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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE TREONINA E TRIPTOFANO PARA
CODORNAS JAPONESAS E GALINHAS POEDEIRAS LEVES EM POSTURA
MATHEUS RAMALHO DE LIMA
AREIA – PB
Fevereiro - 2012
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE TREONINA E TRIPTOFANO PARA
CODORNAS JAPONESAS E GALINHAS POEDEIRAS LEVES EM POSTURA
MATHEUS RAMALHO DE LIMA
AREIA – PB
Fevereiro - 2012
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MATHEUS RAMALHO DE LIMA
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE TREONINA E TRIPTOFANO PARA
CODORNAS JAPONESAS E GALINHAS POEDEIRAS LEVES EM POSTURA
Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado
em Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba, do
qual participa a Universidade Federal de Pernambuco e a
Universidade Federal do Ceará, como requisito para
obtenção do título de Doutor em Zootecnia
Área de concentração: Nutrição Animal
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa – Orientador Principal
Prof. Dr. José Humberto Vilar da Silva – UFPB – Segundo Orientador
Prof. Dr. Carlos Bôa-Viagem Rabello – UFRPE – Terceiro Orientador
AREIA - PB
Fevereiro - 2012
4
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
L732e Lima, Matheus, Ramalho de.
Exigências nutricionais de treonina e triptofano para codornas japonesas e
galinhas poedeiras em postura. / Renato Lima Dantas. - Areia: UFPB/CCA,
2012.
133 f. : il.
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade
Federal da Paraíba, Areia, 2012.
Bibliografia.
Orientador(a): Fernando Guilherme Perazzo Costa.
Co-orientador(a): José Humberto Vilar da Silva e Carlos Bôa-Viagem Rabello.
1. Avicultura 2. Aves – Nutrição – Aminoácidos 3. Aves – Nutrição –
Desempenho 4. Aves – Histologia I. Costa, Fernando Guilherme Perazzo
(Orientador) II.Título.
UFPB/CCA CDU: 636.5(043.2)
5
6
À minha família!
À minha avó Eurídice Ramalho Leite
in memorian
DEDICO
7
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ter me dado o dom da vida, especialmente por ter me
dado meus pais, Jerônimo Lucena de Lima e Carmen Lúcia Ramalho de Lima! Tudo
neles me serviu e serve de exemplo a cada dia! Muito Obrigado!
Agradeço a minha esposa, Josy Karlla Pinto Rocha de Lima, pelo amor, apoio,
companhia, conselhos, tudo de bom! Agradeço profundamente, pois crescemos juntos,
e hoje formamos uma linda e abençoada família, já que além de nós dois, há o Matheus
Ramalho de Lima Filho! Obrigado!
Obrigado meu Deus pelos meus irmãos, exemplos e motivos de grande orgulho
para mim. Obrigado a minha irmã, Nadja Carolina Ramalho de Lima Viana, Professora,
e seu esposo Jefferson Alves Viana, Zootecnista, e seus filhos Jerônimo Lucena de
Lima Neto (meio irmão) e Laila Giovanna Ramalho de Lima Viana. Obrigado a meu
irmão, Rafael Bento de Lima Neto, defensor público, e seus filhos Ana Letícia Cruz
Marques de Lima e Kival Cruz Marques Neto. Obrigado! Agradeço ao meu sogro
Severino Carlos Rocha e sogra Selma Maria Gomes Pinto Rocha pelo apoio, ajuda,
conselhos, atenção... nessa jornada e em tantas outras. Obrigado!
Agradeço ao professor Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa. Pela orientação
no mestrado e doutorado, bem como com conselhos referentes a minha vida pessoal e
profissional. Agradeço por ter me dado a oportunidade de compartilhar e estar presente
em momentos importantes da vida dele, como no Prêmio Internacional Rhodimeth
Research Grant, sendo os únicos brasileiros vencedores. Da criação do GETA, do
evento do GETA (I Simpósio de Avicultura do Nordeste), da Unidade Avançada em
Pesquisas com Aves (UPA), além de contribuir com palestras e cursos importantes,
tanto nacionais como internacionais. Agradecer pelas cobranças em relação à novos
projetos de pesquisa, já que sempre acatou e me escutou, me deixando sempre o lado
bom da ciência, o APRENDIZADO. Sem dúvida não há mestrado ou doutorado que
forneça conhecimento semelhante... Muito Obrigado!
Agradeço aos meus colegas de Pós Graduação, especialmente a Wirton Peixoto
Costa, Sérgio Antônio de Normando Morais, Faviano Moreira, Sarah Gomes Pinheiro,
Rafael Barbosa de Souza, Denise Fontana Figueiredo-Lima, Francisco Helton Sá de
Lima, Humberto Cardoso, entre outros. Agradeço aos colegas que pude conviver e
trabalhar nos experimentos do GETA (Grupo de Estudos em Tecnologias Avícolas) e
pelo tempo presente do curso. Obrigado pelas ajudas aos funcionários do setor, Josa,
Ramalho e o excêntrico, Seu Chico. Agradeço ao Jadson Videres Pamplona e a todos da
República dos sem L’s, pelo apoio, conselhos e amizade!
Além disso, gostaria de agradecer de forma mais que especial, a ajuda, a
convivência, o aprendizado e a amizade aos colegas, também do GETA, Leonilson da
Silva Dantas, Lavosier Enéas Cavalcante, Robervânia Maria Correia, Ana Paula
Bernardino da Silva, Guilherme Souza Lima e José Gomes Vidal Júnior. Eles
formaram a “Equipe Ciência” e conduziram experimentos desta Tese com capacidade e
responsabilidade inquestionáveis! Muito obrigado!
Obrigado aos professores e doutores presentes nas minhas bancas de
qualificação e de defesa. Obrigado ao professor Ricardo Romão Guerra pelo aceite em
compartilhar seus conhecimentos e tempo com nossa pesquisa e com outras mais.
Obrigado!
Agradeço a Universidade Federal da Paraíba pela oportunidade, o CNPq pelo
apoio financeiro do projeto, a Ajinomoto Animal Nutrition, a Granja Planalto. Agradeço
ao PPGZ e PDIZ, bem como seus coordenadores, secretários e funcionários.
Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram com a realização
desse trabalho. Muito Obrigado!
8
BIOGRAFIA DO AUTOR
MATHEUS RAMALHO DE LIMA – Nascido em 18 de dezembro de 1984 na
cidade de Esperança - PB. Cursou o Ensino Fundamental no Educandário “Imaculada
Conceição”, hoje Educandário “Santa Vitória”, na cidade de Bananeiras - PB,
concluindo o curso em 1999. Cursou o Ensino Médio no Colégio Objetivo, na cidade de
Guarabira-PB, concluindo o curso em 2002. Em 2003, ingressou no curso de Graduação
em Ciências Agrárias na Universidade Federal da Paraíba, Campus de Bananeiras - PB,
sendo bolsista PIBIC/CNPq durante todo o curso. Em março de 2007, ingressou no
curso de Mestrado no Programa de Pós Graduação em Zootecnia da UFPB, Areia-PB,
tendo como orientador o professor PhD. Fernando Guilherme Perazzo Costa, obtendo o
título de mestre em Zootecnia no dia 12 de fevereiro de 2009. No mesmo ano, ingressou
no curso de Doutorado em Zootecnia, no Programa de Doutorado Integrado em
Zootecnia, UFPB/UFC/UFRPE, sendo orientado pelo professor PhD. Fernando
Guilherme Perazzo Costa, concluindo o doutorado em fevereiro de 2012.
9
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS 11
LISTA DE FIGURAS 14
RESUMO GERAL 17
GENERAL ABSTRACT 18
CAPÍTULO 1 19
Exigência de Triptofano de Codornas Japonesas em Postura 19
RESUMO 20
ABSTRACT 21
INTRODUÇÃO 22
MATERIAL E MÉTODOS 23
Experimento 1 – Níveis crescentes de triptofano, relação variável 23
Experimento 2– Níveis crescentes de triptofano, relação constante 24
RESULTADOS 29
Experimento 1 – Níveis crescentes de triptofano, relação variável 29
Experimento 2– Níveis crescentes de triptofano, relação constante 37
DISCUSSÃO 39
CONCLUSÃO 43
REFERÊNCIAS 44
CAPÍTULO 2 46
Exigência de Treonina de Codornas Japonesas em Postura 46
RESUMO 47
ABSTRACT 48
INTRODUÇÃO 49
MATERIAL E MÉTODOS 50
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina, relação variável 51
Experimento 2– Níveis crescentes de treonina, relação constante 53
RESULTADOS 57
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina, relação variável 57
Experimento 2– Níveis crescentes de treonina, relação constante 63
DISCUSSÃO 67
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina, relação variável 67
Experimento 2– Níveis crescentes de treonina, relação constante 72
CONCLUSÃO 74
REFERÊNCIAS 75
10
CAPÍTULO 3 79
Exigência de Triptofano Digestível de Poedeiras Leves em Postura 79
RESUMO 80
ABSTRACT 81
INTRODUÇÃO 82
MATERIAL E MÉTODOS 83
Experimento 1 – Níveis crescentes de triptofano digestível, relação variável 84
Experimento 2 – Níveis crescentes de triptofano digestível, relação constante 87
RESULTADOS 90
Experimento 1 – Níveis crescentes de triptofano digestível, relação variável 90
Experimento 2 – Níveis crescentes de triptofano digestível, relação constante 97
DISCUSSÃO 102
CONCLUSÃO 108
REFERÊNCIAS 109
CAPÍTULO 4 112
Exigência de Treonina Digestível de Poedeiras Leves em Postura 112
RESUMO 113
ABSTRACT 114
INTRODUÇÃO 115
MATERIAL E MÉTODOS 116
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina digestível, relação variável 116
Experimento 2 – Níveis crescentes de treonina digestível, relação constante 117
RESULTADOS 122
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina digestível, relação variável 122
Experimento 2 – Níveis crescentes de treonina digestível, relação constante 124
DISCUSSÃO 126
CONCLUSÃO 130
REFERÊNCIAS 131
11
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1 - Exigência de Triptofano de Codornas Japonesas em Postura
Tabela 1. Composição alimentar e química das rações experimentais........................... 25
Tabela 2. Composição alimentar e química das rações experimentais ......................... 27
Tabela 3. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO,
g), conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em
função do nível de triptofano das rações ...................................................... 29
Tabela 4. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações triptofano: lisina das rações ............................................................ 30
Tabela 5. Gravidade específica (GE, g/cm3), porcentagem de gema (PGema, %),
albúmen (PAlbúmen, %), e casca (PCasca, %), espessura da casca (ESP,
mm) em função das relações triptofano: lisina das rações ........................... 30
Tabela 6. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO,
g), conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em
função do nível de triptofano das rações ...................................................... 37
Tabela 7. Gravidade específica (GE, g/cm3), porcentagem de gema (PGema, %),
albúmen (PAlbúmen, %), e casca (PCasca, %), além da espessura da
casca (ESP, mm) em função do nível de triptofano das rações .................... 38
Tabela 8. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelos
níveis de triptofano das rações ...................................................................... 38
Capítulo 2 - Exigência de Treonina de Codornas Japonesas em Postura
Tabela 9. Composição alimentar e química das rações experimentais......................... 52
Tabela 10. Composição química e alimentar das rações experimentais......................... 54
Tabela 11. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO,
g), conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em
função das relações treonina: lisina das rações ............................................. 57
Tabela 12. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações treonina: lisina das rações ............................................................... 58
Tabela 13. Percentagem de albúmen (PAlbúmen, %), gema (PGema, %) e casca
(PCasca, %), pigmentação da gema (PIG) e gravidade específica (GE,
g/cm3) e espessura da casca dos ovos em função das relações treonina:
lisina das rações ............................................................................................ 58
12
Tabela 14. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO,
g), conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em
função dos níveis de treonina nas rações ...................................................... 63
Tabela 15. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelos
níveis de treonina das rações ........................................................................ 64
Tabela 16. Gravidade específica (GE, g/cm3), Unidades Haugh (UH), porcentagem
de albúmen (PAlbúmen, %), casca (PCasca, %) e gema (PGema,%) dos
ovos sobre os níveis de treonina ................................................................... 64
Capítulo 3 - Exigência de Triptofano Digestível de Poedeiras Leves em Postura
Tabela 17. Composição alimentar e química das rações experimentais.......................... 86
Tabela 18. Composição alimentar e química das rações experimentais......................... 88
Tabela 19. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO,
g), conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em
função das relações triptofano: lisina digestíveis ......................................... 91
Tabela 20. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações triptofano: lisina digestíveis............................................................ 91
Tabela 21. Gravidade específica (GE, g/cm3), pesos absolutos e relativos do
albúmen (Alb, g; PAlbúmen, %), casca (Casca, g; PCasca, %) e gema
(Gema, g; PGema, %) dos ovos em função das relações triptofano: lisina
digestíveis ..................................................................................................... 92
Tabela 22. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações triptofano: lisina digestíveis............................................................ 92
Tabela 23. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO,
g), conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em
função dos níveis de triptofano digestível .................................................... 97
Tabela 24. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelos
níveis de triptofano digestível ....................................................................... 98
Tabela 25. Gravidade específica (GE, g/cm3), pesos absolutos e relativos do albúmen
(Alb, g; Palb, %), casca (Casca, g; Pcasca, %) e gema (Gema, g; Pgema,
%) dos ovos em função dos níveis triptofano digestível .............................. 99
13
Capítulo 4 - Exigência de Treonina Digestível de Poedeiras Leves em Postura ..........
Tabela 26. Composição percentual e nutricional das rações experimentais .................. 118
Tabela 27. Composição percentual e nutricional das rações experimentais .................. 120
Tabela 28. Consumo de ração (CR, g/ave/dia), produção (PR, %/ave/dia), peso (PO,
g/ovo), massa (MO, g/ave/dia), conversão em massa (CMO, kg/kg) e em
dúzia (CDZ, kg/12) de ovos em função das relações treonina: lisina
digestíveis ................................................................................................... 123
Tabela 29. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações treonina: lisina digestíveis ............................................................ 124
Tabela 30. Gravidade específica (GE, g/cm3), unidades Haugh (UH), pesos relativos
do albúmen (PAlbúmen, %), casca (PCasca, %) e gema (PGema, %) e
espessura de casca (ESP, mm) de ovos em função das relações treonina:
lisina digestíveis.......................................................................................... 124
Tabela 31. Consumo de ração (CR, g/ave/dia), produção (PR, %/ave/dia), peso (PO,
g/ovo), massa (MO, g/ave/dia), conversão em massa (CMO, kg/kg) e em
dúzia (CDZ, kg/12) de ovos em função dos níveis de treonina digestível . 125
Tabela 32. Equações polinomiais das variáveis influenciadas pelos níveis de
treonina digestível ....................................................................................... 125
Tabela 33. Gravidade específica (GE, g/cm3), unidades Haugh (UH), pesos relativos
do albúmen (PAlbúmen, %), casca (PCasca, %) e gema (PGema, %) e
espessura de casca (ESP, mm) de ovos em função dos níveis de treonina
digestível ..................................................................................................... 126
Tabela 34. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelos
níveis de treonina digestível ....................................................................... 126
14
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1 - Exigência de Triptofano de Codornas Japonesas em Postura
Figura 1. Fotomicrografias de fígado de codornas japonesas com níveis crescentes de
triptofano na dieta em relação a lisina. A e B) Fígado representativo dos grupos
com 0,150 e 0,170% de triptofano na ração.. C e D) Fígado de animal do grupo
com 0,190% de triptofano. E e F) Fígado de animal do grupo com 0,210% de
triptofano. G e H) Fígado de animal do grupo com 0,230% de triptofano.
Coloração de ácido periódico de Schiff (PAS). A, C, E e G) Bar: 200 µm. B, D,
G e H) Bar: 100 µm. ________________________________________________ 32
Figura 2. Fotomicrografias de fígado de codorna japonesa do grupo com 0,230% de
triptofano na dieta (relação triptofano:lisina de 23%). Coloração de tricômio de
Masson. A) Bar: 200 µm. B) Bar: 100 µm. _______________________________ 33
Figura 3. Fotomicrografias de magnos de codornas japonesas com níveis crescentes de
triptofano na dieta em relação a lisina. A, B e C) Magno representativo de
animais dos tratamentos com 0,150 e 0,170% de triptofano na ração. (D, E e F)
Magno de animal do grupo com 0,190% de triptofano na ração. G, H e I)
Magno de animal do grupo com 0,210% de triptofano na ração. Observar a
grande atividade das glândulas do magno com grande depósito de albúmen. J, L
e M) Magno de animal do grupo com 0,230% de triptofano na ração. Glândulas
ativas com depósito de albúmen (Ponta de seta). Coloração de ácido periódico
de Schiff (PAS) (A, D, G e J). Coloração de hematoxilina-eosina (B, C, E, F, H,
I, L e M). A, D, G e J) Bar: 300 µm. B, E, H e L) Bar: 100 µm. C, F, I e M) Bar:
150 µm. __________________________________________________________ 34
Figura 4. Fotomicrografias de intestino de codornas japonesas com níveis crescentes de
triptofano na ração em relação a lisina. A e B) Intestino representativo de
animais com 0,150 e 0,170% de triptofano na ração. C e D) Intestino de animal
com 0,190% de triptofano na ração.. E e F) Intestino de animal com 0,210% de
triptofano na ração. G e H) Intestino de animal com 0,230% de triptofano na
ração.. Coloração de tricômio de Masson (A, C, E e G). Coloração de periodic
acid Schiff (PAS) (B, D, F e H). Bar: 200 µm. ____________________________ 36
Capítulo 2 - Exigência de Treonina de Codornas Japonesas em Postura
Figura 5. Fotomicrografias dos sistemas digestório e reprodutor feminino de codornas
japonesas em postura alimentadas com rações com relação treonina: lisina em
66 e 82%. (A, C, E, G e I) Codornas japonesas em postura alimentadas com
ração com relação treonina: lisina em 66% ou 0,660% de treonina. C, D, F, H e
J) Codornas japonesas em postura alimentadas com ração com relação treonina:
lisina em 82% ou 0,820% de treonina. (A, B, I e J) Coloração de hematoxilina-
eosina. (C, D, G e H) Coloração de Periodic Acid Schiff. (E e F) Coloração de
tricômio de Masson. (A, B, E e F) barra = 500 µm. (C, D, I e J) barra = 200
µm.(G e H) barra = 100 µm. __________________________________________ 60
Figura 6. Fotomicrografias do fígado de codornas em postura dos grupos com dietas
utilizando-se relação treonina: lisina de 66% (A, D e G), 82% (B, E e H) e 86%
(G, H e I). Coloração de hematoxilina-eosina (A, B e C). Coloração de tricômio
15
de Masson (D, E e F). Coloração de periodic acid Schiff (G, H e I). Barra=
200µm. ___________________________________________________________ 62
Figura 7. Peso do fígado e a relação fígado/carcaça dos diferentes tratamentos de codornas
japonesas em postura. _______________________________________________ 66
Figura 8. Fotomicrografia de fígado de codorna japonesa em postura. A) Indivíduo do
tratamento 3 apresentando esteatose avançada. B) Indivíduo representativo dos
demais grupos (1,2,4 e 5). Aumento de 200x. _____________________________ 66
Capítulo 3 - Exigência de Triptofano Digestível de Poedeiras Leves em Postura
Figura 9. Fotomicrografia de órgãos do sistema digestório e reprodutor de poedeiras
submetidas à rações com diferentes níveis de triptofano digestível. A) Intestino
de poedeira alimentada com ração contendo 0,151% de triptofano digestível. B)
Intestino de poedeira alimentada com ração contendo níveis maiores que
0,183% de triptofano digestível. C) Magno de poedeira alimentada com ração
contendo 0,151% de triptofano digestível. D) Magno de poedeira alimentada
com ração contendo níveis maiores que 0,183% de triptofano digestível. E)
Magno de poedeira alimentada com ração contendo 0,151% de triptofano
digestível. F) Magno de poedeira alimentada com ração contendo níveis
maiores que 0,183% de triptofano digestível. G) Epitélio do útero de poedeira
alimentada com ração contendo 0,151% de triptofano digestível. H) Epitélio do
útero de poedeira alimentada com ração contendo níveis maiores que 0,183% de
triptofano digestível. I) Dobras do útero de poedeira alimentada com ração
contendo 0,151% de triptofano digestível. J) Dobras do útero de poedeira
alimentada com ração contendo níveis maiores que 0,183% de triptofano
digestível. A, B, C, D, G e H: Hematoxilina-eosina. E e F: Periodic acid Schiff.
I e J: Tricômio de Masson. Barra: G e H- 50 µm; A, B, E e F- 100 µm; C, D, I e
J- 500 µm. ________________________________________________________ 94
Figura 10. Fotomicrografia do fígado de poedeiras alimentadas com rações contendo níveis
crescentes de triptofano digestível. A, C, E) fígado de poedeiras alimentadas
com 0,151% de triptofano digestível. B, D e F) fígado de poedeiras alimentadas
com 0,215% de triptofano digestível.. A, B) Hematoxilina-eosina. C, D)
Tricômio de Masson. E, F) PAS. Barra: 100 µm. __________________________ 96
Figura 11. Fotomicrografias de poedeiras submetidas à rações com níveis crescentes de
triptofano digestível com relação constante. A) Intestino representativo de
poedeiras submetidas à dietas com níveis crescentes de triptofano digestível
com relação constante. Ramificações identificadas por ponta de seta.
Hematoxilina-eosina. Bar: 400 µm. B) Rim representativo de poedeiras
submetidas à dietas com níveis crescentes de triptofano digestível com relação
constante. As setas mostram os glomérulos renais. Periodic acid Schiff. Bar:
100 µm. C) Fígado representativo de poedeiras submetidas à dietas com níveis
crescentes de triptofano digestível com relação constante.. Periodic acid Schiff.
Bar: 200 µm. D) Parênquima hepático de um dos animais do tratamento com
0,165% de triptofano. Vacúolos citoplasmátivos lipídicos identificados por
pontas de seta. Tricômio de Masson. Bar: 100 µm. ________________________ 100
Figura 12. Fotomicrografias do magno de poedeiras submetidas à dietas com níveis
crescentes de triptofano digestível com relação constante. A) Magno de
16
poedeira representando os tratamentos de 0,165%, 0,180% e 0,195% de
triptofano. B) Magno de poedeira do tratamento com 0,210% de triptofano. As
pontas de seta mostram as glândulas em regeneração com acúmulo de albúmen.
Tricômio de Masson. Bar: 50 µm. _____________________________________ 101
Figura 13. Fotomicrografias do útero de poedeiras submetidas à dietas com níveis crescentes
de triptofano digestível com relação constante. A) Útero de poedeira
representativa dos tratamentos com 0,165, 0,180 e 0,195% de triptofano
digestível. B) Útero de poedeira do tratamento com 0,210% de triptofano
digestível na ração. Tricômio de Masson. Bar: 300 µm. ____________________ 102
17
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE TREONINA E TRIPTOFANO PARA
CODORNAS JAPONESAS E GALINHAS POEDEIRAS LEVES EM POSTURA
RESUMO GERAL
O objetivo deste trabalho foi determinar as exigências nutricionais de triptofano e
treonina de codornas japonesas e poedeiras leves alimentadas com rações contento
relações aminoácidos: lisina variável e constante. Foram desenvolvidos 8 experimentos,
sendo 4 com codornas japonesas e 4 com poedeiras leves. Inicialmente foram
desenvolvidos os experimentos com níveis crescentes do aminoácido em estudo e, com
base nos resultados, um segundo experimento foi desenvolvido, com níveis crescentes
de todos os aminoácidos, mas com relações aminoácidos: lisina constante. Os trabalhos
foram desenvolvidos no Setor de Pesquisas com Aves do CCA/UFPB, Campus II,
Areia, Paraíba. Foram analisados dados de desempenho e histológicos, de maneira a
elevar a representatividade dos dados e a confiabilidade das determinações e
recomendações. Após análises dos resultados, conclui-se que a exigência de triptofano
para codornas japonesas em postura é de 0,210 e 0,216% na ração, com relação variável
e constante em 21%, respectivamente, ou 52 mg/ave/dia. Que a exigência de treonina
para codornas japonesas em postura é de 0,780 e 0,793% ou 161 e 200 mg/ave/dia, com
relação variável e constante em 78%, respectivamente. Que a exigência de triptofano
digestível para poedeiras leves em postura é de 0,195 e 0,214% ou 205 e 219
mg/ave/dia, com relação variável e constante em 24,5%, respectivamente. E que a
exigência de treonina digestível para poedeiras leves é de 0,597 e 0,610% ou 684 e 626
mg/ave/dia,com relação variável e constante em 75%, respectivamente.
Palavras-chave: aminoácido, desempenho, histologia
18
NUTRITIONAL RECOMMENDATIONS OF THREONINE AND
TRYPTOPHAN FOR JAPANESE QUAIL AND LIGHT LAYERS IN
PRODUCTION
GENERAL ABSTRACT
The aim of this study was to determine the nutritional requirements of tryptophan and
threonine for Japanese quail and light layers fed with amino acids: lysine ratio variable
and constant. It was developed eight experiments, and initially the experiments were
developed with increasing levels of the amino acid under study and, based on the
results, a second experiment was developed, with increasing levels of all amino acids,
but with amino acids: lysine constant. The project was developed at Poultry Science
Sector at Federal University of Paraiba, Campus II, Areia, Paraiba. It were analyzed
performance data and histological date, so as to increase their present activeness of the
data and the reliability of the determinations and recommendations. After analyzing the
results, we conclude that the requirement of tryptophan for Japanese quail is 0.210 and
0.216% in the diet, about variable and constant at 21%, respectively, or 52 mg/bird/day.
That the threonine requirement for Japanese quail is 0.780 and 0.793% or 161 and
200 mg /bird/ day, about variable and constant at 78%, respectively. That the digestible
tryptophan requirement for light layers is 0.195 and 0.214% or 205 and
219 mg/bird/ day, about variable and constant at 24.5%, respectively. And that the
requirement of threonine for laying hens is 0.597 and 0.610% or 684 and
626 mg/bird/day, about variable and constant at 75%, respectively.
Key-words: amino acid, histology, performance
19
CAPÍTULO 1
Exigência de Triptofano de Codornas Japonesas em Postura
20
Exigência de Triptofano de Codornas Japonesas em Postura
RESUMO – Este estudo teve como objetivo determinar a exigência de
triptofano para codornas japonesas alimentadas com rações com níveis crescentes de
triptofano sob relação variável e constante. Foram desenvolvidos dois experimentos
seqüenciais, o primeiro com rações que continham níveis crescentes de triptofano,
alterando-se a relação triptofano: lisina e, com base nos resultados, realizou-se um
segundo experimento, com o objetivo de avaliar a exigência de triptofano com relação
aminoácidos: lisina constante. No primeiro experimento, os tratamentos consistiram em
uma ração formulada à base de milho e farelo de soja, suplementada com os
aminoácidos industriais L-Lisina, L- Treonina, DL-Metionina, L-Triptofano, L-
Arginina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências nutricionais para
codornas japonesas em postura, exceto para triptofano. A ração basal foi suplementada
com 0,00, 0,02, 0,04, 0,061 e 0,081% de L-Triptofano em substituição ao L - Ácido
Glutâmico com o objetivo de alcançar os níveis de 0,150, 0,170, 0,190, 0,210 e 0,230%
de triptofano na ração, resultando nas relações triptofano: lisina de 15, 17, 19, 21 e 23%.
No segundo experimento, os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de
milho e farelo de soja, suplementada com os aminoácidos industriais L-Lisina, DL-
Metionina, L-Triptofano, L-Arginina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as
exigências nutricionais para codornas japonesas em postura. As rações tinham a mesma
relação aminoácidos: lisina, exceto a triptofano: lisina que foi fixada em 21%. As
relações aminoácidos: lisina foram 70, 78, 126, 92, 90 e 21%, para metionina+cistina,
treonina, arginina, valina, isoleucina e triptofano, respectivamente. Foram avaliados
dados de desempenho, qualidade dos ovos produzidos e a histologia do aparelho
reprodutivo e digestório. Com base nos resultados, concluiu-se que a exigência de
triptofano para codornas japonesas em postura é de 0,210 e 0,216% na ração, com
relação crescente e constante em 21%, respectivamente, ou 52 mg/ave/dia.
Palavras–chave: aminoácido, desempenho, histologia
21
Requirement of Tryptophan to Japanese Quails in Production
ABSTRACT – This study aimed to determine the requirement of tryptophan to
Japanese quail fed diets with increasing levels of tryptophan under variable ratio and
constant. It was developed two sequential experiments, the first diets containing
increasing levels of tryptophan, altering the tryptophan: lysine ratio, and based on the
results, we performed a second experiment, in order to assess the requirement of
tryptophan with respect amino acids: lysine constant. In the first experiment, treatments
consisted of a diet formulated with corn and soybean meal, supplemented with
industrial amino acids L-Lysine, L-Threonine, DL-Methionine, L-Tryptophan, L-
Arginine, L-Isoleucine and L -Valine to meet the nutritional requirements for laying
Japanese quail, except for tryptophan. The basal diet was supplemented with 0.00, 0.02,
0.04, 0.061 and 0.081% L-Tryptophan to replace the L-Glutamate in order to achieve
the levels of 0.150, 0.170, 0.190, 0.210 and 0.230% tryptophan in the diet, resulting in
tryptophan: lysine ratios 15, 17, 19, 21 and 23%. In the second experiment, treatments
consisted of a diet formulated with corn and soybean meal, supplemented with
industrial amino acids L-Lysine, DL-Methionine, L-Tryptophan, L-Arginine, L-
Isoleucine and L-Valine in a to meet the nutritional requirements for laying Japanese
quail. The diets were the same amino acids: lysine ratios, except for tryptophan: lysine
which was set at 21%. Amino acids: lysine ratios were 70, 78, 126, 92, 90 and 21% for
Methionine + Cystine, Threonine, Arginine, Valine, Isoleucine and Tryptophan,
respectively. We evaluated performance data, quality of eggs produced and the
histology of the reproductive and digestive systems. Based on these results, we
concluded that the tryptophan requirement for laying Japanese quail is 0.210 and
0.216% in the diet, with variable and constant ratio at 21%, respectively, or 52
mg/quail/day.
Key-words: amino acid, histology, performance
22
INTRODUÇÃO
As rações formuladas para as codornas japonesas baseiam-se principalmente em
aminoácidos totais, o que pode acarretar em níveis excessivos às necessidades da ave. O
triptofano pertence à classe dos aminoácidos essenciais, ou seja, não são produzidos
pelas aves ou são produzidos em quantidade muito aquém das necessidade diárias,
sendo necessário que seja suplementado nas rações.
De acordo com o NRC (1994), a exigência de triptofano total para codornas
japonesas em fase inicial e de reprodução é de 0,22 e 0,19%, com 24 e 20% de PB e
2.900 kcal de EM/kg de ração, respectivamente. Shim & Lee (1993) reportaram que,
para ótima produção de ovos e eficiência alimentar, as dietas de codornas em postura
devem conter, em aminoácidos totais, 1,0% de lisina, 0,43% de metionina, 0,18% de
triptofano e 0,63% de treonina. No entanto, trabalhos realizados por Shim & Vohra
(1984) determinaram a exigência de 0,25% de triptofano total. Leeson & Summers
(1991) discordaram dos autores anteriores, recomendando 0,22% de triptofano total na
dieta de codornas na fase de produção.
Assim, este estudo teve como objetivo determinar a exigência de triptofano para
codornas japonesas em fase de postura alimentadas com rações com níveis crescentes de
triptofano sob relação variável e constante.
23
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Módulo de Pesquisas com Aves do CCA/UFPB,
Areia/PB. A cidade de Areia está inserida na microrregião do Brejo Paraibano (6º 58’
12’’ de latitude Sul e 35º 42’ 15’’ de longitude Oeste), com altitude média de 619 m
(GONDIM e FERNANDES, 1980). De acordo com a classificação de Köppen, o clima
é tropical semi-úmido do tipo As’, isto é, clima quente e úmido que se caracteriza por
apresentar estação chuvosa no período outono-inverno, com precipitação pluviométrica
média anual girando em torno de 1500 mm, temperatura média anual entre 22-30ºC e
umidade relativa do ar elevada (75-87%). Segundo a classificação bioclimática de
Gäussen, nesta região predomina o bioclima 3 dth (nordestino sub-seco), com período
seco variando de um a três meses no ano (BRASIL, 1972).
Foram desenvolvidos dois experimentos seqüenciais, o primeiro com rações que
continham níveis crescentes de triptofano, alterando-se a relação triptofano: lisina e,
com base nos resultados, realizou-se um segundo experimento, com o objetivo de
avaliar a exigência de triptofano com relação aminoácidos: lisina constante.
Experimento 1 – Níveis crescentes de triptofano, relação variável
Um total de 288 codornas japonesas aos 125 dias de idade foi distribuído em um
delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos, com seis repetições de 8
aves cada. O experimento foi dividido em 5 fases de 21 dias cada, totalizando 105 dias
de avaliação. Os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de milho e
24
farelo de soja, suplementada com os aminoácidos L-Lisina, L- Treonina, DL-Metionina,
L-Triptofano, L-Arginina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências
nutricionais para codornas japonesas em postura, exceto para triptofano, de acordo com
as recomendações do NRC (1994), justificando o uso dos aminoácidos totais nas rações.
A ração basal foi suplementada com 0,00, 0,02, 0,04, 0,061 e 0,081% de L-
Triptofano em substituição ao L - Ácido Glutâmico com o objetivo de alcançar os níveis
de 0,150, 0,170, 0,190, 0,210 e 0,230% de triptofano na ração, resultando nas relações
triptofano: lisina de 15, 17, 19, 21 e 23% (Tabela 1).
O L - Ácido Glutâmico foi utilizado para tornar as rações isoprotéicas. O nível
dietético do óleo de soja e do inerte foi acrescido em substituição ao L - Ácido
Glutâmico que foi reduzido com o aumento dos níveis de triptofano nas rações
experimentais, de forma a tornar as dietas, além de isoprotéicas, isoenergéticas.
Experimento 2– Níveis crescentes de triptofano, relação constante
Um total de 240 codornas japonesas aos 125 dias de idade foi distribuído em um
delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos com seis repetições de 8
aves cada. O experimento foi dividido em 5 fases de 21 dias cada, totalizando 105 dias
de avaliação. Os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de milho e
farelo de soja, suplementada com os aminoácidos L-Lisina, DL-Metionina, L-
Triptofano, L-Arginina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências
nutricionais para codornas japonesas em postura. As rações tinham a mesma relação
aminoácidos: lisina de acordo com as recomendações sugeridas pelo NRC (1994),
exceto a triptofano: lisina que foi fixada em 21%. As relações aminoácidos: lisina foram
25
70, 78, 126, 92, 90 e 21%, para metionina+cistina, treonina, arginina, valina, isoleucina
e triptofano, respectivamente, conforme apresentadas na Tabela 2.
Tabela 1. Composição alimentar e química das rações experimentais
Ingrediente, % Níveis de Triptofano, %
0,15 0,17 0,19 0,21 0,23
Milho 73,693 73,693 73,693 73,693 73,693
Farelo de Soja 13,773 13,773 13,773 13,773 13,773
Calcário 5,431 5,431 5,431 5,431 5,431
Fosfato Bicálcico 1,4 1,4 1,4 1,4 1,4
Sal 0,302 0,302 0,302 0,302 0,302
L-Lisina 0,481 0,481 0,481 0,481 0,481
DL-Metionina 0,096 0,096 0,096 0,096 0,096
L-Treonina 0,121 0,121 0,121 0,121 0,121
L-Isoleucina 0,23 0,23 0,23 0,23 0,23
L-Valina 0,149 0,149 0,149 0,149 0,149
L-Arginina 0,422 0,422 0,422 0,422 0,422
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Mineral e Vitamina1
0,2 0,2 0,2 0,2 0,2
Óleo Soja 3,5 3,498 3,495 3,493 3,49
Inerte2
0 0,013 0,026 0,038 0,051
L - Ácido Glutâmico 0,122 0,092 0,061 0,031 0
L-Triptofano 0 0,02 0,04 0,061 0,081
Antioxidante 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição calculada
Energia Metabolizável,
kcal/kg 2950 2950 2950 2950 2950
Proteína Bruta, % 18,12 18,12 18,12 18,12 18,12
Cálcio, % 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5
Fósforo disponível, % 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35
Sódio, % 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15
Cloro, % 0,26 0,26 0,26 0,26 0,26
Potássio, % 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53
Lisina, % 1 1 1 1 1
Metionina + cistina, % 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7
Treonina, % 0,74 0,74 0,74 0,74 0,74
Valina, % 0,92 0,92 0,92 0,92 0,92
Isoleucina, % 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9
Arginina, % 1,26 1,26 1,26 1,26 1,26
Triptofano, % 0,15 0,17 0,19 0,21 0,23
Triptofano: Lisina 15 17 19 21 23 1Premix mineral por kg de ração: Mn, 60 g; Fe, 80 g; Zn, 50 g; Cu, 10 g; Co, 2 g; I, 1 g;
e veículo q.s.p., 500 g. Premix vitamínico (Concentração/kg): Vit. A - 15.000.000 Ul,
Vit. D3 - 1.500.000 Ul, Vit. E - 15.000 Ul, Vit.B1 - 2,0 g, it.B2-4,0 g, Vit B6 - 3,0 g,
Vit.B12 - 0,015 g, Ácido nicotínico - 25 g, Ácido pantotênico- 10 g, Vit.K3 - 3,0 g,
Ácido fólico- 1,0 g, Selênio - 250 mg, e veículo. q.s.p. - 1.000 g. 3 Etoxiquim – 10g, e
veículo q.s.p. – 1.000g. 2Areia lavada.
26
Variáveis avaliadas
As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave/dia), produção (%), peso
(g), massa (g/ave/dia), conversão por massa (kg/kg) e por dúzia de ovo (kg/dz), peso (g)
e porcentagem (%) de gema, de albúmen e de casca, espessura da casca (mm), unidade
Haugh e gravidade específica (g/cm3).
O período de avaliação da produção de ovos foi dividido em cinco períodos de
21 dias cada. Ao final de cada período foram coletadas as sobras das rações de cada
parcela para o cálculo do consumo de ração. A coleta dos ovos foi realizada duas vezes
ao dia (10:00 e 16:00 h), sendo anotados em ficha de freqüência de postura e a
mortalidade. A produção dos ovos em porcentagem foi calculada dividindo-se a
quantidade de ovos totalizados por repetição pelo número de aves, corrigindo pela
mortalidade, quando havia.
Os ovos dos últimos três dias de cada período foram pesados individualmente para
a obtenção do peso médio dos ovos. Os cálculos da massa de ovo foram realizados pelo
produto da produção de ovos e do peso médio dos ovos por parcela. A conversão
alimentar por massa de ovo foi calculada através da relação entre o consumo de ração e
massa de ovo produzida. A conversão por dúzia de ovos foi calculada pela relação entre
o consumo de ração dividida pela produção, sendo esse resultado multiplicado por doze.
27
Tabela 2. Composição alimentar e química das rações experimentais
Ingredientes, % Níveis de Triptofano, %
0,168 0,189 0,21 0,231 0,252
Milho 72,588 71,9555 71,3029 70,6603 70,0177
Farelo de Soja 45% 18,7929 18,8781 18,9634 19,0487 19,134
Calcário 5,4463 5,445 5,4437 5,4425 5,4412
Fosfato Bicálcico 1,3948 1,3968 1,3987 1,4006 1,4026
Óleo de Soja 0,3773 0,3451 0,3129 0,2807 0,2485
Sal 0,3318 0,332 0,3323 0,3326 0,3329
L-Lisina 0,1703 0,2695 0,3686 0,4678 0,5669
L-Isoleucina 0,1686 0,2587 0,3487 0,4388 0,5288
L-Arginina 0,1572 0,292 0,4269 0,5618 0,6967
L-Treonina 0,1319 0,2103 0,2886 0,367 0,4454
L-Valina 0,1187 0,2128 0,3068 0,4009 0,4949
DL -Metionina 0,1158 0,1869 0,258 0,3292 0,4003
Vitamina e Mineral1 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
L-Triptofano 0,0164 0,0373 0,0583 0,0792 0,1001
Antioxidante 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Total 100 100 100 100 100
Composição calculada
Proteína Bruta, % 15,635 15,9784 16,3219 16,6654 17,0089
Cálcio, % 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5
Fósforo disponível, % 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35
Energia Metabolizável,
kcal/kg 2950 2950 2950 2950 2950
Arginina, % 1,008 1,134 1,26 1,386 1,512
Isoleucina, % 0,72 0,81 0,9 0,99 1,08
Lisina, % 0,8 0,9 1 1,1 1,2
Metionina, % 0,3396 0,4102 0,4809 0,5515 0,6221
Metionina + Cistina, % 0,56 0,63 0,7 0,77 0,84
Treonina, % 0,623 0,701 0,779 0,857 0,935
Triptofano, % 0,168 0,189 0,21 0,231 0,252
Valina, % 0,736 0,828 0,92 1,012 1,104
Sódio, % 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15
Cloro, % 0,2435 0,2433 0,2432 0,2431 0,243
Potássio, % 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 1Premix mineral por kg de ração: Mn, 60 g; Fe, 80 g; Zn, 50 g; Cu, 10 g; Co, 2 g; I, 1 g;
e veículo q.s.p., 500 g. Premix vitamínico (Concentração/kg): Vit. A - 15.000.000 Ul,
Vit. D3 - 1.500.000 Ul, Vit. E - 15.000 Ul, Vit.B1 - 2,0 g, it.B2-4,0 g, Vit B6 - 3,0 g,
Vit.B12 - 0,015 g, Ácido nicotínico - 25 g, Ácido pantotênico- 10 g, Vit.K3 - 3,0 g,
Ácido fólico- 1,0 g, Selênio - 250 mg, e veículo. q.s.p. - 1.000 g. 3 Etoxiquim – 10g, e
veículo q.s.p. – 1.000g. 2Areia lavada.
28
Ao final de cada período, foram selecionados quatro ovos por parcela para
determinação do peso e porcentagem de gema, de albúmen e de casca, após separação
manual destes componentes, onde as cascas foram colocadas em estufa a 105°C por
quatro horas. A porcentagem de cada um dos componentes do ovo foi obtida dividindo-
se o peso do componente pelo peso do ovo, em seguida multiplicando o resultado por
100. A espessura da casca foi medida com o auxílio de um micrômetro digital com
precisão de 0,1 mm em três pontos na linha mediana do ovo, com os quais foi calculada
a média aritmética.
A cada final de período experimental foram selecionadas amostras
representativas de dois ovos por parcela onde foram feitas imersões dos ovos em
diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um volume de 25 litros de água
com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com intervalo de 0,0025 g/cm3. Os
ovos eram colocados nos baldes com as soluções, da menor para a maior densidade e
eram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores respectivos das densidades
correspondentes às soluções dos recipientes. Antes de cada avaliação, as densidades
eram conferidas com densímetro de petróleo.
Nas análises histológicas, a coleta do material foi realizada através de
fragmentos do sistema digestório (duodeno e fígado) e reprodutor (magno e útero) de 10
animais por tratamento. Os fragmentos foram imersos em fixador metacarn (60%
metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido acético) por 12 horas, sendo transferidos para
álcool 70% em seguida.
Para a microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos em paraplast.
Foram realizados cortes seriados dos fragmentos com 5 µm de espessura. As seguintes
colorações histológicas foram realizadas para a descrição histológica: hematoxilina e
29
eosina, periodic acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram
capturadas com o auxílio de microcâmera acoplada ao microscópio Olympus BX-51 e
as imagens digitalizadas no software KS 400.3 (Zeiss).
Os resultados foram submetidos as analises de variância e regressão utilizando-
se o programa SAEG (Universidade Federal de Viçosa, 2000).
RESULTADOS
Experimento 1 – Níveis crescentes de triptofano, relação variável
Os níveis de triptofano nas rações das codornas japonesas em postura
influenciaram o desempenho das aves, alterando a produção de ovos, além da massa,
conversão em massa e em dúzia de ovos (Tabela 3).
Tabela 3. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO, g),
conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em função
do nível de triptofano das rações
Trp, % Trp:Lys CR PR PO MO CMO CDZ
0,150 15 26,175 86,212 10,340 8,914 2,936 0,364
0,170 17 25,289 88,444 10,303 9,112 2,776 0,343
0,190 19 24,804 89,399 10,362 9,263 2,680 0,333
0,210 21 24,582 89,116 10,352 9,225 2,666 0,331
0,230 23 24,451 86,177 10,403 8,964 2,729 0,340
Média 25,060 87,870 10,352 9,096 2,757 0,342
Valor de P
Linear
0,062 0,097 0,101 0,004 0,053 0,188
Quadrático
0,073 0,009 0,213 0,075 0,042 0,004
C.V.(%)
3,438 1,791 2,399 2,701 4,920 4,175
SEM
0,172 0,315 0,050 0,049 0,027 0,003
30
Com base no comportamento dos dados obtidos, as equações polinomiais são
apresentadas na Tabela 4, bem como a relação e o nível determinado após derivada.
Tabela 4. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações triptofano: lisina das rações
Variável Equação Polinomial R2 Trp:Lys
Produção de ovos Ŷ = -0,2068x2 + 7,8882x + 14,301 0,98 19,07
Massa de ovos Ŷ = -0,1765x + 11,536 0,98
Conversão em massa de ovos Ŷ = 0,0363x2 - 1,4614x + 16,567 0,81 20,13
Conversão em dúzia de ovos Ŷ= 0,0012x2 - 0,0502x + 0,838 0,99 20,92
De acordo com a Tabela 4, as relações do triptofano com a lisina foram 19,07,
20,13 e 20,92, o que representa um nível de 0,191, 0,201 e 0,209% de triptofano para
melhores índices de produção, conversão em massa e em dúzia de ovos,
respectivamente.
O nível crescente de triptofano não influenciou tais variáveis (Tabela 5).
Tabela 5. Gravidade específica (GE, g/cm3), porcentagem de gema (PGema, %),
albúmen (PAlbúmen, %), e casca (PCasca, %), espessura da casca (ESP,
mm) em função das relações triptofano: lisina das rações
Trp, % Trp:Lys GE PGema PAlbúmen PCasca ESP
0,150 15 1,0740 32,640 49,051 18,309 0,221
0,170 17 1,0727 34,105 50,553 15,342 0,226
0,190 19 1,0731 32,230 51,586 16,184 0,225
0,210 21 1,0733 32,111 51,791 16,098 0,223
0,230 23 1,0724 31,900 53,556 14,544 0,223
Média 1,073 32,597 51,307 16,095 0,224
Valor de P
Linear 0,132 0,175 0,201 0,093 0,127
Quadrático 0,213 0,309 0,330 0,181 0,072
C.V.(%) 0,167 5,481 4,189 11,906 3,379
SEM 0,000 0,357 0,430 0,383 0,002
31
De acordo com os dados apresentados, a relação triptofano: lisina em 21%, ou
0,210% de triptofano nas rações, equivalente a um consumo diário por ave de 52 mg de
triptofano, proporciona as aves um desempenho mais eficiente.
As análises histológicas mostraram que com o aumento da porcentagem de
triptofano na dieta, com aumento da proporção de triptofano em relação a lisina, houve
um aumento da esteatose hepática. As dietas com 0,150 e 0,170% não proporcionaram
esse aumento, sendo visto nos animais desses tratamentos apenas alguns vacúolos
citoplasmáticos lipídicos. Além disso, observar que a arquitetura hepática está normal
com sinusóides bem definidos. Existe a presença de alguns vacúolos citoplasmáticos
lipídicos, normais para animais de produção que recebem ração hiperenergética. A
partir de 0,190% de triptofano a esteatose se torna moderada, com bastante vacúolos
cito´plasmáticos, apresentando áreas mais positivas ao PAS, denotando acumulo de
glicogênio nessas areas, enquanto que em 0,210 e 0,230% severa (Figura 1). Observar
as pontas de seta, mostrando os vacúolos citoplasmáticos lipídicos.
No tratamento com 0,190% de triptofano, o fígado dos animais apresentou
maior quantidade de glicogênio estocado, visto maior positividade à coloração
PAS..Entretanto é o grupo que apresenta o fígado mais leve (6,01 ± 1,66 g) (Figura 1C,
D).
32
Figura 1. Fotomicrografias de fígado de codornas japonesas com níveis crescentes de
triptofano na dieta em relação a lisina. A e B) Fígado representativo dos
grupos com 0,150 e 0,170% de triptofano na ração.. C e D) Fígado de
animal do grupo com 0,190% de triptofano. E e F) Fígado de animal do
grupo com 0,210% de triptofano. G e H) Fígado de animal do grupo com
0,230% de triptofano. Coloração de ácido periódico de Schiff (PAS). A, C,
E e G) Bar: 200 µm. B, D, G e H) Bar: 100 µm.
33
Apesar da severa esteatose os animais do tratamento com 0,230% de triptofano
na ração não apresentaram acúmulo de tecido conjuntivo (colágeno) no parênquima
hepático (Figura 2). Observar que os animais desse tratamento apresentam severa
esteatose com bastante vacúolos citoplasmáticos lipídicos (Pontas de seta), entretanto,
não há a presença de depósitos de colágeno parenquimal hepático o que denotaria ciclos
de morte de hepatócitos
Figura 2. Fotomicrografias de fígado de codorna japonesa do grupo com 0,230% de
triptofano na dieta (relação triptofano:lisina de 23%). Coloração de tricômio
de Masson. A) Bar: 200 µm. B) Bar: 100 µm.
O magno foi o órgão que apresentou as maiores alterações histológicas (Figura
3). Enquanto os animais dos grupos com 0,150 e 0,170% de triptofano apresentavam
poucos glândulas ativas ou em regeneração (Figura 3A, B), os grupos seguintes
apresentavam maior quantidade dessas glândulas, principalmente os grupos com 0,190 e
0,210% de triptofano. Destaque para o grupo com 0,210% de triptofano na dieta, o qual
apresentou glândulas ativas repletas de albúmen (Figura 3 G, H, I). Observar que a
quantidade de glândulas ativas no tratamento com 0,230% é menor que os grupos com
0,190 e 0,210% de triptofano na ração
34
Não houve variação na quantidade ou produção das células produtoras de muco
do epitélio do magno, nem da espessura desse epitélio (Figura 3A, D, G, J). Também
não foram observadas alterações no útero desses animais, seja na ramificação das
dobras secundárias ou na quantidade de glândulas.
Figura 3. Fotomicrografias de magnos de codornas japonesas com níveis crescentes
de triptofano na dieta em relação a lisina. A, B e C) Magno representativo
de animais dos tratamentos com 0,150 e 0,170% de triptofano na ração. (D,
E e F) Magno de animal do grupo com 0,190% de triptofano na ração. G, H
e I) Magno de animal do grupo com 0,210% de triptofano na ração.
Observar a grande atividade das glândulas do magno com grande depósito
de albúmen. J, L e M) Magno de animal do grupo com 0,230% de triptofano
na ração. Glândulas ativas com depósito de albúmen (Ponta de seta).
Coloração de ácido periódico de Schiff (PAS) (A, D, G e J). Coloração de
hematoxilina-eosina (B, C, E, F, H, I, L e M). A, D, G e J) Bar: 300 µm. B,
E, H e L) Bar: 100 µm. C, F, I e M) Bar: 150 µm.
35
O intestino dos animais também sofreram variações morfológicas em
decorrência do aumento da relação triptofano: lisina. Níveis de 0,190% ou maiores
aumentaram as ramificações (Pontas de Seta) das vilosidades intestinais (Figura 4).
Apesar dessa alteração, não houve influência na quantidade ou produção das células
caliciformes intestinais (Figura 4B, D, F, H), característica que pode ser observada pela
coloração roxa.
36
Figura 4. Fotomicrografias de intestino de codornas japonesas com níveis crescentes
de triptofano na ração em relação a lisina. A e B) Intestino representativo de
animais com 0,150 e 0,170% de triptofano na ração. C e D) Intestino de
animal com 0,190% de triptofano na ração.. E e F) Intestino de animal com
0,210% de triptofano na ração. G e H) Intestino de animal com 0,230% de
triptofano na ração.. Coloração de tricômio de Masson (A, C, E e G).
Coloração de periodic acid Schiff (PAS) (B, D, F e H). Bar: 200 µm.
37
Experimento 2– Níveis crescentes de triptofano, relação constante
Os níveis de triptofano crescentes com relação constante alteraram o
desempenho das codornas japonesas em postura, especialmente na produção, massa e
conversão em massa de ovos, tal qual se pode observar na Tabela 6..
Tabela 6. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO, g),
conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em função
do nível de triptofano das rações
Trp:Lys Trip, % CR PR PO MO CMO CDZ
21
0,168 24,33 89,37 10,13 21,76 4,11 0,327
0,189 24,01 90,89 10,24 22,28 4,08 0,317
0,210 24,79 92,05 10,26 22,81 4,04 0,323
0,231 24,61 91,06 10,90 22,41 4,06 0,325
0,252 24,48 89,79 10,45 21,98 4,08 0,328
Média 24,44 90,63 10,40 22,25 4,07 0,32
Valor de P
Linear
0,128 0,078 0,082 0,053 0,088 0,084
Quadrático
0,238 0,007 0,091 0,003 0,007 0,102
C.V.(%)
3,442 3,878 7,299 5,024 3,466 4,799
SEM
0,142 0,594 0,128 0,189 0,024 0,003
As variáveis que avaliaram a qualidade dos ovos não foram alteradas de forma
estatística pelos níveis de triptofano e dos demais aminoácidos, exceto a espessura da
casca dos ovos, que teve um comportamento linear crescente (P<0,05), como
apresentado na Tabela 7.
38
Tabela 7. Gravidade específica (GE, g/cm3), porcentagem de gema (PGema, %),
albúmen (PAlbúmen, %), e casca (PCasca, %), além da espessura da casca
(ESP, mm) em função do nível de triptofano das rações
Trp:Lys Trip, % GE PGema PAlbúmen PCasca ESP
21
0,168 1,073 28,953 55,166 18,789 0,200
0,189 1,072 28,985 56,114 17,706 0,200
0,210 1,073 28,565 56,187 17,530 0,201
0,231 1,072 28,543 56,242 17,465 0,201
0,252 1,072 29,470 55,396 17,772 0,201
Média 1,072 28,903 55,821 17,852 0,201
Valor de P
Linear 0,182 0,219 0,122 0,098 0,042
Quadrático 0,238 0,320 0,281 0,103 0,089
C.V.(%) 0,125 3,520 1,963 7,513 0,959
SEM 0,000 0,172 0,185 0,227 0,000
De acordo com as equações polinomiais obtidas através da análise dos dados das
variáveis avaliadas, determinou-se os níveis ótimos de triptofano para a produção,
massa, conversão em massa e espessura das cascas dos ovos das codornas japonesas.
Tais determinações se dão após a derivada das equações, conforme apresentado na
Tabela 8.
Tabela 8. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelos
níveis de triptofano das rações
Variável Equação Polinomial R2 Trp, %
Produção Ovos Ŷ= -1250,4x2 + 530,05x + 35,57 0,96 0,212
Massa Ovos Ŷ = -459,38x2 + 195,73x + 1,8121 0,92 0,213
Conversão Massa Ovos Ŷ = 25,451x2 - 10,992x + 5,2408 0,88 0,216
Espessura da casca Ŷ = 0,0167x + 0,197 0,95
Dentre as determinações do melhor nível de triptofano com relação
aminoácidos: lisina constante em 21% foi o de 0,216%, o que equivale a um consumo
de 52 mg/ave/dia, pois foi o nível que possibilitou uma maior conversão em massa de
39
ovos, o que supera as exigências nutricionais para que as codornas japonesas tenham
uma maior produção e uma maior massa de ovos, consequentemente.
DISCUSSÃO
Os melhores níveis de triptofano foram 0,210 e 0,216% deste aminoácido, com
uma relação variável e constante a 21% com a lisina, respectivamente.
Pinheiro et al. (2008) avaliaram níveis de triptofano nas rações de codornas
japonesas em postura, utilizando aves com 21 a 30 semanas de idade, com peso e
produção de ovos média de 58,5g e 84,50%, respectivamente. As aves receberam rações
isocalóricas e isoprotéicas, exceto para triptofano digestível que foram, para cada ração
experimental, 0,120 a 0,280%, variando para cada nível 0,04% de triptofano digestível,
perfazendo 5 níveis, o que correspondeu às relações triptofano digestível: lisina
digestível a 12, 16, 20, 24 e 28%, respectivamente. Após análise dos dados, os autores
verificaram influência do triptofano sobre o consumo de triptofano e produção de ovos,
de forma que tiveram um efeito linear crescente em relação ao triptofano das rações, já
que a cada 1% de triptofano na ração a produção de ovos aumentou em 1,26%. Os
resultados obtidos por Pinheiro et al. (2008) confirmam aqueles encontrados por Harms
& Russell (2000) e Deponti et al. (2007), que trabalharam com galinhas poedeiras e
verificaram melhoria na produção, à medida que níveis crescentes de triptofano foram
adicionados às dietas.
Ainda sobre os resultados apresentados por Pinheiro et al. (2008), em função da
não influência do triptofano sobre a conversão alimentar por massa e dúzia de ovos das
40
codornas, se confirmam sob efeito similar aos observados por Peganova & Eder (2003)
e Deponti et al. (2007), quando não verificaram influência significativa sobre essas
variáveis para galinhas poedeiras. Contudo, Lima et al. (2011), avaliando níveis de
triptofano nas rações de galinhas poedeiras leves em inicio de postura, observaram
efeito quadrático para produção, peso, massa, conversão em massa e em dúzia de ovos,
em que estimaram as relações de triptofano:lisina em 23,98; 24,07; 24,11; 24,58 e
25,25%, respectivamente.
Assim, Pinheiro et al. (2008) recomendaram 0,21% de triptofano digestível,
correspondente ao consumo de 45,0 mg de triptofano digestível/ave/dia para melhor
desempenho e qualidade de ovos de codornas japonesas. Por outro lado, Rizzo et al.
(2008), trabalhando com níveis de triptofano entre 0,23 e 0,98%, não verificaram efeito
sobre o desempenho nem sobre os parâmetros fisiológicos das codornas japonesas,
concluindo que 0,23% de triptofano, em dietas com 18% de proteína bruta e 2800 kcal
de energia metabolizável/kg são suficientes para essas aves.
Comparando nossos resultados com os recomendados pelo NRC (1994), Silva &
Costa (2009) e Rostagno et al. (2011), percebemos que nossos resultados estão acima da
primeira recomendação, semelhantes à segunda e abaixo da terceira. Diferencial há a
recomendação de Rostagno et al. (2011) que trata de aminoácidos na forma digestível, e
por apresentar níveis ideais de triptofano em 0,23%, mostra tal aminoácido na forma
total, o que seria ainda mais alto, diferindo concomitantemente dos resultados aqui
apresentados. Essa disparidade pode ser explicada em função da metodologia aplicada e
ainda, de condições experimentais variadas, o que gera dados diferentes ao tipo de ave
recomendada.
41
De acordo com os trabalhos acima apresentados e discutidos, percebe-se
variação nas recomendações nutricionais de triptofano para as codornas japonesas em
postura, já que poucas pesquisas foram realizadas com esse aminoácido. Assim, ao
comparar as recomendações para as codornas japonesas com as das galinhas poedeiras,
percebe-se similaridade no nível dietético. Contudo, como as codornas consomem cerca
de 25% da quantidade de ração das galinhas poedeiras, logo o que influencia
diretamente é o consumo diário do aminoácido pela ave.
Além de serem poucos os trabalhos envolvendo o triptofano em dietas de
codornas, esse foi o primeiro estudo envolvendo os efeitos histológicos e fisiológicos
desse aminoácido. Histologicamente o aumento da porcentagem de triptofano na dieta
levou a uma maior ramificação das vilosidades intestinais proporcionando maior área de
absorção para nutrientes. Esse re-arranjamento da mucosa demonstra a necessidade
fisiológica de ampliar a superfície absortiva do intestino delgado em relação a um
determinado nutriente, no caso a treonina. Fato que corrobora com os resultados de
Gomide-Júnior et al. (2004), nos quais demonstraram que a mucosa intestinal responde
a agentes exógenos por meio de modificações morfológicas. O aumento da treonina na
dieta de codornas também leva ao aumento das ramificações do intestino, entretanto,
também levam a um aumento das células caliciformes (Matheus et al., 2011), fato esse
não ocorrido no presente estudo.
O magno também foi influenciado com o aumento desse aminoácido, levando a
um aumento de glândulas ativas nesse órgão assim como o maior estoque de albúmen
nessas glândulas, principalmente no tratamento com 0,210%. Dessa forma apresenta
quantidade de albúmen superior, o que, permitem que a produção dos ovos seja feita em
um período de tempo menor, aumentando assim a produção, peso, massa, conversão em
massa e dúzia de ovo, corroborando com os resultados obtidos neste estudo,
42
especialmente na produção, peso, massa, conversão em massa e em dúzia de ovos.
Esses resultados corroboram com os resultados zootécnicos encontrados no presente
estudo e também com os encontrados em decorrência do aumento da porcentagem de
treonina na dieta de codornas (Matheus et al, 2011), apesar do aumento da treonina
levar também a um aumento das dobras secundárias do magno.
Apesar das modificações encontradas no magno, não foram observadas
modificações morfológicas no útero, diferentemente do que acontece com o aumento da
treonina na dieta de codornas (Matheus et al., 2011).
O aumento da porcentagem de triptofano também levou a um aumento dos
vacúolos citoplasmáticos lipídicos nos hepatócitos levando a uma esteatose severa sem
acúmulo de colágeno parenquimal, não denotando mortalidade hepatocitária (Fausto et
al., 2003), diferentemente do que acontece com o aumento de treonina que leva a uma
deposição de colágeno parenquimal (Matheus et al., 2011).
O fígado dos animais do tratamento com 0,190% de triptofano na dieta
apresentaram uma esteatose moderada, sendo intermediária entre os tratamentos do
estudo. Os mesmos possuíam áreas mais positivas para PAS e eram como um todo mais
positivas, indicando maior produção de glicogênio. Entretanto, a relação peso carcaça/
fígado desse animais era a menor dos tratamentos, indicando provavelmente que o
glicogênio produzido era rapidamente destinado ao sistema reprodutor para a produção
de ovos. Diferentemente do encontrado no presente trabalho, o aumento da treonina leva
a resultados diferentes do encontrado no presente estudo. No grupo com maior
produção, os fígados eram mais pesados e com pouca deposição de glicogênio (Matheus
et al., 2011).
43
CONCLUSÃO
A exigência de triptofano para codornas japonesas em postura é de 0,210 e
0,216% na ração, com relação variável e constante em 21%, respectivamente, ou 52
mg/ave/dia.
44
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46
CAPÍTULO 2
Exigência de Treonina de Codornas Japonesas em Postura
47
Exigência de Treonina de Codornas Japonesas em Postura
RESUMO – Este estudo teve como objetivo determinar a exigência de treonina
para codornas japonesas alimentadas com rações com níveis crescentes de treonina sob
relação variável e constante. Foram desenvolvidos dois experimentos seqüenciais, o
primeiro com rações que continham níveis crescentes de treonina, alterando-se a relação
treonina: lisina e, com base nos resultados, realizou-se um segundo experimento, com o
objetivo de avaliar a exigência de treonina com relação aminoácidos: lisina constante.
No primeiro experimento, a ração basal foi suplementada com 0,000, 0,040, 0,081,
0,121, 0,162 e 0,202% de L-Treonina em substituição ao L - Ácido Glutâmico com o
objetivo de alcançar os níveis de 0,660, 0,700, 0,740, 0,780, 0,820 e 0,860% de treonina
na ração, resultando nas relações treonina: lisina de 66, 70, 74, 78, 82 e 86%. No
segundo experimento, os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de
milho e farelo de soja, suplementada com os aminoácidos industriais L-Lisina, DL-
Metionina, L-Triptofano, L-Arginina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as
exigências nutricionais para codornas japonesas em postura. As relações aminoácidos:
lisina foi: 70, 19, 126, 92, 90 e 78%, para metionina+cistina, triptofano, arginina, valina,
isoleucina e treonina, respectivamente. Foram avaliados dados de desempenho,
qualidade dos ovos produzidos e histologia do aparelho reprodutor e digestório. Com
base nesses resultados, determinou-se que a exigência de treonina para codornas
japonesas em postura é de 0,780 e 0,793% ou 161 e 200 mg/ave/dia, com relação
crescente e constante em 78%, respectivamente.
Palavras- chave: aminoácido, desempenho, histologia
48
Threonine Requirement to Japanese Quails in Production
ABSTRACT – This study aimed to determine the threonine requirement for
laying Japanese quail fed diets with increasing levels of threonine under variable and
constant ratio. Were developed two sequential experiments, the first diets containing
increasing levels of threonine, changing the threonine: lysine ratio and, based on the
results, we performed a second experiment, in order to evaluate the threonine
requirement related amino acids: lysine constant. In the first experiment, the basal diet
was supplemented with 0.000, 0.040, 0.081, 0.121, 0.162 and 0.202% L-Threonine as a
substitute for L-glutamate in order to achieve the levels of 0.660, 0.700, 0.740, 0.780,
0.820 and 0.860% threonine in the feed, resulting in threonine: lysine ratio 66, 70, 74,
78, 82 and 86%. In the second experiment, treatments consisted of a diet formulated
with corn and soybean meal, supplemented with industrial amino acids L-Lysine, DL-
Methionine, L-Tryptophan, L-Arginine, L-Isoleucine and L-Valine in a to meet the
nutritional requirements for laying Japanese quail. Amino acids: lysine ratios were: 70,
19, 126, 92, 90 and 78% for methionine + cystine, tryptophan, arginine, valine,
isoleucine and threonine, respectively.. We evaluated performance data, quality of eggs
produced and histology of the reproductive and digestive systems. Based on these
results, it was determined that the threonine requirement for laying Japanese quail is
0.780 and 0.793% or 161 and 200 mg / bird / day, with a variable and constant ratio in
78%, respectively.
Key-words: amino acid, histology, performance
49
INTRODUÇÃO
O ótimo desempenho produtivo apresentado pelas codornas japonesas, com
início da postura entre 35 a 40 dias e produção média de 300 ovos/ave/ano, além da
necessidade de pequena área para produção (320 a 400 aves/m2), do baixo investimento
e rápido retorno do capital investido (Albino & Barreto, 2003), tem estimulado o
crescimento da coturnicultura no Brasil.
Dentre os fatores importantes para o sucesso da criação de codornas, a nutrição
deve receber uma atenção especial, visto contribuir com o maior percentual dos custos
da produção. Apesar da grande importância econômica, poucos estudos têm sido
realizados no Brasil sobre as exigências nutricionais de codornas, sendo as formulações
de rações para estas aves realizadas com base em tabelas estrangeiras, como o National
Research Council - NRC (1994) e o Institut National de la Recherch Agronomique -
INRA (1999) ou por extrapolações das exigências para galinhas poedeiras ou frangos de
corte. Uma das poucas exceções de dados obtidos de experimentos realizados no Brasil
são as Tabelas de recomendações nutricionais para Codornas Japonesas e Européias de
Silva & Costa (2009). Rostagno et al. (2011) também, além de já contemplar
recomendações nutricionais de galinhas poedeiras, frangos de corte e matrizes nas
recomendações de aves, incluiu na última edição as codornas japonesas. Muito embora,
os dados apresentados por Silva & Costa (2009) são mais completos e o volume de
informação é maior para o produtor de codornas.
A utilização de níveis de aminoácidos inadequados pode levar a um menor
desempenho das aves, uma vez que a deficiência resulta em limitação da síntese
protéica, com conseqüente redução no ganho de peso e produção de ovos, e o excesso
50
de aminoácidos resulta em desvio da energia para o processo de excreção, diminuindo,
desta forma, a energia a ser utilizada para a produção, além do custo ambiental do
aumento da excreção de nitrogênio. Assim percebe-se, porém, que a progressiva
redução da proteína bruta da dieta pode levar a uma situação em que outros
aminoácidos, como a treonina, tornem-se limitante ao melhor desempenho. Desta
forma, para se alcançar o aumento do desempenho das aves submetidas a dietas com
maiores reduções protéicas, deve-se ter a preocupação de estabelecer com maior
precisão as exigências destes aminoácidos.
Assim, este estudo teve como objetivo determinar a exigência de treonina para
codornas japonesas alimentadas com rações com níveis crescentes de treonina sob
relação variável e constante.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Módulo de Pesquisas com Aves do CCA/UFPB,
Areia/PB. A cidade de Areia está inserida na microrregião do Brejo Paraibano (6º 58’
12’’ de latitude Sul e 35º 42’ 15’’ de longitude Oeste), com altitude média de 619 m
(GONDIM e FERNANDES, 1980). De acordo com a classificação de Köppen, o clima
é tropical semi-úmido do tipo As’, isto é, clima quente e úmido que se caracteriza por
apresentar estação chuvosa no período outono-inverno, com precipitação pluviométrica
média anual girando em torno de 1500 mm, temperatura média anual entre 22 a 30ºC e
umidade relativa do ar elevada (75 a 87%). Segundo a classificação bioclimática de
Gäussen, nesta região predomina o bioclima 3 dth (nordestino sub-seco), com período
seco variando de um a três meses no ano (BRASIL, 1972).
51
Foram desenvolvidos dois experimentos seqüenciais, o primeiro com rações que
continham níveis crescentes de treonina, alterando-se a relação treonina: lisina e, com
base nos resultados, realizou-se um segundo experimento, com o objetivo de avaliar a
exigência de treonina com relação aminoácidos: lisina constante.
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina, relação variável
Um total de 288 codornas japonesas aos 125 dias de idade foi distribuído em um
delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos, com seis repetições de 8
aves cada. Os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de milho e farelo
de soja, suplementada com os aminoácidos industriais L-Lisina, DL-Metionina, L-
Triptofano, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências nutricionais para
codornas japonesas em postura, exceto para treonina.
A ração basal foi suplementada com 0,000, 0,040, 0,081, 0,121, 0,162 e 0,202%
de L-Treonina em substituição ao L - Ácido Glutâmico com o objetivo de alcançar os
níveis de 0,660, 0,700, 0,740, 0,780, 0,820 e 0,860% de treonina na ração, resultando
nas relações treonina: lisina de 66, 70, 74, 78, 82 e 86% (Tabela 9).
O L - Ácido Glutâmico foi utilizado para tornar as rações isoprotéicas. O nível
dietético do óleo de soja e do inerte foi acrescido em substituição ao L - Ácido
Glutâmico que foi modificado com o aumento dos níveis de treonina nas rações
experimentais, de forma a tornar as rações isoprotéicas e isoenergéticas.
52
Tabela 9. Composição alimentar e química das rações experimentais
Ingredientes, % Níveis de Treonina (%)
0,66 0,70 0,74 0,78 0,82 0,86
Milho 69,491 69,491 69,491 69,491 69,491 69,491
Farelo de soja 18,353 18,353 18,353 18,353 18,353 18,353
Calcário 5,411 5,411 5,411 5,411 5,411 5,411
Fosfato bicálcico 1,378 1,378 1,378 1,378 1,378 1,378
Sal 0,297 0,297 0,297 0,297 0,297 0,297
L-Lisina 0,348 0,348 0,348 0,348 0,348 0,348
DL-Metionina 0,086 0,086 0,086 0,086 0,086 0,086
L-Triptofano 0,017 0,017 0,017 0,017 0,017 0,017
L-Isoleucina 0,181 0,181 0,181 0,181 0,181 0,181
L-Valina 0,106 0,106 0,106 0,106 0,106 0,106
L-Arginina 0,302 0,302 0,302 0,302 0,302 0,302
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Premix mineral e vitamínico1
0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200
Óleo de soja 3,500 3,503 3,506 3,508 3,511 3,514
Inerte2
- 0,009 0,018 0,027 0,036 0,045
L - Ácido Glutâmico 0,261 0,209 0,157 0,104 0,052 -
L-Treonina - 0,040 0,081 0,121 0,162 0,202
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição calculada
Energia Metabolizável, kcal/kg 2950 2950 2950 2950 2950 2950
Proteína bruta, % 18,63 18,63 18,63 18,63 18,63 18,63
Calcio, % 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50
Fósforo disponível, % 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35
Sódio, % 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15
Cloro, % 0,21 0,21 0,21 0,21 0,21 0,21
Potassio, % 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53
Lisina, % 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
Metionina + Cistina,% 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70
Triptofano,% 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19
Valina, % 0,92 0,92 0,92 0,92 0,92 0,92
Isoleucina, % 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90
Arginina, % 1,26 1,26 1,26 1,26 1,26 1,26
Treonina, % 0,66 0,70 0,74 0,78 0,82 0,86
Treonina: Lisina 66 70 74 78 82 86 1Premix mineral por kg de ração: Mn, 60 g; Fe, 80 g; Zn, 50 g; Cu, 10 g; Co, 2 g; I, 1 g;
e veículo q.s.p., 500 g. Premix vitamínico (Concentração/kg): Vit. A - 15.000.000 Ul,
Vit. D3 - 1.500.000 Ul, Vit. E - 15.000 Ul, Vit.B1 - 2,0 g, it.B2-4,0 g, Vit B6 - 3,0 g,
Vit.B12 - 0,015 g, Ácido nicotínico - 25 g, Ácido pantotênico- 10 g, Vit.K3 - 3,0 g,
Ácido fólico- 1,0 g, Selênio - 250 mg, e veículo. q.s.p. - 1.000 g. 3 Etoxiquim – 10g, e
veículo q.s.p. – 1.000g. 2Areia lavada
53
Experimento 2– Níveis crescentes de treonina, relação constante
Um total de 240 codornas japonesas aos 125 dias de idade foi distribuído em um
delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos com seis repetições de 8
aves cada. Os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de milho e farelo
de soja, suplementada com os aminoácidos industriais L-Lisina, DL-Metionina, L-
Triptofano, L-Arginina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências
nutricionais para codornas japonesas em postura. As rações tinham a mesma relação
aminoácidos:lisina de acordo com as recomendações sugeridas pelo NRC (1994),
exceto a treonina: lisina que foi fixada em 78%. As relações aminoácidos: lisina foi: 70,
19, 126, 92, 90 e 78%, para metionina+cistina, triptofano, arginina, valina, isoleucina e
treonina, respectivamente, conforme são apresentadas na Tabela 10.
Variáveis avaliadas
As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave/dia), produção (%), peso
(g), massa (g/ave/dia), conversão por massa (kg/kg) e por dúzia de ovo (kg/dz), peso (g)
e porcentagem (%) de gema, de albúmen e de casca, espessura da casca (mm), unidade
Haugh, gravidade específica (g/cm3).
54
Tabela 10. Composição química e alimentar das rações experimentais
Ingredientes, % Níveis de Treonina, %
0,623 0,701 0,779 0,857 0,935
Milho 71,903 69,028 68,369 68,126 67,052
Farelo de Soja 18,942 21,110 21,211 21,312 21,412
Calcário 5,445 5,439 5,438 5,437 5,435
Fosfato bicálcico 1,396 1,387 1,389 1,391 1,393
Óleo de Soja 0,611 0,980 0,951 0,923 0,895
Sal 0,521 0,521 0,522 0,522 0,522
L-Isoleucina 0,168 0,223 0,313 0,403 0,493
L-Lisina 0,168 0,218 0,317 0,416 0,515
L-Arginina 0,155 0,226 0,361 0,495 0,630
L-Treonina 0,131 0,183 0,261 0,339 0,417
L-Valina 0,118 0,179 0,273 0,367 0,461
DL-Metionina 0,116 0,171 0,242 0,313 0,384
L-Triptofano 0,000 0,009 0,027 0,046 0,065
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Premix Vitamínico e
Mineral1 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200
Carbonato de Potássio 0,056 0,056 0,056 0,056 0,056
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição calculada
Energia Metabolizável,
kcal/kg 2950 2950 2950 2950 2950
Proteína Bruta, % 15,091 16,060 16,412 16,763 17,114
Cálcio, % 2,500 2,500 2,500 2,500 2,500
Fósforo disponível, % 0,350 0,350 0,350 0,350 0,350
Sodio, % 0,225 0,225 0,225 0,225 0,225
Cloro, % 0,356 0,356 0,356 0,356 0,355
Potássio, % 0,580 0,580 0,580 0,580 0,580
Lisina, % 0,800 0,900 1,000 1,100 1,200
Metionina + Cistina, % 0,560 0,630 0,700 0,770 0,840
Triptofano, % 0,152 0,171 0,190 0,209 0,228
Valina % 0,736 0,828 0,920 1,012 1,104
Isoleucina, % 0,720 0,810 0,900 0,990 1,080
Arginina, % 1,008 1,134 1,260 1,386 1,512
Treonina, % 0,623 0,701 0,779 0,857 0,935 1Premix mineral por kg de ração: Mn, 60 g; Fe, 80 g; Zn, 50 g; Cu, 10 g; Co, 2 g; I, 1 g;
e veículo q.s.p., 500 g. Premix vitamínico (Concentração/kg): Vit. A - 15.000.000 Ul,
Vit. D3 - 1.500.000 Ul, Vit. E - 15.000 Ul, Vit.B1 - 2,0 g, it.B2-4,0 g, Vit B6 - 3,0 g,
Vit.B12 - 0,015 g, Ácido nicotínico - 25 g, Ácido pantotênico- 10 g, Vit.K3 - 3,0 g,
Ácido fólico- 1,0 g, Selênio - 250 mg, e veículo. q.s.p. - 1.000 g. 3 Etoxiquim – 10g, e
veículo q.s.p. – 1.000g. 2Areia lavada
55
O período de avaliação da produção de ovos foi dividido em cinco períodos de
21 dias cada. Ao final de cada período foram coletadas as sobras das rações de cada
parcela para o cálculo do consumo de ração. A coleta dos ovos foi realizada duas vezes
ao dia (10:00 e 16:00 h), sendo anotados em ficha de freqüência de postura e a
mortalidade. A produção dos ovos em porcentagem foi calculada dividindo-se a
quantidade de ovos totalizados por parcela pelo número de aves, corrigindo pela
mortalidade. Os ovos dos últimos três dias de cada período foram pesados
individualmente para a obtenção do peso médio dos ovos. Os cálculos da massa de ovo
foram realizados pelo produto da produção de ovos e do peso médio dos ovos por
parcela. A conversão alimentar por massa de ovo foi calculada através da relação entre
o consumo de ração e massa de ovo produzida. A conversão por dúzia de ovos foi
calculada pela relação entre o consumo de ração dividida pela produção, sendo esse
resultado multiplicado por doze.
Ao final de cada período, foram selecionados quatro ovos por parcela para
determinação do peso e porcentagem de gema, de albúmen e de casca, após separação
manual destes componentes, onde as cascas foram colocadas em estufa a 105°C por
quatro horas. A porcentagem de cada um dos componentes do ovo foi obtida dividindo-
se o peso do componente pelo peso do ovo, em seguida multiplicando o resultado por
100. A espessura da casca será medida com o auxílio de um micrômetro digital com
precisão de 0,1 mm em três pontos na linha mediana do ovo, com os quais será
calculada a média aritmética.
A cada final de período experimental foram selecionadas amostras
representativas de dois ovos por parcela onde foram feitas imersões dos ovos em
diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um volume de 25 litros de água
com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com intervalo de 0,0025 g/cm3. Os
56
ovos eram colocados nos baldes com as soluções, da menor para a maior densidade e
eram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores respectivos das densidades
correspondentes às soluções dos recipientes. Antes de cada avaliação, as densidades
eram conferidas com densímetro de petróleo.
Nas análises histológicas, a coleta do material foi realizada através de
fragmentos do sistema digestório (duodeno e fígado) e reprodutor (magno e útero) de 10
animais por tratamento. Os fragmentos foram imersos em fixador metacarn (60%
metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido acético) por 12 horas, sendo transferidos para
álcool 70% em seguida.
Para a microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos em paraplast.
Foram realizados cortes seriados dos fragmentos com 5 µm de espessura. As seguintes
colorações histológicas foram realizadas para a descrição histológica: hematoxilina e
eosina, periodic acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram
capturadas com o auxílio de microcâmera acoplada ao microscópio Olympus BX-51 e
as imagens digitalizadas no software KS 400.3 (Zeiss).
Os resultados foram submetidos as analises de variância e regressão utilizando-
se o programa SAEG (Universidade Federal de Viçosa, 2000).
57
RESULTADOS
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina, relação variável
O consumo de ração não foi influenciado (P>0,05) pelos níveis dietéticos de
treonina nas rações das codornas. Entretanto, as demais variáveis apresentadas na
Tabela 11 foram significativamente influenciadas pelos tratamentos de forma quadrática
(P<0,01), determinando-se uma relação ótima para cada variável de 77,13; 75,12; 78,22;
79,61 e 81,00% ou 0,771, 0,751, 0,782, 0,796 e 0,810% de treonina para a produção,
peso, massa, conversão em massa e em dúzia de ovos, respectivamente.
Tabela 11. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO, g),
conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em função
das relações treonina: lisina das rações
Thr, % (Thr:Lys) CR PR1 PO
2 MO
3 CMO
4 CDZ
5
0,660 (66) 20,85 78,45 9,71 7,62 2,73 0,319
0,700 (70) 20,70 79,86 9,74 7,77 2,66 0,311
0,740 (74) 20,44 81,55 9,76 7,95 2,57 0,305
0,780 (78) 21,01 82,38 9,77 8,05 2,61 0,304
0,820 (82) 20,58 81,93 9,75 7,99 2,57 0,302
0,860 (86) 20,76 79,07 9,74 7,7 2,69 0,309
Média 20,723 80,540 9,745 7,847 2,638 0,308
Valor de P
Linear 0,212 0,089 0,092 0,083 0,062 0,314
Quadrático 0,128 0,006 0,048 0,027 0,004 0,004
C.V.(%) 3,76 3,21 1,55 3,18 4,42 4,4
SEM 0,037 0,298 0,004 0,032 0,012 0,001
Na Tabela 12 são apresentadas as equações polinomiais obtidas nas análises
estatísticas das variáveis apresentadas na Tabela 11.
58
Tabela 12. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações treonina: lisina das rações
Variável Equação Polinomial R2
Thr:Lys,
%
Produção de ovos Ŷ = -0,0334x2 + 5,1524x - 116,45 0,91 77,13
Peso dos ovos Ŷ =-0,0004x2 + 0,0601x + 7,4249 0,95 75,12
Massa dos ovos Ŷ =-0,0035x2 + 0,5476x - 13,108 0,93 78,22
Conversão em massa de ovo Ŷ =0,0013x2 - 0,207x + 10,565 0,88 79,61
Conversão em dúzia de ovos Ŷ =0,0001x2 - 0,0162x + 0,9412 0,96 81,00
Na Tabela 13 os dados mostram que as relações treonina: lisina utilizada neste
estudo não foram capazes de modificar de forma significativa as variáveis de qualidade
interna e externa dos ovos (P>0,05).
Tabela 13. Percentagem de albúmen (PAlbúmen, %), gema (PGema, %) e casca
(PCasca, %), pigmentação da gema (PIG) e gravidade específica (GE,
g/cm3) e espessura da casca dos ovos em função das relações treonina: lisina
das rações
Treonina, %
(Thr:Lys) PAlbúmen PGema PCasca PIG GE ESP
0,660 (66) 57,45 30,39 8,24 5,96 1,073 0,233
0,700 (70) 57,46 29,26 8,58 6,11 1,071 0,241
0,740 (74) 57,11 28,78 8,45 6,07 1,073 0,238
0,780 (78) 56,76 29,66 8,55 6,11 1,073 0,243
0,820 (82) 56,87 29,57 8,73 6,06 1,075 0,242
0,860 (86) 57,86 28,38 8,51 6,18 1,073 0,241
Média 57,2517 29,34 8,51 6,08167 1,073 0,23967
Valor de P
Linear 0,082 0,213 0,224 0,323 0,223 0,320
Quadrático 0,078 0,319 0,301 0,121 0,062 0,232
C.V.2
2,17 4,42 3,34 2,46 0,203 3,39
SEM 0,076 0,129 0,030 0,013 0,0002 0,001
As vilosidades intestinais das codornas japonesas alimentadas com rações com
maior relação treonina: lisina foram mais largas e possuíam mais ramificações (Figura
5A, B) e tiveram células caliciformes em maior número e mais ativas (Figura 5C, D).
As dobras do magno das codornas em postura do tratamento com maior relação
treonina: lisina, com 0,860% de treonina, se apresentaram mais ativas (relacionado à
coloração rosa) (Figura 5E, F) e o epitélio dessas dobras possuíam mais células
59
produtoras de muco (Figura 5G, H). No útero das codornas japonesas em postura do
grupo alimentado com rações com maior relação treonina: lisina existiu mais dobras
secundárias (Figura 5I, 1J).
60
Figura 5. Fotomicrografias dos sistemas digestório e reprodutor feminino de codornas
japonesas em postura alimentadas com rações com relação treonina: lisina
em 66 e 82%. (A, C, E, G e I) Codornas japonesas em postura alimentadas
com ração com relação treonina: lisina em 66% ou 0,660% de treonina. C,
D, F, H e J) Codornas japonesas em postura alimentadas com ração com
relação treonina: lisina em 82% ou 0,820% de treonina. (A, B, I e J)
Coloração de hematoxilina-eosina. (C, D, G e H) Coloração de Periodic
Acid Schiff. (E e F) Coloração de tricômio de Masson. (A, B, E e F) barra =
500 µm. (C, D, I e J) barra = 200 µm.(G e H) barra = 100 µm.
61
Nos tratamentos com maiores relações de treonina: lisina, as glândulas tubulares
do magno se apresentaram em maior número e em estágio funcional mais ativo e
apresentando quantidade de albúmen superior a encontrada nos demais tratamentos
(Figura 5E, F). O aumento do nível de treonina nas rações, especialmente no nível de
0,820%, também promoveu o aumento de produção de muco pelo epitélio do magno,
facilitando dessa forma a passagem do ovo, em formação, pelo oviduto e protegendo a
mucosa do mesmo (Figura 5G, H). Essa ração também aumentou a quantidade de
dobras secundárias do útero dessas aves (Figura 5I, J).
O fígado dos animais com relação treonina: lisina de 66% apresentou maior
positividade ao PAS (Figura 6G), indicando maior acúmulo de glicogênio. Quando
comparado, o fígado das codornas com relações maiores que 66% de treonina: lisina na
ração apresentou menor depósito de glicogênio hepático (Figura 6H, I).
62
Figura 6. Fotomicrografias do fígado de codornas em postura dos grupos com dietas
utilizando-se relação treonina: lisina de 66% (A, D e G), 82% (B, E e H) e
86% (G, H e I). Coloração de hematoxilina-eosina (A, B e C). Coloração de
tricômio de Masson (D, E e F). Coloração de periodic acid Schiff (G, H e I).
Barra= 200µm.
Apesar dos resultados obtidos pelo aumento do nível de treonina nas rações, com
consequente elevação da relação treonina: lisina, tais rações proporcionam um
agravamento da esteatose hepática comumente encontrada no fígado de aves de
produção, visto que tal patogenia era mais intensa na relação de 86%, que continha o
maior nível (0,860%) de treonina avaliado no estudo (Figuras 6A, B, C). Juntamente
com a esteatose, também foi observado que no fígado das aves dos tratamentos que
receberam rações com maiores níveis de treonina, especialmente os tratamentos com
níveis de 0,820 e 0,860%, havia pequenos depósitos de colágeno parenquimal (Figura
63
6E, F), já nos demais tratamentos, o colágeno se apresentava apenas ao redor dos vasos
sanguíneos, situação normal (Figura 6D).
Experimento 2– Níveis crescentes de treonina, relação constante
Conforme os dados apresentados na Tabela 14, podemos verificar que todas as
variáveis avaliadas foram influenciadas estatisticamente com comportamento
quadrático, exceto o consumo de ração.
Tabela 14. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO, g),
conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em função
dos níveis de treonina nas rações
Treonina, % CR PR PO MO CMO CDZ
0,623 (78) 24,71 76,13 11,19 8,51 2,91 0,39
0,701 (78) 25,12 79,47 11,33 9,01 2,8 0,38
0,779 (78) 25,47 82,63 11,66 9,63 2,65 0,37
0,857 (78) 25,3 81,96 11,67 9,57 2,65 0,37
0,935 (78) 26,02 76,44 11,51 8,8 2,97 0,41
Média 25,324 79,326 11,472 9,104 2,796 0,384
Valor de P
Linear 0,108 0,082 0,064 0,099 0,202 0,187
Quadrático 0,204 0,036 0,031 0,023 0,028 0,021
C.V.(%) 3,24 5,27 3,96 7,43 7,37 5,57
SEM 0,088 0,493 0,034 0,079 0,024 0,003
A produção de ovos foi melhorada com o aumento dos níveis dos aminoácidos
nas rações e esse efeito proporcionou um melhor peso dos ovos, que gerou uma melhor
massa de ovos, bem como uma melhor conversão em massa e em dúzia de ovos. O nível
ótimo determinado através das equações polinomiais dessas variáveis foram 0,787;
0,837; 0,798, 0,781 e 0,764% de treonina, respectivamente.
64
Na Tabela 15, são apresentadas as equações polinomiais das variáveis
apresentadas na Tabela 14.
Tabela 15. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelos
níveis de treonina das rações
Variável Equação Polinomial R2 Thr, %
Produção de ovos Ŷ= -253,05x2 + 398,2x - 74,234 0,94 0,787
Peso dos ovos Ŷ= -10,83x2 + 18,136x + 4,0458 0,90 0,837
Massa dos ovos Ŷ= -37,821x2 + 60,384x - 14,524 0,92 0,798
Conversão em massa de ovo Ŷ= 11,713x2 - 18,288x + 9,7892 0,85 0,781
Conversão em dúzia de ovos Ŷ= 1,2661x2 - 1,9349x + 1,1073 0,88 0,764
Pode-se verificar que a treonina não influenciou a qualidade interna e externa
dos ovos de codornas japonesas (Tabela 16), mas melhoram o desempenho produtivo
das aves, como apresentado na Tabela 14, de forma que, a medida que o nível de
treonina na ração aumenta, o desempenho acompanha, chegando a um patamar de
desempenho ótimo.
Tabela 16. Gravidade específica (GE, g/cm3), Unidades Haugh (UH), porcentagem de
albúmen (PAlbúmen, %), casca (PCasca, %) e gema (PGema,%) dos ovos
sobre os níveis de treonina
Treonina, % GE UH PAlbúmen PCasca PGema
0,623 (78) 1,071 91,96 52,92 15,2 31,88
0,701 (78) 1,071 91,79 53,23 15,16 31,61
0,779 (78) 1,070 93,3 53,06 14,91 32,03
0,857 (78) 1,070 91,21 52,57 15,33 32,1
0,935 (78) 1,070 91,19 52,81 15,44 31,75
Média 1,070 91,89 52,918 15,208 31,874
Valor de P
Linear 0,102 0,263 0,061 0,391 0,077
Quadrática 0,231 0,302 0,283 0,361 0,209
C.V.(%) 0,118 2,33 2,48 8,04 4,16
SEM 0,0001 0,1569 0,0456 0,0365 0,0365
65
Em relação à avaliação histológica, os órgãos do sistema digestório (intestino,
cecos e magno) não apresentaram diferenças entre os tratamentos estudados. Tal efeito
demonstra que mesmo alterando os níveis de treonina e dos demais aminoácidos, mas
mantendo a relação aminoácidos: lisina, tais estruturas não são alteradas.
O estudo histológico do útero das codornas nos diferentes tratamentos
demonstrou que o único tratamento que apresentou diferença foi o tratamento com
menor densidade em aminoácidos, ou seja, o tratamento 1, que continha 0,623% de
treonina. Nesse, observou-se dobras uterínicas mais finas que os demais tratamentos
com maior densidade em aminoácidos, entretanto a espessura do epitélio do útero era a
mesma entre os demais tratamentos avaliados nesse estudo. Não houve diferença
histológica para magno dentre os tratamentos.
O fígado foi o órgão que apresentou as maiores diferenças, dentre os estudados.
Em todos os tratamentos, o fígado se apresentou esteatótico, com lipídeos encontrados
principalmente ao redor das tríades hepáticas, sendo pouco positivo ao PAS e sem
depósito de colágeno parenquimal. Entretanto, o fígado das codornas do tratamento 3,
com 0,779% de treonina, tinha um peso significativamente maior (Figura 7) e possuía
esteatose mais avançada (Figura 8).
Outro efeito que pode justificar a maior produção de ovos apresentada pelas
codornas alimentadas com a ração do tratamento 3 é a pouca positividade do fígado ao
corante PAS, o que indica pouco depósito de glicogênio hepático, o que pode indicar
uma maior destinação dessa fonte de energia para outros órgãos, no caso para o sistema
reprodutor o que elevaria a capacidade de produção de ovos.
66
Figura 7. Peso do fígado e a relação fígado/carcaça dos diferentes tratamentos de
codornas japonesas em postura.
.
Figura 8. Fotomicrografia de fígado de codorna japonesa em postura. A) Indivíduo do
tratamento com 0,779% de treonina apresentando esteatose avançada. B)
Indivíduo representativo dos demais níveis. Aumento de 200x.
67
DISCUSSÃO
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina, relação variável
No NRC (1994) verifica-se uma recomendação de 0,74% de treonina na ração de
codornas japonesas em postura, enquanto no INRA (1999) as recomendações para este
aminoácido é de 0,58%. Já Silva & Costa (2009) recomendam uma ração com pelo
menos 0,79 e 0,67% de treonina total e digestível, respectivamente. Enquanto isso,
Rostagno et al. (2011) recomendam uma ração para codornas em postura, com média de
peso de 177g, 0,658% de treonina digestível.
Utilizando dietas à base de farelo de soja e caseína, Allen & Young (1980)
estimaram a exigência de 0,67% de treonina para codornas japonesas em postura. Por
sua vez, Shim & Vohra (1984), Shrivastav & Panda (1990) e Shim & Lee (1993)
estimaram os níveis de 1,10; 0,64 e 0,63% de treonina.
Avaliando a influência da suplementação de L-Treonina nas rações de codornas
japonesas em crescimento, Baylan et al. (2006) utilizaram seis níveis de treonina total
nas rações, que foram de 0,81 a 1,06%, variando 0,05% de treonina a cada nível. A
ração basal tinha 23% de proteína bruta e 1,10% de lisina total, de forma que a
suplementação do aminoácido industrial foi utilizada para obter os níveis de treonina
determinados pelos tratamentos. Após análise dos resultados, os autores verificaram que
a suplementação da treonina nas rações influenciou o peso vivo e a conversão alimentar
das aves, mas não ocasionou influência nos pesos das partes da carcaça. Logo, os
autores concluíram a que a suplementação de treonina não afeta o crescimento e que
isso pode estar relacionado a uma possível adaptação aos níveis nutricionais de treonina
nas rações.
68
Umigi et al. (2007) trabalharam com cinco níveis de treonina digestível, de 0,65 a
0,85%, variando 0,05% entre os níveis. As dietas foram isonutritivas, exceto para a
treonina digestível, de forma que a proteína e a energia contida no aminoácido L-
Treonina com a sua suplementação, foi corrigida através do L - Ácido Glutâmico e do
óleo vegetal, além do amido. Os autores não verificaram efeito no consumo diário de
ração, corroborando com os dados deste estudo, mas o consumo de treonina. Assim,
com base nos resultados obtidos, Umigi et al. (2007) concluíram que uma ração com
0,65% de treonina digestível é suficiente para proporcionar um bom resultado em
desempenho e qualidade de ovos.
Neste estudo foi avaliada a suplementação de L-Treonina em níveis dietéticos de
0,66 a 0,86% variando 0,04% a cada nível de treonina total em rações de codornas
japonesas em postura, equivalendo a relações de 66, 70, 74, 78, 82 e 86 com a lisina
total. Embora não tenha sido observado efeito sobre o consumo de ração, tal qual Umigi
et al. (2007), observamos um efeito quadrático para a produção, o peso, a massa, a
conversão em massa e na conversão em dúzia de ovos, obtendo relações ótimas de 77,
75, 78, 79 e 81, respectivamente.
Sá et al. (2007) trabalhando com níveis de treonina nas rações de poedeiras leves,
não obtiveram diferenças significativas para o peso dos ovos, mas um aumento na
massa dos ovos quando a treonina teve seu nível elevado. Sendo assim, os resultados
aqui apresentados mostram que o aumento da relação treonina: lisina na ração, pelo
menos de codornas em postura, também influencia positivamente no peso, massa,
conversão em massa e em dúzia de ovos tal qual em poedeiras leves, conforme
apresentado por Sá et al. (2007) e por Lima et al. (2009ab) e Lima et al. (2011), quando
avaliaram a treonina digestível com poedeiras leves em postura.
69
Sobre a qualidade dos ovos das codornas japonesas, Umigi et al. (2007) não
encontraram alterações neste parâmetro em função dos níveis de treonina das rações,
corroborando com os resultados obtidos por Lima et al. (2010). Similarmente, Lima et
al. (2009) trabalhando com poedeiras leves, não observaram efeitos significativos para
as variáveis de qualidade interna e externa dos ovos quando do aumento dos níveis de
treonina. Já Teixeira et al. (2005) relataram que a treonina digestível influencia apenas a
gravidade específica quando da elevação dos níveis de treonina nas rações.
Sendo assim, a treonina parece influenciar o desempenho das aves, mas não a
qualidade dos ovos. Entretanto, as diferenças histológicas no sistema reprodutor das
aves, conforme os resultados histológicos, especialmente quando se verifica que com os
maiores níveis de treonina nas rações, as glândulas tubulares do magno se apresentaram
em maior número e em estágio funcional mais ativo. Dessa forma apresenta quantidade
de albúmen superior, o que, permitem que a produção dos ovos seja feita em um
período de tempo menor, aumentando assim a produção, peso, massa, conversão em
massa e dúzia de ovo, corroborando com os resultados obtidos neste estudo,
especialmente para a produção, peso, massa, conversão em massa e em dúzia de ovos.
Da mesma forma percebe que o aumento dos níveis de treonina também elevou a
quantidade de dobras secundárias do útero das codornas japonesas em postura. Tais
características permitiriam a formação da casca em um menor tempo, aumentando
assim, a produção de ovos, visto que o ovo em formação fica no útero por tempo
variável para a deposição de carbonato de cálcio, sendo esta acelerada pelo aumento da
superfície interna do órgão, o que pode reduzir os ovos despigmentados, pois grande
parte deste tipo de ovo é caracterizada por algum fator estressante que faz com que a
ave faça a postura precoce e, com a formação da casca de forma mais rápida, esse
problema de manejo pode ser amenizado.
70
Embora, alguns dados na literatura apenas relatem os efeitos da suplementação
de treonina nas rações sobre o desempenho zootécnico, nossos resultados conciliam os
dados já descritos anteriormente com as modificações histológicas no trato digestório e
reprodutor das codornas japonesas, que dão, sem dúvida, maior consonância aos dados e
possibilitam uma resposta mais consistente da utilização da treonina.
O melhor desempenho das aves em relação à maior suplementação de treonina nas
rações pode ser explicado pelas alterações histológicas encontradas nas vilosidades
intestinais nas codornas, ocorrendo um re-arranjamento da mucosa, que demonstra a
necessidade fisiológica de ampliar a superfície absortiva do intestino delgado em
relação a um determinado nutriente (Aptekmann et al., 2001).
Fatos que corroboram com os resultados de Gomide-Júnior et al. (2004), nos quais
demonstraram que a mucosa intestinal responde a agentes exógenos por meio de
modificações morfológicas na altura e número das vilosidades intestinais, profundidade
de criptas intestinais, proliferação celular e número de células mortas por perda epitelial.
Em relação à maior positividade à colocação de PAS no epitélio intestinal com o
aumento da treonina nas rações, demonstra que as células caliciformes do epitélio
intestinal produziram maior quantidade de muco, além de estarem em maior número.
Essa característica permite que o bolo alimentar passe pelo intestino com maior
facilidade evitando constipações e protegendo a mucosa intestinal de danos causados
pelo jejum ou agentes patogênicos (Gomide-Júnior et al., 2004). Sendo assim, o
aumento do nível de treonina na ração também pode proporcionar efeitos positivos para
a saúde animal.
O aumento da produção de ovos em decorrência do aumento dos níveis de
treonina na ração também pode ser explicado pela ocorrência de alterações na fisiologia
71
da deposição energética hepática. Pois, os resultados indicam que nos animais que
receberam ração com maiores níveis de treonina não há depósito energético, sendo a
energia, em sua maior porcentagem, destinada primariamente para a produção de ovos.
Com base nos resultados sobre as glândulas tubulares do magno, que se
apresentaram em maior número e em estágio funcional mais ativo, podemos dizer que
essas características permitem que a produção dos ovos seja feita em um período de
tempo menor, aumentando assim a produção, peso, massa, conversão em massa e dúzia
de ovos. Tais características como o aumento de produção de muco no epitélio do
magno e uma maior quantidade de dobras secundárias do útero, permitem a formação da
casca em um menor tempo, aumentando assim, a produção de ovos, visto que o ovo em
formação fica no útero por tempo variável para a deposição de carbonato de cálcio
(King & McLelland, 1979), sendo esta acelerada pelo aumento da superfície interna do
órgão.
Em relação à esteatose com o aumento da treonina nas rações, estudos
demonstram que a suplementação da dieta com metionina também induz o aumento da
gordura hepática (Bunchasak & Silapasorn, 2005). Este aumento da esteatose hepática
pode ter sido causado pela maior síntese de estrogênio no ovário para dar suporte a
maior produção de ovos (Bunchasak & Silapasorn, 2005.
Em relação aos pequenos depósitos de colágeno parenquimal observados no
fígado das aves que receberam rações com relações treonina: lisina de 82 e de 86%, vale
ressaltar que, embora tenha sido pequena quantidade, este efeito denota processo
fibrótico resultante de processos contínuos de regeneração hepatocitária (Fausto et al.,
2003). Entretanto a vida produtiva média de uma codorna é de aproximadamente 360
dias, sendo assim, tais alterações metabólicas não geram perdas produtivas, qualitativas
72
e por conseqüência, econômicas. Em adição, o grupo que apresentou mais
evidentemente essas alterações hepáticas, foi o grupo na qual a relação era de 86%,
grupo esse, na qual a alta relação treonina: lisina na dieta não se traduziu nos melhores
índices zootécnicos.
Experimento 2– Níveis crescentes de treonina, relação constante
O NRC (1994) recomenda que as rações de codornas japonesas em postura devem
ter 0,74% de treonina enquanto que o INRA (1999) e Silva & Costa (2009)
recomendam 0,58 e 0,79% de treonina, respectivamente. Os resultados desse estudo
mostram que as relações aminoácidos: lisina é de fundamental importância para o
melhor desempenho das aves, contudo, essa afirmativa só será efetivamente verdadeira
se a ração atenda aos níveis mínimos requeridos pelas aves, independente da relação, de
tal forma que o ideal seria o intercepto entre o nível e a relação.
Os dados apresentados neste estudo corroboram com os apresentados por Sá et al.
(2007), pois quando estavam avaliando níveis de treonina em rações de poedeiras leves
não perceberam uma influência significativa sobre o peso dos ovos, mas houve uma
melhora na massa de ovo quando a treonina teve um aumento na ração, em virtude
principalmente de uma melhora na produção diária de ovos. Dessa forma, tal qual
apresentado por Sá et al. (2007), pode inferir que os efeitos benéficos gerados nas
galinhas poedeiras leves são semelhantes nas codornas japonesas em postura com a
suplementação de treonina nas rações, se confirmando ainda em trabalhos publicados
por Lima et al. (2009a) quando avaliaram relações crescentes de treonina digestível:
73
lisina digestível e recentemente por Lima et al. (2011), quando avaliaram a treonina
digestível em relação à lisina sob relação constante com poedeiras leves em postura.
Com base na avaliação da qualidade interna e externa dos ovos, Lima et al.
(2009b) também não verificaram influências da treonina sobre a qualidade interna e
externa dos ovos de poedeiras leves, enquanto que Teixeira et al. (2005) obtiveram uma
variação na qualidade externa dos ovos de poedeiras leves, especificamente na
gravidade específica.
A não influência nos órgãos do sistema digestório demonstra que mesmo
alterando os níveis de treonina e dos demais aminoácidos, mas mantendo a relação
aminoácidos: lisina, tais estruturas não são alteradas.
Com base no estudo histológico do útero das codornas japonesas em postura, os
resultados apresentados nesse estudo podem indicar que apesar de mantida a relação
treonina: lisina de 78%, quantidades de treonina e dos demais aminoácidos na ração de
codornas japonesas em postura pode levar a uma produção de casca menos eficiente
podendo influenciar diretamente da sua qualidade, muito embora, essa alteração na
qualidade não tenha sido observada estatisticamente, pelo menos no que concernem as
variáveis avaliadas.
O aumento no peso do fígado pode ser explicado pelo maior depósito de gordura
no órgão, sendo esse depósito lipídico causado pelo efeito da alta síntese de estrogênio
pelo ovário para suportar a maior produção de ovos entre os tratamentos avaliados.
Outro efeito que pode justificar a maior produção de ovos apresentada pelas
codornas alimentadas com a ração do tratamento 3 é a pouca positividade do fígado ao
corante PAS, o que indica pouco depósito de glicogênio hepático, o que pode indicar
74
uma maior destinação dessa fonte de energia para outros órgãos, no caso para o sistema
reprodutor o que elevaria a capacidade de produção de ovos.
É importante mencionar que apesar do aumento da esteatose hepática não
houve depósitos de colágeno parenquimal hepático nas aves do tratamento 3, o que
denotaria processo fibrótico resultante de processos contínuos de regeneração
hepatocitária (Fausto et al., 2003).
Sendo assim, os animais do tratamento 3 possuem características histológicas
que tendem a proporcionar índices zootécnicos de maior eficiência em relação aos
demais tratamentos, sendo essa afirmativa baseada nas avaliações histológicas e
validadas pelos resultados observados nos dados de desempenho zootécnico das
codornas japonesas.
CONCLUSÃO
A exigência de treonina para codornas japonesas em postura é de 0,780 e 0,793%
ou 161 e 200 mg/ave/dia, com relação variável e constante em 78%, respectivamente.
75
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79
CAPÍTULO 3
Exigência de Triptofano Digestível de Poedeiras Leves em Postura
80
Exigência de Triptofano Digestível de Poedeiras Leves em Postura
RESUMO – Este estudo teve como objetivo determinar a exigência de
triptofano digestível para poedeiras leves alimentadas com rações com níveis crescentes
de triptofano sob relação variável e constante. Foram desenvolvidos dois experimentos
seqüenciais, o primeiro com rações que continham níveis crescentes de triptofano
digestível, alterando-se a relação triptofano digestível: lisina digestível e, com base nos
resultados, realizou-se um segundo experimento, com o objetivo de determinar a
exigência de triptofano digestível com relação aminoácidos: lisina constante. No
experimento 1, os tratamentos consistiram em uma ração basal, formulada à base de
milho e farelo de soja, suplementada com os aminoácidos sintéticos L-Lisina, DL-
Metionina, L-Treonina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências
nutricionais para poedeiras, exceto para triptofano digestível. A dieta basal foi
suplementada com 0,00; 0,017; 0,035; 0,052 e 0,069% de L-Triptofano em substituição
ao amido de milho com o objetivo de alcançar os níveis de 0,151; 0,167; 0,183; 0,199 e
0,215% de triptofano digestível na ração. No experimento 2, os tratamentos consistiram
em uma ração formulada à base de milho e farelo de soja, suplementada com os
aminoácidos L-Lisina, DL-Metionina, L-Triptofano, L-Isoleucina e L-Valina de forma a
atender as exigências nutricionais para poedeiras leves em postura. As relações
aminoácidos: lisina digestível foram 91, 66, 90, 83 e 24,5%, para metionina+cistina,
treonina, valina, isoleucina e triptofano digestíveis, respectivamente. Foram avaliados
dados de desempenho e qualidade dos ovos produzidos, além da histologia do aparelho
reprodutor e digestório. Com base nesses resultados, determinou-se que a exigência de
triptofano digestível para poedeiras leves em postura é de 0,195 e 0,214% ou 205 e 219
mg/ave/dia, com relação crescente e constante em 24,5%, respectivamente.
Palavras-chave: aminoácido, desempenho, histologia
81
Digestible Tryptophan Requirement to Light Layers
ABSTRACT – This study aimed to determine the tryptophan requirement of
digestible for laying hens fed diets with increasing levels of tryptophan under variable
and constant ratios. We developed two sequential experiments, the first diets containing
increasing levels of digestible tryptophan, altering the digestible tryptophan: lysine
ratio, and based on the results, we performed a second experiment, in order to determine
the requirement digestible tryptophan related amino acids: lysine constant. In the first
experiment, treatments consisted of a basal diet formulated with corn and soybean meal
supplemented with amino acids L-Lysine, DL-Methionine, L-Threonine, L-Isoleucine
and L-Valine to meet the nutritional requirements for laying hens, except for digestible
tryptophan. The basal diet is supplemented with 0.00, 0.017, 0.035, 0.052 and 0.069%
L-Tryptophan to replace cornstarch in order to achieve the levels of 0.151, 0.167, 0.183,
0.199 and 0.215% of digestible tryptophan. In the second experiment, treatments
consisted of a diet formulated with corn and soybean meal, supplemented with
industrial amino acids L-Lysine, DL-Methionine, L-Tryptophan, L-Isoleucine and L-
Valine in a to meet the nutritional requirements for laying hens. Amino acids: lysine
ratios were: 91, 66, 90, 83 and 24.5% for methionine + cystine, threonine, valine,
isoleucine and tryptophan digestible, respectively. We evaluated performance data and
quality of eggs produced, and the histology of the reproductive and digestive systems.
Based on these results, it was determined that the tryptophan requirement of digestible
for laying hens on egg-laying is 0.195 and 0.214% or 205 and 219 mg/bird/day,
compared with an increasing trend at 24.5%, respectively.
Key – words: amino acid, histology, performance
82
INTRODUÇÃO
O triptofano desempenha vários papéis no metabolismo das aves, como
precursor da niacina e serotonina. Pelo fato de ser importante no sistema imunológico e
ter nos seus metabólicos os principais produtos envolvidos na regulação do consumo e
do estresse, é fundamental o estabelecimento do nível correto deste aminoácido nas
rações. A suplementação de L-Triptofano contribui para uma melhor utilização dos
outros aminoácidos e da ração em geral. O L-Triptofano 98% é produzido por
fermentação de matéria-prima de origem agrícola, como o melaço de beterraba ou o
hidrolisado de amido. Consiste em cristais branco a amarelo claro com 98% de
triptofano e 100% de digestibilidade (AJINOMOTO, 2010).
Segundo alguns autores, como Peganova et al. (2003) e Deponti et al. (2007), o
triptofano é considerado como o terceiro aminoácido limitante nas rações de galinhas
poedeiras à base de milho e farelo de soja. Além disso, o triptofano é precursor da
síntese de serotonina e melatonina, o que, sem dúvida alguma facilita em muito o
manejo diário das aves e, de certa forma, contribui para uma produção de ovos mais
eficiente, haja vista o número de ovos com avarias que é reduzido nestas situações. Sua
deficiência provoca uma redução no consumo de ração (Peganova & Eder, 2002) e sua
exigência pode ser influenciada por aminoácidos neutros de cadeia longa presentes nas
dietas de poedeiras, como a isoleucina, valina, leucina, fenilalanina, tirosina, metionina
e histidina, e ainda mais pela proteína da dieta.
Diferente das recomendações de lisina, o triptofano é mais avaliado com base na
relação com a lisina, ou seja, além dos níveis individuais do aminoácido, a relação com
a lisina passa a ser, atualmente um dos maiores aliados dos pesquisadores em
83
determinar o melhor nível do aminoácido. Assim, para a fase de postura, as
recomendações são as mais diversas. Como forma de exemplo o NRC. (1994), o CVB
(1996), Coon & Zhang. (1999), Rostagno et al. (2000), Rostagno et al. (2005), Rostagno
et al. (2011), Leeson & Summers. (2005) e Brengendahl (2008) recomendam que as
dietas desta aves, sejam elas leves ou semipesadas, tenham uma relação triptofano
digestível: lisina digestível em 23, 19, 20, 25, 23, 23, 21 e 22, respectivamente.
Assim, este estudo teve como objetivo determinar a exigência de triptofano
digestível para poedeiras leves alimentadas com rações com níveis crescentes de
triptofano sob relação variável e constante.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Módulo de Pesquisas com Aves do CCA/UFPB,
Areia/PB. A cidade de Areia está inserida na microrregião do Brejo Paraibano (6º 58’
12’’ de latitude Sul e 35º 42’ 15’’ de longitude Oeste), com altitude média de 619 m
(GONDIM e FERNANDES, 1980). De acordo com a classificação de Köppen, o clima
é tropical semi-úmido do tipo As’, isto é, clima quente e úmido que se caracteriza por
apresentar estação chuvosa no período outono-inverno, com precipitação pluviométrica
média anual girando em torno de 1500 mm, temperatura média anual entre 22 a 30ºC e
umidade relativa do ar elevada (75 a 87%). Segundo a classificação bioclimática de
Gäussen, nesta região predomina o bioclima 3 dth (nordestino sub-seco), com período
seco variando de um a três meses no ano (BRASIL, 1972).
84
Foram desenvolvidos dois experimentos seqüenciais, o primeiro com rações que
continham níveis crescentes de triptofano digestível, alterando-se a relação triptofano
digestível: lisina digestível e, com base nos resultados, realizou-se um segundo
experimento, com o objetivo de determinar a exigência de triptofano digestível com
relação aminoácidos: lisina constante.
Experimento 1 – Níveis crescentes de triptofano digestível, relação variável
Um total de 280 galinhas poedeiras leves da linhagem Dekalb White com 29
semanas de idade, distribuídas em um delineamento inteiramente ao acaso, com cinco
tratamentos, 14 repetições com 4 aves cada foram utilizadas. O experimento foi dividido
em 5 fases de 28 dias cada, totalizando 140 dias de avaliação. Os tratamentos
consistiram em uma ração basal, formulada à base de milho e farelo de soja,
suplementada com os aminoácidos sintéticos L-Lisina, DL-Metionina, L-Treonina, L-
Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências nutricionais para poedeiras,
exceto para triptofano digestível. A dieta basal foi suplementada com 0,00; 0,017;
0,035; 0,052 e 0,069% de L-Triptofano em substituição ao amido de milho com o
objetivo de alcançar os níveis de 0,151; 0,167; 0,183; 0,199 e 0,215% de triptofano
digestível na ração (Tabela 17).
As relações aminoácidos: lisina (em aminoácidos digestíveis) atenderam as
recomendações de Rostagno et al. (2005), exceto as triptofano digestível: lisina
digestível, que foi de 19, 21, 23, 25 e 27 para cada tratamento. O carbonato de potássio
foi acrescido na ração para atender os níveis de potássio exigidos, em função da redução
da quantidade de farelo de soja, que foi limitada pela necessidade de se causar a
85
deficiência de triptofano na dieta basal. O L - Ácido Glutâmico foi utilizado para tornar
as dietas isoprotéicas. O nível dietético do óleo de soja e do inerte foi equilibrado em
substituição ao L - Ácido Glutâmico que foi reduzido com o aumento dos níveis de L-
Triptofano nas rações experimentais, de forma a tornar as dietas, além de isoprotéicas,
isoenergéticas.
86
Tabela 17. Composição alimentar e química das rações experimentais
Ingredientes Triptofano digestível
0,151 0,167 0,183 0,199 0,215
Milho 66,176 66,176 66,176 66,176 66,176
Farelo de soja 17,921 17,921 17,921 17,921 17,921
Calcário 9,270 9,270 9,270 9,270 9,270
Fosfato bicálcico 1,542 1,542 1,542 1,542 1,542
Sal 0,488 0,488 0,488 0,488 0,488
L-Lisina 0,240 0,240 0,240 0,240 0,204
DL-Metionina 0,263 0,263 0,263 0,263 0,263
L-Treonina 0,036 0,036 0,036 0,036 0,036
L-Isoleucina 0,109 0,109 0,109 0,109 0,109
L-Valina 0,082 0,082 0,082 0,082 0,082
Carbonato de K 0,099 0,099 0,099 0,099 0,099
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Mineral e Vitamínico1
0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
Óleo de soja 3,500 3,498 3,495 3,493 3,490
Inerte2 0,000 0,011 0,022 0,033 0,044
L - Ácido Glutâmico 0,103 0,077 0,052 0,026 0,000
L-Triptofano 0,000 0,017 0,035 0,052 0,069
Antioxidante 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001
Total
100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Composição calculada
Proteína Bruta, %
15,73 15,73 15,73 15,73 15,73
Cálcio, %
4,02 4,02 4,02 4,02 4,02
Fósforo disponível, %
0,375 0,375 0,375 0,375 0,375
Energia Metabolizável,
kcal/kg
2900 2900 2900 2900 2900
Isoleucina digestível, %
0,661 0,661 0,661 0,661 0,661
Lisina digestível, %
0,796 0,796 0,796 0,796 0,796
Metionina + Cistina
digestível, %
0,724 0,724 0,724 0,724 0,724
Treonina digestível, %
0,525 0,525 0,525 0,525 0,525
Triptofano digestível, %
0,151 0,167 0,183 0,199 0,215
Valina digestível, %
0,716 0,716 0,716 0,716 0,716
Sódio %
0,225 0,225 0,225 0,225 0,225
Cloro, %
0,354 0,354 0,354 0,354 0,354
Potássio, %
0,580 0,580 0,580 0,580 0,580
Triptofano: Lisina
19 21 23 25 27 1Premix mineral por kg de ração: Mn, 60 g; Fe, 80 g; Zn, 50 g; Cu, 10 g; Co, 2 g; I, 1 g;
e veículo q.s.p., 500 g. Premix vitamínico (Concentração/kg): Vit. A - 15.000.000 Ul,
Vit. D3 - 1.500.000 Ul, Vit. E - 15.000 Ul, Vit.B1 - 2,0 g, it.B2-4,0 g, Vit B6 - 3,0 g,
Vit.B12 - 0,015 g, Ácido nicotínico - 25 g, Ácido pantotênico- 10 g, Vit.K3 - 3,0 g,
Ácido fólico- 1,0 g, Selênio - 250 mg, e veículo. q.s.p. - 1.000 g. 3 Etoxiquim – 10g, e
veículo q.s.p. – 1.000g. 2Areia lavada
87
Experimento 2 – Níveis crescentes de triptofano digestível, relação constante
Foram utilizadas 280 poedeiras leves da linhagem Dekalb White com 29
semanas de idade, distribuídas em um delineamento experimental inteiramente
casualizado, com 5 tratamentos, 14 repetições e 4 aves por unidade experimental. . O
experimento foi dividido em 5 fases de 28 dias cada, totalizando 140 dias de avaliação
Os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de milho e farelo de
soja, suplementada com os aminoácidos industriais L-Lisina, DL-Metionina, L-
Triptofano, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências nutricionais para
poedeiras leves em postura. As rações tinham a mesma relação aminoácidos: lisina de
acordo com as recomendações sugeridas por Rostagno et al. (2005), exceto a triptofano
digestível: lisina digestível que foi mantida constante em 24,5%. As relações
aminoácidos: lisina digestível foram 91, 66, 90, 83 e 24,5%, para metionina+cistina,
treonina, valina, isoleucina e triptofano digestíveis, respectivamente, conforme
apresentadas na Tabela 18.
Variáveis avaliadas
As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave/dia), produção (%), peso
(g), massa de ovo (g/ave/dia), conversão por massa (kg/kg) e por dúzia de ovo (kg/dz),
peso (g) e porcentagem (%) de gema, de albúmen e de casca, espessura da casca (mm),
unidade Haugh, gravidade específica.
O período de avaliação da produção de ovos foi dividido em cinco períodos de
28 dias cada. Ao final de cada período foram coletadas as sobras das rações de cada
parcela para o cálculo do consumo de ração. A coleta dos ovos foi realizada duas vezes
88
ao dia (10:00 e 16:00 h), sendo anotados em ficha de freqüência de postura e a
mortalidade.
Tabela 18. Composição alimentar e química das rações experimentais
Ingredientes Triptofano digestível
0,165 0,180 0,195 0,210 0,225
Milho
69,6969 67,4278 63,1272 62,8903 62,6552
Farelo de soja
16,5488 18,3897 22,0352 22,0714 22,1074
Calcário
9,3126 9,3080 9,2994 9,2989 9,2984
Óleo de soja
1,7106 2,0273 2,7357 2,6612 2,5872
Fosfato bicálcico
1,5661 1,5575 1,5396 1,5403 1,5410
Sal
0,5234 0,5236 0,5238 0,5239 0,5240
DL-Metionina
0,2070 0,2483 0,2747 0,3310 0,3854
L-Lisina
0,1136 0,1300 0,1032 0,1627 0,2223
Colina
0,0700 0,0700 0,0700 0,0700 0,0700
L-Isoleucina
0,0633 0,0831 0,0726 0,1225 0,1724
Vitamina e Mineral1
0,100 0,100 0,100 0,100 0,100
L-Valina
0,0463 0,0723 0,0691 0,1241 0,1791
L-Triptofano
0,0298 0,0355 0,0312 0,0461 0,0611
Antioxidante
0,0100 0,0100 0,0100 0,0100 0,0100
L-Treonina 0,0016 0,0169 0,0083 0,0474 0,0865
Total
100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição calculada
Proteína Bruta, %
14,2039 14,9442 16,2117 16,4241 16,6353
Cálcio, %
4,0200 4,0200 4,0200 4,0200 4,0200
Fósforo Disponível, %
0,3750 0,3750 0,3750 0,3750 0,3750
Energia Metabolizável,
kcal/kg
2900 2900 2900 2900 2900
Isoleucina digestível, %
0,5610 0,6110 0,6610 0,7110 0,7610
Lisina digestível, %
0,6760 0,7360 0,7960 0,8560 0,9160
Metionina + Cistina
digestível, %
0,6150 0,6700 0,7240 0,7800 0,8340
Treonina digestível, %
0,4470 0,4860 0,5250 0,5640 0,6030
Triptofano digestível, %
0,1650 0,1800 0,1950 0,2100 0,2250
Valina digestível, %
0,6080 0,6620 0,7160 0,7700 0,8240
Sódio, %
0,2250 0,2250 0,2250 0,2250 0,2250
Cloro, %
0,3550 0,3549 0,3548 0,3548 0,3547
Potássio, %
0,5800 0,5800 0,5800 0,5800 0,5800 1Premix mineral por kg de ração: Mn, 60 g; Fe, 80 g; Zn, 50 g; Cu, 10 g; Co, 2 g; I, 1 g;
e veículo q.s.p., 500 g. Premix vitamínico (Concentração/kg): Vit. A - 15.000.000 Ul,
Vit. D3 - 1.500.000 Ul, Vit. E - 15.000 Ul, Vit.B1 - 2,0 g, it.B2-4,0 g, Vit B6 - 3,0 g,
Vit.B12 - 0,015 g, Ácido nicotínico - 25 g, Ácido pantotênico- 10 g, Vit.K3 - 3,0 g,
Ácido fólico- 1,0 g, Selênio - 250 mg, e veículo. q.s.p. - 1.000 g. 3 Etoxiquim – 10g, e
veículo q.s.p. – 1.000g.
89
A produção dos ovos em porcentagem foi calculada dividindo-se a quantidade
de ovos totalizados por parcela pelo número de aves, corrigindo pela mortalidade. Os
ovos dos últimos três dias de cada período foram pesados individualmente para a
obtenção do peso médio dos ovos. Os cálculos da massa de ovo foram realizados pelo
produto da produção de ovos e do peso médio dos ovos por parcela. A conversão
alimentar por massa de ovo foi calculada através da relação entre o consumo de ração e
massa de ovo produzida. A conversão por dúzia de ovos foi calculada pela relação entre
o consumo de ração dividida pela produção, sendo esse resultado multiplicado por doze.
Ao final de cada período, foram selecionados quatro ovos por parcela para
determinação do peso e porcentagem de gema, de albúmen e de casca, após separação
manual destes componentes, onde as cascas foram colocadas em estufa a 105°C por
quatro horas. A porcentagem de cada um dos componentes do ovo foi obtida dividindo-
se o peso do componente pelo peso do ovo, em seguida, multiplicando o resultado por
100. A espessura da casca foi medida com o auxílio de um micrômetro digital com
precisão de 0,1 mm em três pontos na linha mediana do ovo, com os quais foi calculada
a média aritmética.
A cada final de período experimental foram selecionadas amostras
representativas de dois ovos por parcela onde foram feitas imersões dos ovos em
diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um volume de 25 litros de água
com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com intervalo de 0,0025 g/cm3. Os
ovos eram colocados nos baldes com as soluções, da menor para a maior densidade e
eram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores respectivos das densidades
correspondentes às soluções dos recipientes. Antes de cada avaliação, as densidades
eram conferidas com densímetro de petróleo.
90
Nas análises histológicas, a coleta do material foi realizada através de
fragmentos do sistema digestório (duodeno e fígado) e reprodutor (magno e útero) de 10
animais por tratamento. Os fragmentos foram imersos em fixador metacarn (60%
metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido acético) por 12 horas, sendo transferidos em
seguida para álcool 70%.
Para a microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos em paraplast.
Foram realizados cortes seriados dos fragmentos com 5 µm de espessura. As seguintes
colorações histológicas foram realizadas para a descrição histológica: hematoxilina e
eosina, periodic acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram
capturadas com o auxílio de microcâmera acoplada ao microscópio Olympus BX-51 e
as imagens digitalizadas no software KS 400.3 (Zeiss).
Os resultados foram submetidos as analises de variância e regressão utilizando-
se o programa SAEG (Universidade Federal de Viçosa, 2000).
RESULTADOS
Experimento 1 – Níveis crescentes de triptofano digestível, relação variável
A variação dos níveis de triptofano digestível influenciou o desempenho das
galinhas poedeiras leves, para todas as variáveis avaliadas, exceto para o consumo de
ração (Tabela 19), apresentando efeito significativo, com comportamento quadrático
(P<0,01).
91
Tabela 19. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO, g),
conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em função
das relações triptofano: lisina digestíveis
Trp digestível, % CR PR PO MO CMO CDZ
0,151 (19) 104,19 92,6 60,9 56,3 1,86 1,35
0,167 (21) 104,58 94,44 62,71 59,2 1,77 1,33
0,183 (23) 104,85 96,36 63,2 60,9 1,72 1,31
0,199 (25) 106,11 96,95 63,63 61,69 1,72 1,31
0,215 (27) 105,33 94,64 62,64 59,25 1,78 1,34
Média 105,012 94,998 62,616 59,468 1,77 1,328
Valor de P
Linear 0,144 0,074 0,067 0,081 0,091 0,082
Quadrático 0,214 0,046 0,002 0,021 0,022 0,003
C.V.(%) 2,58 2,65 5,22 5,33 5,35 3,58
SEM 0,0885 0,2058 0,1243 0,2474 0,0069 0,0021
A produção de ovos apresentou um melhor índice com uma relação triptofano
digestível: lisina digestível em 23,98%. Já o peso, massa, conversão em massa e em
dúzia de ovos, tiveram recomendações semelhantes, ou seja, 24,07; 24,11; 24,58 e
25,25, respectivamente.
Tabela 20. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações triptofano: lisina digestíveis
Variável Equação Polinomial R2 Trp: Lys, %
Produção de ovos Ŷ= -0,172x2 + 8,250x - 2,297 0,93 23,98
Peso dos ovos Ŷ= -0,101x2 + 4,863x + 4,973 0,98 24,07
Massa de ovos Ŷ= -0,206x2 + 9,933x - 57,94 0,97 24,11
Conversão em massa de ovos Ŷ= 0,006x2 - 0,295x + 5,223 0,99 24,58
Conversão em dúzia de ovos Ŷ= 0,002x2 - 0,101x + 2,509 0,95 25,25
Com exceção da gravidade específica, os níveis de triptofano das rações
influenciaram (P<0,05), os pesos absolutos do albúmen, casca e gema, e os pesos
relativos da casca e gema. Embora os dados brutos sejam reais, os pesos relativos
parecem ter maior representatividade na avaliação, devido especialmente, aos melhores
coeficientes de variação obtidos, conforme Tabela 21.
92
Tabela 21. Gravidade específica (GE, g/cm3), pesos absolutos e relativos do albúmen
(Alb, g; PAlbúmen, %), casca (Casca, g; PCasca, %) e gema (Gema, g;
PGema, %) dos ovos em função das relações triptofano: lisina digestíveis
Trp
digestível,
%
GE Alb Casca Gema PAlbúmen PCasca PGema
0,151 (19) 1,087 36,00 7,21 13,36 63,81 10,73 19,74
0,167 (21) 1,086 36,73 7,69 14,27 64,10 11,19 20,43
0,183 (23) 1,086 36,56 7,89 15,14 65,35 11,28 21,41
0,199 (25) 1,079 37,03 8,30 16,21 66,56 11,31 22,12
0,215 (27) 1,086 36,39 7,63 14,07 64,99 11,11 20,52
Média 1,0848 36,542 7,744 14,61 64,962 11,124 20,844
Valor de P
Linear 0,321 0,078 0,062 0,099 0,059 0,077 0,129
Quadrático 0,432 0,032 0,038 0,021 0,081 0,032 0,043
C.V.(%) 0,68 4,71 13,14 12,77 7,15 8,71 8,54
SEM 0,0004 0,0459 0,0475 0,1311 0,1306 0,0279 0,1109
As variáveis apresentadas na Tabela 21 com efeito significativo tiveram um
comportamento quadrático, de modo que na Tabela 22, são apresentadas as equações
polinomiais e os respectivos dados para os pesos absolutos do albúmen, casca e gema, e
pesos relativos da casca e gema, o que representa níveis de 0,192, 0,193, 0,190, 0,196,
0,192% de triptofano digestível, respectivamente.
Tabela 22. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações triptofano: lisina digestíveis
Variável Equação Polinomial R2 Trp: Lys, %
Peso do albúmen, g Ŷ= -0,037x2 + 1,786x + 15,67 0,73 24,13
Peso da casca, g Ŷ = -0,037x2 + 1,793x - 13,40 0,83 24,23
Peso da gema, g Ŷ= -0,105x2 + 5,013x - 44,12 0,75 23,87
Peso da casca, % Ŷ = -0,024x2 + 1,182x - 2,781 0,98 24,63
Peso da gema, % Ŷ = -0,086x2 + 4,144x - 27,98 0,80 24,09
Histologicamente foi verificado nas poedeiras alterações em alguns órgãos dos
sistemas reprodutor e digestório em decorrência das rações contendo maior nível de
93
triptofano digestível, especialmente naquelas com níveis acima de 0,183% de triptofano
digestível. As vilosidades intestinais das poedeiras alimentadas com rações com níveis
acima de 0,183% de triptofano digestível se apresentaram mais largas e possuíam mais
ramificações (Figura 9A, B). Não foi observado alteração na quantidade nem na
produção de células caliciformes intestinais. As dobras do magno, nesses mesmos
tratamentos, se apresentaram mais ramificadas e com glândulas mais ativas (Figura 9C,
D). O epitélio dessas dobras mostrou uma maior produção de muco (Figura 9E, F). O
útero das poedeiras nesses tratamentos apresentou mais dobras secundárias (Figura 9I,
J) e o epitélio apresentou hiperplasia (Figura 9G, H).
94
Figura 9. Fotomicrografia de órgãos do sistema digestório e reprodutor de poedeiras
submetidas à rações com diferentes níveis de triptofano digestível. A)
Intestino de poedeira alimentada com ração contendo 0,151% de triptofano
digestível. B) Intestino de poedeira alimentada com ração contendo níveis
maiores que 0,183% de triptofano digestível. C) Magno de poedeira
alimentada com ração contendo 0,151% de triptofano digestível. D) Magno
de poedeira alimentada com ração contendo níveis maiores que 0,183% de
triptofano digestível. E) Magno de poedeira alimentada com ração contendo
0,151% de triptofano digestível. F) Magno de poedeira alimentada com
ração contendo níveis maiores que 0,183% de triptofano digestível. G)
Epitélio do útero de poedeira alimentada com ração contendo 0,151% de
triptofano digestível. H) Epitélio do útero de poedeira alimentada com ração
contendo níveis maiores que 0,183% de triptofano digestível. I) Dobras do
útero de poedeira alimentada com ração contendo 0,151% de triptofano
digestível. J) Dobras do útero de poedeira alimentada com ração contendo
níveis maiores que 0,183% de triptofano digestível. A, B, C, D, G e H:
Hematoxilina-eosina. E e F: Periodic acid Schiff. I e J: Tricômio de Masson.
Barra: G e H- 50 µm; A, B, E e F- 100 µm; C, D, I e J- 500 µm.
95
Com o aumento do nível de triptofano digestível nas rações houve também um
aumento da esteatose hepática (Figura 10A, B). No tratamento em que as aves foram
submetidas à ração com 0,215% de triptofano digestível, ou relação de 27%, fica
evidente a esteatose hepática (Figura 10B, D). Nas aves alimentadas com o maior nível
de triptofano na ração também foi encontrado pequena quantidade de colágeno
parenquimal (Figura 10D). Esse colágeno parenquimal não é encontrado nas aves
alimentadas com menor nível de triptofano digestível, ou seja, com 0,151 e 0,167% de
triptofano digestível, o que corresponde a uma relação triptofano: lisina digestíveis de
19 e 21%, respectivamente (Figura 10C). No fígado das poedeiras alimentadas com
0,215% de triptofano digestível, relação de 27% com a lisina, houve uma maior
positividade para a coloração histológica PAS (Periodic Acid Schiff), denotando maior
depósito de glicogênio (Figura 10E, F).
96
Figura 10. Fotomicrografia do fígado de poedeiras alimentadas com rações contendo
níveis crescentes de triptofano digestível. A, C, E) fígado de poedeiras
alimentadas com 0,151% de triptofano digestível. B, D e F) fígado de
poedeiras alimentadas com 0,215% de triptofano digestível.. A, B)
Hematoxilina-eosina. C, D) Tricômio de Masson. E, F) PAS. Barra: 100
µm.
97
É possível observar que o fígado das aves alimentadas com 0,215% de triptofano
digestível apresentou hepatócitos com vacúolos lipídicos citoplasmáticos, indicativo de
esteatose (B e D). Nesse grupo também houve o depósito de colágeno parenquimal,
representado pela coloração azulada da coloração de Tricômio de Masson (D) e
acúmulo de glicogênio hepático representado pela coloração rosa escuro na coloração
de Periodic Acid Schiff (PAS) (F).
Experimento 2 – Níveis crescentes de triptofano digestível, relação constante
A variação dos níveis de triptofano digestível mantendo-se a relação
aminoácidos: lisina constante influenciou o desempenho das galinhas poedeiras leves,
conforme apresentado na Tabela 23. O consumo de ração não foi modificado
estatisticamente (P>0,05), contudo os demais itens avaliados e apresentados na Tabela
24 apresentaram efeito significativo, com comportamento quadrático (P<0,05 e P<0,01).
Tabela 23. Consumo de ração (CR, g), produção (PR, %), peso (PO, g), massa (MO, g),
conversão em massa (CMO, g/g) e em dúzia de ovos (CDZ, g/g) em função
dos níveis de triptofano digestível
Trp:Lys Trp, % CR PR PO MO CMO CDZ
24,5
0,165 101,331 88,74 62,354 55,352 1,822 1,378
0,180 103,984 94,983 63,363 59,501 1,781 1,338
0,195 103,397 96,057 65,407 63,474 1,625 1,302
0,210 102,299 96,875 65,314 63,371 1,602 1,262
0,225 102,453 95,833 65,431 62,578 1,631 1,28
Média
102,6928 94,4976 64,3738 60,8552 1,6922 1,312
Valor de P
Linear
0,175 0,087 0,069 0,103 0,071 0,049
Quadrático
0,202 0,034 0,032 0,003 0,043 0,038
C.V.(%)
2,471 3,532 3,744 6,049 6,449 4,416
SEM
0,122914 0,393031 0,170822 0,415221 0,01212 0,00556
98
Após as derivações das equações polinomiais obtidas pelos efeitos das variáveis,
foi obtida as devidas recomendações, ou seja, o ponto de máximo ou de mínino,
considerando a variável avaliada. A produção de ovos, o peso , a massa, a conversão em
massa e a conversão em dúzia de ovos, com base em suas equações, determinaram
como os melhores níveis de triptofano digestível em 0,206, 0,217, 0,209, 0,217 e
0,220%, respectivamente.
Na Tabela 24, são apresentadas as equações polinomiais dos efeitos
significativos apresentados anteriormente na Tabela 23.
Tabela 24. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelos
níveis de triptofano digestível
Variável Equação Polinomial R2 Trp, %
Produção de ovos Ŷ = -4706,1x2 + 1942,6x - 103,24 0,96 0,206
Peso dos ovos Ŷ = -1245x2 + 539,59x + 7,0567 0,94 0,217
Massa dos ovos Ŷ = -4432,2x2 + 1850,7x - 129,5 0,98 0,209
Conversão em massa de ovos Ŷ = 86,898x2 - 37,636x + 5,6878 0,90 0,217
Conversão em dúzia de ovos Ŷ = 35,992x2 - 15,842x + 3,0161 0,95 0,220
As variáveis que avaliam a qualidade dos ovos não foram influenciadas pelas
rações (Tabela 25), tal qual no experimento com relação variável.
99
Tabela 25. Gravidade específica (GE, g/cm3), pesos absolutos e relativos do albúmen
(Alb, g; Palb, %), casca (Casca, g; Pcasca, %) e gema (Gema, g; Pgema, %)
dos ovos em função dos níveis triptofano digestível
Trip:Lis Trp, % GE Albúmen Gema Casca PAlb PGema PCasca
24,5
0,165 1,0868 38,051 16,637 8,598 60,033 28,531 13,645
0,180 1,0878 38,735 16,953 8,662 60,167 28,47 13,499
0,195 1,0865 39,38 17,252 8,701 60,257 28,433 13,322
0,210 1,0862 39,641 18,291 8,786 59,392 29,673 13,189
0,225 1,0859 39,876 17,812 8,671 60,043 28,915 13,106
Média 1,087 39,137 17,389 8,684 59,978 28,804 13,352
Valor de P
Linear 0,064 0,089 0,072 0,201 0,059 0,204 0,087
Quadrático 0,098 0,182 0,072 0,089 0,069 0,092 0,094
C.V.(%) 0,1979 6,116 6,155 5,749 2,574 4,904 5,906
SEM 0,0001 0,0886 0,0794 0,0082 0,0407 0,0624 0,0264
No estudo histológico verificou-se que todos os tratamentos (0,165, 0,180,
0,195, 0,210 e 0,225% de triptofano na ração) conferiram ao intestino vilosidades
compridas e bem ramificadas, identificadas com auxílio de ponta de seta (Figura 11A).
Os tratamentos também não levaram à lesões renais como demonstra a Figura 11B,
onde podemos identificar, com auxílio de uma seta, os glomérulos renais.
O parênquima hepático também se mostrou normal, com manutenção da
arquitetura hepática, formada por cordões duplos de hepatócitos, também não houve
deposição irregular de glicogênio (Figura 11C). Entretanto, alguns animais do
tratamento com 0,165% de triptofano na ração apresentaram moderada esteatose, onde
podemos identificar, com auxílio de pontas de seta, os vacúolos citoplasmáticos de
lipídeos, entretanto, não foi observada qualquer deposição de colágeno parenquimal
(Figura 11D).
100
Figura 11. Fotomicrografias de poedeiras submetidas à rações com níveis crescentes de
triptofano digestível com relação constante. A) Intestino representativo de
poedeiras submetidas à dietas com níveis crescentes de triptofano digestível
com relação constante. Ramificações identificadas por ponta de seta.
Hematoxilina-eosina. Bar: 400 µm. B) Rim representativo de poedeiras
submetidas à dietas com níveis crescentes de triptofano digestível com
relação constante. As setas mostram os glomérulos renais. Periodic acid
Schiff. Bar: 100 µm. C) Fígado representativo de poedeiras submetidas à
dietas com níveis crescentes de triptofano digestível com relação constante..
Periodic acid Schiff. Bar: 200 µm. D) Parênquima hepático de um dos
animais do tratamento com 0,165% de triptofano. Vacúolos citoplasmátivos
lipídicos identificados por pontas de seta. Tricômio de Masson. Bar: 100
µm.
O sistema reprodutor mostrou alterações histológicas nos tratamentos com 0,210
e 0,225% de triptofano, principalmente no grupo com 0,210%. Nesse último grupo, as
dobras do magno se apresentaram com maior quantidade de glândulas ativas (Figura
101
12B) quando comparadas às glândulas dos tratamentos com 0,165, 0,180 e 0,195% de
triptofano (Figura 12A).
Figura 12. Fotomicrografias do magno de poedeiras submetidas à dietas com níveis
crescentes de triptofano digestível com relação constante. A) Magno de
poedeira representando os tratamentos de 0,165%, 0,180% e 0,195% de
triptofano. B) Magno de poedeira do tratamento com 0,210% de triptofano.
As pontas de seta mostram as glândulas em regeneração com acúmulo de
albúmen. Tricômio de Masson. Bar: 50 µm.
Nos tratamentos com 0,210% e 0,225% de triptofano digestível na ração também
foram observados dobras uterínicas mais ramificadas e compridas, principalmente no
nível de 0,210% (Figura 13).
102
Figura 13. Fotomicrografias do útero de poedeiras submetidas à dietas com níveis
crescentes de triptofano digestível com relação constante. A) Útero de
poedeira representativa dos tratamentos com 0,165, 0,180 e 0,195% de
triptofano digestível. B) Útero de poedeira do tratamento com 0,210% de
triptofano digestível na ração. Tricômio de Masson. Bar: 300 µm.
DISCUSSÃO
Os aminoácidos são estruturas químicas muito similares e, em alguns casos,
disputam pelo mesmo sítio de absorção, gerando o que se chama de antagonismo
aminoacídico. Neste contexto, Peganova & Eder (2003), comentam que o excesso de
isoleucina pode comprometer a passagem de triptofano pela barreira hemato-encefálica,
levando à deficiência deste aminoácido no cérebro, o que poderia influenciar na síntese
ou na liberação de serotonina. Os autores verificaram também que o aumento dos níveis
de triptofano de 0,15 para 0,24% resultou em aumento no consumo de ração, porém sem
efeito sobre os níveis plasmáticos de triptofano ou sobre a massa de ovo produzida.
103
Diferentemente do observado por Peganova & Eder (2003), no experimento com
níveis crescentes de triptofano e com relação variável não foi observado efeito sobre o
consumo de ração, contudo, houve, mesmo que numericamente, um maior consumo de
ração nos tratamentos com maior nível desse aminoácido. A diferença entre os
resultados deste com o estudo dos autores supracitados pode advir da manutenção dos
níveis protéicos e energéticos das rações experimentais, variando apenas o triptofano,
enquanto que no trabalho de Peganova & Eder (2003) tais níveis não foram equilibrados
em função da suplementação de L-Triptofano nas rações.
Em uma avaliação do nível ideal de triptofano na ração de poedeiras com 28
semanas de idade, Harms & Russel (2000) utilizaram níveis crescentes (0,12; 0,13;
0,14; 0,15; 0,16; 0,17; 0,18 e 0,20% de triptofano). Em tal estudo, a produção e o peso
dos ovos foram aumentados com o crescimento dos níveis de triptofano. Além disto, as
aves apresentaram nos níveis mais baixos de triptofano (0,12, 0,13 e 0,14%), uma
redução no peso vivo no final do estudo, enquanto que, nos demais tratamentos, com
níveis mais elevados do aminoácido, as aves mantiveram ou chegaram até a ganhar
peso. De acordo com os dados, o triptofano melhorou significativamente o desempenho
das aves avaliadas pelos autores, ao ponto da produção de ovos passar de 66,20 para
92,70% nas aves que consumiram uma ração com 0,12 e 0,17% de triptofano,
respectivamente. Além da produção de ovos, o peso dos ovos teve um aumento
expressivo, passando de 49,70 para 54,80g quando as aves consumiam uma ração com
0,12 e 0,20% de triptofano, respectivamente. Para esta variável, os autores estimaram
através de regressão broken-line uma necessidade dietética de 0,185% de triptofano.
O aumento do triptofano digestível nas rações das aves avaliadas neste estudo
melhoraram a produção e a qualidade dos ovos, conforme também observado por
Harms & Russel (2000). Embora o consumo de ração não tenha sido influenciado e com
104
a melhoria na produção e peso dos ovos, as variáveis que são obtidas através dessas,
como as conversões em massa e em dúzia de ovos foram, seqüencialmente, melhoradas.
Já no estudo com a relação aminoácidos:lisina constante, os níveis crescentes dos
aminoácidos melhoraram o desempenho das aves, mas não influenciaram a qualidade
dos ovos, diferentemente do experimento inicial, o que pode ser explicado pela variação
na proteína bruta deste com relação constante, alterando, possivelmente a relação
aminoácidos essenciais: não essenciais.
Deponti et al. (2007) com galinhas poedeiras em postura obtiveram resultados
semelhantes aos encontrados neste estudo. Os autores verificaram que a produção e a
massa de ovos foram negativamente afetadas durante seis semanas, quando poedeiras
receberam dietas com baixos níveis de triptofano (0,13%), sendo o desempenho
recuperado após uma semana de alimentação com ração contendo 0,21% de triptofano.
Nossos resultados também corroboram com os encontrados por Harms & Russell
(2000), quando perceberam um pior desempenho das aves com níveis mais baixos de
triptofano na ração das aves.
Bregendahl et al. (2008) em uma série de experimentos com poedeiras leves de 28
a 34 semanas determinaram que a relação ideal de triptofano digestível: lisina digestível
era de 22, correspondente ao consumo diário de 538 mg de lisina e 120 mg de
triptofano. Nesse estudo, na média das recomendações obtidas no experimento 1, desde
os dados de desempenho e qualidade externa e interna dos ovos, uma relação triptofano
digestível: lisina digestível de 24,5% foi que proporcionou melhores resultados, o que
corresponde a 0,195% de triptofano digestível e um consumo diário de 105 mg/ave. Em
experimento conduzido por Costa et al. (2010), também com poedeiras leves, com
relações triptofano: lisina digestível variando de 19 a 27% demonstrou-se uma resposta
quadrática para todas as variáveis avaliadas, exceto consumo de ração, logo os autores
105
concluíram que a relação triptofano: lisina digestível de 24% foi suficiente para melhor
desempenho das aves, o que se confirma neste estudo e nas recomendações feitas por
Bregendahl et al. (2008).
Com base ainda nas determinações das exigências de triptofano digestível, no
experimento com níveis crescentes de aminoácidos e relação aminoácidos: lisina
constante, os melhores resultados foram observados quando as aves se alimentavam
com níveis entre 0,206 a 0,220% com média entre as determinações de 0,214% de
triptofano digestível. Embora esse nível do aminoácido seja mais elevado que o
recomendado em trabalhos recentemente publicados, a relação de triptofano: lisina é
similar a recomendada por autores supracitados, o que mostra que não basta a relação
do aminoácido em relação à lisina, mas o nível em que a ave apresente seu maior
potencial de produção.
Alguns dados na literatura apenas relatem os efeitos da suplementação de
triptofano nas rações sobre o desempenho zootécnico, os resultados conciliam esses
dados com as modificações histológicas no trato digestório e reprodutor das poedeiras,
possibilitando maior respaldo aos resultados obtidos.
Histologicamente, o aumento do nível de triptofano digestível levou a maior
produção de albúmen pelo magno, uma vez que as glândulas tubulares do magno se
apresentaram em estágio funcional mais ativo e apresentando maior quantidade de
albúmen o que, permitem que a produção dos ovos seja feita em um período de tempo
menor, aumentando assim a produção, peso, massa, conversão em massa e dúzia de
ovos.
Ainda em relação ao magno observa-se uma maior produção de muco no epitélio
desse órgão, tal característica possibilita maior rapidez na passagem do ovo pelo
106
oviduto (Gomide-Júnior et al., 2004). Da mesma maneira, foi demonstrado que o
aumento do nível de triptofano digestível também elevou a quantidade de dobras
secundárias do útero das poedeiras leves em postura e gerou uma hiperplasia do epitélio
desse órgão. Tais características permitiriam a formação da casca em um menor tempo,
aumentando assim, a produção de ovos, visto que o ovo em formação fica no útero por
tempo variável para a deposição de carbonato de cálcio (King & McLelland, 1979),
sendo esta acelerada pelo aumento da superfície interna do órgão.
O melhor desempenho das aves em relação ao maior nível de triptofano nas
rações também pode ser explicado pelas alterações histológicas encontradas nas
vilosidades intestinais nas aves dos tratamentos que receberam rações com maiores
níveis de triptofano digestível. Em tais aves, as vilosidades foram maiores e mais
ramificadas, fazendo com que esse re-arranjamento da mucosa demonstre a necessidade
fisiológica de ampliar a superfície absortiva do intestino delgado em relação a um
determinado nutriente (Aptekmann et al., 2001). Fatos que corroboram com os
resultados de Gomide-Júnior et al. (2004), nos quais demonstraram que a mucosa
intestinal responde a agentes exógenos por meio de modificações morfológicas na altura
e número das vilosidades intestinais, profundidade de criptas intestinais, proliferação
celular e número de células mortas por perda epitelial.
Em relação ao agravamento da esteatose com o aumento dos níveis de triptofano
digestível nas rações, estudos demonstram que a suplementação da ração com metionina
também induz o aumento da gordura hepática (Bunchasak & Silapasorn, 2005). Este
aumento da esteatose hepática pode ter sido causado pela maior síntese de estrogênio no
ovário para dar suporte à maior produção de ovos, (Bunchasak & Silapasorn, 2005).
107
Já em relação aos pequenos depósitos de colágeno parenquimal observados no
fígado das aves com o aumento dos níveis de triptofano digestível nas rações, vale
ressaltar que, embora tenha sido uma pequena quantidade, este efeito denota processo
fibrótico resultante de processos contínuos de regeneração hepatocitária (Fausto et al.,
2003). Entretanto, como a vida produtiva de uma poedeira é pequena, tal alteração
metabólica não gera perdas produtivas, qualitativas e por conseqüência, econômicas.
Em adição, o tratamento que apresentou mais evidentemente essa alteração hepática,
assim como maior esteatose, foi o com 0,215% de triptofano digestível, nível que não se
traduziu em melhores resultados zootécnicos no experimento com relação variável. O
maior acúmulo de glicogênio nos fígados (maior positividade à coloração PAS) das
aves do tratamento com esse nível de triptofano digestível pode ser decorrente da
presença dos depósitos de colágeno parenquimal que dificulta o escoamento do
glicogênio, assim como de outros nutrientes pelas veias centrolobulares dos lóbulos
hepáticos.
No experimento com relação constante, o nível de 0,214% demonstrou, na média
das determinações, o melhor nível de triptofano digestível diferentemente do
experimento anterior. Nos animais do segundo experimento em todos os tratamentos
foram observados vilosidades intestinais compridas e ramificadas .demonstrando que o
nível de 24,5% de triptofano independentemente da porcentagem constante da relação
com lisina é apropriada para a maior absorção de alimentos. Foi observado também
ausência de lesões hepáticas nos diferentes tratamentos, com exceção a alguns animais
do tratamento com 0,165%, que apresentaram moderada esteatose, o que é considerado
normal para animais de produção devido à ração hipercalórica.
Os animais dos tratamentos com 0,210 e 0,225% de triptofano, particularmente os
do tratamento com 0,210% foram os que tiveram as maiores quantidades de glândulas
108
ativas, também chamadas glândulas em regeneração, no magno, assim como, maior
ramificação e comprimento das dobras uterínicas, corroborando com os índices
zootécnicos que indicaram maior produção de ovos por esses animais.
Além desses resultados o aumento do triptofano mantendo constante a relação
com a lisina levou a uma diminuição do peso vivo, do peso do animal sem vísceras, do
fígado e principalmente da gordura visceral, demonstrando uma destinação dos
nutrientes para a produção de ovos ao invés da deposição, seja em forma de músculo,
gordura ou deposição de glicogênio hepático.
CONCLUSÃO
A exigência de triptofano digestível para poedeiras leves em postura é de 0,195 e
0,214% ou 205 e 219 mg/ave/dia, com relação variável e constante em 24,5%,
respectivamente.
109
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112
CAPÍTULO 4
Exigência de Treonina Digestível de Poedeiras Leves em Postura
113
Exigência de Treonina Digestível de Poedeiras Leves em Postura
RESUMO – Este estudo teve como objetivo determinar a exigência de treonina
digestível para poedeiras leves alimentadas com rações com níveis crescentes de
treonina sob relação variável e constante. Foram desenvolvidos dois experimentos
seqüenciais, o primeiro com rações que continham níveis crescentes de treonina
digestível, alterando-se a relação treonina digestível: lisina digestível e, com base nos
resultados, realizou-se um segundo experimento, com o objetivo de avaliar a exigência
de treonina digestível com relação aminoácidos: lisina constante. No primeiro
experimento, as rações, isoprotéicas e isocalóricas, foram formuladas à base de milho e
farelo de soja, suplementadas com os aminoácidos industriais L-Lisina, DL-Metionina,
L-Triptofano, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências nutricionais
para poedeiras leves em postura, exceto para treonina digestível. Os níveis avaliados
foram 0,446; 0,486; 0,526; 0,565; 0,605 e 0,645% de treonina digestível. No segundo
experimento, os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de milho e
farelo de soja, suplementada com os aminoácidos L-Lisina, DL-Metionina, L-
Triptofano, L-Arginina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências
nutricionais para poedeiras leves em postura. As relações aminoácidos: lisina digestível
foram 91, 23, 90, 83 e 75%, para metionina+cistina, triptofano, valina, isoleucina e
treonina digestíveis, respectivamente. foram avaliados dados de desempenho, qualidade
dos ovos produzidos. Com base nesses dados, determinou-se que a exigência de
treonina digestível para poedeiras leves é de 0,597 e 0,610% ou 684 e 626
mg/ave/dia,com relação crescente e constante em 75%, respectivamente.
Palavras- chave: aminoácido, desempenho, qualidade de ovo
114
Digestible Threonine Requirements to Light Layers
ABSTRACT – This study aimed to determine the requirement of threonine for
laying hens fed diets with increasing levels of threonine under variable and constant
ratio. We developed two sequential experiments, the first diets containing increasing
levels of threonine, changing the digestible threonine: digestible lysine ratio and, based
on the results, we performed a second experiment, in order to assess the requirement
digestible threonine related with amino acids: lysine ratios constant. In the first
experiment, the diets were formulated based on corn and soybean meal, supplemented
with industrial amino acids L-Lysine, DL-Methionine, L-Tryptophan, L-Isoleucine and
L-Valine in order to meet nutritional requirements for laying hens, except for threonine.
The levels evaluated were 0.446, 0.486, 0.526, 0.565, 0.605 and 0.645% of digestible
threonine. In the second experiment, the treatments consisted of diets formulated with
corn and soybean meal, supplemented with amino acids L-Lysine, DL-Methionine, L-
Tryptophan, L-Arginine, L-Isoleucine and L-Valine in a to meet the nutritional
requirements for laying hens. Amino acids: lysine ratios were 91, 23, 90, 83 and 75%
for methionine + cystine, tryptophan, valine, isoleucine and threonine digestibles,
respectively. Data were evaluated for performance, quality of eggs. Based on these data,
it was determined that the requirement of threonine for laying hens is 0.597 and 0.610%
or 684 and 626 mg/bird/day, with a variable and constant ratio in 75%, respectively.
Key words: amino acid, egg quality, performance
115
INTRODUÇÃO
A treonina é um aminoácido essencial, sendo encontrado em altas concentrações
no coração, nos músculos, no esqueleto e no sistema nervoso central. É exigido para
formação da proteína e manutenção do turnover protéico corporal, além de auxiliar na
formação do colágeno (Sá et al., 2007). A treonina está envolvida em outras funções
fisiológicas, como a digestão e a imunidade (Bisinoto et al., 2007). O muco, secreção
produzida pelo trato gastrintestinal, é composto principalmente de água (95%) e
mucinas (5%), que são glicoproteínas de alto peso molecular, especialmente rica em
treonina. Estima-se que mais da metade da treonina consumida seja utilizada em nível
intestinal para as funções de mantença, sendo primariamente utilizada na síntese de
mucina. O tipo e quantidade de mucina produzida no trato gastrintestinal influenciam as
comunidades microbianas (por servir de substrato para a fermentação bacteriana e para
fixação), a disponibilidade de nutrientes (via perda endógena de mucina, bem como pela
absorção de nutrientes) e função imune (via controle da população microbiana e
disponibilidade de nutrientes) (Corzo et al., 2007).
A formulação de rações com níveis inadequados em aminoácidos digestíveis pode
promover diversos prejuízos no que concerne à produção efetiva dessas aves, bem como
fatores econômicos e ambientais. Muito se tem buscado a relação ideal entre os
nutrientes das rações de aves, mas a variação na qualidade dos alimentos, linhagens e
especificidades de criação dessas aves, faz com que as recomendações precisem sempre
de renovação.
Assim, este estudo teve como objetivo determinar a exigência de treonina
digestível para poedeiras leves alimentadas com rações com níveis crescentes de
treonina sob relação variável e constante.
116
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Módulo de Pesquisas com Aves do CCA/UFPB,
Areia/PB. A cidade de Areia está inserida na microrregião do Brejo Paraibano (6º 58’
12’’ de latitude Sul e 35º 42’ 15’’ de longitude Oeste), com altitude média de 619 m
(GONDIM e FERNANDES, 1980). De acordo com a classificação de Köppen, o clima
é tropical semi-úmido do tipo As’, isto é, clima quente e úmido que se caracteriza por
apresentar estação chuvosa no período outono-inverno, com precipitação pluviométrica
média anual girando em torno de 1500 mm, temperatura média anual entre 22-30ºC e
umidade relativa do ar elevada (75-87%). Segundo a classificação bioclimática de
Gäussen, nesta região predomina o bioclima 3 dth (nordestino sub-seco), com período
seco variando de um a três meses no ano (BRASIL, 1972).
Foram desenvolvidos dois experimentos seqüenciais, o primeiro com rações que
continham níveis crescentes de treonina digestível, alterando-se a relação treonina
digestível: lisina digestível e, com base nos resultados, realizou-se um segundo
experimento, com o objetivo de avaliar a exigência de treonina digestível com relação
aminoácidos: lisina constante.
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina digestível, relação variável
Foram utilizadas 288 poedeiras leves da linhagem Dekalb White com 29
semanas de idade, distribuídas em um delineamento experimental inteiramente
117
casualizado, com 6 tratamentos, 12 repetições e 4 aves por unidade experimental. O
experimento foi dividido em 5 fases de 28 dias cada, totalizando 140 dias de avaliação.
As rações (Tabela 26), isoprotéicas e isocalóricas, consistiram de uma ração à
base de milho e farelo de soja, suplementadas com os aminoácidos industriais L-Lisina,
DL-Metionina, L-Triptofano, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências
nutricionais para poedeiras leves em postura, exceto para treonina digestível. Os níveis
avaliados foram 0,446; 0,486; 0,526; 0,565; 0,605 e 0,645% de treonina digestível. A
proteína bruta foi reduzida para provocar a deficiência de treonina e as relações
aminoácidos: lisina atenderam a recomendação de Rostagno et al. (2005), exceto para
arginina, que ficou superior.
Experimento 2 – Níveis crescentes de treonina digestível, relação constante
Foram utilizadas 240 poedeiras leves da linhagem Dekalb White com 29
semanas de idade, distribuídas em um delineamento experimental inteiramente
casualizado, com 5 tratamentos, 12 repetições e 4 aves por unidade experimental. O
experimento foi dividido em 5 fases de 28 dias cada, totalizando 140 dias de avaliação.
Os tratamentos consistiram em uma ração formulada à base de milho e farelo de
soja, suplementada com os aminoácidos industriais L-Lisina, DL-Metionina, L-
Triptofano, L-Arginina, L-Isoleucina e L-Valina de forma a atender as exigências
nutricionais para poedeiras leves em postura. As rações tinham a mesma relação
aminoácidos: lisina de acordo com as recomendações sugeridas por Rostagno et al.
(2005), exceto a treonina digestível: lisina digestível que foi mantida constante em 75%.
As relações aminoácidos: lisina digestível foram 91, 23, 90, 83 e 75%, para
metionina+cistina, triptofano, valina, isoleucina e treonina digestíveis, respectivamente,
conforme apresentadas na Tabela 27.
118
Tabela 26. Composição percentual e nutricional das rações experimentais
Ingredientes, % Níveis de Treonina digestível, %
0,446 0,486 0,526 0,565 0,605 0,645
Milho 67,675 67,675 67,675 67,675 67,675 67,675
Farelo de soja 18,011 18,011 18,011 18,011 18,011 18,011
Calcário 9,266 9,266 9,266 9,266 9,266 9,266
Fosfato bicálcico 1,548 1,548 1,548 1,548 1,548 1,548
Sal 0,486 0,486 0,486 0,486 0,486 0,486
L-Lisina 0,257 0,257 0,257 0,257 0,257 0,257
DL-Metionina 0,314 0,314 0,314 0,314 0,314 0,314
L-Triptofano 0,042 0,042 0,042 0,042 0,042 0,042
L-Isoleucina 0,168 0,168 0,168 0,168 0,168 0,168
L-Valina 0,143 0,143 0,143 0,143 0,143 0,143
Carbonato de potássio 0,082 0,082 0,082 0,082 0,082 0,082
Colina 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07
Premix Vitamínico e mineral1
0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Antioxidante 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Óleo de soja 1,568 1,572 1,576 1,58 1,584 1,588
Inerte2
0,000 0,009 0,018 0,027 0,036 0,045
L - Ácido Glutâmico 0,285 0,228 0,171 0,114 0,057 0,000
L-Treonina 0,000 0,044 0,088 0,132 0,176 0,22
Total 100 100 100 100 100 100
Composição calculada
Energia metabolizável (kcal/kg) 2900 2900 2900 2900 2900 2900
Proteína bruta (%) 14,5 14,5 14,5 14,5 14,5 14,5
Cálcio (%) 4,02 4,02 4,02 4,02 4,02 4,02
Fósforo disponível (%) 0,375 0,375 0,375 0,375 0,375 0,375
Sódio (%) 0,225 0,225 0,225 0,225 0,225 0,225
Cloro (%) 0,353 0,353 0,353 0,353 0,353 0,353
Potássio (%) 0,58 0,58 0,58 0,58 0,58 0,58
Lisina digestível (%) 0,796 0,796 0,796 0,796 0,796 0,796
Metionina+cistina digestível (%) 0,724 0,724 0,724 0,724 0,724 0,724
Triptofano digestível (%) 0,183 0,183 0,183 0,183 0,183 0,183
Valina digestível (%) 0,716 0,716 0,716 0,716 0,716 0,716
Isoleucina digestível (%) 0,661 0,661 0,661 0,661 0,661 0,661
Arginina digestível (%) 0,838 0,838 0,838 0,838 0,838 0,838
Treonina digestível (%) 0,446 0,486 0,526 0,565 0,605 0,645
Treonina: Lisina 56 61 66 71 76 81 1Premix mineral por kg de ração: Mn, 60 g; Fe, 80 g; Zn, 50 g; Cu, 10 g; Co, 2 g; I, 1 g;
e veículo q.s.p., 500 g. Premix vitamínico (Concentração/kg): Vit. A - 15.000.000 Ul,
Vit. D3 - 1.500.000 Ul, Vit. E - 15.000 Ul, Vit.B1 - 2,0 g, it.B2-4,0 g, Vit B6 - 3,0 g,
Vit.B12 - 0,015 g, Ácido nicotínico - 25 g, Ácido pantotênico- 10 g, Vit.K3 - 3,0 g,
Ácido fólico- 1,0 g, Selênio - 250 mg, e veículo. q.s.p. - 1.000 g. 3 Etoxiquim – 10g, e
veículo q.s.p. – 1.000g. 2Areia lavada
119
Variáveis avaliadas
As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave/dia), produção (%), peso
(g), massa de ovo (g/ave/dia), conversão por massa (kg/kg) e por dúzia de ovo (kg/dz),
peso (g) e porcentagem (%) de gema, de albúmen e de casca, espessura da casca (mm),
unidade Haugh, gravidade específica.
O período de avaliação da produção de ovos foi dividido em cinco períodos de
28 dias cada. Ao final de cada período foram coletadas as sobras das rações de cada
parcela para o cálculo do consumo de ração. A coleta dos ovos foi realizada duas vezes
ao dia (10:00 e 16:00 h), sendo anotados em ficha de freqüência de postura e a
mortalidade. A produção dos ovos em porcentagem foi calculada dividindo-se a
quantidade de ovos totalizados por parcela pelo número de aves, corrigindo pela
mortalidade, quando havia. Os ovos dos últimos três dias de cada período foram pesados
individualmente para a obtenção do peso médio dos ovos. Os cálculos da massa de ovo
foram realizados pelo produto da produção de ovos e do peso médio dos ovos por
parcela. A conversão alimentar por massa de ovo foi calculada através da relação entre
o consumo de ração e massa de ovo produzida. A conversão por dúzia de ovos foi
calculada pela relação entre o consumo de ração dividida pela produção, sendo esse
resultado multiplicado por doze.
120
Tabela 27. Composição percentual e nutricional das rações experimentais
Ingredientes, % Níveis de Treonina digestível (%)
0,507 0,552 0,597 0,642 0,687
Milho 67,807 67,563 67,318 67,071 66,832
Farelo de Soja 18,232 18,269 18,306 18,344 18,381
Calcário 9,309 9,308 9,308 9,307 9,307
Fosfato Bicálcico 1,556 1,557 1,558 1,559 1,559
Óleo de Soja 2,031 1,96 1,889 1,814 1,746
Sal 0,523 0,524 0,524 0,524 0,524
DL - Metionina 0,193 0,248 0,303 0,359 0,413
L- Lisina 0,071 0,13 0,19 0,249 0,309
L -Treonina 0,038 0,083 0,128 0,173 0,218
L -Isoleucina 0,033 0,083 0,133 0,19 0,232
L -Valina 0,017 0,071 0,125 0,179 0,234
L- Triptofano 0,01 0,024 0,038 0,051 0,065
Premix vitamínico e mineral1
0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Colina 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07
Antioxidante 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Total 100 100 100 100 100
Composição calculada
Proteína Bruta, % 14,130 14,349 14,567 14,792 15,005
Cálcio, % 4,02 4,02 4,02 4,02 4,02
Fósforo disponível, % 0,375 0,375 0,375 0,375 0,375
Energia Metabolizável, kcal/kg 2900 2900 2900 2900 2900
Isoleucina digestível, % 0,561 0,611 0,661 0,718 0,76
Lisina digestível, % 0,676 0,736 0,796 0,856 0,916
Metionina + Cistina digestível, % 0,615 0,67 0,724 0,78 0,834
Treonina digestível, % 0,507 0,552 0,597 0,642 0,687
Triptofano digestível, % 0,155 0,169 0,183 0,197 0,211
Valina digestível, % 0,608 0,662 0,716 0,77 0,824
Sódio, % 0,225 0,225 0,225 0,225 0,225
Cloro, % 0,355 0,355 0,355 0,355 0,355
Potássio, % 0,580 0,580 0,580 0,580 0,580 1Premix mineral por kg de ração: Mn, 60 g; Fe, 80 g; Zn, 50 g; Cu, 10 g; Co, 2 g; I, 1 g;
e veículo q.s.p., 500 g. Premix vitamínico (Concentração/kg): Vit. A - 15.000.000 Ul,
Vit. D3 - 1.500.000 Ul, Vit. E - 15.000 Ul, Vit.B1 - 2,0 g, it.B2-4,0 g, Vit B6 - 3,0 g,
Vit.B12 - 0,015 g, Ácido nicotínico - 25 g, Ácido pantotênico- 10 g, Vit.K3 - 3,0 g,
Ácido fólico- 1,0 g, Selênio - 250 mg, e veículo. q.s.p. - 1.000 g. 3 Etoxiquim – 10g, e
veículo q.s.p. – 1.000g.
Ao final de cada período, foram selecionados quatro ovos por parcela para
determinação do peso e porcentagem de gema, de albúmen e de casca, após separação
manual destes componentes, onde as cascas foram colocadas em estufa a 105°C por
quatro horas. A porcentagem de cada um dos componentes do ovo foi obtida dividindo-
121
se o peso do componente pelo peso do ovo, em seguida multiplicando o resultado por
100. A espessura da casca foi medida com o auxílio de um micrômetro digital com
precisão de 0,1 mm em três pontos na linha mediana do ovo, com os quais foi calculada
a média aritmética.
A cada final de período experimental foram selecionadas amostras
representativas de dois ovos por parcela onde foram feitas imersões dos ovos em
diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um volume de 25 litros de água
com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com intervalo de 0,0025 g/cm3. Os
ovos eram colocados nos baldes com as soluções, da menor para a maior densidade e
eram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores respectivos das densidades
correspondentes às soluções dos recipientes. Antes de cada avaliação, as densidades
eram conferidas com densímetro de petróleo.
Nas análises histológicas, a coleta do material foi realizada através de
fragmentos do sistema digestório (duodeno e fígado) e reprodutor (magno e útero) de 10
animais por tratamento. Os fragmentos foram imersos em fixador metacarn (60%
metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido acético) por 12 horas, sendo transferidos para
álcool 70% em seguida.
Para a microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos em paraplast.
Foram realizados cortes seriados dos fragmentos com 5 µm de espessura. As seguintes
colorações histológicas foram realizadas para a descrição histológica: hematoxilina e
eosina, periodic acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram
capturadas com o auxílio de microcâmera acoplada ao microscópio Olympus BX-51 e
as imagens digitalizadas no software KS 400.3 (Zeiss).
122
Os resultados foram submetidos as analises de variância e regressão utilizando-
se o programa SAEG (Universidade Federal de Viçosa, 2000).
RESULTADOS
Experimento 1 – Níveis crescentes de treonina digestível, relação variável
Para as variáveis de desempenho, verificou-se que apenas o consumo de ração e
a conversão em dúzia de ovos não foram influenciados (P>0,05) pelos tratamentos,
contudo as demais variáveis sofreram modificações neste sentido, possibilitando
verificar resultados em que podemos confirmar a importância da treonina digestível no
desempenho das poedeiras leves em postura, pois as principais variáveis relacionadas à
essas aves, no que concerne ao desempenho zootécnico, foram influenciadas
estatisticamente, como a produção, peso, massa e conversão em massa de ovos. Assim,
os resultados experimentais, que conferem à parte do desempenho zootécnico,
apresentam-se na Tabela 28.
123
Tabela 28. Consumo de ração (CR, g/ave/dia), produção (PR, %/ave/dia), peso (PO,
g/ovo), massa (MO, g/ave/dia), conversão em massa (CMO, kg/kg) e em
dúzia (CDZ, kg/12) de ovos em função das relações treonina: lisina
digestíveis
Treonina, % CR PR PO MO CMO CDZ
0,446 (56) 114,92 90,20 63,42 57,18 2,01 1,53
0,486 (61) 114,67 91,49 64,08 58,65 1,96 1,51
0,526 (66) 114,87 93,31 64,45 60,14 1,91 1,48
0,565 (71) 114,20 93,83 64,97 60,97 1,87 1,49
0,605 (76) 114,31 94,89 65,34 63,06 1,88 1,45
0,645 (81) 114,59 93,67 64,32 59,88 1,92 1,47
Média 114,593 92,898 64,430 59,980 1,925 1,488
Valor de P
Linear 0,088 0,058 0,103 0,099 0,102 0,081
Quadrático 0,094 0,034 0,044 0,038 0,003 0,093
C.V. (%) 1,578 2,075 1,51 2,541 3,052 2,354
SEM 0,0348 0,2061 0,0806 0,2397 0,0063 0,0034
A produção diária de ovos foi influenciada (P<0,05) pelos níveis de treonina em
relação à lisina. Tendo um comportamento quadrático, a produção melhorou até a
relação 76 (0,605%) e, de acordo com a regressão, a relação ótima determinada foi de
75,43%, o que corresponde a um nível de 0,600% de treonina digestível. Para o peso,
massa e conversão em massa de ovos, o comportamento foi semelhante ao da produção,
onde as suas equações, apresentadas na Tabela 29, após as derivações, determinaram as
melhores relações de 72,73, 73,70 e 72,80% de treonina digestível: lisina digestível ou
0,579, 0,586 e 0,5795% de treonina digestível, respectivamente.
124
Tabela 29. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelas
relações treonina: lisina digestíveis
Variável Equação Polinomial R2 Thr: Lys, %
Produção de ovos Ŷ = -0,0112x2 + 1,6896x + 30,352 0,95 75,43
Peso dos ovos Ŷ = -0,006x2 + 0,8728x + 33,256 0,86 72,73
Massa de ovos Ŷ = -0,0149x2 + 2,1964x - 19,562 0,80 73,70
Conversão em massa de ovos Ŷ = 0,0005x2 - 0,0728x + 4,5332 0,96 72,80
Conforme observado na Tabela 30, a variação nas relações treonina digestível:
lisina digestível não resultou em nenhum efeito de regressão (P >0,05) em relação às
variáveis relacionadas com a qualidade dos ovos.
Tabela 30. Gravidade específica (GE, g/cm3), unidades Haugh (UH), pesos relativos do
albúmen (PAlbúmen, %), casca (PCasca, %) e gema (PGema, %) e
espessura de casca (ESP, mm) de ovos em função das relações treonina:
lisina digestíveis
Treonina, % GE UH PAlbúmen PCasca PGema ESP
0,446 (56) 1,085 96,16 58,75 14,06 27,13 0,4094
0,486 (61) 1,085 96,32 57,39 13,95 28,57 0,4074
0,526 (66) 1,086 96,38 59,08 14,36 26,58 0,4112
0,565 (71) 1,086 93,23 58,95 13,56 27,38 0,4003
0,605 (76) 1,085 96,85 58,9 13,22 27,84 0,4014
0,645 (81) 1,085 96,06 59,16 13,37 27,40 0,4048
Média 1,0853 95,833 58,705 13,753 27,483 0,4057
Valor de P
Linear 0,089 0,332 0,069 0,126 0,091 0,32
Quadrático 0,104 0,381 0,088 0,329 0,063 0,247
C.V . (%) 0,183 2,132 3,071 6,793 7,542 1,034
SEM 0,00005 0,155882 0,078866 0,052632 0,080472 0,000522
Experimento 2 – Níveis crescentes de treonina digestível, relação constante
Com uma ração contendo níveis crescentes em todos os aminoácidos, mas com a
relação em função da lisina sempre constante, os efeitos foram similares aos observados
125
no experimento anterior. A produção, o peso, a massa, a conversão em massa e a
conversão em dúzia de ovos foram significativamente influenciadas de forma quadrática
pelos tratamentos (Tabela 31).
Tabela 31. Consumo de ração (CR, g/ave/dia), produção (PR, %/ave/dia), peso (PO,
g/ovo), massa (MO, g/ave/dia), conversão em massa (CMO, kg/kg) e em
dúzia (CDZ, kg/12) de ovos em função dos níveis de treonina digestível
Thr:Lys Thr, % CR PR PO MO CMO CDZ
75
0,507 102,64 95,45 62,79 59,90 1,71 1,29
0,552 103,29 97,32 63,86 62,15 1,66 1,27
0,597 102,31 97,50 64,07 62,46 1,64 1,26
0,642 102,34 97,66 64,27 62,77 1,63 1,26
0,687 102,73 95,79 63,81 61,12 1,68 1,29
Média 102,662 96,744 63,76 61,68 1,664 1,274
Valor de P
Linear 0,212 0,065 0,076 0,132 0,099 0,103
Quadrático 0,179 0,032 0,021 0,022 0,012 0,032
C.V.(%) 1,55 1,65 2,25 2,74 3,27 2,51
SEM 0,0473 0,1243 0,0684 0,1401 0,0038 0,0018
Na Tabela 32, observa-se os polinômios oriundos das análises estatísticas das
variáveis apresentadas na Tabela 31.
Tabela 32. Equações polinomiais das variáveis influenciadas pelos níveis de treonina
digestível
Variável Equação Polinomial R2 Thr, %
Produção de ovos Ŷ = -265,1x2 + 318,8x + 1,979 0,95 0,601
Peso dos ovos Ŷ = -108,5x2 + 135,1x + 22,24 0,97 0,623
Massa de ovos Ŷ = -274,7x2 + 334,8x - 39,2 0,96 0,609
Conversão em massa de ovos Ŷ = 7,785x2 - 9,504x + 4,533 0,97 0,610
Conversão em dúzia de ovos Ŷ = 3,727x2 - 4,504x + 2,619 0,91 0,604
A qualidade interna e externa dos ovos não foi influenciada (Tabela 33) pelos
tratamentos avaliados, exceto a percentagem de gema, que teve um comportamento
quadrático.
126
Tabela 33. Gravidade específica (GE, g/cm3), unidades Haugh (UH), pesos relativos do
albúmen (PAlbúmen, %), casca (PCasca, %) e gema (PGema, %) e
espessura de casca (ESP, mm) de ovos em função dos níveis de treonina
digestível
Thr:Lys Thr, % GE UH PAlbúmen PCasca PGema ESP
0,507 1,0864 97,16 57,81 15,67 26,52 0,4094
0,552 1,0865 98,32 58,10 14,38 27,52 0,4074
75 0,597 1,0874 98,38 57,38 14,72 27,91 0,4112
0,642 1,0882 97,23 57,00 15,21 27,79 0,4003
0,687 1,0865 97,85 58,14 14,11 27,75 0,4014
Média 1,087 97,788 57,686 14,818 27,498 0,40594
Valor de P
Linear 0,335 0,367 0,056 0,146 0,19 0,365
Quadrático 0,534 0,349 0,456 0,367 0,045 0,098
C.V. (%) 0,17 2,53 1,97 12,73 8,43 1,24
SEM 0,00004 0,069258 0,058466 0,075173 0,067493 0,00058
Na Tabela 34, encontra-se a equação polinomial para a percentagem de gema
dos ovos das poedeiras leves.
Tabela 34. Equações polinomiais das variáveis influenciadas estatisticamente pelos
níveis de treonina digestível
Variável Equação Polinomial R2 Treonina, %
Percentagem de gema Ŷ = -91,34x2 + 115,1x - 8,294 0,96 0,630
DISCUSSÃO
Avaliando as influências possíveis sobre a necessidade nutricional de treonina nas
aves, Samad et al. (2006) perceberam que o genótipo, o sexo, a idade e a eficiência de
utilização da treonina dietética possibilitam uma variação nas recomendações deste
aminoácido, exceto quando a variável utilizada para tal recomendação é a deposição
protéica que, segundo os autores, não é capaz de modificar a necessidade dietética de
treonina. De acordo com as afirmações dos autores, é notável a reavaliação constante
127
das recomendações nutricionais das galinhas poedeiras em função das características
citadas como capazes de modificar as necessidades nutricionais. A avaliação é viável
tendo em vista a disponibilidade de linhagens de galinhas poedeiras a ciclos cada vez
mais curtos no mercado.
Neste sentido, Faria et al (2002), avaliando a recomendação nutricional de
treonina para poedeiras leves alimentadas com dietas à base de milho e farelo de soja,
utilizaram oito tratamentos com níveis decrescentes de treonina e dos demais
aminoácidos. Na ração 1 (Controle Positivo) o nível de treonina foi de 0,530%, já na
ração 2 havia 0,50% de treonina. A ração 3 tinha 0,480% de treonina e os demais
aminoácidos com níveis 90% da ração 2. Para as dietas subseqüentes, os valores foram
0,45; 0,42; 0,40; 0,37 e 0,35% de treonina, com os aminoácidos com níveis de 85, 80,
75, 70 e 65% da ração 2, respectivamente. Após análises dos resultados, os autores
verificaram que a produção, o peso e a massa de ovos foram significativamente maiores
quando as aves consumiam níveis mais elevados de treonina. Além disso, as aves que se
alimentaram com níveis menores que 0,40% de treonina na dieta tiveram uma perda de
peso, sendo a maior perda na dieta com 0,35% de treonina. Os resultados apresentados
pelos autores confirmam-se no que foi apresentado nos experimentos 1 e 2, pois com o
aumento dos níveis de treonina no primeiro e no segundo experimento, o desempenho
foi melhorado, especialmente nas variáveis citadas pelos autores supracitados.
Sá et al. (2007) observaram efeito quadrático para a produção e massa de ovos,
estimando uma exigência de 0,499, 0,501% de treonina digestível com 0,706% de lisina
digestível. Na pesquisa aqui apresentada, os efeitos significativos foram os mesmos,
mas as determinações das exigências nutricionais foram diferenciadas, pois os melhores
resultados para a produção e massa de ovos foram observados com 0,600 e 0,586% de
treonina digestível, correspondendo a uma relação de 75,43 e 73,70% da treonina com a
128
lisina. Os efeitos similares, mas recomendações podem ser explicadas por um efeito de
extrema importância e que muitas vezes é deixado de lado, a linhagem das aves
avaliadas. Sá et al. (2007) avaliaram aves Lohmman, enquanto no presente foram aves
Dekalb.
Com base em níveis crescentes de treonina digestível nas rações, os resultados do
desse trabalho mostram que as características de qualidade de ovos avaliadas não foram
influenciadas pelas relações treonina digestível: lisina digestível. Da mesma forma,
Valério et al. (2000), quando utilizaram níveis crescentes de treonina na ração, não
constataram melhora da unidade Haugh dos ovos. No entanto, Sá et al. (2007)
observaram efeito quadrático com o aumento da treonina digestível na ração para
unidades Haugh, sugerindo o nível dietético de 0,478% de treonina digestível para
poedeiras leves com 34 a 50 semanas de idade.
Da mesma forma que Sá et al (2007), Teixeira et al. (2005) relataram que a
treonina digestível influencia a qualidade dos ovos, pois a gravidade específica da casca
dos ovos foi significativamente melhorada quando as aves foram alimentadas com
rações contendo níveis mais elevados de treonina digestível e recomendaram 0,530% de
treonina digestível para poedeiras leves. Em nosso estudo, não foi observado efeito
significativo sobre a gravidade específica.
Os resultados obtidos nesse estudo corroboram com a recomendação feita por
Gomez & Angels. (2009) quando concluíram uma pesquisa com poedeiras em segundo
ciclo de postura com diferentes níveis de treonina digestível e metionina digestível,
recomendando uma relação ótima de 74% de treonina digestível: lisina digestível. Já
Cupertino et al (2010), avaliando a exigência de treonina digestível para poedeiras leves
e semipesadas durante o segundo ciclo de postura alimentadas com dietas isoprotéicas e
129
isoenergéticas, concluíram que dietas com 0,446 e 0,465% de treonina digestível,
equivalente a uma relação treonina digestível: lisina digestível de 68 e 71 para poedeiras
leves e semipesadas, respectivamente, levam ao máximo desempenho dessas aves.
Em outra pesquisa avaliando os níveis de treonina na ração de poedeiras, mas com
aves em segundo ciclo de postura, Shmidt et al (2010), utilizando níveis crescentes de
treonina digestível nas rações, obedecendo às relações de 58, 63, 68, 73 e 78% com a
lisina digestível, quando essa esteve fixada em 0,653%, recomendaram níveis de
0,460% de treonina digestível, equivalente a uma relação treonina digestível: lisina
digestível de 70% para as aves obterem os melhores níveis de produção de ovos. Outras
determinações foram obtidas, tais como a de 0,432, 0,451, 0,467, 0,452 e 0,436% de
treonina digestível, o que equivale a relações de 66, 69, 72, 69 e 67, para o peso, massa,
conversão em dúzia e em massa de ovos e ainda sobre a Unidade Haugh,
respectivamente. Assim, os autores concluíram que o melhor nível de treonina
digestível para poedeiras em segundo ciclo de postura é de 0,467%, o que é equivalente
a uma relação de 72% com a lisina digestível.
Com base nos resultados apresentados nesse estudo e correlacionados com outros
publicados na literatura nacional e internacional, a suplementação de L-Treonina
demonstra ser eficiente sobre o desempenho das poedeiras leves, demonstrando
resultados conclusivos e similares quando se leva em consideração as variáveis de
produção. Contudo, o mesmo não se observa com as variáveis que avaliam a qualidade
dos ovos. Possivelmente, divergências nas metodologias aplicadas ou simplesmente
falta de efeito significativo sobre estas características podem responder a esse efeito.
A metodologia empregada em nosso estudo demonstra que a avaliação das
exigências nutricionais com base apenas no nível do aminoácido não é recomendada,
130
nem tampouco, levando-se em consideração apenas a relação aminoácido: lisina, pois o
nível do aminoácido depende do relacionamento entre os demais e não só com a lisina.
Assim, não basta formular rações com base em relações aminoácidos: lisina, mas o
nível de cada aminoácido é primordial ao atendimento inicial dos requerimentos
nutricionais das aves.
CONCLUSÃO
A exigência de treonina digestível para poedeiras leves é de 0,597 e 0,610% ou
684 e 626 mg/ave/dia,com relação variável e constante em 75%, respectivamente.
131
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