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Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Biológicas
Departamento de Zoologia Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Taxonomia e Distribuição de Sabatieria Rouville, 1903 (COMESOMATIDAE - NEMATODA) no Talude da Bacia de Campos – Rio de Janeiro - Brasil.
Alessandra Prates Botelho
Recife, 2009
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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Alessandra Prates Botelho
Taxonomia e Distribuição de Sabatieria Rouville, 1903 (COMESOMATIDAE - NEMATODA) no Talude da Bacia de Campos – Rio de Janeiro - Brasil.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Animal da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Biologia Animal.
Orientadora: Dra. Verônica Gomes da Fonsêca-Genevois Co-Orientador: Dr. André M. Esteves
Recife 2009
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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Botelho, Alessandra Prates Taxonomia e distribuição de Sabatiera Rouville, 1903 (Comesomatidae – Nematoda) no talude da Bacia de Campos – Rio de Janeiro – Brasil / Alessandra Prates Botelho. – Recife: O Autor, 2009. 92 folhas: il., fig., tab.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. Departamento de Zoologia. Biologia Animal, 2009.
Inclui bibliografia
1. Metazoários. 2. Nematoda. 3.Sabatieria Rouville. I Título.
595.132 CDU (2.ed.) UFPE
592.57 CDD (22.ed.) CCB – 2009- 030
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A ciência compõe-se de erros, que por sua vez são passos para a verdade.
Verne, Júlio
Dedico esta dissertação a todos os seres marinhos e a todos os pesquisadores desta área.
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Agradecimentos
A minha orientadora Verônica Fonsêca-Genevois por me aceitar no laboratório de Meiofauna, dando oportunidade de me desenvolver dentro do campo da pesquisa. Pela amizade e compreensão. Ao Prof. André Esteves pela disponibilidade, apoio, conselhos e efetiva contribuição para este trabalho.
Ao Prof. Paulo Santos pelos conselhos científicos e disponibilidade durante o mestrado, tirando todas as dúvidas que surgiam no decorrer. Ao Professor Severino Junior pela aula maravilhosa em campo, proporcionando um momento único.
A PETROBRAS, representada pela bióloga MsC Ana Paula Falcão por ter viabilizado a realização deste trabalho e disponibilizado as amostras estudadas. Aos CNPq pela bolsa concedida.
Toda a equipe do laboratório de Meiofauna pela amizade, discussões científicas, pelas conversas amenas para relaxar e paciência nas horas de stress (Neyvan, Virag, Luciana, Bethânia, Viviane, Patrícia, Geruso, Paulo, Neide, Mariana).
Agradeço em especial a Maria Cristina da Silva, pelas maravilhosas
discussões sobre a descrição das espécies e pela amizade, e a Rita de Cássia Coelho Lima pelo apoio.
Aos professores do Mestrado de Biologia Animal. A toda equipe do mestrado em especial Ana Elizabeth Fraga, pela
atenção e paciência dispensada. A minha família pelo apoio emocional e amor; Angela, pelo
companheirismo, amor e paciência; Paulo, amigo para todos os momentos.
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Lista de Figuras
Capitulo I - Estudos taxonômicos
Página
1. Principais características do gênero Sabatieria: A. visão geral corpo; B.
Anfídio espiral; C. diferenciação lateral; D. Cavidade bucal em forma de chicara; E. Cauda; F. Espícula; G. Gubernaculo; H. Apófise.
20
1º Artigo:
1. Map of Campos Basin with prospected stations.
23
2. Sabatieria spiculata sp.nov.
27
3. Sabatieria spiculata sp.nov.
28
4 . Sabatieria paraspiculata sp. nov.
30
5. Sabatieria paraspiculata sp.nov.
31
6. Sabatieria bitumen sp.nov.
34
7. Sabatieria bitumen sp. nov.
35
8. Sabatieria subrotundicauda sp.nov.
37
9. Sabatieria subrotundicauda sp.nov.
38
2º Artigo
1. Map of Campos Basin. 43
2 Sabatieria exilis sp. n
50
.3. Sabatieria exilis sp. n.
51
4. Sabatieria exilis sp. n.
52
5. Sabatieria fidelis sp. n.
57
6. Sabatieria fidelis sp. n.
58
7. Sabatieria fidelis sp. n.
59
8. Sabatieria fidelis sp. n.
60
Appendix 1. Map with coordinates of stations.
63
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8
Capitulo II - Aspectos da distribuição de Sabatieria e de suas novas espécies ao longo do Talude da Bacia de Campos
Página
1. Foto do Box - corer e esquema com as células do mesmo, assim como, a
estratificação do sedimento durante a coleta. 70 2. Distribuição da família Comesomatidae e abundancia relativa dos seus
gêneros nas duas campanhas oceanográficas na Bacia de Campos.
72
3. Número total de indivíduos de Sabatieria nas áreas prospectadas.
73
4. Valores médios do número de indivíduos de Sabatieria nas
diferentes profundidades, por amostrador, nas duas campanhas oceanográficas na Bacia de Campos.
74
5. Valores médios de números de indivíduos de Sabatieria entre os estratos
sedimentares nas campanhas oceanográficas na Bacia de Campos.
74
6. Abundancia relativa das espécies de Sabatieria nas amostras.
75
7. Frequencia relativa das amostras em relação ao número de individuos de
S. paraspiculata, S. subrotundicauda, S. fidelis e S. exilis .
76
8. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e S.
bitumen ao longo das profundidades estudadas na primeira campanha, corer 2cm.
77
9. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e S.
bitumen ao longo das profundidades estudadas na segunda campanha, corer de 2cm. (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
77
10. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e
S. bitumen ao longo das profundidades estudadas na segunda campanha, corer de 10cm. (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
78
11. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis nas profundidades estudadas na primeira campanha, corer 2cm.
78
12. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis nas profundidades estudadas na segunda campanha corer 2cm (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
79
13. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis nas profundidades estudadas na segunda campanha, corer de 10cm (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
79
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14. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e
S. bitumen entre as áreas e estratos sedimentares das áreas norte e sul na primeira campanha (OCEANPROF I ) na Bacia de Campos.
80
15. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e
S. bitumen entre estratos sedimentares das áreas norte e sul na segunda campanha (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
81
16. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e
S. bitumen entre estratos sedimentares das áreas norte e sul na segunda campanha (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos, corar 10cm.
81
17. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda e S. fidelis entre as áreas e estratos sedimentares das áreas norte e sul na primeira campanha (OCEANPROF I ) na Bacia de Campos.
82
18. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis entre estratos sedimentares das áreas norte e sul na segunda campanha (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos, corar 2cm.
82
19. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis entre estratos sedimentares das áreas norte e sul na segunda campanha (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos, corar 10cm.
83
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Lista de Tabelas
Página
Capitulo I – Estudos taxonômicos
1º Artigo:
1. Valid species of Sabatieria based on NeMys database. 24 2. Measurements (µm) of Sabatieria spiculata sp.nov. 26 3. Measurements (μm) of Sabatieria paraspiculata sp. nov.
29
4. Measurements (μm) of Sabatieria bitumen sp. nov.
32
5. Measurements (μm) of Sabatieria subrotundicauda sp. nov.
36
2º Artigo:
1. Morphometric measurements of Sabatieria exilis sp.nov. and Sabatieria fidelis sp. nov.
54
Capitulo II - Aspectos da distribuição de Sabatieria e de suas novas espécies ao longo do Talude da Bacia de Campos
1. Valores de correlação entre a profundidade e o número de indivíduos do
Gênero Sabatieria e de suas espécies. * indica valores significativos (n =192; p < 0,05).
83
2. Valores de correlação entre as variáveis ambientais dos sedimentos e o
número de indivíduos do gênero Sabatieria e de suas espécies. * indica valores significativos (n =176; p < 0,05).
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Resumo
Nematoda é o grupo da meiofauna mais abundante e diverso nos
sedimentos marinhos de mar profundo. Na Bacia de Campos, Sabatieria foi o
gênero dominante em relação aos 186 encontrados, ocorrendo nas diferentes
profundidades estudadas (750m, 1050m, 1350m, 1650m and 1950m), áreas
(Norte e Sul) e estratos sedimentares (0-2cm e 2-5cm). Seis novas espécies
desse gênero foram descritas para a Bacia de Campos, cada uma
apresentando as seguintes características: Sabatieria spiculata sp. nov. é
caraterizada pelo tamanho da espícula e a presença de um dente dorsal; S.
paraspiculata sp. nov. pela forma da cauda e o diâmetro máximo do corpo; S.
bitumen sp. nov. pela forma das espículas com uma projeção em forma de
“flecha” na parte distal; S. subrotundicauda sp. nov. pela cauda arredondada e
ovários refletidos; Sabatieria exilis sp. nov. por uma cabeça arredondada sem
constricções, faringe curta com porção anterior cuticularizada; Sabatieria fidelis
sp. nov. por possuir setas cefálicas e somáticas curtas, testículos distendidos e
curtos, espículas direcionadas ventralmente e com uma terminação em forma
de “conta-gotas” na parte distal e gubernáculo em forma de “v”. Ainda que
Sabatieria tenha sido encontrada nas diferentes profundidades, existiu uma
redução no número de indivíduos com o aumento da profundidade, com
diferenças significativas entre a profundidade de 750 metros e as demais. S.
spiculata e S. bitumen foram as espécies mais abundantes nas amostras.
Esse gênero e suas espécies mostraram uma distribução preferencial (e
significativa) no estrato sedimentar mais superficial (0-2 cm). Sabatieria e suas
principais espécies (em abundância) apresentaram uma correlação positiva
com o carbono orgânico e negativa com os teores de carbonatos. Esses
resultados reforçam a importância de Sabatieria (e suas espécies) como os
táxons mais abundantes de Nematoda nas áreas de Talude Continental,
especialmente, nos sedimentos finos com níveis médio-altos de recursos
orgânicos.
Palavra-chave: Sabatieria, Nematoda, Mar profundo.
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Abstract
Nematoda is the most abundant and diverse meiobenthic group in the deep
sea sediments. In Campos Basin, Sabatieria was the dominant genus in relation
to the others, occurs all different studied depths (750m, 1050m, 1350m, 1650m
and 1950m), areas (Norte e Sul) and sedimentary strata (0-2cm e 2-5cm). Six
new species of Sabatieria were described from Campos Basin sediments, each
ones have the following features: Sabatieria spiculata sp. nov. is characterized
by the size of spicule and the presence of dorsal tooth; S. paraspiculata sp.
nov. by tail shape and maximum body diameter; S. bitumen sp. nov. by
spicules shape with arrow-like projection at distal part; S. subrotundicauda
sp.nov. by round tail and reflexed ovaries; Sabatieria exilis sp. nov. has a round
head without constriction, narrow pharynx with cuticularized anterior end;
Sabatieria fidelis sp. nov. has somatic and cephalic setae short, outstretched
and short testes, spicules ventrally directed and with a dropper-like tip at distal
part, the gubernaculum with a v-shaped. Even so, Sabatieria has found all
different depths, there was a decrease in the number of individuals with the
increase of depth, with significant differences between 750 meters and others
depths. S. spiculata e S. bitumen were most abundant species in samples. The
genus and these species have shown a preference (and significant) distribution
in the most superficial sedimentary stratum (0-2 cm). Sabatieria and their main
species (in abundance) have presented a positive correlation with organic
carbon and negative with carbonates. These results emphasize the importance
of Sabatieria (and their species) as the most abundant Nematoda taxa in the
continental slopes areas, specially, in fine sediments with medium-high levels of
organic resources.
Keyword: Sabatieria, Nematoda, Deep sea.
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Sumário
Dedicatória
• Agradecimentos
• Lista de figuras
• Lista de tabelas
• Resumo
• Abstract
Página
Introdução 13
Objetivo Geral 15
Apresentação 15
Referência 16
CAPITULO I: Estudos taxonômicos 19
I.1) Diagnose da Família Comesomatidae Filipjev, 1918 (Lorenzen, 1994) 20
I.2) Diagnose do Gênero Sabatieria Rouville, 1903 20
I.3) Considerações gerais 21
I.4) Primeiro artigo: Four new species of Sabatieria Rouville, 1903 (Nematoda, Comesomatidae) from the Continental Slope of Atlantic Southeast. ALESSANDRA PRATES BOTELHO; MARIA CRISTINA DA SILVA; ANDRÉ MORGADO ESTEVES;VERÔNICA FONSÊCA-GENEVOIS.
22
I.5) Seguno artigo: Two new species of Sabatieria Rouville (Nematoda – Comesomatidae) with conical-cylindrical tails, from Campos Basin, Rio de Janeiro, Brazil. ALESSANDRA PRATES BOTELHO¹, MARIA CRISTINA DA SILVA, LUCIANA DAVINA TOSTA SOBRAL, & VERÔNICA GOMES FONSÊCA-GENEVOIS.
41
CAPITULO II: Aspectos da distribuição de Sabatieria e de suas novas espécies ao longo do Talude da Bacia de Campos
67
II.1) Introdução
68
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14
II.2) Objetivos
69
II.3) Hipóteses
69
II.4) Material e Métodos
70
II.5) Resultados
72
II.5.1) Composição quantitativa da Família Comesomatidae em relação a nematofauna total.
72
II.5.2) Densidade/Distribuição do gênero Sabatieria nas campanhas, áreas profundidades, e estratos sedimentares.
73
II.5.3) Composição quali-quantitativa das espécies de Sabatieria nas diferentes profundidades
75
II.5.4) Distribuição das espécies de Sabatieria entre as áreas e os estratos sedimentares
80
II.5.5) Relação do gênero Sabatieria e de suas espécies com as características ambientais
83
II.6) Discussão
85
II.7) Referências 89
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15
Introdução
A meiofauna foi definida por Mare (1942) como um conjunto de
metazoários bênticos, cujos limites corporais estão contidos no intervalo de
0,044mm a 0,5mm. Esta fauna reúne aproximadamente 30 filos. Segundo
Warwick (1984), constitui-se numa entidade diferenciada do macrobentos por
ser uma outra unidade funcional na teia trófica e por desenvolver estratégias de
sobrevivência não equivalentes. Estes animais facilitam a biomineralização da
matéria orgânica aumentando a regeneração de nutrientes, servem de alimento
para uma grande variedade de níveis tróficos superiores e apresentam grande
sensibilidade às ações antrópicas, podendo ser utilizados como indicadores de
poluição (Coull 1999).
Em mar profundo os Nematoda são dominantes e os Copepoda vêm
freqüentemente, em segundo lugar (Woods & Tietjen, 1985; Soetaert et al. ,
1991; Vincx et al. , 1994; Vanhove et al. , 1995; Sommer & Pfannkuche, 2000;
Danovaro et al. , 2000; Galéron et al. , 2000; Galéron et al. , 2001), como
ocorre na Bacia de Campos (Rocha et al. , in press). Prevalecem em número
de espécies e de indivíduos (80 a 99% da abundância total de metazoários)
quando os Foraminifera não são considerados (Thiel, 1983; Heip et al. , 1985;
Vanreusel et al. , 1992; Vanaverbeke et al. , 1997; Decraemer & Gourbault,
1997, Lambshead et al. , 2003).
Jensen (1979) revisou a família Comesomatidae e sua maior
contribuição foi a chave dicotômica para as espécies da familia e a discussão
dos caracteres morfológicos de importância para separação dos níveis
inferiores do taxa. Platt (1985), ao revisar o gênero, criou 5 subgrupos e listou
36 espécies válidas. Atualmente existem 48 espécies válidas, destas, 6 foram
descritas com indivíduos do Brasil (Gerlach 1956; Gerlach 1957a; Gerlach
1957b; Botelho et al. 2007).
Em relação à composição taxonômica e aspectos da ecologia, de uma
forma geral, da meiofauna e, em particular, dos Nematoda, nada era conhecido
até o inicio dos projetos de Caracterização Ambiental de Águas Profundas da
Bacia de Campos e do Talude da Bacia de Sergipe (NE). Netto et al. (2005)
encontraram resultados para Bacia de Campos surpreendentes quanto a
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16
rìqueza da nematofauna, assim como Fonsêca Genevois et al. (2005) ao
estudarem a Bacia de Campos e Sergipe. Obteve-se uma lista de 161 gêneros
distribuídos em 38 famílias que integram 9 ordens para Sergipe e uma lista de
186 gêneros para Campos, pertencentes a 43 famílias e 9 ordens. Esse
número de gêneros é, extremamente, alto qunado comparado com os estudos
de Vopel & Thiel (2001), que relatam a presença de 68 gêneros no Pacífico
equatorial e aos de Vanreusel et al. (1992) para o Atlântico leste com 79
gêneros em 24 famílias.
Em ambas as Bacias, Sabatieria é o gênero dominante. Esse gênero foi
descrito por Rouville (1903), tendo como características diferenciais: cutícula
anelada ou com pontuações transversais, diferenciação lateral de pontos
maiores regulares ou irregulares, setas cefálicas em arranjo de 6+6+4, anfídio
multiespiral, espículas usualmente alargada na parte proximal, apófise do
gubernáculo usualmente na direção dorso-caudal, algumas vezes caudal.
Apesar da literatura jamais contestar a colocação do gênero Sabatieria
dentro da família Comesomatidae, existe uma grande problemática em relação
a qual ordem esta família pertence, assim, de acordo com as diferentes
classificações, essa família pode estar inserida na ordem Chromadorida
(Jensen, 1979; Platt 1985), ou dentro da ordem Monhysterida (Lorenzen, 1994)
e, recentemente, De Ley & Blaxter (2004) colocou-a na ordem Araeolaimida
(Abebe et al. , 2006). Isto deve-se ao fato de que observar-se nessa família a
presença de caracteres relacionados a mais de uma ordem, sendo que mesmo
o uso da ferramenta molecular não foi capaz de se chegar a uma proposta
conclusiva do posicionamento filogenético da família que refletisse sua
classificação natural (De Ley & Blaxter, 2004). Segundo esses autores, a
pequena quantidade de seqüências disponíveis seria o maior obstáculo para se
chegar a um estudo filogenético conclusivo.
Objetivo Geral
O presente trabalho teve como objetivo descrever as espécies de
Sabatieria e caracterizar a distribuição das mesmas ao longo de diferentes área
e profundidades da Bacia de Campos.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
17
Apresentação
Esse trabalho é apresentado em dois capítulos, sendo que o primeiro
trata da descrição de novas espécies de Sabatieria encontradas na Bacia de
Campos, sendo composto por duas publicações:
1 - Four new species of Sabatieria Rouville, 1903 (Nematoda,
Comesomatidae) from the Continental Slope of Atlantic Southeast.
Trabalho já publicado no periódico ZOOTAXA (ISSN 1175-5334,
on line edition) 1402, 39-57 (2007).
2 – Two new species of Sabatieria Rouville (Nematoda – Comesomatidae)
with conical-cylindrical tails, from Campos Basin, Rio de Janeiro, Brazil.
Trabalho já aceito para publicação no periódico ZOOTAXA
(será publicado em 2009 conforme anexo 1).
O segundo capitulo desse estudo, apresenta uma avaliação sobre a
distribuição dessas novas espécies de Sabatieria ao longo das diferentes
áreas, profundidades e estratos sedimentares durante duas campanhas
oceanográficas (OCEANPROF 1 e 2) realizadas na Bacia de Campos entre os
anos de 2002 e 2003.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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Referências
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Botelho, A.P.; Silva, M.C.; Esteves, A.M.; Fonseca-Genevois, V. (2007) Four new species of Sabatieria Rouville, 1903 (Nematoda, Comesomatidae) from the Continental Slope of Atlantic Southeast. Zootaxa, 1402: 39–57.
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21
CAPITULO I: Estudos taxonômicos
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I.1) Diagnose da Família Comesomatidae Filipjev, 1918 (Lorenzen, 1994)
Os componentes desta família apresentam cutícula anelada com fileiras
de pontuações transversais, o anfídio é multiespiral, o esôfago alarga-se
gradualmente na porção posterior. Algumas espécies podem apresentar bulbo
basal. Os machos possuem dois testículos e suplementos pré-cloacais. O
gubernáculo apresenta um par de apófises dorsais. Geralmente as fêmeas
possuem dois ovários opostos e não-refletidos. A vulva está localizada
aproximadamente no meio do corpo. Salvo algumas exceções, a cauda tem a
forma cônico-cilíndrica.
I.2) Diagnose do Gênero Sabatieria Rouville, 1903
Em adição as características da família, Sabatieria apresenta: cutícula
com pontuações, com ou sem diferenciação lateral; setas cefálicas em dois
círculos separados, sendo os posteriores mais longos que os anteriores; anfídio
imediatamente posterior às setas cefálicas; cavidade bucal em forma de xicara,
sem dentes; espícula curta (Figura 1).
Figura 1. Principais características do gênero Sabatieria: A. visão geral corpo; B.
Anfídio espiral; C. diferenciação lateral; D. Cavidade bucal em forma de chicara; E. Cauda; F. Espícula; G. Gubernaculo; H. Apófise.
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Em 1985 Platt dividiu o gênero em 5 grupos:
Grupo Praedatrix caracterizado pelo suplemento simples em forma tubular ou
poro e apófise reta; Grupo Armata com setas cefálicas longas (≥ 1,7 diametro
da cabeça), setas cervicais longas e corpo estreito; Grupo Pulchra
caracterizado por possuir poucos suplementos (5-9) usualmente conspícuos,
sendo o grupo anterior mais proximos na distribuição; Grupo Celtica apofise
curvada e suplementos conspícuos sendo a distancia entre eles aumentada a
partir da parte anterior; Grupo Ornata as especies deste grupo apresentam
apófise curvada e um grupo de suplementos posterior com uma menor
distancia entre eles.
I.3) Considerações gerais
As espécies de Sabatieria da Bacia de Campos compartilharam as
características do gênero e, em todas, observou-se: anfídio em espiral, cutícula
ponteada com diferenciação lateral, presença de apófise direcionada para
cauda, suplementos em forma de poro.
O Número de voltas do anfidio, o comprimento total, o tamanho das setas
cefálicas, a forma da espícula e o número de suplementos foram s principais
características na determinação das novas espécies.
Foram descritas seis espécies de Sabatieria: S. spiculata Botelho et al.
2007, S. paraspiculata Botelho et al. 2007, S. bitumen Botelho et al. 2007, S.
subrotundicauda Botelho et al. 2007, S. fidelis sp. n., S. exilis sp. n.
As espécies foram identificadas em dois grupos: aquelas com cauda
cônico-cilindrica e as com cauda cônica.
A seguir são apresentados os dois artigos com as descrições de seis
novas espécies do gênero Sabatieria:
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I.4) Primeiro artigo
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I.5) Segundo artigo
Two new species of Sabatieria Rouville, 1903 (Nematoda – Comesomatidae) with conical-cylindrical tails, from Campos Basin, Rio de Janeiro, Brazil
ALESSANDRA PRATES BOTELHO¹, MARIA CRISTINA DA SILVA, LUCIANA DAVINA TOSTA SOBRAL, & VERÔNICA GOMES FONSÊCA-GENEVOIS.
Universidade Federal de Pernambuco, Av. prof. Moraes Rêgo, S/N, Departarmento de Zoologia. Cidade Universitária, Recife – Pernambuco, Brazil. CEP 50670-901. ¹ e-mail: luna_soleil@yahoo.com
Abstract
Sabatieria is the most abundant nematode genus on the Campos Basin continental slope. Two new species are described here. Sabatieria exilis sp. n. has a small rounded head and a narrow pharynx with a cuticularized anterior end. Sabatieria fidelis sp. n. has a short outstretched testis, spicules directed ventrally and shaped like the tip of a dropper, the gubernaculum with a v-shaped cuticularized area in the distal part, short cephalic and somatic setae, and a longer tail.
Introduction
The genus Sabatieria Rouville is differentiated by the features: annulated cuticle
or transverse punctations; lateral differentiation of large regular or irregular dots;
labial sensilla in an arrangement of 6+6+4; spicules usually enlarged in the
proximal portion; and the gubernaculum usually with a dorso-caudal apophysis
(rarely with a caudal apophysis). Jensen (1979) revised the family
Comesomatidae, updated the dichotomous key proposed by Wieser (1954),
and discussed the important morphological features used to identify the genera.
Platt (1985) revised Sabatieria and established 5 subgroups of species, using
as differentiation characteristics the type and distribution of precloacal
supplements, characteristics of the gubernaculum and apophyses, the number
of turns of the amphideal fovea, and the cephalic setae. He considered 36
species as valid. There are now considered to be 48 valid species, 6 of which
were described from Brazil: S. rota Gerlach, 1957; S. supplicans Gerlach, 1956;
S. bitumen Botelho et al. , 2007; S. spiculata Botelho et al. , 2007; S.
paraspiculata Botelho et al. , 2007; and S. rotundicauda Botelho et al. , 2007.
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The first two species were described from coastal sediments, and the last four
from deep-sea sediments (Botelho et al. 2007).
The taxonomic position of the Comesomatidae is still debatable. Over the
years this family has undergone several modifications. It was first placed in the
Chromadorida (Wieser 1954; De Coninck 1965; Gerlach & Riemann 1973;
Andrássy 1976; Jensen 1979; Platt 1985) because of the punctate cuticle and
spiral amphidial fovea. Afterwards, it was placed in the superfamily
Axonolaimoidea (order Monhysterida), especially because of the outstretched
ovaries (Lorenzen 1994). De Ley and Blaxter (2004), based on molecular
analyses, raised the superfamily Araeolaimoidea to the rank of order. Thus, this
recently proposed order belongs to Chromadorida and the class Chromadorea
(Abebe et al. 2006).
With respect to ecology, Sabatieria is most abundant in sandy silts
(Tietjen 1976). The group is reported as dominant or subdominant on the slope
of the Goban Spur (Vanaverbeke et al. 1997) and on the shelf break of the Gulf
of Biscay (Vanreusel et al. 1992) in the northeast Atlantic. In other deep-sea
regions, this genus is also consistently found off South Carolina (Tietjen 1976),
in the Puerto Rico Trench (Tietjen 1989) and in the Indian Ocean (Muthumbi et
al. 1997).
In the Campos Basin, this genus is dominant in samples taken to date
(Fonsêca-Genevois et al. 2005) and has been found from 750 to 1950 m depth.
In this genus two distinct groups are identified, one with a conical tail and the
other with a conico-cylindrical tail.
Material and Methods
Study area
The continental slope of the Campos Basin is adjacent to the
continental shelf of the state of Rio de Janeiro, Brazil, between 21o 30' and
23o 30' S (Figure 1). The slope has its lowest limits between 2400 and 3000
m depth. It is covered by fine continental sediment and sand, which is
composed mainly of foraminiferans (Soares-Gomes et al. 1999).
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45
Figure 1. Map of Campos Basin.
Samples were collected during the project “Ocean Prof” in Campos
Basin, Rio de Janeiro, Brazil, in November and December 2002 and June
and July 2003, on board the Research Vessel “Astro Garoupa”. The stations
were divided into two regions: North (19 stations) and South (24 stations), at
five depths (750, 1050, 1350, 1650 and 1950 m). For the sediment collection,
an USNEL SPADE Corer type box corer (Ocean Instruments), with a 0.25 m2
surface area divided into 25 cells, was used (Hessler & Jumars 1974). A
corer of 2 cm inner diameter was inserted in each cell to a depth of 10 cm for
collection of sediment subsamples. Three subsamples from each station
were collected, divided into two vertical layers of 0-2 cm and 2-5 cm, stored
in plastic containers, and fixed with 4 % formaldehyde-seawater. The
nematodes were picked out with a stainless-steel needle, fixed with 4%
formaldehyde and gradually transferred to glycerin (De Grisse 1969).
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46
Drawings were made with an OLYMPUS CX 31 optical microscope, with the
aid of a drawing tube. Photographs were taken with a C-5050ZOOM
Olympus digital camera.
The holotype and female paratype are deposited in the National
Museum of Rio de Janeiro (MNRJ), Brazil. The paratypes are deposited in
the Laboratório de Meiofauna, Departamento de Zoologia, Universidade
Federal de Pernambuco (LMZOO-UFPE), Brazil.
All measurements are in micrometers. All curves are measured along the
cord.
Abbreviations used in the text
a, b, c: ratios of de Man (1880)
a: body length divided by maximum body diameter;
b: body length divided by pharyngeal length;
c: body length divided by tail length;
A%: amphid diameter as a percentage of the corresponding body
diameter;
abd: anal body diameter;
amph wid: width of amphidial fovea;
cbd amph: corresponding body diameter at level of amphid;
apoph: apophysis cord length;
at: number of turns of amphidial fovea;
bulb d: pharyngeal bulb diameter;
cbd bulb: corresponding body diameter at bulb level;
c’: tail length divided by body width at level of anus or cloacal opening;
cbd: corresponding body diameter;
cbd ex pore: corresponding body diameter at secretory-excretory pore
level;
cbd ner ring: corresponding body diameter at nerve ring level;
cbd v: corresponding body diameter at vulva level;
cs: length of cephalic setae;
ex pore: position of secretory-excretory pore from the anterior;
gub: gubernaculum length;
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hd: head diameter at the level of the cephalic setae;
L: body length;
M: maximum body diameter;
ner ring: distance of the nerve ring from the anterior end;
ph: pharynx length;
suppl: number of precloacal supplements;
spic: spicule length measured along the cord;
spic/abd: spicule length divided by the anal body diameter
s term: terminal setae;
som s: length of somatic setae;
T: tail length
V%: position of vulva as a percentage of body length from anterior;
v: vulva distance from the anterior end.
Classification after Muthumbi & Vanreusel (2006)
Order Araeolaimida De Coninck
Family Comesomatidae Filipjev
Genus Sabatieria Rouville
The list of valid species is divided by groups of Sabatieria, according to
Platt (1985), and the recent descriptions of Gourbault & Vincx (1990), Muthumbi
et al. (1997), Chen & Vincx (1999), Chen & Vincx (2000), Pastor de Ward
(2003), Huang & Zhang (2006) and Botelho et al. (2007).
Sabatieria praedatrix-group:
S. alata Warwick
S. ancudiana Wieser
S. bitumen Botelho et al.
S. conicauda Vitiello
S. coomansi Chen & Vincx
S. demani Bresslau & Stekhoven
S. dodecaspapillata (Kreis)
S. falcifera Wieser
S. flecha Pastor de Ward
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48
S. granifer Wieser
S. heipi Chen & Vincx
S. intermissa Wieser
S. lawsi Platt
S. lucia Muthumbi et al.
S. lyonessa Warwick
S. maboyae Gourbault & Vincx
S. parabyssalis Wieser
S. paracupida Wieser & Hopper
S. paradoxa Wieser & Hopper
S. praedatrix De Man
S. paraspiculata Botelho et al.
S. sanjosensis Pastor de Ward
S. spiculata Botelho et al.
S. stekhoveni Vitiello
S. subrotundicauda Botelho et al.
S. triplex Wieser
S. vasicola Vitiello
Sabatieria armata-group:
S. armata Gerlack
S. elongata Jayasree & Warwick
S. longisetosa (Kreis)
S. migrans Jensen & Gerlach
S. supplicans Gerlach
Sabatieria pulchra-group:
S. breviseta Stekhoven
S. mortenseni (Ditlevsen)
S. propisinna Vitiello
S. pulchra (Schneider)
S. punctata (Kreis)
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Sabatieria celtica-group:
S. celtica Southern
S. furcillata Wieser
S. kelletti Platt
S. pisinna Vitiello
S. strigosa Lorenzen
Sabatieria ornata-group:
S. abyssalis (Filipjev)
S. longispinosa Lorenzen
S. macramphis Lorenzen
S. ornata (Ditlevsen)
S. stenocephalus Huang & Zhang
Species incertae sedis:
S. antarctica Cobb doubtful by Wieser (1954)
S. arctica (Allgén) doubtful by Platt (1985)
S. arcuata Wieser doubtful by Platt (1985)
S. aspera Sergeeva inquirendae by Platt (1985)
S. australis Allgén doubtful by Platt (1983)
S. cettensis Rouville doubtful by Filipjev (1922) and Wieser (1954)
S. cleopatris Micoletzky doubtful by Platt (1985)
S. effilata Stekhoven inquirendae by Platt (1985)
S. filicaudata Allgén doubtful by Wieser (1954)
S. heterospiculum Allgén doubtful by Platt (1983)
S. heterura (Cobb) nec Wieser (1954) doubtful by Platt (1985)
S. jubata Cobb doubtful by Platt (1985)
S. kolaensis (Ssaweljev) doubtful by Platt (1985)
S. mawsoni Wieser doubtful by Platt (1985)
S. norwegica Allgén incertae sedis by Wieser (1954) doubtful by Platt
(1985)
S. paravulgaris Filipjev doubtful by Platt (1985)
S. pellucida Allgén doubtful by Platt (1985)
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S. possjetica Platonova inquirendae by Platt (1985)
S. praebosporica Sergeeva inquirendae by Platt (1985)
S. quadripapillata Filipjev inquirendae by Platt (1985)
S. rota Gerlach inquirendae Platt (1985)
S. rotundicauda Allgén doubtful by Platt (1985)
S. taboguillensis (Allgén) doubtful by Wieser (1954) and by Platt (1985)
S. tenuicaudata (Bastian) doubtful by Wieser (1954) and by Platt (1985)
S. tenuiseta Allgén inquirendae by Jensen (1979) and doubtful by Platt
(1985)
S. tubilaima Allgén inquirendae by Jensen (1979) and doubtful by Platt
(1985)
S. wieseri Platt S. heterura sensu Wieser (1954) nom. nov. (Platt 1985)
Species descriptions and discussion Sabatieria exilis sp. n. (Figures 2, 3, 4; Table 1)
Material Studied: 4 males, 2 females, 2 juveniles.
Type material: Male holotype, slide MNRJ 318.
Other material: Female paratype, slide MNRJ 319; 3 male paratypes, slides 90–
92 NM LMZOO-UFPE; 1 female paratype, slide 93 NM LMZOO-UFPE; 2
juvenile paratypes, slides 94–95 NM LMZOO-UFPE.
Type and only locality: Station No. 49 at 750 m depth in silt-clay sediments
collected in June 2003.
The type station was in the Campos Basin off Rio de Janeiro, Brazil, in silt-clay
sediments (see Appendix 1).
Etymology: The Latin name exilis = slender, refers to the narrow maximum
width of this species.
Description of holotype:
Body cylindrical, medium-sized, attenuated at both ends. Cuticle with
transverse rows of small dots, lateral differentiation of larger, equally spaced
dots. Short somatic setae. Rounded head with anterior sensilla arranged in
three crowns: six minute internal labial papillae, six minute external labial
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papillae and four cephalic setae. Amphidial fovea spiral, with 1.5 turns situated
at level of cephalic setae. Buccal cavity minute. Pharynx clavate and gradually
expanding in the last third, towards the posterior end but without distinct bulb;
the anterior end surrounds the posterior part of stoma, which is weakly
cuticularized. Cardia short, pear-shaped. Nerve ring slender, located somewhat
anterior to middle of pharynx and anteriorly to secretory-excretory pore. Ventral
gland present on posterior end of pharynx and beginning of intestine. Male
reproductive system diorchic, with opposed and outstretched short testes.
Anterior testis situated on the left, and the posterior testis on the right, side of
the intestine. Slender cuticularized paired spicules of equal lengths and widths
and slightly curved ventrally; proximal half with mid-septum and presence of
alae. Several glandular cells are arranged around the spicules. Small
gubernaculum with narrow cuticularized apophysis. Six minute pore-like pre-
cloacal supplements, equally distributed; pre-cloacal setae present.
Spermatozoa oval, 5 µm long. Tail conico-cylindrical with swollen tip. Three
caudal glands present in postanal region, ending in a spinneret. Two caudal
setae, 2.5 µm long.
Female paratype:
The females are quite similar to the males, although some minor morphological
differences can be observed. Total body length and head diameter similar to
males, tail somewhat shorter than male. Reproductive system didelphic,
amphidelphic, with outstretched ovaries. Anterior ovary to the left and posterior
ovary to the right of intestine. Distal and proximal parts of uterus with oocyte
25–34 µm long. Vagina fine-walled, with dilatory muscle.
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Figure 2 Sabatieria exilis sp. n. Male. A. Total view; B. Pharyngeal region, C. Head; D. Posterior body region showing the arrangement of precloacal supplements and tail; E. Copulatory apparatus.
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Figure 3. Sabatieria exilis sp. n., female. A. Total view; B. Pharyngeal region; C. Tail; D. Head showing cuticle and amphid.
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Figure 4. Sabatieria exilis sp. n. A. Total view of male, B. Pharyngeal region of male, C. Head of male, D Tail of male, E. Posterior body region showing the arrangement of precloacal supplements and tail of male, F. Total view of female, I. Tail of female, J. vulva region.
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Diagnosis
Sabatieria exilis sp. n. can be distinguished by the constriction of the
pharynx at the level of the cephalic setae, the small uniformly rounded head, the
minute buccal cavity, and the number of turns in the amphidial fovea (1.5).
Discussion
Sabatieria exilis sp. n. resembles Sabatieria stekhoveni in the spicule
shape and in possessing a pre-cloacal seta, but can be distinguished from the
known species especially by the total length (940–1178 µm in S. exilis sp. n.
versus 1547–1700 µm in S. stekhoveni), number of amphidial fovea turns (1.5
versus 3.25), length of the tail (3–4 versus 4–4.5 cloacal diameter). With
Sabatieria pissina, S. exilis shares the short cephalic setae (2–2.5 in S. exilis
versus 2.2–2.5 µm in S. pissina), small dots on the cuticle, spicule length and
shape (33–35 versus 29–31 µm), and apophysis length (9–11 versus 9.7 µm),
but can be differentiated from this species by the total length (940–1178 µm in
S. exilis sp. n. versus 657–777µm in S. pissina), tail length (64–93 µm in S.
exilis sp. n. versus 50–62 µm in S. pissina); number of turns in amphidial fovea
(1.5 versus 2.75–3), de Man index a (28.7–46 versus 21.5–27.3 ) and absence
of supplements in S. pissina.
In relation to S. propissina, this new species is similar in the shape of
spicule and its length in relation to the cloacal diameter (1.5–2 in S. exilis sp. n.
versus 1.3–1.4 in S. propissina). The length of the gubernaculum apophysis is
also similar (9–11 in S. exilis sp. n. versus 10–11 µm in S. propissina). They can
be distinguished by the total length (940–1178 µm in S. exilis sp. n. versus 670–
780 µm in S. propissina), length of pharynx (136–162 µm in S. exilis sp. n.
versus 110–118 µm in S. propissina) and cephalic diameter (7–8 µm in S. exilis
sp. n. versus 5.8–6 µm in S. propissina).
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Table 1. Morphometric measurements of Sabatieria exilis sp.nov. and
Sabatieria fidelis sp. nov.
S. exilis S. fidelis
Holotype Allotype Paratype Paratype Paratype Holotype Allotype Paratype Paratype
Male Female Male= 3 Female Juvenil=
2 Male Female Male Female
at 1.5 1.5 1.5 1.5 1.3 2.5 2.5 2 3
L 1178 1010 940-
1030 970 610-850 1697 1878 2728 1240
ph 162 142 136-146 151 120-135 225 255 255 225
ex pore 86 93 90-100 92 80-95 135 150 135 75
ner ring 70 81 70-84 81 60-82 105 120 not
visible
not
visible
v - 533 - 545 - - 970 - 620
cs 2.5 2.5 2-2.5 1.9 1-2.5 3.7 3.7 3.7 3
amph wid 4 3 3-4 4 4 10.5 11 11 10
hd 8 8 7 8 6-7 14 17 15,5 11
bulb d 13 14 13-15 17 10-14 34 43 40 26
M 26 29 22-29 34 19-25 64 68 79 40
spic 33 - 34-35 - - 62 - 68
gub 7 - 5-7 - - 16 - 18 -
apoph 10 - 9-11 - - 22 - 22 -
T 93 77 79 72 64-74 120 90 150 90
cylindrical* 12 10 7-12 6 7-8 13 13 21 16
s term 2.5 2.5-5 2.5-3 2.5 2 3 3 not
visible
not
visible
som s 2 not
visible
not
visible
not
visible
not
visible 3
not
visible
not
visible
not
visible
suppl 6 - 6 - - not
visible -
not
visible -
cbd amph 9 8 8 9 8 17 19 17 14
cbd ex
pore 23 31 19-22 15 16-23 48 48 56 37
cbd ner
ring 19 27 18-20 16 17-21 45 43 54 30
cbd bulb 27 26 24-27 30 19-25 58 54 74 40
cbd v - 29 - 34 - - 68 - 41
abd 22 21 19-22 24 15-20 44 48 52 27
V % - 53 - 56 - - 52 - 50
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* Length of cylindrical portion in the tail
Sabatieria fidelis sp. n. (Figures 5, 6, 7, 8; Table 1)
Material Studied: 2 males, 2 females.
Type material: Male holotype, slide MNRJ 320.
Other material: Female paratype, slide MNRJ 321; 1 male, slide 96 NM
LMZOO-UFPE, 1 female, slide 97 NM LMZOO-UFPE.
Type locality: Male holotype, station no. 54, 750 m depth, collected in May
2002.
Other locality: Female paratype, station no. 41, 1222 m depth, collected in May
2002; male paratype, station no. 35, 916 m depth, collected in May 2002;
female paratype, station no. 74, 750 m depth, collected in November 2002 (cf.
Appendix 1).
Etymology: The species name is the Latin fidelis = faithful, because the
specimens have all the characteristics that are common to Sabatieria species,
and the new features are not easy to see.
Description of holotype:
Cylindrical body, medium-sized, attenuated at both ends. Cuticle with
transverse rows of dots, and lateral differentiation with larger and more widely
spaced dots, irregularly arranged. Head slightly set off by constriction in the
cephalic setae region, and with anterior sensilla arranged in three crowns: six
minute internal labial papillae, six external labial papillae and four cephalic
setae. Buccal cavity cup-shaped. Amphidial fovea spiral, with 2 1/4 turns.
a' 45.3 34.8 35-46 28.7 32.7-
33.4 26.3 27.6 34.8 31
b' 7.3 7.1 7-7.5 6.4 5-6.3 7.5 7.4 10.9 5.5
c' 12.7 13.2 12-13 13.5 9.5-11.5 14.1 20.9 18.5 13.8
A% 49.4 38.8 39-54 49.4 54 62 56.9 64.3 27.3
c’ 4.2 3.7 4 3 4 2.7 1.9 2.9 3.3
spic/abd 1.5 - 1.5-2 - - 1.4 - 1.3 -
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58
Pharynx slightly clavate, gradually expanding towards the posterior end, but
without distinct bulb. Cardia short and round. Nerve ring slender, located very
close to middle of pharynx and anterior to secretory-excretory pore. Cellular
body of ventral gland at level of posterior end of pharynx and beginning of
intestine, with secretory pore in middle of pharynx. Male reproductive system
diorchic, with opposed and outstretched testes. Anterior testis situated on the
left and posterior testis on the right side of the intestine. Slender short paired
spicules, similar in length and width and slightly curved ventrally; proximal half
of septum and distal part with ventrally directed dropper-shaped tip. Several
glandular cells are arranged around the spicules. Gubernaculum small,
cuticularized, v-shaped in distal part, measuring 16 µm, and with narrow
cuticularized apophysis of length 22 µm. Minute pore-like pre-cloacal
supplements present, easily overlooked; but unfortunately the specimens are
more ventrally positioned without a clear view of the number of them. Three
pairs of ejaculatory glands anterior to the cloaca. Spermatozoa oval, 21 µm
long. Conico-cylindrical tail with three caudal glands, ending in a spinneret.
Three setae on the tail tip, measuring 3 µm.
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Figure 5. Sabatieria fidelis sp. n., male. A. Total view, B. Pharyngeal region, C. Anterior end showing buccal cavity and amphid, D. Anterior end showing cuticle, E. Posterior body region showing the ejaculatory glands and tail, F. Copulatory apparatus.
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60
Figure 6. Sabatieria fidelis sp. n., female. A. Total view; B. Pharyngeal region; C. Head showing cuticle and amphid; D. Tail; E. Reproductive system.
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61
Figure 7. Sabatieria fidelis sp. n., male. A. Total view, B. Anterior end showing cuticle and amphid, C. Anterior end showing head and buccal cavity, D. Tail, E. Pharyngeal region, F. Copulatory apparatus.
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Figure 8. Sabatieria fidelis sp. n., female A. Total view; B. Anterior end showing head and buccal cavity, C. Anterior end showing cuticle and amphid, D. Pharyngeal region, E. Vulva region, F. cuticle on tail region, G. tail.
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63
Female Paratype
The females are similar to males except for the longer total length,
shorter tail and spiral amphidial fovea with 2 ¼ - 3 turns. Reproductive system
didelphic-amphidelphic; with outstretched ovaries. Anterior ovary to the left and
posterior ovary to the right of the intestine, and distal part of the uterus with
oocyte. Vulva at mid-body, vagina thin-walled; pars proximalis vaginae (=
vagina uterina) surrounded by a well-developed constricting muscle. Granular
vaginal glands present at the pars distalis vaginae. Oocytes 44–53 µm long.
Diagnosis
Sabatieria fidelis sp. n. can be differentiated by its short outstretched
testes, the spicules with dropper-shaped tips and directed ventrally, the
gubernaculum with a cuticularized v-shape on the distal part, and the short
cephalic and somatic setae.
Discussion
In relation to Sabatieria pulchra, the similar characteristics are the
number of amphidial fovea turns in females, total length, maximum diameter
and spicule length. Sabatieria fidelis sp. n. differs in relation to the number of
turns of the amphidial fovea in males (Sabatieria pulchra with 2 ¾–3), absence
of three glands in the pharyngeal region, and the proximal parts of the spicules
in S. pulchra are more inflated than in Sabatieria fidelis sp. n. Another
characteristic is the sexual dimorphism in Sabatieria fidelis sp. n.: females have
a shorter tail and more turns in the amphidial fovea.
Sabatieria fidelis sp. n. is similar to Sabatieria falcifera with respect to the
short cervical setae, number of turns of the amphidial fovea in the female (2.5 in
S. fidelis sp. n. and in S. falcifera) and spicule length (62 µm in S. fidelis sp. n.
versus 66.5 µm in S. falcifera). It can be distinguished by the cephalic setae
length (3–3.7 in S. fidelis sp. n. versus 7 µm in S. falcifera), length of the
gubernaculum apophysis (22 µm in S. fidelis sp. n. versus 29 µm S. falcifera),
number of turns of amphidial fovea in the male (2.5 in S. fidelis sp. n. versus
2.7–3 in S. falcifera).
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
64
Sabatieria fidelis sp. n. also resembles Sabatieria praedatrix in maximum
diameter (64.5 in S. fidelis sp. n. versus 67 µm in S. praedatrix) and the length
of somatic setae. It can be differentiated by the de Man indexes a and c (a =
26.3–34.8; c = 13.8–20.9 in S. fidelis versus a = 50–55; c = 13.5–14 in S.
praedatrix).
In relation to Sabatieria vasicola, this new species has the same values
of de Man indexes a, b and c (a = 26.3–34.8; b = 7.4–10.9; c = 13.8–20.9 in S.
fidelis versus a = 26.6–32.2; b = 7.5–9.3; c = 9.1–14.7 in S. vasicola), but can
be distinguished by the length of the cephalic setae (3–3.7 µm in S. fidelis sp. n.
versus 6–8 µm in S. vasicola), spicule length (62–68 µm in S. fidelis sp. n.
versus 72–82 µm in S. vasicola), apophysis length (22 µm in S. fidelis sp. n.
versus 33–34 µm in S. vasicola) and tail length (90–150 µm in S. fidelis sp. n.
versus 173–220 µm in S. vasicola).
Acknowledgements
We are grateful to the Brazilian Petroleum Company (PETROBRAS) for
financial support that made it possible for a nematode taxonomic project to be
included in the Brazilian deep-sea research program in Campos Basin. We also
thank Nicole Smol, Ghent University, Belgium, for her help and advice with
Sabatieria new species and Dr. Janet W. Reid, JWR Associates, for her critical
revision of the English text
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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Appendix 1. Map with coordinates of stations where Sabatieria fidelis and S. exilis were found.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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CAPITULO II: Aspectos da distribuição de
Sabatieria e de suas novas espécies ao
longo do Talude da Bacia de Campos
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70
II.1) Introdução
Apesar da importância da nematofauna em mar profundo, sobretudo
quanto a riqueza e densidade, estudos que descrevam a composição
taxonômica e/ou abordam as suas relações com parâmetros ambientais são
raros e limitados a poucos locais. À exemplo podem ser citados aqueles
referentes ao do Mediterrâneo (Vitiello, 1976; Vivier, 1978),da Baía de
Gascogne (Dinet & Vivier, 1979), da área entre a Carolina do Norte e Venezuela
(Tietjen, 1976; Tietjen, 1989), da Escócia (Thistle & Sherman, 1985) e da
Noruega (Jensen, 1988).
Em mar profundo a meiofauna detém características específicas como
alta taxa de produtividade, uma vez que 80% de todos os processos
metabólicos são realizados pela meiofauna (Shirayama & Horikoshi, 1982), alta
biomassa comparada à da macrofauna (Tietjen, 1992), alta diversidade e baixa
densidade limitada pela escassez de alimento e fatores fisiográficos (Giere,
1993).
Boucher & Lambshead (1995) concluíram que a diversidade tem uma
associação não linear com a profundidade, sendo mais alta nas profundidades
abissais e especialmente nas batiais. Uma das explicações plausíveis para o
fato tem sido associada a uma interação não equilibrada entre produtividade e
distúrbio, ambos sendo correlacionados com a profundidade (Huston, 1994).
Soetaert (1983 apud Heip et al., 1985) observou a dominância de
Sabatieria nas áreas mais profundas da Corsica. Esta dominância foi
constatada por outros pesquisadores (Tietjen, 1976; Vanreusel et al. 1992;
Soetaert e Heip, 1995; Vanaverbeke et al., 1997) e de uma forma geral parece
que esta dominância está relacionada com o sedimento fino composto por silte
m região de mar profundo.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
71
II.2) Objetivos
1. Caracterizar as espécies de Sabatieria quanto a sua abundância e
dominância na Bacia de Campos.
2. Caracterizar a distribuição espacial de Sabatieria e de suas espécies
em relação as diferentes áreas, profundidades e os estratos
sedimentares.
3. Correlacionar à densidade/distribuição de Sabatieria e de suas
espécies com a profundidade e as características físico-quimicas dos
sedimentos.
II.3) Hipóteses
1. A densidade de Sabatieria e de suas espécies diminuem com o
aumento da profundidade.
2. O número de espécies (riqueza) de Sabatieria diminui com o aumento
da profundidade.
3. A densidade das espécies dominantes de Sabatieria é,
significativamente, maior nos dois primeiros centímetros de sedimento.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
72
II.4) Material e Métodos
As amostras foram coletadas durante o projeto “OCEANPROF” na Bacia
de Campos, Rio de Janeiro, Brasil, em Novembro e Dezembro de 2002 e
Junho e Julho de 2003 a bordo do Navio de Pesquisa “Astro Garoupa”. As
estações foram divididas em duas regiões: Norte (19 estações) e Sul (24
estações), distribuídas em 5 isobatas (750, 1050, 1350, 1650 e 1950m). Para a
coleta de sedimento foi utilizado box corer USNEL SPADE Corer-type – Ocean
Instruments, com 0,25m² de área dividido em 25 células (Hessler & Jumars
1974)(Figura 1). Um corer de 2cm de diâmetro foi inserido verticalmente 10cm
em 3 células em cada estação. Em dez estações foram coletados os cinco
primeiros centímetros da área total da célula sendo coletados três células em
cada estação. As amostras foram divididas em extratos verticais de 0-2cm e 2-
5cm, armazenadas em potes plásticos e fixadas com formaldeído a 4%.
Figura 1. Foto do Box - corer e esquema com as células do mesmo,
assim como, a estratificação do sedimento durante a coleta.
Em laboratório o material foi processado seguindo a metodologia de
Boisseau (1957), as amostras foram lavadas em água corrente, o material
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
73
sendo passado por peneiras com intervalos de malhas de 0,044 mm e 0,3 mm.
O material coletado na peneira de 0,044 mm foi colocado em placa de Petri
para centrifugação manual, sendo o sobrenadante transferido para placas de
Dolffus, composta de 200 quadrados e 0,25 cm² e levado ao
estereomicroscópio para triagem dos indivíduos da nematofauna.
Para a realização das análises foram utilizados os números de indivíduos
por táxon (ou o total) em cada amostra. Visando facilitar a visualização dos
resultados de composição, abundância e dominância, tais dados foram
organizados em tabelas e, em seguida, construídos diferentes tipos de gráficos.
Os valores apresentados nos gráficos representam o total (soma das três
replicas) de indivíduos por estação/área/profundidade para as espécies com
menor freqüência. Para as espécies com maior número de indivíduos (S.
spiculata e S. bitumen) os valores nos gráficos representam a média das três
replicas.
A análise de variância (ZAR, 1996) foi aplicada aos valores do número
total de indivíduos de Nematoda por amostra (variável dependente), sendo
consideradas como fatores (variáveis independentes), as campanhas, áreas,
profundidades e os estratos sedimentares O nível de significância adotado foi
de 0,05.
Para avaliar as relações entre o gênero Sabatieria e suas espécies com
a profundidade e as variáveis ambientais do sedimento foram realizadas
análises de correlação, pelo teste de Pearson (ZAR, 1996). O nível de
significância adotado foi de 0,05.
As informações referentes às variáveis ambientais do sedimento (teores
de areia grossa, média, fina, silte, argila, matéria orgânica, carbonatos, carbono
orgânico total, carbono inorgânico e nitrogênio total) foram, gentilmente, cedidas
pelo Prof. Dr. Carlos Eduardo Rezende do Laboratório de Ciências Ambientais
do Centro de Biociências e Biotecnologia, da Universidade Estadual do Norte
Fluminense (UENF), pesquisador responsável pela avaliação geoquímica do
Programa de Caracterização Ambiental do Oceano Profundo da Bacia de
Campos - OCEANPROF" (CENPES/PETROBRAS), no qual este estudo
encontra-se inserido.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
74
II.5) Resultados
II.5.1) Composição quantitativa da família Comesomatidae em relação a nematofauna total.
No total de 10.294 indivíduos de Nematoda, foram encontrados 1052
indivíduos da família Comesomatidae, o que demonstra a importância da
família na nematofauna do Talude da Bacia de Campos (Figura 2).
A família Comesomatidae esteve representada por 10 gêneros nas duas
campanhas oceanográficas: Comesoma, Paracomesoma, Cervonema,
Pierrikia, Laimella, Sabatieria, Dorylaimopsis, Hopperia, Paramesonchium e
Vasostoma.
Sabatieria junto com Cervonema apresentaram o maior número de
indivíduos, sendo o primeiro considerado dominante (Figura 2).
Figura 2. Distribuição da família Comesomatidae e abundancia relativa dos seus
gêneros nas duas campanhas oceanográficas (OCEANPROF I = op1; OCEANPROF 2 = op2) na Bacia de Campos.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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II.5.2) Variabilidade espaço-temporal do gênero Sabatieria nas campanhas, áreas profundidades, e estratos sedimentares.
Em relação ás campanhas, o número de indivíduos de Sabatieria obtidos
pelo amostrador de 2 cm, não mostrou uma grande variação (Figura 3), o que
foi confirmado pela análise de variância (F = 0,001; p = 0,97; n = 531; graus de
liberdade = 1), que não indicou diferenças significativas entre as campanhas.
Figura 3. Número total de indivíduos de Sabatieria nas áreas prospectadas.
Embora o gênero Sabatieria tenha sido encontrado em todas as
profundidades, observa-se uma diminuição no número de indivíduos com o
aumento da profundidade. (Figura 4). Essas observações, quanto ás variações
em relação às profundidades, foram significativas (F = 7,74; p = 0,000004; n =
594; graus de liberdade = 4). O teste de contrastes de Tukey indicou que os
valores médios de número de individuos da profundidade de 750 metros são,
significativamente, maiores do que os das demais profundidades (p > 0,01).
Os valores de número de individuos do gênero Sabatieria não
apresentaram diferenças significativas em relação ás áreas (F = 0,63; p = 0,43;
n = 594; graus de liberdade = 1) (Figura 5).
Sabatieria apresentou um maior número de indivíduos nos dois primeiros
centímetros, tanto na área norte como na sul nas duas campanhas (F = 9,30; p
= 0,002; n = 594; graus de liberdade = 1). (Figura 5).
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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Figura 4. Valores médios do número de indivíduos de Sabatieria nas diferentes
profundidades, por amostrador, nas duas campanhas oceanográficas (OCEANPROF I = op1; OCEANPROF 2 = op2) na Bacia de Campos. .
.
Figura 5. Valores médios de números de indivíduos de Sabatieria entre os estratos
sedimentares nas campanhas oceanográficas (OCEANPROF I = op1; OCEANPROF 2 = op2) na Bacia de Campos.
.
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77
II.5.3) Composição quali-quantitativa das espécies de Sabatieria nas
diferentes profundidades
O gênero Sabatieira foi representado por seis espécies: S. spiculata e S.
bitumen, S. paraspiculata, S. subrotundicauda, S. fidelis e S. exilis .
As espécies S. spiculata e S. bitumen foram que apresentaram maiores
valores de abundância, representando mais de 90% do total de indivíduos
coletados (Figura 6).
Figura 6. Abundancia relativa das espécies de Sabatieria nas amostras.
As espécies S. paraspiculata, S. subrotundicauda, S. fidelis e S. exilis
apresentaram valores de abundância muito baixos (Figura 6). Essa observação
refletiu uma característica marcante, demonstrando uma freqüência de
ocorrência muito baixa (Figura 7). Devido a isso se optou pela não aplicação,
da análise de variância, para verificar a significância das observações
realizadas para essas espécies, ou seja, as considerações aqui apresentadas
em relação á distribuição dessas quatro espécies carecem de testes
estatísticos.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
78
Figura 7. Frequencia relativa das amostras em relação ao número de individuos
de S. paraspiculata, S. subrotundicauda, S. fidelis e S. exilis .
As duas espécies mais abundantes, S. spiculata e S. bitumen, estiveram
presentes em todas as profundidades, tendo um maior número de indivíduos
em 750m (Figura 8 e 9). De um modo geral, observou-se uma redução no
número de indivíduos com o aumento da profundidade para essas espécies
nas duas campanhas oceanográficas (Figura 8, 9, e 10). No entanto, o teste de
significância indicou diferenças significativas entre as profundidades apenas
para S. spiculata (F = 5,31; p = 0,0003; n = 594; graus de liberdade = 4), com o
teste de contrastes de Tukey indicando que os valores médios de densidade
dessa espécie são, na profundidade de 750 metros, significativamente, maiores
do que as demais profundidades (p ≥ 0,02).
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
79
Figura 8. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e S.
bitumen ao longo das profundidades estudadas na primeira campanha, corer 2cm.
Figura 9. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e S.
bitumen ao longo das profundidades estudadas na segunda campanha, corer de 2cm. (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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Figura 10. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e S.
bitumen ao longo das profundidades estudadas na segunda campanha, corer de 10cm. (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
As espécies S. paraspiculata, S. subrotundicauda, S. fidelis. e S. exilis
foram observadas em maior número entre as profundidades de 750m e 1050m
(Figura 11, 12 e 13). S. exilis não foi registrada na primeira campanha (Figura
10).
Figura 11. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis nas profundidades estudadas na primeira campanha, corer 2cm.
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Figura 12. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis nas profundidades estudadas na segunda campanha corer 2cm (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
Figura 13. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis nas profundidades estudadas na segunda campanha, corer de 10cm (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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II.5.4) Distribuição das espécies de Sabatieria entre as áreas e os estratos
sedimentares
Em relação ás áreas observaram-se um maior número de espécies (n=
5) na área Sul na primeira campanha, enquanto que, para a segunda
campanha, a área Norte apresentou um maior valor de riqueza de espécies
(n=6). Em função do pequeno número de espécies e, especialmente, das
diferenças serem muito pequenas essas observações, quanto as áreas, não
apresentam significância estatística.
As espécies dominantes estiveram presentes nos dois estratos
sedimentares (Figura 14, 15 e 16), mas os valores de número de indivíduos
apresentaram diferenças significativas entre os estratos, tanto para a espécie
S. spiculata (F = 6,86; p = 0,009; n = 594; graus de liberdade = 1), quanto para
a espécie S. bitumen (F = 17,87; p = 0,00003; n = 594; graus de liberdade = 1).
Figura 14. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e S.
bitumen entre as áreas e estratos sedimentares das áreas norte e sul na primeira campanha (OCEANPROF I ) na Bacia de Campos.
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Figura 15. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e S.
bitumen entre estratos sedimentares das áreas norte e sul na segunda campanha (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos.
Figura 16. Valores médios de números de indivíduos das espécies S. spiculata e S.
bitumen entre estratos sedimentares das áreas norte e sul na segunda campanha (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos, corar 10cm.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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As espécies S. subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis apresentaram seus
maiores valores de número de indivíduos nos estrato de 2-5 cm do sedimento
(Figura 17, 18 e 19). Já a espécie S. paraspiculata mostrou valores próximos,
de número de indivíduos, entre os estratos (Figura 17, 18 e 19).
.
Figura 17. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda e S. fidelis entre as áreas e estratos sedimentares das áreas norte e sul na primeira campanha (OCEANPROF I ) na Bacia de Campos. .
Figura 18. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis entre estratos sedimentares das áreas norte e sul na segunda campanha (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos, corar 2cm.
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Figura 19. Número total de indivíduos das espécies S. paraspiculata, S.
subrotundicauda, S. exilis e S. fidelis entre estratos sedimentares das áreas norte e sul na segunda campanha (OCEANPROF 2) na Bacia de Campos, corar 10cm.
II.5.5) Relação do gênero Sabatieria e de suas espécies com as
características ambientais
O gênero Sabatieria apresentou uma correlação negativa com a
profundidade, assim como, todas as suas espécies. Esses valores de
correlação mostraram-se significativos, exceto, para a espécie S. exilis (Tabela
1).
Tabela 1. Valores de correlação entre a profundidade e o número de
indivíduos do Gênero Sabatieria e de suas espécies. * indica valores significativos (n =192; p < 0,05).
Gênero S. spiculata S. paraspiculata S. bitumen
profundidade -0,35* -0,30* -0,18* -0,17*
S. exilis S. rotundicauda S. fidelis
profundidade -0,06 -0,20* -0,23*
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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A maioria dos valores de correlação entre as características dos
sedimentos e a densidade das espécies e do gênero Sabatieria foram não
significativos (Tabela 2).
Tabela 2. Valores de correlação entre as variáveis ambientais dos sedimentos
e o número de indivíduos do gênero Sabatieria e de suas espécies. * indica valores significativos (n =176; p < 0,05).
Gênero S. spiculata S. paraspiculata S. bitumen
Areia grossa -0,13 -0,07 -0,08 -0,15 Areia média -0,15 -0,09 -0,01 -0,17* Areia fina 0,09 0,13 -0,02 -0,01
Silte 0,01 -0,04 0,00 0,07 Argila -0,11 -0,13 0,03 -0,03
Matéria orgânica -0,06 -0,06 -0,08 0,03 Carbonatos -0,17* -0,18* -0,05 -0,06
Carbono orgânico 0,11 0,10 0,09 0,23*
S. exilis S. rotundicauda S. fidelis Areia grossa 0,09 -0,07 -0,02 Areia média -0,03 -0,05 -0,06 Areia fina 0,11 0,00 0,06
Silte -0,07 0,08 0,06 Argila -0,07 -0,02 -0,08
Matéria orgânica -0,12 -0,06 -0,01 Carbonatos -0,07 -0,02 -0,03
Carbono orgânico -0,12 -0,01 -0,01
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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II.6) Discussão
A importância quantitativa da família Comesomatidae já havia sido
assinalada para a Bacia de Campos no estudo realizado por Netto et al.
(2005).
Sabatieria é um gênero que se apresentou como dominante em
diferentes estudos de áreas profundas (Tietjen, 1976; Vitiello, 1976; Vanreusel
et al. , 1992; Vanaverbeke et al. , 1997; Gambi et al. , 2003).
Soetaet & Heip (1995) encontraram esse gênero como o mais
abundante na quebra do talude e na Plataforma Continental, com uma redução
de sua abundância nas estações mais profundas. Essa predominância de
Sabatieria ao longo da margem do oceano refletiria a importância dos sub-oxic
pathways, e isto poderia explicar o porquê deste gênero ser encontrado
predominantemente na Plataforma e no Talude superior (Soetaert & Heip,
1995).
A densidade da nematofauna diminui com o aumento da profundidade e
isso pode ter relação com a redução no suprimento de matéria orgânica
biodisponível nas maiores profundidades (Vanaverbeke et al. , 1997). Assim, o
fator responsável pela distribuição seria a produtividade na zona eufótica da
coluna d’água e o tipo de fundo que determina a viabilidade de alimento para
os Bentos (Thiel, 1983; Shirayama, 1984; Pfannkuche, 1985; DeBoveé et al.
1990).
Este padrão também foi observado no trabalho de Vanhove et al (2004)
onde a dominância de Sabatieria ocorreu apenas na menor profundidade. Uma
diminuição na densidade deste gênero em relação a profundidade também foi
observada por Vanaverbeke et al. (1997). Nos estudos de Soetaert & Heip
(1995) e Netto et al. (2005) o gênero Sabatieria apresentou uma redução na
sua abundância relativa com o aumento da profundidade. Tietjen (1976)
constatou que Sabatieria foi mais abundante em 600-800m, mas ocorreu em
todas as profundidades estudadas entre 50-2500m.
Segundo Vanreusel (comunicação pessoal) podemos definir, quanto a
distribuição dos gêneros da Nematofauna de mar profundo, três regiões do
Talude: superior, médio e inferior, que no presente estudo, estariam assim
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
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representadas: Talude superior (750m), talude médio (1050 e 1350m) e talude
inferior (1650 e 1950m). Quanto à densidade do gênero Sabatieria e de suas
principais espécies, foi possível observar para a Bacia de Campos, que existe
uma diferença estatisticamente significativa entre o Talude superior (750m) e
as demais profundidades.
Em relação aos estratos sedimentares observou-se uma diferença
significativa entre os estratos de 0-2 cm e 2-5 cm. Sabatieria ficou mais
concentrada no estrato de 0-2 cm. Lima (2008) encontrou para Syringolaimus
na Bacia de Campos, o mesmo padrão de distribuição em relação aos estratos.
Assim como Lira (2006), ao estudar os gêneros Microlaimus e Molgolaimus,
observou que esses gêneros estiveram concentrados apenas nos dois
primeiros centímetros de sedimento. No Golfo de Byscay os indivíduos de
Sabatieria também estavam concentrados nos estratos de 1-2 cm e 2-3 cm
(Vanreusel et al. , 1992). Vanaverbeke et al. (1997) sugeriram que esta
distribuição está relacionada aos níveis de oxigênio no sedimento. Já Soetaert
et al. (1996) ao comparar perfis de matéria orgânica e a distribuição vertical de
Nematoda na área de Goban Spur, constataram que a perturbação do
sedimento diminui com o aumento da profundidade resultando numa redução
na penetração da matéria orgânica no sedimento, no qual os meiobentontes
composto por 90% de indivíduos da nematofauna, estavam mais concentrados
nos primeiros centímetros (estrato superior) do sedimento, e a densidade
diminui drasticamente nos estratos mais profundos do sedimento. A
importância do estrato superior para a riqueza cresce fortemente com o
aumento da profundidade (Vanaverbeke et al. , 1997).
Além disso pode ter havido uma relação entre a densidade e o estoque
bacteriano. Vanreusel et al. (1995) num estudo de distribuição vertical
encontraram correlação positiva entre a alta densidade de meiofauna e a
concentração de bactéria nos primeiros centímetros do sedimento. As
bactérias geralmente são menos abundantes em sedimento grossos
(Montagna, 1982; Montagna et al., 1983: apud Vanreusel, 1995) , o que
favorece a relação trófica Nematoda/ bactéria em mar profundo, onde os
sedimentos finos são uma constante.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
89
Outro fator que pode ser levantado é a disponibilidade de recursos
alimentares. Thiel (1979) afirmou que, na porção inferior do Talude, o
transporte de alimento proveniente das regiões superiores diminui com o
aumento da profundidade, assim, a disponibilidade de alimento tem sido
sugerida como fator limitante que controla a densidade da meiofauna (Thiel,
1979).
Sabatieria apresentou uma relação positiva com o carbono orgânico,
assim como S. bitumen. Sugerese que a meiofauna tenha uma relação positiva
com a matéria orgânica (Thiel, 1983; Shirayama, 1984; Pfannkuche, 1985;
Alongi e Pichon 1988).
Em relação às espécies de Sabatieria, um primeiro ponto a ser
destacado é a pequena quantidade de estudos (ao nível especifico) de mar
profundo com abordagem ecológica, sendo que a maioria dos estudos
existentes enfocam a taxonomia das espécies, o que, de certa maneira, limita a
discussão de alguns aspectos da ecologia em mar profundo.
Muthumbi et al. (1997), ao estudar a área de mar profundo do Oceano
Índico, entre as profundidades de 20m à 2000m, observaram a presença de
Sabatieria em todas as profundidades. Esses autores relataram três espécies
de Sabatieria para a região: S. lucia Muthumbi et al. 1997, S. conicauda
Vitiello, 1970, S. pissina Vitiello, 1970, sendo que esta última ocorreu apenas
em uma estação à 511m de profundidade. Neste estudo foram encontradas
seis espécies, sendo que S. subrotundicauda só ocorreu na profundidade de
750m. Como os valores de riqueza obtidos (número de espécies) da Bacia de
Campos foram pequenos, não se pode afirmar estatisticamente que a riqueza
reduz, de forma significativa, com o aumento da profundidade.
Chen & Vincx (1999) em um estudo no Estreito de Magalhães e canal de
Beagle entre profundidades de 8-440m, encontraram sete espécies de
Sabatieria em sedimento de silte-argiloso (S. coomansi Chen & Vincx , 1999; S.
arcuata Wieser, 1954; S. celtica Southern, 1914; S. falcifera Wieser, 1954; S.
furcillata Wieser, 1954; S. mortenseni Ditlewsen, 1921; S. parabyssalis Wieser,
1954). Já Bussau (1993), prospectando 55 estações entre 4100m e 4200m na
costa do Peru encontrou apenas uma única espécie de Sabatieria (apenas
tipada e não descrita) com abundância relativa baixa (< 1%).
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
90
Tais resultados reforçam e integram um recente estudo (Vanreusel et al.
, comunicação pessoal), no qual se compara a biodiversidade dos gêneros de
Nematoda, em diferentes oceanos e a relação dessa composição genérica com
a heterogeneidade espacial representada pelos diversos hábitats de mar
profundo estudados (Figura 19). Nesse estudo, o gênero Sabatieria mostrou-se
como um dos mais representativos das áreas de Plataforma e Talude (Figura
19)
As correlações com as características ambientais demonstraram uma
relação negativa com os teores de carbonato, que muitas vezes, pode
funcionar como uma partícula grossa do sedimento, colaborando com as
correlações negativas também observadas para areia grossa e média. Tietjen
(1976) observou que Sabatieria é mais abundante em sedimentos composto
por silte e areia.
Neste estudo chega-se a conclusão que o gênero Sabatieria atinge seus
maiores números de indivíduos no sedimento fino composto por silte, neste
sedimento os indivíduos se concentram nos primeiros centímetros, onde se
encontra uma maior concentração de matéria orgânica. O número de
indivíduos cai com o aumento da profundidade, e a profundidade de 750 m
destaca-se das demais concentrando um maior numero indicando uma
condição mais favorável para este gênero se desenvolver, este fato pode estar
relacionado com um maior aporte de matéria orgânica nesta profundidade.
Botelho, A.P. Taxonomia e Distribuição de Sabatieria...
91
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