responsabilidade civil extracontratual · 2020. 10. 9. · “direito civil. responsabilidade civil...
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RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL Atualizado em 08/10/2020 @conteudospge
Fonte: Flávio Tartuce, Pamplona, Stolze e STJ.
A responsabilidade civil extracontratual ocorre quando existe uma violação ao direito
de outrem. P.ex.: colisão de veículos. Surgindo o dever de indenizar a parte
prejudicada.
Ela se divide em três: subjetiva, objetiva e abuso de direito. Via de regra, a
responsabilidade civil é subjetiva, sendo objetiva por disposição legal ou quando se
tratar de atividade que cause risco em potencial.
A responsabilidade civil vem prevista no Artigo 186 do CC, in verbis:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”
(destacado).
Desta forma, para que exista o dever de indenizar, é preciso que exista um dano,
salvo em algumas hipóteses excepcionais de responsabilidade sem dano.
Pressupostos da responsabilidade civil:
a) conduta humana (ação ou omissão);
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b) dano;
c) nexo de causalidade;
d) culpa genérica (dolo ou negligência, imprudência ou imperícia).
Para o direito civil, dolo é um só, não havendo distinções como no ramo penal.
Vejamos o que diz Tartuce:
Para o Direito Civil não interessa o estudo da classificação do
Direito Penal quanto ao dolo e, consequentemente, dos
conceitos de dolo eventual, dolo não eventual ou preterdolo. Em
todos esses casos, o agente deverá arcar integralmente
quanto a todos os prejuízos causados ao ofendido. Em
suma, repise-se que, presente o dolo, a indenização a ser paga
pelo agente deve ser plena.
Por sua vez, o citado autor diferencia a negligência, imprudência e imperícia da
seguinte maneira:
Imprudência Falta de cuidado + ação (prevista no art. 186 do CC). Exemplo: dirigir em alta velocidade.
Negligência Falta de cuidado + omissão (também constante do art. 186 do CC). Exemplo: a empresa que não treina o empregado para exercer determinada função.
Imperícia Falta de qualificação ou treinamento para desempenhar uma determinada função, própria dos profissionais liberais. Consta do art. 951 do CC, para os que atuam na área da saúde.
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Exemplo: o médico que faz cirurgia sem ter habilitação para tanto.
Nexo de causalidade: é o que “liga” a conduta ao dano. De acordo com Sérgio
Cavalieri Filho:
“O conceito de nexo causal não é jurídico; decorre das leis
naturais. É o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito
entre a conduta e o resultado”.
A teoria adotada pelo código civil, em relação ao nexo de causalidade é muito
divergente na doutrina. No entanto, a posição mais segura é que foi adotada a
teoria do dano direto e imediato, tendo em vista que o mesmo tem previsão legal
expressa no artigo 403 do Código.
Essa teoria admite excludentes do Nexo Causal, são elas:
a) culpa exclusiva da vítima;
b) caso fortuito;
c) força maior;
d) culpa exclusiva de terceiro.
Podemos exemplificar uma excludente do nexo causal quando um passageiro é
assaltado dentro do coletivo. Não há responsabilidade da empresa concessionária,
pois isso é caso fortuito ou força maior, dependendo da doutrina utilizada. Essa foi a
decisão do STJ.
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De acordo com STOLZE e PAMPLONA: “Alinhamo-nos ao lado daqueles que
entendem mais acertado o entendimento de que o Código Civil brasileiro adotou a
teoria da causalidade direta ou imediata (teoria da interrupção do nexo causal),
na vertente da causalidade necessária”.
Responsabilidade objetiva: Somente é admitida no direito brasileiro de maneira
excepcional. É prevista no Art. 927 do Código Civil, in verbis:
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.
De acordo com tartuce:
1.º) Nos casos previstos expressamente em lei. Como primeiro exemplo, cite-se
a responsabilidade objetiva dos fornecedores de produtos e prestadores de serviços
frente aos consumidores, prevista no Código de Defesa do Consumidor (Lei
8.078/1990). Como segundo exemplo, destaque-se a responsabilidade civil
ambiental, consagrada pela Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 14,
§ 1.º, da Lei 6.938/1981). O terceiro exemplo é a Lei 12.846, de 1.º de agosto de
2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas
jurídicas, pela prática de atos contra a administração pública, especialmente por
corrupção. De acordo com o art. 2.º da última norma, as pessoas jurídicas serão
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responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos
lesivos previstos no seu texto, praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo
ou não.
2º) Uma atividade de risco normalmente desempenhada pelo autor do dano, o que é
consagração da cláusula geral de responsabilidade objetiva. Como se pode notar,
trata-se de uma atividade normalmente lícita, que causa danos aos direitos de
outrem. Esses “direitos de outrem” devem abranger não apenas a vida e a
integridade física, mas também outros direitos, de caráter patrimonial ou
extrapatrimonial, conforme o preciso Enunciado n. 555 do CJF/STJ, da VI Jornada
de Direito Civil (2013).
O importante é saber o teor do artigo, visto que as exceções à responsabilidade
subjetiva são estudadas nos mais diversos ramos do direito pátrio, como a
responsabilidade civil do Estado, que conhecemos bem – objetiva e fundamentada
no Risco administrativo, assim como a responsabilidade ambiental – que é
fundamentada no risco integral e não admite hipóteses de exclusão da ilicitude.
Assim, por exemplo, se eu tenho um navio carregado de petróleo, com todas as
licenças válidas e em dia, um raio atingir o navio, eu serei condenado a indenizar,
independente de qualquer alegação. Vejamos exemplos doutrinários e
jurisprudenciais sobre o tema, rapidamente para não perder o foco.
“A terceira consequência da adoção do sistema de
responsabilidade objetiva sob a modalidade do risco integral
diz com a inaplicabilidade do caso fortuito, da força maior e do
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fato de terceiro como exonerativas, e com a impossibilidade de
invocação da cláusula de não indenizar”. Edis Milaré
“Direito civil. Responsabilidade civil objetiva. Dano ambiental.
A responsabilidade por dano ambiental é objetiva e
pautada no risco integral, não se admitindo a aplicação de
excludentes de responsabilidade. Conforme a previsão do
art. 14, § 1.º, da Lei 6.938/1981, recepcionado pelo art. 225, §§
2.º e 3.º, da CF, a responsabilidade por dano ambiental,
fundamentada na teoria do risco integral, pressupõe a
existência de uma atividade que implique riscos para a saúde e
para o meio ambiente, impondo-se ao empreendedor a
obrigação de prevenir tais riscos (princípio da prevenção) e de
internalizá-los em seu processo produtivo (princípio do
poluidor-pagador). Pressupõe, ainda, o dano ou risco de dano
e o nexo de causalidade entre a atividade e o resultado, efetivo
ou potencial, não cabendo invocar a aplicação de excludentes
de responsabilidade. Precedente citado: REsp 1.114.398-PR,
DJe 16.02.2012 (REPETITIVO)”.
Dano: De acordo com Tartuce:
Para que haja pagamento de indenização, além da prova de culpa ou dolo na
conduta é necessário comprovar o dano patrimonial ou extrapatrimonial
suportado por alguém. Em regra, não há responsabilidade civil sem dano, cabendo
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o ônus de sua prova ao autor da demanda, aplicação do art. 373, I, do CPC/2015,
correspondente ao art. 333, I, do CPC/1973.
O STJ entende ser possível cumular os danos morais e materiais, bem como é
possível também cumular danos morais e estéticos (Súmulas 37 e 387 do STJ).
De acordo com Tartuce, são as diferença entre os lucros cessantes e danos
emergentes:
Danos emergentes ou danos positivos – o que efetivamente se
perdeu. Como exemplo típico, pode ser citado o estrago do
automóvel, no caso de um acidente de trânsito. Como outro
exemplo, a regra do art. 948, I, do CC, para os casos de
homicídio, devendo os familiares da vítima ser reembolsados
pelo pagamento das despesas com o tratamento do morto, seu
funeral e o luto da família.
– Lucros cessantes ou danos negativos – o que
razoavelmente se deixou de lucrar. No caso de acidente de
trânsito, poderá pleitear lucros cessantes o taxista, que deixou
de receber valores com tal evento, fazendo-se o cálculo dos
lucros cessantes de acordo com a tabela fornecida pelo
sindicato da classe e o tempo de impossibilidade de trabalho
(TJSP, Apelação Cível 1.001.485-0/2, São Paulo, 35.ª Câmara
de Direito Privado, Rel. Artur Marques, 28.08.2006, v.u., Voto
11.954). Como outro exemplo de lucros cessantes, cite-se, no
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caso de homicídio, a prestação dos alimentos indenizatórios,
ressarcitórios ou indenitários, devidos à família do falecido,
mencionada no art. 948, II, do CC.
Danos Morais: De acordo com tartuce:
Cumpre esclarecer que não há, no dano moral, uma finalidade de acréscimo
patrimonial para a vítima, mas sim de compensação pelos males suportados. Tal
dedução justifica a não incidência de imposto de renda sobre o valor recebido a
título de indenização por dano moral, o que foi consolidado pela Súmula 498 do
Superior Tribunal de Justiça, do ano de 2012.
As pessoas jurídicas também podem sofrer danos morais, conforme jurisprudência
do STJ, no entanto, o município e demais pessoas jurídicas de direito público,
não são, em regra, titulares de direitos fundamentais, não podendo, desta feita,
pleitearem indenização por dano moral.
De acordo com Tartuce:
Em verdade, o dano moral da pessoa jurídica atinge a sua
honra objetiva, que é a repercussão social da honra, sendo
certo que uma empresa tem uma reputação perante a
coletividade. Não se pode imaginar que o dano moral da
pessoa jurídica atinja a sua honra subjetiva, que é a
autoestima.
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Proc. Unicamp: “a pessoa jurídica não pode sofrer dano moral, tendo em vista não
ser titular dos direitos inerentes à personalidade, exclusivos das pessoas naturais”.
Falsa!
Advogado BRB: A pessoa jurídica pode postular reparação a título de dano moral,
se demonstrada ofensa à respectiva honra objetiva. R: Correto!
A quantificação dos danos morais por tabelamento é inconstitucional, pois deve
ser levado em consideração as circunstâncias do caso. Nesse sentido, é o
enunciado 550 do CJF:
A quantificação da reparação por danos extrapatrimoniais
não deve estar sujeita a tabelamento ou a valores fixos.
De acordo com Tartuce:
Note-se que o STJ já havia declarado por meio da Súmula 281
que o valor da indenização por dano moral não estaria sujeito à
tarifação prevista na Lei de Imprensa. Isso, antes mesmo da
declaração de inconstitucionalidade da malfadada norma pelo
Supremo Tribunal Federal (cf. Informativo n. 544, do STF, de
maio de 2009).
Procurador de São Borja: A indenização por danos morais está tarifada no texto do
Código Civil. R: FALSO! É inconstitucional a tarifação.
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Neste momento, importante lembrarmos da recente alteração promovida na CLT
que fixou os danos morais no ramo laboral de forma tabelada, salvo quando existir
morte. Vejamos:
§ 1º Ao julgar procedente o pedido, o juízo fixará a reparação a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação:
I - para ofensa de natureza leve - até três vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social
II - para ofensa de natureza média - até cinco vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social
III - para ofensa de natureza grave - até vinte vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; ou
V - para ofensa de natureza gravíssima - até cinquenta vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
§ 2o Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos parâmetros estabelecidos no § 1o deste artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor.
§ 3º Na reincidência de quaisquer das partes, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização.
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§ 4º Para fins do disposto no § 3º, a reincidência ocorrerá se ofensa idêntica ocorrer no prazo de até dois anos, contado do trânsito em julgado da decisão condenatória.
§ 5º Os parâmetros estabelecidos no § 1º não se aplicam aos danos extrapatrimoniais decorrentes de morte.
Segundo a atual orientação do STJ, a reparação pela lesão extrapatrimonial deve
seguir o método denominado bifásico. Por outras palavras, na primeira etapa,
deve-se estabelecer um valor básico para a indenização, considerando o interesse
jurídico lesado, com base em grupo de precedentes jurisprudenciais que apreciaram
casos semelhantes. Já numa segunda etapa, devem ser consideradas as
circunstâncias do caso, para fixação definitiva do valor da indenização, atendendo
a determinação legal de arbitramento equitativo pelo juiz".Resp 1152541/RS, Rel.
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 13/09/2011, DJe
21/09/2011.
De acordo com o STJ, o absolutamente incapaz pode ser indenizado por danos
morais. Vejamos:
“o absolutamente incapaz, ainda quando impassível de
detrimento anímico, pode sofrer dano moral. O dano moral
caracteriza-se por uma ofensa, e não por uma dor ou um
padecimento. Eventuais mudanças no estado de alma do
lesado decorrentes do dano moral, portanto, não constituem o
próprio dano, mas eventuais efeitos ou resultados do dano. Já
os bens jurídicos cuja afronta caracteriza o dano moral são os
denominados pela doutrina como direitos da personalidade,
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que são aqueles reconhecidos à pessoa humana tomada em si
mesma e em suas projeções na sociedade. A CF deu ao
homem lugar de destaque, realçou seus direitos e fez deles o
fio condutor de todos os ramos jurídicos. A dignidade humana
pode ser considerada, assim, um direito constitucional
subjetivo – essência de todos os direitos personalíssimos –, e
é o ataque a esse direito o que se convencionou chamar dano
moral” Info 559 – STJ.
Também de acordo com a Corte cidadã, a mera quebra contratual não é capaz de
gerar danos morais. Por outro lado, quando se tratar de empresa de plano de
saúde, a mera recusa em custear o tratamento é capaz de gerar danos morais ao
paciente.
A privação da liberdade por policial fora do exercício de
suas funções e com reconhecido excesso na conduta
caracteriza dano moral in re ipsa. (Informativo 612, STJ). O
tribunal entendeu que a liberdade é um dos corolários do
princípio da dignidade da pessoa humana e sua restrição
indevida deve ser reparada a títulos de danos morais.
As ofensas generalizadas proferidas por artista a policiais
militares que realizavam a segurança ostensiva durante
show musical implicam dano moral in re ipsa, indenizável a
cada um dos agentes públicos (informativo 609, STJ). O
tribunal entendeu que a ofensa proferida aos policiais que
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cumpriam o seu dever constitucional de segurança na
repressão de substâncias ilícitas foram capazes de gerar um
dano moral a cada um, tendo em vista que estavam em serviço
e a cantora (Rita Lee), tem uma capacidade grande de
influenciar a plateia presente.
A conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto
contra uma criança ou adolescente, configura elemento
caracterizador da espécie do dano moral in re ipsa
(informativo 598, STJ). O tribunal decidiu que as crianças são
titulares de direito da personalidade e devem ser respeitadas
(inclusive com base em fundamento constitucional), assim, nos
termos decidido: “a injustiça da conduta da agressão, verbal ou
física, de um adulto contra uma criança ou adolescente,
independe de prova e caracteriza atentado à dignidade dos
menores”.
Em ação indenizatória decorrente de ato ilícito, não há
litisconsórcio necessário entre o genitor responsável pela
reparação (art. 932, I, do CC) e o menor causador do dano.
É possível, no entanto, que o autor, por sua opção e
liberalidade, tendo em conta que os direitos ou obrigações
derivem do mesmo fundamento de fato ou de direito (art. 46, II,
CPC/73) intente ação contra ambos – pai e filho –,
formando-se um litisconsórcio facultativo e simples (informativo
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599, STJ). Obs: já foi cobrada na prova de juiz federal do
TRF5.
Outra hipótese de dano moral in re ipsa é o dano injusto à dignidade da
pessoa humana (Vunesp - 2020 - ValiPrev).
Dano estético: De acordo com Teresa Lopez:
“Na concepção clássica, que vem de Aristóteles, é a estética
uma ciência prática ou normativa que dá regras de fazer
humano sob o aspecto do belo. Portanto, é a ciência que tem
como objeto material a atividade humana (fazer) e como objeto
formal (aspecto sob o qual é encarado esse fazer) o belo. É
claro que quando falamos em dano estético estamos querendo
significar a lesão à beleza física, ou seja, à harmonia das
formas externas de alguém. Por outro lado, o conceito de belo
é relativo. Ao apreciar-se um prejuízo estético, deve-se ter em
mira a modificação sofrida pela pessoa em relação ao que ela
era”.
De acordo com Tartuce, o STJ leva em consideração aspectos objetivos para ver se
foi configurado dano estético ou não. Vejamos:
“alteração morfológica de formação corporal que agride a visão, causando
desagrado e repulsa”. Já no dano moral há um “sofrimento mental – dor da mente
psíquica, pertencente ao foro íntimo”. O dano estético seria visível, “porque
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concretizado na deformidade” (STJ, REsp 65.393/RJ, Rel. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, j. 30.10.2005; e REsp 84.752/RJ, Min. Ari Pargendler, j. 21.10.2000).
O festejado autor ainda faz uma comparação entre as novas modalidades de dano,
quais sejam, danos morais coletivos e danos sociais. Vejamos:
Danos morais coletivos Danos sociais ou difusos
Atingem vários direitos da personalidade. Direitos individuais homogêneos ou
coletivos em sentido estrito – vítimas determinadas ou determináveis.
Indenização é destinada para as próprias vítimas.
Causam um rebaixamento no nível de vida da coletividade (Junqueira).
Direitos difusos – vítimas indeterminadas. Toda a sociedade é
vítima da conduta. Indenização para um fundo de
proteção ou instituição de caridade.
Desta forma, a QUADRIX considerou correta a seguinte assertiva: “Aqueles
que advogam em favor da existência de danos sociais os distinguem dos
danos coletivos em razão de sua extrapatrimonialidade, consubstanciando a
ofensa à qualidade de vida e ao patrimônio moral da sociedade”.
Abuso de direito: De acordo com Rubens Limongi, o abuso de direito é: “um ato
jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, levado a efeito sem a devida
regularidade, acarreta um resultado que se considera ilícito”.
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No mesmo sentido, leciona Tartuce: “o abuso de direito é um ato lícito pelo
conteúdo, ilícito pelas consequências, tendo natureza jurídica mista – entre o ato
jurídico e o ato ilícito – situando-se no mundo dos fatos jurídicos em sentido amplo.
Em outras palavras, a ilicitude do abuso de direito está presente na forma de
execução do ato”.
A responsabilidade por abuso de direito vem prevista no artigo 187 do código civil.
Vejamos:
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico e social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes”.
Para configurar abuso de direito, basta que o ato exceda manifestamente os fins
econômicos, sociais, adotados pela boa-fé ou bons costumes. Conforme a lição de
TARTUCE: “conclui-se que a definição de abuso de direito está baseada em quatro
conceitos legais indeterminados, cláusulas gerais que devem ser preenchidas pelo
juiz caso a caso”.
A doutrina considera tal responsabilidade objetiva e que ocorre independentemente
de dano. Conforme os enunciados da CJF:
Enunciado 539: o abuso de direito é uma categoria jurídica
autônoma em relação à responsabilidade civil. Por isso, o
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exercício abusivo de posições jurídicas desafia controle
independentemente de dano.
Enunciado 37: “Art. 187. A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito
independe de culpa, e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico”.
Como exemplo de abuso de direito, podemos mencionar a greve abusiva, já que a
greve é um direito constitucional dos trabalhadores, mas deve ser exercitada em
conformidade com as leis trabalhistas, sob pena de se configurar um ato de abuso
de direito (licitude a priori e ilicitude ao ser exercitado).
Podemos ainda mencionar a publicidade abusiva, o abuso no direito de propriedade,
o abuso no direito processual civil, o “spam” eletrônico, etc. Todos são atos lícitos a
priopri, como a publicidade, mas que ao serem exercitados, excedem os fins sociais.
Vejamos questão sobre o tema: JUIZ TJPE: O abuso de direito acarreta:
indenização a favor daquele que sofrer prejuízo em razão dele. CORRETO! Como
vimos, o abuso de direito é hipótese de responsabilização do infrator, na modalidade
objetiva.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187 – abuso de
direito), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
PGM-TERESINA: Para o legislador civil, o abuso do direito é um ato: ilícito objetivo,
caracterizado pelo desvio de sua finalidade social ou econômica ou contrário à
boa-fé e aos bons costumes. CORRETO! Já mencionamos mais acima, é um ato
ilícito por exceder os fins a que se destina.
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TJAL – JUIZ: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito: independe de
comprovação de culpa. CORRETO! É OBJETIVA!!
Perda de uma chance: trata-se de responsabilidade que surge em virtude da perda
da possibilidade, quando a pessoa tem sua expectativa legítima frustrada, que
provavelmente conseguiria alcançar se acontecesse o que era previsto. A chance,
no entanto, deve ser SÉRIA E REAL.
Vejamos alguns exemplos de sua aplicação:
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PERDA
DE UMA CHANCE. DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO DE
COLETA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS DO
CORDÃO UMBILICAL DO RECÉM NASCIDO. NÃO
COMPARECIMENTO AO HOSPITAL. LEGITIMIDADE DA
CRIANÇA PREJUDICADA. DANO EXTRAPATRIMONIAL
CARACTERIZADO.
1. Demanda indenizatória movida contra empresa
especializada em coleta e armazenagem de células tronco
embrionárias, em face da falha na prestação de serviço
caracterizada pela ausência de prepostos no momento do
parto.
2. Legitimidade do recém nascido, pois "as crianças, mesmo
da mais tenra idade, fazem jus à proteção irrestrita dos direitos
da personalidade, entre os quais se inclui o direito à
integralidade mental, assegurada a indenização pelo dano
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moral decorrente de sua violação" (REsp. 1.037.759/RJ, Rel.
Min. Nancy Andrighi, TERCEIRA TURMA, julgado em
23/02/2010, DJe 05/03/2010).
3. A teoria da perda de uma chance aplica-se quando o
evento danoso acarreta para alguém a frustração da
chance de obter um proveito determinado ou de evitar uma
perda.
4. Não se exige a comprovação da existência do dano final,
bastando prova da certeza da chance perdida, pois esta é
o objeto de reparação.
5. Caracterização de dano extrapatrimonial para criança que
tem frustrada a chance de ter suas células embrionárias
colhidas e armazenadas para, se for preciso, no futuro, fazer
uso em tratamento de saúde.
6. Arbitramento de indenização pelo dano extrapatrimonial
sofrido pela criança prejudicda.
7. Doutrina e jurisprudência acerca do tema.
8. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
(REsp 1291247/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2014,
DJe 01/10/2014)
O exemplo que melhor explica essa teoria é comentado por tartuce. Vejamos:
Mas o acórdão mais comentado a respeito do tema é aquele pronunciado pelo STJ
em conhecido julgado envolvendo o programa Show do Milhão, do SBT. Uma
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participante do programa, originária do Estado da Bahia, chegou à última pergunta,
a “pergunta do milhão”, que, se respondida corretamente, geraria o prêmio de um
milhão de reais. A pergunta então formulada foi a seguinte: “A Constituição
reconhece direitos dos índios de quanto do território brasileiro? 1) 22%; 2) 2%; 3)
4% ou 4) 10%”.
A participante não soube responder à pergunta, levando R$ 500 mil para casa. Mas,
na verdade, a Constituição Federal não consagra tal reserva, tendo a participante
constatado que a pergunta formulada estava totalmente errada. Foi então a juízo
requerendo os outros R$ 500 mil, tendo obtido êxito em primeira e segunda
instância, ação que teve curso no Tribunal de Justiça da Bahia. O STJ confirmou em
parte as decisões anteriores, reduzindo o valor para R$ 125 mil, ou seja, os R$ 500
mil divididos pelas quatro assertivas, sendo essa a sua real chance de acerto
(STJ, REsp 788.459/BA, 4.ª Turma, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 08.11.2005,
DJ 13.03.2006, p. 334).
(MTP - 2020) Caracterizada a perda de uma chance, a compensação devida
à vítima deverá corresponder à integralidade do lucro perdido ou do
prejuízo sofrido. R: Falso! Seria a chance que teria. Vide julgado acima,
do programa show do milhão.
Outros aspectos da Responsabilidade civil:
A decisão criminal quanto a existência do fato e sua autoria vincula o juízo cível, nos
termos do artigo 935 do Código Civil: A responsabilidade civil é independente da
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criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre
quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo
criminal.
Responsabilidade por fato do animal: o dono responderá, salvo quando provar a
ocorrência de culpa exclusiva da vítima ou força maior – código civil. Neste sentido
também foi aprovado o seguinte enunciado:
A responsabilidade civil do dono ou detentor do animal é
objetiva, admitindo a excludente do fato exclusivo de terceiro”
(Enunciado n. 452).
De acordo com TARTUCE: “Como o Código Civil de 2002 traz somente duas
excludentes do dever de indenizar (culpa exclusiva da vítima e força maior), fica
evidenciado que o caso é de típica responsabilidade objetiva, independentemente
de culpa.
Deve ficar claro que este autor entende ser também excludente o caso fortuito
(evento totalmente imprevisível) que é mais do que a força maior (evento previsível,
mas inevitável), obstando ou rompendo com o nexo de causalidade. Ademais, se
considerarmos o caso fortuito como sinônimo de força maior, assim como faz parte
da doutrina e da jurisprudência – inclusive do STJ –, o primeiro, do mesmo modo, é
excludente de responsabilidade em casos tais”.
Dano Moral em Ricochete (Reflexo): via de regra, quem possui legitimidade para
pleitear a indenização pelos danos é a própria vítima, que suportou os danos. No
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entanto, em determinadas situações, tal legitimidade também pode ser estendida a
terceiros, que sofrem em decorrência do ato, o que se denomina dano moral reflexo
ou ricochete.
Neste sentido, a prova do MPMG, considerou CORRETA: A legitimidade para
pleitear a reparação por danos morais é, em regra, do próprio ofendido; no
entanto, em certas situações, são colegitimadas também aquelas pessoas
que, sendo muito próximas afetivamente à vítima, são atingidas
indiretamente pelo evento danoso, reconhecendo-se, em tais casos, o
chamado dano moral reflexo ou em ricochete.
Responsabilidade civil por defenestramento (jogar pela janela): De acordo com
as lições de tartuce: “Segue-se a corrente doutrinária que entende que não importa
que o objeto líquido (effusis) ou sólido (dejectis) tenha caído acidentalmente, pois
ninguém pode colocar em risco a segurança alheia, o que denota a
responsabilidade objetiva do ocupante diante de um risco criado”.
O artigo 938 do novo Código Civil prevê também implicitamente a
responsabilidade civil objetiva por “efusis et dejectis”, hipótese em que o
possuidor de prédio rústico ou urbano responde por objeto sólido ou líquido que do
mesmo cair, atingindo e prejudicando terceiro. Como a lei prevê a responsabilidade
do habitante da moradia, está excluída a responsabilidade do locador no caso de
arrendamento do mesmo. Em casos em que não se pode determinar de onde
caiu o objeto, a jurisprudência tem responsabilizado objetivamente o
condomínio (STJ-RT 767/194 e RSTJ 116/258). Esse tipo de responsabilidade é
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chamado por Silvio Venosa como teoria da pulverização dos danos. De acordo com
o autor:
“Assim, quando o dano é praticado por um membro não identificado de um grupo,
todos os seus integrantes devem ser chamados para a reparação”.
O Enunciado n. 557 “Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada
de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá
o condomínio, assegurado o direito de regresso”.
Enunciado n. 556 do CJF/STJ: “A responsabilidade civil do dono do prédio ou
construção por sua ruína, tratada pelo art. 937 do CC, é objetiva”.
Neste sentido (CESPE - PC/SE): “Em caso de condenação do condomínio, o
direito de regresso contra o morador do apartamento do qual caiu a garrafa, caso
ele seja posteriormente identificado, depende da comprovação de dolo ou culpa do
causador do dano”. Falso! Tendo em vista se tratar de responsabilidade objetiva.
Responsabilidade civil dos profissionais de saúde: A responsabilidade desses
profissionais, via de regra, é subjetiva, conforme Art. 951, CC. Vejamos: “O disposto
nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele
que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou
imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou
inabilitá-lo para o trabalho”.
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A responsabilidade do profissional da saúde será subjetiva (Informativo 438. REsp.
1.184.128-MS) e a da pessoa jurídica objetiva (Informativo 472. REsp. 986.648-PR).
Importante recordar que algumas obrigações médicas são de resultados, como
aquelas decorrentes da cirurgia plástica estética. Nestas condições, caso o fim
almejado não seja atingido, o profissional da saúde será responsabilizado
objetivamente.
Quando a pessoa jurídica, por exemplo, uma clínica, aluga o espaço para um
médico, não poderá ser responsabilizada.
Aspectos indenizatórios: De acordo com o Art. 949, CC:
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor
indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Assim, a indenização pelo ato deve levar em consideração os danos ocorridos até o
final da convalescença. Interpretando este artigo, temos o enunciado nº 192, CJF:
“Os danos oriundos das situações previstas nos arts. 949 e 950 do Código Civil de
2002 devem ser analisados em conjunto, para o efeito de atribuir indenização por
perdas e danos materiais, cumulada com o dano moral e estético”.
Vejamos agora a previsão do Art. 947: “Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a
prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente”.
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O dispositivo tem aplicação nos casos em que não é possível retornar ao status
quo, devendo ser reparado pecuniariamente em moeda nacional corrente.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além
das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença,
incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja
arbitrada e paga de uma só vez.
Em que pese a discussão doutrinária, o entendimento atual do STJ sobre o tema da
indenização de uma só vez é no sentido de que não é direito absoluto da vítima,
devendo o julgador verificar outros aspectos, como a situação econômica do
devedor. Vejamos o que diz no informativo 561, STJ:
Embora a questão não seja pacífica, tem prevalecido na
doutrina e na jurisprudência o entendimento de que a regra
prevista no parágrafo único não deve ser interpretada como
direito absoluto da parte, podendo o magistrado avaliar, em
cada caso concreto, sobre a conveniência de sua aplicação,
considerando a situação econômica do devedor, o prazo de
duração do pensionamento, a idade da vítima etc., para só
então definir pela possibilidade de que a pensão seja ou não
25
paga de uma só vez, antecipando-se as prestações vincendas
que só iriam ser creditadas no decorrer dos anos.
Danos existenciais – Tema da Segunda Fase da PGE/MS: é espécie de dano
extrapatrimonial que ocorre em virtude da jornada extenuante, normalmente é
solicitado no âmbito laboral. Vejamos a lição de Marco Aurélio Bezerra de Melo:
O dano existencial, espécie de dano extra patrimonial ou
imaterial, pode ser identificado como a perda da qualidade de
vida do indivíduo que a partir da lesão sofrida altera ou até
mesmo perde a possibilidade de manter as suas atividades
cotidianas. Por ele, perde o ofendido a possibilidade de gozar
os prazeres que a vida poderia proporcionar. Pode ser
subdividido em dano à vida de relação e dano ao projeto de
vida. Na primeira manifestação, o ofendido perde algo que já
estava incorporado ao seu patrimônio como o hobby de
fotógrafo subaquático que praticava há muito tempo ou o
convívio com os amigos de longa data na “pelada” de domingo.
Na segunda hipótese, o ofendido vê frustrado as expectativas
que tinha acerca de seu futuro como, por exemplo, ser pintor
de paredes, mecânico, odontólogo, dentre outras atividades
que se tornaram impossível para quem perdeu com o acidente
as duas mãos. Em ambos os casos, o sentido que o lesado
tinha de sua vida foi modificado pelo dano injusto perpetrado
por alguém, ou seja, trata-se de um dano que protrai seus
26
efeitos para o futuro, mas que pela análise feita, mostra-se
como certo.
A jurisprudência trabalhista nacional reconhece essa modalidade de dano, mas é
preciso que seja efetivamente provada a jornada excessiva e o dano ao seu projeto
de vida. Vejamos trecho de notícia publicada no site do tribunal:
Dano moral X dano existencial
O relator explicou que o dano existencial é diferente do dano
moral. "O primeiro é um conceito jurídico oriundo do Direito civil
italiano e relativamente recente, que pretende uma forma de
proteção à pessoa que transcende os limites classicamente
colocados para a noção de dano moral", observou. Os danos,
nesse caso, se refletem não apenas no âmbito moral e físico,
mas comprometem também suas relações com terceiros.
Na doutrina trabalhista, o conceito tem sido aplicado às
relações de trabalho no caso de violações de direitos e limites
inerentes ao contrato de trabalho que implicam, além de danos
materiais ou morais, danos ao seu projeto de vida ou à
chamada "vida de relações".
Vieira de Mello ressaltou, porém, que, embora uma mesma
situação possa gerar duas formas de lesão, seus pressupostos
e demonstração probatória são independentes. "No caso
concreto, embora exista prova da sobrejornada, não houve
27
demonstração ou indício de que isso tenha comprometido as
relações sociais do trabalhador ou seu projeto de vida, fato
constitutivo do seu direito", afirmou.
O ministro esclareceu que não se trata, "em absoluto", de
negar a possibilidade de que a jornada de 70 horas semanais
possa ter esse efeito. "Trata-se da impossibilidade de presumir
que esse dano efetivamente aconteceu no caso concreto, em
face da ausência de prova nesse sentido", argumentou. "O
que não se pode admitir é que, comprovada a prestação
em horas extraordinárias, extraia-se daí automaticamente
a consequência de que as relações sociais do trabalhador
foram rompidas ou que seu projeto de vida foi suprimido
do seu horizonte".
Questões:
Procurador ALERJ
Durante o curso de obra de reforma de edifício comercial privado, ocorrem
consideráveis modificações no prédio vizinho, pertencente à Assembleia Legislativa
Estadual, bem administrativamente protegido por seu valor histórico e cultural, com
a completa destruição de sua faixada original. O autor do ato responde civil,
administrativa e criminalmente pelo ato, ainda que sua prática tenha sido culposa,
caso em que haverá redução de pena. Correta!
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Há responsabilidade civil em virtude do ato ilícito praticado, assim como também há
responsabilidade administrativa, tendo em vista se tratar de bem tombado e ainda a
atitude é considerada como crime culposo, conforme previsto na lei de crimes
ambientais.
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Alerj: Adriano, 15 anos de idade, modelo de grande sucesso, com vários contratos
com grifes internacionais, fotografado em capas de revistas de moda nacionais e
internacionais, com evidente independência financeira, sai para passear na orla da
cidade do Rio de Janeiro com seu cachorro da raça pitbull. Acontece que o animal,
irritado com o barulho causado por um grupo de crianças que estavam em excursão
escolar, consegue se soltar da coleira e morde três meninos, causando-lhes sérias
lesões físicas e estéticas.
Considerando que os pais de Adriano são pessoas de origem humilde e não
dispõem de meios para arcar com a indenização, é correto afirmar que Adriano:
Apesar de menor absolutamente incapaz, responde civilmente pelos danos
causados, devendo ser arbitrado valor equitativo de indenização; Correto!
Aplicação da lei seca. Vejamos:
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Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. (PGE-SP) “O incapaz responderá pelos danos que causar, se as pessoas por ele
responsáveis não tiverem a obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes”. Correto!
TRT-SE: Gabriel, pessoa menor de 16 anos, lançou pedras no veículo de Rogério,
causando-lhe danos materiais. No momento do ato ilícito, Gabriel estava sob a
autoridade e companhia de seu pai, Arnaldo. Rogério ajuizou ação contra Arnaldo,
que: responde objetivamente pelo ato de Gabriel e não tem direito de regresso
contra o filho, que é pessoa absolutamente incapaz. CERTO!
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver
pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz.
(PGM POA): Sobre responsabilidade civil, é correto afirmar que: Tendo em vista o princípio da reparação integral, aplica-se, no Direito brasileiro, quando da fixação do montante indenizatório, a compensação dos danos com as eventuais vantagens obtidas pelo lesado (compensatio lucri cum damno). Correto! Tendo em vista a vedação ao enriquecimento sem causa. (CESPE – TCE-PR): Com relação à responsabilidade civil à luz do Código Civil,
assinale a opção correta. A escola terá direito de regresso contra o aluno, caso seja
obrigada a indenizar prejuízo por ele causado a terceiros. Certo! Conforme
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explicamos, o direito de regresso somente resta inviável se for contra descendente
absolutamente ou relativamente incapaz.
(VUNESP - 2020) Nos termos da atual jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça, os incapazes, quando praticarem atos que causem prejuízos,
terão responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa.
CORRETO!
DPU-CESPE: Se o indivíduo A publicar, com fins econômicos ou comerciais,
imagens do indivíduo B, sem autorização deste, será devida indenização
independentemente de comprovação de prejuízo, entendimento que não será
aplicável caso a publicação seja relativa a propaganda político-eleitoral. ERRADO!
Vejamos por parte: 1) Se o indivíduo A publicar, com fins econômicos ou comerciais,
imagens do indivíduo B, sem autorização deste, será devida indenização
independentemente de comprovação de prejuízo. CORRETA. Aplicação da súmula
403, do STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”.
2) entendimento que não será aplicável caso a publicação seja relativa a
propaganda político-eleitoral. ERRADA! Existe informativo recente sobre o tema.
Vejamos:
RESPONSABILIDADE CIVIL - Utilização indevida da imagem da pessoa em
propaganda político-eleitoral - Configura dano moral indenizável a divulgação
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não autorizada da imagem de alguém em material impresso de propaganda
político-eleitoral, independentemente da comprovação de prejuízo.
Caiu na PGE-SC: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação
não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. Correto!
DPU – CESPE: A aplicação da teoria da perda da chance pressupõe uma
possibilidade concreta, real e com alto grau de probabilidade de se garantir um
benefício ou sofrer um prejuízo, bem como que a ação ou omissão do agente tenha
nexo causal com a perda da oportunidade de exercer a chance. CORRETA! De
acordo com TARTUCE:
A perda de uma chance está caracterizada quando a pessoa vê frustrada uma
expectativa, uma oportunidade futura, que, dentro da lógica do razoável, ocorreria
se as coisas seguissem o seu curso normal.
O STJ reconhece a teoria, vejamos o informativo 513, que embasou a questão:
A perda da chance, em verdade, consubstancia uma
modalidade autônoma de indenização, passível de ser
invocada nas hipóteses em que não se puder apurar a
responsabilidade direta do agente pelo dano final.
Nessas situações, o agente não responde pelo resultado para
o qual sua conduta pode ter contribuído, mas apenas pela
chance de que ele privou a paciente. A chance em si – desde
que seja concreta, real, com alto grau de probabilidade de
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obter um benefício ou de evitar um prejuízo – é considerada
um bem autônomo e perfeitamente reparável.
De tal modo, é direto o nexo causal entre a conduta (o erro
médico) e o dano (lesão gerada pela perda de bem jurídico
autônomo: a chance). Inexistindo, portanto, afronta à regra
inserida no art. 403 do CC, mostra-se aplicável a teoria da
perda de uma chance aos casos em que o erro médico tenha
reduzido chances concretas e reais que poderiam ter sido
postas à disposição da paciente.
DPU – CESPE: A recusa injustificada da operadora de plano de saúde em autorizar
cobertura financeira de tratamento médico a que esteja contratualmente obrigada
enseja indenização a título de danos morais. CORRETO! Esse entendimento é
pacífico no STJ, vejamos: “A jurisprudência do STJ é no sentido de que a recusa
indevida/injustificada pela operadora de plano de saúde, em autorizar a
cobertura financeira de tratamento médico, a que esteja legal ou
contratualmente obrigada, enseja reparação a título de dano moral, por
agravar a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do beneficiário
(AgInt no REsp 1.613.394/PR).
PGE-SC: “A simples devolução indevida de cheque não caracteriza dano moral”.
Falso! O STJ entende que a simples devolução indevida caracteriza dano moral, em
conformidade com a súmula 388.
(CESPE) “Situação hipotética: Um indivíduo embriagado transportava em seu carro
um passageiro, por simples cortesia, quando, por descuido, colidiu de frente com
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uma árvore às margens da pista. Assertiva: A embriaguez do motorista não atrai a
responsabilidade pela reparação de eventuais danos materiais causados ao
passageiro, posto que o transporte por simples cortesia é ato gratuito”. Falso! De
acordo com o STJ (Súmula 145), no transporte de cortesia existe responsabilidade
quando estivermos diante de dolo ou culpa grave.
No caso em tela, é inegável que o estado de embriaguez pode ser caracterizado
como tanto.
Súmulas e enunciados doutrinários aplicáveis ao tema responsabilidade civil:
145, STJ: No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só
será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer
em dolo ou culpa grave;
Súmula 54: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de
responsabilidade extracontratual.
Súmula 43, STJ: Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da
data do efetivo prejuízo.
Súmula 362, STJ: A correção monetária do valor da indenização do dano moral
incide desde a data do arbitramento.
SÚMULA N. 479: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos
gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no
âmbito de operações bancárias.
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Enunciado 37 da Jornada de Direito Civil: A responsabilidade civil decorrente do
abuso do direito independe de culpa (é objetiva) e fundamenta-se somente no
critério objetivo-finalístico.
452 – CJF: Art. 936: A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é
objetiva, admitindo-se a excludente do fato exclusivo de terceiro.
Súmula 465/STJ: Ressalvada a hipótese de efetivo agravamento do risco, a
seguradora não se exime do dever de indenizar em razão da transferência do
veículo sem a sua prévia comunicação. Caiu na PGM-MANAUS.
Por fim, depois de detalhar os principais pontos do tema, é um tema muito
importante, bastante cobrado em provas de concursos, fácil e que tem grande
incidência no dia-a-dia de todos nós. Sugestão: Ler o Código civil + esse material,
para que ocorra uma absorção completa do conteúdo. Lei seca + doutrina!
Bons estudos! Forte abraço!
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