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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL: ESTRUTURAS E
CONSTRUÇÃO CIVIL
DOMINGOS SÁVIO VIANA DE SOUSA
DIRETRIZES PARA USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO EM EMPRESAS
CONSTRUTORAS
FORTALEZA
2016
DOMINGOS SÁVIO VIANA DE SOUSA
DIRETRIZES PARA USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO EM EMPRESAS
CONSTRUTORAS
Proposta de Dissertação submetida ao
Programa de Pós Graduação em Engenharia
Civil da Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Civil, na área de
concentração de Construção civil.
Área de concentração: Construção Civil
Orientador: Prof. Dr. José de Paula Barros
Neto
FORTALEZA
2016
___________________________________________________________________________
Página reservada para ficha catalográfica que deve ser confeccionada após apresentação e
alterações sugeridas pela banca examinadora.
Para solicitar a ficha catalográfica de seu trabalho, acesse o site: www.biblioteca.ufc.br, clique
no banner Catalogação na Publicação (Solicitação de ficha catalográfica)
___________________________________________________________________________
DOMINGOS SÁVIO VIANA DE SOUSA
DIRETRIZES PARA USO DE INDICADORES DE DESEMPENHO EM EMPRESAS
CONSTRUTORAS
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil: Estruturas e
Construção Civil da Universidade Federal do
Ceará, como parte integrante dos requisitos
para obtenção do título de mestre.
Área de concentração: Construção Civil
Aprovada em: ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. José de Paula Barros Neto. (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Prof. Dr. Sérgio José Barbosa Elias (Membro Interno)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
________________________________________
Prof. Dr. Ariovaldo Denis Granja (Membro Externo)
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Dedico este trabalho a Deus, autor supremo de
todas as coisas. À minha esposa Eliana, pelo
amor e companheirismo, meus filhos Sara e
Sávio Filho e aos meus pais, Heládio e
Lourdes.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao professor Barros Neto, pela orientação, pela amizade, por todos os
ensinamentos e acima de tudo pela oportunidade e confiança depositada.
Aos membros examinadores da banca Prof. Ariovaldo Denis Granja e Prof. Sérgio
José Barbosa Elias pelas primorosas sugestões de melhoria que permitiram o aprimoramento
deste trabalho.
Ao Amigo e Mestre Luis Felipe Cândido, por sua disponibilidade e sua
colaboração inestimável na execução deste trabalho, seus conhecimentos e principalmente sua
amizade.
Aos meus colegas de mestrado da turma de 2014 pelo coleguismo e amizade
durante todo o curso.
Aos meus colegas do GERCON (Grupo de Pesquisa e Assessoria em
Gerenciamento da Construção Civil) pelos momentos de discussões que proporcionaram
grande aprendizagem nesta jornada de pesquisa científica.
A todos os professores do Programa de Pós-graduação pela dedicação, incentivo e
ensinamentos na realização deste projeto.
As empresas participantes deste estudo pelo tempo concedido nas entrevistas, bem
como o tempo e documentos partilhados ao longo desta pesquisa.
À Construtora Dias de Sousa na pessoa do Dr. Patriolino Dias de Sousa, em
especial, que possibilitou e favoreceu a realização deste curso por acreditar no meu trabalho e
proporcionar a minha realização profissional.
A Comunidade Católica Shalom, a qual sou consagrado, por sempre ser um canal
da vontade de Deus em minha vida e por me fazer entender que tudo que acontece é por graça
de Deus.
“Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e
a sua justiça e todas estas coisas vos serão
dadas em acréscimo” (Mateus 6,33)
RESUMO
Tendo em vista o cenário empresarial cada vez mais competitivo, percebe-se que as empresas
vêm precisando acelerar para adaptar-se às novas estratégias competitivas. Na construção civil
não tem sido diferente. Apesar dos crescentes esforços realizados entre profissionais e a
comunidade acadêmica na área de gestão organizacional, ainda não foi suficiente para consolidar as
práticas de medição de desempenho. O uso dos indicadores de desempenho ainda não é sistemático
em grande parte das empresas de construção. Verifica-se também a falta de medidas adequadas
associadas às estratégias da empresa. Assim, o presente trabalho tem por objetivo propor diretrizes
para o uso de indicadores de desempenho em empresas construtoras. Para isso, realizou-se uma
análise da literatura sobre medição de desempenho na construção, possibilitando identificar as
melhores práticas de desempenho e as lacunas ainda existentes do conhecimento. Após o estudo
teórico, realizou-se o estudo de caso múltiplo de natureza descritiva cujas fontes de evidência foram
a entrevista semi-estruturada e os documentos fornecidos pela empresa. Os resultados das
entrevistas foram explorados por meio de uma análise de conteúdo (AC) e foram triangulados
com os documentos da empresa, por meio de análise documental. A seguir realizou-se um estudo
comparativo entre as empresa onde determinaram-se as principais características do sistema de
medição das empresa. Em seguida propôs-se as diretrizes para o uso dos indicadores de
desempenho em empresas construtoras objetivo maior desta pesquisa, apoiado nos objetivos
secundários alcançados. Conclui-se que que as deficiências observadas nos sistemas de medição
das empresas diminuem sua capacidade competitiva, uma vez que as informações geradas não
conseguem enfatizar as verdadeiras lacunas de desempenho da empresa, bem como proporcionar
um estilo de gestão pró-ativo para as mudanças do mercado. Na verdade, o que se observou foi
um exercício de gestão centrado em controles que não necessariamente dão oportunidades de
melhoria para a empresa, mas apenas de reação às falhas ocorridas. Finaliza-se com a sugestão
de trabalhos futuros.
Palavras-chave: Medição de Desempenho, Indicadores de Desempenho, Diretrizes, Construção
Civil.
ABSTRACT
Given the business environment increasingly competitive, it is clear that companies are needing
speed to adapt to new competitive strategies. In construction it has been no different. Despite
increasing efforts among professionals and the academic community in organizational
management area, it was still not enough to consolidate the performance measurement practices.
The use of performance indicators is still not systematic in most construction companies. It also
notes the lack of appropriate measures associated with the company's strategies. Thus, this paper
aims to propose guidelines for the performance indicators used in construction companies. For
this, we carried out a literature review on performance measurement in the building, allowing to
identify the best practices and performance of the remaining knowledge gaps. After the
theoretical study, carried out the study of multiple case descriptive whose sources of evidence
were semi-structured interviews and documents provided by the company. The results of the
interviews were explored through a content analysis (CA) and were triangulated with the
company documents through document analysis. Next we carried out a comparative study of the
company which determined the main characteristics of the measurement of the enterprise system.
Then proposed to the guidelines for the use of performance indicators in most construction
companies aim of this research, supported by secondary objectives achieved. It is concluded that
the shortcomings observed in the measurement of business systems decrease their
competitiveness, since the information generated can not emphasize the real company
performance gaps as well as providing a proactive management style for changes Marketplace.
In fact, what we observed was an exercise in management focused on controls that do not
necessarily provide better opportunities for the company, but only in response to faults occurred.
It ends with the suggestion for future work.
Keywords: Performance Measurement, Performance Indicators, Guidelines, Civil
Construction.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Os sete critérios de performance .............................................................................. 22
Figura 2 - Delineamento da pesquisa ....................................................................................... 29
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Indicadores da Literatura ......................................................................................... 16
Tabela 2 - Entrevistados/Documentos por empresa ................................................................. 32
Tabela 3 - Exemplo de categorias, conceitos norteadores e codificação utilizados na AC ...... 36
Tabela 4 - Significado de desempenho (exemplo de resultado da análise de conteúdo).......... 36
Tabela 5 - Fatores Críticos de Sucesso para Empresa Alfa ...................................................... 40
Tabela 6 - Análise de Conteúdo para o Significado de Desempenho (Empresa Alfa) ............. 43
Tabela 7 - AC para os motivos da utilização dos indicadores pela Empresa Alfa ................... 44
Tabela 8 - Motivos para a Empresa Alfa possuir um SMD ..................................................... 45
Tabela 9 - Importância dos indicadores financeiros para Empresa Alfa .................................. 46
Tabela 10 - Importância das perspectivas da medição de desempenho para Empresa Alfa .... 47
Tabela 11 - Importância dos indicadores de desempenho para Empresa Alfa ......................... 49
Tabela 12 - Fatores Críticos de Sucesso para Empresa Tau ..................................................... 58
Tabela 13 - Significado de desempenho para os gestores da Empresa Tau ............................. 60
Tabela 14 - Resultado da AC motivos para a Empresa Tau possuir um SMD ........................ 61
Tabela 15 - Motivos para a Empresa Tau possuir um SMD (questionamento objetivo) ......... 61
Tabela 16 - Importância dos indicadores financeiros para os gestores da Empresa Tau ......... 62
Tabela 17 - Importância das perspectivas da medição de desempenho para Empresa Alfa .... 63
Tabela 18 - Importância dos indicadores de desempenho para Empresa Tau .......................... 64
Tabela 19 - Fatores Críticos de Sucesso para Empresa Beta .................................................... 77
Tabela 20 - Resultado da AC para os motivos para empresa Beta possuir um SMD .............. 79
Tabela 21 - Motivos para a Empresa Beta possuir um SMD ................................................... 79
Tabela 22 - Importância dos indicadores financeiros na Empresa Beta ................................... 80
Tabela 23 - Importância das perspectivas da medição de desempenho para Empresa Beta .... 80
Tabela 24 - Importância dos indicadores de desempenho para Empresa Beta ......................... 81
Tabela 25 - Fatores Críticos de Sucesso para Empresa Gama ................................................. 89
Tabela 26 - Resultado da AC para o significado de desempenho para Empresa Gama ........... 90
Tabela 27 - Resultado da AC para os motivos de possuir um SMD para Empresa Gama ....... 90
Tabela 28 - Motivos para a Empresa Gama possuir um SMD ................................................. 91
Tabela 29 – Importância dos indicadores financeiros para Empresa Gama ............................. 92
Tabela 30 - Importância das perspectivas da medição de desempenho para Empresa Gama .. 92
Tabela 31 - Importância dos indicadores de desempenho para Empresa Gama ...................... 93
Tabela 32 - Fator Crítico de Sucesso ...................................................................................... 103
Tabela 33 - Resultado da AC para o significado de desempenho .......................................... 104
Tabela 34 - Motivos para o uso de Indicadores de Desempenho (questionamento aberto) ... 105
Tabela 35 - Motivos para o uso de Indicadores de Desempenho (questionamento fechado) 105
Tabela 36 - Importância dos indicadores financeiros ............................................................. 106
Tabela 37 - Importância e utilização das perspectivas de um SMD ....................................... 106
Tabela 38 – Análise dos indicadores da literatura pelas empresas ......................................... 108
Tabela 39 - Consolidação de indicadores de desempenho das empresas ............................... 109
Tabela 40 - Fator Crítico de Sucesso(FCS) versus número de indicadores/empresa ............. 111
Tabela 41 - Indicadores de desempenho das empresas .......................................................... 138
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Pontos fortes e fracos das principais estruturas de medição de desempenho......... 26
Quadro 2 - Estrutura do Roteiro de Entrevista ......................................................................... 30
Quadro 3 - Exemplo de resultado da pré-análise realizada para a Q13 da Empresa Alfa ........ 34
Quadro 4 - Exemplo da exploração do material e tratamento dos resultados (Q13) ................ 35
Quadro 5 - Significado de desempenho para os gestores da Empresa Alfa ............................. 42
Quadro 6 – Motivações para o uso de indicadores para os gestores da Empresa Alfa ............ 43
Quadro 7 - Importância dos indicadores financeiros para os gestores da Empresa Alfa ......... 45
Quadro 8 - Uso de indicadores financeiros para a tomada de decisão para Empresa Alfa ...... 47
Quadro 9 - Indicadores de Desempenho da Empresa Alfa (abrangência: toda empresa) ........ 50
Quadro 10 - Indicadores de Desempenho da Empresa Alfa (abrangência: matriz) ................. 50
Quadro 11 - Indicadores de Desempenho da Empresa Alfa (abrangência: obra) .................... 51
Quadro 12 - Fonte de seleção dos indicadores da Empresa Alfa ............................................. 51
Quadro 13 - Significado de desempenho para os gestores da Empresa Tau ............................ 59
Quadro 14 - Motivos para o uso dos indicadores para Empresa Tau (questionamento aberto)60
Quadro 15 - Uso de indicadores financeiros para a tomada de decisão para Empresa Tau ..... 62
Quadro 16 - Indicadores da Empresa Tau (Perspectiva Financeira) ........................................ 65
Quadro 17 - Indicadores da Empresa Tau (Perspectiva Clientes) ............................................ 65
Quadro 18 - Indicadores da Empresa Tau (Perspectiva de Aprendizado e crescimento)......... 66
Quadro 19 - Indicadores da Empresa Tau (Perspectiva Processos Internos) ........................... 67
Quadro 20 - Fonte de seleção dos indicadores da Empresa Tau .............................................. 69
Quadro 21 – Recorte do significado de desempenho para os gestores da Empresa Beta......... 78
Quadro 22 - Motivos para o uso da Medição de Desempenho para a Empresa Beta ............... 78
Quadro 23 - Indicadores de Desempenho da Empresa Beta .................................................... 82
Quadro 24 - Indicadores de Desempenho de Pessoas Empresa Beta ....................................... 83
Quadro 25 - Fonte de seleção dos indicadores da Empresa Beta ............................................. 83
Quadro 26 - Significado de desempenho para os gestores da Empresa Gama ......................... 89
Quadro 27 - Indicadores de Desempenho da Empresa Gama .................................................. 94
Quadro 28 - Fonte de seleção dos indicadores da Empresa Gama ........................................... 97
Quadro 29 - Principais características das empresas estudadas ............................................. 102
Quadro 30 - Classificação dos indicadores consolidados na perspectiva do BSC ................. 110
Quadro 31 - Principais características da seleção e definição dos indicadores ...................... 111
Quadro 32 - Principais características da coleta e processamento dos indicadores ............... 113
Quadro 33 - Principais características da etapa de gerenciamento da informação ................. 114
Quadro 34 - Principais características da etapa de avaliação e premiação ............................. 115
Quadro 35 - Principais características da etapa de revisão sistemática .................................. 116
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
AC - Análise de Conteúdo
AHP - Analytic Hierarchy Process
ASG - Análise de Sistema Gerencial
BIM - Building Information Modeling
BSC - Balanced Scorecard
DAC - Departamento de Apoio ao Cliente
EFQM - European Foundation for Quality Management
ERP - Enterprise Resource Planning
FCNA - Índice de Fornecedores Com Notas Aumentadas
FCNR - Índice de Fornecedores Com Notas Reduzidas
FCS - Fatores Críticos de Sucesso
FNQ - Fundação Nacional da Qualidade
FPNQ - Fundação Prêmio Nacional da Qualidade
GRI - Global Reporting Initiative
IAP - Índice de Acurácia do Planejamento
IDC - Índice de Desvio de Custo
IDE - Índice de Desvio de Efetivo
IDP - Índice de Desvio de Pacotes
IJV - International Joint Venture
INCC - Índice Nacional da Construção Civil
IRC - Índice de Resíduos da Construção
IRR - Índice de Remoção de Restrição
ISO - International Organization for Standardization
LEED - Leadership in Energy and Environmental Design
LNTD - Levantamento das Necessidades de treinamento e desenvolvimento
MEG - Modelo de Excelência da Gestão®
MIS - Management Information Systems
NC - Não Conformidade
PBQP-H - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Habitação
PDCA - (do inglês Plan, Do, Check Action – planejar, fazer, checar e agir)
PEFE - Perfomance Financeira dos Empreendimentos
PMS - Performance Measurement System
PP - Performance Prism
PPC - Percentual de Pacotes Concluídos
PRCA - Pedidos recebidos com atraso
QVT - qualidade de vida no trabalho
RD - Representante da Diretoria
RH - Recursos Humanos
RI - Registro de Incorporação
SAC - Setor Atendimento ao Cliente
SGQT - Sistema Gestão da Qualidade Total
SMD - Sistema de Medição de Desempenho
TI - Tecnologia da Informação
VGV - Volume Global de Vendas
VSO – Velocidade Sobre Oferta
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4 1.1 Contextualização e justificativa ...................................................................................... 4
1.2 Problema e Questão de Pesquisa .................................................................................... 8
1.3 Objetivos geral e específicos .......................................................................................... 9
1.4 Delimitação do estudo .................................................................................................... 9
1.5 Estrutura da Dissertação ................................................................................................. 9
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 11 2.1 Indicadores de desempenho na construção civil ........................................................... 11
2.2 Medição de Desempenho .............................................................................................. 18
2.2.1 Balanced Scorecard ...................................................................................................... 20
2.2.2 Análise de Sistemas Gerenciais (ASG) ........................................................................ 22
2.2.3 Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) – Fundação Nacional da Qualidade .......... 24
2.2.4 Performance Prism ........................................................................................................ 25
2.2.5 Análise comparativa entre os modelos de medição analisados .................................... 26
3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 28 3.1 Enquadramento metodológico da pesquisa .................................................................. 28
3.2 Delineamento da pesquisa ............................................................................................ 29
3.2.1 1ª Etapa: Estudo Teórico .............................................................................................. 29
3.2.2 2ª Etapa: Estudo Campo - Estudo de caso 1, 2, 3 e 4 ................................................... 31
3.2.3 3ª Etapa: Proposição de diretriz e Fechamento do Estudo ........................................... 37
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 38 4.1 Estudos de Caso ............................................................................................................ 38
4.1.1 Empresa Alfa ................................................................................................................ 38
4.1.2 Empresa Tau ................................................................................................................. 57
4.1.3 Empresa Beta ................................................................................................................ 76
4.1.4 Empresa Gama .............................................................................................................. 88
4.2 Análise comparativa dos casos ................................................................................... 102
4.3 Diretrizes para o uso de Indicadores de Desempenho em Empresas Construtoras .... 118
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 120
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 122 APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA ............................................................... 127 APÊNDICE B – INDICADORES DAS EMPRESAS ....................................................... 138
4
1 INTRODUÇÃO
O presente capítulo apresenta o contexto e justificativa desta pesquisa, juntamente
com as lacunas do conhecimento e o problema identificado e que será objeto de estudo deste
trabalho.
1.1 Contextualização e justificativa
Nos últimos anos, algumas mudanças ocorreram no contexto industrial, a qual
tornaram a função produção uma importante fonte de vantagem competitiva para as empresas
(BARROS NETO, 1999). Ademais, tais estratégias de produção devem contribuir para uma
estratégia organizacional, que segundo Porter (1991), é uma força poderosa na determinação
dos resultados competitivos.
Este cenário também pode ser observado na indústria da construção. As empresas
de construção civil vêm buscando cada vez mais um aprimoramento de seus métodos
construtivos, por meio de uma gestão que possa minimizar seus custos e maximizar seus
resultados, ou seja, melhorarem suas estratégias de produção (COSTA; FORMOSO, 2011).
A cadeia da construção é complexa e extensa envolvendo fornecedores, clientes
internos e externos, subempreiteiros, projetistas, órgãos regulamentadores, dentre outros
(CARTY, 1995). Ainda para o autor, apesar desta imensa cadeia, pode-se pontuar que três
agentes se caracterizam como mais importantes: construtor/incorporador, projetistas e
empreiteiros.
A construção civil é conhecida por seu baixo desempenho em comparação com
outras indústrias (VRIJHOEF, 2011). Segundo Horstman e Witteveen (2013), as principais
razões para este baixo desempenho são: (i) a natureza complexa dos projetos de construção;
(ii) a existência de muitas disciplinas e partes interessadas; (iii) processos de gestão
fragmentados; e (iv) a singularidade inerente a cada projeto. Porém, pode-se observar
inciativas para mudar estas características, tais como a aplicação dos conceitos de qualidade,
novas filosofias de gestão e, especialmente, o uso de indicadores desempenho (COSTA;
FORMOSO, 2011).
Em um ambiente competitivo, as empresas precisam melhorar sua produtividade,
reduzir suas de perdas e fazer cada vez mais com menos recursos, ou seja, elevar seu
desempenho em nível operacional e/ou estratégico. É nesse contexto de evolução e
amadurecimento das empresas que se desenrola esta pesquisa. É na busca de uma gestão
eficaz na medição de desempenho que surgiu a motivação principal deste trabalho.
5
Por fim, pode-se destacar que ainda existem barreiras para implementação do
sistema de indicadores tanto de caráter estrutural, referente a deficiências no projeto do
sistema de indicadores e sua forma de implementação (NEELY et al., 1997), quanto barreiras
comportamentais, relacionadas às formas de pensar e agir dos gerentes, baseadas na intuição,
impulso e experiência ao tomar decisões (SINK; TUTTLE, 1993).
Pode-se observar que empresas e pesquisadores aumentaram seus esforços para
melhor compreender a realidade de seus indicadores de desempenho, fenômeno denominado
por Neely (1999) como Revolução da Medição de Desempenho, verificando-se a existência
de problemas nesta área e sua importância para a gestão dos negócios (BARTH, 2007). Entre
1994 e 1996, por exemplo, 3.615 artigos foram publicados sobre o tema medição de
desempenho(NEELY, 1999).
O que ocorre, na verdade, é que a medição de desempenho é praticada sem uma
consciência de sua importância para tomada de decisão. Embora os gestores contem com uma
extensa lista de indicadores, eles ainda não são capazes de inseri-los no processo decisório.
Os gestores também devem procurar cada vez mais se aprimorar em técnicas que
sejam capazes de fornecer informações mais precisas, e assim sair das decisões baseadas
apenas na experiência ou no feeling. Tais características também são comuns na indústria da
construção, o que torna o uso de indicadores de desempenho fundamental no alcance dos
objetivos organizacionais.
Segundo Lantelme (1994), é de suma importância a existência de indicadores que
permitam a avaliação do desempenho e possam servir como parâmetros de comparação entre
as diversas empresas que atuam no setor. Tal avaliação deve permitir o controle dos processos
críticos e identificar as possibilidades de melhoria contínua, além de permitir o
posicionamento da empresa, frente as concorrentes de seu setor. Uma empresa pode superar
seus rivais apenas se estabelecer uma diferença que se possa preservar (PORTER, 1996).
Porém, o setor da construção civil apresenta especificidades que dificultam o
estabelecimento destes diferenciais. Conciliar interesses conflitantes, em uma imensa cadeia
de produção, é um dos desafios a serem superados para o alcance dos objetivos estratégicos
(VAN HORENBEEK; PINTELON, 2014). Assim, estas características tornam o processo de
desenvolvimento de um sistema de indicadores uma tarefa complexa no âmbito da construção.
Embora o tema medição de desempenho seja explorado amplamente por
pesquisadores de todo o mundo, principalmente na literatura de gestão, existe uma lacuna no
campo do conhecimento aplicado à construção civil devido à incipiência de estudos de
6
medição de desempenho em empresas construtoras (CÂNDIDO; LIMA; BARROS NETO,
2016). Isso se torna mais evidente quando da análise das empresas construtoras cearenses,
lacuna do conhecimento explorada nesta pesquisa.
Diversas pesquisas foram desenvolvidas em relação ao uso de indicadores na
construção civil no Brasil, como podem ser encontradas nos trabalhos de Lantelme (1994),
Moreira (1996), Oliveira K. (1999), Oliveira M. (1999), Carmo (2003), Costa (2003),
Navarro (2005), Lima(2005), Barth (2007), Costa(2008), Lorezon (2008), Barbosa(2010),
Duarte(2011) e Cândido(2015)
Lantelme (1994) sugere um conjunto de indicadores que atenda os setores de
projeto (arquitetura, estrutura e instalações), suprimentos, assistência técnica, planejamento e
vendas, produção, recursos humanos e administração, baseado nos trabalhos desenvolvidos no
NORIE (Núcleo Orientado à Inovação da Edificação).
Já Moreira (1996) apresenta a experiência, o estágio à época e as razões da
implantação de indicadores de qualidade e produtividade na construção civil na cidade do Rio
de Janeiro. Foram propostos dois grupos de indicadores: indicadores de produtividade e
indicadores de qualidade. Os indicadores de produtividade abrangem os recursos humanos e
os recursos materiais, enquanto que os indicadores de qualidade atuam sobre o produto e os
serviços.
Oliveira K. (1999) propôs o desenvolvimento de um sistema de indicadores para o
planejamento e controle da produção em empresas construtoras, baseado nos conceitos e
princípios da construção enxuta. Já Oliveira M. (1999) apresentou uma metodologia para
seleção e obtenção de indicadores para tomada de decisões, segundo a percepção dos
principais intervenientes (construtores, projetistas e usuários), com enfoque na etapa de
concepção do processo construtivo de edificações habitacionais multifamiliares.
Carmo (2003) propôs uma estruturação de um sistema de indicadores de
desempenho, combinando perspectivas financeiras e não financeiras, sob a ótica do Programa
Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Construção do Habitat – PBQP-H. Sistema
baseado a priori na Fundação Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) e assentado em bases do
Balanced Scorecard (BSC).
Também em 2003, Costa (2003) propôs diretrizes para a concepção,
implementação e uso de sistemas de indicadores de desempenho, de modo a estabelecer
vínculos dos indicadores com os objetivos, ações estratégicas e os processos gerenciais em
7
empresas de construção civil. Este trabalho dá continuidade aos esforços do NORIE nos
estudos do campo do conhecimento iniciados por Lantelme (1994).
Lima (2005) propôs uma concepção e implementação de sistema de indicadores
de desempenho em empresas construtoras de empreendimentos habitacionais de baixa renda.
Um sistema de medição seguindo a linha dos trabalhos de Lantelme (1994) e Costa (2003),
porém com foco em empresas construtoras de empreendimentos de baixa renda.
Navarro (2005) propôs um de sistema de indicadores de desempenho para a
gestão da produção em empreendimentos de edificações residenciais para apoiar a tomada de
decisão, em seus diferentes níveis hierárquicos.
Barth (2007), propôs melhorias particularmente no processo de comunicação dos
resultados da medição de desempenho por meio de painéis de controle.
Costa (2008) avança na pesquisa utilizando-se da abordagem da medição de
desempenho e propôs diretrizes para realização de processos de benchmarking colaborativo
visando à implantação de melhorias nas empresas de construção.
Também em 2008, Lorenzon (2008) pesquisou quais mudanças ocorreram na
medição de desempenho de empresas que optaram por adotar a construção enxuta. Verificou
pouca mudança, sugerindo então um maior aprofundamento da medição de desempenho inserido
na construção enxuta.
Já em 2010, Barbosa (2010), verificou um desequilíbrio entre a teoria e a prática da
medição de desempenho na construção. Ainda segundo a autora, ou não se tem um sistema de
medição de desempenho formalizado ou a existência do sistema de medição de desempenho
graves deficiências. Já Duarte (2011), desenvolveu iniciativa semelhante à pesquisa de Costa
(2008) aplicada às empresas da região metropolitana de Recife.
Por fim, Cândido (2015) realizou um estudo seminal na construção civil cearense
tendo analisado as práticas de medição de três empresas cearenses. O autor verificou falhas
nos sistemas das empresas e sugeriu mais estudos que aprofundassem a questão e melhor
diagnosticasse a situação das práticas de medição na construção civil cearense, lacuna que o
presente trabalho pretende avançar e que justifica sua realização.
Ademais, Cândido, Lima e Barros Neto (2016), em ampla análise da literatura de
medição na construção, propuseram ainda que há a necessidade de estudos que se foquem em
aspectos mais operacionais da medição e que permitam melhorias para os sistemas de
medição das empresas de construção, outra lacuna que o presente trabalho avança.
Observou-se então, a partir dos trabalhos pesquisados que ainda existiam lacunas
do conhecimento a serem exploradas e que esta pesquisa poderia contribuir para melhoria da
8
gestão de empresas construtoras, em especial as empresas construtoras cearenses, por se
mostrarem incipientes na gestão de medição de desempenho.
Em nível internacional, também observaram-se muitos trabalhos (conforme
descritos a seguir) que reportam a necessidade de estudos mais detalhados sobre a medição de
desempenho na construção.
Bassione, Price e Hassan (2004) relataram que a medição de desempenho
estratégico na construção precisa ser mais explorada com mais trabalhos nessa área.
Nudurupati, Arshad e Turner (2007) apontaram a necessidade de um sistema de medição que
que explore os conceitos na indústria da construção verificando se eles estão implantados
corretamente. Yang et al.(2010) recomendou o desenvolvimento modelos de medição de
desempenho mais compreensivos.
Partindo-se da afirmativa de Neely et al. (1997), Sink e Tuttle (1993) e nas
lacunas do conhecimento mencionadas anteriormente, o presente trabalho busca, então,
propor diretrizes para o uso de indicadores de desempenho em empresas construtoras,
identificadas nas inconsistências e deficiências dessas empresas, sendo capaz de fornecer
subsídios ao gestor de empreendimentos de construção para o acompanhamento do
andamento de seus projetos, possibilitando tomadas de decisões em nível estratégico. Tal
lacuna observada na literatura em geral, também é observada na literatura da construção,
conforme Cândido (2015), reforçando a necessidade deste trabalho.
Estas diretrizes devem ser capazes de facilitar a identificação da necessidade de
mudanças no rumo do projeto, se assim for indicado, e que sirva de base de dados para novos
empreendimentos. Diretrizes que possibilite um sistema de gestão que trabalhe com
indicadores de desempenho estratégicos dos negócios, utilizando os indicadores operacionais
como reforço para fomentar a visão sistêmica que o gestor necessita para se tomar as decisões
estratégicas, conforme observam Barbosa e Carpinetti (2010).
1.2 Problema e Questão de Pesquisa
A motivação deste trabalho ocorreu em virtude de o autor buscar uma maior
excelência na gestão das empresas, identificando deficiências e oportunidades de melhoria no
sistema de gestão dos indicadores das empresas construtoras.
Considerando a evolução rápida da construção civil e uma necessidade de buscar
subsídios para auxiliar a gestão de empreendimentos, o problema desta pesquisa está
9
relacionado com a pouca utilização de sistemática de indicadores de desempenho pelas
empresas construtoras. Diante disto, formulou-se a seguinte questão de pesquisa:
Como as empresas construtoras podem melhor utilizar os indicadores de
desempenho?
1.3 Objetivos geral e específicos
Propor diretrizes para uso de indicadores de desempenho em empresas
construtoras.
Especificamente pretende-se:
a) identificar junto aos gestores os principais indicadores de desempenho para
empresas construtoras;
b) mapear o processo de utilização de indicadores de desempenho em empresas
construtoras;
c) analisar o uso de indicadores de desempenho em empresas construtoras;
d) propor melhorias para os processos das empresas estudadas;
1.4 Delimitação do estudo
Como fora mencionado por Carty (2005) sobre a complexidade e extensão da
cadeia de construção e como a medição de desempenho fornece informações de várias
naturezas e para vários interessados, a perspectiva do construtor/incorporador é o foco deste
trabalho.
1.5 Estrutura da Dissertação
O presente trabalho está subdividido em cinco capítulos, incluindo esta
introdução. No capítulo dois, é apresentado o referencial teórico sobre medição de
desempenho e indicadores de desempenho na construção civil. Tal capítulo visa o
estabelecimento da teoria que fundamenta a análise dos sistemas de medição das empresas do
estudo de caso (a ser realizado no capítulo cinco).
O capítulo três apresenta a metodologia aplicada no estudo. Inicialmente realiza-
se o enquadramento metodológico, que expõe a teoria que sustenta as escolhas metodológicas,
e o delineamento, que expõe cada passo realizado na pesquisa.
O capítulo quatro apresenta os resultados e as discussões. Primeiramente, realiza-
se a análise dos estudos de caso individualmente para as quatro empresas participantes,
momento em que se mapeia, se analisa e se propõem melhorias aos sistemas já implantados,
10
correspondendo aos objetivos específicos c) e d). Em seguida, estes resultados são
comparados e diretrizes para o uso de indicadores de desempenho são propostos – objetivo
último deste trabalho.
Por fim, no capítulo cinco, apresentam-se as considerações finais – compostas
pelas conclusões e recomendações de trabalhos futuros, seguido das referências bibliográficas
e dos apêndices do trabalho.
11
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico deste trabalho se concentrou na análise da teoria sobre os
indicadores de desempenho na construção civil, ao mesmo tempo que procurou também fazer
uma abordagem geral sobre o tema indicadores de desempenho.
Em seguida explorou-se na literatura o sistema de gestão desses indicadores de
desempenho – dando suporte à proposição das diretrizes para o uso dos indicadores de
desempenho em empresas construtoras.
Por fim foi explorada na literatura a teoria sobre medição de desempenho em
geral, ou seja, não apenas no setor da construção civil. Tal referencial permitiu analisar um
panorama do campo do conhecimento e verificar a sua evolução – isto foi necessário para a
compreensão do papel da medição de desempenho no contexto da gestão das empresas.
2.1 Indicadores de desempenho na construção civil
Verificou-se nas três últimas décadas uma crescente inovação em métodos e
técnicas visando o aprimoramento do desempenho. Partindo da indústria de manufatura, esse
novo chega à indústria da construção civil por meio de novas filosofias como o just in time,
produção/construção enxuta, entre outras (BARBOSA; CESAR; CARPINETTI, 2010).
A entrada dessas novas filosofias provocou a otimização do desempenho
organizacional, tanto interno quanto externo, acarretando um rearranjo dos sistemas de
medição de desempenho (KAGIOUGLOU et al., 2001).
A medição de desempenho se tornou ao longo desses anos de estudo, objeto de
atenção e de pesquisa por parte das empresas. O rearranjo citado anteriormente, diz respeito
praticamente, na complementação dos indicadores financeiros pelos indicadores operacionais
(BARBOSA; CESAR; CARPINETTI, 2010)
Tradicionalmente, os indicadores de desempenho nas organizações são
principalmente sobre os aspectos financeiros, Apesar de muitos estudos mostrarem que estes
aspectos não são suficientes, uma vez que não estimulam melhoria contínua e inovação.
Neste sentido, Kaplan e Norton (1992) abordam a necessidade de uma mistura de
indicadores financeiros e operacionais. Posteriormente, Kaplan e Norton (1993 apud Barbosa,
Cesar e Carpinetti, 2010) vêm afirmar que os administradores não devem ficar restritos em
escolher as medidas financeiras e medidas operacionais, é importante que se busquem
conseguir o equilíbrio entres elas.
12
Souza et al. (1994) definem indicadores de desempenho como expressões
quantitativas que representam uma informação gerada baseado da medição e avaliação de
estrutura de produção, dos processos e produtos resultantes. Destarte, Lima (2005) afirma que
os indicadores são instrumentos de apoio à tomada de decisão.
Neely (1999) aponta que em função do aumento da competição e das estratégias
competitivas, muitas empresas começaram a desviar o foco em termos de competição de
custos para o foco de estabelecer estratégias competitivas por meio da flexibilização,
diferenciação e inovação.
Essas mudanças tiveram reflexo nos sistemas de indicadores de desempenho, pois
tais empresas começaram a sentir a necessidade de introduzir medidas quantitativas e
qualitativas que pudessem avaliar os seus desempenhos relativos a essas novas dimensões
competitivas (COSTA, 2003), o que tornou mais complexo o processo de medição de
desempenho, requerido a evolução dos modelos de medição para modelos mais generalizados.
Segundo Cox, Issa e Ahrens (2003), modelos generalizados existem para
implementar e monitorar as atividades de construção, mas eles não conseguem identificar
quais indicadores vão retratar com precisão as mudanças no desempenho.
Em vez de reportar e divulgar cada pedaço de informação recolhida no trabalho,
um método mais simplificado deve ser utilizado para recolher somente os dados que prevê
diretamente o desempenho para a tarefa a ser medido (COX; ISSA; AHRENS, 2003).
O ponto de partida destes modelos é, portanto, o indicador – foco principal desta
pesquisa. Assim, aprofundou-se o debate sobre indicadores de desempenho na literatura de
construção. Foram identificados dezessete trabalhos com propostas de indicadores, os quais
são discutidos a seguir de forma cronológica.
Cox, Issa e Ahrens (2003) propõe a construção de um framework equilibrado para
medir o desempenho das cadeias de abastecimento nas construções de casas. O objetivo do
estudo foi desenvolver um quadro para medir este desempenho.
O quadro não é um padrão, mas pode servir como um ponto de partida para uma
empresa de construção. A partir deste ponto de partida, os ajustes podem ser feitos – afinar os
processos para a situação particular da empresa – e traduzir a estratégias próprias e objetivos
da empresa em indicadores de desempenho únicos (COX; ISSA; AHRENS, 2003). Ainda
segundo os autores, quando os indicadores de desempenho são selecionados, é possível
definir algumas metas para melhoria contínua.
13
Chan e Chan (2004) desenvolveu uma estrutura para medir o sucesso de projetos
de construção, por meio de um conjunto de indicadores-chave de desempenho (KPIs)
mixando indicadores de natureza quantitativa e qualitativa a partir da literatura.
Os autores discorrem que o sucesso do projeto significa coisas diferentes para
pessoas diferentes. Cada indústria, equipe de projeto ou indivíduo tem sua própria definição
de sucesso. Enquanto alguns autores consideram o tempo, custo e qualidade como critérios
predominantes, outros sugerem que o sucesso é algo mais complexo (CHAN; CHAN, 2004).
Observou-se neste trabalho uma acentuada evolução no estudo dos indicadores de
desempenho, corroborando com o fenômeno da revolução de desempenho expressado por
Neely (1999).
Seguindo a cronologia, Georgy, Chang e Zhang (2005) desenvolveram um
framework para medição de desempenho da fase de projeto para construção, por meio da análise
hierárquica (AHP, Analytic Hierarchy Process) combinado com um modelo de priorização. Os
autores propuseram uma função para avaliar o desempenho do processo de projeto baseados em
dez indicadores.
Os autores propõem ainda que um sistema de controle de projeto eficiente requer
um instrumento para medir e avaliar o desempenho de engenharia entre os diferentes projetos.
E mais, os autores apontam que o desempenho pode ser monitorado, fatores de projeto que
afetam negativamente pode ser detectado, e as ações corretivas para melhorá-lo poderiam ser
tomadas. No entanto, avaliar o desempenho da engenharia em um projeto de construção
continua a ser uma grande questão (GEORGY; CHANG; ZHANG, 2005).
El-Mashaleh, Minchin Jr e O’brien (2007) analisaram as medidas de desempenho
e métricas utilizadas tradicionalmente na indústria da construção e os modelos de
benchmarking desenvolvidos até à época desta publicação. No entanto, a análise comparativa
rigorosa na indústria da construção continua a ser um campo embrionário (EL-MASHALEH;
MINCHIN JR; O’BRIEN, 2007). Os autores concluíram que
[...] Os modelos utilizam as métricas relevantes para a indústria mais frequentemente
identificadas na literatura como medidas críticas da eficiência global de uma
empresa de construção. [...] Assim, os modelos podem ser usados para alertar os
gestores da ineficiência de áreas dentro da empresa que requerem atenção imediata,
para empresa atingir um elevado nível de eficiência global e ter sucesso a longo
prazo em um ambiente da indústria volátil e cada vez mais competitivo (EL-
MASHALEH; MINCHIN JR; O’BRIEN, 2007, tradução nossa)
Nudurupati, Arshad e Turner (2007) mostrou, por meio de uma pesquisa-ação,
que, ao introduzir pequenas mudanças na indústria da construção através de um sistema de
14
medição de desempenho estruturado com os sistemas de informação de gestão apropriados,
existem melhorias significativas, como enfrentar com êxito todos os requisitos das partes
interessadas, com foco em áreas de melhoria críticas bem como trazer mudanças culturais
(gestão pró-ativa e tomada de decisão) (NUDURUPATI; ARSHAD; TURNER, 2007).
Yu et al. (2007) desenvolveram um modelo de implementação e metodologia
prática para medir e comparar o desempenho das empresas de construção. A medição de
desempenho é usado como uma ferramenta de negócios para avaliar o desempenho de gestão,
gestão de recursos humanos, e na formulação de estratégia corporativa. Destarte, como
contribuição desta pesquisa, a mais significativa foi o desenvolvimento de um framework
prático e uma metodologia para avaliar o desempenho da empresa.
Avançando na cronologia do estudo dos indicadores de desempenho na
construção civil, Luu et al. (2008) utilizou o Balanced Scorecard (BSC) com a matriz
(SWOT1) para descrever e avaliar o desempenho estratégico de grandes empreiteiros no
Vietnã, tendo em vista que os autores apontam a falta de um método eficaz para medir o
desempenho e identificar os pontos fracos e ameaças nas empresa deste país.
Países em desenvolvimento, empresas de construção parece colocar menos
esforços em gestão estratégica, devido à falta de instrumentos eficazes e desconhecimento de
medidas estratégicas (LUU et al., 2008).
Haponava e Al-Jibouri (2009) contribuem com um trabalho sobre a identificação
de indicadores-chave de desempenho para uso no controle de processo de fase de pré-
construção2.
A necessidade de medir o desempenho do projeto de construção tem levado ao
desenvolvimento e implementação de vários indicadores-chave de desempenho (KPIs)
(HAPONAVA; AL-JIBOURI, 2009). Assim, a pesquisa apresentou um mapeamento do
processo de pré-construção e por meio de uma revisão da literatura validaram seu modelo
definindo cinco KPIs baseados em processo: (i) gerenciamento dos requisitos dos clientes; (ii)
soluções de projeto; (iii) envolvimento dos stakeholders; (iv) alinhamento dos requisitos dos
stakeholders; e (v) definição de problema.
1 SWOT - Strengths-weaknesses-opportunities-threats (Forças-fraquezas-oportunidades-ameaças)
2 Cândido (2015) envolve desde processos iniciais de identificação de oportunidade para um empreendimento,
passando pela fase de concepção e viabilidade, até a aprovação do produto na qual se dá o início a fase de
lançamento e projetos executivos, dentre outros.
15
Até aqui, percebe-se que os trabalham alcançaram um aprofundamento intenso na
busca da melhoria contínua das empresas de construção, por meio da identificação do uso
adequado dos indicadores de desempenho.
Dando continuidade à análise cronológica, Skibniewski e Ghosh (2009)
exploraram a determinação dos indicadores-chave de desempenho sob o contexto de uso de
um sistema ERP3 (planejamento de recursos empresariais), observando que não há uma
integração consistente entre os Sistemas ERP mais usados e os indicadores.
Horta, Camanho e Costa (2010) investigaram a relação entre um conjunto de
indicadores operacionais com um conjunto de indicadores estratégicos, a partir dos dados
disponíveis de um clube de benchmarking Português. Tal análise diferencia-se por propor
uma fronteira de eficiência para o desempenho das empresas do setor, que passa a ser o limite
inferior de desempenho.
Costa e Formoso (2011) analisaram os fatores-chave de sucesso para sistemas de
indicadores de desempenho para benchmarking colaborativo entre empresas construtoras. Tal
trabalho é uma das principais referências nacionais no campo de medição de desempenho.
Ademais, esta pesquisa ainda apresentou a definição de um conjunto de indicadores para
benchmarking, uma estrutura para a avaliação do grau de maturidade dos sistemas de
indicadores das empresas construtoras participantes, assim como a identificação das melhorias
e mudanças implementadas nos sistemas de indicadores pelas empresas devido ao processo
colaborativo.
Lin et al. (2011) identificaram indicadores de desempenho para medir o
desempenho de estudos de gestão do valor em construção, abordagem seminal. A gestão de
valor é amplamente considerada como uma ferramenta útil à gestão para enfrentar os
desafios, como recursos limitados e cronogramas apertados que surgem na indústria da
construção (LIN et al., 2011). Assim, foram identificados indicadores para fase de
desenvolvimento de produtos.
Ozorhon et al. (2011) pesquisou sobre como alcançar uma medida de desempenho
multidimensional para joint ventures4 internacionais entre empresas de construção composto
3 Sistemas ERP - Enterprise Resource Planning System é um sistema de gestão empresarial integrado que
gerencia as informações relativas aos processos operacionais, administrativos e gerenciais das empresas
(SKIBNIEWSKI; GHOSH, 2009) 4 Joint Ventures - refere-se a um tipo de aliança estratégica em que duas entidades de países diferentes se juntam,
por um tempo limitado, para tirar proveito de competências distintas e complementaridades sem que cada uma
delas perca a identidade própria (ÖZORHON, 2007).
16
de quatro componentes: (1) desempenho do projeto; (2) desempenho da gestão do IJV
(International Joint Venture); (3) desempenho dos parceiros; (4) satisfação com a IJV.
Halman e Voordijk (2012) por sua vez, concentraram-se em medir o desempenho
da cadeia de suprimentos e propuseram uma extensa lista de indicadores (35). Heravi e Ilbeigi
(2012) desenvolveram um modelo quantitativo abrangente para a avaliar o sucesso do projeto
de construção, do ponto de vista de uma empresa contratante.
Já Jin et al. (2013), seguindo a mesma linha de Ozorhon et al. (2011),
investigaram o desempenho no contexto de internacionalização das empresas de construção.
Jin et al. (2013) propuseram um modelo baseado no BSC acrescentando às suas dimensões
básicas o desempenho de mercado e stakeholders para então obter o desempenho geral da
organização.
Percebe-se em um segundo momento que o foco das publicações mudam para
uma análise externa às empresas, ou seja, sua relação com os demais intervenientes da cadeia
produtiva. Tal mudança de foco, também é observada por Neely et al. (1997) e que vem
introduzindo novos indicadores aos sistemas das empresas.
Por fim Yeung et al. (2013) formularam um modelo de benchmarking para avaliar
o sucesso do projeto de construção em Hong Kong.
Os trabalhos debatidos nesta análise cronológica serviram de base para determinação
dos principais indicadores de desempenho na construção, conforme apresenta a Tabela 1.
Tabela 1 - Indicadores da Literatura
Indicador/ Autor A B C D E F G H I J K L M N O P Q Tot
al
Desempenho de custo x X x x x x x x x x x x x 13
Agenda / Desempenho de tempo x X x x x x x x x x x x x 13
Desempenho da segurança / Taxa
de acidentes x X x x x x x x x x x 11
Desempenho de qualidade x X x x x x x x x x 10
Lucro / Rentabilidade x x x x x x x x x x x x 12
Satisfação do cliente X x x x x x x x x x x x x x x 15
Desempenho da produtividade
(medida líder) x x x x x x x x x x x x 12
Desempenho ambiental X x x 3
Satisfação do usuário final (em
serviços ou em produtos ou
projetos)
X x x x x x x 7
Funcionalidade X x 2
Satisfação da equipe de projeto
(medida líder) X x x x x 5
Extensão e camada de
subcontratação x 1
Eficácia do gerenciamento de
risco (medida líder) X x x x x 5
Eficácia do planeamento (medida X x x x x 5
17
Tabela 1 - Indicadores da Literatura
Indicador/ Autor A B C D E F G H I J K L M N O P Q Tot
al
líder)
Prestação de cursos de formação
(medida líder) x x x x 4
Eficácia do gerenciamento de
materiais e gestão de recursos
(medida líder)
x X x x x x 6
Estabelecimento da imagem
profissional x x x x x x 6
Inovação e melhoria x x x x 4
Evitar reivindicação 0
Eficácia da comunicação
(medida líder) X x x x x x 6
Despesas de gerenciamento de
projetos x 1
Desempenho de fornecedores
(medida líder) x x x x x x x 7
Mudança de gestão 0
Relações de trabalho
harmoniosas x x x x x 5
Relacionamento comercial de
longo prazo x x x 3
Apoio à gestão de topo X x x 3
Atitude do empregado x x x 3
Compreensão das necessidades
dos clientes x x x 3
Total 8 14 6 5 6 9 14 8 9 11 8 9 12 10 8 10 18 165
Fonte: do autor
Legenda: A) Cox, Issa e Ahrens (2003), B) Chan e Chan (2004), C) Georgy, Chang e Zhang (2005), D) El-
Mashaleh, Minchin Jr e O’Brien (2007), E) Nudurupati, Arshad e Turner (2007), F) Yu et al. (2007), G) Luu et
al.,(2008), H) Haponava, Al-Jibouri (2009), I) Skibniewski e Ghosh (2009), J) Horta, Camanho e Costa (2010),
K) Costa e Formoso (2011), L) Lin et al. (2011), M) Ozorhon et al. (2011), N) Halman e Voordijk (2012), O)
Heravi e Ilbeigi (2012), P) Jin et al.(2013) e Q) Yeung et al. (2013).
Merece relevo o baixo número de trabalhos com indicadores relacionados a
construção verde, apenas três, apesar do crescente apelo dado ao tema em todas as indústrias
por uma construção mais sustentável, cujo viés ecológico é o mais enfatizado. Observa-se,
também, que apenas dois trabalhos não possuem indicador de Satisfação do Cliente,
evidenciando o foco no cliente como o cerne das ações das empresas construtoras.
Ademais, buscou-se identificar os principais indicadores de desempenho na
literatura de construção os quais são apresentados. Foram observados 28 tipos de indicadores,
dentre os quais se destacam pela sua frequência de ocorrências nos trabalhos analisados: (i)
Satisfação do cliente, (ii) Desempenho de custo, (iii) Agenda / Desempenho de tempo, (iv)
Lucro / Rentabilidade, (v) Desempenho da produtividade, (vi) Desempenho da segurança /
Taxa de acidentes, (vii) Desempenho de qualidade, (viii) Satisfação do usuário final (em
serviços ou em produtos ou projetos), (ix) Desempenho de fornecedores, (x) Eficácia do
18
gerenciamento de materiais e gestão de recursos, (xi) Estabelecimento da imagem
profissional, (xii) Eficácia da comunicação, (xiii) Satisfação da equipe de projeto, (xiv)
Eficácia do gerenciamento de risco, (xv) Eficácia do planeamento, (xvi) Relações de trabalho
harmoniosas.
Em relação às dimensões de desempenho, analisando os indicadores sob as
perspectivas do BSC verifica-se que a grande maioria dos indicadores relaciona-se aos
Processos Internos (quinze indicadores, ou 53,57%). As medidas relacionadas aos clientes
aparecem em segundo lugar em sua frequência de menção com nove incursões (ou 32,14%
dos indicadores). Por fim, tanto a perspectiva Financeira como a de Aprendizagem e
Crescimento continham dois indicadores cada (ou 7,14%).
Estes indicadores correspondem a 80% das menções em uma análise de Pareto e
serão utilizados no estudo de campo para inquirir os gestores sobre a importância destes e a
sua utilização pela empresa estudada.
2.2 Medição de Desempenho
A medição de desempenho é um conjunto de processos (o que medir, como
processar e como avaliar) que visa verificar o nível de performance de uma organização a
partir da estratégia definida no planejamento de longo prazo (SINK; TUTTLE, 1993).
Por muito tempo a medição de desempenho foi encarada como um processo
estático com o objetivo de gerar indicadores de resultado sobre produtos ou serviços
fornecidos, principalmente em termos de desempenho de custos, baseados em sistemas de
orçamentação tradicionais ou de custos baseados em atividades (activity-based cost)
(FRANCO-SANTOS et al., 2012).
Estes indicadores, classificados como de resultado, indicam o desempenho de um
processo já finalizado, não oferecendo oportunidade de mudança durante a execução do
processo. Uma vez que uma atividade é finalizada, nada pode ser feito em relação ao seu
desempenho, servindo apenas para mudar um processo futuro. Um exemplo deste tipo de
indicador é o custo total (BEATHAM et al., 2004).
Costa et al. (2005), relatou que as principais deficiências da medição de
desempenho diz respeito ao fato dos indicadores utilizados nas organizações são raramente
integrados ou alinhados com o processo de negócio. Continuam os autores que na maioria das
vezes, os indicadores não são separados em função dos objetivos estratégicos e fatores críticos
da empresa, desta forma, dificultando a inserção nos processos gerenciais da organização.
19
Essa deficiência dos indicadores de resultado acabou gerando uma insatisfação
das empresas que demandavam informações que lhes permitissem agir ainda durante a
execução do processo promovendo um estilo de gestão proativo (NUDURUPATI et al., 2011;
HORSTMAN; WITTEVEEN, 2013). Esta definição está de acordo com a proposta da
presente pesquisa que tem por objetivo proporcionar um sistema de gestão interativo que
permita a tomada de decisão em tempo real.
Entendendo-se que o processo de medição de desempenho é indissociável do
processo de gestão, indicadores de processo são fundamentais paras empresas (BASSIONI et
al., 2004). Enquanto que a gestão de desempenho trata-se de aplicar um esforço para melhorar
as ações e procedimentos de trabalho na busca de atingir os objetivos do projeto, medir o
desempenho trata-se de aferir a efetividade desse esforço desprendido (LEBAS, 1995).
Dito de outra forma, as medidas de desempenho dão suporte à gestão de
desempenho em um processo ao longo do tempo. Além disso, na visão de Lebas (1995), o
desempenho diz respeito ao futuro, são níveis cuja empresa tem por meta alcançar. Assim, a
medição de ações presentes fomenta a gestão na busca destes níveis futuros, que no fundo
deve ser o foco da medição.
Portanto, a medição de desempenho tem por função dá suporte à gestão,
proporcionando oportunidades de intervenção proativas frente aos desafios encontrados
durante a execução do projeto. Estas intervenções só são possíveis se os gestores tiverem
acesso aos indicadores de processo (BEATHAM et al., 2004).
Um exemplo desse tipo de indicador é o índice de absenteísmo dos operários.
Quando este indicador atinge níveis elevados o gestor pode relacioná-lo a diferentes razões
como, por exemplo, más condições de trabalho, falta de liderança, baixo reconhecimento,
remunerações defasadas, dentre outros.
Destarte, ainda durante a execução do projeto, medidas que melhorem a causa do
absenteísmo podem ser tomadas, impedindo que o problema se perpetue em todo projeto
causando baixa qualidade e perda da produtividade global planejada (BEATHAM et al.,
2004).
Outras classificações para os indicadores também são encontradas na literatura,
tais como indicadores quantitativos ou qualitativos, objetivos e subjetivos, financeiro e não
financeiros (COX; ISSA; AHRENS, 2003).
Bititci et al. (1997) afirma que as medidas de desempenho devem integrar
diferentes sistemas deixando de ser uma avaliação estática de um processo individual para
20
uma avaliação dinâmica do desempenho global que envolva e integre os diferentes setores da
organização em diferentes níveis hierárquicos a partir do nível estratégico.
Diante do exposto, pode-se afirmar que a medição de desempenho é
imprescindível para a tomada das decisões estratégicas para condução dos projetos à plenitude
de seus objetivos. Ao incorporar no escopo dos sistemas de medição, indicadores de processo,
torna-se uma realidade a possibilidade de identificação de áreas problemáticas e por que estas
áreas são problemáticas, oferendo oportunidade de mudança e melhoria contínua.
Por fim, verificou-se que a conscientização da importância do sistema de
indicador tem conduzido as empresas a aplicarem diferentes estruturas de medição baseados
em modelos como os apresentados a seguir (BSC, ASG, MEG-FNQ, Performance Prism).
Dentre os modelos de medição encontrados na literatura foram analisados:
Balanced Scorecard; Análise de Sistemas Gerenciais; Modelo de Excelência da Gestão®
(MEG) – Fundação Nacional da Qualidade; e Performance Prism. Estes foram analisados de
forma a fomentar o conhecimento sobre sistemáticas de medição de desempenho e seu
funcionamento, conhecimento que embasará a proposta desta pesquisa. A seguir, as principais
características de cada um deles são apresentadas de forma sucinta.
Analisou-se o BSC por se tratar do modelo mais tradicional e utilizado na
medição de desempenho. O método para desenvolvimento de sistemas de indicadores
desenvolvido por Sink e Tuttle (1993) também foi analisado por ser um método baseado na
análise de sistemas gerenciais. O Performance Prism é referenciado por se tratar do modelo
gerencial de indicadores mais recente no cenário internacional – início dos anos 2000.
Observou-se também o MEG por se tratar de um modelo nacional.
2.2.1 Balanced Scorecard (BSC)
O BSC visa proporcionar aos altos gestores uma visão rápida, porém abrangente,
do negócio por meio de um conjunto de medidas de desempenho que buscam relacionar
aspectos qualitativos a resultados financeiros a partir da integração de quatro perspectivas de
desempenho: finanças, clientes, processos internos e inovação e aprendizado (KAPLAN;
NORTON, 1992).
Kaplan e Norton (1992) apontam que o BSC deve apresentar um conjunto
equilibrado de medidas financeiras e não financeiras. Essas medidas vinculadas as quatro
perspectivas de desempenho.
21
A perspectiva financeira deve estabelecer os objetivos financeiros de longo prazo
da empresa e servir de foco para os objetivos e as medidas das outras perspectivas.
A perspectiva dos clientes verifica o suporte da empresa em dispor produtos e
serviços que atendam a necessidade do cliente, ou seja, identificar os segmentos de clientes e
do mercado em que a empresa deseja atuar.
A perspectiva dos processos internos busca identificar quais são os processos
internos críticos nos quais a empresa almeja a excelência. Kaplan e Norton (1997)
recomendam que seja elaborada uma cadeia de valor dos processos internos, identificando-se
as necessidades de melhoria, desenvolvendo um processo de inovações, seguido dos
processos de operações através da entrega de produtos e serviços aos clientes, concluindo com
o serviço de pós-venda.
E por fim, a perspectiva de aprendizagem e crescimento foca o desenvolvimento
de objetivos e medidas orientadas para o aprendizado e o crescimento organizacional a longo
prazo. Nessa perspectiva analisam-se a motivação e a capacitação dos recursos humanos, a
qualidade dos sistemas de informação, as tecnologias e as capacidade para mudança e
inovação.
Criada inicialmente como uma ferramenta para medição de desempenho, o BSC
hoje funciona como uma ferramenta de gestão estratégica (KAPLAN; NORTON, 1996)
sustentando processos gerenciais críticos para o sucesso de uma empresa que, segundo seus
autores, são: (i) esclarecer e traduzir a visão e a estratégia; (ii) comunicar e associar objetivos
e medidas estratégicas; (iii) planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas e; (iv)
melhorar o feedback e o aprendizado estratégico.
Porém, críticos identificaram erros desta abordagem, como por exemplo a não
fazer quantificação das relações de causa e efeito e não expressa o interesse de todos os
stakeholders (KAGIOGLOU; COOPER; AQUAD, 2001; STRITESKA; SPICKOVA, 2012).
As relações de causa e efeito do BSC sugerem que o aprendizado e crescimento da empresa
sustenta a excelência de seus processos internos que por sua vez geram satisfação e foco no
cliente o que impacta positivamente no desempenho financeiro (KAPLAN; NORTON, 1996).
Além disso, Kagioglou, Cooper e Aquad (2001) argumentam que o setor de
construção opera com um grande número de colaboradores e fornecedores, sendo necessário
considerar perspectivas adicionais àquelas básicas do modelo como projetos e fornecedores,
constituindo-se oportunidades de aprimoramento do BSC na construção.
22
2.2.2 Análise de Sistemas Gerenciais (ASG)
Para o gerenciamento de uma organização é necessário que se determine quem
gerencia, o que é gerenciado e o que é usado para gerenciar. Quem gerencia é responsável por
tomar as decisões, implantar as ações sobre o que é gerenciado, para então, a partir destas
ações, realizar a medição. Através de um instrumento de gestão, como por exemplo, um
sistema de gestão de indicadores, as informações são representadas as quais são avaliadas e
percebidas pelos gestores que tem a oportunidade de iniciar um novo ciclo de ações baseadas
em informações para tomada de decisão.
Porém, para estabelecer uma tomada de decisão coerente o gestor precisa ter uma
percepção bem fundamentada acerca de critérios de performance. Muitas vezes, gestores se
quer sabem distinguir entre o que é eficiência e eficácia, o que dificulta a obtenção dos dados
que serão imputados no sistema de medição ou mais grave do que isso, enviesando a
informação, impedindo uma correta tomada de decisão.
Assim, o presente capítulo aborda os sete critérios de performance apresentados
por Sink e Tuttle (1993), os quais, fundamentam os conceitos fundamentais da medição de
desempenho organizacional. A Figura 1 apresenta a relação entre estes sete critérios.
Figura 1 - Os sete critérios de performance
Fonte: Sink e Tuttle (1993)
A seta dupla indica que a empresa deve esforçar-se para manter um equilíbrio
entre os critérios inter-relacionados. Percebe-se que se a empresa tem eficácia, eficiência e
qualidade, provavelmente terá produtividade. Porém, a competitividade sempre tem elevado
23
os níveis de produtividade os quais devem ser elevados sem prejudicar a qualidade de vida no
trabalho.
Muitas vezes, para quebrar a fronteira de produtividade a empresa precisa inovar,
seja em tecnologia ou em seu processo gerencial o que vai garantir sua lucratividade na busca
de seus objetivos estratégicos figurados pelo modelo de Sink e Tuttle (1993) como excelência,
sobrevivência e crescimento.
A eficácia de uma empresa se caracteriza pela realização “efetiva das coisas
certas, pontualmente e com os requisitos de qualidade especificados” (SINK; TUTTLE,
1993). Operacionalmente, a eficácia é medida como a razão entre output obtido pelo output
esperado. Ou seja, a eficácia está relacionada ao resultado do processo de transformação. Na
construção, um exemplo de medida de eficácia na construção é a entrega de um
empreendimento dentro de seu prazo previsto.
A eficiência, por sua vez, está relacionada com o consumo de recursos para o
processo de transformação. Relaciona a quantidade de consumo previsto de recursos pelo
consumo efetivo real utilizado destes recursos (SINK; TUTTLE, 1993). Um exemplo da
medida de eficiência na construção é a variação de custos (custo orçado/ custo real).
Vale observar, ainda, que “uma organização pode ser eficaz e não-eficiente,
eficiente e não-eficaz, nem eficiente e nem eficaz, e ainda assim sobreviver” (SINK;
TUTTLE, 1993). Observa-se ainda, que a efetividade da empresa configura-se como o
atingimento de ambos os critérios, ou seja, ser eficaz e eficiente em suas ações.
Em relação à qualidade, Sink e Tuttle (1993) argumentam que a literatura
apresenta muitas definições difusas do que vem a ser qualidade. Porém, nenhuma destas
contempla o quadro do gerenciamento da qualidade total. No momento, não é oportuno
explorar com maior profundidade os critérios ligados à qualidade.
Porém, deve-se observar que a qualidade é definida de acordo com cinco pontos
de verificação: 1) qualidade dos sistemas a montante; 2) qualidade do input fornecido ao
processo de transformação; 3) controle da qualidade do processo; 4) qualidade do produto e;
5) qualidade percebida pelo cliente (SINK; TUTTLE, 1993).
A produtividade é o output sobre o input. Apesar de ser uma definição simples, a
medição da produtividade ainda é tratada de forma errônea, como por exemplo, tomar o PPC
(Percentual do Plano Concluído) como uma medida de produtividade. “Operacionalmente [...]
produtividade é a relação entre o que é gerado por um sistema [...] dividido pelo que entra no
sistema [...] durante um certo período de tempo” (SINK; TUTTLE, 1993).
24
A produtividade é a medida mais utilizada na construção. É através da
produtividade que empresas determinam a duração das atividades na fase de planejamento. É
a meta traçada para conclusão do projeto no tempo correto. Esta normalmente é apresentada
como unidades de serviço/ unidade de tempo como, m²/dia, m³/h, m/h, dentre outros.
A qualidade de vida no trabalho (QVT). É definida como “a resposta ou reação
afetiva das pessoas do sistema organizacional a determinados fatores, como: remuneração,
condições de trabalho, cultura, liderança [...]”, dentre outros (SINK; TUTTLE, 1993).
A inovação é definida como o processo criativo de mudanças o modo como as
coisas estão sendo realizadas, afim de reagir com êxito a pressões, oportunidades, desafios e
ameaças importas pela competitividade do mercado (SINK; TUTTLE, 1993).
Lucratividade/ budgetabilidade5 é a relação entre os resultados (obtidos do
sistemas a jusante, ou seja, dos clientes finais) e os inputs. A lucratividade relaciona as
receitas aos lucros. A budgetabilidade “medida ou conjunto de medidas da relação entre
orçamentos, metas, entregas e prazos combinados, e custos, cumprimento e prazos efetivos”
(SINK; TUTTLE, 1993).
Através dos sete critérios explicitados, a empresa cria condições para alcançar a
excelência, sobrevivência e crescimento (SINK; TUTTLE, 1993). Ademais, estes critérios
tornam possível uma tomada de decisão coerente sem que desvios conceituais sobre o que
cada indicador verdadeiramente representa possam ocorrer. Estes desvios na prática são
comuns, devido à cultura de tomada de decisões baseadas na experiência ou na falta de uma
diretriz clara e explícita fornecida pela empresa ao tomador de decisão.
2.2.3 Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) – Fundação Nacional da Qualidade
O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) foi desenvolvido pela Fundação
Nacional da Qualidade para apoiar as organizações brasileiras no desenvolvimento e na
evolução de sua gestão para que se tornem sustentáveis, cooperativas e gerem valor para a
sociedade e outras partes interessadas (FNQ, 2015).
Ele possibilita a avaliação do grau de maturidade da gestão, pontuando processos
gerenciais e resultados organizacionais. Segundo Buccelli e Costa Neto (2013, p. 14), a
principal vantagem da adoção do modelo de excelência em gestão é “[...] a obtenção de um
instrumento que possibilite a estruturação e o aperfeiçoamento dos processos gerenciais da
organização”.
5 Expressão utilizada pelos autores.
25
O modelo está organizado em treze Fundamentos, a saber: (i) pensamento
sistêmico; (ii) atuação em rede; (iii) aprendizado organizacional; (iv) inovação; (v) agilidade;
(vi) liderança transformadora; (vii) olhar para o futuro; (viii) conhecimento sobre clientes
e mercados; (ix) responsabilidade social; (x) valorização das pessoas e da cultura; (xi)
decisões fundamentadas; (xii) orientação por processos; (xiii) geração de valor (SILVA;
CÂNDIDO; FERREIRA, 2014).
Além disso, estes fundamentos são operacionalizados em oito critérios: (i)
Liderança; (ii) Estratégias e Planos; (iii) Clientes; (iv) Sociedade; (v) Informações e
Conhecimento; (vi) Pessoas; (vii) Processos; e (viii) Resultados (FNQ, 2015).
O sistema de pontuação é baseado na evolução de cada um dos oito critérios do
MEG, seguindo a pontuação estabelecida para os modelos Malcolm Baldridge e EFQM
(Europeu), que são utilizados como benchmarking no processo de atualização que ocorre
anualmente (SILVA; CÂNDIDO; FERREIRA, 2014).
Assim, como outros modelos de medição observados na literatura da indústria da
construção, por exemplo, Arditi e Lee (2003), utilizaram-se dos critérios de excelência de
prêmios internacionais (Malcolm Baldridge e EFQM) o Modelo de Excelência em Gestão da
FNQ servirá também de apoio para a proposição das diretrizes ao uso de indicadores de
desempenho em empresas de construção, objetivo maior desta pesquisa.
2.2.4 Performance Prism
Dentre os vários modelos de medição de desempenho, no início do ano 2000 o
Centre for Business Performance da Universidade de Cranfiel (Inglaterra) propôs o
Performance Prism (PP) ou Prima de Desempenho (NEELY; ADAMS; KENNERLY, 2002).
Segundo Adams e Neely (2000), este modelo oferece uma nova abordagem para o
desempenho das organizações considerando cinco aspectos inter-relacionados: (i) satisfação
dos stakeholders – quais os principais stakeholders e o que eles desejam e precisam? (ii)
contribuição dos stakeholders – que contribuição são necessárias dos stakeholders? (iii)
estratégias – quais estratégias a organização tem que realizar para atender os desejos e
necessidades dos principais stakeholders? (iv) processos – quais são os processos críticos que
a empresa precisa operar para reforçar suas estratégias? (v) capacidades - quais são as
capacidades que a empresa precisa operar para reforçar seus processos?
Neste contexto, o Performance Prism é um modelo que coloca a visão do
stakeholder em primeiro plano. Segundo Najmi, Etebari e Emami (2012), o ponto forte da
26
Performance Prism é que a estratégia da empresa precisa estar estabelecida antes do processo
de seleção de indicadores. Assim, segundo Neely et al. (2002), o desejo e as necessidades dos
stakeholders são consideradas em primeiro lugar e, consequentemente, diversas estratégias
podem ser formulados.
Em contrapartida, Striteska e Spickova, (2012) argumentam que o modelo oferece
pouca informação de como os indicadores de desempenho poderiam ser implantados, a
conexão entre os resultados e fatores de sucesso é insuficiente além de não considerar os
sistemas de medição existentes que as empresas podem ter em vigor, ou seja, há a necessidade
de começar do zero toda a sistemática de medição da empresa.
2.2.5 Análise comparativa entre os modelos de medição analisados
Para finalizar esta etapa, Cândido (2015) apresentou um quadro que sumariza os
principais pontos fortes e fracos das principais estruturas de medição de desempenho. No
entanto, o mesmo não analisou o MEG, cuja comparação está sendo proposta pela presente
pesquisa. Os resultados são apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 - Pontos fortes e fracos das principais estruturas de medição de
desempenho
Estrutura
de medição
e
desempenho
Pontos Fortes Pontos Fracos
Dimensões de
Desempenho
Balanced
Scorecard
Kaplan e
Norton
(1992)
- Clareza da visão e estratégia
adotada
- Monitoramento consistente da
estratégia
- Foco na estratégia, no
ambiente de competição, foco
nos objetivos críticos
- Processo de comunicação
transdisciplinar e hierárquica
- Relação de causa e efeito
como instrumento para gestão
- Não expressa o interesse de
todos os stakeholders
- Perda de comprometimento e
liderança para gestão em longo
prazo
- Muitas/ poucas métricas
- Desenvolvimento de métricas
inatingíveis
- Falta de premiação para os
colaboradores
- Falha de comunicação para
todos os colaboradores
- Construído como uma
ferramenta de controle em vez
de uma ferramenta de melhoria
- Não quantifica as relações de
causa e efeito entre as medidas
- Inapropriado para prática de
benchmarking
- Falta da dimensão de
competitividade
- Financeira
- Processos internos
- Aprendizado e
crescimento
- Clientes
27
Quadro 1 - Pontos fortes e fracos das principais estruturas de medição de
desempenho
Estrutura
de medição
e
desempenho
Pontos Fortes Pontos Fracos
Dimensões de
Desempenho
Análise de
Sistemas
Gerenciais
Sink e Tuttle
(1993)
- Relacionou indicadores ao
longo do processo do negócio,
desde as entradas aos
resultados
- Utiliza o Planejamento
Estratégico como principal
input para concepção do SMD
- Longa cadeia hierárquica para
focar o processo
- Eficácia, eficiência,
qualidade,
produtividade,
qualidade de vida
no trabalho,
inovação e
lucratividade/
budgetabilidade
Modelo de
Excelência
em Gestão
(MEG)
- Excede a expectativa da
necessidade
- Busca a excelência entre todos
os stakeholders
- Dificuldade de praticar o
conceito
- Não especifica formas de
medidas
- Não fornece mecanismos para
identificar os indicadores
- Processos internos
- Aprendizado e
crescimento
- Clientes
- Envolvimento dos
stakeholders
Prisma de
desempenho
Neely,
Adams e
Crowe
(2001)
- Reflete novos stakeholders
(como colaboradores,
fornecedores, parceiros ou
intermediários) que
normalmente são
negligenciados na seleção de
indicadores de desempenho
- Considera a contribuição dos
stakeholders para o
desempenho
- Garante que as medidas de
desempenho sejam
consistentes
- Oferece pouca informação de
como os indicadores de
desempenho poderiam ser
implantados
- Alguns indicadores não são
efetivos na prática
- Ligação insuficiente entre os
resultados e fatores de sucesso
- Não considera os sistemas de
medição existentes que as
empresas podem ter em vigor
- Estratégia
- Processos
- Capacidades
- Satisfação dos
stakeholders
- Contribuição dos
stakeholders
Fonte: elaborado a partir de Cândido (2015).
Conhecido as características dos principais modelos de medição de desempenho,
este trabalho adota o Balanced Score Card como referência, devido à sua ampla utilização em
diversos setores e sistemática de utilização bem estabelecida.
28
3 METODOLOGIA
A correta interpretação e condução das abordagens e estratégias de pesquisa científica
fornecem aos pesquisadores coerência e validade de seus achados científicos. Para responder as
questões de pesquisa é preciso entender o paradigma, perspectivas ontológicas e epistemológicas,
tipo de pesquisa quanto à natureza dos dados, objetivos, lógica e resultados. É necessário,
também, escolher uma estratégia, os meios de coleta e análise de dados adequados às fontes de
evidência que a pesquisa dispõe e a natureza de seus objetivos propostos (CANDIDO, 2015).
Destarte, este capítulo apresenta a metodologia aplicada ao estudo e subdivide-se
em enquadramento metodológico e delineamento da pesquisa. O primeiro, apresenta os
pressupostos teóricos que justificam a escolha da estratégia de pesquisa e enquadra o tipo de
objetivo. em seguida, detalha-se os passos que conduziram a cada um dos resultados
apresentados.
3.1 Enquadramento metodológico da pesquisa
Esta pesquisa foi desenvolvida por meio de um estudo de caso múltiplo de
natureza exploratório-descritiva e com dados qualitativos. Segundo Yin (2010, p. 32), o
estudo de caso é “[...] uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo
dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o
contexto não estão claramente definidos”.
Assim, foram entrevistados diversos intervenientes da gestão de quatro empresas
construtoras (dez ao todo), bem como foram colhidos documentos comprobatórios dos
fenômenos investigados. Pode-se afirmar, segundo a definição exposta por Yin (2010), que o
presente trabalho trata-se de um estudo de caso múltiplo em que cada empresa entrevistada foi
considerada um caso.
O objetivo desta pesquisa pode ser classificado como exploratório-descritivo.
Conforme Collis e Hussey (2005, p. 24), a pesquisa exploratória “[...] é realizada sobre um
problema ou questão de pesquisa quando há pouco ou nenhum estudo anterior em que
possamos buscar informações sobrea questão ou problema”. E mais, a pesquisa descritiva,
pois é “usada para identificar e obter informações sobre as características de um determinado
problema ou questão” (COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 24), neste caso, para medição de
desempenho em empresas construtoras cearenses.
O trabalho utilizou dados de natureza qualitativa, pois as informações a serem
colhidas serão subjetivas (COLLIS; HUSSEY, 2005) e textuais (CRESWELL, 2007). por
29
meio de entrevista e documentação, os quais foram submetidos a Análise de Conteúdo e
Análise Documental. O processo de coleta e análise de dados é detalhada no delineamento da
pesquisa.
3.2 Delineamento da pesquisa
A presente pesquisa foi dividida em quatro etapas, conforme a Figura 2 e cujas
etapas são detalhadas a seguir.
Figura 2 - Delineamento da pesquisa
Fonte: do autor.
3.2.1 1ª Etapa: Estudo Teórico
O estudo teórico concentrou-se em construir um conhecimento crítico que
embasasse teoricamente a pesquisa. Inicialmente, buscou-se levantar os trabalhos sobre
indicadores de desempenho estratégico, tomada de decisão, sistema de gestão, performance e
planejamento estratégico.
Para tal, utilizaram-se ferramentas eletrônicas de pesquisa como o Periódico
Capes. Com a bibliografia inicial, foram exploradas suas citações aumentando-se, assim, o
número de trabalhos a serem explorados posteriormente.
30
Em um segundo momento foi feito um estudo preliminar destes trabalhos
buscando mapear as lacunas do conhecimento para então formatar uma proposta de pesquisa
consistente e que contribuísse para o conhecimento já sedimentado.
Essa proposta de estudo englobou o planejamento da pesquisa como um todo.
Assim, foram formulados o problema e questão de pesquisa, bem como delineados os seus
objetivos. Planejou-se o método da pesquisa, momento em que julgou-se pertinente a
utilização do estudo de caso como estratégia de pesquisa.
Ao escolher o estudo de caso, um conjunto de etapas comuns a esta estratégia foi
analisada. Assim, selecionaram-se os métodos de coleta de dados e, consequentemente, de
análise de dados e validação.
A partir da revisão da literatura, a entrevista semiestruturada foi elaborada em três
partes, conforme apresentado no Quadro 2.
Quadro 2 - Estrutura do Roteiro de Entrevista
Parte Nº de
questões Objetivo
Referência da
literatura
Parte I –
Caracterização da
Empresa 9
Conhecer a história da empresa, nicho de
mercado, posicionamento estratégico,
processos críticos, filosofia de gestão,
porte e fatores críticos de sucesso
Barros Neto (1999),
Barbosa (2010),
Bassioni, Hassan e Price
(2005) e Costa (2008)
Parte II – Visão da
Empresa sobre
Medição de
Desempenho
9
Identificar o significado de desempenho
para as empresas, a importância dos
indicadores financeiros, identificar as
principais perspectivas de desempenho e
os principais indicadores
Barbosa (2010), Costa
(2003, 2008), Franco-
Santos et al. (2007),
Lantelme et al. (2001
apud Lima, 2005)
Parte III –
Caracterização do
Sistema de Medição
de Desempenho da
Empresa
26
Mapear os processos de medição presentes
na empresa (Selecionar e definir, Coleta e
Processamento, Gerenciamento da
informação, Avaliar e premiar e Revisão
sistemática)
Fonte: do autor
O roteiro de entrevista, que se encontra no Apêndice A, foi submetido a um pré-
teste antes da coleta oficial dos dados. Marconi e Lakatos (2003) indicam a utilização do pré-
teste para instrumentos que ainda não provaram sua validade, ou seja, que não foram
utilizados em pesquisas anteriores.
31
Assim, o pré-teste foi realizado para aprimorar e validar o roteiro de entrevista,
verificando a consistência da informação gerada, ou seja, se os dados recolhidos eram
necessários à pesquisa, bem como sua operatividade, ou seja, vocabulário acessível e
significado claro.
Entrevistou-se dois gestores com perfil desejado de uma empresa que também
possui características de atuação e porte semelhantes às que participaram do estudo final. As
modificações realizadas no pré-teste foram a reordenação de questões, bem como a separação
de outras questões (havia perguntas com mais de um questionamento que foram desdobradas
em duas perguntas), o que modificou os questionamentos de um total de 40 para 44.
Por fim, verificou-se que o tempo para execução da entrevista se estendeu em
demasia (3hs) para o Diretor do pré-teste o que suscitou a separação dos questionamentos em
níveis hierárquicos a serem respondidos pelo nível estratégico (Partes I e II) e nível
tático/operacional (Parte II e III). Outrossim, os Diretores das Empresas Gama e Tau se
dispuseram a responder a todos os questionamentos, independente de uma outra entrevista
com o nível tático/operacional.
Por fim, no estudo teórico analisaram-se 138 indicadores de desempenho de
dezessete trabalhos sob as perspectivas do BSC. Tal análise gerou um amplo debate no
referencial teórico sobre os indicadores, bem como permitiu mapear dezoito indicadores mais
recorrentes. Estes dezoito indicadores foram inseridos na Questão 18 da Parte II da entrevista
e todos os entrevistados analisaram a sua importância.
3.2.2 2ª Etapa: Estudo Campo - Estudo de caso 1, 2, 3 e 4
No estudo de campo, foi realizado o estudo de caso múltiplo, momento em que
quatro empresas foram questionadas por meio da aplicação do roteiro de entrevista
apresentado no Apêndice A. Além disso, foram levantados documentos a fim de mapear,
juntamente com as entrevistas, o sistema de medição de desempenho das empresas em apreço.
As empresas foram escolhidas por conveniência segundo dois critérios: 1)
destaque de atuação no setor e 2) maior grau de abertura com o pesquisador.
O primeiro critério foi estabelecido visando coletar uma amostra de empresas que
possuíssem boas práticas de gestão, possibilidades de inovação gerencial e know-how acerca
do tema em apreço. O segundo critério foi estabelecido exclusivamente para que a pesquisa
fosse viável dentro do prazo estabelecido.
32
Todas as empresas possuem escopo de atuação semelhante, praça de atuação em
Fortaleza e idades que variam 7 a 40 anos, ou seja, são empresas sólidas para as quais
pressupõe-se a existência de processos gerenciais bem estabelecidos, seja em nível
organizacional ou operacional (figurado pela metragem de área construída).
3.2.2.1 Roteiro do Estudo de Caso
Para as empresas em questão foram realizadas dez entrevistas semiestruturadas e
colhidos seis tipos de documentação, conforme Tabela 2.
Tabela 2 - Entrevistados/Documentos por empresa
Empresa
Entrevistados
Total Documentação Fornecida Total Nível Estratégico
Nível
Gerencial
Alfa Diretor Presidente
Diretor Financeiro
Supervisor &
RD
3 Entrevistas Manual de Indicadores 1
Tau Diretor Técnico RD
Gerente
Técnico
3 Entrevistas Manual de Procedimento
Ata de reunião de indicadores
Relatório de Benchmarking
interno
3
Beta Diretora de
Incorporação
Gerente de
Planejamento
& Controller
2 Entrevistas Relatórios de Indicadores 1
Gama Diretor Técnico Controller 2 Entrevistas Manual de Indicadores 1
Total 10 entrevistas Total 6
Fonte: do autor.
A entrevista semiestruturada "visa obter do entrevistado o que ele considera os
aspectos mais relevantes de um determinado problema: as suas descrições de uma situação em
estudo" (RICHARDSON, 2011 p.208). Tem como objetivo formar o conhecimento a partir do
entrevistado sem impor a visão de realidade do entrevistador (RICHARDSON, 2010).
Assim, foram entrevistados intervenientes de diferentes níveis hierárquicos para
perceber justamente quais indicadores são mais importantes em cada nível, bem como as
dificuldades de ordem operacional de uso dos indicadores com que os entrevistados de nível
gerencial – responsáveis por coletar e processar os indicadores, se deparam em sua rotina.
Coletou-se, também, documentos para corroborar as informações colhidas nas
entrevistas. Entende-se por documento “[...] todo texto [...] que, por definição, são exploradas
– e não criadas – no contexto de um procedimento de pesquisa” (CELLARD, 2010, p. 5).
Como vantagem, a documentação elimina, ao menos em parte, a influência – a ser exercida
pela presença ou intervenção do pesquisador (CELLARD, 2010).
33
3.2.2.2 Análise de Conteúdo e Análise Documental
Os resultados da entrevista foram explorados por meio de uma Análise de
Conteúdo (AC) e foram trianguladas com os documentos da empresa, por meio de Análise
Documental.
A Análise de Conteúdo é uma forma de interpretar o conteúdo de um texto
adotando normas sistemáticas de se extrair os significados temáticos ou os significados
lexicais (CHIZZOTTI, 2011).
Patton (1990 apud Dellagnelo e Silva, 2005) define a análise de conteúdo como
“um processo de identificação, codificação e categorização de dados primários em
informações”. Ademais, para Mozzato e Grzybovski (2011), a análise de conteúdo “[...] é um
conjunto de técnicas de análise de comunicações, que tem como objetivo ultrapassar as
incertezas e enriquecer a leitura dos dados coletados”.
Já a Análise Documental consiste na reconstrução dos fenômenos sociais a partir
de documentos elaborados por outros autores que precedem a pesquisa (RICHARDSON,
2011). Deve-se atentar que uma análise confiável tenta cercar a questão de pesquisa,
recorrendo a elementos provenientes, tanto quanto possível, de fontes, pessoas ou grupos que
representam diversos interesses de modo a obter um ponto de vista global acerca do assunto
(CELLARD, 2010).
Assim, as entrevistas geraram as informações que foram submetidas a uma análise
de conteúdo e que narraram o fenômeno em estudo. Já os documentos foram utilizados para
corroborar tais informações, garantido a validação da pesquisa por meio da triangulação de
múltiplas fontes de evidência. Por fim, foi proposto um conjunto de diretrizes para uso de
Indicadores de desempenho para empresas construtoras com o aprendizado do estudo de
campo e suporte da revisão da literatura.
De posse das entrevistas, a Análise de Conteúdo foi realizada em quatro etapas,
semelhante ao realizado por Fossá (2003) e observando as recomendações de Gibbs (2009):
(i) pré-análise; (ii) exploração do material e o tratamento dos resultados; (iii) inferência e
interpretação; (iv) comparação entre os casos.
Na pré-análise realizou-se a transcrição das entrevistas na íntegra, a leitura geral
do material coletado (entrevistas e documentos), por caso. Este primeiro contato possibilitou a
construção de um corpus de análise. Os documentos foram selecionados pelo critério de
pertinência e fidedignidade dos mesmos, ou seja, consideraram-se como documentos, apenas
materiais formais da empresa, fornecido pelos próprios entrevistados durante as entrevistas.
34
O Quadro 3 exemplifica o resultado desta etapa para os entrevistados da Empresa
Alfa.
Quadro 3 - Exemplo de resultado da pré-análise realizada para a Q13 da Empresa Alfa
Diretor Presidente
1. O indicador de desempenho é fundamental para poder te avaliar, se você está melhorando
2. ou não. Se você não tiver um indicador de desempenho o que adianta sua empresa, por
3. exemplo ter desempenho financeiro, o que adianta você estar construindo bem,
4. construindo no prazo, atendendo as expectativas dos clientes se você não estiver ganhando
5. dinheiro? O retorno financeiro tem que vir. Também não adianta você construir,
6. ganhar dinheiro, construir no prazo se não atender a qualidade, pois assim, a longo
7. prazo você não se sustenta. Mais ou menos por aí que vejo o significado de
8. desempenho, para você poder se auto avaliar o tempo todo.
Diretor Financeiro
1. Desempenho é resultado. Você pode ter um desempenho bom e um desempenho
2. ruim. Desempenho não significa exatamente ser bom. É igual a acelerar. Você acelera
3. e desacelera. Na verdade, desemprenho pra gente significa resultado. Então, buscar
4. resultado, auferir, acompanhar, tudo está orbitando pra essa palavra. A gente tenta
5. construir por um custo mais barato, porque a gente sabendo que o preço é fixo e se você
6. construir mais barato, você está melhorando o seu resultado. A gente tenta construir
7. no prazo porque também tem uma série de despesas fixas que quanto menos tempo,
8. mais barato. A gente tenta ter a credibilidade perante donos de terreno e
9. compradores, porque os nossos projetos só se sustentam se a gente comprar bons
10. terrenos – e aí o dono do terreno precisa acreditar na gente... e se os clientes
11. comprarem. Por quê? Porque com o dinheiro deles a gente consegue financiar os
12. empreendimentos e, aí, assim, buscar o resultado. Todo o sistema de gestão de
13. indicadores é pra saber se você está no caminho certo. Como o nosso ciclo é muito
14. longo, entre a gente comprar um terreno e a gente realizar o resultado dele, às vezes
15. demora sete a oito anos, então, se eu não souber se eu estou no caminho, eu vou chegar
16. daqui a oito anos pra descobrir que tive prejuízo. Então, todo sistema de gestão de
17. indicadores que a gente tem é só pra poder estar monitorando que nós estamos dentro do
18. caminho, em busca do resultado. É a espinha dorsal de qualquer empresa.
Supervisor & RD
1. Desempenho para mim traduz aferir, traduz medir, você saber como está se
2. comportando em relação ao mercado, e hoje a gente sabe que aqui na Empresa Alfa gente
3. a valoriza muito isso de aferir e medir, porque mais do que nunca nós estamos
4. conscientes que, com essa dificuldade que estamos vivendo hoje, com essa crise, só
5. vai sobreviver aqueles que gerarem eficiência maior nos seus processos. E uma forma de
6. você saber se você está bem é através de você medir o seu desempenho, seja
7. indicadores da área técnica, financeira e tudo mais. Então o significado de desempenho
8. para a gente de desempenho, eu diria que é um significado até de sobrevivência. De você
9. saber como é que você está para saber que rumo você deve tomar para melhorar.
Fonte: do autor.
Em seguida, na exploração do material e tratamento dos resultados, realizou-se a
formulação das categorias de análise, usando o referencial teórico e as indicações trazidas
pela leitura geral. Para elaboração das categorias de análise considerando três critérios
básicos: a exclusão mútua, a homogeneidade e a pertinência (FOSSÁ, 2003).
Os conceitos norteadores foram fundamentais para a operacionalização dos
critérios mencionados. Fez-se um recorte do material em unidades de registro (palavras,
frases, parágrafos) comparáveis e com o mesmo conteúdo semântico e o agrupamento das
unidades de registro nas categorias. O Quadro 4 apresenta o resultado desta etapa.
35
Quadro 4 - Exemplo da exploração do material e tratamento dos resultados (Q13)
Diretor Presidente
1. O indicador de desempenho é fundamental para poder te avaliar, se você está melhorando
2. ou não. Se você não tiver um indicador de desempenho o que adianta sua empresa, por
3. exemplo ter desempenho financeiro, o que adianta você estar construindo bem,
4. construindo no prazo, atendendo as expectativas dos clientes se você não estiver ganhando
5. dinheiro? O retorno financeiro tem que vir. Também não adianta você construir,
6. ganhar dinheiro, construir no prazo se não atender a qualidade, pois assim, a longo
7. prazo você não se sustenta. Mais ou menos por aí que vejo o significado de
8. desempenho, para você poder se auto avaliar o tempo todo.
Diretor Financeiro
1. Desempenho é resultado. Você pode ter um desempenho bom e um desempenho
2. ruim. Desempenho não significa exatamente ser bom. É igual a acelerar. Você acelera
3. e desacelera. Na verdade, desemprenho pra gente significa resultado. Então, buscar
4. resultado, auferir, acompanhar, tudo está orbitando pra essa palavra. A gente tenta
5. construir por um custo mais barato, porque a gente sabendo que o preço é fixo e se você
6. construir mais barato, você está melhorando o seu resultado. A gente tenta construir
7. no prazo porque também tem uma série de despesas fixas que quanto menos tempo,
8. mais barato. A gente tenta ter a credibilidade perante donos de terreno e
9. compradores, porque os nossos projetos só se sustentam se a gente comprar bons
10. terrenos – e aí o dono do terreno precisa acreditar na gente... E se os clientes
11. comprarem. Por quê? Porque com o dinheiro deles a gente consegue financiar os
12. empreendimentos e, aí, assim, buscar o resultado. Todo o sistema de gestão de
13. indicadores é pra saber se você está no caminho certo. Como o nosso ciclo é muito
14. longo, entre a gente comprar um terreno e a gente realizar o resultado dele, às vezes
15. demora sete a oito anos, então, se eu não souber se eu estou no caminho, eu vou chegar
16. daqui a oito anos pra descobrir que tive prejuízo. Então, todo sistema de gestão de
17. indicadores que a gente tem é só pra poder estar monitorando que nós estamos dentro do
18. caminho, em busca do resultado. É a espinha dorsal de qualquer empresa.
Supervisor & RD
1. Desempenho para mim traduz aferir, traduz medir, você saber como está se
2. comportando em relação ao mercado, e hoje a gente sabe que aqui na Empresa a gente
3. a valoriza muito isso de aferir e medir, porque mais do que nunca nós estamos
4. conscientes que, com essa dificuldade que estamos vivendo hoje, com essa crise, só
5. vai sobreviver aqueles que gerarem eficiência maior nos seus processos. É uma forma de
6. você saber se você está bem é através de você medir o seu desempenho, seja
7. indicadores da área técnica, financeira e tudo mais. Então o significado de desempenho
8. para a gente de desempenho, eu diria que é um significado até de sobrevivência. De você
9. saber como é que você está para saber que rumo você deve tomar para melhorar.
Fonte: do autor.
Na quarta etapa – inferência e interpretação, obtiveram-se os indicadores da
Análise de Conteúdo, bem como a triangulação dos documentos e entrevistas compondo os
resultados finais. A Tabela 3 exemplifica como foi realizado este processo. O exemplo é a
continuação da questão doze.
Foram identificados 24 códigos que juntos somam 39 menções e estão
distribuídos em sete categorias. Percebeu-se que nesta questão os entrevistados mencionaram
também os benefícios de possuir um SMD (questão treze). Logo alguns dos códigos como “te
avaliar”, “aferir”, “está melhorando” foram agrupados no resultado da questão treze. Assim, a
Tabela 3 apresenta apenas o que foi interpretado como significado e não como benefício.
36
Tabela 3 - Exemplo de categorias, conceitos norteadores e codificação utilizados na AC
Categoria Conceito
Norteador
Código/
Empresa/Entrevistado
Alfa Tau Beta Gama
A B C D E F G H I J
Retorno
Financeiro
Resultado das
operações da
empresa em
dinheiro
Desempenho financeiro 1
Ganhar dinheiro 2
Retorno financeiro 1
Qualidade
De acordo com as
especificações e
funcionalidades
Construir bem 1
Atender a qualidade 1
Inspeção na obra
1
Prazo
Tempo gasto para
realizar as
operações
Construir no prazo 2 2
Obra no prazo
2
Satisfação dos
clientes
Como os clientes
nos vêm
Atender as expectativas dos
clientes 1
Agregar valor ao cliente 2
Superar as expectativas do
cliente 1
Atender bem ao cliente 1
Satisfação do cliente 4
Manutenção ser atendida
1
Custo
Recursos alocados
para realizar as
operações
Construir mais barato 3
Custo
1
Baixar o custo
1
Marca da
Empresa
Como os
stakeholders nos
vêm
Credibilidade perante os
donos dos terrenos 1
Credibilidade perante os
clientes 1
Acreditar na gente
1
Competitividade
Capacidade de
cumprir a missão
com maior êxito
que outras
organizações
Sobreviver 2
Ser competitivo 1
Se perpetuar no mercado 3
É a nossa vida
1
Legenda: A – Diretor 1, B – Diretor 2, C – Supervisor/RD, D – Diretor, E – RD, F – Gerente, G – Diretora, H –
Gerente, I – Diretor e J – Controller.
Fonte: do autor.
Assim, na seção de resultados, apresenta-se apenas o resultado final deste
processo, conforme a Tabela 4, bem como a comparação entre os casos em que se ressaltaram
as semelhanças, diferenças, antagonismos, pertinências e ausências em cada caso.
Tabela 4 - Significado de desempenho (exemplo de resultado da análise de conteúdo)
Significado/Empresa Alfa Tau Gama Beta Consolidação
Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %
Satisfação dos clientes 1 5% 4 40% 5 63% 0 0% 10 26%
Competitividade 3 15% 4 40% 0 0% 1 100% 8 21%
Prazo 4 20% 0 0% 2 25% 0 0% 6 15%
Custo 3 15% 2 20% 0 0% 0 0% 5 13%
Retorno Financeiro 4 20% 0 0% 0 0% 0 0% 4 10%
Marca da empresa 3 15% 0 0% 0 0% 0 0% 3 8%
Qualidade 2 10% 0 0% 1 13% 0 0% 3 8%
Total 20 100% 17 100% 8 100% 1 100% 43 100%
Fonte: do autor.
37
3.2.2.3 Análise comparativa entre os casos
Os casos analisados individualmente foram comparados para que fosse possível
identificar oportunidades de melhoria em nível de setor e não focado em particularidades de
cada empresa. Comparou-se a visão das empresas sobre medição de desempenho e seu uso,
bem como as dificuldades similares para a prática de medição.
3.2.3 3ª Etapa: Proposição de diretriz e Fechamento do Estudo
Com as reflexões advindas dos estudos de caso foram propostas diretrizes para o
uso de Indicadores de Desempenho para empresas construtoras. Por fim, é realizado o
fechamento do estudo que contém a reflexão dos resultados adquiridos durante a pesquisa e
quais as suas contribuições teóricas e práticas. Assim, entende-se que esta reflexão só será
possível quando o pesquisador obter um amadurecimento durante as duas etapas descritas
anteriormente: profundo conhecimento teórico (Etapa 1) e profundo conhecimento de campo
(Etapa 2).
Após essa reflexão foi realizado o fechamento da dissertação e sua edição final
para que a mesma seja defendida e se conclua a pesquisa. A seguir, apresentam-se os
resultados da pesquisa.
38
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Estudos de Caso
A seguir, são apresentados os resultados individuais dos estudos de caso
realizados com quatro empresas construtoras de Fortaleza, CE as quais são comparadas em
seguida.
Os resultados individuais foram organizados em quatro subseções: (i)
caracterização da empresa; (ii) visão da empresa sobre Medição de Desempenho; e (iii)
caracterização do processo de medição de desempenho e; (iv) oportunidades de melhoria para
a empresa e para as práticas de medição de desempenho.
4.1.1 Empresa Alfa
4.1.1.1 Caracterização da empresa
A Empresa Alfa foi fundada em 1980. Ela atua exclusivamente como
incorporadora e construtora de empreendimentos próprios no seguimento residencial e
comercial. Seu nicho de mercado é composto por clientes pertencentes às classes B e A.
Seu portfólio inclui obras de apartamentos residenciais (desde pequenas unidades
com apenas um quarto até grandes unidades de alto padrão), long stay6, flats, prédios
comerciais e shopping. O Diretor 1 chegou a afirmar que também foram feitas obras públicas,
mas em um momento muito isolado e pontual, por não fazer parte de seu escopo de atuação
principal.
No total, a empresa possui cerca de 140 projetos entregues, perpassando 2,5
milhões de m² em área construída com filiais em Manaus-AM, Natal-RN e em Campinas-SP,
além de sua sede principal em Fortaleza-CE, não possuindo, entretanto, um plano de expansão
formalizado, conforme seu Diretor 1.
Na visão do Diretor 1, os seus clientes valorizam principalmente a credibilidade
da empresa. Valorizam ainda a localização e a qualidade dos empreendimentos. Já na visão do
Diretor 2, a localização e a qualidade são as características mais importantes. Assim, pode-se
afirmar que a localização e a qualidade são os principais fatores que os diretores enxergam em
seus clientes, bem como a credibilidade em um grau de importância inferior.
6 Long Stay- Empreendimento imobiliário cujas unidades se destinam tanto a moradia como a hospedagem de
longa permanência (locações temporárias) aliando o conforto e serviços de um hotel ao espaço e privacidade de
uma residência.
39
A Empresa Alfa possui como missão "Conceber, Comercializar e Construir
Edificações com Conforto e Rentabilidade para nossos clientes". Já como visão "Ser
referência nacional na atividade imobiliária, sob os aspectos econômicos, técnicos e de
qualidade".
Observa-se que a empresa possui seu foco na qualidade dos seus
empreendimentos, em acordo com o que os seus clientes valorizam, na percepção dos
diretores entrevistados. Este foco é observado deliberadamente na política de qualidade da
empresa: "Conceber, Comercializar e Construir Edificações com Qualidade e Rentabilidade
para nossos clientes e acionista, buscando o crescimento dos colaboradores e melhorias
contínuas".
Como critérios de competitividade, o Diretor 1 apontou: “[...] em primeiro lugar, é
a localização. Em segundo lugar é o custo de construção”. Já o Diretor 2 ressaltou a marca da
empresa, que é vista como uma empresa séria, possuindo credibilidade junto ao mercado.
Além disso, afirmou que a empresa possui um forte setor de Engenharia que é reconhecida, na
sua percepção, inclusive pela comunidade acadêmica. Por fim, destacou como outro critério
de competitividade a customização dos seus imóveis.
Para a Empresa Alfa ser mais competitiva o Diretor 1 acredita na redução de
custos de obra, por meio de uma gestão de obra eficaz, tendo em vista que os custos de
materiais e de mão-de obra são, na sua visão, equitativos entre as diversas empresas de
construção no cenário local. Além disso, a aquisição de novos terrenos, em termos de
localização e de negociação com o proprietário deste, também é um fator crítico para
aumentar a competitividade da empresa.
Já o Diretor 2 acredita que a empresa precisa melhorar o cumprimento dos prazos
de entrega de seus empreendimentos. Ressaltou, inclusive, que o não cumprimento dos prazos
gerou uma depreciação da imagem da empresa junto ao mercado: “Houve um desgaste da
empresa com relação a alguns atrasos de entrega dos empreendimentos e isso criou, de certa
forma, uma imagem de que o nosso forte não era cumprir prazos”.
Entretanto, o prazo ainda é um critério menos importante que a qualidade,
destacando o seguinte trade-off:
Se você entregar um empreendimento com qualidade, ainda que não tenha atendido
ao prazo, com um ano o cliente esquece o atraso e passa a reconhecer a qualidade.
Se você entregar sem qualidade e no prazo o cliente vai passar o resto da vida
reclamando da sua qualidade. O ideal é você entregar no prazo e com qualidade, mas
se você tiver que sacrificar uma das coisas eu prefiro sacrificar o prazo (Diretor 2,
Empresa Alfa).
40
Por fim, o Diretor 1 comentou que o gerenciamento da informação é um fator
decisivo, devido à quantidade de atribuições que a organização assumiu em sua expansão:
Eu sou incorporador porque eu desenvolvo e vendo o meu produto. Eu sou
construtor porque eu construo aquilo que eu estou vendendo. Eu sou também um
financiador, quase um banco, porque eu também tenho que financiar o meu cliente
durante todo o período da obra e agora eu também estou tendo que financiar o
cliente no período pós-obra. Eu sou imobiliária porque nos últimos anos, a gente
montou uma imobiliária para vender os nossos próprios produtos. Acaba que o
incorporador, no cenário atual está com multitarefas. Então, saber gerenciar tudo
isso é um grande desafio (Diretor 1, Empresa Alfa).
Na visão do Diretor 1, como competência que diferencia a Empresa Alfa das suas
concorrentes é o relacionamento com o cliente baseado na confiança (gerenciamento de
credito do por meio do 7behavior scoring) e na proatividade da empresa (com papel ativo na
busca da customização da unidade comercializada e, no pós-obra, com manutenção
programada a cada seis meses durante os primeiros cinco anos).
Já o Diretor 2 destacou essencialmente o seu desenvolvimento do produto, por
meio de seu “setor de engenharia muito forte” o que proporciona credibilidade: “ela é
reconhecida como uma empresa que cumpre o que promete”.
Em relação aos processos críticos, para a empresa o Diretor 1 apontou a
regularização da documentação do registro do imóvel. Já o Diretor 2 destacou dificuldades no
setor comercial, sugerindo que o mesmo deveria investir em um relacionamento mais próximo
das imobiliárias e corretores.
Os diretores também foram inquiridos por meio de questionário sobre os Fatores
Críticos de Sucesso para a empresa. Cada diretor respondeu, em uma escala de um a cinco, o
grau de importância para cada fator crítico e, em seguida, o grau de utilização para estes.
A consolidação dos resultados é apresentada como a soma das notas dadas pelos
diretores, dividido pelo máximo atingível que é dez. Esta análise é apresentada na Tabela 5 na
qual a coluna (1) designa a importância e a (2) o grau de utilização.
Tabela 5 - Fatores Críticos de Sucesso para Empresa Alfa
Fator Crítico de Sucesso Diretor 1 Diretor 2 Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2)
a. Liderança 4 4 5 5 90% 90%
b. Foco no cliente 5 4 5 5 100% 90%
c. Foco em outros stakeholders 4 4 3 2 70% 60%
7 Behavior scoring é uma ferramenta de análise de crédito baseado em uma análise estatística sobre o histórico
de pagamento da base de dados de crédito do cliente e seus resultados de desempenho de crédito (OLIVEIRA
NETO et al., 2013).
41
Tabela 5 - Fatores Críticos de Sucesso para Empresa Alfa
Fator Crítico de Sucesso Diretor 1 Diretor 2 Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2)
d. Informações e análises 4 5 4 4 80% 90%
e. Gestão estratégica 5 4 5 3 100% 70%
f. Gestão do capital intelectual 5 5 4 4 90% 90%
g. Gestão de pessoas 4 4 4 4 80% 80%
h. Parcerias e gestão de fornecedores 4 5 4 3 80% 80%
i. Gestão de recursos (financeiros, materiais e equipamentos e
instalações) 5 5 5 3 100% 80%
j. Gestão de riscos 5 4 5 3 100% 70%
k. Gestão de processos 3 4 4 3 70% 70%
l. Gestão da cultura de trabalho 4 4 5 4 90% 80%
Legenda: (1) importância; (2) utilização.
Fonte: do autor.
Observa-se congruência entre a missão e a visão da empresa com o que ela
considera crítico: foco no cliente. Ao longo da caracterização percebeu-se nitidamente a
preocupação dos diretores em ressaltar aspectos de qualidade, credibilidade e relacionamento
com o cliente. Esta característica, portanto, foi confirmada com esta análise objetiva.
Entretanto, os demais itens considerados como de fundamental importância
(100%) não foram observados nos questionamentos abertos da entrevista. Por fim, aponta-se
que estes quatro fatores críticos devem ser monitorados pelo Sistema de Medição da Empresa
em questão, por serem considerados essenciais para o sucesso da empresa.
Observa-se que durante a entrevista, o Diretor 1 também apontou como fator
crítico o fornecimento de serviços, seja com mão-de-obra própria ou terceirizada. Este fato
relaciona-se com os fatores as parcerias e gestão de fornecedores que teve grau de
importância e de utilização de 80%.
Em posição mais crítica, observa-se a importância para a gestão dos processos que
obteve apenas 70% para o grau de importância e para o grau de utilização. Isto vai de
encontro com o que os Diretores vislumbram para melhorar sua competitividade. Enquanto
que o Diretor 1 citou a redução de custos de construção, o Diretor 2 citou a melhoria do
cumprimento dos prazos de entrega dos empreendimentos. Ambos estão vinculados à gestão
dos processos.
Por fim, ambos os diretores afirmaram que a Empresa Alfa possui envolvimento
com a Construção Enxuta, como se pode observar na entrevista do Diretor 1:
O Lean Construction é o que a gente tem apostado nos últimos quatro anos e que
hoje já está disseminada para todas as nossas obras, embora ainda esteja em
42
processo de aperfeiçoamento. É a filosofia que realmente nós abraçamos por
entender que a redução do custo do nosso produto não seria mais possível pelo
método de construção tradicional (Diretor 1, Empresa Alfa).
Assim, a partir do breve histórico da empresa, observa-se que a mesma possui
atuação em diversas regiões do Brasil e com alto volume de obras. Neste contexto, um
Sistema de Medição de Desempenho (SMD) torna-se crucial para a gestão dos negócios. Este
SMD deve ser capaz não só de aferir o progresso dos diversos projetos em andamento, mas de
dar suporte à gestão da estratégia da empresa, permitindo, inclusive, monitorar suas vantagens
competitivas caracterizadas pela marca da empresa e o seu relacionamento com os clientes.
Além disso, ser capaz, de proporcionar melhoria contínua aos processos
considerados críticos, que na ocasião foram à regularização da documentação do imóvel e a
parceria com as imobiliárias e corretores, seus fatores críticos e a implantação e manutenção
de sua filosofia de gestão, construção enxuta. A seguir, analisa-se a visão da empresa sobre
Medição de Desempenho.
4.1.1.2 Visão da empresa sobre Medição de Desempenho
Nesta seção buscou-se analisar a visão da empresa sobre a Medição de
Desempenho. Inicialmente, explorou-se a visão da empresa sobre o significado de
desempenho. O Quadro 5 apresenta um recorte da transcrição do questionamento sobre o
significado de desempenho na visão dos entrevistados da Empresa Alfa.
Quadro 5 - Significado de desempenho para os gestores da Empresa Alfa
Diretor 1 Diretor 2 Supervisor & RD8
[...] desempenho pra
gente significa
resultado. Então, buscar
resultado, auferir,
acompanhar, tudo está
orbitando pra essa
palavra.
[...] o que adianta você tá construindo bem,
construindo no prazo, atendendo as
expectativas dos clientes se você não
estiver ganhando dinheiro? O retorno do
financeiro tem que vir. Também não
adianta você construir, ganhar dinheiro,
construir no prazo se não atender a
qualidade, pois assim, em longo prazo
você não se sustenta. Mais ou menos por aí
que vejo o significado de desempenho [...]
Desempenho para mim traduz
aferir, traduz medir, você saber
como está se comportando em
relação ao mercado. [...] Então
assim, o significado para a gente de
desempenho, eu diria para você que
é um significado até de
sobrevivência. De você saber como
é que você está para saber que rumo
você deve tomar para melhorar.
Fonte: do autor.
Em uma análise inicial, verificou-se que os respondentes exprimiram tanto o
significado em si de desempenho, quanto as motivações para o uso de um sistema de medição
de desempenho/indicadores de desempenho. Assim, parte da codificação da resposta da
questão doze foi contabilizada na questão treze, conforme a Tabela 6.
8 Representante de Diretoria
43
Tabela 6 - Análise de Conteúdo para o Significado de Desempenho (Empresa Alfa)
Categoria Codificação
Entrevistado Consolidado
Diretor 1 Diretor 2 Supervisor
& RD Freq. %
Retorno
Financeiro
Desempenho financeiro
1
4 20% Ganhar dinheiro
2
Retorno financeiro
1
Qualidade Construir bem
1
2 10% Atender a qualidade
1
Prazo Construir no prazo 2 2
4 20%
Satisfação dos
clientes
Atender as expectativas dos
clientes 1
1 5%
Custo Construir mais barato 3
3 15%
Marca da
empresa
Credibilidade perante os
donos dos terrenos 1
3 15%
Credibilidade perante os
clientes 1
Competitividade
Acreditar na gente 1
3 15% Sobreviver
2
Se sustenta
1
Total 8 10 2 20 100%
Fonte: do autor.
Observou-se que apesar da qualidade ter sido amplamente apontada como o foco
da empresa, quando da sua caracterização, esta não é o significado de desempenho mais
relevante. Neste caso, revelou-se que o retorno financeiro e o prazo são mais significantes do
que a qualidade. Talvez, o prazo tenha sido ressaltado devido aos gestores terem mencionado
recentes atrasos em seus empreendimentos. Observa-se ainda, que para o diretor 2 aponta que
o significado de desempenho é um equilíbrio entre os fatores custo, prazo e qualidade
resultando em retorno financeiro. Esse resultado vem reforçar a literatura que afirma que o
fator
Como mencionado, muitas menções observadas na questão doze respondem, na
verdade, a questão treze. Assim, o Quadro 6 apresenta os benefícios que os indicadores
podem proporcionar às empresas.
Quadro 6 – Motivações para o uso de indicadores para os gestores da Empresa Alfa
Diretor 1 Diretor 2 Supervisor & RD
Enxergar melhor o
que está acontecendo.
Esse é o principal
benefício que ele me
traz.
O benefício é a gestão. É você
poder atacar exatamente os
pontos que os teus indicadores
estão mostrando que você não
anda bem. O principal do
indicador é esse.
[...] eles retroalimentam o nosso sistema e vai
dizer onde eu preciso melhorar e o que eu devo
fazer, que rumo eu devo tomar. Se eu já estiver
bem eu vou me esmerar para fazer cada vez
melhor e aquilo que eu não estiver bem eu vou
foca para eu poder melhorar.
Fonte: do autor.
44
Ao se explorar a análise de conteúdo, observa-se que não é clara a utilização dos
indicadores na tomada de decisão, lacuna importante na prática da Empresa Alfa, conforme a
Tabela 7 – corroborando, inclusive a literatura como observa Barth (2007).
Tabela 7 - AC para os motivos da utilização dos indicadores pela Empresa Alfa
Categoria Final Codificação
Entrevistado Consolidação
Diretor 1 Diretor 2 Supervisor
& RD Freq. %
Avaliar a evolução da
empresa ao longo dos
anos
Se auto avaliar o tempo
todo 1
7 32%
Acompanhar
1
Você está no caminho
certo 2 1
Estar monitorando
1
Saber se você está bem
1
Fornecer a situação real
do desempenho e
diagnóstico
Te avaliar 1
6 27% Enxergar melhor o que
está acontecendo 1
Aferir/medir
4
Benchmarking Comportamento em
relação ao mercado 1 1 5%
Proporcionar
Aprendizado e Melhoria
Gerar eficiência maior no
seus processos 1
6 27%
Saber que rumo você
deve tomar para melhorar 1
Melhoria que pode
acontecer 1
Onde eu preciso melhorar
2
Retroalimentação do
sistema 1
Dar apoio ao processo de
gestão Gerenciar meu trabalho 1
1 5%
Auxiliar a tomada de
decisão
Favorecer a tomada de
decisão 1 5%
Nortear as ações
1
Total 3 5 14 22 100%
Fonte: do autor.
Estes indicadores têm papel fundamental para o alcance do aprendizagem e da
melhoria contínua na empresa, conforme observa o Diretor 2:
Exatamente isso, mostrar onde é que você não está bem que precisa melhorar. Esse
que o grande papel do indicador. Aquilo que você já está bem, não justifica você
estar investindo mais. Mas aquilo em que você não está bem é exatamente onde
você tem que se focar.
O Supervisor & RD reforça tal papel quando aponta que “[...] o indicador é uma
forma [...] de você se avaliar, de você medir o que você está fazendo e a partir deles você
melhorar”. Por fim, foi pequena a importância dada ao Benchmarking, tendo sido mencionado
apenas pelo Supervisor & RD.
45
Os motivos manifestados espontaneamente se confirmaram na análise objetiva
realizada na questão dez (Tabela 8), pois os gestores explicitaram a importância de medir o
desempenho, destacando seu papel para avaliar a evolução da empresa ao longo dos anos,
fornecer a situação real do desempenho e diagnóstico, além de proporcionar aprendizado e
melhoria.
Observa-se, no entanto, que em geral a importância dada a todos os motivos
apresentados foi alta, à exceção do motivo d. Possibilitar uma análise de causa e efeito nas
mudanças estruturais e ambientais, conforme a Tabela 8.
Tabela 8 - Motivos para a Empresa Alfa possuir um SMD
Motivo Diretor 1 Diretor 2 Supervisor
& RD
Consolidação
Freq. %
a. Fornecer a situação real do desempenho e
diagnóstico 5 4 4 13 87%
b. Identificar áreas problemáticas e porque essas áreas
são problemáticas 3 4 4 11 73%
c. Identificar lacunas de desempenho e melhorias
potenciais 4 4 3 11 73%
d. Possibilitar uma análise de causa e efeito nas
mudanças estruturais e ambientais 3 3 4 10 67%
e. Dá apoio ao processo de gestão 5 4 5 14 93%
f. Comunicar resultados aos stakeholders 5 4 4 13 87%
g. Avaliar a evolução da empresa ao longo dos anos 5 4 5 14 93%
h. Realizar benchmarking interno 4 4 4 12 80%
i. Realizar benchmarking externo 4 4 4 12 80%
j. Gerir a estratégia 5 5 4 14 93%
k. Influenciar o comportamento 4 5 4 13 87%
l. Proporcionar Aprendizado e Melhoria 3 5 5 13 87%
Legenda: (1) importância; (2) utilização.
Fonte: do autor.
Em relação aos indicadores financeiros, todos os gestores afirmaram a sua
importância, mas não podem ser únicos para a gestão da empresa, conforme o Quadro 7.
Quadro 7 - Importância dos indicadores financeiros para os gestores da Empresa Alfa
Diretor 1 Diretor 2 Supervisor & RD
É importantíssimo,
apesar de que hoje
ele não anda
sozinho. [...]
Existem diversos
indicadores que são
gerenciais que são
tão importantes
quanto.
É importante porque os
indicadores financeiros, nem
tantos só para a [Empresa Alfa],
mas para os bancos. Hoje todo
mundo tem que trabalhar com o
sistema financeiro formal, e os
bancos analisam os teus
indicadores. Só te dão créditos se
você tiver indicadores bons.
Os indicadores financeiros, para qualquer
empresa, são fundamentais porque a empresa,
digamos assim, não adianta ela ter o melhor
produto, lançar o produto melhor, mas se ela não
construir bem e não tiver resultado, ela não vai
sobreviver. Então o indicador financeiro, ele para
mim eu acho fundamental, porque ele mostra os
resultados da empresa [...]
Fonte: do autor.
46
Ademais, pela Análise de Conteúdo (AC), verifica-se que os indicadores
financeiros são importantes principalmente para a gestão financeira e para o aprendizado e
melhoria, conforme a Tabela 9.
Tabela 9 - Importância dos indicadores financeiros para Empresa Alfa
Categoria Codificação
Entrevistado Consolidação
Diretor 1 Diretor 2 Supervisor
& RD Freq. %
Gestão
Financeira Banco - 2 - 2 33%
Competitividade Sobreviver - - 1 1 17%
Desempenho do
Negócio Resultado da empresa - - 1 1 17%
Aprendizado e
Melhoria
Como é que nós temos que fazer - - 1 2 33%
O que nós precisamos melhorar - - 1
Total 0 2 4 6 100%
Fonte: do autor.
Verifica-se que o Diretor 1 se aprofundou mais neste debate, informando que tão
importantes quanto os indicadores financeiros, existem indicadores não financeiros que
permite uma melhor tomada de decisão como os indicadores geométricos para o
desenvolvimento do produto.
Por exemplo, existe um índice de número de vagas de garagem que vai indicar
qual a vocação comercial do produto, influenciando que tipo de apartamento será
comercializado, em termos de tamanho. Destaca-se, no entanto, que tal indicador não está
formalizado no manual de indicadores da empresa, constituindo-se uma oportunidade de
melhoria: formalização de todos os indicadores efetivamente utilizados pela empresa.
Outro indicador apontado como tão importante quanto os financeiros foi a taxa de
rotatividade de mão-de-obra que é um indicador de recursos humanos, conforme citação a
seguir:
[...] se eu estou com um indicador de rotatividade de mão-de-obra alto, isso significa
que eu não tenho bons talentos ou não estou conseguindo retê-los. Porque eles estão
passando pouco tempo na minha empresa, estão entrando e estão saindo. E isso
significa que, com certeza, o meu produto lá na frente ou não terá uma qualidade
boa, que é um item que eu já julguei aqui como sendo importante, ou ele não terá
saído por um preço de custo compatível, que vai impactar no resultado. Mas é um
indicador não financeiro que está me mostrando isso.
Além disso, o Diretor 2 apontou que os indicadores financeiros ainda possuem
tanta relevância devido aos agentes financiadores das obras, como os bancos. Estas evidências
corroboram a tese desta dissertação que propõe que existe um conjunto de indicadores,
financeiros e não financeiros, que sustentam a tomada de decisão estratégica. Isto também é
47
evidenciada na literatura como, por exemplo, os trabalhos de Kaplan e Norton (1992),
Bassioni, Price e Hassan (2004) e Barbosa e Carpinetti (2010).
Esta conjuntura fica mais evidente quando os gestores foram inquiridos se apenas
o uso de indicadores financeiros seria suficiente para a tomada de decisão, conforme
apresenta o Quadro 8.
Quadro 8 - Uso de indicadores financeiros para a tomada de decisão para Empresa Alfa
Diretor 1 Diretor 2 Supervisor & RD
Não. Precisa de
outros indicadores.
Na verdade é um
conjunto. Eu também
não posso só analisar
um indicador não
financeiro e achar que
o nosso negócio, a
lucratividade está boa
Não, não. Porque eu tenho outros
indicadores. Os indicadores financeiros
retratam o passado né? Então você tem
que ver coisas, por exemplo, o mercado
ele evolui a cada momento. Aquilo que
pode ter sido um bom resultado no
passado, não necessariamente repete no
futuro. Em termos financeiros. Então
muitas vezes você tem que tomar
decisões que envolve outros valores,
não apenas o valor financeiro.
Não, na realidade os indicadores eles tem
que ser formados tanto por indicadores
financeiros, como indicadores da área
técnica, no que diz respeito a
produtividade, a custo de construção.
Então eu acho que o indicador financeiro
ele é parte do processo, ele não é, ele
sozinho não gera tanta eficiência. Ele
também é fundamental, mas não para
ser o único indicador
Fonte: do autor.
Em relação à composição do SMD, os gestores foram questionados acerca da
importância e da utilização de algumas perspectivas da medição de desempenho. Os
resultados desta análise são apresentados na Tabela 10.
Tabela 10 - Importância das perspectivas da medição de desempenho para Empresa Alfa
Perspectivas de medição do desempenho Diretor 1 Diretor 2
Supervisor &
RD Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2)
A. Desempenho do empreendimento/
Produção/ Eficiência da Gestão do
Projeto
92% 88% 84% 72% 100% 88% 92% 83%
a. Custo 5 5 4 3 5 5 14 13
b. Prazo 5 4 4 3 5 3 14 10
c. Qualidade e Funcionalidade (de acordo
com as especificações dos participantes do
projeto)
4 3 5 5 5 5 14 13
d. Produtividade 5 5 5 4 5 4 15 13
e. Saúde e Segurança 4 5 3 3 5 5 12 13
B. Desempenho Organizacional 100% 90% 80% 70% 100% 90% 93% 83%
a. Financeiro (rentabilidade, lucro, dentre
outros) 5 5 4 3 5 4 14 12
b. Mercado (valor de mercado, vendas,
imagem da empresa, dentre outros) 5 4 4 4 5 5 14 13
C. Desempenho dos stakeholders internos
(ou seja, que estão diretamente sob a
influência organização)
80% 80% 80% 85% 100% 85% 87% 83%
a. Funcionários 5 4 4 4 5 5 14 13
48
Tabela 10 - Importância das perspectivas da medição de desempenho para Empresa Alfa
Perspectivas de medição do desempenho Diretor 1 Diretor 2
Supervisor &
RD Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2)
b. Parceiros (subcontratados) 4 4 4 4 5 4 13 12
c. Fornecedores 3 4 4 4 5 4 12 12
d. Projetistas 4 4 4 5 5 4 13 13
D. Desempenho para os stakeholders
externos (ou seja, que não estão
diretamente sob a influência da
organização)
70% 80% 90% 80% 100% 90% 87% 83%
a. Impacto sobre os Investidores 4 4 4 4 5 5 13 13
b. Impacto sobre os Usuários Finais 4 4 5 4 5 4 14 12
c. Impacto sobre o Meio Ambiente 3 4 5 4 5 4 13 12
d. Impacto sobre a Sociedade 3 4 4 4 5 5 12 13
Legenda: (1) importância; (2) utilização.
Fonte: do autor.
Observa-se que a perspectiva mais importante, na visão dos gestores, foi a de
Desempenho Organizacional (93% de importância). Esta perspectiva agrupa os indicadores
financeiros e de marca da empresa no mercado, ou seja, possuem caráter mais estratégico.
Não obstante, a perspectiva de desempenho do projeto, também obteve alto grau de
importância (92%), o que praticamente nivela estas duas perspectivas.
Dentro esta perspectiva (Desempenho do Empreendimento), vale destacar que o
subcritério prazo foi o que obteve menor pontuação quando a sua utilização (67%)
corroborando dificuldades apontadas nos questionamentos abertos, nos quais é destacada a
necessidade urgente de melhorar o desempenho de prazo de entrega dos empreendimentos.
Por outro lado, a qualidade, apontada como uma das vantagens competitivas mais importantes
da empresa alcançou alto grau de importância (93%) e de utilização (87%).
Por fim, com o mesmo grau de importância (87%) e de utilização (83%) aparecem
as perspectivas desempenho dos stakeholders internos e dos stakeholders externos. É
importante destacar que para os stakeholders externos, apesar de o posicionamento
estratégico, as vantagens competitivas e os diferenciais da empresa estarem direcionados à
qualidade e satisfação dos usuários finais, o subcritério impacto sobre os usuários finais
obteve a pontuação mais baixa da perspectiva junto com o impacto sobre o meio ambiente.
Em relação aos indicadores em si, a Tabela 11 apresenta uma análise de
importância dos indicadores levantados na literatura para Empresa Alfa.
49
Tabela 11 - Importância dos indicadores de desempenho para Empresa Alfa
Indicadores Diretor 1 Diretor 2 Supervisor
& RD
Consolidação
Absoluto %
Desvio de custo da obra 2 2 2 6 100%
Velocidade de vendas 2 2 1 5 83%
Lucratividade 2 1 2 5 83%
Rentabilidade 2 1 2 5 83%
Desvio de prazo da obra 1 1 2 4 67%
Taxa de frequência de acidentes 1 2 1 4 67%
Índice de satisfação do cliente usuário 1 1 2 4 67%
Avaliação dos projetistas 1 1 1 3 50%
Índice de não conformidades na entrega do imóvel 1 1 1 3 50%
Percentual de pacotes concluídos (PPC) 0 1 1 2 33%
Avaliação de fornecedores de serviços 0 1 1 2 33%
Avaliação de fornecedores de materiais 0 1 1 2 33%
Índice de satisfação do cliente interno na obra 0 1 1 2 33%
Índice de satisfação do cliente interno na sede 0 1 1 2 33%
Índice de treinamento 0 1 1 2 33%
Percentual de funcionários treinados 0 1 1 2 33%
Índice de satisfação do cliente contratante 0 0 0 0 0%
Índice de contratação 0 0 0 0 0%
Fonte: do autor.
Um resultado inusitado foi observado nesta análise. O desvio de custo da obra foi
avaliado como o indicador mais importante (100% de importância). Mais importante do que
indicadores como velocidade de vendas, rentabilidade e lucratividade (todos com 83% de
importância) que são mais estratégicos.
Inusitado, também, porque um indicador amplamente conhecido como o PPC
obteve apenas 33% de importância, tendo em vista que a empresa afirmou ter grande
envolvimento com os conceitos da construção enxuta, dentro da qual, o PPC é um dos
principais indicadores.
Tendo conhecido a visão da empresa sobre a Medição de Desempenho, parte-se
então para a caracterização deste processo dentro da Empresa Alfa.
4.1.1.3 Caracterização do processo de medição de desempenho
Conforme os documentos fornecidos, a Empresa Alfa possui treze indicadores de
desempenho. Estes foram agrupados conforme a abrangência e são apresentados a seguir: (i)
toda empresa (Quadro 9) (ii) matriz (Quadro 10); e (iii) obra (Quadro 11).
50
Quadro 9 - Indicadores de Desempenho da Empresa Alfa (abrangência: toda empresa)
Área Indicador Descrição/ Objetivo9 Fórmula de Cálculo
Contabilidad
e
Taxa de
Rentabilidade
Rentabilidade aos acionistas lucratividade aos
acionistas. Satisfação e rentabilidade aos clientes.
Lucro líquido X 100% /
Patrimônio Líquido
Contabilidad
e Margem Líquida
Rentabilidade aos acionistas
lucratividade aos acionistas. Satisfação e
rentabilidade aos clientes.
Lucro Líquido /
Receita Líquida
DAC
Manutenção
Controle de
Custo por Obra
em Garantia
Construir e rentabilidade do cliente executar com
qualidade, observando as inovações tecnológicas,
satisfação e rentabilidade aos clientes.
Custo Total Gasto com
Manutenção /
Somatório das Áreas
Privativas em Garantia
(m²)
Qualidade
Nível de
Satisfação do
Cliente Pós-
Ocupação
Conceber e comercializar projetos que atendam as
necessidades dos clientes e empreendimentos
econômicos e financeiramente viáveis.
% de clientes que
recomendam adquirir
outro imóvel da
Colmeia
Fonte: do autor.
Analisando os indicadores que abrangem toda a Empresa Alfa sob a perspectiva
do BSC, observa-se que estes indicadores estão vinculados à dimensão financeira (taxa de
rentabilidade e margem líquida), processos (controle de custo por ora em garantia) e clientes
(nível de satisfação do cliente pós-ocupação).
Já os indicadores cuja abrangência é a matriz são apresentados no Quadro 10.
Quadro 10 - Indicadores de Desempenho da Empresa Alfa (abrangência: matriz)
Área Indicador Descrição/ Objetivo Fórmula de Cálculo
Comercial Vendas sobre
ofertas
Conceber e comercializar projetos que atendam às
necessidades dos clientes e empreendimentos
econômicos e financeiramente viáveis.
Vendas Liquidas/
(Unidades Ofertadas +
Lançamentos)
Contabilidad
e Inadimplência
Rentabilidade aos acionistas, lucratividade aos
acionistas. Satisfação e rentabilidade aos clientes.
Clientes em atraso /
Somatório dos clientes
ativos
Recursos
Humanos
Índice de
Treinamento
Crescimento dos colaboradores capacitação
profissional dos nossos colaboradores
Carga horária total de
Treinamento no Mês /
Número de Empregados
no Mês
Obra
Inovações
Tecnológicas e
Melhorias
Contínuas
Construir e rentabilidade
do cliente executar com qualidade, observando as
inovações tecnológicas, satisfação e rentabilidade
aos clientes.
Nº de Inovações
Implantadas
Fonte: do autor.
9 As descrições dos indicadores foram explicitadas como estão apresentadas no manual de utilização dos mesmos
que foi fornecido pela Empresa Alfa.
51
Neste caso, também sob a perspectiva do BSC, os indicadores estão vinculados à
dimensão financeira (vendas sobre ofertas, inadimplência), aprendizagem e crescimento
(índice de treinamento e inovações tecnológicas e melhorias contínuas).
Por fim, o Quadro 11 apresenta os indicadores de obra.
Quadro 11 - Indicadores de Desempenho da Empresa Alfa (abrangência: obra)
Área Indicador Descrição/ Objetivo10
Fórmula de Cálculo
Obra
Consumo de
Água ao Longo
da Obra
Plano da qualidade da obra objetivos da qualidade
específicos para a execução da obra e atendimento das
exigências dos clientes.
Consumo de água potável
no canteiro de obras (m³)
Trabalhador
Obra Controle de
Custo por Obra
Plano da qualidade da obra objetivos da qualidade
específicos para a execução da obra e atendimento das
exigências dos clientes.
Realiz. Acum. Financ. -
% Executado
Obra
Consumo de
Energia ao
Longo da Obra
Plano da qualidade da obra objetivos da qualidade
específicos para a execução da obra e atendimento das
exigências dos clientes.
Consumo de energia
elétrica no
canteiro de obras (KWh)/
Trabalhador
Obra
NC's de
Execução de
Obra
Plano da qualidade da obra objetivos da qualidade
específicos para a execução da obra e atendimento das
exigências dos clientes.
Nº de Não Conformidades
de Serviços/
Nº de Inspeções de
Serviços
Obra
Geração de
Resíduos ao
longo da obra
Plano da qualidade da obra objetivos da qualidade
específicos para a execução da obra e atendimento das
exigências dos clientes.
Volume total de resíduos
descartados (excluído
solo) (m³)/
Trabalhador
Fonte: do autor.
Também sob a perspectiva do BSC, todos os indicadores estão vinculados à
dimensão de processos internos. Assim, conclui-se que 46% dos indicadores são de processos
internos, 31% de financeiros, 15% de aprendizagem e crescimento e 8% de clientes.
Comparando com os indicadores apresentados na revisão da literatura, observa-se que os
indicadores de processo também predominaram.
Em relação ao processo de seleção e definição dos indicadores, verifica-se que a
Empresa Alfa informou que a fonte de seleção foi predominantemente: (i) a partir da
estratégia; (ii) a partir do sistema de gestão da qualidade; (iii) a partir dos processos críticos; e
(iv) a partir de consultorias externas, conforme o Quadro 12.
Quadro 12 - Fonte de seleção dos indicadores da Empresa Alfa
Fonte de seleção dos indicadores Diretor 1 Diretor 2 Supervisor
e RD
a partir da estratégia x x x
a partir do sistema de gestão da qualidade x x x
a partir de clube de benchmarking setorial x
a partir dos processos críticos x x
10
As descrições dos indicadores foram explicitadas como estão apresentadas no manual de utilização dos
mesmos que foi fornecido pela Empresa Alfa.
52
a partir de consultorias externas x x
a partir da literatura
a partir de certificações
Fonte: do autor.
Em relação à definição dos indicadores, a empresa possui manual de utilização
dos indicadores a qual destaca: (i) Indicador; (ii) Área; (iii) Objetivo do Sistema de Gestão da
Qualidade Total (SGQT); (iv) Dimensão da Qualidade; (v) Responsável; (vi) Cálculo; (vii)
Como apurar; (viii) Abrangência; (ix) Frequência de Medição; e (x) Meta.
Entretanto, o Supervisor & RD apontou que estas informações são insuficientes
para o uso adequado dos indicadores, no que diz respeito às diretrizes de ações a serem
tomadas a partir de determinados resultados. Esta lacuna é, portanto, uma oportunidade de
melhoria.
Ainda sobre a definição dos indicadores, observa-se que os mesmos estão
vinculados explicitamente à estratégia da empresa, conforme manual de indicadores (item
Objetivo do SGQT), Diretores 1 e 2 e, também, o Supervisor & RD que informou que os
indicadores estão “[...] relacionado[s] à política da qualidade que também está diretamente
ligada aos objetivos estratégicos da empresa”. Ademais, na percepção do Supervisor & RD,
esta vinculação (entre indicadores e estratégia) é importante.
É digno de observação a citação do Diretor 1, que trata da importância dos
indicadores relacionados à estratégia como fator que permite a tomada de decisão sobre os
rumos da empresa antes mesmo do fechamento do seu balanço anual e, no aprendizado e
melhoria da implantação da estratégia:
[...] a gente percebe que ano após ano, alcançando ou não as nossas metas, a nossa
estratégia se torna mais clara, ela fica nos provocando a termos indicadores... Isso
não foi alcançado. Então vamos elaborar algo que nos mostre [isto], ao invés de
esperarmos um ano para sabermos que a gente não conseguiu [atingir a meta],
vamos buscar algo que nos mostre que estamos no caminho.
Por fim, observa-se que existe dificuldade para a etapa de seleção dos indicadores
que realmente representem a realidade da empresa, conforme o Supervisor & RD que
informou que “[...] às vezes a gente tem que estabelecer um indicador que realmente traduza a
realidade. Às vezes você até busca muitos números, muitos indicadores, mas na realidade não
são úteis de fato, não traduzem aquilo que você precisa”.
Em relação à coleta e processamento dos dados, a empresa utiliza planilhas
eletrônicas e um software personalizado pela empresa para a Gestão da Qualidade. Não foi
53
mencionado nenhum tratamento dos dados em si, como por exemplo, um tratamento
estatístico. O processo de coleta é padronizado e ocorre sistematicamente.
O Supervisor & RD acredita que o uso de TI melhora o processo de coleta,
tornando-o mais ágil e aumentando a fidedignidade das informações. Ademais, o mesmo
acrescenta que a empresa foi pioneira na utilização de softwares para gestão da qualidade no
mercado de Fortaleza, CE.
O Supervisor & RD também apontou dificuldades para a etapa de coleta dos
dados: “[...] existe uma rotina de atualização e às vezes a gente não tem esse indicadores no
tempo que deveria ter, o pessoal atrasa. A dificuldade que eu relataria seria essa, de apuração
e apropriação desses indicadores.”
Como estratégia para combater esta dificuldade, além de motivar a equipe o
Supervisor & RD já chegou a tentar mecanismos punitivos, mas a questão ainda suscita
aprimoramento, constituindo-se uma oportunidade de melhoria do sistema de medição de
desempenho da Empresa Alfa.
Em relação ao gerenciamento da informação, conforme o Supervisor & RD
existem reuniões de discussões entre gerentes mensalmente e trimestralmente em reuniões de
análise crítica. Entretanto, o mesmo afirmou que estes dados não são amplamente divulgados,
ou seja, há disseminação seletiva da informação. “Esses indicadores são disponibilizados na
intranet, mas não divulgamos [...]. Talvez isso seja uma falha também nossa” (Supervisor e
RD, Empresa Alfa).
Isto se constitui em uma oportunidade de melhoria, uma vez que a divulgação dos
indicadores propicia transparência e induz a uma cultura de gestão baseada nos indicadores.
Isto é observado pelo Supervisor & RD quando manifestou existir dificuldades no
gerenciamento da informação:
[...] eu tenho essa dificuldade e ela de fato existe. [...] [Assim] o que poderia ser
feito, talvez, [seria] divulgar mais internamente esses resultados, até para que os
colaboradores internos participassem mais desses resultados e se sentissem mais
responsáveis. Porque alguns deles estão diretamente ligados ao processo e a partir
do momento que ele vê que o indicador está fugindo da meta, de repente ele pensa
“o que eu posso fazer para melhorar?”. [...] Estabelecer uma rotina de divulgação.
Ademais, o uso desta informação externamente, também é restrito à divulgação
dos resultados financeiros, conforme Supervisor & RD. Isto corrobora as informações cedidas
pelo Diretor 2 ao afirmar que os balanços financeiros são fundamentais para que seja
prospectar recursos junto aos agentes financeiros, principalmente os bancos.
54
Detectou-se, também, que o portal web da Empresa Alfa disponibiliza
informações do progresso físico de seus empreendimentos. Embora não tenha sido lembrado
como um indicador pelos gestores entrevistados, afirma-se que este é um importante indicador
vinculado aos clientes e que deveria ser reconsiderado e incluído na lista de indicadores, ou
seja, formalizá-lo.
Uma vez selecionado e definido os indicadores, coletado e processado os dados,
transformado em informação e disseminados, as etapas seguintes dizem respeito a avaliar os
resultados e vinculá-los a um sistema de recompensa. Neste sentido, a análise dos resultados é
feita em função das metas delineadas e, de acordo com a tendência do indicador, ações são
tomadas para corrigir ou manter o projeto, conforme o planejado.
Estes resultados são conectados a um sistema de recompensa baseados nos
indicadores custo, prazo, qualidade das obras e gestão da rotina de trabalho. Caso estes
indicadores sejam positivos, a equipe administrativa da obra recebe uma bonificação,
conforme informado pelo Supervisor & RD.
O Supervisor afirmou que este processo está bem estabelecido e saiu de um
método de bonificação informal para uma avaliação mais objetiva, o que justifica as
bonificações concedidas pelo bom desempenho.
Por fim, o último processo é a revisão sistemática, tanto dos indicadores como do
sistema em si. A respeito dessa revisão, verifica-se que a empresa revisa seus indicadores e
suas metas, ou seja, se os indicadores ainda oferecem informações importantes ou se apenas a
sua meta deve ser apurada. Porém, este processo não é formalizado. É baseado na experiência
dos gestores, como observa o Diretor 2 quando inquirido da existência de uma revisão
sistemática:
Existe. Eu acho que o próprio programa de qualidade prevê isso. Tanto você pode
revisar as metas, porque, por exemplo: Uma coisa é você estabelecer uma meta de
vendas há dois anos. Hoje as metas de vendas têm que ser menores porque não é
uma coisa que você controla, mas é o mercado que sinaliza. Então se antes a meta da
velocidade de vendas era atingir 6%, hoje você se conforma com 2%. Então não é
que você revisou o indicador e sim meta. Seu indicador continua [...]. E às vezes
você identifica que era interessante você criar um novo indicador, então você o cria.
Isso existe no programa, sistematicamente. Não é uma coisa que você faz todo mês,
nem trimestralmente, acho que é uma vez por ano. Ai você faz uma revisão, tem até
indicador que cai em desuso, que não faz mais sentido, aí você tira, não vale a pena
você ficar mais apurando.
Entretanto, observou-se uma controvérsia a partir da entrevista do Supervisor &
RD “Acho que não há uma rotina, talvez se estabelecesse uma periodicidade ‘a cada ano você
tem que fazer uma revisão’, ou pelo menos checar se aquele indicador está sendo útil”. O
55
Diretor 1 complementa que “[...] quando um indicador começa a se tornar ineficiente, a
própria pessoa que o manuseia vai não vai mais querer estar o medindo”.
Assim, observa-se que não é claro que exista um processo sistemático de revisão.
Isto é uma oportunidade de melhoria, ou seja, tornar formal e sistemático a revisão do
sistema. E mais, não só uma revisão dos indicadores e metas, mas a eficiência e eficácia do
sistema como um todo. Ou seja, equilibrar a importância do indicador e sua facilidade de
utilização, pois não adianta eu ter um bom indicador, mas de difícil apuração (que demanda
um esforço exagerado para sua operacionalização) e que não esteja disponível no momento
adequado.
4.1.1.4 Oportunidades de melhoria para a Empresa Alfa e/ou para as práticas de medição de
desempenho
Ao término do estudo de caso da Empresa Alfa, pode-se destacar especialmente
Em relação ao processo de seleção e definição, verificou-se:
a) manual de indicadores deficitário – insuficiência de informações para o uso
adequado dos indicadores, no que diz respeito às diretrizes de ações a serem
tomadas a partir de determinados resultados;
b) foi identificado que a empresa divulga o avanço físico da obra para seus
clientes, mas está informação não está sendo considerada como um indicador.
A melhoria, portanto, é formalizar este indicador no manual de indicadores.
c) Ausência de indicador que avalie o grau de implantação de sua filosofia de
gestão, Construção Enxuta.
Em relação ao processo de gerenciamento da informação, verificou-se:
a) processo de disseminação da informação é deficitário – as informações não são
bem divulgadas. Uma oportunidade de melhoria, portanto, é a melhoria da
disseminação das informações geradas pelo sistema de medição, uma vez que a
divulgação dos indicadores propicia transparência e induz a uma cultura de
gestão baseada nos indicadores.
Em relação ao processo de avaliação e recompensa, verificou-se:
a) não utilização dos indicadores para a tomada de decisão - não é clara a
utilização dos indicadores na tomada de decisão, lacuna importante na prática
da Empresa Alfa, conforme a Tabela 7 – corroborando, inclusive a literatura
como observa Barth (2007).
Em relação ao processo de revisão sistemática, verificou-se:
56
a) não é clara a existência de um processo sistemático de revisão. Isto é uma
oportunidade de melhoria, ou seja, tornar formal e sistemático a revisão do
sistema. Mais que isso, não só uma revisão dos indicadores e metas, mas a
eficiência e eficácia do sistema como um todo. Ou seja, equilibrar a
importância do indicador e sua facilidade de utilização, pois não adianta eu ter
um bom indicador, mas de difícil apuração (que demanda um esforço
exagerado para sua operacionalização) e que não esteja disponível no momento
adequado.
57
4.1.2 Empresa Tau
4.1.2.1 Caracterização da empresa
A Empresa Tau nasceu da necessidade da expansão física de lojas de um grupo
empresarial de Fortaleza na década de 90. Incialmente suas atividades tinham foco na
construção de indústrias e, a partir do ano de 2000, passou a ser obras verticais de
incorporação.
Fundada em 1977, hoje ela atua exclusivamente como incorporadora e construtora
de empreendimentos próprios no seguimento residencial e comercial de edificações verticais.
Seu nicho de mercado é composto por clientes pertencentes às classes A e B, segundo seu
Diretor e possui em torno de 900.000 m². Sua praça de atuação é o estado do Ceará, mais
fortemente na cidade de Fortaleza, sem plano de expansão para outros centros.
Na visão do Diretor, os seus clientes valorizam a credibilidade da empresa, o que
a leva a ter como meta “superar as expectativas de seus clientes”:
[...] aplicamos a filosofia Lean, que está no sangue da empresa, no DNA da empresa.
E a filosofia Lean comenta o seguinte: a primeira coisa é agregação de valor ao
cliente por eliminação de desperdício. Então vamos sempre atrás de superar as
expectativas do cliente. Essa é a nossa diretriz básica da empresa, a superação da
expectativa do cliente. Apesar de [...] não ser uma tarefa fácil porque sabemos que
as exigências do mercado e [d]os clientes são cada vez [...] [maiores] [...]. E isso está
muito bem formatado na nossa metodologia de trabalho. Na realidade, no nosso
escopo quando falamos que temos uma filosofia Lean planetária como coração da
empresa, tem um pilar que é a sustentabilidade, outro pilar que é o tecnológico e
outro pilar que seria o da qualidade e credibilidade. Então o grupo empresarial nos
ajuda muito nesse pilar da credibilidade (Diretor, Empresa Tau).
A missão da Empresa Tau é "Construir com evolução contínua, superando as
expectativas dos clientes e agregando valor com qualidade, ética, responsabilidade
profissional e sócio ambiental”. Já sua visão é "Expandir e diversificar os negócios,
qualificando os colaboradores, sendo uma organização referencial de tecnologia e
credibilidade, e promovendo a prática de ações sociais, como um compromisso."
Em acordo com a visão dos clientes, o Diretor apontou como critérios
competitivos a credibilidade, a qualidade e os valores (morais, sociais e ambientais). Para ser
mais competitiva, o Diretor acredita na racionalização dos processos: “[...] a nossa forma
construtiva é [...] totalmente artesanal; de indústria estamos longe”. Ele afirma ainda que a
empresa precisa “[...] evoluir nos processos construtivos, repensar o chão de fábrica, eliminar
uma atividade úmida e trocando-a por uma atividade seca, ou seja, introduzir processos mais
58
industrializados”. Por fim, o Diretor mencionou a evolução dos processos construtivos como
forma de atender também a nova Norma de Desempenho, ABNT NBR 15.575.
Na visão do Diretor, são competências que diferencia a Empresa Tau das demais
construtoras: (i) o princípio de expectativa de melhor atendimento ao cliente; (ii) entrega no
prazo e; (iii) atendimento pós-obra. Afirmou, ainda, que a empresa nunca entregou uma obra
fora do prazo contratual, o que no seu entendimento se constitui um grande e importante
diferencial. Por fim, o mesmo relata que o pós-obra na Empresa é uma ação muito especial.
Em função de o grupo empresarial ter empresas de varejo, há o princípio básico que o cliente
sempre tem razão. Assim sendo, o Diretor enfatiza que esses três elementos tornam a Empresa
Tau diferenciada no mercado da construção.
Em relação aos processos críticos da empresa, o Diretor apontou a própria
tecnologia da construção que possui processos rudimentares, distante de uma produção
verdadeiramente industrializada, havendo a necessidade, portanto, de investimentos em
padronização e melhoria.
A empresa possui forte envolvimento com a filosofia lean, tendo esta começado a
ser implantada na empresa em 2004. Em relação à sustentabilidade, foi destacado que a
empresa foi a primeira a certificar um prédio com o selo LEED (Leadership in Energy and
Environmental Design) no Brasil. Além disso, eles possuem certificação ISO 9001, PBQP-H,
Procel e Selo de Acessibilidade.
A Tabela 12 apresenta os Fatores Críticos de Sucesso para a empresa na visão de
seu diretor.
Tabela 12 - Fatores Críticos de Sucesso para Empresa Tau
Fator Crítico de Sucesso Importância Utilização
a. Liderança 5 4
b. Foco no cliente 5 5
c. Foco em outros stakeholders 5 4
d. Informações e análises 5 4
e. Gestão estratégica 5 5
f. Gestão do capital intelectual 5 5
g. Gestão de pessoas 5 4
h. Parcerias e gestão de fornecedores 5 3
i. Gestão de recursos (financeiros, materiais e equipamentos e instalações) 5 5
j. Gestão de riscos 5 4
k. Gestão de processos 5 5
l. Gestão da cultura de trabalho 5 4
Fonte: do autor.
59
Observa-se que todos os fatores analisados atingiram nota máxima para
importância. O grau de utilização também foi elevado com exceção de Parcerias e gestão de
fornecedores que ficou com três.
Assim, a partir do breve histórico da empresa, observa-se que a mesma possui
atuação exclusiva no estado do Ceará. Como foi marcante a posição da empresa frente à
filosofia Lean e à filosofia Green, o seu SMD deve possuir mecanismos capazes de avaliar se
estas filosofias de gestão estão sendo efetivamente utilizadas e dando o retorno esperado.
Mais que isso, ao se ter esse grande envolvimento, espera-se, também, que seu SMD possua
indicadores de diversas naturezas vinculadas a tais filosofias, tais como apontado no
referencial teórico (Clientes, PPC, índice de entulho, dentre outros). A seguir, analisa-se a
visão da empresa sobre Medição de Desempenho.
4.1.2.2 Visão da empresa sobre Medição de Desempenho
Quanto ao significado de desempenho, o Quadro 13 apresenta um recorte das
respostas dadas pelos entrevistados.
Quadro 13 - Significado de desempenho para os gestores da Empresa Tau
Diretor RD Gerente Técnico
[...] é você ser
competitivo agregando
valor ao seu produto e
superando as
expectativas do cliente.
[...] o desempenho ele é formado pelo modo operante
com que as pessoas se comprometem a realizar as suas
atividades, em termos das responsabilidade que foram
delegadas, e visando também o alcance daquilo que é
estabelecido como meta
[...] atender aos
desdobramentos do
Planejamento
Estratégico [...]
Fonte: do autor.
Em uma análise inicial, observa-se que o desempenho, para a empresa, inicia-se
na agregação de valor ao cliente, possivelmente por sua proximidade com a filosofia lean. E
mais, nos desdobramentos operacionais para alcançar esta entrega de valor, o que também
transita no escopo de atuação da construção enxuta como observam Horman e Kenley (1996).
Estes autores apontam que a construção enxuta enfatiza o processo e sua eficiência,
particularmente em relação à produção.
A análise de conteúdo confirmou esta leitura inicial em que se observaram o
comprometimento da força de trabalho, a satisfação dos clientes e a competividade como
significado de desempenho (Tabela 13).
60
Tabela 13 - Significado de desempenho para os gestores da Empresa Tau
Categoria Codificação/Entrevistado Diretor RD Gerente Freq. %
Satisfação dos
clientes
Agregar valor ao cliente 2
4 27%
Superar as expectativas do cliente 1
Atender bem ao cliente 1
Custo 1
Baixar o custo 1
Competitividade Ser competitivo 1
4 27% Se perpetuar no mercado 3
Força de
trabalho
Modo com que as pessoas se comprometem
1
7 47%
Alcançar o que me foi proposto
3
Atender aos desdobramentos do planejamento
estratégico 1
Atender o programado
1
Superar o programado
1
Total 10 4 3 15 100%
Fonte: do autor.
O Quadro 14 apresenta os motivos para a empresa possuir um SMD.
Quadro 14 - Motivos para o uso dos indicadores para Empresa Tau (questionamento aberto)
Diretor RD Gerente Técnico
“Primeiro você se situar em
relação a mercado. Como é
que você está hoje com
relação ao mercado? [...]
Quer dizer, com esses
indicadores estratégicos da
empresa você avalia como
você está no mercado e o que
você precisa fazer para
melhorar. Então isso é
fundamental.”
“Eu acho que ele são extremamente importantes,
porque eles nos balizam, eles nos dão parâmetros,
para saber exatamente onde é que eu tenho que
melhorar ou onde é que eu posso estar tendo
determinado grau de dificuldade, ou como é que eu
estou em relação ao mercado que eu estou atuando,
ou ainda em relação a meta que me foi traçada, a
meta que foi estabelecida. Eu considero que
indicadores eles são verdadeiros termômetros [...]”
É “[...] um
denominador comum
que [se] tem [...]
[para uniformizar a]
percepção de vários
stakeholders [...] de
como a empresa se
comporta”
Fonte: do autor.
Verifica-se três pontos de vista em relação aos motivos para o uso de indicadores,
foco externo, interno e externo-interno. O diretor está interessado em superar a concorrência.
Para tal, os indicadores são fundamentais para que a empresa possa ser posicionada no
mercado e assim propor melhorias internas. Já a RD manifestou a importância dos indicadores
para gerenciamento da rotina interna. Por fim, o Gerente Técnico, abordou aspectos internos e
externos quando manifesta que o indicador uniformiza as visões internas e externas à empresa
sobre o seu desempenho.
Tal leitura aparece no resultado da análise de conteúdo com menor relevância que
Influenciar o comportamento que foi disparadamente o motivo principal, conforme a Tabela
14.
61
Tabela 14 - Resultado da AC motivos para a Empresa Tau possuir um SMD
Categoria Codificação Entrevistado Consolidação
Diretor RD Gerente Freq. %
Fornecer a
situação real do
desempenho e
diagnóstico
Enxergar melhor o que está acontecendo - - -
3 17% Aferir/medir - 1 -
No balizam - 1 -
Onde estou tendo determinado grau de dificuldade - 1 -
Benchmarking
Comportamento em relação ao mercado - - -
3 17% Avaliar com relação ao mercado - - -
Se situar em relação ao mercado 2 1 -
Proporcionar
Aprendizado e
Melhoria
Gerar eficiência maior no seus processos - - - 3 17%
Onde eu preciso melhorar 1 1 1
Dar apoio ao
processo de
gestão
Gerenciar meu trabalho - - -
1 6% Como estou em relação a meta - 1 -
Comunicar
resultados aos
stakeholders
Percepção de vários stakeholders - - 1 1 6%
Influenciar o
comportamento
Modo com que as pessoas se comprometem - 1 -
7 39%
Alcançar o que me foi proposto - 3 -
Atender aos desdobramentos do planejamento
estratégico - - 1
Atender o programado - - 1
Superar o programado - - 1
Total 3 10 5 18 100%
Fonte: do autor.
Tal resultado foi corroborado pela análise objetiva da questão dez, em que
influenciar o comportamento obteve 93% de importância na visão dos entrevistados,
conforme a Tabela 15.
Tabela 15 - Motivos para a Empresa Tau possuir um SMD (questionamento objetivo)
Motivo Diretor RD Gerente
Técnico
Consolidação
Freq. %
a. Fornecer a situação real do desempenho e diagnóstico 5 5 4 14 93%
b. Identificar áreas problemáticas e porque essas áreas são
problemáticas 5 5 5 15 100%
c. Identificar lacunas de desempenho e melhorias potenciais 5 5 3 13 87%
d. Possibilitar uma análise de causa e efeito nas mudanças
estruturais e ambientais 4 5 4 13 87%
e. Dá apoio ao processo de gestão 4 5 4 13 87%
f. Comunicar resultados aos stakeholders 5 5 3 13 87%
g. Avaliar a evolução da empresa ao longo dos anos 5 5 4 14 93%
h. Realizar benchmarking interno 5 4 3 12 80%
i. Realizar benchmarking externo 4 4 4 12 80%
j. Gerir a estratégia 5 5 4 14 93%
k. Influenciar o comportamento 5 4 5 14 93%
62
l. Proporcionar Aprendizado e Melhoria 5 5 5 15 100%
Fonte: do autor.
Mais uma vez, verifica-se que a utilização do SMD é motivada por aspectos
intrínsecos à filosofia Lean - aprendizado e busca pela melhoria contínua. Isso é demonstrado
pela unanimidade de possuir um SMD para que seja possível “Identificar áreas problemáticas
e porque essas áreas são problemáticas” e “Proporcionar Aprendizado e Melhoria”. Destaca-
se, por fim, que apesar da manifestação do motivo benchmarking não ter sido forte na análise
de conteúdo, este obteve 80% de importância na análise subjetiva. A prática do benchmarking
é um dos onze princípios de Koskela (1992).
Em relação aos indicadores financeiros vale destacar a posição do Diretor
Técnico: “[...] os indicadores financeiros são muito importantes para qualquer empresa. Nada
do que a gente falou se sustenta se você não tiver o lucro”. Entretanto, verifica-se que é
consenso que apenas os indicadores financeiros não são suficientes para a tomada de decisão,
conforme se observa no Quadro 15.
Quadro 15 - Uso de indicadores financeiros para a tomada de decisão para Empresa Tau
Diretor RD Gerente Técnico
“[...] não tenha dúvida os
indicadores financeiros são
fundamentais [...] [Porém,] você
tem que avaliar vários indicadores:
preço, qualidade, prazo.”
“Na minha opinião, absolutamente não.
Eles são bases, alicerces, sem eles você
não toma mais nada, sem ter eles eu creio
que você ficaria extremamente inseguro”
“Não. Acho que aqui a
gente tem que procurar
entender a ótica do cliente”
Fonte: do autor.
A Tabela 16 apresenta o resultado da AC para a importância dos indicadores
financeiros para os gestores da Empresa Tau.
Tabela 16 - Importância dos indicadores financeiros para os gestores da Empresa Tau
Categoria Codificação
Entrevistado Consolidação
Diretor RD Gerente
Técnico Freq. %
Fornecer a situação
real do desempenho
e diagnóstico
Lucratividade/lucro 2 - - 3 37,5%
Se sustenta 1 - -
Gestão de Risco Balizar o que você pode, tem e o que fazer - 1 -
2 25% Pode estar comprometendo - 1 -
Identificação de
áreas problemáticas
Caminho certo - - 1 3 37,5%
Se a gente precisa melhorar - - 2
Total 3 2 3 8 100%
Fonte: do autor.
63
Em relação à composição do SMD, os gestores foram questionados acerca da
importância e da utilização de algumas perspectivas da medição de desempenho. Os
resultados desta análise são apresentados na Tabela 17.
Tabela 17 - Importância das perspectivas da medição de desempenho para Empresa Alfa
Perspectivas de medição do desempenho Diretor 1 RD
Gerente
Técnico Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2)
A. Desempenho do empreendimento/
Produção/ Eficiência da Gestão do Projeto 100% 96% 100% 100% 92% 92% 97% 96%
a. Custo 5 5 5 5 4 4 14 14
b. Prazo 5 5 5 5 5 5 15 15
c. Qualidade e Funcionalidade (de acordo
com as especificações dos participantes do
projeto)
5 5 5 5 5 5 15 15
d. Produtividade 5 4 5 5 5 4 15 13
e. Saúde e Segurança 5 5 5 5 4 5 14 15
B. Desempenho Organizacional 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
a. Financeiro (rentabilidade, lucro, dentre
outros) 5 5 5 5 5 5 15 15
b. Mercado (valor de mercado, vendas,
imagem da empresa, dentre outros) 5 5 5 5 5 5 15 15
C. Desempenho dos stakeholders internos
(ou seja, que estão diretamente sob a
influência organização)
100% 90% 100% 100% 90% 75% 97% 88%
a. Funcionários 5 5 5 5 5 3 15 13
b. Parceiros (subcontratados) 5 5 5 5 5 4 15 14
c. Fornecedores 5 4 5 5 4 4 14 13
d. Projetistas 5 4 5 5 4 4 14 13
D. Desempenho para os stakeholders
externos (ou seja, que não estão
diretamente sob a influência da
organização)
100% 95% 100% 90% 80% 95% 93% 93%
a. Impacto sobre os Investidores 5 4 5 4 3 4 13 12
b. Impacto sobre os Usuários Finais 5 5 5 4 4 5 14 14
c. Impacto sobre o Meio Ambiente 5 5 5 5 5 5 15 15
d. Impacto sobre a Sociedade 5 5 5 5 4 5 14 15
Legenda: (1) importância; (2) utilização.
Fonte: do autor.
Observa-se que todas as perspectivas obtiveram alto grau de importância, não
sendo possível estabelecer comparações. O mesmo ocorre para o grau de utilização. Talvez,
este alto grau de utilização esteja mascarado pela falta de informações que conduzissem a
uma avaliação mais objetiva. Tal hipótese poderá ser verificada mais adiante com a análise do
SMD da empresa.
64
Em relação aos indicadores em si, a Tabela 18 apresenta uma análise de
importância dos indicadores levantados na literatura para Empresa Tau.
Tabela 18 - Importância dos indicadores de desempenho para Empresa Tau
Indicadores Diretor 1 RD Gerente
Técnico
Consolidação
Absoluto %
Desvio de custo da obra 2 2 2 6 100%
Desvio de prazo da obra 2 2 1 5 83%
Percentual de pacotes concluídos (PPC) 1 2 1 4 67%
Taxa de frequência de acidentes 2 2 1 5 83%
Índice de satisfação do cliente usuário 2 2 2 6 100%
Índice de satisfação do cliente contratante 0 0 0 0 0%
Velocidade de vendas 1 2 1 4 67%
Índice de contratação 0 0 0 0 0%
Avaliação de fornecedores de serviços 2 2 1 5 83%
Avaliação de fornecedores de materiais 2 2 1 5 83%
Avaliação dos projetistas 2 2 1 5 83%
Índice de não conformidades na entrega do imóvel 2 1 2 5 83%
Índice de satisfação do cliente interno na obra 2 2 1 5 83%
Índice de satisfação do cliente interno na sede 2 2 1 5 83%
Índice de treinamento 2 1 1 4 67%
Percentual de funcionários treinados 1 1 1 3 50%
Lucratividade 2 2 2 6 100%
Rentabilidade 2 2 2 6 100%
Fonte: do autor.
Tendo em vista que a empresa se autodeclarou Lean, um resultado inusitado foi
observado nesta análise. Tanto o PPC – um dos indicadores Lean mais reconhecido, como o
percentual de funcionários treinados, obtiveram baixo grau de importância (67% e 50%
respectivamente). Ademais, surpreende o baixo grau de importância dado à Velocidade de
Vendas (67%), reconhecidamente um dos indicadores estratégicos mais importantes do setor.
Este baixo grau de importância é contraditório, inclusive, com os questionamentos abertos
realizados na entrevista que colocaram a velocidade de vendas como de suma importância.
Tendo conhecido a visão da empresa sobre a Medição de Desempenho, parte-se
então para a caracterização deste processo dentro da Empresa Tau.
65
4.1.2.3 Caracterização do processo de medição de desempenho
Conforme a análise documental, a Empresa Tau forneceu apenas os indicadores
vinculados à obra (projeto). No total verificaram-se vinte indicadores, os quais estão
agrupados pela empresa nas perspectivas do Balanced Scorecard. Estes indicadores são
apresentados no Quadro 16, Quadro 17, Quadro 19 e Quadro 19.
Quadro 16 - Indicadores da Empresa Tau (Perspectiva Financeira)
Indicador Descrição Forma de aferição
Índice de Desvio de Custo
(IDC)
Mede a eficácia da gestão de custos comparando
o custo real com o orçado
[(custo real – custo orçado) /
custo real] x 100
Desvio percentual do
fluxo de Caixa
Acompanhar o desvio do fluxo de caixa da obra
(real versus Planejada)
[(Fluxo real – Fluxo
planejado) / Fluxo Planejado]
x 100
Fonte: Empresa Tau.
Observa-se que o indicador IDC particularmente está mais ligado aos processos
internos que a perspectiva financeira, conforme classificado pela Empresa Tau. Ou seja, há
um desvio de interpretação quanto à verdadeira utilização deste indicador, o que pode
conduzir a análises enviesadas e irreais, prejudicando a correta tomada de decisão.
O Quadro 17 apresenta os indicadores para a perspectiva de clientes.
Quadro 17 - Indicadores da Empresa Tau (Perspectiva Clientes)
Indicador Descrição Forma de aferição
Opções de customização
Avaliar as opções de planta que
satisfazem melhor aos clientes
retroalimentando futuros
empreendimentos com público
alvo semelhante
(Nº de apartamentos em função das opções
de customização/ Nº Total de apartamentos
do empreendimento) x 100
11Opções de revestimento
Analisar as opções de produtos
de acabamento que satisfazem
melhor aos clientes
(Nº de apartamentos em função das opções
de revestimento/ Nº total de apartamentos
do empreendimento) x 100
Fonte: Empresa Tau.
Observa-se que o indicador, na perspectiva do cliente, não há indicador de
satisfação, visto como principal indicador desta perspectiva. Possivelmente, porque só foi
fornecido os indicadores do projeto (obra).
11
Este indicador só é utilizado em empreendimentos cuja customização é total
66
O Quadro 18 apresenta os indicadores para a perspectiva de Aprendizado e
Crescimento.
Quadro 18 - Indicadores da Empresa Tau (Perspectiva de Aprendizado e crescimento)
Indicador Descrição Forma de aferição
Remuneração por
funcionário
Avaliar qual a média do rendimento por
funcionário da produção além do salário base,
para montagem de um banco de dados que
auxilie melhor a previsão de desembolso com
mão de obra, estudos preliminares de fluxo de
caixa e retroalimentar os dados para orçamento
Remuneração total / Total de
funcionários
Investimento em
treinamento
Avaliar o incentivo a capacitação dos
colaboradores
Levantamento dos
investimentos realizados em
treinamento ao longo do ano
Novos procedimentos
(A3)
Identificar a causa-raiz de problemas ocorridos
em obra Quantidade de A3 elaborados
Fonte: Empresa Tau.
Observa-se uma inadequação na classificação do indicador “Remuneração por
funcionário”. Segundo Kaplan e Norton (1992), a perspectiva de Aprendizagem de
Crescimento está vinculada as ações para desenvolvimento dos colaboradores e do know how
da empresa (treinamento dos colaboradores, aquisição de novas tecnologias, dentre outros).
Isto dá suporte a melhoria dos processos internos, que por sua vez geram satisfação dos
clientes que se materializam em retorno financeiro. Esta distorção fica evidente pela descrição
deste indicador dada pela Empresa que está focado na retroalimentação do sistema
orçamentário e não no desenvolvimento em si dos colaboradores.
Destaca-se, também, a utilização positiva de um indicador para rastrear a causa-
raiz de problemas ocorridos em obras (A3). Tal indicador dá um passo a mais do que a lista de
causas de não-cumprimento das metas, tradicionalmente utilizada por usuários do PPC. Esta
lista é expandida para um A3 que inclui as seguintes informações sobre o problema em
questão: (i) introdução – descrição do problema; (ii) condição inicial – que descreve o
contexto problema; (iii) Plano de ação – o que foi feito para resolver o problema; (iv)
Indicadores/Resultados – que indicadores/resultados foram obtidos do plano de ação; e (v)
observações – informações extras pertinentes ao problema.
Tal indicador foi inspirado no A3 do Sistema Toyota de Produção e possibilita um
banco de informações sobre eventuais problemas, o qual permite aos gestores de futuras obras
67
antecipações para não mais ou ser afetado com tal problema. Isto é uma ferramenta de gestão
do conhecimento que pode garantir a melhoria contínua do processo.
O Quadro 19 apresenta os indicadores para a perspectiva de Processos Internos.
Quadro 19 - Indicadores da Empresa Tau (Perspectiva Processos Internos)
Indicador Descrição Forma de Aferição
Termômetro e Raio-X
(gráfico de
acompanhamento de
pacotes)
Avaliar o desempenho da
produção de pacotes
repetitivos da torre
O Termômetro apresenta a visão agregada por
pacote, ou seja: (quantidade de pacotes
realizados/ Total planejados) x 100.
Raio-X representa de forma visual quais
pacotes estão executados em cada unidade de
controle, dando visão geral do andamento das
atividades
Índice de Desvio de
Pacotes (IDP)
Avaliar o desvio de
desempenho da produção de
pacotes repetitivos da torre
[(Pacotes Realizados-Pacotes
Previstos)/Pacotes Previstos] x 100
Índice de Remoção de
Restrições (IRR)
Avaliar a capacidade da
empresa de se antever as
restrições de um sistema
(Nº de restrições removidas/ Nº de restrições
identificadas) x 100
Percentual do
Planejamento Cumprido
(PPC)
Avaliar a qualidade do
planejamento de curto prazo e
realizado semanalmente
apontando, inclusive as causas
de não cumprimento dos
pacotes
(Nº Pacotes Concluídos/ Nº Pacotes Planejados)
x 100
Nota na auditoria lean
Avaliar a performance da
aplicação da filosofia lean
construcion, uma vez que é
base da filosofia gerencial da
empresa
Checklist publicado por Valente et al. (2012).
Índice de Resíduos da
Construção (IRC)
Avaliar o impacto que a
construção pode causar ao
meio ambiente e aferir o
desperdício de material
durante a obra
IDC (m) = Vol. de resíduos gerados (m³)/ Área
total construída (m²)
Modificações de projetos
Avaliar a eficácia do projeto
inicial e que tipos de
interferências ocorrem com
É medido por meio do levantamento do número
das revisões de cada projeto apresentado na
lista mestra de desenhos
68
Quadro 19 - Indicadores da Empresa Tau (Perspectiva Processos Internos)
Indicador Descrição Forma de Aferição
maior frequência no
desenvolvimento do produto
Índice de Desvio de
Efetivo (IDE)
Avaliar se o efetivo da obra
está dentro do que foi
planejado
[(Efetivo Real – Efetivo planejado)/ Efetivo
planejado] x 100
Diagnósticos de
Segurança
Avaliar as condições de
segurança do trabalho
As auditorias de segurança, bem como as
auditorias lean, seguem um roteiro por meio de
um checklist. A empresa Tau não disponibilizou
o checklist.
Auditoria de Qualidade Avaliar a qualidade do
processo de produção
As auditorias da qualidade durante a obra, bem
como as auditorias lean, seguem um roteiro por
meio de um checklist. A empresa Tau não
disponibilizou o checklist.
Produtividade Produtividade média dos 5
principais serviços
Produtividade média dos 5 principais serviços
Fonte: Empresa Tau.
Dos processos internos, destaca-se a auditoria Lean que serve para avaliar o
desempenho da aplicação da filosofia Lean Construcion, base da filosofia gerencial da
empresa.
Por fim, estes indicadores compõem uma nota final para cada obra, a qual é
utilizada como benchamarking interno.
Onde:
A – Auditoria Lean
B – Auditoria da Segurança
C – Auditoria da Qualidade
D – Desvio do Efetivo
E – Desvio do Fluxo de Caixa
F – Desvio Termômetro
Bônus – Produtividade e/ou A3
Em relação ao processo de seleção e definição dos indicadores, verifica-se que a
Empresa Alfa informou que a fonte de seleção foi predominantemente: (i) a partir da
69
estratégia; (ii) a partir de clube de benchmarking setorial; e (iii) a partir da literatura,
conforme o Quadro 20.
Quadro 20 - Fonte de seleção dos indicadores da Empresa Tau
Fonte de seleção dos indicadores Diretor 1 RD Gerente
Técnico
a partir da estratégia x x x
a partir do sistema de gestão da qualidade
a partir de clube de benchmarking setorial x x x
a partir dos processos críticos x
a partir de consultorias externas
a partir da literatura x x x
a partir de certificações x
seminários e congressos x
Fonte: do autor.
A Empresa Tau afirmou possuir um manual de indicadores, porém, este não deixa
claro como são medidos todos os indicadores. O que existe é um manual de processos e
procedimentos de obra, que aborda alguns destes indicadores, mas não um manual de
indicadores em si. Todos afirmaram que os indicadores estão vinculados à estratégia da
empresa, embora esta vinculação não esteja explicitada em nenhum documento fornecido.
Assim são oportunidades de melhoria, a elaboração de um Manual de Indicadores
de Desempenho que contenha todos os indicadores e que explicite a vinculação de cada
indicador com a estratégia.
O RD afirmou existir dificuldade na etapa de seleção e definição dos indicadores.
Tal dificuldade pode estar vinculado à forma como os indicadores são selecionados: “[existe]
um comitê do planejamento estratégico que só abrange gerências, diretorias e presidência.
Muitas vezes há um pouco de dificuldade quando a gente vai multiplicar isso.” Ou seja “[...]
comprar a ideia do que está sendo vislumbrado pela alta direção, dentro das suas realidades,
até mesmo pelo fato deles não terem participado [do processo de seleção e definição dos
indicadores]”. Esta dificuldade, também segundo a RD existe porque “[...] alguns gestores não
têm uma visão sistêmica”.
Cabe aqui uma reflexão: os indicadores selecionados realmente representam a
realidade da empresa ou se sua definição não deixa claro sua importância, fazendo com que os
gestores de níveis mais operacionais não o compreendam adequadamente? Por fim, destaca-se
que o Diretor e o Gerente Técnico afirmaram não haver nenhuma dificuldade nesta etapa.
Assim, observa-se um choque entre os níveis hierárquicos acerca da seleção e definição dos
indicadores.
70
Assim, para melhorar este processo, o RD apontou a necessidade de “[...]
melhorar o processo de comunicação [...], bons fluxo de comunicação, uma uniformidade de
visão [...]”. Além disso, o Gerente Técnico apontou como crítico a quantidade de indicadores
que podem tergiversar a importância de cada indicador: “Eu acho que a gente precisa focar
nos principais porque a gente fica tentado a criar vários índices que no final não ajudam.
Tomam mais tempo do que podem ajudar numa decisão”
Em relação à coleta e o processamento dos dados, a empresa está em uma
transição de operações manuais em planilhas eletrônicas para um software especializado.
Ademais, todos os respondentes apontaram que a utilização de um software será de grande
valia para a melhoria do processo.
Ademais, o RD e o Gerente Técnico afirmaram que há sempre a necessidade de
cobrar a coleta e o processamento dos indicadores em contradição ao Diretor Técnico que
afirma que não há esse tipo de dificuldade, devido à estratégia da empresa de descentralizar a
coleta de dados que antes era do escritório e agora é atribuição de cada obra:
[...] a gente tentou rodar, há uns 3 ou 4 anos, de o escritório fazer esses indicadores,
coletando da obra. E a gente viu que não era muito saudável, porque o gestor de obra
[...] tem que entender que ele é o gestor. A obra é dele. Então ele tem o maior prazer
do mundo de fazer o indicador e apresentá-lo (Diretor Técnico, Empresa Tau).
A dificuldade nesta etapa é a dificuldade de inserir os indicadores na rotina dos
gestores, como aponta o Gerente técnico “[...] em alguns momentos é difícil entrar na rotina.
E eu acho que talvez algumas pessoas precisariam participar mais das decisões para se
motivar a alimentarem indicadores”.
Para melhoria deste processo, o Diretor Técnico apontou a utilização de um
software que pudesse armazenar e disponibilizar o histórico dos indicadores ao longo da
história da empresa:
“A Questão do software, questão do banco de dados, você ter os dados
controlados [...]. Uma obra termina [e] esses indicadores vão para o planejamento estratégico,
mas ficam no planejamento estratégico da empresa... Não tem um banco de dados (Diretor
Técnico, Empresa Tau)”.
Ademais, o RD apresentou dois pontos: (i) a “[...] sensibilização, treinamento e
conscientização para que realmente cada colaborador compre [o indicador], isso é
fundamental”; (ii) facilitar a coleta, armazenamento e processamento de informações
extraídas de forma artesanal, tais como, a auditoria de qualidade de serviços (registro de
prumo, esquadro e nível).
71
O gerenciamento da informação se dá por meio de relatórios, reuniões e
gerenciamento visual. “A gente tem um painel na obra que a gente chama de gestão à vista
(Gerente Técnico)”.
Segundo o Diretor Técnico, “todo mundo sabe de tudo” na Obra. Em relação à
empresa como um todo, o RD apontou que há disseminação seletiva da informação: “[...]
dependendo do tipo de indicador, com certeza ele é seletivo sim”, bem como o Gerente
Técnico “[Nem todos os indicadores] realmente não estão disponíveis. Estão disponíveis, mas
para o público de maior decisão. Nas obras eles ficam expostos, todo mundo pode ter acesso,
mas aqui no escritório é mais para um público mais restrito”.
Os resultados são publicados para os stakeholders por meio do Relatório GRI
(Global Reporting Initiative) contendo principalmente os indicadores referentes as ações de
sustentabilidade desenvolvidas pela empresa.
Em relação as dificuldades do gerenciamento da informação, o RD aponta
inúmeras dificuldades de forma subjetiva, ou seja, o processo de gestão da informação em si,
não sendo apontado uma dificuldade especifica. O mesmo foi observado pelo Gerente
Técnico, entretanto, especificou a quantidade de reuniões que existem para a disseminação
das informações, o que consome muito tempo e diminui a disponibilidade para análise crítica
das informações. Ambos distorcem do pensamento do Diretor Técnico que afirmou não haver
nenhuma dificuldade nesta etapa do processo, havendo, portanto, distorção entre os níveis
hierárquicos.
Para melhorar esta situação, o RD apontou a necessidade de melhorar a segurança
com que a informação é repassada entre os diversos níveis hierárquicos, garantindo que a
visão do gestor estratégico não seja distorcida quando chega ao nível tático, e do nível tático
para o operacional.
Em relação à avaliação e premiação, todos os entrevistados afirmaram que a
empresa utiliza os indicadores para tomada de decisão e que estes são amplamente debatidos.
Além disso, todos os respondentes foram capazes de apontar uma decisão especificamente
realizada com base em um indicador. Entretanto, não existe um procedimento que auxilie na
avaliação dos resultados, ou seja, não foram encontradas evidencias na entrevista e nos
documentos da explicitação de uma meta para os indicadores da Empresa Tau.
Em relação as recompensas, a RD apontou sua existência para todos os
colaboradores da empresa: “Sim. Existe um sistema de participação de resultados onde a cada
final de empreendimento, desde a zeladoria até a diretoria. Não só obra, se estende também
72
aqui ao escritório”. Entretanto, não foi observado um processo estruturado com metas
especificas para as recompensas, o que se constitui em uma oportunidade de melhoria.
Tanto o Diretor Técnico quanto o Gerente Técnico afirmaram que a empresa não
possui dificuldades quanto ao sistema de recompensa, o que vai de encontro com o observado
pelo RD:
[A] [...] questão de a gente não ter uma gestão por competência, muitas vezes acaba
gerando algumas insatisfações, embora seja uma coisa até atípica [...] “Ah, fulano
recebeu X e eu recebi Y, cicrano Z” [...] Eu acho que essa questão de você atrelar
isso dentro de indicadores, não só de performance, mas também em termos de
gestão de competências, facilitaria uma transparência e um melhor convencimento
das pessoas” (RD, Empresa Tau).
A fala do RD já introduz a melhoria necessária para esta etapa – avaliação e
premiação. Enquanto o RD indica a “gestão por competências” como uma forma de melhorar
a premiação, o Diretor Técnico aponta o estabelecimento de metas e de recompensas
vinculadas a estas metas.
Em relação à avaliação dos resultados, o RD apontou a dificuldade devido à
segmentação das reuniões de análise dos indicadores por nível hierárquico ou por setor. Não
há tempo hábil para aprofundar as análises em um fórum entre a alta gerencia e os demais
níveis.
Em relação à revisão sistemática, não há sistematização para revisão dos
indicadores, mas sim das suas metas ou de seus resultados alcançados durante o ano corrente.
Tal revisão ocorre de forma pontual em função de uma necessidade especifica e não de um
desejo de melhoria contínua. Por exemplo, o Diretor Técnico citou a criação de um indicador
de soluções de projeto advindas da implantação e uso do BIM em sua empresa, mas não existe
um mecanismo sistemático para inserção de novos indicadores na rotina da empresa.
Tal ausência pode gerar dificuldades como fora apontado pelo Gerente Técnico
quando mencionou que a quantidade de indicadores é uma dificuldade, que a empresa deveria
focar nos mais importantes, garantindo que estes sejam analisados adequadamente.
73
4.1.2.4 Oportunidades de melhoria para a Empresa Tau e/ou para as práticas de medição de
desempenho
Ao término do estudo de caso da Empresa Tau, pode-se destacar especialmente
que há um desalinho entre a visão do nível estratégico e operacional no que diz respeito ao
funcionamento do processo de medição. Em geral, o Diretor não apontou dificuldades nos
processos analisados, em contradição aos demais entrevistados. Assim, um primeiro passo
para a melhoria do SMD da empresa é o próprio alinhamento entre os níveis hierárquicos da
empresa.
Ao término do estudo de caso da Empresa Tau, pode-se destacar especialmente.
Em relação ao processo de seleção e definição, verificou-se:
a) dificuldades na definição dos indicadores: (i) inadequação na classificação dos
indicadores nas perspectivas do BSC. A empresa classificou o indicador de
Índice de Desempenho de Custos na perspectiva financeira. Porém,
particularmente este indicador está mais ligado aos processos internos que a
perspectiva financeira. A empresa classificou o indicador “Remuneração por
funcionário” na perspectiva de Aprendizagem de Crescimento. Porém, segundo
Kaplan e Norton (1992), a perspectiva de Aprendizagem de Crescimento está
vinculada às ações para desenvolvimento dos colaboradores e do know how da
empresa (treinamento dos colaboradores, aquisição de novas tecnologias,
dentre outros), ou seja, o indicador não está corretamente classificado; (ii) não
há indicador de satisfação na perspectiva do cliente, visto como principal
indicador desta perspectiva;
b) destaca-se a utilização positiva de um indicador para rastrear a causa-raiz de
problemas ocorridos em obras (A3). Tal indicador dá um passo a mais do que a
lista de causas de não-cumprimento das metas, tradicionalmente utilizada por
usuários do PPC. Tal indicador foi inspirado no A3 do Sistema Toyota de
Produção e possibilita um banco de informações sobre eventuais problemas, o
qual permite aos gestores de futuras obras antecipações para não mais ser
afetado com tal problema, melhorando a gestão do conhecimento o que pode
garantir a melhoria contínua do processo;
c) como ponto positivo, tem-se a Auditoria Lean que serve para avaliar o
desempenho da aplicação da filosofia Construção Enxuta, base da filosofia
gerencial da empresa;
74
d) como ponto positivo, tem-se o indicador unificado para a prática do
benchmarking interno entre as diversas obras da empresa;
e) ausência de um manual de indicadores estruturado. A melhoria é, portanto, a
elaboração de um Manual de Indicadores de Desempenho que contenha todos
os indicadores e que explicite a vinculação de cada indicador com a estratégia;
f) distorção da importância dos indicadores entre os níveis hierárquicos, pois os
mesmos são selecionados pelo nível estratégico e não refletem completamente
a realidade dos níveis mais operacionais (como observado por um dos
entrevistados). A oportunidade de melhoria é refinar o processo de seleção e
definição dos indicadores criando um processo em duas direções: da diretoria
para a operação – da operação para diretoria validar;
g) excesso de quantidade de indicadores o que faz os gestores perderem o foco
dos que realmente ajuda na gestão da organização (como observado por um dos
entrevistados);
Em relação ao processo de coleta e processamento, verificou-se:
a) como ponto positivo, tem-se a estratégia para motivar a equipe a coletar os
indicadores, por meio de reunião específica em que o diretor técnico vai a obra
discutir os indicadores;
b) há dificuldades para inserir os indicadores na rotina da empresa –
possivelmente pela quantidade excessiva de indicadores que um dos
entrevistados apontou;
Em relação ao processo de gerenciamento da informação, verificou-se:
a) quantidade excessiva de reuniões para divulgação das informações, conforme
entrevistado.
b) Distorção das informações no processo de disseminação destas entre os níveis
hierárquicos, conforme entrevistado.
Em relação a avaliação e a premiação, verificou-se:
a) não existe um procedimento que auxilie na avaliação dos resultados como, por
exemplo, uma meta;
b) dificuldade devido à segmentação das reuniões de análise dos indicadores por
nível hierárquico ou por setor. Não há tempo hábil para aprofundar as análises
em um fórum entre a alta gerencia e os demais níveis, conforme um dos
entrevistados;
75
c) insegurança quanto às premiações praticadas, pois não foi observado um
processo estruturado com metas especificas para as recompensas. A
oportunidade de melhoria foi apontada por um dos entrevistados que foi a
gestão por competências para traçar as premiações;
Em relação ao processo de revisão sistemática, verificou-se:
a) não há sistematização para revisão dos indicadores. Tal revisão ocorre de
forma pontual em função de uma necessidade especifica e não de um desejo de
melhoria contínua.
76
4.1.3 Empresa Beta
4.1.3.1 Caracterização da empresa
A Empresa Beta nasceu de uma renomada empresa de incorporações imobiliárias
que há 7 anos resolveu partir para a atividade de construção. Atualmente, possui dois
parceiros externos para a execução de suas obras, sendo uma terceira opção sua subsidiária de
construção. Assim, em grande parte de seus empreendimentos, a empresa não atua
diretamente no canteiro de obras, mas na administração do projeto (suprimentos, RH,
financeiro, dentre outros) e incorporação do empreendimento.
Seu portfólio inclui obras de apartamentos residenciais e comerciais de alto
padrão, atuando na praça de Fortaleza-CE e Natal-RN. Em nível estratégico, foi entrevistada a
Diretora de Incorporação, aqui designada apenas como Diretora a qual afirmou que em um
passado recente a empresa também atuou no seguimento Classe B, mas que hoje este não é o
foco. E mais, afirmou que a marca de sua empresa é o que mais valorizado pelos clientes e
que isto é um ponto positivo que faz com que a empresa busque a melhoria contínua.
A Empresa Beta possui 17 projetos entregues e atualmente possui 10
empreendimentos em andamento, o que demonstra sua intensa atividade no setor, apesar de
sua pouca idade. Tais características tornam um Sistema de Medição de Desempenho (SMD)
fundamental para a empresa. Aponta-se ainda, que é uma oportunidade da empresa crescer
mantendo um histórico bem estruturado de suas ações, por meio do SMD.
A Diretora apontou os critérios que a empresa considera importante para ser
competitiva: (i) solidez financeira; (ii) qualidade; (iii) prazo; e (iv) foco no cliente. Ademais,
afirmou que “[a Empresa Beta] foi formada pelo presidente que é totalmente financista [...]
Então essa parte financeira, de custos, de governança isso é muito forte”.
A Empresa Beta possui como missão "Impactar positivamente a vida das pessoas,
por meio de ações que primem pela qualidade e responsabilidade sócio ambiental, deixando
um legado de sustentabilidade, com retorno para acionistas, clientes, parceiros, sociedade e
colaboradores". Já como visão "Ser reconhecido como a melhor empresa nos mercados onde
atua, pela excelência e qualidade de seus produtos, processos e respeito nas suas relações,
deixando um legado virtuoso para a sociedade". Como valores: “relacionamento,
transparência, qualidade, responsabilidade socioambiental, solidez e simplicidade”.
77
Conforme a missão da empresa, observa-se que a mesma possui seu foco na
qualidade e responsabilidade sócio ambiental. Para a Diretora a Empresa Beta trabalha com a
Construção Enxuta e com a Construção Verde:
A [Empresa Beta] trabalha tanto com a questão do Lean, como hoje a gente tem o
[Empreendimento A] com o Green. O [Empreendimento A] que é comercial, a gente
está [...] [pleiteando a certificação] LEED. [...] [Entretanto] a gente entendeu que isto
não era um diferencial para a venda, mas muito mais para a operação. [Nós]
buscamos a certificação muito mais para a operação do que a comercialização.
A Diretora reiterou que tal decisão foi tomada com foco no cliente “se o cliente
[...] não entender, se não criar valor para ele não vai adiantar muito para a gente. Nós
precisamos ter este retorno”.
Em relação aos Fatores Críticos de Sucesso (FCS), foram entrevistados a Diretora
de Incorporação e a Gerente de Planejamento/Controller (aqui designada apenas como
Gerente). A Tabela 5 apresenta os resultados em que a coluna (1) designa a importância e a
(2) o grau de utilização.
Tabela 19 - Fatores Críticos de Sucesso para Empresa Beta
Fator Crítico de Sucesso Diretor Gerente Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2)
a. Liderança 4 5 5 4 90% 90%
b. Foco no cliente 5 5 5 4 100% 90%
c. Foco em outros stakeholders 4 4 4 4 80% 80%
d. Informações e análises 4 5 5 4 90% 90%
e. Gestão estratégica 5 5 5 4 100% 90%
f. Gestão do capital intelectual 5 5 5 4 100% 90%
g. Gestão de pessoas 5 5 5 4 100% 90%
h. Parcerias e gestão de fornecedores 5 5 5 4 100% 90%
i. Gestão de recursos (financeiros, materiais e equipamentos e
instalações) 4 4 5 5 90% 90%
j. Gestão de riscos 5 4 5 4 100% 80%
k. Gestão de processos 5 4 5 3 100% 70%
l. Gestão da cultura de trabalho 4 4 5 4 90% 80%
Legenda: (1) importância; (2) utilização.
Fonte: do autor.
Observa-se que em geral, todos os FCS’s obtiveram alto grau de importância
(acima de 80%). Em relação ao grau de utilização, pode-se destacar a gestão de processos que
obteve a menor nota entre os FCS’s (70%). Observar-se congruência entre a missão e a visão
da empresa com o que ela considera crítico: foco no cliente.
Ademais, ao longo da caracterização percebeu-se nitidamente a preocupação com
a questão financeira, devido à características pessoais do seu presidente. É inusitado, portanto,
78
que os respondentes não tenham apontado Gestão de recursos (financeiros, materiais e
equipamentos e instalações) com 100% de importância e 100% de utilização.
Assim, a partir do breve histórico da empresa, observa-se que a mesma possui
atuação fora do mercado local e com alto volume de obras (10 no momento desta pesquisa).
Além disso, trabalha com parcerias com construtoras, ou seja, terceirização da construção,
tornando o seu Sistema de Medição de Desempenho (SMD) um ponto crítico para a Empresa
Beta.
E mais, devido à marca ser o grande diferencial da empresa, na visão de sua
diretora, a Empresa Beta deve ter indicadores muito fortes em relação a satisfação dos clientes
e da sua imagem. Por fim, devido à visão financista de seu presidente, a Empresa Beta precisa
ter uma forte gestão financeira, consequentemente indicadores relacionados à perspectiva
financeira, o que se espera verificar quando da análise do seu SMD (item 4.1.3.3). A seguir,
analisa-se a visão da empresa sobre Medição de Desempenho.
4.1.3.2 Visão da empresa sobre Medição de Desempenho
O Quadro 5 apresenta o significado de desempenho na visão dos entrevistados da
Empresa Beta.
Quadro 21 – Recorte do significado de desempenho para os gestores da Empresa Beta
Diretora Gerente
Esta questão do desempenho está muito ligado ao que
a gente vai tirar de resultado da empresa [...]. É o que
trazemos de benefício para dentro da organização.
Desempenho hoje para a gente é a nossa vida
[...] para a gente desempenho é como se você
estivesse se conhecendo, você mede o que você faz e
é com essas medições você vai se conhecendo.
Fonte: do autor.
O significado de desempenho propriamente dito só foi observado na fala da
Gerente “é a nossa vida”. Ademais, observam-se, na verdade, motivos para a utilização de um
SMD, tais como as observações da Gerente “significa conhecimento sobre as ações da
empresa”.
Neste sentido, todos destacaram, também, a importância da medição para a
tomada de decisão, conforme o Quadro 22.
Quadro 22 - Motivos para o uso da Medição de Desempenho para a Empresa Beta
Diretora Gerente
O benefício maior que eu vejo é a tomada de decisão. É o
direcionamento que você vai dar para a empresa em cima
daqueles indicadores que você está mensurando. Então o maior
benefício que eu vejo são as tomadas de decisão
[...] é extremamente importante e mostra
para a gente os rumo que devemos tomar
para tomada de decisão
Fonte: do autor.
79
Esta leitura inicial foi confirmada pela análise de conteúdo, cuja maior relevância
observada relaciona-se com “Avaliar a evolução da empresa ao longo dos anos” e “Auxiliar a
tomada de decisão”, conforme a
Tabela 20.
Tabela 20 - Resultado da AC para os motivos para empresa Beta possuir um SMD
Categoria Codificação Entrevistado Consolidação
Diretora Gerente Freq. %
Avaliar a evolução da
empresa ao longo dos anos
Se auto avaliar o tempo todo - 2
6
35%
Acompanhar 2 1
Como se você estivesse se conhecendo - 1
Fornecer a situação real do
desempenho e diagnóstico
Te avaliar - -
2
12%
Aferir/medir - 1
Avaliação do desempenho - 1
Benchmarking Comportamento em relação ao mercado - -
1 6%
Avaliar com relação ao mercado - 1
Proporcionar Aprendizado e
Melhoria
Gerar eficiência maior no seus processos - -
2
12%
Melhorar nossos processos 1 -
Melhoria que pode acontecer - 1
Auxiliar a tomada de
decisão
Favorecer a tomada de decisão 2 1
6
35%
Nortear as ações - 1
Poder de decisão antecipado - 2
Total 5 12 17 100%
Fonte: do autor.
Tais motivos foram investigados objetivamente, conforme a Tabela 21.
Tabela 21 - Motivos para a Empresa Beta possuir um SMD
Motivo Diretora Gerente Consolidação
Freq. %
a. Fornecer a situação real do desempenho e diagnóstico 4 5 9 90%
b. Identificar áreas problemáticas e porque essas áreas são problemáticas 4 5 9 90%
c. Identificar lacunas de desempenho e melhorias potenciais 3 4 7 70%
d. Possibilitar uma análise de causa e efeito nas mudanças estruturais e
ambientais 4 4 8 80%
e. Dá apoio ao processo de gestão 4 5 9 90%
f. Comunicar resultados aos stakeholders 4 4 8 80%
g. Avaliar a evolução da empresa ao longo dos anos 5 3 8 80%
h. Realizar benchmarking interno 4 3 7 70%
i. Realizar benchmarking externo 4 3 7 70%
j. Gerir a estratégia 5 5 10 100%
k. Influenciar o comportamento 4 4 8 80%
l. Proporcionar Aprendizado e Melhoria 5 3 8 80%
Fonte: do autor.
Verifica-se que esta análise objetiva confirmou o evidenciado na AC. Entretanto,
o motivo “j. Gerir a estratégia” apareceu com maior importância do que os já mencionados
anteriormente.
Em relação a importância dos indicadores financeiros a Diretora foi enfática:
“Hoje é a nossa busca diária. Pelo presidente ser uma pessoa financista, nenhuma decisão
80
interna aqui é tomada sem vincular ao financeiro. [...] A gente trabalha muito o fluxo de
caixa”. Entretanto, apenas o uso de indicadores financeiros não é o suficiente, conforme
aponta a Diretora: “Não. Não é suficiente porque a gente precisa do mercado. O que o
mercado tá buscando da gente. Então tem que conciliar. Não adianta eu entender que eu posso
fazer se o mercado não pode absorver”.
Tal leitura foi confirmada pela análise de conteúdo, conforme a Tabela 22.
Tabela 22 - Importância dos indicadores financeiros na Empresa Beta
Categoria Codificação Entrevistados Consolidação
Diretora Gerente Freq. %
Tomada de decisão
Nenhuma decisão interna é tomada sem vincular ao
financeiro 2 -
4 57% Decisão em cima do fluxo de caixa 1 -
Nossas decisões estão muito ligadas ao financeiro 1 -
Dá apoio ao
processo de gestão Fluxo de caixa 1 2 3 43%
Total 5 2 7 100%
Fonte: do autor.
Em relação à composição do SMD, os gestores foram questionados acerca da
importância e da utilização de algumas perspectivas da medição de desempenho (Tabela 23).
Tabela 23 - Importância das perspectivas da medição de desempenho para Empresa Beta
Perspectivas de medição do desempenho Diretor 1 Gerente Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2)
A. Desempenho do empreendimento/ Produção/ Eficiência da
Gestão do Projeto 100% 96% 96% 96% 98% 96%
a. Custo 5 5 5 5 10 10
b. Prazo 5 5 5 5 10 10
c. Qualidade e Funcionalidade (de acordo com as especificações
dos participantes do projeto) 5 5 4 5 9 10
d. Produtividade 5 4 5 4 10 8
e. Saúde e Segurança 5 5 5 5 10 10
B. Desempenho Organizacional 100% 100% 80% 100% 90% 100%
a. Financeiro (rentabilidade, lucro, dentre outros) 5 5 4 5 9 10
b. Mercado (valor de mercado, vendas, imagem da empresa,
dentre outros) 5 5 4 5 9 10
C. Desempenho dos stakeholders internos (ou seja, que estão
diretamente sob a influência organização) 100% 100% 95% 85% 98% 93%
a. Funcionários 5 5 5 5 10 10
b. Parceiros (subcontratados) 5 5 5 5 10 10
c. Fornecedores 5 5 4 4 9 9
d. Projetistas 5 5 5 3 10 8
D. Desempenho para os stakeholders externos (ou seja, que não
estão diretamente sob a influência da organização) 95% 100% 90% 100% 93% 100%
a. Impacto sobre os Investidores 4 5 4 5 9 10
b. Impacto sobre os Usuários Finais 5 5 5 5 10 10
c. Impacto sobre o Meio Ambiente 5 4 4 5 9 10
d. Impacto sobre a Sociedade 5 5 4 5 9 10
81
Legenda: (1) importância; (2) utilização.
Fonte: do autor.
Em geral, tanto a importância quanto a utilização obtiveram alta avaliação (acima
de 80%) para todos os critérios por parte dos entrevistados. Entretanto, é inusitado observar
que a perspectiva que obteve menor grau de importância foi o Desempenho Organizacional
que congrega indicadores financeiro e de mercado, o que foi destacado na entrevista como
ponto crucial da empresa.
Em relação aos indicadores em si, a Tabela 24 apresenta uma análise de
importância dos indicadores levantados na literatura para os entrevistados da Empresa Beta.
Tabela 24 - Importância dos indicadores de desempenho para Empresa Beta
Indicadores Diretora Gerente Consolidação
Absoluto %
Desvio de custo da obra 2 2 4 100%
Desvio de prazo da obra 2 2 4 100%
Índice de não conformidades na entrega do imóvel 2 2 4 100%
Rentabilidade 2 2 4 100%
Percentual de pacotes concluídos 1 2 3 75%
Índice de satisfação do cliente usuário 1 2 3 75%
Avaliação dos projetistas 1 2 3 75%
Índice de treinamento 1 2 3 75%
Percentual de funcionários treinados 1 2 3 75%
Lucratividade 1 2 3 75%
Taxa de frequência de acidentes 1 1 2 50%
Índice de satisfação do cliente contratante 2 0 2 50%
Velocidade de vendas 1 1 2 50%
Avaliação de fornecedores de serviços 1 1 2 50%
Avaliação de fornecedores de materiais 1 1 2 50%
Índice de satisfação do cliente interno na obra 1 1 2 50%
Índice de satisfação do cliente interno na sede 1 1 2 50%
Índice de contratação 0 0 0 0%
Fonte: do autor.
Primeiramente observa-se que os indicadores financeiros não foram unanimes
quanto a sua importância (rentabilidade com 100% e lucratividade 75%), frente a visão
financista muito enfatizada pela Diretora. A gestão do fluxo de caixa foi destacada por ambos
os entrevistados. Entretanto o indicador de velocidade de vendas foi avaliado com pouca
importância (50%). Tal indicador é fundamental para uma boa previsão de fluxo de caixa.
Tendo conhecido a visão da empresa sobre a Medição de Desempenho, parte-se
então para a caracterização deste processo dentro da Empresa Beta.
82
4.1.3.3 Caracterização do processo de medição de desempenho
Conforme os documentos, identificou-se 49 indicadores, conforme o
Quadro 23.
Quadro 23 - Indicadores de Desempenho da Empresa Beta
Área Indicador
Clientes
- Cumprimento dos prazos fornecidos aos clientes
- Pesquisa de satisfação de clientes
- Número de não conformidades em atraso
- Cumprimento do orçamento gasto
Pessoas
- Turnover
- Índice de cumprimentos da LNTD
- Retenção (Promoção)
- Retenção (Qualidade na seleção)
- Nº de não conformidades fora do prazo
Financeiro
- Cumprimento do orçamento de gastos
- Custo escritório dividido pelo recebimento anual
- Índice de captação de recursos
- Pagamentos realizados no prazo programado com o credor
- Valor de multa e juros pagos
- Índice de inadimplência x carteira
- Entrada de resultado mensal
- Entrega PEFE
- Não conformidades em aberto
Marketing
- Cumprimento do orçamento de gastos
- % de atendimento comercial x ações de marketing
- % de reconhecimento de mercado através dos valores da Empresa Beta
- Número de não conformidade em atraso
Comercial
- Velocidade Sobre Oferta Líquido (VSO líquido)
- % de conversão de prospects
- Estoque com mais de 24 meses
- Preço médio x meta por produto
Projetos
- Prazo Alvará
- Prazo registro de incorporação (RI)
- VGV regularizado
- Novos negócios
- IAP – Índice de acurácia do Planejamento
- Cumprimento do orçamento
- Número de não conformidades em atraso
Qualidade - Atendimento ao orçamento planejado
- Não conformidades em atraso
Suprimentos
- % de entrega
- Prazo médio de pagamento
- Cumprimento do orçamento
- Número de não conformidades em atraso
- Compras dentro do orçamento atualizado INCC
- Acurácia dos estoques
TI
- Índice de implantação
- Atendimento TI
- Cumprimento do orçamento
- Número de não conformidades em atraso
Obra
- IDC - Índice de desenvolvimento de custo
- Entrega do produto com qualidade - Recebimento
- Cumprimento do Orçamento
- Número de não conformidades em atraso
83
Fonte: do autor.
Com os documentos fornecidos pela empresa não foi possível detalhar os seus
indicadores, uma vez que foram fornecidos apenas atas de análise de resultado com exceção
do setor pessoal, conforme o Quadro 24.
Quadro 24 - Indicadores de Desempenho de Pessoas Empresa Beta
Indicador Descrição/Fórmula de cálculo
Turnover [(admitidos + demitidos)/2]/Efetivo (em %)
Índice de cumprimentos da LNTD (Levantamento
de Necessidades de Treinamento)
Treinamentos planejados/total de treinamentos
realizados (em %)
Retenção (Promoção) Nº de pessoas que após 1 ano de promovidas continuam
na organização (em %)
Retenção (Qualidade na seleção) Nº de pessoas que após 1 ano de admitido continuam na
organização (em %)
Nº de não conformidades fora do prazo Nº de não conformidades fora do prazo
Fonte: do autor.
Ademais, alguns indicadores mencionados espontaneamente na entrevista não
foram identificados na documentação fornecida: (i) Índice de Avanço da Produtividade; (ii)
Prazo das obras e; (iii) Velocidade de Vendas.
Em relação ao processo de seleção e definição dos indicadores, verifica-se que
apenas a estratégia foi marcada pelas duas entrevistadas, conforme o Quadro 25.
Quadro 25 - Fonte de seleção dos indicadores da Empresa Beta
Fonte de seleção dos indicadores Diretora Gerente
a partir da estratégia x x
a partir do sistema de gestão da qualidade x
a partir de clube de benchmarking setorial x
a partir dos processos críticos x
a partir de consultorias externas x
a partir da literatura
Fonte: do autor.
Por fim, a Diretora apontou que não existe dificuldades na etapa de seleção e
definição dos indicadores, contrastando com a Gerente que apontou:
Existe. A dificuldade é você saber se o indicador vai produzir o que você quer
enxergar. Não adianta nada ter um indicador que não mostra o que você quer ver
[...]. Existe um indicador na empresa que eu não acredito nele, mas existe um outro
indicador paralelo que nele eu confio [...]. Então é difícil você escolher, às vezes
você fica com vários, até que você se sinta mais seguro. Só ao longo do tempo você
vai avaliando aquele indicador e você ver se funciona, tem que ficar fazendo essa
gestão (Gerente, Empresa Beta).
Percebe-se que há fragilidade na seleção dos indicadores, pois a Gerente afirmou
existir indicadores que ela não confia. Como sugestão de melhoria, a Gerente apontou ainda a
84
necessidade de uma revisão sistemática dos indicadores, verificando a eficácia dos mesmos ao
longo do histórico da empresa.
Os indicadores são coletados e processados tanto manualmente, como em
planilhas eletrônicas no campo e por meio de um software ERP. Além disso, existe um
trabalho de consultoria externa que mensalmente coleta todos os indicadores das áreas e os
apresentam para à diretoria.
Tais indicadores estão padronizados, conforme as entrevistadas e ambas
concordam ainda que o uso de ferramentas computacionais podem melhorar o processo de
coleta e processamento, valendo destacar a observação da Gerente:
Sim, o problema é a customização. Quando você coloca todos os dados imputados
dentro do software, às vezes você quer fazer coisa que o software não acompanha
aquela projeção, ai você tem que customizar o software e isso sai caro. Mas nem
todos os softwares tem essa flexibilidade (Gerente, Empresa Beta).
Tal visão, também é observada na literatura por Kennerley e Neely (2002): a falta
de flexibilidade dos sistemas ERP é uma barreira para a medição de desempenho, uma vez
que há a necessidade constante de adequação as mudanças impostas pelo mercado.
A dificuldade para a etapa de coleta e processamento é a própria coleta realizada
pelas obras, uma vez que muitas delas são de terceiros, o que dificulta a interação para entrega
das informações nos prazos previamente estabelecidos. Existe um cronograma de atividades
para entrega da informação, mas a Gerente precisa constantemente estar cobrando tais
informações, afirma.
Para melhoria desta etapa, a diretoria apontou a informatização do processo:
A questão de informatizar essas informações. A partir do momento que a gente tiver
tudo isso dentro do sistema com certeza vai facilitar esse nosso processamento. Não
vou precisar esperando que a obra me envie o relatório para a partir desse relatório
eu coletar as minhas informações e processar.
Já na visão da Gerente, a melhoria perpassa o treinamento de um técnico que dê
suporte a obra no uso dos indicadores: “Treinamento [...]. Não pode ser só o engenheiro, tem
que ser o engenheiro e alguém da sala técnica, porque ele vai lidar com os controles, fazer
essa ligação, então tem que ser um cara realmente preparado para fazer aquilo.”
Em relação ao gerenciamento das informações, a empresa possui três momentos
distintos para o escritório, conforme aponta a Diretora: (i) reunião mensal de consultores
externos com a diretoria; (ii) reunião mensal de diretoria com gerência; (iii) reunião bimestral
85
com nível operacional. Já em relação aos indicadores das obras, há uma reunião mensal,
conforme observa a Gerente.
Além disso, a Diretora destacou que há um dashboard projetado exclusivamente
para a empresa:
[...] a gente trabalha aqui é o [Nome personalizado do dashboard] que ele foi
projetado para gente. [...] Basicamente a diretoria financeira, comercial, utilizam
muito dele. É uma tabelinha onde eu tenho toda a empresa lá dentro. Se eu quiser
ver o estoque das obras eu tenho como puxar essa informação. Se eu quiser ver o
que eu vendi durante o período, o que tenho a receber, eu tenho a informação toda
dentro do sistema (Diretora, Empresa Beta).
Existe, também, disseminação seletiva da informação, segregando a informação
nos diversos níveis hierárquicos e por departamentos. A Diretora afirmou que as informações
não são utilizadas externamente. Entretanto, checou-se que o site da empresa informa aos
clientes o progresso físico dos empreendimentos em construção. Isto é um uso da informação
externamente e pode sim ser considerada um indicador. Portanto, como oportunidade de
melhoria tem-se a formalização do progresso físico apresentado aos clientes como um
indicador na rotina da empresa.
Na visão da Diretora, não existe dificuldades em relação ao gerenciamento da
informação. Porém, na visão da Gerente, existe dificuldade porque as informações não são
gerenciadas via sistema ERP, o que dificulta o processo e consome muito tempo.
Em relação a avaliação e recompensa, as entrevistadas foram unanimes quanto a
utilização das informações dos indicadores para a tomada de decisão apontando, inclusive,
exemplos concretos de tal utilização. Porém, não há um sistema de recompensa para os
colaboradores da empresa. Na verdade, apenas uma das parceiras possui um sistema de
premiação, conforme apontou a Diretora e também destacado pela Gerente: “Não, hoje não
existe, mas a gente formou um grupo no final de 2015 para fazer um estudo sobre essa parte,
sobre como funcionaria. A gente tem um pouco de receio na recompensa. Não é fácil criar um
critério desse.”
A dificuldade para que existe este sistema de recompensas, segundo a Diretora é
“convencer o nosso presidente”, o que é contrastante com a Gerente que apontou que “não
tenho certeza se traria benefícios não, eu ainda não estou convencida”.
Por fim, o último processo é a revisão sistemática. Em relação a este processo a
Diretora afirmou: “Fazemos uma reunião anual para montagem do planejamento estratégico.
A gente avalia quais são os objetivos de cada área e em cima dos objetivos a gente define
nossos indicadores.”
86
Entretanto, observa-se que esta revisão está mais vinculada à meta em si e não aos
indicadores. A revisão dos indicadores não é sistematizada como aponta a Gerente: “Não. É
assim, quando o diretor tem aquele sentimento de que aquilo não está funcionando [...] ele
manda dar uma revisada, pensar de outra forma”. Assim, uma oportunidade de melhoria é a
sistematização de uma revisão para os indicadores e para o processo de medição em si.
A Diretora julgou não existir dificuldades para esta etapa, o que contrasta com a
Gerente que afirmou ter “Quando você diz que não funciona, ai você tem que arranjar alguma
coisa que funcione. Acho que detectar o que está dando errado e reformular é sempre
complexo, você precisa de várias informações para fazer essa reformulação. Isso é difícil”.
4.1.3.4 Oportunidades de melhoria para a Empresa Beta e/ou para as práticas de medição de
desempenho
Ao término do estudo de caso da Empresa Beta, pode-se destacar especialmente
que há um desalinho entre a visão do nível estratégico e operacional no que diz respeito ao
funcionamento do processo de medição semelhante à Empresa Tau.
Em geral, a Diretora não apontou dificuldades nos processos analisados, em
contradição à Gerente que sempre manifestou barreiras e oportunidades de melhoria. Assim,
um primeiro passo para a melhoria do SMD da empresa é o próprio alinhamento entre os
níveis hierárquicos da empresa, principalmente quanto à seleção dos indicadores, como
detalhado a seguir.
Em relação ao processo de seleção e definição, verificou-se:
a) fragilidade na seleção dos indicadores, pois a Gerente afirmou existir
indicadores que ela não confia. Como sugestão de melhoria, a Gerente apontou
ainda a necessidade de uma revisão sistemática dos indicadores, verificando a
eficácia dos mesmos ao longo do histórico da empresa;
Em relação ao processo de coleta e processamento, verificou-se:
a) Todos os entrevistados acreditam que o uso de TI pode melhorar o processo
coleta e processamento. Porém, vale destacar a ressalva apontada pela Gerente
da Empresa Beta quanto ao custo associado a customização do software e a sua
flexibilidade. Tal visão, também é observada literatura por Kennerley e Neely
(2002): a falta de flexibilidade dos sistemas ERP é uma barreira para a medição
de desempenho, uma vez que há a necessidade constante de adequação as
mudanças impostas pelo mercado;
87
b) dificuldade para a etapa de coleta e processamento devido à terceirização das
obras. Como melhoria a Diretora apontou: A questão de informatizar essas
informações. Já a Gerente apontou a criação de um cargo específico com um
técnico para auxiliar aos gestores nos processos vinculados à medição de
desempenho;
Em relação ao processo de gerenciamento da informação, verificou-se:
a) Como ponto positivo, a Diretora destacou que a empresa possui um dashboard.
O Uso de ferramentas de gerenciamento visual particularmente tem sido
defendido na literatura, como por exemplo por Barth (2007).
b) Como oportunidade de melhoria tem-se a formalização do progresso físico
apresentado aos clientes como um indicador na rotina da empresa, pois a
Diretora afirmou que as informações não eram utilizadas externamente;
c) O sistema ERP da empresa não está completamente integrado processo de
medição, o que leva aos gestores extraírem informações para planilhas
eletrônicas ou vice versa para produção dos indicadores, consumindo muito
tempo, conforme a Gerente entrevistada;
Em relação ao processo de avaliação e premiação, verificou-se:
a) não há um sistema de recompensa para os colaboradores da empresa. Esta foi
uma decisão direta do presidente. Constitui-se como oportunidade de melhoria,
principalmente porque a Diretora manifestou desejo de que houvesse esse
mecanismo na empresa;
Em relação ao processo de revisão sistemática, verificou-se:
a) Não há processo estruturado. Uma oportunidade de melhoria é, portanto, a
sistematização de uma revisão para os indicadores e para o processo de
medição em si.
88
4.1.4 Empresa Gama
4.1.4.1 Caracterização da empresa
A Empresa Gama possui 30 anos de fundação. Ao longo de sua história, a
empresa atuou em obras industriais, comerciais, igreja, hotel e banco, repartições públicas e
obras residenciais que juntas somam mais de 700.000 m² de área construída. Atualmente atua
exclusivamente como incorporadora e construtora de empreendimentos próprios no
seguimento residencial de alto padrão.
Na visão do Diretor Técnico, os seus clientes valorizam principalmente a
qualidade do acabamento final e as inovações tecnológicas da empresa. Como vantagem
competitiva, além dos critérios de qualidade e inovação, o Diretor Técnico citou o prazo de
entrega de seus empreendimentos. E mais, para se tornar mais competitiva a empresa precisa
reduzir seu custo de construção.
A Empresa Gama possui como missão "Eternizar a relação de construir grandes
sonhos com uma equipe comprometida com práticas éticas e responsáveis, gerando orgulho
aos colaboradores, fornecedores, clientes, sócios e parceiros, garantindo a perpetuidade da
empresa ".
Observando a entrevista e a missão da empresa, percebe-se a congruência do
principal como sendo a qualidade de seus empreendimentos. Em relação aos processos
críticos, o Diretor apontou a execução da estrutura de concreto dos seus empreendimentos.
A empresa possui certificação ISO 9001 e PBQPH-A e, conforme o Diretor
Técnico, adota alguns princípios da filosofia da Construção Enxuta, mas não existe nenhum
trabalho formalizado neste sentido.
A Tabela 25 apresenta os Fatores Críticos de Sucesso na percepção do Diretor
Técnico.
89
Tabela 25 - Fatores Críticos de Sucesso para Empresa Gama
Fator Crítico de Sucesso Diretor
Importância Uso
a. Liderança 5 4
b. Foco no cliente 5 3
c. Foco em outros stakeholders 4 4
d. Informações e análises 4 5
e. Gestão estratégica 5 3
f. Gestão do capital intelectual 4 4
g. Gestão de pessoas 4 4
h. Parcerias e gestão de fornecedores 4 3
i. Gestão de recursos (financeiros, materiais e equipamentos e instalações) 5 5
j. Gestão de riscos 4 4
k. Gestão de processos 4 3
l. Gestão da cultura de trabalho 4 4
Fonte: do autor.
Observar-se congruência entre a missão da empresa com o que ela considera
importante: foco no cliente. Ao longo da caracterização percebeu-se nitidamente a
preocupação do diretor em ressaltar aspectos de qualidade, inovação e prazo. Tais aspectos
relacionam-se com o foco no cliente. Esta característica, portanto, foi confirmada com esta
análise objetiva, embora o foco no cliente não tenha obtido nota máxima. Por fim, aponta-se
que estes fatores críticos devem ser monitorados pelo Sistema de Medição de Desempenho
(SMD) da empresa em questão, por serem considerados essenciais para o sucesso da empresa.
Assim, a partir do breve histórico da empresa, observa-se que a mesma tem um
forte viés na inovação, o que torna o seu SMD fundamental, uma vez que deve ser capaz de
fornecer informações para avaliação de tais inovações. Ou seja, se estão dando retorno efetivo
à empresa nas diversas dimensões de desempenho. A seguir, analisa-se a visão da empresa
sobre Medição de Desempenho.
4.1.4.2 Visão da empresa sobre Medição de Desempenho
O Quadro 5 apresenta o significado de desempenho na visão dos entrevistados da
Empresa Gama.
Quadro 26 - Significado de desempenho para os gestores da Empresa Gama
Diretor Controller
Para mim tudo que for fazer precisa de uma medição [...]. Se for
executar uma alvenaria, executar um projeto, tenho que ter algum
parâmetro de medição para ter um comparativo. Se eu não tiver isto
eu não consigo gerenciar meu trabalho e assim poder melhorá-lo [...].
O desempenho norteia as ações que a
gente tem para poder favorecer a
tomada de decisão e também garantir a
satisfação do cliente [...]
Fonte: do autor.
90
Observa-se que na visão do Controller o desempenho é a garantia da satisfação do
cliente. Entretanto, a visão exposta pelo diretor relacionou-se mais com a utilidade da
medição de desempenho e não com seu significado.
Esta leitura inicial foi confirmada pela Análise de Conteúdo (AC) em que
predominou a satisfação do cliente, conforme a Tabela 26.
Tabela 26 - Resultado da AC para o significado de desempenho para Empresa Gama
Categoria Final Codificação Entrevistados Consolidação
Diretor Controller Freq. %
Qualidade Inspeção na obra - 1 1 13%
Prazo Construir no prazo -
2 25% Obra no prazo - 2
Satisfação dos clientes
Atender as expectativas dos clientes -
5
63%
Satisfação do cliente - 4
Manutenção ser atendida - 1
Total - 8 8 100%
Fonte: do autor.
Em relação aos motivos para a empresa possuir um SMD, percebe-se que o diretor
a tem como parâmetro comparativo para tomada de decisão, corroborado pela visão do
Controller “Um dos benefícios principais é a gente ter o resultado e poder tomar decisão
baseado nesse resultado para direcionar para o cliente”.
Tal leitura foi confirmada pela Análise de Conteúdo (AC) em que se observa o
motivo tomada de decisão “auxiliar a tomada de decisão”, conforme a Tabela 27.
Tabela 27 - Resultado da AC para os motivos de possuir um SMD para Empresa Gama
Categoria Final Codificação Entrevistados Consolidação
Diretor Controller Freq. %
Avaliar a evolução da empresa ao
longo dos anos
Ter um comparativo 1 - 2 18%
Criar seu histórico 1 -
Fornecer a situação real do
desempenho e diagnóstico Te avaliar 1 - 1 9%
Proporcionar Aprendizado e
Melhoria Melhorar nossos processos 1 - 1 9%
Dar apoio ao processo de gestão Gerenciar meu trabalho 2 - 2 18%
Auxiliar a tomada de decisão Favorecer a tomada de decisão - 2
3 27% Nortear as ações - 1
Gerir a Cadeia de suprimentos Fornecedor de material - 1
2 18% Fornecedor de serviços - 1
Total 6 5 11 1
Fonte: do autor.
Estes motivos foram confirmados na análise objetiva em que se observa 100%
para “Dá apoio ao processo de gestão”, conforme a Tabela 28.
91
Tabela 28 - Motivos para a Empresa Gama possuir um SMD
Motivo Diretor Controller Consolidação
a. Fornecer a situação real do desempenho e diagnóstico 4 5 90%
b. Identificar áreas problemáticas e porque essas áreas são problemáticas 5 5 100%
c. Identificar lacunas de desempenho e melhorias potenciais 4 4 80%
d. Possibilitar uma análise de causa e efeito nas mudanças estruturais e
ambientais 4
3 70%
e. Dá apoio ao processo de gestão 5 5 100%
f. Comunicar resultados aos stakeholders 3 4 70%
g. Avaliar a evolução da empresa ao longo dos anos 5 5 100%
h. Realizar benchmarking interno 4 4 80%
i. Realizar benchmarking externo 4 3 70%
j. Gerir a estratégia 5 5 100%
k. Influenciar o comportamento 4 4 80%
l. Proporcionar Aprendizado e Melhoria 4 4 80%
Fonte: do autor.
Além destes motivos, o Controller apontou como extremamente importante para
“Fazer Parte da Participação Lucros e Resultados”. Conforme observado na caracterização da
empresa, vale ressaltar a importância de avaliar a evolução da empresa ao longo do anos,
justamente porque a empresa possui um perfil inovador. Os resultados de tais inovações
devem ser sempre analisados para verificar sua efetividade.
Em relação a importância dos indicadores financeiros, o Controller afirmou sua
importância para “[...] verificar o endividamento e saber quanto a gente pode exigir do cliente
durante a obra”. Tanto o Diretor quanto o Controller concordam que apenas o uso de
indicadores financeiros não são suficientes para a tomada de decisão, conforme afirmação do
Diretor : “[...] não é só o indicador financeiro que leva a tomar uma atitude. Eu tenho que
estar acompanhando o mercado [...] [. Assim] existem outras coisas como a localização do
empreendimento e outras mais que influenciam as minhas decisões”
O Controller exemplifica este fato com o indicador de rotatividade: “[...] a gente
tem rotatividade que é o RH que faz. Não é um indicador financeiro mas reflete no financeiro.
Porque quanto maior a rotatividade, mais a gente vai ter custos com treinamentos, seleção e
com rescisão.”
Os gestores afirmaram que os indicadores são fundamentais para a melhoria
contínua, uma vez que eles apontam as deficiências do processo de construção e podem ser
melhoraras em empreendimentos futuros.
Entretanto, observa-se na Análise de Conteúdo (AC) que os indicadores
financeiros, aparamente óbvio, são importantes para a gestão financeira (Tabela 29),
entretanto não foi o que se observou nas demais empresas desse estudo de caso, quando
inquiridas nesta mesma questão.
92
Tabela 29 – Importância dos indicadores financeiros para Empresa Gama
Categoria Codificação Entrevistados Consolidação
Diretor Controller Freq. %
Gestão financeira
Captar recurso 3 1
10 72%
Acompanhar o rendimento do
dinheiro aplicado 2 1
Rentabilidade
2
Garantir as melhores taxas
1
Dá apoio ao processo de gestão Trabalho com fluxo 1 1 2 14%
Gestão de risco Endividamento
2 2 14%
Total 6 8 14 1
Fonte: do autor.
Em relação à composição do SMD, os gestores foram questionados acerca da
importância e da utilização de algumas perspectivas da medição de desempenho. Os
resultados desta análise são apresentados na
Tabela 30.
Tabela 30 - Importância das perspectivas da medição de desempenho para Empresa Gama
Perspectivas de medição do desempenho Diretor 1 Controler Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2)
A. Desempenho do empreendimento/ Produção/ Eficiência da
Gestão do Projeto 100% 96% 84% 36% 92% 62%
a. Custo 5 5 5 2 10 7
b. Prazo 5 5 4 1 9 6
c. Qualidade e Funcionalidade (de acordo com as especificações
dos participantes do projeto) 5 4 4 2 9 6
d. Produtividade 5 4 4 1 9 5
e. Saúde e Segurança 5 4 4 3 9 7
B. Desempenho Organizacional 90% 80% 80% 60% 85% 70%
a. Financeiro (rentabilidade, lucro, dentre outros) 5 4 4 3 9 7
b. Mercado (valor de mercado, vendas, imagem da empresa,
dentre outros) 4 4 4 3 8 7
C. Desempenho dos stakeholders internos (ou seja, que estão
diretamente sob a influência organização) 90% 80% 90% 40% 90% 60%
a. Funcionários 5 4 5 1 10 5
b. Parceiros (subcontratados) 4 4 4 2 8 6
c. Fornecedores 4 3 5 2 9 5
d. Projetistas 5 5 4 3 9 8
D. Desempenho para os stakeholders externos (ou seja, que
não estão diretamente sob a influência da organização) 90% 60% 85% 40% 88% 50%
a. Impacto sobre os Investidores 5 1 4 2 9 3
b. Impacto sobre os Usuários Finais 5 4 5 3 10 7
c. Impacto sobre o Meio Ambiente 4 3 4 1 8 4
d. Impacto sobre a Sociedade 4 4 4 2 8 6
Legenda: (1) importância; (2) utilização.
Fonte: do autor.
Observa-se que em geral, a importância para todos os itens foi alta (acima de
80%), contrastando drasticamente com o grau de utilização na percepção do Controller, que
puxou toda avaliação para baixo. Destaca-se que na dimensão A. Desempenho do
93
empreendimento/ Produção/ Eficiência da Gestão do Projeto, o Controller atribuiu nota
mínima para o prazo, que na visão do Diretor é um dos seus diferenciais (tanto na abordagem
subjetiva quanto nesta abordagem objetiva) e para a produtividade.
Em relação à dimensão C. Desempenho dos stakeholders internos, observou-se,
também, tal distância diametral entre as respostas, pois enquanto o Diretor atribuiu nota
quatro para a utilização do subcritério funcionários, o Controller atribuiu nota mínima.
Destaca-se por fim que, tanto o Diretor, quanto o Controller convergem para a utilização do
subcritério Impacto sobre os Investidores na dimensão D. Desempenho para os stakeholders
externos.
A levantados na literatura pelos gestores da Empresa Gama.
Tabela 31 apresenta a importância dada aos indicadores levantados na literatura
pelos gestores da Empresa Gama.
Tabela 31 - Importância dos indicadores de desempenho para Empresa Gama
Indicador Diretor Controller Consolidação
Abs %
Desvio de prazo da obra 2 2 4 100%
Desvio de custo da obra 2 1 3 75%
Índice de não conformidades na entrega do imóvel 2 1 3 75%
Rentabilidade 1 2 3 75%
Taxa de frequência de acidentes 2 1 3 75%
Velocidade de vendas 1 2 3 75%
Avaliação de fornecedores de materiais 1 1 2 50%
Avaliação de fornecedores de serviços 1 1 2 50%
Índice de satisfação do cliente interno na obra 1 1 2 50%
Índice de satisfação do cliente usuário 2 0 2 50%
Lucratividade 1 1 2 50%
Percentual de pacotes concluídos 1 1 2 50%
Avaliação dos projetistas 1 0 1 25%
Índice de satisfação do cliente interno na sede 1 0 1 25%
Índice de treinamento 1 0 1 25%
Percentual de funcionários treinados 1 0 1 25%
Índice de contratação 0 0 0 0%
Índice de satisfação do cliente contratante 0 0 0 0%
Fonte: do autor.
Esta análise corrobora com a visão do Diretor que afirmou que “[...] todas as
nossas obras [são] entregues no prazo. Eu não atraso obra”. Ademais, oindicador financeiro
Lucratividade, considerado como estratégico, teve grau de importância de apenas 50%.
Por fim, os indicadores relacionados aos stakeholders obtiveram apenas 25% de
importância, o que corrobora a visão do Controller apresentado na
94
Tabela 30. Além disso, a visão de que estes indicadores são menos importantes se
reflete no grau de rotatividade que a empresa afirma possuir o Controller “A gente tem uma
rotatividade de 30%”.
Tendo conhecido a visão da empresa sobre a Medição de Desempenho, parte-se
então para a caracterização deste processo dentro da Empresa Gama.
4.1.4.3 Caracterização do processo de medição de desempenho
Conforme os documentos fornecidos, a Empresa Gama possui 33 indicadores, os
quais estão organizados de acordo com seus processos no Quadro 27.
Quadro 27 - Indicadores de Desempenho da Empresa Gama
Processo Indicador Objetivo Unid Coleta dos Dados Frequência
Compras Pedidos recebidos
com atraso (PRCA)
Medir a capacidade
dos fornecedores em
cumprir os prazos de
entrega do produto
Nº
Nº pedidos atrasados/
Total de pedidos do
período x100 (Não é
considerado os pedidos
suspensos)
Mensal
Compras
Índice de
desempenho dos
fornecedores
(FCNR)
Avaliar fornecedores
de materiais e
agregados com notas
reduzidas
%
Fornecedores com notas
reduzidas/Total de
fornecedores x 100
Semestral
Compras
Índice de
desempenho dos
fornecedores
(FCNA)
Avaliar fornecedores
de materiais e
agregados com notas
aumentadas
%
Fornecedores com notas
aumentadas/Total de
fornecedores x 100
Semestral
Compras Acréscimo de novos
fornecedores
Incluir novos
fornecedores Nº
Nº de novos
fornecedores/Total de
novos fornecedores do
semestre anterior x 100
Semestral
Qualidade
Índice de não
conformidade na
entrega do imóvel
Conformidade na
entrega do imóvel %
Nº de não
conformidade/nº de
verificações x100
Entrega de
obra
Qualidade
Índice de eficácia
das ações
preventivas e
corretivas
Aumentar a eficácia
das ações tomadas
nas não
conformidades
apontadas
%
Ações corretivas e
preventivas
implementadas/total de
ações preventivas e
corretivas propostas x
100
Semestral
Recursos
Humanos
Tempo de seleção de
novos colaboradores
Medir a eficiência da
área de seleção em
relação ao tempo dos
processos
Dias Tempo médio em dias
úteis de cada processo Mensal
Recursos
Humanos Volume de vagas
Medir a demanda da
área de seleção Nº
Quantidade de vagas
abertas/fechadas/
trabalhadas no mês
corrente.
Mensal
Recursos
Humanos
Movimentação de
pessoal
Proporcionar o
crescimento interno
e a valorização dos
talentos através de
processos internos
Nº Quantidade de
movimentações Mensal
95
Quadro 27 - Indicadores de Desempenho da Empresa Gama
Processo Indicador Objetivo Unid Coleta dos Dados Frequência
Recursos
Humanos Retenção de pessoal
Reter colaboradores
através de processos
seletivos alinhados e
assertivos
Nº
Quantidade de
colaboradores admitidos/
Quantidade de efetivados
após período de
experiência x 100
Trimestral
Almoxarifado Estoque Mínimo
Identificar os
materiais que
tiveram o estoque
zerado
Nº Nº de matérias com
estoque = 0 Mensal
Sustentabilidade
- Obra
Indicador de
consumo de água ao
longo da obra
Consumo de água
potável no canteiro
de obras por
trabalhador por mês m³
Consumo de água
potável no canteiro de
obras/trabalhador x mês
Mensal
Sustentabilidade
- Obra
Indicador de
consumo de água ao
final da obra
Consumo de água
potável no canteiro
de obras por m² de
área construída
Consumo de água
potável no canteiro de
obras/m² de área
construída
Mensal
Sustentabilidade
- Obra
Indicador de geração
de resíduos ao longo
da obra
Considerar o volume
total de resíduos
descartados dividido
pelo nº de
colaboradores por
mês. m³
Volume total de resíduos
descartados/nº de
colaboradores x mês
Mensal
Sustentabilidade
- Obra
Indicador de geração
de resíduos ao final
da obra
Considerar o volume
total de resíduos
descartados dividido
por m² de área
construída
Volume total de resíduos
descartados/m² de área
construída
Mensal
Sustentabilidade
- Obra
Indicador de
consumo de energia
ao longo da obra
Considerar o
consumo de energia
elétrica no canteiro
de obra, dividido
pelo nº de
colaboradores por
mês Kw.h
Consumo de energia
elétrica no canteiro de
obra/nº de colaboradores
x mês
Mensal
Sustentabilidade
- Obra
Indicador de
consumo de energia
ao final da obra
Considerar o
consumo de energia
elétrica no canteiro
de obra por m² de
área construída
Consumo de energia
elétrica no canteiro de
obra/m² de área
construída
Mensal
Planejamento -
Sala Técnica
Média das
solicitações lançadas
no orçamento
Avaliar a quantidade
de insumos lançados
no orçamento
Nº Solicitações
lançadas/dias uteis Mensal
Planejamento -
Sala Técnica
Média das
solicitações lançadas
no sistema
Avaliar a quantidade
de insumos
modificados no
orçamento
Nº Itens lançados
modificados/dias uteis Mensal
Execução da
Obra
Índice de NC na
obra
Conformidade na
inspeção do serviço %
Nº não conformidade
ocorridas na obra/total
itens de inspeções x 100
Mensal
Comercial Índice de Velocidade
de Vendas
Acompanhar o nº de
unidades vendidas
em relação as
unidades disponíveis
Nº
N° de unidades vendidas
em relação as unidades
disponíveis.
Mensal
96
Quadro 27 - Indicadores de Desempenho da Empresa Gama
Processo Indicador Objetivo Unid Coleta dos Dados Frequência
Comercial Volume Global de
Vendas
Acompanhar as
vendas mensais por
empreendimento.
Nº Vendas mensais por
empreendimento. Mensal
Recursos
Humanos
Índice de
Absenteísmo
Medir a ausência de
pessoal %
(Total de Faltas/Total de
Ausências) x Dias
trabalhados x 100
Semestral
Recursos
Humanos
Índice de
Rotatividade
Medir a entrada e
saída de pessoal %
(Total de Admitidos +
Total de Demitidos/ 2) /
Total de Colaboradores
Mensal
Recursos
Humanos
Satisfação do
colaborador
(pesquisa)
Medir a satisfação
do colaborador %
Pesquisas de satisfação
do colaborador/nº
colaborador pesquisado
x100
Anual
SAC Satisfação de cliente
obra em andamento
Melhoria continua
do produto %
Média da pesquisas de
satisfação do cliente
externo/número de
clientes pesquisados x
100
50% obra
executada
SAC Satisfação de cliente
obra entregue
Melhoria continua
do produto %
Média da pesquisas de
satisfação do cliente
externo / número de
clientes pesquisados x
100
12 meses
Assistência
Técnica
Índice de
solicitações de
clientes
Medir a quantidade
de solicitações por
empreendimento
%
Nº solicitações por
empreendimento/ Total
de unidades dos
empreendimentos.
Mensal
Assistência
Técnica
Satisfação do cliente
(manutenção)
Medir a satisfação
do cliente em
relação aos serviços
de manutenção
% Pesquisa de satisfação/nº
de clientes x 100 Semestral
Assistência
Técnica
Tempo de
atendimento ao
cliente
Medir o tempo (dias
úteis) do
recebimento da
solicitação em
relação a primeira
visita com o cliente.
Dias
(Recebimento da
solicitação - Primeira
visita ao cliente)
Mensal
Segurança Acidente com
afastamento
Número de acidentes
com afastamento Nº
Total de acidentes com
afastamento Mensal
Segurança Acidente sem
afastamento
Avaliar os acidentes
sem afastamento na
obra
%
Nº acidentes sem
afastamento/quantidade
de funcionários x 100
Mensal
Financeiro Índice de
Inadimplência
Avaliar o percentual
de clientes
inadimplentes da
empresa
%
Cobranças enviadas ao
banco não recebidas/
Total de cobranças
enviadas
Mensal
Fonte: do autor.
Observa-se que o Indicador de Pagamento de Comissão aos Corretores citados na
entrevista não consta na lista de indicadores formais da Empresa Gama. Ademais, observa-se
97
uma grande quantidade de indicadores (33). Uma terceira observação é que os indicadores
estão vinculados aos processos.
Classificando os indicadores da Empresa Gama sob a perspectiva do BSC,
observa que 48% destes são de processos internos, 30% de clientes, 12% de aprendizado e
crescimento e apenas 9% financeiros. Mais uma vez observa-se a tendência de que existem
indicadores não-financeiros que dão suporte à tomada de decisão estratégica, tese defendida
neste trabalho e observada na literatura, conforme Kaplan e Norton (1992), Bassioni, Price e
Hassan (2004) e Barbosa e Carpinetti (2010).
Em relação ao processo de seleção e definição dos indicadores, verifica-se que a
Empresa Alfa informou que a fonte de seleção foi predominantemente: (i) a partir da
estratégia; (ii) a partir do sistema de gestão da qualidade; (iii) a partir dos processos críticos; e
(iv) a partir de consultorias externas, conforme o Quadro 28.
Quadro 28 - Fonte de seleção dos indicadores da Empresa Gama
Fonte de seleção dos indicadores Diretor Controller
a partir da estratégia X
a partir do sistema de gestão da qualidade X X
a partir de clube de benchmarking setorial X
a partir dos processos críticos
a partir de consultorias externas X X
a partir da literatura x
a partir de certificações x
Fonte: do autor.
Em relação à definição dos indicadores, a empresa possui manual de utilização
dos indicadores a qual destaca: (i) itens da política – relacionando o indicador a política da
qualidade; (ii) Processo – que relaciona o indicador com um processo; (iii) Objetivo – do
indicador; (iv) Unidade – de medição; (v) Coleta dos dados – descrição do método de
medição; (vi) Frequência – de medição.
Ainda em relação a definição dos indicadores, o Diretor afirmou que estes estão
alinhados com os objetivos estratégicos “Com certeza. Todos eles”, bem como o Controller
“[...] os indicadores são consequência dos objetivos estratégicos”. Os respondentes afirmaram
ainda que existem dificuldades na seleção e definição dos indicadores, conforme observado
pelo Controller:
Ainda há setores que não tem indicadores, e às vezes a pessoa fica tão na parte
mecânica que nem sente a importância do que faz [...]. Muitas vezes as pessoas não
têm noção da importância do trabalho dela e ai não conseguem ver onde pode mudar
para poder fazer o indicador e nem coletar dado pra melhorar o indicador.
98
Para melhorar esta etapa do processo, o Diretor afirma que é necessário delegar
um responsável por todos os indicadores para que seja possível gerenciá-los e melhora-los
com cada setor ao qual é vinculado.
Em relação à coleta e processamento dos dados, a empresa utiliza planilhas
eletrônicas e um software específico. O processo de coleta é padronizado e ocorre
sistematicamente. Todo os respondentes afirmaram que o uso de TI pode melhorar o processo
de coleta.
Em relação ao estímulo para o uso dos indicadores, a empresa não possui
nenhuma estratégia definida, apenas a cobrança da entrega dos mesmo nas datas previamente
estabelecidas. Como dificuldade para coleta, o Diretor apontou “Falta da consciência, falta de
visão [...] [de que o indicador] facilita a vida dele [...]”, já o Controller afirmou que “[...] a
coleta em si ela não é difícil, os setores conseguem coletar”. Entretanto, em relação ao
processamento destes dados, o mesmo relata:
[...] o processamento ele requer tempo. Se a pessoa está bastante ocupada o
processamento fica deficitário ou ela não tem tempo para fazer executá-lo. A
estrutura é bem enxuta aqui e acaba que as pessoas ficam sobrecarregadas, não tendo
o tempo hábil para poder entregar até o dia 10. O gargalo é na parte do
processamento, colher as informações é fácil. Entrar em contato com o banco, ver
relatório do sistema, colher dados é até simples. Mas você colher e levantar a
documentação para servir de suporte para o que você está afirmando ai que é
complicado.
Assim dois pontos podem ser questionados: (i) falta de uma estratégia para
estimular e conscientizar os gestores sobre a importância do uso dos indicadores e (ii)
sobrecarga para o processamento dos dados – possivelmente pela quantidade de indicadores
que a empresa tem (33 indicadores, fora alguns indicadores que foram mencionados na
entrevista e que não estão formalizados).
Além disso, observa-se que foi mencionado que existem setores que ainda não
têm indicadores. Ou seja, este número tende a aumentar com o tempo, mas sem um devido
processo de seleção e definição destes indicadores, o sistema de medição poderá ficar robusto
em demasia, tornando-se um fardo para o gerenciamento da rotina na empresa.
Uma oportunidade de melhoria é, portanto, uma revisão de quais indicadores
realmente agregam valor a empresa e, consequentemente a eliminação dos demais. Um
número razoável de indicadores, verificado na literatura, é 10 a 12 indicadores.
Em relação ao gerenciamento da informação, conforme o Diretor existem reuniões
de discussões duas vezes por mês, tanto no escritório como na obra. Entretanto, o mesmo
afirmou que estes dados não são amplamente divulgados, ou seja, há disseminação seletiva da
99
informação: “Não. Nem todos estão disponíveis na empresa. Se tenho um valor aplicado, não
tenho que mostrar para o meu servente. Ou seja, no BI eu tenho níveis. Esse é diretor, esse é
gerente, esse é coordenador” (Diretor, Empresa Gama).
Ademais, o uso desta informação externamente, também é restrito. Segundo o
Diretor: “Temos algumas coisas, como no site onde vemos o acompanhamento de obras. É o
que interessa para o público. Prazo e acompanhamento estão lá para os clientes. Você entra no
site, escolhe a obra e vai ver este acompanhamento [...]”. Entretanto, verifica-se que este
indicador não está no manual de indicadores sendo, portanto, uma oportunidade de melhoria
para o SMD da empresa. Já o Controller afirma que não é cultura da empresa a divulgação de
informações externamente, salvo em ocasiões que o Sinduscon ou a Coopercon solicitam.
Para melhoria desta etapa, o Controller voltou ao questionamento acerca de os
indicadores estarem bem selecionados e definidos para serem melhor disseminados:
[...] a partir do momento que a gente conseguir finalizar e delimitar todos os
indicadores e formatá-los, basta só mesmo indicar em um banner que tem aqui na
copa. Porque ela já é disseminada, uma vez que tenha a reunião e os setores ficam
sabendo o que acontece, depois só mostrar em um quadro [...] (Controller, Empresa
Gama)
Em relação à análise e premiação o Diretor afirmou utilizar sempre os indicadores
para tomada de decisão e que estes servem como base para definição das premiações dos seus
funcionários, ou seja, existe um sistema de recompensa baseados nos indicadores de custo,
prazo, qualidade e segurança. Caso estes indicadores sejam positivos, a equipe administrativa
da obra recebe uma bonificação.
Tal afirmação é conflitante ao observado pelo Controller que afirma não haver
nenhum sistema de recompensa. Assim, verifica-se que tal bonificação mencionada pelo
Diretor refere-se exclusivamente à equipe de obra. Isto foi observado pelo Diretor:
Em dezembro agora foi a primeira vez que não houve no escritório. No passado os
chefes ganhavam um bônus. Todos ganhavam igual. Chegamos à conclusão que
estava virando um 14º salário. Uma obrigação. Aí resolvemos que não haveria mais.
Agora estou batalhando para que com esses indicadores a gente volte a criar a
cultura de ganhar por merecimento (Diretor, Empresa Gama)
O Diretor manifestou, também, dificuldades nesta etapa, pois não tem certeza de
que seu sistema de recompensa é justo e a forma para melhorar de tal situação foi o
benchmarking:
Existe sim. Eu lhe confesso que não sei se o meu sistema que estou querendo fazer
ou o sistema velho de premiação, qual é o mais justo. Eu não sei. E estamos
100
conversando muito com os parceiros. Sinto que ninguém mostra muito como faz, ou
porque não quer ensinar, ou tem medo de escancarar (Diretor, Empresa Gama).
Por fim, em relação à revisão sistemática, o Diretor afirmou que não há: “Não
revisa sistematicamente. A partir das reuniões, vai vendo as necessidades de revisão. Todos os
meses nós fazemos nossas reuniões administrativas e discutimos os indicadores”. Já o
Controller corrobora o que foi dito pelo Diretor, uma vez que afirmou que no dia-a-dia eles
vão percebendo a importância, ou não, de determinado indicador, fazendo com que este ou
aquele caia em desuso por não agregar valor aos seus usuários.
Assim, o Diretor observou a necessidade de formalizar o processo de revisão:
“Precisamos criar a formalidade de a cada tempo, por exemplo, todo mês de janeiro e todo
julho”.
Observa-se, portanto, que não há revisão sistemática. Isto pode ser fruto de os
indicadores não estarem se quer bem estabelecidos, havendo setores que ainda não se utilizam
da sistema de indicadores, bem como a elevada quantidade destes indicadores, dificultando,
desta forma, a priorização destes e a melhoria do sistema, ou seja, a própria revisão.
4.1.4.4 Oportunidades de melhoria para a Empresa Beta e/ou para as práticas de medição de
desempenho
Em relação ao processo de seleção e definição, verificou-se:
a) Existem indicadores, mencionados espontaneamente na entrevista, que não
estão formalizados no manual de indicadores da empresa: (i) Indicador de
Pagamento de Comissão aos Corretores; (ii) progresso físico da obra (para os
clientes);
b) Ainda há setores que não possuem indicadores devido aos seus responsáveis
não possuírem uma visão holística, conforme visão do Diretor. Como
oportunidade de melhoria o Diretor apontou ainda que é necessário delegar um
responsável por todos os indicadores para que seja possível gerenciá-los e
melhorá-los com cada setor ao qual é vinculado;
Em relação a coleta e processamento, verificou-se:
a) Grande quantidade de indicadores o que dificulta o processamento, conforme
Controller. A melhoria seria, portanto, refinar e estabilizar os indicadores que
realmente dão suporte à gestão da empresa;
b) Falta de cultura de medição por parte dos gestores, conforme apontou o
Diretor. A melhoria, portanto, é formatar uma estratégia para estimular e
101
conscientizar os gestores sobre a importância do uso dos indicadores, ou seja,
criar uma cultura de medição;
Em relação ao gerenciamento da informação, verificou-se:
a) destaca-se o uso da informação externamente para a divulgação do progresso
físico das obras em seus sites para seus clientes. Apesar de todas as empresas
possuírem esta informação em seu site, apenas o Diretor da Empresa Gama foi
o único que mencionou este fato em sua entrevista;
Em relação a avaliação e premiação, verificou-se:
a) incerteza quanto ao sistema de recompensa
Em relação à revisão sistemática, verificou-se:
a) não há revisão sistemática. Isto pode ser fruto de os indicadores não estarem se
quer bem estabelecidos, havendo setores que ainda não se utilizam da sistema
de indicadores, bem como a elevada quantidade destes indicadores,
dificultando, desta forma, a priorização destes e a melhoria do sistema, ou seja,
a própria revisão.
102
4.2 Análise comparativa dos casos
A seguir, realiza-se uma análise comparativa entre as quatro empresas, cujas
principais características são apresentadas no Quadro 29.
Quadro 29 - Principais características das empresas estudadas
Características/
Empresa Empresa Alfa Empresa Tau Empresa Beta Empresa Gama
Atuação e nicho
de mercado
Incorporação e
Construção de
Edifícios
Residenciais e
Comercial de
Classes A e B
Incorporação e
Construção de
Edifícios
Residenciais e
Comercial de
Classes A e B
Incorporação e
Construção de
Edifícios
Residenciais e
Comercial de
Classes A
Incorporação e
Construção de
Edifícios
Residenciais e
Comercial de
Classes A
Praça de atuação
Fortaleza-CE,
Manaus-AM, Natal-
RN e em Campinas-
SP
Fortaleza-CE Fortaleza-CE e
Natal-RN Fortaleza-CE
Características
valorizadas pelos
clientes
Credibilidade,
localização e
qualidade
Credibilidade Marca da empresa Qualidade e
inovação
Critérios de
competição
Localização, custo
de construção,
marca da empresa,
credibilidade,
excelência técnica e
customização
Credibilidade, a
qualidade e os
valores
Solidez financeira,
qualidade, prazo e
foco no cliente
Qualidade e
inovação
Melhoria de
processos para
aumentar a
competitividade
Gestão de custos de
obra, a aquisição de
novos terrenos,
cumprimento dos
prazos de entrega
dos
empreendimentos
Racionalização dos
processos
construtivos
Qualidade e
segurança das
entregas dentro do
prazo
Reduzir seu custo
de construção
Diferenciais
competitivos
Relacionamento
com o cliente,
proatividade da
empresa,
customização e
manutenção
programada pós-
obra
Melhor atendimento
ao cliente, entrega
no prazo e
atendimento pós-
obra
Solidez financeira Qualidade,
inovação e prazo
Processos
críticos
Regularização da
documentação do
registro do imóvel e
relacionamento com
imobiliárias e
corretores
Padronização e
melhoria dos
processos
construtivos
Entrega dos
empreendimentos
dentro do prazo
Execução da
estrutura de
concreto
Envolvimento
com filosofias de
gestão
Construção enxuta Construção enxuta e
construção verde
Construção enxuta e
construção verde
Construção Enxuta
(em implantação)
Certificações PBQP-H A e ISO
9000
ISO 9001, PBQP-H,
Procel e Selo de
Acessibilidade
PBQP-H A, ISO
9000 e ISO 14.000
PBQP-H A e ISO
9000
Fonte: do autor.
103
Vê-se que as empresas possuem nicho de atuação semelhante e atuam em
diferentes praças. A credibilidade foi a característica de maior valor para os clientes citada
pelas empresas. Possivelmente, tal critério é fruto do nicho de mercado de alto padrão.
Percebe-se que a redução de custos e a entrega dos empreendimentos no prazo
foram as melhoria de processos mais citadas pelas empresas para aumentar a competitividade.
Ademais, como diferenciais competitivos foram citados principalmente a entrega no prazo e o
relacionamento com o cliente (na comercialização e no pós-obra). E mais, o processo crítico
mais mencionado foi justamente a entrega dos empreendimentos dentro do prazo.
Destaca-se que todas as empresas manifestaram possuir envolvimento com a
Construção Enxuta. A indústria da construção civil fortalezense é reconhecida por ser um
polo de aplicação de tal filosofia. A Empresa Tau, por exemplo, é um case internacional desta
filosofia.
Ademais, observa-se a difusão da construção verde que duas empresas
mencionaram ter envolvimento. Por fim, em relação às características, destaca-se que todas as
empresas possuem Sistema de Gestão da Qualidade certificados (pelo menos pelo PBQP-H).
Em relação aos fatores críticos de sucesso, em geral todos obtiveram alto grau de
importância destacando-se o foco no cliente e a gestão estratégica, conforme a Tabela 32
Tabela 32 - Fator Crítico de Sucesso
Fator Crítico de Sucesso Alfa Tau Beta Gama Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2)
a. Liderança 4 4 5 4 4 5 5 4 90% 85%
b. Foco no cliente 5 4 5 5 5 5 5 3 100% 85%
c. Foco em outros stakeholders 4 4 5 4 4 4 4 4 85% 80%
d. Informações e análises 4 5 5 4 4 5 4 5 85% 95%
e. Gestão estratégica 5 4 5 5 5 5 5 3 100% 85%
f. Gestão do capital intelectual 5 5 5 5 5 5 4 4 95% 95%
g. Gestão de pessoas 4 4 5 4 5 5 4 4 90% 85%
h. Parcerias e gestão de fornecedores 4 5 5 3 5 5 4 3 90% 80%
i. Gestão de recursos (financeiros, materiais e
equipamentos e instalações) 5 5 5 5 4 4 5 5 95% 95%
j. Gestão de riscos 5 4 5 4 5 4 4 4 95% 80%
k. Gestão de processos 3 4 5 5 5 4 4 3 85% 80%
l. Gestão da cultura de trabalho 4 4 5 4 4 4 4 4 85% 80%
Legenda: (1) importância; (2) utilização.
Fonte: do autor.
Em relação ao uso, observa-se alto grau de utilização, não sendo significativa a
distinção entre um e outro neste momento. Quando da análise dos indicadores, será verificado
a congruência destes com seus Fatores Críticos de Sucesso.
104
4.2.1.1 Visão das empresas sobre Medição de Desempenho e seu uso
Em relação ao significado de desempenho (questão doze), verificou-se que os
respondentes não distinguiram claramente o significado do desempenho dos seus benefícios –
objeto da questão treze. Assim, as menções aos benefícios dos indicadores observadas na
questão doze foram incluídas na análise da questão treze.
A Tabela 33 apresenta o significado de desempenho na percepção dos
entrevistados.
Tabela 33 - Resultado da AC para o significado de desempenho
Significado/Empresa Alfa Tau Gama Beta Consolidação
Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %
Satisfação dos clientes 1 5% 4 40% 5 63% 0 0% 10 26%
Competitividade 3 15% 4 40% 0 0% 1 100% 8 21%
Prazo 4 20% 0 0% 2 25% 0 0% 6 15%
Custo 3 15% 2 20% 0 0% 0 0% 5 13%
Retorno Financeiro 4 20% 0 0% 0 0% 0 0% 4 10%
Marca da empresa 3 15% 0 0% 0 0% 0 0% 3 8%
Qualidade 2 10% 0 0% 1 13% 0 0% 3 8%
Total 20 100% 17 100% 8 100% 1 100% 43 100%
Fonte: do autor.
Percebe-se que a satisfação do cliente figura como principal sinônimo de
desempenho. Tal significado corrobora com a evolução da indústria que migrou de
desempenho financeiro para aspectos qualitativos e relacionados aos clientes (KAPLAN;
NORTON, 1992). Tal evolução é corroborada, pois o Retorno Financeiro obteve apenas 10%
das menções.
Esta evidência é complementada ao se observar a evolução da indústria da
construção na qual os clientes estão cada vez mais exigentes, melhoria da cultura das
empresas construtoras no que diz respeito a padronização, qualidade (surgimento PBQP-H,
ISO 9000, por exemplo), bem como a própria legislação do setor com o código de defesa do
consumidor e mais recentemente com a norma de desempenho – ABNT NBR 15.575:2013.
A Tabela 34 apresenta os motivos do uso de indicadores de desempenho na
percepção dos entrevistados.
105
Tabela 34 - Motivos para o uso de Indicadores de Desempenho (questionamento aberto)
Benefícios/Empresa Alfa Tau Gama Beta Consolidação
Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %
Avaliar a evolução da
empresa ao longo dos anos 7 32% 0 0% 2 18% 6 35%
15 22%
Fornecer a situação real do
desempenho e diagnóstico 6 27% 3 27% 1 9% 2 12%
12 18%
Proporcionar aprendizado e
melhoria 6 27% 3 27% 1 9% 2 12% 12 18%
Auxiliar a tomada de decisão 1 5% 0 0% 3 27% 6 35% 10 15%
Influenciar o comportamento 0 0 7 39% 0 0 0 0 7 10%
Benchmkaring 1 5% 3 27% 0 0% 1 6% 5 7%
Dar apoio ao processo de
gestão 1 5% 1 9% 2 18% 0 0%
4 6%
Gerir a cadeia de suprimentos 0 0% 0 0% 2 18% 0 0% 2 3%
Comunicar resultados aos
stakeholders 0 0% 1 9% 0 0% 0 0% 1 1%
Total 22 100% 18 100% 11 100% 17 100% 61 100%
Fonte: do autor.
Comparando esta questionamento aberto (Tabela 34) com o questionamento
fechado na questão dez (Tabela 35) – grau de influência para que a empresa utilize um
Sistema de Medição de Desempenho, verifica-se que o motivo gerir a estratégia, que obteve
maior grau de influência na análise objetiva, se quer foi mencionado espontaneamente na
entrevista. O mesmo ocorreu para: (i) Identificar lacunas de desempenho e melhorias
potenciais; (ii) realizar benchmarking interno; (iii) possibilitar uma análise de causa e efeito
nas mudanças estruturais e ambientais.
Isso corrobora o que foi mencionado nesta pesquisa por Barbosa(2010) de haver
um descompasso, uma desordem entre a teoria e a prática da medição de desempenho na
construção, não se tendo um sistema de medição de desempenho formalizado ou a existência
do sistema de medição de desempenho graves deficiências.
Tabela 35 - Motivos para o uso de Indicadores de Desempenho (questionamento fechado)
Motivo (1) (2) Gerir a estratégia 96% 0
Dar apoio ao processo de gestão 92% 3
Avaliar a evolução da empresa ao longo dos anos 92% 3
Proporcionar Aprendizado e Melhoria 92% 4
Fornecer a situação real do desempenho e diagnóstico 90% 4
Identificar áreas problemáticas e porque essas áreas são problemáticas 90% 0
Influenciar o comportamento 86% 1
Comunicar resultados aos stakeholders 82% 1
Identificar lacunas de desempenho e melhorias potenciais 78% 0
Realizar benchmarking interno 78% 0
Possibilitar uma análise de causa e efeito nas mudanças estruturais e ambientais 76% 0
Realizar benchmarking externo 76% 3
Auxiliar a tomada de decisão NA 3
Gerir a Cadeia de suprimentos NA 1
106
Legenda: (1) grau de influencia para utilização de Indicadores/Medição de Desempenho. (2)
Número de empresas que mencionaram o motivo espontaneamente na entrevista. NA – Não foi
avaliado na questão dez (objetiva).
Fonte: do autor.
Ademais, verifica-se que dois motivos foram manifestados espontaneamente pelos
entrevistados: (i) auxiliar a tomada de decisão e; (ii) gerir a cadeia de suprimentos. Por fim,
observa-se dois motivos mais fortes, ou seja, que obtiveram alto grau de influência e foram
mencionados espontaneamente por todas as empresas, que foram: (i) proporcionar
aprendizado e melhoria e; (ii) fornecer a situação real do desempenho e diagnóstico.
Em relação aos indicadores financeiros, destaca-se a sua importância principal
para a gestão financeira da empresa, conforme a Tabela 36.
Tabela 36 - Importância dos indicadores financeiros
Categoria Alfa Tau Beta Gama Consolidação
Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %
Gestão financeira 2 33% 10 71% 12 34%
Dá apoio ao processo de gestão 3 43% 2 14% 5 14%
Gestão de risco 2 25% 2 14% 4 11%
Fornecer a situação real do
desempenho e diagnóstico 3 38% 3 9%
Identificação de áreas
problemáticas 3 38% 3 9%
Tomada de decisão 4 57% 4 11%
Competitividade 1 17% 1 3%
Desempenho do Negócio 1 17% 1 3%
Aprendizado e Melhoria 2 33% 2 6%
Total 6 100% 8 100% 7 100% 14 100% 35 100%
Fonte: do autor.
Ademais, todos os entrevistados compartilham do mesmo pensamento de que o
uso exclusivo de indicadores financeiros não são suficientes para a tomada de decisão. Isso
vai ao encontro do que afirmam Kaplan e Norton(1993 apud Barbosa e Carpinetti, 2010), em
que os gestores não devem ficar restritos em escolher as medidas financeiras e medidas
operacionais, é importante que se busquem conseguir o equilíbrio entres elas.
Todos os entrevistados também afirmaram que os indicadores são fundamentais
para o alcance da melhoria contínua em suas respectivas empresas.
A Tabela 37 apresenta o grau de importância e de utilização das perspectivas de
desempenho inquiridas aos respondentes.
Tabela 37 - Importância e utilização das perspectivas de um SMD
Perspectivas de medição do
desempenho
Alfa Tau Beta Gama Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2)
A. Desempenho do
empreendimento/ Produção/
Eficiência da Gestão do
92% 83% 97% 96% 98% 96% 92% 62% 95% 85%
107
Tabela 37 - Importância e utilização das perspectivas de um SMD
Perspectivas de medição do
desempenho
Alfa Tau Beta Gama Consolidação
(1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2)
Projeto
a. Custo 14 13 14 14 10 10 10 7 96% 88%
b. Prazo 14 10 15 15 10 10 9 6 96% 82%
c. Qualidade e
Funcionalidade 14 13 15 15 9 10 9 6 94% 88%
d. Produtividade 15 13 15 13 10 8 9 5 98% 78%
e. Saúde e Segurança 12 13 14 15 10 10 9 7 90% 90%
B. Desempenho
Organizacional 93% 83% 100% 100% 90% 100% 85% 70% 93% 89%
a. Financeiro (rentabilidade,
lucro, dentre outros) 14 12 15 15 9 10 9 7 94% 88%
b. Mercado (valor de
mercado, vendas, imagem da
empresa, dentre outros)
14 13 15 15 9 10 8 7 92% 90%
C. Desempenho dos
stakeholders internos 87% 83% 97% 88% 98% 93% 90% 60% 93% 82%
a. Funcionários 14 13 15 13 10 10 10 5 98% 82%
b. Parceiros (subcontratados) 13 12 15 14 10 10 8 6 92% 84%
c. Fornecedores 12 12 14 13 9 9 9 5 88% 78%
d. Projetistas 13 13 14 13 10 8 9 8 92% 84%
D. Desempenho para os
stakeholders externos 87% 83% 93% 93% 93% 100% 88% 50% 90% 83%
a. Impacto sobre os
Investidores 13 13 13 12 9 10 9 3 88% 76%
b. Impacto sobre os Usuários
Finais 14 12 14 14 10 10 10 7 96% 86%
c. Impacto sobre o Meio
Ambiente 13 12 15 15 9 10 8 4 90% 82%
d. Impacto sobre a Sociedade 12 13 14 15 9 10 8 6 86% 88%
Legenda: (1) importância; (2) utilização.
Fonte: do autor.
Em geral, todas as notas atribuídas foram altas, inviabilizando uma análise
comparativa mais significante frente a amostra colhida. Ademais, a utilização foi sempre
menor que a importância para todos os itens avaliados, ou seja, as empresas não conseguem
por em prática tudo o que gostariam de realizar dentro do sistema de medição de desempenho.
Isso corrobora com Neely et al., (1997), que afirma existirem barreiras de caráter estrutural e
comportamental para a implementação plena do sistema de indicadores nas empresas. Isto
denota que as empresas ainda possuem uma lacuna de desempenho a preencher.
Acerca dos indicadores identificados na literatura, a Tabela 38 apresenta o
resultado consolidado.
108
Tabela 38 – Análise dos indicadores da literatura pelas empresas
Indicadores/ Empresa Alfa Tau Beta Gama Consolidação
Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %
Desvio de custo da obra 6 100% 6 100% 4 100% 3 75% 19 95%
Rentabilidade 5 83% 6 100% 4 100% 3 75% 18 90%
Desvio de prazo da obra 4 67% 5 83% 4 100% 4 100% 17 85%
Lucratividade 5 83% 6 100% 3 75% 2 50% 16 80%
Índice de satisfação do
cliente usuário 4 67% 6 100% 3 75% 2 50% 15 75%
Índice de não
conformidades na
entrega do imóvel
3 50% 5 83% 4 100% 3 75% 15 75%
Velocidade de vendas 5 83% 4 67% 2 50% 3 75% 14 70%
Taxa de frequência de
acidentes 4 67% 5 83% 2 50% 3 75% 14 70%
Avaliação dos
projetistas 3 50% 5 83% 3 75% 1 25% 12 60%
Percentual de pacotes
concluídos (PPC) 2 33% 4 67% 3 75% 2 50% 11 55%
Avaliação de
fornecedores de serviços 2 33% 5 83% 2 50% 2 50% 11 55%
Avaliação de
fornecedores de
materiais
2 33% 5 83% 2 50% 2 50% 11 55%
Índice de satisfação do
cliente interno na obra 2 33% 5 83% 2 50% 2 50% 11 55%
Índice de satisfação do
cliente interno na sede 2 33% 5 83% 2 50% 1 25% 10 50%
Índice de treinamento 2 33% 4 67% 3 75% 1 25% 10 50%
Percentual de
funcionários treinados 2 33% 3 50% 3 75% 1 25% 9 45%
Índice de satisfação do
cliente contratante 0 0% 0 0% 2 50% 0 0% 2 10%
Índice de contratação 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 0 0%
Fonte: do autor.
Destaca-se a baixa importância dada aos indicadores de Índice de satisfação do
cliente contratante e de Índice de contratação. Na verdade, este resultado era esperado, uma
vez que nenhuma das empresas trabalha com licitação, ou seja, prestam serviços para outros
clientes. No entanto, a Diretora da Empresa Beta considerou como cliente os seus acionistas
atribuindo assim, nota extremamente importante (nota 2) para o indicador de Índice de
satisfação do cliente contratante.
Destaca-se ainda o baixo grau de importância dado ao PPC (apenas 55%), uma
vez que todas as empresas mencionaram envolvimento com a Construção Enxuta. É sabido
que tal indicador é um dos mais importantes para os seus praticantes.
É digno de nota que os principais indicadores (desvio de custo e desvio de prazo)
convergem para o que as empresas consideram como critério de competitividade e ainda,
109
como processo crítico. Note-se que, indicadores financeiros como Rentabilidade e
Lucratividade, também foram considerados como muito importantes, só que em menor grau.
Isto vai de encontro com o principal significado de desempenho analisado que é o
satisfação do cliente, cujo indicador analisado – Índice de Satisfação do Cliente, recebeu
apenas 75% de importância. Porém, os indicadores identificados como principais compõem
um mix entre aspectos qualitativos vinculados à gestão e a aspectos financeiros, o que é
extremamente saudável, conforme Kaplan e Norton (1992).
4.2.1.2 Análise comparativa dos SMDs das Empresas
Em relação aos indicadores utilizados pelas empresas, verificou-se um total de 89
indicadores, dentre os quais apenas quatorze são utilizados por mais de uma empresa,
conforme destacado na Tabela 39. Salienta-se que a análise comparativa de todos os 89
indicadores, encontra-se no Apêndice C.
Tabela 39 - Consolidação de indicadores de desempenho das empresas
Indicador/Empresa Alfa Tau Beta Gama Consolidação
Freq. %
NC's de Execução de Obra/ Cumprimento de Não-
conformidades/ Índice de NC na obra 1 1 1 3 75%
Geração de Resíduos ao longo da obra/ Índice de Resíduos da
Construção (IRC) 1 1 1 3 75%
Nível de Satisfação do Cliente Pós-Ocupação/ Satisfação de
cliente obra entregue 1 1 1 3 75%
Inadimplência/ Índice de Inadimplência/Índice de
inadimplência x carteira 1 1 1 3 75%
Controle de Custo por Obra/Índice de Desvio de Custo
(IDC)/IDC - Índice de desenvolvimento de custo 1 1 1 2 75%
Vendas sobre ofertas/Velocidade Sobre Oferta Líquido (VSO
líquido) 1 1 2 50%
Consumo de Água ao Longo da Obra 1 1 2 50%
Consumo de Energia ao Longo da Obra/ Indicador de consumo
de energia ao longo da obra 1 1 2 50%
Quantidade de reinspeção/Entrega do produto com qualidade -
Recebimento 1 1 2 50%
Índice de Velocidade de Vendas 1 1 2 50%
Índice de Rotatividade 1 1 2 50%
Índice de Treinamento/ Índice de cumprimentos da LNTD 1 1 2 50%
Retenção de pessoal/ Retenção (Qualidade na seleção) 1 1 2 50%
Volume Global de Vendas/VGV regularizado 1 1 2 50%
Fonte: do autor.
O Quadro 30 apresenta os indicadores consolidados das empresas na perspectiva
do BSC.
110
Quadro 30 - Classificação dos indicadores consolidados na perspectiva do BSC
Perspectiva Indicador
Financeiro
Vendas sobre ofertas/Velocidade Sobre Oferta Líquido (VSO líquido)
Inadimplência/ Índice de Inadimplência/ Índice de inadimplência x carteira
Índice de Velocidade de Vendas
Volume Global de Vendas/VGV regularizado
Clientes Nível de Satisfação do Cliente Pós-Ocupação/ Satisfação de cliente obra entregue
Quantidade de reinspeção/Entrega do produto com qualidade - Recebimento
Processos
Internos
NC's de Execução de Obra/ Cumprimento de Não-conformidades/ Índice de NC na obra
Geração de Resíduos ao longo da obra/ Índice de Resíduos da Construção (IRC)
Consumo de Água ao Longo da Obra
Controle de Custo por Obra/Índice de Desvio de Custo (IDC)/IDC - Índice de
desenvolvimento de custo
Consumo de Energia ao Longo da Obra/ Indicador de consumo de energia ao longo da obra
Aprendizado e
Crescimento
Índice de Rotatividade
Índice de Treinamento/ Índice de cumprimentos da LNTD
Retenção de pessoal/ Retenção (Qualidade na seleção)
Fonte: do autor.
Verifica-se que 29% são da perspectiva financeira, 14% de clientes, 36% de
processos internos e 21% aprendizagem e crescimento. Além disso, destes quatorze
indicadores, apenas quatro estão no mapeamento dos indicadores da literatura realizados nesta
pesquisa e avaliado pelos entrevistados, que são: (i) Índice de Desvio de Custo (IDC); (ii)
quantidade de reinspeção/(entrega do produto com qualidade – recebimento); (iii) índice de
velocidade de vendas e; (iv) índice de treinamento/ índice de cumprimentos.
Ademais, todos os diretores afirmaram possuir o indicador Rentabilidade e de
Lucratividade, porém, os documentos fornecidos com os indicadores não comprovam sua
existência formal no sistema de medição da empresa, constando apenas na Empresa Alfa.
Por fim, compararam-se os fatores críticos de sucesso com os indicadores de cada
empresa e seu grau de importância e utilização. Os modelos de medição baseados em
qualidade, como é o caso do MEG, propõe que os indicadores devem monitorar os fatores
críticos de sucesso da empresa (BASSIONI; HASSAN; PRICE, 2004). Tal relação não ficou
evidente, conforme apresentado na Tabela 40.
111
Tabela 40 - Fator Crítico de Sucesso(FCS) versus número de indicadores/empresa
Fator Crítico de Sucesso (FCS) Nº de indicadores/Empresa Consolidação
Alfa Tau Beta Gama (1) (2) (3)
a. Liderança 0 0 0 0 0% 90% 85%
b. Foco no cliente 1 2 5 6 100% 100% 85%
c. Foco em outros stakeholders 0 0 2 0 25% 85% 80%
d. Informações e análises 0 0 1 0 25% 85% 95%
e. Gestão estratégica 0 0 5 1 50% 100% 85%
f. Gestão do capital intelectual 1 1 1 0 75% 95% 95%
g. Gestão de pessoas 0 2 3 7 75% 90% 85%
h. Parcerias e gestão de fornecedores 0 0 4 4 50% 90% 80%
i. Gestão de recursos (financeiros, materiais e
equipamentos e instalações) 4 1 7 3 100% 95% 95%
j. Gestão de riscos 1 1 1 0 75% 95% 80%
k. Gestão de processos 6 11 20 12 100% 85% 80%
l. Gestão da cultura de trabalho 0 1 0 0 25% 85% 80%
Legenda: (1) % de Empresas que possuem indicadores vinculados ao FCS; (2) grau de importância em relação
ao FCS ; (3) grau de utiização em relação ao FCS
Fonte: do autor.
Percebe-se que, em geral, tanto a importância quanto o grau de utilização
referentes aos FCS foram altos, conforme entrevistados. Entretanto, tais FCS não estão sendo
monitorados em sua completude. Destaca-se negativamente o fator liderança. Nenhuma
empresa apresentou indicadores relacionados ao FCS liderança.
Destaca-se, também, o foco no cliente, gestão de recursos e a gestão de processo
como os únicos FCS que todas as empresas possuem indicadores vinculados.
Assim, como oportunidade de melhoria, verifica-se a necessidade de inclusão de
indicadores relacionados à liderança. Bem como de gestão da cultura de trabalho como, por
exemplo, a Empresa Tau que possui um indicador para verificar o grau de implantação de sua
filosofia de produção (construção enxuta).
Em relação à etapa de seleção e definição dos indicadores o Quadro 31 apresenta
as principais características comparando as empresas estudadas.
Quadro 31 - Principais características da seleção e definição dos indicadores
Características/
Empresa Empresa Alfa Empresa Tau Empresa Beta Empresa Gama
Q20 - Possui
manual de
indicadores
Sim Não
Sim, mas não
forneceu
documentação
Sim
Q21 - Relação
com os objetivos
estratégicos
Sim Não explícito
Sim, mas não
forneceu
documentação
Sim
Q22 - Forma de
seleção dos
indicadores
A partir da (i)
estratégia e do (ii)
Sistema de Gestão
da Qualidade
A partir da (i)
estratégia; (ii) clube
de benchmarking
setorial e da (iii)
literatura
A partir da (i)
estratégia
A partir do (i)
sistema de gestão
da qualidade e de
(ii) consultorias
externas
112
Quadro 31 - Principais características da seleção e definição dos indicadores
Características/
Empresa Empresa Alfa Empresa Tau Empresa Beta Empresa Gama
Q23 -
Manifestou
dificuldades na
etapa
Sim: (i) as
informações são
insuficientes para o
uso adequado dos
indicadores, no que
diz respeito às
diretrizes de ações a
serem tomadas a
partir de
determinados
resultados; (ii)
alguns indicadores
não traduzem aquilo
que você precisa
Sim: (i) os
indicadores são
selecionados apenas
pelo nível
estratégico; (ii) falta
de visão sistêmica
dos gestores
Sim: (i) saber se o
indicador vai
produzir o que você
quer enxergar. (ii)
Não adianta nada ter
um indicador que
não mostra o que
você quer ver
Sim: (i) Ainda há
setores que não
tem indicadores,
devido aos seus
responsáveis não
conseguirem
seleciona-los por
falta de
entendimento da
importância do seu
trabalho
Q24 -
Manifestou
melhorias para a
etapa
Não
Sim: (i) reduzir o
número de
indicadores
Sim: (i) necessidade
de uma revisão
sistemática dos
indicadores
Sim: (i) delegar
um responsável
por todos os
indicadores
Fonte: do autor.
Observa-se que, em geral, as empresas possuem manual dos indicadores, à
exceção da Empresa Tau. Estes indicadores estão vinculados aos objetivos estratégicos,
embora isto não tenha sido evidenciado pela Empresa Tau (não está explícito) e pela Empresa
Beta (falta de documentação). Em relação à forma de seleção dos indicadores, verifica-se que
a estratégia foi a principal fonte de seleção, com exceção apenas da Empresa Gama.
Ademais, em segundo plano, a principal fonte de seleção foram os Sistemas de
Gestão da Qualidade, o que parece incongruente, uma vez que todas as empresas possuem
certificação. Ou seja, as empresas parecem não enxergar os indicadores exigidos pelas
certificações como indicadores de sua empresa – talvez por estes não os ajudarem na gestão
de suas empresas, tornando-se um mero cumprimento de burocracia e não uma ferramenta de
apoio à gestão.
Quanto às dificuldades, observam-se falhas na seleção do indicador que pode estar
vinculada à falta de visão sistêmica dos gestores e até a forma como estes são selecionados
(de cima pra baixo, estratégico para operacional). Há dificuldade, também, na estrutura de
definição, ou seja, no manual de indicadores.
Dentre as melhorias sugeridas, uma delas chama atenção: delegar um responsável
por todos os indicadores. Um gestor dedicado à gestão dos indicadores poderia melhorar a
visão dos gestores para com os processos e seus indicadores, ser um intermediário entre os
níveis estratégico e operacional, além de refinar os manuais de indicadores. Tal figura pode
não estar presente atualmente na estrutura das empresas, mas um consultor externo pode
113
momentaneamente suprir esta lacuna. Tal responsável pode, também, atuar nas outras
melhorias propostas, ou seja, na redução dos indicadores e em sua revisão sistemática.
Em relação à etapa de coleta e processamento dos indicadores, o Quadro 32
apresenta as principais características comparando as empresas estudadas.
Quadro 32 - Principais características da coleta e processamento dos indicadores
Características/
Empresa Empresa Alfa Empresa Tau Empresa Beta Empresa Gama
Q25 - Como são
coletados e
processados os
indicadores
A empresa utiliza (i)
planilhas eletrônicas
e um (ii) software
personalizado pela
empresa para a
Gestão da Qualidade
A empresa utiliza (i)
manuais em
planilhas eletrônicas
e (ii) software
especializado
(i) manualmente, (ii)
planilhas eletrônicas
no campo e (iii)
software
A empresa utiliza
(i) planilhas
eletrônicas e um
(ii) software ERP
personalizado
Q26 - A etapa é
padronizada Sim Sim
Sim, sem
explicitação Sim
Q27 - O uso de
TI pode
melhorar o
processo
Sim: o uso de TI
melhora o processo
de coleta, tornando-
(i) o mais ágil e (ii)
aumentando a
fidedignidade das
informações
Sim: (i) armazenar e
disponibilizar o
histórico dos
indicadores ao longo
da história da
empresa
Sim, com ressalva
ao custo associado a
customização do
software e à sua
flexibilidade
Sim
Q28 - Existe
estratégia para
motivar a coleta
dos indicadores
A empresa já tentou
(i) mecanismos
punitivos, mas a
questão ainda
suscita
aprimoramento
Sim: (i) o diretor
técnico vai à obra
discutir os
indicadores com o
respectivo gestor
Sim: (i) Existe um
cronograma de
atividades para
entrega da
informação
Não
Q29 -
Manifestou
dificuldades na
etapa
Sim: (i) rotina de
atualização às vezes
o pessoal atrasa
Sim: (i) inserir os
indicadores na rotina
dos gestores
Sim: uma vez que
muitas obras são
executadas por
terceiros, existe
dificuldade na (i)
interação para
entrega das
informações nos
prazos previamente
estabelecidos
Sim: (i) falta de
consciência dos
gestores sobre a
importância do uso
dos indicadores e
(ii) sobrecarga para
o processamento
dos dados
Q30 -
Manifestou
melhorias para a
etapa
Não
Sim: (i) a utilização
de um software; (ii)
sensibilização,
treinamento e
conscientização para
que realmente cada
colaborador compre
o indicador
Sim: (i) a utilização
de um software; (ii)
treinamento e (iii)
acompanhamento de
um representante da
sala técnica para
auxiliar os
responsáveis pelos
indicadores
Não
Fonte: do autor.
Observa-se que em relação a como os indicadores são coletados e processados,
verifica-se que todas as empresas utilizam planilhas eletrônicas e possuem software
específico, embora este não integre todos os setores, conforme Empresa Alfa que afirma
114
possuir um para a gestão da qualidade. Todos afirmaram que tal etapa é padronizada, porém
não se pode constatar tal afirmativa para a Empresa Beta, uma vez que seus documentos não
foram disponibilizados.
Todos acredita que o uso de TI pode melhorar o processo coleta e processamento.
Porém, vale destacar a ressalva apontada pela Gerente da Empresa Beta quanto ao custo
associado a customização do software e à sua flexibilidade. Tal visão, também é observada
literatura por Kennerley e Neely (2002): a falta de flexibilidade dos sistemas ERP é uma
barreira para a medição de desempenho, uma vez que há a necessidade constante de
adequação as mudanças impostas pelo mercado.
Quanto a estratégia para motivar a coleta dos indicadores, observa-se a postura da
Empresa Tau que o Diretor Técnico visita as obras da empresa com pauta específica:
discussão dos indicadores de desempenho da obra.
Observaram-se que todas as empresas manifestaram dificuldade na etapa. A
dificuldade principal é a inserção dos indicadores na rotina dos gestores– talvez pela
burocracia e/ou excesso de indicadores, o que também é observado por Kennerley e Neely
(2002). Como melhoria, apontaram a utilização integral do software, pois nem todos os
indicadores são coletados via sistema ou são fornecidos pelo mesmo. E mais, em alguns casos
o dado é extraído do sistema para ser processado em planilhas eletrônicas, o que é uma
contradição.
Em relação à etapa de gerenciamento das informações o Quadro 33 apresenta as
principais características comparando as empresas estudadas.
Quadro 33 - Principais características da etapa de gerenciamento da informação
Características/
Empresa Empresa Alfa Empresa Tau Empresa Beta Empresa Gama
Q31 - Forma de
apresentação dos
indicadores
(i) Reuniões de
discussões entre
gerentes
mensalmente e (ii)
trimestralmente em
reuniões de análise
crítica
(i) relatórios, (ii)
reuniões e (iii)
painel na obra
(i) reunião mensal
de consultores
externos com a
diretoria; (ii) reunião
mensal de diretoria
com gerência; (iii)
reunião bimestral
com nível
operacional; (iv)
reunião mensal na
obra; (v) dashboard
(i) reuniões de
discussões duas
vezes por mês,
tanto no escritório
como na obra
115
Q32 -
Disseminação
seletiva dos
resultados dos
indicadores
Sim Sim Sim Sim
Q33 - Uso
externo das
informações dos
indicadores
Sim: (i) divulgação
dos resultados
financeiros e; (ii)
progresso físico dos
empreendimentos
Sim: (i) relatório
GRI
Sim: (i) por ser uma
empresa de capital
aberto, há a
obrigatoriedade da
divulgação dos seus
resultados
financeiros.
Sim: (i) o
acompanhamento
de obras em seu
site
Q34 -
Manifestou
dificuldades na
etapa
Sim: (i) divulgação
não chega a todos os
interessados
Sim: (i) a quantidade
de reuniões que
existem para a
disseminação das
informações
consome muito
tempo e diminui a
disponibilidade para
análise crítica das
informações
Sim: (i) as
informações não são
gerenciadas via
sistema ERP, o que
dificulta o processo
e consome muito
tempo
Não mencionou
Q35 -
Manifestou
melhorias para a
etapa
Sim: (i) melhorar a
rotina de divulgação
Sim: (i) melhorar a
segurança com que a
informação é
repassada entre os
diversos níveis
hierárquicos
Não mencionou Não mencionou
Fonte: do autor.
Reunião para debater os indicadores é unanimidade entre as empresas para a
disseminação da informação. Estas informações são disseminadas seletivamente. Observa-se
que todas as empresas possuem o andamento de deus empreendimentos divulgados em seus
sites, mas nem todos reconhecem este uso de informações externamente, como é o caso das
Empresas Tau e Beta.
Em relação às dificuldades na etapa foi apontado a quantidade de reunião que
existem para disseminar as informações, o que consome muito tempo. E mais, para a Empresa
Alfa, as informação não chegam à todos os interessados, embora não tenha sido
apontado/detectado os motivos. Como melhoria, destaca-se a necessidade de melhorar a
segurança com que a informação é repassada entre os diversos níveis hierárquicos para evitar
distorções entre os níveis.
Em relação à etapa de avaliação e premiação o Quadro 34 apresenta as principais
características comparando as empresas estudadas.
Quadro 34 - Principais características da etapa de avaliação e premiação
Características/
Empresa Empresa Alfa Empresa Tau Empresa Beta Empresa Gama
Q36 - Uso dos
indicadores na Sim Sim Sim Sim
116
tomada de
decisão
Q38 - Existência
de sistema de
recompensa
Sim, baseado nos
indicadores custo,
prazo, qualidade das
obras e gestão da
rotina de trabalho
para a administração
da obra
Sim, para todos os
colaboradores da
empresa. Entretanto,
não foi observado
um processo
estruturado com
metas especificas
para as recompensas
Não
Sim, baseado nos
indicadores custo,
prazo, qualidade e
segurança para a
equipe
administrativa da
obra
Q39 -
Manifestou
dificuldades na
etapa
Não mencionou
Sim, quanto à
avaliação:
segmentação das
reuniões de análise
dos indicadores por
nível hierárquico ou
por setor
Não mencionou
Sim, para o
sistema de
recompensa: não
há certeza que o
sistema é justo
Q40 -
Manifestou
melhorias para a
etapa
Não mencionou
Sim, para a
premiação: Atrelar a
recompensa à (i)
gestão por
competência e (ii) o
estabelecimento de
metas e de
recompensas
vinculadas a estas
metas
Sim, estabelecer um
sistema de
recompensas
Sim, para o
sistema de
recompensa:
estender a
recompensa para
os funcionários da
administração
central
Fonte: do autor.
Verifica-se que todos os entrevistados afirmaram utilizar o indicadores para a
tomada de decisão e que apenas a Empresa Beta não possui sistema de recompensa. Em geral,
estes sistemas são voltados para recompensa da administração da obre e é baseado nos
indicadores de custo, prazo e qualidade. Em relação à dificuldade, destaca-se a falta de
segurança quanto ao sistema de recompensa manifestado pelo Diretor da Empresa Gama. Este
fenômeno é observado explicitamente na literatura, conforme observam Cândido, Lima e
Barros Neto (2016). Destacam-se como melhorias apontadas: (i) atrelar a recompensa à gestão
por competência e (ii) o estabelecimento de metas e de recompensas vinculadas a estas metas.
Em relação à etapa de revisão sistemática Quadro 35 apresenta as principais
características comparando as empresas estudadas.
Quadro 35 - Principais características da etapa de revisão sistemática
Características/
Empresa Empresa Alfa Empresa Tau Empresa Beta Empresa Gama
Q41 - Existência
da revisão
sistemática
Sim, anualmente
apenas para as
metas. A utilidade
dos indicadores são
revisados de forma
assistemática, por
meio de
necessidades
Sim, anualmente
apenas para as
metas. A utilidade
dos indicadores são
revisados de forma
assistemática, por
meio de
necessidades
Sim, anualmente
apenas para as
metas. A utilidade
dos indicadores são
revisados de forma
assistemática, por
meio de
necessidades
Não há
117
específicas. específicas. específicas.
Q43 -
Manifestou
dificuldades na
etapa
Sim, refinamento
das metas dos
indicadores
Não mencionou
Sim, encontrar um
indicador que
substitua aquele
considerado
obsoleto
Não mencionou
Q44 -
Manifestou
melhorias para a
etapa
Sim: formalização
de um processo de
revisão com
frequência
estabelecida
Não mencionou Não mencionou
Sim: formalização
de um processo de
revisão com
frequência
estabelecida
Fonte: do autor.
Verifica-se que a revisão que as empresas realizam não é sistemática. Quando
estas ocorrem estão direcionadas às metas. Não há uma revisão dos indicadores em si, muito
menos da funcionalidade do sistema, confirmando o observado por Cândido, Lima e Barros
Neto (2016). Há, no entanto, desejo de formalizar este processo e o primeiro passo na visão
dos entrevistados é o estabelecimento de uma frequência de revisão dos indicadores.
Esta análise comparativa subsidiou a proposição das diretrizes, as quais são
apresentadas a seguir, na seção 4.3.
118
4.3 Diretrizes para o uso de Indicadores de Desempenho em Empresas Construtoras
A partir das reflexões advindas destes estudos de caso, propõem-se onze diretrizes
para o uso de indicadores de desempenho por empresas construtoras.
Em relação à melhoria dos indicadores em si, recomenda-se adicionar as causas de
não cumprimento utilizado junto ao indicador de Percentual de Pacotes Concluídos (PPC)
uma análise das causas raiz pelo método do A3 do Sistema Toyota de Produção, conforme
prática da Empresa Tau.
Em relação a seleção e definição dos indicadores:
a) Reconhecer o progresso físico do empreendimento divulgado no site de todas
as empresas como um indicador para os clientes;
b) Incluir um indicador que avalie o grau de implantação da filosofia de gestão
utilizada pela empresa;
c) Incluir um indicador que avalie o desempenho global dos projetos e que
permita a prática do benchmarking entre estes;
d) Envolver todos os stakeholders internos na seleção dos indicadores da
empresa, condicionando um processo de duas direções da diretoria para a
operação e da operação para diretoria. Verificou-se distorção entre a
importância dada aos indicadores nos diferentes níveis hierárquicos, chegando
ao ponto de gestores operacionais dizer que existiam indicadores que ele não
confiava;
e) Elaboração de um manual de indicadores para a definição de quais informações
são necessárias para operação de cada indicador escolhido pela empresa. Para
tal, recomenda-se a utilização da estrutura proposta Neely et al. (1997);
f) Formalização de todos os indicadores em um manual de utilização. Verificou-
se que as empresas manifestaram o uso de indicadores que não foram
identificados nos documentos da mesma.
Em relação a coleta e processamento dos indicadores:
a) Estimular uma cultura de medição entre os gestores, reforçando o papel dos
indicadores para auxiliar o gerenciamento da rotina e do cumprimento dos
objetivos das empresas;
119
b) Investir em automatização da coleta e processamento dos indicadores, por meio
de TI, salvaguardando a flexibilidade que o sistema precisa possuir para
adaptar-se rapidamente as mudanças impostas pelo mercado;
Em relação ao gerenciamento da informação
a) Uso de ferramenta de gerenciamento visual para disseminação das informações
– uso de dashboard e painel em obra, por exemplo;
Em relação à avaliação e premiação:
a) Elaborar um sistema de recompensas baseado na gestão por competências com
metas bem estabelecidas e repassadas aos responsáveis pelo processo para
evitar injustiças quanto as bonificações;
Em relação à revisão sistemática:
a) Elaborar um processo de revisão sistemática com frequência predefinida e com
foco não apenas nas metas dos indicadores, mas na importância do indicador
em si e sua facilidade de operacionalização em termos de tempo e custo para
sua manutenção no sistema;
Estas onze diretrizes evidenciam espaço para melhoria dos SMD’s que tornem a
empresa mais competitiva e constituem a principal contribuição deste trabalho. A seguir,
apresentam-se as conclusões e as proposições de trabalhos futuros.
120
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve por objetivo propor diretrizes para uso de indicadores de
desempenho em empresas construtoras. Para tal, realizou-se uma revisão da literatura que
permitiu perceber a evolução do tema de medição de desempenho na construção, que
fatidicamente seguiu a mesma tendência observada na literatura da indústria, conforme Neely
et al. (1997). Ou seja, a inserção de aspectos qualitativos e externos à empresa (vinculados à
cadeia produtiva) em seu conjunto de indicadores de desempenho.
Tal evolução, tornou mais complexo a seleção e definição dos indicadores pelas
empresas construtoras, como ficou evidente nos estudos de caso. Para contribuir nesta lacuna
da gestão na construção, identificou-se um conjunto de indicadores relevantes da literatura, o
qual foi submetido ao julgamento dos gestores das empresas, o que cumpriu o objetivo
específico a).
Em seguida, por meio de quatro estudos de caso foi possível mapear o processo de
utilização de indicadores de desempenho das empresas construtoras, o que cumpriu o objetivo
específico b). Percebeu-se que há um descompasso entre algumas características que foi
mencionado nas entrevistas, mas que não foi possível comprovar na prática. Em geral, os
gestores de nível estratégico não conhecem a dificuldade da utilização dos indicadores da
empresa, fato expressado pelos gestores de nível tático/operacional. Houve casos em que se
mencionou que o indicador não era confiável ou útil, comprovando a distorção entre os níveis
hierárquicos.
Em relação ao uso dos indicadores, objetivo específico c), observou-se, um
excesso de indicadores que na opinião de alguns gestores não representavam necessariamente
as demandas de apoio à gestão, gerando sobrecarga para a produção de tais informações não
úteis em detrimento com os indicadores de fato relevante. Isso diminuía o foco da análise e os
desdobramentos efetivos acerca das ações a partir dos indicadores.
Verificou-se ainda grande distorção entre os fatores críticos de sucesso apontados
como fundamentais e os indicadores que pudessem monitorá-los. Para liderança, por exemplo,
nenhuma empresa possui indicador relacionado.
Diagnosticadas as lacunas de desempenho, realizou-se a proposição de melhorias
para os processos das empresas estudadas, objetivo específico d). Merecendo relevo a
necessidade da melhoria do processo de seleção e definição dos indicadores em todas as
121
empresas. Isto pode ser alcançado com a padronização de um manual de indicadores, cuja
estrutura mais completa, na percepção do autor, foi proposta por Neely et al. (1997).
Por fim, comparou-se os casos e realizou-se a proposição de onze diretrizes para
uso de indicadores de desempenho em empresas construtoras, objetivo geral desta pesquisa.
Foram elencadas seis diretrizes em relação à seleção e definição dos indicadores, duas para a
coleta e processamento dos indicadores, uma para o gerenciamento da informação, uma para a
avaliação e premiação e uma para revisão sistemática.
Vale mencionar, neste sentido, a revisão sistemática não só dos indicadores, mas
do próprio processo como um todo, verificando a operatividade do sistema. Neste sentido, não
foi observada nenhuma prática nas empresas. E mais, todas as empresas devem envolver os
níveis tático/operacionais para que esta revisão seja efetivamente realizada, evitando-se
distorções entre o que o gestor de nível estratégico acredita que o processo precise considerar
o que efetivamente o processo tem necessitado.
Conclui-se que as deficiências observadas nos sistemas de medição das empresas
diminuem sua capacidade competitiva, uma vez que as informações geradas não conseguem
enfatizar as verdadeiras lacunas de desempenho da empresa, bem como proporcionar um
estilo de gestão pró-ativo para as mudanças do mercado. Na verdade, o que se observou foi
um exercício de gestão centrado em controles que não necessariamente dão oportunidades de
melhoria para a empresa, mas apenas de reação às falhas ocorridas.
Apesar do esforço envidado e das contribuições desta pesquisa, merece relevo as
suas limitações que relacionam-se principalmente à natureza do trabalho qualitativo. Estudos
de caso são oportunos para aprofundar em fenômenos particulares objetivando induzir
proposições teóricas que possam vir a serem confirmadas em abordagens mais quantitativas.
Assim, como sugestão de trabalhos futuros aponta-se: 1) realização de uma survey
para detectar quais as principais dificuldades e barreiras que as empresas construtoras
cearenses encontram para prática da medição de desempenho; 2) consolidar um indicador de
desempenho agregado composto por diversas facetas do desempenho e que possibilite o
posicionamento da empresa frente ao seus concorrentes; e 3) propor um sistema de gestão de
indicadores capaz de captar as relações de causa e efeito entre medidas operacionais e
estratégicas.
.
122
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127
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA
Abertura da entrevista
Esta entrevista tem por objetivo coletar informações para o desenvolvimento de uma pesquisa
cuja finalidade é Propor um sistema de gestão de indicadores de desempenho estratégicos
para empresas de construção civil.
Observação 1: fica garantido o sigilo das informações relativas à empresa e ao entrevistado.
Observação 2: a pesquisa não pretende levantar dados e resultados dos indicadores de
desempenho de sua empresa.
Observação 3: gostaria de sua permissão para gravar esta entrevista para facilitar a análise
dos resultados/respostas.
Observação 4: O pesquisador se dispõe a fornecer um exemplar da Dissertação, resultado
final da presente pesquisa, para cada empresa participante do estudo, caso haja manifesto
interesse por parte desta.
Parte I – Caracterização da Empresa (Barros Neto, 1999; Costa, 2008) – Alta gerência
1. Conte um pouco sobre a história da empresa (presidente).
2. Quais são as características dos clientes/ donos destas obras? O que é valorizado por estes
clientes?
3. Quais critérios a empresa considera importante para ser competitiva? Ex.: qualidade,
atendimento ao prazo, inovação, flexibilidade.
4. O que a empresa acredita que deveria ser realizado para ser mais competitiva?
5. Quais competências que a empresa tem que se diferenciam das demais empresas do seu nicho
de mercado de atuação?
6. Quais são os processos críticos da empresa e de seus empreendimentos? Eles estão mapeados?
(pedir a disponibilização do mapa do processo)
7. A empresa possui envolvimento com alguma filosofia de gestão? Ex.: Lean Construction,
Greenbuilding, Qualidade Total (TQM).
8. Que tipo de certificações e há quanto tempo à empresa às possui?
( ) ISO, qual? ___________________________Desde____/____/____Prazo de validade____/____/____
( ) PBQP-H: Nível _______________________Desde____/____/____Prazo de validade____/____/____
( ) Sustentabilidade, qual? _________________Desde____/____/____Prazo de validade____/____/____
( ) Outra:_____ _________________________ Desde____/____/____Prazo de validade____/____/____
128
9. Indique a esquerda (Q9-A) qual o grau de importância que você afere a cada um dos fatores de
sucesso listados a seguir e (Q9-B) qual o grau de utilização/ estímulo em sua empresa. Caso você
ache necessário acrescentar mais itens, por favor, especifique-os no local indicado.
Q9A - Grau de
importância
Q9B - Grau de
utilização
Sem
importância
Extremamente
importante
Sem
utilização
Extremamente
utilizado
Fatores de sucesso
a. Liderança 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
desenvolvimento de lideres, envolvidos dos lideres com clientes, com outros stakeholders
b. Foco no cliente 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, identificação e monitoramento dos requisitos dos clientes/ envolvimento com os clientes
c. Foco em outros stakeholders 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, identificação e monitoramento dos requisito de outros stakeholders/ envolvimento com
stakeholders)
d. Informações e análises 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, a coleta de informações, a análise e a interface de sistemas (hardware e software) são
eficientes, confiáveis e atualizadas com as necessidades do negócio/ as informações são usadas para
tomada de decisão
e. Gestão estratégica 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, possui um plano estratégico, monitorar as ações a partir deste, comunicação dos objetivos
organizacionais
f. Gestão do capital intelectual 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, o aprendizado e conhecimento organizacional são planejados e gerenciados
g. Gestão de pessoas 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, os recursos humanos e capacidades são planejadas, gerenciadas e melhoradas
h. Parcerias e gestão de fornecedores 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, as parcerias e a gestão de fornecedores são planejadas, controladas e gerenciadas/ os parceiros
e os fornecedores planejam baseados em suas necessidades, contribuições e cultura da equipe de
trabalho
i. Gestão de recursos (financeiros, materiais e equipamentos e instalações)
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, os recursos financeiros, materiais, equipamentos e instalações são planejados e gerenciados
j. Gestão de riscos 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, os riscos para o projeto e para organização são identificados e avaliados, são listados planos
para mitigação dos riscos relevantes, a efetividade deste plano é controlado e avaliado
k. Gestão de processos 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, os processos são identificados e projetados, são comunicados claramente para os funcionários
e stakeholders, são implantados e controlados, são atualizados e melhorados com base nos requisitos e
129
Q9A - Grau de
importância
Q9B - Grau de
utilização
Sem
importância
Extremamente
importante
Sem
utilização
Extremamente
utilizado
Fatores de sucesso
necessidades dos clientes e stakeholders
l. Gestão da cultura de trabalho 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Ou seja, existem normas comportamentais e valores organizacionais identificados de forma planejada,
são medidas para controlar o plano e proporcionar melhorias
m. Outro, qual?________________________ 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Parte II – Visão da Empresa sobre Medição de Desempenho
10. Dentre os motivos listados a seguir, indique o grau de influência para que sua empresa utilize
um Sistema de Medição de Desempenho
Sem influência Influência
moderada
Principal
Razão
a. Fornecer a situação real do desempenho e diagnóstico 1 2 3 4 5
b. Identificar áreas problemáticas e porque essas áreas são problemáticas 1 2 3 4 5
c. Identificar lacunas de desempenho e melhorias potenciais 1 2 3 4 5
d. Possibilitar uma análise de causa e efeito nas mudanças estruturais e ambientais 1 2 3 4 5
e. Dá apoio ao processo de gestão 1 2 3 4 5
f. Comunicar resultados aos stakeholders 1 2 3 4 5
g. Avaliar a evolução da empresa ao longo dos anos 1 2 3 4 5
h. Realizar benchmarking interno 1 2 3 4 5
i. Realizar benchmarking externo 1 2 3 4 5
j. Gerir a estratégia 1 2 3 4 5
k. Influenciar o comportamento 1 2 3 4 5
l. Proporcionar Aprendizado e Melhoria 1 2 3 4 5
m. Outro, qual? 1 2 3 4 5
130
11. Indique a esquerda (Q11-A) qual o grau de importância que você afere a cada um das
perspectivas de medição de desempenho e (Q10-B) qual o grau de utilização em sua empresa.
Caso você ache necessário acrescentar mais itens, por favor, especifique-os no local indicado.
Q11A - Grau de
importância
Q11B - Grau de
utilização
Sem
importância
Extremamente
importante
Sem
utilização
Extremamente
utilizado
Perspectivas de medição do desempenho
A. Desempenho do empreendimento/ Produção/ Eficiência da Gestão do Projeto
a. Custo 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
b. Prazo 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
c. Qualidade e Funcionalidade (de acordo com as especificações dos participantes do projeto)
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
d. Produtividade 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
e. Saúde e Segurança 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
f. Outro, qual?_________________________ 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
B. Desempenho Organizacional
a. Financeiro (rentabilidade, lucro, dentre outros)
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
b. Mercado (valor de mercado, vendas, imagem da empresa, dentre outros)
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
c. Outro, qual?_________________________ 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
C. Desempenho dos stakeholders internos (ou seja, que estão diretamente sob a influência
organização)
a. Funcionários 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
b. Parceiros (subcontratados) 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
c. Fornecedores 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
d. Projetistas 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
e. Outro, qual?_________________________ 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
D. Desempenho para os stakeholders externos (ou seja, que não estão diretamente sob a influência
da organização)
a. Impacto sobre os Investidores 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
b. Impacto sobre os Usuários Finais 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
c. Impacto sobre o Meio Ambiente 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
d. Impacto sobre a Sociedade 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
e. Outro, qual?_________________________ 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
12. Qual o significado de desempenho para sua empresa?
13. Quais são os benefícios que o uso destes indicadores proporcionam à empresa?
14. Qual a importância dos indicadores financeiros para a empresa?
131
15. Em sua opinião, o uso de apenas indicadores financeiros é suficiente para a tomada de decisão
na empresa? Justifique.
16. Em sua opinião, qual o papel dos indicadores de desempenho no alcance da melhoria contínua?
17. Assinale abaixo as perspectivas de desempenho, ou seja, os temas aos quais os indicadores de
desempenho utilizados pela empresa estão relacionados. Em seguida, ordene-os por
importância:
( ) Sustentabilidade ( )
( ) Saúde e segurança ( )
( ) Inovação ( )
( ) Qualidade ( )
( ) Execução de processos e serviços ( )
( ) Finanças ( )
( ) Outro. Qual? ________________________________________________________( )
132
18. Dentre os indicadores listados a seguir, indique o grau de importância que você afere a cada um deles?
Indicador Descrição Grau de Importância
Desvio de custo da obra? Diferença entre o custo orçado e o custo real da
obra em porcentagem
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Desvio de prazo da obra? Diferença entre o avanço planejado e o avanço
real em porcentagem
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Percentual de pacotes
concluídos?
Nº de pacotes concluídos dividido pelo nº de
pacotes planejados para um período específico
de medição
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Taxa de frequência de
acidentes?
Número de Acidentes com Afastamento
ocorridos no mês dividido pelo total de
Homem-Hora de Exposição ao Risco no mês de
referência vezes um milhão
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Índice de satisfação do cliente
usuário? Média das notas obtidas em pesquisa de
satisfação do cliente
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Índice de satisfação do cliente
contratante? Média das notas obtidas em pesquisa de
satisfação com o cliente contratante
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Velocidade de vendas? Número de unidades vendidas dividido pelo ( ) Sem ( ) Pouco ( ) ( ) Muito ( )
133
Indicador Descrição Grau de Importância
número de unidades à venda em porcentagem importância Importante indiferente importante Extremamente
importante
Índice de contratação? Número de obras ganhas dividido pelo número
de propostas ganhas
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Avaliação de fornecedores de
serviços? Média das notas dadas pela equipe de gestão da
obra para os fornecedores de serviços
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Avaliação de fornecedores de
materiais? Média das notas dadas pela equipe de gestão da
obra para os fornecedores de materiais
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Avaliação dos projetistas? Média das notas dadas pela equipe de gestão da
obra/ escritório para os projetistas
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Índice de não conformidades
na entrega do imóvel? Numero de não conformidades dividido pelo
número de verificações em porcentagem
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Índice de satisfação do cliente
interno na obra? Média das notas dadas pelos colaboradores da
obra para a obra
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Índice de satisfação do cliente
interno na sede? Média das notas dadas pelos colaboradores da
sede para a sede
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
134
Indicador Descrição Grau de Importância
Índice de treinamento? Número total de horas de treinamento dividido
pelo efetivo médio
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Percentual de funcionários
treinados? Número de funcionários treinados dividido pelo
efetivo médio
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Lucratividade Lucro líquido dividido pela receita líquida em
porcentagem
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
Rentabilidade Lucro líquido dividido pelo investimento total
em porcentagem
( ) Sem
importância
( ) Pouco
Importante
( )
indiferente
( ) Muito
importante
( )
Extremamente
importante
135
Parte III – Caracterização do Sistema de Medição de Desempenho da Empresa
A. Selecionar e definir
19. Quais indicadores a empresa coleta sistematicamente? Você poderia ordená-los por importância?
20. Existe um manual de utilização destes indicadores (Pedir a disponibilização deste)? Se sim, as informações contidas neste manual são suficientes para o
uso dos indicadores?
21. Os indicadores definidos pela empresa estão relacionados aos objetivos estratégicos? Em sua opinião, os indicadores devem estar relacionados aos
objetivos estratégicos?
22. Como foi feita a seleção dos indicadores da sua empresa?
( ) a partir da estratégia
( ) a partir de sistemas de gestão da qualidade
( ) a partir de clubes de benchmarking Setorial
( ) a partir dos processos críticos
( ) a partir de consultorias externas
( ) a partir da literatura
( ) a partir de certificações, Qual (is)?________________________ ___________________
( ) Outro, qual?_____________________________________________________________
23. Existe alguma dificuldade para etapa de selecionar e definir os indicadores?
24. O que poderia ser feito para melhorar este processo em sua empresa?
B. Coleta e Processamento
25. Como são coletados e processados os indicadores? Manualmente, Planilhas Eletrônicas ou softwares específicos.
136
26. Existem documentos padronizados para a coleta e processamento dos indicadores?
27. Você acredita que o uso de uma ferramenta computacional (software) poderia facilitar a coleta dos dados e cálculo dos indicadores?
28. Existe alguma estratégia para motivar as pessoas a coletar os dados? É necessário às vezes cobrar para que as pessoas coletem os dados?
29. Existe alguma dificuldade para etapa de coleta e processamento?
30. O que poderia ser feito para melhorar este processo em sua empresa?
C. Gerenciamento da informação
31. Como os resultados dos indicadores são apresentados? Painel nos Canteiros/ Escritório, Relatório, workshop, reunião de discussão entre gestores e
supervisores.
32. Existe disseminação seletiva da informação dos resultados dos indicadores ou estes estão disponíveis a todos da empresa?
33. Vocês usam esta informação externamente? Para que outros fins são utilizados os indicadores?
34. Existe alguma dificuldade para etapa de gerenciamento da informação?
35. O que poderia ser feito para melhorar este processo em sua empresa?
D. Avaliar e premiar
36. De posse das informações obtidas através dos indicadores de desempenho, como elas são aproveitas pela empresa? São utilizadas para tomada de
decisão?
37. Você se lembra de alguma decisão tomada especificamente usando os resultados dos indicadores?
38. Existe algum sistema de recompensa na empresa?
39. Existe alguma dificuldade para etapa de avaliar e premiar?
40. O que poderia ser feito para melhorar este processo em sua empresa?
E. Revisão sistemática
137
41. A empresa revisa sistematicamente os seus indicadores? De que forma?
42. Ao longo da história da empresa, houve alguma mudança nos indicadores? Esta mudança foi fruto de um aprendizado institucionalizado (ou seja, uma
discussão na empresa sobre a utilidade do indicador)?
43. Existe alguma dificuldade para etapa de revisão sistemática?
44. O que poderia ser feito para melhorar este processo em sua empresa?
138
APÊNDICE B – INDICADORES DAS EMPRESAS
Em relação aos indicadores utilizados pelas empresas, verificou-se um total de 89
indicadores os quais são apresentados na Tabela 41.
Tabela 41 - Indicadores de desempenho das empresas
Indicador/Empresa Alfa Tau Beta Gama Consolidação
Freq. %
NC's de Execução de Obra/ Cumprimento de Não-
conformidades/ Índice de NC na obra 1 1 1 3 75%
Geração de Resíduos ao longo da obra/ Índice de Resíduos da
Construção (IRC) 1 1 1 3 75%
Nível de Satisfação do Cliente Pós-Ocupação/ Satisfação de
cliente obra entregue 1 1 1 3 75%
Inadimplência/ Índice de Inadimplência/Índice de
inadimplência x carteira 1 1 1 3 75%
Consumo de Energia ao Longo da Obra/ Indicador de consumo
de energia ao longo da obra 1 1 2 50%
Vendas sobre ofertas/Velocidade Sobre Oferta Líquido (VSO
líquido) 1 1 2 50%
Consumo de Água ao Longo da Obra 1 1 2 50%
Controle de Custo por Obra/Índice de Desvio de Custo
(IDC)/IDC - Índice de desenvolvimento de custo 1 1 1 2 75%
Quantidade de reinspeção/Entrega do produto com qualidade -
Recebimento 1 1 2 50%
Índice de Velocidade de Vendas 1 1 2 50%
Índice de Rotatividade 1 1 2 50%
Índice de Treinamento/ Índice de cumprimentos da LNTD 1 1 2 50%
Retenção de pessoal/ Retenção (Qualidade na seleção) 1 1 2 50%
Volume Global de Vendas/VGV regularizado 1 1 2 50%
Taxa de Rentabilidade 1 1 25%
Margem Líquida 1 1 25%
Controle de Custo por Obra em Garantia 1 1 25%
Inovações Tecnológicas e Melhorias Contínuas 1 1 25%
Desvio percentual do fluxo de Caixa 1 1 25%
Opções de customização 1 1 25%
Opções de revestimento 1 1 25%
Remuneração por funcionário 1 1 25%
Investimento em treinamento 1 1 25%
Novos procedimentos (A3) 1 1 25%
Termômetro e Raio-X (gráfico de acompanhamento de pacotes) 1 1 25%
Índice de Desvio de Pacotes (IDP) 1 1 25%
Índice de Remoção de Restrições (IRR) 1 1 25%
Percentual do Planejamento Cumprido (PPC) 1 1 25%
Nota na auditoria lean 1 1 25%
Modificações de projetos 1 1 25%
Índice de Desvio de Efetivo (IDE) 1 1 25%
139
Tabela 41 - Indicadores de desempenho das empresas
Indicador/Empresa Alfa Tau Beta Gama Consolidação
Freq. %
Diagnósticos de Segurança 1 1 25%
Auditoria de Qualidade 1 1 25%
Produtividade 1 1 25%
Pedidos recebidos com atraso (PRCA) 1 1 25%
Índice de desempenho dos fornecedores (FCNR) 1 1 25%
Índice de desempenho dos fornecedores (FCNA) 1 1 25%
Acréscimo de novos fornecedores 1 1 25%
Índice de eficácia das ações preventivas e corretivas 1 1 25%
Tempo de seleção de novos colaboradores 1 1 25%
Volume de vagas 1 1 25%
Movimentação de pessoal 1 1 25%
Estoque Mínimo 1 1 25%
Indicador de consumo de água ao final da obra 1 1 25%
Indicador de geração de resíduos ao final da obra 1 1 25%
Indicador de consumo de energia ao final da obra 1 1 25%
Média das solicitações lançadas no orçamento 1 1 25%
Média das solicitações lançadas no sistema 1 1 25%
Índice de Absenteísmo 1 1 25%
Satisfação do colaborador (pesquisa) 1 1 25%
Satisfação de cliente obra em andamento 1 1 25%
Índice de solicitações de clientes 1 1 25%
Satisfação do cliente (manutenção) 1 1 25%
Tempo de atendimento ao cliente 1 1 25%
Acidente com afastamento 1 1 25%
Acidente sem afastamento 1 1 25%
Índice de Avanço da Produtividade 1 1 25%
Índice Acurácia de Planejamento 1 1 25%
Físico previsto x Físico realizado 1 1 25%
Índice de Desenvolvimento de Custo 1 1 25%
Aprovação dos projetos 1 1 25%
Prazo das obras 1 1 25%
Pagamentos dentro de prazo 1 1 25%
Retenção (Promoção)
1
1 25%
Cumprimento do orçamento de gastos
1
1 25%
Custo escritório dividido pelo recebimento anual
1
1 25%
Índice de captação de recursos
1
1 25%
Pagamentos realizados no prazo programado com o credor
1
1 25%
Valor de multa e juros pagos
1
1 25%
Entrada de resultado mensal
1
1 25%
140
Tabela 41 - Indicadores de desempenho das empresas
Indicador/Empresa Alfa Tau Beta Gama Consolidação
Freq. %
Entrega PEFE
1
1 25%
Cumprimento do orçamento de gastos
1
1 25%
% de atendimento comercial x ações de marketing
1
1 25%
% de reconhecimento de mercado através dos valores da
Empresa Beta
1
1 25%
% de conversão de prospects
1
1 25%
Estoque com mais de 24 meses
1
1 25%
Preço médio x meta por produto
1
1 25%
Prazo Alvará
1
1 25%
Prazo registro de incorporação (RI)
1
1 25%
Novos negócios
1
1 25%
Cumprimento do orçamento
1
1 25%
% de entrega
1
1 25%
Prazo médio de pagamento
1
1 25%
Compras dentro do orçamento atualizado INCC
1
1 25%
Acurácia dos estoques
1
1 25%
Índice de implantação
1
1 25%
Atendimento TI
1
1 25%
Cumprimento do Orçamento
1
1 25%
Número de não conformidades em atraso
1
1 25%
Fonte: do autor.
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