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Red de Revistas Cientficas de Amrica Latina, el Caribe, Espaa y Portugal
Sistema de Informacin Cientfica
Armnio Souza Rangel, Marcello Muniz da Silva, Benny Kramer CostaCOMPETITIVIDADE DA INDSTRIA TXTIL BRASILEIRA
RAI - Revista de Administrao e Inovao, vol. 7, nm. 1, enero-marzo, 2010, pp. 151-174,
Universidade de So Paulo
Brasil
Como citar este artigo Fascculo completo Mais informaes do artigo Site da revista
RAI - Revista de Administrao e Inovao,
ISSN (Verso impressa): 1809-2039
campanario@uninove.br
Universidade de So Paulo
Brasil
www.redalyc.orgProjeto acadmico no lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
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RAI Revista de Administrao e
ISSN:1809-2039
Organizao:Comit Cientfico Interi
Editor Cientfico:Milton de Abreu C
Avaliao:Double Blind Review peloReviso:Gramatical, normativa e de
COMPETITIVIDADE DA INDSTRIA TXTIL BRASILEIRA
Armnio Souza RangelDoutor em Economia pela Universidade de So Paulo USP
Professor Doutor da Universidade de So Paulo ECA/USPE-mail: armenio@usp.br (Brasil)
Marcello Muniz da SilvaDoutorando em Engenharia Naval e Ocenica - POLI/USPProfessor da Universidade Nove de Julho - PMDA/UNINOVEE-mail: marcello.muniz@uninove.br (Brasil)
Benny Kramer CostaPs-doutor em Administrao pela Universidade de So PauloProfessor da Universidade Nove de Julho - PMDA/UNINOVEE-mail: benny@uninove.br (Brasil)
RESUMO
Tendo como base (i) a reviso sumria da literatura em torno de temas relacionadcaracterizao da estrutura da indstria (Porter, 1996) e uma tipologia baseada em padreprogresso tcnico (Pavitt, 1984) bem como (ii) uma exposio das mudanas institucioneconmicas recentes que afetaram o ambiente de insero da indstria, este artigo temobjetivo investigar a competitividade da indstria txtil brasileira diante do acirramentconcorrncia internacional. A rigor, ao longo dos anos, a indstria txtil brasileira foi perdde forma sistemtica competitividade internacional. Em grande medida, esse fato decorrdo longo perodo de proteo de que desfrutou essa indstria. Particularmente, no casindstria do algodo, a indstria brasileira revela padres de competitividade internacional. caso da indstria do polister, o que se observa um processo de desestruturao profudevido ao baixo nvel de competitividade internacional dessa indstria, em grande medecorrente do precrio padro de competitividade da indstria petroqumica brasileira.
Palavras-chave: Indstria Txtil. Competitividade. Tecnologia. Algodo. Polister.
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1 INTRODUO
Este artigo tem por objetivo investigar a competitividade da indstria txtil brasi
diante do acirramento da concorrncia internacional. A indstria txtil brasileira gozou
longos anos, de inmeros privilgios na concorrncia com os demais pases. Inmeras barr
protecionistas foram construdas reservando o mercado domstico indstria nacional. O
ciclo significativo de modernizao da indstria txtil deu-se na segunda metade dos anos 7
bojo do II PND. No incio dos anos 90, como decorrncia do processo de abertura come
abrupto, a indstria txtil brasileira sofreu um grande impacto diante da concorr
internacional. Um parque industrial obsoleto, a revogao da Lei do Similar Nacion
eliminao de barreiras no tarifrias e a reduo das alquotas de importao provocar
fechamento de inmeras empresas que no suportaram as novas condies de concorrnc
surgimento de novos players de grande peso no mercado internacional pases do sud
asitico, particularmente a China tem conduzido ao acirramento da concorrncia internaci
diante da qual a indstria brasileira parece no estar em condies de enfrentar.
A indstria txtil 1utiliza, em seus processos fabris, inmeros tipos de fibras natur
qumicas. O algodo e o polister so as duas principais fibras utilizadas em escala mundia
Brasil, predomina o uso do algodo, enquanto que, nos demais pas, predomina o uso de
sinttica de polister. No ano de 2006, 59,8% do consumo total de fibras no Brasil foi de alg
e 20,2% de polister. Como se pode observar, o coreda indstria txtil brasileira assenta-
cadeia produtiva do algodo e da fibra sinttica de polister. Por essa razo, esse estudo proc
analisar detalhadamente a posio competitiva desses dois segmentos da indstria txtil naci
Este artigo encontra-se organizado em cinco partes, alm dessa introduo. A se
traa a reviso da literatura e fixa o enfoque metodolgico. Nesse contexto discut
condicionantes do ambiente interno (condicionado pela abertura econmica e seu impacto s
o setor), apresenta o marco terico (modelo de anlise da estrutura industrial e tipo
associada ao progresso tcnico) e um sumrio da estrutura e padro de concorrncia na ind
txtil. Os condicionantes institucionais contemporneos e aspectos relacionado
competitividade na indstria txtil so discutidos na seo 3 para, em seguida (seo 4
discutir aspetos ligados competitividade da indstria txtil brasileira. Feito isso, a se
1 Stricto senso, indstria txtil diz respeito fiao, tecelagem e acabamento. Nesse estudo, o termo indstriasem re ser utilizado nesse sentido. Ou se a, a cadeia txtil en loba rodu o de fibras, indstria txtil e ind
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apresenta uma sntese da organizao da indstria txtil no Brasil. Nesse nterim, destac
seguintes aspetos do setor no Brasil: padro de concorrncia e organizao da indstria txt
seus diversos seguimentos (produo de fibras naturais e sintticas, fiao, tecelage
acabamento e confeces). As consideraes finais so feitas na seo 6. A rigor o estud
analisar o padro de competitividade internacional dessa indstria, o estudo apresenta e di
os elementos de organizao industrial que explicam os padres de competitividade observa
2 REVISO DA LITERATURA E ENFOQUE METODOLGICO
Nesse estudo, entende-se que ao menos trs grandes vetores podem ser empregados
que se possa compreender os fatores que condicionam a competitividade da indstria txt
Brasil: anlise do macro ambiente econmico, marco terico associado a caracteriza
estrutura da indstria e padro tcnico e enquadramento da estrutura e padro de concorrnc
indstria. Ao serem sumariamente discutidos nas prximas subsees esses compreen
respectivamente: (i) o cenrio de insero produtiva e fundamentos do choque
competitividade por meio da poltica econmica (marcada pela abertura e no po
industrial); (ii) anlise estrutural da indstria (feita a partir de duas abordagens: modelo de P
(1996) e abordagem de Pavit (1984) que, ao procurar entender a dinmica da indstria s
prisma do progresso tcnico, do conta dos padres de competio e interao entre cada e
cadeia de valor em um seguimento industrial); (iii) caracterizao da estrutura de mercad
termos do grau de diferenciao de produtos, estratgia de preo e grau de concentrao
seguimentos relacionados indstria txtil. Reitera-se que, sob o ponto de vista metodolg
no contexto desse artigo, esses elementos se articulam dando um carter analtico ao estudo.
2.1 CONDICIONANTES DO AMBIENTE INTERNO
Os grandes marcos de poltica econmica verificados na dcada de 1990 fora
abertura comercial do governo Collor, consubstanciados na Poltica Externa e de Com
Exterior (PICE) e no Plano Real de estabilizao. Ao promover um choque de competitivi
sobre o setor produtivo, esses compreendem os paradigmas de ruptura poltico-institucional
o modelo nacional desenvolvimentista do ps-guerra, baseado na reserva de mercado. Sob
concepes assistiu-se o desmanche do intervencionismo estatal na esfera da oferta e demem favor de um modelo de carter mais liberal. Antigo modelo baseado na substitui
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importaes teve seus legados. Alm de um dos mais bem sucedidos casos de industrializ
tardia o setor produtivo possui duas deficincias crticas: baixo volume relativo de com
exterior e em capacidade de inovar insipiente (Campanario & Silva, 2004).
A partir desse perodo, a poltica econmica ficaria restrita a sua dime
macroeconmica, baseada na funo estabilizadora e alocativa com forte vis distributivo
meio dos programas de transferncia de renda, j na era FHC. Desta forma, os anos
representam um ponto de inflexo da poltica industrial tradicional. Durante esta dcada, pa
se do princpio que os mecanismos de mercado corrigiriam automaticamente as inefici
alocativas. Empresas e setores menos competitivos teriam de se ajustar as demand
contingncias advindas de um mercado mais aberto. Contudo, isso no ocorreu na velocid
intensidade desejadas. A deteriorao das contas externas, resultado da substitui
combinao inflao-dficit fiscal pela lgica cmbio sobrevalorizado-abertura-juros a
colocaria o modelo em xeque (Campanario & Silva, 2004). Poucas medidas de poltica p
foram implementadas nos campos setorial e tecnolgico com vistas promoo de
ajustamento mais suave e aumento da competitividade sustentvel nos mercados inter
externo (Silva, 2003).
Em suma, diversos estudos salientam que a insero competitiva da economia prov
profundas transformaes na estrutura da indstria afetando os nveis de produto, pr
emprego industrial, margens, coeficientes de comrcio e outros indicadores de desemp
industrial. A rigor, um dos setores industriais que mais sofreu o impacto com a abertura
txtil (ao lado dos setores de couro e calados, p. ex.) que respondeu por meio de
ajustamento baseado na forte reduo de preos e quantum produzido, concomitante ao aum
do coeficiente de importaes concorrentes. nesse contexto que as mudanas institucio
ocorridas no setor txtil e sumarizadas a seguir, foram absorvidas pelos produtores locais.
2.2 MARCO TERICO: ESTRUTURA INDUSTRIAL E PADRO DE PROGRE
TCNICO
Uma indstria pode ser caracterizada como um grupo de empresas que produzem
ou servios que so substitutos muito prximos entre si (Ferguson, 1989)2. Segundo P
(1996, p. 22), a essncia da formulao de uma estratgia competitiva relacionar
2 Por exem lo, a indstria automotiva a re a em resas ue roduzem automveis de asseio com caracter
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companhia ao seu ambiente externo ...[dessa forma] ... o aspecto principal do meio ambien
empresa a indstria ou a indstria em que ela compete. Embora foras externas (so
polticas, movimentos no produto e na renda, etc.) sejam significativas e afetem o desemp
de todas as indstrias de maneira mais ou menos pronunciada, a atuao da concorrncia em
indstria especfica induz a reduo da taxa de retorno sobre o capital investido. Porter (1
sustenta que a meta de uma unidade empresarial deve ser encontrar uma posio dentr
indstria de forma que a companhia possa se defender contra tais foras e ou aproveit-la
seu favor.
Segundo o consagrado modelo de Porter (1996), a concorrncia no seio de
indstria, ao condicionar as taxas de retorno, orientada por cinco foras: (a) ameaa de n
entrantes, (b) grau de rivalidade entre as empresas existentes, (c) ameaa de produtos substi
(d) poder de negociao de fornecedores e (e) poder de negociao de clientes. Isoladas ou
conjunto, estas so cruciais na determinao ou formulao de estratgias empresariais (Fi
1).
Figura 1: Foras que dirigem a concorrncia na indstria
Fonte: Porter 1996 . 23 .
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As ameaa de novos entrantes condicionada pelas barreias entrada cujas fo
fundamentais so: economias de escala, necessidades de capital, diferenciao de produto, c
de mudana e acesso a canais de distribuio. A rivalidade conseqncia da interao
seguintes fatores: nmero de concorrentes; velocidade de crescimento da indstria; peso rel
dos custos fixos na composio de gastos empresariais; baixa diferenciao ou cust
mudana; altos custos para a obteno de incrementos de produo; concorrentes diverg
cujas assimetrias de estratgias impedem o entendimento acerca do funcionamento da indsbaixas barreiras sada. A ameaa de produtos substitutos condicionada pela oferta de pro
e servios de outros segmentos industriais que podem competir em um mesmo segment
mercado3. Por fim, um alto poder de poder de negociao de fornecedores e clientes pode a
a rentabilidade de um empreendimento.
O modelo proposto por Porter (1996) permite algumas concluses: (i) o gra
concorrncia depende do conjunto da cinco foras; (a) essas tambm determinam o potenci
lucro e chances de sobrevivncia da indstria; (b) a concorrncia no est limitada
participantes estabelecidos; (c) clientes, fornecedores, substitutos e entrantes possuem potede concorrentes.
Por sua vez, a tipologia proposta por Pavitt (1984) sobre os padres setoria
mudana tecnolgica procura explicitar as similaridades e diferenas entre os setores indus
quanto s fontes, usos, natureza e impactos das inovaes (Gomes, Strachman, Pieroni & S
2007). Assim, os setores de atividade industrial impem alguns determinantes pa
comportamento das empresas. Pavitt (1984) atravs de um estudo emprico identificou q
padres setoriais de inovao.
setores receptores de progresso tcnico: compreendem setores industriais
quais as principais inovaes foram geradas fora desses mesmos setores, sobre
na indstria de mquinas e equipamentos e de insumos (nesse caso, a tecno
vem incorporada em outras mercadorias maquinas e insumos sendo seu o ac
feito nas transaes de mercado).
setores intensivos em escala: nesses necessrio o domnio de um conjun
conhecimentos relativamente amplo, abrangendo a tecnologia de processo
tecnologia de produtos; nessa classe de indstria, as inovaes so tant
processos (objetivando a reduo de custos de produo) quanto de pro
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(principalmente nos segmentos em que a diferenciao e a produo de prod
especiais so aspectos relevantes na concorrncia); aqui as inovaes so ger
tanto internamente s empresas como em cooperao com forneced
principalmente de bens de capital; por fim, esses mercados so mais concentr
tanto pela escala de plantas e de empresas quanto pelas economias de e
derivadas do aprendizado tecnolgico.
ofertantes especializados: compreendem indstrias produtoras de mquin
equipamentos e de instrumentao; para essas indstrias deter tecnologia de pro estratgico (o fator crtico de concorrncia a performance dos produtos)
atuarem sob encomenda no h espao para ganhos escala o que implica qu
espao para atuao de empresas de pequeno e mdio porte (porm m
capacitadas tecnologicamente nos seus segmentos de mercado); pela sua natu
as inovaes so geradas internamente s empresas e em cooperao com
grandes clientes.
setores baseados em cincia: para as empresas pertencentes a essa catego
desenvolvimento tecnolgico de fronteira, utilizando-se tambm os conhecimcientficos que se encontram na fronteira das cincias bsicas; nelas, .as inova
se orientam ao lanamento de novos produtos e novos processos de prod
objetivando a reduo de custos; em geral atuam so grandes empresas em te
de escala de gasto em faturamento e P&D.
A tipologia Pavitt permite algumas concluses importantes para serem considerad
definio de uma estratgia de desenvolvimento nacional: (a) mostra que os setores de atu
das empresas impem determinados comportamentos empresariais; (b) mostra que os se
tambm guardam assimetrias entre si, revelando a importncia da dimenso setorial paraconsiderao analtica; (c) indica que no apenas os setores industriais so diferentes como e
uma certa hierarquia entre eles na medida em que alguns setores geram e transm
conhecimento tcnico e outros so receptores de progresso tcnico.
Tendo como base (a) a reviso sumria da literatura em torno de temas relacionad
caracterizao da estrutura da indstria (Porter, 2007) e seus uma tipologia baseada em pad
de progresso tcnico (Pavitt, 1984) bem como (b) uma exposio das mudanas institucion
econmicas recentes que afetaram o ambiente de insero da indstria, este artigo tem
objetivo investigar a competitividade da indstria txtil brasileira diante do acirramentconcorrncia internacional.
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Como ser explicitado adiante as empresas que atuam no setor ligado, p. ex., prod
de produtos txteis enfrentam grande rivalidade, fato que as remete a estratgias especfic
mesmo se pode dizer acerca da indstria de fibras naturais na medida em que tem aumenta
potencial de substituio por fibras sintticas onde o pas no competitivo. Embora
artigo no explore as relaes com outros elos da cadeia de valor do setor, certos condiciona
em termos dessas abordagens, podem ser explorados sobre os mesmos prismas analticos. C
destaca Gomes et al. (2007, p. 2): empresas da indstria txtil (fiao, tecelagem e confec
podem ser caracterizadas como de fraca capacitao interna de engenharia e Pesqui
Desenvolvimento (P&D) e de baixa apropriao de vantagens tecnolgicas. Por outro lado:
As companhias que fornecem equipamentos especializados (onde se enquadram as fprodutoras de mquinas txteis) normalmente so pequenas e dependem de capacitinternas para melhorar projetos, a confiabilidade dos produtos e, principalmente, a capacde responder s necessidades dos usurios (Gomes et al., 2007, p. 2).
2.3 ESTRUTURA E PADRO DE CONCORRNCIA NA INDSTRIA TXTIL
Os mercados consumidores de produtos txteis podem ser classificados em mercad
commodities, com produtos padronizados, mercados segmentados, com produtos diferenci
destinados s parcelas da populao com maior poder aquisitivo, em que as grifes consti
elemento importante na demanda do consumidor. Nesse ltimo mercado, as exigncias so
mais elevadas predominando o estilo, o design, a moda e a resposta rpida quick response
mudanas na moda e no gosto dos consumidores. Cada vez mais a marca, o marketing, os c
de distribuio e de comercializao tornam-se elementos cruciais nas estratgias das empre
Diante da intensificao da concorrncia internacional, as empresas tm perseg
diferentes estratgias para sobreviverem. No mercado de commodities, a concorrncia s
basicamente via reduo de custos e de preos com as firmas ofertando um produto padroni
Nesse mercado, os pases asiticos dominam o mercado mundial em funo da grande expa
dessas economias e dos macios investimentos realizados nos ltimos anos. Essa expans
deu em pases exportadores tradicionais como a ndia e Turquia, mas tambm pelo surgim
de novosplayersou novos entrantes em grande processo de expanso como o caso de Ch
Vietn. Finalmente, h que destacar mercados restritos nichos de alta moda com prod
destinados parcela da populao de elevado poder aquisitivo. As empresas dos p
desenvolvidos tm direcionado suas estratgias para o atendimento desse tipo de consum
mais exi ente.
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De modo geral, no mercado de produtos txteis, os preos so determinados por ofe
demanda, sem qualquer poder de mercado por parte das firmas, ou seja, dada a existnc
milhares de firmas, nenhuma firma individual consegue colocar os seus produtos acima do
marginal. Como decorrncia, as firmas, para se apropriarem de uma margem acima do c
marginal, lutam pela reduo do custo de produo.
Seguindo o modelo de Porter (1996), trata-se de uma indstria com escasso pod
mercado frente aos fornecedores de matrias primas sintticas e artificiais e mquin
equipamentos. Fraco tambm o poder de mercado diante das redes de comercializao. C
se pode observar, essa indstria encontra-se exprimida tanto a montante como a jusante da c
txtil. Fracas so as barreiras entrada tecnolgicas e de capital nessa indstria, co
ameaa permanente da entrada de novos players. A tecnologia de produo milenar sendo
existem barreiras tecnolgicas que impedem um maior avano das inovaes tecnolg
Segundo Pavitt (1984), o grande progresso tcnico nesse setor diz respeito velocidade
mquinas na fiao e tecelagem. As inovaes tecnolgicas so incrementais no hav
mudanas radicais. Como regra, o prprio setor fica na dependncia das inovaes tecnolg
que ocorrem exogenamente ao setor, promovidas pela indstria de mquinas e equipamen
de fibras sintticas e artificiais. A rigor, a indstria txtil (fiao, tecelagem e confeco)
ser caracterizada como de fraca capacitao interna de engenharia e P&D e de baixa apropr
de vantagens tecnolgicas. Como a fonte de tecnologia da indstria so os forneced
especializados, de acordo com a tipologia consagrada por Pavitt (1984), especialment
produtores de mquinas e equipamentos. Ou seja, o setor um tomador de tecnologia 4
prprio setor, ficam as inovaes da mistura de fibras e design com a aplicao da inform
por meio do computer aided designou desenho auxiliado por computador CAD.
O acirramento da concorrncia conduziu redefinio das estratgias das empresa
reestruturao pesada da cadeia produtiva. O modelo verticalizado de produo passou
lugar a um modelo fragmentado, em que cada uma das etapas se autonomiza para se ajust
novas condies de concorrncia e aproveitar as vantagens oferecidas no mercado mundial
tem conduzido a uma fragmentao imensa das cadeias produtivas, distanciando a perspecti
cooperao e defesa da indstria nacional diante da concorrncia internacional. Se a fibr
polister chinesa mais barata do que a nacional, importa-se. As tecelagens importam
independentemente do que ocorre com a fiao. Muitas empresas integradas desativam a
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da fiao para se dedicarem exclusivamente tecelagem. As confeces so indiferentes ao
ocorre com as tecelagens. Muitas delas, detentoras de marcas famosas, passam a impor
produto acabado dos pases asiticos. O mesmo ocorre com o varejo que envia os moldes p
China e recebem o produto acabado.
A ltima etapa de reestruturao do mercado mundial com o domnio dos p
asiticos diz respeito penetrao de empresas asiticas no varejo dos demais pases. Essa t
seja a ltima etapa de reestruturao completa do mercado mundial. Nessa perspectiva, d
de imaginar um processo extensivo de cooperao entre as diferentes empresas que atuam
longo da cadeia txtil. Certamente, a experincia de sucesso dos distritos industriais italian
regio de Regio Emilia, baseada em pequenos negcios e num vasto sistema de cooperao,
ser repensada dadas as novas condies de concorrncia internacional. (discutir os tipo
economia associadas ao setor).
3 CONDICIONANTES INSTITUCIONAIS E COMPETITIVIDADE NA INDST
TXTIL
No contexto das discusses feitas acima, mudanas significativas ocorreram,
ltimos anos, na economia internacional. Em geral, essas mudanas caminharam no sentid
eliminar inmeras regulamentaes que entravavam o pleno desenvolvimento da concorr
internacional. No caso da indstria txtil, duas mudanas afetaram de forma significati
padro de concorrncia nesse mercado. Uma delas foi a eliminao das conferncias de fre
navegao martima. Como decorrncia, o barateamento dos fretes martimos globalizou a
mais o mercado internacional afetando de forma incisiva as exportaes de baixo valor uni
por volume de carga transportado.
A segunda mudana foi a extino do Acordo Multifibras 5, em 1 de janeiro 2
abrindo em definitivo o mercado norte-americano livre penetrao dos produtos de o
pases. Em 1995, foi assinado o ATV Acordo sobre Tecidos e Vesturio em que os pas
comprometiam, no prazo de 10 anos, a eliminar as barreiras no tarifrias ao comrcio6. N
perodo, foram mantidas as imposies de cotas s importaes destinadas aos EUA. C
eliminao do sistema de cotas, uma fatia crescente do mercado norte americano est s
5 MFA Multifiber Arrangement.6 O rimeiro MFA foi ne ociado em 1974 e durou at 1978. O se undo foi de 1978 a 1982; o terceiro de 1
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ocupada pelos pases do sudeste asitico, o que est acarretando um impacto negativo de gr
monta sobre a indstria txtil norte americana que, em busca de sobrevivncia, tem transfe
para pases da Amrica Central, determinadas etapas do processo de produo. Ou seja, as e
automatizadas so realizadas nos EUA e as etapas intensivas em mo-de-obra nos pase
Caribe, destacando-se Repblica Dominicana, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Jamaica
Salvador7.
A China o maior exportador mundial com uma participao total de 24,1%
mercado de produtos txteis e confeccionados8, possuindo uma indstria txtil moderna, fru
investimentos recentes, e um enorme estoque de mo-de-obra. Alm disso, tem implemen
uma poltica comercial extremamente agressiva na conquista dos mercados externos 9. A d
contra a concorrncia asitica, por parte do mundo ocidental, tem sido a reestrutura
indstria na direo de nichos de mercado, ou seja, produtos mais sofisticados para atend
uma clientela mais exigente. As principais caractersticas e tendncias atuais do mer
mundial podem ser assim resumidas:
Adeso dos pases s regras da OMC:
- Eliminao de barreiras no tarifrias;
- Alquota mxima de importao de 35%;
- Adoo de salvaguardas temporrias;
- Acordos bilaterais;
Grande expanso do mercado de commoditiestxteis;
- Crescimento da demanda mundial de artigos confeccionados: 9,1% no perod
2001 a 2006;
- Acirramento da concorrncia;
- Queda generalizada de preos
Hegemonia de novos players do sudeste asitico:
- Mercado de commoditiestxteis;
- Concorrncia via preos;
7 H Inmeros Acordos Regulamentando esse comrcio. Para Mais Detalhes Vide Conferncia InternaTxtil Confeco, 1995.
8
A seguir se posicionam Hong Kong, Itlia, Alemanha e EUA. Em conjunto, esses 5 pases respondem por das exportaes mundiais.9 Um analista da indstria txtil ortu uesa assim se manifesta com rela o invaso de rodutos chinese
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Reestruturao industrial generalizada nos pases ocidentais diante da concorr
asitica;
- Abandono crescente da produo de commodities;
- Redirecionamento da produo na direo de especiarias ou especialidade
maior valor adicionado;
- Poltica comercial de diferenciao do produto e conquista de nichos de merc
-
Atendimento parcela da populao de maior poder aquisitivo; Principais tendncias do mercado:
- Importncia decisiva do designe da moda;
- Papel das grifes na determinao das tendncias de mercado;
- Resposta rpida quick response s mudanas da moda;
- Subsuno aos desejos do consumidor;
- Crescimento da demanda de artefatos txteis para uso domstico e industrial;
Importncia crescente do mercado de no tecidos e tecidos tcnicos.
A indstria txtil stricto senso uma indstria de baixa tecnologia, no havendo f
barreiras entrada (levando-se em conta o modelo de Porter, 1996). A tecnologia difund
disponvel no mercado mundial (considerando a tipologia de Pavitt, 1984). Entre as empr
lderes dos diferentes pases, no h um distanciamento tecnolgico radical. Por essa raz
dois insumos do processo produtivo mo-de-obra e matria-prima desempenham um p
crucial na definio da competitividade dessa indstria. A mo-de-obra, na Chin
superabundante e de baixo custo. No caso das matrias-primas, algodo e polister, a C
tambm goza de uma situao privilegiada, principalmente no que diz respeito ao poliAlm disso, produz domesticamente mquinas txteis de ltima gerao.
3.1 COMPETITIVIDADE DA INDSTRIA TXTIL BRASILEIRA
Ao longo dos anos, o Brasil foi perdendo, de forma sistemtica, participa
mercado mundial de produtos txteis devido queda recorrente de competitividade de
indstria txtil. No ano de 2006, a participao brasileira nas exportaes mundiais foi de ap
0,32%10
. No perodo de 1994 a 2006, enquanto que as exportaes mundiais de produtos t
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crescem a uma taxa mdia anual de 5,70%, as exportaes brasileiras crescem a uma
bastante modesta de 1,68%. Nesse mesmo perodo, as exportaes chinesas crescem a 12,37
ano. Esses nmeros mostram o enorme espao perdido pelo Brasil em termos de com
internacional.
Os principais produtos exportados pelo Brasil so fios e tecidos, artefatos txteis, f
naturais e artigos do vesturio. No total, esses itens respondem por 76,0% do total
exportaes. Os itens mais dinmicos das exportaes brasileiras so as fibras naturais com
taxa de crescimento anual de 39,88%. J os artigos do vesturio mostram um crescimento
mais reduzido de 1,5% ao ano. Portanto, a pauta de exportao brasileira tende a se conce
em produtos de mais baixo valor adicionado. No perodo de 2000 a 2006, a estrutura
importaes brasileiras muda de forma significativa. H um crescimento mdio anual de 13
das importaes de fios e tecidos e, de 17,77%, de artigos do vesturio. Por outro lado, h
declnio anual de 16,77% nas importaes de fibras naturais.
O ndice de Vantagens Comparativas Reveladas 11 indica que, no perodo de 19
2005, h uma perda significativa de competitividade internacional da indstria brasileira
setor txtil, a perda de competitividade da fiao (64,0%) bem mais acentuada do que
tecelagem (48,4%). A queda relativa confeco a mais intensa de todas (67,0%). O
segmento que eleva a competitividade no perodo o de fibras naturais (125,8%).
O cmbio tem sido elemento importante na explicao do desempenho extern
indstria txtil brasileira. Mesmo com a perda de competitividade internacional, a desvaloriz
cambial tem representado um instrumento importante de proteo indstria nacional
entanto, esse um instrumento passageiro. No perodo de 1995 a 2006, o Yuanvaloriza-s
14,3% enquanto o real desvaloriza-se em 28,4%. Portanto, os movimentos da taxa de cmbio
explicam a perda de competitividade da indstria brasileira. Pelo contrrio, no perodo analihouve um prmio significativo de cmbio para a indstria brasileira ao passo que a C
mesmo com a valorizao do Yuan,manteve sua forte posio exportadora. Como decorrn
problema de falta de competitividade dos produtos brasileiros frente aos produtos chineses d
se a problemas estruturais de falta de competitividade da indstria nacional que envolv
organizao fabril do setor, o nvel de atualizao tecnolgica de mquinas e equipamentos
estratgias comerciais adotadas.
11 Quociente entre a participao das exportaes da indstria txtil no total das exportaes brasileiraparticipao das exportaes brasileiras nas exportaes mundiais. Se a participao das exportaes brasnas ex orta es mundiais constante e determinada indstria eleva a sua artici a o nas ex or
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3.2 ORGANIZAO DA INDSTRIA TXTIL NO BRASIL
Essa seo traa um retrospecto acerca da forma da organizao econmica da ind
txtil no Brasil em termas relacionados ao: padro de concorrncia, organizao da produ
indstria txtil, a anlise da produo de fibras naturais e sintticas, fiao, tecelage
acabamento, confeces.
3.2.1 Padro de Concorrncia
Em termos da abordagem microeconmica (Ferguson, 1989), quanto menor o gra
concentrao industrial maior o grau de concorrncia 12.em determinado mercado 13. Por
razo, ao se estudar o padro de concorrncia em determinado mercado, procura-se ana
inicialmente o grau de concentrao industrial. Em geral, predomina, na estrutura industri
cadeia txtil, a firma isolada com uma nica planta industrial havendo, no entanto, gra
conglomerados industriais: Vicunha, Santista e Coteminas.
A organizao da indstria txtil brasileira mostra baixos nveis de concentr
industrial. No segmento de fiaes e tecelagens, a concentrao industrial medida pelo ndi
Herfindahl 14atinge 0,046 que considerado um baixo nvel de concentrao industrial. O
forma imaginar que existem apenas 22 empresas nesse segmento com iguais participae
mercado 15. Em vesturio, existiriam 206 empresas equivalentes o que indica um
concentrao bem menor. No caso de artefatos txteis, o grau de concentrao infinitam
pequeno. No segmento de vesturio, a concentrao dez vezes menor. Conforme se cam
para a ponta da cadeia txtil diminui a concentrao e, portanto, aumenta o grau de concorr
12 A margem de lucro diretamente proporcional ao ndice de concentrao de Herfindahl e inversaproporcional elasticidade preo da demanda. No caso em que existem infinitas firmas, ou seja, em concorperfeita, o ndice de concentrao nulo e a margem de lucro zero. No caso de existir uma nica firma, o de concentrao de Herfindahl unitrio e a margem de lucro dada pelo inverso da elasticidade predemanda..
13 Nesse quadro de forte desestruturao da indstria nacional, os trs principais fabricantes de fibras, ffilamentos para indstria txtil no Brasil Polyenka, Vicunha Txtil e FIT esto participando, em parceria Petroquisa e a Mossi & Ghisolfi, produtor italiano de polister, de um projeto de US$ 490 milhes pconstruo de uma fbrica para a produo de 280 mil tons de fibras, fios e filamentos de polister nopetroqumico de Suape, em Pernambuco. Com esse projeto, a expectativa a de que o Brasil possa concom as importaes de fibras sintticas.
14
Soma das participaes elevadas ao quadrado.15 Ou 22 firmas equivalentes, ou seja, como se houvesse 22 firmas detentoras de parcelas iguais do merca
nmero de firmas e uivalentes corres onde ao inverso do ndice de Herfindahl. Esses ndices foram calcu
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No caso da produo de fibras sintticas e artificiais, as quatro maiores empresas controlam
% do mercado no ano de 2005. Esse um segmento de grande concentrao industri
portanto,price maker16.
3.2.2 Organizao da produo na indstria txtil
O processo de produo na indstria txtil um processo seqencial, em que as div
etapas se articulam de forma mecnica 17. Essa articulao mecnica possibilita inm
combinaes das vrias etapas do processo de produo numa mesma planta industrial ou
vrias unidades fabris. A fabricao de produtos txteis envolve, basicamente, as etapa
produo de fibras, fiao, tecelagem, acabamento e confeco. A organizao da indstria
extremamente complexa. Dependendo da matria-prima utilizada, podemos nos deparar
processos produtivos muito diferentes com mquinas e equipamentos especficos. Dentre
inmeras cadeias produtivas so investigadas, nessa pesquisa, as cadeias produtivas do algo
do polister que constituem o ncleo da cadeia txtil no Brasil. As fibras podem ser classific
em qumicas e naturais. As naturais so obtidas a partir da agropecuria e as qumicas, a par
indstria petroqumica. O algodo (57,8%) e o polister (24,3%) so as duas principais mat
primas utilizadas pela indstria representando 82,1% do consumo total de fibras no ano de 2
3.2.3 Produo de fibras naturais e sintticas
Ao longo do tempo o consumo de polister tem crescido a uma taxa mdia anu
7,81% enquanto que o consumo de algodo, apenas 1,25%, situando-se abaixo da tax
crescimento populacional. O ritmo acelerado de crescimento do consumo de polister deve-efeito substituio do algodo e ao efeito complementaridade, ou seja, devido s propriedad
polister, as fibras de algodo, em muitas utilizaes, passaram a ser misturadas com as fibr
polister18proporcionando o barateamento generalizado dos tecidos19. Como se trata de prod
16 Supondo uma elasticidade preo da demanda prxima da unidade, o poder de markupseria dado pelo ndHerfindahl, ou seja, igual a quatro. Portanto, nesse segmento as firmas teriam um imenso poder de colocamargem sobre o custo marginal. Evidentemente, essa estimativa do poder de markup vale para a econbrasileira antes da abertura comercial. Com a abertura comercial, deveramos levar em consideraparticipao das importaes no mercado como uma firma adicional.
17
Entre outros vide Haguenauer, Bahia, Castro, & Ribeiro (2001); Instituto de Pesquisas Tecnolgicas (1Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (1991); Garcia (1993); Maluf e Kolbe (2003).18 O polister possui melhores propriedades de resistncia e durabilidade do que o algodo.
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substitutos, o consumo de uma ou outra fibra depende dos preos relativos. Se o pre
polister se reduz, o preo do algodo deveria tambm se reduzir. O progresso tcnico oco
com a introduo do polister obrigou a cadeia do algodo a melhorar os seus nvei
competitividade na fiao, por exemplo, com a introduo de filatrios open-end.
Tanto a produo de algodo quanto o seu consumo encontram-se concentrado
poucos pases: China e EUA respondem por mais de 80% da produo mundial que atinge
de 20 milhes de toneladas ao ano. Esses mesmos pases juntos mais a Indonsia respondem
mais de 80% do consumo mundial. O maior exportador so os EUA enquanto que a C
apesar de ser a maior produtora, a maior importadora. O Brasil, at alguns anos atrs, figu
como um tradicional produtor de algodo de fibras longas, ou seja, algodo arbreo. Por me
uma extensa economia domiciliar, a regio nordeste do pas supria a indstria nacional
entanto, a falta de apoio governamental conduziu desestruturao completa desse lcu
produo. A praga do bicudo que se disseminou na regio acabou por condenar essa re
produtiva. Com a desarticulao da produo nordestina, o Brasil passou de exportad
importador desse tipo de fibra. A reduo sistemtica da rea plantada de algodo arb
partir de 1977 e, de algodo herbceo a partir de 1985 revela a crise profunda em que mergu
a cotonicultura brasileira. No de 1991, inicia-se a escalada das importaes de algodo. No
de 1977, o dficit de comrcio exterior da ordem de USD 756.848 mil. No entanto, j a p
do ano de 2001, a cotonicultura brasileira retoma sua posio de grande exportador de algo
No ano de 2005, o supervit da ordem de USD 408 572 mil.
Paralelamente a esse processo de desestruturao da economia nordestina, A expa
na regio centro-oeste, diferentemente da regio sudeste, deu-se por meio da constitui
grandes lavouras comerciais com a utilizao de tecnologia moderna envolvendo gra
investimentos. Contribuiu para essa expanso a topografia privilegiada da regio centro-
que permite a mecanizao do processo produtivo, pelo clima mais regular, que permite m
homogeneidade da fibra e pelo fato da produo ocorrer em grandes reas com elevado gra
tecnologia e produtividade.
As fibras sintticas polister e nylon so ofertadas pela indstria petroqu
nacional que, em relao a outros pases, pouco competitiva 20. Esse fato decorre do pr
projeto contemplado no II PND, de constituio da petroqumica no pas, que deu origem a
cadeia produtiva pouco verticalizada e com pequenas escalas de produo a jusante da cad
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contrariamente aos demais pases21. Nesse modelo, a Petrobrs fornece a nafta, obtida dura
processo de craqueamento do petrleo, para as trs centrais petroqumicas existentes no
Braskem, Copesul e Petroqumica Unio S/A que, por sua vez, ofertam os prod
petroqumicos bsicos eteno, propeno, benzeno, p-xileno, tolueno e butadieno pa
obteno de produtos de 2 e 3 gerao.
As indstrias de 2 e 3 gerao conformam uma mirade de empresas especializada
poucos produtos e com pequenas escalas de produo. Como decorrncia dessa estru
pulverizada, a indstria petroqumica nacional no se encontra em condies de fazer fren
importaes provenientes de pases do sudeste asitico.
Dada essa organizao, o setor convive com um intenso conflito na formao de pr
nos elos da cadeia produtiva. A montante encontra-se a Petrobrs, monopolista na ofert
nafta. Na oferta de produtos bsicos, h um oligoplio formado por trs empresas Bras
Copesul e Petroqumica Unio.
Na oferta final de insumos para os demais setores na economia, pequenas emp
possuem um elevado poder de mercado. Como decorrncia dessa organizao, a indstria tfiao e tecelagem de fibras sintticas tem escasso poder de mercado na aquisio d
matrias-primas, ou seja, tomadora de preos price taker.
Apesar de sua imensa importncia para a indstria txtil, a produo de fibr
polister encontra-se, basicamente, desativada no pas 22que depende das importaes: 46,61
demanda domstica atendida pelas importaes.
No ano de 2006, a demanda domstica atingiu 343.279 tons, sendo que a prod
domstica foi de apenas 192.121 tons. Ou seja, as firmas brasileiras no conseguem concorr
mercado domstico com as importaes asiticas. A situao bastante delicada, visto q
dficit do comrcio exterior, no perodo de 1998 a 2006, cresce a uma taxa mdia anu
12,74%. Ou seja, uma situao de desequilbrio insustentvel.
21Por se tratar de um processo contnuo de produo, a tendncia nos pases lderes verticalizar o procesproduo desde a extrao do petrleo at os produtos finais. Nesses pases, o mercado da indstria petroqu o mercado mundial envolvendo, portanto, grandes escalas de produo. Contrariamente, no Brasil, as eso pequenas. O projeto do II PND no contemplava a abertura comercial do pas que, colocou de cristalina, a ineficincia do setor. A viabilidade desse projeto prendia-se manuteno da proteo de mepara a indstria nacional.
22 A Braskem fechou sua planta de DMT (matria prima da resina PET que a base para produo de diversode produtos, incluindo embalagens) na Bahia o que est obrigando s empresas importarem do Mxico. A da Pol enka, em Americana, encontra-se arcialmente desativada s funcionando o seu rocesso mais mo
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3.2.4 Fiao, tecelagem e acabamento
Os tecidos so classificados em tecidos planos 62%, tecidos de malha, 18% e ou
10%. Os tecidos planos so obtidos com aplicao de teares planos aos fios. J para a obte
de tecidos de malha, so utilizados teares circulares mais dependentes da mo humana,
exigem uma grande destreza por parte do operador na manipulao das agulhas para trana
fios.
O processo de produo na indstria txtil milenar. uma indstria de b
tecnologia em que as inovaes tecnolgicas so incrementais inexistindo mudanas radicai
possam revolucionar a indstria alterando de forma brusca o padro de competitividad
tecnologia de produo dominada estando disponvel no mercado mundial para qua
empresa. Trata-se de uma indstria absorvedora de tecnologia em que as inovaes tecnol
so exgenas, ou seja, a indstria de mquinas e equipamentos que promove as inova
processo produtivo. As grandes mudanas referem-se ao aumento da velocidade das mquin
fiao e tecelagem. No entanto, em muitas situaes, h barreiras tcnicas que impedem
progresso tcnico mais intenso. O filatrio open-endno processa, por exemplo, certos tip
fibra devido ao problema do rompimento de fibras mais longas. Por essa razo, a
predominam filatrios convencionais em que ainda forte, em muitos casos, a presena da
humana no processo produtivo. Da constituir-se numa indstria intensiva em mo-de-obra 2
Na fiao e tecelagem, convivem plantas modernas ao lado de plantas com tecno
defasada existindo uma grande heterogeneidade tecnolgica. Empresas lderes de pa
internacional convivem lado a lado com pequenas e mdias empresas desatualiz
tecnologicamente inclusive com a empresa familiar informal. A idade mdia dos teares
ordem de 14 anos, o que mostra uma defasagem tecnolgica bastante elevada.
A defasagem tecnolgica da indstria txtil no Brasil pequena no que diz respei
empresas lderes, que investem pesadamente na modernizao de mquinas e equipamen
sempre se posicionam no estado das artes. Na produo do ndigo, por exemplo, em que o B
tem uma posio extremamente competitiva no mercado mundial, as plantas so integrada
processo todo automtico com pequena presena de mo-de-obra. Nesse segmento, que u
algodo de fibra mdia, toda a fiao do tipo open-end que um processo automtico de
23 Mesmo com a revoluo Industrial, na Inglaterra, na segunda metade do sculo XVIII, os filatrios e indianos ofereciam uma rande fonte de resistncia enetra o dos tecidos in leses. Da a ocu a o da
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fardo de algodo at a obteno do fio. Esse segmento capital intensivo, sendo as barrei
entrada menos frgeis do que nos demais segmentos por envolver um custo de capita
trabalhador ocupado mais elevado.
Em geral, no conjunto da indstria brasileira, a defasagem bem mais elevad
defasagem mdia dos filatrios da ordem de 11,1 anos no caso dos filatrios a rotor e, no
dos filatrios a anel, essa idade de 15,8 anos 24. No caso da tecelagem retilnea, a idade m
dos teares retilneos mais modernos a jato de ar de 9,3 anos, dos teares a jato de gua, de
anos. Nos teares convencionais de lanadeira, a idade mdia de 18,2 anos e, no caso dos t
manuais, essa idade de 18,5 anos 25. Nos teares circulares, utilizados na fabricao de tecid
malha, a idade mdia de 9,8 anos. Na fase do acabamento, a defasagem um pouco maior
via de regra, envolve um custo de capital mais elevado sendo uma etapa mais dependente da
humana. Os principais processos de acabamento so o tingimento 31,8%, o cozimento alc
21,07% e o alvejamento 18,0%.
3.2.5 Confeces
No setor de confeces existem milhares de empresa concorrem nesse mercado,
elevadssimo grau de concorrncia. Em certa medida, a presena de milhares de empresas
necessidade da prpria estrutura da demanda que depende no somente das preferncias
consumidores, mas tambm da faixa etria, idade e sexo alm do nvel de renda. Esse gr
nmero de fatores d origem a milhares de produtos diferenciados. Como decorrncia, milh
de empresas se habilitam para atender essa imensa diversidade da demanda 26.
O principal segmento da indstria de confeces o de vesturio que responde
77,4% do valor total da produo. O segmento de cama, mesa, banho e cozinha participa
12,6%, artigos tcnicos com 6,9% e meias com 3,1%. Quanto ao vesturio, predomina a rou
algodo com uma participao de 70%. A participao das roupas de tecidos artifici
sintticos de 20% e, de outras fibras, 10%.
Na indstria txtil o progresso tcnico se processa na margem, ou seja, no aos s
com rupturas radicais de padro tecnolgico. Esse fato mais notrio na etapa fina
confeco, em que as mquinas de costura ainda so movidas e guiadas pela mo humana. N
24 Instituto de Estudos e Marketing Industrial, 2007.25 Como se trata de uma mdia, encontram-se teares de 25 anos ou mais em operao.
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segmento, o progresso tcnico ainda no conseguiu superar a destreza da mo humana. A
disso, dado o baixo custo de aquisio de mquinas de costura, ainda predomina, em gr
extenso, a produo domstica com baixo custo operacional e, portanto, muito compet
Existe uma enorme pulverizao predominando poucas empresas modernas ao lado de
mirade de empresas familiares que, em grande nmero, trabalham em regime de subcontrat
Alm disso, h uma presena significativa de costureiras e micro empresas informais.
Os avanos tecnolgicos mais significativos se deram nas fases de desenho e corte
desenho, com a aplicao da informtica com a utilizao do sistema CAD e, no cor
otimizao do corte por meio de umplotter. Por meio desse processo, so minimizadas as p
de tecido e os defeitos. No entanto, esse um sistema de baixo custo e que se encontr
operao mesmo em microempresas. Outro avano foi obtido por meio do acoplamento d
dispositivo eletrnico nas mquinas de costura, o que permite maior preciso no acabament
peas como, por exemplo, nos bordados, arremates etc. No entanto, mesmo com e
progressos, pequenas confeces com mquinas de costura convencionais conseguem
competitivas 27.
O setor de confeces razoavelmente atualizado tecnologicamente. A idade mdi
mquinas de 10 anos. A idade mdia das mquinas de costura reta de 10 anos e das mq
overloque, de 11,2 anos. Como se pode observar, dado o baixo custo de aquisio
equipamentos, a reposio dos equipamentos se realiza a cada 10 anos. Como j foi observ
como o progresso tcnico no segmento de confeco lento, esse no um indicador de gr
relevncia para se determinar a posio competitiva da indstria. Aqui o mais importante
custo de mo-de-obra e a diferenciao do produto. um segmento bem mais intensivo em
de-obra do que os demais segmentos da indstria txtil. Essa caracterstica condic
fortemente as estratgias comerciais seguidas pelas empresas bem como o projeto de localiz
industrial. No processo de concorrncia, as firmas buscam se localizar em regies de mais b
salrios independentemente do nvel de qualificao da mo-de-obra visto que as operae
corte, costura, montagem e acabamento so muito simples de serem realizadas.
Por contraditrio que possa parecer, um dos segmentos da indstria txtil
resistente penetrao das importaes concorrentes na rea das fibras naturais. Como vim
Brasil muito pouco competitivo em fibras sintticas. Nesse segmento, a China domi
mercado mundial em todas as suas etapas, sempre na produo de commodities. No segmen
27 Muitas delas ertencem ao setor informal da economia trabalhando com uma estrutura de custo ue as t
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algodo, no h vantagem competitiva da China no que diz respeito matria-prima. N
diferenas tecnolgicas significativas em mquinas e equipamentos. um setor mo-de
intensivo. Logo, a China teria vantagens competitivas com relao s empresas forma
economia. No entanto, com relao ao setor informal, essas vantagens no so to releva
Muitas empresas brasileiras, do setor formal, sediadas principalmente no Nordeste, contr
mo-de-obra por meio de cooperativas de trabalhadores para fugir da tributao sobre a folh
salrios. Portanto, nesse segmento, os entraves ao progresso tcnico fazem com q
concorrncia se trave principalmente sobre a diferenciao do produto. A chave est no tip
produto e no tipo de consumidor que se pretende atingir observando que, no limite
preferncias individuais no so aditivas quanto moda, estilo e design.
Evidentemente, diante do processo de globalizao toda afirmao deve ser vista
muito cuidado. Hoje, por exemplo, pode-se enviar para algum pas do sudeste asitico o mo
a definio do tipo de tecido e receber de volta camisas e vestidos prontos para a venda. Ou
as distncias e o tempo tornaram-se insignificantes. Comerciantes encomendam roupas na C
como se estivessem no Brs. Algumas vezes, a etapa da costura realizada em algum pa
sudeste asitico. Como vimos, o elemento crucial que define o grau de competitividad
confeco a diferenciao do produto por meio design e a resposta rpida s exigncias
consumidores.Hoje em dia, elevou-se em muito o nmero e colees lanadas anualmente
Brasil, prevalece a cpia e no o design prprio principalmente no mercado de prod
padronizados. As empresas lderes do setor procuram ou o fortalecimento das prprias marc
licenciam marcas estrangeiras. O importante enfrentar um ambiente competitivo extremam
agressivo.
4 CONSIDERAES FINAIS
A anlise desenvolvida teve por objetivo identificar os pontos fortes e fraco
indstria txtil e de confeco brasileira diante da concorrncia internacional. Isso foi feito
de duas abordagens: modelo de 5 foras de Porter (1996) e tipologia de Pavitt (1984).
no contexto da desregulamentao do comrcio internacional que se pro
identificar o grau de competitividade da indstria txtil brasileira e paulista. A anlise pro
cingir-se s duas principais cadeias produtivas da indstria txtil: cadeia de fios e tecido
algodo e de polister. Pela anlise desenvolvida, conclui-se que, em relao cadei
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elaborados com algodo de fibra curta. As empresas lderes so modernas com pad
internacionais de competitividade principalmente no que diz respeito ao ndigo, brim, sa
tela. No caso dos tecidos de malha, encontram-se tambm empresas modernas sendo que n
segmento baixa a concorrncia das importaes principalmente pela proximidade do mer
consumidor e da moda.
Com relao ao segmento de fibras, fios e filamentos de polister, o panoram
indstria nacional radicalmente diferente, apresentando grandes gargalos na cadeia produ
O principal problema diz respeito falta de competitividade da indstria petroqumica brasi
que opera com pequenas escalas de produo. Esse um segmento em process
reestruturao do parque fabril. No Estado de So Paulo, a regio de Americana o ncle
indstria do polister seja na fabricao de fibras, seja na indstria txtil. Como no h
soluo de curto prazo para as dificuldades do setor, os produtores de fibras esto voltand
para a produo de especiarias. provvel, portanto, que o abastecimento da fiao seja feit
importaes crescentes o que dever conduzir a uma dependncia ainda maior do mer
internacional. No longo prazo, difcil prever o futuro dessa indstria. Hoje, so as importa
que substituem a produo domstica de fibras. Amanh, os fios que sero substitudo
mais adiante, sero os tecidos.
A indstria de confeces o segmento mais resistente s importaes concorre
devido s caractersticas prprias da demanda final, que exige resposta rpida e
flexibilidade muito grande no atendimento diversidade das preferncias dos consumidores
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COMPETITIVENESS OF THE BRAZILIAN TEXTILE
ABSTRACT
Based on (i) a literature review around issues related to the characteristics of the structu
industry (PORTER, 1996), a typology based on patterns of technical progress (PAVITT, 1
and (ii) a statement of recent economic and institutional changes effect the environmen
integration of industry. The main purpose of this article is to analyze the competitivene
Brazilian textile industry in the face of a worsening of the international competition. Oveyears, the Brazilian textile industry has systematically lost international competitiveness.
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Armnio Souza Rangel; Marcello Muniz da Silva & Benny Kramer
large extent, this fact is due to the long period of protection that industry enjoyed. In the ca
Brazilian cotton industry, the Brazilian industry shows patterns of international competitive
But in the case of polyester industry, there is a deep process of destruction largely due to the
international competitiveness of the Brazilian petrochemical industry.
Key-words:Competitiveness. Cotton. Polyester. Ttechnology.Textile Industry.
___________________Data do recebimento do artigo: 03/11/2009
Data do aceite de publicao: 09/02/2010
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