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SANTA ALBERTINA DE IRATI-PR: ORALIDADE E PRODUÇÃO DE VERDADES
LEONARDO HENRIQUE LOPES SOCZEK*
LUCAS KOSINSKI**
INTRODUÇÃO
Esse texto completo apresenta uma parte da obra “Santa Albertina: páginas de dor,
(in) justiça e devoções populares, escrita por Hélio Sochodolak, Lucas Kosinski, Leonardo
Henrique Lopes Soczek e Filipe Arnaldo Cezarinho. Nessa obra, os autores apresentaram as
verdades construídas em torno do crime da mulher queimada, crime este que teve como
vítima a “professora” Albertina, morta em sua casa na madrugada de 26 de agosto de 1918 na
Vila de Irati-Pr. As acusações populares recaíram sobre seu marido Arcílio que respondeu um
processo criminal, pela morte de sua esposa. No final do processo, Arcílio foi absolvido por
ausência de provas, mas a condenação permaneceu ativa no imaginário popular. Além de
condenarem Arcílio, as pessoas santificaram Albertina, e transferiram suas verdades sobre o
crime de geração por geração.
Partindo deste princípio é que pretendemos discutir os saberes cotidianos sobre o
crime da mulher queimada. Ou, como “um investimento das pessoas em uma proposição, o
ato de enunciá-la, considerando-a verdadeira” (CERTEAU, 1996, p. 252). Por vezes tímidos,
mas sólidos, os saberes são transmitidos por gerações, produzindo outras verdades. A noção
de verdade aqui utilizada é aquela que evidencia “não a descoberta das coisas verdadeiras,
mas regras segundo as quais, a respeito de certas coisas, aquilo que um sujeito pode dizer
decorre da questão do verdadeiro e do falso” (FOUCAULT, 2004, p.235). Nessas formas de
subjetividades, os “sujeitos ordinários” ordenam e sentenciam o crime de acordo com as suas
próprias convicções. Curiosamente as pessoas comuns, além de condenarem o acusado,
santificaram a vítima. Problematizar os saberes que não foram produzidos ou cooptados pelo
* Mestre em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) e Doutorando pelo Programa
de Pós-Graduação em História (PPGHIS) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). ** Mestre em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) e Doutorando pelo Programa
de Pós-Graduação em História (PPGHIS) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
judiciário, identificando certas semelhanças e contrastes entre eles é o nosso objetivo nesse
capítulo.
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A CONDENAÇÃO POPULAR E A SANTIFICAÇÃO DA VÍTIMA
O corpo de Albertina foi enterrado em um jazigo situado a dez corredores do portão
principal do Cemitério Municipal. Com os anos algumas pessoas passaram a rezar e a fazer
pedidos no túmulo da mulher queimada e Albertina tornou-se uma santa popular. Cada graça
recebida era paga com velas, flores, plaquinhas em plástico e granito com mensagens de
bênçãos alcançadas, de Irati e até de outras cidades.
O lugar histórico e o espaço social estão repletos de monumentos não diretamente
funcionais, “imponentes construções de pedra ou modestos altares de terra”, perante aos quais
cada indivíduo pode ter o sentimento justificado de que, na maior parte dos casos, lhe são
preexistentes do mesmo modo que lhe hão de sobreviver. (AUGÉ, 1992, pp. 52-53) Além da
construção monumental, é no próprio corpo humano que se concebe noções de espaço. É
também no corpo onde se encontram e reúnem elementos ancestrais, tendo este valor
monumental na medida em que se refere a elementos históricos da sociedade. Por vezes, “a
mumificação do corpo ou a edificação de uma sepultura rematam, depois da morte, a
transformação do corpo em monumento”. (AUGÉ, 1992, p.54). Nesse sentido, podemos
pensar como monumento, o corpo queimado de Albertina. Se não fosse pelo corpo, o túmulo
e todas as outras manifestações de graças recebidas, materializadas, talvez não tivessem o
mesmo sentido.
Mas não é apenas o monumento material que envolve esse lugar, muito além de
expressões como “Agradeço pela graça recebida”, comumente gravadas nas “plaquinhas” ou
ex-votos, existem também diversos saberes populares sobre o crime. Tais saberes variam de
sujeitos para sujeitos e diferenciam-se da verdade jurídica. Longe dos ouvidos de escrivães,
promotores, juízes e advogados, além de culparem o acusado, as pessoas santificaram a
vítima. A primeira alusão encontrada sobre a santidade de Albertina foi na “memória oficial”
da cidade de Irati. Nas “Revistas do Centenário”, especificamente no número dedicado à
educação, o nome de Albertina aparece com destaque:
No tempo em que as alunas da escola normal usavam blusa branca e saia azul,
meninas quase sempre encantadas, encantadas sim, num tempo dourado da magia
da juventude, em flor e esperanças sem fim, elas tinham o costume de ir ao
Cemitério Municipal acender velas, rezar e pedir proteção a Mulher Queimada
antes das avaliações, então denominadas provas. Ela que havia sido professora,
haveria de inspirá-las e protegê-las nos momentos de ansiedade (ORREDA, 2008,
p.10).
Nesta versão, Albertina não era professora formal, mas ensinava às crianças de Iraty
aquilo que podia até ser assassinada por seu marido, este sim, professor, em uma noite do ano
de 1918. O motivo do assassinato foi apontado como ciúme: “Albertina havia sido morta pelo
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marido que, para encobrir o ato insano, sobretudo, colocou fogo na casa. Tudo por ciúmes.
Aquele que trai, sente-se traído” (ORREDA, 2008, p.10). No relato, o corpo de Albertina
ficou petrificado.
A fim de encontrarmos diferentes saberes sobre a história, entrevistamos pessoas que
recorrem à Albertina nos momentos ditos difíceis e de aflição. Para tanto, foi indispensável o
uso da história oral como ferramenta que privilegia as subjetividades, atribuindo um papel
central às relações entre memória e história como uma das suas vertentes:
Nessa vertente a subjetividade e as deformações do depoimento oral não são vistas
como elementos negativos para o uso da história oral. Consequentemente,
elaboração dos roteiros e a realização das entrevistas não estão essencialmente
voltadas para a checagem das informações e para apresentação de elementos que
possam constituir em contraprova, de maneira confirmar ou contestar os
depoimentos obtidos (FERREIRA, 2002, p.328).
Segundo Portelli, a maior diferença da história oral, com relação às fontes escritas,
está na apreensão dos significados pelas pessoas e não nos eventos: “Entrevistas sempre
revelam eventos desconhecidos ou aspectos desconhecidos de eventos conhecidos”
(PORTELLI, 1997, p. 31). Por esse caminho, a história oral permite que o historiador penetre
na subjetividade do narrador, possibilitando ver as diversas narrativas dos sujeitos populares
sobre um mesmo caso. Foi partindo desse princípio que a história oral tornou-se
extremamente fecunda no fornecimento de instrumentais capazes de analisar outras verdades
sobre o caso que aqui trabalhamos. Nesse sentido, não nos caberia mais precisar sobre a
relação de veracidade das narrativas, mas como essas narrativas e seus narradores produziam
novas verdades sobre determinado evento e seus múltiplos significados sociais. Entraríamos,
por assim dizer, nos jogos de verdade. Então, “a história oral consiste no fato de que
afirmativas ‘erradas’ são ainda psicologicamente ‘corretas’, e que esta verdade pode ser
igualmente tão importante quanto registros factuais cofiáveis” (PORTELLI, 1997, p. 32).
Quando falamos em história oral lidando com a memória. São as memórias
individuais e coletivas que nos são importantes. De acordo com Portelli ao rememorar sobre
evento específico de um passado, o narrador não apenas liga-se ao conjunto social, ao
coletivo, mas também a produz individualmente. A memória é produto de técnicas
estruturadas socialmente e é um processo individual:
A memória pode existir em elaborações socialmente estruturadas, mas apenas os seres humanos são capazes de guardar lembranças. Se considerarmos a memória
um processo, e não um depósito de dados, poderemos constatar que, à semelhança
da linguagem, a memória é social, tornando-se concreta apenas quando
mentalizada ou verbalizada pelas pessoas. A memória é um processo individual, que
ocorre em um meio social dinâmico, valendo-se de instrumentos socialmente
criados e compartilhados (PORTELLI, 1997, p. 16).
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Em todo caso, estamos nos defrontando com versões do passado e jamais com a
realidade passada. Além disso, é preciso ter a consciência de que em cada período e em cada
contexto as memórias serão montadas e perpassadas diferentemente. Por isso que a história
oral é um dado subjetivo de extrema importância ao historiador. Cada narrador vai rememorar
de acordo com as suas posições sociais na sociedade e dentro de suas próprias técnicas
individuais, projetando as experiências de um passado distante ou recente.
Sobre a coleta das entrevistas. Foram realizadas dois grupos de entrevistas. No
primeiro buscamos a trajetória de vida das pessoas com entrevistas mais longas e com a
utilização de questionário semi-estruturado. No segundo, as entrevistas foram mais
verticalizadas, focando na problemática principal. Escolhemos o método da transcrição,
buscando manter a fala de quem estivesse narrando, mesmo quando fosse necessária a
utilização de elementos gramaticais para uma adequação aos rigores acadêmicos. Cabe
destacar que o segundo grupo de entrevistas foi realizado no cemitério da cidade de Irati/PR
no dia dois de novembro de 2016, dia no qual as pessoas se reuniram para fazer suas orações e
novos pedidos de graças no túmulo da Albertina. Por ser um momento de excitação religiosa,
as narrativas se tornam as mais plurais possíveis e, ao mesmo tempo, permitem enxergar os
significados do acontecido e a relevância que a santa popular possui para esses homens e
mulheres.
O enfoque principal foi o de perceber o contraste das versões, entendendo as
entrevistas como espaços onde os entrevistados pudessem apresentar, de forma subjetiva, suas
compreensões de um crime que ocorreu em um passado bastante distante, mas que ainda
permanece ativo na memória local.
Comecemos pelas entrevistas realizadas no primeiro momento da pesquisa. Matilde
Rodrigues fez o ensino primário na década de 1940 no Colégio Nossa Senhora das Graças1,
recordou-se que o túmulo de Albertina era muito visitado naquela época pelos alunos que
queriam passar de ano. “Ela era muito visitada principalmente por esses alunos que não
queriam estudar (...). A gente visitava na época de finados, levava alguma florzinha, alguma
vela e fazia nossa obrigação” (RODRIGUES, 2016). Segundo a entrevistada, as professoras,
1 Em 1930 chegou em Iraty as irmãs Helena Olek e Edwiges Miketa da Congregação das Irmãs Filhas de
Caridade São Vicente, a fim de construir na cidade um educandário de Ensino Integral, no centro da cidade, nas
proximidades do Cemitério Municipal. Em 1931 foi inaugurado o jardim de infância em caráter particular. Em
1938, o ensino primário, de responsabilidade estatal. Em 1944, o curso Ginasial sendo subvencionado pelo
estado do Paraná. No ano de 1946 foi criado o Curso Normal, juntamente com a Secretaria Estadual de Educação. O colégio também contava com orfanato para meninas e postulantes para vida comunitária. A escola
atende o público até o momento atual, com ensino primário por conta da Secretaria Municipal, e ensino
fundamental por conta da Secretaria Estadual de Educação. (ZANLORENZI, 2009).
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por serem freiras, pareciam não compactuar com a crença, ao menos na década de 1940: “As
irmãs eram muito rígidas quem era de outra religião, diziam que era do Diabo”
(RODRIGUES, 2016). Ao que parece, essa postura das religiosas seria diferente na década de
1970, como veremos mais adiante. Após concluir seus estudos no primário, Matilde cursou a
Escola Normal no Ginásio Irati e passou a dar aulas no ensino primário durante a década de
1950, no Colégio Duque de Caxias2, onde segundo ela, os alunos também recorriam à
Albertina para ajudar com os estudos.
Luiza Nelma Fillus assim como Matilde Rodrigues, também estudou no Colégio
Nossa Senhora das Graças e depois foi professora, a diferença é o período. Luiza fez o
primeiro ano do primário em 1957. Depois transferiu-se para o Colégio Duque de Caxias onde
concluiu o primário. Na década de 1960 retornou para o Colégio Nossa Senhora das Graças
onde cursou o ginasial e a escola normal. Após, cursou Letras na Universidade Católica em
Curitiba. Na década de 1970, retornou para Irati e lecionou alguns anos no Colégio Nossa
Senhora das Graças. Sobre a história de Albertina, Luiza disse que aprendeu com sua mãe e,
assim como suas colegas, costumava pedir ajuda antes de fazer as provas escolares “só no dia
de prova eu ia rezar, então era muito comum, mas para as crianças era um ritual” (FILLUS,
2016). Os momentos escolhidos para pedir ajuda eram antes das aulas e após o recreio, “então
a gente ia antes da aula ou depois do recreio ia com um grupinho lá depois da aula, era
normal, natural” (FILLUS, 2016). Não eram apenas os alunos do colégio Nossa Senhora das
Graças, mas também do Colégio Duque de Caxias que recorriam às preces para mulher
queimada. “No Duque a gente também ia, todo mundo ia. Vamos lá ver o túmulo, vamos,
vamos lá rezar” (FILLUS, 2016).
A entrevista realizada com Edenir de Jesus Menon evidencia a transmissão da crença
por gerações. Residente no centro da cidade, Edenir disse que sua mãe Maria Oliveira,
nascida nas proximidades de Porto Amazonas, mudou-se para “Iraty” e se instalou em uma
vila operária com seu marido. Ela situa esses fatos quando a morte de Albertina ainda era
recente, estimamos que fosse pelo final da década de 1920. Nessa época, a crença de que
Albertina era milagrosa já existia:
Para minha família principalmente para os filhos, ela ficou conhecida quando a mamãe, não sei onde que moravam, veio morar para cá. Aí comentaram que existia
o túmulo de uma pessoa que era milagrosa, então era chamada de alma queimada.
2 O primeiro grupo escolar de Iraty era denominado Grupo Escolar Iraty. Instalado em 1909 no prédio da Câmara
Municipal. Em 1924, passou a ter sede própria no centro da cidade nas proximidades do Cemitério Municipal. Em 1939, inaugurou-se o novo prédio passando a se chamar Grupo Escolar Duque de Caxias. Atualmente a
escola fornece ensino fundamental, médio e profissionalizante por conta da Secretaria Estadual de Educação.
(ZANLORENZI, 2009).
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Daí diz que comentaram que tinha o tal túmulo no cemitério, daí ela sonhou uma
noite com o túmulo da Albertina (...). Então eu quero ir lá no cemitério, mas eu
quero entrar e ver se vou como eu vi no sonho, e foi uma determinada pessoa que eu já não sei qual é o nome, e ela entrou e seguiu bem certinho e ela parou bem certo.
Que lá não tinha fotografia nem nada tinha só a vela assim, já começaram a
queimar vela desde aquela época (MENON, 2016).
Ao referir-se sobre a morte de Albertina, Edenir disse que soube por sua mãe e por
outras pessoas que Albertina ensinava em sua casa em uma época em que a cidade não tinha
escola ou grupos escolares “Albertina também era professora, mas assim ela dava aula na casa
dela, ou ia assim sabe, não tinha um grupo, uma escola ainda na época, né? Depois que
fizeram” (MENON, 2016). Soube que seu marido bebeu e colocou fogo na casa “ela estava
grávida e tinha ela e um cachorro dentro da casa. Ele bebeu e pôs fogo nela, e não pôde sair,
daí diz que alguém conta que tiraram ela de lá morta, mas não assim toda queimada”
(MENON, 2016). Por conta disso, as pessoas passaram a acreditar que ela intercedia pelas
mulheres grávidas e também pelos animais de estimação.
A crença adquirida pela mãe foi transmitida para sua filha Edilian Maria Menon,
Edilian lembrou como sua mãe costumava se referir à Albertina quando visitavam seu jazigo
no Dia de Finados:
Ela sempre dizia assim que era uma santa que ela era milagrosa, que ela sofreu
muito com o marido dela, que o marido dela bebia. E naquela época não eram
todas as pessoas que sabiam ler, escrever e que puderam ir para escola. E ela
sabia, ela ensinava os outros, ela foi uma das primeiras professoras da época dela
(...). Daí o marido dela, não sei, acho que bebia né? Dai ficava meio fora de si, sei
lá. (...). O marido pôs fogo nela. Ela morreu queimada sabe? Hoje sempre que eu
vou no Cemitério eu ainda passo lá (MENON, 2016).
Edilian destacou o fato de o marido ter bebido e assassinado sua mulher “eu fiquei
quando era criança achando ele um monstro, assim, tanto que a gente cresceu com medo de
bebida, né? Bebe, mata põe fogo nos outros” (MENON, 2016).
A transmissão da crença também se estende para fora do quadro urbano, é o exemplo
da entrevistada Paulina Fillos, residente na área rural de Irati, denominada Cochinhos. Paulina
chegou em Irati com seus pais quando tinha apenas um ano de idade no ano de 1941, após
deixarem a cidade de Campo Largo. Com 12 anos em 1952, seus pais a internaram no Colégio
Nossa Senhora das Graças para lhe fornecer um bom estudo. De acordo com Paulina, naquela
época, já comentavam sobre Albertina: “Pois você acredita que quando eu parei no colégio, já
falavam dela lá?” (FILLOS, 2016). Na sua versão, Albertina era iratiense, nascida no
Riozinho3, foi assassinada pelo marido que ela desconhece, ele a assassinou e jogou o cadáver
3 Uma das localidades da cidade de Iraty, situada aproximadamente a oito quilômetros do local do crime.
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no forno “um tanto que eu sei que contaram e uns contam, é que o marido matou ela, eu sei
assim: Que o marido matou e jogou dentro do forno, não sei se vocês sabem assim ou não”
(FILLOS, 2016). Depois de ter sido assassinada, diziam que uma parte do corpo não
queimou: “uns contam aí que a mão ficou, uma mão não queimou” (FILLOS, 2016).
Paulina transmitiu sua crença para seus filhos, dentre eles Eva Maria Filipak, que
lembrou:
Bom a minha mãe falava da Albertina [...] só que eu quando estudava no Nossa
Senhora das Graças tinha uma irmã lá o nome da irmã era Helena, ela era freira e
ela era professora de matemática (...). E a Irmã falava sempre da Albertina. E nós
estávamos ruins na matemática, daí a irmã chegou um dia e falou para nós assim:
olha a Albertina Nascimento dos Santos foi professora. Vocês vão lá no cemitério e
rezem para ela, que vocês vão passar (...). Eu lembro assim, que a gente chegou lá e
viu a foto dela e nós rezamos. E você acredita que nós três passamos de ano
naquele ano, daí daquela vez a fé parece que aumentou (FILIPAK, 2016).
Eva estudou no Colégio Nossa Senhora das Graças na década de 1970. Embora sua
mãe já tivesse transmitido sua crença sobre Albertina, foi após seguir o conselho da
professora de matemática que a sua fé aumentou. A origem ou exatidão da história parecem
pouco importar. Foram importantes as graças que Eva recebeu, durante sua estadia na escola e
depois de concluir os seus estudos. “Eu precisava trabalho, eu consegui trabalho. Nossa, sabe,
assim sempre quando eu vou no cemitério eu visito a Albertina” (FILIPAK, 2016). Tais
graças fortalecem a imagem de Albertina como santa: “eu sempre comento que eu acho que
ela ainda vai ser santa, né? Se ela já não é, porque eu acho que ela já é santa porque quantos
milagres, né? Graças recebidas, então por que não?” (FILIPAK, 2016).
Como mencionado, a segunda etapa para a realização das entrevistas ocorreu nas
proximidades do túmulo de Albertina em uma manhã cinzenta e chuvosa que compunha o
início do dia de finados em novembro de 2016. Embora o clima parecesse não ser o ideal para
um trabalho de campo com fontes orais, sabíamos que os devotos de Albertina não se
intimidariam com o tempo chuvoso, o que de fato aconteceu.
Caminhando entre os diversos túmulos e sepulturas presentes no Cemitério
Municipal de Irati é impossível não se lembrar da reflexão de Gaeta (1999), que sugere o
quanto o aglomerado de tumbas, das mais variadas formas, se apresenta como local onde os
vivos são representados pelos mortos e também como a materialidade da morte aparece no
mundo dos vivos. Em seu texto sobre os locais de enterramento, Gaeta escreveu que “os
túmulos abrigam corpos que contam histórias de sofrimentos, privações, sacrifícios, dores e
que se metamorfoseiam em fontes de vida, de bênçãos e de curas para as aflições de outros
corpos” (GAETA, 1999, p.64). É justamente o que percebemos quando avistamos várias
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pessoas reunidas em torno do jazigo de Albertina. Ele não possui uma construção vistosa ou
aprimorada com estátuas ou acabamentos detalhados, frequentes em túmulos “vizinhos”. É
simples, e próximo ao chão, suporta uma placa de granito cimentada onde se lê a seguinte
frase, “Albertina Nascimento dos Santos, † em Irati-Pr”. Ao lado esquerdo, a sépia de uma
moça em tom sério, com cabelos longos e amarrados. Será mesmo dela?
Chegando mais perto, observamos diversas mensagens escritas no entorno de sua
construção. Algumas feitas com velas e pedras no próprio vidro, outras em pequenas placas
mais elaboradas. Todas com palavras de agradecimento. Muitas possuíam nomes e diferentes
datas; “obrigado pela benção” e “agradeço pelo milagre” são algumas delas. Como podemos
notar pela imagem a seguir, embora a construção seja simples, a afeição do público é notável
no dia de finados.
Imagem número 01. Jazigo de Albertina Nascimento dos Santos, na manhã do dia 02 de
novembro de 2016. Autoria: Leonardo Henrique Lopes Soczek.
Nosso trabalho ocorreu em dois momentos, um pela manhã e outro à tarde. Em
ambos os períodos pudemos notar e certificar o grande fluxo de pessoas que passavam pelo
local, considerado o mais visitado de todo o cemitério durante a ocasião. Nossa intenção foi a
de registrar diferentes saberes sobre o crime em questão. Desta forma, entrevistamos o total
de vinte pessoas, homens e mulheres, entre 40 e 85 anos de idade. As entrevistas, assim como
as já mencionadas, sugerem que, na maior parte dos casos, a crença de Albertina como uma
santa milagrosa é resultado da transmissão de geração em geração, onde se destaca o papel
desempenhado pela figura materna.
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Quando entrevistamos Guilhermina Veres, percebemos que a transmissão da crença
se perpetuou por pelo menos três gerações. A entrevistada, que nasceu no ano de 1937, disse
que conheceu Albertina por intermédio de sua mãe imigrante holandesa que se instalou em
Iraty nas primeiras décadas do século XX. Segundo Veres, ela:
Sempre contava essa história de Albertina. O marido dela pôs fogo na casa e ela
estava dentro. Todos queriam ajudar ela, apagar o fogo, mas ele não deixava,
queria matar ela, que ela morresse. Essa foi a história que minha mãe contava e que aprendeu com minha avó (VERES, 2016).
O relato de Veres assemelha-se com o de Vanda Kovalski, que se lembrou das visitas
feitas no túmulo de Albertina com a sua mãe: “Faz 70 anos que moro aqui e no mesmo lugar.
Sempre vínhamos no cemitério com ela e sempre ela ensinava sua história e mostrava o
túmulo” (KOVALSKI, 2016). A entrevistada disse que sua mãe aprendeu a com sua avó.
Já o caso de Terezinha Thomaz evidencia a força da crença, capaz de perpetuar
durante os anos, apesar de uma longa distância. Nascida em 02 de abril de 1932, Terezinha
morou em Irati até 1979, depois mudou-se para Curitiba. Mas o tempo e a distância, não
impediram a mesma de visitar o túmulo da Santa Albertina, principalmente na ocasião de
Finados. Onde ela costuma pedir “sempre paz e saúde para a família, e no mundo”
(THOMAZ, 2016).
Carmen Almeida também reside em Curitiba e no dia de finados costuma viajar para
Irati para prestar homenagem à Albertina.
Sempre soube pela minha mãe. Nossa família era católica e minha mãe sempre dizia
sobre a santa que morreu queimada, que sofreu muito e até hoje faz coisas boas.
Por isso, sempre viajamos durante os finados para orar e pedir para ela
(ALMEIDA, 2016).
Antonia da Silva, assim como Carmen, soube de Albertina pela mãe e, segundo ela:
“Sempre diziam coisas boas, que ela era muito católica, que o marido dela incendiou a casa,
né? Que ela sofreu muito e até hoje ajuda muito as pessoas. Eu era criança, mas pelo que
falam e minha mãe falava era isso” (SILVA, 2016).
Na entrevista de Amélia Mudre, Albertina apareceu como uma mulher grávida.
Amélia nasceu no interior de Irati, em 20 de julho de 1947. Teve contato com o túmulo de
Albertina quando era criança. O que sabe sobre a santa é por intermédio da sua mãe: “O
marido matou ela grávida, há muitos anos, o marido matou e queimou ela. Depois ela virou
santa, só não sei o motivo que ele matou ela” (MUDRE, 2016). Isabel Kazuzek, assim como
Amélia refere-se à gravidez de Albertina:
Então, comecei ouvindo esses ritos e historias assim, que ela foi uma professora e
que ela morreu queimada. Parece-me que ela estava grávida e foi carbonizada em
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casa, não sei se por maldade ou pelo que foi. Frequento igrejas e já ouvi muitas
missas que o padre discorda que ela seja milagrosa, mas cada um é cada um, né? A
gente está em um mundo de passagem, então nunca sabemos a realidade, se ela será canonizada, né? É o que aprendi (KAZUZEK, 2016).
Perguntada sobre a crença em Albertina, Isabel prontamente lembrou-se de quando
era criança “Eu vinha para o cemitério e sempre olhava a grande participação de pessoas no
túmulo dela, né? E ouvia comentários”. Destacando que a quantidade de pessoas que
frequentavam os túmulos de padres e freiras, na data de finados, era bem menor que as que
visitavam o túmulo de Albertina. Ao encerrar a entrevista Isabel enfatizou: “Não sei o porquê.
Parece-me que como era considerada uma lei de Deus, uma pessoa, uma mulher grávida,
morrer tragicamente dessa forma, que ela fica sem pecados e vai direto ao lado de Deus”
(KAZUZEK, 2016).
Mas não são apenas as mulheres, devotas de Santa Albertina, a visita de homens ao
túmulo no dia de finados, embora em menor quantidade, revela que a transmissão materna da
crença, também se deu para os filhos. Adilson Veloso relatou que sua mãe frequentava o
túmulo de Albertina, inclusive ela e outras pessoas falavam que ela morreu queimada e após
isso, começou a fazer milagres. Outro homem, que partilha da crença transmitida pela mãe é
Renato Ferreira: “Soube pela minha mãe que falava para nós sobre a história dela, que o
esposo dela matou ela. Foi beatificada, e virou santa” (FERREIRA, 2016). O entrevistado
disse que se lembra de recorrer à Albertina na época da escola: “ia mal nos estudos, e bobeava
no fim do ano e quando pedia para ela, passava de ano (risos)” (FERREIRA, 2016).
Diferente de Renato e Adilson, Maria Santos aprendeu sobre Albertina com a sua
sogra. “Não lembro quando, mas faz muito tempo que sei sobre Albertina. Soube pela minha
sogra, que fazia benzimento, curava as pessoas por intermédio de Albertina e Maria Bueno4”
(SANTOS 2016). Maria afirmou:
Não conheço uma pessoa que não foi atendida. Diz que ela morreu queimada.
Amarrada e queimada dentro da casa, assim minha sogra contava. Minha sogra
dizia que foi o próprio marido, amarrou e colocou fogo por que ela traia ele, mas era mentira. Foi por ciúmes. Por isso ela virou santa. Ela é muito milagrosa, se
você pedir é atendido (SANTOS 2016).
Há casos em que as pessoas não se lembram de exatamente quando começaram a
4 Maria da Conceição Bueno nasceu na cidade de Morretes em 1854 e morreu em Curitiba em 1893, é
considerada uma "santa popular" no Estado do Paraná. Maria Bueno foi brutalmente assassinada por um soldado
em um local próximo a atual Rua Vicente Machado, no centro de Curitiba. Conta-se que no local de sua morte foi colocada uma cruz de madeira, tornando-se um lugar de preces onde devotos afirmavam ter seus pedidos
atendidos por Maria. A sua sepultura, no Cemitério São Francisco de Paula, recebe um grande número de
visitantes, no feriado de Finados (2 de novembro).
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fazer pedidos à mulher queimada, tão pouco com quem conheceram a história da santa. Mas a
memória das graças alcançadas pelo contrário, era mais ativa no momento das entrevistas. É o
caso de Terezinha Marques. Segundo ela: “Há muitos anos, muitos anos, conheci a capela
dela, sempre pedia para ela. Pedia ajuda, pois na época estava me separando e graças a ela, me
separei daquele marido, né? (risos). Agora estou com outro (risos)” (MARQUES, 2016).
Outros embora não tenham muita certeza sobre o passado de Albertina, solidarizam-
se e rezam em seu jazigo. Renato Lopes disse não saber muito sobre a história dela “Só sei
que dizem que ela morreu queimada, mas não posso afirmar isso. Venho todo o ano rezar para
ela” (LOPES, 2016). Questionado sobre o que pedia, disse: “Que ela continue a atender as
pessoas que vêm pedir graças a ela” (LOPES, 2016).
Assim como nas entrevistas coletadas no primeiro momento. uma das curiosas
peculiaridades dos pedidos para a santa refere-se ao cotidiano escolar, muitas pessoas pediram
“boas notas” quando estudavam no Colégio Nossa Senhora das Graças. A entrevistada Marli
Pacheco estudou no Colégio Nossa Senhora das Graças na década de 1950. Disse que durante
a época de provas, ela e colegas fugiam durante o recreio para virem ao túmulo de Albertina
rezar, pedindo boas notas. Conforme a entrevistada:
Nós deixávamos lápis e borracha, porque na época não conseguíamos comprar
velas, então sempre deixávamos nosso material escolar. Nosso boletim era enorme, tínhamos até que dobrá-lo devido ao tamanho. Pedíamos e pedíamos muito para
ela. Sempre fui muito bem atendida e nunca reprovei de ano. Hoje venho como
forma de respeito, para agradecer Albertina (PACHECO, 2016).
Que astúcia a de Marli! Na falta de condições para comprar flores e velas, a
substituição pelo material escolar apareceu como uma boa alternativa. Afinal, como bem
sugeriu Certeau “O cotidiano é aquilo que nos é dado a cada dia” (CERTEAU, 1996, p.31).
A entrevistada, Guilhermina Veres, já mencionada, também estudou no Colégio
Nossa Senhora das Graças entre as décadas de 1940 e 1950: “Na minha época tinha o costume
de pedir notas. Principalmente no final do ano, na época de provas, pedíamos notas para
passar de ano. Sempre consegui notas e, além disso, tudo que eu queria para minha vida, tudo
o que pedi eu recebi” (VERES, 2016). Na escola, a crença permaneceu durante décadas,
como bem evidenciamos no primeiro momento da pesquisa. O relato de Elenita Seidl
Grochovski reforçou essa impressão. Elenita disse que estudou o ensino primário na década
de 1970: “Falavam que havia túmulo da alma milagrosa. Falavam muito e corríamos pedir
para as provas, né? Acendíamos velas e rezávamos” (GROCHOVSKI, 2016).
Clair Cavalin relatou que teve contato com a crença em Albertina desde criança.
Quando era jovem, soube que falavam que ela fazia milagres, no Colégio Nossa Senhora das
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Graças. “A gente sempre falava quando criança: vamos ao túmulo da mulher queimada.
Parece que houve desavenças com o marido e ela acabou morrendo queimada. Foi assim que
história ficou para mim”. Quando perguntamos a Clair o que havia pedido à Albertina, no dia
de Finados, prontamente respondeu: “só tenho a agradecer” (CAVALIN, 2016).
As entrevistas nos sugerem várias Albertinas: Albertina grávida, Albertina
professora, Albertina esposa, Albertina que morreu trancafiada, Albertina queimada viva,
Albertina vítima de tiros, Albertina morta por ciúmes, Albertina vítima do marido alcoólatra,
Albertina beatificada, Albertina católica, Albertina que foi parar no forno, cuja mão não
queimou! Uma santa protetora dos animais domésticos, das grávidas, dos alunos em
dificuldade, que auxilia a conseguir emprego, que age por intermédio de benzimento, que
ajuda a unir matrimônio, e também desunir quando necessário, que fornece saúde, que cuida
das pessoas nas viagens. A multiplicidade de sentidos atribuídos à personagem sugere que:
A sua historicidade não resiste durante muito tempo à ação corrosiva da
mitificação. Seja qual for a sua importância, o acontecimento histórico em si só perdura na memória popular e a sua recordação só inspira a imaginação poética
na medida em que esse acontecimento histórico se aproxima de um modelo mítico
(ELIADE, 1992, p.43).
Afinal, ninguém soube o que realmente ocorreu entre as quatro paredes quando
Albertina foi assassinada, abre-se uma brecha para as múltiplas interpretações. Mas na
pluralidade das “invenções cotidianas” existem regularidades. A santificação e a mitificação
de que fala Eliade não é aleatória. Albertina aparece nas entrevistas como vítima inocente de
uma morte cruel. É recorrente a figura do marido culpado, seja ele um bandido, um bêbado ou
até mesmo um monstro. Nessas verdades, independente da absolvição, o marido foi
considerado culpado e a mulher considerada vítima e santa.
O folclorista Félix Collucio (1995), ao estudar as formas de devoção populares na
Argentina, sugeriu que as santificações podem se enquadrar em duas tipologias. A primeira é
a dos iluminados composta por pessoas que dedicaram a sua vida terrena às ações de caridade
e por esse motivo, tornaram-se santas ao falecer. A segunda é a das pessoas vítimas de morte
violenta ou injusta, nela estão três tipos de pessoas, as crianças, os jovens, e as pessoas de
“vida errada”. As crianças, vítimas de doença ou abandono que por esse ou outros motivos
faleceram muito cedo. Os adolescentes e adultos estuprados, assassinados e espancados,
sendo as mulheres o maior número dos casos.5 E por fim, os bandidos e as prostitutas, que em
5 Levando em consideração o Estado do Paraná, vale referenciar os estudos que tratam de Corina Portugal em
Ponta Grossa e Maria Bueno em Curitiba, nos últimos anos. Conferir: (PETRUSKI, 2012), (PICCOLLI,
SERAFIM, 2014), (PICCOLLI, ANDRADE, SERAFIM, 2012).
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seu último momento da vida, arrependeram-se e conseguiram o perdão.
É na segunda tipologia que podemos enquadrar o crime da mulher queimada pelos
saberes dos fiéis, que caracterizam Albertina como vítima inocente de um crime praticado
pelo marido. Conforme Andrade (2010) a respeito da historicidade dos santos, descobrimos
que os primeiros santos a serem cultuados foram os mártires e que a devoção por eles foi dada
de maneira espontânea, como se o povo reconhecesse uma divindade naquele que sofre em
nome de Cristo. Com o passar do tempo, porém, o conceito de mártir passou a abranger não
apenas aqueles que davam a vida para defender a palavra de Cristo, mas também aqueles que
morriam de forma violenta, provocada por homicídio ou doenças graves que causavam
períodos prolongados de dor e sofrimento. O sofrimento na Terra representaria a redenção por
seus pecados e a morte uma possibilidade de purificação, é claramente o exemplo da morte de
Albertina.
REFERÊNCIAS
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