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RFID and Retail Automation
Manuel Laia Valente
51164
Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial
Dispositivos e Redes de Sistemas Logísticos
Dezembro 2008
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Índice
Sumário Executivo………………………………………………………………………………………………………. 3
Introdução………………………………………………………………………………………………………………….. 4
Operações de Retalho………………………………………………………………………………………………… 5
Tecnologia RFID………………………………………………………………………………………………………….. 5
Tecnologia RFID em Operações de Retalho………………………………………………………………… 7
Casos de implementação
Walmart.…………….………………………………………………………………………………………… 10
Throttleman..…………………………………………………………………………………………………. 10
METRO AG.………………………………………………………………………………………………………………… 12
Conclusão…………………………………………………………………………………………………………………. 14
Bibliografia……………………………………………………………………………………………………………….. 16
3
Sumário Executivo
Neste trabalho analisa-se a utilização actual da tecnologia RFID em operações de retalho.
Pretende-se estudar de que forma se transformou o modelo de negócio das organizações onde
esta tecnologia foi implementada, a que alteração obrigou, que impacto teve, que benefícios e
que desvantagens trouxe consigo para as organizações.
Não foram calculados indicadores ou rácios neste trabalho, apenas foi feita uma revisão dos
resultados fornecidos pelas empresas. Analisaram-se as implementações na Throttleman na
Walmart e Metro AG. Retiraram-se algumas conclusões do estado actual da RFID nas
operações de retalho, tendências futuras e identificaram-se oportunidades e problemas actuais.
Palavras-chave: RFID, Comércio, Retalho.
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Introdução A tecnologia do RFID desenvolveu-se significativamente nos últimos anos. É de esperar que
este desenvolvimento traga novas aplicações, mudando os modelos de negócio das
organizações que a aplicarem. Uma área onde o impacto desta tecnologia poderá ser mais
sentido pelos consumidores e público em geral será nas operações de retalho.
As primeiras utilizações práticas de tecnologia de identificação por rádio frequência ocorreram durante a Segunda Guerra Mundial. Nesta altura foi desenvolvido o sistema IFF (Identificador
Friendly or Foe) que consistia num transponder activo que emita um código quando interrogado
pelas estações de Radar. Outras aplicações em actividades como a espionagem e vigilância
surgiram na mesma altura. Contudo não foi até à década de 70 que surgiram as primeiras patentes relativas a tecnologia RFID, em 1973 foi patenteada a primeira tag activa com
memória de 16 bits. Neste ano surgia também uma aplicação de cartões com transponders
embutidos, que permitiam a abertura de portas após leitura correcta do código que este
continha. O Departamento de Defesa dos EUA também cedo mostrou interesse nesta
tecnologia, o laboratório de Los Alamos desenvolveu vários estudos na área da “potência
reflectida” que permite o funcionamento das tags passivas. Em 1983 foi registada a primeira
patente em que se utilizava o termo RFID (U.S. Patent 4,384,288). A tecnologia RFID em 1999
passou a usar sinais UHF, o que permitiu um aumento de performance. Também neste ano o
Uniform Code Concil, o European Article Number International, a Procter & Gamble e a Gillette
uniram-se com o M.I.T. para fundar o Auto.ID Center. Esta joint venture dedicou-se a
desenvolver um standard global para substituir o código de barras universal, com uma
etiquetagem item a item. Desde então várias companhias têm tentado implementar soluções com tags RFID em várias áreas, desde gestão de stocks a controlo da produção, seguimento
de mercadorias, controlo de acesso e biometria. Estas aplicações têm conhecido um grau de
sucesso variável.
Vários analistas consideram que as poupanças de custos não tem sido as esperadas, no
entanto as melhorias de funcionamento e de fluxo dentro da empresa e na sua cadeia de
abastecimento superaram as expectativas na maior parte das aplicações. O ponto que tem
causado maior frustração tem sido a integração da cadeia logística, ou seja quando uma tag
tem de ser lida por mais que um interveniente. Sobretudo devido a problemas de normalização da informação contida nos tags. O sistema RFID é composto por vários componentes,
tipicamente uma ou mais etiquetas ou tags, um (ou vários) dispositivos de leitura e escrita e
eventualmente uma base de dados que torne a informação significativa.
Actualmente no comércio a retalho a forma dominante de identificação dos produtos é o código
de barras UPC (Universal Product Code). Contudo este possui limitações quando comparado
com as soluções baseadas na tecnologia RFID. Neste trabalho vamos explorar as vantagens
comparativas das soluções RFID, vamos ver as dificuldades particulares da implementação
desta tecnologia nas operações de retalho e de que forma estas podem conduzir à sua
automatização.
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Operações de Retalho
As operações de retalho surgem no final da cadeia de valor. Após os produtos atravessarem
várias fases desta são transaccionados entre vendedores e consumidores, adquirindo assim
valor. O retalho consiste na venda de bens e serviços numa localização fixa ou por correio, em
pequena quantidade ao utilizador final. Estas operações podem ser complementadas por
serviços distribuição, serviços pós-venda e armazenagem.
O principal problema que os produtores encontram, a nível de retalho, é ter os seus produtos
disponíveis a 100% dos consumidores. Esta dificuldade advém não só de se conseguir cobrir
uma área geográfica, que nos países mais desenvolvidos é simples dadas as boas
acessibilidades, mas sobretudo de evitar falhas nos expositores, ruptura de stocks e falta de
visibilidade nos lineares.
Pode também ser necessário criar novos canais de distribuição que coloquem o produto
próximo do consumidor quando este o pretende consumir. É difícil estimar as perdas em que
um se incorre por cada venda perdida, no entanto este custo é potencialmente elevado, já que
pode desviar o cliente da nossa marca para outras, do nosso ponto de venda para outro, etc.
Estas vendas perdidas prejudicam tanto o retalhista como o produtor, pelo que ambos devem
unir esforços para evitar situações de ruptura. Esta questão é tão importante que diversas
empresas optam por ter repositores próprios para as suas marcas nas grandes superfícies de
forma a controlarem melhor a presença do seu produto.
Tecnologia RFID
A tecnologia RFID é provavelmente uma das mais
promissoras e antecipadas hoje em dia. Todos os elementos
intervenientes na cadeia de valor, fabricantes, empresas de
logística e até agências governamentais procuram uma
maneira simples e fiável de seguir os seus produtos ao longo
do ciclo de vida. Actualmente já encontramos o RFID
implementado em bilhetes de transportes, portagens,
soluções industriais, tais como linhas de montagem e
agricultura.
Máterias Primas Produção Armazenameto Marketing Distribuição Retalho
Imagem 1: Tag RFID.
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O objectivo desta tecnologia é trocar informação útil entre um material e um aparelho de leitura
e escrita através de ondas rádio. Um sistema RFID é composto por uma ou mais etiquetas, que
são constituídas por um chip e uma antena, um ou mais aparelhos de leitura e escrita, as
respectivas antenas e um software de aplicação que torne a informação transmitida
significativa.
As etiquetas podem conter diferentes tipos de informação, desde o número de série, a
instruções de montagem ou manuseamento, tempos de viagem, destinos, partidas, ou
informação recolhida por sensores que lhes estejam associados como a temperatura,
humidade ou choques. O aparelho de leitura recebe e descodifica a informação contida na
etiqueta e transfere-a para o sistema informático. Para evitar colisões durante a leitura existe
um algoritmo anti-colisão que evita que as etiquetas sejam todas lidas ao mesmo tempo, diminuindo a hipótese de erro. Actualmente as etiquetas RFID, tags, podem etiquetar
praticamente qualquer material, desde paletes, a estantes de um linear a uma garrafa de água.
Cabe às empresas definir que
tipo de seguimento pretendem
fazer dos seus produtos,
definindo a nível de palete, de caixa, de pack ou a nível de item.
Diferentes aplicações podem exigir diferentes tags, já que
alguns metais absorvem os sinais
de rádio e os líquidos bloqueiam-
nos. As tags podem ser activas
ou passivas, sendo que as
primeiras tem uma fonte
Imagem 2: Sistema RFID e os seus diferentes componentes. Fonte: RFieda
Imagem 3: Aplicação de tags RFID ao nível de paletes e caixas. Fonte: PPH, 2008
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autónoma de potência e as segundas necessitam da energia transportada nas ondas rádio
para se activarem, as tags activas tem uma maior probabilidade da leitura ser correcta. O
tamanho das tags é por isso variável, podem ter a espessura de uma folha de papel, ser do
tamanho de um grão de arroz ou do tamanho de um pequeno tijolo. A duração também é
depende do tipo, já que as mais finas são facilmente danificáveis mas podem ser fechadas em
materiais extremamente resistentes ao calor, ácido, óleos, solventes e tinta, ambientes que
impossibilitariam o uso do código de barras tradicional. Outro aspecto importante é que as tags
podem ser apenas de leitura ou de leitura e escrita, neste caso permitem a sua manipulação ao
longo da cadeia de valor. As etiquetas com capacidade de serem reescritas podem ser
vantajosas em processos que seja necessário introduzir informação ao longo da vida do
produto, ou em que se tenha de alterar esta informação várias vezes. Um exemplo são as paletes reutilizáveis em que a alteração da informação contida pelo tag é fundamental,
conforme o utilizador da palete. No que diz respeito aos leitores das tags, podem ser totalmente portáteis, tendo um tamanho
semelhante aos leitores de códigos de barras, podem ser um pouco maiores e por isso mais
potentes mas facilmente colocados em locais de leitura como tapetes rolantes, pórticos de
armazéns, monta-cargas, porta-paletes etc. Uma das vantagens desta tecnologia em relação
ao código de barras é que não requer uma linha directa de visão para leitura, o que possibilita
um maior número de locais de colocação e maior rapidez no processamento. Por outro lado
isto também facilita o posicionamento dos leitores e a redução do seu número, sobretudo
quando tratamos de processos automatizados. É necessário ter em conta algumas limitações
quando se pretende implementar esta tecnologia já que o sinal emitido é susceptível de
interferência com outros sinais de rádio e alguns materiais absorvem mais o sinal que outros,
finalmente a sensibilidade do sinal varia também com o ambiente em que se encontra. Em
termos de segurança, a tecnologia RFID é relativamente segura visto que há a possibilidade
dos dados serem encriptados, ou codificados, sendo necessária uma chave para a informação
ser significativa. Isto pode também permitir que a informação seja lida apenas por parceiros
autorizados.
O fluxo de informação na cadeia de abastecimento pode crescer exponencialmente com a
introdução da RFID. Por isso é necessário repensar com cuidado os sistemas de informação
das companhias quando se prepara a migração dos sistemas actuais para o RFID. É
necessário um planeamento cuidado do tratamento da informação, decidir que informação
importa, em que altura.
Para o comércio a retalho, o interesse desta tecnologia prende-se sobretudo com a
substituição do código de barras universal (UPC) por um novo standard. O mais provável é que
o EPC seja adoptado, dado o forte apoio que tem obtido de diversas grandes multinacionais. A
RFID conjugada com o EPC tem uma capacidade única para seguir produtos ao nível dos
itens, o que gera informação extremamente valiosa para as companhias. Um dos receios
destas é precisamente o controlo sobre esta informação, o segredo do negócio. Por outro lado
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a recolha de informação tem assustado alguns grupos de consumidores, que afirmam estamos a entrar num novo modelo de Big Brother.
Os custos associados às implementações de RFID ainda são elevados, uma tag passiva custa
cerca de $0,05 ao passo que um código de barras custa $0,002 a imprimir. A tecnologia de
códigos de barras está amplamente difundida ao passo que o RFID obriga a investimentos em
novos equipamentos.
Tecnologia RFID em Operações de Retalho A conjugação das operações de retalho com a tecnologia RFID
pode ser um dos mais significativos avanços na área das
operações no comércio.
Os impactos desta tecnologia nas operações na loja iniciam-se
imediatamente no momento em que as encomendas são
recebidas. Com um leitor colocado na entrada do armazém (ver
imagem 3) os colaboradores podem confirmar imediatamente o
conteúdo das paletes com a guia de encomenda. Da mesma forma podem imediatamente
identificar onde estão os produtos que se estão em rotura ou que têm maior rotatividade,
deslocando estes imediatamente para a área de retalho. Nesta área são também manipulados
os artigos que entram na logística reversa, ou seja que por qualquer motivo tem de ser
devolvidos. Esta área é geralmente complicada de gerir eficientemente devido às baixas
quantidades e encargos elevados, o RFID pode facilitar este processo através da melhor
comunicação com o produtor e operadores logísticos.
Na área de venda as aplicações vão para lá do próprio produto, provavelmente a mais
interessante serão as prateleiras inteligentes, que conseguem ler os produtos que estão
expostos e avisar quando há rupturas, produtos fora do prazo ou fora do local previsto. Desta
forma o retalhista ou as marcas conseguem medir a procura em tempo praticamente real,
sendo mais eficazes a evitar falhas nas prateleiras. Hoje em dia diversas marcas incorrem no
custo de terem repositores dedicados nos grandes retalhistas, o que deve dar ideia da
importância que estas atribuem a que o seu produto esteja exposto no linear permanentemente
e da forma definida nos planogramas. As falhas de stock podem também originar um pedido
automático de reposição junto do fornecedor, no entanto esta hipótese obriga a que haja uma
estreita colaboração entre o retalhista e o fornecedor, ou que o produto seja de consumo
regular não sujeito a sazonalidade ou moda. O pagamento também fica facilitado, visto que
deixa de ser necessário o manusear o produto à procura do código de barras. Pode-se utilizar
uma solução do tipo pórtico ou túnel, em que um leitor lê todas as tags, apresentando
imediatamente a conta total.
Imagem 4: Túnel de leitura de tags RFID
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O cliente pode também ser beneficiado se na loja existir um meio de busca rápida em que seja
possível saber imediatamente onde se encontra o bem que o cliente procura e consultar as
suas características ou compará-lo com outros. Esta informação pode por exemplo estar
disponível na internet ou num ponto de busca na própria loja, sob a forma de um touch-screen
ou outra forma de catálogo electrónico. Outra possibilidade é o retalhista disponibilizar uma
aplicação que corra no sistema operativo dos telemóveis, que localize os produtos pretendidos
pelo cliente na loja, este é também um excelente canal de marketing para os próprios
retalhistas.
Outras aplicações mais próximas da ficção científica são possíveis e já foram estudadas, uma
loja totalmente automatizada com base no RFID é possível com uma área de Check-out sem
operadores. Utilizar o ar condicionado para colar pequenas etiquetas ao cliente de forma a
seguir os seus passos na loja de forma a conhecer melhor os seus hábitos de compras para
lançar campanhas de marketing individualizadas. Estas são aplicações que provavelmente não
veremos num futuro próximo, sobretudo pelos problemas éticos que têm levantado.
Na figura 4 temos uma imagem que mostra vários aparelhos que se podem implementar numa
loja de forma a tirar o máximo de partido da tecnologia RFID, no contexto actual.
A tecnologia RFID só vingará nas operações a retalho se existir um standard global, que
ajudará a baixar os custos desta. A redução de custos é um dos vectores de desenvolvimento
fundamentais para o futuro, no entanto é também necessário melhorar a aceitação do RFID e dos standards associados. Outros desenvolvimentos na tecnologia ligada à produção de chips
certamente permitirão implementar estes de modo mais fácil e invisível nos produtos de
consumo, contribuindo ainda mais para a adopção desta tecnologia.
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Imagem 5: Diferentes aplicações para um ambiente de retalho.
Casos de implementação.
A Walmart lançou em 2005 um mandato para forçar os
fornecedores a implementar o RFID ao longo da cadeia logística,
identificando todas as paletes enviadas para os seus centros de
distribuição. Esta medida foi recebida com alguma resistência
pelos fornecedores mais pequenos devido aos custos, ao passo
que os maiores tem sido rápidos a liderar o processo de
adopção. A Walmart só conseguiu em 2007 implementar a tecnologia em 12 dos seus 137
centros de distribuição, era previsto ter atingido este número em 2005. Dada a lentidão na
mudança, e respondendo a algumas acusações dos fornecedores o Walmart decidiu
implementar a tecnologia nas suas lojas. Inicialmente pretendia ter até ao final de 2008, 400
lojas compatíveis com RFID. Os primeiros resultados lançados pela Walmart indicam uma
redução de rupturas de stock na ordem dos 16% e de menos 60% no tempo de reposição
médio dum produto. No entanto não há ainda a tradução destes resultados em termos de
retorno no investimento.
O retalhista de moda Throttleman pretendia diminuir o time-to-
market dos seus produtos, bem como melhorar o seu sistema
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de gestão de stocks, tanto a nível central no centro de distribuição como a nível local nas lojas.
Em vez de optar por tecnologias já maduras, a Throttleman apostou na identificação item a
item por RFID. Como parceiro para a implementação de todo o sistema foi escolhida a Sybase,
uma empresa do universo IBM.
Os objectivos traçados foram:
Diminuir entre 5 a 7 dias o tempo que os produtos passam na cadeia de
abastecimento;
Reduzir em 60% o espaço necessário para inventário;
Melhorar a visibilidade dos produtos;
Aumentar a flexibilidade da empresa, melhorando a capacidade de resposta aos
desejos do mercado, ter a moda certa no sítio certo;
Atingir os níveis de vendas planeados.
O sistema foi desenvolvido pela Sybase Profissional Sevices Portugal, correndo sobre
hardware desenvolvido pela CreativeSystems, baseando no EPC Gen 2. Com este sistema a
Throttleman automatizou totalmente os seus sistemas de encomenda e recepção, processos
que era totalmente manuais.
A produção da Throttleman é feita na Índia, o design em Portugal e as vendas desenvolvem-se
em Portugal e Espanha. Tradicionalmente cada encomendar era recebida no centro de
distribuição em Portugal, tipicamente um ou mais contentores contendo 60.000 peças cada,
eram fossem tríadas manualmente e repartidas em encomendas mais pequenas, operação de
Breakbulk, para serem entregues em cada loja. Uma vez na loja os itens são registados uma a
um manualmente. Este processo além de moroso e desgastante resultando frequentemente
em erros.
Actualmente, durante o processo de fabrico é inserida uma tag Paxar EPC Gen 2 nas peças de
roupa, cada etiqueta é programada e verificada e validada no processo de fabrico, antes de o
item ser enviado para Portugal. Quando os contentores chegam ao centro de distribuição,
passam num túnel de leitura Tagsys 3-D, aqui são lidas as tags, com uma probabilidade de
sucesso de 99.9%. A informação lida é comparada imediatamente com o ERP da empresa
para verificar se foram recebidos todos os itens ou se existem falhas. Caso a encomenda não
esteja de acordo com o ERP, o contentor é desviado para que funcionários possam
inspeccionar o seu conteúdo. Depois são empacotadas as ordens de cada loja, sendo que cada encomenda é passada novamente pelo mesmo túnel sendo as tags lidas e comparadas
com as ordens individuais para verificar se a encomenda está correcta. Nesta altura as lojas
são avisadas de que a encomenda está a caminho. Esta alteração de processo permitiu à
Throttleman diminuir em 7 dias o tempo que um produto passa na cadeia de abastecimento,
pelo que se conseguiu aumentar em 4 dias os dias de venda por cada encomenda processada.
O processo de encomendas foi alterado já que agora as encomendas às fábricas são
recebidas imediatamente por loja e não por famílias de itens.
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Em termos das lojas, o maior benefício até agora foi a melhoria dos processos de fundo,
nomeadamente em termos de encomenda e recepção, contudo também a relação com os
clientes melhorou já que agora estes podem encomendar peças individuais e com uma
probabilidade baixa de erro. Outra tecnologia associada com o RFID que está a ser
implementada é o MagicMirror, que permite aos clientes ver num ecrã que também é um
espelho o catálogo da marca, verificar imediatamente a disponibilidade e características da
peça desejada bem como a sua localização na loja. Esta funcionalidade é extensível ao site da
empresa, que sofreu uma actualização e na zona de catálogo permite além de ensaiar
conjuntos de várias peças, averiguar a disponibilidade dos artigos nas lojas.
Dado o carácter inovador desta tecnologia a experiência de compra nas lojas da Throttleman
tornou-se única, conferindo-lhe uma clara vantagem competitiva, ainda que temporária no
longo prazo.
O sucesso da implementação da tecnologia nas lojas da Throttleman é evidente, o salto em
termos de processo foi muito grande, de um processo antiquado de trabalho intensivo passou-
se para um processo de tecnologia de ponta e de capital intensivo. Contudo o caminho foi
facilitado porque a companhia controla totalmente a sua cadeia de valor da produção ao
retalho. Não existe necessidade de partilhar informação com parceiros externos.
A METRO AG é uma empresa alemã de comércio a retalho e
grosso, é líder no seu mercado interno e um dos grupos de
retalho mais globalizados, ocupando o 5º lugar na lista dos
maiores retalhistas do mundo, sendo o 3º da Europa. A cadeia
de Cash & Carry Makro e a cadeia de electrodomésticos Media
Market, que operam em Portugal, detendo também os
hipermercados Real e as lojas Metro, bem como as Galeria
Kaufhof, um formato de centro comercial próximo ao do El Corte Inglês.
Este grupo lançou em 2002 com cerca de 85 parceiros de diferentes áreas, bens de consumo,
IT e serviços, uma iniciativa intitulada Future Store Initiative. Esta iniciativa criou uma loja real
em Rheinberg uma cidade alemã de 30,000 habitantes, que serve de laboratório vivo para a
implementação de novas tecnologias. Estas são aplicadas em todas as vertentes do shopfloor,
da logística até à experiência de compra.
A maior inovação para o cliente é o MSA, Mobile Shopping Assitant, que consiste numa
aplicação que visa facilitar o processo de compra para o cliente. Pode correr sobre PDA
entregue à entrada da loja e que funciona mediante a inserção do cartão de cliente, ou ser
descarregado para o telemóvel do cliente via Bluetooth, ficando assim permanentemente
instalado. Esta funcionalidade permite procurar a localização de produtos na loja, inserir uma
lista de compras, dando o caminho mais curto entre os vários produtos, mostrar os produtos
em promoção, ver o total poupado no caso de ofertas especiais. Finalmente permite ler as tags
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RFID dos produtos adquiridos, de forma a dar ao cliente um total controlo dos custos e no final
evita a o processo de efectuar uma nova leitura de todos os itens adquiridos à saída da loja. De
futuro pode ser possível pagar a conta sendo esta debitada na conta do telefone ou num cartão
multibanco associado.
Os produtos perecíveis ou de consumo mais rápido vêm a sua presença melhorada nas
prateleiras já que os repositores são informados das roturas em tempo real permitindo a
transformação final de produtos que podem ter uma vida muito curta, como a carne.
A aplicação da tecnologia RFID permitiu à Metro racionalizar a sua cadeia logística,
aumentando o número de paletes processadas, diminuir os erros nas encomendas e entregas
Outras tecnologias como os ambientes virtuais que estimulam os sentidos são criados de
acordo com a zona, para o desporto, pastelaria, talho e peixaria.
No que toca à RFID a Metro já migrou a tecnologia para outras unidades de negócio depois de
retirar algumas lições do seu laboratório, destacamos as seguintes:
O custo associado aos tags é fundamental para definir o tipo de marcação que vamos
utilizar;
O custo da infra-estrutura importa, a infra-estrutura actual tem os seus custos
afundados, a migração para uma nova tecnologia necessita de um novo investimento;
Mudança de processo, o facto de uma prateleira conseguir controlar o seu stock não
deve obrigar a que sempre que é retirada uma unidade, um repositor a venha
imediatamente repor, antes pelo contrário deve repor quando a capacidade a repor
igualar por exemplo uma caixa inteira.
Actualmente as Galerias Kaufhof utilizam já o sistema RFID, em todos os seus produtos.
Na tabela 1 apresentamos um esquema da METRO para mostrar onde a tecnologia RFID teve
impacto e qual foi. O tipo de impacto foi definido como, novo processo, serialização,
optimização e automatização. Nesta tabela analisa-se apenas a identificação ao nível de
paletes ou de caixas.
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Imagem 6: Tabela com os processos da cadeia logistica da METRO.
Conclusão A integração da tecnologia RFID nas operações de retalho afigura-se como inevitável num
horizonte temporal superior a 5 anos. O desenvolvimento da norma EPC e a adopção desta por
alguns dos maiores produtores mundiais de bens de consumo, nomeadamente a Procter &
Gamble, Colgate-Palmolive, a Unilever e a Kimberley Clark e por alguns grandes retalhistas
como o Walmart e a METRO, dão uma boa indicação do potencial desta tecnologia como
substituta do código de barras universal actual. Além disso alguns fabricantes de produtos com
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maior valor, mas menor volume, também já têm programas de implementação desta tecnologia.
Vimos o caso da empresa nacional Throttleman que procurou resolver os problemas da sua
cadeia logística com um programa RFID. Parte desta implementação passa pelas lojas, que
não tendo sido automatizadas ou sofrido um evolução radical, certamente proporcionam uma
experiência de compra única. Da pesquisa efectuada, vimos que a automatização total das
vendas a retalho ainda é um futuro distante dada a necessidade de amadurecimento da
tecnologia. Contudo as empresas que hoje já iniciaram programas de RFID certamente estarão
na frente para esse futuro, já que esta tecnologia é fundamental para a automatização do
retalho.
As mudanças introduzidas pela tecnologia RFID devem ser exploradas pelos retalhistas,
procurando novos modelos de negócios, não se limitando a substituir o código de barras, por
etiquetas RFID. A mudança para ser significativa e produzir resultados deve ser mais profunda
de forma a melhorar os processos e obter resultados mensuráveis.
Com o desenvolvimento de técnicas da inclusão de chips em matérias-primas, chips fabricados
em materiais alternativos como o papel, as tags de RFID certamente ainda vão sofrer algum
desenvolvimento, diminuído os custos e aumentando a performance, bem como a sua
facilidade de dissimulação nos artigos.
É de esperar que a aplicação da RFID conheça alguma resistência de grupos de defesa de
consumidores, contudo se os tags forem desactivados ou removidos à saída das lojas a
questão é mais pacífica.
Dos casos estudados podemos concluir que os programas de RFID são vantajosos em relação
a outras tecnologias existentes e tornam-se tanto mais vantajosos quanto mais atrasado for o
processo existente. É o caso de Throttleman, que apostou numa aplicação muito avançada e
não propriamente o standard do mercado. O seu processo de implementação foi mais fácil por
controlar a cadeia de distribuição, no entanto não devemos diminuir a dificuldade que a
mudança apresenta para qualquer organização, e esta demonstra uma boa estruturação sendo
contemplando vários níveis da empresa. Já o caso da METRO mostrou-se uma antítese ao do
Walmart, ao passo que no do Walmart a implementação foi feita por imposição, no METRO
construiu-se um local de testes, onde todos os parceiros foram convidados a participar com a
tecnologia que tinham de forma a testá-la e melhorá-la partilhando o conhecimento adquirido
com os parceiros. Este espírito reflecte-se na informação disponível, sobre o Walmart há muito
pouca, ao passo que a iniciativa da METRO tem bastante disponível.
Para o futuro será interessante acompanhar as novas aplicações que surjam ligadas à área do
retalho mas também olhar para o retorno no investimento e outros indicadores de eficiência,
como o Lead time, rotatividade de stocks, etc.
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Bibliografia:
Chorafas, Dimitris M. - Integrating ERP, CRM, Supply Chain Management and Smart
Materials. Auerbach (2001);
D. Lambert, J. Stocj, L. Ellram, Fundamentals of Logistics Management, McGraw-Hill (1998);
Papers (Authors, year, title, journal, volume (issue), first page):
SAP, Intel, METRO – RFID Business Case, Future Store Initiative, 2004
SAP, Intel, METRO – Future Store Initiative, Survey of innovations, 2004
Webpages (URL, date of usage):
www.metrogroup.com Novembro/Dezembro de 2008;
http://www.future-store.org Dezembro de 2008;
www.throttleman.pt Novembro/Dezembro de 2008;
http://en.wikipedia.org/wiki/RFID Novembro/Dezembro de 2008;
http://www.portalrfid.net/ Novembro/Dezembro de 2008;
http://electronics.howstuffworks.com Novembro/Dezembro de 2008;
http://www.sybase.pt Novembro/Dezembro de 2008;
http://www.rfidjournal.com/ Novembro/Dezembro de 2008.
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