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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
RENATO LIMA DOS ANJOS
O DESEMPENHO DA PARAÍBA NO CONTEXTO DA ECONOMIA NORDESTINA
(2002-2015)
JOÃO PESSOA
2017
RENATO LIMA DOS ANJOS
O DESEMPENHO DA PARAÍBA NO CONTEXTO DA ECONOMIA NORDESTINA
(2002-2015)
Monografia apresentada ao Curso de Ciências
Econômicas da Universidade Federal da
Paraíba como requisito obrigatório para a
obtenção do título de Bacharel em Economia. Profª Orientadora: Rejane Gomes Carvalho
JOÃO PESSOA
2017
A599d Anjos, Renato Lima dos.
O desempenho da Paraíba no contexto da economia Nordestina (2002-2015)./ Renato
Lima dos Anjos. – João Pessoa: UFPB, 2017.
58f.:il.
Orientador: Prof. Rejane Gomes Carvalho. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Econômicas) – UFPB/CCSA.
1. Desenvolvimento. 2. Paraíba. 3. Desigualdade. 4. Crescimento. I. Título.
UFPB/CCSA/BS CDU: 33
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
AVALIAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Comunicamos à Coordenação do Curso de Graduação em Ciências Econômicas (Bacharelado)
que o trabalho de conclusão de curso (TCC) do aluno Renato Lima do Anjos, Matrícula
11315752, intitulada O DESEMPENHO DA PARAÍBA NO CONTEXTO DA
ECONOMIA NORDESTINA (2002—2015), foi submetido à apreciação da Comissão
Examinadora, composta pelos Professores Rejane Gome Carvalho (orientadora), Ivan Targino
Moreira (examinador) e Wanderleya dos Santos Farias (examinador), no dia 28/11/2017, às 14
hs, no período letivo 2017.1
O TCC foi APROVADO pela Comissão Examinadora e obteve nota ( 10 DEZ ).
Reformulações sugeridas: Sim ( ) Não ( X )
Atenciosamente,
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha família, em especial minha mãe e minha irmã, que
mesmo em momentos difíceis sempre me apoiaram e incentivaram para que eu pudesse concluir
o curso de Economia.
Agradeço imensamente a minha professora Rejane Gomes Carvalho, que orientou a
elaboração deste trabalho e desde o início do curso esteve comigo, me auxiliando e me ajudando
durante minha jornada acadêmica, juntamente com a professora Wanderleya Farias, as quais
me deram oportunidade de ser extensionista durante três anos, que sem dúvidas, foi a melhor
experiência que tive enquanto estive na universidade.
Aos amigos que fiz no decorrer do curso, especialmente aos “economitos” e aos da
minha cidade, que proporcionaram ótimos momentos em minha vida e que sempre estiveram
comigo nos momentos mais difíceis.
Ao meu amigo Paulo Diniz, que me ajudou muito nesse último ano, a quem sou
eternamente grato pela sua amizade; aos colegas que fiz nos encontros de estudantes regionais
e nacionais que participei, e aos amigos que conheci enquanto fui estagiário do Programa de
Pós-Graduação em Sociologia.
Aos docentes do Departamento de Economia, e especialmente as secretárias da
Coordenação do curso de ciências econômicas, Lenilda e Verinha que sempre se mostraram
prestativas para solucionar algumas questões que surgiam.
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar o comportamento da economia paraibana
no período de 2002 a 2015, destacando como o estado integrou-se no processo de crescimento
e desenvolvimento regional, utilizando-se de análises comparativas com os demais estados da
região Nordeste. Para isso, o trabalho foi dividido em três partes: na primeira foram
apresentadas algumas características do desenvolvimento econômico brasileiro; na segunda
realizou-se uma discussão acerca do crescimento do Nordeste a partir de 1960, quando a região
foi considerada parte integrante de um plano de desenvolvimento regional; e, por fim,
analisaram-se alguns indicadores econômicos e sociais da região no período que compreende o
“novo desenvolvimentismo” a partir dos anos 2000. Quanto aos procedimentos metodológicos,
além de uma pesquisa bibliográfica e documental sobre o tema proposto, o trabalho utilizou-se
da análise e discussão de dados secundários, coletados a partir de instituições de pesquisas
oficiais, como IBGE e MTE, entre outros. Como principais resultados, observou-se que a
Paraíba apresenta o 4º menor PIB da região, a mais baixa remuneração média formal,
concentração do emprego no setor de serviços e da administração pública e dificuldades na
atração de investimentos produtivos que favoreçam a dinamização do desenvolvimento da
economia do estado. Como principais considerações, destaca-se que os investimentos
realizados no Nordeste se localizaram historicamente em três estados, Bahia, Pernambuco e
Ceará, enquanto a Paraíba apresentou mudanças pouco expressivas em sua estrutura econômica,
de modo a influenciar nas fragilidades no mercado de trabalho, no baixo nível de rendimento e
na manutenção das desigualdades.
Palavras-chave: Desenvolvimento; Paraíba; Desigualdades; Crescimento.
ABSTRACT
The aim of this work is to analyze the behavior of the economy of Paraiba from 2002 to 2015,
highlighting how the state was integrated in the process of growth and regional development,
using comparative analysis with the other states of the region. For this, the work was divided
into three parts: the first part presents some characteristics of Brazilian economic development;
the second one brings a discussion about the growth of the Northeast since 1960, when the
region is inserted in a regional development plan; and, finally, the last part shows some
economic and social indicators of the region in the period that is part of the "new
developmentalism". For the methodological procedures, besides a bibliographical and
documentary research on the proposed theme, the work was based on the analysis and
discussion of secondary data, collected from official research institutions, such as IBGE, MTE,
and others. As the main results, it can be observed that Paraíba presents the 4th lowest GDP in
the region, the lowest average formal remuneration, concentration of employment in the
Service, Public Administration sector and difficulties in attracting productive investments
aimed at boosting and promoting the development of the economy. It is concluded that the
investments made in the Northeast were concentrated in three states, and that Paraíba did not
present a significant change in its economic structure nor in its labor market indicators,
in order to influence weaknesses in the labor market, the low level of income and the
maintenance of inequalities
Keywords: Development; Paraíba; Inequalities; Growth.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Nordeste – População por níveis de instrução (mil pessoas) – 2015, média anual .. 36
Tabela 2: Nordeste – PIB a preços constantes, por estado (2002/2008/2014) ......................... 38
Tabela 3: Nordeste – Participação dos estados na composição setorial do PIB regional
(2002/2014) .............................................................................................................................. 39
Tabela 4: Nordeste – Participação dos estados na composição do PIB regional (2002/2014 -
%) ............................................................................................................................................. 40
Tabela 5: Nordeste – PIB per capita por estado (2002/2014), em valores reais....................... 41
Tabela 6: Nordeste – Crescimento percentual do número de vínculos ativos na região, por
estados (2002/2015 - %) ........................................................................................................... 42
Tabela 7: Paraíba – Emprego formal por setor de atividade (2002/2015), nº absoluto ............ 43
Tabela 8: Nordeste -Evolução do rendimento médio real, por estados
(2002/2005/2008/2012/2015) – Mil R$ .................................................................................... 44
Tabela 9: Nordeste - Evolução do rendimento médio real, por estados, média anual* (2012-
2015) – Mil R$ ......................................................................................................................... 45
Tabela 10: Distribuição dos Investimentos do PAC no Nordeste (%), 2007 - 2010 ................ 46
Tabela 11: Paraíba - Investimento total do PAC (2015 a 2018 e Pós 2018), Milhões - R$ ..... 48
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Nordeste – Crescimento real do PIB, por estados de 2002 a 2014 (em %) ............. 37
LISTA DE SIGLAS
CEPAL Comissão Econômica de Política para América Latina e o Caribe
DIEESE Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas
GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
ODH Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PAEG Plano de Ação Econômica do Governo
PIB Produto Interno Bruto
PNAD Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática
SUDAM Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................... 13
1.1.2 Objetivo geral .............................................................................................................. 13
1.1.3 Objetivos específicos ................................................................................................... 13
2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS QUE MARCARAM O MODELO DE
DESENVOLVIMENTO NO BRASIL .................................................................................. 14
2.1 AS DUAS FACES DA MESMA MOEDA: CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................... 17
2.2 GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO NOS ANOS 1990 .................................... 19
2.3 (NEO) DESENVOLVIMENTISMO: O QUE HÁ DE NOVO? .................................... 21
3 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS ....................................................................... 25
4 ESTADO, POLÍTICA REGIONAL E DESENVOLVIMENTO NO NORDESTE ...... 28
4.1 CRESCIMENTO ECONÔMICO DO NORDESTE E DESIGUALDADES ................. 30
4.2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL A PARTIR DOS POLOS PRODUTIVOS ....... 32
5 PARAÍBA E NORDESTE: CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO A
PARTIR DOS ANOS 2000 .................................................................................................... 35
5.1 ESTRUTURA PRODUTIVA E CONSERVADORISMO ............................................ 37
5.2 EMPREGO E RENDA NO CENÁRIO ATUAL ........................................................... 42
5.3 QUAIS AÇÕES E POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO PARA O ESTADO DA
PARAÍBA? ........................................................................................................................... 45
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 51
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 53
11
1 INTRODUÇÃO
O estado da Paraíba, embora tenha apresentado alguns destaques nas últimas décadas,
no que diz respeito a melhorias em indicadores sociais, investimentos, na geração de emprego
e na diminuição das desigualdades, apresenta ainda uma significativa parcela da sua população
vivendo em situação de pobreza, com baixo nível educacional e com dificuldade na geração de
renda.
Diante disso, o interesse principal deste trabalho é analisar o desenvolvimento sob a
perspectiva social e econômica alcançada no estado da Paraíba no período de 2002 a 2015,
caracterizar as condições estruturais de um estado periférico e entender as peculiaridades do
desenvolvimento enfrentadas na realidade local.
Do ponto de vista do planejamento econômico, o período após a segunda guerra mundial
ficou marcado pelo surgimento de ideias desenvolvimentistas e pela expansão da
industrialização nos países da América Latina, de modo a provocar taxas de crescimento
bastante elevadas, resultado de um aumento da participação do Estado nos investimentos para
a criação de infraestrutura produtiva e de serviços, principalmente, no caso brasileiro.
Ao experimentar um importante ciclo de crescimento econômico decorrente das
estratégias desenvolvimentistas adotadas pelos diferentes governos, o país vivenciou os efeitos
da crise econômica mundial a partir da década de 1970, o que se acentuou na década seguinte.
A noção de desenvolvimentismo perdeu espaço para a ortodoxia convencional diante da
necessidade de estabilização da economia. Com isso, o Estado deixou de intervir mais
fortemente como agente produtivo, mediante a promoção de uma política econômica
conservadora, dando mais vez e espaço ao mercado. Especialmente nos anos de 1990,
destacaram-se o processo de globalização, a reforma do Estado e a adoção da política
econômica neoliberal. Considerando a situação de instabilidade em que a economia brasileira
se encontrava, indexada e com altos níveis inflacionários, como consequência observou-se a
estagnação do desenvolvimento socioeconômico.
Durante esse período, com a crise financeira e fiscal e a dívida externa que o Estado
enfrentava, numa tentativa de conter os gastos públicos, ocorreu uma diminuição dos
investimentos por parte do governo federal nas regiões mais pobres e mais desiguais. As
políticas públicas regionais, até então direcionadas ao Norte e Nordeste, perderam seu papel e
intensidade.
12
A retomada do crescimento econômico, observada principalmente no início dos anos
2000, após a relativa estabilidade financeira que foi promovida, sobretudo, pela diminuição da
inflação, ocasionou numa melhora dos indicadores sociais e também no mercado de trabalho,
com o aumento da formalização das ocupações, especialmente na região Nordeste, e,
consequentemente, no estado da Paraíba.
A região Nordeste, ao longo das últimas décadas, teve seu desenvolvimento pautado
principalmente na intervenção estatal, fruto de políticas “novo desenvolvimentistas”, mas que
não foram suficientes para reduzir a desigualdade existente em comparação com as demais
regiões do Sul e Sudeste. Estas apresentam indicadores socioeconômicos que diferem bastante
da realidade local e a região nordestina continua concentrando expressiva pobreza, possuindo
um baixo nível de escolaridade e baixa renda per capita.
O estado da Paraíba, situado na região Nordeste, não difere dessa realidade, mesmo
apresentando crescimento econômico acima da média nacional nos últimos anos. O Produto
Interno Bruto (PIB) da Paraíba em 2014 foi de R$ 52.936 (milhões), mas a participação no PIB
nacional é de apenas 0,9%. O PIB per capita, para o mesmo ano, foi de R$ 13.422, mantendo-
se com baixo nível de desenvolvimento quando observados os demais indicadores
socioeconômicos
Diante desse cenário, levanta-se a discussão de como essas políticas
desenvolvimentistas podem ter afetado a região Nordeste e, em especial, a Paraíba. O problema
a ser analisado gira em torno de qual desenvolvimento econômico pode ser verificado no estado
a partir dos anos 2000. Nesse sentido, é relevante analisar se houve mudanças importantes na
estrutura produtiva, nos setores econômicos, na distribuição da produção e na participação do
estado na economia regional.
Além dessa introdução, a primeira parte da pesquisa abordará o conceito de
desenvolvimento ao longo das últimas décadas e as discussões recentes em torno da noção de
“novo desenvolvimentismo”. Posteriormente, apresentará um panorama sobre o crescimento
econômico enfrentado pelos estados nordestinos nos últimos anos e, por fim, uma análise sobre
a economia paraibana acerca dos indicadores socioeconômicos e da sua capacidade de geração
de emprego e renda, sendo necessário, em alguns aspectos, utilizar-se de análises comparativas
com os outros estados da região, para podermos observar as suas características locais frente às
economias de estados que compõem a região Nordeste.
13
1.1 OBJETIVOS
1.1.2 Objetivo geral
Analisar o desempenho socioeconômico do estado da Paraíba e sua capacidade de
inserção na economia regional no período de 2002 a 2015.
1.1.3 Objetivos específicos
Comparar os indicadores socioeconômicos do estado da Paraíba com os demais
estados nordestinos;
Observar a desigualdade econômica e social entre a Paraíba e o Nordeste;
Destacar as ações de políticas públicas voltadas para o crescimento e
desenvolvimento no estado da Paraíba.
14
2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS QUE MARCARAM O MODELO DE
DESENVOLVIMENTO NO BRASIL
Neste capítulo, o objetivo principal é localizar as discussões e as características das
estratégias do desenvolvimento brasileiro, a partir da década de 1930. Não cabe aqui fazer um
aprofundamento teórico e histórico sobre esse desenvolvimento, mas apenas apresentar
algumas ideias centrais que marcaram a expansão da economia brasileira nas últimas décadas.
Caracterizado como um país periférico, devido a sua dependência em relação às
economias mais desenvolvidas, o Brasil apresentou elevadas taxas de desenvolvimento no
período que sucedeu a Segunda Guerra Mundial, principalmente, segundo Bresser Pereira
(2006), pela adoção de uma estratégia desenvolvimentista, na qual o Estado passou a fomentar
a infraestrutura, criar instituições e formular políticas públicas com o objetivo fundamental de
promover o desenvolvimento econômico por meio da industrialização.
De modo a sistematizar as principais características do desenvolvimento econômico no
Brasil após 1930, Bielschowsky (2013) classifica três etapas fundamentais: a primeira está
representada pelo processo de industrialização impulsionado pelo Estado, que perdurou até
1980, marcada pela introdução de ideias desenvolvimentistas no Brasil, cujas estratégias
estavam pautadas na industrialização, na formação de um parque industrial complexo e na
criação das primeiras instituições em prol do desenvolvimento nacional; a segunda, por um
período de instabilidade macroeconômica e financeira, com alto índice inflacionário, que durou
até 2000. Esse período ficou caracterizado pelas tentativas de reverter o quadro de instabilidade
econômica em que o país se encontrava, por meio de diversos planos econômicos pouco efetivos
que privilegiavam a recuperação da economia em detrimento das estratégias de
desenvolvimento social. Por fim, o terceiro momento, após os anos 2000, foi caracterizado pelo
aumento do preço das matérias-primas, com a alta demanda por bens intensivos em recursos
naturais dos países asiáticos, especialmente da China.
Considerando a fase que marcou a mudança do modelo de produção primário exportador
para a base produtiva industrial, tendo sua intensificação especialmente a partir dos anos de
1950 até o início da década de 1970, a economia brasileira experimentou importantes fases de
crescimento, acompanhado pela expansão do PIB per capita, da produtividade do trabalho e
dos níveis de investimento, caracterizando um desenvolvimento fortemente influenciado pelas
ideias desenvolvimentistas. Esta concepção serviu para assinalar o modelo de desenvolvimento
15
da América Latina baseado no processo de industrialização e se formalizou teoricamente a partir
da atuação da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). Além disso, a influência
da teoria keynesiana sobre o papel intervencionista do Estado, por meio da política fiscal,
marcou o período (BRESSER PEREIRA, 2006).
Castelo (2012), destaca que o desenvolvimentismo atuou no sentido de associar as
iniciativas estatais com o processo de industrialização do país, através, principalmente, do
modelo de substituição de importações. Para isso, essas iniciativas “ocorreram através de
políticas protecionistas, de empréstimos e isenções fiscais para investidores privados, que então
alocavam seus capitais nos setores de bens de consumo não duráveis” (CASTELO, 2012. p.
619). Assim, Bresser Pereira (2006), afirma que os princípios fundamentos do
desenvolvimentismo estavam na promoção da industrialização, via substituição de
importações; no papel central do Estado em estimular a poupança forçada e no investimento em
empresas e na infraestrutura econômica; em políticas protecionistas; e, no crescimento baseado
na demanda e no déficit público.
Para Fonseca (2004), o crescimento econômico, promovido pelo “desenvolvimentismo”
no Brasil, principalmente, na década de 1950 com os governos de Getúlio Vargas e de Juscelino
Kubitschek, baseou-se em quatro correntes antecessoras: os nacionalistas, os defensores da
indústria, os papelistas e os positivistas. Cada corrente, com sua característica, contribuiu para
o fortalecimento e a implementação dessa estratégia de desenvolvimento no Brasil.
O primeiro, teve suas origens no período colonial com a divergência de interesses entre
a metrópole e a colônia; o segundo buscava enaltecer aqueles setores vistos como uma
ramificação do setor primário, privilegiando as matérias primas locais; o terceiro teve suas
ideias baseadas na política econômica clássica, além de defender uma maior presença do Estado
que atuaria como agente anticíclico; e, por último, os positivistas, que admitiam a presença do
Estado em casos em que houvesse um “problema social”. Para Fonseca (2004), o governo de
Getúlio Vargas foi o primeiro a esboçar o conceito de desenvolvimentismo de forma mais
planejada.
O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) caracterizou-se pela adoção do Plano
de Metas e ficou marcado com o slogan: “cinquenta anos em cinco”, expressando a ideia de que
o desenvolvimento industrial poderia ser acelerado, de modo a modernizar o país em pouco
tempo. O governo de Juscelino foi fortemente influenciado pelas concepções
desenvolvimentistas, fazendo com que o Estado atuasse no incentivo à industrialização através
do modelo de substituição de importações, além dos investimentos em energia, transportes,
16
indústria de base, educação e na construção de Brasília, que seria inaugurada em 1960 como a
capital do Brasil. Segundo Albuquerque (2015), a industrialização brasileira no governo de
Juscelino Kubitschek se deu, principalmente, através da implementação da indústria pesada.
Durante o Governo Militar, de 1964 a 1984, a economia brasileira apresentou elevado
crescimento econômico, principalmente no período conhecido como “milagre econômico”, cuja
taxa de crescimento do PIB chegou a 11% a.a. Segundo Giambiagi (1999), a explicação para
esse “milagre” pode ser dividida em três linhas de pensamento: a primeira diz respeito a política
econômica adotada no período, com incentivo às exportações e às políticas expansivas
monetárias e de crédito; a segunda se refere ao ambiente externo favorável em que encontrava-
se a economia internacional; e a última é explicada pelas reformas institucionais causadas pelo
Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), pautadas nas reformas tributárias e financeiras.
Após experimentar esse crescimento expressivo e, consequentemente, um ciclo de
expansão industrial, a economia brasileira passou a sofrer os efeitos da diminuição do
crescimento da economia mundial em finais dos anos de 1970 e que se estendeu para a década
seguinte. O novo contexto econômico provocou o enfraquecimento dos princípios fundantes do
desenvolvimentismo, dando espaço para o fortalecimento das políticas neoliberais,
principalmente, a partir de 1990. A crise da dívida externa, o desequilíbrio inflacionário e o
elevado déficit público no Brasil, permitiu que a ortodoxia convencional fosse, aos poucos, se
estabelecendo com as políticas macroeconômicas1.
A década de 1990 ficou representada pela mudança estrutural no ambiente econômico
no Brasil, e, como forma de reverter a situação crítica em que se encontrava, os governos que
estavam à frente da economia brasileira, inicialmente Fernando Collor de Melo e
posteriormente Fernando Henrique Cardoso, passaram a adotar políticas macroeconômicas e
reformas pautadas na ideologia neoliberal, cujo objetivo principal era o aumento da
produtividade e, consequentemente, a estabilização econômica. Em meio a abertura comercial,
privatizações e reformas financeiras, a economia apresentou relativa estabilização e controle
inflacionário. No entanto, provocou o aumento do desemprego, da precarização das relações e
das condições de trabalhos e, como veremos mais adiante, foram deixadas de lado as políticas
de desenvolvimento regional, principalmente aquelas que afetavam diretamente a região
1 BRESSER-PEREIRA, L, C. O novo desenvolvimentismo e a ortodoxia convencional. São Paulo em Perspectiva,
São Paulo. Fundação Seade, v. 20, n 3, p. 5-24, jul./set. 2006. Disponível em:
<http://www.bresserpereira.org.br/papers/2006/06.3.Novo_Desenvolv-SEADE.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2017a.
17
Nordeste, com o enfraquecimento ou a extinção de agências regionais de desenvolvimento,
como a Superintendência de desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e a Superintendência
de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Ademais, registrou-se redução do investimento
realizado pelo governo nas regiões, além do processo de privatização das empresas estatais e
de bancos públicos, contribuindo para uma maior “liberdade” do setor privado quanto às
decisões de localizações de seus investimentos (GUIMARÃES NETO, 2014).
De acordo com Bresser Pereira (2006), a promessa de desenvolvimento econômico que
seria promovida pela ortodoxia convencional fracassou. Para o autor, isso ocorreu porque a
grande crise dos anos de 1980 interrompeu o aprimoramento dos Estados nacionais nos países
da América Latina, dificultando, assim, a formulação de estratégias nacionais de
desenvolvimento. A ortodoxia convencional, refletiu os interesses dos países centrais que não
condiziam com a realidade dos países pobres.
A economia brasileira, passou, portanto, por diferentes etapas de desenvolvimento: a
partir da década de 1930, com o governo de Vargas, adotou ideias e estratégias
desenvolvimentistas; em meados de 1960, durante o regime militar, com reformas institucionais
e políticas expansionistas; e, na década de 1980 em diante adotou políticas neoliberais que
foram fortemente influenciadas pela economia internacional, resultando na abertura econômica
brasileira na década de 1990 e na introdução do Brasil no processo de Globalização
(BIELSCHOWSKY, 2013).
Embora tenha apresentado elevado crescimento do PIB, no período que marcou a
industrialização do país, a economia brasileira não superou seus problemas relacionados às
questões econômicas e sociais, pelo contrário, o planejamento econômico do país promoveu
desigualdades entre as regiões e concentração da produção e da renda. Enquanto o Sul e o
Sudeste apresentavam elevação em seus indicadores sociais e o aumento na renda de sua
população, o Nordeste brasileiro mantinha-se, até meados de 1960, aquém desse crescimento e
com elevado nível de pobreza. Por isso, no planejamento econômico deve-se levar em
consideração que o crescimento da economia precisa ser acompanhado pelo desenvolvimento
econômico, especialmente, com a melhoria na qualidade e nas condições de vida da população.
2.1 AS DUAS FACES DA MESMA MOEDA: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
18
A crescente preocupação dos países em elevar a produtividade, o PIB e o crescimento,
especialmente, após a abertura econômica nos anos de 1990, provocou uma busca desenfreada
pelo crescimento econômico, sem a preocupação dos incrementos na renda estarem ou não
sendo distribuídos de forma equitativa na população. As políticas econômicas justificavam-se
pelo crescimento em si mesmo, buscando-se, em sua maioria, o poder econômico, mesmo que
esse poder não tenha afetado de forma positiva a qualidade de vida das pessoas.
Para alguns economistas, essa elevação na produtividade resultaria no desenvolvimento
econômico. No entanto, a maneira como se atinge esse desenvolvimento pode ser questionada.
De acordo com França (2012), os neoclássicos têm a visão de que o desenvolvimento ocorre de
forma lenta e gradual, uma vez que suas preocupações estão centradas no comportamento do
mercado onde este, ao se movimentar livremente, iria preservar o equilíbrio monetário e
cambial o que, consequentemente, funcionaria como instrumento principal do crescimento e do
desenvolvimento.
No entanto, os termos crescimento e desenvolvimento não podem ser confundidos. O
crescimento nem sempre resultará num benefício coletivo para a população, pois "mesmo que
a economia cresça a taxas relativamente elevadas, o desemprego pode não estar diminuindo na
rapidez necessária" (SOUZA, 1993, p. 5).
De acordo com Souza (1993), esse debate ideológico acerca das definições de
crescimento e desenvolvimento econômico está dividido em duas perspectivas principais do
pensamento econômico. A mais conservadora defende que crescimento é sinônimo de
desenvolvimento, cujos autores que se destacam nessa corrente são defensores de modelos
neoclássicos de crescimento, como Solow, Meade, e até mesmo alguns de origem keynesiana,
como Harrod, Domar e Kaldor. Já a segunda está relacionada a uma corrente mais heterodoxa,
onde desenvolvimento é representado pelas mudanças positivas nos padrões de vida das
pessoas, das instituições e das estruturas produtivas, enquanto o crescimento é representado
apenas pela variação quantitativa do produto, sendo esse pensamento fortemente influenciado
por autores de orientação cepalina e marxista, como Furtado, Prebisch e Singer.
Para o desenvolvimento, portanto, devem ser levadas em conta as mudanças na
economia, tornando-a mais eficiente, juntamente com uma melhoria no padrão de vida da
população. Assim, o crescimento, representado pelo aumento da renda e do produto, será
necessário para a promoção do desenvolvimento, mas não é, por si só, suficiente. Seguindo esse
raciocínio, Souza define desenvolvimento econômico como resultado da:
19
(...) existência de crescimento econômico contínuo (g), em ritmo superior ao
crescimento demográfico (g*), envolvendo mudanças de estruturas e melhoria
de indicadores econômicos, sociais e ambientais. Ele compreende um
fenômeno de longo prazo, implicando o fortalecimento da economia nacional,
a ampliação da economia de mercado, a elevação da produtividade e do nível
de bem-estar do conjunto da população, com a preservação do meio ambiente
(SOUZA, Nali Jesus, 1993, p. 7).
Já o crescimento econômico:
(...) precisa, portanto, superar o crescimento demográfico (g*), para expandir
o nível de emprego e a arrecadação pública, a fim de permitir ao governo
realizar gastos sociais e atender prioritariamente às pessoas mais carentes.
Com isso, há melhora nos indicadores sociais, incluindo melhores níveis
educacionais e de consciência ambiental (SOUZA, Nali Jesus, 1993, p. 7).
Como consequência do processo de crescimento, que privilegiou a elevação do PIB sem
muito preocupar-se com as questões sociais, o Brasil, denominado como “periferia” do
capitalismo, apresenta alta desigualdade social e dificuldades em resolver a crítica situação que
enfrenta, especialmente no que diz respeito aos indicadores sociais e econômicos, educação,
renda, saúde, habitação e vários outros. Além disso, esse debate entre crescimento e
desenvolvimento faz-se necessário na agenda política e econômica a fim de combater as
desigualdades regionais e promover maior desenvolvimento naquelas regiões mais pobres.
2.2 GLOBALIZAÇÃO E NEOLIBERALISMO NOS ANOS 1990
A década de 1990 ficou marcada pelas transformações que ocorreram na economia
mundial. Embora a inserção brasileira no mercado internacional tenha ocorrido anteriormente
a esse período, sua maior intensidade de integração comercial se deu nos anos de 1990, com a
adoção de políticas neoliberais que facilitaram o processo de globalização2 e objetivaram
superar as dificuldades que o país enfrentava. Em parte, a situação de instabilidade econômica
no país ocorreu pela redução dos investimentos produtivos, em função da crise de acumulação
2 Embora se pretenda destacar, nesta seção, o processo de globalização econômica a partir da década de 1990 e as
suas influências sobre a economia brasileira, compreende-se o fenômeno da globalização da economia mundial
como movimento mais amplo de expansão do próprio modo de produção capitalista que se verifica em suas
diferentes etapas de desenvolvimento estrutural, desde a expansão comercial entre as nações a partir do século
XVI até a fase mais recente de expansão do capital financeiro no século XXI. Para um aprofundamento da
discussão sobre o tema, ver: CHESNAIS, 1996.
20
de capital na economia mundial, o que resultou em baixo nível da atividade econômica,
aumento da dívida externa, hiperinflação e a deterioração dos indicadores sociais na década de
1980 (GENNARI, 2001).
Esse período rompeu com a antiga estratégia de desenvolvimento adotada, até então,
caracterizada pela participação do Estado, baseada numa ideologia desenvolvimentista.
Deixou-se de lado a forte intervenção do Estado e passou-se a adotar reformas de ordem liberal,
com a tentativa de diminuição da participação do Estado na economia. De acordo com Yano e
Monteiro (2008), as mudanças estruturais e institucionais ocorridas na década de 1990 tinham
como objetivo o aumento da produtividade do trabalho na economia e, consequentemente, sua
estabilização. Para os autores: “O papel do Estado frente ao projeto de desenvolvimento do país,
passaria de um ‘Estado-empresário’ para o que seria um ‘Estado regulador e fiscal’ das
atividades econômicas” (YANO e MONTEIRO, 2008, p. 3).
Essas mudanças estruturais que se tornaram dominantes na América Latina, foram
fortemente influenciadas pelo Consenso de Washington3, cujas reformas poderiam ser aplicadas
a países em desenvolvimento como forma de superar as crises econômicas que essas nações
enfrentavam. Essas reformas, resultaram na menor participação do Estado na economia, no
aumento das exportações e também na liberalização do comércio. No entanto, de acordo com
Bresser Pereira, essas estratégias não refletiam os interesses dos países pobres, tendo em vista
que:
A ortodoxia convencional, que então substitui o nacional-
desenvolvimentismo, não havia sido elaborada no país e não refletia as
preocupações, nem os interesses nacionais, mas as visões e os objetivos dos
países ricos. Além disso, como é próprio da ideologia neoliberal, era uma
proposta negativa que supunha a possibilidade dos mercados coordenarem
tudo automaticamente, além de proporem que o Estado deixasse de realizar o
papel econômico que sempre exerceu nos países desenvolvidos: o de
complementar a coordenação do mercado para promover o desenvolvimento
econômico e a equidade (BRESSER PEREIRA, 2006, p. 9).
3 O encontro ocorrido na capital dos Estados Unidos, em novembro de 1989, cujo objetivo era avaliar as reformas
econômicas exercidas na América Latina, resultou no termo conhecido como “Consenso de Washington”, que
representou uma série de medidas de ajustes macroeconômicos, adotadas pelos países da região. De acordo com
Bresser Pereira (1991), essas medidas podem ser resumidas em "promover a estabilização da economia através do
ajuste fiscal e da adoção de políticas econômicas ortodoxas em que o mercado desempenhe o papel fundamental”,
além de incitar a redução da participação do Estado na economia.
21
Mesmo com o relativo controle inflacionário, promovido pela implantação do Plano
Real4 em 1994, a economia continuou com baixo crescimento e baixo nível de investimento,
dificultando a inserção de uma parcela significativa da população no mercado de trabalho,
ocasionada, principalmente pela abertura comercial em função do processo de globalização.
Esse conjunto de mudanças também resultou na flexibilização do trabalho, “interferindo” na
dinâmica do emprego formal e contribuindo para o aumento da informalidade e da precarização
do trabalho. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (DIEESE):
O que antes era um paradigma de relações de trabalho, o emprego por tempo
integral, de longa duração, protegido pela legislação trabalhista e pelos
contratos de trabalho acordados pelos sindicados, passa, na década de 1990,
por um implacável ataque. Os vínculos vulneráveis vão aumentando sua
participação no mercado de trabalho. Cresce o assalariamento sem carteira
assinada, o trabalho de autônomos que operam em condições precárias, o
emprego doméstico, a ocupação de crianças e idosos. O núcleo protegido dos
empregos diminui e aumenta a margem dos vulneráveis (DIEESE, 2001, p.
12).
Portanto, a introdução de políticas neoliberais e a inserção do Brasil na economia
internacional resultou no controle da hiperinflação após a implementação do Plano Real, mas,
também, num baixo nível de atividade econômica e numa maior dependência externa do país,
perdendo seu caráter “soberano”, principalmente, com a queda de desempenho no setor
industrial, devido a “desindustrialização” que o país sofreu. Nesse caso, tanto o valor
adicionado como o emprego do setor industrial perderam participação na composição do PIB e
do emprego total. Esse fraco desempenho do setor industrial foi ocasionado pelo baixo nível de
investimento na economia durante a década de 1980 e 1990 (MARQUETI apud OREIRO e
FEIJÓ, 2010).
2.3 (NEO) DESENVOLVIMENTISMO: O QUE HÁ DE NOVO?
4 O Plano Real foi um plano econômico desenvolvido em 1994 durante o governo de Itamar Franco, com objetivo
de promover a estabilidade monetária (controlar a inflação) e fiscal e viabilizar a estabilização econômica. Em
linhas gerais, de acordo com Ianoni (2009), o plano dividiu-se em três fases: a primeira representada pelo ajuste
fiscal, com a redução de gastos públicos; a segunda se constituiu da criação da Unidade Real de Valor (URV),
como um novo indexador; e, finalmente, pela introdução de uma nova moeda, o real (R$).
22
Após as experiências anteriores de desenvolvimento no Brasil assumidas pelos diversos
governos, que passaram do desenvolvimentismo nos anos de 1950 à adoção de políticas
neoliberais nos anos 2000, surgiu o chamado “(neo) desenvolvimentismo” ou, novo
desenvolvimentismo, cuja ideia central baseia-se na regulação da economia por meio do Estado,
buscando adequar as experiências passadas à realidade atual.
O novo desenvolvimentismo surgiu após o enfraquecimento das políticas neoliberais
adotadas nos países da América Latina nos anos de 1990, os quais viram seus desempenhos
econômicos e sociais apresentar resultados preocupantes, tendo em vista o aumento do
endividamento, do desemprego e da pobreza. Segundo Castelo (2012), países como Argentina,
Brasil e México passaram por fases de baixo crescimento econômico, com aumento do
desemprego, perda de direitos sociais, além de desequilíbrios em suas balanças de pagamento
e o aumento das dívidas públicas internas.
Para Sicsu (2007), essa nova estratégia de desenvolvimento não está pautada na redução
da presença do Estado na economia, mas sim, no seu fortalecimento, tornando-o mais capaz de
agir perante o plano político, administrativo e financeiro. Além de promover o progresso
técnico, deve haver o fortalecimento de instituições em prol do desenvolvimento, focado,
principalmente, na educação pública, como propulsor do aprimoramento do capital humano.
De acordo com a perspectiva de Bresser Pereira (2006), um dos principais expoentes
dessa abordagem, para que o novo desenvolvimentismo ocorra, é necessário que a nação
compartilhe de interesses em comum, pois “o novo desenvolvimentismo irá se tornar em
realidade quando a sociedade nacional se tornar uma verdadeira nação” (BRESSER PEREIRA,
2006, p. 11). Diferentemente da ortodoxia convencional, as ideias do novo desenvolvimentismo
defendem o surgimento de um consenso interno, como projeto de nação, de modo a resultar
numa estratégia nacional de desenvolvimento para o Brasil, tendo em vista que as ideias
importadas do modelo econômico e da ideologia dos países ricos, quando traduzidas em
políticas econômicas liberais, terminam por neutralizar a capacidade de competir dos países
pobres.
Em relação ao velho e ao novo desenvolvimentismo, Bresser Pereira (2006) destaca três
diferenças principais:
1. Diferentemente do antigo, o novo não é protecionista, pois deduz-se que países como
o Brasil já possuem indústrias mais bem estabelecidas, exigindo a competitividade das
empresas naqueles setores industriais nos quais estão inseridas. Assim, não haveria o
23
pessimismo exportador, em que a base para o crescimento estaria na exportação de bens
primários com baixo valor agregado.
2. O déficit público e a demanda não são mais bases para o crescimento. Esta seria uma
crítica ao velho desenvolvimentismo, representado por alguns populistas, principalmente, na
década de 1960 na América Latina.
3. O Estado não tem mais o papel de impulsionar a poupança forçada para investir
diretamente na indústria pesada e em algumas áreas de infraestrutura, apenas devendo exercer
a função de subsidiário em alguns setores da atividade econômica, especialmente naqueles em
que o setor privado não tem capacidade de realizar sozinho determinados tipos de
investimentos.
O novo desenvolvimentismo deve, segundo Sicsu (2007), ser constituído por um
mercado forte, regulado pelo Estado, a fim de aumentar a produção, garantir condições
necessárias para ampliar a concorrência, diminuir o desemprego e combater as desigualdades
sociais. Pois, a economia que se mantém com um Estado fraco e um mercado desordenado não
é capaz de lidar positivamente com as variáveis econômicas.
Esses ideais apresentaram-se como propostas do planejamento econômico a partir do
primeiro governo Lula (2003-2006), com o fortalecimento das políticas sociais que objetivavam
combater a fome e a extrema pobreza. E, em seu segundo mandato (2007-2010), com a
ampliação dos investimentos públicos, através do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). De acordo com Carneiro (2008):
(...) o objetivo era o de elevar o crescimento por meio da ampliação da taxa de
investimento, contemplando três estratégias: incentivar o investimento
privado; aumentar o investimento público em infra-estrutura; remover
obstáculos (burocráticos, administrativos, normativos, jurídicos e legislativos)
ao crescimento. Dentre as três linhas de ação o grande destaque era para o
investimento em infra-estrutura, tanto pela sua relevância para a aceleração do
crescimento quanto pelo volume de recursos alocados (CARNEIRO, 2008, p.
49).
Já no governo Dilma (2011-2014), a atuação do PAC deu-se através do termo "PAC II",
que foi distribuído em diferentes setores, com ênfase na inclusão social dos pobres, através do
fortalecimento de políticas sociais e investimentos na área de transporte, energia e habitação,
dando “continuidade a essa forma de compreensão do financiamento do desenvolvimento, da
24
geração de emprego e renda e da convergência entre Estado, mercado e trabalho” (SILVA.
JARDIM, 2005, p. 131).
Com a tentativa de estimular a desconcentração produtiva no país, as aplicações de
investimentos propostos pelo PAC, segundo Guimarães Neto (2011), foram destinadas em
maior intensidade ao Norte e ao Nordeste, quando comparada com as demais regiões do país,
estimulando o crescimento e promovendo o aumento da renda média e a expansão do emprego
formal naquelas regiões. Esse conjunto de ações pode ter contribuído para a redução da extrema
pobreza no país, embora não tenham se constituído explicitamente em políticas regionais de
desenvolvimento.
O quarto capítulo, abordará mais a fundo as questões teóricas em torno do
desenvolvimento regional, observadas tanto no contexto do desenvolvimentismo, quanto do
novo desenvolvimentismo. As questões que se referem ao crescimento e ao desenvolvimento
no Nordeste, especialmente no estado da Paraíba, serão abordadas no último capítulo desse
trabalho, com o auxílio de indicadores econômicos que fundamentarão a discussão de como o
estado está integrado nesse processo.
25
3 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
O trabalho e a pesquisa científica buscam colaborar para o desenvolvimento das
informações em todas as áreas do conhecimento. A investigação científica, segundo Gil
(2008), deve ser observada através de uma série de procedimentos e critérios rigorosos,
denominados de métodos científicos para que, assim, atinja seu objetivo principal: observar a
realidade dos fatos. Esses métodos são divididos em: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo,
dialético e fenomenológico, e têm como objetivo principal traçar o caminho adotado durante
a pesquisa.
Os procedimentos metodológicos seguidos neste trabalho contribuirão, inicialmente,
para proporcionar base para a discussão teórica que envolve as noções sobre os conceitos de
desenvolvimento e o “novo desenvolvimentismo” no Brasil, de modo a demonstrar sua
influência para o crescimento econômico da região nordestina, e, consequentemente, sua
repercussão no estado da Paraíba, a partir da década de 2000. A pesquisa bibliográfica
introduzida neste trabalho busca evidenciar e investigar, de maneira geral, as principais
características do desenvolvimento econômico brasileiro, nordestino e paraibano.
O tipo de pesquisa caracteriza-se como aplicada e quantitativa, por utilizar informações
já levantadas, isto é, através de dados secundários coletados por instituições de
reconhecimento e credibilidade no país. A pesquisa pode ser classificada como descritiva, por
trazer uma série de informações e dados socioeconômicos, propondo-se analisar como esses
indicadores se comportaram em determinado período de tempo. Também é considerada uma
pesquisa explicativa, pelo fato de tentar elucidar o que motivou a ocorrência dos fenômenos
econômicos, tentando abordar mais profundamente o que os dados, por si só, não conseguem
mostrar.
A pesquisa busca entender o desenvolvimento econômico ocorrido no estado da
Paraíba, dado o contexto de crescimento no país a partir dos anos de 2000 até o ano de 2014.
Serão utilizadas análises comparativas com outros estados nordestinos, de forma a permitir
construir uma ideia de como se encontra a Paraíba em relação aos estados vizinhos, destacando
as características semelhantes e as particularidades que norteiam as condições do
desenvolvimento socioeconômico.
Como forma de facilitar o entendimento e melhorar a apresentação, os dados coletados
serão apresentados através de gráficos e tabelas. Em seguida, o procedimento adotado é a
26
discussão das informações coletadas para o período que se propõe analisar. Essa discussão é
necessária, para que haja o paralelo entre esses indicadores e o processo de desenvolvimento
observado no estado da Paraíba.
O levantamento de indicadores, como já mencionado, será feito por meio de dados
secundários, empregando informações de diversas instituições de pesquisa, como o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizando do seu banco de dados denominado
Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA), bem como, informações das Contas
Regionais e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Através do site do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) haverá o levantamento de informações acerca do
mercado de trabalho formal, com o sistema de Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)
e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). E, também, a utilização de
documentos, relatórios da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Departamento
Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e outros que venham
contribuir com a discussão teórica sobre determinado tema.
A análise se constituirá a partir de indicadores socioeconômicos que servirão para
explicar alguns aspectos e características da economia local, como por exemplo, o PIB per
capita, índice de Gini, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), taxa de analfabetismo,
emprego e rendimentos.
De acordo com a metodologia desenvolvida pelo IBGE (2017), serão utilizadas como
principais referências as seguintes definições:
- PIB: determinado como o “total dos bens e serviços produzidos pelas unidades
produtoras residentes sendo, portanto, a soma dos valores adicionados pelos diversos setores
acrescidos dos impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos não incluídos na valoração da
produção”.
-Taxa de Analfabetismo: a “percentagem das pessoas analfabetas de um grupo etário,
em relação ao total de pessoas do mesmo grupo etário”.
Para o IPEA (2017) e o PNUD (2017, o índice de Gini e o IDH, são definidos como:
Índice de Gini: é "a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos.
Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem). O valor zero representa
a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda".
Índice de Desenvolvimento Humano: "é uma medida composta de indicadores de três
dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0
a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano".
27
As principais variáveis consideradas no estudo, além das já mencionadas, são:
distribuição de renda, proporção de pessoas abaixo da linha da pobreza, anos de estudo, grau
de instrução, emprego formal por setor de atividade, emprego formal por sexo, remuneração
média, entre outros.
A variável de remuneração média e população por nível de instrução, retiradas da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE, apresenta
informações trimestrais. Contudo, coletou-se as informações publicadas trimestralmente, e a
partir delas utilizou-se uma média aritmética simples, para que fosse possível elaborar as
informações anuais.
Outra consideração que se deve destacar, diz respeito aos dados coletados na
plataforma do Ministério do Trabalho e Emprego, o sistema RAIS. Suas informações fazem
referência aos empregos formais, isto é, com carteira de trabalho assinada e, além disso, os
dados utilizados neste trabalho referem-se ao dia 31 de dezembro de cada ano, assim como é
proposto na metodologia do ministério.
A partir dessas considerações, será possível construir um panorama do
desenvolvimento social e econômico no estado da Paraíba no período analisado e observar as
características do seu desenvolvimento e as perspectivas futuras diante da economia regional.
Esse estudo faz-se necessário para o conhecimento mais aprofundado de um estado da região
Nordeste que ainda apresenta grandes dificuldades na melhoria de seus indicadores sociais e
econômicos. O estado da Paraíba também enfrenta índices de pobreza elevados, dificuldades
no nível de educação e em uma série de fatores que interferem diretamente na melhoria de
vida da população.
28
4 ESTADO, POLÍTICA REGIONAL E DESENVOLVIMENTO NO NORDESTE
Sob a ótica desenvolvimentista, o segundo capítulo procurou ressaltar algumas
contribuições teóricas das características do desenvolvimento econômico brasileiro. O presente
capítulo tem como objetivo destacar as políticas de desenvolvimento no Nordeste, assim como
a intervenção estatal como instrumento propulsor do desenvolvimento recente observado na
região. Esta discussão irá nortear o capítulo seguinte, ao tratar mais adiante das questões que
envolvem o estado da Paraíba.
A região Nordeste, historicamente, ficou marcada pelo seu baixo desenvolvimento
social, mesmo apresentando sucesso, em termos econômicos, no período colonial brasileiro,
que sedimentou a região com base na exploração de monoculturas como a cana-de-açúcar e
outras atividades ligadas a agropecuária. Porém, embora tenha ocorrido mudanças
significativas em sua estrutura produtiva, principalmente a partir da década de 1960, o Nordeste,
segundo Guimarães Neto (1997), ainda não conseguiu superar traços herdados do período
colonial.
Com o decorrer dos anos de 1930, após o surgimento das ideias desenvolvimentistas no
Brasil, houve uma concentração, ainda maior, dos investimentos realizados no Centro-Sul,
principalmente no que diz respeito à industrialização, já que estas regiões apresentavam maior
dinamismo econômico devido a herança deixada pelo “ciclo cafeeiro”. A acumulação de capital
foi necessária ao longo dos diversos ciclos produtivos para possibilitar o desenvolvimento das
atividades que iniciariam o processo de industrialização brasileira, mesmo que apoiadas pelo
Estado, resultando na “polarização” das atividades econômicas no Sudeste (SILVA, 2009).
Essa “polarização” favoreceu o crescimento da região Sudeste, fortalecendo sua
hegemonia e liderando o processo de acumulação de capital, enquanto o Nordeste manteve-se
até o final dos anos de 1950 com uma estrutura econômica que mantinha atividades baseadas
em setores produtivos tradicionais, ainda caracterizado pela grande presença do setor primário
em sua economia, e com baixo dinamismo econômico em relação aos setores industriais que
emergiam.
A atuação do Estado na economia brasileira, principalmente, a partir dos anos de 1950
com a criação de órgãos de desenvolvimento e políticas regionais, resultou num processo de
integração entre as regiões, onde o Nordeste passou a ser inserido num plano de
desenvolvimento que tinha como objetivo principal ampliar a presença do setor industrial em
sua economia. Como importante referência, destaca-se o Grupo de Trabalho para o
29
Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), criado em 1958, sob o comando intelectual de Celso
Furtado, que culminou na criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
(SUDENE), em 1959. O GTDN foi um grupo de estudo que atuou no sentido de diagnosticar
as fragilidades estruturais da região e, a SUDENE, o órgão necessário para criar e executar
políticas públicas para promover o desenvolvimento no Nordeste, o que seria impulsionado por
meio da industrialização como forma de diminuir as disparidades regionais. O desenvolvimento
da indústria no Nordeste resultou em taxas de crescimento de sua economia diferentes daquelas
observadas nas décadas anteriores a 1960 (onde o Centro-Sul crescia a percentuais superiores
aos do Nordeste), havendo uma relativa “desconcentração” das atividades econômicas no
Sudeste (LIMA, 1994).
Segundo Araújo (1997), a economia da região apresentou um excelente desempenho
nos anos de 1960 a 1990, cujas atividades industriais passaram a ser inseridas em seu ambiente
econômico, seja através de incentivos fiscais, por investimentos de empresas estatais, por
políticas de créditos praticadas pelos principais bancos públicos ou até mesmo através de
recursos próprios das empresas locais, nacionais e multinacionais.
A participação do Estado na economia da região Nordeste teve papel significativo em
seu processo de desenvolvimento econômico. O setor público atuou intensamente no sentindo
de impulsionar as atividades, investindo, produzindo e criando infraestrutura econômica e
social para a promoção desse crescimento. Para Araújo (1997):
É evidente que o estado patrocinou fortemente o crescimento econômico nas
diversas regiões brasileiras. No Nordeste, porém, pode-se afirmar que sua
presença foi fator fundamental para explicar a intensidade e os rumos do
crescimento econômico ocorrido nas últimas décadas. Direta ou
indiretamente, foi o setor público quem puxou o crescimento das atividades
econômicas que mais se expandiram na região nos anos 70 e 80 (Araújo, 1997.
p. 5).
Esses investimentos, ocorridos entre 1960 e 1980, resultaram em modificações na
estrutura produtiva da região, impulsionando o setor de serviços e o industrial, o que provocou
a redução da participação da agropecuária na composição do PIB.5 O desenvolvimento da
atividade industrial na região, permitiu a diversificação da economia e uma melhoria em alguns
indicadores socioeconômicos, apresentando uma pequena desconcentração das atividades
econômicas no Sudeste.
5 Entre 1965 e 1989, a agropecuária perdeu participação relativa na composição do PIB regional, saindo de 29%
para 13,4%. (LIMA, 1993, p. 58).
30
No entanto, a partir da década de 1990, o processo recente de globalização reforçou os
princípios neoliberais em torno da competitividade entre as regiões e, juntamente com a política
de estabilização da economia e a redução do Estado como agente econômico, observou-se o
enfraquecimento da política regional de desenvolvimento. Os investimentos produtivos
passaram a ser alvo de contendas entre os estados e balcão de negócios através das disputas
fiscais, mediante a oferta de melhores incentivos para que empresas privadas se instalassem em
seus territórios. Segundo Nascimento (2008), essa “guerra fiscal” entre os estados brasileiros
se estabeleceu após a Constituição de 1988 que, entre outras mudanças, permitiu maior
autonomia fiscal entre os estados e municípios no país. As políticas de incentivo se
estabeleceram, em sua maioria, pela redução ou extinção dos impostos que seriam pagos pela
empresa privada que viesse a se estabelecer em determinada localidade. Sendo assim, o
desenvolvimento regional passou a ocorrer, em maior intensidade, através da “guerra fiscal”.
4.1 CRESCIMENTO ECONÔMICO DO NORDESTE E DESIGUALDADES
Embora a economia nordestina tenha passado por um expressivo crescimento do PIB, a
partir dos anos de 1960, impulsionado principalmente pelo investimento nas atividades
industriais, seu PIB per capita não cresceu na mesma proporção. De acordo com Araújo (1997),
enquanto o produto interno bruto teve seu valor triplicado (saindo de US$ 20,8 bilhões em 1970
para US$ 65,3 bilhões em 1993), o PIB per capita apenas dobrou o seu valor, passando de US$
740 para US$ 1.486, no mesmo período. Mesmo que este indicador não seja o mais adequado
para se avaliar as condições do desenvolvimento, observa-se a forte concentração de renda na
região, o que reforça a discussão debatida no capítulo 1 ao destacar que o crescimento
econômico nem sempre resultará em desenvolvimento social.
Em outro estudo, Araújo (2000) destaca que não houve relação linear entre as mudanças
nas estruturas produtivas e melhorias de vida da população dos estados. A Paraíba, em 1992,
por exemplo, possuía a mais alta taxa de mortalidade infantil e a mais baixa esperança de vida
do Nordeste, apresentando, juntamente com os estados do Piauí e Maranhão, as condições
sociais mais precárias da região.
A década de 1990, como já foi destacada anteriormente, caracterizou-se pela ausência
de políticas regionais e pela falta de efetividade no combate às desigualdades econômicas entre
as regiões. Segundo Melo (2014), acreditou-se que a economia voltaria a apresentar maiores
níveis de desigualdades regionais nos anos seguintes, mas isso não se verificou no decorrer da
31
década de 2000, pois a região Nordeste apresentou taxas de crescimento superiores em relação
às regiões mais “desenvolvidas” do país.
Nos primeiros anos do século XXI, com a retomada do crescimento da economia, o
Nordeste voltou a apresentar um desempenho econômico superior à média brasileira. Segundo
Araújo (2014), esse resultado ocorreu devido a retomada das políticas públicas que estimularam
a expansão do crédito e do crescimento econômico, resultando numa valorização do salário
mínimo, no aumento da renda das famílias e dos empregos formais.
Côelho (2014) destaca que essa melhoria nos indicadores de emprego, renda e produção,
decorreu, em sua maioria, de políticas macroeconômicas e de políticas setoriais (com o PAC,
Bolsa Família e a Previdência Rural), beneficiando as regiões mais pobres, com a intensa
redução da pobreza e um avanço no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No entanto,
apesar dos progressos recentes nos indicadores socioeconômicos, o Brasil ainda apresenta alta
desigualdade regional e forte concentração de renda, fazendo-se necessário a participação do
Estado no combate às desigualdades, principalmente no tocante a oferta de serviços públicos
eficientes que promovam mais qualidade de vida para a população.
De acordo com Melo (2014), o crescimento verificado na última década está bem mais
relacionado às variáveis ligadas à renda, emprego e consumo, do que aquelas relacionadas à
produção, educação e produtividade. Para o autor, mesmo que a redução das disparidades
regionais tenha sido mais influenciada por políticas de cunho social do que por políticas
tipicamente econômicas, a expansão da região, advinda de políticas sociais, pode ter gerado
efeitos de retroalimentação. Para o autor,
O ponto que se pretende destacar é que o crescimento recente pode ter gerado
importantes efeitos de causação cumulativa, seja em virtude da ampliação do
tamanho de mercado, seja por conta da formação de novos ativos tangíveis e
intangíveis, abrindo uma janela de oportunidade para mudar a realidade
econômica e social da região (MELO, 2014, p. 469).
Apesar do crescimento relativo da região Nordeste, tanto a partir da primeira experiência
desenvolvimentista, como no período do novo desenvolvimentismo, esse crescimento ocorreu
de forma diferenciada entre os estados devido suas características locais, como será visto na
próxima seção. Alguns foram mais beneficiados com políticas públicas e obtiveram maior
integração no processo de desenvolvimento regional, enquanto outros, permaneceram à
margem do desenvolvimento.
32
Considerando o histórico de desigualdades, é necessário suprir as dificuldades sociais e
econômicas que a região Nordeste enfrenta, principalmente em questões relacionadas à pobreza
e às fragilidades econômicas persistentes que podem contribuir na manutenção das
desigualdades regionais. Os investimentos em infraestrutura física, a permanente expansão de
políticas públicas de educação e saúde e em qualificação profissional, são ações estratégicas
para o desenvolvimento da região Nordeste. Assim, as políticas regionais devem considerar o
potencial produtivo, aproveitando as vocações naturais e descobrindo outras formas de
produção de riqueza, de modo a estimular a capacidade competitiva da região e a geração de
emprego e renda sustentáveis.
4.2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL A PARTIR DOS POLOS PRODUTIVOS
A atuação do Estado no Nordeste em conformidade com as tendências de acumulação
privada, a partir da década de 1960, permitiu o desenvolvimento de polos produtivos que
captaram a maior parte dos investimentos destinados à região e apresentaram significativa
expansão da atividade econômica e da geração de emprego e renda. No entanto, os
investimentos realizados na região não ocorreram na mesma intensidade entre os estados que a
compõem. Devido as diferenças políticas, econômicas, sociais e geográficas, alguns estados
apresentaram melhores desempenhos em suas atividades produtivas (ARAÚJO, 2000).
Os investimentos produtivos fizeram surgir subespaços que foram responsáveis pelo
comportamento positivo da economia na região. Essas estruturas, de acordo com a literatura
especializada, foram denominadas como "frentes de expansão” ou “polos produtivos.” Para
Araújo (2000), alguns polos industriais destacaram-se por apresentar estruturas econômicas
modernas e ativas, dentre eles: o complexo petroquímico de Camaçari, na Bahia; o complexo
mineiro-metalúrgico de Carajás, no Maranhão; e, o polo têxtil e de confecções em Fortaleza,
no Ceará. Em relação aos polos agroindustriais, o de Petrolina/Juazeiro, com a agricultura
irrigada; do oeste baiano, que se estendeu ao sul dos estados de Maranhão e Piauí, com a
moderna agricultura de grãos; o polo de pecuária intensiva, no agreste Pernambucano; e, o de
fruticultura, no Vale do Açu, no Rio Grande do Norte. Alguns estudos apontam que, além
33
desses citados, há o surgimento de outras frentes de expansão na região, como o polo
Cloroquímico, em Alagoas e o Complexo Industrial Integrado de Base, em Sergipe.6
De acordo com Lima (1993), os incentivos fiscais proporcionados pela SUDENE, no
valor de U$$ 6,7 bilhões, no período de 1964 a 1990, foram, em sua maioria, destinados a três
estados: Bahia, Ceará e Pernambuco, representando cerca de 63% dos incentivos fiscais da
região. O Estado da Paraíba integrou-se pouco nessa fase de crescimento econômico regional
e, consequentemente, apresentou maiores dificuldades na promoção de seu desenvolvimento
econômico e social.
Com exceção do polo de tecnologia de Campina Grande, a Paraíba não apresentou
destaque em suas atividades industriais, comparado com os polos dinâmicos dos demais
estados, caracterizado pelo baixo dinamismo em relação aos estados mais desenvolvidos. Essa
mesma falta de integração ocorreu nos setores da agropecuária e agroindústria.
De acordo com estudo realizado por Araújo (2000), no período de 1970 a 1992, a
dinâmica econômica dos estados que compõem a região foi bastante diferenciada. Enquanto
alguns apresentaram crescimento mais acelerado, a Paraíba junto com Pernambuco (embora
este tenha captado maior volume de recursos) tiveram o crescimento mais lento e diminuíram
sua participação relativa na produção do país, perdendo espaço na composição do PIB
brasileiro.
No período do novo desenvolvimentismo, a partir da década de 2000, o Nordeste surge
novamente na rota das políticas regionais, principalmente, a partir de 2007 com o Programa de
Aceleração do Crescimento, que destinou cerca de R$ 84,4 bilhões para a região, até o ano de
20107. Esses financiamentos, associados aos investimentos privados e a expansão de crédito na
região, contribuíram para a modernização e a criação de novos polos produtivos. Os maiores
investimentos na região, no período mais recente, mais uma vez concentraram-se nos estados
da Bahia, Pernambuco e Ceará.
Nos últimos anos, esses três estados tiveram cerca de R$ 50 bilhões em investimentos
destinados ao Complexo Industrial de Pacém, no Ceará; na Fábrica da Fiat, em Goiana, e no
Complexo Industrial e Portuário de Suape, ambos em Pernambuco; e, no polo de Camaçari, na
Bahia. Esses estados, tanto na fase do desenvolvimentismo, quanto no
6 LIMA, S. R. R. BARRETO, R. C. S. A região Nordeste: disparidades interestaduais e desigualdade econômica
e social, 1960-1990. Revistas Nexos Econômicos. 2015, n. 2, v. 9, p. 70.
7 DUQUE, W. C. F. A interiorização do PAC como forma de desenvolvimento regional. Meu Artigo, Economia e
Finanças. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/economia-financas/a-interiorizacao-pac-como-
forma-desenvolvimento-regional.htm>. Acesso em: 22 set. 2017.
34
"neodesenvolvimentismo", absorveram os maiores volumes de investimentos destinados à
região, enquanto os estados mais pobres atraíram investimentos menores e em setores
tradicionais, como a construção civil, calçados e alimentos, que tem um papel importante na
expansão do setor de serviços8.
A Paraíba, nesta fase mais recente, assim como no “velho desenvolvimentismo”, não
apresentou destaque na captação de recursos e em investimentos destinados a expansão da
atividade econômica. A economia do estado se restringiu aos resultados indiretos dos grandes
investimentos realizados em Pernambuco, principalmente dada a sua proximidade com o
município de Goiana. Este atraiu investimentos de grande porte e contribuiu para dinamizar a
economia dos municípios ao seu redor, nos quais encontram-se aqueles pertencentes ao Litoral
Sul da Paraíba9.
No capítulo seguinte iremos observar o comportamento da dinâmica econômica e social
do estado nessa fase mais recente do crescimento da economia brasileira e da retomada de
investimentos estatais e privados na região.
8 MADEIRO, Carlos. Nordeste ampliou concentração de riqueza em três estados. Uol Economia. Disponível em:
<https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/02/19/investimentos-no-nordeste-se-concentram-em-ce-ba-
e-pe.htm>. Acesso em: 22 set 2017. 9 As maiores influências da dinâmica econômica recente do município de Goiana sobre o estado da Paraíba, podem
ser destacadas com relação ao setor de serviços e comércio em João Pessoa e nos municípios do litoral sul. Algumas
empresas prestadoras de serviços do polo industrial, localizado em Goiana, criaram uma demanda sobre a rede
hoteleira para seus funcionários, a exemplo da Jeep, além do fluxo de trabalhadores que se estabeleceu entre essas
localidades. Para avaliar os impactos reais, algumas pesquisas vêm sendo desenvolvidas em diferentes áreas, como
meio ambiente, economia e trabalho, podendo vir a contribuir para adensar essa discussão em outro momento, já
que este não é o objetivo central deste trabalho. Ver: Hemobrás, 2013 e JESUS, C. R.; SALES, A. P. D.;
MIRANDA, M. L.; LADOSKY, M. H. G., 2017.
35
5 PARAÍBA E NORDESTE: CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO A
PARTIR DOS ANOS 2000
Os capítulos anteriores procuraram ressaltar os principais elementos do
desenvolvimento econômico brasileiro, especialmente através de políticas desenvolvimentistas,
assim como seus impactos na região Nordeste. A partir dessa análise e discussão inicial, o
terceiro capítulo tem como principal objetivo observar como o estado da Paraíba integrou-se
nessa fase recente do desenvolvimento brasileiro. Para tal, é necessário utilizar análises
comparativas com a região Nordeste e com os estados que dela fazem parte, para que possamos
observar como o estado comportou-se frente àqueles que possuem, em alguns casos,
características semelhantes.
A Paraíba, assim como a maioria dos estados Nordestinos, apresentou bom desempenho
de seus indicadores sociais e econômicos nos últimos anos, sobretudo em relação a redução da
pobreza, sendo a diminuição da miséria uma das principais mudanças observadas na região nas
duas últimas décadas, como diversos estudos destacam. Segundo o Portal ODM (2017), atrás
apenas de Pernambuco, a Paraíba foi o estado da região que mais reduziu a parcela da população
que sofre fome, de acordo com uma das metas dos oito Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado, no ano de 2015, foi de 0,709,
ocupando a 4ª colocação do Nordeste. No entanto, embora seu IDH tenha apresentado destaque
frente às economias nordestinas, deve-se ressaltar que em nível nacional essa posição é muito
baixa, ocupando a 19ª posição. Os estados do Nordeste, no geral, apresentam os menores índices
de desenvolvimento humano, sendo que quatro entre os nove estados da região, obtiveram os
menores IDH’s do país: Sergipe (24º), Maranhão (25º), Piauí (26º) e Alagoas (27º) (PORTAL
ODM, 2017). Constata-se, assim, como a região ainda enfrenta sérios problemas quando se
observa indicadores relacionados a renda, saúde e educação10.
Em relação aos dados referentes a educação e instrução, observa-se que mais de 56% da
população nordestina não havia completado o ensino fundamental no ano de 2015. Segundo a
Tabela 1, o estado da Paraíba, no mesmo ano, posicionava-se acima da média regional, isto é,
com sua população relativa detendo um menor nível educacional em comparação com a região.
Cerca de 59% da população paraibana não possuía o ensino fundamental completo. Já no ensino
10 RODRIGUES, Mateus. Vulnerabilidade social cai, mas ainda é alta no Nordeste, diz IPEA. Disponível em:
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/09/vulnerabilidade-social-cai-mas-ainda-e-alta-no-norte-e-no-
nordeste-diz-ipea.html>. Acesso em: 11 nov 2017.
36
superior completo, o estado alcançou uma participação da instrução da população relativamente
maior do que a média regional. Aproximadamente 7% da população paraibana está inserida
nesse nível educacional, impulsionada pela expansão do ensino superior no interior do estado
nos últimos anos, com a construção de novos campi pela implementação do Programa
Universidade para Todos (PROUNI), (ARAÚJO, 2014).
Tabela 1: Nordeste – População por níveis de instrução (mil pessoas) – 2015, média
anual
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da PNAD e IBGE. 2017.
No ano de 2015, o estado da Paraíba ainda apresentava cerca de 17% da sua população
não alfabetizada, isto é, sem saber ler e escrever um bilhete simples. Em comparação com o
ano de 2002, segundo dados da PNAD, houve uma redução de aproximadamente 10 pontos
percentuais, saindo de 27% em 2002, para 17% em 2015. A taxa de alfabetização da Paraíba
ainda é inferior à média da região Nordeste que, em 2015, alcançou 83,5%. A Bahia foi o estado
nordestino que apresentou a maior taxa de alfabetização, com aproximadamente 85,8% (PNAD,
2015).
Utilizando-se, ainda, dos dados da PNAD (2013), o grau de concentração de renda da
população, medido pelo Índice de Gini11, no ano de 2013 para o Nordeste, apresentou-se a
maior média entre todas as regiões brasileiras, evidenciando o quando a região mantém
11 De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Índice de Gini mede o grau de concentração de
renda de uma determinada população, representando o contraste entre os rendimentos dos mais pobres com os
rendimentos dos mais ricos. Seu resultado varia de zero a um, caso seu valor seja zero, significa uma situação de
igualdade, em que todos detêm a mesma renda.
Sem instrução
e fundamental
incompleto
Ensino fundamental
completo e médio
incompleto
Ensino médio
completo e
superior
incompleto
Ensino
superior
completo Total
Nordeste 29677 7439 12046 3389 52550
Maranhão 3775 981 1321 251 6327
Piauí 1773 416 591 206 2986
Ceará 4531 1353 1934 473 8290
Rio Grande do Norte 1754 436 779 252 3221
Paraíba 2172 452 800 247 3671
Pernambuco 4610 1229 2133 726 8698
Alagoas 1889 431 587 190 3097
Sergipe 1170 298 456 167 2091
Bahia 8004 1843 3445 878 14170
37
concentrada a renda nas mãos de uma pequena parcela da população. A Paraíba obteve esse
índice no valor de 0,514, abaixo da média nordestina que foi 0,519. No entanto, em comparação
com o ano de 2010, o estado apresentava o segundo menor índice da região. Já em 2013, passou
a ocupar a sexta colocação, isto é, ao longo de três anos o ritmo de desconcentração da renda
no estado diminuiu.
Conforme as informações discutidas anteriormente, pode-se observar algumas
características sociais da região Nordeste e, especialmente, do estado da Paraíba que, neste caso,
não demostrou muito destaque em comparação com o restante da região. Com baixo nível de
instrução, um número relativamente alto de sua população vivendo em situação de pobreza e
com alta concentração de renda, a Paraíba ainda enfrenta sérios problemas sociais e
econômicos. As seções seguintes abordarão mais a fundo as questões econômicas do estado, a
fim de analisar sua posição frente aos demais estados.
5.1 ESTRUTURA PRODUTIVA E CONSERVADORISMO
A economia paraibana, em termos do valor agregado do Produto Interno Bruto (PIB),
apresentou um valor acumulado de R$ 52.936.483,00 no ano de 2014, sendo o sexto estado
com maior PIB da região, ficando à frente do Piauí, Sergipe e Alagoas, conforme os dados da
Tabela 2. Em comparação com o ano de 2002, o estado manteve-se na mesma posição no
ranking de PIB’s estaduais no Nordeste. Contudo, seu crescimento mais intenso que o do Rio
Grande do Norte, permitiu uma aproximação de seu PIB para com o estado vizinho, o qual
apresenta um valor de R$ 54.022.584,00, no mesmo ano. A economia baiana detém o maior
valor agregado entre os estados da região, com seu PIB ultrapassando os R$ 220 bilhões,
seguido por Pernambuco e Ceará. Enquanto Sergipe aparece com o menor PIB do Nordeste,
com apenas R$ 37.472.432,00.
O PIB da região Nordeste teve uma expansão bastante expressiva no decorrer da década
de 2000, especialmente a partir de 2002 com o cenário favorável para uma fase de retomada do
crescimento econômico brasileiro. Durante o período de 2002 a 2014, a região apresentou um
crescimento real do PIB de aproximadamente 77%. De acordo com o Gráfico 1, os estados do
Piauí e Maranhão foram os que apresentaram as maiores taxas e, embora sejam economias com
menor expressão econômica no Nordeste, em doze anos, conseguiram duplicar os valores de
suas produções, apresentando destaque e impulsionando o crescimento da região. Por outro
lado, Alagoas e Sergipe obtiveram as menores taxas, com 52% e 55%, respectivamente.
38
Tabela 2: Nordeste – PIB a preços constantes, por estado (2002/2008/2014)
Fonte: Elaboração própria com base nos dados das Contas Regionais, IBGE. 2017.
Os estados de Pernambuco e Ceará apresentaram um crescimento acumulado acima da
média do Nordeste, com 84% e 88%, respectivamente. E, embora a Bahia seja o estado que
concentra a maior parte da riqueza gerada na região, seu crescimento acumulado foi inferior à
média nordestina, registrando aumento de 63%. A Paraíba apresentou uma expansão de
aproximadamente 78%, sendo o quinto estado com maior crescimento do PIB registrado na
região.
Gráfico 1: Nordeste – Crescimento real do PIB, por estados de 2002 a 2014 (em %)
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados das Contas Regionais, IBGE. 2017.
2002 2008 2014
Nordeste R$ 455.612.742,35 R$ 561.013.320,99 R$ 805.099.103,00
Maranhão R$ 37.235.134,49 R$ 52.402.087,44 R$ 76.842.028,00
Piauí R$ 16.654.874,54 R$ 22.384.262,39 R$ 37.723.497,00
Ceará R$ 67.153.332,60 R$ 83.461.685,12 R$ 126.054.472,00
Rio Grande do Norte R$ 31.723.288,06 R$ 39.922.612,56 R$ 54.022.584,00
Paraíba R$ 29.806.389,84 R$ 37.146.863,40 R$ 52.936.483,00
Pernambuco R$ 84.309.906,29 R$ 97.274.024,16 R$ 155.142.648,00
Alagoas R$ 26.976.651,10 R$ 30.754.464,99 R$ 40.974.994,00
Sergipe R$ 24.160.495,55 R$ 29.588.627,60 R$ 37.472.432,00
Bahia R$ 137.592.672,21 R$ 168.078.694,71 R$ 223.929.966,00
0% 50% 100% 150%
Maranhão
Piauí
Ceará
Rio Grande do Norte
Paraíba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Bahia
Nordeste
106%
127%
88%
70%
78%
84%
52%
55%
63%
77%
39
Em relação a sua participação na composição do PIB setorial da região, constata-se que
a Paraíba não conseguiu aumentar sua posição relativa em nenhum setor da atividade
econômica. Durante o período de 2002 a 2014, o estado manteve sua participação de apenas
4% no setor agropecuário, 6% no setor industrial e 7% no setor de serviços. Por outro lado, o
mesmo não se observa nos estados do Piauí, Maranhão e Ceará, os quais conseguiram expandir,
relativamente, suas participações na composição setorial da região. A Bahia, embora tenha
reduzido sua participação no setor agropecuário e no setor de serviços, ainda é o estado que
mais concentra riqueza nos três setores da atividade econômica analisados.
Tabela 3: Nordeste – Participação dos estados na composição setorial do PIB regional
(2002/2014)
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados das Contas Regionais, IBGE.
Quanto a concentração da riqueza gerada, no ano de 2014, três estados detinham cerca
de 63% do PIB regional, Bahia (28%), Pernambuco (19%) e Ceará (16%). Em comparação com
o ano de 2002, não houve variação nessa composição, mostrando que, no decorrer do período
analisado, embora alguns estados tenham apresentado crescimento bastante expressivo do PIB,
não se observou uma desconcentração das atividades produtivas, assim como do PIB. Conforme
a Tabela 4, o estado da Bahia reduziu sua participação no PIB regional em aproximadamente 2
pontos percentuais, o que foi compensado pelo aumento da participação do Maranhão.
A Paraíba, embora tenha apresentado um crescimento do PIB acima da média
nordestina, não conseguiu aumentar sua participação relativa na composição do PIB regional,
reforçando o fato de que o estado integrou-se pouco na fase de expansão das atividades
econômicas da região, sem receber grandes volumes de investimentos que impulsionassem e
dinamizassem a estrutura da economia local. Enquanto os três estados citados concentravam
Agropecuária Indústria Serviços
2002 2014 2002 2014 2002 2014
Maranhão 11% 16% 7% 9% 9% 9%
Piauí 2% 6% 2% 4% 4% 5%
Ceará 11% 13% 14% 15% 15% 16%
Rio Grande do Norte 3% 3% 9% 8% 7% 7%
Paraíba 4% 4% 6% 6% 7% 7%
Pernambuco 11% 10% 18% 18% 19% 20%
Alagoas 15% 9% 6% 4% 5% 5%
Sergipe 4% 4% 8% 6% 5% 4%
Bahia 39% 35% 30% 30% 28% 27%
40
cerca de 63% da riqueza no Nordeste, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Piauí,
detinham, aproximadamente, 29% do PIB regional.
Tabela 4: Nordeste – Participação dos estados na composição do PIB regional
(2002/2014 - %)
Fonte: Elaboração própria, com base nos dados das Contas Regionais, IBGE. 2017.
O Índice de Gini para o PIB, que mede a desigualdade na distribuição do valor
adicionado bruto do PIB dos municípios, manteve-se praticamente constante em todo o período
analisado. Variando entre zero e um, este indicador demonstra que quanto mais próximo de um,
mais desigual é sua distribuição. Quanto mais próximo de zero, menos desigual ela é. No
Nordeste esse índice chegou a 0,79701 no ano de 2014. Durante o período de 2002 a 2014,
somente os estados do Maranhão e Piauí reduziram a desigualdade local. Assim como nos dados
destacados na Tabela 4, as informações acerca do índice de Gini para o PIB reforçam a ideia de
que não houve, ao longo da análise, uma redistribuição das atividades produtivas e econômicas
no Nordeste de modo a promover a desconcentração econômica.
O PIB per capita do Nordeste apresenta o menor valor entre as regiões brasileiras, com
apenas R$ 14.329,13, conforme observa-se na Tabela 5. Mesmo Sergipe apresentando o menor
PIB da região no ano de 2014, como discutido anteriormente com base na Tabela 2, o estado
apresentou o maior PIB per capita regional (R$ 16.882,71), seguido por Pernambuco (R$
16.722,05) e Rio Grande do Norte (R$ 15.849,33). A Paraíba, por sua vez, ocupa a sexta posição
na região quando se observa os valores da Produção Interna Bruta por habitante, com um valor
de R$ 13.422,42, seu PIB per capita mantem-se abaixo da média nordestina e bem inferior à
média brasileira que, no mesmo ano, foi de R$ 28.500,24. Neste caso, o valor que o estado
alcançou representa menos de 50% da média do Brasil, com o quarto menor valor entre todos
Estados 2002 2014
Maranhão 8% 10%
Piauí 4% 5%
Ceará 15% 16%
Rio Grande do Norte 7% 7%
Paraíba 7% 7%
Pernambuco 19% 19%
Alagoas 6% 5%
Sergipe 5% 5%
Bahia 30% 28%
41
os estados brasileiros, ficando à frente apenas do Maranhão, Piauí e de Alagoas, considerando
todos os estados que compõem a região Nordeste.
Em termos reais, o crescimento do estado paraibano, nos anos de 2002 a 2014, foi de
aproximadamente 48%, acima da média regional, cujo crescimento foi de 45%. Os estados do
Piauí e Maranhão, embora detenham o menor PIB per capita do Nordeste em 2014,
apresentaram as maiores taxas de crescimento durante o período analisado, com 94% e 65%,
respectivamente.
Esse indicador, embora seja uma simples divisão do PIB pelo número total de
habitantes, e, portanto, não sendo o mais adequado para se medir a qualidade de vida, torna-se
necessário na análise socioeconômica desses estados, pois permite, mesmo que de forma
estatística, a análise geral da geração de renda local. No entanto, esse indicador não leva em
conta o nível de distribuição de renda efetivo, pois, mesmo havendo um crescimento expressivo
de seus valores, pode ocorrer uma concentração de renda, cujo indicador não é capaz de
mensurar.
Tabela 5: Nordeste – PIB per capita por estado (2002/2014), em valores reais
2002 2014
Nordeste R$ 9.891,14 R$ 14.329,13
Maranhão R$ 6.794,23 R$ 11.216,37
Piauí R$ 6.100,94 R$ 11.808,08
Ceará R$ 9.279,37 R$ 14.255,05
Rio Grande do Norte R$ 11.773,02 R$ 15.849,33
Paraíba R$ 9.068,75 R$ 13.422,42
Pernambuco R$ 11.064,94 R$ 16.722,05
Alagoas R$ 9.905,89 R$ 12.335,44
Sergipe R$ 13.822,67 R$ 16.882,71
Bahia R$ 10.969,25 R$ 14.803,95 Fonte: Elaboração própria, com base nos dados das Contas Regionais, IBGE. 2017.
Ao analisarmos dados referentes às informações econômicas desses estados, percebe-se
que a Paraíba não apresentou destaque frente às economias que, teoricamente, trazem
características semelhantes. Com um crescimento do PIB equivalente a média regional, o estado
não conseguiu reverter, ao longo de doze anos, sua baixa participação na economia da região,
nem tampouco promover de forma expressiva o aumento na renda de sua população, como
observa-se inicialmente com a evolução do PIB per capita e, mais adiante, na análise de dados
acerca dos salários e rendimentos.
42
5.2 EMPREGO E RENDA NO CENÁRIO ATUAL
A região nordeste apresentou um crescimento no número de vínculos ativos formais no
período de 2002 a 2015 de aproximadamente 83%. O estado do Maranhão liderou essa
expansão do emprego formal, com mais de 119% durante o período analisado, seguido dos
estados do Piauí e Ceará, ambos com 94%, conforme podemos observar na Tabela 6. A Paraíba,
por sua vez, embora tenha obtido uma variação positiva de 78%, manteve-se abaixo da média
da região, ocupando a 5º posição entre os estados que apresentaram maior expansão do emprego
formal no período analisado.
Tabela 6: Nordeste – Crescimento percentual do número de vínculos ativos na região,
por estados (2002/2015 - %)
Fonte: MTE. RAIS/CAGED. Elaboração própria. 2017.
Quanto a composição do emprego formal, no ano de 2015, os estados da Bahia,
Pernambuco e Ceará, juntos, concentraram cerca de 62% de todos os vínculos ativos do
Nordeste. Durante o período analisado, de 2002 a 2015, essa composição se manteve com a
mesma proporção. Enquanto isso, os outros seis estados detinham menos de 38% do emprego
formal. As informações disponíveis mostram quanto o crescimento econômico do Nordeste, a
partir da década de 1970, favoreceu em maior intensidade esse primeiro grupo de estados.
Sergipe foi o estado que apresentou a menor participação, uma vez que possui a menor
população e também o mais baixo PIB da região.
Observa-se que, em todos os estados do Nordeste, esse crescimento deu-se de forma
mais acentuada no período de 2002 a 2008, fase em que se observou a retomada do crescimento
da economia brasileira com a elevação do PIB e, consequentemente, do emprego formal. Nos
Estados 2002 - 2008 2008 - 2015 2002 - 2015
Nordeste 43% 28% 83%
Maranhão 64% 34% 119%
Piauí 42% 37% 94%
Ceará 42% 37% 94%
Rio Grande do Norte 62% 18% 91%
Paraíba 37% 30% 78%
Pernambuco 39% 28% 77%
Alagoas 36% 20% 63%
Sergipe 33% 27% 69%
Bahia 42% 24% 77%
43
anos mais recentes, entre 2008 e 2015, de acordo com a Tabela 6, esse crescimento ocorreu
com menor intensidade, mesmo com o redirecionamento de investimentos para a região através
do PAC I e II12.
Quando analisamos a estrutura ocupacional da região, evidencia-se que no ano de 2015,
os estados da Paraíba, Maranhão, Piauí e Alagoas, concentraram o emprego formal na
administração pública, com 38%, 37%, 34% e 31%, respectivamente. Essa dependência do
setor público na formalização do mercado de trabalho pode ser um reflexo da fraca capacidade
produtiva desses estados na geração de emprego e renda em outros setores. A expansão no
número de vínculos ativos foi fortemente impulsionada pelo setor de serviços, comércio e
construção civil, os quais apresentaram um aumento relativo na participação do emprego formal
da região.
Tabela 7: Paraíba – Emprego formal por setor de atividade (2002/2015), nº absoluto
Fonte: MTE. RAIS/CAGED. 2017.
Em relação aos rendimentos médios dos vínculos formais no Nordeste, o estado da
Paraíba apresentou o menor valor entre todos os estados nordestinos, com apenas R$ 1.799,55.
Enquanto Sergipe, Bahia e Rio Grande do Norte apresentaram os maiores rendimentos,
conforme pode-se observar na Tabela 7. Quanto ao crescimento real desses rendimentos, o
estado do Piauí obteve, aproximadamente, 46%, seguido pelo Rio Grande do Norte (42%) e
pela Paraíba (35%). Os estados de Pernambuco, Bahia e Ceará, que concentram a maior parte
12 DUQUE, W. C. F. A interiorização do PAC como forma de desenvolvimento regional. Meu Artigo, Economia
e Finanças. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/economia-financas/a-interiorizacao-pac-
como-forma-desenvolvimento-regional.htm>. Acesso em: 22 set. 2017.
Setor de atividade 2002 2015
Extrativa mineral 1233 1374
Indústria de transformação 48246 77914
Serviços industriais de utilidade pública 7569 7750
Construção Civil 15011 36506
Comércio 42837 106921
Serviços 76031 169531
Administração Pública 172152 253990
Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca 12458 13044
Total 375537 667030
44
da riqueza gerada na região, tiveram esse crescimento inferior à média nordestina, com 26%,
28% e 29%, respectivamente.
Tabela 8: Nordeste -Evolução do rendimento médio real, por estados
(2002/2005/2008/2012/2015) – Mil R$
Fonte: MTE. RAIS/CAGED. Elaboração própria. 2017.
Ao confrontarmos os dados obtidos na RAIS, referente aos vínculos formais, com dados
adquiridos da PNAD trimestral que incluem as ocupações informais, observa-se a disparidade
entre os valores analisados. Enquanto no ano de 2015 a média da região era de,
aproximadamente, R$ 1.963,00, considerando os dados da RAIS, na PNAD, segundo a Tabela
8, esse valor foi de apenas R$ 1.353,00, no mesmo ano. Sergipe continua sendo o estado com
maior rendimento médio, com aproximadamente R$ 1.573,00, seguido de Pernambuco, Rio
Grande do Norte e Paraíba. Ao incluir as ocupações informais na análise, essa diferença de
rendimentos termina por ser exposta como reflexo das precárias ocupações do mercado de
trabalho com menores rendimentos, maior instabilidade e com a ausência de direitos sociais e
trabalhistas.
Estados 2002 2005 2008 2012 2015
Nordeste 1.505,01 1.396,74 1.537,31 1.831,44 1.963,84
Maranhão 1.476,41 1.341,95 1.514,60 1.818,17 1.958,55
Piauí 1.337,75 1.300,11 1.508,33 1.773,65 1.951,72
Ceará 1.446,02 1.297,07 1.412,62 1.693,91 1.846,14
Rio Grande do Norte 1.410,27 1.369,98 1.581,63 1.911,63 2.007,60
Paraíba 1.337,30 1.279,82 1.374,65 1.681,40 1.799,55
Pernambuco 1.585,76 1.395,92 1.534,69 1.873,66 1.991,55
Alagoas 1.376,52 1.289,08 1.454,01 1.688,04 1.817,67
Sergipe 1.622,71 1.585,85 1.750,66 2.127,34 2.123,52
Bahia 1.600,25 1.515,56 1.641,69 1.902,82 2.066,52
45
Tabela 9: Nordeste - Evolução do rendimento médio real, por estados, média anual*
(2012-2015) – Mil R$
2012 2013 2014 2015
Nordeste 1.334,25 1.388,00 1.420,25 1.388,25
Maranhão 1.081,25 1.109,25 1.046,00 1.069,50
Piauí 1.120,00 1.212,25 1.244,75 1.242,50
Ceará 1.300,50 1.376,75 1.355,25 1.342,00
Rio Grande do Norte 1.362,25 1.413,50 1.463,00 1.523,00
Paraíba 1.208,00 1.255,00 1.370,25 1.378,25
Pernambuco 1.697,25 1.791,50 1.872,25 1.647,25
Alagoas 1.270,75 1.306,00 1.366,75 1.394,50
Sergipe 1.472,75 1.545,75 1.671,25 1.539,75
Bahia 1.302,75 1.328,50 1.364,25 1.371,25
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios. Elaboração própria. 2017.
Nota:
* Apesar do PNAD trazer informações trimestrais, para representar os valores anuais, utilizou-
se de uma média aritmética simples entre os trimestres de cada ano.
O mercado de trabalho paraibano, assim como sua economia, não se destacou nos
indicadores analisados, quando comparado aos demais estados da região. A geração de emprego
formal no estado manteve-se, ao longo do período analisado, abaixo da média regional, embora,
nos anos mais recentes entre 2008 e 2015, a formalização do mercado de trabalho na Paraíba
manteve-se levemente acima do observado na região, resultado que ainda não foi suficiente
para diminuir as disparidades regionais no quesito do emprego. Além disso, observa-se no
estado da Paraíba a menor remuneração média entre todos os estados do Nordeste, de acordo
com os dados coletados na RAIS, dificultando assim, o aumento na renda e, consequentemente,
na melhoria das condições de vida de sua população.
5.3 QUAIS AÇÕES E POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO PARA O ESTADO DA
PARAÍBA?
O estado da Paraíba, no período recente de crescimento econômico brasileiro e,
consequentemente, da região Nordeste, não se destacou em seus indicadores econômicos e de
mercado de trabalho. No decorrer dos anos 2002 a 2015, o estado manteve-se sem muita
mudança estrutural em sua economia e na composição do emprego. Como já relatado
anteriormente, a economia paraibana foi impulsionada pelos investimentos realizados no estado
de Pernambuco, captando de forma indireta os efeitos do crescimento do estado vizinho.
46
Nas economias periféricas, como é o caso da Paraíba e de alguns estados nordestinos, a
atuação do Estado torna-se indispensável como forma de viabilizar as condições necessárias
para diminuir as disparidades existentes entre as regiões. O governo federal atuou no Nordeste,
conforme relatado nos capítulos anteriores, principalmente através do Programa de Aceleração
do Crescimento. No entanto, nos anos de 2007 a 2010, a maior parte desses recursos foram
destinados aos estados de maiores PIB’s e que detém maior “força” política nas decisões
governamentais, como observa-se na Tabela 10. Os três maiores estados do Nordeste
concentraram cerca de 65,1% dos investimentos do PAC. Pernambuco foi o estado que captou
a maior parte desses recursos direcionados ao Nordeste (23,5%), enquanto a Paraíba deteve
apenas 6,9%.
Tabela 10: Distribuição dos Investimentos do PAC no Nordeste (%), 2007 - 2010
Fonte: PAC – Presidência da República, com base no relatório elaborado pela Federação das
Indústrias do Estado da Paraíba. 2013.
Desse modo, se a economia paraibana foi pouco impulsionada pelos recursos estatais na
fase recente, comparado aos estados mais dinâmicos, é possível que os efeitos indiretos dos
investimentos realizados em Pernambuco tenham contribuído para a expansão da atividade
produtiva na Paraíba, especialmente no Litoral Sul do estado, devido a sua proximidade com o
município de Goiana, que, nos últimos anos, captou uma série de investimentos de grande porte,
como a instauração do polo automotivo, do polo vidreiro e do polo farmoquímico e de
Estado Logística Energia Social e Urbano Total
Maranhão 3,1 11,9 6,7 7,8
Piauí 18 4,9 4,7 8
Ceará 17,5 15 15,8 15,9
Rio Grande do Norte 2,5 9,8 10,2 8,2
Paraíba 2,9 2,2 15,1 6,9
Pernambuco 22,4 24,8 22,8 23,5
Alagoas 3,1 2,7 4,8 3,5
Sergipe 2,2 7,5 3,6 4,8
Bahia 28,5 21,2 16,6 21,4
Nordeste = 116 bi 100 100 100 100
47
biotecnologia13. A atuação de grandes indústrias em Goiana permitiu a instalação de empresas
no Litoral Sul da Paraíba14 que servem de complementares para a atividade industrial goianense.
A criação do Polo Cimenteiro no Litoral Sul da Paraíba, anunciado em 2014, com
investimentos estimados em cerca de R$ 2,6 bilhões, criou a expectativa para que nos próximos
anos a Paraíba se tornasse o segundo maior produtor de cimento do país15, além de anunciar a
geração de aproximadamente 6.600 postos de trabalhos, desde a fase de construção civil até o
início de suas operações. No entanto, a crise econômica brasileira, sobretudo nos anos de 2015
e 2016, atuou no sentido de postergar a ampliação do Polo Cimenteiro no estado. Segundo o
Jornal da Paraíba (2016), das quatro fábricas que iriam se instalar na microrregião do Litoral
Sul, apenas duas iniciaram as obras e já estão em funcionamento, as demais ainda acompanham
o comportamento da economia brasileira e discutem a viabilidade de instalar-se no estado. Com
isso, a Paraíba ainda não conseguiu atingir a meta de ocupar a segunda maior produção de
cimento do país.
Além dos investimentos realizados na microrregião do Litoral Sul do estado, em 2017
foi anunciado pelo Governo Federal a aprovação de R$ 2,8 bilhões para a construção do
estaleiro no município de Lucena, localizado no Litoral Norte (ESTADÃO, 2017). Esse
estaleiro tem por objetivo o reparo de navios de médio e grande porte de toda a América do Sul.
Estima-se que esse investimento poderá gerar cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos no
estado, desde a etapa da construção civil até sua fase operacional.
Segundo a Revista Mineração (2017), o município de Pedra Branca, localizado na
microrregião de Itaporanga, no sertão da Paraíba, deverá receber cerca de U$ 300 milhões em
investimentos de duas empresas de mineração para a exploração de minério de ferro. Com a
atuação da empresa, espera-se gerar cerca de 1100 empregos na região, contribuindo para o
aumento da renda da população e para a diversificação da economia local, já que Pedra Branca
é um município com menos de cinco mil habitantes e, naturalmente, apresenta dificuldades para
geração de riqueza na região.
O município de Campina Grande, que detém a segunda maior produção do estado, atrás
apenas da capital João Pessoa, detém um dos principais polos tecnológicos do Nordeste,
13 Segundo ANJOS et al. (2017), na segunda metade da década de 2000, o município de Goiana atraiu para sua
economia grandes investimentos industriais que contribuíram para expansão da atividade econômica. Seu PIB
apresentou um crescimento real de aproximadamente 187% no decorrer de 10 anos, contribuindo para expansão
do mercado de trabalho, com a geração de vínculos formais, e para a elevação da renda média da população. 14 A microrregião do Litoral Sul da Paraíba é composta pelos municípios de Pitimbu, Alhandra, Caaporã e Pedras
de Fogo. 15 De acordo com o Governo da Paraíba (2014), até 2014 o estado produzia cerca de 2,5 milhões de toneladas de
cimento anualmente. Com a instalação do Polo Cimenteiro, estima-se que o estado teria capacidade para produzir
cerca de 100 milhões de toneladas por ano, ou seja, elevando a capacidade de produção em 400%.
48
destacando-se em projetos na área de geoprocessamento, biotecnologia, produção de software
e no setor eletroeletrônico. Como forma de atrair empresas de produção de software, o
município oferece isenção de 50% nos Impostos Sobre Serviços (ISS). Ao mesmo tempo que
estimula o desenvolvimento de novas empresas, atua no sentido de absorver a mão-de-obra
qualificada que é gerada internamente. Cerca de 70% das empresas do Parque Tecnológico da
Paraíba estão localizadas em Campina Grande.
Quanto aos investimentos do PAC, no período de 2015 a 2018, a Paraíba registrará um
total de R$ 8,52 bilhões a serem investidos no estado, tanto em obras exclusivamente estaduais,
como a nível regional. Conforme a Tabela 11, o maior volume de investimento no estado está
destinado aos eixos de infraestrutura social e urbana, totalizando aproximadamente R$ 6,8
bilhões até 2018.
Tabela 11: Paraíba - Investimento total do PAC (2015 a 2018 e Pós 2018), Milhões - R$
Fonte: Cartilha Estadual – Paraíba (5 Balanço do PAC, 2015-2018)
* Investimentos a nível regional, isto é, abrangendo outros estados além da Paraíba.
Segundo a Cartilha Estadual do PAC (2015), no eixo de infraestrutura social e urbana,
a maior parte dos recursos está destinado a obras que visam o combate à seca, em projetos
ligados à infraestrutura e abastecimento, integração de bacias, irrigação e a segurança da
infraestrutura hídrica existente. Em Logística, destacam-se os investimentos em rodovias, com
projetos de adequação, duplicação, manutenção e sinalização, e no porto de Cabedelo com
estudos e projetos de dragagem e derrocamento. Já no eixo energético, destacam-se os projetos
de geração e transmissão de energia elétrica.
De acordo com o Governo do Brasil (2017), por meio do Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB), a Paraíba recebeu, em 2017, R$ 11 milhões em projetos de
agricultura familiar por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), beneficiando
aproximadamente 1500 produtores do estado. O governo paraibano, no ano anterior, destinou
cerca de R$ 1 milhão também em projetos de agricultura familiar, principalmente, na região do
semiárido, contribuindo para geração de renda da população rural, e para o incentivo da
agricultura familiar no estado (PARAÍBA, 2016).
Logística Energia Social e Urbana Total
2015 a 2018 652,68 715,03 1.607,93 2.975,63
Pós 2018 898,42 103,04 1.414,53 2.415,99
2015 a 2018* 109,58 270,95 5.158,90 5.539,42
Pós 2018* 40 2 143,34 185,34
49
A nível estadual, em 2017 o governo anunciou o programa “Mais Trabalho” que visa
destinar um volume de recursos de R$ 572 milhões em obras de infraestrutura.
Aproximadamente metade desses recursos serão destinados a obras de recursos hídricos, como
a construção, revitalização e a recuperação de barragens, beneficiando cerca de 150 mil pessoas,
de 19 municípios, que atualmente sofrem com a falta de abastecimento de água na região. Além
disso, investimentos em infraestrutura viária, do Porto de Cabedelo e mais de R$ 145 milhões
destinados à educação, contemplando a construção e a reforma de escolas.
A Paraíba, portanto, apresenta atualmente alguns projetos que visam a promoção do
crescimento econômico e da geração de emprego e renda, principalmente na região litorânea,
com o Polo Cimenteiro e com a construção do Estaleiro, que poderão contribuir para o
desenvolvimento e para dinamizar a economia local quando estiverem em operação. Os
investimentos do PAC, assim como os de origem do governo estadual, concentram-se em
infraestrutura urbana e social, no combate à seca, com a promessa de mudar a vida da população
do estado.
Esses investimentos, se concretizados, poderiam afetar diretamente a estrutura produtiva
local, intensificando a atividade industrial e extrativa, e, consequentemente, contribuindo para
o desenvolvimento de outros setores, principalmente, aqueles relacionados aos serviços, que
tendem a absorver a maior parte da mão-de-obra local. A diversificação e dinamização das
atividades produtivas do estado poderiam contribuir para o seu crescimento econômico, de
forma que fosse possível observar o aumento da participação do estado na composição do PIB
regional.
O planejamento econômico da Paraíba, considerando as informações divulgadas pelo
governo do estado, apresenta-se direcionado a investimentos que visam enfrentar inicialmente
algumas dificuldades estruturais, como: o combate a escassez hídrica; o planejamento logístico;
e, as questões educacionais. Esses investimentos poderão contribuir para que futuramente o
estado apresente algum destaque e a superação de alguns indicadores analisados nas seções
deste capítulo.
Assim como no antigo modelo desenvolvimentista, é possível assinalar que, devido às
características políticas, econômicas e sociais, a promoção do crescimento econômico em
economias periféricas como o estado da Paraíba continua a depender, sobretudo, de recursos
estatais e da disputa política na atração dos investimentos. O estado que detém maior força
política e econômica acaba em vantagem na captação de recursos financeiros frente àquelas
unidades federativas menores que ainda apresentam dificuldades na infraestrutura produtiva,
50
na base política e na formação de uma classe dominante que busca atender as necessidades
locais, mesmo que isso ocorra por meio do corporativismo político.
51
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A economia brasileira passou por diferentes etapas de desenvolvimento a partir da
década de 1930 com a adoção de estratégias desenvolvimentistas que impulsionaram o processo
de industrialização no país e, consequentemente o seu crescimento econômico. A região
Nordeste passou a ser inserida no plano de desenvolvimento regional a partir de 1960,
principalmente com a criação do GTDN e da SUDENE, que redirecionaram investimentos
estatais e privados para a região, como forma de diminuir o hiato de desigualdade existente
entre o Nordeste e as regiões “Centro-Sul”.
No entanto, os investimentos na região não se deram na mesma intensidade entre todos
os estados. Alguns apresentaram maiores capacidades de captação de recursos, a exemplo da
Bahia, Pernambuco e Ceará, que lideraram o crescimento econômico da região, até meados da
década de 1980, enquanto estados menores, como a Paraíba, integraram-se pouco nesse
processo e apresentaram maiores dificuldades de reverter as dificuldades socioeconômicas
locais.
Na fase mais recente, especialmente a partir dos anos 2000, no geral o Nordeste
apresentou um bom desempenho de seus indicadores sociais, principalmente na redução da
pobreza e nos indicadores econômicos e de mercado de trabalho. Embora não seja considerado
um plano de desenvolvimento regional, o PAC atuou no Nordeste no sentido de impulsionar a
economia da região e ampliar a infraestrutura necessária para atração de outros investimentos.
Entretanto, assim como na etapa anterior, houve a concentração dos investimentos nos estados
que detém os maiores PIB’s da região.
Com o apoio das políticas sociais e de transferência de renda, a Paraíba foi o segundo
estado da região que mais reduziu o número de pessoas extremamente pobres, porém esse bom
desempenho não se repetiu nos indicadores educacionais. Em 2015, o estado ainda apresentava
cerca de 59% de sua população sem o ensino fundamental completo. Esse baixo nível
educacional, naturalmente, acaba refletindo no nível e na qualidade das ocupações geradas, e
consequentemente, em baixos rendimentos. Vale lembrar que a Paraíba apresenta o menor
rendimento de vínculos formais do Nordeste.
Quanto às questões econômicas, o estado praticamente não apresentou nenhum destaque
nos indicadores observados, com um PIB per capita abaixo da média regional e com o 4º menor
PIB da região. A participação relativa no PIB nordestino manteve-se a mesma no decorrer de
13 anos, assim como a distribuição dos setores de atividade econômica, expondo a presença
marcante do setor de serviços.
52
Os investimentos anunciados nos últimos anos, com a suposta capacidade de dinamizar
a economia local e promover milhares de postos de trabalho em municípios pequenos, se
efetivados, deveriam ser acompanhados do fortalecimento das políticas públicas e sociais como
ações permanentes no combate à pobreza, elevação dos níveis de educação e qualificação
profissional da população. Por outro lado, as oportunidades produtivas geradas devem
aproveitar as potencialidades locais de desenvolvimento nos diferentes setores econômicos, em
um processo contínuo de aprendizado com as adversidades da política, da economia e das
condições naturais do semiárido que marca a economia de grande parte dos municípios
paraibanos. Assim, seria possível pensar o crescimento do estado associado ao desenvolvimento
econômico e social com a promoção de mais qualidade de vida para a população.
53
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