programa de pÓs-graduaÇÃo stricto senso … · fromer / arnaldo antunes / sérgio britto. resumo...
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PROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSO
TEORIAS EM EDUCAO
CLIA VANDERLEI DA SILVA
O CENTRO EDUCACIONAL UNIFICADO (CEU)
COMO ESPAO DE FORMAO DO SUJEITO
ATRAVS DA PARTICIPAO EM ATIVIDADES CULTURAIS
So Paulo
2014
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PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EDUCAO
CLIA VANDERLEI DA SILVA
O CENTRO EDUCACIONAL UNIFICADO (CEU)
COMO ESPAO DE FORMAO DO SUJEITO
ATRAVS DA PARTICIPAO EM ATIVIDADES CULTURAIS
Tese apresentada ao Programa de Ps-
graduao em Educao como requisito para
obteno do ttulo de Doutor em Educao
Orientador Prof Marcos Antnio Lorieri
So Paulo
2014
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PROFESSORES CONSTITUINTES DA BANCA DE AVALIAO
Profr. Dr. Marcos Antonio Lorieri (Orientador)
Profa. Dr. Branca Jurema Ponce (PUCSP)
Profa. Patrcia Del Nero Velasco (UFABC)
Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE)
Profa. Dra. Elaine Teresinha Dal Mas Dias (UNINOVE)
Profa. Cleide Rita Silvrio de Almeida (UNINOVE) Suplente
Prof. Dr. Daniel Pansarelli (UFABC) Suplente
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DEDICATRIA
Dedico este trabalho a todas as pessoas que ainda acreditam na educao como
possibilidade de transformao do homem num ser mais civilizado e humano.
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AGRADECIMENTOS
So muitos a quem devo agradecer:
A Deus, pelo sopro da vida.
Ao meu pai e a minha me por terem me guiado por ela a vida.
Ao meu marido, pela pacincia e apoio;
A minha famlia, aos meus professores, aos meus alunos, aos colegas de trabalho do
CEU Feitio da Vila, do CEU Casablanca e da Diretoria Regional de Educao de Campo
Limpo e Universidade Nove de Julho.
Entretanto uma pessoa em especial merece destaque, MINHA ME, Dona Celina,
minha companheira, mentora, anjo da guarda e, principalmente, meu porto seguro.
Obrigada Me e obrigada a todos!
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EPGRAFE
... a privao de poesia to fatal quanto a privao de po.
Morin, 2007, p.141
A gente no quer s comida,
A gente quer comida, diverso e arte.
Comida 1987
Marcelo Fromer / Arnaldo Antunes / Srgio Britto
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RESUMO
Esta tese apresenta resultados de pesquisa desenvolvida relativa participao em atividades
culturais de pessoas de duas comunidades da Cidade de So Paulo onde esto localizados
dois CEUs (Centros Educacionais Unificados) mantidos pela Prefeitura do Municpio. O
objetivo da pesquisa foi o de buscar saber dessas pessoas como veem a oferta e a
participao nas referidas atividades culturais. O problema da pesquisa foi assim definido:
na viso dos usurios desses dois CEUS, que contribuies formativas a utilizao de bens
culturais ofertados por esse equipamento lhes trouxeram? A hiptese que guiou a pesquisa
foi a de que a partir do momento em que os usurios participam ativamente de bens culturais
ofertados por esses dois CEUs mudam seu comportamento, tornando-se mais
comprometidos, mais humanizados e solidrios. Foram identificadas as atividades culturais
ofertadas, o ndice de participao das pessoas das duas comunidades e buscou-se saber de
parte dessas pessoas que contribuies formativas sua participao lhes trouxeram. Como
referencial terico foram tomadas ideias de Antnio Joaquim Severino sobre a produo
simblica inerente existncia humana e de Edgar Morin relativas importncia da cultura
no processo de hominizao e, nela, da produo e fruio artstica. As anlises dos ndices
de participao das pessoas das duas comunidades, bem como do que parte delas expressou
relativamente aos benefcios dessa participao em suas vidas, permitiram a concluso de
que fundamental haver oferta de acesso a estes bens e participao na sua produo nos
moldes em que isso feito nos CEUs. Esta concluso veio a confirmar nossa hiptese de
que, a participao ou fruio dos bens culturais simblicos ofertados podem ser fatores
positivos no processo de humanizao das pessoas envolvidas.
Palavras-chaves Acesso a bens culturais; Cultura; Centros Educacionais Unificados
(CEUs); Produo simblica.
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ABSTRACT
This thesis presents the results of research carried out on the participation in cultural
activities of people from two communities of the City of So Paulo, where are located two
CEUs (Unified Educational Centres) which an entity maintained by the City Council The
research objective was to find out how these people see the availability and participation in
such cultural activities. The research problem was defined as follows: in the view of the
users of these two CEUs, which formative contributions the engagement in cultural activities
offered by this equipment were brought to them? The hypothesis that guided the research
was that from the moment in which users actively participate in cultural activities offered by
these two CEUs, their behaviour change and they become more committed, more humane
and sympathetic. Cultural activities offered as well as the turnout of people from both
communities were identified and it was sought to know from some of these people what
formative contributions their participation brought to them. The theoretical framework of
ideas was sourced from Joaquim Antonio Severino with regards to symbolic production
inherent to human existence and from Edgar Morin on the importance of culture in the
process of human evolution, and in itself the artistic production and fruition. The analysis of
participation rates of people from the two communities, as well what they expressed in
relation to the benefits to their own lives, allowed to reach the conclusion that it is
fundamental to provide access for users to these benefits and for them to participate in their
production in the format in which this is done at CEUs . This conclusion confirms our
hypothesis that participation or attainment of symbolic cultural benefits offered can be
positive factors in the humanisation process of the people involved.
Keywords - Access to cultural benefits; Culture, Unified Educational Centres (CEUs);
Symbolic production;
-
SUMRIO
INTRODUO............................................................................................................... 16
Memorial da autora da pesquisa............................................................................. 20
Reviso da literatura............................................................................................... 21
Panorama geral da pesquisa................................................................................... 26
CAPTULO 1.................................................................................................................. 27
1. O que um CEU..................................................................................................... 27
1.1. Os CEUs e seu surgimento na cidade de So Paulo....................................... 29
1.2. Os CEUs e as polticas pblicas...................................................................... 31
2. Dois CEUs e suas trajetrias................................................................................... 37
2.1. CEU Feitio da Vila........................................................................................ 37
2.1.1. Caracterizao dos usurios do CEU Feitio Da Vila............................. 44
2.2. CEU Casablanca............................................................................................. 54
2.2.1. Caracterizao dos usurios do CEU Casablanca................................... 57
CAPTULO 2. A Produo simblica na constituio do ser humano........................... 70
CAPTULO 3. O que pensam os usurios de dois CEUs................................................ 84
CONSIDERAES FINAIS.......................................................................................... 96
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................................ 99
ANEXOS
APNDICE
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BEC Bloco Esportivo e Cultural
CAIC Centro de ateno integral criana e ao adolescente
CEU Centro Educacional Unificado
CECI Centro de Educao e Cultura Indgena
CEI Centro de Educao Infantil
CIEP Centro Integrado de Educao Pblica
CPTM Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
EMEI Escola Municipal de Educao Infantil
EMEF Escola Municipal de Ensino Fundamental
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
ONG Organizao no governamental
POSL Professor Orientador de Sala de Leitura
POIE Professor Orientador de Informtica Educativa
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Reproduo do quadro Os Operrios de Tarsila do Amaral.................................10
Figura 2 Reproduo da capa do livro EDUCAO, CEU E CIDADE de Roberto Og
Dria e Maria Aparecida Perez..............................................................................10
Figura 3 Vista area do CEU Casa Blanca..........................................................................21
Figura 4 Vista area do CEU Feitio da Vila......................................................................22
Figura 5 Mapa de localizao dos 45 CEUs de So Paulo..................................................23
Figura 6 Mapa de localizao do CEU Feitio da Vila......................................................24
Figura 7 Prdio da Gesto CEU Feitio da Vila..................................................................33
Figura 8 Vista Parcial da quadra externa e refeitrio CEU Feitio da Vila........................33
Figura 9 Ginsio de esporte coberto CEU Feitio da Vila..................................................34
Figura 10 Vista parcial do prdio da EMEF CEU Feitio da Vila......................................34
Figura 11 Biblioteca CEU Feitio da Vila..........................................................................35
Figura 12 Vista parcial das piscinas CEU Feitio da Vila...................................................35
Figura 13 Mapa de localizao do CEU Casa Blanca........................................................36
Figura 14 Biblioteca CEU Casa Blanca............................................................................40
Figura 15 Prdio da Gesto, Teatro, Ginsio Esporte, Sala Multiuso e Foyer CEU Casa
Blanca..................................................................................................................40
Figura 16 Vista parcial dos prdios da educao infantil CEI e EMEI CEU Casa
Blanca..................................................................................................................40
Figura 17 - Pista de Skate CEU Casa Blanca........................................................................41
Figura 18 Vista parcial da rea das piscinas CEU Casa Blanca..........................................41
Figura 19a Grade programao mensal do CEU Casa Blanca............................................42
Figura 19b Grade programao mensal do CEU Casa Blanca............................................43
Figura 19c Grade programao mensal do CEU Casa Blanca............................................44
-
LISTA DOS GRFICOS
Grfico 1 - Faixa Etria CEU Feitio da Vila................................................................ 44
Grfico 2 - Gnero - CEU Feitio da Vila........................................................................ 44
Grfico 3 - Escolaridade - CEU Feitio da Vila.............................................................. 45
Grfico 4 - Ocupao- CEU Feitio da Vila.................................................................... 45
Grfico 5 - Naturalidade - CEU Feitio da Vila.............................................................. 46
Grfico 6 - Religio - CEU Feitio da Vila..................................................................... 46
Grfico 7 - Frequncia Instituio Religiosa - CEU Feitio da Vila............................ 47
Grfico 8 - Tempo de Moradia no bairro- CEU Feitio da Vila...................................... 47
Grfico 9 Quantidade de usurios por atividades de lazer aos finais de semana - CEU
Feitio da Vila............................................................................................... 48
Grfico 10 Tipos de leitura por usurio - CEU Feitio da Vila....................................... 48
Grfico 11 Costuma acompanhar as notcias - CEU Feitio da Vila.............................. 49
Grfico 12 Assiste a quais programas de televiso - CEU Feitio da Vila..................... 49
Grfico 13 Crescimento da Populao do Jardim So Luiz de 1950 at 2010................ 54
Grfico 14 Faixa Etria CEU Casa Blanca.................................................................. 57
Grfico 15 Gnero CEU Casa Blanca.......................................................................... 57
Grfico 16 Escolaridade CEU Casa Blanca................................................................. 57
Grfico 17 Ocupao CEU Casa Blanca...................................................................... 58
Grfico 18 Naturalidade - CEU Casa Blanca.................................................................. 58
Grfico 19 Religio CEU Casa Blanca......................................................................... 59
Grfico 20 Frequncia instituio religiosa CEU Casa Blanca................................. 59
Grfico 21 Tempo de moradia no bairro CEU Casa Blanca........................................ 60
Grfico 22- Quantidade de usurios por atividades de lazer aos finais de semana - CEU
Casa Blanca.................................................................................................... 60
Grfico 23 Tipos de leitura por usurio- CEU Casa Blanca............................................. 61
Grfico 24 Assiste a quais Programas de Televiso CEU Casa Blanca....................... 62
Grfico 25 Qual atividade frequenta no CEU CEU Casa Blanca................................. 62
Grfico 26 Quantas vezes frequenta o CEU por semana CEU Casa Blanca................ 62
Grfico 27 - Destas atividades culturais de quais voc participa CEU Casa Blanca...... 80
Grfico 28 - Destas atividades culturais de quais voc participa CEU Feitio da Vila... 81
Grfico 29 - Ao participar dessas atividades culturais, qual ou quais delas voc acha que
foram mais importantes para a sua vida CEU Casa Blanca..........................81
Grfico 30 - Ao participar dessas atividades culturais, qual ou quais delas voc acha
que foram mais importantes para a sua vida CEU Feitio da Vila........... 82
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparativo entre dois grupos de CEUs quanto capacidade e estrutura......17
Tabela 2 Tabela 2: Dados obtidos pergunta: Que atividades culturais voc gostaria que
tivesse alm das ofertadas pelo CEU?.................................................................89
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ANEXOS
Anexo 1 Reportagem e entrevista publicada em O Estado de So Paulo, em 15/02/2014.
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APNDICE
Apndice 1 Questionrio aplicado junto aos usurios de dois CEUs
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16
INTRODUO
Quando o sujeito pode abrir o seu Ns
para o outro,
os semelhantes, a vida, o mundo,
torna-se rico em humanidade.
(MORIN, 2007, p.81)
desenvolvimento humano no nos levou ao desenvolvimento
como seres humanizados na medida e da maneira como seria de se
desejar.
possvel perceber que houve muito desenvolvimento no campo econmico, no
campo das tecnologias e das cincias - variadas formas de comunicao, cura para muitas
doenas, meios de transporte mais velozes e mais eficientes, encurtamento de distncias.
Entretanto, todo esse desenvolvimento tecnolgico no levou o humano a se humanizar de
tal maneira a ver o outro, a cuidar do outro, interagir, ou seja, basicamente perceber o outro
como sujeito. H, obviamente, ao longo da histria, um contnuo processo de humanizao,
mas ainda no chegamos a um estgio tal no qual todos ns nos consideremos igualmente
humanos e dignos de todo o respeito que nossa humanidade exige. Segundo Morin em O
Mtodo 5: a humanidade da humanidade. A identidade humana (2007, p. 80):
O ponto capital que cada sujeito humano pode considerar-se, ao mesmo
tempo, como sujeito e como objeto e objetivar o outro enquanto o
reconhece como sujeito. Infelizmente, capaz de parar e ver a
subjetividade dos outros e consider-los somente como objetos. A parti da,
torna-se inumano, pois deixa de ver a humanidade deles, ou ao contrrio,
s pode amar ou odiar cegamente.
Para conhecer o outro, certo, deve-se perceb-lo objetivamente, estud-lo,
se possvel, objetivamente, mas tambm se deve compreend-lo
subjetivamente. O desenvolvimento de um conhecimento objetivo do
mundo deve avanar junto com um conhecimento intersubjetivo do outro.
Muitos humanos empurrados pela noo de ser o melhor, de dar o melhor de si
para conquistar o pdio, de ser algum na vida, esqueceram-se de ser algum melhor para
e com os outros, esqueceram-se de que se aprende e se cresce com os outros. Essas ideias
passaram a ser, para muitas pessoas, apenas um detalhe no mundo atual. Para muitos o lema
O
-
17
moderno : eu tenho que ser melhor que o outro, venc-lo para vencer. Para atingir esse
objetivo vale qualquer esforo ou qualquer estratgia. H um processo em andamento em
nossa sociedade que transforma pessoas em coisas, em res (do latim), gerando o crescente
fenmeno denominado de reificao muitas vezes nem percebido pela maioria das pessoas.
Isso traz consequncias duras para a convivncia humana, como por exemplo: a
intolerncia tnico-racial, graves diferenas econmicas e sociais, entre outras questes que
fazem da Terra um inferno em vida como muitos dizem.
H mltiplas anlises que procuram apontar causas da exacerbao da falta de
solidariedade. Aponta-se para o capitalismo que estimula cada vez mais a competitividade e
o individualismo. Isso tem conduzido sociedades a situaes infelizes em que pesem aes
de pessoas e grupos em sentido contrrio.
Como se pode contribuir para a construo de pessoas solidrias, de tal modo a se
ter sociedades mais justas e que sejam beros de segurana para seus membros?
Como podemos ensinar e aprender esse abrir-se para o outro. um processo de
aprendizagem que pode ser percorrido por diversos caminhos, perpassando pelas diferentes
instncias da sociedade como a famlia, a escola, e as mais diversas instituies sociais.
A escola, como uma dessas instncias, pode ser uma grande aliada, contribuindo
com mudanas em suas metodologias, currculos, didticas para que seja possvel um
crescimento humano de qualidade que a todos tragam benefcios. A experincia dos CEUs
(Centros Educacionais Unificados) pode ser um exemplo de escolas que buscam contribuir
na direo acima apontada.
Faz parte de sua proposta educacional, alm da oferta da educao escolar
tradicional, tambm oferecer alternativas de educao para as famlias dos alunos e para os
demais membros adultos das comunidades onde estes CEUs funcionam. Dentre as
possibilidades de educao ou de formao humana esto as opes de acesso aos bens
culturais simblicos como alfabetizao de adultos, palestras, bibliotecas e artes em geral.
Um livro sobre os CEUs (Centro Educacional Unificado) utiliza uma foto que faz
uma aluso a um quadro da Tarsila do Amaral1, com uma perspectiva de construo da
1 Pintora brasileira da era Modernista, autora do quadro Os operrios de 1933
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formao dos seus usurios pelas aes ofertadas pelos CEUs. Assim tambm, pode-se
interpretar o quadro de Tarsila do Amaral de 1933 Os operrios que mostra a fbrica ao
fundo, como a querer mostrar que a fbrica torna-se partcipe da formao dos cidados
daqueles novos tempos.
Os CEUs so conjuntos de equipamentos pblicos inter-relacionados que se integram
podendo ofertar servios de boa qualidade, devendo perseguir sempre o objetivo de serem
espaos de educao inclusiva, de formao permanente e de humanizao das relaes
sociais. Construdos nos cintures perifricos da Cidade onde so precrios: abastecimento
de gua, luz, transporte, comunicao, equipamentos pblicos e habitao, so centros de
experimentao educacional e de investigao e tm em seu projeto uma proposta inter
setorial de trabalho.
So mais do que escolas grandes; so equipamentos pblicos que oferecem
atividades de educao, cultura, esporte e lazer e que objetivam oferecer melhor qualidade
de vida aos habitantes da periferia de So Paulo. Isso ser apresentado com mais detalhes no
Captulo 1.
Depois de alguns anos de funcionamento possvel avaliar resultados j obtidos
juntos aos adultos que acessaram as ofertas culturais dos CEUs. Este o intento desta
Figura 1 Reproduo do quadro Os Operrios de
Tarsila do Amaral.
Fonte: http://artecomoarte.wordpress.com - acesso 03/11/13
Figura 2 Reproduo da capa do livro Educao, CEU
e Cidade de Roberto Og Dria e Maria Aparecida Perez
(2007).
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19
pesquisa, ao buscar saber dos usurios de duas unidades dessas como veem a oferta e a
participao nas atividades culturais e, por conseguinte, se veem benefcios para sua
formao humana. Da o problema desta pesquisa.
Na tica dos usurios de dois CEUS, que contribuies formativas a utilizao de
bens culturais ofertados por esse equipamento lhes trouxeram?
Nossa hiptese a de que a partir do momento que os usurios participam
ativamente das ofertas de bens culturais ofertados por esses dois CEUs da periferia da zona
sul de So Paulo, mudam seu comportamento, tornando-se mais comprometidos, mais
humanizados e solidrios.
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar as atividades
culturais que so ofertadas pelo equipamento CEU (Centro Educacional Unificado) e
verificar se essas atividades, na tica de seus usurios, trazem contribuies efetivas para
sua formao como pessoas participativas e solidrias em sua comunidade.
Dentre os objetivos especficos est identificar o que pensam os membros de
comunidades onde se situam dois CEUs sobre as atividades culturais que lhes so
oferecidas, alm de identificar se, no que pensam, esto presentes elementos de valorizao
destas atividades como promotores de sua formao humana.
A metodologia desta pesquisa envolveu trs momentos: num primeiro momento foi
feita uma pesquisa documental para a busca de informaes relativas ao Projeto dos Centros
Educacionais Unificados (CEUs) e relativas aos dois CEUs objeto deste estudo, cujos
resultados constam no Captulo Primeiro. Foi feita uma pesquisa bibliogrfica cujos
resultados constam no Captulo 2. E foi feita, ainda uma pesquisa junto a 40 usurios
voluntrios de cada um dois CEUs mencionados (80 usurios no total) com o objetivo de
saber o que eles pensam sobre o acesso aos bens culturais oferecidos em especial sobre a
sobre a importncia desse acesso para suas vidas.
Foram tomadas como referencial terico as ideias de Severino (2001) relativas ao
que, segundo ele, constitui o ser humano, ou seja, as suas prticas ou o seu agir
historicamente situado. Em seu livro Educao, sujeito e histria (2001) o autor apresenta
trs tipos de prticas que so constituintes desse ser humano, a saber: a prtica produtiva, a
prtica social e a prtica simbolizadora. A primeira diz respeito ao trabalho humano, a
-
20
segunda, s aes desenvolvidas no mbito da sociabilidade ou das inter-relaes humanas e
a terceira, s prticas simblicas ou produtoras da cultura simblica.
Tambm foram consideradas ideias de Edgar Morin relativas importncia da
cultura no processo de hominizao do homem, conforme ele explicita em O Mtodo 5: a
humanidade da humanidade (2007), bem como suas ideias a respeito da fruio esttica
como um dos caminhos de realizao humana.
Bem como, utilizamos ainda algumas contribuies de Ernst Cassirer principalmente
quando ele aponta como elemento bsico da constituio humana, o simblico; para ele o
homem alm de ser racional tambm um ser simblico. A partir dos estudos feitos
relativos ao Projeto e organizao dos CEUs, bem como dos relativos ao referencial terico
foram definidas como categorias de anlise as seguintes: Acesso aos bens culturais no CEU;
Importncia do acesso aos bens culturais simblicos, segundo os usurios; Reconhecimento,
pelos usurios, de benefcios dos bens culturais; Demanda de bens culturais pelos usurios.
MEMORIAL DA AUTORA DA PESQUISA
Essa pesquisadora passou a se interessar pelo Centro Educacional Unificado (CEU) -
seus projetos, criao e propostas desde 2004 quando trabalhou no CEU Casablanca como
Diretora e Coordenadora Pedaggica do CEI (Centro de Educao Infantil).
No ano de 2004 esse CEU foi inaugurado e, comear os trabalhos na gesto do CEI
com tarefas como: recepo dos professores, efetivao das matrculas dos alunos,
participao do colegiado de integrao com os diretores das outras unidades dentro do
CEU, bem como com a prpria gesto do complexo e um contato muito prximo com a
comunidade que procurava a unidade para participar das atividades que seriam ofertadas,
possibilitou uma experincia nica de conhecer e acompanhar o projeto desde o inicio.
Um contato assim to prximo com o projeto, especificamente o Casablanca que
durou quase 3 anos, oportunizou conhecer, entender e avaliar os prs e contras de sua
criao foi o propulsor de um anseio por descobrir se os resultados seriam positivos ou no
para a comunidade.
-
21
Quando em 2007 veio o convite para ser Gestora de um outro CEU, agora o Feitio
da Vila, foi uma agradvel proposta, isso por que implantar um equipamento desse porte,
novamente partindo do zero, com uma viso e controle maior do projeto, seria uma grande
desafio. Ser Gestor de um CEU um cargo que incorre em decises potencializadas, j que
envolve no somente uma escola, mas as trs escolas que compem o equipamento, assim
como as atividades no formais, a comunidade e todos os funcionrios do complexo. Fazer a
gesto de todas essas variveis no uma tarefa fcil, mas instigante quando projeta mil
possibilidades.
Durante 3 anos e meio esse foi um trabalho extenuante, mas muito gratificante j que
os prs e contras percebidos no CEU Casablanca, foram melhor observados e corrigidos
neste CEU, claro que dentro das possibilidades existentes.
Se o contato inicial com o projeto, apenas como Diretora do Centro de Educao
Infantil j havia despertado interesse nos resultados a que o projeto se propunha, quando no
cargo de Gestor esse interesse se intensificou grandemente, fazendo com que essa
pesquisadora escrevesse um projeto de pesquisa e o submetesse a um programa de
Doutorado.
Desde l, esse o percurso que tenho trilhado: analisar, observar e tentar entender as
propostas dos projetos dos CEUs e seus resultados. Como se trata de um equipamento novo,
poucas so as pesquisas feitas nesse mbito, tendo em vista que o projeto s tem uma dcada
de existncia, o que em termos de educao ainda pouco para respostas mais efetivas.
REVISO DA LITERATURA
Como dito no pargrafo anterior, esse um equipamento recente, com poucos
estudos sobre o assunto. A seguir apresentaremos alguns deles (dissertao de Mestrado e
Tese de Doutorado) que foram desenvolvidos tendo os Centros Educacionais Unificados
como foco.
A dissertao de mestrado feita por Lemos (2012, USP), tem como ttulo Bibliotecas
dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) A construo de uma cultura comum.
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22
Nesse estudo, inicialmente a pesquisadora apresenta os CEUS fazendo um
levantamento histrico de sua construo e uma descrio de seu funcionamento, alm de
efetuar um amplo histrico da implantao das bibliotecas nesses espaos. Em seguida segue
para seu objetivo principal que analisar as Bibliotecas desses equipamentos, tendo por foco
verificar como elas desenvolveram sua identidade na tica de seus usurios/trabalhadores
(bibliotecrios, comunidade, professores, gestores etc.).
Foi um trabalho feito com metodologia qualitativa e exploratria e teve por
instrumento a reviso da literatura e a aplicao de entrevistas semiestruturadas.
Em um dos captulos, possvel destacar alguns aspectos significativos para a nossa
pesquisa. Nele, a autora apresenta o subttulo biblioteca cidad?!com a interrogao e a
exclamao no final, o que j prenuncia sua inteno de discutir a funo dessa biblioteca
dentro dos CEUs para a formao cidad de sujeitos na periferia de So Paulo.
Apesar da desconfiana em ver os equipamentos culturais como
formadores de cidados, as experincias que descrevemos apontam para
tentativas de construo de uma biblioteca que almeja participar do
desenvolvimento de uma cidadania cultural. Entretanto, entendemos que
no so todas as bibliotecas de CEU que tm agentes que propiciam essa
apropriao do espao pblico; pelo contrrio, existem os que preferem o
esvaziamento. Porque a criana faz barulho, porque o usurio no sabe se
comportar na biblioteca, porque ainda no existe uma comunidade leitora,
porque difcil lidar com outros interesses etc. Mas, afinal, quem constri
uma biblioteca cidad, ou seja, uma biblioteca voltada para a consolidao
de direitos e deveres informacionais e culturais? Lemos (2012)
As bibliotecas dos CEUs so apresentadas como locais de construo da cidadania,
entretanto esses locais, como afirma a pesquisa, carecem de uma melhor organizao para
que os usurios entendam a proposta e a utilizem com qualidade e, para que os bibliotecrios
tenham clara a sua funo e, a da biblioteca.
Nas consideraes finais, a pesquisadora define alguns pontos importantes:
inicialmente, aponta que as bibliotecas dentro dos CEUs so bibliotecas educativas, para
atendimento da comunidade dos arredores do equipamento e tambm para as unidades
escolares dentro do CEU, desligada, entretanto de seu currculo escolar visto que as
unidades escolares tm suas salas de leitura. Nas palavras da autora uma biblioteca mais
que hbrida, plural, no sentido de agregar mltiplos saberes, ampliando, portanto, sua esfera
de atuao.
-
23
Outro aspecto destacado em relao aos bibliotecrios, os quais esto ainda
construindo sua identidade em relao a esse novo equipamento e criando vnculos com essa
comunidade para uma formao cidad desses sujeitos.
Para finalizar, o estudo enfatiza que necessrio ainda vencer alguns desafios, como
romper com a imagem de prticas culturais de elite e integrar circuitos culturais da periferia
com crculos de outros pontos da cidade.
Em outro estudo sobre o CEU sob o ttulo A educao social em espaos de
experimentao pedaggica: as potencialidades dos CEUs, Souza (Dissertao de
Mestrado, 2010, USP), o pesquisador tambm faz um apanhado da histria de construo, e
de sua estrutura, contudo seu objetivo preponderante foi o de apontar o potencial de
Educao Social presente nesse complexo.
A pesquisa foi realizada atravs dos seguintes procedimentos metodolgicos:
observao, descrio, comparao, anlise e sntese, mediante uma abordagem analtico-
interpretativa, como definido por Clifford Geertz (1995).
Um dos aspectos analisados pelo autor foi a questo arquitetnica, sempre fazendo
ao longo desse captulo consideraes positivas e negativas acerca da construo, bem como
um comparativo entre os dois grupos de CEUs, os da fase vermelha e da fase azul, onde fase
vermelha so aqueles construdos no governo da prefeita Marta Suplicy (PT) e, fase azul,
so aqueles construdos durante o governo de Serra/Kassab (PSDB).
Outro ponto analisado foi a gesto do complexo, em todos os nveis, desde a
hierarquia maior, Secretarias de Educao, Cultura e Esporte do Governo Municipal de So
Paulo at a gesto dentro das unidades escolares, passando pela Diretoria de Educao,
Gesto do CEU, Telecentro e Biblioteca.
Para completar a pesquisa, o autor apontou ainda aspectos pedaggicos e sociais em
relao escola, no que diz respeito educao social e a educao formal, onde o CEU
tenta fazer uma integrao entre esses dois tipos.
Estes equipamentos pblicos com moderna estrutura arquitetnica e um
modelo de gesto diferenciado apresentam condies de serem espaos que
favorecem a convergncia entre a Educao Escola e a Educao Social.
(Souza, 2010)
-
24
Ao concluir, o pesquisador afirma que houve uma amplificao pblica, significando
dizer que a combinao de quatros elementos (a ousadia poltica da primeira gesto fase
vermelha, a exposio na mdia, uma arquitetura transparente e um modelo de gesto
pontual) foram preponderantes para que o Projeto CEU se consolidasse e tivesse xito.
Em mais um estudo sobre o CEU temos a tese de Doutorado de Boscolo (2009, USP)
com o ttulo O espetculo da Educao: Os Centros Educacionais Unificados do Muncipio
de So Paulo como espaos pblicos de laser.
Nessa tese, o pesquisador apresenta uma anlise sobre os espaos de laser ofertados
pelo CEU, tendo por objetivo verificar o alcance e o significado das polticas educacionais,
nesses equipamentos, investigando sua dinmica de funcionamento. Sua questo central foi
entender como acontece o funcionamento dos CEUs aos finais de semana, pretendendo
verificar a importncia, o significado e a qualidade do atendimento das demandas das
comunidades do entorno no tocante esporte, cultura e lazer.
A metodologia de pesquisa foi a tcnica qualitativa, sendo uma pesquisa de campo
de cunho etnogrfico, nos termos propostos por Ezpeleta e Rockwell (1986). O pesquisador
partiu de uma observao das unidades aos finais de semana durante o ano de 2008,
entretanto, no se limitou somente aos finais de semana, procurando analisar a interao das
aes de lazer e o projeto poltico-pedaggico.
Durante todo seu estudo o autor procura apontar as problemticas que envolveram a
construo dos CEUs: seja no mbito da arquitetura; seja no tocante aos profissionais que
trabalham na unidade quanto forma de contratao, formao e atuao; seja nos aspectos
polticos quanto aos interesses, objetivos e aes no muito definidos ou desconectados dos
interesses dos cidados.
O pesquisador finaliza sua tese afirmando que se trata de uma Tese Denncia no
sentido de que pretende apontar as fragilidades da poltica pblica e cobrar alternativas a
essa poltica.
Nas consideraes finais o estudo aponta para o alto custo desses equipamentos
diante do que oferece para a populao, alm do que a proposta de trazer lazer, esporte no
foi atendida, visto que:
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25
Os grandes complexos comunitrios no foram capazes sequer de alterar a
concepo de escola municipal, ao se reproduzir nestes centros toda a
cultura escolar de escolas isoladas da mesma rede. Neste sentido, a poltica
educacional, ao tratar a prpria educao como espetculo, fez uso do lazer
como seu mais nobre adereo.
A concluso a que pesquisa chegou foi pessimista indicando que a proposta de outra
educao possvel, foi ofuscada pela espetacularizao do complexo, transformado em artigo
de propaganda poltica.
Em outro estudo sobre o CEU Centro Educacional Unificado, Contraposio
Pedagogia de Lata uma dissertao de mestrado da Universidade Metodista do ano de
2006, o autor Fasano apresenta um trabalho esclarecedor sobre a constituio dos CEUs,
trazendo dados acerca da concepo do projeto nos seus aspectos ideolgicos e filosficos.
Resultado de uma pesquisa qualitativa foi concebida a partir de uma viso marxista
heterodoxa, utilizando a metodologia dialtica, o autor fez uma ampla reflexo sobre a
possibilidade de o Centro Educacional Unificado ser um locus contra-hegemnico em
relao poltica neoliberal em educao.
O objetivo da pesquisa foi verificar se a proposta do CEU realmente atendeu ao seu
intento de ser um espao alternativo de relaes e processos educativos para a construo
de uma cidadania ativa. Para tanto, o pesquisador utilizou um equipamento em especial (O
CEU Rosa da China) para levantamento dos dados, fazendo entrevistas com professores,
usurios, alunos e comunidade local
Esse trabalho mostrou-se profcuo quando apresenta fatos interessantes sobre a
construo do projeto e seu desenrolar poltico. Desde as questes sobre o nascimento da
ideia, perpassando pelas escolhas de como os envolvidos politicamente pensaram em um
projeto tendo por base o princpio da Escola Cidad, at como os locais foram escolhidos, a
partir de um mapa de excluso social, em que o poder pblico sentiu-se em dvida com as
populaes menos favorecidas e onde essa mesma populao mostrou atravs de
assembleias e do projeto de oramento participativo quais eram as suas necessidades.
Nas suas consideraes finais, o estudioso apresenta que os objetivos centrais foram
efetivados tendo em vista que pode-se observar a vivncia de uma educao libertadora,
cidad, sendo assim contra-hegemnica.
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PANORAMA GERAL DA PESQUISA
Para uma melhor compreenso de todo o trabalho, a seguir apresentaremos um
resumo dos captulos.
A tese est desenvolvida de maneira que, na Introduo esteve presente uma breve
discusso sobre as questes de construo de seres humanos mais solidrios atravs da
aprendizagem na relao com o outro em diferentes instncias da sociedade, seja famlia,
escola e instituies sociais, assim como uma breve apresentao do equipamento CEU.
Alm disso, tambm na introduo foram apontadas as questes preponderantes da
pesquisa, seja o problema e metodologia, os objetivos gerais e especficos, as indicaes do
referencial terico e uma reviso da literatura relativa ao tema CEU.
No primeiro captulo foi feita uma anlise do equipamento a partir dos textos oficiais
da Secretaria Municipal de Educao de So Paulo, livros, artigos, teses e dissertaes que
trazem informaes detalhadas sobre esse complexo educacional. Foram apresentados a
alguns aspectos sobre o como e o porqu de seu surgimento, sua construo e arquitetura, as
questes polticas que permearam duas administraes municipais durante a construo e a
implantao, assim como a continuidade do projeto. Ainda nesse captulo primeiro tem-se
uma descrio pormenorizada da estrutura arquitetnica dos CEUs da Gesto PT e da
Gesto PSDB, sendo que foram focados dois equipamentos em particular, Casablanca e
Feitio da Vila, objetos de estudo dessa pesquisa.
O captulo dois apresenta um conjunto de ideias que constituem o referencial terico
utilizado para a anlise dos dados. Buscou-se uma articulao de ideias de Antnio Joaquim
Severino, Edgar Morin e Ernst Cassirer relativas ao simblico na existncia humana.
O terceiro captulo apresenta inicialmente o rol de perguntas feitas a oitenta usurios
dos dois CEUs (quarenta de cada CEU) e, a seguir, uma sntese de suas respostas seguidas
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27
da anlise dessas luz do referencial terico. Os usurios aos quais foram feitas as
perguntas foram selecionados por adeso voluntria.
Por fim so apresentadas algumas consideraes finais que
fazem um apanhado geral do trabalho e discutem alguns aspectos
resultantes desta pesquisa.
CAPTULO 1
esse captulo faremos uma apresentao do Centro Educacional Unificado, contando um
pouco da histria de sua construo, das polticas pblicas que envolveram o surgimento e a
constituio do projeto, assim como alguns aspectos de sua estrutura arquitetnica.
Para situar melhor o leitor em relao aos CEUs escolhidos para o estudo, sero a
seguir apresentados os dois equipamentos objeto da presente pesquisa: o CEU Feitio da
Vila e o CEU Casablanca, sero feitas descries dos espaos, da arquitetura, do sistema de
gesto e das atividades ofertadas.
Alm disso, foi feita uma pesquisa para desenhar o perfil dos usurios dos
equipamentos citados, a qual ser relatada na sequncia dessa seo.
1. O QUE UM CEU (CENTRO EDUCACIONAL UNIFICADO)
Os Centros Educacionais Unificados (ou CEUs, como so mais conhecidos) so uma
importante inovao educacional, realizada pela Prefeitura do Municpio de So Paulo, a
partir da gesto 2001-2004 e que tm continuidade at a presente administrao. So
equipamentos pblicos que oferecem atividades de educao, cultura, esporte e lazer e que
objetivam oferecer qualidade de vida periferia.
O programa dos CEUs foi criado para responder s demandas por mais vagas, mas
tambm e principalmente para promover educao integral de qualidade, como resultado da
N
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articulao entre as diferentes reas do conhecimento e programas sociais voltados para a
incluso social.
Os CEUs so equipamentos construdos pelo governo do municpio de So Paulo,
cuja proposta inicial teve por princpio oferecer servios de qualidade, na rea da educao,
do esporte e do lazer, objetivando uma formao permanente do cidado e uma melhoria das
relaes sociais atravs da participao em eventos, shows e atividades de educao formal e
no formal.
Esses complexos educacionais foram construdos nas regies mais carentes da cidade
onde so precrios o abastecimento de gua, luz, transporte, comunicao, equipamentos
pblicos e habitao.
Alm dos CEUs constitudos para o atendimento das comunidades dessas regies
perifricas, existem tambm os CECIs (Centros Educacionais de Cultura Indgena),
construdos nas aldeias guaranis da cidade (as aldeias Tenond Por e Krukutu, em
Parelheiros, Zona Sul, e a aldeia Jaragu Itu, no Jaragu, Zona Oeste). Os CECIs foram
criados atendendo aos princpios contidos no bojo da Constituio Federal de 1988, da Lei
de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, de 1996, do Plano Nacional de Educao
Indgena e dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Escola Indgena, de 2001, pois
essas leis continham princpios que possibilitaram assegurar o uso e a manuteno das
lnguas maternas e o respeito aos processos de aprendizagem indgenas.
Os CECIs foram concebidos aps um intenso dilogo entre as lideranas Guaranis da
cidade e a Secretaria Municipal de Educao, ocorrido a partir de 2001. Essas lideranas
apresentavam o desejo de que fosse construdo pela Prefeitura um centro de educao e
cultura indgena que visasse fortalecer as razes e a autonomia do seu povo. A solicitao foi
acolhida e tanto o projeto arquitetnico quanto a proposta pedaggica desses Centros foram
planejados em conjunto: entre lideranas indgenas das aldeias e tcnicos da Secretaria
Municipal de Educao.
Esses Centros tm a finalidade de proporcionar o desenvolvimento integral da
criana, em seus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social, na faixa etria de zero a
seis anos e representam um esforo entre as comunidades Guaranis, os tcnicos da Secretaria
Municipal de Educao e antroplogos para o desenvolvimento de uma metodologia
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especfica de ensino que englobe os conhecimentos tradicionais indgenas e atividades
que promovam o intercmbio entre a sociedade indgena e a no-indgena.
As aulas so ministradas em Guarani, lngua materna, por educadores indgenas da
prpria comunidade, formados pelo curso de magistrio indgena oferecido pela Faculdade
de Educao da Universidade de So Paulo. A organizao do calendrio escolar est
atrelada aos ciclos da natureza e os currculos e programas so especficos, com atividades
que reforam a cultura da comunidade e o intercmbio cultural, atendendo a processos
prprios de aprendizagem, desenvolvidos a partir dos hbitos e crenas indgenas.
1.1 OS CEUS E SEU SURGIMENTO NA CIDADE DE SO PAULO
A implementao dos CEUs, no Municpio de So Paulo, est associada a uma
histria de tentativas de se propiciar uma educao com qualidade social para as classes
menos favorecidas.
O Rio de Janeiro - com os CIEPs - Centros Integrados de Educao Pblica - e
mesmo o Governo Federal - com os CAICs Centros de Ateno Integral Criana e ao
Adolescente - tambm buscaram trazer para essas populaes uma educao que lhes
possibilitasse melhores condies de aprendizagem, mas tais iniciativas foram frustradas, o
que trouxe descrdito sociedade e aos educadores, que viam nelas, ao invs de
possibilidades educacionais inovadoras, apenas bonitos e dispendiosos prdios. Em
contrapartida, o projeto dos Centros Educacionais Unificados, em So Paulo, levou em conta
o que acontecera nesses locais, portanto os primeiros passos, aqui, foram as discusses
ocorridas entre o Gabinete da ento Prefeita Marta Suplicy, a Secretaria Municipal de
Educao e o Departamento de Edificaes da Secretaria de Servios e Obras da Prefeitura.
Concluiu-se durante essas reunies que, para a execuo do projeto, seriam
necessrios amplos espaos fsicos que prioritariamente deveriam localizar-se em reas
perifricas da cidade, nas quais a excluso social fosse grande, com alta concentrao de
pobreza e com inexistncia de equipamentos pblicos de lazer, alm de que o projeto
deveria fortalecer a escola pblica e trazer em seu bojo o desenvolvimento das comunidades
nas quais os equipamentos seriam instalados.
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Os Centros Educacionais Unificados proporcionariam, portanto, em sua concepo,
uma educao popular voltada para a educao cidad; neles, vrias reas se uniriam para
atuar, visando o desenvolvimento comunitrio e atendendo, assim, exigncia do Plano
Diretor da Cidade de So Paulo, que apresenta a necessidade da articulao entre educao e
outras secretarias.
Os CEUs so frequentados no apenas pelos alunos neles matriculados, mas por toda
a populao que deles deseje fazer uso. Neles, essas pessoas tm tido oportunidade de
assistir a concertos musicais, peas de teatro, filmes, espetculos de dana e prticas
esportivas.
As polticas sociais planejadas para a Cidade de So Paulo tm nos CEUs um espao
para o entrelaamento de atividades de formao que implicam em troca de saberes
referentes aos mundos do trabalho e da cultura, bem como a possibilidade de realizar aes
que valorizem experincias anteriores vivenciadas pelos cidados e lhes propiciem novos
conhecimentos, inclusive os referentes ao mundo tecnolgico.
A linha de ao cultural para os CEUs obedece aos vrios critrios gerais que
norteiam a poltica cultural da administrao, tais como: promover a socializao de bens
culturais como instrumento de incluso social; revelar a produo cultural oculta da cidade,
abrindo-lhe espao de criao, exposio, difuso e circulao e, organizar o debate e a
difuso de ideias sobre grandes questes polticas, econmicas, sociais e ticas que afligem a
comunidade.
Um dos objetivos dos CEUs propiciar populao acesso s unidades escolares,
biblioteca e aos espaos culturais e esportivos integrados, num mesmo complexo que seja
alegre, prazeroso e que permita a percepo de que nesse espao aquele que ensina tambm
aprende e vice-versa.
A misso dos CEUs est consubstanciada em seus quatro objetivos especficos
prprios que, como se deduz, nestes aspectos os diferenciam das demais unidades
educacionais da Rede Municipal de Ensino, quais sejam: promover o desenvolvimento
integral de crianas, adolescentes, jovens e adultos; ser um polo de desenvolvimento da
comunidade e de inovaes de experincias educacionais, alm de promover o protagonismo
infanto-juvenil.
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Em sua constituio, os CEUs contam com um Centro de Educao Infantil (CEI)
para crianas de zero a trs anos, uma Escola Municipal de Educao Infantil (EMEI) para
alunos de quatro a seis anos e uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) para
alunos de 6 a 14 anos.
Todos os CEUs esto equipados com quadra poliesportiva, teatro, playground,
piscinas, biblioteca, telecentro e espaos para oficinas, atelis e reunies. Tudo isso aberto
comunidade, inclusive aos finais de semana.
Com programao variada para todas as idades, os CEUs ofertam aos moradores
dos bairros mais afastados do centro acesso a equipamentos pblicos de lazer, cultura,
tecnologia e prticas esportivas, contribuindo, assim, para o desenvolvimento das
comunidades locais.
1.2 OS CEUS E AS POLTICAS PBLICAS
Vale destacar que existem grosso modo, dois grandes grupos de CEUs. O primeiro
grupo composto por 21 CEUs chamados popularmente de CEUs da Marta, pois foram
construdos durante a administrao do PT em So Paulo, no perodo em que Marta
Suplicy foi prefeita da cidade, o outro grupo constitudo por 23 unidades, so os tambm
chamados popularmente de CEUs do Serra, construdos durante a administrao do
PSDB (Jos Serra e Gilberto Kassab). Atualmente, 10% dos alunos da rede pblica
(infantil e fundamental) de So Paulo estuda no CEU.
A construo do primeiro grupo foi feita seguindo a ideia de reforma na Educao
chamada de integral: com espaos amplos, abertos, sem grades; os alunos de todas as
faixas etrias interagindo com liberdade e propriedade; escolas ofertando educao formal
e no formal para alunos ali regularmente matriculados ou alunos do entorno que poderiam
participar tambm das atividades de educao no formal, juntamente com a participao
da comunidade local nas atividades de cultura, esporte e lazer.
Esse espao foi pensado para ser comunitrio e de utilizao por toda a populao
de seus arredores.
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Como era um equipamento novo e com muitas promessas, a procura no incio das
atividades desse primeiro grupo de CEUs foi grande. As inscries para as aulas de esporte,
msica, teatro foram feitas antes mesmo de o equipamento comear a funcionar, assim
como a procura por uma vaga na escola regular. A populao ao perceber que seria um
equipamento diferente, moderno e acessvel respondeu prontamente a oferta,
implementando uma demanda de propores assustadoras.
Em 2004, o CEI (Centro de Educao Infantil) que funciona dentro do CEU Casa
Blanca chegou a ter uma fila de espera de 1500 crianas para vagas na Educao Infantil.
Isso tambm ocorreu com o Ensino Fundamental, da mesma forma com as aulas de
natao, hidroginstica, dana, teatro e msica.
O segundo grupo, os CEUs do Serra, foi construdo logo na administrao
posterior ao governo Marta e ainda estava carregado de influncias daquela administrao,
visto ter sido um sucesso na periferia. Isso porque a populao comeou a ter acesso aos
bens culturais e de lazer pela primeira vez, pois antes desses equipamentos, as
possibilidades de lazer, esporte e cultura na periferia eram muito escassos ou inexistentes.
A prefeitura de So Paulo no perodo da administrao do PSDB ficou um tanto
relutante quanto a construo de outros equipamentos desse porte, visto que o custo para
mant-los era altssimo: de acordo com uma matria do jornal a Folha de So Paulo, em
setembro de 2012, ...o CEU Formosa, na zona leste, custou R$ 29 milhes, enquanto
uma escola regular custa em torno de R$ 4,4 milhes.
Entretanto, devido ao sucesso entre a populao, segundo a FIA (Fundao para a
Infncia e Adolescncia), a aceitao da populao na poca (2006) era de 90%, nmero
difcil de ignorar para um governo que precisa do eleitor. Assim o governo do PSDB
continuou com o projeto, mas com algumas mudanas, esse segundo grupo construdo teve
alguns cortes, a fim de reduzir custos. Veja quadro abaixo que mostra algumas dessas
diferenas:
GRUPO 1 GRUPO 2
TEATRO Capacidade para 450 lugares
Capacidade para 190
lugares
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ATELIS 4 nenhum
SALA MULTIUSO 1 nenhuma
VAGAS PARA E.I.
(CEI) 300 150
Tabela 1 - Comparativo entre dois grupos de CEUs quanto capacidade e estrutura
Alm dos cortes na construo, o projeto arquitetnico tambm sofreu algumas
alteraes; no primeiro grupo, os prdios eram formados em blocos, o Bloco Educacional
que continha o prdio da escola regular, com trs pavimentos (no primeiro pavimento fica
o CEI Centro de Educao Infantil (creche) e a biblioteca; o segundo pavimento est
dividido entre o Ensino Fundamental, a Educao Infantil (Pr escola) e o Telecentro; no
terceiro pavimento h as salas de aula do Ensino Fundamental e da Educao Infantil (Pr-
escola). Ainda nesse primeiro grupo tem outro prdio chamado de Redondo, que foi
projetado para receber as crianas do berrio do CEI; entretanto, pela impossibilidade de
acesso dos bebs ao segundo andar desse prdio, em alguns CEUs esse prdio o Redondo
ficou para ser utilizado apenas pelas crianas maiores da creche.
Outro prdio do grupo 1 o Bloco Esportivo e Cultural que contempla o Teatro,
atelis, sala multiuso, quadra coberta e administrao da Gesto; as piscinas e quadras de
esportes esto localizadas ao largo do terreno.
Veja a seguir foto area de um CEU do grupo 1.
BLOCO
EDUCACIONAL REDONDO
BLOCO
ESPORTIVO E
CULTURAL
REA DE
LAZER
(piscinas e
quadras)
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Figura 3 Vista area do CEU Casa Blanca
As caractersticas do CEU do grupo dois so um pouco diferentes. Esse
equipamento teve uma mudana em seu projeto arquitetnico, como j foi dito, muito em
funo da reduo de custos e um pouco devido a pesquisas feitas com os CEUs do grupo
anterior. As mudanas mais significativas foram: no primeiro grupo o Bloco Educacional
era um prdio nico com as trs modalidades de ensino juntas (Creche, Pr Escola e
Ensino Fundamental) j para o segundo grupo, os blocos foram separados em dois, um
prdio para a Educao Infantil (Creche e Pr Escola) e outro prdio para o Ensino
Fundamental, o prdio Redondo foi mantido, mas agora com outra utilidade,
comportando o refeitrio do Ensino Fundamental no trreo, e no primeiro andar o
Telecentro e a Biblioteca.
O prdio da administrao ficou separado dos demais com dois pavimentos. Para a
rea de cultura e esportes foi criado um bloco diferente, chamado de Bloco Esportivo e
Cultural, tambm conhecido por BEC, que comporta as quadras poliesportivas cobertas e o
Teatro no trreo e no primeiro pavimento uma rea aberta destinada s atividades de
qualquer tipo.
BEC BLOCO
ESPORTIVO E
CULTURAL
BLOCO DA EMEF
Escola Municipal
PISCINAS
BLOCO DA EMEI (Escola Municipal de Educao Infantil)
E DO CEI (Centro de Educao Infantil)
QUADRAS
POLIESPORTIVAS
REFEITORIO,
TELECENTRO E
BIBLIOTECA
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Figura 4 Vista area do CEU Feitio da Vila
Os CEUs foram construdos nas regies mais carentes da cidade de So Paulo como
mostra a figura do mapa abaixo. Os pontos em vermelho indicam onde esto localizados os
45 CEUs de So Paulo. Geralmente so comunidades carentes perifricas da capital
paulista onde os servios sociais bsicos como sade, educao, lazer, cultura e educao
so precrios. Para suprir esses dficits muitos eventos artsticos e esportivos so
desenvolvidos, organizados ou sediados nessas unidades, tentando assim atingir o objetivo
de levar tais servios periferia.
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Figura 5 Mapa de localizao dos 45 CEUs de So Paulo
Os CEUs so viveiros, organizadores e sede de muitos projetos culturais e
esportivos, visto que tem um teatro equipado com aparelhos de som e luz, quadras cobertas
e descobertas com equipamentos esportivos, piscinas e vestirios, alm de outros espaos
comuns como sala multiuso, Biblioteca e Telecentro. So tantos eventos e projetos que as
agendas vivem sempre lotadas.
Dentre esses eventos e projetos vale destacar o Teatro Vocacional, o qual foi
implantado pela Secretaria de Cultura em 2005 e tem como pilar aes que privilegiam um
encontro real entre cultura e educao.
Esse projeto disponibiliza artistas orientadores de diversas linguagens artsticas, em
mais de cem equipamentos espalhados pela cidade de So Paulo, com a finalidade de dar
suporte a grupos amadores e formao de grupos, com o propsito de promover prticas
artsticas imbudas de reflexo. O cidado chamado a agir e pensar sobre seu papel como
artista e como participante de sua comunidade, de forma autnoma.
O pblico alvo do Teatro Vocacional so as pessoas com mais de catorze anos que
tenham interesse em ingressar ou aprimorar-se nas prticas artsticas, tais como teatro,
msica e dana.
Outro projeto que acontece em alguns CEUs o GURI, o qual tem por objetivo
ofertar educao musical e incluso sociocultural para crianas e adolescentes de regies
perifricas da cidade de So Paulo, programa lanado em 2008, sendo gerido pela Secretaria
de Estado da Cultura de So Paulo e pela Santa Marcelina Organizao Social de Cultura.
Entretanto, somente em alguns CEUs o projeto est presente. No caso dos CEUs estudados,
somente o CEU Casablanca conta com essa atividade.
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Existe um grande nmero de eventos esportivos, seja de campeonatos de futebol,
basquete, vlei, natao ou outros, tendo em vista que os alunos ou jovens moradores das
redondezas reservam as quadras ou o CEU sedia ou organiza muitos desses campeonatos.
Os eventos realizados no Teatro so planejados de forma que possam contemplar os
projetos desenvolvidos na instituio; so previamente agendados para que se possa fazer a
devida divulgao e logstica. Seu uso livre para que a comunidade possa expressar suas
formas de cultura. Os usurios so orientados a respeitar todas as normas de comportamento
constantes em seu Regimento que deve ser construdo pela comunidade e adotado no CEU.
Grupos de dana e teatro da regio so autorizados a ensaiar nos finais de semana, no
teatro, no BEC ou sala multiuso, sendo que o responsvel pelo grupo deve trazer a relao
de integrantes com os respectivos RGs e telefones.
Grupos independentes de dana, msica e teatro agendam o espao para apresentao
gratuita com antecedncia de pelo menos um ms, para ser providenciada a divulgao, que
realizada pelos grupos e pelos colaboradores do CEU.
A Secretaria Municipal de Educao concede ao CEU a escolha de dois espetculos
mensais, que so escolhidos pela equipe gestora do equipamento. Esta ltima entra em
contato com os grupos para verificar a disponibilidade de agenda e ento envia para a
Secretaria o nome das peas e o referido agendamento. Aps a exibio do espetculo,
encaminha-se o atestado a contento para a Secretaria Municipal de Educao para que seja
providenciado o pagamento dos grupos. Os espetculos so escolhidos tendo como tema o
Projeto Pedaggico do CEU e as sesses so planejadas para dois pblicos distintos: interno
(escolas) e externo (comunidade e escolas do entorno).
2. DOIS CEUS E SUAS TRAJETRIAS
Para um melhor acompanhamento da pesquisa, passaremos a descrever os dois CEUS
que foram nosso objeto de estudo, o CEU Feitio da Vila localizado no Parque
Independncia, distrito do Jardim ngela e o CEU Casablanca, no bairro do Jardim So
Luiz, distrito de mesmo nome.
Buscar-se- mapear as trajetrias dessas duas unidades oferecendo subsdio para a
anlise terica a ser realizada no captulo seguinte.
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2.1. CEU FEITIO DA VILA
Teve seu nascimento em 21 de dezembro de 2006, por meio do decreto 48.028, que
disps sobre sua criao e denominao, mas em 30 de janeiro de 2008, com a lei n 14.681,
teve seu nome alterado para CEU Feitio da Vila Deputado Jos Freitas Nobre.
Veja na figura a seguir o mapa da capital paulista apontando a regio onde se localiza
geograficamente esse CEU. O distrito onde est situado esse CEU o Jardim ngela que
apresenta um alto ndice de violncia e j foi considerado pela Organizao das Naes
Unidas como o mais violento do mundo, entretanto essa realidade vem sendo alterada por
uma forte atuao das lideranas locais, entre elas o Padre Jaime e a Sociedade Santos
Mrtires.
CEU FEITIO DA VILA
Figura 6 - Mapa de localizao do CEU Feitio da Vila
Fonte: http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/ Acesso em 12/10/13
http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/
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39
FEITIO, UM NOME QUE CAUSA ESTRANHEZA
Feitio da Vila o nome da rua em que o CEU est situado.
Quando a Prefeitura de So Paulo inicia uma construo, nomeia temporariamente a
obra de acordo com o endereo em que ela est situada, para facilitar sua identificao,
deixando que a populao, mais tarde, valide esse nome ou o modifique.
No caso do CEU Feitio da Vila, as pessoas que desconheciam tratar-se do nome da
rua estranhavam essa denominao, e os prprios moradores do entorno no gostavam do
ttulo, por ligarem-no feitiaria.
Foi necessrio fazer-se tambm um resgate do significado do nome Feitio da Vila
para que a populao pudesse entender e apropriar-se melhor desse nome potico.
Durante a pesquisa, verificou-se que, alm de ser o nome da rua em que o CEU est
localizado, a expresso Feitio da Vila refere-se a uma de msica de Noel Rosa, em parceria
com Osvaldo de Almeida Gogliano (mais conhecido como Vadico), que foi escrita para
homenagear o bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, lugar muito apreciado pelo
compositor: diz letra da cano: L em Vila Isabel quem bacharel/ No tem medo de bamba/
So Paulo d caf, Minas d leite/ E a Vila Isabel d samba./ A Vila tem feitio sem farofa.../.2
Noel Rosa amou Vila Isabel, o bairro onde nasceu, viveu e morreu, por isso comps
esse clssico, em dezembro de 1934, em meio ao repertrio carnavalesco, para homenagear
seu bairro. A cano foi dedicada a Lela Casatle, uma beldade de l, ento eleita Rainha da
Primavera.
2 Fonte: retirado do site: letras.mus.br
http://cifrantiga3.blogspot.com/2006/04/noel-rosa.html
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Segundo pesquisas feitas pela UNASP - Centro Universitrio Adventista de So
Paulo3, o CEU Feitio da Vila pertence ao bairro do Parque Independncia bairro onde
esto presentes grandes contrastes sociais e amplamente conhecido como uma regio
muito violenta.
Por volta de 1912, pessoas (principalmente caadores) que moravam em regies mais
centrais da cidade, como no bairro que hoje conhecido como Bela Vista (ou Bixiga),
localizado a dezessete quilmetros do Capo Redondo, faziam excurses para Santo Amaro
e regio para desfrutar da natureza sem poluio, das guas limpas dos crregos, dos
pssaros e dos animais, durante esses passeios subiam as colinas para visualizar e escolher
locais para montar acampamento e l descansar, caar e pescar.
A caa era realizada com frequncia e esses aventureiros observaram que os terrenos
possuam uma mata arredondada e ento deram regio o nome Capo - mata virgem - e
Redondo arredondado, o bairro at ento tinha o nome indgena de Guavirituba.
A regio, coberta de grande quantidade de mata nativa, tinha acessos ruins e estradas
acidentadas, nas quais se trafegava com carroas. O ar era saudvel e seco, com paisagens
suaves e colinas cobertas por florestas. Havia muitas fazendas utilizadas para criao de
gado, cabritos, aves etc.
Em 1930, nas imediaes do atual Jardim Jangadeiro, notava-se a presena de
lavouras com plantaes de batatas e depois grandes pomares, nos quais havia ps de caqui,
mexericas, castanhas, peras e outras frutas. Havia tambm muitos ps de eucaliptos. No
havia luz, gua encanada, asfalto e nem esgoto ( a energia eltrica s chegou em 1968, ao
mesmo tempo em que ocorreu o loteamento dos terrenos). A partir de 1950, esses pomares
passaram a ser substitudos pelas olarias.
Atualmente, o bairro formado por muitas lojas comerciais, supermercados, bares,
escolas, bancos e igrejas, mas enfrenta grandes problemas como o de moradia, pois existem
muitas favelas e crregos poludos na regio e tambm amplamente conhecido pela
violncia.
3 A UNASP uma universidade adventista localizada no bairro do Capo Redondo, prximo ao CEU Feitio da Vila e detm muito material sobre o bairro, desde os seus primordios.
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41
A configurao geogrfica do entorno do CEU Feitio da Vila muito diversificada,
ainda existindo no local uma rea remanescente de mata atlntica e algumas espcies
nativas, frutferas e outras. Embora haja algumas dessas espcies dentro do CEU, o entorno
foi afetado pelo crescimento desenfreado e sem infraestrutura urbana adequada e suficiente
(coleta de lixo, rede de esgotos etc.).
Alm disso, o bairro tem muitos problemas com o entulho que jogado dentro dos
crregos prximos, principalmente o crrego Feitio, o qual, a parte que cruza o CEU
Feitio da Vila, est canalizada, mas, logo no trmino dos muros da instituio, torna-se
novamente um esgoto a cu aberto, o que, em tempos de chuvas fortes, motivo de
enchentes e alagamentos nas casas vizinhas. Dentro dos espaos do CEU h, por esse
motivo, infestao de ratos e outros roedores, alm do mosquito da dengue, que libera suas
larvas nas poas de gua existentes no parque linear, fronteirio com os muros do CEU.
Alm dessas questes ambientais, a populao do entorno muito carente do ponto
de vista socioeconmico, sendo ela em sua grande maioria composta de pessoas
pertencentes s classes C e D, o que foi detectado em questionrio realizado no incio das
atividades do CEU.
Esses indivduos trabalham em atividades informais ou em empregos na rea de
prestao de servios (limpeza, segurana, comrcio etc.). Portanto, tm uma renda muita
baixa, no apresentando, assim, condies de oferecer a seus filhos quase nenhuma opo de
esporte, lazer e cultura. Muitas das crianas, jovens ou adultos dessa comunidade jamais
frequentaram cinema, teatro, praticaram alguma modalidade esportiva ou tiveram
oportunidade de utilizar uma piscina.
Tambm contribui para o agravamento dessa situao o fato de que as famlias da
regio so bastante numerosas, embora o ndice de natalidade tenha diminudo no Brasil, de
acordo com a ltima pesquisa do IBGE4.
Os problemas do entorno do CEU Feitio da Vila so muito semelhantes aos do
entorno dos demais CEUs, que geralmente so construdos nas periferias da cidade, em reas
pobres de recursos econmicos, sociais ou de infraestrutura urbana. A criao desses
4 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
-
42
equipamentos nessas regies carentes veio ao encontro das necessidades da populao, pois
eles trouxeram para esses locais polos de desenvolvimento riqussimos no que diz respeito
educao, ao lazer, ao esporte e cultura, alm de outros ganhos, como o desenvolvimento
sustentvel.
O decreto de criao dos CEUs (publicado no Dirio Oficial do Municpio de So
Paulo) descreve os espaos integrantes desses equipamentos. O CEU Feitio da Vila no
possui alguns deles (pista de skate e padaria-escola). Os espaos que o CEU Feitio da Vila
possui so: o CEI - Centro de Educao Infantil; a EMEI - Escola de Educao Infantil; a
EMEF Escola de Ensino Fundamental; o BEC - Bloco Esportivo e Cultural - que contm:
teatro, quadra e reas abertas dentro do complexo (pisos trreo e superior), onde sero
construdas salas de ginstica, dana e ateli; as piscinas (grande, mdia e pequena); a
biblioteca; o Telecentro e o teatro.
As unidades escolares possuem as mesmas estruturas das demais escolas da Rede
Municipal de Ensino de So Paulo, inclusive com a instalao de sala de leitura ou espaos
de leitura e laboratrio de informtica educativa. So elas: o Centro de Educao Infantil -
CEI; a Escola Municipal de Educao Infantil EMEI e a Escola Municipal de Ensino
Fundamental - EMEF.
As funes do quadro de funcionrios que compem as unidades educacionais do
CEU so as mesmas das existentes na estrutura da Rede Municipal de Ensino de So Paulo,
inclusive as dos professores orientadores de sala de leitura - POSL - e dos professores
orientadores de informtica educativa - POIE. Essas unidades so regidas pela mesma
legislao e orientam-se, de forma geral, pelos mesmos planos, diretrizes e polticas pblicas
que as outras unidades da Rede Municipal de Ensino da cidade, atentando para as
especificidades de sua atuao no CEU, em seus projetos, programas e aes.
As unidades educacionais constituem unidades administrativas autnomas,
subordinando-se Secretaria Municipal de Educao e integrando-se, dos pontos de vista
operacional e pedaggica, estrutura organizacional do CEU Feitio da Vila, na promoo
da multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, em parcerias com os Ncleos Educacional,
Cultural, de Esporte e Lazer, as Unidades Especiais e os Equipamentos e Espaos.
-
43
Os Ncleos de Ao Educacional, Cultural e de Esporte e Lazer so unidades que se
reportam ao Gestor do CEU (seguidas as orientaes tcnicas da Secretaria Municipal de
Educao e da Diretoria Regional de Educao) e articulam-se entre si e com as unidades
educacionais para planejamento, desenvolvimento, implantao, execuo e avaliao de
projetos internos e externos.
Para entender melhor a estrutura organizacional dos CEUS, passaremos a seguir a
uma breve apresentao desses ncleos.
O Ncleo de Ao Educacional tem por competncias: promover a ao pedaggica
conjunta dos profissionais envolvidos na elaborao do projeto educacional anual; planejar,
acompanhar e avaliar a elaborao dos projetos internos e externos; expor a concepo e
promover a execuo educacional das aes desenvolvidas, incluindo aquelas sob a
responsabilidade dos demais ncleos, unidades educacionais, unidades especiais e
equipamentos e espaos.
Esse ncleo composto por um Coordenador do Ncleo de Ao Educacional, um
Coordenador de Projetos Educacionais Internos e um Coordenador de Projetos Educacionais
Externos.
Alm das atribuies do Ncleo de Ao Educacional, j citadas tambm est
includo o acompanhamento dos projetos ligados diretamente s escolas pertencentes ao
equipamento, especialmente o programa So Paulo uma Escola, cujo objetivo oferecer
s crianas que estudam nas unidades educacionais do CEU ou a crianas da Rede
Municipal que estejam em situao de risco, atividades extracurriculares.
O programa conta com o trabalho de oficineiros que so ligados s ONGs
(Organizaes No-Governamentais) contratadas pela Secretaria Municipal de Educao
para atender aos alunos das escolas inseridas no CEU, especialmente aqueles da EMEI e da
EMEF. Esses alunos permanecem antes ou depois do seu horrio de aula (pr ou ps-aula),
para participarem de atividades diferenciadas. Os oficineiros ministram diversas atividades:
jud, msica, street dance, oficina de esportes, jogos cooperativos, artes circenses, artes
cnicas etc., sendo que essas modalidades podem mudar a cada ano.
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44
J o Ncleo de Esporte e Lazer tem como competncias: promover aes esportivas e
de lazer conjuntas dos profissionais do CEU envolvidos na elaborao do projeto
educacional anual; planejar, acompanhar e avaliar a elaborao dos projetos internos e
externos, assim como promover a concepo e execuo de esporte e lazer das aes
desenvolvidas no CEU, incluindo aquelas sob a responsabilidade dos demais ncleos,
unidades educacionais, unidades especiais e espaos.
O Ncleo de Esporte e Lazer composto por um Coordenador do Ncleo de Esporte
e Lazer, um Coordenador de Projetos de Esporte e Lazer Internos, um Coordenador de
Projetos de Esporte e Lazer Externos, Especialistas em Atividades Esportivas, bem como
por outros funcionrios, colaboradores, voluntrios, esportistas ou profissionais de Ncleos,
Unidades Especiais, Equipamentos ou Espaos do CEU, de escolas da regio ou de qualquer
outra instituio pblica, privada ou da sociedade civil, formalmente destacados ou
designados para atuar em projetos do Ncleo.
O Ncleo de Ao Cultural, por sua vez, promove a ao cultural conjunta dos
profissionais do CEU envolvidos na elaborao do projeto educacional anual, planeja,
acompanha e avalia a elaborao dos projetos internos e externos, expe a concepo e
promove a execuo cultural das aes desenvolvidas, incluindo aquelas sob a
responsabilidade dos demais ncleos, unidades educacionais, unidades especiais e
equipamentos e espaos.
O Ncleo de Ao Cultural composto por um Coordenador do Ncleo de Ao
Cultural, um Coordenador de Projetos Culturais Internos, um Coordenador de Projetos
Culturais Externos, um Coordenador de Projetos da Biblioteca, alm de outros funcionrios,
colaboradores, produtores culturais e artsticos, arte-educadores ou profissionais do Ncleo,
Unidades Especiais, Equipamentos ou Espaos do CEU Feitio da Vila, de escolas da regio
ou outra instituio pblica ou privada ou da sociedade civil, formalmente destacados ou
designados para atuar em atividades e projetos do Ncleo.
2.1.1 CARACTERIZAO DO USURIO DO CEU FEITIO DA VILA
Foram entrevistadas aproximadamente 50 pessoas com idades entre 7 e 70 anos, dos
dois CEUS, objetos de estudo dessa pesquisa, o CEU Feitio da Vila e o CEU Casablanca,
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45
inicialmente vamos apresentar os dados obtidos dos frequentadores do CEU Feitio, na
sequencia sero apresentados os dados do CEU Casablanca.
O questionrio aplicado continha as seguintes perguntas:
Qual sua idade?
Qual seu sexo?
Estudou at que srie?
Trabalha em qu?
Qual cidade nasceu?
Qual sua religio?
Quantas vezes por semana vai igreja ou instituio religiosa?
Quanto tempo mora no bairro?
Quais so as atividades de lazer nos finais de semana?
Gosta de ler, o qu?
Costuma acompanhar as notcias? Quais programas de televiso assiste?
Qual atividade frequenta no CEU?
Quantas vezes frequenta o CEU por semana?
A primeira informao obtida foi sobre a faixa etria, sendo que a porcentagem
maior (19%) desses frequentadores so de jovens na faixa de 14 a 18 anos, como se pode
perceber no grfico a seguir.
Grfico 1 - Faixa etria CEU Feitio da Vila
IDADE; 14 ANOS ; 1904ral
IDADE; 15 ANOS; 1904ral IDADE; 16 ANOS;
1904ral
IDADE; 17 ANOS; 1904ral
IDADE; 18 ANOS; 1904ral
IDADE; 20 ANOS; 1904ral IDADE; 21 ANOS;
1904ral
IDADE; 22 ANOS; 1904ral IDADE; 23 ANOS;
1904ral IDADE; 24 ANOS;
1904ral IDADE; 27 ANOS;
1904ral IDADE; 28 ANOS;
1904ral
IDADE; 30 ANOS; 1904ral IDADE; 34 ANOS;
1904ral IDADE; 53 ANOS;
1904ral IDADE; 59 ANOS;
1904ral IDADE; 60 ANOS;
1904ral
IDADE; 62 ANOS; 1904ral IDADE; 63 ANOS;
1904ral IDADE; 72 ANOS;
1904ral
14 ANOS
15 ANOS
16 ANOS
17 ANOS
18 ANOS
20 ANOS
21 ANOS
22 ANOS
23 ANOS
24 ANOS
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46
A prxima pergunta dizia respeito ao gnero, a frequncia entre homens e mulheres est
quase equilibrada com 53% do sexo feminino e 47% do sexo masculino, havendo uma
discreta diferena para o gnero feminino, veja no grfico a seguir.
Grfico 2 - Gnero CEU Feitio Da Vila
A pergunta seguinte foi sobre o nvel de escolaridade, tendo uma porcentagem maior de
pessoas com Ensino Mdio (70%) isto demonstra que, a maioria, so jovens que esto ainda
em idade escolar, mas com possibilidade de j poder ingressar no mercado de trabalho
devido faixa etria. Os outros 24% dos usurios esto no Ensino Fundamental II, 4% no
Ensino Fundamental I e somente 2% esto no Ensino Superior.
preciso considerar que esse questionrio foi feito apenas com usurios do CEU e
no englobou os alunos que pertencem escola regular que ali se encontra. Pois se o
questionrio houvesse entrevistado essa parcela de usurios da EMEF o resultado seria
muito diferente, visto que a EMEF5 tem, hoje cerca de 1200 alunos de 6 a 14 anos
frequentando o Ensino Fundamental; no entanto nem todos eles participam das atividades
ofertadas pelo CEU.
5 EMEF Escola Municipal de Ensino Fundamental
SEXO; MASCULINO;
1904ral; 47%
SEXO; FEMININO;
1904ral; 53%
-
47
Grfico 3 - Escolaridade - CEU Feitio da Vila
Quanto ao trabalho, a maioria se apresenta como desempregado (32 entrevistados
dos 53, entretanto possvel perceber que a maioria tem alguma atividade, apesar de no
considerarem essa atividade como emprego, visto que muitas das vezes so pequenos
trabalhos sem vnculo empregatcio, chamado popularmente de bico.
Grfico 4 - Ocupao- CEU Feitio da Vila
A cidade de nascimento desses frequentadores teve um percentual muito maior de
pessoas naturais de So Paulo, em segundo lugar vem a Bahia e na sequncia, os outros
Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste brasileiros.
ESTUDOU ATE QUE
SERIE; FUNDAMEN
TAL I;
ESTUDOU ATE QUE
SERIE; FUNDAMEN
TAL II;
ESTUDOU ATE QUE
SERIE; MDIO;
1904ral;
ESTUDOU ATE QUE
SERIE; SUPERIOR ; 1904ral; 2%
FUNDAMENTAL I FUNDAMENTAL II
MDIO SUPERIOR
Srie1; TELEMARKETING;
1904ral
Srie1; NO TRABALHA;
1904ral
Srie1; BUFFET; 1904ral
Srie1; JOGADOR DE FUTSAL;
1904ral
Srie1; SALO DE CABELEREIRO;
1904ral
Srie1; ESCRITRIO;
1904ral Srie1; COMRCIO;
1904ral Srie1; DANA;
1904ral
Srie1; TRANSPORTADOR
A; 1904ral
Srie1; EMPRESA PROD. NATURAIS;
1904ral
Srie1; EMPRESA PO DE QUEIJO;
1904ral
Srie1; EMPRESA DE LIMPEZA;
1904ral Srie1; CORREIOS;
1904ral
Srie1; CONSTRUO CIVIL; 1904ral
Srie1; APOSENTADO;
1904ral Srie1; COZINHA;
1904ral Srie1; ESCOLA;
1904ral Srie1; FBRICA;
1904ral
-
48
Grfico 5 - Naturalidade - CEU Feitio da Vila
A religio, como era de esperar, a maioria se apresenta como Catlico, quanto
frequncia que vai igreja ou ao culto de uma vez por semana, como mostram os grficos
6 e 7 que indicam a orientao religiosa e a periodicidade das visitas.
Grfico 6 - Religio CEU Feitio da Vila
SO PAULO
BAHIA Srie1;
PARANA; 1904ral; 2%
Srie1; SERGIPE;
1904ral; 2%
Srie1; BRASLIA;
1904ral; 2%
Srie1; PARABA;
1904ral; 2%
Srie1; PIAUI; 1904ral; 4%
Srie1; MINAS
GERAIS; 1904ral;
5%
Srie1; MATO
GROSSO DO SUL; 1904ral;
2%
Srie1; ALAGOAS;
1904ral; 2%
Srie1; NO INFORMADO;
1904ral Srie1; ATEU; 1904ral
Srie1; CATLICO;
1904ral
Srie1; EVANGLIGO;
1904ral Srie1; NENHUMA;
1904ral
Srie1; AGNSTICO;
1904ral
Srie1; ADVENTISTA;
1904ral
Srie1; CRISTO; 1904ral
Srie1; EVANGLICO
PROTESTANTE; 1904ral
-
49
Grfico 7 Frequncia Instituio Religiosa - CEU Feitio da Vila
Quanto ao tempo de moradia no bairro, pode-se perceber que no um bairro de
passagem, onde as pessoas ficam pouco tempo e depois se mudam para outros locais, a
grande maioria 48% mora h mais de 15 anos no bairro.
Grfico 8 - Tempo de moradia no bairro- CEU Feitio da Vila
Srie1; 4 VEZES ; 1904ral
Srie1; 2 VEZES; 1904ral
Srie1; 3 VEZES; 1904ral
Srie1; 1 VEZES; 1904ral
Srie1; NENHUMA ;
1904ral Srie1; NO
INFORMADO; 1904ral
Srie1; Entre 0 e 5 anos; 1904ral; 21%
Srie1; Entre 6 e 10 anos; 1904ral; 9%
Srie1; Entre 11 e 15 anos; 1904ral; 25%
Srie1; Entre 16 e 20 anos; 1904ral; 23%
Srie1; Entre 21 e 25 anos; 1904ral; 6%
Srie1; Entre 26 e 30 anos; 1904ral; 8%
Srie1; Entre 31 e 35 anos; 1904ral; 2%
Srie1; Entre 36 e 40 anos; 1904ral; 4%
Srie1; Entre 41 e 45 anos; 1904ral; 2%
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50
As atividades de lazer aos finais de semana so diversificadas, entretanto algumas
atividades tm maior destaque, como demonstra o grfico 10 abaixo: dana, futebol e teatro.
Grfico 9 Quantidade de usurios por atividades de lazer aos finais de semana CEU Feitio
da Vila
Tambm foi perguntado se gostam de ler, sendo que 46 entrevistados dos 53,
disseram que gostam e somente 7 disseram que no. Quando perguntados sobre o tipo de
leitura, os maiores interesses esto entre romance e gibi, os demais tipos de literatura so
muito variados, desde a Bblia at biografia. Apesar de ter um grande nmero de
evanglicos, a Bblia no aparece com uma porcentagem grande de leituras, ficando apenas
com 4% da preferncia.
Grfico 10 Tipos de leitura por usurio - CEU Feitio da Vila
Srie1; DANAR; 1904ral
Srie1; IR AO CEU; 1904ral
Srie1; FUTEBOL; 1904ral
Srie1; INTERNET; 1904ral
Srie1; FICAR EM CASA; 1904ral
Srie1; ESTAR COM OS AMIGOS;
1904ral Srie1; ESTUDA; 1904ral
Srie1; ALONGAMENTO;
1904ral Srie1; NAMORA;
1904ral
Srie1; TEATRO ; 1904ral
Srie1; TELEVISO;
1904ral Srie1; SHOPPING;
1904ral
Srie1; ESTAR COM A FAMLIA;
1904ral
Srie1; NENHUMA; 1904ral Srie1; CANTA;
1904ral
Srie1; GINSTICA;
1904ral
Srie1; PISCINA; 1904ral
Srie1; TELECENTRO;
1904ral Srie1; AULA DE VIOLO; 1904ral
Srie1; IR A IGREJA; 1904ral
Srie1; CAMINHADA;
1904ral Srie1; VOLEI; 1904ral
Srie1; LIMPAR A CASA; 1904ral
Srie1; MENSAGENS; 1904ral; 2%
Srie1; JORNAL; 1904ral;
7%
Srie1; FICO
; 1904ra
l; 4%
Srie1; SUSPENSE;
1904ral; 2%
Srie1; ESPRITA;
1904ral; 2%
Srie1; AUTO-AJUDA; 1904ral;
4%
Srie1; TODOS OS GNEROS; 1904ral;
11%
Srie1; ROMANCE;
1904ral; 13%
Srie1; PIADAS; 1904ral; 2%
Srie1; FBULAS;
1904ral; 2% Srie1; TERROR;
1904ral; 4%
Srie1; GIBI; 1904ral; 15% Srie1;
REVISTA; 1904ral; 6%
Srie1; AVENTURA; 1904ral; 9%
Srie1; BBLIA; 1904ral; 4%
Srie1; BIOGRAFIA; 1904ral; 2%
Srie1; COMDIA;
1904ral; 4%
Srie1; LITERATURA; 1904ral; 6%
Srie1; AO; 1904ral; 4%
-
51
Alm desses usurios se apresentarem como leitores, tambm grande parte deles se
coloca como expectador das notcias, sendo que 54% das pessoas entrevistadas dizem
acompanhar as notcias, em que apenas 11% delas disseram que no as acompanham. Dentre
os programas mais vistos esto em primeiro lugar o entretenimento e o jornal, seguidos pela
novela. Acompanhe nos grficos 12 e 13 a seguir a apresentao desses dados.
Grfico 11 Costuma acompanhar as notcias - CEU Feitio da Vila
Grfico 12 Assiste a quais programas de televiso - CEU Feitio da Vila
A pesquisa sobre o perfil dos usurios dos CEUs, em especial os frequentadores do
CEU Feitio da Vila demonstrou que so pessoas que moram no bairro j h algum tempo,
portanto o bairro no tem caracterstica de ser de passagem ou dormitrio, so em sua
maioria naturais de So Paulo, jovens e do sexo feminino.
COSTUMA ACOMPANHAR NOTCIAS; SIM; 1904ral;
54%
COSTUMA ACOMPANHAR NOTCIAS;
NO; 1904ral; 11%
COSTUMA ACOMPANHAR NOTCIAS;
AS VEZES; 1904ral; 35%
SIM
NO
AS VEZES
QUAIS PROGRAMAS
DE TELEVISO
ASSITE?; DOCUMENTRIO; 1904ral
QUAIS PROGRAMAS
DE TELEVISO
ASSITE?; ENTRETENI
MENTO;
QUAIS PROGRAMAS
DE TELEVISO
ASSITE?; ESPORTE;
1904ral
QUAIS PROGRAMAS
DE TELEVISO
ASSITE?; FILME; 1904ral
QUAIS PROGRAMAS
DE TELEVISO
ASSITE?; JORNAL; 1904ral
QUAIS PROGRAMAS
DE TELEVISO
ASSITE?; NO ASSITE; 1904ral
QUAIS PROGRAMAS
DE TELEVISO
ASSITE?; NOVELA; 1904ral
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52
Para finalizar essa seo, a seguir so apresentadas fotos de alguns espaos do CEU
Feitio da Vila.
Figura 7 - Prdio da Gesto CEU Feitio da Vila
Figura 8 - Vista parcial da quadra externa e Refeitrio CEU Feitio da Vila
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53
Figura 9 - Ginsio de esportes coberto CEU Feitio da Vila
Figura 10 - Vista parcial do prdio da EMEF - CEU Feitio da Vila
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54
Figura 11 Biblioteca CEU Feitio da Vila
Figura 12 - Vista parcial das piscinas CEU Feitio da Vila
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55
3.1 CEU CASA BLANCA
O CEU Casa Blanca teve seu nascimento em 16 de setembro de 2003, por meio do
decreto 43802, que disps sobre sua criao e denominao, mas em 12 de fevereiro de
2008, com a lei n 14.692, teve seu nome alterado para CEU Casa Blanca - Professor Slon
Borges dos Reis.
Veja na figura abaixo o mapa da capital paulista apontando a regio onde se localiza
geograficamente esse CEU.
Figura 13 Mapa de localizao do CEU Casa Blanca
CEU CASA BLANCA
Fonte: http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/ - Acesso em 12/10/13
http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/
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56
Esse CEU pertence regio administrativa da Subprefeitura de MBoi Mirim, a
qual est dividida em dois distritos: Jardim So Lus e Jardim ngela. Como no bairro onde
est localizado o CEU Feitio da Vila, neste tambm se encontram vrios problemas comuns
periferia: ocupao desordenada, violncia, loteamentos clandestinos e favelas.
Segundo o site Infocidade a populao do Jardim So Lus em 2010 era de
aproximadamente 260.000 pessoas, veja grfico do crescimento da populao desse dist
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