de goiaba
em 2010.................................................................................... 5
Figura 3- Valor da produção nacional de goiaba (*1.000 R$) e
produção nacional de goiaba (Toneladas)................................ 6
Figura 4- Participação das regiões brasileiras na produção de goiaba
em 2010.................................................................................... 6
xi
RESUMO
DALVI, Nathale Bicalho Corrêa, M. Sc. Universidade Federal do Espírito Santo,
julho de 2012. Qualidade fisiológica de sementes de genótipos de goiaba
sob estresse salino e correlações entre caracteres do desenvolvimento
pós-seminal. Orientador: Adésio Ferreira. Coorientadores: Márcia Flores da
Silva Ferreira; José Carlos Lopes.
A goiabeira (Psidium guajava L.) possui frutos de grande valor nutricional e
está no rol das frutas tropicais que se destacam no comércio internacional. A
avaliação do comportamento da goiabeira em ambientes salinos é importante,
pois a salinidade dos solos pode ser um fator limitante a expansão da cultura. A
observação da germinação das sementes é um dos métodos mais utilizados
para a determinação da tolerância das plantas ao estresse salino. O estudo de
correlações fenotípicas, genotípicas e ambientais entre caracteres possibilita a
seleção indireta do caráter desejado e pode auxiliar nos programas de
melhoramento genético da goiabeira. O objetivo deste trabalho foi avaliar o
comportamento germinativo de genótipos de P. guajava em condições salinas
e estudar as relações entre características das sementes e plântulas por meio
de coeficientes de correlações. O trabalho foi conduzido no Laboratório de
Análise de Sementes do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Espírito Santo, localizado em Alegre-ES. Foram utilizadas sementes de
goiaba dos genótipos Cortibel I, Cortibel VI, Cortibel VII, Cortibel IX, Cortibel
XII, Paluma e Pedro Sato. Os níveis de salinidade foram constituídos por
soluções de cloreto de sódio (NaCl), nas concentrações de 0,0; -0,4; -0,8; -1,2
e -1,6 MPa. O experimento foi instalado segundo esquema fatorial de 7x5 (sete
genótipos e cinco potenciais osmóticos) em delineamento inteiramente
casualizado (DIC), com quatro repetições de 25 sementes por repetição. Em
cada genótipo foi realizada a caracterização física das sementes (largura,
altura, espessura e volume) e avaliado seu teor de água. Após 40 dias da
semeadura, foram avaliados a germinação, IVG, diâmetro do colo,
comprimento, massa fresca e seca da parte aérea e do sistema radicular. As
médias referentes à tolerância à salinidade foram comparadas pelo critério de
xii
agrupamento de Scott-Knott e teste de média de Dunnett, ambos a 5% de
probabilidade. As estimativas dos coeficientes de correlação fenotípica,
genotípica e ambiental foram obtidas pelas análises de covariâncias. Todas as
análises foram realizadas utilizando-se o aplicativo computacional GENES. A
germinação e o vigor de sementes de goiaba foram afetados negativamente
pela diminuição do potencial osmótico provocado pelo NaCl. Os genótipos
analisados apresentaram diferentes respostas ao estresse salino. Os genótipos
Cortibel I, VI e IX foram mais tolerantes à salinidade. Características físicas da
semente não são indicadas para seleção indireta quanto à germinação e IVG,
porém estão correlacionadas positivamente com a massa fresca e seca das
plântulas dos genótipos de goiabeira estudados.
Palavras-chave: Psidium guajava L., germinação, potencial osmótico,
melhoramento genético.
xiii
ABSTRACT
Dalvi, Nathale Bicalho Correa, M. Sc. Universidade Federal do Espírito Santo,
July 2012. Seed physiological quality of guava genotypes under salt stress
and correlations between characters of post-seminal development.
Advisor: Ferreira Adésio. Co-advisors: Márcia Flores da Silva Ferreira; José
Carlos Lopes.
The guava tree (Psidium guajava L.) bears fruits of high nutritional values and is
in the list of tropical fruits which stand out in the international market. The
evaluation of the guava tree in saline environments is important, since soil
salinity may be a limiting factor to the culture expansion. The observation of
seed germination is one of the most used methods for determining plant
tolerance to saline stress. The study of phenotypic, genotypic, and
environmental correlations among characters enables the indirect character
selection of the desired characteristic and can also assist in the guava tree
genetic improvement programs. This study aimed to evaluate germinant
behavior of P. guajava genotypes in saline conditions and study the relation
between seed and seedling characteristics by means of correlation coefficients.
The research was carried out in the Seed Analysis Lab at the Agricultural
Sciences Center in the Federal University of Espírito Santo, located in the town
of Alegre-ES. Guava seeds of the genotypes Cortibel I, Cortibel VI, Cortibel VII,
Cortibel IX, Cortibel XII, Paluma, and Pedro Sato were used. The salinity levels
were constituted of sodium chloride (NaCl), in the concentrations of 0.0; -0.4; -
0.8; -1.2 and 1.6 MPa. The experiment was conducted according to the factorial
design of 7x5 (seven genotypes and five osmotic potential) in a completely
randomized design (CRD) with four replications of 25 seeds per replication. The
physical characterization of the seeds (width, height, thickness, and volume) as
well as the water content were evaluated for each genotype. After 40 days from
the sowing, the germination, GSI, diameter, length, fresh and dry weight of
shoot and root were evaluated. The averages related to salinity tolerance were
compared by the Scott-Knott grouping criterion and the Dunnett’s average test,
both at 5% probability. The estimates of the phenotypic, genotypic, and
xiv
environmental correlation coefficients were obtained by covariance analysis. All
analysis were performed using the GENES software program. Germination and
vigor of guava seeds were negatively affected by the decrease in osmotic
potential caused by NaCl. The genotypes analyzed showed different responses
to salt stress. The Cortibel I, VI, and IX were more tolerant to salinity. Physical
seed characteristics are not recommended for indirect selection when it comes
to germination and GSI, but are positively correlated to the fresh and dry weight
of seedlings for the guava genotypes studied.
Keywords: Psidium guajava L., germination, osmotic potential, genetic
breeding.
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
A goiabeira (Psidium guajava L.) é originária das regiões tropicais do
continente americano (MORTON, 1987) e atualmente cultivada em várias regiões
tropicais e subtropicais do mundo. Apresenta porte de pequeno a médio, com caule
de diâmetro variado, curto e tortuoso, com casca lisa, delgada e de coloração
castanho-arroxeada. Suas folhas são oblongas ou elípticas, opostas, ligeiramente
grossas e coriáceas, com glândulas oleíferas e pecíolos curtos. Os frutos são do tipo
baga globosa, indeiscentes, com polpa branca ou avermelhada, que além de
apresentarem excepcional qualidade nutricional, possuem atributos sensoriais, que
permitem seu consumo in natura ou processados (COSTA; PACOVA, 2003;
AMAYA-FARFÁN; AMAYA, 2009). Além disso, várias propriedades medicinais são
relacionadas à goiabeira, destacando-se efeitos antimicrobianos, analgésicos, anti-
hiperglicêmico e anti-inflamatório (SANDA et al., 2011).
Em 2010, a Índia ocupou a primeira posição mundial na produção de goiaba,
seguida pelo Paquistão, Egito e Brasil (FAO, 2011). A região Sudeste do Brasil é a
principal produtora de goiaba, seguida da região Nordeste, Norte, Centro-Oeste e
Sul (IBGE, 2010).
A região Nordeste do Brasil, além de ser a segunda maior produtora
nacional de goiaba, é a mais afetada pela salinidade dos solos (MEURER, 2007;
IBGE, 2010). Os solos salinos, porém, não se restringem aos dessa região, de clima
semiárido, sendo constatado o acúmulo de sais pelo manejo inadequado de solos
em outras regiões do país (FREIRE; FREIRE, 2007). Tal situação pode ser um fator
limitante para a expansão da cultura da goiabeira, tanto na região Nordeste, como
em todo o Brasil.
A germinação tem maior sucesso em ambientes livres de sal ou com baixa
concentração salina (LARCHER, 2004). Geralmente, a germinação é o estádio mais
sensível do ciclo de vida da planta ao estresse salino, devido à necessidade de
absorção de água e fragilidade das plântulas recém-emergidas, indicando que o
principal efeito salino é osmótico. Entretanto, considerando que alguns sais são mais
inibidores do que outros, os efeitos tóxicos específicos também devem estar
envolvidos (FREIRE; FREIRE, 2007).
A correlação é um parâmetro estatístico que mede o grau de associação
linear entre duas variáveis. As relações existentes entre os caracteres são, em geral,
2
avaliadas por meio das correlações fenotípicas, genotípicas e ambientais. Em um
programa de melhoramento, é importante que se conheçam as correlações entre os
caracteres, pois elas podem orientar os procedimentos de seleção, possibilitando a
seleção indireta do caráter desejado, principalmente quando os caracteres
envolvidos possuem herança complexa e estão correlacionados a outros facilmente
identificáveis (CARVALHO, 2011; FALCONER, 1987).
Neste trabalho, objetivou-se avaliar o comportamento germinativo de
genótipos de P.guajava em condições salinas e as associações entre caracteres de
sementes e plântulas por meio de coeficientes de correlação genotípicos, fenotípicos
e ambientais.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. A Goiabeira
A goiabeira (Psidium guajava L.) foi classificada por Lineu em 1953, é
originária da América tropical, está presente desde o México até o Brasil sendo
também introduzida em outras regiões tropicais e subtropicais do mundo, onde é
cultivada atualmente (MORTON, 1987; ELLSHOFF et al.,1995; COSTA; PACOVA,
2003; RODRIGUEZ et al., 2010).
A espécie pertencente à classe Dicotyledoneae, ordem Myrtiflorae,
subordem Myrtineae, família Myrtaceae, e gênero Psidium; é uma espécie perene e
tem as folhas renovadas no início da primavera e estas são oblongas ou elípticas,
opostas, ligeiramente grossas e coriáceas, com glândulas oleíferas e pecíolos
curtos. As plantas apresentam porte pequeno a médio e flores hermafroditas, que
aparecem nas axilas das folhas. A inflorescência é do tipo racemo e pode gerar
vários frutos. O tronco possui diâmetro variado, curto e tortuoso. A copa possui
forma arredondada de base larga e muito intensa. Os frutos são do tipo baga
globosa, simples, carnosos, indeiscentes e variáveis em forma, peso, sabor, valor
nutritivo, espessura, coloração de polpa e rugosidade de casca. As sementes são
pequenas, com tegumento duro e aparecem em número bastante variável por fruto
(COSTA; PACOVA, 2003; CENTEC, 2004).
3
As flores hermafroditas permitem tanto a autopolinização quanto a
polinização cruzada na goiabeira (COSTA; PACOVA, 2003). Segundo Alves e
Freitas (2007), apesar de frutos autopolinizados se desenvolverem, a goiabeira
beneficia-se mais da polinização cruzada, que pode incrementar sua produção em
até 39,5%, quando comparada à autopolinização.
O sistema de propagação mais simples da goiabeira é por sementes, que
resulta em variabilidade (MARTINS; HOJO, 2009), o que é fundamental para os
programas de melhoramento da espécie. Dias et al. (2003) afirmam que as
sementes geralmente são usadas como material propagativo quando o objetivo é a
obtenção de porta-enxertos e a exploração da planta no melhoramento genético
visando a seleção de genótipos superiores.
A goiaba destaca-se por ser um produto agrícola de excepcional qualidade
nutricional, acrescentando a essa vantagem os atributos sensoriais que a fruta
possui, podendo ser consumida in natura ou processada, o que facilita a sua
utilização na alimentação (AMAYA-FARFÁN; AMAYA, 2009).
Os frutos vermelhos contêm a cada 100 g, em média: 85% de umidade; 54
kcal de energia; 1,1 g de proteína; 0,4 g de lipídios; 13 g de carboidratos; 6,2 g de
fibra alimentar; 4 mg de cálcio; e 7 mg de magnésio. Os valores correspondentes na
goiaba branca, em cada 100 g da fruta, são: 85,7% de umidade; 52 kcal de energia;
0,9 g de proteína; 0,5 g de lipídios; 12,4 g de carboidratos; 6,3 g de fibra alimentar; 5
mg de cálcio; e 7 mg de magnésio (NEPA, 2011).
Atualmente, diversos estudos apontam finalidades farmacológicas de P.
guajava, como propriedades antimicrobiana, analgésica, anti-hiperglicêmica, anti-
inflamatória (SANDA et al., 2011), antioxidante (QIAN; NIIHORIMBERE, 2004;
MARQUINA et al., 2008), antipirético (OLAJIDE; AWE; MAKINDE,1999),
antidiarreicas (SALGADO et al., 2006) e antibióticas (PELEGRINI et al., 2008).
Outros estudos têm mostrado o potencial repelente de P. guajava contra insetos
pragas, como a lagarta-do-cartucho do milho (LIMA et al., 2009).
No Brasil, as principais variedades cultivadas para o consumo in natura são
Paluma, Pedro Sato, Rica e Sassaoka. As variedades Ogawa Branca, Kumagai,
White Selection of Florida, Banaras e Iwao possuem potencial de exportação. A
industrialização de frutos na forma de purês, compotas, doces, polpas, sucos, entre
outros, possui maior potencialidade de exportação do que frutos in natura. No estado
do Espírito Santo, a seleção de genótipos superiores de goiabeira, originou as
populações regionais den
NERES, 2003).
A produção mun
década. De acordo com d
de 28% na produção anu
toneladas em 2010 (Figura
*Produção estimada CAGRFigura 1 - Produção anual
A Índia é o maior
Brasil e México (Tabela 1
mundial da fruta (Figura 2)
Tabela 1 - Produção anua
País 2005
Índia 1685,6Paquistão 620 Egito 248,1 Brasil 345,5 México 308.4 *Produção estimada CAGRFontes: FAO, 2011; IBGE,
is denominadas “Cortibel” (COSTA; PACOV
mundial de goiaba aumentou significativa
com dados da FAO (2011), de 1999 a 2010 h
o anual de goiaba, chegando a um total de
Figura 1).
CAGR (Compounded Annual Growth rate) anual de goiaba no mundo. Fonte: FAO, 2011
aior produtor mundial de goiaba seguida pelo
bela 1). Os países asiáticos respondem por
ura 2).
anual de goiaba dos principais países produtoAno
2006 2007 2008 Produção (*1000 toneladas)
85,6 1736,6 1830,5 1975 643,7 700 700
254,6 330,8 312,7 328,2 316,3 312,3 311.2 267.9 285.4
CAGR (Compounded Annual Growth rate) IBGE, 2010, 2009, 2008, 2007, 2006, 2005.
4
ACOVA, 2003; VIEIRA;
icativamente na última
010 houve um aumento
tal de 5,23 milhões de
2011.
a pelo Paquistão, Egito,
por 70% da produção
rodutores no mundo
2009 2010 das)
1975 2032,8* 700 741,3*
356,6 382,3* 297,4 316,3 285.4 291.3*
No Brasil, a prod
impulso no início da déca
origem japonesa, radicad
implantação do cultivo em
Figura 2 - Participação d(Produção estim
Em 2010, o Brasi
relação ao ano anterior, c
316 mil toneladas (Figura
hectares.
A região nordeste
de 130 mil toneladas de g
de Pernambuco possui a
mil toneladas, destacando
produção nacional. O es
hectares, e produção de
(Tabela 2) (IBGE, 2010).
No Espírito Santo,
na década de 90 nos mun
2003). No ano de 2010, o
uma produção de 9.71
Desenvolvimento da Agric
produção de goiaba para consumo in n
década de 70, principalmente com os fruticul
dicados nos estados de São Paulo e Rio d
vo em pequenas áreas (WATANABE, 2009).
ção dos continentes na produção mundial de estimada - CAGR). Fonte: FAO, 2011.
Brasil teve um acréscimo de 6,4% na produ
rior, contribuindo com 225,1 milhões de reais
Figura 3), em uma área plantada de aproxim
deste é a maior produtora nacional (Figura 4)
s de goiaba em uma área superior a sete mil h
sui a maior área plantada (3.641 hectares) co
cando-se o município de Petrolina, responsá
O estado de São Paulo, com uma área p
o de 98.272 toneladas, é o maior produtor n
10).
Santo, a cultura da goiabeira para fins comerc
s municípios de Santa Teresa e São Roque
10, o estado possuía uma área plantada de
9.711 toneladas (IBGE, 2010). O Plano
Agricultura Capixaba (Pedeag) tem como fo
5
natura teve grande
ruticultores familiares de
Rio de Janeiro, com a
09).
ial de goiaba em 2010
produção de goiaba em
reais pela produção de
proximadamente 16 mil
ura 4), produzindo mais
e mil hectares. O estado
es) com produção de 90
ponsável por 22,6% da
rea plantada de 3.610
utor nacional de goiaba
merciais teve seu início
oque do Canaã (SILVA,
a de 414 hectares, com
Plano Estratégico de
mo foco a pretensão de
ampliar essa área plantad
145.500 toneladas/ano até
Figura 3 - Valor da produçgoiaba (Tonelad
Figura 4 - Participação dFonte: IBGE, 20
lantada para 3.850 hectares, visando atingir
no até o ano de 2025 (SEAG, 2008).
rodução nacional de goiaba (*1.000 R$) e prooneladas). Fonte: IBGE, 2010, 2009, 2008, 200
ção das regiões brasileiras na produção deE, 2010.
6
ngir uma produção de
e produção nacional de 8, 2007, 2006, 2005.
o de goiaba em 2010.
7
Tabela 2 - Produção de goiaba dos estados brasileiros no ano de 2010 Estado Produção (toneladas) São Paulo 98.272 Pernambuco 90.496 Pará 20.182 Bahia 14.217 Rio de Janeiro 13.059 Minas Gerais 12.574 Goiás 10.277 Espírito Santo 9.711 Ceará 9.031 Distrito Federal 8.212 Rio Grande do Sul 6.666 Paraná 5.514 Sergipe 4.446 Paraíba 4.196 Piauí 4.045 Rio Grande do Norte 3.140 Alagoas 903 Mato Grosso do Sul 745 Rondônia 350 Amazonas 160 Mato Grosso 155 Santa Catarina 12 Total 316.363 Fonte: IBGE, 2010
2.2. Germinação e vigor de sementes
As sementes representam tanto a continuidade como a diversidade das
espécies. A recombinação sexual resulta em variações incorporadas às sementes
individuais e, através dos respectivos fenótipos, podem ser observadas
segregações, possibilitando a visualização da ampla variabilidade genética. Assim,
mesmo quando as sementes são geneticamente muito semelhantes, a variação
fisiológica entre elas, geralmente é influenciada pelo ambiente enquanto ainda
presas à planta-mãe, resultando em comportamento variável entre indivíduos,
expresso por diferenças no potencial fisiológico, profundidade de dormência e outros
processos vitais (MARCOS FILHO, 2005).
A germinação pode ser conceituada como o fenômeno pelo qual, sob
condições apropriadas, o eixo embrionário dá prosseguimento ao seu
8
desenvolvimento, que tinha sido interrompido, nas sementes ortodoxas, por ocasião
da maturidade fisiológica (CARVALHO; NAKAGAWA, 2000).
A capacidade de germinação de um lote de sementes é determinada pela
proporção das que podem produzir plântula normal, em condições favoráveis. Não
sendo encontradas tais condições, observa-se normalmente uma redução na
porcentagem de germinação, isso desconsiderando a dormência. (CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000).
Durante a germinação, uma série de reações de degradação e síntese,
assim como crescimento e diferenciação de tecidos são observados (NEDEL, 2003).
Para que ocorra a germinação, a semente deve estar viável, tanto suas
condições internas (livre de dormência) quanto às condições ambientais (água,
temperatura, oxigênio e luz) devem ser favoráveis e, ainda, a semente deve
apresentar condições satisfatórias de sanidade (POPINIGIS, 1985).
Diversas características fisiológicas da semente podem influenciar
decisivamente não só no estabelecimento de uma população inicial no campo, como
também em todo o ciclo da planta sobre a produtividade. A conjugação de todos
aqueles atributos da semente que permitem a obtenção de um adequado estande
sob condições favoráveis e desfavoráveis é chamado de vigor (POPINIGS, 1985;
PESKE; BARROS, 2003).
A qualidade fisiológica das sementes pode ser afetada por diversos fatores,
dentre os quais se destacam: as adversidades durante o desenvolvimento, após a
maturação fisiológica e antes da colheita da semente; grau de maturidade; tamanho
e densidade da semente; injúrias mecânicas na colheita e beneficiamento; injúrias
térmicas durante a secagem; teor de umidade durante o armazenamento; condições
ambientais do armazém; tipo de embalagem; e ataque por insetos e, ou, fungos.
Além desses fatores, a constituição genética da semente também pode influenciar
sua qualidade fisiológica. Em uma mesma espécie, variedades diferentes podem
apresentar maior ou menor vigor e longevidade (POPINIGS, 1985).
2.3. Salinidade
Em diversas partes do mundo é verificada a ocorrência de solos salinos,
sendo a área total ocupada por solos com acúmulo de sais é o equivalente a 6% dos
continentes (LARCHER, 2004). Estima-se que um terço da área irrigada no mundo
9
seja afetado por sais (TAIZ; ZEIGER, 2004). No Brasil, a região nordeste é a mais
afetada pela salinidade dos solos, possuindo uma área de 10 milhões de hectares
de solos salinos (MEURER, 2007). Em outras regiões do país também foi
constatado o acúmulo de sais pelo manejo inadequado dos solos (FREIRE; FREIRE,
2007).
A salinização consiste na contaminação do solo por excesso de sais e pode
ocorrer por processos naturais ou por ação antrópica. De formas naturais: em
regiões com deficiência hídrica, onde ocorre salinização pela água do mar; ascensão
do lençol freático; natureza e composição do material de origem; dentre outros
fatores. Através da ação antrópica, devido à má qualidade (sais em demasia) da
água de irrigação, em associação aos turnos de rega frequentes e à quantidade da
água aplicada não condizente (excessiva) com a drenagem do solo. Tais processos
podem provocar o acúmulo de sais que são prejudiciais ao crescimento vegetal
(RESENDE et al., 2002; MEURER, 2007).
A alta concentração de sais é um fator de estresse para as plantas, pois
apresenta atividade osmótica retendo água, além da ação de íons sobre o
protoplasma. Quanto mais alta a concentração salina na água maior será a
condutividade elétrica e mais baixo o seu potencial osmótico (mais alta a pressão
osmótica), ficando a água retida, de forma que o aumento da concentração dos sais
torna a água cada vez menos disponível à planta. Se os efeitos adversos osmótico e
íon-específico da absorção de sais excedem o nível de tolerância da planta, ocorrem
distúrbios funcionais e injúrias (LARCHER, 2004; TAIZ; ZEIGER, 2004).
O aumento da pressão osmótica da solução do solo em função da
salinidade, leva ao acúmulo de sais no interior das células vegetais, podendo causar
plasmólise, com consequências negativas na absorção dos nutrientes e diminuição
do sistema radicular (MEURER, 2007). De acordo com Freire & Freire (2007), os
solos de regiões áridas e semiáridas podem apresentar excesso de sais prejudicial
ao crescimento das plantas, não só pelos efeitos diretos sobre o potencial osmótico
da solução do solo e pelos íons potencialmente tóxicos presentes em elevadas
concentrações, mas também pela degradação de algumas propriedades físicas dos
mesmos, reduzindo a infiltração de água, trocas gasosas e crescimento de raízes,
dificultando o crescimento de plantas.
No campo, a salinidade da água do solo ou da água de irrigação é medida
quanto à sua condutividade elétrica ou quanto ao seu potencial osmótico. Em solos
10
salinos, os íons mais comuns são os cátions Na+, Ca2+, Mg2+ e K+ e os anions Cl-,
SO42-, HCO3
-, CO22- e NO3
- formando sais solúveis de cloretos, sulfatos, carbonatos
e bicarbonatos (MEURER, 2007). Os efeitos de toxicidade iônica específicos
ocorrem quando concentrações prejudiciais de íons – particularmente Na+, Cl- e
SO42- – se acumulam nas células. Uma razão anormalmente alta de Na+ para K+ e
concentrações altas de sais totais inativam as enzimas e inibem a síntese proteica,
além de que concentrações altas de Na+ e, ou Cl- nos cloroplastos inibem a
fotossíntese (TAIZ; ZEIGER, 2004).
A germinação tem maior sucesso em ambientes livres de sal ou com baixa
concentração salina. Os processos de crescimento são particularmente sensíveis ao
efeito dos sais, de forma que a taxa de crescimento e a produção de biomassa são
bons critérios para a avaliação do grau de estresse e da capacidade da planta de
superar o estresse salino (LARCHER, 2004).
Estudos têm sido realizados para avaliar o comportamento germinativo e
desenvolvimento inicial de diversas espécies em ambientes salinos. Sementes de
leucena (ALMEIDA; PEDROSA; SILVA, 1997), acerola (GURGEL et al., 2003),
eucalipto (SILVA et al., 2004), melancia (TORRES, 2007), couve chinesa (LOPES;
MACEDO, 2008), juazeiro (LIMA; TORRES, 2009), sorgo (OLIVEIRA; GOMES-
FILHO, 2009), paineira-branca (GUEDES et al., 2011), cajueiro comum (SOUSA;
BEZERRA; FARIAS, 2011) e soja (CARVALHO et al., 2012) apresentaram
germinação reduzida em função do aumento da salinidade. Sementes de pinhão-
manso sofrem atraso no processo germinativo quando submetidas à condição de
estresse salino na fase de embebição (ANDRÉO-SOUZA et al., 2010). A goiabeira
mostrou-se moderadamente tolerante ao estresse salino (FERREIRA; TÁVORA;
HERNANDEZ, 2001), sendo a fase de formação da muda a mais afetada pela
salinidade (CAVALCANTE et al., 2005).
O estresse salino extremo em plantas acarreta nanismo e inibição do
crescimento da raiz, o desenvolvimento da gema é afetado, os ramos ficam
atrofiados, há uma diminuição da área foliar, surgem necroses nas raízes, nas
gemas e nas margens das folhas, que se tornam amareladas, secando antes do
término de seu crescimento. Por fim, grandes porções da parte aérea dessecam
totalmente, em um processo prematuro de senescência (GARCIA et al., 2009).
Existem diferenças entre espécies e cultivares quanto à tolerância aos sais.
Considerada uma espécie com tolerância moderada a ambientes salinos, sementes
11
de melão das cultivares Honey Dew, Amarelo Agroceres e Eldorado 300
apresentaram respostas distintas de porcentagem de germinação e índice de
velocidade de germinação quando submetidas ao estresse salino, sendo as duas
últimas mais tolerantes do que a primeira para esses caracteres (OLIVEIRA et al,
1998). Oliveira e Gomes-Filho (2009) também verificaram que diferentes genótipos
de sorgo apresentam comportamentos distintos de germinação e vigor em meio
salino. Diferentes genótipos de algodoeiro também exibem desempenhos desiguais
de germinação e vigor sob estresse salino (LIMA, 2007).
2.4. Correlação Fenotípica, Ambiental e Genotípica
A análise de correlação mede a intensidade e a direção da relação linear ou
não-linear entre duas variáveis, fornecendo um número que indica como duas
variáveis comportam-se conjuntamente. A correlação estabelece a existência ou não
de uma relação entre estas variáveis sem que seja preciso o ajuste de uma função
matemática. Não existe a distinção entre a variável explicativa e a variável resposta,
ou seja, o grau de variação conjunta entre X e Y é igual ao grau de variação entre Y
e X (LIRA, 2004).
A correlação é um dos parâmetros indispensáveis para o melhoramento
genético de qualquer espécie, pois o conhecimento da correlação entre caracteres
fornece subsídios para a seleção ou descarte de materiais genéticos (SIMMONDS,
1979). Se um caractere é de difícil seleção, em razão da baixa herdabilidade e, ou,
tenha problemas de medição ou identificação, a seleção de outro caractere mais
facilmente avaliado e com alta herdabilidade proporciona maior progresso genético,
com economia de tempo, mão de obra e recursos. A análise da correlação também
permite reduzir o número de características a serem utilizadas em análises futuras,
eliminando a avaliação de características redundantes e correlacionadas com outras
de mais fácil mensuração ou que demandam maior custo e, ou, tempo de avaliação
(RESENDE, 2002; CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2004).
As relações existentes entre os caracteres são, em geral, avaliadas por meio
das correlações fenotípicas, genotípicas e ambientais. A correlação fenotípica pode
ser mensurada diretamente a partir de medidas de dois caracteres, em certo número
de indivíduos de uma população. Essa correlação tem causas genéticas e
12
ambientais, em que só as genéticas envolvem uma associação de natureza herdável
(CRUZ; REGAZZI; CARNEIRO, 2004).
A correlação genética procura explicar por meio de mecanismos genéticos a
variação conjunta de duas variáveis. A pleiotropia (quando um gene afeta várias
características) e a ligação gênica (quando genes estão situados no mesmo
cromossomo e que apresentam segregação dependente por se situar a menos de
50 cM) são os fenômenos genéticos que explicam a ocorrência de tais correlações.
A pleiotropia é a principal causa de associação genética entre caracteres, tendo
efeito contínuo, ao contrário da ligação gênica, que é de caráter passageiro,
desfazendo-se quando ocorre recombinação (NUNES et al., 2008; RAMALHO;
SANTOS; PINTO, 2000).
A correlação ambiental existe quando dois caracteres são influenciados
pelas mesmas diferenças de condições ambientais, sendo que valores positivos
indicam que os caracteres associados são beneficiados ou prejudicados pelas
mesmas causas ambientais enquanto valores negativos indicam o ambiente
favorece um caráter em detrimento ao outro (RAMALHO; SANTOS; ZIMMERMANN,
1993).
O teste de significância das correlações permite o discernimento mais
preciso das estimativas de correlações, principalmente, das de pequenas
magnitudes. O método bootstrap apresenta alta confiabilidade e é utilizável como
procedimento adequado e útil que pode ser adotado para testar significância de
correlações genotípicas e ambientais para fins de melhoramento genético de
múltiplas características (FERREIRA et al., 2008).
2.5. REFERÊNCIAS
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W. et al. Cultura da goiaba: do plantio à comercialização. Jaboticabal: UNESP-
FCAV, 2009. p. 133-150.
3. CAPÍTULO 1
DESEMPENHO FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE GENÓTIPOS DE GOIABA
SOB ESTRESSE SALINO
22
3.1. RESUMO
A goiabeira (Psidium guajava L.) possui frutos com grande valor alimentar,
contribuindo de forma eficaz para a nutrição humana. No Brasil, os solos salinos não
se restringem aos da região nordeste, de clima semiárido, sendo constatado o
acúmulo de sais pelo manejo inadequado de solos em outras regiões do país, e tal
situação pode ser um fator limitante para a expansão da cultura da goiabeira.
Considerando que a observação da germinação das sementes é um dos métodos
mais utilizados para a determinação da tolerância das plantas ao estresse salino,
este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento germinativo e vigor de
genótipos de goiabeira sob estresse salino. O trabalho foi conduzido no Laboratório
de Análise de Sementes do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do
Espírito Santo, localizado no município de Alegre-ES. Foram utilizadas sementes de
goiaba dos genótipos Cortibel I, Cortibel VI, Cortibel VII, Cortibel IX, Cortibel XII,
Paluma e Pedro Sato. Os tratamentos foram constituídos por soluções de cloreto de
sódio (NaCl), nas concentrações de 0,0; -0,4; -0,8; -1,2 e -1,6 MPa. Após 40 dias da
semeadura, foram avaliados o potencial germinativo, IVG, diâmetro do colo,
comprimento, massa fresca e seca da parte aérea e da raiz. O experimento foi
instalado em esquema fatorial de 7x5 (sete genótipos e cinco potenciais osmóticos)
em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições de 25
sementes por repetição. As médias foram comparadas pelo critério de agrupamento
de média Scott-Knott e pelo teste de média de Dunnett, ambos em nível de 5% de
probabilidade, em que se utilizou o aplicativo computacional denominado programa
GENES. A germinação e vigor de sementes de goiabeiras são afetados
negativamente pela diminuição do potencial osmótico provocado pelo NaCl, sendo
que os genótipos analisados apresentam diferentes respostas ao estresse salino. A
Cortibel IX é superior as demais até o potencial osmótico -1,2 MPa, não germinando
apenas em potencial osmótico -1,6 MPa. As Cortibel I e VI apresentam certa
resistência ao estresse salino, pois quando comparadas aos outros genótipos,
alcançam os melhores resultados de germinação e vigor em meio com menor
potencial osmótico (–1,6 MPa).
Palavras-chave: Psidium guajava L., vigor, estresse salino, potencial osmótico,
NaCl.
23
3.2. ABSTRACT
The guava tree (Psidium guajava L.) bears fruits of high nutritional value,
contributing, in an effective way, to human nutrition. In Brazil, saline soils are not
restricted to the semi-arid northern region, but have also been found in other regions
due to inadequate soil management practices and such scenario could be a limiting
factor for the expansion of the guava tree culture. The observation of germination is
one of the most common practices for determining plant tolerance to saline stress,
and therefore, this study aimed to evaluate the germinative behavior and genotype
vigor of the guava tree under saline stress. The study was conducted in the Seed
Analysis Lab at the Agricultural Sciences Center in the Federal University of Espírito
Santo, located in the town of Alegre-ES. The guava seeds used were of the following
genotypes: Cortibel I, Cortibel VI, Cortibel VII, Cortibel IX, Cortibel XII, Paluma, and
Pedro Santo. The treatments consisted of sodium chloride (NaCl) solutions in
concentrations of 0.0, -0.4, -0.8, -1.2, and -1.6, MPa. At 40 days after the sowing,
germination potential, GSI, diameter, length, fresh and dry weight of shoot and root
were evaluated. The experiment was conducted according to the factorial design of
7x5 (seven genotypes and five osmotic potential) in a completely randomized design
(CRD) with four replications of 25 seeds per replication. The averages were
compared by the Scott-Knott grouping criterion and the Dunnett’s average test, both
at 5% probability, in which the GENES software program was used. The germination
and vigor of the guava tree seeds are negatively affected by the decrease of the
osmotic potential caused by NaCl. The evaluated genotypes presented different
responses to the saline stress. Cortibel IX, up to the osmotic potential of -1.2 MPa, is
superior to the others, germinating not only under the osmotic potential of -1.6 MPa.
Cortibel I and VI presented some resistance to saline stress, for when compared to
the other genotypes, they showed the best germination and vigor results in a medium
of lower osmotic potential (-1.6 MPa).
Keywords: Psidium guajava L., vigor, saline stress, osmotic potential, NaCl.
24
3.3. INTRODUÇÃO
A goiabeira (Psidium guajava L.), pertencente à família Myrtaceae, é
originária das regiões tropicais da América. As árvores dessa espécie são de
pequeno a médio porte (3 a 6 metros), com caule de casca lisa, delgada, de
coloração castanho-arroxeada e frutos apresentando polpa branca ou avermelhada
(COSTA; PACOVA, 2003).
A espécie apresenta importância econômica e social. Seus frutos possuem
grande valor alimentar, sendo seu consumo um hábito difundido em todas as
camadas sociais brasileiras, contribuindo de forma eficaz para a nutrição humana
(PIEDADE NETO; MALAGUTTI; DONDELLI, 2003). Adicionalmente ao seu valor
nutricional (NEPA, 2011), estudos apontam que diferentes partes da planta
apresentam propriedades farmacológicas (QIAN; NIIHORIMBERE, 2004; SALGADO
et al., 2006; MARQUINA et al., 2008; PELEGRINI et al., 2008; COSTA et al., 2010;
SANDA et al., 2011;) e repelente contra insetos pragas (LIMA et al., 2009).
No mundo, existem mais de 400 cultivares comerciais de goiaba, porém
poucas dezenas são plantadas em escala comercial. A cultivar “Paluma” é a mais
plantada do Brasil (POMMER; MURAKAMI, 2006). Seus frutos são destinados à
industrialização, contudo, devido sua qualidade, também podem ser consumidos in
natura (PEREIRA; NACHTIGAL, 2002). “Pedro Sato” é a cultivar de mesa de casca
rugosa mais difundida no mercado brasileiro, apresentando frutos de boa aparência,
polpa rosada, espessa e firme, sabor agradável e poucas sementes (PEREIRA;
NACHTIGAL, 2003).
As goiabeiras “Cortibel” foram selecionadas no estado do Espírito Santo, de
uma população de plantas oriundas de uma variedade não identificada,
possivelmente de origem australiana. Suas plantas são vigorosas, resistentes a
fungos, com frutos grandes de sabor adocicado e desejáveis para comercialização in
natura (COSTA; PACOVA, 2003). Ao estudar a diversidade genética por meio de
características morfológicas e químicas de qualidade de frutos, Coser (2012)
verificou a existência de divergência entre as “Cortibel” com relação às
características de fruto, com genótipos apresentando desempenho superior e
genótipos com comportamento semelhante a cultivares, com potencial para uso em
hibridações ou como cultivares.
25
A valorização da goiaba tem proporcionado mudanças no seu sistema de
produção e de comercialização. A utilização de cultivares adaptados às diferentes
condições edafoclimáticas brasileiras, que produzam frutos de boa qualidade e que
atendam às exigências de diferentes mercados torna-se de fundamental importância
para o desenvolvimento e a estabilidade da cultura no País (PEREIRA;
NACHTIGAL, 2003).
Carvalho e Nakagawa (2000) definem germinação como sendo o fenômeno
pelo qual, sob condições apropriadas, o eixo embrionário dá prosseguimento ao seu
desenvolvimento, que tinha sido interrompido, nas sementes ortodoxas, por ocasião
da maturidade fisiológica. O primeiro passo para o início do processo de germinação
é a captação de água, sendo imprescindível para a retomada das atividades
metabólicas da semente após a maturidade. Tanto a organização da estrutura
celular como a cadeia de processos bioquímicos anabólicos e catabólicos dependem
da presença e da atuação da água. A embebição de água pela semente é um tipo
de difusão, provocada pela atração da superfície matricial e governada pelas
diferenças entre o potencial hídrico dos tecidos da semente e do substrato
fornecedor de água. A difusão ocorre através de um gradiente de energia, do maior
(menos negativo) para o menor (mais negativo) (MARCOS FILHO, 2005).
A observação da germinação das sementes é um dos métodos mais
utilizados para a determinação da tolerância das plantas aos estresses hídrico,
térmico e salino. No que se refere à salinidade, a germinação tem maior sucesso em
ambientes livres de sal ou com baixa concentração salina (LARCHER, 2004).
Estudos apontaram que sementes de várias espécies apresentaram
capacidade germinativa reduzida em função do aumento da salinidade, dentre as
quais a acerola (GURGEL et al., 2003), o eucalipto (SILVA et al., 2004), a melancia
(TORRES, 2007), a paineira-branca (GUEDES et al., 2011); o cajueiro comum
(SOUSA; BEZERRA; FARIAS, 2011). A goiabeira mostrou-se moderadamente
tolerante ao estresse salino (FERREIRA; TÁVORA; HERNANDEZ, 2001), sendo a
fase de formação da muda a mais afetada pela salinidade (CAVALCANTE et al.,
2005).
A alta concentração de sais é um fator de estresse para as plantas, pois
apresenta atividade osmótica retendo a água, além da ação de íons sobre o
protoplasma. Geralmente, a germinação é o estádio mais sensível do ciclo de vida
da planta ao estresse salino, devido à necessidade de absorção de água e
26
fragilidade das plântulas recém-emergidas, indicando que o principal efeito salino é
osmótico. Entretanto, considerando que alguns sais são mais inibidores do que
outros, os efeitos tóxicos específicos também devem estar envolvidos (FREIRE;
FREIRE, 2007).
No Brasil, a região Nordeste é a segunda maior produtora de goiaba, atrás
apenas da região Sudeste, e é a mais afetada pela salinidade dos solos (MEURER,
2007, IBGE, 2010). No entanto, os solos afetados por sais não se restringem aos da
região Nordeste, de clima semiárido, sendo constatado o acúmulo de sais pelo
manejo inadequado de solos em outras regiões do país (FREIRE; FREIRE, 2007), e
tal situação pode ser um fator limitante para a expansão da cultura.
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar o
comportamento germinativo e o vigor de sementes de diferentes genótipos de
goiabeira (Psidium guajava L.) em meio salino.
3.4. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do Centro
de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, no município de
Alegre-ES. Foram utilizadas sementes de goiaba dos genótipos Cortibel I, Cortibel
VI, Cortibel VII, Cortibel IX, Cortibel XII, Paluma e Pedro Sato, com teores de água
de aproximadamente 8%.
Os níveis de salinidade foram constituídos por soluções de cloreto de sódio
(NaCl), sendo as soluções salinas preparadas utilizando-se a equação de Van’t Hoff
cotada por Salisbury e Ross (1992) nas concentrações de 0,0; -0,4; -0,8; -1,2 e -1,6
MPa.
As sementes foram imersas em uma solução a 1% de hipoclorito de sódio
durante quinze minutos, para desinfecção, sendo semeadas em seguida, em placas
de Petri, sobre papel. O substrato foi umedecido com quantidade de solução de
NaCl equivalente a 2,5 vezes o seu peso. Os testes foram conduzidos em BOD, sob
temperatura constante de 25oC (MAEDA et al., 1999) e fotoperíodo de 12 horas.
Foram realizadas contagens diárias, durante 40 dias. Para avaliação do
vigor, feita pelo cálculo da velocidade de germinação (MAGUIRE, 1962), considerou-
se germinadas as sementes que apresentaram raiz primária com, no mínimo, dois
milímetros de comprimento. Ao final do período de germinação, as plântulas normais
27
de cada repetição em todos os tratamentos foram identificadas, sendo medido o
diâmetro do colo com paquímetro digital de precisão de 0,01 mm.
A parte aérea e o sistema radicular foram separados com o auxílio de um
bisturi, sendo medidas e determinadas suas massas frescas individualmente, em
balança analítica com precisão de 0,0001 g. Posteriormente, o material vegetal foi
colocado em estufa de convecção a 70 ± 2ºC até a obtenção de massa constante
(72 horas) e determinada a massa seca.
Os valores totais da massa fresca e seca, da raiz e parte aérea, foram
divididos pelo número de plântulas avaliadas em cada repetição e, os resultados,
expressos em mg plântula-1.
O experimento foi instalado segundo esquema fatorial de 7x5 (sete
genótipos e cinco potenciais osmóticos) em delineamento inteiramente casualizado
(DIC), com quatro repetições de 25 sementes por repetição. Os dados foram
analisados por meio da análise de variância. As médias foram comparadas pelo
critério de agrupamento de Scott-Knott e teste de média de Dunnett, ambos a 5% de
probabilidade. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o aplicativo
computacional denominado programa GENES (CRUZ, 2009).
3.5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os genótipos e concentrações salinas apresentaram diferença significativa a
1% de probabilidade, e ainda interação significativa, também no mesmo nível
(Tabela 1). Esses resultados corroboram com o trabalho de Primo Júnior et al.
(2005), que estudando sementes de diferentes cultivares de algodão, verificaram
comportamento diferenciado das cultivares em relação aos tratamentos com
diferentes potenciais osmóticos. A constituição genética das sementes é um fator
que determina sua qualidade fisiológica, sendo que diferentes variedades de uma
mesma espécie podem apresentar maior ou menor vigor (POPINIGIS, 1985), o que
demonstra o ocorrido neste trabalho.
O genótipo Cortibel IX apresentou maior porcentagem de germinação e IVG
em relação aos outros genótipos, em meio sem solução salina (Tabela 2). Esse
genótipo também resistiu ao aumento da concentração de NaCl, mantendo sua
capacidade germinativa e IVG em meio com potencial osmótico de -0,8 MPa,
Tabela 1 - Resumo da análise de variância com os valores de F calculado de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento da parte aérea (CPA), comprimento da raiz (CR), diâmetro do colo (DC), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte aérea (MSPA), massa fresca da raiz (MFR) e massa seca da raiz (MSR)
Fontes de Variação
Parâmetros
G IVG CPA CR DC MFPA MSPA MFR MSR
F calculado
Genótipos (GEN) 29,093** 19,269** 7,261** 9,865** 6,891** 8,017** 3,400** 7,647** 2,995**
Potenciais osmóticos (PO) 7.457,856** 8.734,237** 18.828,334** 9.153,827** 5.342,536** 1.712,198** 3.792,637** 6.120,034** 214,997**
V X PO 7,730** 6,728** 6,878** 4,868** 7,888** 8,955** 5,355** 3,838** 2,908** ** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
Tabela 2 - Porcentagem de germinação e IVG de sementes de sete genótipos de Psidium guajava L. em meios com solução de
NaCl com diferentes potenciais osmóticos
Potencial osmótico (MPa)
Genótipos
Cortibel I Cortibel VI Cortibel VII Cortibel IX Cortibel XII Paluma Pedro Sato
Germinação (%)
(Test.) 0,0 55 c 70 b 33 d 100 a 35 d 55 c 82 b
-0,4 53 ns c 80ns a 35ns c 91 ns a 44 ns c 63 ns b 69 ns b
-0,8 27* c 59ns b 18ns c 93 ns a 59* b 28* c 62 ns b
-1,2 32* b 21* b 33ns b 73* a 33 ns b 19* b 20* b
-1,6 32* a 46* a 18ns b 0* b 0* b 0* b 0* b
IVG
(Test.) 0,0 0,9008 b 0,9482 b 0,4408 c 1,2395 a 0,4706 c 0,8059 b 0,9717 b
-0,4 0,7869 ns a 0,8928 ns a 0,4428 ns b 1,0045 ns a 0,5566 ns b 0,8158 ns a 0,8694 ns a
-0,8 0,2980* c 0,6276* b 0,1540* c 1,0500 ns a 0,7549* b 0,2567* c 0,6828* b
-1,2 0,3235* b 0,1878* b 0,3546 ns b 0,7182* a 0,3674 ns b 0,1755* b 0,1729* b
-1,6 0,3607* a 0,4574* a 0,1754 ns b 0* b 0* b 0* b 0* b Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade; - ns Não difere significativamente da testemunha (Test.) pelo teste de Dunnett, a 5% de probabilidade; - * Difere da testemunha (Test.) pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade 2
8
29
sofrendo diminuição desses valores sob potencial osmótico de -1,2 MPa. Os
genótipos Cortibel VII e XII apresentaram resultados inferiores aos demais, tanto em
seus valores de germinação quanto de IVG, em todos os potenciais osmóticos, à
exceção do meio com potencial osmótico de -0,8 MPa, no qual o genótipo Cortibel
XII apresentou resultados relativamente melhores (Tabela 2).
No meio germinativo com solução de NaCl de potencial osmótico de -1,6
MPa, apenas os genótipos Cortibel I e Cortibel VI apresentaram valores médios
significantes de germinação e IVG, mesmo assim inferiores às suas médias em meio
não salino (Tabela 2). De modo geral, o aumento da salinidade no meio germinativo
inibiu a germinação de sementes de goiabeira. Larcher (2004) afirma que a
germinação apresenta maior sucesso nos ambientes isentos de sal ou com baixa
concentração salina, e há somente poucas halófitas com habilidade para germinar
em meios com potencial osmótico de aproximadamente -1 a -2 MPa.
Os sete genótipos não diferiram quanto ao comprimento da parte aérea de
plântulas em meio com potencial osmótico de 0,0 MPa, o mesmo ocorrendo com o
diâmetro do colo, onde também não houve diferença entre os genótipos em meio
com solução de NaCl com potencial osmótico de -0,4 MPa. Nesse potencial
osmótico, o comprimento médio da raiz primária também não diferenciou entre os
genótipos testados (Tabela 3).
Os genótipos Cortibel IX e XII apresentaram maiores médias nos parâmetros
comprimento da parte aérea, raiz e diâmetro do colo, nos meios com potencial
osmótico 0,0, -0,4, -0,8 e -1,2. Sob o potencial osmótico de -1,6 MPa, apenas os
genótipos Cortibel I e VI apresentaram valores para os parâmetros mostrados na
Tabela 3, sugerindo que os demais genótipos são afetados ao extremo nessa
concentração de NaCl, sendo incapazes de se desenvolver após a germinação.
Plântulas de Cortibel IX conseguiram desenvolver-se satisfatoriamente,
quando comparadas à testemunha, até meio germinativo com potencial osmótico de
-1,2 MPa. Já as plântulas dos genótipos comerciais Paluma e Pedro Sato sofreram
redução em seu tamanho a partir da concentração -0,4 MPa (Tabela 3). Plântulas de
melancia também tiveram seu desenvolvimento negativamente afetado a partir do
potencial osmótico -0,4 MPa (TORRES, 2007).
Sob condição osmótica de -1,6 MPa, todos os genótipos testados
apresentaram comprimento da parte aérea, raiz e diâmetro do colo inibidos.
30
Tabela 3 - Comprimento da parte aérea, da raiz e diâmetro do colo de plântulas de sete genótipos de Psidium guajava L. em meios com solução de NaCl com diferentes potenciais osmóticos
Potencial osmótico (MPa)
Genótipos
Cortibel I Cortibel VI Cortibel VII Cortibel IX Cortibel XII Paluma Pedro Sato
Comprimento da parte aérea (cm)
(Test.) 0,0 3,707 a 2,890 a 3,115 a 3,695 a 3,685 a 3,547 a 3,230 a
-0,4 3,815 ns a 1,942* b 3,402 ns a 3,195 ns a 3,460 ns a 3,702 ns a 3,162 ns a
-0,8 0,492* c 1,555* b 0* c 2,842 ns a 2,410* a 0* c 2,102* b
-1,2 0,425* b 0,425* b 1,537* a 1,877 ns a 1,382* a 0* b 0* b
-1,6 0,925* a 0,842* a 0* b 0* b 0* b 0* b 0* b
Comprimento da raiz (cm)
(Test.) 0,0 1,812 b 2,125 a 1,417 b 2,517 a 1,987 a 1,345 b 2,572 a
-0,4 1,717 ns a 1,752 ns a 1,830 ns a 2,197 ns a 1,942 ns a 1,977 ns a 2,032 ns a
-0,8 0,200* c 0,942* b 0* c 1,855 ns a 1,875 ns a 0* c 1,625* a
-1,2 0,187* b 0,125* b 1,082 ns a 1,370 ns a 0,795* a 0* b 0* b
-1,6 0,650* a 0,805* a 0* b 0* b 0* b 0* b 0* b
Diâmetro do colo (mm)
(Test.) 0,0 0,827a 0,755 b 0,777 b 0,747 b 0,732 b 0,752 b 0,720 b
-0,4 0,817 ns a 0,800 ns a 0,760 ns a 0,790 ns a 0,807 ns a 0,822 ns a 0,805 ns a
-0,8 0,210* b 0,907 ns a 0* b 0,862 ns a 0,830 ns a 0* b 0,877 ns a
-1,2 0,255* b 0,242* b 0,860 ns a 0,91 0ns a 0,667 ns a 0* b 0* b
-1,6 0,460* a 0,387* a 0* b 0* b 0* b 0* b 0* b
Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade; ns Não difere significativamente da testemunha (Test.) pelo teste de Dunnett, a 5% de probabilidade; * Difere da testemunha (Test.) pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade
Resultados semelhantes foram observados por Cavalcante et al. (2005), que
também verificaram que a salinidade da água inibiu a germinação, o crescimento em
altura, o diâmetro do caule e a fitomassa da raiz de plantas de goiabeira,
independente da cultivar. Os processos de crescimento são particularmente
sensíveis ao efeito dos sais, de forma que a taxa de crescimento e a produção de
biomassa são bons critérios para a avaliação do grau de estresse e da capacidade
da planta de superar o estresse salino. De modo geral, o limite superior para a
germinação e o crescimento em seguida à germinação é de aproximadamente -0,5 a
-0,7 MPa, ou valores menores (LARCHER, 2004).
Quanto às características massa fresca e seca da parte aérea, o genótipo
capixaba Cortibel I apresentou os maiores valores médios e as demais não
diferiram, em meio germinativo sem NaCl (Tabela 4).
31
Tabela 4 - Massa fresca e seca da parte aérea de plântulas de sete genótipos de Psidium guajava L. em meios com solução de NaCl com diferentes potenciais osmóticos
Potencial osmótico
(MPa)
Genótipos
Cortibel I Cortibel VI Cortibel VII Cortibel IX Cortibel XII Paluma Pedro Sato
Massa fresca da parte aérea (mg)
(Test.) 0,0 29,975 a 18,600 b 18,100 b 22,375 b 21,625 b 23,500 b 20,725 b
-0,4 25,900 ns a 12,725 ns b 19,325 ns b 18,575 ns b 21,275 ns b 26,450 ns a 20,650 ns b
-0,8 3,825* c 10,025* b 0* c 17,975 ns a 18,900 ns a 0* c 16,200 ns a
-1,2 2,650* b 0,650* b 9,650* a 13,375* a 11,700* a 0* b 0* b
-1,6 6,6* a 5,200* a 0* b 0* b 0* b 0* b 0* b
Massa seca da parte aérea (mg)
(Test.) 0,0 5,950 a 2,175 b 2,050 b 2,125 b 2,275 b 2,775 b 2,650 b
-0,4 2,825* a 2,350 nsa 2,125 nsa 2,250 nsa 2,525 nsa 2,950 nsa 2,600 nsa
-0,8 0,800* b 2,375 ns a 0* b 2,225 ns a 2,525 ns a 0* b 2,925 ns a
-1,2 0,625* b 0,650* b 2,150 ns a 2,525 ns a 2,475 ns a 0* b 0* b
-1,6 0,800* a 0,8725 ns a 0* a 0* a 0* a 0* a 0* a
Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade; ns Não difere significativamente da testemunha (Test.) pelo teste de Dunnett, a 5% de probabilidade; * Difere da testemunha (Test.) pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade
Tanto a massa fresca e a seca da raiz de todos os genótipos não diferiram
significativamente entre si, em meio sem NaCl (testemunha) (Tabela 5). As médias
desses parâmetros começaram a diferir com relação ao meio de germinação a partir
do potencial osmótico -0,8 MPa, sendo que o genótipo Cortibel IX manteve suas
médias de massa fresca e seca da raiz, não diferindo significativamente da
testemunha até em meio com potencial osmótico de -1,2 MPa. Em condição
osmótica de -1,6 MPa no meio de crescimento, houve redução (Cortibel I e VI ) e
nulidade (Cortibel VII, IX, XII, Paluma e Pedro Sato) nos valores médios de massa
fresca e massa seca da raiz em relação a testemunha.
Mesmo diferindo negativamente da testemunha (0,0 MPa), os genótipos
Cortibel I e VI conseguiram germinar e apresentar plântulas normais em meio com
potencial osmótico de –1,6 MPa (Tabelas 2, 3, 4 e 5). Quando comparados aos
outros genótipos testados, o genótipo Cortibel I não apresentou os melhores
resultados de germinação nos demais potenciais osmóticos avaliados (0,0, -0,4, -0,8
e -1,2 MPa), enquanto o genótipo Cortibel VI, não obteve as melhores respostas de
germinação em potenciais osmóticos 0,0, -0,8 e -1,2 MPa (Tabela 2).
32
Tabela 5 - Massa fresca e seca da raiz de plântulas de sete genótipos de Psidium guajava L. em meios com solução de NaCl com diferentes potenciais osmóticos
Potencial Osmótico
(MPa)
Genótipos
Cortibel I Cortibel VI Cortibel VII Cortibel IX Cortibel XII Paluma Pedro Sato
Massa fresca da raiz (mg)
(Test.) 0,0 2,550 a 2,375 a 2,425 a 2,650 a 3,025 a 1,575 a 2,700 a
-0,4 2,425 ns a 2,025 ns a 2,700 ns a 2,300 ns a 3,175 ns a 1,900 ns a 2,775 ns a
-0,8 0,425* b 1,550 ns a 0* b 2,325 ns a 2,300 ns a 0* b 2,325 ns a
-1,2 0,500* b 0,125* b 1,525 ns a 1,925 ns a 1,325* a 0* b 0* b
-1,6 1,050* a 1,125* a 0* b 0* b 0* b 0* b 0* b
Massa seca da raiz (mg)
(Test.) 0,0 0,500 a 0,425 a 0,500 a 0,475 a 0,500 a 0,350 a 0,500 a
-0,4 0,500 ns b 0,400 ns b 0,825 ns a 0,400 ns b 0,500 ns b 0,375 ns b 0,475 ns b
-0,8 0,100* b 0,450 ns a 0* b 0,475 ns a 0,325 ns a 0* b 0,425 ns a
-1,2 0,100* b 0,075* b 0,425 ns a 0,550 ns a 0,350 ns a 0* b 0* b
-1,6 0,300 ns a 0,300 ns a 0* b 0* b 0*b 0* b 0* b
Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade ns Não difere significativamente da testemunha (Test.) pelo teste de Dunnett, a 5% de probabilidade * Difere da testemunha (Test.) pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade
Todos os genótipos sofreram com o aumento da concentração salina, tanto
na germinação quanto em vigor. Pela necessidade de absorção de água na fase de
germinação e fragilidade das plântulas recém-germinadas, a maioria das culturas é
mais sensível à salinidade na fase inicial de crescimento (FREIRE; FREIRE, 2007).
3.6. CONCLUSÕES
Os genótipos analisados apresentam diferentes respostas ao estresse
salino.
A germinação e vigor de sementes de goiabeira são afetadas negativamente
pela diminuição do potencial osmótico provocado pelo NaCl, sendo a partir de -1,2
MPa notados os efeitos mais acentuados.
O genótipo Cortibel IX apresenta germinação e vigor superior aos demais
genótipos até o potencial osmótico -1,2 MPa, tendo sua germinação totalmente
inibida sob potencial osmótico -1,6 MPa.
Os genótipos Cortibel I e VI apresentam maiores valores de germinação e
vigor em meio com menor potencial osmótico (–1,6 MPa), mostrando maior
resistência ao estresse salino que os demais genótipos testados.
33
3.7. REFERÊNCIAS
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4. CAPÍTULO 2
CORRELAÇÕES GENOTÍPICAS, FENOTÍPICAS E AMBIENTAIS ENTRE CARACTERÍSTICAS DE GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INICIAL DE
PLÂNTULAS DE GOIABEIRA
38
4.1. RESUMO
A goiabeira (Psidium guajava L.), originária das regiões tropicais da América,
pertence ao grupo de frutas tropicais, cujo valor e volume do comércio internacional
estão em crescimento. Porém, o maior produtor mundial de goiaba é a Índia,
seguida pelo Paquistão, Egito e Brasil. A correlação é um parâmetro estatístico que
mede o grau de associação entre duas variáveis. Em um programa de
melhoramento é importante que se conheçam as correlações fenotípicas,
genotípicas e ambientais entre os caracteres, pois elas podem possibilitar a seleção
indireta do caráter desejado. O presente trabalho teve como objetivo estudar as
associações entre características de sementes e plântulas de P. guajava por meio
de coeficientes de correlação fenotípicos, genotípicos e ambientais. A pesquisa foi
conduzida no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Produção
Vegetal do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo,
Alegre-ES. Foram utilizadas sementes de goiaba dos genótipos Cortibel I, Cortibel
VI, Cortibel VII, Cortibel IX, Cortibel XII, Paluma e Pedro Sato. Em cada genótipo, foi
realizada a caracterização física das sementes (largura, altura, espessura e volume),
avaliado o grau de umidade, porcentagem de germinação, IVG, comprimento,
diâmetro do colo, massa fresca e seca das plântulas. O delineamento experimental
utilizado foi o inteiramente casualizado. As estimativas dos coeficientes de
correlação fenotípica (rf), genotípica (rg) e ambiental (re) foram obtidas através das
análises de covariâncias, onde foi combinado os dados dos 11 caracteres, em todas
as formas possíveis através do aplicativo computacional denominado programa
GENES. O genótipo capixaba Cortibel IX apresenta maiores porcentagens de
germinação e IVG em relação aos demais genótipos testados. O teor de água da
semente mostra-se positivamente correlacionado com a germinação e IVG. As
características físicas da semente não são indicadas para seleção indireta quanto à
germinação e IVG, porém estão correlacionadas positivamente com a massa fresca
e seca das plântulas dos genótipos de goiabeira estudadas.
Palavras-chave: Psidium guajava L., melhoramento genético, seleção indireta.
39
4.2. ABSTRACT
The guava tree (Psidium guajava L.), native to the tropical regions of America,
belongs to the group of tropical fruits that have had an increasing value and volume
in the international market. However, the biggest producer in the world is India,
followed by Pakistan, Egypt, and Brazil. The correlation is a statistical parameter that
measures the association level between two variables. In a breeding improvement
program, it is crucial to know the phenotypic, genotypic, and environmental
correlations amongst the characters, since they can enable the indirect selection of
the desired character. The present study aimed to investigate the associations
between characteristics of seeds and seedlings of P. guajava through phenotypic,
genotypic, and environmental correlation coefficients. The research was conducted in
the Seed Analysis Lab at the Agricultural Sciences Center in the Federal University
of Espirito Santo, located in the town of Alegre-ES. The guava seeds used were of
the following genotypes: Cortibel I, Cortibel VI, Cortibel VII, Cortibel IX, Cortibel XII,
Paluma, and Pedro Santo. For each genotype, the physical characterization of the
seeds (width, height, thickness, and volume), humidity levels, germination
percentage, GSI, were evaluated, humidity, length, diameter, fresh and dry weight of
seedlings. The experimental design was completely randomized. Estimates of
correlation coefficients (rf), genotypic (rg), and environmental (re) were obtained by
covariance analysis, where it, where the data of 11 characters were combined in all
possible ways with the use of the GENES software program. The genotype capixaba
Cortibel IX presents the highest germination and GSI percentages in relation to the
other genotypes tested. The seed water content is positively correlated to
germination and GSI. The physical characteristics of the seed is not recommended
for indirect selection for germination and GSI, however, they are positively correlated
to the fresh and dry weight of seedlings of the guava genotypes that were studied.
Keywords: Psidium guajava L., genetic breeding, indirect selection.
40
4.3. INTRODUÇÃO
A goiabeira (Psidium guajava L.), originária das regiões tropicais da América
(MORTON, 1987; COSTA; PACOVA, 2003), pertence ao grupo de frutas tropicais,
cujo valor e volume do comércio internacional estão em crescimento. Entretanto, o
principal país produtor é a Índia, seguida pelo Paquistão, Egito e Brasil (FAO, 2011).
Tal crescimento pode ser justificado pela fruta apresentar excepcional qualidade
nutricional, além de possuir atributos sensoriais, que permitem seu consumo in
natura ou processada, facilitando a utilização na alimentação (AMAYA-FARFÁN;
AMAYA, 2009).
No Brasil, a goiaba é amplamente utilizada nas indústrias de conserva como
matéria-prima de purê ou polpa, néctar, suco, compota, sorvete e doce (GONZAGA
NETO; SOARES, 1995). Além das qualidades do fruto, várias propriedades
medicinais são relacionadas à goiabeira, dentre as quais, destacam-se efeitos
antimicrobianos, analgésicos, anti-hiperglicêmico, anti-inflamatório (SANDA et al.,
2011).
Os processos fisiológicos da semente são determinados geneticamente e
expressos durante o processo de sua formação. O desempenho das sementes,
inclusive sua germinação, varia entre espécies e cultivares, embora haja influência
decisiva do ambiente (MARCOS FILHO, 2005).
A correlação é um parâmetro estatístico que mede o grau de associação
entre duas variáveis. Em um programa de melhoramento é importante que se
conheçam as correlações genéticas entre os caracteres, pois elas podem orientar os
procedimentos de seleção, possibilitando a seleção indireta do caráter desejado,
principalmente quando os caracteres envolvidos possuem herança complexa e estão
correlacionados a outros facilmente identificáveis, em programas de melhoramento
(FALCONER, 1987; CARVALHO, 2011).
As relações existentes entre os caracteres são, em geral, avaliadas por meio
das correlações fenotípicas, genotípicas e ambientais. A correlação fenotípica pode
ser mensurada diretamente a partir de medidas de dois caracteres, em indivíduos de
uma população. Essa correlação tem causas genéticas e ambientais, onde só as
genéticas envolvem uma associação de natureza herdável (CRUZ; REGAZZI;
CARNEIRO, 2004). A correlação genotípica procura explicar por meio de
mecanismos genéticos a variação conjunta de duas variáveis. A pleiotropia e a
41
ligação gênica são os fenômenos genéticos que explicam a ocorrência de tais
correlações, sendo a pleiotropia a principal causa de associação genética entre
caracteres, tendo efeito contínuo, ao contrário da ligação gênica, que é de caráter
passageiro, desfazendo-se quando ocorre recombinação (NUNES et al., 2008;). O
ambiente torna-se causa de correlação quando dois caracteres são influenciados
pelas mesmas diferenças de condições ambientais (RAMALHO; SANTOS;
ZIMMERMANN, 1993).
Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo estudar as
associações entre características de sementes e plântulas de Psidium guajava por
meio de coeficientes de correlação fenotípicas, genotípicas e ambientais, visando
sua utilização e possibilitar o conhecimento dos efeitos genéticos e ambientais nos
genótipos em questão.
4.4. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do Centro
de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, localizado no
município de Alegre-ES. Foram utilizadas sementes de goiaba dos genótipos
Cortibel I, Cortibel VI, Cortibel VII, Cortibel IX, Cortibel XII, Paluma e Pedro Sato. Em
cada genótipo foi realizada a caracterização física das sementes e avaliados seu
grau de umidade, porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação
(IVG), comprimento, massa fresca e seca da plântula, e diâmetro do colo.
A caracterização física das sementes foi realizada com quatro repetições de
10 sementes, que foram avaliadas quanto à largura, o comprimento e a espessura,
com o auxílio de um paquímetro digital com precisão de 0,01 mm. Para o cálculo do
volume, foi considerado que as sementes de goiaba apresentam formato elipsoide, e
utilizada a seguinte fórmula:
� � 4
3���
Em que:
V = volume da semente (mm3)
a = comprimento da semente (mm)
b= largura da semente (mm)
c = espessura da semente (mm)
42
Na avaliação do grau de umidade das sementes, foi utilizado o método de
estufa a 105 ± 3 °C, por 24 horas (BRASIL, 2009), com quatro repetições de 25
sementes. O cálculo foi feito na base úmida, sendo o grau de umidade expresso em
porcentagem.
Para o teste de germinação, as sementes foram imersas em uma solução a
1% de hipoclorito de sódio durante quinze minutos, para desinfecção, sendo
posteriormente semeadas em placas de Petri, forradas com papel tipo germintest,
umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes seu peso seco.
Posteriormente, as placas foram mantidas em câmara de germinação tipo BOD, sob
temperatura constante de 25 oC (MAEDA et al., 1999) e fotoperíodo de 12 horas. O
delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro
repetições de 25 sementes.
Foram realizadas contagens diárias, durante quarenta dias. Para avaliação
do vigor, feita pelo cálculo da velocidade de germinação (MAGUIRE, 1962),
considerou-se germinadas as sementes que apresentaram raiz primária com
comprimento ≥ 2 mm. Ao final do período de germinação, as plântulas normais de
cada repetição de todos os genótipos foram identificadas, sendo medido o diâmetro
do colo com paquímetro digital de precisão de 0,01 mm.
A parte aérea e a raiz foram separadas com o auxílio de um bisturi sendo
medidas e determinadas suas massas frescas individualmente, em balança analítica
(0,0001 g). Posteriormente, o material vegetal foi colocado em estufa a 80 ± 2 ºC até
a obtenção de massa constante (72 horas) e determinada a massa seca. Os valores
totais da massa fresca e seca, da raiz e da parte aérea foram divididos pelo número
de plântulas avaliadas em cada repetição e, os resultados, expressos em mg
plântula-1.
As estimativas dos coeficientes de correlação fenotípica (rf), genotípica (rg) e
ambiental (re) foram obtidas através das análises de covariâncias, onde foram
combinados os dados dos 11 caracteres, em todas as formas possíveis (CRUZ;
REGAZZI; CARNEIRO, 2004). As análises estatísticas foram realizadas pelo
aplicativo computacional denominado programa GENES (CRUZ, 2009). Foi utilizado
o teste t para verificar a significância das correlações fenotípicas e a técnica de
bootstrap para testar a significância das correlações genética e ambiental dos
parâmetros avaliados (FERREIRA et al., 2008).
43
4.5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a maioria dos caracteres avaliados, foram encontradas diferenças
significativas entre os genótipos, em nível de 1 e 5% de probabilidade pelo teste F.
Apenas não foram detectadas diferenças significativas entre os genótipos estudados
para o caráter altura da plântula (Tabela 1).
O genótipo Cortibel IX apresentou maior porcentagem de germinação, IVG e
grau de umidade da semente (Tabela 2), enquanto Cortibel VII e XII apresentaram
os menores valores para esses parâmetros. Mesmo apresentando resultados de
germinação e IVG baixos, quando comparado a alguns genótipos, o genótipo
Cortibel I apresentou as maiores médias em relação aos caracteres associados ao
vigor de sementes, como diâmetro do colo, massa fresca e seca de plântulas e
valores médios nas características física da semente. Contudo, é pouco interessante
do ponto de vista prático, avaliar o vigor de lotes de sementes com baixa
germinação, visto que sua qualidade inferior já foi detectada pelo teste de
germinação (MARCOS FILHO, 2005).
Em relação às estimativas do coeficiente de correlação fenotípico, genotípico
e ambiental (Tabela 3), entre os caracteres analisados, observou-se que os valores
absolutos dos coeficientes de correlação genotípico entre rGERM x AP, rDC x AP, rDC x MSP,
rDC x LS, rMFP x MSP, rMSP x LS e rMSP x VS foram superiores a 1,000, situação não comum nestes
estudos. Segundo Mistro et al. (2007), essa ocorrência provavelmente tenha relação
com o número de tratamentos (neste caso apenas sete), o que pode ter influenciado
essas estimativas. Para fins de discussão, os valores estimados acima de um (r > 1)
foram considerados iguais a um (r = 1).
Dos pares de caracteres correlacionados, 38,18% apresentaram diferença
de sinal entre as correlações genotípicas (rg) e ambientais (re) (Tabela 3). Esse valor
foi inferior ao encontrado por Silva Filho et al. (1999), avaliando as correlações
fenotípicas, genéticas e ambientais entre descritores morfológicos e químicos em
frutos de cubiu, em que 52% das associações apresentaram diferenças de sinais
entre as correlações genéticas e de ambiente. Segundo Falconer (1981), nos casos
em que as correlações genéticas e ambientais apresentam sinais contrários, há
indicativos de que nesses pares, as causas da variação genética e ambiental
influenciam os caracteres por meio de mecanismos fisiológicos diferentes.
44
Tabela 1 – Resumo da análise de variância dos caracteres germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), grau de umidade de sementes (U), altura da plântula (AP), diâmetro do colo (DC), massa fresca da plântula (MFP), massa seca da plântula (MSP), comprimento de semente (CS), largura da semente (LS), espessura da semente (ES) e volume da semente (VS) em sete genótipos de goiabeira (Psidium guajava L.)
Parâmetros Fontes de Variação
Média CV (%) QM Genótipos QM Resíduo
G 2382,4762** 101,3333 61,4286 % 16,3872
IVG 0,3252** 0,0212 0,8253 17,6773
U 2,2611** 0,0263 7,8621 % 2,0645
AP 1,3772ns 0,9883 5,3782 cm 18,4844
DC 0,0049* 0,0016 0,7589 mm 5,4175
MFP 62,8941* 17,2445 24,6 mg 16,8807
MSP 7,8603* 2,1707 3,3214 mg 44,3584
CS 0,4219** 0,0327 3,7132 mm 4,8741
LS 0,1361** 0,0189 3,0870 mm 4,4544
ES 0,1123** 0,0180 1,9566 mm 6,8650
VS 1894,4792** 171,6672 95,5589 mm3 13,7111 ** - Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; * - Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ns - Não significativo
Tabela 2 – Resultados médios de germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), grau de umidade de sementes (U), altura da plântula (AP), diâmetro do colo (DC), massa fresca da plântula (MFP), massa seca da plântula (MSP), comprimento de semente (CS), largura da semente (LS), espessura da semente (ES) e volume da semente (VS) de sete genótipos de goiabeira (Psidium guajava L.)
Parâmetros Genótipos
Cortibel I Cortibel VI Cortibel VII Cortibel IX Cortibel XII Paluma Pedro Sato
G (%) 55,00 c 70,00 b 33,00 d 100,00 a 35,00 d 55,00 c 82,00 b
IVG 0,90 b 0,94 b 0,44 c 1,23 a 0,47 c 0,80 b 0,97 b
U (%) 7,73 c 8,34 b 6,87 d 8,96 a 7,07 d 8,40 b 7,64 c
AP (cm) 5,52 a 5,01 a 4,53 a 6,21 a 5,67 a 4,89 a 5,80 a
DC (mm) 0,82 a 0,75 b 0,77 b 0,74 b 0,73 b 0,75 b 0,72 b
MFP (mg) 32,52 a 20,97 b 20,52 b 25,02 b 24,65 b 25,07 b 23,42 b
MSP (mg) 6,450 a 2,600 b 2,550 b 2,600 b 2,775 b 3,125 b 3,150 b
CS (mm) 4,2610 a 3,9710 b 3,5565 c 3,3346 c 3,5433 c 3,4833 c 3,8428 b
LS (mm) 3,49 a 3,01 b 3,09 b 2,94 b 2,99 b 3,042 b 3,01 b
ES (mm) 2,18 a 2,08 a 1,95 b 1,71 b 1,80 b 1,87 b 2,07 a
VS (mm3) 136,93 a 105,79 b 90,18 c 70,76 c 80,90 c 83,69 c 100,64 b Grupos de médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Considerando o valor absoluto das correlações, das 55 combinações
possíveis entre os 11 caracteres, em 17 a correlação ambiental foi de magnitude
45
superior à genotípica, destacando-se rGERM x DC, rGERM x LS, rIVG x MFP e rAP x MFP, em que além
de ser superior à genotípica, as correlações ambientais foram significativas. Esse
resultado é proporcionalmente superior ao encontrado por Ferreira et al. (2003), que
trabalhando com correlações fenotípicas, genotípicas e ambientais entre dez
caracteres de melancia, verificaram que das 45 combinações possíveis, em apenas
oito a correlação ambiental foi superior a genotípica. A correlação genotípica com
magnitude inferior ao da ambiental sugere que a associação entre os caracteres é
muito influenciada pelo ambiente, o que não é indicado para seleção indireta.
Os coeficientes de correlação ambiental apresentaram, em sua maioria,
valores positivos. Entretanto, os valores de rTU x AP, rTU x MFP, rTU x MSP, rTU x CS, rTU x LS, rTU x ES,
rTU x VC, rDC x MSP, rTU x ES, rMSP x CS, rMSP x LS e rMSP x VS, mostraram-se negativos (Tabela 3).
Segundo Cruz, Regazzi e Carneiro (2004), estimativas de correlação ambiental com
valores positivos indicam que os dois caracteres são beneficiados ou prejudicados
pelas mesmas causas de variações ambientais, enquanto valores negativos desta
correlação indicam que o ambiente favorece um caráter em detrimento ao outro.
No que se refere aos coeficientes de correlação fenotípica (rf) e genotípica
(rg), a grande maioria dos pares de caracteres apresentou similaridade em relação
aos sinais e magnitude dos valores. Cruz, Regazzi e Carneiro (2004) afirmam que os
sinais dos coeficientes de correlação fenotípica e genotípica podem, eventualmente,
ser diferentes, sendo esta diferença atribuída a erros de amostragem. Neste estudo,
dos 55 pares de caracteres associados, apenas um par apresentou sinais contrários
nos coeficientes rf e rg (rGERM x MFP), o que sugere alta confiabilidade na amostragem
realizada e a precisão experimental efetiva.
Em valores absolutos, a correlação genotípica foi superior em relação à
correlação fenotípica na maioria dos pares de caracteres analisados, e o coeficiente
de correlação ambiental para a maioria dos pares de caracteres foi reduzido (inferior
a 0,5), sugerindo uma contribuição satisfatória dos fatores genéticos em relação aos
fatores ambientais, nas correlações entre os caracteres estudados (CRUZ;
MIRANDA; COSTA, 1988). Resultados semelhantes foram encontrados por
Carpentieri-Pípolo e Bruel (2002), em seu estudo de correlações fenotípicas,
genotípicas e ambientais em aceroleira, em que os pares de caracteres avaliados
apresentaram rg e rf em sua maioria com os mesmos sinais e rg sendo ligeiramente
superiores ao rf .
46
Tabela 3 – Estimativa dos coeficientes de correlação (r) fenotípico (f), genotípico (g) e ambiental (e) dos caracteres germinação (G), índice de velocidade de germinação (IVG), grau de umidade de sementes (U), altura da plântula (AP), diâmetro do colo (DC), massa fresca da plântula (MFP), massa seca da plântula (MSP), comprimento de semente (CS), largura da semente (LS), espessura da semente (ES) e volume da semente (VS) de sete genótipos de goiabeira (Psidium guajava L.)
Caracteres r IVG U AP DC MFP MSP CS LS ES VS
G
f 0,9577** 0,8015* 0,6549 -0,2916 0,0373 -0,0975 -0,0593 -0,2878 -0,1088 -0,1298
g 0,959 0,8151 1,0928++ -0,4342 -0,0061 -0,1425 -0,085 -0,3542 -0,1342 -0,1595
e 0,9575++ 0,3876+ 0,4962++ 0,4441+ 0,3929 0,1952 0,358 0,4401+ 0,1396 0,3064
IVG
f - 0,8711* 0,6017 -0,056 0,2502 0,1326 0,1085 -0,059 0,0233 0,0632
g - 0,8949 0,9184 -0,1481 0,2246 0,1203 0,0913 -0,1103 0,0076 0,0436
e - 0,3989 0,5992++ 0,4033 0,4867++ 0,2502 0,3327 0,4196 0,1615 0,2989
U
f - - 0,3661 -0,1011 0,121 -0,0682 -0,1555 -0,2299 -0,2403 -0,1879
g - - 0,7262 -0,1337 0,1592 -0,0805 -0,1612 -0,2487 -0,2586 -0,1957
e - - -0,1914 0,1081 -0,2445 -0,0026 -0,0557 -0,0109 -0,1106 -0,0738
AP
f - - - -0,2843 0,3959 0,1252 -0,0722 -0,1164 -0,2782 -0,1355
g - - - -1,0206++ 0,0315 0,1746 -0,3431 -0,4349 -0,6582 -0,4119
e - - - 0,316 0,8604++ 0,104 0,4361 0,3107 0,1247 0,2872
DC
f - - - - 0,6185 0,7885* 0,5664 0,9067** 0,5096 0,7056
g - - - - 0,7782 1,176++ 0,6932 1,1436++ 0,6861 0,8784
e - - - - 0,2622 -0,0786 0,1584 0,2063 -0,0039 0,1438
MFP
f - - - - - 0,9093** 0,4678 0,7829* 0,2756 0,5597
g - - - - - 1,1014++ 0,4947 0,9097 0,2889 0,6223
e - - - - - 0,4033 0,4321 0,3268 0,2387 0,3436
MSP
f - - - - - - 0,7459 0,9551** 0,6269 0,8389*
g - - - - - - 0,9518 1,2275++ 0,7744 1,0496++
e - - - - - - -0,2172 -0,0715 0,1103 -0,08
CS
f - - - - - - - 0,7486 0,9466** 0,9764**
g - - - - - - - 0,7584 0,9919++ 0,9869+
e - - - - - - - 0,7008++ 0,6617++ 0,8648++
LS
f - - - - - - - - 0,6773 0,8644*
g - - - - - - - - 0,6871 0,8713
e - - - - - - - - 0,6238++ 0,8321++
ES
f - - - - - - - - - 0,9384**
g - - - - - - - - - 0,9488
e - - - - - - - - - 0,9073++ **: Significativo a 1 % de probabilidade pelo teste t; *: Significativo a 5% de probabilidade pelo teste t; ++: Significativo a 1 % de probabilidade pelo método de bootstrap com 50000 simulações; +: Significativo a 5% de probabilidade pelo método de bootstrap com 50000 simulações
Foi observado que 89,09% das estimativas dos coeficientes de correlação
fenotípica, 83,63% da genotípica e 74,54% da ambiental não foram significativas.
Rodrigues et al. (2010) também encontraram poucas correlações significativas
(rf80,95%, rg 100% e re 80,95%) em seu trabalho com mamoneira. Segundo esses
47
mesmos autores, tais resultados sugerem que apesar da baixa correlação entre os
caracteres, eles atuam independentemente.
O grau de umidade da semente está correlacionado positivamente com a
germinação (rf= 0,8015* e rg= 0,8151) e IVG (rf= 0,8711* e rg= 0,8949) (Tabela 3).
Tal correlação pode ser verificada nos genótipos Cortibel IX, VII e XII: a Cortibel IX
apresentou o maior grau de umidade de sementes, associado com maior
porcentagem de germinação e IVG, enquanto os genótipos Cortibel VII e XII
apresentaram os menores valores de grau de umidade, associado com baixa
germinação e IVG (Tabela 2).
Características físicas das sementes apresentaram correlação significativa
com variáveis utilizadas para determinação do vigor, como a largura da semente
com o diâmetro do colo (rf= 0,9067** e rg= 1,1436++), massa fresca (rf= 0,7829* e rg=
0,9097), e massa seca da plântula (rf= 0,9551** e rg= 1,2275++), e o volume da
semente com a massa seca da plântula (rf= 0,8389* e rg= 1,0496++) (Tabela 3). A
correlação genotípica explica por meio de mecanismos genéticos a variação
conjunta de duas variáveis, sendo, neste contexto, a ligação gênica e a pleiotropia,
fenômenos genéticos que explicam a ocorrência destas correlações (CRUZ;
REGAZZI; CARNEIRO, 2004).
Sementes maiores apresentam, normalmente, embriões bem formados e
maiores quantidades de reservas, o que as tornam, potencialmente, mais vigorosas
(CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). Popinigis (1985) afirma que o tamanho da
semente, em muitas espécies, é indicativo de sua qualidade fisiológica, sendo que
na mesma espécie, sementes pequenas apresentam menor germinação e vigor que
sementes de tamanho médio e grande. Entretanto, Larcher (2004) alega que o
estádio de diferenciação do embrião, a reserva de alimentos e o tamanho da
semente têm influência decisiva na capacidade germinação e no vigor da semente.
Porém, nas sementes dos genótipos de P. guajava no presente estudo, não houve
correlação fenotípica e genética significativa para germinação e características
físicas da semente (Tabela 3). Isso sugere que a largura, comprimento, espessura e
volume da semente não são adequados para seleção indireta para o caráter
germinação.
As correlações entre os caracteres físicos das sementes foram altas,
evidenciando que as sementes de P. guajava L. dos genótipos testados apresentam
simetria.
48
4.6. CONCLUSÕES
O genótipo capixaba Cortibel IX apresenta maiores porcentagens de
germinação e IVG em relação aos demais genótipos testados;
Nos genótipos estudados de Psidium guajava L., características físicas da
semente, como largura, espessura, comprimento e volume não são indicados para
seleção indireta para o caráter germinação. Contudo, apresentam alta correlação
significativa com características da plântula utilizadas para avaliar o vigor das
sementes, como massa fresca, massa seca e diâmetro do colo, sendo indicados
para seleção indireta dessas características.
4.7. REFERÊNCIAS
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52
5. CONCLUSÕES GERAIS
O genótipo capixaba Cortibel IX apresenta maiores porcentagens de
germinação e IVG, em ambientes de germinação isentos de NaCl, em relação aos
demais genótipos testados.
Os genótipos analisados apresentam diferentes respostas ao estresse
salino.
A germinação e vigor de sementes de goiabeira são afetados negativamente
pela redução no potencial osmótico causada pelo NaCl.
O genótipo Cortibel IX, apresenta germinação e vigor, superior aos demais
genótipos até o potencial osmótico -1,2 MPa, e não apresenta germinação em
potencial osmótico -1,6 MPa.
Os genótipos Cortibel I e VI alcançam os maiores valores de germinação e
vigor em meio com menor potencial osmótico (–1,6 MPa), mostrando maior
resistência ao estresse salino que os demais genótipos testados.
Nos genótipos estudados de Psidium guajava L., características físicas da
semente, como largura, espessura, comprimento e volume não são indicados para
seleção indireta para o caráter germinação. Contudo, apresentam alta correlação
significativa com características da plântula utilizadas para avaliar o vigor das
sementes, como massa fresca, massa seca e diâmetro do colo, sendo indicados
para seleção indireta dessas características.
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