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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 8, Edição número 28, outubro 2018 / março 2019 - p
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RELATO DE EXPERIÊNCIA NA JORNADA DE PEDAGOGIA UNIGRAN: O
USO DE ORIGAMI NA EDUCAÇÃO AS METODOLOGIAS ATIVAS
Luciana Amâncio Chaves*
Linda Missako Hayakawa Simada Komori**
Clóvis Irala***
RESUMO: Este artigo relata a experiência vivenciada na oficina de origami ministrada durante a
jornada de pedagogia UNIGRAN. Este trabalho tem por objetivo discutir e apresentar os resultados
obtidos nesta oficina com base nos propósitos iniciais, e ainda demonstrar as possibilidades da utilização
do origami como recurso lúdico pedagógico no enriquecimento da prática pedagógica, possibilitando o
ensino a aprendizagem, contribuindo assim com o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes.
O trabalho recorreu aos seguintes teóricos: Imenes (2003), Gênova (2008 - 2009), Rêgo (2003), Zanolini
(2010), Rosseti Ferreira (2000) e Hirose (2017). Para a metodologia, utilizou-se a abordagem qualitativa
na análise dos dados observados durante a oficina e nas informações coletadas através de questionário
aplicado aos participantes. Com base no questionário, a experiência permitiu analisar e compreender que
o origami é um recurso que enriquece as práticas pedagógicas, favorecendo a concentração e a
coordenação motora das crianças, possibilitando criar uma infinidade de formas que auxiliam nos
conhecimentos de geometria básica.
ABSTRACT: This article aims to discuss and show the results acquired in this workshop and
demonstrate the possibilities with the use of origami as a ludic activity in the enrichment of teaching
practice making the education possible in learning, so contributing to the development of children and
teenagers. The work appealed for this theorists: Imenes (2003), Gênova (2008-2009), Rêgo (2003),
Zanolini (2010), Rosseti Ferreira (2000) e Hirose (2017).For methodology was used qualitative
approaches collected through questionnaire applied to the participants. Based on the questionnaire, the
experience allowed to analyze and realize that origami is a resource that enriches pedagogical practices
supporting the concentration and motor coordination of children generation great possibilities to create a
number of components which help in basic geometry.
PALAVRAS-CHAVE: Origami, Unigran; Pedagogia;
KEYWORDS: Origami, UNIGRAN, Pedagogy
INTRODUÇÃO
A educação encontra-se em transformações e revisões, o que possibilita refletir sobre
novas formas de metodologias e escolas. Nessa perspectiva, o professor precisa pensar
sobre suas práticas pedagógicas de maneira à ressignificá-las. É pertinente discutir que
no mundo globalizado, num contexto de profunda mudança ideológica, social e cultural,
torna-se necessária a responsabilização dos educadores na compreensão do presente e na
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preparação do futuro, buscando meios de redefinir o seu papel, desenvolvendo
competências. Segundo Charlot:
O ensino é transmissão de um saber, mas se essa transmissão pode tomar uma
via direta, a via magistral, ela pode também se operar pela via indireta, aquela
da construção do saber pelo aluno. As pedagogias novas insistem sobre o papel
ativo do aluno como condição de acesso ao saber, o papel do professor como
sendo menos o de comunicar seu saber que o de acompanhar a atividade do
aluno, de lhe propor uma situação potencialmente rica, de lhe ajudar a
ultrapassar os obstáculos e de criar outros novos para que ele progrida. O
modelo subjacente é aqui, enfim, aquele da aprendizagem, mais no sentido que
este termo toma no mundo do artesão do que aquele da comunicação de uma
mensagem. Em outros termos, há uma prática do saber e o ensino deve formar
para essa prática, e não apenas se contentar em expor conteúdos. (2005, p .91).
Partindo da premissa da responsabilidade do educador em proporcionar experiências,
oferecer materiais oportunizando a descoberta e exploração de movimentos que impõe o
aperfeiçoamento das capacidades motoras dos aprendizes ou que lhes conduza novos
desafios, entrecruzando situações de pensamento com a realidade, este artigo visa
apresentar as diferentes possibilidades educativas do origami como recurso didático e
interdisciplinar no processo de ensino aprendizagem a partir da oficina aplicada, na qual
abordamos quais são as possibilidades e benefícios do ensino com origami para a
educação infantil, ensino fundamental e educação inclusiva.
Do ponto de vista de Zanolini:
Origami deve ser um recurso aplicado ao currículo escolar, pois auxilia no
desenvolvimento, além de servir como entretenimento, estimulando a
imaginação e contribuindo para desenvolver a destreza manual e a criatividade.
(2010, p. 16).
As contribuições do origami para a educação são inúmeras, já que este permite às crianças
na educação infantil uma melhor compreensão dimensional do objeto ao seu redor, bem
como pode contribuir no progresso potencial pleno de cada indivíduo, ressaltando a
maneira de observar e se expressar, a concentração, persistência, atenção, meticulosidade,
autoconfiança, a coordenação motora fina e acima de tudo a criatividade. Sendo assim, o
origami pode se tornar uma importante ferramenta no trabalho docente, criando condições
para a descoberta de novos sentimentos, valores, ideias, costumes e papéis sociais.
1. A OFICINA
A oficina intercalou momentos expositivos, explicativos, reflexivos e práticos, sendo os
conceitos e abordagens apresentados em etapas. O foco foi abordar os seguintes temas:
aspectos históricos do origami; apropriação de técnicas relativas ao origami;
contextualização da dobradura nos variados conteúdos curriculares; apresentação dos
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teóricos que fundamentam a utilização do origami (importância na educação infantil,
ensino fundamental e na perspectiva da educação inclusiva) e confecção de dobraduras.
Iniciou-se a oficina com apresentação através de projeção de slides do contexto histórico
do origami. Acredita-se que sua origem seja chinesa, assim como a origem do papel,
porém difundiu-se tanto no Japão que é considerado patrimônio da cultura japonesa. Tem
interligação com religiosidade, simbolismo e caráter educativo. Origami é uma palavra
japonesa composta do verbo dobrar (折り= ori) e do substantivo papel (紙 = kami).
Significa, literalmente, "dobrar papel".
Para contextualizar a prática da dobradura com práticas educativas, expõe-se as
viabilidades do uso e aspectos relevantes das contribuições para a educação infantil. O
origami propicia às crianças benefícios, tais como: ajuda a desenvolver a coordenação
mãos-olhos e a motricidade fina, estimula a concentração, ativa a memória, desenvolve a
paciência, ajuda na satisfação emocional e incentiva a imaginação. Além de ser uma
atividade relaxante, promove o aprendizado e é muito útil para o tratamento de
certos transtornos como o TDAH, hiperatividade ou dislexia.
A sistematização do trabalho pedagógico na educação infantil deve ser orientada pelo
princípio básico de tentar propiciar à criança o desenvolvimento integral e autonomia.
Para que isso ocorra, o modelo pedagógico deve oportunizar situações em que as crianças
possam vivenciar as mais diversas experiências, fazer escolhas, tomar decisões, socializar
conquistas e descobertas. Nesse sentido, cabe ao educador pesquisar e conhecer o
desenvolvimento infantil, com intuito de organizar atividades na qual a criança possa
experimentar situações mais diversas (LIMA, 2016, p. 14).
Para Rosseti Ferreira ao trabalhar com crianças na educação infantil:
Nosso papel fundamental passa a ser, a partir disso, o de um parceiro de
interação, num trabalho cujo principal objetivo é o próprio processo de fazer,
de brincar, de pintar, de rabiscar, de sugerir... E cujo principal produto é
também o próprio processo de criar, de fazer junto, de abrir um espaço gostoso
de convivência e parceria. Porque é neste interagir, nesta emoção
compartilhada, que acontece o desenvolvimento tanto da criança quanto do
educador. (2000, p. 107).
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, as práticas
pedagógicas devem garantir experiências que:
Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio de ampliação de
experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação
ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da
criança;
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Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo
domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal,
plástica, dramática e musical;
Possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais,
que alarguem padrões de referência e de identidades no diálogo e
conhecimento da diversidade. (2010, p. 25-26).
A utilização do origami como um recurso lúdico pedagógico pode contribuir para a
criança desencadear situações de aprendizagem, relacionando a manipulação do papel
com as formas geométricas, tendo em vista que toda dobradura se origina de uma folha
quadrada. Desse modo, o origami não só favorece no processo criativo, mas servirá de
recurso para diversas linguagens, tanto de linguagem visual através da forma, como
linguagem corporal, por meio da sequência de movimentos das mãos.
Marques apud Tommasi e Minuzzo afirma que:
O contato com o origami desde a pré-escola propicia a aquisição e
interiorização de conceitos como fração, dimensão, proporção e forma. Ao
observar como se faz, e fazer a dobradura, a criança começa a perceber as
coisas, a natureza e os objetos à sua volta. Ao mesmo tempo desenvolve a
autodisciplina, concentração, memória, raciocínio lógico, psicomotricidade
fina, imaginação e a criatividade. (2010, p. 41-42).
No âmbito do ensino fundamental, o olhar sensível para as produções dos alunos permitirá
conhecer seus interesses e os conhecimentos que estão sendo apropriados por eles. Assim
será possível desenvolver um trabalho pedagógico no qual o aluno estará em foco. Nesse
sentido, cabe ao professor planejar, propor e coordenar atividades significativas e
desafiadoras, aptas a arrojar o desenvolvimento dos alunos.
Ao propor atividades que beneficiem intervenções dos alunos sobre o mundo natural e
social, devem existir possibilidades de agir, pois sem ação não haverá elementos para
construção de conceitos espontâneos, e assim não chegarão à tomada de conceitos
científicos. Por esta razão, os planejamentos das atividades, sejam elas de português,
ciências, geografia, história ou matemática, necessitam inicialmente de ação, a própria
movimentação do aluno e manipulação de objetos e materiais, sendo, portanto, essencial
a existência de mediações entre o adulto e aluno por meio de práticas pedagógicas
intencionais, significativas e dinâmicas.
O origami no ensino fundamental pode viabilizar o ensino aprendizagem de conteúdos
curriculares das diversas áreas. Desperta o gosto pela geometria e matemática, pode ser
usado como forma de ilustrar histórias, fábulas, textos, murais, folclores, entre outros.
Segundo Hirose:
Um exemplo de tópico de ensino de nosso cotidiano. O simples conceito de
“metade” pode ser intransponivelmente abstrato para crianças iniciantes. E aí
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você pode insistir em traçar um segmento de reta que evidencie a divisão ao
“meio” de um quadrado. E fazer vários exercícios no caderno para que
entendam o significado da “metade” de várias figuras geométricas. Entretanto
esse conceito pode se transformar em um exercício mais concreto e facilmente
compreensível, como quando a criança insiste em juntar “ponta com ponta”
para “não deixar uma parte maior que a outra” em uma folha de Origami. Neste
caso, surpreendentemente, a própria estética da folha de papel convida a
criança a buscar a melhor forma de “dobradura” de um quadrado para chegar
à sua metade. A satisfação da criança em encontrar a metade perfeita no
quadrado do Origami é encantadora, pois ela precisa de concentração,
desenvoltura e delicadeza para lidar com aquela folha colorida que obedece
fielmente a seu manuseio. Nenhum professor precisa dizer como seria ter duas
partes completamente iguais. Pelo estímulo da beleza simétrica, as crianças
intuitivamente vão em busca da medida exata que a “metade” de duas partes
iguais possuem e encontram o jeito de dobrar a folha para alcançar essa
igualdade nas formas. Um desejo espontâneo – na forma de tentativa e erro –
que o Origami propicia aos aprendizes de todas as idades. (2017, p. 2).
É possível compreender a importância do origami em atividades nos espaços escolares,
pois entre tantas finalidades, pode levar aos alunos uma nova possibilidade de trabalho
manual e artístico, além de possibilitar a ampliação do repertório imagético para cegos
que, de outro modo, dificilmente conseguiriam construir mentalmente uma imagem
tridimensional de animais, insetos ou personagens ficcionais.
Após a apresentação das possibilidades do uso do origami na educação, foi apresentado
às participantes da oficina o origami na perspectiva da cultura japonesa, enfocando o
simbolismo das dobraduras, destacando o significado do Tsuru. A fim de aproximar as
participantes da cultura japonesa, foi exposta a lenda dos mil Tsurus, pois no ano de 2018
a imigração japonesa no Brasil completa 110 anos. Hirose explica a lenda da seguinte
maneira:
Por que mil? Ninguém tem uma explicação certa. Uns dizem que é por causa
do provérbio japonês que diz “Tsuru mil anos; tartaruga, dez mil”, símbolos
da longevidade. Outros dizem que é porque o número 1000 simboliza “muita
quantidade”, ou seja, há uma crença popular de que ao dobrar 1000 grous de
papel o doente tem uma recuperação completa e o desejo de longevidade se
torna realidade. Por essa razão, muitas vezes, são presenteados aos pacientes
internados nos hospitais.
Conheci a seguinte história aos meus 10 anos, em Hiroshima, e me fez
compreender o poder do Origami. Vejamos como a história de uma menina é
apresentada no Museu de Hiroshima:
Expostos à bomba atómica lançada sobre Hiroshima aos seus três anos, Sadako
Sasaki apresentou a doença por radiação somente depois de 10 anos, quando
ela estava no 6º ano de escola. Durante os meses de internação, ela soube do
poder dos mil tsurus e pôs-se a dobrar seus pássaros. Os familiares e amigos
viam o empenho de Sadako nessa tarefa e, uma vez concluída, vendo que não
obtivera a cura, a menina reemprendeu o trabalho, dedicando o segundo milhar
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para os sacrifícios dos pais para pagar pelo seu tratamento. Até que a morte
interrompeu essa sua determinação. Na cerimônia de despedida, o pai entregou
a cada um dos colegas, professores e amigos um dos Origamis de Sadako.
Após a morte de Sadako, seus colegas de classe assumiram como legado o
desejo da sua amiga criando um monumento em homenagem a todas as
crianças que morreram no bombardeio atômico. Nesse ano, 1955, ocorreu em
Hiroshima uma reunião de dirigentes de escola (Fundamental II) de todo o
Japão e os colegas de Sadako convenceram esses educadores a criar uma
estátua de bronze de nove metros de altura, inaugurada, três anos depois de sua
morte. É uma figura de uma menina segurando um tsuru de origami. No
monumento, uma placa, em poucas palavras, resume o sentimento de todos:
"Este é o nosso clamor. Esta é a nossa oração. Para construir a paz neste
mundo.” (2017, p. 12-13).
Segundo Hirose a explicação do tsuru é baseada na ave japonesa, Grou:
O Tsuru que aparece no origami se inspirou nessa ave chamado grou japonês.
Ela é um patrimônio natural protegido pelo país e é visto como a representação
do próprio Japão. É um pássaro do leste asiático, um dos mais raros que pesa
de 8 a 12 kg e mede, aproximadamente, 120 cm a 150 cm e quando abre as
asas pode medir até 240 cm. Ele apresenta uma coloração branca no corpo e
nas asas, e preta no pescoço e na ponta das asas. É reconhecido pelo capuz
vermelho na cabeça que na verdade é a própria cor da pele que aparece e não
a cor da pena, tal como a crista do galo. O grou japonês é considerado sagrado
pela sua figura formosa e alva, de nobre aparência. É um pássaro símbolo
reconhecido entre todos os japoneses. Chamado pela cultura Ainu 10 de
“Shitsugen no kami” (deus do pantanal). Dizem que quem vai na imensidão da
natureza onde eles ficam no inverno e presencia ao vivo o vôo e o pouso do
grou erguendo sua enorme asa nos campos esbranquiçados de neve,
experimenta um arrebatamento de admiração. O espectador sente-se estar
diante de algo sagrado, como o gracioso revoar dos anjos. Por esse imaginário
místico que a sua figura traz, desde antigamente considera-se o tsuru um
pássaro que traz um prenúncio de boa sorte. (2017, p. 9).
Após a apresentação dos conceitos e abordagens do origami, propôs-se às participantes a
prática da dobradura e cada participante recebeu um kit com papéis, miçangas e linha para
construção de um móbile de tsuru. Com a mediação da oficineira, cada participante fez o
passo a passo, as dobras no papel até transformá-lo no tsuru, conforme as figuras 1, 2, 3
e 4. Nesse sentido, as imagens aqui, nos possibilita demosntrar/ilustrar o processo das
etapas da oficina.
Figura 1 – Participante praticando a dobradura
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Fonte: Elaborada pela autora.
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Figura 2 – Participante praticando a dobradura
Fonte: Elaborada pela autora.
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Figura 3 – Participante praticando a dobradura
Fonte: Elaborada pela autora.
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Figura 4 – Participante praticando a dobradura
Fonte: Elaborada pela autora.
2. ANÁLISE DA OFICINA
A oficina de origami foi bem quista pelas participantes, pois é uma excelente prática que
pode desenvolver significativamente o ensino e aprendizado. O origami é uma
interessante atividade de adestramento motor, para todas as idades, não requer aptidões
especiais, e sem maiores esforços, proporciona um entretenimento criativo e instrutivo,
já que é possível criar uma infinidade de formas. Na área pedagógica, constrói saberes,
desenvolve a disciplina e harmonia, incentiva a criatividade, concentração e coordenação
motora. "O origami, como material pedagógico, faz com que as crianças aprendam o
sentido da precisão e tenham uma percepção melhor de como transformar uma folha
bidimensional em tridimensional.” (MUNARI, 1987, p.49).
Para avaliação da oficina pelas participantes foi aplicado um questionário no término das
atividades propostas. A primeira questão levantada foi: após a participação nesta oficina,
você considera ser possível utilizar as técnicas do origami como recurso lúdico
pedagógico para enriquecer as práticas docentes possibilitando o ensino aprendizagem,
na perspectiva do desenvolvimento integral? Justifique.
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A esse questionamento a participante A, respondeu: "Sim, pois o origami pode ser
utilizado para trabalhar formas geométricas, memória, habilidades manuais e
concentração, além de ser lúdico atraindo mais a atenção das crianças". A participante B:
"Sim, além de um recurso lúdico o qual chama a atenção das crianças, também desenvolve
muitas áreas como atenção e coordenação, fundamentais no desenvolvimento infantil". A
participante C: "Sim, a prática do origami seria um recurso que chamaria muito atenção
e iria contribuir muito no desenvolvimento motor e na coordenação, propondo a
integração da criança, e também pode contribuir para integrar a paz e os sentimentos
bons". A participante D: "Sim. O origami é uma técnica bem avançada na qual sua prática
estimulará a imaginação da criança, onde ela se vê capaz de ir muito além daquela
dobradura". A participante E: "Sim, pois através desta prática podemos trabalhar a
concentração, habilidade e memória da criança e ainda acaba se inserindo em outras
culturas, no caso a oriental". A participante F: "Com certeza é uma técnica possível, pois
é uma possibilidade de estimular o desenvolvimento motor do estudante assim como
despertar o gosto pela arte". A participante G: "Sim, trabalhar com origami com as
crianças, para o desenvolvimento e aprendizagem integral, pois envolve muita
concentração e participação das mesmas".
A arte do origami é uma das poucas técnicas trabalhadas com alunos que
permite praticar a ligação entre a mente, mãos e olhos, ou seja, a capacidade
de criar objetos guiados pelo cérebro sob a intervenção da visão. Entre os
benefícios visados pelo uso do origami pode destacar: exercício psicomotor
dos estudantes, coordenação, desenvolve a sua criatividade e originalidade, e
fornecer aos professores uma ferramenta de apoio ao expor vários temas e
assuntos (MENEZES, 2018, p. 4).
Outro questionamento feito às participantes foi: Essa oficina contribuiu de forma
significativa, acrescentou conhecimentos que poderão ser utilizados por você?
A participante A respondeu: "Sim, além de enriquecer nossa cultura a respeito da história
dos japoneses, aprendi a técnica da dobradura". A participante B: "Sim com certeza, visto
que o mesmo é tido como "difícil" "complicado" a oficina contribuiu para desmistificar
esse preconceito facilitando a compreensão de como fazer, que certamente pode ser
utilizados posteriormente. A participante C: "Sim, poderão ser usados por mim como
terapia calmante, pois percebi que é uma prática de fácil desenvolvimento e confecção.
A participante D: "Sim e muito, pois com a prática é possível dar aula de dobradura para
as crianças". A participante E: "Sim, contribuiu no enriquecimento das metodologias que
poderei usar quando me formar". A participante F: "Uma aquisição de conhecimento
riquíssima, com certeza agregou muito a minha prática docente". A participante G: "Sim,
aprender essa prática e um pouco dessa cultura foi muito gratificante e significativa para
desenvolver futuramente como professora".
O origami, além da grande satisfação que você tem quando você terminar de
dobrar qualquer forma, oferece a possibilidade de desenvolver talento,
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criatividade, habilidade, paciência, sabedoria e inúmeros ensinamentos para
praticar esta arte. (GARCIA-GUTIERREZ, 1991, p. 10).
O último questionamento feito às participantes: Aponte aspectos positivos e negativos
desta oficina de origami, e se possível faça suas sugestões.
A participante A: "Positivos: disseminação de técnicas e atividades diferenciadas.
Negativos: pouco tempo de oficina". A participante B: "Aspecto muito positivo é a
contribuição para a prática pedagógica mais lúdica. Aspecto negativo, não foi acessível
para um número maior de pessoas, poderia ser realizado na formação acadêmica, seria
interessante. A participante C: "A prática de desenvolvimento foi muito boa e simples,
foi fácil acompanha o desenvolvimento". A participante D: "A dobradura incentiva a
prática da paciência e da concentração". A participante E: "Teoria e prática, dois aspectos
muito importantes e significativos para o desenvolvimento dessa oficina, foi muito bom
participar e aprender fazer o Tsuru ótima oficina". A participante F: "Não existiram
aspectos negativos. Senti desejo, de me desafiar a aprender coisas novas, desenvolver
novas técnicas, aprender para poder ensinar melhor". A participante G: "Os positivos é
que trabalha memória e a concentração, aspecto negativo é que é um tanto complexo e
para assimilar você precisa praticar".
[...] um recurso pedagógico facilita a compreensão e assimilação do
conhecimento pelos alunos, sendo uma ferramenta eficaz no trabalho
educativo dos docentes. A arte do origami é um recurso dinâmico que está
distante das aulas expositivas tradicionais, propiciando aos alunos habilidades
artísticas que permitem adquirir um conhecimento mais prático, motivador e
interessante. (MENEZES, 2018, p. 7).
Assim, é essencial que sejam selecionados recursos que auxiliem o aluno a pensar a
compreender e apropriar-se dos conhecimentos, esses recursos devem servir de apoio ao
professor na mediação do conhecimento, visando o sucesso dos processos de ensinar e
aprender na vida escolar dos alunos. Nesse sentido, o desenvolvimento do ser humano
está intimamente ligado aos processos de aprendizagem, permitindo experiências
transformadoras, pois ao aprenderem, as pessoas se modificam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas pedagógicas precisam ser eficazes para favorecer a construção de
conhecimento nos educandos. É relevante transpor as velhas didáticas de ensino, na qual
o professor era tido como detentor do saber e recorrer a ferramentas lúdicas pedagógicas
que sejam capazes de tornar o processo de ensino aprendizagem prazeroso e significativo.
Segundo Cantero:
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Surge então de forma instigante, a necessidade de buscar cada vez mais o
aperfeiçoamento contínuo, adotando uma prática mais reflexiva, adquirindo,
deste modo, uma identidade de habitus, o que possibilita uma conscientização
sobre a responsabilidade de ser professor e do papel que este deve assumir na
produção do fracasso ou do sucesso dos alunos. (2007, p. 293).
Nesse sentido, ao utilizar o origami como prática lúdica pedagógica haverá contribuição
para que o aluno perceba de forma concreta o conteúdo trabalhado. Ao propor uma oficina
de origami possibilitou-se a percepção das inúmeras possibilidades que se pode recorrer
a fim de tornar o trabalho docente expressivo.
Através da oficina, as participantes constataram que o origami é um recurso que agrega à
educação conhecimentos, podendo ser usado desde a educação infantil ao ensino médio.
É também um recurso para a inclusão escolar, já que a partir das dobraduras, pessoas com
baixa visão ou cegueira poderão ter contato com dimensões que jamais teriam.
Nas considerações de Paulo Freire:
Você, eu, um sem número de educadores, sabemos todos, que a educação não
é a chave das transformações do mundo, mas sabemos também que as
mudanças do mundo são um que fazer educativo em si mesmas. Sabemos que
a educação não pode tudo, mas pode alguma coisa. Sua força reside exatamente
na sua fraqueza. Cabe a nós pôr sua força a serviço dos nossos sonhos. (1991,
p. 126).
Cabe aqui ressaltar que o ensinar, é construir uma prática que também é permeada pelos
sonhos, desse modo, a prática pedagógica precisa discutida numa perspectiva crítica, isto
porque, para o autor ensinar e educar não é adestrar, mas sim, construir conhecimentos,
caminhos na perspectiva da promoção intelectual, cultural, e social do ser.
REFERÊNCIAS
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Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.
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1991.
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GARCIA-GUTIERREZ, J. G. Como Hacer Figuras de Papel. Madrid, Espana: AKAL,
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LEHENBAUER, Silvana et al. (Org.). O ensino fundamental no século XXI: questões
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LIMA, Terezinha Bazé de; BRITO, Angela Maria. Metoologia para a Educação
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pedagógica. Dourados: UNIGRAN, 2006.
MUNARI, B. Fantasia, invenção, criatividade e imaginação. Lisboa, Editorial
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ROSSETI FERREIRA, Maria Clotilde et al. (Org.). Os fazeres na educação infantil. 2°.
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ZANOLINI, Elizandra de O; VANO, Marli da S. Origami como recurso pedagógico:
experiência didática com crianças do ensino fundamental. 2010. Disponível em:
http://www.fai.com.br/portal/ojs/index.php/omniahumanas/article/view/229 Acesso em:
20 JUL 2018.
* Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), graduanda do curso de
Licenciatura em Pedagogia presencial. ** Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), graduanda do curso de
Licenciatura em Pedagogia presencial.
***Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), professor do curso de
Licenciatura em Pedagogia presencial, Mestre em educação.
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