teoria literária 2

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Teoria Literária

1º ano

Quanto à disposição gráfica, um texto literário pode ser:

Prosa: em linhas “corridas”.

Poesia (verso): a cada linha dá-se o nome de verso e ao conjunto deles, estrofe.

 

Estilo individual: é o estilo único de determinado escritor, ou seja, sua visão única e modo próprio de criação literária.

 

Estilo de época: características comuns em obras de autores diferentes,mas contemporâneos. Ex. embora Bernardo Guimarães e José de Alencar tenham estilos diferentes, ambos pertencem ao Romantismo.

Escolas literárias: (ou estilos de época)

•Quinhentismo – (1500 – 1601)

•Barroco – (1601 – 1768)

•Arcadismo – (1768 – 1836)

•Romantismo – (1836 – 1881)

•Realismo/Naturalismo/Parnasianismo – ( 1881 – 1922)

•Simbolismo – (1893 – 1922)

•Pré-modernismo – (1902 – 1922)

•1ª ger. Modernista – (1922 – 1930)

•2ª ger. Modernista – (1930 – 1945)

•3ª ger. Modernista – (1945 – 1960)

•Literatura contemporânea – (1960 – até nossos dias)

GÊNEROS LITERÁRIOS:

 

Conjuntos de elementos semânticos, estilísticos e formais utilizados pelos autores em suas obras, para caracteriza-las de acordo com a sua visão da realidade e o público a que se destinam.

 

Lírico: sentimental, poético.

Épico: narrativo.

Dramático: teatro.

 

ELEMENTOS DA VERSIFICAÇÃO: Elementos técnicos que auxiliam a leitura, a interpretação e a análise de textos poéticos.

1. Verso e Estrofe:

Cada linha = verso Conjunto de versos = estrofe

Classificação das estrofes:

•Dísticos = 2 versos

Ex. Canção do exílio (José Paulo Paes) 

Um dia segui viagem

Sem olhar sobre o meu ombro

 

Não vi terras de passagem

Não vi glórias nem escombros.

 

Guardei no fundo da mala

Um raminho de alecrim.

 

(...)

•Tercetos = estrofes com 3 versos

Ex. Os Lírios (Henriqueta Lisboa)

 

Certa madrugada fria

Irei de cabelos soltos

Ver como nascem os lírios.

 

Quero saber como crescem

Simples e belos – perfeitos! –

Ao abandono dos campos.

(...)

•Quartetos = 4 versos

Ex. Infinito presente (Helena Kolody)

No movimento veloz

De nossa viagem,

Embala-nos a ilusão

Da fuga do tempo.

 

Poeira esparsa no vento,

Apenas passamos nós.

O tempo é mar que se alarga

Num infinito presente.

•Oitavas = 8 versos

Ex. Os Lusíadas (Canto primeiro) - Camões

 

As armas e os barões assinalados

Que, da Ocidental praia Lusitana,

Por mares nunca dantes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo reino, que tanto sublimaram.

 

•Décimas = 10 versos

Ex. As duas ilhas (Castro Alves) 

São eles – os dois gigantes

No século de pigmeus.

São eles que a majestade

Arrancam da mão de Deus.

-         Este concentra na fronte

Mais astros – que o horizonte

Mais luz – do que o sol lançou!...

-         Aquele – na destra alçada

Traz segura sua espada

-         Cometa, que ao céu roubou!...

1. Rimas: coincidência de sons (total ou parcial) entre palavras no final ou no meio dos versos.

Classificação das rimas:

• Quanto à categoria gramatical:

 

POBRES: as palavras que rimam pertencem à mesma classe gramatical.

 

Exemplo: ........................situado (adjetivo)

........................cresce (verbo)

........................parece (verbo)

........................quebrado (adjetivo)

RICAS: as palavras que rimam pertencem a classes gramaticais distintas.

 

Exemplo: .....................arde (verbo)

.....................distante (advérbio)

.....................diamante (substantivo)

.....................tarde (substantivo)

•Quanto à disposição ao longo do poema:

 

ALTERNADAS ou CRUZADAS:

 

Incendeia A

Coração B

Passeia A

Canção B

PARALELAS ou EMPARELHADAS

 

Aniquilar A

Olhar A

Montanhas B

Entranhas B

INTERPOLADAS ou OPOSTAS

 

Espelho A

Disfarce

Disfarçar-se

Conselho? A

 

Versos brancos são os que não apresentam rima.

 

Classificação da rima quanto ao seu lugar no verso

As horas pela alamedaArrastam vestes de seda, Vestes de seda sonhada Pela alameda alongada.

a

A rima é emparelhada porque rimam dois seguidos

abb

Nunca julgues que quem cantaÉ feliz porque é ilusão:Nem sempre diz a gargantaO que sente o coração.

a

ba

b

A rima é cruzada porque os versos rimam alternadamente

Ó meu relógio de sol,Agulha de marear.Minha rota sobre o mar,Faixa da luz do farol!

a

bba

A rima é interpolada nos 1º e 4º versos porque estão separados por

dois (ou mais) versos de rima diferente

26-09-2011

RimaAcentuação

o verso termina numa palavra oxítona

o verso termina numa palavra paroxítona

o verso termina numa palavra proparoxítona

RiquezaPobre (as palavras que rimam pertencem à mesma

classe gramatical; -ar, -inho...)

Rica

Toante (apenas rimam vogais)

1. Métrica: É o número de sílabas poéticas do verso. 

Na contagem das sílabas métricas (escansão), observam-se, geralmente, as seguintes normas:

• A leitura de um verso deve ser caracterizada pelo ritmo;

• Faz-se a contagem de sílabas até a sílaba tônica da última palavra;

• Acomodar as sílabas seguindo a entonação. Elisão = supressão de sons ou a sinalefa = acomodação de vários sons a uma única sílaba métrica).

• Os ditongos, em geral, equivalem a apenas uma sílaba métrica;

• Normalmente, quando uma palavra termina em vogal e a outra começa por vogal, unem-se esses fonemas numa única sílaba métrica.

Exemplos:

 

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

 

Ou – vi – ram – do – I – pi – ran – ga – as – mar – gens – plá – ci – das = 14 sílabas gramaticais

 

Ou – vi – ram – doI – pi – ran – gaAs – mar – gens – plá = 10 sílabas poéticas

De um povo heróico o brado retumbante

 

De – um – po – vo – he – rói – co – o - bra – do – re – tum – ban – te = 14 sil. gramaticais

 

Deum – po – vohe – rói – coo- bra – do – re – tum – ban = 10 sil. Poéticas

 

Tais versos são “decassilábicos” = 10 versos

Pentassílabos ou redondilha menor (5 sílabas)

 

E agora, José?

A festa acabou,

A luz apagou,

O povo sumiu.

(...)

Heptassílabos ou redondilha maior (7 sílabas)

 

Como são belos os dias

Do despontar da existência

(...)

 

Eneassílabos = 9 sílabas

 

Tu choraste em presença da morte?

Na presença de estranhos choraste?

(...)

O/ po/e/ta/ é/ um/ fin/gi/dor - 9 sílabas gramaticais

Fin/ge/ tão/ com/ple/ta/men/te – 8 sílabas gramaticais

Que/ che/ga/ a/ fin/gir/ que/ é/ dor – 9 sílabas gramaticais

A/ dor/ que/ de/ve/ras/ sen/te. – 8 sílabas gramaticais

O/ poe/ta é/ um/ fin/gi/dor - 7 sílabas métricas

Fin/ge/ tão/ com/ple/ta/men/te – 7 sílabas métricas

Que/ che/ga a/ fin/gir/ que é/ dor - 7 sílabas métricas

A/ dor/ que/ de/ve/ras/ sen/te. - 7 sílabas métricas

Dodecassílabo ou alexandrino: 12 sílabas poéticas

 

Olhai! O sol descamba...A tarde harmoniosa

Envolve luminosa a Grécia em frouxo véu,

Na estrada ao som da vaga, ao suspirar do vento,

De um marco poeirento um velho então se ergueu.

Versos livres são os que não apresentam métrica regular.

 

Ritmo: a musicalidade implícita ou explícita no poema.

A Banda (Chico Buarque)

Estava à toa na vida,

O meu amor me chamou,

Pra ver a banda passar

Cantando coisas de amor. (...)

26-09-2011

ANÁLISE COLETIVA

DE ALGUNS POEMAS

26-09-2011

Soneto da Fidelidade (Vinícius de Morais)

De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento.

E assim quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer do amor (que tive)Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Mãe (Mário Quintana)

Mãe... São três letras apenasAs desse nome bendito:

Também o Céu tem três letras...E nelas cabe o infinito.

Para louvar nossa mãe,Todo o bem que se disse

Nunca há de ser tão grandeComo o bem que ela nos quer...

Palavra tão pequenina,Bem sabem os lábios meusQue és do tamanho do CéuE apenas menor que Deus!

Ouvir Estrelas (Olavo Bilac)

"Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muitas vezes despertoE abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquantoA Via-Láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas."

26-09-2011

Mar Português (Fernando Pessoa)

Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.

Quem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,Mas nele é que espelhou o céu.

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