protagonismos instÁveis dos princÍpios de regulaÇÃo e interfaces pÚblico/privado em educaÇÃo...
Post on 07-Apr-2016
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PROTAGONISMOS INSTÁVEIS DOS PRINCÍPIOS
DE REGULAÇÃO E INTERFACES
PÚBLICO/PRIVADO EM EDUCAÇÃO
Almerindo Janela Afonso
Almerindo Janela Afonso• Doutor em Educação e em Sociologia da
Educação pela Universidade do Minho (UM), onde exerce funções docentes e de investigação desde 1985, sendo também licenciado em Sociologia pela Universidade de São Paulo no Brasil.
• Atualmente é professor auxiliar no Departamento de Sociologia da Educação e Administração Educacional do Instituto de Educação e Psicologia da UM.
• O seu trabalho nos domínios da Sociologia da Educação, da Avaliação Educacional e das Políticas Educativas têm sido publicados em diversas revistas da especialidade.
• O seu mais recente trabalho - "Políticas Educativas e Avaliação Educacional" procura analisar as mudanças ocorridas nas políticas educativas e de avaliação em alguns países do centro do sistema mundial, tentando explicar as especificidades das propostas e regulamentações efetuadas, neste mesmo domínio, a partir do final da década de 80 em Portugal.
O texto que será apresentado
• Surgiu em dezembro de 2009, em Campinas, no II Seminário Brasileiro de Educação – “Os Desafios Contemporâneos para a Educação Brasileira e os Processos de Regulação”
1. INTRODUÇÃO• No Capitalismo, o Estado, o mercado e a
comunidade são os principais reguladores sociais.
• O protagonismo do Estado causa a retração e a subordinação dos 2 outros nos aspectos:
• Históricos• Mudanças sociais, • Culturais,• Econômicas e• Político-ideológicas
2. ESTADO, MERCADO E COMUNIDADE, PRINCÍPIO DE REGULAÇÃO SOCIAL
• Boaventura de Sousa Santos disse: “O princípio do Estado e o princípio do mercado colidiram frequentemente na demarcação de áreas de cumplicidade/complementaridade de domínio exclusivo”.
Boaventura de Sousa Santos• Nasceu em Penacova, S.P. Alva, Quintela (Portugal)
em 15/11/40• Doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de
Yale• Professor catedrático da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra• Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito
da Universidade de Wisconsin-Madison e • Global Legal Scholar da Universidade de Warwick.• É também diretor dos Centro de Estudos Sociais e
do Centro de Documentação 25 de Abril, e • Coordenador Científico do Observatório Permanente
da Justiça Portuguesa - todos da Universidade de Coimbra.
Participa da coordenação científica dos seguintes
Programas de Doutoramento:
- Direito, Justiça e Cidadania no Século XXI- Democracia no Século XXI- Pós-Colonialismos e Cidadania Global
Dirige as seguintes coleções:
• Saber imaginar o social• A sociedade Portuguesa perante
os desafios da globalização• Reinventar a emancipação social:
para novos manifestos
“No período do capitalismo liberal,• a unidade do Estado assentava na distinção
entre Estado e sociedade civil e na especificidade funcional do Estado. A sociedade civil e, acima de tudo, as relações de mercado eram concebidas como autorreguladas e era ao estado que cabia garantir essa autonomia. O instrumento mais crucial da autonomização da sociedade de mercado foi o direito privado, complementado por medidas fiscais, monetárias e financeiras, destinadas quase sempre a corrigir os desequilíbrios resultantes de deficiências do mercado.” (Santos, 2000,p.135)
Nos finais do século XIX,
• O aumento da sociedade capitalista manifestou-se na “expansão extraordinária do princípio de mercado”, criando problemas:
* Concentração de capital* Surgimento de monopólios• Exigindo uma maior intervenção do Estado* Consequências: transformação da distinção
entre Estado e sociedade civil e a diminuição dos limites entre os dois.
O NEOLIBERALISMO diz:
• Dificuldade de o Estado dar conta das demandas sociais,
• Necessidade de uma sociedade civil mais ativa,
• Pois há déficits de investimento público,• Problemas criados pelo excesso de
trabalho
CONTEXTO EUROPEU – PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL
• Estado com forte protagonismo – sociedades capitalistas, regimes ditatoriais ou socialistas.
• Duas situações:• 1. Estado-providência: controle político da
economia e a regulação do mercado no país.• Sociedade civil: pouco ativa• Pelo intervencionismo do Estado
Protagonismo Estatal Exacerbado
• nas ditaduras latino-americanas, ditaduras europeias, socialistas ou em sociedades muito constrangidas – o mercado tornou-se incompatível com o sistema
• A sociedade civil não é encarada como um conjunto de cidadãos autônomos, por isso, fica desvitalizada sob o peso do totalitarismo estatal e dos aparelhos de coerção
NO NEOLIBERALISMO
• Surgimento de uma nova centralidade da sociedade civil,
• Coexistência de concepções, representações e novas expectativas em seu papel
Crise dos Estados-providência• Redefinição do papel do Estado• Reconfiguração dos espaços público e privado• Importância do mercado• Mudanças profundas de valores e visões de
mundo
• Importância cultural e social das iniciativas não estatais
• Representação light da sociedade civil - hipermobilidade
Aparecimento de outra sociedade civil• Politicamente mais densa e impactante,• Movimentos sociais contra-hegemônicos• Construção de articulações coletivas e • Organizativas de interesses transversais,• Resistência ao discurso e orientações
dominantes• Raramente é entendida como um
privilégio de luta de classes pela hegemonia.
Nos últimos 30 anos, o pensamento único
• Insistiu nos benefícios do mercado• E nas consequências prejudiciais do crescente
peso e intervenção do Estado• Mas, NO PRESENTE MOMENTO, o Estado
volta a ser a solução para todas as crises
• Final de 1970 e início de 1980, nos EUA e na Inglaterra - setores ortodoxos reclamam as vantagens do Estado-mínimo
• Na EDUCAÇÃO, o Estado nunca se retirou totalmente.
QUASE MERCADO E MERCADO EM EDUCAÇÃO: INTERFACES PÚBLICO/PRIVADO
• Em escola pública: quase-mercado – gestão privada de uma cantina ou o serviço particular da segurança;
• Mercado educacional – liberdade de escolha de uma escola particular
• Escolas públicas: alunos de todas as classes sociais
• Escolas particulares: seleção de público, orientação classista e elitista.
AS ESCOLAS PÚBLICAS E O QUASE-MERCADOS
• Desenvolvem-se de forma oculta• Discurso de igualdade de oportunidades• São profundamente reprodutoras de
desigualdades sociais e educacionais• Atingem sobretudo os mais carentes em
termos sociais e culturais• Não conseguem fazer valer em seu proveito as
oportunidades e estratégias de sucesso e mobilidade no sistema.
EM PORTUGAL
• Os desfavorecidos não podem escolher a escola pública
•No Brasil, anos 70, rede física.
PORTUGAL - EXPLICAÇÕES
• CRISE DA ESCOLA PÚBLICA• Aulas particulares pagas –
iniciativa privada – alunos que precisam de reforço escolar
• Empresas• Centros privados• Espaços domésticos • Fora do horários das aulas nas
escolas
OMC (Organização Mundial do Comércio)
• Contexto neoliberal• Nível nacional e internacional• Processos educacionais altamente lucrativos• Iniciativa privada• Práticas eficazes com impactos acadêmicos• “Funciona por meio da adoção de normas
vinculatórias, em vez de recorrer a práticas persecutórias ou compensatórias”
OMC
• “Afeta os sistemas educativos e as práticas educativas num conjunto muito maior de atividades do que outras organizações.” (Robertson Bonal & Dale, 2007, p.206)
GATS – Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços
• A educação está contida neste acordo,• Previsível alteração do Estado nacional e dos• Padrões de funcionamento ao bem-comum• É um hipotético sistema educativo mundial
CONSEQUÊNCIAS
• Internacionalização das credenciais e diplomas• Globalização da produção e do conhecimento• Atração de capital educativo estrangeiro para
resolver problemas de pagamentos de alguns países,
• Estratégia para lutar contra o déficit fiscal do Estado,
• A língua e a identidade nacional são vulneráveis pelas empresas educativas multinacionais
ENSINO SUPERIOR• É o setor mais permeável• “A transnacionalização neoliberal da
universidade ocorre sob a égide da Organização Mundial do Comércio. Isto revela que a transformação da educação superior numa mercadoria educacional é um objetivo de longo prazo, o qual exige a eliminação progressiva e sistemática das barreiras comerciais” (Santos, 2005, p. 32)
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