turismo - observatório clima-madeira · 14 figura 2 – evolução e distribuição da procura de...
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TURISMO
turismo
impactos, vulnerabilidades e adaptação às alterações climáticas
Índice9 IMPACTOS E VULNERABILIDADES ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
13 1. Introdução
13 1.1. TurismodaMadeira13 Caracterizaçãodosector
16 Caracterizaçãodaofertaturística
19 CaracterizaçãodaProcuraTurística
25 Importânciadoclimanoturismo
27 1.2. Objectivosdorelatório
29 2. Metodologia
29 2.1. IdentificaçãodosImpactosnoTurismodaRAM31 2.2. Avaliarvulnerabilidadeactualefutura34 2.3. Identificaçãodemedidasdeadaptação35 2.4. Avaliarconfiançanosresultadosefalhasdeconhecimento
37 3. Resultados
37 3.1. ImpactoseVulnerabilidadenaOfertaeInfra-estruturasdeTurismonaRAM38 FunchalePatrimónioCultural
40 TurismoNaturezaePaisagemTerresteeMarinha
42 TurismodoPortoSanto
42 Infra-estruturasRodoviárias,MarítimaseAeroportuárias
44 3.2. ImpactoseVulnerabilidadesnaProcuradeturismonaRAM;44 Confortotérmicoealteraçõesnospadrõesesazonalidadedoclima
(ÍndicePET)
45 Alteraçõesnaprocuraassociadasaoconfortotérmico
52 3.3. Vulnerabilidadeàvariabilidadeclimáticaactualefutura52 3.4. MedidasdeadaptaçãoTurismo54 3.5. Confiançanosresultadosefalhasdeconhecimento
57 4. Conclusões
61 5. Referências
Índice de Tabelas34 Tabela 1 –Escaladevulnerabilidadedoprojeto[CLIMA-Madeira].38 Tabela 3 –FatoresdesensibilidadeecapacidadeadaptativaparaoprodutoFunchal.40 Tabela 4 –Fatoresdesensibilidadeecapacidadeadaptativaparaoproduto“Naturezae
Paisagem”.42 Tabela 5 –Fatoresdesensibilidadeecapacidadeadaptativaparaoproduto“PortoSanto”.45 Tabela 6 –NíveisdoíndicePETerespectivosefeitosnoconfortotérmicohumano.48 Tabela 7 –Respostadosmercadosemissoresaalteraçõesnoconfortotérmicohumano,
paraoFunchalePortoSantoparadoiscenáriosclimáticosfuturos.49 Tabela 8 –Respostadosmercadosemissoresaalteraçõesnoconfortotérmicohumano,
paraoFunchalePortoSantoparadoiscenáriosclimáticosfuturos.49 Tabela 9 –Respostadosmercadosemissoresaalteraçõesnoconfortotérmicohumano,
paraoFunchalePortoSantoparadoiscenáriosclimáticosfuturos.53 Tabela 15 –Medidasdeadaptaçãoidentificadasparaosectordoturismo.
Índice de Figuras13 Figura 1 –Procuradealojamentopornutsii(Fonte:INE–InstitutoNacionaldeEstatística).14 Figura 2 –EvoluçãoedistribuiçãodaprocuradealojamentonaRAM.15 Figura 3 –Evolução(2010,2012e2015)dosprincipaisindicadoreseconómicosdaatividade
turística(PLANOESTRATÉGICONACIONALDETURISMO-PROPOSTASPARAREVISÃONOHORIZONTE2015–VERSÃO2.0).
20 Figura 4 –DistribuiçãoterritorialdaofertaIlhadaMadeiraem2013(POT,2014).22 Figura 5 –DistribuiçãoterritorialdaofertaPortoSantoem2013(RevisãoPOT,2014).30 Figura 6 –Metodologiadeavaliaçãodeimpactosnascomponentesassociadaaosectordo
turismonaRAM.31 Figura 7 –Esquemaconceptualdametodologiaaplicadatransversalmentenoprojecto
CLIMA-Madeira.33 Figura 8 –Metodologiadeavaliaçãodeimpactosevulnerabilidadesparaosectordo
Turismo.46 Figura 9 –DistribuiçãodonúmerodediaspornívelPETparaum“mês-tipo”dereferência
decadamercadoemissor:(a)Funchal;(b)PortoSanto.TranspostodoProjectoCLIMAATII.50 Figura 10 –MatrizdeimpactosevulnerabilidadedosistematurísticodaRAM.
impactos e vulnerabilidades às alterações climáticas
TURISMO
AUTORES
Hugo Costa – Grupo de investigação CCIAM
Universidade de Lisboa
DEZEMBRO 2014
TURISMO 11
AgradecimentosOrelatóriosobreoTurismodoprojetoCLIMA-Madeiraéoresultadodotrabalhoedacolabo-raçãodetodosossectores,cujotrabalhofoiabaseparaacriaçãoderesultados.AgradecertambémaoDavidAvelarpelacapacidadedeestruturaçãodoDavidAvelar,àAnaGomespelaqualidadeeminuciaeaoPedroGarrettpelascontribuiçõescriativas.Oempenhoeoscontribu-toscientíficosdestescolegaspermitiramumaintegraçãocoerentedeumsetortransversalnametodologiadoprojetoCLIMA—Madeira.Fundamentalfoitambémaparticipaçãodosagentesexternosnassessõesdeworkshop,partilhandooseuconhecimentoecontribuindodecisiva-menteavalorizaçãodotrabalho.AgradecertambémàDra.AnaMariaLebrepelodesenvolvi-mentodoinicialdoRelatóriodoTurismoepelaparticipaçãonosworkshops.
TURISMO 13
1. Introdução
1.1. Turismo da Madeira
Caracterização do sector
ARegiãoAutónomadaMadeira(RAM)constituiumdestinoturísticoconsolidado,principalmentenosprodutosturísticosassociadosaoTurismoNatureza(passeios)eaoscircuitosturísticosreligiososeculturais(PENT2013-2015).Asuabelezanatural,paisagísticaepatrimonial,aliadasaumclimaamenopermitiuumaevoluçãosustentadacomodestinoturístico,acompanhando,genericamente,astendênciasdeevoluçãomundial.Osectorturísticoreveste-sedegrandeimportânciaeconómicaumavezqueseestimaqueoTurismosejaresponsávelporumquartodoProdutoInternoBruto(PIB)Regional(PENT,2014).
-2%
-1%
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Taxa
de
Cres
cim
ento
Méd
io A
nual
Algarve14 822 600
Lisboa*10 066 578
Centro3 763 852
Madeira5 978 139
Alentejo1 139 300
Açores1 054 112 Norte
4 908 049
MédiaNacional
TCMA = 1,6%
Procura de alojamento por NUTS II(2000–2013; n.º de dormidas)
(200
0–20
13; %
)
(2013)Quota de mercado
Figura 1 – Procura de alojamento por nuts ii (Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística).
TURISMO TURISMO14 15
AregiãodaMadeiradeveráatingirem2015os1,1milhõesdehóspedes,dosquais800milestrangeirose300milnacionais,queresultamrespectivamente,em4,5milhõese900mildormidas(POT2014).
Emtermosdacaracterizaçãodaofertaturística,aRAMdispunhaem2013de30.635camas(incluindoastipologiasdeTurismoemEspaçoRural),dasquais72%eramclassificadascom4*e5*(RevisãoPOT,2014).DeacordocomosestudosnoâmbitodoPlanodeOrdenamentoTurístico–POT2014,prevê-sequeem2025existaumacapacidadedealojamentonaordemdas40.000camas(35.500naIlhadaMadeirae4.500nadoPortoSanto).Considerandotaxasdeocupaçãomédiade55,5%,admite-sequenohorizontede2025poderãoseratingidas8,4milhõesdedormidas,correspondendoaumnúmerodeturistasquepoderávariarentre1,38e1,52milhões(revisãoPOT,2015).
OsproveitostotaisassociadosaosestabelecimentoshoteleirosdaRAMatingiram253milhõesdeeurosem2015,comumrendimentomédioporquartode36euros,ligeiramenteacimadamédianacionalde31,8(ET_2013).
AFigura2apresentaaevoluçãononúmerodedormidas,hóspedeseproveitostotaisparaoperíodo2010-2015,naRAM.Nestetrabalhoseráutilizadaavariávelnúmerodedormidas,comomedidadequantificaçãodaprocuraturística.Esteparâmetro,paraalémdeumafortecorrelaçãocomonúmerodehóspedes,permiteevitaroefeitodeseconsideraremascurtasestadiasnumdadolocal,sendoigualmentemaiseficaznacontabilizaçãodofactoreconómico,umavezque,tantonacionalcomointernacionalmente,opreçodoalojamentoécobradopornoitedormida.
Figura 3 – Evolução (2010, 2012 e 2015) dos principais indicadores económicos da atividade turística (PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL DE TURISMO - PROPOSTAS PARA REVISÃO NO HORIZONTE 2015 – VERSÃO 2.0).
Apesardeaoníveldaoferta,aRAMseraquintaregiãonacionalcommaiorquotadeofertacomcercade10%dototal,aoníveldaprocura,aRAMtemumpesomuitomaissignificativocom14,3%dototalnacional.OritmodecrescimentomédioanualdaprocuranaRAM,deacordocomoINE,temsidode1,4%,ligeiramenteabaixodos1,6%nacionaisetambémabaixodos1,7%decrescimentomédioanualdaofertanomesmoperíodo(PENT,2014).
Comacriseeconómicaefinanceiramundialaimpor-seapartirde2008,existiuumaquebrasignificativaem2009,sendoque,em2010,estaquebraencontratambémjustificaçãonacatástrofedeFevereirode2010.Aindaassim,assiste-senosanosseguintesaumarecuperaçãosignificativa(apesardamanutençãodosefeitosdacrisemundial)empartedevidoàsituaçãodeinstabilidadenosdestinosturísticosdoMédioOriente,situaçãoquebeneficiounãosóaMadeiracomograndepartedosdestinosmaismaduros.
5,05,5 5,5 5,6 5,5 5,6 5,7 6,0 6,2
5,55,0
5,6 5,56,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Evolução da procura de alojamento na RAM(2000–2013; milhões de dormidas)
TCMA = 1,5%
Figura 2 – Evolução e distribuição da procura de alojamento na RAM.
Fonte: DRE – Direção Regional de Estatística da Madeira
TURISMO TURISMO16 17
osquaisseapontaumaestratégiadeenriquecerediversificarasacçõesdecadaevento,procurandoummaioralargamentotemporaldealgunsdeles;
• Umconjuntodeprodutosdenicho,quesãoasLevadaseVeredas,oCanyoning,BTT,Ultra-trail,Birdwatching/Seawatching,Parapente,Surf,Mergulho,Pesca(Biggamefishing),Nata-ção,Velaeoutrosdesportos,comooiatismo,eoGolfe,jádealgumaformaestruturadosemotivadoresdeviagensàRAMpersi,paraosquaisseapontaumaestratégiadereforço.Estesprodutosutilizamanaturezaterrestre,oscursosdeáguaeomar,comosuporte.
• Umconjuntodeprodutosemergentes–TurismoDesportivo,ReuniõeseIncentivos,Bem-es-tar,CientíficoeResidencial,paraosquaisseapontaumaestratégiadefacilitaçãodascondi-çõesparaoseudesenvolvimento,umavezqueseencontramnumafaseaindaincipienteoudereduzidaexpressãonaRAM.
C. OFERTA COMPLEMENTAR
Aofertacomplementardeumdestinoturísticonãoconstituiaprincipalmotivaçãoparaaviagemmaspossuiumpapelessencialjáquecomplementaediversificaaofertadosprincipaisprodu-tosturísticosecontribui,assim,paraavalorizaçãododestinonoseuconjunto.Reportamo-nosàsseguintescomponentes:Gastronomia,Monumentos/Património/Museus,Festas/Vinho/Artesanato,Observaçãodecetáceos,VisitaàsDesertas,Música/Animaçãocultural,PasseiosdeBarco/Excursões.
NocontextodopresentetrabalhoimportafocaraanáliseemquatrocomponentesdaofertaturísticadaRAM:(1)Funchalepatrimóniocultural;(2)Naturezaepaisagemterreste;(3)Naturezaepaisagemmarinha;e(4)PortoSanto.Paraefeitospráticosdeanálisedevulnerabilidade(1)e(2)foramagregados.
Funchal e património cultural
AcidadedoFunchalintegra,comojáfoireferido,oProdutoDominante.OsseusMuseus,elementospatrimoniais,comdestaqueparaaIgrejadaSé,osJardinsromânticos,ocomérciotradicional,afrenteribeirinharenovada,oMercadodosLavradores,osinúmerosrestaurantesebares,oTeatroBaltazarDias,constituemelementosdeatracçãodaCidade,tantoparaquemprocuraoFunchalcomodestino,comoparaquemaportaàCidadenosinúmeroscruzeirosqueaífazemescala.
AcidadedoFunchaléondeamaiorpartedosturistaspernoitamepassamumapartedodia,mesmoquedepoispossamestarfocadosnoconsumodeoutrosprodutosturísticosqueailhadaMadeiraoferece.
Natureza e Paisagem Terreste e Marinha
Anaturezaeapaisagem,estáhumanizadaapardaconcentraçãodebiodiversidade,daperma-nênciadeelementosúnicoscomoaflorestaLaurissilvaeasLevadasconstituindoosrecursosturísticosmaisrelevantesdaIlhadaMadeira,umavezqueintegramoProdutoDominantee
Historicamente,asprincipaisatividadesturísticaslocalizam-senacidadedoFunchaleenvol-ventepróxima(Lido),concentrando,aindahoje,quase70%daofertadealojamento,apesardatendênciaparaumamaiordistribuiçãoterritorialdaoferta(AnaMariaLebre,2014).
Adistribuiçãoterritorialdaofertaevoluiunosúltimos13anosnosentidodeumamaiordescon-centraçãodoFunchal,sobretudoparaascostasLesteeOeste,indodeencontroàestratégiaturísticadefinida.Defacto,oFunchaldetinhaem2000,76,4%dascamasdaIlhadaMadeira,pas-sandoadeter,em2013,68,8%dacapacidadedealojamentodestaIlha(AnaMariaLebre,2014).
Caracterização da oferta turística
Aofertaturísticapodeserdefinidacomo“oconjuntodetodasasfacilidades,benseserviçosadquiridosouutilizadospelosvisitantesbemcomotodosaquelesqueforamcriadoscomofimdesatisfazerassuasnecessidadesepostosàsuadisposiçãoeaindaoselementosnaturaisouculturaisqueconcorremparaasuadeslocação”(Cunha,2001:174).
Dopontodevistaestratégico,oturismodaMadeiraestáinseridonumaestruturadeofertadeturismodenatureza,associadoàcontemplaçãodomeioruraledaszonasdeelevadovalornatu-ral(PENT,2013-1015).Tambémovinhoeagastronomialocal,anáuticaderecreioeosurf,eoturismoSoleMarassociadoaoPortoSanto,sãoconsideradosprodutosrelevantesnocontextoestratégiconacional.
Omodeloturísticoquedecorredodocumentodeestratégiamaisrecente(POT2014),actual-menteemapreciação,identificaumProduto Dominante,umconjuntodeoutros produtos / recursos turísticoseaoferta complementarsendoestestrêsitensasprincipaiscomponen-tesdaoferta.
A. PRODUTO DOMINANTE
OProdutodominante,ouseja,aquelequemobilizamaisdeslocaçõesdeturistasparaailhadaMadeira,éformadoportrêscomponentes:
• Umacomponentedealojamentoqualificado,amaiorpartelocalizadanoFunchal;
• ACidadedoFunchal,comoograndecentrourbano-turísticodaIlha,queconcentraelemen-tospatrimoniaisehistóricos,comércio,restauração,eventosculturaiseanimaçãoturística;
• UmacomponentedeNatureza/Paisagem,consumidaatravésdeexcursõesedeumaformaindependentepelosturistas.
B. OUTROS PRODUTOS / RECURSOS TURÍSTICOS
• Osgrandeseventostradicionais(FestadeNataleFimdeAno,Carnaval,FestadaFlor,Fes-tivaldoAtlântico,FestadoVinhodaMadeira,FestivalColombo,FestivaldaNatureza),para
TURISMO TURISMO18 19
Actualmentesãoinúmerasasactividadesdesenvolvidas,sejamcomplementaresaoprodutodominante–excursões,passeiosàsDesertas,avistamentodecetáceos-sejamorientadasparanichosdemercado–omergulho,oseawatching,osurf,apescaturísticadoalto,etodasasactividadesnáuticasdesportivas–vela,remoenataçãoemáguasabertas.
EmtermosterritoriaisedanaturezaéimportantedestacaroMarenquantorecursoparaumcrescentenúmerodeprodutosturísticosedelazer,comumasignificativacapacidadedecarga.Defacto,nosúltimosanos,aRAMassistiuàconcretizaçãodeumimportanteconjuntodeinfra-estruturasmarítimasebalneares,quedefinitivamenteabriramaIlhadaMadeiraaoMar.Atividadescomooseawatching,osurf,omergulho,apesca(biggamefishing),anatação,avelaeoutrosdesportosnáuticos,aobservaçãodecetáceos,entreoutras,constituemhojeprodutosturísticosedelazermaisoumenosformados,mascomumimportanteretornoeconómicoparaaRegião,quejogamnadiferenciaçãododestino.
OPOT2014evidenciaqueparaestetipodeprodutoturísticosetemvindoagerarumadinâmicadeincremento,comdestaqueparaaobservaçãodecetáceos.
Porto Santo
OPortoSanto,aocontráriodaIlhadaMadeira,apresentaumaextensapraiadeareiaclara,oquepermitequesejaapresentadocomumprodutotipificadodeSoleMar.
Tipicamente,oPortoSantoofereceapossibilidadededesfrutardosolnapraia,aindaqueasazonalidadepenalizeestaofertarelativamenteaoutraslocalizações.Alternativamentetêmvindoacomporumconjuntodeactividademaissofisticadasjuntoaoareal,como:museus,golfe,hipismo,mergulhooucaminhadas.Ailhadisponibilizaum campodegolfe internacional,possi-bilidadederealizaçãodecaminhadasnointerior,passeiosacavaloapartirdoclubedehipismo,possibilidadedefazermergulhoepesca.Ahistóriadailhatemtambémsidovalorizada, atravésdotítulodeVilaBaleira eàpassagempelolocaldeCristóvãoColombo.
Nãofoipossívelverificarcompletamenteograudedependênciadasduasilhasrelativamenteàsvisitas,noentantopareceficarclaroqueoPortoSantoseapresentacomoumdestinoassociadaàRAM,nãosendoindependente.Asacessibilidadessãoumamais-valianocontextodaRAMumavezquedeferry,apartirdaMadeira,oudeavião,apartirdoaeroportointernacional,oPortoSantoapresentaboascondições.
Poroutroladosãotambémvalorizadasasareiasvulcânicaspelosseuspoderescurativosemdiversasdoenças.
Caracterização da Procura Turística
UmdosfatoresdeatraçãodaRAMcomodestinoturísticoresidemtambémnasualocalização;ailhadaMadeiraofereceaoturistaumclimadecaracterísticastropicaisque,pertencendoàUniãoEuropeia,apresentapadrõessociais,desaúdeesegurançadeumaregiãodesenvolvida.
constituemrecursosparaaformaçãodeprodutosnicho,queatraemumnúmerocadavezmaiordeturistas.
Nesteâmbito,vastoecomplexo,destacamosasseguintescomponentes:
• Ospercursospedestres,dosquaisosmaisemblemáticossãoasLevadas,mastambémasVeredas,osTrilhoseosCaminhosReais,constituemumavastaredequesuportaasactivida-desturísticasedelazernanatureza.
• Oscursosdeágua–adiversidadedeitinerários,associadaaumapaisagemímpareaambientesdegrandeimponênciafazemdaIlhadaMadeiraumexcelentedestinoparaapráticadocanyoning.AcomposiçãogeológicadaIlhadeorigemvulcânicaeoseurelevomuitoacentuadoassociadoàssuascondiçõesclimáticas,condicionamemgrandemedidaostiposdecanyoningexistentes,caracterizadospordesníveisacentuadoseinúmerascascatas,muitasvezescomdimensõesqueultrapassamos60metros.
• Apaisagemagrícola–UmdosatractivospaisagísticosdaIlhadaMadeiraéapaisagemagrí-cola,montadaemsocalcos,sustidospormurosdepedrasoltaouargamassada.Asespéciessãoasadaptadasaosváriospatamaresedafo-climáticos,sendoclaraatransiçãoentreopatamardabananaeodavinha,porexemplo.
• Apaisagemflorestal–integragrandepartedoterritóriodaIlhadaMadeira,comrelevoparaaLaurissilva.EstaflorestaintegraoParqueNaturaldaMadeiraquecobre67%doterritóriodaIlha.
ANaturezaeaPaisagemservemassimdesuporteàconfiguraçãodeprodutosturísticosmaisespecíficos,tendoosconsumosevoluídosignificativamentenosúltimos10anos:passou-sedeumconsumomaiscontemplativo,efectuadoatravésdoexcursionismo,quepercorriaoconjuntodeestradasregionaisantigas,muitasdelasescavadasnarochapelamãodohomemparaumconsumomaisactivo,materializadonumconjuntodeactividadesqueatraemprogressivamentemaisturistas–asLevadas,oCanyoning,oBTT,oUltra-trail,oBirdwatching,entreoutras.
OsingularpatrimónionaturaldailhadaMadeiramotivouacriação,em1982,do ParqueNaturaldaMadeira,comoobjetivodeprotegernãosóosvaloresecológicosdaIlhacomotambémpromoveraqualidadedevidadosMadeirensesedaquelesqueosvisitam.OParqueestende-seporumaáreade56.700hectares,oqueperfazcercadedoisterçosdaáreatotaldailhaeondeseincluemzonascomdiferentesestatutosdeproteção,comoreservasnaturaisintegrais,paisa-gensprotegidasezonasderecreio.
OmarconstituiumdosmaisimportantesrecursosturísticosdoArquipélagodaMadeira,pelaconcentraçãodebiodiversidadeeporqueainsularidadelheconfereumaelevadapotencialecapacidadedecargaparaasactividadesmarinhas.
TURISMO TURISMO20 21
Em2004oTurismoNaturezarepresentavacercade6%dasmotivaçõesprimáriasparaPortugal,sendoquenaMadeiraessaimportânciarelativaera,nomesmoperíodo,de20%.Oaumentodaconsciênciaambientaldoseuropeus(paísesdeorigem)pareceestarapromoveroturismoNatu-rezaeasenvolventesnãomassificadas.Assim,em2015,espera-sequeocorram43,3milhõesdeviagensnestecontexto(teserisco),comtendênciascrescentesaté40%segundoaEuromonitor International e Tourism Economics.
Osdiversosprodutosturísticos–dominante,nichoseemergentes-queintegramaofertadaMadeira,reportam-sehojeamúltiplossegmentosdaprocura,comoutrastantasmotivaçõesespecíficas.
Assiste-seaumaprogressivadesmultiplicaçãodasmotivaçõesetambémdasdiferentesformasdeconsumirummesmoproduto,(do“fastlook”ao“slowlook”).
SegundooPENT,aRAMdeverápreconizarodesenvolvimentodoscircuitosturísticosreligiososeculturaisedoturismodenaturezaparaaabordagemaosmercadosinternacionais(PENT,2011).
Figura 4 – Distribuição territorial da oferta Ilha da Madeira em 2013 (POT, 2014).
TURISMO TURISMO22 23
Figura 5 – Distribuição territorial da oferta Porto Santo em 2013 (Revisão POT, 2014).
TURISMO TURISMO24 25
Aindaassim,esteturistaprocuraconhecerasbelezaseriquezaspaisagísticasdaIlha,agorajánãosóatravésdasexcursõestradicionaisVoltaàIlha,mastambémdeformasmaisindividuali-zadas(comrent-a-cars,táxis,oupequenasexcursões),procurandoexperienciarumaLevadaouVereda,ouumpasseiodeMar,oumesmoumaqualqueroutraactividadedesportiva(baptismodeCanyoningoudeMergulho)(RevisãoPOT,2014).
Paraofuturopreconizam-secomoobjectivosestratégicosparaoturismodaMadeira:ousufrutodaNaturezanassuasmaisdiversasformas,complementadapelocontactocomahistória,culturaegastronomiaevinhosdaregiãotodooano.1Emparaleloespera-sequedecorramimpactospositivosdaNovaPropostadeValor(ACIF,2014),comoseráadiminuiçãodasazonali-dade;eapreservaçãodoambientenatural.
Nestesentido,atravésdeinquéritosaturistas(Inquéritosaturistas,POT2014),ointeresseemactividadesrelacionadascomaNatureza,deformaglobalounaperspectivadeumapróximavisitaàMadeirarepresenta20-40%dasmotivaçõesdosturistas.
Importância do clima no turismo
AsilhasdaMadeiraedoPortoSantosituam-segeograficamentenaregiãosubtropical,apresen-tandoumclimaameno,tantonoInvernocomonoVerão,exceptonaszonasmaisaltasondeseobservamtemperaturasmaisbaixas.Oefeitomoderadordomarnastemperaturasfaz-sesentirnareduzidaamplitudetérmicaobservadanasilhas(CLIMAATII).AtopografiadailhadaMadeiracomaltitudesmuitoelevadasfavoreceaocorrênciadeprecipitaçãoorográfica,tornandoalgu-maszonasdailhamuitohúmidas,comoéocasodavertenteNorte,enquantonavertentesulenomeadamentenoFunchal,sãoencontradascondiçõesdetemperaturaeprecipitaçãomaisfavoráveisàmaioriadasactividadesturísticas.
Osaspectosmeteorológicoseclimáticosdeterminamomomentoparaarealizaçãodeumaatividadeturística(Martín,1999).NocasodaMadeira,oclimaéumrecursoturísticobastanteimportante,umavezquemuitosdosturistas,nomeadamentedeorigemAlemãedoReinoUnido,deslocam-seàilhaaliciadospeloseuclimaameno(Marujo,2004).2Muitosautoresapresentamoclimacomoumrecursoturísticopodendoassimserconsideradocomoumactivoeconómicoparaosector,passíveldesermensuráveleavaliável(Freitas,2005).
OcontextodoturismonaMadeiraassentanumprodutoNaturezaePaisagem,combinandoumterritórionaturalehumanizadocomcondiçõesclimáticaspropiciasàsactividadesassociadasaesteproduto.EstebinómiosempreconstituiuomaiorfactordeatracçãodaRAM,emespecialdaIlhadaMadeira,eoturismo,actividadeeconómicanuclearnaregião,utilizaestecontextocomosuporteerecursoessencialparaasuaactividade.
1 DocumentoEstratégicoparaoTurismodaRAM2015-2020,EstudodaACIFemcolaboraçãocomaKPMG,Dezembrode2014.
2 http://www.eumed.net/rev/turydes/15/ilha-madeira-turismo.pdf
OturismoMadeirenseestádependentedosmercadosInglês(33%)eAlemão(28%)(PENT,2007),sendoqueomercadoFrancêseEscandinavorepresentamtambémumaimportantefatiadepaísesdeorigemdeturismo.
OTurismoconstituiaprincipalactividadeeconómicadaRAM,geradoradeempregodirectoeindirecto,ederiqueza,peloquearelevânciadoestudodequaisquerimpactosquepossamafectaraactividadeturísticanaMadeiraépordemaisevidente.
Nestecontextodepartidaimportasalientardoisaspectosrespeitantesaestaactividade:
• Osucessodaactividadeturísticanumdestinotraduz-senaquantificaçãodariquezagerada,desdobradanumconjuntodeindicadorescomoopesonoPIBregional,empregogerado,etc.,conjugadacomoelevadoníveldesatisfaçãodoturista.Querdizerque,independente-mentedasorigensdosturistasedassuaspreferênciasespecíficas,importaqueodestinoconsigaatrairsegmentosdemercadoquevalorizemaqualificaçãododestinoeassuascaracterísticasdiferenciadoras,aomesmotempoqueexistaumelevadoníveldesatisfaçãodoturistafaceàsexpectativasgeradas.
• Osegundoaspectoarelevar,decorredoprimeiro,erespeitaàmaiorflexibilidadedeadap-taçãodaactividadeturísticadeumdestinomadurocomoéocasodaMadeira(emrelaçãoaoutrasactividadescomoaagricultura,aindústriaoualogística)àsmudançasdecontextoqueinevitavelmentevãoocorrendo,sejamelassociais,económicas,culturais,eporventuraclimáticas,deâmbitomundial,regionaloulocal.
Nosúltimos15anosaMadeirafoipalcodetransformaçõessocioeconómicaseculturaiscomumatraduçãoterritorialexpressiva,comdestaqueparaoturismoregional.Nesteâmbitosectorial,astransformaçõesacompanharamastendênciasdeevoluçãomundiais,sejanoqueserefereàtipologiadetransporteaéreo,àsformasdecontratação,ouaindaemtermosdaevoluçãodaprocura,quetendeasercrescentementemaisinformada,maisesclarecidaemaisexigente.
Aformataçãodenovosprodutosemespaçosdenatureza,sejamterrestresouassociadosaomar,induziuumasegmentaçãodaprocuraqueeradesejável,atraindohojeturistasmaisactivosemaisjovens,queprocuramnaMadeiraasatisfaçãodeumconjuntomuitodiversificadodeactividadesassociadasaprodutosdenicho,numambienteenumenquadramentopaisagísticosingular.
Apesardasegmentaçãoreferida,continuaaexistirumperfildeturistaquesereportaaopro-dutoDominante,ouseja,queémobilizadoporumconjuntodeexperiênciasdiversificadoqueoDestinolheoferece,numambientedegrandetranquilidadeesegurança,equeestánoFunchal,ondeseconcentracercade70%doalojamentoturísticosepodedesfrutardaofertapatrimonial,cultural,comercialegastronómicaqueaCapitaloferece.
TURISMO TURISMO26 27
1.2. Objectivos do relatório
OpresenterelatóriovisaidentificareanalisarosimpactosdasalteraçõesclimáticasnosectordoTurismonaRAM(IlhasdaMadeiraePortoSanto),comvistaàcontribuiçãosectorialparaadefiniçãodeumaestratégiadeadaptaçãodemédioelongoprazos,bemcomoàidentificaçãoacapacidadeadaptativadosistema(nocontextoturístico)edasmedidasdeadaptaçãoaimple-mentarnofuturo.
SerãoavaliadasascondiçõesespecíficasdosistematurísticodaRAM(sensibilidade)easuaexposiçãoàsalteraçõesclimáticas,queconjugadosdefinemosimpactospotenciais.Aosimpactosseráposteriormenteagregadaacapacidadeadaptativadossistemas,(vercapítulodaMetodologia)queemconjuntodeveramesclarecerquantoàvulnerabilidadedoturismonocontextodasalteraçõesclimáticas.
Ofocoestánanecessidadedepromoveraavaliaçãodavulnerabilidadeàvariabilidadeclimáticaactualefuturadosistematurísticoàsalteraçõesclimáticas(Capitulo3.3),nosentidodeproporasmedidasdeadaptaçãomaisadequadasparaminimizarosefeitospotencialmentegravososeexploraroportunidades(Capitulo3.4).
Otrabalhodesenvolve-seatravésdaidentificaçãodeimpactosevulnerabilidades(1)em3tipo-logiasdeoferta turística(Funchal;NaturezaePaisagemTerrestreeMarinha;PortoSanto)enasinfra-estruturasassociadasaoturismo(Capitulo3.1),eatravésda(2)identificaçãodeimpactosevulnerabilidadesnaprocuraporefeitodoconfortotérmico(Capitulo3.2).
OpresenteestudosurgenocontextodosresultadosobtidosanteriormentepeloprojetoCLIMAATII,em2006,sendoqueumdosprincipaisobjectivoséaactualizaçãodesteestudotentando,semprequepossível,iralémdainformaçãonestecontidaeatraduçãodosimpactosevulnerabilidadedesectoresconsideradoschaveparaoTurismocomoaBiodiversidade,Energia,AgriculturaeFloresta.
Existeextensabibliografiaqueprocuravalidaropressupostoclimáticonaescolhadodestinoturísticoscomofactordeatracçãoourejeiçãoparadiferentesmercadosemissores.Estaimpor-tâncianãopodedeixardeserconsiderada,aindaqueoseupesonadecisãofinaldoturistanãoestejacompletamentediscutida.AutorescomoMaddison(2001)eHamilton(2003)valorizamatemperaturaexterior,referindoqueosbritânicos(33%dosturistasnaMadeira)optamtipi-camentepordestinoscujomáximomédiodiurnodetemperaturarondeos30 °C,sendoqueomercadoalemão(28%dosturistasnaMadeira)tempreferênciaportemperaturasarondar24 °C.Nestecontexto,étambémreferidoque,àescalaglobal,oTurismointernacionalserámaissensívelaosfactorespopulacionaiseeconómicosqueafactoresclimáticos.
Nopresentetrabalhoavalorizaçãodoclimacomorecursoturísticoestarápresente,essencial-mentenaavaliaçãodoconfortotérmico(vercapítulo:Confortotérmicoealteraçõesnospadrõesesazonalidadedoclima-ÍndicePET)emparalelocomoenfasequesedaráàanálisefocadanasimplicaçõesdeimpactosnoutrossectores.Assim,importaconsiderarasmodificaçõesdecontextoclimático,ouseja,asalteraçõesnospadrõesclimáticosactuaisemrelaçãoaofuturo.
Aanáliseclimáticafuturafoifeitacombaseemperíodostemporaisalargados,comcenáriosdecurtoprazo(2010-2039),demédioprazo(2040-2069)edelongoprazo(2070-2099).Estescená-riosrevelamparaaRegiãoAutónomadaMadeiraumainequívocasubidadatemperaturamédia,nagama1,4ºCa3,7ºCatéaofimdoséculoXXIereduçõesdecerdade30%naprecipitaçãonoperíododeOutono,InvernoePrimavera(CLIMAAT,2006).
Oconfortotérmicoexterioréumacomponenteimportantenadefiniçãodaatractividadedodes-tinoturístico,desempenhandoumpapelreconhecidotantoporquemvisitaumaregiãocomoporquemapublicita.Existemdiversosestudosquevalorizamousodasinformaçõessobreoclimapelosviajantesnoplaneamentodeférias.3Uminquéritoaosturistasalemãesrevelouque73%escolheoseudestinodefériascominformaçãosobreoclimaeque42%sóconcretizaareservaaviagemquandorecolheinformaçãosobreoclimaantesdereservarasuaviagem.4
OspotenciaisimpactosdasalteraçõesclimáticasnosectorturísticoparaaMadeiraforamestudadosporCalheiroseCasimiro(2006)queapresentamalgunsdosimpactossobreasaúdehumanaesuasimplicaçõesparaoTurismo.
Globalmente,existemindicaçõesqueapontamparaqueasalteraçõesclimáticaspossamviraserprejudiciaisparaosectorturísticodevidoaimpactossignificativosassociadossaúdehumana,nomeadamenteaoreduziraqualidadedoar,comoaconteceunocasodaGrécia;aumentaroriscodedoençasinfecciosas,nocasodeEspanha;aumentaroriscodedesastresnaturais,comocheiaseincêndiosflorestais,nocasodaAustrália(Perry,2001;VinereAgnew,1999).
3 Hamilton,J.M.andM.A.Lau,Theroleofclimateinformationintouristdestinationchoicedecision-making,in:TourismandGlobalEnvironmentalChange(S.GösslingandC.M.Hall,eds)London,Routledge,2005.
4 Hamilton,J.M.andM.A.Lau,Theroleofclimateinformationintouristdestinationchoicedecision-making,in:TourismandGlobalEnvironmentalChange(S.GösslingandC.M.Hall,eds)London,Routledge,2005.
TURISMO 29
2. MetodologiaOmétodoimplementadonopresentetrabalhoassentaem4passosdistintos:
• IdentificaçãodosImpactosnoTurismodaRAM;
• Avaliarvulnerabilidadeactualefutura;
• Identificaçãodemedidasdeadaptação;
• Avaliarconfiançanosresultadosefalhasdeconhecimento.
2.1. Identificação dos Impactos no Turismo da RAM
NocontextodaevoluçãoeestratégiadoturismoparaRAMforamdefinidosospressupostosmetodológicos:
• na perspectiva do destino,ousejadaofertadoterritórioedassuascaracterísticasendó-genas,bemcomodosprodutoseinfra-estruturasturísticosalocadosterritorialmente–quaisosimpactosdasalteraçõesclimáticasnaformataçãodosprincipaisprodutos,nareconfigu-raçãoespacialdodestino,noscustosdeadaptaçãoenoaproveitamentodeoportunidades;
• na perspectiva da procura,ousejadoturistaedasuapercepçãodosriscosassociadosaumdestinoedasegurançadomesmo,oudoajustamentotemporalquepossafazerparaadeslocaçãoaodestinoemfunçãodascondiçõesclimáticasquedeterminamosdiferentesníveisdeconforto(confortotérmico,mesesmaisfrescosemesesmaisquentes);
• no transporteeàsinfra-estruturasqueosuportam,atendendoàsituaçãogeográficaearquipelágica.
TURISMO TURISMO30 31
2.2. Avaliar vulnerabilidade actual e futura
NocontextodoprojectoCLIMA-Madeira,importaconsiderarametodologiadeavaliaçãodevulnerabilidade,queassentanosseguintespressupostos:
a ) AExposiçãoestáintrinsecamenteligadaàsvariaçõesclimáticas,ouseja,representamosresultadosdosmodelosclimáticosedosparâmetrosquedesteresultam;
b ) ASensibilidadeédeterminadapelamedidaemqueosistematurísticopodeserafectadopelosparâmetrosclimáticos(assuasespecificidades);
c ) OImpactoPotencialéumafunçãodaSensibilidadeedaExposição;
d ) ACapacidadeAdaptativarepresentaacapacidadedosistematurístico(ououtroseforocasodeumimpactotransetorial)parareduzirpotenciaisdanos,aproveitarasoportunidadesouparalidarcomasconsequências.
e ) AVulnerabilidadeéumafunçãodoImpactoPotencialedaCapacidadeAdaptativa;
EstametodologiapodeserrepresentadaatravésdoesquemadaFigura7:
Figura 7 – Esquema conceptual da metodologia aplicada transversalmente no projecto CLIMA-Madeira.
Nocontextodosectordoturismo,ospassosmetodológicosassociadosàidentificaçãodefatoresdeexposição,sensibilidadeecapacidadedeadaptaçãosãoincorporadosnosectordoTurismoosimpactosresultantesdeparâmetrosclimáticosqueafetamdiretamenteosector.Paraosimpatosidentificadosporoutrossectoreseconsideradosrelevantesparaoturismoserãoutilizadososresultadosfinaisdaavaliaçãodeimpactosevulnerabilidade.
Éimportantenotarqueoturismoéafetadonãosóporparâmetrosclimáticos(porexemplo:ondasdecalorouoaumentodafrequênciadastempestades)mastambémporefeitosindu-zidospelasalteraçõesclimáticas(porexemplo:erosãooudegradaçãodabiodiversidade),e
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
OFERTA DESTINO
PROCURA TURISTA
TRANSPORTE
Figura 6 – Metodologia de avaliação de impactos nas componentes associada ao sector do turismo na RAM.
Nestaperspectiva,poderíamosaferir,emrelaçãoàscomponentesreferenciadasinicialmentequeosriscosdedesastresnaturais,adegradaçãodaqualidadedoaredosrecursoshídricoseaperdada“beleza”naturaldaregiãosãoreportáveisaodestino/ofertaeosriscosparaasaúdeeoconfortotérmico(noexterior)aoturista/procura.
Paraaanálisedosimpactosdasalteraçõesclimáticasassociadosàofertaprocuramosdestacarumconjuntodascomponentesquesegundoosectorsãoactualmentemaisimportantesequesereferemaoterritório/destino,ousejaàcomponentedaoferta:
• Funchal;
• Natureza/PaisagemTerrestreeMarinha;
• PortoSanto;
• Infra-estruturas;
Segundoaperspectivadaprocuraametodologiaestimouoconfortotérmico(noexterior)easuarelevânciaparaasdiversatipologiadeturista.
Paralelamenterealizou-seumlevantamentoeincorporaçãodosimpactosassociadosaosectordoTurismo.Oscritériosidentificadosporgraudeimportânciaforam:
1 ) Impactosidentificadosnoutrossectores;
2 ) Vulnerabilidadeassociadaaessesimpactos;
3 ) Valorizaçãodascontribuiçõesdaspartesinteressadas(participaçãodosagenteslocaisemworkshops);
4 ) RelevânciaparaoTurismodopontodevistadaofertaedaprocura;
5 ) Levantamentobibliográficodosimpactosglobaisassociadosaoturismo.
Exposição Sensibilidade
IMPACTOS POTENCIAIS
VULNERABILIDADES
CAPACIDADE ADAPTATIVA
TURISMO TURISMO32 33
IMPACTOS NO TURISMO
VULNERABILIDADE E IMPACTOS DIRECTOS
(CONFORTO TÉRMICO)
VULNERABILIDADE DOS IMPACTOS INDUZIDOS
(OUTROS SECTORES)
IMPACTOS DIRECTOS DE PARÂMETROS CLIMÁTICOS› Conforto térmico
1
CAPACIDADE ADAPTATIVA
SENSIBILIDADE› Específica de cada produtoturístico e infra-estrutura
7
6
Relevância do impacto para o Turismo?3
5 4
Vulnerabilidade de cada produto ou infra-estrutura turístico da RAM
8
IMPACTOS INDUZIDOS Lista impactos (outros sectores):› Agricultura e Florestas;› Biodiversidade (terrestre, marinha e Habitats);› Risco de Cheias e aluviões;› Qualidade e disponibilidade de água;› Energia; › Saúde Humana (ondas de calor, qualidade do ar, doenças transmitida por vectores)
2
Figura 8 – Metodologia de avaliação de impactos e vulnerabilidades para o sector do Turismo.
oriundosdeoutrossectores.Nestecontextopodemosafirmarqueasalteraçõesclimáticasafectamoturismo,principalmentedeformaindirecta,umavezqueinfluenciamaatratividadedaregiãoatravésdosimpactosnomeionaturalenasinfra-estruturasrelacionadascomoturismo(OCDE2010).
Paraosectordoturismoosimpactosevulnerabilidadesavaliadosdividem-seem:
• Impactosdirectosdeparâmetrosclimáticos(apenasseanalisouatemperaturaatravésdoconfortotérmico)
• Induzidosporoutrossectores;
Assim,ametodologiaaplicadaaosectordoturismotraduz-senaFigura8,edecorredosseguintespassos:
1 ) Identificaçãodosimpactosdecorrentesdirectamentedeparâmetrosclimáticos;
2 ) Listagemdetodososimpactosinduzidosporoutrossectores;
3 ) Avaliaçãodarelevânciaparaoturismodosimpactosinduzidosporoutrossectores;
4 ) VulnerabilidadedosImpactosinduzidos(outrossectores);
5 ) Vulnerabilidadeassociadaaoconfortotérmico;
6 ) Identificaçãodosfactoresdesensibilidadeàprocuranasinfra-estruturaseprodutosturís-ticosidentificadosdaRAM(paraosimpactosinduzidosporoutrossectores);
7 ) Identificaçãodosfactoresassociadosàcapacidadeadaptativanasinfra-estruturasenosprodutosturísticosidentificadosnaRAM(paraosimpactosinduzidosporoutrossectores);
8 ) Agregaçãodavulnerabilidadeassociadaacadaprodutoturísticoeinfra-estrutura.
Seguidamenteidentificaram-seosfactoresdesensibilidade(associadosàprocura)edecapa-cidadeadaptativaespecíficasdosectordoturismoparacadabinómioImpactos/produto(ouinfra-estrutura)utilizandoaescaladevulnerabilidadeassumidaparaoprojectoedescritapelaTabela1.
TURISMO TURISMO34 35
2.4. Avaliar confiança nos resultados e falhas de conhecimento
Aavaliaçãodaconfiançanosresultadosassociadosavaloraçãodavulnerabilidadeparacadaproduto,infra-estruturaeprocuraassociadaaoconfortotérmico,foimedida:(1)combasenaconfiançaassociadaaosimpactoscalculadosporoutrossectores,ecomimplicaçõesnosectordoTurismo;e(2)atravésdavaloraçãoatribuídaacadafatordesensibilidade,àqualidadeequan-tidadedainformaçãodisponível.Aqualidadedainformação,combasenapontuaçãoatribuída,permitetambémidentificarasfalhasnoconhecimentoparapreenchimentofuturo.
Tabela 1 – Escala de vulnerabilidade do projeto [CLIMA-Madeira].
2 Muito Positiva
1 Positiva
0 Neutra
-1 Negativa
-2 Muito Negativa
-3 Crítica
Foiconcretizadotambémumlevantamentodosfatoresdiferenciadoresdacapacidadeadapta-tivaatualdosistematurísticodaRAMeutilizaram-setrêscritériosfundamentais:
1 ) Agregaçãodosresultadosdosworkshopserecolhabibliográficasobreoturismoeasalteraçõesclimáticas;
2 ) Consultadosplanos,programasouestratégiasparaosector;
3 ) Consultadaspartesinteressadas;
Depoisdeseobterumvalordevulnerabilidadeparacadabinómio,agiu-senosentidodeagre-garaanáliseporprodutoouinfra-estrutura,identificandoimpactoscumulativosesinérgicosdentrodecadaprodutoturístico.
2.3. Identificação de medidas de adaptação
Assumindoasvulnerabilidadesidentificadas,foramlistadasaspotenciaismedidasdeadaptação,quepudessemincidirouminorarasvulnerabilidadesidentificadasparaofuturoeaproveitaroportunidades.Nestecontextoaparticipaçãodosagentesexternosduranteosworkshops doprojectorepresentouumcontributoimportante,umavezqueainformaçãoinstitucionalexistente/disponívelsobreoassuntoébastantereduzida.AsmedidaspropostasparaosectordoTurismoforamcompiladascombaseem:i)medidasidentificadasnosworkshopspelosagentesexternoseii)umaselecçãodemedidaslistadasemEstratégia,PlanosouProjetoscujofocoestivesserelacionadocomoTurismo,aAdaptaçãoouasAlteraçõesClimáticasnosectordoTurismo.Asmedidasdeadaptaçãoforamagrupadasnasdimensões:conhecimento,tecnologia,governança,socio-economiaenatureza,eposteriormentealocadasàsáreastransversais:i)Investigação&Inovação;ii)Resiliênciaaosatuaisextremosclimáticos;iii)Prevenirtendênciasdelongo-prazo;iv)ComunicaçãoeCapacitação
TURISMO 37
3. Resultados
3.1. Impactos e Vulnerabilidade na Oferta e Infra-estruturas
de Turismo na RAM
OsimpactosevulnerabilidadesanalisadasporoutrossectoresdoProjectoCLIMA-Madeiraforamextrapoladosparaosectordoturismosegundoasuarelevâncianocontextodoturismo,considerandoosdiversosprodutosturísticosquearegiãodisponibiliza.Destecruzamentoresul-taramosImpactosinduzidosnoturismo,sendoquedos47impactos,paraosquaisseavaliouavulnerabilidadeàsalteraçõesclimática,26foramconsideradosrelevantesparaestesetor.
Aestesimpactos,cujavulnerabilidadefoicalculadanossectoresàqualestavaligada,foiasso-ciadaumasensibilidade,divididaemduascomponentes:(1)sensibilidadeespecíficadosistema“Turismo”e;(2)sensibilidaderelativaaoimpactonaprocura(partindodopressupostodequeadiminuiçãodaprocurapeloprodutoimplicaumaumentodavulnerabilidade).Acadaimpactofoiassociadoumacapacidadeadaptativaespecíficadosistema“Turismo”nocontextodoprodutoturísticoemanálise.
Osfactoresdesensibilidade(sistemaeprocura)edecapacidadeadaptativacontribuem,dentrodaespecificidadedosistematurístico,paraagravarouatenuaravulnerabilidadeassociadaaoimpacto,nocontextodoprodutoturísticoemanálise.
Osectordoturismofoiconsideradocomotransversaldopontodevistadosimpactosevulnerabi-lidades,easuaavaliaçãoresultadaapropriaçãodosresultadosdeoutrossectores.Assim,atítulodeexemplo,nocontextodasaluviõesnacidadedofunchal,foiassinaladaumaelevadavulne-rabilidadeparaofenómeno,apesardesetervindoareforçaracapacidadeadaptativaaolongodosdoisúltimosséculos,desdeaprimeiragrandeintervenção,quelevouàcanalizaçãodastrêsribeirasapósoaluviãode9deOutubrode1803,atéàmaisrecenteintervençãodealargamentoecontençãodasfozesdasribeiras,depoisdoaluviãodeFevereirode2010.Esteeoutrosfatoresforamconsideradoseanalisadosnocontextodaespecialidadesetorialeposteriormenteintegra-dosnocontextodoturismo.Estalógicaaplica-seatodaametodologiadeavaliaçãodeimpactos.
TURISMO TURISMO38 39
Aszonascosteiraseáreasdeinfluênciadas“aluviões”desempenhamumpapelimportantenoTurismodaregião,sendomuitovisitadasporturistas,tornam-semaisvulneráveisnocontextodosector.
Relativamenteaosectordasaúdeexistemtrêsimpactosquedevemsersublinhadosparao“Funchal”:doenças transmitidas por vectores; qualidade do ar e ondas de calor–estes,sendodiferentesnasuaessência,estãorelacionadosepodemsurgircumulativamente,especial-mentenacidadedoFunchal.Porexemplo,oaumentodatemperaturarepresentaumaumentosignificativodoriscodetransmissãodedoençasedafrequênciadapicadademosquitos,aumentandotambémdestaformaodesconfortodoturista,bemcomoasuapercepçãodoriscoassociado(CLITOP,2005)ouatravésdadegradaçãoqualidadedoar,nomeadamenteasPM10,ozonoepólenes,comoaumentodatemperatura(ocorrênciadeincêndioseacontribuiçãodotransportedepoeirasoriundadonortedeAfrica).
Noentanto,olhandoparaohistóricodoseventosdedegradaçãodaqualidadedoaredeondasdecalor,asdoençastransmitidasporvectoresrepresentammaiorvulnerabilidadeparaoturismo,principalmentenocurtoprazo.
Deformageraloaumentodepragasedoençasévistocomoumimpactodasalteraçõesclimáti-cas,sendotambémumassuntoquelevantaactualmentepreocupaçãoparaaRegiãoAutónomadaMadeira(transmitidanasinteracçõescomosagenteslocaisduranteosworkshops).Estudosanterioresreferenciavamjáumaumentonaincidênciadeumasériededoençastransmitidasporvectores,tendênciaconfirmadacomaocorrênciadeumsurtodedengueem2012,trazidoparaaMadeiradoEgipto.
Emambienteurbanosãoodengue e a febre-amarelaqueapresentammaiorriscodetrans-missão.Opotencialaumentodoriscodeincidênciadedoençastransmitidaporvectoresemambienteurbanoestáassociadoàmanutençãoduranteoanodecondiçõesclimáticas(tempera-turaehumidade)óptimasparaaexistênciadovetoredoagentepatogénico.
Paraesteprodutoidentificaram-sediversosfatores de sensibilidade:(verTabela3).Estesestãoessencialmenterelacionadoscomascaracterísticasespecíficasdapopulaçãoturística(menor perceção do risco dos turistasepercentagem de população idade superior 65 anos)ecomassuasnecessidadesdefruiçãodoterritórioedaofertaturística(preferência por atividades ao ar livre e preferência por atividades junto à costa).
Aaptidãodosimpactosparainfluenciaremaprocurapeloprodutoturísticoemanálisefoitam-bémconsiderada(influência na procura turística):(verTabela3).Emborasubjectiva,estainfluênciaprende-secomfactoresrelacionadoscomacomunicação,gestãodorisco,impactomediático,transparência,capacidadederesposta,numalógicafocadaconcepçãodeumaimagemdesegurançanodestino.
Funchal e Património Cultural
Procedeu-seaolevantamentodosfatoresdeSensibilidadeeCapacidadeAdaptativaparacadaimpactoassociadoaoproduto“Funchal”.OsfactoresidentificadossãodescritosnaTabela3.
Tabela 3 – Fatores de sensibilidade e capacidade adaptativa para o produto Funchal.
IMPACTOSECTOR ORIGEM
FACTORES DE SENSIBILIDADE CAPACIDADE ADAPTATIVA
Ocorrênciade AluviõesnoFunchal
Riscos
menorperceçãodoriscodosturistas;preferênciaporatividadesaoar livre;influêncianaprocuraturística;
(a)Informaçãoturística
Susceptibilidadeàocorrênciadeinun-daçõesmarítimas
menorperceçãodoriscodosturistas;preferênciaporatividadesjuntoàcosta;
(b)ExistênciadeáreasdefruiçãoturísticajuntoaoportodoFunchal
Doençastransmiti-dasporvectores
Saúde
menorperceçãodoriscodosturistas;apreferênciaporactividadesaoar livre;percentagemdepopulaçãoidade>65anos
ND
Qualidadedoarmenorperceçãodoriscodosturistas;apreferênciaporatividadesaoar livre;percentagemdepopulaçãoidade>65anos;
ND
Ondasdecalorpreferênciaporatividadesaoar livre;percentagemdepopulaçãoidade>65anos;influencianaprocuraturística;
ND
ND – Informaçãonãodisponívelouinexistente
Numaprimeiraabordagemoproduto“Funchal”éfortementeinfluenciadopelamorfologiadoterreno,reunindocondiçõesparaaocorrênciademovimentos de vertentes e cheias rápidas,quetipicamentesãodesencadeadosporprecipitaçãointensanumcurtoperíododetempo.AimplantaçãodoFunchaldeu-sehistoricamentenazonaribeirinha,juntoàfozdetrêsimportan-tesribeiras–adeJoãoGomes,adeSantaLuziaeadeS.João.Estaimplantaçãofezcomqueacidadeficassenaáreadeinfluênciadaschamadas“aluviões”.
OprodutoturísticoassociadoaoFunchaltambémseráinfluenciadopelasubida do nível médio do marepeloeventualaumentodafrequênciaeintensidadedosgalgamentoseinundaçõesmarítimas,comespecialimportânciaparazonascosteirasurbanizadas,comoéacidadedofunchal.Opotencialaumentodeinundaçõesmarítimasrelacionadocomalteraçõesclimáticasestáassociadoessencialmenteadoisfactores:(1)subidanonívelmédiodomar;(2)eventualaumento(intensidadeoufrequência)detempestades.
TURISMO TURISMO40 41
NocontextodaSaúde HumanaasactividadespreconizadasparaoturismodenaturezadaRAMpermitemassumirqueapopulaçãodeturistasacarretaumriscoagravado,relativamenteàpopulaçãolocal,emdoençascompotencialdereintroduçãoouintroduçãocomoamalária,afebredoNiloOcidental,aleishmaniose,adoençadeLymeeaAnaplasmose.Paraaanálisedevulnerabilidadeutilizaremosavulnerabilidadecalculadaparaadoença de Lyme,presentenailhadaMadeira,paracaracterizaravulnerabilidadegeralparaoturismoassociadoàNatureza.
AmorfologiadailhadaMadeiradisponibilizacondiçõesparaacriaçãodepaisagensquesãoumatractivoparaoturismo.Aagricultura tradicional e a florestaplantadarepresentamumaapropriaçãohumanadapaisagemqueproporcionaamanutençãodeumapaisagematractivaecuidada.Nestecontextosãodisponibilizadosadiversosserviçoscomomanutençãodeecossis-temasespecíficos,sistemaderega(levadas),manutençãodossocalcosecriaçãodesolo.
Nasúltimasdécadas,assiste-seaumaparenteabandonodaagriculturapromovendoumaalte-raçãosignificativanapaisagem.Segundoainformaçãorecolhidaduranteoworkshopde12deFevereiro,osagentesconsultadosverificamqueospoiosestãoaserinvadidospormatos,sendoquesedegradamprogressivamentetransformandoapaisagemhumanizadanumapaisagemtendencialmenteabandonada.Estefactorepresenta,noimediato,aumaaparentedegradaçãodapaisagem,nãosendodespicienteaeliminaçãooudegradaçãodepassagensoucaminhosquesãoaproveitadosparapasseiosturísticos.
Nocontextodaflorestaplantadaimportaconsiderarasáreasdeeucaliptoedepinheirocujaextensividadeedegradação(nomeadamenteatravésdonematodedopinheiro),podemrepresentamumdecréscimonaqualidadedapaisagem,segundoasexpectativasdosturistas.Duranteoworkshopde12deFevereirofoipossívelverificarapreocupaçãorelativamenteestaquestãoassociadaàdegradaçãodaflorestadepinheiros,principalmenteemencostasdeclivo-sasededifícilacesso.
Abiodiversidade e os recursos naturaisdoarquipélagosãoassumidosestrategicamentecomoumdosprincipaisrecursosturísticos(Doc.EstratégicoMadeira,2014).Nestesentido,asalteraçõesclimáticassurgemcomopressãoadicionalnumsistemajáameaçado,fragmentadoelimitadopelasactividadeshumanas.Apotencialdegradaçãoealteraçãodosrecursosnaturais,faunísticoseflorísticos,paisagísticoseassociadosahabitatscaracterísticosdailhaeaespéciesendémicas,podemsignificarumaalteraçãodecontextodasexpectativasdosturistasqueprocuramaMadeira.AsáreasnaturaisdaIlhadaMadeiracontêmumimportanteconjuntodeatracçõesturísticasassociadasàricaeexuberantefaunaefloraendémicasdaIlhadaMadeira,assimcomoaapreciadaFlorestaLaurissilva,classificadacomoPatrimóniodaHumanidade.Estasatracçõesturísticas,únicaseexcepcionais,contribuemdeformamuitosignificativaparaadiferenciaçãoequalificaçãododestinoturístico.
Opotencialimpactodasalteraçõesclimáticasnadisponibilidade de águanocontextodoturismoNaturezaestárelacionadoàexistênciaderecursohídricosquepossibilitemamanuten-çãodecaudaisecológicosnasribeirasenaslevadasporondecirculamosturistasempasseio.
Nota:Osefeitosnadisponibilidadehídricaemmeiourbanonãoforamidentificadoscomumapressãodevulnerabilidadedosectordoturismo.Noentanto,oestudoprecedenteaoCLIMA-Madeira,oCLIMATTII,referequeapesardeseesperarumadiminuiçãoglobaldapre-cipitaçãonaregiãoestefactonãodeverácolocaremriscooabastecimentodeáguaaosectorturístico(ouàspopulaçõeslocais),omesmoacontecendocomaocorrênciadeeventosdesecaprolongada.Noentanto,aescassezdeáguaeaocorrênciadesecasprolongadaspodeagircumulativamentecomoutrosefeitos,nomeadamentealtastemperaturasdoverão,eafectarosfluxosdeturismoquandoofluxodeturistascoincidecomamenordisponibilidadederecursoshídricos,emtermosabsolutos.
Turismo Natureza e Paisagem Terreste e Marinha
Comodescritoanteriormente,procedeu-seaolevantamentodosfatoresdeSensibilidadeeCapacidadeAdaptativaparacadaimpactoassociadoaoproduto“NaturezaePaisagem”. OsfatoresidentificadossãodescritosnaTabela4.
Tabela 4 – Fatores de sensibilidade e capacidade adaptativa para o produto “Natureza e Paisagem”.
IMPACTOSECTOR ORIGEM
FACTORES DE SENSIBILIDADECAPACIDADE ADAPTATIVA
Doençastransmi-tidaporvectores
Saúde
menorperceçãodoriscodosturistas;preferênciaporatividadesaoar livre;percentagemdepopulaçãoidade>65anos;influencianaprocuraturística;
ascampanhasdeinformação.5
Alteraçõesnomosaicopaisa-gísticoflorestaleagrícola
Agriculturaeflorestas
expectativasdosturistasparaafruiçãodapaisagemflorestaleagrícola;preferênciaporatividadesaoar livreparaousufrutodapaisagem(comosãoospasseiosnalevada);influencianaprocuraturística;
ND
BiodiversidadeeRecursosNaturaisrelacionadoscomturismo
Biodiversidade
expectativasdosturistasparaoacessoaespéciesespecificas;asexpectativasdosturistasafruiçãodapaisagemnatural;apreferênciaporactividadesaoar livre;Influencianaprocuraturística;
ND
RecursoshídricosRecursoshídricos
preferênciaporatividadesaoar livreepasseiosjuntoderibeirasoulevadas.
ND
5 Estainformaçãofoirecolhidainformalmente,nãoexistindoumareferênciainstitucionalquecomproveasuaexistêncianocontextodoturismo,bemcomodosresultadosdessacampanha.
TURISMO TURISMO42 43
Grandepartedasviasregionaisestádesactualizadadopontodevistadasdeslocaçõeseficien-tesnailha,existindoalternativasqueoferecemaoutilizadorumadeslocaçãomaisrápidaesegura.Noentantoestasviasconstituemaredeviáriaturística,sendoqueoseucontextodeimplantaçãoépoucorobusto,umavezqueatravessamencostasdeclivosas,atravessadasporlinhasdeágua(canalizadaspordebaixodasvias)esãoemlongostroçossuportadaspormurosdesuportedepedraoubetão.
Osfactoresdesensibilidademaisrelevantessãoosaluviões,derrocadas,osincêndioseonema-todedopinheiro(precursoresdedeslizamentos).
Osfactoresquedefinemacapacidadeadaptativaactualpassampelasupressãodetroçosourestriçãodotrafego,umavezque,sobretudopelosencargosfinanceirosassociadosàreposiçãodanormalidade,asegurançadestavianãoestáassegurada.
Ocortedeviasouadiminuiçãodascondiçõesdesegurançanasuautilização,afectamdirecta-menteoturismo,deváriosmodos:
• Peladiminuiçãodeexcursõesturísticas;
• Pelaeventualsobrecargadasviasdisponíveis;
• Peladiminuiçãodasatisfaçãodoturista,quepercepcionasituaçõesdemenorsegurança.
Asinfra-estruturas marítimaspermitemasdeslocaçõesinternaseexternas(cruzeiros),osfluxosdemateriaiseoconsumodeprodutosturísticosporviamarítima.Segundoosrelatosrecolhidosduranteoworkshopastempestadesdosúltimosanosprovocaramdanosimportantesemmuitasinfra-estruturas,algumasaindanãorecuperadas.
RelativamenteàcidadedoFunchalimportaconsideraroefeitodasubidadonívelmédiodomareoaumentodafrequênciaeintensidadedosgalgamentoseinundaçõesmarítimas,nomeada-mentenasmarinasenosportos.Estasestruturasestãoportantosujeitasafactoresdeexposi-çãoquenãoforammodeladosnocontextodoprojecto,comosãoastempestadeseaagitaçãomarítima.NoentantoosectordosriscoshidrogeomorfológicosavaliouasvulnerabilidadesdaRAMainundaçõesmarítimas,informaçãoqueseráutilizadaparaavaliaroscondicionamentosportuários,quesepodemtraduziremrestriçõesnousodosprodutosturísticosassociadosaoTurismoNaturezaePaisagem,principalmentenavertenteMarinha.
Noquedizrespeitoàsinfra-estruturas aeroportuáriassegundoainformaçãorecolhidanoworkshopoaeroportodaMadeiraapresentaproblemasdeoperação,sobretudopelascondiçõesdeventoe,porvezes,devisibilidade(poeiras).Nocontextodomesmoworkshopficoutambémclaroquenascondiçõesactuaisestescondicionalismosrepresentamalteraçõesnaatractividadeturistasdodestino.
Existemdiversasactividadesassociadasaoturismo,algumasemergentes,cujapráticaemcondiçõesóptimas,podesofreralteraçõescomadiminuiçãodocaudaldeáguanasribeiras,quepodemtemporáriaoudefinitivamentecolocaremcausaasuaprática.
Turismo do Porto Santo
Tabela 5 – Fatores de sensibilidade e capacidade adaptativa para o produto “Porto Santo”.
IMPACTOSECTOR ORIGEM
FACTORES DE SENSIBILIDADE CAPACIDADE ADAPTATIVA
Erosãocosteiraeinundaçõesmarítimas
Riscos
asexpectativasdosturistasparausufrutodapraia;aacumulaçãodeestruturasturísticasjuntoàlinhadecosta;apropensãoparaarealizaçãodeactividadejuntoaomar;influêncianaprocuraturística;
ND
Ondasdecalor Saúdepreferênciaporatividadesaoar livre;percentagemdepopulaçãoidade>65anos;influêncianaprocuraturística.
ND
RelativamenteaoprodutoturísticoassociadoaoPortoSantoimportaconsideraroefeitodasubidadonívelmédiodomareoaumentodafrequênciaeintensidadedosgalgamentoseinun-dações marítimas,pondoemcausaasestruturasdepraiaeoareal.Esteseventoscontribuirãoparaoaumentodaerosão costeira,àeliminaçãoprogressivadoarealeaoeventualimpactodirectodomarnadunaprimáriaenasinfra-estruturasturísticasmaispróximasdalinhadecosta,equerepresentamgrandepartedasmotivaçõesdevisitas,internaeexternas,àilhadePortoSanto.
DuranteoworkshopfoimanifestadapreocupaçãodeassociaçãodasubidadoníveldomaraoaumentodaerosãocosteiranaIlhadoPortoSanto.Aosacontecimentosdeerosãocosteiraestarãotambémassociadoselevadoscustosdemanutençãodoarealedaminimizaçãodosimpactosnegativosnasinfra-estruturascosteiras.
(mais informações ver ondas de calor: Funchal)
Infra-estruturas Rodoviárias, Marítimas e Aeroportuárias
AsrodoviasdailhadaMadeiraidentificadascomorelevantesdopontodevistadoturismo,constituemumarededecarizregionalqueservedesuporteàsactividadesdeexcursionismo,comopermiteasdeslocaçõeseosconsumosterritoriaismaisindividualizadosdapaisagemedanatureza.Assim,paraonormaldesenvolvimentodaactividadeturísticaéfundamentalamanutençãodascondiçõesdesegurançaedeconfortodestesistemadevias.
TURISMO TURISMO44 45
Tabela 6 – Níveis do índice PET e respectivos efeitos no conforto térmico humano.
PET (°C) PERCEPÇÃO TÉRMICA HUMANA NÍVEL DE STRESS TÉRMICO
<4 Frioextremo Extremo
[4-8[ Muitofrio Forte
[8-13[ Frio Moderado
[13-18[ Ligeiramentefresco Ligeiro
[18-23[ Confortável Conforto(ausênciadestress)
[23-29[ Ligeiramentequente Ligeiro
[29-35[ Quente Moderado
[35-41[ Muitoquente Forte
≥41 Calorextremo Extremo
Fonte: adaptado de Matzarakis (2003); transposto do Projecto CLIMAAT II.
Comoaproximaçãoàcomponenteclimáticanoprocessodedecisãodaestadiadosturistasfoidefinidoo“mês-tipo”paracadapaísdeorigemdosturistas,eque,naprática,representamomêspreferidodoturista.AFigura9expõeoperfilclimáticodosmesespreferidosdosturistasdecadaumdosprincipaismercadosemissores,paraoFunchalePortoSanto.
Osresultadospermitemidentificartrêsgruposdepreferência:(1)PortugaleFrança,apresentaumapreferênciaporníveismaiselevadosdestresstérmicoporcalor;(2)Finlândiaapresentaumapreferênciaporníveisdeconfortotérmiconazonadoconforto/ligeirostressporfrio;(3)omercadoinglêsealemãosãomaisindefinidosnassuaspreferências,factoqueestádeacordocomasuadistribuiçãobastanteuniformeaolongodetodooano.
Nocontextodealteraçõesclimáticassãoesperadasalteraçõesnoperfilclimáticodaregião,oque,porhipótese,deverátambéminfluenciarapreferência/escolhadoturistanofuturo(éportantoassumidoqueapreferênciadosturistasemantemnofuturo).
Alterações na procura associadas ao conforto térmico
Asevidênciasdisponíveissobreopotencialimpactodasalteraçõesclimáticasnaprocuraturísticasugeremumaredistribuiçãogeográficaesazonaldosdestinosturísticosatémeadosdofinaldoséculo.Osimpactosprevistosincluemumamudançagradualparalatitudesealtitudesmaiselevadas.Osturistasdepaísesdeclimatemperado,queactualmentedominamasviagensinternacionais(porexemplo,EuropadoNorte)deverãopassarmaisfériasnoseupaísdeorigemounasproximidades,aadaptarosseuspadrõesdeviagemparaaproveitarasnovasoportunida-desclimáticas(CLITOP,2006)
Analisandoopassado,esegundooprojectoCLITOP,aevoluçãodoíndicePETregistadaentre1961e2004denunciaumatendênciasignificativadeaquecimento,associadoaosvaloresmédios
Oestabelecimentodeumarelaçãodirectaentreoregimedeventoseasalteraçõesclimáticasnãofoiconcretizadonopresentetrabalho.Contudo,aacentuarem-seestesfactoresdeexpo-sição,bemcomooseventosextremos,oimpactooperacionalseráevidente,epodeacentuaraslimitaçõesquejáhojeocorrem,equeemúltimaanálisesepodemtraduziremsituaçõesdeimprevisibilidadeedeinstabilidade,comafectaçãodirectanascompanhiasquehojeoperamnaMadeiraedosturistas.
3.2. Impactos e Vulnerabilidades na Procura de turismo na RAM;
Adefiniçãodasvulnerabilidadesassociadasàprocuraresume-seàanálisedospadrõesdecon-fortotérmicodosturistas(nacionalidades)queocorremàMadeira,paraalémdaquantificaçãodaalteraçãonaprocuraparacadaimpactoassociadoaoprodutoturístico(vercapítuloImpactoseVulnerabilidadenaOferta).
Conforto térmico e alterações nos padrões e sazonalidade do clima (Índice PET)6
Considerandoaimportânciadamodelaçãodoconfortotérmicodoturista,oprojectoCLIMAATIImodelouoíndicebioclimáticoPhysiologicalEquivalentTemperature(PET)comoformadeenquadramentodaspreferênciastérmicasdosturistas(modelaçãoseguidamenteexpostafoiconcretizadanoprojectoCLIMAATII,norelatóriosobreosectordoTurismo).
NaTabela6apresenta-seaescalaerespectivosníveisutilizados.7ParamaisinformaçõessobremetodologiautilizadaparaaconstruçãodoíndicePETconsultarorelatório CLIMAAT II (sector Turismo).
Osmercadosemissoresconsideradosnesteestudoforam:ReinoUnido,Alemanha,Portugal,FinlândiaeFrança.Ametodologiaassentanopressupostodequeopaísderesidênciadosturis-tasinfluenciaoseuconfortotérmicoe,portanto,assuaspreferências,equeestefactopoderádenunciarvariaçõesnaprocuraturísticadaregiãoquesedefinemcomoimpactospotenciaisdaalteraçõesclimáticas.
6 AmodelaçãodoíndicePETfoiconcretizadanoprojetoCLIMATTII.
7 OsvaloresdePETsãoexpressosemgrauscentígrados,tornadoasuautilizaçãoindicadaparaestetipodeaplicações.OíndicePETédefinidocomosendoatemperaturafisiológicaequivalente,numdadolocal(interiorouexterior).Éequivalenteaumatemperaturadearexterioràqual,paraumambienteinteriortípico,obalançotérmicohumano(níveldeactividadeligeirade80Weresistênciatérmicadevestuáriode0,9clo)émantidocomtemperaturasdocorpoepeleiguaisàsdascondiçõesemestudo(VDI,1998;Höppe,1999).ParaocálculodoPETutilizou-seoprogramaRayMan(Matzarakisetal,1999;Matzarakisetal,2002;Matzarakis,2003),ummodelomatemáticoquecalculaesteíndiceatravésdatemperaturamédiaradiante,tendocomodadosdeentradavaloresde:temperaturadoar(°C),humidaderelativadoar(%),velocidadedovento(m/s)enebulosidade(octas).
TURISMO TURISMO46 47
Nestecontextoprevê-sequeparaoFunchalocorraumaumentodaduraçãodaépocaquente,paraofimdoséculo.Ocorreráumaumentosignificativodonúmerodediascomvaloresextremosdestresstérmico,queseránaordemdos15%emJulhoeAgosto,emrelaçãoaocenáriodecontrolo.
ParaoPortoSantoregista-seumligeiroaumento(aproximadamente5%)nosmesesdeJulho,AgostoeSetembro,paraosmercadosportuguêsefrancêseumaumentosignificativo(15%)emNovembro,paraomercadofinlandês.
Genericamente,oscenáriosapontamparaumaumentodonúmerodediasmuitoquentesentreMaioeOutubro;sendoque,entreJunhoeSetembro,podemseratingidosníveisdeconfortotérmicoinsuportáveisparaosturistasoriundosdaEscandináviaougruposespecialmentevulneráveiscomoidososoupessoascomproblemasrespiratóriosoucardíacos.
ATabela7apresentaosresultadosdaanáliseparaoscenáriosconsiderados,associandoapotencialreacçãodecadamercadoemissoràsalteraçõesnoconfortotérmicodoFunchal(ilhadaMadeira)ePortoSanto.8
OresultadosindicamalteraçõesmaissignificativasnoPortoSantoquenoFunchal,sendoqueestasalteraçõesocorrerãomaiscedonocasodePortoSanto(período2040-69).NosmesesdeDezembroeMarçoocorreráumasubstituiçãodecercade45%dediasnagamadostressligeiroporfrioparaonívelPETdeconforto,enquantoqueentreJulhoeSetembroseregistariaumavariaçãodecercade50%dosdias,quepassarãodazonadestressligeiroporcalorparastressmoderado.
Seextrapolarmosaavaliaçãoarespostadosmercadosemissoresparaocontextodevulnerabili-dade(verTabela8),atravésdacontagemdosmessesemqueocorrenecessidadedereacçãodomercado,verificamosqueparaailhadaMadeira:
• OmercadoEscandinavo(representadopelomercadofinlandês)apresentaumavulnerabili-dademuitocríticaparaofimdoséculo;
• OsmercadosAlemãoeInglêsapresentamvulnerabilidadesemtendênciadefinida(deposi-tivoanegativo)paraofimdoséculo;
• OsmercadosPortuguêseFrancêsumavulnerabilidadetendencialmentepositivaouneutra,paraofimdoséculo;
OsresultadosobservadosindicamtambémqueavulnerabilidadedoPortoSantoéinferioràdoFunchal,considerandoquesertratadeumdestinodesol,praiaemar,nãoseprevêumadiminuiçãosignificativadascondiçõesdeconfortotérmico.Nestecontexto,paraoPortoSantoocorreráumaumentodosmesesfavoráveisaestetipodeturismo.
8 Nãosãoconsideradasasalteraçõesclimáticasousocioeconómicasnospaísesdeorigemdosturistas.
anuaisesazonaisdetemperaturadoar(aumento)edasvelocidadesdovento(diminuição).ParaoFunchalexistemtendênciasmuitosignificativasdesubidadosvaloresdePET,comincremen-tosavariarentreos0,43ºC/décadaemMAMe0,62ºC/décadaemJJA.
Stress moderado (frio) Stress ligeiro (frio) Conforto Stress ligeiro (calor) Stress moderado (calor)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100 (a)
Reino Unido Alemanha Portugal Filândia França
Nº D
ias
(%)
País de Residência
51
5
23
16
50
3437
28
38
2831
39
61
5
61
7 711
1
11
1
10 10
26
2
29 30
1
52
18
3531
27
18
39
23
62
35
2 4
106
2
24
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Reino Unido Alemanha Portugal Filândia França
Nº D
ias
(%)
Stress moderado (frio) Stress ligeiro (frio) Conforto Stress ligeiro (calor) Stress moderado (calor) Stress forte (calor)
País de Residência
(b)
Figura 9 – Distribuição do número de dias por nível PET para um “mês-tipo” de referência de cada mercado emissor: (a) Funchal; (b) Porto Santo. Transposto do Projecto CLIMAAT II.
TURISMO TURISMO48 49
ParaailhadoPortoSantos,atravésdacontagemdosmessesemqueocorrenecessidadedereacçãodomercado,verificamosque(verTabela9):
• OmercadoEscandinavo(representadopelomercadofinlandês)apresentaumavulnerabili-dadetendencialmentecríticaparaofimdoséculo;
• OsmercadosAlemãoeInglêsapresentamvulnerabilidadesemtendênciapositivaparaomeioefimdoséculo;
• OsmercadosPortuguêseFrancêsumavulnerabilidadetendencialmentepositivaoumuitopositiva,parameioefimdoséculo;
Tabela 8 – Resposta dos mercados emissores a alterações no conforto térmico humano, para o Funchal e Porto Santo para dois cenários climáticos futuros.
ATUAL +2020-39 * 2040-69 2070-99
A2 B2 A2 B2 A2 B2
UK/DE 0 0 0 0 0 0 -1 1
PT/FR 0 0 0 0 0 0 1 0
FI 0 0 -1 -1 -2 -2 -3 -2
TOTAL 0 0 0 0 0 0 -1 0
* Valores extrapolados a partir do projeto CLITOP e da análise do período 2040-69 para os cenário A2 e B2
+ Pressuposto metodológico da modelação PET, considerou-se que a vulnerabilidade neutra para a atualidade
Tabela 9 – Resposta dos mercados emissores a alterações no conforto térmico humano, para o Funchal e Porto Santo para dois cenários climáticos futuros.
ATUAL2020-39 * 2040-69 2070-99
A2 B2 A2 B2 A2 B2
UK/DE 0 0 0 0 1 1 1 1
PT/FR 0 0 0 0 1 1 2 1
FI 0 0 -1 0 -2 -1 -2 -1
TOTAL 0 0 0 0 1 1 0 1
* Valores extrapolados a partir do projeto CLITOP e da análise do período 2040-69 para os cenários A2 e B2
+ Pressuposto metodológico da modelação PET, considerou-se que a vulnerabilidade neutra para a atualidade.
Tabela 7 – Resposta dos mercados emissores a alterações no conforto térmico humano, para o Funchal e Porto Santo para dois cenários climáticos futuros.
FUN
CHA
L A2
2040-69 2070-99
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
UK/DE
PT/FR
FI
FUN
CHA
L B2
2040-69 2070-99
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
UK/DE
PT/FR
FI
P. S
AN
TO
A2
2040-69 2070-99
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
UK/DE
PT/FR
FI
P. S
AN
TO
B2
2040-69 2070-99
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
UK/DE
PT/FR
FI
Reação do mercado: (Aumento); = (Manutenção); ¯ (Diminuição)
TURISMO TURISMO50 51
CONFIANÇA
Muitobaixa
Baixa
Média
Alta
Muitoalta
VULNERABILIDADE
Muitopositiva
Positiva
Neutra
Negativa
Muitonegativa
Crítica
IMPACTOS NO TURISMO - OFERTA, PROCURA E INFRAESTRUTURAS HORIZONTE TEMPORAL CONFIANÇA VULNERABILIDADE
CidadedoFunchal:OcorrênciadeAluviõesnoFunchal;Doençastransmitidasporvectores;Ocorrênciadeinundaçõesmarítimas.
Atual
Curto(2020–2039)
Longo(2070–2099)
Natureza/PaisagemTerrestreeMarinha:Doençastransmitidasporvectores;Alteraçõesnomosaicopaisagísticoflorestaleagrícola.
Atual
Curto(2020–2039)
Longo(2070–2099)
PortoSanto:Aumentodasuscetibilidadeàocorrênciadeinundaçõesmarítimas.
Atual
Curto(2020–2039)
Longo(2070–2099)
InfraestruturasRodoviárias:Sistemadeviasturísticas,Afectaçãodaactividadeexcursionismo,AfectaçãodaMobilidade,Diminuiçãodasatisfaçãodoturista.
Atual
Curto(2020–2039)
Longo(2070–2099)
InfraestruturasMarítimas:Afectaçãodasestruturasedaoperacionalidade;Aumentodasuscetibilidadeàocorrênciadeinundaçõesmarítimas.
Atual
Curto(2020–2039)
Longo(2070–2099)
Infraestruturasaeroportuárias:Afectaçãodasestruturasedaoperacionalidade.
Atual
Curto(2020–2039)
Longo(2070–2099)
Confortotérmico:IlhadaMadeira.
Atual
Curto(2020–2039)
Longo(2070–2099)
Confortotérmico:PortoSanto.
Atual
Curto(2020–2039)
Longo(2070–2099)
Figura 10 – Matriz de impactos e vulnerabilidade do sistema turístico da RAM.
TURISMO TURISMO52 53
Osdocumentosanalisadosforam:
1 ) RevisãoPlanodeOrdenamentodoTurismodaRegiãoAutónomadaMadeira;
2 ) DocumentoEstratégicoparaoTurismodaRAM2015-2020,EstudodaACIFemcolaboraçãocomaKPMG,Dezembrode2014;
3 ) RelatóriodeProgressoEstratégiaNacionaldeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáticas
4 ) Workshop12deFevereiro2015;
5 ) Workshop21deAbril2015.
AsmedidasidentificadasparaosectordoturismosãoapresentadasnaTabela 15.
Tabela 15 – Medidas de adaptação identificadas para o sector do turismo.
Criação do observatório do turismo (vertente adaptação) - Nocontextodaadaptaçãooobservatóriopodeserutilizadoparaadaptaroturismo,liderarmedidasassociadasaoturismonocontextodaadapta-ção;informaçãoestruturadaparaatracçãoecaptaçãodeinvestidoresparaoturismoNatureza(adaptadodeRevisãoPOT,2015).
“Programa de Turismo Sustentável” - Certificação(responsabilidadeambiental);Aproveitamentodeáguasresiduaistratadasedeáguaspluviais(eventualmentepararegaemanutençãodosespaçosexterioreseabastecimentodepiscinas);Medidasquediminuamoconsumodaáguaesalvaguardemosrecursoshídricossubterrâneos;Optimizaçãonautilizaçãodosrecursosenergéticos(esperadoaumentodeconsumosdeenergiaparaclimatizaçãodehotéiseveículos);Eficiêncianoconsumodeáguanosectordoturismo(principalmentenosperíodosdemaiorconsumoeque,podemcoincidircomosperíododemaiorescassez).Monitorizaçãoecriaçãodecotasparaestruturasturísticascomnecessidadeintensivasdeágua(ex:Camposdegolf;piscinas)(adaptadodeRevisãoPOT,2015).
Desenvolver sistemas de obtenção e partilha da informação - (associaraoriscoeàsalteraçõesclimáticas);Uniformizarconteúdosedinamizarocanalonlineassegurandoaconsistênciadeinformaçãorelevanteadisponibilizaraoturistaeincentivandoacomunicaçãobilateral.
Identificação e inventariação dos empreendimentos turísticos localizados em áreas de risco - (porexemplo:áreasexpostasariscosdeinundaçõesmarítimas,aerosãoeriscodecheiaoumovimentosemvertentes).
Utilização de espécies vegetais autóctones e adaptadas às condições edafoclimáticas - Refloresta-çãoenquadradacomapreservaçãodaflorestaLaurissilvaedosvaloresnaturaisassociadosaoturismonatureza(osturistaprocuramaflorestaLaurissilva).
3.3. Vulnerabilidade à variabilidade climática actual e futura
Osresultadosdaagregaçãodasdiversasvulnerabilidadesresultaramnumamatrizdevulnerabi-lidade,transpostanaFigura10.
Analisandoosresultadosdamatrizdevulnerabilidade(Figura10)verificamosque:
› AcidadedoFunchalapresenta-sejá‘muitovulnerável’,principalmentedevidoàocorrênciadecheiaemovimentosdevertente,sendoquenocurtoprazoesteníveldevulnerabilidadesedeverámanter,masalongoprazo,asubidadoníveldomarpromoveráumaumentodavulnera-bilidadepara‘crítico’;
› Osistemaquepermitiafruiçãodaactualpaisagemmadeirense,comascaracterísticasactuaisequeatraemturistas,apresentagenericamenteumavulnerabilidadenegativa.Estavulnerabi-lidadeestáassociadaàdegradaçãodealgunshabitat(comoaLaurissilva),adesvalorizaçãodaagriculturacomoactividadeeconómicarelevante,àeliminaçãodeespéciesendémicaseaváriosriscosdeacçãocumulativa–incêndios,pragaseexpansãodeplantasinvasorasexóticas;
› Asestruturasrodoviáriasrelevantesdopontodevistaturísticoapresentamjáumavulnerabi-lidade‘muitonegativa’,comtendênciaparaagravamentoacurtoprazoemanutençãoalongo.Estecomportamentodeve-seaueventualaumentodoriscodeincêndioacurtoprazo(2020-2039)eàdiminuiçãodoriscodecheiaalongoprazo(2070-2099);
› Asestruturasmarítimasrelevantesdopontodevistaturísticoapresentamumavulnerabilidade‘neutra’,nãoapresentandotendênciaparaagravamentoacurtoprazo,sendoquealongoavulnerabilidadeserá‘muitonegativa’frutodasubidanonívelmédiodomar;
• Nocontextodoconfortotérmico,genericamente,paraailhadaMadeiraavulnerabilidadeterátendênciaparaaumentaraolongodotempoecomasubidadatemperatura,atéaonível‘muitocritico’paraofinaldoséculo.
• AvulnerabilidadedailhadoPortoSantonocontextodoconfortotérmico,genericamente,éassinaladacomoumaeventualoportunidadeamédioprazoe‘negativa’alongoprazo.Oefeitopositivodoaumentodatemperaturadeve-seessencialmenteaomercadofrancêseportuguês.
3.4. Medidas de adaptação Turismo
AvaliadasavulnerabilidadedoprodutoturísticoassociadoaoFunchal,importaagoralistaepropormedidaouacçõesquevisemareduçãodasvulnerabilidades.Assimpromoveu-seumalistaquevalorizaascontribuiçõesdosagenteslocais,bemcomoosplanos,documentosestraté-gicosouprojectoassociadosaoTurismonaRAMouàadaptaçãoàsalteraçõesclimáticasanívelnacional(semprequeserefereaocontextodaRAM).
TURISMO TURISMO54 55
Nestecontexto,importaaindamencionarolevantamentodasfalhasdeconhecimentorealizadoequecontoucomaparticipaçãoevalidaçãodosagenteslocaisaquandodoworkshopde21deAbril.Asfalhasdeconhecimentoidentificadoparaosectordoturismo,eacolmaranofuturo,foramasseguintes:
• Concretizaçãodeestudosdosimpactosdosfenómenosclimáticosqueafetamaoperacio-nalidadeaeroportuária(baixavisibilidadeeventosfortes)ecruzamentosdestainformaçãocomaafluênciadepassageirosporviaaérea(operacionalidadedosaeroportoseportoseasuarelaçãocomascondiçõesclimáticas);
• Acessosistemáticoaosdadosrelativosaoscancelamentosdevooseviagensmarítimas;
• LevantamentodacapacidadedecargadasestruturasepontosturísticosjáexploradoseidentificaçãodopotencialparaacriaçãodosnovospontosturísticosMonitorizaçãodasimplicaçõesnonúmerodereservasechegadasàRAMdoseventosclimáticos(ex:DengueeAluviões).
• Identificaçãoeinventariaçãodosempreendimentosturísticoslocalizadosemáreasderisco-(porexemplo:áreasexpostasariscosdeinundaçõesmarítimas,aerosãoeriscodecheiaoumovimentosemvertentes).9
• Estudodeimpactosambientais,sociaiseeconómicosdoturismonaRAM.
• EstudosdosimpactoseconómicosdasalteraçõesclimáticasnoturismodaMadeira;
• Projetodesinalizaçãoturistasobreosriscosclimáticosassociados.
• Inquéritoaosturistasparaaidentificaçãodosimpactosdasalteraçõesclimáticasnaatrativi-dadedosprodutosemergentes.
• EstudodedetalhedasprojeçõessobreoregimedeventosnoaeroportodaMadeiraesobreaagitaçãomarítimanaRegiãodaMadeira,baseadoemdadospelosmodelosclimáticos.EsteúltimoaspetoéfundamentalparaadequarasestruturasportuáriasdoFunchaledeoutrosportosdaIlhaaosfuturosregimesdeagitaçãomarítimaeàsubidadonívelmédiodomar.
9 OprojectoCLIMA-Madeirapoderácolmatarestafalha.
Reabilitação de edificado existente em prejuízo de edificado novo - FinanciamentodaGestãoemanutençãodeinfra-estruturasrodoviáriasemarítimas,dimensionadasaonovocontextoclimático;implementaçãodeumsistemademonitorizaçãoquepermitaaexecuçãodeestruturaspreparadastantoparaasubidamédiadaáguadomar,comoparafazerfaceaeventosmaisextremos,doqueatéagoraconsiderados(actualizaçãodoscálculosdeestrutura,faceaosperíodosderetornohojeconsiderados).
Realização de campanhas de informação pública ao turista - sobreasalteraçõesclimáticasesobreosriscosemgeraleemparticulardoseventosextremos(porexemplo,divulgaçãojuntodosturistasdasmedidasprevistasnoPlanodeContingênciaparatemperaturasExtremasAdversas–MóduloCaloredoProgramaNacionaldeVigilânciadosVetoresCulicídeos(REVIVE);Emrelaçãoaosimpactosdasalteraçõesclimáticassobreoconfortotérmico,asmedidasdeadaptaçãodeveriamincluir:umesforçodemarketingdiferenciadoportipodemercadoemissoreporépocadoano;ageneralizaçãodousodearcondicionadocorretamenteaplicado,eaindaodesenvolvimentodeprogramasdeinformaçãosobreosefeitosdocalornasaúde,dirigidosaopúblicoemgeral,turistaseagentesligadosaosector.
Sistema de alerta para aluviões, inundações marítimas e tempestades e comunicação aos turistas, agentes turísticos e hotéis - Criaçãodeinformaçãoclimáticarelevante,disponívelonline,alertandoparaosriscosevalorizandoaspotencialidadesdaIlha,agilizandodacomunicaçãoentreasentidades,unifi-candoacomunicaçãoaoturista,definindoresponsabilidadesinstitucionaisecentralizandoacomunicação.
Intervenção para a preservação da duna da praia do Porto Santo – Nãoespecificado.
Estudo de impactos do turismo na RAM - Implicareresponsabilizarosagentesturísticosnareflexãosobreosimpactosqueaactividadetemnosistemaeco-socio-cultural;
Medidas associados aos impactos das alterações climáticas sobre o conforto térmico - Emrelaçãoaosimpactosdasalteraçõesclimáticassobreoconfortotérmico,asmedidasdeadaptaçãodeveriamincluir:umesforçodemarketingdiferenciadoportipodemercadoemissoreporépocadoano;agenera-lizaçãodousodearcondicionadocorrectamenteaplicado,eaindaodesenvolvimentodeprogramasdeinformaçãosobreosefeitosdocalornasaúde,dirigidosaopúblicoemgeral,turistaseagentesligadosaosector.
3.5. Confiança nos resultados e falhas de conhecimento
AssumindoodesenvolvimentoinicialdapolíticadeadaptaçãonaRAM,foramidentificadasfalhasdeconhecimentoquedevemseravaliadasnaperspectivadeseremcolmatadasnofuturopróximo.Importatambémreferirqueodesenvolvimentodemedidasnoturismopodeestar,emparte,associadoamedidapreconizadasparaoutrossectores,sendoqueoseudetalheestarásobreaalçadadessessectores,cabendoaosectordoturismodireccionare/oureformularparaoseucontexto.
AconfiançaassociadaaosresultadosestátranspostanacolunaConfiançanamatrizdevulnera-bilidadedosectordoturismo(verFigura10–MatrizdeimpactosevulnerabilidadedosistematurísticodaRAM).
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4. ConclusõesApesardacriseeconómicaquesetraduziunaperdadepodereconómicodosmercadosemissoreseuropeus,apesardosurgimentodenovosdestinosturísticospelomundoe,comotal,demaiorconcorrênciaeapesardodesastredoAluviãode2010,aMadeiramostrouumafortecapacidadeparaenfrentarestescontextosdesfavoráveiseparamanterumelevadoposiciona-mentonoconjuntodosdestinosturísticosinsulareseuropeus.
DurantetodasasinteracçõesecomunicaçãocomosagentesnaMadeirafoipossívelverificarqueo Aluvião de 2010 e os incêndios de 2012 alavancaram a tomada de consciência sobre os riscos climáticos e sobre as alterações climáticasdeformageral.
OturismodaMadeirapreconizaaresoluçãodeproblemas,paraquepossasercompetitivoetrazerriquezaparaaregião.Aadaptaçãoàsalteraçõesclimáticaspoderásurgircomoumaoportunidadepara,deformasinérgica:(1) diminuir concentração de usos em alguns espaços, nomeadamente levadas (passeios a pé) e ribeiras (canyoning); (2) melhorar as estruturas que permitem a valorização do turismo sustentável; (3) garantir a compatibilidade de usos, na utilização do espaço natural e fomentando uma correta utilização do espaço informando os turistas e os agentes privados e públicos.
Àsfragilidadesidentificadaspelosectordoturismoenocontextodoordenamentodoterritóriopodemadicionar-seasvulnerabilidadesdecorrentesdasalteraçõesclimáticas,representandoassimimpactos cumulativos e sinérgicos.
ARAMtemnoseuclima,bemcomonascomponentesaeleassociadas(paisagemenatureza,entreoutras)oprincipalfatordeatraçãocomodestinoturístico.Opresenteestudoprocuroutambémanalisarestarelação,avaliandodequeformapotenciaisimpactosdasalteraçõesclimáticasnaregiãopoderãoalteraradinâmicadestesectoredefinindoaindaqualosentidoesperadodestasmudanças.
OsprincipaisimpactossobreoturismodaRAMestarãoessencialmenterelacionadoscomaalteraçãodosníveis de conforto térmico exteriorproporcionadoaosvisitantes,oaumentodo
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abrangente.Alémdisso,incorporamosumprocessodeponderaçãoespecialistaparaatribuirponderaçõesparaavaliaçãodasvulnerabilidades,quedeveserutilizadacomoferramentadeplaneamento.
Nopresentetrabalhoforampropostamedidasassociadasaosector,ouseja,quedependemdirectamentedasinstituiçõeseagentesdoturismo.Noentanto,assumindoafortedependênciadoTurismodossectoresdaBiodiversidade, Saúde Humana e Riscos Hidrogeomorfológicos,importaconsiderarasmedidasapresentadasporestesectorealinha-lascomasnecessidadesdoturismodaRAM.
riscodeocorrência de doenças infecciosaseosriscosassociadosàocorrência de aluviões e incêndios.Noentanto,todososimpactosassociadosadegradação da paisagemeaorecursonaturezadeformageralpodem,amédio-longoprazo,gerarsignificativasalteraçõesnosectordoturismo.
Oaumento do risco de transmissão de doenças transmitida por vetores,associadosaumamaiorincidênciadestasdoençasnapopulaçãolocal,poderáterumefeitoextremamentenegativonaimagemdaregiãocomodestinoturístico.Nãoexistecontrolodepessoas,bensematériasprimasnaentradanaRAM,oquepodelevarpodelevaràintroduçãodeagentespato-génicos(comoamalária,WestNile,etc..)cujosvectoresjáseencontrampresentesnailha.
OsimpactossobreoconfortotérmicodosturistasnaRAMdeverãoevoluir no sentido de verões demasiado quentesparaamaioriadosmercados,compensadosportemperaturasamenasnosrestantesperíodosdoano.Estasalteraçõesirãomodificaroperfildedistribuiçãodosprincipaismercadosemissoresdeturistas,comparticularincidêncianospaísesdoNortedaEuropa.
Considerandoqueoturismorepresentacercade25a30%doPIBregionalamanutençãodocrescimentosustentadodaofertaapardosindicadores,taxadeocupação,RevenueperAvai-lableRoom(REVPAR)edasreceitasdosector,éfundamentalcriar uma forte capacidade de reacção e antecipação de problemas.Noquadrotemporalassociadosàsalteraçõesclimáticaseconsiderandoasalteraçõesprevistas,éexpectávelqueoturismonaRAMpossaencontrarosadequadosmecanismosquepermitamqueoclimacontinueaserconsideradoumamais-valia doterritório,nãocolocandoemcausaosucessodaactividadeturísticanocontextodescrito,ounoutroquepermitaodesenvolvimentoeconómicoesocialdaregião.
Oavançodaciênciadoclimaeasuaincorporaçãonaimplementaçãodasestratégiasdeadapta-çãosómelhoraráoprocessodedecisãoseemparaleloocorreremmudanças sociais e políti-cas que promovam a cooperação dentro e entre as jurisdições, aumentando a capacidade social de adaptação.Porconseguinte,oprimeiropassocríticoéaconvocaçãodediversosdosparceirosnasestratégiasdeadaptaçãopró-activas.NestesentidooProjectorealizoudiversosworkshops,envolvendoosagenteslocaiseligandoainvestigaçãoàsquestõespráticasdagestãodoterritório,enatentativadesuperarosobstáculosemdireçãoaumaadaptaçãodoturismoMadeirense.
ApopulaçãoetodasaentidadesresponsáveispeloturismonaMadeiradevemolharparaodesenvolvimentodoturismodenegóciosrelacionadosnumavisão de longo prazo.Osoperadoresdosectordoturismotêmsempreaexpectativadeconstruirinstalações,áreasdebelezacénicaimpar,cabeatodosqueasvulnerabilidadesassinaladasparaaregiãopossamseratenuadas.
Opresentetrabalhoapresenta-secomoumaprimeiraabordagem,quevisadesenvolverummétododeavaliaçãosimpleserápidoquepermitiráaosdecisorespararealizaranálisederisco
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