universidade federal da bahia · 2019-12-13 · de agradecer a muitas pessoas que passaram por esse...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
CURSO DE BACHARELADO EM COMUNICACcedilAtildeO
COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO
REBECA CRISTINA FERREIRA BASTOS
HIP HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
Salvador
2009
REBECA CRISTINA FERREIRA BASTOS
HIP HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
Memoacuteria descritiva do documentaacuterio ldquoHip Hop e Educaccedilatildeo Popularrdquo apresentada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de bacharel do curso de Comunicaccedilatildeo Social com Habilitaccedilatildeo em Jornalismo
Orientador Prof Washington Joseacute de Souza Filho
Salvador
2009
Agrave meus pais que me educaram com amor e pela forccedila do exemplo
AGRADECIMENTOS
Nesse momento de conclusatildeo de um ciclo de vida faccedilo reflexotildees e resgato
muitas memoacuterias Lembranccedilas da crianccedila e da adolescente que fui da jovem que sou
dos locais por onde passei Faccedilo ainda uma avaliaccedilatildeo dos grupos sociais em que estou
inserida a famiacutelia os amigos e amigas os trabalhos a faculdade e natildeo posso me furtar
de agradecer a muitas pessoas que passaram por esse caminho
Um agradecimento especial aos meus pais que mais do que tudo me deram
educaccedilatildeo princiacutepios e valores essenciais para o percurso de minha trajetoacuteria Agradeccedilo
pela torcida constante pelo apoio moral pelo carinho compreensatildeo e amor devotado
em todos os momentos da minha vida Obrigada pela presenccedila constante pelas palavras
doces ou duras sempre norteadoras Obrigada pela confianccedila Estarei sempre com
vocecircs
Aos professores e educadores que passaram em minha vida que foram tatildeo
decisivos nos momentos de conflito Afeto especial dedicado a equipe de educadores
que me acolheram no Liceu de Artes e Ofiacutecios da Bahia instituiccedilatildeo em que passei boa
parte da adolescecircncia e onde lancei meus primeiros olhares mais atentos e reflexivos
sobre a arte e a sociedade tatildeo inspiradora em que vivemos Um Salve especial agrave Rita
Carneiro que sempre colocou questionamentos desafiadores em questatildeo A Danilo
Scaldaferri que com alegria talento e carisma conquista ateacute a torcida do Vitoacuteria E a
Deacutebora Freire que com sua paciecircncia e delicadeza consegue transformar pedra bruta em
joacuteia
A meu orientador Washington de Souza Filho com que tive a oportunidade de
aprender a pensar em imagens e que compreendeu as minhas questotildees e orientou com
responsabilidade Agrave inteligecircncia intuitiva de Sara Roberta que em sua breve passagem
pela Facom deixou marcas e provocaccedilotildees instigantes Ao professor Giovandro Marcus
que sempre propotildeem novos olhares ao que parece consolidado
Agradeccedilo profundamente aos meus personagens Josenilda Silva Jorge Hilton
pelos depoimentos norteadores Denis Sena na companhia de sua trupe do Projeto
Cidadatildeo Danilo Nicholas Tami Gilvan e Leonardo A todos do Gaeec Demissom
Ananias Tina Marcus Vinicius e Adriana E a quem respondeu as questotildees sem aviso
preacutevio no calor da hora Valter Altino Naacutedia Cardoso e Marcelo Matos Obrigada a
todos pelos depoimentos sinceros e pela disponibilidade
E claro que natildeo vou esquecer dos amigos de todas as horas pessoas que me
aceitam do jeito que sou perdoam todas as minhas sobras e as minhas faltas Aqui
misturo amigos da Facom do Liceu da Cipoacute e de outros lugares Anderson Sotero Inecircs
Costal Juliana Montanha Juliana Souza Jorge Gauthier Carina Barbalho Eric
Carvalho Jane Evangelista Matheus Feitosa Naacutedia Conceiccedilatildeo Wendell Wagner Israel
Pacheco Taciana Gacelin Patriacutecia Sodreacute Thiago Pereira Vinicius Carvalho Deijeane
Nascimento Daiane Silva Ledson Chagas Daniel Mendes Renata Machado Caacutessia
Andrade e Tacircmara Pereira
Agraves instituiccedilotildees e projetos Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Nuacutecleo de Mobilizaccedilatildeo e
Accedilatildeo Poliacutetica OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia e Projeto Lanterninha
Nossa quanta gente Certamente deve estar faltando algueacutem desculpem a falha
mas haveraacute ainda muitos momentos para agradecer
ldquoNingueacutem escapa da educaccedilatildeo Em casa na rua na
igreja ou na escola de um modo ou de muitos todos noacutes
envolvemos pedaccedilos da vida com ela para aprender
para ensinar para aprender-e-ensinarrdquo
Carlos Rodrigues Brandatildeo
RESUMO
O documentaacuterio ldquoHip Hop e Educaccedilatildeo Popularrdquo mostra as opiniotildees e percepccedilotildees de pessoas envolvidas com o movimento hip hop ou com oficinas formativas que usem os seus elementos como base Motivaccedilotildees histoacuterias e anaacutelises criacuteticas satildeo contadas atraveacutes de depoimentos que contextualizam a cena local do hip hop soteropolitano Presente no Brasil haacute duas deacutecadas o movimento ganha forccedila no cenaacuterio local e na Bahia jaacute conta com 14 anos de organizaccedilatildeo A cultura hip hop envolve quatro elementos o breaking o graffiti o DJ e o MC e nasceu nos guetos negros norte-americanos como construccedilatildeo de comunidades marginalizadas socialmente Atentos a questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade parte dos integrantes do movimento disponibiliza oficinas formativas para jovens nas comunidades populares de Salvador Essa faceta educacional do movimento hip hop eacute a base principal para a construccedilatildeo da narrativa do documentaacuterio
Palavras - chave Movimento hip hop Documentaacuterio Educaccedilatildeo Identidades
Sumaacuterio
1 APRESENTACcedilAtildeO 09
2 O TEMA 11
21 O movimento 11
22 Hip hop baiano 15
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR 20
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO 22
41 Histoacuterico 22
42 Caracteriacutesticas 23
5 METODOLOGIA 26
51 Preacute- produccedilatildeo 26
52 A escolha dos personagens 26
6 CONSTRUCcedilAtildeO 27
61 Entrevistados 27
62Gravaccedilatildeo 29
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo 29
7 MEMOacuteRIA 32
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 35
9 ANEXOS 36
91 Cronograma 36
92 Ficha teacutecnica 36
93 Roteiro de ediccedilatildeo 37
1 APRESENTACcedilAtildeO
O projeto Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular eacute um trabalho documental de cunho
jornaliacutestico que busca dar visibilidade aos arte-educadores e educandos que fazem parte
da cena educacional do movimento hip hop soteropolitano Por meio de registro em
viacutedeo que demonstra alguns momentos de oficinas e entrevistas com os integrantes do
movimento o trabalho pretende revelar quem satildeo esses jovens bem como registrar a
difusatildeo na Bahia de uma linguagem que comeccedilou a ser praticada no Brasil nos anos
80 a partir da chegada da cultura hip hop aos grandes centros urbanos do paiacutes
Obtidas em momentos preacute-definidos com os oficineiros em seus ambientes de
compartilhamento do saber as imagens e entrevistas retratam seus pontos de vista
sobre como se desenvolve a relaccedilatildeo do movimento hip hop baiano e a educaccedilatildeo
popular accedilotildees de cunho formativo que satildeo desenvolvidas por integrantes do
movimento Existem ainda imagens de eventos organizados pelos artistas para mostrar o
resultado de oficinas ou para debater assuntos ligados ao movimento Esses eventos satildeo
realizados em alguma data especial e tem a intenccedilatildeo de integrar os militantes e
agregados dos diversos bairros de Salvador e em alguns casos de promover accedilotildees
sociais dentro de suas comunidades
O termo hip hop agrega quatro elementos que resumidamente satildeo Rap (muacutesica)
Breaking1 (danccedila) Grafitti (artes plaacutesticas) e DJ (tocador de discos) Eacute notoacuteria a
capacidade que essas linguagens tecircm de estimular as habilidades cognitivas e artiacutesticas
de crianccedilas adolescentes e jovens o que eacute evidenciado nos seus relatos como um
reconhecimento do poder mobilizador e a facilidade que esse conjunto possui de ser
assimilado pela juventude principalmente a que reside nas periferias Eacute possiacutevel
perceber que o contato com o discurso contra-hegemocircnico do hip hop acaba sendo
responsaacutevel por mudanccedilas na auto-estima desses garotos e garotas num processo de
afirmaccedilatildeo de identidades e busca por conhecimentos que vatildeo aleacutem da assimilaccedilatildeo aleacutem
da assimilaccedilatildeo de conteuacutedos didaacuteticos sem espaccedilo para a anaacutelise criacutetica oferecida nas
escolas tradicionais
1O breaking eacute uma danccedila de rua praticada em rodas assim como a capoeira Os danccedilarinos de breaking satildeo os B-Boys ou B-Girls aqueles que dominam a teacutecnica que tecircm algumas estilos como o popping que tem movimentos quebrados que assemelham-se a gestos de robocircs e o locking que eacute mais raacutepido e descontraiacutedo
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
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educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
REBECA CRISTINA FERREIRA BASTOS
HIP HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
Memoacuteria descritiva do documentaacuterio ldquoHip Hop e Educaccedilatildeo Popularrdquo apresentada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de bacharel do curso de Comunicaccedilatildeo Social com Habilitaccedilatildeo em Jornalismo
Orientador Prof Washington Joseacute de Souza Filho
Salvador
2009
Agrave meus pais que me educaram com amor e pela forccedila do exemplo
AGRADECIMENTOS
Nesse momento de conclusatildeo de um ciclo de vida faccedilo reflexotildees e resgato
muitas memoacuterias Lembranccedilas da crianccedila e da adolescente que fui da jovem que sou
dos locais por onde passei Faccedilo ainda uma avaliaccedilatildeo dos grupos sociais em que estou
inserida a famiacutelia os amigos e amigas os trabalhos a faculdade e natildeo posso me furtar
de agradecer a muitas pessoas que passaram por esse caminho
Um agradecimento especial aos meus pais que mais do que tudo me deram
educaccedilatildeo princiacutepios e valores essenciais para o percurso de minha trajetoacuteria Agradeccedilo
pela torcida constante pelo apoio moral pelo carinho compreensatildeo e amor devotado
em todos os momentos da minha vida Obrigada pela presenccedila constante pelas palavras
doces ou duras sempre norteadoras Obrigada pela confianccedila Estarei sempre com
vocecircs
Aos professores e educadores que passaram em minha vida que foram tatildeo
decisivos nos momentos de conflito Afeto especial dedicado a equipe de educadores
que me acolheram no Liceu de Artes e Ofiacutecios da Bahia instituiccedilatildeo em que passei boa
parte da adolescecircncia e onde lancei meus primeiros olhares mais atentos e reflexivos
sobre a arte e a sociedade tatildeo inspiradora em que vivemos Um Salve especial agrave Rita
Carneiro que sempre colocou questionamentos desafiadores em questatildeo A Danilo
Scaldaferri que com alegria talento e carisma conquista ateacute a torcida do Vitoacuteria E a
Deacutebora Freire que com sua paciecircncia e delicadeza consegue transformar pedra bruta em
joacuteia
A meu orientador Washington de Souza Filho com que tive a oportunidade de
aprender a pensar em imagens e que compreendeu as minhas questotildees e orientou com
responsabilidade Agrave inteligecircncia intuitiva de Sara Roberta que em sua breve passagem
pela Facom deixou marcas e provocaccedilotildees instigantes Ao professor Giovandro Marcus
que sempre propotildeem novos olhares ao que parece consolidado
Agradeccedilo profundamente aos meus personagens Josenilda Silva Jorge Hilton
pelos depoimentos norteadores Denis Sena na companhia de sua trupe do Projeto
Cidadatildeo Danilo Nicholas Tami Gilvan e Leonardo A todos do Gaeec Demissom
Ananias Tina Marcus Vinicius e Adriana E a quem respondeu as questotildees sem aviso
preacutevio no calor da hora Valter Altino Naacutedia Cardoso e Marcelo Matos Obrigada a
todos pelos depoimentos sinceros e pela disponibilidade
E claro que natildeo vou esquecer dos amigos de todas as horas pessoas que me
aceitam do jeito que sou perdoam todas as minhas sobras e as minhas faltas Aqui
misturo amigos da Facom do Liceu da Cipoacute e de outros lugares Anderson Sotero Inecircs
Costal Juliana Montanha Juliana Souza Jorge Gauthier Carina Barbalho Eric
Carvalho Jane Evangelista Matheus Feitosa Naacutedia Conceiccedilatildeo Wendell Wagner Israel
Pacheco Taciana Gacelin Patriacutecia Sodreacute Thiago Pereira Vinicius Carvalho Deijeane
Nascimento Daiane Silva Ledson Chagas Daniel Mendes Renata Machado Caacutessia
Andrade e Tacircmara Pereira
Agraves instituiccedilotildees e projetos Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Nuacutecleo de Mobilizaccedilatildeo e
Accedilatildeo Poliacutetica OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia e Projeto Lanterninha
Nossa quanta gente Certamente deve estar faltando algueacutem desculpem a falha
mas haveraacute ainda muitos momentos para agradecer
ldquoNingueacutem escapa da educaccedilatildeo Em casa na rua na
igreja ou na escola de um modo ou de muitos todos noacutes
envolvemos pedaccedilos da vida com ela para aprender
para ensinar para aprender-e-ensinarrdquo
Carlos Rodrigues Brandatildeo
RESUMO
O documentaacuterio ldquoHip Hop e Educaccedilatildeo Popularrdquo mostra as opiniotildees e percepccedilotildees de pessoas envolvidas com o movimento hip hop ou com oficinas formativas que usem os seus elementos como base Motivaccedilotildees histoacuterias e anaacutelises criacuteticas satildeo contadas atraveacutes de depoimentos que contextualizam a cena local do hip hop soteropolitano Presente no Brasil haacute duas deacutecadas o movimento ganha forccedila no cenaacuterio local e na Bahia jaacute conta com 14 anos de organizaccedilatildeo A cultura hip hop envolve quatro elementos o breaking o graffiti o DJ e o MC e nasceu nos guetos negros norte-americanos como construccedilatildeo de comunidades marginalizadas socialmente Atentos a questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade parte dos integrantes do movimento disponibiliza oficinas formativas para jovens nas comunidades populares de Salvador Essa faceta educacional do movimento hip hop eacute a base principal para a construccedilatildeo da narrativa do documentaacuterio
Palavras - chave Movimento hip hop Documentaacuterio Educaccedilatildeo Identidades
Sumaacuterio
1 APRESENTACcedilAtildeO 09
2 O TEMA 11
21 O movimento 11
22 Hip hop baiano 15
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR 20
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO 22
41 Histoacuterico 22
42 Caracteriacutesticas 23
5 METODOLOGIA 26
51 Preacute- produccedilatildeo 26
52 A escolha dos personagens 26
6 CONSTRUCcedilAtildeO 27
61 Entrevistados 27
62Gravaccedilatildeo 29
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo 29
7 MEMOacuteRIA 32
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 35
9 ANEXOS 36
91 Cronograma 36
92 Ficha teacutecnica 36
93 Roteiro de ediccedilatildeo 37
1 APRESENTACcedilAtildeO
O projeto Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular eacute um trabalho documental de cunho
jornaliacutestico que busca dar visibilidade aos arte-educadores e educandos que fazem parte
da cena educacional do movimento hip hop soteropolitano Por meio de registro em
viacutedeo que demonstra alguns momentos de oficinas e entrevistas com os integrantes do
movimento o trabalho pretende revelar quem satildeo esses jovens bem como registrar a
difusatildeo na Bahia de uma linguagem que comeccedilou a ser praticada no Brasil nos anos
80 a partir da chegada da cultura hip hop aos grandes centros urbanos do paiacutes
Obtidas em momentos preacute-definidos com os oficineiros em seus ambientes de
compartilhamento do saber as imagens e entrevistas retratam seus pontos de vista
sobre como se desenvolve a relaccedilatildeo do movimento hip hop baiano e a educaccedilatildeo
popular accedilotildees de cunho formativo que satildeo desenvolvidas por integrantes do
movimento Existem ainda imagens de eventos organizados pelos artistas para mostrar o
resultado de oficinas ou para debater assuntos ligados ao movimento Esses eventos satildeo
realizados em alguma data especial e tem a intenccedilatildeo de integrar os militantes e
agregados dos diversos bairros de Salvador e em alguns casos de promover accedilotildees
sociais dentro de suas comunidades
O termo hip hop agrega quatro elementos que resumidamente satildeo Rap (muacutesica)
Breaking1 (danccedila) Grafitti (artes plaacutesticas) e DJ (tocador de discos) Eacute notoacuteria a
capacidade que essas linguagens tecircm de estimular as habilidades cognitivas e artiacutesticas
de crianccedilas adolescentes e jovens o que eacute evidenciado nos seus relatos como um
reconhecimento do poder mobilizador e a facilidade que esse conjunto possui de ser
assimilado pela juventude principalmente a que reside nas periferias Eacute possiacutevel
perceber que o contato com o discurso contra-hegemocircnico do hip hop acaba sendo
responsaacutevel por mudanccedilas na auto-estima desses garotos e garotas num processo de
afirmaccedilatildeo de identidades e busca por conhecimentos que vatildeo aleacutem da assimilaccedilatildeo aleacutem
da assimilaccedilatildeo de conteuacutedos didaacuteticos sem espaccedilo para a anaacutelise criacutetica oferecida nas
escolas tradicionais
1O breaking eacute uma danccedila de rua praticada em rodas assim como a capoeira Os danccedilarinos de breaking satildeo os B-Boys ou B-Girls aqueles que dominam a teacutecnica que tecircm algumas estilos como o popping que tem movimentos quebrados que assemelham-se a gestos de robocircs e o locking que eacute mais raacutepido e descontraiacutedo
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
Agrave meus pais que me educaram com amor e pela forccedila do exemplo
AGRADECIMENTOS
Nesse momento de conclusatildeo de um ciclo de vida faccedilo reflexotildees e resgato
muitas memoacuterias Lembranccedilas da crianccedila e da adolescente que fui da jovem que sou
dos locais por onde passei Faccedilo ainda uma avaliaccedilatildeo dos grupos sociais em que estou
inserida a famiacutelia os amigos e amigas os trabalhos a faculdade e natildeo posso me furtar
de agradecer a muitas pessoas que passaram por esse caminho
Um agradecimento especial aos meus pais que mais do que tudo me deram
educaccedilatildeo princiacutepios e valores essenciais para o percurso de minha trajetoacuteria Agradeccedilo
pela torcida constante pelo apoio moral pelo carinho compreensatildeo e amor devotado
em todos os momentos da minha vida Obrigada pela presenccedila constante pelas palavras
doces ou duras sempre norteadoras Obrigada pela confianccedila Estarei sempre com
vocecircs
Aos professores e educadores que passaram em minha vida que foram tatildeo
decisivos nos momentos de conflito Afeto especial dedicado a equipe de educadores
que me acolheram no Liceu de Artes e Ofiacutecios da Bahia instituiccedilatildeo em que passei boa
parte da adolescecircncia e onde lancei meus primeiros olhares mais atentos e reflexivos
sobre a arte e a sociedade tatildeo inspiradora em que vivemos Um Salve especial agrave Rita
Carneiro que sempre colocou questionamentos desafiadores em questatildeo A Danilo
Scaldaferri que com alegria talento e carisma conquista ateacute a torcida do Vitoacuteria E a
Deacutebora Freire que com sua paciecircncia e delicadeza consegue transformar pedra bruta em
joacuteia
A meu orientador Washington de Souza Filho com que tive a oportunidade de
aprender a pensar em imagens e que compreendeu as minhas questotildees e orientou com
responsabilidade Agrave inteligecircncia intuitiva de Sara Roberta que em sua breve passagem
pela Facom deixou marcas e provocaccedilotildees instigantes Ao professor Giovandro Marcus
que sempre propotildeem novos olhares ao que parece consolidado
Agradeccedilo profundamente aos meus personagens Josenilda Silva Jorge Hilton
pelos depoimentos norteadores Denis Sena na companhia de sua trupe do Projeto
Cidadatildeo Danilo Nicholas Tami Gilvan e Leonardo A todos do Gaeec Demissom
Ananias Tina Marcus Vinicius e Adriana E a quem respondeu as questotildees sem aviso
preacutevio no calor da hora Valter Altino Naacutedia Cardoso e Marcelo Matos Obrigada a
todos pelos depoimentos sinceros e pela disponibilidade
E claro que natildeo vou esquecer dos amigos de todas as horas pessoas que me
aceitam do jeito que sou perdoam todas as minhas sobras e as minhas faltas Aqui
misturo amigos da Facom do Liceu da Cipoacute e de outros lugares Anderson Sotero Inecircs
Costal Juliana Montanha Juliana Souza Jorge Gauthier Carina Barbalho Eric
Carvalho Jane Evangelista Matheus Feitosa Naacutedia Conceiccedilatildeo Wendell Wagner Israel
Pacheco Taciana Gacelin Patriacutecia Sodreacute Thiago Pereira Vinicius Carvalho Deijeane
Nascimento Daiane Silva Ledson Chagas Daniel Mendes Renata Machado Caacutessia
Andrade e Tacircmara Pereira
Agraves instituiccedilotildees e projetos Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Nuacutecleo de Mobilizaccedilatildeo e
Accedilatildeo Poliacutetica OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia e Projeto Lanterninha
Nossa quanta gente Certamente deve estar faltando algueacutem desculpem a falha
mas haveraacute ainda muitos momentos para agradecer
ldquoNingueacutem escapa da educaccedilatildeo Em casa na rua na
igreja ou na escola de um modo ou de muitos todos noacutes
envolvemos pedaccedilos da vida com ela para aprender
para ensinar para aprender-e-ensinarrdquo
Carlos Rodrigues Brandatildeo
RESUMO
O documentaacuterio ldquoHip Hop e Educaccedilatildeo Popularrdquo mostra as opiniotildees e percepccedilotildees de pessoas envolvidas com o movimento hip hop ou com oficinas formativas que usem os seus elementos como base Motivaccedilotildees histoacuterias e anaacutelises criacuteticas satildeo contadas atraveacutes de depoimentos que contextualizam a cena local do hip hop soteropolitano Presente no Brasil haacute duas deacutecadas o movimento ganha forccedila no cenaacuterio local e na Bahia jaacute conta com 14 anos de organizaccedilatildeo A cultura hip hop envolve quatro elementos o breaking o graffiti o DJ e o MC e nasceu nos guetos negros norte-americanos como construccedilatildeo de comunidades marginalizadas socialmente Atentos a questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade parte dos integrantes do movimento disponibiliza oficinas formativas para jovens nas comunidades populares de Salvador Essa faceta educacional do movimento hip hop eacute a base principal para a construccedilatildeo da narrativa do documentaacuterio
Palavras - chave Movimento hip hop Documentaacuterio Educaccedilatildeo Identidades
Sumaacuterio
1 APRESENTACcedilAtildeO 09
2 O TEMA 11
21 O movimento 11
22 Hip hop baiano 15
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR 20
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO 22
41 Histoacuterico 22
42 Caracteriacutesticas 23
5 METODOLOGIA 26
51 Preacute- produccedilatildeo 26
52 A escolha dos personagens 26
6 CONSTRUCcedilAtildeO 27
61 Entrevistados 27
62Gravaccedilatildeo 29
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo 29
7 MEMOacuteRIA 32
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 35
9 ANEXOS 36
91 Cronograma 36
92 Ficha teacutecnica 36
93 Roteiro de ediccedilatildeo 37
1 APRESENTACcedilAtildeO
O projeto Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular eacute um trabalho documental de cunho
jornaliacutestico que busca dar visibilidade aos arte-educadores e educandos que fazem parte
da cena educacional do movimento hip hop soteropolitano Por meio de registro em
viacutedeo que demonstra alguns momentos de oficinas e entrevistas com os integrantes do
movimento o trabalho pretende revelar quem satildeo esses jovens bem como registrar a
difusatildeo na Bahia de uma linguagem que comeccedilou a ser praticada no Brasil nos anos
80 a partir da chegada da cultura hip hop aos grandes centros urbanos do paiacutes
Obtidas em momentos preacute-definidos com os oficineiros em seus ambientes de
compartilhamento do saber as imagens e entrevistas retratam seus pontos de vista
sobre como se desenvolve a relaccedilatildeo do movimento hip hop baiano e a educaccedilatildeo
popular accedilotildees de cunho formativo que satildeo desenvolvidas por integrantes do
movimento Existem ainda imagens de eventos organizados pelos artistas para mostrar o
resultado de oficinas ou para debater assuntos ligados ao movimento Esses eventos satildeo
realizados em alguma data especial e tem a intenccedilatildeo de integrar os militantes e
agregados dos diversos bairros de Salvador e em alguns casos de promover accedilotildees
sociais dentro de suas comunidades
O termo hip hop agrega quatro elementos que resumidamente satildeo Rap (muacutesica)
Breaking1 (danccedila) Grafitti (artes plaacutesticas) e DJ (tocador de discos) Eacute notoacuteria a
capacidade que essas linguagens tecircm de estimular as habilidades cognitivas e artiacutesticas
de crianccedilas adolescentes e jovens o que eacute evidenciado nos seus relatos como um
reconhecimento do poder mobilizador e a facilidade que esse conjunto possui de ser
assimilado pela juventude principalmente a que reside nas periferias Eacute possiacutevel
perceber que o contato com o discurso contra-hegemocircnico do hip hop acaba sendo
responsaacutevel por mudanccedilas na auto-estima desses garotos e garotas num processo de
afirmaccedilatildeo de identidades e busca por conhecimentos que vatildeo aleacutem da assimilaccedilatildeo aleacutem
da assimilaccedilatildeo de conteuacutedos didaacuteticos sem espaccedilo para a anaacutelise criacutetica oferecida nas
escolas tradicionais
1O breaking eacute uma danccedila de rua praticada em rodas assim como a capoeira Os danccedilarinos de breaking satildeo os B-Boys ou B-Girls aqueles que dominam a teacutecnica que tecircm algumas estilos como o popping que tem movimentos quebrados que assemelham-se a gestos de robocircs e o locking que eacute mais raacutepido e descontraiacutedo
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
AGRADECIMENTOS
Nesse momento de conclusatildeo de um ciclo de vida faccedilo reflexotildees e resgato
muitas memoacuterias Lembranccedilas da crianccedila e da adolescente que fui da jovem que sou
dos locais por onde passei Faccedilo ainda uma avaliaccedilatildeo dos grupos sociais em que estou
inserida a famiacutelia os amigos e amigas os trabalhos a faculdade e natildeo posso me furtar
de agradecer a muitas pessoas que passaram por esse caminho
Um agradecimento especial aos meus pais que mais do que tudo me deram
educaccedilatildeo princiacutepios e valores essenciais para o percurso de minha trajetoacuteria Agradeccedilo
pela torcida constante pelo apoio moral pelo carinho compreensatildeo e amor devotado
em todos os momentos da minha vida Obrigada pela presenccedila constante pelas palavras
doces ou duras sempre norteadoras Obrigada pela confianccedila Estarei sempre com
vocecircs
Aos professores e educadores que passaram em minha vida que foram tatildeo
decisivos nos momentos de conflito Afeto especial dedicado a equipe de educadores
que me acolheram no Liceu de Artes e Ofiacutecios da Bahia instituiccedilatildeo em que passei boa
parte da adolescecircncia e onde lancei meus primeiros olhares mais atentos e reflexivos
sobre a arte e a sociedade tatildeo inspiradora em que vivemos Um Salve especial agrave Rita
Carneiro que sempre colocou questionamentos desafiadores em questatildeo A Danilo
Scaldaferri que com alegria talento e carisma conquista ateacute a torcida do Vitoacuteria E a
Deacutebora Freire que com sua paciecircncia e delicadeza consegue transformar pedra bruta em
joacuteia
A meu orientador Washington de Souza Filho com que tive a oportunidade de
aprender a pensar em imagens e que compreendeu as minhas questotildees e orientou com
responsabilidade Agrave inteligecircncia intuitiva de Sara Roberta que em sua breve passagem
pela Facom deixou marcas e provocaccedilotildees instigantes Ao professor Giovandro Marcus
que sempre propotildeem novos olhares ao que parece consolidado
Agradeccedilo profundamente aos meus personagens Josenilda Silva Jorge Hilton
pelos depoimentos norteadores Denis Sena na companhia de sua trupe do Projeto
Cidadatildeo Danilo Nicholas Tami Gilvan e Leonardo A todos do Gaeec Demissom
Ananias Tina Marcus Vinicius e Adriana E a quem respondeu as questotildees sem aviso
preacutevio no calor da hora Valter Altino Naacutedia Cardoso e Marcelo Matos Obrigada a
todos pelos depoimentos sinceros e pela disponibilidade
E claro que natildeo vou esquecer dos amigos de todas as horas pessoas que me
aceitam do jeito que sou perdoam todas as minhas sobras e as minhas faltas Aqui
misturo amigos da Facom do Liceu da Cipoacute e de outros lugares Anderson Sotero Inecircs
Costal Juliana Montanha Juliana Souza Jorge Gauthier Carina Barbalho Eric
Carvalho Jane Evangelista Matheus Feitosa Naacutedia Conceiccedilatildeo Wendell Wagner Israel
Pacheco Taciana Gacelin Patriacutecia Sodreacute Thiago Pereira Vinicius Carvalho Deijeane
Nascimento Daiane Silva Ledson Chagas Daniel Mendes Renata Machado Caacutessia
Andrade e Tacircmara Pereira
Agraves instituiccedilotildees e projetos Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Nuacutecleo de Mobilizaccedilatildeo e
Accedilatildeo Poliacutetica OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia e Projeto Lanterninha
Nossa quanta gente Certamente deve estar faltando algueacutem desculpem a falha
mas haveraacute ainda muitos momentos para agradecer
ldquoNingueacutem escapa da educaccedilatildeo Em casa na rua na
igreja ou na escola de um modo ou de muitos todos noacutes
envolvemos pedaccedilos da vida com ela para aprender
para ensinar para aprender-e-ensinarrdquo
Carlos Rodrigues Brandatildeo
RESUMO
O documentaacuterio ldquoHip Hop e Educaccedilatildeo Popularrdquo mostra as opiniotildees e percepccedilotildees de pessoas envolvidas com o movimento hip hop ou com oficinas formativas que usem os seus elementos como base Motivaccedilotildees histoacuterias e anaacutelises criacuteticas satildeo contadas atraveacutes de depoimentos que contextualizam a cena local do hip hop soteropolitano Presente no Brasil haacute duas deacutecadas o movimento ganha forccedila no cenaacuterio local e na Bahia jaacute conta com 14 anos de organizaccedilatildeo A cultura hip hop envolve quatro elementos o breaking o graffiti o DJ e o MC e nasceu nos guetos negros norte-americanos como construccedilatildeo de comunidades marginalizadas socialmente Atentos a questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade parte dos integrantes do movimento disponibiliza oficinas formativas para jovens nas comunidades populares de Salvador Essa faceta educacional do movimento hip hop eacute a base principal para a construccedilatildeo da narrativa do documentaacuterio
Palavras - chave Movimento hip hop Documentaacuterio Educaccedilatildeo Identidades
Sumaacuterio
1 APRESENTACcedilAtildeO 09
2 O TEMA 11
21 O movimento 11
22 Hip hop baiano 15
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR 20
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO 22
41 Histoacuterico 22
42 Caracteriacutesticas 23
5 METODOLOGIA 26
51 Preacute- produccedilatildeo 26
52 A escolha dos personagens 26
6 CONSTRUCcedilAtildeO 27
61 Entrevistados 27
62Gravaccedilatildeo 29
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo 29
7 MEMOacuteRIA 32
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 35
9 ANEXOS 36
91 Cronograma 36
92 Ficha teacutecnica 36
93 Roteiro de ediccedilatildeo 37
1 APRESENTACcedilAtildeO
O projeto Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular eacute um trabalho documental de cunho
jornaliacutestico que busca dar visibilidade aos arte-educadores e educandos que fazem parte
da cena educacional do movimento hip hop soteropolitano Por meio de registro em
viacutedeo que demonstra alguns momentos de oficinas e entrevistas com os integrantes do
movimento o trabalho pretende revelar quem satildeo esses jovens bem como registrar a
difusatildeo na Bahia de uma linguagem que comeccedilou a ser praticada no Brasil nos anos
80 a partir da chegada da cultura hip hop aos grandes centros urbanos do paiacutes
Obtidas em momentos preacute-definidos com os oficineiros em seus ambientes de
compartilhamento do saber as imagens e entrevistas retratam seus pontos de vista
sobre como se desenvolve a relaccedilatildeo do movimento hip hop baiano e a educaccedilatildeo
popular accedilotildees de cunho formativo que satildeo desenvolvidas por integrantes do
movimento Existem ainda imagens de eventos organizados pelos artistas para mostrar o
resultado de oficinas ou para debater assuntos ligados ao movimento Esses eventos satildeo
realizados em alguma data especial e tem a intenccedilatildeo de integrar os militantes e
agregados dos diversos bairros de Salvador e em alguns casos de promover accedilotildees
sociais dentro de suas comunidades
O termo hip hop agrega quatro elementos que resumidamente satildeo Rap (muacutesica)
Breaking1 (danccedila) Grafitti (artes plaacutesticas) e DJ (tocador de discos) Eacute notoacuteria a
capacidade que essas linguagens tecircm de estimular as habilidades cognitivas e artiacutesticas
de crianccedilas adolescentes e jovens o que eacute evidenciado nos seus relatos como um
reconhecimento do poder mobilizador e a facilidade que esse conjunto possui de ser
assimilado pela juventude principalmente a que reside nas periferias Eacute possiacutevel
perceber que o contato com o discurso contra-hegemocircnico do hip hop acaba sendo
responsaacutevel por mudanccedilas na auto-estima desses garotos e garotas num processo de
afirmaccedilatildeo de identidades e busca por conhecimentos que vatildeo aleacutem da assimilaccedilatildeo aleacutem
da assimilaccedilatildeo de conteuacutedos didaacuteticos sem espaccedilo para a anaacutelise criacutetica oferecida nas
escolas tradicionais
1O breaking eacute uma danccedila de rua praticada em rodas assim como a capoeira Os danccedilarinos de breaking satildeo os B-Boys ou B-Girls aqueles que dominam a teacutecnica que tecircm algumas estilos como o popping que tem movimentos quebrados que assemelham-se a gestos de robocircs e o locking que eacute mais raacutepido e descontraiacutedo
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
preacutevio no calor da hora Valter Altino Naacutedia Cardoso e Marcelo Matos Obrigada a
todos pelos depoimentos sinceros e pela disponibilidade
E claro que natildeo vou esquecer dos amigos de todas as horas pessoas que me
aceitam do jeito que sou perdoam todas as minhas sobras e as minhas faltas Aqui
misturo amigos da Facom do Liceu da Cipoacute e de outros lugares Anderson Sotero Inecircs
Costal Juliana Montanha Juliana Souza Jorge Gauthier Carina Barbalho Eric
Carvalho Jane Evangelista Matheus Feitosa Naacutedia Conceiccedilatildeo Wendell Wagner Israel
Pacheco Taciana Gacelin Patriacutecia Sodreacute Thiago Pereira Vinicius Carvalho Deijeane
Nascimento Daiane Silva Ledson Chagas Daniel Mendes Renata Machado Caacutessia
Andrade e Tacircmara Pereira
Agraves instituiccedilotildees e projetos Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Nuacutecleo de Mobilizaccedilatildeo e
Accedilatildeo Poliacutetica OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia e Projeto Lanterninha
Nossa quanta gente Certamente deve estar faltando algueacutem desculpem a falha
mas haveraacute ainda muitos momentos para agradecer
ldquoNingueacutem escapa da educaccedilatildeo Em casa na rua na
igreja ou na escola de um modo ou de muitos todos noacutes
envolvemos pedaccedilos da vida com ela para aprender
para ensinar para aprender-e-ensinarrdquo
Carlos Rodrigues Brandatildeo
RESUMO
O documentaacuterio ldquoHip Hop e Educaccedilatildeo Popularrdquo mostra as opiniotildees e percepccedilotildees de pessoas envolvidas com o movimento hip hop ou com oficinas formativas que usem os seus elementos como base Motivaccedilotildees histoacuterias e anaacutelises criacuteticas satildeo contadas atraveacutes de depoimentos que contextualizam a cena local do hip hop soteropolitano Presente no Brasil haacute duas deacutecadas o movimento ganha forccedila no cenaacuterio local e na Bahia jaacute conta com 14 anos de organizaccedilatildeo A cultura hip hop envolve quatro elementos o breaking o graffiti o DJ e o MC e nasceu nos guetos negros norte-americanos como construccedilatildeo de comunidades marginalizadas socialmente Atentos a questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade parte dos integrantes do movimento disponibiliza oficinas formativas para jovens nas comunidades populares de Salvador Essa faceta educacional do movimento hip hop eacute a base principal para a construccedilatildeo da narrativa do documentaacuterio
Palavras - chave Movimento hip hop Documentaacuterio Educaccedilatildeo Identidades
Sumaacuterio
1 APRESENTACcedilAtildeO 09
2 O TEMA 11
21 O movimento 11
22 Hip hop baiano 15
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR 20
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO 22
41 Histoacuterico 22
42 Caracteriacutesticas 23
5 METODOLOGIA 26
51 Preacute- produccedilatildeo 26
52 A escolha dos personagens 26
6 CONSTRUCcedilAtildeO 27
61 Entrevistados 27
62Gravaccedilatildeo 29
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo 29
7 MEMOacuteRIA 32
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 35
9 ANEXOS 36
91 Cronograma 36
92 Ficha teacutecnica 36
93 Roteiro de ediccedilatildeo 37
1 APRESENTACcedilAtildeO
O projeto Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular eacute um trabalho documental de cunho
jornaliacutestico que busca dar visibilidade aos arte-educadores e educandos que fazem parte
da cena educacional do movimento hip hop soteropolitano Por meio de registro em
viacutedeo que demonstra alguns momentos de oficinas e entrevistas com os integrantes do
movimento o trabalho pretende revelar quem satildeo esses jovens bem como registrar a
difusatildeo na Bahia de uma linguagem que comeccedilou a ser praticada no Brasil nos anos
80 a partir da chegada da cultura hip hop aos grandes centros urbanos do paiacutes
Obtidas em momentos preacute-definidos com os oficineiros em seus ambientes de
compartilhamento do saber as imagens e entrevistas retratam seus pontos de vista
sobre como se desenvolve a relaccedilatildeo do movimento hip hop baiano e a educaccedilatildeo
popular accedilotildees de cunho formativo que satildeo desenvolvidas por integrantes do
movimento Existem ainda imagens de eventos organizados pelos artistas para mostrar o
resultado de oficinas ou para debater assuntos ligados ao movimento Esses eventos satildeo
realizados em alguma data especial e tem a intenccedilatildeo de integrar os militantes e
agregados dos diversos bairros de Salvador e em alguns casos de promover accedilotildees
sociais dentro de suas comunidades
O termo hip hop agrega quatro elementos que resumidamente satildeo Rap (muacutesica)
Breaking1 (danccedila) Grafitti (artes plaacutesticas) e DJ (tocador de discos) Eacute notoacuteria a
capacidade que essas linguagens tecircm de estimular as habilidades cognitivas e artiacutesticas
de crianccedilas adolescentes e jovens o que eacute evidenciado nos seus relatos como um
reconhecimento do poder mobilizador e a facilidade que esse conjunto possui de ser
assimilado pela juventude principalmente a que reside nas periferias Eacute possiacutevel
perceber que o contato com o discurso contra-hegemocircnico do hip hop acaba sendo
responsaacutevel por mudanccedilas na auto-estima desses garotos e garotas num processo de
afirmaccedilatildeo de identidades e busca por conhecimentos que vatildeo aleacutem da assimilaccedilatildeo aleacutem
da assimilaccedilatildeo de conteuacutedos didaacuteticos sem espaccedilo para a anaacutelise criacutetica oferecida nas
escolas tradicionais
1O breaking eacute uma danccedila de rua praticada em rodas assim como a capoeira Os danccedilarinos de breaking satildeo os B-Boys ou B-Girls aqueles que dominam a teacutecnica que tecircm algumas estilos como o popping que tem movimentos quebrados que assemelham-se a gestos de robocircs e o locking que eacute mais raacutepido e descontraiacutedo
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
ldquoNingueacutem escapa da educaccedilatildeo Em casa na rua na
igreja ou na escola de um modo ou de muitos todos noacutes
envolvemos pedaccedilos da vida com ela para aprender
para ensinar para aprender-e-ensinarrdquo
Carlos Rodrigues Brandatildeo
RESUMO
O documentaacuterio ldquoHip Hop e Educaccedilatildeo Popularrdquo mostra as opiniotildees e percepccedilotildees de pessoas envolvidas com o movimento hip hop ou com oficinas formativas que usem os seus elementos como base Motivaccedilotildees histoacuterias e anaacutelises criacuteticas satildeo contadas atraveacutes de depoimentos que contextualizam a cena local do hip hop soteropolitano Presente no Brasil haacute duas deacutecadas o movimento ganha forccedila no cenaacuterio local e na Bahia jaacute conta com 14 anos de organizaccedilatildeo A cultura hip hop envolve quatro elementos o breaking o graffiti o DJ e o MC e nasceu nos guetos negros norte-americanos como construccedilatildeo de comunidades marginalizadas socialmente Atentos a questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade parte dos integrantes do movimento disponibiliza oficinas formativas para jovens nas comunidades populares de Salvador Essa faceta educacional do movimento hip hop eacute a base principal para a construccedilatildeo da narrativa do documentaacuterio
Palavras - chave Movimento hip hop Documentaacuterio Educaccedilatildeo Identidades
Sumaacuterio
1 APRESENTACcedilAtildeO 09
2 O TEMA 11
21 O movimento 11
22 Hip hop baiano 15
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR 20
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO 22
41 Histoacuterico 22
42 Caracteriacutesticas 23
5 METODOLOGIA 26
51 Preacute- produccedilatildeo 26
52 A escolha dos personagens 26
6 CONSTRUCcedilAtildeO 27
61 Entrevistados 27
62Gravaccedilatildeo 29
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo 29
7 MEMOacuteRIA 32
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 35
9 ANEXOS 36
91 Cronograma 36
92 Ficha teacutecnica 36
93 Roteiro de ediccedilatildeo 37
1 APRESENTACcedilAtildeO
O projeto Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular eacute um trabalho documental de cunho
jornaliacutestico que busca dar visibilidade aos arte-educadores e educandos que fazem parte
da cena educacional do movimento hip hop soteropolitano Por meio de registro em
viacutedeo que demonstra alguns momentos de oficinas e entrevistas com os integrantes do
movimento o trabalho pretende revelar quem satildeo esses jovens bem como registrar a
difusatildeo na Bahia de uma linguagem que comeccedilou a ser praticada no Brasil nos anos
80 a partir da chegada da cultura hip hop aos grandes centros urbanos do paiacutes
Obtidas em momentos preacute-definidos com os oficineiros em seus ambientes de
compartilhamento do saber as imagens e entrevistas retratam seus pontos de vista
sobre como se desenvolve a relaccedilatildeo do movimento hip hop baiano e a educaccedilatildeo
popular accedilotildees de cunho formativo que satildeo desenvolvidas por integrantes do
movimento Existem ainda imagens de eventos organizados pelos artistas para mostrar o
resultado de oficinas ou para debater assuntos ligados ao movimento Esses eventos satildeo
realizados em alguma data especial e tem a intenccedilatildeo de integrar os militantes e
agregados dos diversos bairros de Salvador e em alguns casos de promover accedilotildees
sociais dentro de suas comunidades
O termo hip hop agrega quatro elementos que resumidamente satildeo Rap (muacutesica)
Breaking1 (danccedila) Grafitti (artes plaacutesticas) e DJ (tocador de discos) Eacute notoacuteria a
capacidade que essas linguagens tecircm de estimular as habilidades cognitivas e artiacutesticas
de crianccedilas adolescentes e jovens o que eacute evidenciado nos seus relatos como um
reconhecimento do poder mobilizador e a facilidade que esse conjunto possui de ser
assimilado pela juventude principalmente a que reside nas periferias Eacute possiacutevel
perceber que o contato com o discurso contra-hegemocircnico do hip hop acaba sendo
responsaacutevel por mudanccedilas na auto-estima desses garotos e garotas num processo de
afirmaccedilatildeo de identidades e busca por conhecimentos que vatildeo aleacutem da assimilaccedilatildeo aleacutem
da assimilaccedilatildeo de conteuacutedos didaacuteticos sem espaccedilo para a anaacutelise criacutetica oferecida nas
escolas tradicionais
1O breaking eacute uma danccedila de rua praticada em rodas assim como a capoeira Os danccedilarinos de breaking satildeo os B-Boys ou B-Girls aqueles que dominam a teacutecnica que tecircm algumas estilos como o popping que tem movimentos quebrados que assemelham-se a gestos de robocircs e o locking que eacute mais raacutepido e descontraiacutedo
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
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Educaccedilatildeo Salvador 2007
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LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
RESUMO
O documentaacuterio ldquoHip Hop e Educaccedilatildeo Popularrdquo mostra as opiniotildees e percepccedilotildees de pessoas envolvidas com o movimento hip hop ou com oficinas formativas que usem os seus elementos como base Motivaccedilotildees histoacuterias e anaacutelises criacuteticas satildeo contadas atraveacutes de depoimentos que contextualizam a cena local do hip hop soteropolitano Presente no Brasil haacute duas deacutecadas o movimento ganha forccedila no cenaacuterio local e na Bahia jaacute conta com 14 anos de organizaccedilatildeo A cultura hip hop envolve quatro elementos o breaking o graffiti o DJ e o MC e nasceu nos guetos negros norte-americanos como construccedilatildeo de comunidades marginalizadas socialmente Atentos a questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade parte dos integrantes do movimento disponibiliza oficinas formativas para jovens nas comunidades populares de Salvador Essa faceta educacional do movimento hip hop eacute a base principal para a construccedilatildeo da narrativa do documentaacuterio
Palavras - chave Movimento hip hop Documentaacuterio Educaccedilatildeo Identidades
Sumaacuterio
1 APRESENTACcedilAtildeO 09
2 O TEMA 11
21 O movimento 11
22 Hip hop baiano 15
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR 20
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO 22
41 Histoacuterico 22
42 Caracteriacutesticas 23
5 METODOLOGIA 26
51 Preacute- produccedilatildeo 26
52 A escolha dos personagens 26
6 CONSTRUCcedilAtildeO 27
61 Entrevistados 27
62Gravaccedilatildeo 29
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo 29
7 MEMOacuteRIA 32
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 35
9 ANEXOS 36
91 Cronograma 36
92 Ficha teacutecnica 36
93 Roteiro de ediccedilatildeo 37
1 APRESENTACcedilAtildeO
O projeto Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular eacute um trabalho documental de cunho
jornaliacutestico que busca dar visibilidade aos arte-educadores e educandos que fazem parte
da cena educacional do movimento hip hop soteropolitano Por meio de registro em
viacutedeo que demonstra alguns momentos de oficinas e entrevistas com os integrantes do
movimento o trabalho pretende revelar quem satildeo esses jovens bem como registrar a
difusatildeo na Bahia de uma linguagem que comeccedilou a ser praticada no Brasil nos anos
80 a partir da chegada da cultura hip hop aos grandes centros urbanos do paiacutes
Obtidas em momentos preacute-definidos com os oficineiros em seus ambientes de
compartilhamento do saber as imagens e entrevistas retratam seus pontos de vista
sobre como se desenvolve a relaccedilatildeo do movimento hip hop baiano e a educaccedilatildeo
popular accedilotildees de cunho formativo que satildeo desenvolvidas por integrantes do
movimento Existem ainda imagens de eventos organizados pelos artistas para mostrar o
resultado de oficinas ou para debater assuntos ligados ao movimento Esses eventos satildeo
realizados em alguma data especial e tem a intenccedilatildeo de integrar os militantes e
agregados dos diversos bairros de Salvador e em alguns casos de promover accedilotildees
sociais dentro de suas comunidades
O termo hip hop agrega quatro elementos que resumidamente satildeo Rap (muacutesica)
Breaking1 (danccedila) Grafitti (artes plaacutesticas) e DJ (tocador de discos) Eacute notoacuteria a
capacidade que essas linguagens tecircm de estimular as habilidades cognitivas e artiacutesticas
de crianccedilas adolescentes e jovens o que eacute evidenciado nos seus relatos como um
reconhecimento do poder mobilizador e a facilidade que esse conjunto possui de ser
assimilado pela juventude principalmente a que reside nas periferias Eacute possiacutevel
perceber que o contato com o discurso contra-hegemocircnico do hip hop acaba sendo
responsaacutevel por mudanccedilas na auto-estima desses garotos e garotas num processo de
afirmaccedilatildeo de identidades e busca por conhecimentos que vatildeo aleacutem da assimilaccedilatildeo aleacutem
da assimilaccedilatildeo de conteuacutedos didaacuteticos sem espaccedilo para a anaacutelise criacutetica oferecida nas
escolas tradicionais
1O breaking eacute uma danccedila de rua praticada em rodas assim como a capoeira Os danccedilarinos de breaking satildeo os B-Boys ou B-Girls aqueles que dominam a teacutecnica que tecircm algumas estilos como o popping que tem movimentos quebrados que assemelham-se a gestos de robocircs e o locking que eacute mais raacutepido e descontraiacutedo
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
Sumaacuterio
1 APRESENTACcedilAtildeO 09
2 O TEMA 11
21 O movimento 11
22 Hip hop baiano 15
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR 20
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO 22
41 Histoacuterico 22
42 Caracteriacutesticas 23
5 METODOLOGIA 26
51 Preacute- produccedilatildeo 26
52 A escolha dos personagens 26
6 CONSTRUCcedilAtildeO 27
61 Entrevistados 27
62Gravaccedilatildeo 29
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo 29
7 MEMOacuteRIA 32
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 35
9 ANEXOS 36
91 Cronograma 36
92 Ficha teacutecnica 36
93 Roteiro de ediccedilatildeo 37
1 APRESENTACcedilAtildeO
O projeto Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular eacute um trabalho documental de cunho
jornaliacutestico que busca dar visibilidade aos arte-educadores e educandos que fazem parte
da cena educacional do movimento hip hop soteropolitano Por meio de registro em
viacutedeo que demonstra alguns momentos de oficinas e entrevistas com os integrantes do
movimento o trabalho pretende revelar quem satildeo esses jovens bem como registrar a
difusatildeo na Bahia de uma linguagem que comeccedilou a ser praticada no Brasil nos anos
80 a partir da chegada da cultura hip hop aos grandes centros urbanos do paiacutes
Obtidas em momentos preacute-definidos com os oficineiros em seus ambientes de
compartilhamento do saber as imagens e entrevistas retratam seus pontos de vista
sobre como se desenvolve a relaccedilatildeo do movimento hip hop baiano e a educaccedilatildeo
popular accedilotildees de cunho formativo que satildeo desenvolvidas por integrantes do
movimento Existem ainda imagens de eventos organizados pelos artistas para mostrar o
resultado de oficinas ou para debater assuntos ligados ao movimento Esses eventos satildeo
realizados em alguma data especial e tem a intenccedilatildeo de integrar os militantes e
agregados dos diversos bairros de Salvador e em alguns casos de promover accedilotildees
sociais dentro de suas comunidades
O termo hip hop agrega quatro elementos que resumidamente satildeo Rap (muacutesica)
Breaking1 (danccedila) Grafitti (artes plaacutesticas) e DJ (tocador de discos) Eacute notoacuteria a
capacidade que essas linguagens tecircm de estimular as habilidades cognitivas e artiacutesticas
de crianccedilas adolescentes e jovens o que eacute evidenciado nos seus relatos como um
reconhecimento do poder mobilizador e a facilidade que esse conjunto possui de ser
assimilado pela juventude principalmente a que reside nas periferias Eacute possiacutevel
perceber que o contato com o discurso contra-hegemocircnico do hip hop acaba sendo
responsaacutevel por mudanccedilas na auto-estima desses garotos e garotas num processo de
afirmaccedilatildeo de identidades e busca por conhecimentos que vatildeo aleacutem da assimilaccedilatildeo aleacutem
da assimilaccedilatildeo de conteuacutedos didaacuteticos sem espaccedilo para a anaacutelise criacutetica oferecida nas
escolas tradicionais
1O breaking eacute uma danccedila de rua praticada em rodas assim como a capoeira Os danccedilarinos de breaking satildeo os B-Boys ou B-Girls aqueles que dominam a teacutecnica que tecircm algumas estilos como o popping que tem movimentos quebrados que assemelham-se a gestos de robocircs e o locking que eacute mais raacutepido e descontraiacutedo
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
1 APRESENTACcedilAtildeO
O projeto Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular eacute um trabalho documental de cunho
jornaliacutestico que busca dar visibilidade aos arte-educadores e educandos que fazem parte
da cena educacional do movimento hip hop soteropolitano Por meio de registro em
viacutedeo que demonstra alguns momentos de oficinas e entrevistas com os integrantes do
movimento o trabalho pretende revelar quem satildeo esses jovens bem como registrar a
difusatildeo na Bahia de uma linguagem que comeccedilou a ser praticada no Brasil nos anos
80 a partir da chegada da cultura hip hop aos grandes centros urbanos do paiacutes
Obtidas em momentos preacute-definidos com os oficineiros em seus ambientes de
compartilhamento do saber as imagens e entrevistas retratam seus pontos de vista
sobre como se desenvolve a relaccedilatildeo do movimento hip hop baiano e a educaccedilatildeo
popular accedilotildees de cunho formativo que satildeo desenvolvidas por integrantes do
movimento Existem ainda imagens de eventos organizados pelos artistas para mostrar o
resultado de oficinas ou para debater assuntos ligados ao movimento Esses eventos satildeo
realizados em alguma data especial e tem a intenccedilatildeo de integrar os militantes e
agregados dos diversos bairros de Salvador e em alguns casos de promover accedilotildees
sociais dentro de suas comunidades
O termo hip hop agrega quatro elementos que resumidamente satildeo Rap (muacutesica)
Breaking1 (danccedila) Grafitti (artes plaacutesticas) e DJ (tocador de discos) Eacute notoacuteria a
capacidade que essas linguagens tecircm de estimular as habilidades cognitivas e artiacutesticas
de crianccedilas adolescentes e jovens o que eacute evidenciado nos seus relatos como um
reconhecimento do poder mobilizador e a facilidade que esse conjunto possui de ser
assimilado pela juventude principalmente a que reside nas periferias Eacute possiacutevel
perceber que o contato com o discurso contra-hegemocircnico do hip hop acaba sendo
responsaacutevel por mudanccedilas na auto-estima desses garotos e garotas num processo de
afirmaccedilatildeo de identidades e busca por conhecimentos que vatildeo aleacutem da assimilaccedilatildeo aleacutem
da assimilaccedilatildeo de conteuacutedos didaacuteticos sem espaccedilo para a anaacutelise criacutetica oferecida nas
escolas tradicionais
1O breaking eacute uma danccedila de rua praticada em rodas assim como a capoeira Os danccedilarinos de breaking satildeo os B-Boys ou B-Girls aqueles que dominam a teacutecnica que tecircm algumas estilos como o popping que tem movimentos quebrados que assemelham-se a gestos de robocircs e o locking que eacute mais raacutepido e descontraiacutedo
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
Aleacutem dos momentos de entrevistas as imagens obtidas durante o segundo
semestre de 2009 registram situaccedilotildees de mostras e exposiccedilotildees de oficinas a exemplo do
ldquoBreak Bambaataardquo desenvolvido pelo Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura
(Gaeec) que conta com o apoio da Coordenadoria Ecumecircnica de Serviccedilo (Cese) e da
mostra final do Projeto Quadro Negro iniciativa da banda de Rap Simples Raprsquo
Ortagem realizada no ano de 2005 com o apoio da Proacute-Reitoria de Extensatildeo da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) O projeto debateu com jovens de escolas
puacuteblicas temas que vatildeo desde o sistema de cotas agrave diferenccedila entre pichaccedilatildeo e graffiti
Por conta dos apoios recebidos os projetos que foram desenvolvidos em eacutepocas
diferentes contrataram alguns artistas apropriados das linguagens do hip hop para que
pudessem repassar seus conhecimentos buscando divulgar e valorizar a cultura e o
movimento hip hop
Nesse acircmbito satildeo relevantes as oficinas e cursos de graffiti DJ breaking e rap
como instrumentos legiacutetimos de arte-educaccedilatildeo para crianccedilas e adolescentes
desenvolvidas pelos arte-educadores em seus bairros ou outras regiotildees da cidade seja
por iniciativa proacutepria ou contando com o apoio de alguma organizaccedilatildeo natildeo-
governamental governamental ou privada
As imagens e entrevistas desse trabalho visam valorizar essas linguagens que por
serem praticadas por jovens oriundos de bairros perifeacutericos continuam em alguns casos
sendo marginalizadas pela sociedade Ao procurar a essecircncia das praacuteticas educacionais
lanccedilando um olhar mais aprofundado sobre seus autores as imagens captadas atraveacutes da
cacircmera querem despertar nos espectadores um conhecimento maior sobre os interesses
dos jovens artistas
Um dos resultados da realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip hop e educaccedilatildeo
popular eacute a distribuiccedilatildeo do seu do conteuacutedo finalizado para as posses registradas na
Rede Aiyecirc Hip Hop com o objetivo de levar aos proacuteprios agentes do movimento a
oportunidade de se reconhecerem nas histoacuterias retratadas no documentaacuterio como
estiacutemulo a que continuem desenvolvendo suas habilidades artiacutesticas e as utilizem como
instrumento de transformaccedilatildeo social em suas vidas e localidades
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
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LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
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Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
2 O TEMA
21 O movimento
O movimento hip hop natildeo eacute apenas um estilo musical ou movimento social
mas sim um dos mais importantes fenocircmenos soacutecio-culturais e poliacuteticos da
contemporaneidade De origem controversa foi nos Estados Unidos da Ameacuterica
que o movimento altamente influenciado por praacuteticas jamaicanas comeccedila a
ganhar contornos do que eacute hoje O termo hip hop foi criado pelo Dj Lovebug
Starski e popularizada DJ estadunidense Afrika Bambaataa no ano de 1968 para
nomear bailes (ROCHA DOMENICH CASSEANO 2001) e significa numa
traduccedilatildeo literal do ingecircs o balancear dos quadris (hip) e o salto (hop) A realizaccedilatildeo
desses bailes que reuniam danccedilarinos de breaking DJs ( disc-joacutequeis) e MCs
(mestre de cerimocircnias) movimentou culturalmente comunidades afro americanas e
fomentou a militacircncia racial O rap (abreviaccedilatildeo de rythm and poetry eacute um estilo de
muacutesica declamada) eacute um dos elementos mais conhecidos da cultura hip hop e desde
sua origem trazia rimas intervencionistas onde os hip hoppers denunciavam as
violaccedilotildees que viviam nas comunidades O fato eacute que seja como movimento social
ou como cultura de rua o hip hop eacute capaz de mobilizar e influenciar milhares de
jovens das periferias urbanas do paiacutes
O hip hop natildeo demorou a chegar ao Brasil Jaacute em 1982 a juventude da periferia
danccedilava o break e ouvia os primeiros raps Inicialmente a influecircncia foi maior na cidade
de Satildeo Paulo atraveacutes da forte presenccedila nos bailes soul e das revistas e discos
especializados Outras linguagens como o graffiti e o DJ tambeacutem passam a ser mais
difundidas e geram um estado de curiosidade na sociedade Em 1996 o movimento hip
hop ganha forccedila e se organiza na cidade de Salvador A partir daiacute os militantes se
dividem em subgrupos denominados posses e passam a oferecer oficinas para jovens
nas comunidades populares de Salvador Os temas das oficinas variam de acordo com a
realidade de cada lugar mas geralmente satildeo baseados nos quatro elementos do
movimento
A postura contestatoacuteria e afimativa do movimento expresso na conduta
vestimenta e linguagem dos seus participantes eacute algo que incomoda os setores mais
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
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Educaccedilatildeo Salvador 2007
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GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
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LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
conservadores da sociedade Natildeo eacute incomum histoacuterias de preconceito e superaccedilatildeo
entre os integrantes do movimento que se utilizam de diversos espaccedilos de
convivecircncia para construir meios de superaccedilatildeo das realidades postas Dessa forma
qualidade na educaccedilatildeo puacuteblica igualdade racial de gecircnero e religiosa bem como
acesso a universidade puacuteblica gratuita e de qualidade para estudantes negrasnegros
satildeo algumas bandeiras erguidas pelo movimento em reaccedilatildeo contra-sistema
Sempre atentos agrave questatildeo da conscientizaccedilatildeo da sociedade integrantes do
movimento hip hop constantemente promovem atividades de caraacuteter poliacutetico-social em
suas comunidades realizando oficinas formativas para jovens Nesse contexto os
elementos da cultura satildeo utilizados com o propoacutesito de intervenccedilatildeo e mudanccedila social
para tal as accedilotildees educativas tecircm o poder intencional de alavancar o hip hop agrave posiccedilatildeo
de um movimento social O tema abordado nas oficinas natildeo eacute fixo mas sempre passa
por temas ligados agrave cidadania como acesso aos direitos e deveres e poliacuteticas puacuteblicas
Tambeacutem satildeo construiacutedos produtos que variam de fanzines e programas de raacutedio a
letras de Rap ou intervenccedilotildees de graffiti O principal objetivo dessas accedilotildees eacute que
atraveacutes da elaboraccedilatildeo desses produtos as crianccedilas adolescentes e jovens envolvidos
possam despertar suas consciecircncias criacutetica e poliacutetica para que em breve possam ser
sujeito e natildeo apenas objeto na sociedade
Por conta da crise instalada haacute algumas deacutecadas na educaccedilatildeo formal no Brasil
alguns movimentos sociais se apropriam do vaacutecuo formativo deixado pela escola e
passam a atuar no campo da educaccedilatildeo natildeo formal porque entende o seu caraacuteter
libertador e promissor Nesse contexto as oficinas mais voltadas para o exerciacutecio dos
quatro elementos do hip hop exercitam questotildees de linguagem expressatildeo corporal e
conscientizaccedilatildeo social
Em virtude da accedilatildeo do jovem da posse ser espontacircnea e promover a criatividade na elaboraccedilatildeo das letras de muacutesica e outros eventos artiacutesticos e culturais () Na accedilatildeo pedagoacutegica o grupo fortalece sua identidade eacutetnica e geracional como condiccedilatildeo uacutenica para a superaccedilatildeo do mundo da exclusatildeo e mais ainda do mundo da violecircncia simboacutelica Reafirmam como jovens sua capacidade de apresentar ideacuteias compartilhar opiniotildees e sugerir mudanccedilas sociais Diante do que foi dito considerando todo o embasamento teoacuterico adquirido e apoiado nas
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
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LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
entrevistas e imagens captadas em campo o viacutedeo documentaacuterio pretende expor que fora da escola formal tambeacutem se constroacutei uma consciecircncia reativa capaz de acrescentar novos valores e pontos de vista na sociedade (ANDRADE 2000 p91)
O movimento hip hop por ter forte vertente poliacutetica e social chama atenccedilatildeo pelas
particularidades de discurso que satildeo latentes em cada regiatildeo do paiacutes ou do mundo em
que atua pois eacute possiacutevel notar os diferentes interesses do movimento no Brasil e o nos
Estados Unidos por exemplo A partir da pesquisa teoacuterica sobre pedagogia e formas de
educaccedilatildeo atraveacutes de trabalhos praacuteticos em artes e comunicaccedilatildeo o presente trabalho
pretende demonstrar a importacircncia educativa das accedilotildees do hip hop em comunidades
populares da capital baiana
Eacute de conhecimento notoacuterio que por conta de vaacuterios processos dentre os quais a
globalizaccedilatildeo a sociedade tem se tornando cada vez mais heterogecircnea complexa e
diferenciada em consequumlecircncia disso identidades tradicionais se desfazem para serem
criadas outras tantas ldquogerando uma pluralidade de interesses e de demandas nem sempre
convergentes quando natildeo conflitantes e excludentesrdquo (HESRCHMANN 2000 p 36)
Enquanto movimento identitaacuterio o hip hop constroacutei seu cotidiano educacional na
perspectiva de acrescentar agrave questatildeo de classe mais dois componentes gecircnero e etnia
Mas tudo o que se refere agrave discriminaccedilatildeo social interessa aos militantes do movimento
que tratam em suas letras de rap e nos traccedilos de seus graffitis de temas comuns a toda a
sociedade perifeacuterica ou natildeo Acerca da multiplicidade identitaacuteria
Em toda parte estatildeo imergindo identidades culturais que natildeo satildeo fixas mas que estatildeo suspensas em transiccedilatildeo entre diferentes posiccedilotildees que retiram seus recursos ao mesmo tempo de diferentes tradiccedilotildees culturais e que satildeo produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que satildeo cada vez mais comuns num mundo globalizado (HALL 2003 p88)
Os jovens condutores das accedilotildees educativas do hip hop ao perceberem o seu lugar
na sociedade passam a produzir nos bairros em que habitam Transformaram-se em
produtores de cultura educaccedilatildeo e arte Desse modo qualificam um pouco mais os
bairros onde vivem O rap inscreve na cena cultural brasileira o discurso identitaacuterio da
favela dos que buscam o niacutevel de cidadania jaacute conquistado por outras esferas da
sociedade O movimento hip hop busca atraveacutes de seu discurso a de suas accedilotildees algo se
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
poderia chamar de concretizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo O educador Paulo Freire foi um
dos propulsores da necessidade latente da conscientizaccedilatildeo de todos os grupos sociais
A conscientizaccedilatildeo eacute neste sentido um teste de realidade Quanto mais conscientizaccedilatildeo mais se ldquodesvelardquo a realidade mais se penetra na essecircncia fenomecircnica do objeto frente ao qual nos encontramos para analisaacute-lo Por esta mesma razatildeo a conscientizaccedilatildeo natildeo consiste em ldquoestar frente agrave realidaderdquo assumindo uma posiccedilatildeo falsamente intelectual A conscientizaccedilatildeo natildeo pode existir fora da ldquopraacutexisrdquo ou melhor sem o ato accedilatildeo ndash reflexatildeo Esta unidade dialeacutetica constitui de maneira permanente o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens (FREIRE 1979 p15)
Eacute preciso ter em vista que a educaccedilatildeo e o aparelho escolar em particular eacute um
sistema orquestrado ideologicamente pela classe dominante Assim a educaccedilatildeo
oferecida do sistema formal estaacute posta de um modo que natildeo modifica a sociedade que a
manteacutem De forma geral os trabalhos de educaccedilatildeo popular que satildeo desenvolvidos natildeo
tecircm intenccedilatildeo de confrontar diretamente a escola puacuteblica nem suas praacuteticas pedagoacutegicas
Fomenta-se o aprender luacutedico descontraiacutedo sem tensotildees
O movimento hip hop brasileiro por ter forte vertente poliacutetica e social chama
atenccedilatildeo pelas particularidades de discurso que satildeo visiacuteveis em cada regiatildeo do paiacutes em
que atua Em outros paiacuteses eacute possiacutevel notar diferentes interesses como nos Estados
Unidos por exemplo
22 Hip hop baiano
Jaacute presente no cenaacuterio nacional desde a deacutecada de 80 o hip hop comeccedila a ganhar
identidade na Bahia em meados dos anos 90 A organizaccedilatildeo em forma de redes e posses
acontece de forma organizada a partir de 1996 Um dos pontos fortes do movimento
baiano eacute a sua iniciativa de promover encontros Estaduais e Nordestinos que tem a
importante missatildeo de analisar as bases do movimento e traccedilar metas Entre as principais
questotildees discutidas no movimento as accedilotildees afirmativas e de gecircnero merecem destaque
Eacute importante salientar que o hip hop baiano estaacute longe de ser um movimento
homogecircneo na medida em que entre seus militantes haacute membros de partidos poliacuteticos
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
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universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
integrantes do movimento negro feministas e pessoas com ideologias religiosas
diferentes por exemplo de origem africanista e de origem cristatilde
Em Salvador haacute vaacuterios grupos de hip hop que conduzem em suas comunidades
manifestaccedilotildees culturais educativas e poliacuteticas Vaacuterias linguagens satildeo usadas para esse
fim alguns lidam com basquete outros com danccedila produccedilatildeo musical e grafitagem Os
participantes desses grupos estatildeo presentes tambeacutem em outros espaccedilos soacutecio-poliacuteticos e
religiosos alguns inseridos no candombleacute e em entidades partidaacuterias outros envolvidos
com igrejas evangeacutelicas e assim por diante (MESSIAS 2008) O hip hop de Salvador se
constitui em ascendente movimento cultural com difusa organizaccedilatildeo poliacutetica poreacutem
sem lideranccedilas
Eacute comum o discusso de nacionalista que denunciam o hip hop como mais um
estilo musical ldquoenlatadordquo do imperialismo estadunidense e que natildeo possui nada de
criativo ou novo por ser apenas mais um importado na lista do consumidor nacional Eacute
inquestionaacutevel que o hip hop eacute um estilo importado mas natildeo se originou puramente em
solo norte-americano pois tem suas raiacutezes fincadas no continente africano mais
acertadamente na Jamaica dos anos 70 Contudo eacute um movimento que tem forte
vertente social e pode se adaptar a realidades diferentes A articulaccedilatildeo do movimento
baiano se fortaleceu haacute seis anos com o surgimento da Rede Aiyecirc Hip Hop que eacute uma
parceria do movimento hip hop de Salvador e Lauro de Freitas e objetiva contribuir
com a valorizaccedilatildeo e o fortalecimento local do movimento Entre os integrantes do
movimento existe uma noccedilatildeo de pertencimento muito forte
A identidade do hip hop estaacute profundamente arraigada agrave experiecircncia local e marcada pelo apego a um status conquistado em um grupo local Esses grupos formam um novo tipo de ldquofamiacuteliardquo elaborado a partir de um viacutenculo intercultural que de fato contribuem para a construccedilatildeo de redes da comunidade que servem de base para novos movimentos sociais (HERSCHMANN 2000 p184)
Na Bahia nota-se o destaque do rap entre as linguagens do hip hop que tem forte
caraacuteter social e costuma ter letras criacuteticas com relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo do negro Grande parte
do movimento insere o discurso eacutetnico e de gecircnero e da sua condiccedilatildeo social em suas
canccedilotildees de protesto As letras dos raps satildeo coloquialmente compostas e mixadas em
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
uma base musical quase sempre satildeo marcadas por um tom de protesto politicamente
engajadas dramaacuteticas e agressivas explicitando uma indignaccedilatildeo quanto agraves
arbitrariedades sociais Mas o rap jaacute natildeo eacute muacutesica exclusiva para quem estaacute dentro do
movimento pois hoje tanto no Brasil quanto em outras culturas eacute cantado por artistas e
ouvintes que gostam da batida proacutepria do ritmo Para alguns militantes o hip hop eacute um
desdobramento do movimento negro mas natildeo chega a ser um vertente ou seja tem
vaacuterias reivindicaccedilotildees em comum mas natildeo tem viacutenculo formal A pedagoga e militante
do hip hop baiano Ana Paula Oliveira acredita na forccedila do movimento como uma nova
forma de luta social
Renovaccedilatildeo esta que indica novos atores do porvir ndash como o hip hop ndash que acompanharatildeo o tempo de acordo com os contextos sociaishistoacutericos existentes e o movimento da histoacuteria nos remete a processos de transformaccedilatildeo sociais mais lentos e profundos As lutas dos movimentos sociais acompanharatildeo a sua eacutepoca seu tempo seu puacuteblico (OLIVEIRA 2007 p 26)
Segundo Herschmann (2007) essa relaccedilatildeo utiliza-se de outros ldquocanaisrdquo de
participaccedilatildeo e estaacute mais apoiada na produccedilatildeo cultural aleacutem de estar organizada na
dinacircmica e moderna forma de rede A organizaccedilatildeo que eacute vivenciada pelos integrantes
das posses conota um sentido de identidade grupal que ultrapassam a categoria do
individualismo e remontam aos ideais do viver em sociedade Muitos satildeo os
questionamentos contemporacircneos em torno do complexo conceito de identidade Jaacute se
sabe poreacutem que haacute uma tendecircncia do indiviacuteduo natildeo se prender mais a valores e
definiccedilotildees como raccedila nacionalidade gecircnero ou sexualidade Para alguns estudiosos
como Hall (2000) o sujeito contemporacircneo passa por uma ldquocrise de identidaderdquo Apesar
da crise e das muacuteltiplas escolhas possiacuteveis este sujeito ainda natildeo aprendeu a descartar a
semelhanccedila As expressotildees identitaacuterias no territoacuterio do hip hop ldquodescentradasrdquo sem-
fixidez e ricas pois um movimento que a primeira vista se mostra fluido e homogecircneo
se revela cheio de idiossincrasias num olhar mais apurado Em Claros e Escuros Muniz
Sodreacute dialoga com os valores de identidade chegando a afirmar que toda e qualquer
identidade se constroacutei a partir de referecircncias concretas de um territoacuterio Sodreacute vai mais
fundo ao dizer que
Natildeo existe uma ldquoidentidade negrardquo originaacuteria construiacuteda ldquonaturalmenterdquo a partir da cor da pele
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
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Educaccedilatildeo Salvador 2007
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GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
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HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
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LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
(raccedila) ou da mentalidade (etnia) Tal identidade aparece na Histoacuteria a partir da discriminaccedilatildeo cultural operada por indiviacuteduos de cor clara Estes por sua vez soacute se reconhecem como ldquoidentidade brancardquo ou ldquoeurocidentalrdquo no contexto relacional com os ditos natildeo brancos ou natildeo-ocidentais (SODREacute 2000 p255)
Como jaacute foi dito por Sodreacute eacute preciso que o sujeito tenha consciecircncia de si e do
outro Conhecer a sua realidade e ter paracircmetros para comparaacute-la com outras eacute o ponto
de partida para que o sujeito possa formar sua opiniatildeo a respeito de algo e eacute tambeacutem
combustiacutevel para incitar o desejo de mudanccedila ou de conformidade Uma sociedade que
natildeo tem oportunidade de conhecer a si mesma eacute imatura e pode adotar facilmente
qualquer discurso que lhe pareccedila convincente Os problemas e soluccedilotildees satildeo importados
em detrimento da realidade nativa seja qual for o que eacute muitas vezes impulsionado por
dirigentes ingecircnuos agraves diferenccedilas culturais Freire (1979) toca mais objetivamente sobre
a questatildeo sociedade alienada e a caracteriza como algueacutem que enxerga atraveacutes da visatildeo
do outro dessa forma assinala que
O ser alienado natildeo procura um mundo autecircntico Isto provoca uma nostalgia deseja outro paiacutes e lamenta ter nascido no seu Tem vergonha de sua realidade Vive em outro paiacutes e trata de imitaacute-lo e se crecirc culto quanto menos nativo eacute (FREIRE 1982 p 35)
Diante da multiplicidade de accedilotildees desenvolvidas pelo movimento Messias (2008)
diz que afirmar que o hip hop possui quatro elementos significa reduzi-lo ao aspecto
fiacutesico negligenciando o metafiacutesico a saber conhecimento politizaccedilatildeo etnicidade
hibridismo esteacutetico conjunccedilatildeo de material midiaacutetico contiacutenuo Ou seja para ele e para
muitos pesquisadores o movimento hip hop natildeo possui quatro mas sim cinco
elementos sendo a educaccedilatildeo conscientizadora e reativa a seu principal caracteriacutestica
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
3 A EDUCACcedilAtildeO POPULAR
O sistema educacional puacuteblico brasileiro daacute sinais claros de crise como os baixos
iacutendices de aprovaccedilatildeo no Exame Nacional do Ensino Meacutedio (Enem) que em 2008 foi de
4169 pontos por candidato em uma prova que vale 100 pontos O paiacutes possui alta taxa
de analfabetismo-funcional entre os jovens Ao analisar os dados percebemos uma
lacuna na formaccedilatildeo poliacutetico-educacional e cidadatilde dos jovens das periferias urbana e
que vem sendo preenchida em parte pela iniciativa de grupos que decidem agir sem a
ajuda do estado e passam a oferecer accedilotildees educacionais como objetivo de formar
jovens mais conscientes e atuantes politicamente sobre a sua realidade social
A Educaccedilatildeo Popular eacute uma educaccedilatildeo comprometida e participativa
orientada pela perspectiva de realizaccedilatildeo de todos os direitos do povo Natildeo eacute uma
educaccedilatildeo fria e imposta pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva o diaacutelogo
(Wikipeacutedia 2009) O movimento da educaccedilatildeo popular pensado por Paulo Freire foi
desenvolvido na eacutepoca do Estado Novo e engloba aleacutem da alfabetizaccedilatildeo a busca da
conscientizaccedilatildeo poliacutetica do cidadatildeo e a igualdade social atraveacutes de um modelo
pedagoacutegico que respeita as diferenccedilas culturais e o saber empiacuterico dos sujeitos
Compreende-se a educaccedilatildeo popular como um modelo educacional realizado por meio
de processos contiacutenuos e permanentes de formaccedilatildeo que possui a intencionalidade de
transformar a realidade a partir do protagonismo dos envolvidos Entatildeo natildeo eacute preciso
estar em uma ambiente institucional como a escola para poder exercer a educaccedilatildeo
popular que por isso mesmo tambeacutem pode ser compreendida como educaccedilatildeo natildeo-
formal
Educaccedilatildeo popular satildeo as accedilotildees e praacuteticas coletivas organizadas em movimentos
organizaccedilotildees e associaccedilotildees sociais (GHON 2005 p 100) Logo na educaccedilatildeo-natildeo
formal haacute intencionalidade em criar ou buscar determinadas qualidades e ou objetivos
Desenvolvida em espaccedilos alternativos ao da escola a educaccedilatildeo popular favorece a
participaccedilatildeo dos indiviacuteduos de forma descentralizada visando promover conhecimentos
capazes de instigar o desejo da mudanccedila social O modelo da educaccedilatildeo natildeo-formal
desobriga o aluno de responder a listas de frequumlecircncia ou a notas visto que a permanecia
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
nos projetos eacute voluntaacuteria A participaccedilatildeo do educando portanto estaacute condicionada ao
interesse no conteuacutedo das oficinas Nas oficinas e accedilatildeo educativa o conteuacutedo eacute livre e
todos podem falar e escrever sobre o que mais os sensibilizam temas como violecircncia
poliacutetica educaccedilatildeo e famiacutelia satildeo recorrentes
Satildeo falas que estiveram caladas e passaram a se expressar por algum motivo impulsionador (carecircncia econocircmica direito individual ou coletivo usurpado ou negado projeto de mudanccedila demanda natildeo atendida) Ao se expressar os atoressujeitos dos processos de aprendizagem articulam o universo de saberes disponiacuteveis passados e presente no esforccedilo de pensar elaborarreelaborar sobre a realidade em que vivem (GOHN 2005 p 106)
A principal caracteriacutestica da educaccedilatildeo popular eacute utilizar o saber da comunidade
como mateacuteria prima para o ensino Eacute aprender a partir do conhecimento do sujeito e
ensinar a partir de palavras e temas geradores do cotidiano dele dessa forma a
assimilaccedilatildeo eacute espontacircnea O educador popular natildeo precisa necessariamente ser um
militante de um movimento social mas deve ser um sujeito capaz de compreender a
realidade de seus educandos e saber articular os saberes dos educandos sem subjugaacute-
los pelos saberes eruditos A Educaccedilatildeo Popular visa agrave formaccedilatildeo de sujeitos com
conhecimento e consciecircncia cidadatilde e a organizaccedilatildeo do trabalho poliacutetico para afirmaccedilatildeo
do sujeito
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
4 O VIacuteDEO DOCUMENTAacuteRIO
41 Histoacuterico
O termo documentaacuterio vem do francecircs documentaire que etimologicamente
significa conduzir (docere) a mente (mentis) O viacutedeo documentaacuterio eacute um formato que
se caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato mostrando a realidade
de maneira mais ampla e detalhada Pode ser de vaacuterios tipos antropoloacutegico poliacutetico de
propaganda institucional educativo musical e outros Haacute ainda algumas discordacircncias
entre especialistas sobre a classificaccedilatildeo do documentaacuterio em quanto gecircnero
cinematograacutefico ou jornaliacutestico No entanto nota-se por amostragem bibliograacutefica que
o viacutedeo documentaacuterio eacute um gecircnero pouco explorado na miacutedia televisiva brasileira e
possui uma aceitaccedilatildeo mais regular no cinema quando se trata de exibiccedilatildeo Talvez por
isso as obras de anaacutelise ou sobre teoria do documentaacuterio estejam concentradas muito
mais na produccedilatildeo cinematograacutefica do que jornaliacutestica Assim podemos constatar que o
roacutetulo do documentaacuterio eacute usado para classificar uma grande diversidade de filmes e
viacutedeos representantes de uma variedade de meacutetodos tendecircncias estilos e teacutecnicas
O documentaacuterio tem raiacutezes histoacutericas no cinema e pode apresentar diferentes
modos de produccedilatildeo conforme os diferentes momentos histoacutericos na evoluccedilatildeo de uma
forma tal como foi exposto por Bill Nichols (2005) a partir da premissa de que o
documentaacuterio natildeo eacute uma reproduccedilatildeo mas sim uma representaccedilatildeo de algum aspecto
do mundo histoacuterico e social do qual compartilhamos Tendo em vista que o
documentaacuterio possibilita a inserccedilatildeo de outras linguagens a citar a dramaturgia exercida
por atores profissionais ou natildeo a abordagem escolhida para essa pesquisa eacute a da praacutetica
jornaliacutestica Dessa forma as entrevistas diferem de conversas corriqueiras e satildeo uma
forma distinta de encontro social que se desvelam a de acordo com as diretrizes que as
postulem (NICHOLS 2005) Assim sendo a realizaccedilatildeo das entrevistas preacutevias contaraacute
com a gravaccedilatildeo em aacuteudio e as entrevistas finais teratildeo gravaccedilatildeo em viacutedeo e aacuteudio para
servir de base documental das declaraccedilotildees A palavra falada vem ganhando cada vez
mais destaque no documentaacuterio brasileiro ldquoEacute como se a predisposiccedilatildeo de dar voz aos
sujeitos da experiecircncia fosse ganhando forccedilardquo (LINS MESQUITA 2008 p27) os
diaacutelogos entre personagens e diretores satildeo cada vez mais comuns nesse modelo
Durante a execuccedilatildeo do projeto tambeacutem estaacute prevista a realizaccedilatildeo de um registro
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
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Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
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impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
fotograacutefico natildeo de todo o processo mas de parte dele para que fique como documento
anexo ao produto e possa servir tambeacutem de ilustraccedilatildeo do processo podendo ser
aproveitado em produtos posteriores
42 Caracteriacutesticas
O documentaacuterio natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo da realidade caso o contraacuterio
seria uma reacuteplica ou coacutepia de algo jaacute existente Se assim o fosse o documentarista natildeo
teria nenhum tipo de responsabilidade sobre o produto final do seu trabalho Filme
Documentaacuterio eacute sempre aquele que conteacutem uma interpretaccedilatildeo criativa da realidade
tenham os fatos retratados acontecido ou natildeo com personagens reais ou atores O
gecircnero muitas vezes promove entretenimento mas o conteuacutedo deve possuir um caraacuteter
inspirador motivador informativo e educacional Eacute impossiacutevel estabelecer uma
distinccedilatildeo rigorosa entre ficccedilatildeo e documentaacuterio embora natildeo seja difiacutecil dizer quando
estamos diante de um ou de outro Segundo Nichols (2005) o documentaacuterio eacute sim uma
representaccedilatildeo do mundo em que vivemos Desta forma podemos julgar que o diretor e
toda a sua equipe assumem uma cota de responsabilidades pelo o que venha a ser
vinculado visto que o produto final eacute derivado de manipulaccedilotildees e cortes Existe uma
seacuterie de questotildees eacuteticas que permeiam essa praacutetica do documentaacuterio ainda que estas natildeo
estejam explicitas em um coacutedigo como o Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas
Sendo o documentaacuterio um discurso de auto-expressatildeo como romances canccedilotildees
ou pinturas ele pode ser criado em diferentes formatos Quando bem formulado eacute um
instrumento que de certa forma compensa o descompasso entre culturas ou expotildee
realidades desconhecidas desta forma a realidade das accedilotildees educacionais elaboradas
por integrantes do movimento hip hop pode chegar atraveacutes do viacutedeo documentaacuterio a
pessoas que nunca estiveram na periferia de cidade de Salvador Nichols (2005)
categoriza os documentaacuterios em dois tipos os de satisfaccedilatildeo dos desejos (ficcionais) e os
de representaccedilatildeo social (natildeo-ficcional) que se identificam mais dentro do perfil
jornaliacutestico
Os documentaacuterios de representaccedilatildeo social satildeo o que normalmente chamamos de natildeo-ficccedilatildeo Esses filmes representam de forma tangiacutevel aspectos de um mundo que jaacute ocupamos e compartilhamos Tornam visiacutevel e audiacutevel de maneira distinta a mateacuteria de que eacute feita a
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
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WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
realidade social de acordo com a seleccedilatildeo e a organizaccedilatildeo realizadas () Expressam nossa compreensatildeo sobre o que a realidade foi eacute e o que poderaacute vir a ser Precisamos avaliar suas reivindicaccedilotildees e afirmaccedilotildees seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos e decidir se merecem que acreditemos neles (NICHOLS 2005 p2627)
Sendo inegavelmente uma representaccedilatildeo planejada do real Nichols ainda
identificou seis subgecircneros do gecircnero documentaacuterio que satildeo poeacutetico expositivo
participativo observativo reflexivo e performaacutetico
1 Poeacutetico - foge da ideacuteia de montagem linear e adere agrave fragmentaccedilatildeo Enfatiza as
associaccedilotildees visuais qualidades tonais ou riacutetmicas Tem forte influecircncia
modernista e daacute vazatildeo a luacutedico e ao subjetivo Utiliza o mundo histoacuterico como
referecircncia para dar forma e construir a esteacutetica do filme
2 Expositivo - possui forte ligaccedilatildeo com o mundo histoacuterico numa estrutura mais
retoacuterica e argumentativa Eacute um dos estilos mais reconhecidos pelo puacuteblico como
documentaacuterio devido a sua difusatildeo pois eacute dirigido ao espectador e
frequumlentemente seus elementos satildeo utilizados em noticiaacuterios de TV A
perspectiva do filme eacute dada pela narraccedilatildeo feita em voz over e as imagens
limitam-se a ratificar o que estaacute sendo contado eacute fortemente didaacutetico
3 Observativo - evita a comentaacuterios em voz over muacutesicas e efeitos sonoros
complementares legendas reconstituiccedilotildees histoacutericas e ateacute sem entrevistas Eacute um
modelo que explora as coisas como elas satildeo sem o recorte e interferecircncia do
ponto de vista de um diretor Este tipo de documentaacuterio levanta vaacuterias questotildees
eacuteticas na medida em que os personagens ficam totalmente expostos
4 Participativo - pode inserir o diretor no filme na medida em que ele vai a
campo e segue os mesmos haacutebitos dos seus personagens usando meacutetodos e
instrumentos da sociologia ou da antropologia Nesse modelo o uso de
entrevistas daacute amplitude a perspectiva e representa a forma mais comum de
encontro entre cineasta e os participantes do seu tema Tambeacutem eacute comum o uso
de imagens de arquivos puacuteblicos ou dos personagens com o fim de recuperar a
histoacuteria
5 Reflexivo - tem na sua gecircnese o questionamento da forma do documentaacuterio age
estimulando o espectador a fazer uma reflexatildeo sobre que o documentaacuterio
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
representa Este modo de representaccedilatildeo habitualmente trata do realismo
Costuma ter uma forma muito abstrata e por vezes acaba perdendo as questotildees
concretas
6 Performaacutetico - suscita questotildees sobre o que eacute conhecimento enfatiza as relaccedilotildees
de subjetividade e afetividade Loacutegica e linearidade natildeo satildeo prioridades neste
modo de representaccedilatildeo que faz uma combinaccedilatildeo livre entre o real e o imaginado
De uma forma geral os documentaacuterios possuem mais de um desses subgecircneros no
entanto um deles prevalece na obra a ponto de ser uma das referecircncias indicativas
Como o produto substancial do documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular satildeo as
entrevistas e as imagens de accedilotildees formativas algumas de arquivo tendo a classificar o
viacutedeo como expositivo na medida em que mostra muitas das accedilotildees citadas pelos
personagens e participativo quando faz a retomada de imagens de accedilotildees passadas
cedidas pelos proacuteprios personagens
No momento em que faccedilo um breve resumo das caracteriacutesticas do formato
documentaacuterio aproveito para acrescentar que na produccedilatildeo do viacutedeo primei por garantir
a multiplicidade de vozes ao entrevistar pessoas de grupos diferentes Ciente de que a
representaccedilatildeo do outro exige cuidado e eacutetica no trato das questotildees do documentaacuterio Hip
Hop e Educaccedilatildeo Popular se propotildee a garantir a integridade de sentido das falas dos
entrevistados lembrando que o filme documentaacuterio desenvolve narrativa de anaacutelise
sobre os fatos com o intuito de despertar debates construtivos
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
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universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
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Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
5 METODOLOGIA
51 Preacute- produccedilatildeo
A fim de que o trabalho seja realizado com maior precisatildeo eacute necessaacuterio o
estabelecimento de algumas fases que satildeo articuladas entre si mas que pela natureza do
projeto devem co-existir em preacute-produccedilatildeo satildeo elas a) fase de pesquisas e delimitaccedilotildees
temaacuteticas e seleccedilatildeo de personagens b) fase de captaccedilatildeo de imagens e realizaccedilatildeo das
entrevistas e relatos que vatildeo compor a obra audiovisual e poacutes-produccedilatildeo c)fase de
cortes de excessos e ediccedilatildeo do material gravado Antes poreacutem do estabelecimento das
etapas do trabalho eacute preciso se fazer uma pesquisa que norteie os objetivos
procedimentos de coleta fontes de informaccedilatildeo e natureza dos dados como criteacuterios
Para tanto foi indispensaacutevel realizar um estudo sobre a origem do hip hop
soteropolitano Tambeacutem foi fundamental procurar compreender como e com que
motivaccedilotildees satildeo realizadas as intervenccedilotildees soacutecio-educacionais que satildeo disponibilizadas agrave
populaccedilatildeo
52 A escolha dos personagens
Ainda na fase da preacute-produccedilatildeo comecei a telefonar para uma lista de contatos de
pessoas envolvidas com o hip hop baiano a lista foi montada a partir do mailing que eu
jaacute tinha e com a ajuda de amigos e colegas que sabiam que eu estava fazendo o
trabalho Com uma lista inicial de aproximadamente 25 nomes liguei para as pessoas a
fim de apurar qual era o niacutevel de envolvimento delas com o movimento e se estavam
dentro do perfil do documentaacuterio se eram pessoas envolvidas com educaccedilatildeo popular ou
se conheciam algueacutem A partir desse passo inicial eliminei alguns nomes da lista mas
em compensaccedilatildeo ganhei outros Outro criteacuterio de escolha aleacutem do envolvimento com
oficinas dos elementos do hip hop era a pessoa ou grupo estar realizando as atividades
entre setembro e outubro meses em que estava disponiacutevel para fazer a gravaccedilatildeo das
imagens e das entrevistas Esse segundo criteacuterio acabou eliminado personagens
interessantes como a mestranda em educaccedilatildeo Paula Azeviche e a B-Girl e arte-
educadora Simone Gonccedilalves (a Negramone) ambas importantes fontes sobre o
movimento hip hop baiano e suas articulaccedilotildees com a educaccedilatildeo
6 CONSTRUCcedilAtildeO
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
61 Entrevistados
A partir da equaccedilatildeo disponibilidade versus tempo cheguei ateacute a definiccedilatildeo de
cinco personagens centrais que me ajudaram a remontar a histoacuteria recente do
movimento e a esclarecer essa vertente educacional satildeo eles Jorge Hilton Josenilda
Silva Ananias (Demison Ferreira) e Denis Sena Conversando com essas pessoas
cheguei ateacute os outros personagens do documentaacuterio Faccedilo um breve resumo das
atividades desses cinco personagens
Jorge Hilton- Militante do movimento hip hop baiano desde sua criaccedilatildeo enquanto
movimento organizado a partir 1996 Atua em vaacuterias frentes eacute rapper da Banda
Simples Raprsquoortagem veterana na Bahia com 15 anos de existecircncia eacute educador e jaacute
coordenou projetos que trabalham com a interface educacional do hip hop a exemplo
do Projeto Quadro Negro apresentado no documentaacuterio Socioacutelogo formado pela
Universidade Federal da Bahia estaacute em fase de conclusatildeo de um livro que faz uma
anaacutelise do movimento hip hop no estado Jorge Hilton se faz uma das figuras mais
atuantes do movimento fez parte da articulaccedilatildeo da Rede Aiyecirc Hip Hop e encabeccedilou o
movimento nacional ldquoCadecirc meu cachecircrdquo que valoriza a produccedilatildeo cultural do hip hop
como uma expressatildeo que merece ser
Ananias - De nome de registro Luis Augusto de Santana mas conhecido como
Ananias eacute um dos B-Boys mais ativos e respeitados da cena do breaking baiano Seu
contato com a danccedila de rua se deu pela primeira vez em 1995 quando frequumlentava os
bailes blacks do subuacuterbio ferroviaacuterio de Salvador que eram parte do movimento Black
Bahia A partir dessa experiecircncia Ananias tomou contato com o primeiro grupo de
break de Salvador os Primitivos do Rap Sua aproximaccedilatildeo ao hip hop organizado
tornou aconteceu quando ele entendeu que o breaking tambeacutem eacute um elemento que pode
ter participaccedilatildeo na formaccedilatildeo do caraacuteter consciecircncia corporal social e poliacutetica dos
envolvidos direta ou indiretamente na cultura de rua sendo tambeacutem um instrumento
pedagoacutegico Desde entatildeo participa do movimento hip hop soteropolitano ministrando
oficinas palestras e aulas aleacutem de participar de muitos projetos que visam o progresso
humano dos envolvidos Por conta de sua desenvoltura no movimento atualmente faz
intercacircmbio cultural na Universidade Harvard nos Estados Unidos da Ameacuterica onde jaacute
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
fez palestras sobre o movimento hip hop baiano Integra o grupo Independentes de Rua
que eacute responsaacutevel pela manutenccedilatildeo de rodas de breaking que acontecem todas as terccedilas-
feiras na Praccedila da Seacute
Josenilda Silva - Pedagoga e militante do movimento hip hop desde a adolescecircncia
tem preocupaccedilatildeo especial com a inserccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de conteuacutedos eacutetnico-raciais no
ambiente escolar A experiecircncia com o seu trabalho de conclusatildeo de curso ldquoRap uma
experiecircncia pedagoacutegica na construccedilatildeo da identidade da crianccedila negrardquo onde trabalhou
com raps com crianccedilas e percebeu a eficaacutecia da metodologia que estimulou as crianccedilas a
falarem sobre questotildees soacutecio-raciais e de identidade
Demison Ferreira - Integrante do movimento negro e do movimento hip hop eacute o
coordenador do Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) que trabalha
desenvolvendo oficinas dos quatro elementos do hip hop teatro e basquete O Gaeec eacute
uma instituiccedilatildeo formada por jovens moradores do bairro de Pernambueacutes que sentiam a
necessidade de ocupar o tempo e ampliar os horizontes de crianccedilas e adolescentes que
ficavam parte do dia sem atividade nas ruas do bairro Como jaacute eram integrantes do
movimento hip hop e jaacute foram educandos um dia resolveram compartilhar os
conhecimentos adquiridos formando o grupo
Denis Sena - Eacute artista plaacutestico e usa o graffiti como sua principal expressatildeo artiacutestica
Apesar de natildeo ser militante do movimento hip hop atua como multiplicador de um dos
elementos mais expressivos do movimento o graffiti Comeccedilou a apurar sua teacutecnica e o
discurso de conscientizaccedilatildeo do hip hop junto com os educandos da Organizaccedilatildeo Natildeo
Governamental Projeto Cidadatildeo onde atua como voluntaacuterio haacute oito anos No campo da
arte-educaccedilatildeo tambeacutem desenvolve oficinas e cursos de graffiti em escolas puacuteblicas
particulares aleacutem de outras ONGs Entre suas experiecircncias foi instrutor de graffiti no
Projeto Abrindo Espaccedilos da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a educaccedilatildeo a
Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) no ano de 2002
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
62 Gravaccedilatildeo
A gravaccedilatildeo das entrevistas e imagens das oficinas e da mostra final de uma das
oficinas foi uma etapa vencida ao logo de dois meses Entre as principais encontradas
ganham destaque a falta de um veiacuteculo proacuteprio para transportar o equipamento de
filmagem e a minha impossibilidade de dedicar o dia todo a essas tarefas visto que tive
que conciliar a realizaccedilatildeo deste documentaacuterio com outros meus dois trabalhos na ONG
Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa (como estagiaacuteria no nuacutecleo de mobilizaccedilatildeo accedilatildeo poliacutetica
da instituiccedilatildeo) e no Projeto Lanterninha (como monitora facilitando o acesso de alunos
de escolas puacuteblicas agrave ferramentas do audiovisual) Embora tenha sido altamente
desgastante conciliar as trecircs atividades foi um processo complementar porque nestes
espaccedilos me confrontei com a relaccedilatildeo cada vez mais clara e inseparaacutevel para mim entre
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo poliacutetica Na execuccedilatildeo das gravaccedilotildees contei com a ajuda do
cinegrafista Moiseacutes Santana do nuacutecleo da OI Kabum - novos produtores que me
acompanhou na maioria das saiacutedas
De forma geral o processo de filmagem foi tranquumlilo pois sempre marquei datas e
horaacuterios confortaacuteveis para os entrevistados aleacutem de manter o haacutebito de confirmar as
entrevistas com todos no dia anterior e horas antes da entrevista para natildeo correr o risco
de ser esquecida Tambeacutem natildeo tive problemas com as fitas ou equipamentos
63 Decupagem roteiro e ediccedilatildeo
Decupar o material gravado eacute uma forma de tornar mais praacutetica e raacutepida a ediccedilatildeo
principalmente considerando que em ediccedilatildeo natildeo ndash linear (feita no computador) a captura
do material a ser utilizado eacute a etapa inicial da ediccedilatildeo e conhecer os trechos que seriam
utilizados na construccedilatildeo narrativa foi decisivo para a elaboraccedilatildeo de uma ediccedilatildeo fluida e
praacutetica No processo de decupagem satildeo assinalados os tcrsquos ndash time code ndash das falas
evitando a perda de tempo na busca do trecho de entrevista escolhido A decupagem do
material gravado total de cinco fitas foi feita no Laboratoacuterio de TV da Facom e durou
quatro manhatildes
A elaboraccedilatildeo do roteiro consiste em desenvolver uma ideacuteia da qual se originaraacute a
estrutura narrativa do viacutedeo Em se tratando de um viacutedeo documentaacuterio natildeo se tem
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
absoluto controle de tudo o que vai acontecer por isso os roteiros de documentaacuterios
costumam ser finalizados apoacutes as gravaccedilotildees Nesse caso a construccedilatildeo do roteiro
obedeceu aos criteacuterios de ordem praacutetica a ideacuteia baacutesica era construir a narrativa do
documentaacuterio baseada em blocos de falas dos personagens que em seus discursos
acabam por fazer vaacuterias conexotildees temaacuteticas Pensei no viacutedeo como um texto onde as
falas tecircm que ter conexatildeo umas com as outras para uma questatildeo de entendimento do
leitor Entre as preocupaccedilotildees mais recorrentes a de destaque foi construir um discurso
condizente mas que natildeo descaracterizasse ou modificasse o sentido da fala dos
entrevistados visto que na ilha de ediccedilatildeo existem algumas teacutecnicas que podem acabar
por deturpar a fala dos envolvidos Vencida essa barreira separei os entrevistados em
grupos Educandos arte-educadores e especialistas (ou pesquisadores) e em seguida
dividi os grupos em temas por exemplo o primeiro bloco de fala dos educandos faz
referecircncia aos seus primeiros contatos com um dos elementos do hip hop Na elaboraccedilatildeo
do roteiro foi montada a estrutura baacutesica do documentaacuterio como a introduccedilatildeo ao tema
que se daacute logo na abertura do viacutedeo quando os quatro elementos do hip hop satildeo
apresentados em quadros diferentes e se unem em um soacute formando na tela a
representaccedilatildeo do movimento Nesse momento tambeacutem foi definido que cada quadro que
representava os elementos ganharia uma identidade de cor que seria mantida ao longo
do viacutedeo Na elaboraccedilatildeo do roteiro tambeacutem jaacute previ a inserccedilatildeo de clipes de passagem
com trechos de imagens e muacutesicas representativas do rap e cartelas que satildeo claquetes
com informaccedilotildees extras que complementam a compreensatildeo do que eacute dito pelos
entrevistados
Ediccedilatildeo de viacutedeo eacute o processo de corte e montagem do viacutedeo Aqui foram definidos
quais os trechos realmente vatildeo ficar no produto final porque o material que vem da
decupagem eacute sempre maior do que o que realmente vai ser usado Tambeacutem eacute nesta fase
da produccedilatildeo que satildeo inseridos os efeitos especiais as trilhas sonoras e as legendas que
datildeo um sentido complementar a obra Como estava com uma restriccedilatildeo de dias e horaacuterios
natildeo pude usar a estrutura da Facom pois a editora de viacutedeo soacute estaacute na faculdade pelo
periacuteodo da manhatilde aleacutem disso haacute uma grande demanda de trabalhos para serem
editados por ela Por isso a ediccedilatildeo do projeto foi feita na Ilha de Ediccedilatildeo da OI Kabum
Escola de Arte e Tecnologia pois como sou estagiaacuteria da Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa
(gestora da Kabum) tenho acesso facilitado agrave estrutura da instituiccedilatildeo Deacutebora Freire a
editora que montou o projeto junto comigo jaacute tem vaacuterios anos de experiecircncia e me deu
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
dicas importantes para a construccedilatildeo de uma linguagem audiovisual mais clara para o
espectador como por exemplo a utilizaccedilatildeo de uma fonte que tivesse semelhanccedila com o
graffiti dessa forma o viacutedeo ganharia mais identidade visual com o tema O Programa
de ediccedilatildeo utilizado foi o Final Cut que permite que a ediccedilatildeo ocorra de forma natildeo linear
facilitando a montagem
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
7 MEMOacuteRIA
As primeiras inquietaccedilotildees acerca da efervescecircncia do movimento hip hop
surgiram ainda na adolescecircncia quando por conta de uma oficina de fotografia no Liceu
de Artes e Ofiacutecios me deparei pela primeira vez com tema identidade que foi escolhido
pelo grupo como tema para o nosso ensaio fotograacutefico Quando ingressei na
universidade assuntos referentes a movimentos sociais tambeacutem comeccedilaram a chamar a
minha atenccedilatildeo Entretanto a oportunidade para um aprofundamento aconteceu quando
no quarto semestre cursei a disciplina Oficina de Jornalismo Impresso Nessa eacutepoca fiz
uma mateacuteria para o Jornal da Facom sobre o dia da Consciecircncia Negra e no texto foi
encaixado um box sobre o movimento hip hop de Salvador Aiacute percebi de fato
configuraccedilatildeo do movimento como uma forma de militacircncia e ativismo social Nesse
contexto a realizaccedilatildeo do viacutedeo documentaacuterio Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular se mostra
como uma oportunidade diante dos meus conhecimentos adquiridos enquanto estudante
de jornalismo de aprofundar tanto em teoria como em vivencia com o tema em questatildeo
Parte das percepccedilotildees e da experiecircncia adquirida no processo de construccedilatildeo do viacutedeo jaacute
estaacute diluiacuteda no capiacutetulo 6 que conta sobre a construccedilatildeo
Antes da etapa de produccedilatildeo tive que me ater a uma pesquisa teoacuterica sobre o tema e
a relevacircncia deste estudo reside em sua possibilidade de ser instrumento de apoio agraves
anaacutelises sobre a possiacutevel eficaacutecia de atividades educacionais alternativas Escolhi o
formato documentaacuterio porque tenho um especial interesse na linguagem audiovisual e
acredito que atraveacutes dela podemos fazer educaccedilatildeo e poliacutetica Entendendo o viacutedeo
documentaacuterio como um importante instrumento para a construccedilatildeo da cidadania por sua
abrangecircncia nas comunidades e cada vez mais os recursos audiovisuais satildeo consumidos
e produzidos nas comunidades populares do paiacutes
Uma das motivaccedilotildees que me levaram a pesquisar mais sobre alternativas ao
modelo formal da educaccedilatildeo eacute que sempre me choco com a crise no sistema educacional
brasileiro Entretanto percebo que jaacute eacute visiacutevel uma reaccedilatildeo da sociedade ainda que em
microesfera Os dados sobre educaccedilatildeo no Brasil natildeo satildeo nada satisfatoacuterios a uacuteltima
pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (Pnad) divulgou que 14 milhotildees de
brasileiros satildeo analfabetos funcionais Isso sem falar dos 10 de brasileiros que natildeo
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
sabem ler e escrever Nesse contexto visibilizar trabalhos como os dos grupos que
acompanhei eacute um dos motivos de me levaram a escolher o hip hop e sua relaccedilatildeo com
accedilotildees educativas como tema do documentaacuterio
Ao longo do processo de produccedilatildeo do viacutedeo principalmente quando estava no
processo de convencimento das fontes notei uma das particularidades do movimento hip
hop de Salvador que eacute a seleccedilatildeo dos projetos que eles querem participar Digo isso
porque em muitas vezes tive que explicar detalhadamente as intenccedilotildees do projeto e
como estava sendo feito De uma forma geral quem eacute militante do movimento hip hop
criou uma espeacutecie de resistecircncia a participar de forma aleatoacuteria de mateacuterias jornaliacutesticas
viacutedeos e outros produtos comunicacionais pois na deacutecada de 2000 aconteceu uma
explosatildeo de pesquisas e mateacuterias jornaliacutesticas sobre o movimento Entretanto os
militantes perceberam que muitas vezes os trabalhos natildeo contemplavam o contexto em
que estavam inseridos e faziam anaacutelises soltas e sem reflexatildeo algumas ateacute carregadas
de preacute-conceitos Minha escolha pelo movimento hip hop como tema para um
documentaacuterio surgiu de uma identificaccedilatildeo pessoal e admiraccedilatildeo que tenho pelos ideais
do movimento
Quando todos os participantes do documentaacuterio jaacute sabiam do que se tratava a
proposta fui bem recebida em todos os lugares e recebi vaacuterias indicaccedilotildees de outras
pessoas e grupos que realizavam trabalhos semelhantes mas como o documentaacuterio tem
uma atuaccedilatildeo restrita me ative a concentrar esforccedilos em apenas dois grupos o Projeto
Cidadatildeo e o Gaeec Ao longo das entrevistas e das visitas aos grupos pude acompanhar
o processo ensino aprendizagem de perto e sentir o quanto eacute rica a tomada de
consciecircncia gerada pela experiecircncia de participaccedilatildeo num movimento social
Um dos objetivos do projeto eacute que as informaccedilotildees reflexotildees e provocaccedilotildees
presentes em seu conteuacutedo permitam conhecer de forma mais profunda o que se faz de
alternativo agrave educaccedilatildeo formal Por isso uma das metas do projeto eacute disponibilizar
resultado final do viacutedeo para as comunidades e grupos que jaacute fazem algum tipo de
trabalho na aacuterea de educaccedilatildeo popular
Este trabalho visa compreender o hip hop como processo educativo natildeo formal que
socializa os indiviacuteduos contribuindo para uma postura mais cidadatilde e consciente de si
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
O produto audiovisual neste caso tambeacutem pode servir contribuir como diaacutelogo entre
diferentes segmentos sociais De forma conclusiva afirmo que com certeza natildeo sou a
mesma depois da realizaccedilatildeo dessa pesquisa e natildeo encerro aqui a minha disposiccedilatildeo em
fazer novas descobertas
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ANDRADE Elaine Nunes de (Org) Rap e Educaccedilatildeo Rap eacute Educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Selo Negro 2000
CONCEICcedilAtildeO Ana Paula Oliveira Movimento Hip Hop educaccedilatildeo em quatro
elementos Monografia de Graduaccedilatildeo Universidade Federal da Bahia Faculdade de
Educaccedilatildeo Salvador 2007
CASSEANO P DOMENICH M ROCHA J Hip-hop A periferia grita Satildeo Paulo Ed Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2001 FREIRE Paulo Educaccedilatildeo e Mudanccedila Satildeo Paulo Editora Paz e Terra 1982 ____________ Conscientizaccedilatildeo ndash Teoria e Praacutetica da Libertaccedilatildeo do Pensamento- Uma Introduccedilatildeo ao Pensamento de Paulo Freire Satildeo Paulo Editora Cortez amp Moraes 1979
GOLDEMBERG Miriam A arte de pesquisar como fazer pesquisa qualitativa em
Ciecircncias Sociais 10ed Rio de Janeiro Record 2007
GHON Maria da Gloacuteria Marcondes Educaccedilatildeo natildeo-formal e cultura poliacutetica
impactos sobre o associativismo do terceiro setor 3ed Satildeo Paulo Cortez 2005
HALL Stuart A identidade cultural na poacutes-modernidade Rio de Janeiro DPampA 1998 HERSCHMANN Micael O funk e o hip hop invadem a cena Rio de Janeiro
Editora UFRJ 2000
LAGE Nilson A reportagem teoria e teacutecnica de entrevista e pesquisa jornaliacutestica Rio de Janeiro Record 2001
LINS C MESQUITA C Filmar o real sobre o documentaacuterio brasileiro contemporacircneo Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008
MESSIAS Ivan dos Santos Hip hop educaccedilatildeo e poder o rap como instrumento de
educaccedilatildeo natildeo-formal Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Comunicaccedilatildeo Salvador 2008
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
NICHOLS Bill Introduccedilatildeo do documentaacuterio Trad Mocircnica Saddy Martins Campinas SP Papirus 2005
SANTOS Milton Por uma outra globalizaccedilatildeo do pensamento uacutenico agrave consciecircncia
universal 6 ed Rio de Janeiro Record 2001
SODREacute Muniz Claros e escuros identidade povo e miacutedia no Brasil Petroacutepolis RJ
Vozes 2000
WIKIPEacuteDIA Educaccedilatildeo Popular Disponiacutevel em lt httpptwikipediaorgwikiEduca
C3A7C3A3o_popular gt Acesso em 29092009
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
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Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
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Banca de avaliaccedilatildeo
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92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
9 ANEXOS
91 Cronograma
Cronograma
Accedilotildees Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisatildeo bibliograacutefica Visita a comunidade
x
Coleta de dados Elaboraccedilatildeo de entrevistas Definir locais para as filmagens
x
Montar equipe Execuccedilatildeo das filmagens
x x x
Anaacutelise do material Decupagem Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo da memoacuteria
x x
Banca de avaliaccedilatildeo
x
92 Ficha teacutecnica
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18 min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
ANEXO ndash Roteiro de ediccedilatildeo TEC - Fade in Claquete Tiacutetulo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular Direccedilatildeo Rebeca Bastos Tempo 17 min Maio2009 FACOM ndash UFBA TEC - Fade out TEC - Fade in
15rsquorsquo
Abertura (graacutefica) tela dividida em quatro (cada quadro representa um elemento) TEC- Entrecruzamento de imagens TEC - Fade in Viacutedeo menina DJ cor azul palavra DJ TEC - Fade in Viacutedeo rapaz grafita cor vermelho palavra GRAFITTI TEC - Fade in Viacutedeo grupo danccedila cor amarelo palavra BREAKING TEC - Fade in Viacutedeo jovens cantam cor verde palavra RAP TEC - Fade in Tiacutetulo do Viacutedeo Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular TEC - Fade out
2rsquorsquo 2rsquorsquo 2rsquorsquo 3rsquorsquo 8rsquorsquo
TEC - Muacutesica ldquoHaitirdquo (Caetano Veloso) 0017 ndash 0034
BLOCO 1 Sonora Coru GC Coru Danilo de Oliveira 16
14rsquorsquo Fui me envolvendo mais na cultura com sentimento entendeu
18 MINUTOS
TEMPO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICACcedilAtildeO
REBECA BASTOS
DIRECcedilAtildeO
DOCUMENTAacuteRIO HOP E EDUCACcedilAtildeO POPULAR
ROTEIRO
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
Fita 01 TC 00 3330 ndash 00 34 23 Sonora Snob 85 GC Snob 85 Leonardo Giron 24 FITA 01 TC 003123 ndash 003140 Sonora Tami GC Tami Tacircmara Santos 16 FITA 01 TC 002020 ndash 002051 Sonora Cazu GC Cazu Nicholas Muniz 15 FITA 01 TC 002333 ndash 002402 Sonora Marcus Vinicius GC Marcus Vinicius 19 FITA 05 TC 000017 ndash 000046 Sonora Adriana Silva GC Adriana Silva 14 FITA 03 TC 002050 ndash 00210920 Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000155 ndash 000246 Fade out Fade in TEC ndash Suspensatildeo de imagem Claquete Gaeec
13rsquorsquo 12rdquo 19rdquo 10rdquo 12rdquo 10rdquo 28rdquo
ldquoPoh o graffti eacute minha vida tocirc ateacute hojerdquo ldquoTenho oito meses aquiem todos os sentidosrdquo ldquoEu tomava aulavim e gosteirdquo ldquoNo hip hop antes eutem um conteuacutedordquo ldquoAleacutem de fazer que eu sei que tambeacutem faz parte entendeurdquo ldquoFaz evoluir em tudojaacute conheccedilo muita genterdquo Sobe som ambiente
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
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ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
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13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) criado em 2005 por um grupo de jovens oriundos do movimento negro tem como principal objetivo facilitar o acesso a atividades culturais e esportivas para crianccedilas e adolescentes de Pernambueacutes TEC ndash Fade out BLOCO 2 Sonora Valter Altino GC Valter Altino Mestre em sociologia Atitude quilombola Foacuterum de Igualdade Racial FITA 04 TC 005204 ndash 005534 Sonora Marcelo Matos GC Marcelo Matos Mestre em educaccedilatildeo FITA 05 TC 000649 ndash 000923 Claquete Fade in Projeto Cidadatildeo A ONG Projeto Cidadatildeo foi fundada em 2000 pela motivaccedilatildeo do artista plaacutestico Antonio Jorge que tem preocupaccedilotildees com as questotildees sociais da sua comunidade Desde entatildeo a instituiccedilatildeo que eacute mantida por voluntaacuterios jaacute atendeu centenas de crianccedilas e adolescentes da aacuterea Entre as diversas linguagens oferecidas o graffiti eacute uma das que mais atraem a atenccedilatildeo dos jovens BLOCO 3 Sonora Denis Sena GC Denis Sena Arte-educador ndash Projeto Cidadatildeo FITA 01 TC 00 0730 ndash 001050
1rsquo10rsquorsquo 1rsquo12rsquorsquo 15rdquo 30rdquo
ldquoA importacircncia da arte ativa na sociedaderdquo ldquoA Proacutepria juventudeque eacute o que falta hojerdquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0001 ndash 0015 ldquoSer educador eacute Sempre acreditei na arterdquo
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
30rdquo 30rsquorsquo 17rsquorsquo 20rsquorsquo 13rsquorsquo 45rsquorsquo 47rsquorsquo
ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
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13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
Sonora Ananias GC Ananias Bboy arte-educador FITA 03 TC 001220ndash 001429 Sonora Tina GC Tina B Girl arte-educadora FITA 04 TC 005833 ndash 005950 Sonora Ananias FITA 03 TC 001437ndash 001629 Sonora Denis Sena FITA 01 TC 00 1235 ndash 001359 BLOCO 4 Clipe imagens grupo de danccedila Fade in Fade out Sonora Naacutedia Cardoso GC Naacutedia Cardoso Instituto Steve Biko FITA 04 TC 000710 ndash 000912 Josenilda Silva GC Josenilda Silva Pedagoga
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ldquoSer Bboy natildeo eacute simplesmente danccedilarquero saber sempre mais ldquoOs meninos chegavam o que eacute educaccedilatildeo em sirdquo ldquoTrabalha com identidade bem politizadordquo ldquoEacute uma troca constante dessa evoluccedilatildeordquo TEC - Muacutesica ldquoGuerreiro guerreirardquo (Negra Li e Helhatildeo) 0020 ndash 0033rsquorsquo ldquoVejo algumas discussotildees do movimento negrordquo ldquoExiste essa discussatildeoeacute a populaccedilatildeo negrardquo
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
FITA 02 Sonora TC 000330 ndash 000525 FITA 02 Sonora Jorge Hilton GC Jorge Hilton Socioacutelogo rapper e arte-educador TC 001740 ndash 001929 Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001035ndash 001229 TEC - Fade in Imagens do viacutedeo ldquoProjeto Quadro Negro 1rdquo TEC ndash Fade out TEC - Fade in Sonora Jorge Hilton FITA 02 TC 002038ndash 002259 TEC ndash Fade out TEC - Fade in Viacutedeo projeto Quadro Negro 2 TEC ndash Fade out Sonora Josenilda Silva FITA 02 TC 001638ndash 001934
BLOCO 5 TEC - Fade in Imagens do movimento TEC ndash Fade out
50rsquorsquo 36rsquorsquo 51rsquorsquo 22rsquorsquo 25rsquorsquo 1rsquo10rsquorsquo 10rsquorsquo
ldquoO movimento hip hop na discotecagem dos DJsrdquo ldquoExiste uma preocupaccedilatildeo uma responsabilidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton )
ldquoA gente queria depois que entrei na universidaderdquo TEC - Muacutesica projeto quadro negro (Jorge Hilton ) ldquoA organizaccedilatildeo que se daacute em trabalhar issordquo TEC - Muacutesica ldquoOlha o Meninordquo (509-E ) 0128 ndash 0138
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001345ndash 001407 Sonora Demison Ferreira GC Demison Ferreira Cordenador Gaeec FITA 03 TC 003440 ndash 00 3515 Sonora Ananias FITA 03 TC 00 2945ndash 003111 Sonora Demison Ferreira FITA 03 TC 00 3650ndash 003718 Fade out Claquete Fade in Aacutefrika Bambaataa Eacute um DJ estado-unidense que eacute considerado o pai do Hip Hop por ter definido os princiacutepios norteadores do movimento quando criou a organizaccedilatildeo Zulu Nation em 1973 Utilizou-se de muitas gravaccedilotildees jaacute existentes de diferentes tipos de muacutesica com o canto falado que caracteriza o Rap Fade out Fade in Sonora Denis Sena FITA 01 TC 001955ndash 002123 Sonora Ananias FITA 03
42rsquorsquo 22rsquorsquo 35rsquorsquo 21rsquorsquo 17rsquorsquo 14rsquorsquo 40rsquorsquo
ldquoO movimento tem uma grande eacute crescenterdquo ldquoUma relaccedilatildeo de praacutetica que vocecirc jaacute conhecerdquo ldquoEu vi que o breaking sobre os elementos do hip hoprdquo ldquoHoje a gente desenvolve TEC - Muacutesica ldquoFeel the viberdquo (DJ Aacutefrica Bambaataa) 0001 ndash 0017 ldquoEu vejo hoje a resistecircnciaeacute a educaccedilatildeo saberdquo ldquoPrefiro trabalhar com os jovens passagem da vida delerdquo
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
TC 00 3145ndash 003219
BLOCO 6 Fade in Sonora Marcus Vinicius FITA 05 TC 000203ndash 000245 Sonora Adriana FITA 03 TC 004016ndash 004133 Sonora Tami FITA 01 TC 002053ndash 0021 47 Sonora Coru FITA 01 TC 00375ndash 0039 53 Sonora Cazu FITA 01 TC 002523ndash 0025 39 Fad out Imagens diversas dos quatro elementos e das pessoas no movimento Claquete UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA TRABALHO DE CONCLUSAtildeO DO CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO 20092
13rsquorsquo 10rdquo 08rsquorsquo 20rsquorsquo 09rsquorsquo 53rsquorsquo 21rdquo
ldquoO hip hop ajuda a gente bastante em tudordquo ldquo Quero conhecer mais faz parte tambeacutemrdquo ldquoAprendi a ter auto-confianccedila mas normalrdquo ldquoA gente tem uma uniatildeo representando o nosso bairrordquo ldquoTocirc querendo fazer uma faculdade continuar grafitando entedeurdquo TEC - Muacutesica ldquoRespeito eacute Bomrdquo (RBF) 0032 ndash 0128
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
Hip Hop e Educaccedilatildeo Popular (18
min cor digital 2009)
Direccedilatildeo Roteiro e Produccedilatildeo Rebeca Bastos Imagens Moiseacutes Arauacutejo Lenon Reis e Rebeca Bastos Imagens Projeto Quadro Negro Ed Avelino e Eliciana Liz Imagens Hip Hop pelas cotas uma reaccedilatildeo afirmativa TV UFBA Ediccedilatildeo Finalizaccedilatildeo Deacutebora Freire Agradecimentos Grupo de Arte-Educaccedilatildeo Esporte e Cultura (Gaeec) Projeto Cidadatildeo Banda Simples Rapacuteortagem OI Kabum Escola de Arte e Tecnologia Cipoacute- Comunicaccedilatildeo Interativa Projeto Lanterninha A todos e todas que de cederam tempo e atenccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse projeto em especial para Deacutebora Freire e para Jorge Hilton
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