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DAIANNY FELISMINA DO NASCIMENTO
A OBRIGAÇÃO DO ESTADO NA PROMOÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA INCENTIVAR A ADOÇÃO TARDIA
Palmas2019
DAIANNY FELISMINA DO NASCIMENTO
A OBRIGAÇÃO DO ESTADO NA PROMOÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA INCENTIVAR A ADOÇÃO TARDIA
Trabalho de Curso em Direito apresentado
como requisito parcial da disciplina de
Trabalho de Curso em Direito II (TCD II) do
Curso de Direito do Centro Universitário
Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA
Orientador (a): Prof. Msc. Thiago Pérez
Rodrigues
Palmas 2019
DAIANNY FELISMINA DO NASCIMENTO
A OBRIGAÇÃO DO ESTADO NA PROMOÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA INCENTIVAR A ADOÇÃO TARDIA
Trabalho de Curso em Direito apresentado
como requisito parcial da disciplina de
Trabalho de Curso em Direito II (TCD II) do
Curso de Direito do Centro Universitário
Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA
Orientador (a): Prof. Msc. Thiago Pérez
Rodrigues
Aprovada em ________ de ____________ de 20____
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Orientador: Prof. ___________________________________
Centro Universitário Luterano de Palmas
__________________________________________________
Orientador: Prof. ___________________________________
Centro Universitário Luterano de Palmas
__________________________________________________
Orientador: Prof. ___________________________________
Centro Universitário Luterano de Palmas
Palmas 2019
Dedico este trabalho primeiramente a Deus por
me proporcionar a graça de chegar até aqui,aos
meus irmãos, minha bisavó, e aos meus
amados pais.
Agradeço primeiramente a Deus por me
iluminar e me conceder forças para chegar até
aqui. A minha família amada por todo amparo
e compreensão. E em especial ao meu
Professor orientador Thiago Perez, pela
colaboração, paciência e apoio que
possibilitaram a realização desse trabalho.
“Há um tempo em que é preciso abandonar as
roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e
esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre
aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se
não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à
margem de nós mesmos.” - Fernando Teixeira de
Andrade
RESUMO
O instituto da adoção cria filiação legalizadaentre duas pessoas, ou seja, é um ato jurídico
solene. Efetuada a adoção, o adotado passa aser efetivamente filho dos adotantes, em caráter
irrevogável. Atualmente no ordenamento jurídico filhos adotivos são equiparados aos
consanguíneos, entretanto existem dificuldades quanto ao processo deadoção tardia,levandoas
crianças ou adolescentes a ficarem durante todo seu desenvolvimento emabrigo, desta forma o
Poder Público deve promover políticas públicas adequadas, principalmente voltadas à adoção
tardia, buscando findar os preconceitos existentes por parte dos adotantes quanto a idade da
criança adotada, desmistificando a imagem de que só um bebê recém-nascido é passível de ser
adotado com sucesso.
Palavras-chave:adoção tardia, políticas públicas, família, criança.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................9
1 O DIREITO DE FAMÍLIA NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E A
FAMÍLIA SUBSTITUTA...........................................................................................................12
1.1 O DESENSOLVIMENTO HISTÓRICO DO DIREITO DE FAMÍLIA E O
CONCEITO ATUAL DO DIREITO DE FAMÍLIA................................................................12
1.2 PERDA DO PODER FAMILIAR, OS PRINCIPAIS MOTIVOS PARA A PERDA DO
PODER FAMILIAR E A COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA..............................23
1.3 GUARDA, TUTELA E ADOÇÃO...............................................................................26
2 ADOÇÃO COMO MECANISMO DE INTEGRAÇÃO AO PODER FAMILIAR
30
2.1 ADOÇÃO................................................................................................................................30
2.2 ADOÇÃO TARDIA................................................................................................................33
2.3.1A demora no processo judicial referente à adoção...........................................................33
2.3.2As dificuldades constatadas para a adoção tardia............................................................34
3 A OBRIGAÇÃO DO ESTADO NA PROMOÇÃO E NA IMPLANTAÇÃO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA INCENTIVAR A ADOÇÃO TARDIA..............................37
3.1 POLÍTICA PÚBLICA: DEFINIÇÃO E A IMPORTÂNCIA PARA A SOCIEDADE..........37
3.2 OS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES E A IMPORTÂNCIA DA
APLICAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA ADOÇÃO TARDIA.......................................38
CONCLUSÃO..............................................................................................................................47
ANEXOS.......................................................................................................................................49
REFERÊNCIAS...........................................................................................................................50
9
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo a obrigação do Estado na promoção e
implantação de políticas públicas para incentivar a adoção tardia, sendo divido dentre três
capítulos, iniciando com o direito de família no ordenamento jurídico brasileiro e a família
substituta, posteriormente a adoção como mecanismos de integração ao poder familiar e
finalizando a obrigação do Estado na promoção e implantação de políticas públicas para
incentivar a adoção tardia.
Para encetar a investigação foi utilizado o método dedutivo, alguns dos fatores
utilizados no desenvolvimento da presente pesquisa foram periódicos, artigos científicos,
monografias, e a legislação positiva vigente no ordenamento jurídico brasileiro, assim como
também o histórico brasileiro inerente à adoção e aos abrigos, os efeitos resultantes de adoção
de cunho patrimonial e a filiação.
Com a globalização a sociedade e o ordenamento jurídico encontram-se em evolução
constante e acelerada, refletindo nas perspectivas relacionas ao instituto da adoção, como
fatores tecnológicos e científicos, atentando ao PJ-e - Processo Judicial eletrônico e o
Cadastro Nacional de Adoção - CNA, ainda são verificados problemas de cunho social cuja
solução parece superar a capacidade de inteligência do ser humano, como adoção tardia.
A filiação é a relação de parentesco que se institui entre duas pessoas, umadas quais é
contemplada filha da outra, seja pai ou mãe. O estado de filiação é aqualificação jurídica
dessa relação de parentesco, imputada a alguém, abrangendomultíplices direitos e deveres
reciprocamente observados, atualmente a adoção possui equiparação ao filho consanguíneo.
Nos costumes do direito de família brasileiro, a filiação biológica esteve sempre em
evidência, apenas recentemente a adoção passou a categoria própria, digna de construção
apropriada, no ordenamento jurídico, a verdade biológica era padrão de filiação em
decorrência de fatores históricos, religiosos e ideológicos que estiveram no âmago da
concepção primaz da família patriarcal.
As crianças acima de 3 anos são consideradas em idade avançada para o processo de
adoção, denominada adoção tardia, após esse período constata-se o aumento da dificuldade na
efetiva adoção por parte de nova família, pois ainda existe certo preconceito quanto à
sociedade e nova família, ainda existindo a imagem de um bebê para suprir suas necessidades
e também existindo a impressão de dificuldade em desvincular a criança de seus laços
familiares consanguíneos.
10
Estas crianças e adolescentes permanecem em abrigos durante anos, devido à
dificuldade na adoção tardia e mediante a dificuldade no preenchimento dos pré-requisitos
necessários, assim como a demora quanto ao processo judicial, ficando desprovidas de um lar
e do afeto familiar necessário para o desenvolvimento individual e social.
Sofrendo desde o seu nascimento e durante o seu desenvolvimento, podendo criar
certa resistência à novos laços, sobretudo se compararmos com aquelas crianças e
adolescentes cercados do amor dos seus genitores.
Então, diante dessa premissa observa-se sensato o estudo do instituto adoção, sua
origem, o direito de família, o poder familiar, guarda e tutela,como se processa, na tentativa
de encontrar respostas para amenizar essa situação de penúria em que vivem crianças e
adolescentes.
A adoção é um ato jurídico que estabelece laços de filiação legal entre duas pessoas,
independentemente dos laços de sangue. A adoção é conceituada como sendo um ato jurídico
solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece um vínculo da filiação
trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que lhe é estranha.
Inicialmente será apresentado o direito de família no ordenamento jurídico brasileiro e
a família substituta, o desenvolvimento histórico do direito de família e o conceito atual do
direito de família, perda do poder familiar, os principais motivos para a perda do poder
familiar e a colocação em família substitua, guarda, tutela e adoção.
Posteriormente no segundo capítulo trata-se da adoção como mecanismo de integração
ao poder familiar, adoção, adoção tardia, a demora no processo judicial referente à adoção, as
dificuldades constatadas para a adoção tardia, desta forma elucidando diversos fatores cruciais
para a adoção tardia.
No terceiro capítulo finalmente elucida-se sobre a obrigação do Estado na promoção e
na implantação de políticas públicas para incentivar a adoção tardia, a política pública:
definição e a importância para a sociedade e finalizando o contexto através dos direitos das
crianças e dos adolescentes e a importância da aplicação de políticas públicas na adoção.
O processo histórico da adoção, seu conceito, natureza jurídica, aspectos sociais e os
dispositivos legais que tratam do tema. Em seguida será estudado profundamente quais os
requisitos exigidos para a realização adoção, como se dá o processo de adoção e os efeitos que
a adoção gera. Ao mesmo tempo em que o direito de família sofreu tão
profundastransformações, em seu núcleo estrutural, confirmou-se a apurada elaboração
dosdireitos da personalidade.
11
A adoção é uma forma de garantir os direitos da criança eadolescente resguardados
pela Constituição Federal eEstatuto da Criança e do Adolescente – ECA, uma oportunidade
da mesma crescer pertencendoa uma família, com a garantia que irá receber carinho, amor,
estudo, lazer e cuidados comsua saúde e principalmente a garantia que poderá se expressar
como um sujeito de direito, com o devido desenvolvimento.
Entretanto a adoção não pode ser compreendidacomo um meio de solucionar
patologias sociais,como o abandono e a institucionalização, mascomo a busca do melhor
interesseda criança e do adolescente, um direito de todo indivíduo a teruma família, biológica
ou substituta, pois as relações entre pais e filhos sãoessenciais para a formação da
personalidadee a adaptação social do indivíduo.
Prejudicando a formação deste indivíduo ao crescer e se formar em abrigo, ou em
diversos, inexistindo a criação de vínculos afetivos com os colaboradores dos locais, o fato de
pertencer a uma família não assegurao desenvolvimento necessariamente, mas propiciam
melhores condições para buscar a formação desejada. As crianças sem famílias,abandonadas,
institucionalizadas, sem figurasafetivas com quem possam estabelecervínculos, interações
estáveis, estão maissujeitas a dificuldades em seu desenvolvimento.
12
1 O DIREITO DE FAMÍLIA NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E A FAMÍLIA SUBSTITUTA
1.1 O DESENSOLVIMENTO HISTÓRICO DO DIREITO DE FAMÍLIA E O CONCEITO
ATUAL DO DIREITO DE FAMÍLIA
A família pode ser considerada um dos primeiros conglomerados sociais,
considerando que o homem é um ser naturalmente social, a família formou-se instantemente
com proliferação da prole e a criação dos relacionamentos afetivos entre os indivíduos, esta
instituição se desenvolveu em conjunto com o meio social ao qual encontra-se inserida a
família.
Mesmo sendo a vida aos pares um fato natural, em que os indivíduos se unem por uma
química biológica, a família é um agrupamento informal, de formação espontânea no meio
social, cuja estruturação se dá através do direito (MARIA BERENICE DIAS, 2016).
Segundo Maluf e Maluf (2018, p. 23),
Aparece a família como a primeira forma de organização social de que se tem notícia. Encontrou no culto religioso seu principal elemento constitutivo, muito valorizado nas sociedades primitivas e gradualmente diluídas nas sociedades mais avançadas. [...] A gênese da família encontrava-se na autoridade parental e na marital, ungidas à força suprema da crença religiosa, sendo, na concepção antiga, a sua formação mais uma associação religiosa que uma formação natural.
O homem acredita em seres superiores desde os primórdios da humanidade, possuindo
a religião papel reguladora, em decorrência desse fator e da constituição física natural o
homem, as famílias foram formadas no formato patriarcal, desenvolvendo-se para sociedade
romana, fortificando a posição de submissão feminina e sendo repugnadas quaisquer tipo
familiar divergente do patriarcal.
De acordo com Gonçalves (2017, p. 34)
No direito romano a família era organizada sob o princípio da autoridade. Opater familias exercia sobre os filhos direito de vida e de morte (ius vitae acnecis). Podia, desse modo, vendê-los, impor-lhes castigos e penas corporais e atémesmo tirar-lhes a vida. A mulher era totalmente subordinada à autoridademarital e podia ser repudiada por ato unilateral do marido.
Entãocom a evolução social, o patriarcado perdeu a força do poder - direito e tornou-
se o atual poder-dever, onde é responsável pela formação da prole de sua família no meio
social, orientando, alimentando e cuidando afetivamente, entretanto, sem possuir os direitos
destes indivíduos, exemplificando como o direito ao patrimônio, o direito à integridade física.
13
Oprincípio da dignidade da pessoa humana e o direito à vida, pois no direito romano
antigo o pai era o patriarca, o sacerdote, o promotor e o juiz de seus filhos. Desenvolvimento
este apresentado por Pereira (2017, p. 55),
Substituiu-se à organização autocrática uma orientação democrático-efetiva. O centro de sua constituição deslocou-se do princípio da autoridade para o da compreensão e do amor. As relações de parentesco permutaram o fundamento político do agnatio pela vinculação biológica da consanguinidade (cognatio).
Este formato familiar apresentado e desenvolvido com o homem como centro das
famílias na sociedade continuou em evolução e foi absorvido para a sociedade brasileira na
cultura portuguesa, trazida da Europa, sendo este país predominantemente Católico
Apostólico Romano, desta forma construiu-se a sociedade brasileira baseada no conceito
familiar patriarcal, criando diversas resistências e preconceitos enraizados na população.
Segundo Maluf e Maluf (2018, p. 22),
Na evolução do direito de família verifica-se que além de a família ser havida como a célula básicada sociedade, estando presentes os interesses do Estado além dos interesses individuais, passou a sertratada como centro de preservação do ser humano, ocupando-se nesse sentido da tutela à dignidadeda pessoa humana nas relações familiares.
Para Gonçalves (2017, p. 35)
Podemos dizer que a família brasileira, como hoje é conceituada, sofreinfluência da família romana, da família canônica e da família germânica. Énotório que o nosso direito de família foi fortemente influenciado pelo direitocanônico, como consequência principalmente da colonização lusa. AsOrdenações Filipinas foram a principal fonte e traziam a forte influência doaludido direito, que atingiu o direito pátrio. No que tange aos impedimentosmatrimoniais, por exemplo, o Código Civil de 1916 seguiu a linha do direitocanônico, preferindo mencionar as condições de invalidade.
Observa-se que a família brasileira sofreu diversas influências de sociedades formadas
na antiguidade como também influências religiosas, principalmente do direito canônico,
regulador este do catolicismo, podia-se observar nas legislações vigentes anteriormentefatos
degradantes para a figura feminina, proporcionando disparidades entre homens e mulheres
enquanto também negligenciava os abusos do poder familiar mediante aos filhos,
influenciando em decisões de extrema importância de sua infância e permanecendo na vida
adulta.
14
Enquanto Madaleno (2018, p. 43) demonstra as alterações realizadas através da
Constituição Federal vigente,
A Constituição Federal de 1988 realizou a primeira e verdadeira grande revolução no Direito de Família brasileiro, a partir de três eixos: a) o da família plural, com várias formas de constituição (casamento, união estável e a monoparentalidade familiar); b) a igualdade no enfoque jurídico da filiação, antes eivada de preconceitos; e c) a consagração do princípio da igualdade entre homens e mulheres. E, se nestes três eixos ampara-se a vigente codificação do Direito de Família brasileiro, compete examinar detidamente o texto aprovado e da sua análise meticulosa conferir se se trata de obra final e acabada, ou se, como insistentemente tem ecoado pela doutrina familista nacional, apenas nos defrontamos com a reprodução dos dispositivos já preexistentes e que em algumas passagens chegam a representar um retrocesso aos avanços anteriormente alcançados pelo esforço reiterado dos estudiosos e da jurisprudência brasileira.
Segundo Maluf e Maluf (2018, p.19),
Passa a família, pois, a ser entendida como “o organismo social a que pertence o homem pelonascimento, casamento, filiação ou afinidade, que se encontra inserido em determinado momentohistórico, observada a formação política do Estado, a influência dos costumes, da civilização, enfim, aque se encontra inserida”
Dessa forma tem-se a família sobre à vista do direito, por estruturas, vínculos e
grupos, sendo de suma importância para a formação do indivíduo socialmente e juridicamente
responsável por seus atos e futuramente formador e responsável por uma nova família.
Enquanto para Lôbo (2011, p. 18),
Há três sortes de vínculos, que podem coexistir ou existir separadamente, contatando-se então os vínculos de sangue, os vínculos de direito e os vínculos de afetividade. A partir dos vínculos de família é que se compões os diversos grupos que a integram como grupo conjugal, grupo paternal (pais e filhos), grupos secundários (outros parentes e afins).
Para Pereira (2017, p. 55) também reduziu-se a quantidade de componentes familiares,
Modernamente, o grupo familiar se reduz numericamente. A necessidade econômica ou a simples conveniência leva a mulher a exercer atividades fora do lar, o que enfraquece o dirigismo no seu interior. Problemas habitacionais e de espaço, e atrações frequentes exercem nos filhos maior fascínio do que as reuniões e os jogos domésticos do passado.
Verificando-se que ocorreu alteração social nos papéis familiares, onde atualmente as
mulheres possuem carreiras acadêmicas e profissionais, causando consequentes alterações
quanto ao período de casamento e formação de família, quanto as estruturas familiares
também foram alteradas de originariamente patriarcais para outras formatações, sejam
famílias pluriafetivas, homoafetivas, monoparental, informal e etc.
15
De acordo com Madaleno (2018, p. 85),
A família redesenhada é produto de um processo que requer tempo para encontrar a sua própriaidentidade, porque traz a história familiar do passado, dependendo da mudança de hábitos e rotinasconduzentes à unificação da nova família, passando por todas as suas etapas de aceitação, autoridade e afetividade. É que o vínculo entre um cônjuge ou convivente com os filhos do outro nasce de umaaliança, construída aos poucos, com filhos já criados e amados em outras relações. Para com estes épreciso tempo para a conquista da confiança e do afeto, e não como ocorre na vinculação biológica,quando já contam desde a concepção os vínculos de sangue.
Enquanto Maria Berenice Dias (2016, p. 50) demonstra sobre a atual situação do direito de família no ordenamento jurídico em divergência com o meio social atual.
O influxo da chamada globalização impõe constante alteraçãode regras, leis e comportamentos. No entanto, a mais árdua tarefa émudar as regras do direito das famílias. Isto porque é o ramo dodireito que diz com a vida das pessoas, seus sentimentos, enfim,com a alma do ser humano. O legislador não consegue acompanhara realidade social nem contemplar as inquietações da famíliacontemporânea.
Aparentemente tem-se a sensação de atraso ou engessamento do ordenamento jurídico
e do Estado quanto à situação e as necessidades das famílias brasileiras, entretanto esta
sensação pode ser causada pela dinâmica social atual com a utilização principalmente da
Internet, onde foram desmistificados diversos fatores sociais em um curto espaço de tempo
enquanto o processo legislativo é um processo burocrático e com altos riscos de veto,
principalmente pelo alto incide de parlamentares com idade avançada, embasados ainda na
“ética” proveniente da sociedade patriarcal, independente do quórum necessário.
Pois existe uma relação direta entre a família, o Direito, a ética e a moral da sociedade,
pontuando a diferenciação de ética e moral por Eduardo C. B. Bittar (2016, p.623), “Costuma-
se, com muita habitualidade, tratar indiscriminadamente os termos ética e moral. É neste
sentido que é mister identificar a existência de claras distinções entre estes vocábulos”.
De acordo com Waquim (2015, p. 7),
A importância da ética e da moral nos assuntos relacionados às famílias, devendo-se levar em consideração obviamente o direito positivo, mas também a ética e a moral da sociedade em questão, entretanto sobrepondo-se a ética, principalmente em questões do Direito de Família negligenciadas ou atenuadas à vista da sociedade.
16
Efetivando o embasamento referente ao estudo da ética e da moral, focar na visão
filosófica voltada à prática jurídica, sendo temas estes de suma importância na área, segundo
Eduardo C.B Bittar (2016, p. 623).
Define-se ética como sendo a capacidade de ação livre e autonomia do indivíduo. Significa, acima de tudo, capacidade de resistência que o indivíduo em face das externas pressões advindas do meio (inclusive pressões morais ilegítimas). Somente o indivíduo pode praticar a ética, e, neste sentido, por vezes, ser ética significa confrontar a moral reinante, por vezes, estar de acordo com a moral reinante estando definida ética. [...]. Define-se moral como o conjunto das sutis e por vezes até mesmo não explicitas, manifestações de poder axiológico, capazes de construir instâncias de sobre determinação das esferas de decisão individual e coletiva. A moral geralmente, se constitui por um processo acumulativo de experiências individuais, que vão ganhando assentimento geral, até se tornarem regras e normas abstratas.
Então a partir da demonstração da criação, evolução e principalmente da importância
da família no âmbito jurídico e social, existe a necessidade de apresentar então sua relação
com a ética e a moral, formando assim a base necessária para a formação de um cidadão
responsável e produtivo para a sociedade, Pode-se observar casos com grande divulgação na
mídia, onde a população e a própria mídia possuem visão divergente das pontuações
realizadas pelos parlamentares, realizando pressão sobre o processo legislativo com a intenção
de utilizar da moral social para influenciar o resultado,mas mesmo havendo legislação
competente vigente existem ainda fatos sendo relevados na realidade do meio social.
Para iniciar o estudo efetivo sobre as noções e conceitos básicos no direito de família,
após verificado seus histórico e desenvolvimento, irá apresentar-se o significado etimológico
da palavra, as conceituações, principais fatores, características, particularidades e fatos
relevantes tanto para o meio social quanto para o ordenamento jurídico.
Segundo Maluf e Maluf (2018, p.19),
A palavra “família” deriva do latim família, que se origina de famulus, designando o servidor, o criado. A família podia ser entendida como o locus onde reinava o pater, abrigando, em seu âmago, além deste, a esposa, os filhos, o patrimônio, os criados e os servos.
Atualmente discute-se sobre a família moderna que seria caracterizada pela redução de
integrantes componentes e pela maior proporcionalidade de autonomia no desenvolvimento
social e interpessoal. Estas características são decorrentes do dinamismo social atual, a
autonomia desses integrantes foi reforçada pela facilidade na dissolução do vínculo conjugal,
a instabilidade no casamento e a facilidade na formação de nova estrutura familiar.
Segundo Pereira (2017, p.19),
17
Ao conceituar a “família”, destaquesa diversificação. Em sentido genéricoe biológico, considera-sefamília o conjunto de pessoas que descendem de troncoancestral comum. Ainda neste plano geral, acrescenta-seo cônjuge, aditam-seosfilhos do cônjuge (enteados), os cônjuges dos filhos (genros e noras), oscônjuges dos irmãos e os irmãos do cônjuge (cunhados). Na largueza desta noção,os civilistas enxergam mais a figura da romana Gens ou da grega Genos do queda família propriamente dita.
Entretanto atualmente está ocorrendo um período de transição do modelo familiar
patriarcal e unitário para novas estruturas, sem fundamentação formal ou jurídica, mas
baseadas na existência de afeto entre as pessoas, criando vínculos e bases com novos
preceitos, mediante este fato existem estudiosos defendendo a crise na instituição familiar.
Para Gonçalves (2017, p. 5),
O direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria vida, uma vez que, de modo geral, as pessoas provêm de um organismo familiar e a ele conservam-se vinculadas durante a sua existência, mesmo que venham a constituir nova família pelo casamento ou pela união estável.
O estudo do Direito de Família a partir do Código Civil e dos Princípios
Constitucionais, com o enfoque ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, destacando-se
a relevância que tais princípios, sobretudo a matéria focada na Dignidade, trouxeram à família
no Ordenamento Jurídico Brasileiro.
De acordo com Madaleno (2018, p. 86),
Embora o Direito de Família efetivamente contenha preceitos de ordem pública, não se identifica com o Direito Público, tanto que a família, por toda a sua extensa importância social, é vista como a base da sociedade, reclama certa intervenção de natureza institucional, em obediência aos interesses maiores de preservação dos direitos provenientes das relações jurídico-familiares.[...] De qualquer modo a doutrina é praticamente unânime em reconhecer a natureza privada do Direito de Família, especialmente quando cada vez mais a ciência familista propugna pela igualdade de exercício dos direitos, e procura conferir maior liberdade e autonomia aos partícipes das relações jurídicas de ordem familiar, como vem acontecendo com as novas conquistas da igualdade dos gêneros.
Enquanto Maria Berenice Dias (2016, p. 50) afirma,
Ainda que o Estado tenha o dever de regular as relações interpessoais,precisa respeitar a dignidade, o direito à liberdade e àigualdade de todos e de cada um. Tem a obrigação de garantir odireito à vida, não só vida como mero substantivo, mas vida deforma adjetivada: vida digna, vida feliz!
O divórcio consensual, separação consensual e a extinção consensual de união estável,
não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser
realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731.
(NCPC, art. 733).
18
Então o Estado por tratar das relações interpessoais, principalmente com a ocorrência
de conflitos de direitos, consequentemente deveria tratar de relações familiares e suas
implicações no âmbito sócio jurídico (ou seja, nas relações sociais e nos fatos jurídicos que
são afetos à família), mas o direito de família na verdade pertence ao ramo privado do Direito.
Com o dinamismo social e a promulgação de dispositivos legais como o citado acima
no NCPC - Novo Código de Processo Civil., costuma ser um ramo pouco valorizado diante da
perspectiva de serem discutidos mais comportamentos do que documentos mais direitos do
que deveres, mais sentimentos do que valores esta posição adotada.
ParaTartuce (2018, p. 1158) acentua,
Prevê o art. 1.º, III, da CF/1988, que o Estado Democrático de Direito brasileiro tem como fundamento a dignidade da pessoa humana. Trata-se do que se denomina princípio máximo, ou superprincípio, ou macroprincípio, ou princípio dos princípios. Diante desse regramento inafastável de proteção da pessoa humana é que está em voga, atualmente, falar em personalização, repersonalização e despatrimonialização do Direito Privado.
Atualmente a própria Constituição Federal passou a conferir a unidade do
ordenamento jurídico, a lógica da estrutura e da função do sistema jurídico e a característica
essencial, passando ao papel unificador, através do princípio fundamental, a dignidade da
pessoa humana, assim proporcionando base efetiva para os direitos infraconstitucionais
relacionados ao direito de família, deve-se destacar os direitos do nascituro e da criança e do
adolescente.
Então Maluf e Maluf (2018, p. 21) acentua,
O conteúdo do direito de família é a tutela da pessoa humana inserida no universo familiar. Écomposto em sua maioria de direitos intransmissíveis, irrevogáveis, irrenunciáveis, indisponíveis eimprescritíveis, previstos em diversas disposições legais que se alteraram no correr do tempo histórico,adequando-se às modificações estruturais que a sociedade conheceu.
Enquanto a sociedade passava por diversas transformações estruturais, o mesmo
ocorreu com o ordenamento jurídico brasileiro, no direito positivo pátrio deve-se destacar a
Constituição Federal de 1988, consequentemente o Código Civil de 2002 e o Estatuto da
Criança e do Adolescente, mas essas transformações também ocorreram no direito
internacional.
A criança e o adolescente tem assegurado como dever da família o direito a
convivência familiar e comunitária, garantia esta presente na Constituição Federal em seu
artigo 227, como também a proteção a violência conforme letra de lei.
19
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Em convergência com o dispositivo legal apresentando acima o Estatuto da Criança e
do Adolescente - ECA dispõe em seu artigo 4.º, senão vejamos:
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Para Maluf e Maluf (2018, p. 21),
O direito de família tem, pois, por objetivo tutelar o grupo familiar nas duas esferas de suaabrangência: em sua natureza pessoal, de fundo estritamente moral, em que não se vislumbra traçoeconômico, a não ser “de modo indireto, ao tratar dos regimes de bens no casamento e na uniãoestável, da obrigação alimentar e dos bens pertencentes a incapazes”, e em sua esfera patrimonial.
Então a Constituição Federal transparece a necessidade da convergência de princípios
constitutivos para o cidadão em formação, sendo responsabilidade da família proporcionar o
crescimento e a formação deste cidadão com as devidas necessidades atendidas, gerando
assim um cidadão produtivo e responsável socialmente para que este continue realizando seu
ciclo ao também formar sua família futuramente, então o direito de família tem como um de
seus objetivos principais a regulação entre os entes partícipes dessa instituição com o intuito
de regular os direitos e deveres dos componentes.
Para iniciar a discussão sobre a diferenciação entre guarda, tutela e a adoção deve-se
apresentar o poder familiar, pois este é parte constituinte da guarda pertencente inicialmente
aos genitores, mas que pode ser concedida a outrem em situações divergentes das constatadas
ordinariamente, ocorrendo de forma provisória ou definitiva. Então Maria Berenice Dias
(2017, p. 489) define algumas características importantes do poder familiar.
O poder familiar é irrenunciável, intransferível, inalienável e imprescritível. Decorre tanto da paternidade natural como da filiação legal e da sócio afetiva. As obrigações que dele fluem são personalíssimas. Como os pais não podem renunciar os filhos, os encargos que derivam da paternidade também não podem ser transferidos ou alienados. Nula é a renúncia ao poder familiar, sendo possível somente delegar a terceiros o seu exercício, preferencialmente a um membro da família.
20
Pode-se conceituar o poder familiar através da visão de Gagliano e Filho (2017, p.
1.600), “podemos conceituar o poder familiar como o plexo de direitos e obrigações
reconhecidos aos pais, em razão e nos limites da autoridade parental que exercem em face dos
seus filhos, enquanto menores e incapazes”.
Segundo Pereira (2017, p. 375),
O pai poderá perder o poder familiar sobre o filho ou sua guarda, mas não deixará de ser pai, persistindo os demais efeitos previstos em lei, em virtude desse parentesco (por exemplo, impedimento para casar ou sucessão). O parentesco poderá ser extinto, todavia, na hipótese de adoção, pois esta desliga o adotado de qualquer vínculo com os pais e parentes consanguíneos.
Realizando análise de diversos casos no ordenamento jurídico atual verifica-se o abuso
do poder familiar por parte dos pais, ou de um deles mediante ao filho, seja ele criança,
adolescente ou inclusive na fase adulta, este abuso do poder familiar pode alcançar
consequências drásticas tanto para os cônjuges quanto para os filhos.
Então Ramos (2016, p. 42) apresenta os principais poder-deveres dos pais, sejam naturais ou adotivos em relação aos filhos,
Entre os poderes/deveres dos pais, portanto, estão: a guarda dos filhos, a responsabilidade sobre a educação destes, o deferir o consentimento matrimonial, cuja denegação admite o suprimento judicial, a nomeação de tutor, a representação se for o caso de absolutamente incapaz, a assistência se relativamente incapaz, a boa administração e usufruto dos bens, a responsabilidade civil por atos ilícitos praticados pelo filho, o dever de zelas para que o filho não seja encontrado em situação de risco.
Para Maluf e Maluf (2018, p. 428),
sob a tutela protetiva do poder familiar encontram-se todos os filhos menores, sem exceção, semqualquer menção discriminatória, mormente no que tange à origem da filiação, como dispõe o art.1.630 do CC; compete o poder familiar, durante o casamento e a união estável, a ambos os pais; na faltaou impedimento de um deles, o outro exercerá o poder com exclusividade.
Constata-se então a existência de três possibilidades de retirada da criança de sua
família originária, estando previstos na legislação infraconstitucional brasileira, com a
ocorrência da alteração de guarda os pais ainda possuem as obrigações de alimentos, afeto e
etc, enquanto a tutor geralmente é designado para instruir o menor nos casos de óbito dos
genitores e a adoção retira o poder familiar e as obrigações ligadas aos genitores, haja a vista
que rompe com todos os laços anteriores à adoção, criando novos laços familiares com a
família substituta.
21
Para Madaleno (2017, p. 969),
As três modalidades de colocação em família substituta estão identificadas, em primeiro plano, pela guarda, que obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. [...] segunda modalidade de colocação em família substituta é a tutela, prevista nos artigos 1.728 a 1.766 do Código Civil, e que confere a posse de fato da criança e do adolescente e o direito de representação a ser exercido pelo tutor, sucedendo nesse caso a destituição do poder familiar que é incompatível com o instituto da tutela
De acordo com Maluf e Maluf (2018, p. 404),
A guarda é um direito e ao mesmo tempo um dever dos genitores de terem seus filhos sob seus cuidados e responsabilidade, zelando pela sua educação, alimentação, moradia, e, representa ainda um elemento constitutivo do poder familiar, exercido por ambos os genitores, para a proteção dos filhos menores de 18 anos, na constância do casamento ou da união estável, ou ainda sob a forma de guarda compartilhada ou por um deles, em face da dissolução da sociedade conjugal ou da união estável. [...] A guarda do menor pode, entretanto, ser desvinculada do poder familiar, e ser concedida a umterceiro mediante designação judicial.
No artigo 1.583 do Código Civil vigente está definido que a guarda será unilateral ou
compartilhada, devendo ser observado o que os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos.
Entretanto, a guarda unilateral, ainda predomina no Brasil, permanecendo a criança com um
dos genitores, ordinariamente com a mãe, posteriormente alterou-se a lei, demonstrando
através de Michelle Prada (Internet).
A lei n. 13.058/2014 inova tentando ajustar o instituto da guarda ao princípio do melhor interesse da criança e reconhecendo o princípio da igualdade entre os cônjuges/companheiros na direção familiar, mostrando ser este decorrente do poder familiar e de que as relações de filiação não se alteram pelo divórcio ou separação, encerrando a relação de casal, mas a relação com os filhos permanece, assim como a de pais.
A guarda unilateral é uma modalidade em que a guarda e o efetivo exercício da
autoridade parental será atribuída a um dos genitores, tendo este a guarda física e o cuidado
dos filhos, restando ao outro a visitação e o encargo da pensão alimentícia. É determinada
pelo consenso dos pais ou decisão judicial, onde o genitor não detentor da guarda, terá o
direito de visitas e vigilância, porém não poderá participar direta ou indiretamente da
educação dos filhos (NASCIMENTO E BARROSO, 2014, p. 121).
Para Maluf e Maluf (2018, p. 405),
A doutrina faz ainda distinção entre a guarda jurídica e a guarda física. A primeira refere-se àsrelações de caráter pessoal que surgem do poder familiar, como o sustento, educação, respeito e honra,enquanto a segunda caracteriza-se pela ideia de posse, de custódia do menor, ou maior incapaz.
22
Então a modalidade de guarda unilateral ocorre quando a guarda fica exclusiva para o
pai ou para a mãe, cabendo ao genitor não guardião o direito de visitas, e a obrigação de
fiscalizar e supervisionar os interesses do filho, bem como de manutenção e educação e da
construção das relações afetivas.
A guarda alternada tem como característica a divisão do tempo da criança de forma
similar entre seus genitores. Determina-se um espaço de tempo e a criança alterna entre os
cuidados do pai e após o da mãe (CARVALHO E OLIVEIRA, 2016, p.8).
Percebe-se ser instável esta modalidade de guarda, pois a criança estará deslocando-se
constantemente de uma casa para outra, possuindo normas diferentes a serem seguida,
podendo atrapalhar em seu desenvolvimento emocional e psíquico.
Em relação à guarda compartilhada, percebe-se a tendência do judiciário de defini-la
como meio de dirimir os conflitos existentes entre as partes, consistindo na divisão dos
direitos e deveres em relação ao filho e tomando as principais decisões sempre em conjunto
pelos genitores.
Segundo Maria Berenice Dias, (2016, p. 1128),
Deixando a criança ou o adolescente de estar sob o poder familiar dos genitores, é preciso que outrem se responsabilize por ele. Na ausência de ambos os pais, a representação é atribuída ao tutor, que ocupa o lugar jurídico deixado pelo vazio da autoridade parental. Tal ocorre no caso de morte dos pais, por terem eles sido declarados ausentes, ou, ainda, quando tenham "decaído", por perda ou suspensão do poder familiar. Assim, o tutor é investido dos poderes necessários para a proteção que os genitores não podem dispensar.
Para Pereira (2017, p. 375),
Cabe lembrar a referência do art. 28 do Estatuto da Criança e do Adolescente ao estabelecer que na apreciação do pedido de colocação em família substituta (Guarda, Tutela e Adoção) levar-seá em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida
Para Maluf e Maluf (2018, p. 433),
Pela adoção, o poder familiar transfere-se para o adotante, extinguindo, entretanto, definitivamente o poder familiar dos pais biológicos. Como visto, nem mesmo com a morte dos pais adotivos este é restabelecido em face dos pais biológicos, devendo para tanto ser nomeado um tutor para o menor.[...]Extingue-se o poder familiar pela adoção, uma vez que os direitos e deveres oriundos da relação familiar se transferem para a família substituta. Porém, é de ressaltar que, à luz do art. 45 do ECA, a adoção depende de consentimento dos pais; na falta deste, deverá ocorrer prévia destituição do poder familiar, o qual não se restitui à família biológica do adotado, como vimos, nem no caso de falecimento dos genitores adotivos, quando, então, ao menor deverá ser constituído um tutor, como prevê o art. 49 do ECA.
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Constata-se então as divergências entre guarda, tutela e adoção, as diferenciações
foram apresentadas, deve-se atentar que todas as alterações relacionadas à guarda, devem ser
realizadas por magistrado em juízo e apenas em situações onde os pais estejam incapacitados
de exercer seus poderes-deveres familiares mediante aos filhos, havendo necessidade de
proporcionar novas condições de formação para a criança ou adolescente.
Entretanto para se conseguir adotar uma criança no Brasil,segundo o Código Civil
existem diversos processos burocráticos, as ações no ordenamento jurídico se prolongam por
tempo desnecessário, dificultando o processo de adoção e a criação de novos vínculos
afetivos, podendo prejudicar a formação da criança e do adolescentes, deve-se atentar
principalmente na necessidade da criação de mecanismos que desburocratizem este processo e
facilitem principalmente a adoção de crianças com a idade próxima do período da
adolescência, pois a adoção tardia possui baixos índices de ocorrência atualmente.
1.2 PERDA DO PODER FAMILIAR, OS PRINCIPAIS MOTIVOS PARA A PERDA DO
PODER FAMILIAR E A COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
A extinção do poder familiar pode ocorrer por fatos naturais ou por decisão judicial,
conforme previsto nos artigos 1.635 e 1.638 do Código Civil e art. 92 do Código Penal,
conforme afirmado por Gonçalves (2017, p. 558),
A extinção do poder familiar dá-se por fatos naturais, de pleno direito, ou por decisão judicial. O art. 1.635 do Código Civil, como visto, menciona as seguintes causas de extinção: morte dos pais ou do filho, emancipação, maioridade, adoção e decisão judicial na forma do art. 1.638.
Segundo Maluf (2018, p. 433),
Existem na legislação pátria três formas principais de extinção do poder familiar: por ato voluntário; por fato natural e por sentença judicial. As causas da extinção do poder familiar vêm elencadas no art. 1.635 do CC: I – pela morte dos pais ou do filho; II – pela emancipação; III – pela maioridade; IV – pela adoção; e V – por decisão judicial, na forma do art. 1.638 do Código Civil.
Então quanto à extinção do poder familiar, qualquer dos pais poderá ter seu poder
familiar extinto, nos termos do art. 1.635 do Código Civil Brasileiro conforme elencado
acima, em qualquer uma das hipóteses o poder familiar exercido sobre o filho será extinto, em
casos de adoção será atribuído o poder familiar à uma nova família.
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Em convergência Pereira (2017, p. 532) afirma,
A perda do poder familiar é a mais grave sanção imposta ao que faltar aosseus deveres para com o filho, ou falhar em relação à sua condição paterna oumaterna. O abuso da autoridade e a falta aos deveres inerentes à autoridadeparental autorizam o Juiz a adotar medida que lhe pareça reclamada pelasegurança do filho e seus haveres, podendo inclusive suspender suasprerrogativas. Na Adoção, esses direitos e obrigações se apresentam semquaisquer outras distinções, uma vez que a Constituição Federal equiparou filhose proibiu quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Entende-se que a família possui papel fundamental na estruturação da sociedade,
principalmente como instrumento de formação dos indivíduos, pois estes formam futuramente
exercem papéis de importância ímpar tanto no meio social e a privação desta como do poder
familiar é considerada sanção grave quanto do direito de família, observa-se a seguir outro
motivo para perda da guarda, a prática da Alienação parental.
De acordo com Ramos (2016, p. 97)
O termo “alienação parental” tem origem nos estudos do psiquiatra americano Richard Gardner, nos idos de 1985, ao conceituar uma característica, nominada por ele como “síndrome da alienação parental”, percebida após vinte anos de experiência em avaliar disputas de guarda e publicar artigos sobre o tema em revistas especializadas, diante da qual a criança é programada a odiar um de seus genitores.
O Poder Judiciário da melhor maneira possível deve averiguar os meios para constatar
as provas de Síndrome de Alienação Parental, dirimindo ações de genitores alienadores,
evitando que estes consigam seu intento de destruir o vínculo afetivo entre filho e genitor
alienado, de acordo com Tartuce (2015, p. 999),
No âmbito jurisprudencial, já se entendia que a Alienação Parental poderia levar à perda da guarda pelo genitor; bem como provocar discussão a respeito da destituição do poder familiar”, podem ser observadas diversas condutas relacionas à prática da Alienação Parental assim como observado no artigo 2º da Lei 12.318/2010.
Constata-se então a ocorrência da Alienação Parental por parte de ambos os genitores
(pai ou mãe), sendo revertido o direito de guarda, entretanto em casos extremos podendo levar
à perda do poder familiar por um dos genitores ou por ambos se for o caso, sendo assunto
extremamente sério, contudo pouco esclarecido na sociedade atualmente por acabar tornando-
se corriqueiro.
A Alienação Parental gera consequências irreparáveispara à criança ou adolescente
alienado, principalmente em caráter emocional,o conceito da patologia social denominada
Síndrome da Alienação Parental - SAP foi elucidada por Richard Gardner na década de 80,
este era professor de psiquiatria infantil, docente na Universidade de Columbia (EUA) e
25
tornou-se conhecido ao constatar uma possível síndrome que atingia os filhos (SOUSA, 2010,
p. 99).
O Estado possui papel essencial nessa situação exercendo a conduta jurisdicional,
intervindo para regular de forma a preservar a instituição familiar,sendo de competência dos
pais o exercício do poder familiar, mesmo mediante a dissolução do lar em questão, não deve
haver alterações das relações entre pais e filhos, ou seja, o poder familiar de ambos deve
continuar através principalmente da guarda compartilhada.
Para Dias, (2016, 799),
De qualquer modo, o seu grande mérito foi ter acabado com a absurda permissão de os pais castigarem os filhos, ainda que moderadamente. Isto porque só o castigo imoderado ensejava a perda do poder familiar (CC 1.638 I). Ou seja, o castigo moderado era admitido. Agora não mais. Quem impinge castigo físico ou tratamento cruel ou degradante fica sujeito a cumprir medidas de caráter psicossociais.
Então a Lei nª 13.010/2014 conhecida como lei da Palmada trouxe o aspecto da
proibição de castigos físicos moderados aos filhos, levando a necessidade de
acompanhamento profissional referente à seus aspectos psicológicos, entretanto o Código
Civil já previa a possibilidade de extinção do poder familiar através do castigo imoderado,
como também deixar o filho em abandono, praticar atos contraditórios à moral e aos bons
costumes, incidir em abusar da autoridade do poder pátrio em virtude dos bens dos filhos e
condenação penal por crimes dolosos, cometidos contra filho, conforme o Código Penal prevê
em seus artigo 92, inciso II, consequentemente levando o filho para possível processo de
adoção.
Para Pereira (2017, p. 555),
A tutela do art. 1.734 também pressupõe a morte dos pais ou a perda ou suspensão do poder familiar dos mesmos. Dar seá na hipótese de falta ou omissão dos pais (art. 98, II, ECA), inclusive, quando os pais deixam o filho a ermo, carente de cuidados e atenções.
Ocorrendo o falecimento de ambos os pais, obviamente o poder familiar é destituído,
como também o óbito do filho ocorre a extinção do poder familiar, pois casoos pais detentores
de deste falecerem não será mais possível o seu exercício e caso o filho faleça não existirá
mais o objeto principal, valendo ressaltar que a morte de um dos pais não extingue o poder
familiar, sendo exercido apenas pelo sobrevivente
Segundo Maluf (2018, p. 433), Pela adoção, o poder familiar transfere-se para o adotante, extinguindo, entretanto, definitivamente o poder familiar dos pais biológicos. Como visto, nem mesmo com a morte dos pais adotivos este é restabelecido em face dos pais biológicos, devendo para tanto ser nomeado um tutor para o menor.
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Observa-se a adoção como forma de extinguir o poder familiar e posteriormente
transferi-lo para outrem, atentando ao fato da extinção ser definitiva, mas existindo ainda o
vínculo consanguíneo entre pais e filhos biológicos, mesmo que os pais adotivos venham a
falecer o poder familiar não é retroagido, lembrando que a adoção ocorre apenas em casos
atípicos.
Então Madaleno, (2017, p. 458) apresenta outra possibilidade de extinção do poder
familiar no ordenamento jurídico pátrio,
A emancipação deve ser realizada em conjunto pelos pais, salvo se faltar um deles, ou estiver impossibilitado, quando estão a escritura pública de emancipação será firmada só por um dos genitores. A quanto então a escritura pública de emancipação será firmada só por um dos genitores. A emancipação não depende de homologação judicial e implica a extinção do poder familiar.
Enquanto Maluf (2018, p. 434) apresenta as possibilidades de emancipação,
As hipóteses de emancipação vêm elencadas no art. 5º, parágrafo único, I a IV, do CC: pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, por escritura pública; pelo casamento; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau em curso de ensino superior; pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.[...] Embora o filho emancipado não mais fique sujeito ao poder familiar, caso a emancipação sejaoriunda de concessão dos pais, persiste a responsabilidade dos genitores por atos ilícitos praticados pelofilho emancipado.
Então tem-se outra possibilidade de extinção do poder familiar através da
emancipação dos filhos, seja através de qualquer meio viável, como casamento civil,
assumindo cargo público através da realização de concurso público, pela colação de grau em
ensino superior ou pela homologação de emancipação por ambos os pais em cartório
competente.
Segundo Ramos, (2016, p. 41),
A extinção decorre da morte de um dos polos da relação jurídica, da emancipação do infante, de sua adoção (nesse último caso é necessária a destituição do poder familiar dos pais biológicos, seconhecidos, por sentença prévia ou concomitante ao processo judicial da adoção, ou a concordância deles e da maioridade.
Foram observados alguns dos principais motivos para a extinção do poder familiar,
finalizando-se com o motivo ocorrido ordinariamente na sociedade, a maioridade civil, onde a
partir do Código Civil de 2002 os filhos passaram à alcançar sua independência no âmbito
civil e criminal aos 18 anos de idade, independente do sexo.
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1.3 GUARDA, TUTELA E ADOÇÃO
No artigo 1.583 do CC/2002 está definido que a guarda será unilateral ou
compartilhada, devendo ser observado o que os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos.
Contudo, a guarda unilateral, ainda predomina no país, permanecendo a criança com um dos
genitores, normalmente com a mãe, posteriormente alterou-se a lei, demonstrando através de
Michelle Prada (Internet).
A lei n. 13.058/2014 inova tentando ajustar o instituto da guarda ao princípio do melhor interesse da criança e reconhecendo o princípio da igualdade entre os cônjuges/companheiros na direção familiar, mostrando ser este decorrente do poder familiar e de que as relações de filiação não se alteram pelo divórcio ou separação, encerrando a relação de casal, mas a relação com os filhos permanece, assim como a de pais.
Para Madaleno (2016, p. 966),
A colocação da criança ou adolescente em família substituta se dá por três diferentes modalidades: a) guarda; b) tutela; ou c) adoção (ECA, art. 28) e sua execução só irá ocorrer se efetivamente for impossível manter a criança ou o adolescente, mesmo que momentaneamente, com sua família natural.
O magistrado deve atentar-se principalmente ao bem-estar da criança, tentando dirimir
quaisquer conflitos entre as partes, tornando-se extremamente importante a definição da
guarda, não importando o culpado pela ruptura da vida conjugal, podendo ser a alienação
parental fator decisivo na decisão, alteração ou perda da guarda, levando a suspensão do
poder familiar, constatando-se através de Gagliano e Filho (2017, p. 1.606).
Vale dizer, se não há razão fundada no resguardo do interesse existencial da criança ou do adolescente, o cônjuge que apresentar melhores condições morais e psicológicas poderá deter a sua guarda, independentemente da aferição da culpa no fim da relação conjugal.
Anteriormente no ordenamento jurídico frente à imposição de fazer valer a proteção e
o interesse dos menores de idade nas situações de rompimento conjugal, tinha-se a questão no
sentido de averiguar qual dos responsáveis detinha as melhores condições de permanecer com
a guarda unilateral dos filhos enquanto atualmente existe a tendência dos magistrados
buscarem a regulamentação da guarda compartilhada entre os ex-cônjuges.
Para Madaleno (2016, p. 969),
A guarda familiar prefere à guarda institucional, pois é aconselhável fique o infante sob o abrigo de um ambiente doméstico em detrimento de seu acolhimento em uma instituição (ECA, art. 34, § 1°). A guarda pode ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial, ouvido o Ministério Público (ECA, art. 35). [...] A segunda modalidade de colocação em família substituta é a tutela, prevista nos artigos 1.728
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a 1.766 do Código Civil, e que confere a posse de fato da criança e do adolescente e o direito de representação a ser exercido pelo tutor, sucedendo nesse caso a destituição do poder familiar que é incompatível com o instituto da tutela (ECA, art. 36). O exercício da tutela é próprio para crianças e adolescentes detentores de bens. [...] Por fim, e como medida excepcional e irrevogável, surge a modalidade da adoção, à qual deve se recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou na extensa, na forma do art. 25 do Estatuto (ECA, art. 39).
A guarda unilateral é uma modalidade em que a guarda e o efetivo exercício da
autoridade parental será atribuída a um dos genitores, tendo este a guarda física e o cuidado
dos filhos, restando ao outro a visitação e o encargo da pensão alimentícia. É determinada
pelo consenso dos pais ou decisão judicial, onde o genitor não detentor da guarda, terá o
direito de visitas e vigilância, porém não poderá participar direta ou indiretamente da
educação dos filhos (NASCIMENTO E BARROSO, 2014, p. 121).
Então a modalidade de guarda unilateral ocorre quando a guarda fica exclusiva para o
pai ou para a mãe, cabendo ao genitor não guardião o direito de visitas, e a obrigação de
fiscalizar e supervisionar os interesses do filho, bem como de manutenção e educação.
A guarda alternada tem como característica a divisão do tempo da criança de forma
similar entre seus genitores. Determina-se um espaço de tempo e a criança alterna entre os
cuidados do pai e após o da mãe (CARVALHO E OLIVEIRA, 2016, p.8).
Percebe-se ser instável esta modalidade de guarda, pois a criança estará deslocando-se
constantemente de uma casa para outra, possuindo normas diferentes a serem seguida,
podendo atrapalhar em seu desenvolvimento emocional e psíquico.
Em relação à guarda compartilhada, percebe-se a tendência do judiciário de defini-la
como meio de dirimir os conflitos existentes entre as partes, consistindo na divisão dos
direitos e deveres em relação ao filho e tomando as principais decisões sempre em conjunto
pelos genitores para Nascimento e Barroso (2014, p.122).
A grande vantagem da Guarda Compartilhada é a permanência da convivência dos filhos com os seus genitores, evitando, assim, que o menor fique sem contato com o genitor que não detém a guarda. Para ambos os genitores interessará o que for melhor para proteção do menor.
O Posicionamento adotado pelo pai na disputa na guarda do pai frente à magistratura é a
vida pessoal da mãe da criança, principalmente relacionando a vida íntima e sexual da mulher,
objetivando restringir sua liberdade, em muitos casos por sentimentos latentes de posse, para
Maria Berenice Dias (2017, p. 119), em se tratando de guarda de filhos, muitas vezes, é
desconsiderada a liberdade da mulher. É feita uma avaliação comportamental de adequação a
determinados papéis sociais. Inúmeros julgados estabelecem certa confusão entre a vida
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sexual da mulher e sua capacidade de ser boa mãe, não considerando aspectos afetivos e
culturais para o pleno desenvolvimento dos filhos.
Geralmente em situações onde o magistrado considera não possuir elementos
suficientes para julgar a causa, solicitam o auxílio de profissionais da área psicológica que por
meio de avaliações para retratar a dinâmica familiar assim como as necessidades e
dificuldades dos filhos, segundo os doutrinadores Gagliano e Filho (2017, p. 1615).
Frequentemente, nas disputas de custódia, especialmente quando não existe a adoção consensual do sistema de guarda compartilhada, essa nefasta síndrome se faz presente, marcando um verdadeiro fosso de afastamento e frieza entre o filho, vítima da captação dolosa de vontade do alienador, e o seu outro genitor.
A probabilidade de estas crianças reproduzirem o mesmo comportamento manipulador
do genitor em suas relações é enorme por tornarem-se corriqueiras em sua vida, ou ainda, eles
podem ter dificuldades de relacionamento e adaptação, podendo ser provocados problemas
psiquiátricos para o resto da vida. Podendo também padecer de um grave complexo de culpa
por ter sido cúmplice de uma grande injustiça contra o genitor alienado.
30
2 ADOÇÃO COMO MECANISMO DE INTEGRAÇÃO AO PODER FAMILIAR
2.1ADOÇÃO
A adoção é uma modalidade de filiação que busca preencher o poder familiar perdido
pela filiação natural, conhecida também como filiação civil, pois a mesma não é resultante de
relação consanguínea, mas de manifestação da vontade ou de sentença judicial, a adoção
também é considerada um instituo com natureza jurídica que estabelece laços legais entre os
indivíduos, com a promulgação da Constituição Federal de 1988 a adoção passou a ser
considerada plena, irrevogável e efetivada com assistência do poder público.
De acordo com Pereira (2017, p. 475),
A Adoção é, pois, o ato jurídico pelo qual uma pessoa recebe outra como filho, independentemente de existir entre elas qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim. [...] O Código Civil de 1916 deu nascimento a uma relação jurídica de parentesco meramente civil entre adotante e adotado, com a finalidade de proporcionar filiação a quem não a tivesse de seu próprio sangue. Estabelecia, como pressuposto, a ausência de filhos, legítimos ou legitimados.
Para Madaleno (2017, p. 953),
Os filhos adotivos já representaram uma forma de realização dos desejos para pessoas, matrimônios ou uniões estáveis sem descendência; com o advento da doutrina dos melhores interesses das crianças e dos adolescentes, também no instituto da adoção a prioridade deixou de ser a realização pessoal dos adotantes e passou a prestigiar os interesses superiores da criança e do adolescente, substancialmente integrando uma célula familiar, capaz de proporcionar efetiva felicidade ao adotado.
A posição de filho adotivo é irrevogável, pois existe o laço afetivo entre pais e filho,
onde este foi desligado de seus pais biológicos, então não existe lacuna jurídica para discussão
sobre a desvinculação ou tratamento desigual entre filhos biológicos ou adotivos, possuindo
os mesmo direitos e deveres mediantes aos pais e seu possível espólio.
De acordo com Diniz (2017, p. 585),
A adoção vem a ser o ato judicial pelo qual, observados os requisitos legais, se estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou
31
afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para uma família, na condição de filho, pessoa que, geralmente lhe é estranha. Dá origem, portanto, a uma relação jurídica de parentes civil entre adotante e adotado. É uma ficção legal que possibilita que se constitua entre o adotante e o adotado.
Para Maluf (2018, p. 375),
A adoção é instituto dos mais nobres e importantes, que tem como princípio norteador o melhor interesse da criança. O objetivo de colocar dentro de seio familiar adequado menor que se encontra em situação familiar de risco, ou mesmo sem pais, é essencial para a realização desse princípio. Além disso, tanto na adoção de maiores quanto na de menores, visa-se o estreitamento de laços afetivos, conferindo-lhes efeitos jurídicos. [...] A entrada em vigor da Constituição Federal de 1988 mudou completamente a concepção de adoção; passou-se a atribuir ao adotado a condição de filho, sem nenhuma diferença em relação aos filhos consanguíneos, tal como dispõe a regra do art. 226, § 5º.
Devem ser observados três aspectos acerca dos objetivos do instituo da adoção, em
primeiro momento realizar a proteção do menor desamparados e sem a devida proteção do
poder familiar, em um segundo momento, proporcionar um desenvolvimento sustentável à
essas crianças em um lar adequado e em um terceiro momento, dar filhos à às pessoas
impossibilitadas biologicamente.
Para Maluf (2018, p. 376),
Quanto à natureza jurídica do instituto da adoção, pode ser: um contrato de direito de família, que se constitui com base na manifestação de vontade dos pais ou representantes legais do menor adotado ou deste mesmo, se contar com mais de 12 anos de idade, do maior adotando capaz, assim como do adotante – seja este uma única pessoa ou um casal; ou pode ser uma instituição jurídica de ordem pública com intervenção do órgão jurisdicional, criando entre as partes relações de parentesco semelhante à que ocorre na filiação biológica. [...] pode ainda ser entendida como um negócio jurídico bilateral, que envolve a declaração de vontadedo adotante e do adotado, e que, nesse caso, pode ser manifestada diretamente ou por intermédio deseu representante legal, além de se impor a homologação judicial para tanto, e até mesmo um atonegocial indivisível, uma vez que é impossível adotar alguém para determinados fins. Portanto, umavez estabelecido o parentesco civil, produzem-se por inteiro os efeitos no ordenamento civil
Observa-se o instituto da adoção como contrato no âmbito do direito de família,
podendo ser unilateral ou bilateral, como também ocorrer por ordem judicial, tendo como fim
este contrato a extinção do poder familiar anterior e a instituição inerente ao adotado à outros
responsáveis, atentando ao fato de ser irreversível à adoção e a instituição do poder familiar
aos país adotivos.
De acordo com Diniz (2017, p. 588),
32
Pelo Código Civil atual (arts. 1.618 e 1.619) e pela Lei n. 8.069/90 (arts. 39 a 50), com a redação da Lei n. 12.010/2009), a adoção simples e a plena deixam de existir, visto que se aplicará a todos os casos de adoção, pouco importando a idade do adotando. A adoção passa a ser irrestrita, trazendo importantes reflexos nos direitos da personalidade e nos direitos sucessórios.
O instituto da adoção foi regulado através do Estatuto da Criança e do Adolescente,
desta forma atualmente é necessária que para a efetivação da adoção ocorra haja a expressa
manifestação dos pais biológicos, do filho, se este for maior de 12 anos (adolescente), dos
pais que pretendem adotá-lo e também do poder judiciário através de sentença.
O ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente define o instituto da adoção no art. 41
(Lei nº 8.069/90) “A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e
deveres, inclusive sucessórios, desligando-se de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo
os impedimentos matrimoniais”
Há três possibilidades para a ocorrência da adoção unilateral, sendo estas quando o
filho foi reconhecido por apenas um dos pais, a ele compete autorizar a adoção pelo seu
parceiro; quando reconhecido porambos os genitores, é deferida a adoção ao novo cônjuge ou
companheiro do guardião, decaindo o genitor biológico do poder familiar; com o falecimento
do pai biológico, pode o órfão ser adotado pelo cônjuge ou parceiro do genitor sobrevivente.
Então Gonçalves (2017, p. 495), afirma,
A adoção de crianças e adolescentes rege-se, na atualidade, pela Lei n. 12.010, de 3 de agosto de 2009. De apenas 7 artigos, a referida lei introduziu inúmeras alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente e revogou expressamente 10 artigos do Código Civil concernentes à adoção (arts. 1.620 a 1.629), dando ainda nova redação a outros dois (arts. 1.618 e 1.619). Conferiu, também, nova redação ao art. 1.734 do Código Civil e acrescentou dois parágrafos à Lei n. 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação da paternidade dos filhos havidos fora do casamento.
Enquanto Maluf (2018, p. 379 e 380) complemente através do seguinte trecho,
À luz da atual redação do art. 42 do ECA, ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem casadas ou viverem em união estável. Todavia, mesmo anteriormente à Lei n. 12.010/2009, já dispunha o Estatuto da Criança e do Adolescente, no mesmo art. 42, que os separados judicialmente e os divorciados poderiam adotar conjuntamente se acordassem sobre a guarda e desde que o estágio de convivência com o menor tivesse sido iniciado na constância da união, como também dispunha o parágrafo único do art. 1.622 do CC. [...] Com a reforma operada pela Lei n. 12.010/2009, a adoção por casal divorciado ou separado judicialmente foi mantida e também passou a ser possível a adoção por ex-companheiros, à luz do art. 42, § 4º, do ECA. Com a reforma operada pela Lei n. 12.010/2009, a adoção por casal divorciado ou separado judicialmente foi mantida e também passou a ser possível a adoção por ex-companheiros, à luz do art. 42, § 4º, do ECA.
33
Conclui-se que a evolução no instituto da adoção está sendo considerável com o
decorrer dos anos, proporcionando o alcance do melhor interesse da criança ou adolescente
em seu desenvolvimento e também no convívio familiar, devendo-se atentar aos possíveis
traumas causados em crianças com certa idade, principalmente pelo longo processo judicial ao
qual algumas famílias ainda passam, gerando desgastes desnecessários tanto aos adotantes
quanto ao adotado.
2.2 ADOÇÃO TARDIA
2.3.1A demora no processo judicial referente à adoção
Na atualidade ainda é constatada extrema dificuldade e desgaste no processo de
adoção mediante o ordenamento jurídico brasileiro, existindo diversos procedimentos
burocráticos e desgaste entre adotado e a família adotante, onde a efetiva adoção será
regularizada apenas após o preenchimento de diversos requisitos, listados através de Diniz
(2017, p. 593),
Efetivação por maior de 18 anos independentemente do estado civil (adoção singular) (Lei n. 8.060/90, art. 42) ou por casal (adoção conjunta), ligado pelo matrimônio ou por união estável comprovada e estabilidade familiar (Lei n. 8.069/90, art. 42, § 2º, com a redação da Lei n. 12.010/2009) e devidamente inscrito em cadastro nacional e estadual de pessoas ou casais habilitados à adoção. Ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem marido e mulher, ou se viverem em união estável (ainda que homo-afetiva, como já decidiu o STJ, sem qualquer imposição de idade-limite do adotando.
Então Gonçalves (2017, p. 495), afirma,A referida Lei Nacional da Adoção estabelece prazos para dar mais rapidez aos processos de adoção, cria um cadastro nacional para facilitar o encontro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados por pessoas habilitadas e limita em dois anos, prorrogáveis em caso de necessidade, a permanência de criança e jovem em abrigo. A transitoriedade da medida de abrigamento é ressaltada na nova redação dada ao art. 19 do ECA, que fixa o prazo de seis meses para a reavaliação de toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional. O cadastro nacional foi definido em resolução do Conselho Nacional de Justiça.
No art. 42, § 2º o ECA determina que a adoção pode ser realizada pelos, cônjuges ou
concubinos, desde que um deles tenha completado 21 anos, comprovando que a união de fato
reflita estabilidade familiar.
Em relação a diferença de idade entre adotante e adotado, o Estatuto da Criança e do
Adolescente exige no art. 42, § 3º, uma diferença de idade entre eles de 16 anos.O pedido de
34
adoção somente será deferido quando houver comprovação de que c colocação do menor em
família substituta trará reais vantagens para o adotado, além de ser necessário a demonstração
dos motivos legítimos, conforme descreve o ECA em seu art. 43.
A adoção estatutária é concebida na linha dos princípios constitucionais e objetiva a
completa integração do adotado na família do adotante e, objetivando sempre o interesse
maior da criança.Com a entrada em vigor do novo Código Civil, várias foram as alterações
referente a questão da adoção, principalmente no que diz respeito a adoção de maiores de 18
anos de idade.
Muitos dos requisitos para a adoção de menores no Estatuto da Criança e do
Adolescente foram absorvidos pelo Código Civil de 2002, atendendo a regra do art. 5º do
Código Civil, que reduziu a capacidade civil para 18 anos, o art. 1.618 do mesmo Código, diz
que para adotar o adotante deverá ser maior de 18 anos. O parágrafo único do referido artigo,
esclarece que se a adoção for realizada por ambos os cônjuges ou companheiros, será
necessário que apenas um deles tenha completado 18 anos, bem como a estabilidade da
família deverá ser comprovada.
Outro requisito exigido no ECA que foi mantido pelo Código Civil de 2002, é a
exigência de que o adotante seja pelo menos 16 anos mais velho que o adotado (art. 1;619),
imitando, desta forma, a filiação biológica e proporcionando autoridade e respeito. O
consentimento dos pais ou representante legal do adotando menos de 18 anos é exigido no art.
1.621, mas enquanto o parágrafo único
2.3.2As dificuldades constatadas para a adoção tardia
A adoção ainda é um instituto extremamente complexo, algo amplamente discutido e
divergente quanto à opinião social e também complexo na sociedade contemporânea, apesar
de vivermos em uma sociedade em que há uma vasta aceitação de temas que eram
estigmatizados, ainda existe amplo preconceito sobre a adoção, principalmente se esta ocorrer
de forma tardia.
De com Vargas (1998, apud Magalhães, 2016, p. 4),
Consideram tardia a adoção de crianças com idade superior a dois anos. Considera-se maior, as crianças que já conseguem se observar diferenciadas umas das outras e também diferenciadas do Mundo, ou seja, são crianças que já não são mais um bebê, que já tem uma certa autonomia e uma certa independência dos adultos para a realização de algumas necessidades básicas do dia a dia.
35
Para Camargo (2005, apud Queiroz e Brito, 2013, p. 59),
No contexto da adoção tardia uma série de mitos e preconceitos é apresentada e se configura como elemento limitante da realização de adoções. Dentre os mitos e medos que estão presentes na sociedade acerca da adoção, estão aqueles construídos pela trajetória histórica da prática do abandono. Essa realidade, segundo a autora, polemiza ainda mais as situações do cotidiano das adoções, transformando a materialização do direito à convivência familiar em um processo marcado por dúvidas, ansiedade e sentimentos negativos, gerando pensamentos, senão contrários à adoção, temerários da mesma.
O ato de adotar uma criança, sempre vem repleto de expectativas tanto para a família
quanto para a criança, ocorrendo a concretização de uma família completa, laços afetivos,
dependência financeira, educação, acompanhar o crescimento, podendo ser citadas diversas
situações onde busca-se atingir estas expectativas.
Segundo Madaleno (2016, p. 971),
O artigo 48 do ECA, ao estabelecer o direito de conhecimento às origens genéticas consagra o milenar dilema de pais adotivos se questionarem se deveriam revelar aos filhos sua condição de adotados ou se seria menos pernicioso a revelação ainda que tardia, da sua história familiar.
Observa-se outro ponto quanto a adoção, principalmente de forma tardia através do
dispositivo apresentado acima, pois a criança possui o direito de conhecer sua origem
genética, alguns pais adotivos possuem certo receio em que seus filhos adotados queiram
retornar à sua família de origem, causando frustração nos componentes da nova família
formada.
Entrando-se com o processo de adoção, as expectativas personificam-segeralmente na
imagem de um bebê recém-nascido, sendo mito presente frequentemente nos processos
adotivos encontrados na sociedade em geral,onde busca-se criança com idade inferior à 2
anos, pois a partir dessa idade tem-se à cultura de buscar motivos para dificuldade a adaptação
desta criança em uma nova família.
No ordenamento jurídico não existem distinções entre as formas de adoção, existe
apenas a separação de tipos de adoção, já que alguns requerem atenção especial por serem
consideradas especialmente complexos de seu início até sua efetivação. Dentre estas,
encontram-se as adoções de grupos de irmãos, de crianças HIV positivo, adoções inter-raciais,
de crianças com necessidades especiais e a adoção tardia (PEITER, 2011, apud SAMPAIO,
MAGALHÃES E CARNEIRO, 2018).
Para Ebrahim (1999, p. 33),
36
Em 53.8% das adoções tardias concretizadas, as crianças haviam vivido com outra(s) família(s), que não a biológica, antes da adoção, e 70.4% haviam vivido em alguma instituição, chegando a estas com uma idade média de 1 ano e 7 meses
Considera-sea possibilidade da criança não se adaptar aos novos pais, a nova educação
e ao novo ambiente familiar como um todo, considerando geralmente crianças acima de 2
anos como “velhas” para serem adotadas e deixando-as à mercê em locais como orfanatos e
casas de apoio. Existe também o quesito quanto a experiência da criança na família biológica,
podendo ter ocorridotratamento desumano, abandono psicológico, negligência ou abuso
sexual, ela passará por um momento de reação agressiva contra os pais adotivos pelo medo de
tudo que ela passou se repita.
Conforme Ebrahim (1999, p. 33),
Quanto à adaptação, 53.3% dos adotantes tardios afirmaram ter se adaptado à criança entre dias e semanas, e 26.7% admitiram a adaptação dentro de meses, havendo apenas 6.7% que levaram anos para concluir a adaptação e 13.3% que não se adaptaram. [...] Os adotantes convencionais afirmaram a ocorrência da adaptação entre dias e semanas, em 90% dos casos, mas 5% consideraram a adaptação concluída após anos. [...] Estes resultados estão em acordo com a literatura existente sobre o tema, de uma maior dificuldade nas adoções tardias, devido à história de abandono e perdas destas crianças.
A criança adotada de forma tardia possui realmente dificuldade em se adaptar à novos
ambientes, justamente por sentir-se repreensiva após estar em diversos ambientes provisórios
e ou ofensivos, sofrendo grandes prejuízos em sua formação psicologia, pois o elo de
afetividade é rompido e em muitos casos existe dificuldade em retomá-lo junto à nova família,
entretanto não se deve generalizar como ocorre no meio social atualmente quanto à adoção
tardia.
De fato, a maioria dos pretendentes, segundo o Conselho Nacional de Justiça - CNJ,
tem preferência por crianças brancas (37,71%) e com até três anos de idade (77,44%). Quando
tomamos os dados de crianças disponíveis para adoção, observamos que apenas 12% estão
nessa faixa etária e com as características de cor branca, conforme perfil solicitado. (BRASIL
2010, apud ARAÚJO E BRITO, Internet).
Então observa-se que a adoção tardia ainda possui certa resistência social, entretanto
deve-se ressaltar que a dignidade da pessoa humana é direito próprio do homem desde o
momento da nidação, possuindo o Estado o papel de incentivador nas políticas públicas
inerentes ao processo adotivo, principalmente inerente à adoção tardia.
37
3 A OBRIGAÇÃO DO ESTADO NA PROMOÇÃO E NA IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA INCENTIVAR A ADOÇÃO TARDIA
3.1 POLÍTICA PÚBLICA: DEFINIÇÃO E A IMPORTÂNCIA PARA A SOCIEDADE
É extremamente complexo definir políticas públicas, pois estas possuem amplo
conceito, entretanto pode-se assumir que estas são constituídas por diretrizes elaboradas para
enfrentar um problema público com grande relevância mediante à sociedade na atualidade,
possuindo reflexos nos serviços prestados pela administração públicas e em seu orçamento de
forma indireta, visando o bem-estar da população á longo prazo.
Essas rotinas e simplificações são criadas para lidar com a complexidade do trabalho.
Quando as políticas públicas consistem em muitas low-leveldecisions, as rotinas e categorias
desenvolvidas para processar essas decisões efetivamente determinam a policy. Nesse sentido,
os “burocratas de nível de rua fazem a política pública” (LIPSKY, 1980, p. 84 apud LIMA E
D’ASCENZI, 2013. Pág. 5).
Então existe a necessidade de considerar as informações existentes anteriormente à
implantação das políticas públicas para realizar o efetivo processo de formulação desta
considerando o fator histórico para que essa atenda realmente a necessidade da população,
conforme apresentado anteriormente a ausência de recursos para a realização das atividades
atribuídas aos burocratas leva a divergência dos objetivos e metas em relação as necessidades
sociais, desta forma, deve-se considerar dois fatores, em primeiro momento o histórico e
objetivo das políticas públicas e em segundo momento o orçamento disponível condizente
com a necessidade social.
Em consonância, Dantas (Internet),
Apresenta que a etapa de implementação de uma política pública representa a materialização do que foi proposto na formulação. Seguindo essa mesma linha conceitual, precisamos destacar que a implementação se trata de um procedimento complexo e, não raras vezes, pode divergir do foco inicial, principalmente quando é adotado o modelo top-down (de cima para baixo), hierarquizando o poder de decisão.
O modelo top-downrefere-se à um modelo administrativo de gestão, utilizado na
formulação e implantação de políticas públicas e em suas devidas fiscalizações ou sanções, se
38
necessário, as diretrizes de uma política pública são definidas pela alta cúpula do governo e
designadas aos níveis hierárquicos inferiores de forma obrigatório após sua aprovação, assim
como a implantação para o meio social, onde será ratificado ou não a efetividade da política
implantada pelo Estado.
Espera-se que o Estado Democrático de Direito brasileiro esteja presente no convívio
social e faça presente na vida de todos seus partícipes, neste sentido a nossa Constituição
Federalresguarda inúmeros direitos e garantias fundamentais, aos quais o legislador constitui
importância extrema aos indivíduos, onde encontram-se os dispositivos normalizadores
quanto a proteção relativa ao direito das crianças e dos adolescentes, conforme no art. 227 da
CF/88.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
As políticas públicas possuem papel essencial no funcionamento da sociedade,
principalmente quanto aos direitos relativos às crianças e aos adolescentes, a legislação
vigenteconcede ao menor a prioridade em receber proteção, a precedência de atendimento em
serviços públicos e preferência na formulação e execução de políticas públicas.
3.2 OS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES E A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA ADOÇÃO TARDIA
A preocupação com a defesa dos direitos de crianças e adolescentes faz parte das
prioridades do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, desde sua criação. Um dos marcos da
atuação do CNJ na área da infância e juventude foi a criação do Cadastro Nacional de Adoção
- CNA, coordenado pela Corregedoria do CNJ, que completou uma década de existência em
2018. (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2018).
De acordo com Uba e Koester, (2011, p. 76),
A possibilidade de escolher, que está intrínseca ao processo de adoção, está na contramão das necessidades da criança ou adolescente que aguarda uma família. Essa possibilidade não vai deixar de fazer parte do processo, cabendo então aos órgãos do Estado, que são responsáveis por estes jovens cidadãos, a promoção de políticas e programas para que eles possam ter a oportunidade de um convívio familiar.
39
Atenta-se aos desafios enfrentados pelas políticas públicas no Brasil, tornando-se cada
vez mais importante para obter entendimento aprimorado de como se dão os processos pelos
quais as políticas públicas são elaboradas e implantadas,atentando a importância destas na
manutenção dos direitos relativos à criança ou adolescente, como também os direitos e
garantias fundamentais e sociais.
Segundo Souza (Internet),
Existem alguns problemas pelos quais torna-se complexa a discussão a respeito do que realmente é relevante para uma análise profunda e direcionada do que são as políticas públicas. O primeiro problema listado em seu estudo é a escassa acumulação do conhecimento na área, que de várias maneiras acaba por tornar raso o tema discutido. Em segundo, está a abundância de estudos de caso, resultando em um conhecimento horizontal que, por si só, deixa de lado a política pública por completo, para analisar pontos específicos apenas.
Para Uba e Koester, (2011, p. 36),
De fato, esse processo de crescente intervenção do Estado na esfera familiar é repleto de contradições e conflitos. Ao mesmo tempo em que a noção de direitos e de cidadania impregna todo um aparato institucional, projeto de lei sobre o “parto anônimo” em tramitação no Congresso Nacional parece apontar em direção oposta.
Então observa-se a priorização dos direitos relativos à criança e ao adolescente por
parte do Estado através do Conselho Nacional de Justiça, como também a expansão das
intervenções do Estado quanto ao direito de família, pois este influencia diretamente no
convívio e desenvolvimento social, o Estado considera a adoção como a ultimaratio, uma vez
que somente se socorrerá dela se não houver a possibilidade de manter a criança ou o
adolescente junto a sua família biológica
Enquanto Barbosa (2014 apud Souza 2016, p.24),
O Sistema de Garantia de Direitos - SGD, visando assegurar que os direitos fundamentais das crianças e adolescentes sejam efetivamente operacionalizados, divide as obrigações e as responsabilidades entre: a família – a quem compete criar e educar; a sociedade – que tem como obrigação zelar das crianças e adolescentes; e o Estado – que deve executar e promover políticas públicas capazes de atender os direitos assegurados por lei.
De acordo com Diniz (2017, p. 603),
Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou maternidade responsável à luz dos requisitos e princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente.
40
O indivíduo inserido no meio social, se desenvolverá no processo de apreensão e
assimilação dos caracteres do ambiente, justamente por esta razão é que se presta valoração
significativa ao direito à convivência familiar, seja esta consanguínea ou não,
consequentementeesta família irá prestar-lhe todos os cuidados necessários em seus
desenvolvimento individual e convívio social.
De acordo com Uba e Koester, (2011, p. 74),
Outra constatação está relacionada com o limite de tempo de espera para adoção. As adoções na sua maioria ocorrem até o final do primeiro ano após o cadastro da criança no sistema da Vara da Infância responsável. A partir daí as ocorrências se tornam cada vez mais raras. Um ano de destituição do poder familiar é quase uma “condenação” para que a criança ou adolescente viva, até completar de 18 anos, sob a responsabilidade do Estado. A pergunta que se faz é se o Estado está cumprindo seu papel, dando a esses jovens brasileiros uma vida com dignidade e oportunidades. Para aqueles que completam a maioridade nos abrigos, o que de concreto o Estado está realizando para a sua inserção na sociedade? Parece-me que essas preocupações devem permanecer intrínsecas ao debate sobre a adoção no país, para que as crianças e adolescentes que se encontram nessas condições possam realmente ser protegidos.
Com o cadastro, as varas de infância de todo o país passaram a se comunicar com
facilidade, agilizando as adoções interestaduais. Até então, as adoções das crianças
dependiam da busca manual realizada pelas varas de infância para conseguir uma família. Na
última década, mais de 9 mil adoções foram realizadas. Só no período de janeiro a maio deste
ano, 420 famílias foram formadas com o auxílio do CNA. Atualmente, 9.039 crianças e
adolescentes e 44.601 pretendentes estão cadastrados no CNA. Este ano, nova versão do CNA
começou a ser testada – o sistema passou por reformulação para se tornar mais ágil na busca
de famílias para as crianças e adolescentes que aguardam nos abrigos. (CONSELHO
NACIONAL DE JUSTIÇA, 2018).
Observa-se a implantação do Cadastro Nacional de Adoção - CNA como um avanço
ímpar relativo ao instituto da adoção no país, podendo ser listado como fator otimizado pela
tecnologia no desenvolvimento do Estado, assim como o PJe - Processo Judicial eletrônico,
possuindo o objetivo de desburocratizar diversos processos e procedimento, todavia ainda não
se torna suficiente como incentivo específico para a adoção tardia.
Para o corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, ao ser criado, o
CNA tinha como principal finalidade consolidar, em um Banco de Dados, único e nacional, as
informações sobre crianças e adolescentes a serem adotados e de pretendentes à adoção de
todo o Brasil. Segundo Martins, o fato, à época, já foi grande e importante passo. “Dez anos
depois, a Corregedoria Nacional de Justiça, atenta às mudanças da sociedade brasileira e, em
41
especial, às necessidades de maior transparência e celeridade, busca fazer as adaptações
necessárias para possibilitar que os cadastros de adoção e de crianças e adolescentes acolhidos
se transformem em um sistema, que possibilite a crianças e famílias se encontrarem mais
rapidamente e de forma mais eficaz”, (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2018).
O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA define que compete ao Ministério
Público, representante este do Estado, efetivar a suspensão e a destituição do poder familiar,
em casos extremos conforme o artigo 101, §9º.
Art. 201. [...] constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou doadolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programasoficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, seráenviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste adescrição pormenorizada das providências tomadas e a expressarecomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pelaexecução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar,para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
A realidade social brasileira ainda encontra-se retroagida quanto à adoção tanto por
parte do ordenamento jurídico, o processo judicial quanto à sociedade em si, ainda há muito
que se fazer para promover a conscientização dos brasileiros acerca da adoção, principalmente
nos casos de adoção tardia,necessitando descaracterizar até mesmo para que os cidadãos
percebam que o perfil das crianças e dos adolescentes sem lar diverge do buscado pela
maioria das famílias gostariam de efetuar a adoção, mas que estas necessitam de lares e
cuidados.
Deve-se esclarecer que essas crianças e adolescentes que se encontram à margem da
sociedade, sobrevivendo em abrigos e em alguns casos nas ruas, sem a devida alimentação e
residência, estas crianças possuem real necessidade da convivência familiar e de todo o
suporte inerente a ele, as políticas públicas têm papel fundamental na propagação dos ideais
constitucionais.
Desta forma mediante a importância do desenvolvimento relativo as crianças e aos
adolescentes como também ao papel do Estado como responsável por destituir o poder
familiar, entende-se que este também possui o papel de assessorar o desenvolvimento social
destas crianças, assim como desenvolver políticas públicas para incentivar a adoção destas em
novas famílias, principalmente nos casos de adoção tardia, onde existe maior dificuldade na
efetiva adoção destas crianças.
Conforme dados estatísticos obtidos através do Cadastro Nacional de Adoção – CNA
(CONFORME ANEXO),atualmente as crianças com idade até 3 anos correspondem apenas a
42
19,55 % do total das crianças e adolescentes cadastradas àserem adotadas, correspondendo à
percentual extremamente baixo em relação ao total.
Enquanto Uba e Koester, (2011, p. 17),
As crianças acima de cinco anos e adolescentes são os que possuem as maiores dificuldades no tocante à reintegração familiar, pois praticamente não há quem os adote. Passam a infância no abrigo, longe de uma família, sem ter efetivada a transitoriedade que deveria existir em relação ao acolhimento, tornando-se esquecidos pela família, sociedade e pelo Estado. Nesses casos, é recorrente a ocorrência de maiores traumas, dificuldades e até devoluções em processos de adoção. A situação atual das instituições de acolhimento merece uma avaliação.
Desta forma, 80,45% das crianças e adolescentes encontram-se em estado de adoção
tardia atualmente no Brasil, necessitando de atenção diversificada quanto à visibilidade do
Estado, sendo primordial sua intervenção através de políticas públicas adequadas para que
estas encontrem famílias substitutas, pois a cada ano a dificuldade aumenta, devido a
burocracia ainda encontrada algumas destas crianças permanecem em abrigos durante toda
sua vida.
Ainda para Uba e Koester, (2011, p. 36),
Outra face da questão é o grande contingente de crianças e adolescentes nas instituições de abrigamento. Boa parte delas permanece por longos anos em abrigos, sem expectativa de retornarem às suas famílias de origem ou de passarem a viver em famílias substitutas. Novos dispositivos legais que buscam tornar mais ágil o processo de adoção por meio do judiciário defrontam-se, entre outras situações, com a seletividade na escolha por parte dos que pretendem adotar uma criança. Apesar do avanço da legislação, não há indicações de que essa seletividade deixe de fazer parte da realidade dos processos de adoção. O perfil da criança disponível para adoção se constitui no fator central nas chances de obter uma família substituta.
A iniciativa para promover a constituição de família substituta deve ser realizada por
parte do Estado, principalmente nos casos de adoção tardia, entretanto deve-se atentar que
este incentivo não está relacionado com a promoção da perda do poder familiar, pois este
deve ocorrer apenas em último caso, estando sempre em primeiro lugar o interesse ao bem-
estar relativo à criança ou adolescente. O Estado deve interessar-sena convivência familiar e o
desenvolvimento social e individual destas crianças, dar suporte psicológico às famílias e
assistencial ás crianças, participando de projetos as famílias que se encontram em estágio de
convivência, aquelas que detêm a guarda provisória, como as que já concluíram o processo de
adoção tardia.
43
Para Silva (2008, p. 15),
As Casas de Muchados surgiram entre 1550 e 1553, representando os primeiros modelos de acolhimento de crianças conhecido no Brasil. Estas casas eram custeadas pela Coroa Portuguesa e abrigavam não só crianças indígenas, conhecidas como curumins (meninos da terra), mas também os enjeitados de Portugal.
Observa-se então a presença dos abrigos voltados para crianças desde o século XVI,
provindos ainda da cultura portuguesa, estando este problema social presente à muitos anos,
mas deve-se atentar aofornecimento do convívio familiar para uma criança ou adolescente
considerado objetivo social e consequentemente responsabilidade do Estado, desta forma, o
convívio familiar é substancial para o desenvolvimento de crianças ou adolescentes, seja no
fator material ou moral e ético, desenvolvendo-se em ambiente propício, com amor, respeito,
e direcionamento, vislumbrando um futuro promissor, estes fatores dificilmente serão
encontrados em abrigos disponibilizados pelo Estado.
De acordo com Diniz (2017, p. 601),
Intervenção judicial na sua criação, pois somente se aperfeiçoa perante juiz, em processo judicial, com a intervenção do Ministério Público, inclusive em caso de adoção de maiores de 18 anos (Lei n. 8.069/90, acrescentado pela Lei n. 12.955/2014, há a prioridade de tramitação ao processo de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica.
Foram realizadas alterações introduzidas ao Estatuto da Criança e do Adolescente pela
Lei nº 12.010/2009, a chamada "Lei de Adoção", sem dúvida uma das mais polêmicas é o
estabelecimento da obrigatoriedade da intervenção da autoridade judiciária sempre que
houver o encaminhamento de crianças e adolescentes a entidades de acolhimento familiar.
A medida visa não apenas assegurar um rigoroso controle judicial sobre o acolhimento
institucional de crianças e adolescentes, mas também coibir certas práticas abusivas e
arbitrárias que, apesar de não contempladas pela Lei nº 8.069/1990 mesmo em sua redação
original, acabaram por se disseminar e se tornar corriqueiras em todo o país, causando graves
prejuízos a um incontável número de crianças e adolescentes que em razão delas acabaram
sendo indevidamente institucionalizados, como é o caso do afastamento de crianças e
adolescentes do convívio familiar por intermédio de simples decisão administrativa (e
arbitrária) do Conselho Tutelar.
Para Silva (2008, p.12),
Considerando o direito à convivência familiar determinado pelo ECA, em face da medida aplicada pelo Estado, este passa a ser responsável direto promoção do desabrigamento. Não basta apenas afastar a criança da situação de risco em que se
44
encontrava, colocando-a em um abrigo, se posteriormente outros direitos passam a ser feridos.
Para efetivamente encaminhar uma criança ou adolescente para abrigo, esteja
convivendo regularmente com seus pais ou responsáveis legais (tutor ou curador), não basta a
aplicação da medida prevista no art. 101, inciso VII, da Lei nº 8.069/90, deve ocorrer o
afastamento do convívio familiar e a extinção do poder familiar, providência que somente a
autoridade judiciária pode tomar esta decisão através do devido processo legal, o
procedimento previsto no art. 153, caput, da Lei nº 8.069/1990 não pode ser utilizado quando
for necessário promover o afastamento de uma criança ou adolescente de sua família, haja
vista que, o direito ao convívio familiar é indisponível e, ainda que por presunção, haverá um
evidente conflito de interesses entre a criança ou adolescentes e seus pais ou responsável
legal.
Determinado o afastamento da criança ou adolescente de sua família e o
encaminhamento a programa de acolhimento institucional, deve a autoridade judiciária, com o
apoio do Conselho Tutelar, zelar para que a família seja inserida em programas de orientação,
apoio e promoção social, com vista à futura reintegração familiar e não permanecer o Estado
de forma inerte quanto à situação de adoção desta criança.
De acordo com Silva (2004, p. 59 apudSilva2008, p. 22), Durante muitos anos os abrigos foram chamados de orfanatos. No entanto, a realidade destas crianças e adolescentes demonstra que o termo abrigo ainda é o mais adequado. A pesquisa realizada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) revelou que 87% dos abrigados têm família, sendo que 58.2% mantém vínculo com sua família de origem, “isto é, embora afastados da convivência, as famílias os visitam periodicamente.
Então observa-se conforme os dados apresentados que diversas crianças ainda mantém
o contato com suas famílias, demonstrando a importância do dispositivo legal quanto à
vedação de afastamento familiar apenas por decisão administrativa anteriormente competente
ao Conselho Tutelar, mas faz-se necessário em alguns casos,lembrando que a criança inserida
em programa de acolhimento institucional ou familiar será obrigatoriamente inscrita junto a
um cadastro próprio a ser mantido pela Justiça da Infância e da Juventude de modo a ter sua
situação periodicamente reavaliada pela autoridade judiciária (no máximo a cada seis meses,
cf. art. 19, §1º, da Lei nº 8.069/1990).
45
O controle judicial sobre a situação das crianças e adolescentes em regime de
acolhimento institucional ou familiar não deve ser exercido apenas no plano individual, pois
também abrange a fiscalização das entidades que executam os programas respectivos, de
modo a assegurar o efetivo respeito às normas e princípios estabelecidos na lei, o
cumprimento das resoluções dos Conselhos de Direitos e a eficiência do trabalho por elas
desenvolvido, tanto junto às crianças e adolescentes acolhidos quanto junto às suas
respectivas famílias (CF. arts. 90, §3º, 92 e 95, da Lei nº 8.069/1990).
Para Silva (2008, p. 30),
Conforme apontado pela pesquisa referida, apenas 10,7% dos abrigados estão em condição de serem adotados, sendo que a mesma pesquisa revela que mais de 40% dos abrigados não mantém contato com sua família de origem. Apenas nesta diferença óbvia de que cerca de 30% não mantém contato com a família de origem, nem estão disponíveis para adoção [...] apesar de manter contato com a família, não poderão jamais retornar por diversos motivos, necessitando de encaminhamento para colocação em família substituta.
A estruturação dos municípios que compõem a comarca da juventude é necessária, na
perspectiva inclusive sob pena de responsabilidade pessoal do gestor omisso quanto à situação
das crianças ou adolescentes dos municípios, de uma política pública especificamente
destinada ao pleno e efetivo exercício do direito à convivência familiar por todas as crianças e
adolescentes, que compreenda ações de caráter preventivo, entretanto sem eximir as outras
esferas estatais de sua responsabilidade com a sociedade.
Devem existir programas de apoio e acompanhamento social das famílias, serviços
especializados, como por exemplo, CRAS - Centro de Referência de Assistência Social e
CAPS - Centro de Atenção Psicossocial no atendimento de crianças, adolescentes e suas
respectivas famílias.
Entre as discussões atuais no ordenamento jurídico brasileiro também encontra-se a
presença da desburocratização na adoção internacional, ao qual pode ser considerada forma de
terceirização de responsabilidade de Estado para com a sociedade como também observa-se a
real necessidade de lares para as crianças com idades avançadas.
Dentre as inúmeras ações afirmativas estadistas na busca de um lar para as crianças e
os adolescentes,pode-se citar adoção internacional, promovida pela Secretaria de Direitos
46
Humanos da Presidência da República, esta esclarece que há dois procedimentos possíveis
para, um para estrangeiros residentes no exterior e outro aos residentes no Brasil.
De acordo com Diniz (2017, p. 599),
A adoção internacional somente ocorrerá deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados á adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como ao cadastro estadual e nacional, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil.
No que se refere à adoção por aqueles que residem no exterior deverão proceder a sua
habilitação perante a autoridade central do país no qual residem, posteriormente haverá a
elaboração de um dossiê e os pretensos adotantes escolherão um Estado brasileiro para
encaminhá-lo, o encaminhamento poderá ser feito tanto por organismos estrangeiros
credenciados para atuar no Brasil como também pelo próprio governo brasileiro, o
procedimento referenteaos processos de adoção internacional tramitarão perante os Tribunais
de Justiça dos Estados brasileiros em conjunto com as Comissões Estaduais Judiciárias de
Adoção Internacional.
A Justiça da Infância e da Juventude e as entidades de acolhimento institucional atuem
de forma isolada e segmentada, sem o auxílio dos órgãos públicos municipais e o devido
auxílio de políticas públicas de incentivo àreintegração familiar e a adoção tardia na
reavaliação da situação de crianças em situação de abrigamento e que a implantação de
políticas públicas é de total responsabilidade do Estado, podendo inclusive gerar direito à
indenização por danos morais às crianças que tiveram seus direito líquido e certo violado por
parte da inércia do Estado.
Conclui-se que é preciso muito mais, pois sem uma ação integrada entre município.
Poder Judiciário e a sociedade tendo por objetivo, visando o resgate familiar, poucos
resultados estão sendo obtidos com as políticas públicas atuais com o baixíssimo nível de
adoções tardias observadas atualmente.
47
CONCLUSÃO
O presente trabalho teve por objetivo efetuar um estudo acerca da adoção tardia,
comparando salientando a importância do Estado de forma interventora efetivar o incentivo
quanto à esse tido de adoção, pois existe preconceito na sociedade quanto ao instituto da
adoção, mas dentre os adotantes também existe o preconceito quanto à adoção tardia,
existindo o cenário utópico onde todas as crianças são recém nascidos.
Constatou-se que a temática pela importância no enorme desamparo destas crianças
através do país, sem a devida avaliação, acompanhamento, em alguns casos morando nas ruas,
escolhendo importância do tema para o futuro do país, bem como a da sua aplicabilidade na
atualidade no direito civil brasileiro, diante da necessidade de constante evolução do instituto
da adoção no Brasil.
As crianças acima de 3 anos possuem certa dificuldade em serem adotados e serem
retiradas de abrigos, atenta-se ao fato de o estado destituir o poder familiar sem a devida
preocupação de relocação destas crianças em novas famílias, mantendo-se inerte mediante a
situação precária quanto ao desenvolvimento dessas crianças.
Devem ser criados grupos de apoio à adoção, da preparação para a adoção como
também acompanhamento psicológico e de integração, ainda existe a preferência quanto à
idade e às características da criança, do receio em adotar crianças institucionalizadas, da
vivência do adotado e das dificuldades encontradas na adaptação.
Existe entendimento social acerca dos mitos e preconceitos no processo de adoção
tardia que possuem peso no momento de escolha dos adotantes,a adoção e os abrigos estão na
realidade social desde origem dos tempos, o modelo arcaico de família vem se modificando
cada vez mais ao longo dos anos.
O objetivo da adoção é amparar a criança ou adolescente que por alguma razão teve
que ser afastado de sua família natural. Mas existe uma cultura que classifica crianças recém
nascida adotáveis e crianças acima dos três anos como não adotáveis, sendo que ECA garante
os direitos da criança e do adolescente independentemente da idade, devido o medo da criança
ou adolescente não se adaptar, por ter um comportamento inadequado ou por já ter uma
formação de caráter muito adotante deixam de optar pela adoção tardia.
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O Estado deve buscar efetuar campanhas e propostas visandofindar os mitos e
preconceitos devem, para desmistificar a imagem da criança adotada, a adoção tem que ser
vista de forma natural, sem exceder expectativas, é aceitar o processo não como se estivesse
acolhendo uma pessoa.
O adotante deve compreender que a criança ou adolescente, provavelmente possui
medos adquiridos ao decorrer de passagens em diversos abrigos ou da família original, pois
esta pode ter passado traumas como abuso físico ou psicológico e que durante certo tempo
passará pela sua cabeça diversos questionamentos.
No caso de adoção tardia o tempo de adaptação pode ser tornar maior, tendo em vista
os traumas da criança, deve-se buscar conhecer o histórico de vivência para buscar dialogar de
forma correta e quais abordagens poderão ser realizadas, causando impacto para todas as
partes envolvidas de forma positiva neste período, alcançando uma relação baseada no
respeito, assim como interação do passado e futuro tanto dos adotantes quanto do adotado.
Por se tratar de adoção de crianças maiores, elas já irão chegar à nova família com
uma bagagem de experiências. Contudo, pôde-se perceber, nas falas dos entrevistados, que
esses medos eram baseados em crenças anteriores à entrada no processo de adoção.
Por se tratar de adoção de criança maior, sobretudo,entende-se que uma adoçãomútua
capaz de afastar o passado, sem precisarapagá-lo e construindo a possibilidadede uma nova
história para a formação da nova família, sendo possível a formação de um futurocapaz de
reparar o que possa ter havido denegativo.
Resguardar o direito da criança e do adolescente àconvivência familiar e buscar seu
melhor interesse deve ser o objetivo do Estado, de modo a garantir-lhes um saudável
desenvolvimentobiológico e psicológico, alocados em nova família, as crianças e adolescentes
que estão crescendonos abrigos espalhados pelo Brasil encontram maiores dificuldades em
seu desenvolvimento.
É claro que, para que se alcance tão nobre objetivo, é indispensável que osdiversos
atores sociais na esfera Federal, Estadual e Municipal, assim como a sociedade,buscando
trabalhar em convergência e na mesma direção, desbravando-o e abrindo caminho para o
futuro do país através da adoção tardia.
Conclui-se que embora a adoção esteja bem amparada pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente, ainda precisa ser feitas diversas alterações para que ela alcance sua principal
finalidade, o bem-estar das crianças e adolescentes, os retirando das ruas e dos abrigos, as
crianças que foram abandonadas por seus pais biológicos ou retiradas do poder familiar.
49
ANEXOS
http://www.cnj.jus.br/cnanovo/pages/publico/index.jsf
50
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