recordações do escrivão isaías caminha - 3ª a - 2011

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E.E. Profª Irene Dias Ribeiro

Recordações do Escrivão Isaías Caminha

Lima BarretoMateus Marchiori Pereira Luiz Gustavo Mendonça Ferreira Wesley Jofre PereiraEliezer da Silva Cavalcante

3ª Série A - 2011

Biografia de Lima BarretoBiografia de Lima Barreto

Afonso Henriques de Lima Barreto (RJ, 13 de maio de 1881 - SP, 1 de novembro de 1922), melhor conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista e um dos mais importantes escritores libertários brasileiros.

Ele é um escritor pré-modernista.

É um escritor de transição fiel ao modelo

do romance realista e naturalista do final do século XIX,

Realista e

Naturalista

Tradições CulturaVisão

neo-romântica

Lima Barreto viveu na época em que o Rio de Janeiro conheceu suas primeiras greves e os primeiros distúrbios sociais de massa.Suas atividades de jornalista

ajudaram-no a registrar, com certa precisão, os fatos que estavam ocorrendo.

Com o aparecimento de indústrias e o crescimento do número de operários, organizam-se os primeiros sindicatos no Brasil. Era um movimento que reivindicava melhores salários, jornada de 8 horas diárias, segurança no emprego e outros direitos sociais. Nos anos 10 e 20 do século XX, a ação sindical dos trabalhadores, as suas manifestações já alcançavam um grande vigor em toda a região industrializada do País.

“É Preciso observar que Lima e seu companheiros não tinham pretensão de publicar obras reveladoras de ‘uma estética novíssima e apurada’. Acreditavam na renovação das ideias para o amadurecimento da sociedade/povo, através de uma articulação compreensivo das distribuições do velho, do novo e do novíssimo pensamento.

Portanto, haveria na Floreal espaço flexível para mostrar ao grande público e aos leitores mais abalizados – por exemplo, os críticos idôneos e os editores – uma literatura diversificada no conteúdo e na forma de tratar os assuntos”.

INTRODUÇÃO AO TEMAINTRODUÇÃO AO TEMA

A problemática abordada

Movido pela sinceridade, o autor queria ver o triunfo da verdade no livro

Resumo da ObraResumo da Obra

“O espetáculo do saber de meu pai, realçado pela ignorância de minha mãe e de outros

parentes dela, surgiu aos meus olhos de criança, como um deslumbramento.

Pareceu-me então que aquela sua faculdade de explicar tudo, aquele seu desembaraço de linguagem, a sua capacidade de ler línguas

diversas e compreendê-las constituíam, não só uma razão de ser de felicidade, de abundância e riqueza, mas também um título para o superior

respeito dos homens e para a superior consideração de toda a gente.”

“Foi com estes sentimentos que entrei para o curso primário. Dediquei-me

açodadamente ao estudo. Brilhei, e com o tempo foram-se desdobrando as minhas

primitivas noções sobre o saber.”

Momento da

despedida

“— Olhe, mamãe, disse eu, logo que me arrume mando-a buscar. A senhora está ouvindo?

— Sim, respondeu ela com fingida indiferença.

— Alugaremos uma casa. Todos os dias, quando eu for trabalhar, tomarei a sua bênção;

quando tiver de estudar até alta noite, a senhora há de dar-me café, para espantar o sono... Sim,

mamãe?

E me pus a abraçá-la efusivamente.”

O Primeiro Sinal de

Preconceito

“Tive fome e dirigi-me ao pequeno balcão onde havia café e bolos. Encontravam-se lá muitos passageiros. Servi-me e dei uma pequena nota a pagar. Como se demorassem em trazer-me o troco reclamei:

‘Oh! fez o caixeiro indignado e em tom desabrido.

Que pressa tem você?! Aqui não se rouba, fique sabendo!’

Ao mesmo tempo, a meu lado, um rapazola alourado reclamava o dele, que lhe foi prazenteiramente entregue. O contraste feriu-me, e com os olhares que os presentes me lançaram, mais cresceu a minha indignação.”

A chegada ao Rio de Janeiro

Uma das decepções

“O gordo proprietário esteve um instante

a considerar, agitou os pequenos olhos perdidos no grande rosto, examinou-me convenientemente e disse por fim, voltando-me as costas com mau humor: — Não me serve. — Por quê? atrevi-me eu. — Porque não me serve.”

As coisas começam a mudar

A situação do protagonista fica cada vez pior. Não havia mais dinheiro para seu sustento.Confessa ter-se

abandona à miséria, pois mal comia

Por fim, Isaías reencontra o jornalista Gregoróvitch, a quem

confessou suas agruras e os sofrimentos pelos quais estava

passando. Gregoróvitch lhe arranja um lugar como contínuo no jornal O Globo.

A partir desse momento, a obra praticamente gira em torno das observações que o personagem-narrador faz da rotina do jornal.

As observações de Isaías, são voltadas a sua a rotina no jornal,

como também suas próprias idéias e sua vivência.

Sua vida no trabalho

“Floc sofria alguma coisa; havia momentos em que se sentia patente a lata intima que se travava nele.

Ficava minutos inteiros calado, imóvel, a olhar perdidamente as coisas... Nada quisera, pois estava à espera de uma reorganização na diplomacia para obter o lugar de primeiro secretário.

Era o seu sonho a diplomacia, o paraíso a sua felicidade.”

Loberant passa então a olhar com mais atenção a Isaías e o promove até repórter. Divide confidências e farras. Isaías ganha a proteção e dinheiro de Ricardo Loberant. Depois da euforia inicial, Isaías se ressente. 

 

“ Lembrava-me de que deixara toda a minha vida ao acaso e que a não pusera ao estudo e ao trabalho com a força de que era capaz. Sentia-me repelente, repelente de fraqueza, de falta de decisão e mais amolecido agora com o álcool e com os prazeres... Sentia-me parasita, adulando o diretor para obter dinheiro...”

Isaías abandona a sua vida confortável e repleta de boas relações para retornar à terra natal com a finalidade de encontrar um casamento por lá e viver uma vida diferente daquela que levava.

Já casado, mas sem filhos porque perdera os dois que tivera, resolve registrar as suas recordações em uma espécie de livro de memória, de onde surge Recordações do Escrivão Isaías Caminha.

LINGUAGEM

acessível a um público diversificado.

cotidiano das pessoas,

trabalha com uma galeria de personagens populares

“Um dia, porém, li no Diário de *** que o Felício, meu antigo condiscípulo, se formara em Farmácia, tendo recebido por isso uma

estrondosa, dizia o Diário, manifestação dos seus colegas.

Ora o Felício! pensei de mim para mim. O Felício!

Tão burro! Tinha vitórias no Rio! Por que não as havia eu de ter também — eu que lhe

ensinara, na aula de português, de uma vez para sempre, diferença entre o adjunto

atributivo e o adverbial? Por quê!?”

A sua escrita era, antes de mais nada, uma expressão de sua consciência crítica na representação de uma realidade social até então quase ignorada pela literatura tradicional.

FOCO NARRATIVOFOCO NARRATIVO1ª pessoa,

autobiográfico, retrato da vida de um grande jornada época.

A obra pode ser

considerada biográfica.

Isaías Caminha

(Personagem)

Lima Barreto(Autor)

“Veio-me a pose, a necessidade de ser diferente. Relaxei-me no vestuário e era preciso que minha mãe me repreendesse para que eu fosse mais zeloso.

Fugia aos brinquedos, evitava os grandes grupos, punha-me só com um ou dois, à parte, no recreio do colégio; lá vinha um dia, porém, que brincava doidamente, apaixonadamente. Causava com isso espanto aos camaradas: Oh! O Isaías brincando! Vai chover...”

TEMÁTICA

Os temas centrais do romance são o preconceito racial na primeira parte, e na segunda, a imprensa.

O primeiro tema, o preconceito racial, está atrelado às condições sociais dos negros e mulatos do período subseqüente à abolição.

O segundo núcleo temático, a imprensa, versa sobre a hipócrita, corrupta, tirana, incapaz, desonesta imprensa do início do séculoXX.

Excluídos do progresso.

A cidade é vista de baixo para cima, por personagens que povoam seus subúrbios e deslumbram-se com uma modernidade que os recusa: a partir de uma perspectiva do subúrbio (SOUZA, 2005, p.68).

VerossimilhançaVerossimilhança

É a semelhança apresentada na obra que coincide com a realidade.

Preconceito racial.Dificuldades encontradas ao

decorrer da sua jornada no RJ.A hipocrisia, corrupção da

imprensa.

Personagens

Ricardo Loberant - diretor do jornal, tipo alto magro que soube trabalhar para fazer valer sua vontade de ver crescer o jornal. O jornal onde trabalhava trazia novidade:

“O Globo levantou a crítica, ergueu-a aos graúdos, ao presidente, aos ministros, aos capitalistas, aos juízes, e nunca houve tão cínicos e tão ladrões”.

Dirigia o jornal mais polêmico do Rio de Janeiro e um dos mais vendidos devido à frieza e ao senso crítico que desenvolvia. Sua autoridade deixava marcas profundas em seus subalternos.

Frederico Lourenço do Couto - assinava artigos com o pseudônimo de Floc. Era respeitado por entender de literatura e assuntos internacionais, por isso era considerado a alta intelectualidade do jornal.

Gregoróvitch - esse russo era a artilharia do jornal. Em estilo arrojado e violento, tecia críticas aos adversários.

Redator-chefe, Leporace;

Secretário, Adelermo Caxias, Oliveira, Menezes, Gregoróvitch. A tônica de O Globo era a crítica

acerba ao governo e seus "desmandos"

Loberant se considerava o moralizador da República. Isaías se admira com a falta de

conhecimento e dificuldade para escrever desses homens que nas ruas eram tratados como semi-deuses e defensores do povo.

O personagem principal

Menino do interior, tomou gosto pelos estudos através da desigualdade de nível mental entre o seu pai, um ilustrado vigário, e sua mãe. Admirava o pai que lhe contava histórias sobre grandes homens. Esforçou-se muito nas instruções e pouco brincava. Tinha ambições e um dia finalmente decide ir para o Rio fazer-se doutor.

“Ah! Seria doutor! Resgataria o pecado original do meu nascimento humilde, amaciaria o suplício premente, cruciante e omnímodo de minha cor...”

Personagens Populares

Lima Barreto apresenta uma visão ampla do Rio de Janeiro, citando representantes de todos os grupos sociais: presidentes, ditadores, militares, honestos ou desonestos doutores, moças de Botafogo, funcionários públicos de todos os escalões, meninas de subúrbio, poetas empobrecidos, músicos não reconhecidos, prostitutas infelizes ou de sucesso, aposentados, donas-de-casa, vagabundos, bêbados e loucos.

Tempo

O aumento da pobreza agravou a crise habitacional, traço constante na vida urbana do Rio desde meados do século XIX .

Como centro político do país, o "Rio" concentrava a vida político-partidária do império. Foi palco principal dos movimentos abolicionista e republicano na metade final do século XIX.

Enfrentava graves problemas sociais advindos do crescimento rápido e desordenado.

Conclusão

Observa-se que na obra, o escritor procura incluir a camada popular, denunciando a marginalização que o progresso causava.

Já, autores tradicionais, como Bilac, em suas crônicas, “traz o progresso para o centro da cena e expulsa para fora dela, ridicularizando, o que vem dos segmentos populares – tradições, hábitos e costumes ligados pela memória à sociedade tradicional”

Como se pode comemorar independência ou liberdade de alguém, expulsando o povo de seu habitat, fazendo viver em situações de escravidão, de

dependência?

Recordações do Escrivão Isaías Recordações do Escrivão Isaías CaminhaCaminha

Agradecemos a atenção

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