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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
INDISCIPLINA : SEUS PROBLEMAS E AS INTERVENÇÕES
PSICOPEDAGÓGICAS EM SALA DE AULA
Por: Gleide Cristina dos Santos Claudino
Orientador
Prof. Vilson Sérgio
Rio de Janeiro
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
Fevereiro / 2015
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
INDISCIPLINA : SEUS PROBLEMAS E AS INTERVENÇÕES
PSICOPEDAGÓGICAS EM SALA DE AULA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicopegagogia.
Por: . Gleide Cristina dos Santos Claudino .
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço а Deus pois sеm Ele еυ nãо teria forças pаrа cursar esta pós-
graduação e me especializar como Psicopedagoga.
Agradeço аo professor orientador qυе mе ajudou á concluir еstе
trabalho.
À minha família, pоr sua capacidade dе acreditar еm mіm е investir еm
mim. A minha mãe Leni, pelo sеυ cuidado е dedicação fоі que deram, еm
alguns momentos, а esperança pаrа seguir. Ao meu pai Valmir, sυа
presença significou segurança е certeza dе qυе não estou sozinho nessa
caminhada.
Аs amigas da pós graduação, pelo incentivo е pelo apoio constantes.
Aos amigos que passaram por essa minha trajetória e os que ficam,
muito obrigada, por participarem dessa conquista.
A todos aqueles qυе dе alguma forma estiveram е estão próximos dе
mim, fazendo esta vida valer cada vеz mais а pena.
À todos, muito obrigada !
4
DEDICATÓRIA
.....A minha Família Claudino, com
todo amor e carinho.
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RESUMO
Em sintonia com vários estudos na área o problema de indisciplina em
sala de aula é cada vez mais recorrente no cotidiano escolar.
A indisciplina é freqüente em sala de aula e que, na maioria das
vezes, dificulta o aprendizado, não só do educando indisciplinado, como
também de todos os que se encontram ali. Conforme estudos, acrescenta-se
também o envolvimento de diferentes fatores, causando assim uma grande
complexidade no ambiente escolar. Das manifestações indisciplinares em sala
de aula citam-se transtornos, falta de atenção, desinteresse, dificuldades de
relacionamento professor X aluno e por conseqüência baixo rendimento
escolar.
Portanto, é nesse contexto que abarca o nosso trabalho, em que
pretendemos promover uma reflexão sobre a indisciplina à luz de diferentes
olhares, mostrando que a indisciplina pode adquirir conotações diferentes,
dependendo dos pressuposto teóricos tomados como referência pelo educador.
Agregando a essa pesquisa, vamos traçar como é estabelecido o diálogo da
relação aluno e professor em sala de aula e quais as intervenções
psicopedagógicas utilizadas em sala de aula para contribuir na prevenção
sobre a indisciplina.
Palavras chaves : Indisciplina, Intervenções, Psicopedagogia.
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METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliografia que será feita uma abordagem
das possíveis intervenções psicopedagógicas na questão de prevenir a
indisciplina em sala de aula; na qual os dados serão coletados em fontes
secundárias de livros, revistas, artigos, que abordam a intervenção
psicopedagógica na indisciplina em sala de aula.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
ASPECTOS GERAIS DA INDISCIPLINA EM SALA DE AULA 11
CAPÍTULO II
RELAÇÃO PROFESSOR X ALUNO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA 19
CAPÍTULO III
INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS PREVENTIVAS PARA A INDISCIPLINA 29
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
ÍNDICE 40
8
INTRODUÇÃO
Um dos principais obstáculos enfrentados nas escolas é com a
indisciplina de alunos em sala de aula. Em sintonia com vários estudos na
área , este problema de indisciplina é cada vez mais recorrente no cotidiano
escolar; seja ela pública ou privada, incomodando o corpo docente da mesma.
A indisciplina, além de não limitar-se a determinados níveis de
escolaridade, também não se restringe a países ou culturas específicas.
Estrela (1992) constatou em suas investigações que a indisciplina tem
promovido avanços em sala de aula e preocupado os governos europeus,
levando-os a adoção de medidas para conter suas influências prejudiciais
à práxis educacional. A autora aponta a indisciplina como “um dos problemas
mais difíceis e aliciantes com que se defrontam actualmente as escolas dos
países ocidentais” .Talvez, a indisciplina seja uma realidade vivenciada no
mundo todo, inclusive nos países do oriente. Entretanto suas manifestações
podem adquirir conotações diferentes em função dos valores culturais
estabelecidos por essas nações.
Sendo freqüente a indisciplina em sala de aula e que, na maioria das
vezes, dificulta o aprendizado, não só do educando indisciplinado, como
também de todos os que se encontram ali.
Conforme estudos, acrescenta-se também o envolvimento de fatores
externos como também internos, causando assim uma grande complexidade
no ambiente escolar.
Através também de pesquisa realizada por Macedo (2005): pode-se
perceber que a indisciplina em sala de aula também pode estar ligado aos
fatores internos e sendo assim é demonstrado por meio de alguns tipos de
comportamentos conforme o quadro abaixo :
-COMPORTAMENTO DO ALUNO DESCRIÇÃO HIPERATIVO: Aquele que não para sentado, que tem necessidade de
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falar o tempo todo, de brincar, de jogar bolinhas de papel, de mexer - se na carteira. Ele não precisa ser necessariamente um mau aluno, pois pode conseguir certa concentração na aula em curtos períodos. No entanto, logo se desconcentra, se desinteressa, voltando a agitar - se e a atrapalhar colegas que, mesmo não sendo agitados como ele, tendem a dispersar - se provocados por seu mau comportamento. Esse aluno tende a ser o "palhacinho" da classe e, como tal, recebe dos colegas um reforço de ajuda a perpetuar sua inadequação.
DISPERSO/ DISTRAÍDO : Esse é o aluno que não atrapalha a aula. Mas você percebe que ele está "viajando" em seus pensamentos, muito distante do que ocorre em classe. Por sua postura e por seu caderno, você percebe que ele não está ligado na aula.
CONVERSADOR: Diferentemente dos hiperativos há alunos que conversam o tempo todo com os colegas do lado, sem que haja nesse comportamento uma intenção de perturbar a aula. Só os compulsivamente conversadores, aqueles que não aguentam ficar um minuto inteiro sem comentar alguma coisa até mesmo sobre o que está ocorrendo na aula, sem cochichar, sem ter que sempre alguma coisa urgente para "combinar" com o colega do lado, ainda que esse colega não seja o seu melhor amigo nem um conversador como ele.
POLEMIZADOR : Toda classe tem sempre aquele aluno do "contra". Se você diz que um trabalho deve ser feito por escrito, ele reclama, achando melhor fazê-lo oralmente. Se você passa uma lição para ser feita em classe, ele pergunta por que não fazê-la em casa. Se você propõe uma tarefa em grupo, ele palpita que seria melhor fazê-la individualmente. Se você determina que os grupos devem ser compostos por quatro alunos, ele quer que sejam de cinco e assim por diante. Ele na verdade, está se exibindo. Quer mostrar aos colegas que tem o poder de impedir que a aula siga seu curso normal. APÁTICO : É o aluno que fica sentado, quietinho nunca fala e geralmente apresenta um rendimento muito baixo. Você pode ameaçar até punição coletiva para classe, que ele não reclama. Pode até deixar de corrigir uma questão da prova dele sem que ele proteste. Esse caso é um dos mais complicados de lidar. Como se pode perceber, cada aluno pode apresentar um tipo de indisciplina, sendo essencial que se conheça, somando às características pessoais, para que assim se possa tomar a melhor posição sobre o problema.
Portanto, é nesse contexto que abarca a pesquisa e que pretendemos
promover uma reflexão sobre a indisciplina à luz de diferentes olhares,
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mostrando que a indisciplina pode adquirir conotações diferentes, dependendo
dos pressuposto teóricos tomados como referência pelo educador.
Para nortear esta pesquisa “ Indisciplina: seus problemas e as
intervenções psicodegagógicas em sala de aula” , este trabalho será discorrido
em três capítulo.
No primeiro capítulo, vamos discorrer dos aspectos gerais da
indisciplina em sala de aula . Estaremos nos debruçando em diversidade de
posicionamento de alguns estudiosos que fazem essa abordagem. Agregando
também este capítulo, citaremos alguns aspectos que vão interferir na gestão
disciplinar resultando na indisciplina em sala de aula.
No segundo capítulo trataremos sobre como é estabelecido o diálogo
da relação aluno e professor em sala de aula. Como fonte teórica, fomos
buscar na obra do educador e filósofo espanhol Affonso Lópes Quintás uma
análise das questões ligadas às relações interpessoais no cenário escolar ,
mais especificamente em sala de aula .
No terceiro capítulo apresentaremos algumas sugestões de intervenções
psicopedagógicas abordadas dentre as bibliografias consultadas para a nossa
pesquisa. Intervenções essas que podem ser utilizadas em sala de aula para
contribuir na prevenção sobre a indisciplina; de forma a facilitar o cotidiano dos
educadores, e assim, melhorar a aprendizagem dos alunos.
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CAPÍTULO I
ASPECTOS GERAIS DA INDISCIPLINA EM SALA DE AULA
A indisciplina na escola, pontualmente em sala de aula está na ordem
do dia. As preocupações de educadores de maneira geral relacionado ao
comportamentos escolares dos alunos, têm sido consideráveis nos últimos
anos.
O clima em sala de aula deveria ser de liberdade e como também de
tolerância, de modo a permitir que os alunos agregam valores e ajam em
conformidade com eles. A autonomia a conduz a autodisciplina, não
significando, no entanto, que o professor tenha uma atitude de indiferença, ou
de apatia perante os alunos. Ao contrário, as suas atitudes, embora
democráticas, devem ser firmes.
Entretanto, nos nossos dias, cada vez é mais difícil estabelecer a
disciplina e fazê-la respeitar. Atualmente, a posição do aluno é muito diferente
dos moldes tradicionais. Com o efeito da evolução das condições gerais de
vida, em todos os meios, as crianças tornaram-se mais independentes, e
menos dispostas a obedecer à autoridade dos adultos.
Ao investigar os aspectos gerais da indisciplina em sala de aula, há uma
diversidade de posicionamento de alguns estudiosos que fazem essa
abordagem .
De acordo com Aquino (1996 p. 40), “embora o fenômeno da indisciplina
seja um velho conhecido de todos, sua relevância teórica não é tão nítida”.
A origem dos comportamentos colocados como indisciplinares, pode
estar ligada a uma tipologia das indisciplinas em que agrega em diversos
fatores: uns ligados a questões verificados nos alunos; outros gerados no
processo pedagógico escolar , uns relacionados ao professor principalmente
em sala de aula; e outros alheios ao contexto escolar.
Seguindo essa linha Garcia, redefine a indisciplina sendo um múltiplos
de fatores capazes de desencadeá-la.
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De um lado, é possível situá-la no contexto das condutas dos alunos nas diversas atividades pedagógicas, seja dentro ou fora da sala de aula. Em complemento, deve-se considerar a indisciplina sob a dimensão dos processos de socialização e relacionamentos que os alunos exercem na escola, na relação com seus pares e com os profissionais da educação, no contexto do espaço escolar – com suas atividades pedagógicas, patrimônio, ambiente, etc. Finalmente, é preciso pensar a indisciplina no contexto do desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Sob esta perspectiva, define-se indisciplina como a incongruência entre os critérios e expectativas assumidos pela escola (que supostamente refletem o pensamento da comunidade escolar) em termos de comportamento, atitudes, socialização, relacionamentos e desenvolvimento cognitivo, e aquilo que demonstram os estudantes. (Garcia, 1992, p 102)
Exemplificando os possíveis fatores que podem favorecer a ocorrência
da indisciplina Amado apresenta-nos sete categorias:
Fatores de ordem social e política: interesses, valores e vivências de classe divergentes e opostas, racismo, xenofobia, desemprego, pobreza. Fatores de ordem familiar: valores familiares diferentes dos valores da escola, disfuncionamento do agregado familiar, demissão da função socializadora. Fatores institucionais formais: espaços, horários, currículo e ethos desajustados aos interesses e ritmos dos alunos. Fatores institucionais informais: interação e lideranças no interior do grupo-turma que criam um clima de conflitos e de oposição às exigências da escola e de certos professores. Fatores pedagógicos: métodos e competências de ensino, regras e inconsistência na sua aplicação, estilos de relação desadequados. Fatores pessoais do professor: valores, crenças, estilo de autoridade, expectativas negativas relativamente aos alunos. Fatores pessoais do aluno: interesse, adaptação, desenvolvimento cognitivo e moral, hábitos de trabalho, história de vida e carreira acadêmica, autoconceito, idade, sexo, problemas patogênicos. (Amado, 2001, p.42)
Para Oliveira (2005, p.21), “ Além de a indisciplina causar danos ao
professor e ao processo ensino-aprendizagem, o aluno também é prejudicado
pelo seu próprio comportamento: ele não aproveitará que se nada dos
conteúdos ministrados durante as aulas, pois o barulho e a movimentação
impedem qualquer trabalho reprodutivo”.
Entende-se que a indisciplina, por esta ótica, causa graves problemas
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ao ensino-aprendizagem, pois dificulta a aquisição e transmissão do
conhecimento. Em uma sala de aula onde há muito movimentação e barulho ,
claramente o professor não conseguirá desenvolver as suas atividades de
forma plena, devido à dificuldade enfrentada através de alguns alunos
indisciplinados. E o problema da indisciplina torna-se mais agravante em salas
super lotadas, sem espaço físico em condições desfavorecidas
pedagogicamente falando.
Segundo Passos (1996) a indisciplina escolar está relacionada a alguns
significados como por exemplo, ousadia, criatividade, inconformismo ou
resistência. Isso não implica em desconsiderar a importância da disciplina, mas
apenas em colocá-la em um plano secundário para que se fortaleça o que está
em um plano anterior à ela, que é a aprendizagem e o saber decorrente da
relação com a mesma. Como diz Joe Garcia “ são rebelde criativos”. A autora
também destaca a importância de se analisar os múltiplos aspectos envolvidos
na indisciplina em sala de aula, como as estruturas de poder na escola, as
pressões e expectativas dos pais, as concepções dos professores em relação à
construção do conhecimento, dentre outros, ou seja, a importância de se
analisar o agir dos sujeitos e da instituição nas suas ligações com o contexto
social, pois é essa interação que vai compondo as dimensões a serem
analisadas quando se estuda a dinâmica expressa no cotidiano escolar.
Amado (2001) também reconheceu tipologias relacionados à indisciplina
em sala de aula que são : da relação professor-aluno, da relação aluno-aluno e
do processo-aula.
A relação professor-aluno é formada por comportamentos de indisciplina
que visam diretamente o professor enquanto agente de autoridade e enquanto
responsável pelo processo de ensino. Entre eles estão: agredir, ameaçar e/ou
insultar o professor; replicar avisos, chamadas de atenção e castigos;
contestar; desobedecer; exprimir claramente sua desmotivação.
A relação aluno-aluno está relacionada a procedimentos que põem um
desiquilíbrio relacional entre alunos de uma mesma turma ou que visam instigar
comportamentos alterados. São eles: agredir colegas; brigar; insultar;
comportamentos de cunho sexual.
O processo-aula diz respeito a um conjunto de comportamentos que
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impedem o bom funcionamento da aula, isto é, que perturbam as condições de
trabalho, afetando a organização da classe e o rendimento da turma. Os
comportamentos identificados pelo autor são: conversas paralelas; brincadeiras
com jogos ou objetos alheios à situação escolar; deslocações não autorizadas.
Segundo Tiba(2006), também alguns aspectos interfere na gestão
disciplinar resultando na indisciplina em sala de aula.
Dentre os citados podemos apresentar os seguintes :
1- Relacionamento
Os problemas de relacionamento entre os alunos na sala de aula
segundo o autor, também são grandes causadores de indisciplina, muitas
brigas acontecem por motivos banais, ou por fatos que aconteceram dias antes
e que nessas horas o diálogo básico geral não foge muito do exemplo:
- Professora, olha ele! Está me batendo!
- Você não jeito mesmo! Pare de bater na sua colega!
- Mas é ela que está me provocando, ‘fessora.
- Pare de provocar seu colega!
- Mas eu não estou fazendo nada...
Esse tipo de diálogo é comum em sala de aula e de acordo com Tiba
(2006), essa situação exige que o professor saiba impor sua autoridade sobre
os alunos.
2 – Agressividade
A relação familiar: pais e filhos, mães e filhos é repleta de afetividade o
que dificulta a visualização dos problemas e dificuldades de forma ampla, ou
seja, para um pai é difícil entender que seu filho possa ter atitudes de
desrespeito diante do professor, por exemplo.
Assim, a agressividade pode surgir dentro do ambiente familiar e são
fatores que podem intensificar o aparecimento da indisciplina do aluno em sala
de aula .
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3 – Bullyng
Outra causa considerada recorrente entre os alunos, é o “bullyng”, que
segundo Tiba (2006), essa palavra vem do verbo inglês bully, que significa
tiranizar, intimidar. Isso não é uma agressão perigosa, mas deixam as pessoas
isoladas, porque são agredidas psicologicamente e com baixa auto-estima
Basicamente, a prática do bullying se concentra na combinação entre a
intimidação e a humilhação das pessoas, estas geralmente mais acomodadas,
passivas ou que não possuem condições de exercer o poder sobre alguém ou
sobre algum grupo.
É comum em sala de aula, ouvir apelidos como: quatro olhos, baleia,
bolão e outros tipos de insultos que mexem com a auto-estima das crianças, e
que infelizmente não é só uma simples brincadeira de criança, esse tipo de
atitude é chamado de “bulling”.
4 – Hiperatividade
No cotidiano da sala de aula , deparamos com alunos agitados, que
retiram os brinquedos de seus colegas, andam de um lado para o outro e não
conseguem ficar muito tempo sentado, no mesmo lugar. Nunca terminam as
tarefas solicitadas. Em algumas vezes chegam a ser agressivos. Esse
comportamento, geralmente confundido com indisciplina, é característico de um
distúrbio de atenção que, de acordo com Gentile (2000), atinge 5% das
crianças e adolescentes de todo o mundo: a hiperatividade. Conhecer os
sintomas e aprender a lidar com esse problema é uma obrigação de qualquer
professor que não queira causar danos a seus alunos. Afinal, a demora em
diagnosticar o caso pode trazer sérias conseqüências para o desenvolvimento
da criança.
As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender.
Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas
crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. As
crianças hiperativas estão sempre em movimento, sempre fazendo algo e são
incapazes de ficar quietas. Elas são impulsivas, não parando de olhar ou ouvir.
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Devido à sua energia, curiosidade e necessidade de explorar surpreendentes e
aparentemente infinitas, são propensas a se machucar e a quebrar e danificar
coisas. As crianças hiperativas toleram pouco as frustrações. Elas discutem
com os pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua
rapidamente. Essas crianças também tendem a ser muito agarrado às
pessoas. Precisam de muita atenção e tranqüilização. É importante para os
pais perceberem que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções
e expectativas sociais. O problema é que elas têm dificuldade em obedecê-las.
Esses comportamentos são acidentais e não propositais (LEITE; FERREIRA,
2008).
Varias discussões assim são abertas a respeito da indisciplina tentando
encontrar o agente causador de tal principio. E em meios de tantos
questionamentos a fim de encontrar o verdadeiro culpado a este descaso tem
gerado problemas gravíssimos para o processo educativo. No entanto sabe-se
que a família é o pilar da formação neuropsicológica de um ser humano, e se
esta não entende a sua importância, resultará danos na vida de um futuro
cidadão, o qual, com certeza levara seqüelas para o seu meio, e dependendo
das seqüelas resultará num sujeito desequilibrado, que muitas vezes, não
responderá pelos seus atos. Giancanterino afirma que :
A indisciplina em sala de aula e na escola tem sido uma preocupação crescente nos últimos anos entre os educadores. Os grandes responsáveis pela educação de jovens, como a família e a escola, não estão sabendo ou conseguindo cumprir o seu papel. (Giancanterino , 2007, p. 87)
A indisciplina tem tornado-se cada vez mais um problema, tanto para a
família como para a escola que explode em sala de aula , e ambas não estão
conseguindo lidar com a situação.
É notável que a indisciplina em sala de aula, traz um misto de
sentimentos aos professores, como preocupação, impaciência, indignação,
incapacidade, entre outros. Muitos professores afirmam que o comportamento
apresentado por certos alunos prejudica de forma excessiva o andamento do
trabalho pedagógico desenvolvido em sala de aula.
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O aluno chega à sala de aula, começa brigar com os colegas,
espancando-os, rasga os cadernos e não quer participar das aulas, fica
conversando nos horários de aulas sem limitações, a não realização dos
exercícios propostos para a sala ou casa, a desobediência, sem falar, que a
indisciplina de um aluno, pode influenciar aos demais, criando um clima de total
descontrole.
Portanto para parrat – dayan citado em Silva (2009, P. 2):
(...) O problema de indisciplina pode ser provocado por problemas psicológicos ou familiares, ou da construção escolar, ou das circunstâncias sócio – históricas, ou então, que a indisciplina é causada pelo professor, pela sua responsabilidade, pelo seu método pedagógico, etc.
Para fins de sistematização, os aspectos gerais da indisciplina em sala
de aula, podem ser então reunidas em dois grupos gerais: as causas externas
à sala de aula e as causas internas. Entre as primeiras, causa externa, vamos
encontrar, por exemplo, a influência hoje exercida pelo ambiente familiar. As
causas encontradas no interior da sala de aula , por sua vez, incluem as
condições de ensino-aprendizagem, os modos de relacionamento humano, o
perfil dos alunos e sua capacidade de se adaptar aos esquemas da sala de
aula . Assim, na própria relação entre professores e alunos habitam motivos
para a indisciplina, e as formas de intervenção disciplinar que os professores
praticam podem reforçar ou mesmo gerar modos de indisciplina.
Por muitas vezes o professor usa de autoritarismo, achando que desta
forma irá conseguir manter a ordem da sala, mas infelizmente , só causa
transtorno este abuso de poder. Sobre questão de autoridade, Luna citado em
Silva ( 2009, p. 2) enfatiza:
(...) o professor com autoridade é aquele que deixa transparecer as razões pelas quais a exerce: não por prazer, não por capricho, nem mesmo por interesse pessoais, mas por um compromisso genuíno com o processo pedagógico, ou seja, com a construção de sujeitos que, conhecendo a realidade, disponha-se a modificá-la em conseqüência com um sujeito.
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O professor que usa da autoridade dentro de sala, legalizando sua
conduta vinculando que a escola cobra esta postura decorrerá num processo
em que os alunos vão ficando revoltados e indisciplinados.
O aluno é um ser que está em processo de construção de conhecimento
e as normas de conduta têm importância fundamental nesse processo de
transformação gradual e progressiva para a conduta desejável. A leitura da
indisciplina em sala de aula, acarreta , sem dúvida uma série de implicações á
pratica pedagógica, pois isto remete a elementos capazes de interferir não
somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e nas definições
de critérios para avaliar seus desempenhos em sala de aula, como também, no
estabelecimento dos objetivos que se quer alcançar. (REGO, 1996).
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CAPÍTULO II
A RELAÇÃO PROFESSOR X ALUNO NA PRÁTICA
PEDAGÓGICA
Pensar a respeito da indisciplina implica em pensar os diferentes
conceitos que abordam este tema tão controverso e ao mesmo tempo tão
preocupante, considerando que a indisciplina em sala de aula pode ser
interpretada de diversas formas .
Ao longo do trabalho , encontramos uma variedade de entendimentos
conceituais sobre indisciplina escolar. Garcia (1999) e De La Taille (1996)
aponta a indisciplina escolar como fenômeno de grande magnitude e
complexidade.
[...] historicamente variável de acordo com padrões culturais, sociais e mesmo com aspectos pessoais de tolerância (por exemplo, dos professores). De época para época, é diversificada a aceitabilidade de comportamentos em geral e, em particular, os que são ou não adequados à convivência em sala de aula. Por outro lado, há a especificidade do aprendizado que, para se efetivar, implica em um conjunto de contratos (explícitos ou tácitos) entre professores e alunos. Nele, aquilo que vulgarmente é chamado de disciplina é um dos fatores constitutivos. (OLIVEIRA, 2004,p47).
Conforme a variedade de entendimentos conceituais sobre a indisciplina
também fomos buscar na afirmação de Rego que diz :
O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e uma mesma sociedade: nas diversas classes sociais, nas diferentes instituições e até mesmo dentro de uma mesma camada social ou organismo. Também no plano individual a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito e do contexto em que forem aplicadas. Como decorrência, os padrões de disciplina que pautam a educação das crianças e jovens, assim como os critérios. adotados para identificar um comportamento indisciplinado não somente se transformam ao longo do tempo
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como também se diferenciam no interior da dinâmica social. (Rego ,1996,p84)
Segundo Lopes (2005, p. 46), definir indisciplina, em meio à variedade
de entendimentos conceituais não parece tarefa fáceis, sobretudo porque sua
definição, dentro desse contexto, pode variar de acordo com a situação, com o
tipo de aula a ser ministrada e até mesmo com o perfil do professor.
Dentre as diversas noções relacionadas ao conceito de indisciplina em
sala de aula optamos por apresentar um grupo de entendimentos sobre
indisciplina como algo originado na relação professor –aluno.
Há uma vertente teórica, da qual destacamos Carita e Fernandes (1997),
Estrela (1992) e Amado (2001), compreendendo a indisciplina como algo que
tem sua origem na relação professor-aluno. O sucesso da prática pedagógica
pois, segundo Carita e Fernandes (1997), dependeria da relação professor-
aluno. Para essas autoras a indisciplina se apresenta como uma obstrução à
relação professor-aluno e seria importante que o professor tivesse consciência
e percebesse a forma como essa relação está sendo construída (p. 41). Sendo
assim, o professor precisaria promover, segundo as autoras acima
mencionadas, “aprendizagens bem sucedidas” criando um clima de
relacionamento estruturado no respeito mútuo, na confiança, na abertura, na
segurança e na aceitação (p. 71).
Quando se trata de compreender e de analisar a indisciplina escolar, as
autoras propõem considerar o contexto da relação pedagógica (p. 17). Para
elas, a indisciplina não pode ser vista como existindo em si mesma, ou como
algo inerente ao comportamento do aluno; além do aluno que expressou
indisciplina, todo o contexto pedagógico está implicado na relação. Nesse
sentido, Damke (2007, p. 119) complementa que a indisciplina precisa ser
analisada no contexto pedagógico onde ocorreu, e não somente enquanto
comportamento de quem a praticou; é necessário considerar todo um contexto
pedagógico, já que não é só o aluno que está implicado na relação.
Diante dessas premissas, sabemos então que os relacionamentos
interpessoais não são fáceis e o relacionamento professor-aluno é um deles.
Quando se procura investigar as causas desse fracasso há um consenso em
eleger os problemas de relacionamento como obstáculos para o trabalho
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pedagógico .
Assim, as relações de conflitos inseridos no espaço escolar ,
especificamente em sala de aula têm se tornado cada vez mais recorrente em
nossos dias .
Estudiosos e especialistas em educação como destacamos Carita e
Fernandes (1997), Estrela (1992) e Amado (2001), tem se debruçado sobre o
assunto.
É nesse contexto que fomos buscar na obra do educador e filósofo
espanhol Affonso Lópes Quintás uma análise das questões ligadas às relações
interpessoais no cenário escolar , mais especificamente em sala de aula .
Conceitos retirados da obra Affonso Lópes Quintás , pensador
espanhol, em que seu trabalho tem em muito haver com ética e formação
docente. A sala de aula não é uma sala qualquer; ela pode ser uma sala
produtiva ou catastrófica dependendo do ambiente que gerencia esse contexto.
Há três conceitos fundamentais no pensamento de Affonso López
Quintás (2004), que podem ajudar a entender melhor a relação professor-aluno
e que merecem destaque que são: experiência reversível, encontro e âmbito .
O primeiro conceito que vamos abarcar será da experiência reversível
em que remete à ideia de que toda experiência significativa confere sentido à
nossa vida, cujo sinal inconfundível é o do entusiasmo.
Experiências reversível são duas realidades que se unem embora
distinta, no entanto estão unidas . Há uma relação de ida e volta, .união sem
fusão ou seja , unidos mais não confundidas tornando-se uma .experiência
bidirecional. Não há uma relação humana autentica se não houver uma
experiência reversível , senão tiver uma experiência bidirecional.
Assim como acontece entre a relação professor-aluno que está inserida
num contexto de experiência bidirecional, criando uma atmosfera em que se
cultivam o respeito mútuo, a curiosidade, o espírito de pesquisa, o diálogo, a
busca das verdades como também de valores.
Para o pensador espanhol Alfonso Lópes Quintás , sem empatia, sem
encontro, é impossível falar em educação. Quintás tem aprofundado um fato
simples, mas decisivo para todo ser humano – e de modo particular, para os
professores: o encontro como entrelaçamento de possibilidades criativas entre
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duas ou mais pessoas ;e não só entre pessoas.
Na definição de Lopés Quintas: “ o homem é um ser de encontro. Todo
ser é naturalmente um ser de encontro”.
Para Affonso López Quintás, o homem só se desenvolve plenamente
mediante sua relações de encontro , que se desenvolve e se aperfeiçoa ao
entrelaçar suas possibilidades com as de outros seres ao seu redor.
A relação de encontro entre realidades pessoais possui em si mesma
um valor imenso, e, de modo concreto, a relação professor-aluno em sala de
aula.
Para exemplificar esta relação podemos descrever uma situação
cotidiana dentro da sala de aula. A professora pergunta à turma após o que foi
explicado se todos entenderam . Um dos alunos apresenta que não ficou claro
o que foi explicado, e a professora percebe que essa dúvida é compartilhada
por outros alunos. Ela recebe essa dúvida como um convite a oferecer novos
exemplos para que todos os alunos analisem melhor e compreendam com
mais clareza aquela questão. Possivelmente outros alunos da mesma turma
poderão contribuir com mais algum comentário. Segundo Quintas, todos estão
colocando em jogo suas melhores possibilidades intelectuais e expressivas.
Esta colaboração entre professora e alunos e dos alunos entre si caracteriza a
criação de um campo de jogo comum, um âmbito de encontro. Nele, além da
professora, os alunos se sentem envolvidos, compromissados, pelo bom
andamento da aula. A aula deixa de ser apenas uma ação unilateral do
professores que os alunos suportam , dando espaço a indisciplina. Assim,
podemos colocar a indisciplina como ausência de encontro.
Para criar um encontro autêntico, precisam existir certas exigências para
que o encontro se estabeleça. Assim , discorremos alguma delas que
consideramos necessárias para relação professor-aluno. .
A primeira delas é a generosidade de parte a parte. Os professores não
devem encarar os alunos como simples meios para a finalidade maior de
serem eles, professores remunerados para dar aulas. E os alunos, por outro
lado, não devem encarar seus professores como um mal necessário.
A generosidade é valor crucial para o estabelecimento desse Encontro,
na medida em que permite o desenvolvimento do aluno como ser humano.
23
A generosidade como outros tantos valores (a sinceridade, a
veracidade, a honestidade, a gratidão, a cordialidade, o respeito, a amizade, a
responsabilidade, a justiça etc.) oferecem novas possibilidades de encontro. O
professor assumindo estas possibilidades de atuação, converterá os valores
em virtudes, que por sua vez, tornará apto a criar renovadas formas de
solidariedade.
Para encontrar-se é necessário a exigência de situar-se a distância
justa.
(...) Para que duas realidades se entreverem, elas devem ser distintas, mas não estranhas; devem estar próximas, mas não fundidas; devem estar a distância, mas não afastadas(...)(LÓPES QUINTÁS, 2004)
Sendo assim, manter a distância justa na relação professor-aluno em
sala de aula, torna-se necessário, para que cada um saiba respeitar o espaço
do outro, de maneira que não se anule ou sufoque um deles, mas que dê
espaço ao diálogo. Assim, esse diálogo é ferramenta fundamental para o
relacionamento entre o educador e entre o educando, tendo o primeiro a
função de orientador de caminhos que levem o aluno a construção e à
autonomia de pensamento.
Podemos agregar nesse diálogo a reflexão da prática pedagógica,
centrada em sua pessoa como educador, na pessoa do aluno e nas
possibilidades de encontro entre o educador e o aluno com vistas à construção
de um conhecimento, da autonomia abrindo espaço para a criatividade.
Distância justa é permitir o ponto certo de proximidade para que haja a
aprendizagem.
Uma terceira condição para o encontro é evitar o reducionismo . Essa
exigência projeta em ver o outro como objeto, e ao mantê-lo tão próximo vai
gerar anulação.Na relação professor-aluno, o professor quer manter o aluno
tão próximo ao ponto de reduzi-lo e querer mantê-lo sob controle evitando
assim a indisciplina.
(...) Quando vamos ao encontro com toda a riqueza e a energia de nosso ser, não saímos de nós mesmos, não nos perdemos, não nos afastamos nem nos alienamos. Pelo contrário, ampliamos o campo de realidade que abrangemos, adquirimos
24
possibilidades, novas de ação , e aumentamos nosso valor pessoal (...) (LOPES QUÍNTAS,2004) .
Nesta relação torna-se necessária a desconstrução de situações que se
assemelham à decomposição do ser, reduzindo a coisa ou mero objeto. O
respeito é fundamental para que se evite essa forma de redução no decorrer da
construção do conhecimento.
A quarta exigência é tolerar o risco que implica a entrega. O encontro
nos traz riscos, entretanto a entrega é essencial fazendo-se uso do exercício
da tolerância.
(...) Nem você e eu podemos prever de antemão as reações futuras do outro. Daí , que o encontro sempre traz consigo um risco. Porém, sem encontro, não podemos realizar-se como pessoas(...) (LOPES QUINTAS,2004)
As relações professor-aluno precisar gerar a independência necessária
para que o aluno se desenvolva sem formas. Este procedimento pode gerar
certo temor no professor na gestão de suas aulas. Entretanto se o educador
não se predispõe a correr esse risco por meio da criatividade , não tem com
realizar encontros produtivos com o aluno, comprometendo por conseqüência o
aprendizado.
A quinta exigência é estar disponível ao companheiro de jogo. Atitude
essa que precisa estar disponível a correr riscos assumindo outras
possibilidades que outras realidades oferecem.
Para tanto é preciso estar disponível para ouvir e aberto às idéias do
outro, caso o aluno, ainda que o que ouviu não lhe agrade, entretanto criar uma
aliança de idéias diferentes.
O homem de atitude disponível se acha a todo momento disposto a correr os riscos que a criatividade implica, a sair do âmbito fechado de se eu para entrar no jogo com quem o convida a colaborar. Ele o faz com severa confiança, bem certo que, se realizar essa saída de forma criativa, não se perderá como pessoas.(...) (LOPES QUINTAS,2004).
A sexta exigência aborda em que devemos ser verdadeiros, não mentir.
Se uma pessoa se abre a outra mas mente , não estabelecerá relação de
25
confiança , porque se conquista a confiança quando se vê que o outro se abre
totalmente, haverá comunicação. Sempre que alguém mente, destrói a
possibilidade do encontro. A mentira destrói o encontro. Ser verdadeiro, ser
sincero é condição para o encontro.
O homem é um ser que tem intimidade; pode manifestar-se como é ou como não é. Se , em meu relacionamento com você eu não me manifesto tal como sou, demostro que não desejo compartilhar meu âmbito de realidade com seu. Minha linguagem não é veículo de criatividade, mas máscara que oculta interesse egoístas. Minhas palvras falazes despertam sua desconfiança a meu respeito e o levam a fechar-se numa solidão que impossibilita o encontro.(...) (LOPES QUINTAS,2004).
A exigência da gratidão e da paciência é considerado para Lopes
Quintas entre as mais valiosas. A gratidão é direcionado como a peça chave
nas relações do encontro atrelada à exigência da paciência que não se reduz
ao simples mero de “agüentar”, mas aquela paciência que aceita o outro ,
respeitando o seu tempo, tão necessário no processo ensino-aprendizado.
Essa comunidade de ação só é possível se formos impulsionados por uma atitude de gratidão, de não de ressentimento. O ressentimento tem pesar por um valor que o supera e o humilha. O agradecido acolhe de bom grado tudo áquilo que o enriquece.(...) (LOPES QUINTAS,2004).
A última exigência que podemos citar será a da flexibilidade.
“ Aquele que é afável esforça-se para ser flexível quando necessário, porque está disposto a coordenar sua vida com os demais. Quem é flexível se mostra pronto para conectar-se com os outros, para adotar a perspectiva deles e descobrir a parte de razão que eles eventualmente possam ter. O homem inflexível não admite outra perspectiva, senão a sua. Não reconhece que os outros possam ser fontes de luz, capazes de surpreendê-lo com idéias e projetos fecundos. .(...) (LOPES QUINTAS,2004).
A flexibilidade torna-se imprescindível na prática pedagógica em que
valorize o aprender contínuo. O professor precisa defender suas convicções,
mas também ter flexibilidade para perceber que opiniões contrárias podem
26
colaborar .
Quando há um encontro verdadeiro entra o terceiro conceito. Um objeto
com o qual estabeleço um encontro deixa de ser uma coisa qualquer em que
Affonso Lópes Quintás o chamará de âmbito. A relação com um âmbito não é
dominadora nem possessiva. A atitude para com um âmbito terá a marca de
um enriquecimento mútuo, a criatividade existente.
Neste conceito há pelo menos dois planos de realidade : o nível 1(o nível
dos objetos) e o nível 2(o nível dos âmbitos).
Um objeto com o qual estabeleço um encontro deixa de ser uma coisa.
O objeto do nível 1 pode ser descartado, manipulada. Quando estabelecemos
uma relação criativa com esse objeto há um passo para o nível 2 em que é
possível realizar o encontro de um lugar do objeto que encontramos um âmbito.
Do entrelaçamento de dois âmbitos resulta um encontro. Exemplifica-se o autor
o caso do piano. Enquanto isolado é simplesmente um piano, um objeto. Mas
quando atuo sobre o piano e este atua sobre a pessoa, tem-se um âmbito ou
seja quando chega alguém que sabe tocar e começar a estabelecer um diálogo
que começa a ser instrumento musical é possível realizar um encontro, em que
ele ingressa no nível 2, em um lugar de um objeto já não é um objeto e sim um
âmbito.
Para Quintas há um sentido especial é toda aquela realidade que não é
apenas objeto e também não é apenas uma pessoa. Para tanto, dessa
realidade âmbital nasce um encontro .
Portanto, em sala de aula, o encontro é com o conhecimento. A aula
vista como realidade ambital não apresenta como mero período de tempo
descartável, a ser suportado, medido pelos ponteiros do relógio, numa
linguagem coloquial pura “encheção de linguiça”, sem nenhuma relevância. Se
há um âmbito de encontro, haverá um âmbito de formação; se não o há, pode
ser um âmbito de informação, mas não de formação. Se os professores estão
com sua relações rompidas com os alunos e vice-versa isto transformará em
um campo de luta, e não é um campo formativo.
A aula ambital deve ser um campo de encontro em que então um novo
valor, transforma esta realidade , precisamente do encontro entre a
inteligência humana e a realidade.
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Quanto mais eu transformar os objetos com que eu convivo em âmbito
quantos mais âmbitos eu produzir mais criativo eu serei e mais harmonizado
com a realidade.
O professor precisa ser um ambiental . Mais ele, o professor, pode
segundo López Quintás desambientalizar . As pessoas podem ser
usadas,.podem ser abusadas como mero objetos.
E assim chegamos a questão da sala de aula, Uma sala vazia , ela
pode ser muitas coisas para que se transforme em sala de aula não bastas
colocar cadeiras, mesas, quadros , entretanto é preciso fazer um investimento
mais criativo em que as pessoas vejam neste ambiente um lugar de encontro
seja ele intelectual, afetivo encontro em busca do conhecimento.
...transformamos uma sala vazia numa sala de aula quando mediante o encontro , criamos um âmbito, um espaço em que as liberdades não entram em choque , mas se tornam ocasião para o diálogo e outras experiências criativas”. (LOPES QUINTAS,2004).
Quando uma sala de aula se transforma em um campo de indisciplina
ela perde seu campo criativo e se transforma num espaço improdutivo .
Quando ao contrário o professor e aluno se transformam em seres
ambitais, de forma consciente estabelecendo um encontro, não intimidados,
mais porque querem estabelecer uma relação bidimensional entre si
agregando também essa experiência à a outras realidades como a livros,
slides, jogos a sala de aula passa a ser encontro do conhecimento , um
processo educacional .
Há muitas energia dentro de sala de aula , quando há encontro de
âmbitos, nos sentimos mais criativos , você pode até chegar cansado mais sai
de lá renovado .
Quando o professor entra na sala de aula , com a disposição de
trabalhar como ser ambital , de estabelecer com os alunos uma relação de
encontro, respeito, dialogo, tolerância em busca de valores humanos , quando
essa relação ambital estabelece em sala de aula ,todos se sentem convidados
a crescer mais .
Portanto apartir desses conceitos de experiências reversíveis, encontro
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e âmbitos podemos refletir e como também colocar em pratica uma relação
humana entre nos alunos e professor e numa sala que não é vazia mais há
busca constante do conhecimento e de crescer mais.
29
CAPÍTULO III
INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS PREVENTIVAS PARA A INDISCIPLINA
A indisciplina segundo estudos, permanece sendo atualmente, um dos
maiores problemas na prática pedagógica enfrentados pelos professores em
sala de aula. Como afirma Aquino (1996, p09):
Há muito os distúrbios disciplinares deixaram de ser um evento esporádico e particular no cotidiano das escolas brasileiras, para se tornarem, talvez, um dos maiores obstáculos pedagógicos dos dias atuais.
Para Parrat-Dayan (2008, p.07 ), “os problemas de indisciplina
manifestam-se com freqüência na escola, sendo um dos maiores obstáculos
pedagógicos do nosso tempo.”
Assim, tendo em vista esse problema que persiste durante o percurso
escolar, sendo agravada dia após dia podemos levantar a seguinte
questionamento : como a indisciplina na salas de aulas pode ser reduzida, sob
o ponto de vista da Psicopedagogia? Quais as posibilidades de intervenções
psicopedagógicas abordadas dentre as bibliografias consultadas a serem
utilizadas em salas de aulas podem contribuir de forma preventiva sobre a
indisciplina; a fim de facilitar o cotidiano dos educadores, e assim, melhorar a
aprendizagem dos alunos.
Para responder ao problema levantado e alcançar os objetivos traçados,
utilizamos como metodologia uma pesquisa bibliográfica em livros, revistas,
artigos, e sites especializados no assunto.
Entretanto, antes de debruçarmos sobre as possíveis intervenções
psicopedagógicas necessárias para melhora relação professor X aluno a fim de
minimizar a indisciplina vamos então primeiro dialogar o que se entenda sobre
30
a disciplina.
A forma tradicional de perceber a disciplina é vê-la como forma de
manter a ordem, não há permissão para conflitos e questionamento. Em contra
partida, a indisciplina é percebida como caos e desordem.
Para Guimarães (1988, p.28), "as disciplinas são métodos que permitem
o controle das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas
forças e lhes impõe uma reação de docilidade".
Esta sendo uma tarefa difícil conseguir a disciplina em sala de aula , os
professores de uma forma geral estão angustiados, perplexos, pois além de
baixos salários, do desprestigio social, têm que suportar a rebeldia do aluno,
que por sua vez não respeita mais o educador. De acordo com Rego (1996) O
próprio conceito de indisciplina, como toda a criação cultural, não é estático,
uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores
e expectativas que variam (...) entre as diferentes culturas e numa mesma
sociedade. No âmbito individual, a indisciplina pode ter diferentes sentidos,
estes que dependerão das vivências de cada indivíduo e do contexto em que
forem aplicados.
Baseando-se no Dicionário Aurélio pode-se dizer que um indivíduo
disciplinável é aquele que obedece que cede sem questionar, as regras e
preceitos vigentes em determinada organização.
De acordo com Aquino (1996, p. 85): A disciplina parece ser vista como
um pré-requisito para o bom aproveitamento do que é oferecido na escola.
Partindo dessa premissa, em que Aquino coloca a disciplina como pré-
requisito para o bom aproveitamento do que é oferecido em sala de aula há
uma necessidade então de uma interferência profissional.
Fala-se de intervenção como uma interferência que um profissional ,
sendo este também o psicopedagogo, realiza sobre o processo de
desenvolvimento ou aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentando
problemas de aprendizagem. Entende-se que na intervenção o procedimento
31
adotado vai interferir neste processo, com o objetivo de ajudá-lo. Podemos
considerar que um dos objetivos da psicopedagogia é a intervenção, a fim de "
colocar-se no meio", de fazer a mediação entre a criança e seus objetos de
conhecimentos.
Para a realização deste trabalho será necessário considerar que :
• A intervenção psicopedagógica na escola deve ser considerada como
um recurso do sistema educacional, portanto, de todos os alunos e
professores e não somente daqueles que possuem determinadas
características.
• É uma intervenção que requer uma definição coerente com àquilo que a
própria tarefa representa como recurso para a escola e precisa de
análise e reflexão constantes, como meio para atingir objetivos.
• É uma intervenção que, apesar de considerar aquilo que não funciona
adequadamente, investiga as características positivas da situação em
que se encontram alunos e professores, para a partir delas, poder
modificar o que aparece como inadequado.
• A maior parte das tarefas psicopedagógicas deve ser realizadas em
equipe (diretor, orientador pedagógico, professores e outros). O trabalho
em equipe nem sempre é fácil, mas as decisões devem ser tomadas em
conjunto, para que todos assumam responsabilidades. Um trabalho em
equipe também impulsiona a cooperação entre os profissionais. Desta
forma, o psicopedagogo pode estimular junto ao coordenador
pedagógico a formação de equipes de professores, ou comissão de
orientação pedagógica, onde se torne possível um projeto comum de
construir uma escola democrática para a redução dos problemas de
ensino aprendizagem.
Entretanto, para haver intervenções sólidas, há necessidade do
psicopedagogo ter abertura e também contribuir na equipe pedagógica nas
seguintes tarefas :
• colaborar junto com os professores no estabelecimento dos planos de
ação de regência mediante análise e a avaliação de modelos,
32
técnicas e instrumentos para o exercício da mesma, assim como de
outros elementos de apoio para a realização de atividades docentes de
reforço,recuperação e adaptação escolar;
• assessorar o corpo docente na definição de procedimentos e
instrumentos de avaliação, tanto das aprendizagens realizadas pelos
alunos como dos próprios processos de ensino;
• assessorar o corpo docente para o tratamento flexível e diferenciado da
diversidade de aptidões, interesse e motivação dos alunos, colaborando
na adoção das medidas educacionais oportunas. Como também,
trabalhar as concepções dos professores sobre os processos de ensino
aprendizagem, assinalando a multidimensionalidade dos problemas de
aprendizagem, a importância de se considerar fatores orgânicos,
cognitivos,afetivos/sociais e pedagógicos para análise e a necessidade
de se trabalhar com a diversidade, ou seja, respeitando as
características de cada aluno;
• colaborar com professores e orientador na orientação educacional e
profissional dos alunos, favorecendo neles a capacidade de tomar
decisões e promovendo a maturidade profissional;
• colaborar para a prevenção e para a rápida detecção de dificuldades e
ou problemas de desenvolvimento pessoal e de aprendizagem que os
alunos possam apresentar,realizar avaliações psicopedagógicas
cabíveis e participar, em função dos resultados desta, da elaboração das
adaptações curriculares e da programação de atividades de recuperação
e de reforço;
• colaborar com os professores e equipe de apoio no acompanhamento
dos alunos com necessidades educacionais especiais e orientar sua
escolaridade no início de cada etapa educacional;
• promover a cooperação entre a escola e a família para uma melhor
educação dos alunos, participar no planejamento de reuniões com os
pais, privilegiando a integração, a cooperação e a informação, como
também, atender individualmente alguns pais quando for necessário;
• atuar na modificação das expectativas e atitudes dos professores diante
33
do insucesso escolar dos alunos, ou seja, atenuar concepções
preconceituosas da escola e dos professores, sobre as dificuldades de
aprendizagem da criança;
• participar de tarefas junto com o ensino de educação especial e;
• realizar atendimentos à alunos ou à grupos de alunos com necessidades
específicas, fora da sala de aula.
Diante do conteúdo exposto, verificamos a necessidade do
psicopedagogo frente as equipe pedagógica , em que esse poderá colaborar
de forma singular com suas Intervenções .
A proposta de intervenção visa a criar oportunidades e desenvolvimento,
englobando professores, aluno e todos envolvidos na gestão educativa, a fim
de facilitar que os processos cognitivos e sociais se desenvolvam
positivamente. Gasparian (1997, p.76) aponta que “o objetivo do
Psicopedagogo institucional é de colaborar com a institucional escolar para que
este cumpra com seu papel de construtora e transmissora de conhecimentos”.
O psicopedagogo deve intervir junto aos professores, de forma a
embasar os mesmos com questões que abordem posturas adequadas ao
enfrentamento das situações de indisciplina.
Sendo assim, voltamos para a seguinte questionamento: como a
indisciplina na salas de aulas pode ser reduzida, sob o ponto de vista da
Psicopedagogia? Quais as possibilidades de intervenções psicopedagógicas
abordadas dentre as bibliografias consultadas a serem utilizadas em salas de
aulas que podem contribuir de forma preventiva sobre a indisciplina; a fim de
facilitar o cotidiano dos educadores, e assim, melhorar a aprendizagem dos
alunos.
A primeira intervenção psicopedagógica que podemos apontar para
prevenir o problema da indisciplina em sala de aula, será a importância dos
alunos participarem ativamente da construção das regras da sala. O
interessante é que essas regras fiquem em local visível da sala, para que
sejam retomadas e rediscutidas sempre que se fizer necessário.
Uma segunda intervenção que podemos também citar é que o professor
34
também precisa se constituir como um sujeito ativo no processo educativo,
estando atento às diferenças entre os alunos, combinando-as e buscando que
cada sujeito contribua no processo de construção de conhecimentos de acordo
com seus limites e potencialidades como Vasconcellos(2004,p.54) enfatiza:
A situação em sala de aula é intricada, pois ali se encontram vários seres imersos em processos de alienação. Cabe ao educador, como ser mais experiente e maduro, tomar a iniciativa de buscar romper o círculo da alienação.
O fator autoridade pelo professor, precisa ser conduzida de forma mais
proveitosa possível o processo de ensino-aprendizagem. E essa autoridade,
precisa ser exercida nos domínios: intelectual, ético, profissional e humano.
... o professor com autoridade é também aquele que deixa transparecer as razões pelas quais a exerce: não por prazer, não por capricho, nem mesmo por interesses pessoais, mas por um compromisso genuíno com o processo pedagógico, ou seja, com a construção de sujeitos que, conhecendo a realidade, disponham-se a modificá-la em consonância com um projeto comum (Luna 1991, p.69).
Outro componente que pode prevenir a indisciplina será a adoção por
parte do professor de um tutor por sala de aula, o tutor seria um dos
alunos,sendo escolhido por meio de sorteio, ou de uma outra forma
democrática que seja diariamente, semanalmente, enfim, sendo um dos
próprios alunos a fiscalizar a disciplina ou seja, passando a responsabilidade
do professor para os próprios alunos, que também, passam a se sentir parte
importante desta gestão em sala de aula .
Para que o professor não se torne mais um dos fatores indisciplinares,
deve-se compreender que o silêncio e a ordem como estão alocadas as
carteiras não são sinônimos de aprendizagem. Muitas vezes as crianças não
conseguem verbalizar o que estão sentindo, mas sinalizam com seu corpo,
com seu comportamento.
O professor precisa conhecer a realidade dos seus alunos. Assim sendo
precisa ter cuidado no planejamento de suas aulas em não produzir o
desinteresse pelo conteúdo pelo fato de estar muito além ou muito abaixo do
35
nível do aluno, sob pena de perturbar o comportamento de alguns alunos. O
cuidado também de não utilizar o fator nota como redutor da indisciplina;
e manter sala de aula sob um domínio consciente e construtivo evitando que
algum aluno de sua turma seja vítima de bulliny em sala de aula.
Nessa perspectiva, de conhecimento da realidade do aluno, o professor
precisa estabelecer, uma relação de respeito em sala de aula que será
construída com todos. Esse clima de respeito contribuirá para a construção da
cidadania e do direito à diferença.
Ter respeito para com os alunos é uma das necessidades da postura de um educador consciente. Deve também exigir respeito dos alunos para com os colegas e para consigo. O professor não pode exigir que o aluno goste dele ou dos colegas, mas o respeito ele pode exigir. No caso de ser desrespeitado, restabelecer os limites (não entrar no círculo vicioso do desrespeito) (VASCONCELLOS, 2004, p. 93).
Outra contribuição de intervenção que o psicopedagogo pode orientar o
professor e que este deve dar atenção para todos os alunos em sala de aula,
não demonstrando preferências a certos alunos. Devem entender que o
trabalho em sala de aula não transcorre baseado apenas na cognição; se
assim esta afirmativa fosse verdadeira, grandes problemas estariam resolvido
s. Ocorre que, na realidade, há uma grande carga afetiva envolvida, podendo
passar por agressão, busca de afeto ou aceitação. Portanto, o vínculo afetivo
entre professor e aluno pode significar um recurso importante em relação à
indisciplina. Como aborda Garcia :
As relações de cooperação em sala de aula solicitam vínculos autênticos entre professores e alunos. Se esse vínculo é afetivo, tanto melhor. Disciplina e indisciplina estão relacionadas ao tecido das relações pedagógicas em sala de aula. O fortalecimento desse tecido, através de vínculos afetivos, faz a diferença tanto para a qualidade da convivência quanto para a aprendizagem. Há uma relação entre a capacidade de construir e manter vínculos com os alunos, liderança e disciplina em sala de aula. Esse é um aspecto tão importante que deveria ser parte da formação acadêmica de nossos futuros professores. Estamos vivendo uma época de transformações e um certo estremecimento no sentimento de confiança. Isso apresenta um profundo impacto sobre as relações humanas, que também se reflete dentro das escolas. Estão em curso mudanças de ordem moral nas relações entre
36
professores e alunos. A indisciplina é uma ponta do iceberg, que sinaliza outros desafios abaixo do horizonte observável. Assim, faz muita diferença quando convivência e aprendizagem, na escola, estão sustentadas por vínculos positivos.
Assim, acreditamos que uma das maneiras de intervenções a prevenir a
indisciplina em sala de aula, considerar a relação professor-aluno. Entretanto,
isto não significa aceitar tudo o que os alunos faz ou querem fazer, é
importante estabelecer de forma coletiva limites para o bom desenvolvimento
das aulas. E caso esses limites não sejam respeitados, é importante cumprir o
que já havia sido combinado com a turma. O professor, não deve recorrer ao
condicionamento baseado no prêmio-castigo, como afirma Vasconcellos (2004,
p116):
Os alunos que apresentam problemas de disciplina precisam de uma ação educativa apropriada: aproximação, diálogo, investigação das causas, estabelecimento das causas, estabelecimento de contratos, abertura de possibilidades de integração no grupo, etc. e no limite, se for preciso, a sanção por reciprocidade, qual seja uma sanção que tenha a ver com o comportamento que está tendo.
Em sua obra “A Psicopedagogia no Brasil- Contribuições a Partir da
Prática”, Nádia Bossa registra o termo prevenção como referente à atitude do
profissional no sentido de adequar as condições de aprendizagem de forma a
evitar comprometimentos nesse processo. Partindo da criteriosa análise dos
fatores que podem promover como dos que têm possibilidade de comprometer
o processo de aprendizagem, a Psicopedagogia Institucional elege a
metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou
desobstruir tal processo, o que vem a ser sua função precípua, colaborando,
assim, na preparação das gerações para viver plenamente a complexidade
característica da época. Sabemos que o aluno de hoje deseja que em sua sala
de aula reflita a sua realidade e o prepare para enfrentar os desafios que a
vida social apresenta, portanto não aceita ser educado com padrões já
obsoletos e ultrapassados.
37
CONCLUSÃO
Ao concluir este trabalho, podemos verificar a indisciplina escolar ,
especificamente em sala de aula , sendo um problema complexo, que apesar
de, dificilmente, ser erradicada por completo, pode-se buscar formas para a
sua redução.
Entretanto, não existem fórmulas prontas para que esta seja reduzida no
contexto da sala de aula , por se tratar de um fenômeno relacional e
circunstancial, sendo assim , é necessário conhecer o aluno, tentando
identificar os condicionamentos do aluno que podem vir a provocar a
indisciplina.
O psicopedagogo que orienta os professores a buscar caminhos
disciplinares preventivos têm alcançado um bom resultado no contexto escolar,
pois de acordo com Aquino (1996) que a prevenção é o melhor posicionamento
a ser adquirido para garantir a disciplina. Antunes (2002, p. 25) complementa
esse posicionamento de Aquino , destacando que "ensinar não é fácil e educar
mais difícil ainda; mas não ensina quem não constrói democraticamente as
linhas do que é e do que não é permitido".
Por fim, pode-se dizer que as intervenções psicopedagógicas no
controle da indisciplina em sala de aula, não vão depender somente do
professor que está à frente da sala, mas sim de um trabalho em conjunto de
toda a equipe pedagógica, envolvendo direção, coordenação, professores, bem
como, os próprios alunos que devem ser sempre levados a refletir sobre seu
comportamento.
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