programa de alojamento pÓs ciclones (palpoc)
Post on 25-Jun-2022
1 Views
Preview:
TRANSCRIPT
1
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, HABITAÇÃO E RECURSOS HÍDRICOS
Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclone Idai
PROGRAMA DE ALOJAMENTO PÓS CICLONES
(PALPOC)
REV: 20/01/2020; VER 19/12/19
DEZEMBRO DE 2019
2
Sumário
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6
1.1 CONTEXTO ........................................................................................................................ 5
1.2. OBJECTIVOS ................................................................................................................... 10
1.3 DIRECTRIZES .................................................................................................................. 10
1.3.1. Enfoque nos direitos dos afectados ...................................................................... 11
1.3.2. Envolvimento da comunidade, sector privado, sociedade civil e Academia ....... 11
1.3.3. Enfoque na integração dos princípios de redução de risco de desastres,
recuperação Resiliente e adaptação as mudanças climáticas ............................................... 11
1.3.4. Reduzindo a interrupção e garantindo a transição da emergência para a
reconstrução atraves de Soluções Duráveis Permanentes: ................................................... 11
1.3.5. Abordagens sociais integradas e inclusivas serão tomadas, ................................ 11
1.3.6. Impactos ambientais da aquisição e preparação de materiais de habitação serão
avaliados e mitigados ........................................................................................................... 11
1.4 CRITÉRIOS DE PRIORIZAÇÃO ..................................................................................... 12
1.4.1. Critérios de Distribuição Territorial de áreas de intervenção segundo a intensidade
do dano e as consequentes intervenções necessárias ........................................................... 12
1.4.2. Critérios de priorização socioeconómica dos beneficiários das intervenções ........... 12
2. TIPOS DE INTERVENÇÕES E PROCEDIMENTOS TECNICOS ...................................... 12
2.1. TIPO DE INTERVENCOES ............................................................................................ 12
A - Reconstrução Parcial da Habitação: .............................................................................. 13
B - Reconstrução Total de Habitação: ................................................................................. 13
C - Reforço de Habitação (Retrofitting):.............................................................................. 13
D. Recuperação Integrada e Resiliente de Assentamentos Humanos .................................. 13
2.2 Tipos de Procedimentos de implementação técnica .......................................................... 15
2.2.1. Recuperação Resiliente da Habitação com o mecanismo do “Banco de Materiais de
Construção” .......................................................................................................................... 15
2.2.2. Dirigida pelo proprietário (RRDP) ............................................................................ 16
2.2.3. Auto recuperação do Alojamento com contratos comunitários: ................................ 22
2.2.4. “Comida por Habitação” para comunidades .............................................................. 23
2.2.5. Crédito habitacional para retrofitting ......................................................................... 23
2.2.6. Contratação atraves de concurso público para a realização de infra-estruturas e
equipamentos de escala de bairro (existente ou de reassentamento) ................................... 23
2.2.7.1 Contratação com prévia-qualificação....................................................................... 24
2.2.7.2 Contratação por ajuste directo.................................................................................. 24
2.3 Metodologia de Implementação: ........................................................................................ 24
2.3.1. Levantamento do Assentamento e Priorização das Famílias Afectadas .................... 24
3. ARRANJOS PARA IMPLEMENTAÇÃO .......................................................................... 26
3
4. MECANISMOS DE FINANCIAMENTO .............................................................................. 28
4.1. Mobilização de recursos............................................................................................... 28
4.2. Mecanismos de financiamento 29
4.3. Classificação e mecanismos de financiamento dos parceiros de desenvolvimento
29
4.4. Gestão das finanças públicas........................................................................................ 23
5. MONITORIA E AVALIAÇÃO............................................................................................... 33
ANEXO 1: Quadro Legal ........................................................................................................ 35
ANEXO 2: Apoio ao processo de transição e alinhamento entre medidas de abrigo de
emergência e soluções mais duradouras e resilientes entre o Shelter Cluster e o GREPOC ... 37
ANEXO 3: Analise dos Actores .............................................................................................. 39
Anexo 4. Análise preliminar da seleção de áreas geográficas a intervir - SIMULACAO....... 45
Anexo 5. Acções Transversais ................................................................................................. 47
Soluções de Treinamento ..................................................................................................... 52
Assistência Técnica e Criação de Emprego ......................................................................... 47
Vetores para criação de emprego ......................................................................................... 50
Lista das imagens e tabelas
Figura 1. Mapa mostrando o impacto Post-Idai e post-Kenneth.................................................... 5
Figura 2. Organograma geral para implementacao do programa................................................. 28
Tabela 1. Distribuicao das casas afectadas e Talhores na zona IDAI e Kenneth (por provincia,
distrito, urbano/rural) ..................................................................................................................... 6
Tabela 2. Niveis e mecanismos de implementacao da ajuda externa em Mocambique .............. 22
4
Glossário
AfDB Banco Arficano de Desenvolvimento
ADEL Agencias de Desenvolvimento Economico Local
AIA Avaliacao de Impacto Ambiental
BBB Build back better (Construir de volta melhor)
CGRN Comites de Gestao de Recursos Naturais
CUT Conta Unica do Tesouro
DINOTER Direccao Nacional de Ordenamento Territorial e Reassentamento
DNUH Direccao Nacional de Urbanização e Habitacao
DPOPHRH Direccao Provincial de Obras Publicas Habitacao e Recursos Hidricos
DPTADER Direccao Provincial de Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural
DTM Matriz de Monitoria das Movimentacoes de Populacao
DUAT Direito de Uso e Aproveitamento da Terra
e-SISTAFE Sistema de Administracao de Financas do Estado
FFA Food for Asset (Comida pela Habitacao)
FFH Fundo de Fomento da Habitacao
GACOR Gabinete de Coordenacao Reassentamentos
GREPOC Gabinete de Reconstrucao Pos Ciclones
INGC Instituto Nacional de Gestao de Calamidades
LOLE Lei dos Orgaos Locais do Estado
MEF Ministerio de Economia e Financas
MITADER Ministerio de Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural
MOPHRH Ministerio de Obras Publicas Habitacao e Recursos Hidricos
ODAMOZ Offical Development Assistance Moz (Asistencia Oficial ao Desenvolvimento)
OIM Organizacao Internacional Migracoes
OIT Organizacao Internacional do Trabalho
ONG Organizacao Nao Governamental
PALPOC Plano de Alojamento Pos Ciclones
PDUT Plano Distrital de Uso da Terra
PEU Plano de Estrutura Urbana
PDNA Post Disaster Needs Assessment (Levantamento de Necessidades )
5
PNDT Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial
PNUD Programa das Nacoes Unidas para o Desenvolvimento
PREPOC Programa de Reconstrução Pos Ciclones
RRDP Reconstrucao Resiliente Dirigida pelo Proprietario
SDAE Servico Distrital de Actividades Economicas
SDPI Servico Distrital de Planeamento e Infraestruturas
TA Tribunal Administrativo
UGEA Unidade de Gestao das Adquisicoes
UN-Habitat Programa das Nacoes Unidas para Assentamentos Humanos
6
1. INTRODUÇÃO
A gestão do risco de desastres e a construção da resiliência física, económica e social das
famílias moçambicanas foi e será uma das prioridades do Governo de Moçambique, para com
os assentamentos e as habitações, de forma a construir o tecido e o núcleo base, no território
onde o desenvolvimento humano ocorre ao longo do tempo.
Moçambique, com 27,9 milhões de habitantes em 2017, assiste a um continuo crescimento
populacional, aumentando implicitamente a demanda por uma habitação condigna e a pressão
sobre a terra. Grande parte da expansão da habitação está ocorrendo sem a intervenção das
instituições oficiais de planeamento, sendo que cerca de 80% das áreas urbanas do país, são
constituídas por assentamentos informais1. O aumento da concentração de pessoas, de
construções e da proliferação de moradias precárias em áreas não planeadas, com a falta de
acessos à serviços básicos e infraestruturas concorrem para o aumento do risco, principalmente
para a população urbana mais vulnerável.
De facto, estima-se que cerca de 60% da população total, esteja vivendo em áreas expostas a
riscos de eventos naturais extremos, principalmente inundações, cheias e ciclones. Este
incremento da vulnerabilidade ambiental, social e económico é agravado pela crescente
gravidade e imprevisibilidade dos efeitos das mudanças climáticas e de seus eventos
desastrosos, atingindo duramente a habitação e os equipamentos públicos, bem como
infraestruturas mal projetadas e/ou construídas.
Nos últimos anos o Governo de Moçambique, tem considerando a habitação como uma das
prioridades nacional dando, à cerca de duas décadas passos importantes, aprovando a Política e
Estratégia de Habitação, reforçando o seu papel de regulação e a facilitação do desenvolvimento
habitacional, enfrentando ainda o desafio de lidar com as necessidades, constrangimentos e
potencialidades do sector, sobretudo em relação a aspectos de resiliência dos assentamentos
humanos2.
Mecanismos eficientes de como, aumentar a resiliência aos impactos da mudança climática, são
vitais para garantir que os investimentos aplicados não estejam em risco e para evitar
retrocessos nos esforços nacionais de desenvolvimento.
Assim, no âmbito da implementação do Programa de Reconstrução Pós Ciclones (PREPOC),
devido a dimensão dos danos em habitação elaborou-se o presente programa de Alojamento Pós
Ciclones (PALPOC). A sua implementação será a curto (2019-2020), médio (2021-2022) e
longo prazo (2023-2024) abrangendo distritos e municípios afectados pelos ciclones.
1.1 CONTEXTO
1,8 milhões de pessoas em 7 Províncias da Região Centro e Norte do país, tiveram suas vidas
fortemente afectadas pelos Ciclones IDAI e Kenneth, resultando na destruição de mais de
290.000 casas. A Avaliação das Necessidades Pós-desastre (PDNA3) que foi levada a cabo num
esforço conjunto do Governo de Moçambique e de seus parceiros internacionais, indicou que o
sector de Habitação e Assentamentos Humanos como o mais crítico, seja em termos de perdas e
danos bem como as necessidades da sua recuperação.
As duas calamidades Idai e do Kenneth provocaram danos e perdas para sector de habitação na
ordem de 480 e 30 milhões de dólares norte-americanos respectivamente. Para responder a esses
danos e perdas, segundo estimativas iniciais, também apontadas no PDNA, serão necessários
investimentos da ordem de 750 milhões de dólares norte-americanos.
1 Relatório UN-Habitat 2016 World Cities
2 Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas (2013-2025).Mocambique
3 Post Disaster Needs Assessment - Mozambique Ciclone Idai & Kanneth, 2019.
7
A distribuição dos impactos sectoriais mostra que cerca de 40% dos danos económicos, foram
provocados no parque habitacional das áreas rurais, onde o número de casas afectadas nestas
zonas é o mais elevado, com custos unitários significativamente inferiores pela prevalência da
tipologia tradicional 4. Este dado, confirma a precariedade estrutural da habitação tradicional,
contudo surpreendentemente o maior impacto económico foi causado pela destruição de casas
“convencionais” em áreas urbanas que deveriam ser de melhor qualidade – maior resiliência,
revelando as enormes deficiências na construção e o grande desperdício de recursos económicos
investidos pelas famílias na construção das suas casas5.
Figura 1. Mapa mostrando o impacto Post-Idai e post-Kenneth
4 PDNA
5 Estima-se que cerca de 80% dos 5 milhões de habitações existentes no país tenham sido construídos pelos
proprietários em autoconstrução (destes, apenas 2% foram construídos com materiais convencionais, o resto com
misturas de materiais e técnicas convencionais e locais, resultando em unidades de baixa qualidade, aumentar a
vulnerabilidade econômica, social e ambiental das famílias, quando também combinadas a bairros que já são carentes
em termos de infraestruturas e serviços.
Niassa
Cabo Delgado
Nampula
Zambezia
Sofala
Inhambane
Maputo
Tete
Manica
Gaza
Maputo Cidade
24
7,495
23,995
91,570
61,759
10
94
0
20,705
42,153
9,168
84
9,391
2,202
3,909
8,290
3,587
20,091
17,737
1,430
Casas Inundadas
Casas destruídas parcialmente
8
Tabela 1
Post Idai & Kenneth:
Distribuição de casas destruídas por tipologia
Distribuição de casas destruídas por tipologia
Como mostra a Figura 1 da distribuição geográfica por distrito, das casas destruídas pelo ciclone
IDAI, é evidente uma concentração ao longo do Corredor da Beira (Beira, Dondo, Nhamatanda,
Gondola, Chimoio), assim como os distritos de Búzi e Sussundenga no eixo de inundação do rio
Búzi. A distribuição do impacto dos ciclones e respectivos danos, varia de província para
província e dentro de cada província nos diferentes distritos e cidades afectadas, como mostra a
Tabela 1, indicando de forma geral uma conexão com o tipo de material de construção e
tipologia predominante (convencionais em áreas urbanas e tradicionais nas rurais). Esta
distribuição define um indicador que será sucessivamente tomado como referência para a
distribuição e priorização de intervenções e recursos necessários do ponto de vista territorial
(provincial e distrital).
Tabela 2. Distribuição das casas destruídas na zona IDAI e Kenneth (por provincia,
distrito)
Província Distrito
Casas
Destruida
s
%
TOT
% na
Prov
Manica
Sussundenga 26934 48.1
Gondola 19422 29.6
Cidade de
Chimoio 9490 14.4
Mossurize 2326 3.5
Vanduzi 1529 2.3
Manica 942 1.4
9
Macate 355 0.5
SUB.TOT
Manica 60998
20.9
%
Tete
Tsangano 3695 25.7
Moatize 3257 22.6
Cidade de Tete 1964 17.1
Angonia 1459 10.1
Macanga 1312 9.1
Doa 1090 7.6
Mutarara753 7.3
Changara 128 0.9
SUB.TOT Tete 13658 4.7 %
Sofala
Cidade da Beira 87328 51.0
Nhamatanda 39341 23.5
Dondo 18380 11.5
Buzi 13600 10.1
Chibabava 691 1.5
Gorongosa 2176 1.3
Cheringoma 1451 0.8
Machanga 467 0.3
Caia 258 0.2
SUB.TOT
Sofala 163692
56.2
%
Zambezia
Chinde 1291 100
SUB.TOT
Zambezia 1291 0.4 %
Inhambane
Govuro 74 Vilankulo 8 Inhassoro 10 SUB.TOT
Inhambane 92 0.1 %
Nampula Erati 3950 44.7
Memba 2935 33.2
Nacaroa 824 9.3
Nacala-Velha 272 6.9
Muecate 352 4.0
Mogincual 253 2.9
Mogovolas 92 1.0
Meconta 74 0.8
Liupo 53 0.6
Nampula Cidade 31 0.4
Monapo 1 0.0
SUB.TOT
Nampula 8837 3.0 %
Cabo
Delgado
Macomia 15579 36.3
Chiure 4887 11.4
Ibo 4600 10.7
Mueda 4021 9.4
Muidumbe 3399 7.9
Pemba 3043 7.1
Meluco 2104 4.9
Ancuabe 1771 4.1
Metuge 1452 3.4
Quissanga 975 2.3
Montepuez 336 0.8
Nangade 356 0.8
10
Estima-se que 70% das unidades habitacionais afectadas, total ou parcialmente destruídas pelo
Idai (principalmente por danos na estrutura da cobertura), em cidades ou áreas consideradas
como urbanas dentro dos distritos (Vilas Sede etc) são casas em materiais convencionais,
localizadas predominantemente em assentamentos informais com alta vulnerabilidade sócio-
ambiental e econômica (por exemplo, segundo o Plano de Recuperação e Reconstrução
Resiliente da Cidade da Beira e as análises realizadas a escala de bairro, de facto vê-se como em
áreas suburbanas informais, a percentagem de destruição nas habitações atinge até 90% nos
bairros informais suburbanos, não superando o 25% em bairros formais consolidados).
Este desastre urbano é responsável por 70% de todo o dano econômico no sector, resultado do
IDAI, correspondendo a 410 milhões de dólares, afectando diferentes tipologias em diferentes
localizações7.
Pelo contrário, na zona Norte afectada pelo ciclone Kenneth, a grande maioria das casas
destruídas, encontram-se em áreas rurais, sendo construídas em materiais tradicionais, segundo
tipologias e tecnologias arquitectónicas que se baseiam na disponibilidade de recursos naturais
que as famílias encontram nas áreas próximas.
A distribuição total de casas foi
classificada por níveis de
destruição em duas categorias:
casas totalmente destruídas e
casas parcialmente destruídas.
Nas quantidades totais de casas
parcialmente e totalmente
destruídas pelos ciclones Idai e
Kenneth tem um relativo
equilíbrio, confirmando a força
do impacto dos dois fenómenos
atmosféricos, relacionada também com a limitada resiliência das casas afectadas.
Na distribuição por tipologia construtiva do dano, nota-se que as casas convencionais
apresentam números de destruição total muito reduzidos respeito ao parcial, tendência que
inverte-se nas tipologias tradicionais, onde na maioria dos casos da destruição da casa é total,
devido ao tipo de materiais de construção e do nível de resistência (as casas tradicionais são
6 A estes dados devem ser adicionados 304.514 lotes populacionais reassentados
7 No contexto nacional ja seriam necessárias cerca de 13 milhões de unidades nos próximos 30 anos para responder à demanda
esperada, em uma média de 400.000 unidades por ano, onde o desenvolvimento imobiliário público e privado estão produzindo
unidades adequadas unicamente para una limitada porção, de classe média-alta, capaz de pagar por ela, seguindo esquemas
habitacionais pouco flexíveis sem aspectos inovadores de resiliência e sustentabilidade.
Mecufi 327 0.8
Mocimboa da
Praia 84 0.2
Namuno 1 0.0
Balama 0 0.0
Palma 12 0.0
SUB.TOT Cabo
Delgado 42947
14.7
%
Total geral6 291515
11
estruturas que os proprietários reconhecem como construções “precárias”, necessitando de
intervenções de reabilitação ou total reconstrução periódicas)
Em termos gerais o “Sector da Construção”, na construção convencional, em Moçambique
enfrenta várias restrições institucionais, económicas e tecnológicas, contribuindo para um
mercado altamente dependente da importação (60% do material de construção é importado) e
disponibilizando, como já se mencionou, produtos que sendo ainda inacessíveis para a maioria
da população, também são limitados nas suas componentes de resiliência. Como consequência,
a maioria da população está construindo suas próprias casas de forma evolutiva, misturando
materiais e técnicas convencionais com as locais, resultando em unidades de baixa qualidade,
aumentando a vulnerabilidade económica, social e ambiental das famílias, agravada pelos
baixos padrões de habitabilidade dos bairros8.
Numa fase de elevado aumento da demanda por habitação, como no período pós-desastre, o
desenvolvimento da indústria da construção é vital não só no âmbito habitacional, mas também em ordem macroeconómica para garantir a recuperação da economia local: para construir as
moradias que o país necessita até 2050, é preciso acrescentar todas as novas unidades
necessárias na fase de recuperação e reconstrução (até 5 anos), criando condições para que este
sector gerar mais de 100 mil empregos directos ao ano, e pelo menos o dobro de indirectos.
Em termos de análise do contexto do Alojamento e do nivel dos efeitos dos ciclones Idai e
Kenneth é necessário ampliar a descrição para uma escala mais ampla. Estes desastres tiveram
impactos nos assentamentos humanos, urbanos, peri-urbanos e rurais, incrementando os níveis
de vulnerabilidade já pré-existentes e caracterizados por exposição mais ou menos crónicas ao
risco, assim como diferentes níveis de adaptação em relação as capacidades sócio-económicas
seja das instituições (em fornecer serviços e infraestruturas) quer das próprias famílias e
comunidades (em ocupar o território e construir seus assentamentos e casas de maneira
resiliente).
Nesta análise foi considerada a modalidade de intervenção do reassentamento como uma das
opções para a redução de vulnerabilidade a riscos de desastres, porém, deve-se definir medidas
de reordenamento e requalificação de assentamentos humanos, seja nas áreas urbanas/peri
urbanas e rurais, para que sejam mais resilientes e adaptadas a futuros possíveis eventos.
Os níveis de danos em áreas urbanas, em cada província9, particularmente estão concentrados
nos municípios afectados, que já por si correspondem a grandes e pequenas cidades, permitem
identificar os locais onde concentra-se mais vulnerabilidade urbana a desastres e outras
necessidades, implicando uma maior planificação para adaptação as mudanças climáticas e
resiliência nas intervenções de melhoria a nível de bairro (em termos de infraestruturas básicas,
gestão do solo, serviços).
Nos casos mais críticos, tendo em conta factores como a disponibilidade das próprias famílias, a
existência de locais seguros, a capacidade de resposta, conduzir o processo de reassentamento
para novos locais, escolhidos segundo critérios de proximidade com os locais de origem das
famílias, de exposição ao risco e de facilidade nas conexões com as infraestruturas territoriais existentes, assim como os meios de vida, que o lugar oferece para os novos assentamentos.
1.2. OBJECTIVOS
8 Proposta de Perfil de Habitação, UN-Habitat, 2018
9 Ver gráfico xxxxxxx de página 4
12
O PALPOC deve ser entendido como um instrumento para conciliar objectivos, estabelecer
metas e princípios para a execução da reconstrução resiliente e rápida das habitações afectadas,
a partir das acções de assistência humanitária e recuperação inicial até uma acção com impactos
de médio e longo prazo.
Assim foram estabelecidos os seguintes Objectivos Estratégicos:
1. Reabilitação, Reforço e Reconstrução Resiliente do património habitacional afectado
público e privado, nas áreas urbanas e rurais10
2. Recuperação e melhoramento da infraestrutura e do acesso a serviços básicos à escala
de assentamento humano, numa óptica de aumento da resiliência11
3. Reforço das capacidades de famílias e comunidades para reduzir o seu risco e vulnerabilidade e estimular processos de auto-recuperação - enfoque geográfico
(urbano/rural) e temático12
4. Desenvolvimento de oportunidades económicas que possam aumentar o acesso aos
meios de vida nas famílias e comunidades afectadas e restabelecer sectores produtivos
13
5. Reforço das capacidades e da eficácia das autoridades nacionais e locais para responder
às necessidades das famílias e comunidades afectadas e se recuperar efectivamente de
desastres futuros14
10 A autorrecuperação assistida de alojamentos resistentes à desastres por parte de famílias priorizadas, dentro das próprias
comunidades, será o foco principal deste programa. No processo o Programa vai se concentrar na arquitectura, conhecimento e habilidades locais, seja em tecnologias ou em materiais
de construção, encorajando a combinação com o uso de tecnologia moderna e novos materiais, que sejam viáveis em termos de
durabilidade e custo-efectividade.
11 A recuperação de alojamentos será acompanhada por um reforço da infraestrutura física resistente a desastres, tendo em conta a
sustentabilidade ambiental e tecnologias que respondam ao conceito de Reconstruir Melhor. Este enfoque a escala de assentamento humano, para melhoria das condições de vida e redução da vulnerabilidade, na medida do possível e das disponibilidades, irá
priorizar os locais mais afectados, assim como os bairros de reassentamento. Para este fim se definem mecanismos de intervenção
que reforcem a segurança da posse de terra pelos afectados e suas famílias/comunidades, incluindo grupos vulneráveis.
12 A recuperação de desastres, especialmente na área do alojamento e a escala de assentamento humano, representa uma
oportunidade para promover a resiliência, especialmente das pessoas afectadas. Nesse sentido, é importante aumentar a capacidade de resiliência dos mais vulneráveis. Uma das áreas a receber atenção prioritária é
a promoção, adopção e expansão da protecção social.
Dentro deste esquema de apoio, o programa busca integrar as autoridades locais no processo de identificação de grupos vulneráveis
procurando desta forma evitar situações de isolamento e “invisibilidade” que incrementem os níveis de vulnerabilidade.
13 O foco da intervenção do PALPOC, dirigido de forma prioritária as comunidades e proprietários afectados, é definido de forma a incrementar os meios de subsistência locais, empresas e produtos, fortalecendo assim a recuperação da economia local. Este é
sinérgico com mecanismos de protecção ambiental em práticas sustentáveis de gestão dos meios de subsistência da comunidade
(floresta, recurso hídrico, solo).
A industrialização a escala local da produção de materiais de construção em qualidade e quantidade, continua para abastecer o
mercado derivado das intervenções do PREPOC nos próximos cinco anos é factor chave para atingir este e os outros objectivos.
14 Uma dos principais aspectos para garantir uma eficaz, sustentável e inclusiva recuperação de habitação e assentamentos humanos
é relacionado com a descentralização do processo (desde a inclusão na tomada de decisões até a prestação de serviços para os níveis
provinciais, distritais e municipais assim como comunitários), para que as autoridades locais sejam capacitadas a responder a
condições e necessidades diversificadas. A este respeito, os técnicos do governo central, distrital, municipal e Comités de
Desenvolvimento Local, vão melhorar a sua formação em políticas e padrões de recuperação e reconstrução, abordagens de programação comuns, mecanismos de monitorização e relatórios. As LEDAs (Agencias de Desenvolvimento Economico Local),
podem trazer um importante valor adicional, e para tal necessitam ser reforçadas.
13
1.3 DIRECTRIZES
A abordagem do programa deve garantir em suas acções a sua harmonia com as políticas e os
planos nacionais de ordenamento territorial15, ambiente, género e emprego.
As diretrizes principais do PALPOC e os principais elementos que guiam a recuperação e
reconstrução Resiliente de alojamento e assentamentos humanos são:
1.3.1. Enfoque nos direitos dos afectados
Todas as famílias têm o direito de aceder as opções de alojamento que melhor atendam às
suas necessidades de acordo com os critérios e procedimentos estabelecidos.
Toda a programação de recuperação das casas deve ser realizada de uma maneira que se
concentre nos direitos e necessidades das populações afectadas.
1.3.2. Envolvimento da comunidade, sector privado, sociedade civil e Academia
Participação da comunidade como forma de garantir a interacção com a comunidade,
transparência e eficiência, a supervisão ao processo de reconstrução da habitação para
assegurar prácticas de construção seguras e uso eficiente dos recursos disponíveis.
- Prioridade no apoio a reconstrução, assim como assistência ao emprego e formação para
os grupos sociais vulneráveis, tais como mulheres, crianças, pessoas com deficiência e
idosos.
- Foco do programa para recuperação será a auto-construção. O apoio financeiro e outro
tipo de apoio do Governo não pretendem cobrir todos os custos de reconstrução, mas
sim completar a contribuição dos agregados familiares (financeiras, através do seu
trabalho, poupanças, etc) em troca dos agregados familiares construírem casas seguras,
começando por aqueles que mais precisam.
- Estabelecimento de parcerias com o sector privado e ONGs nacionais-internacionais
1.3.3. Enfoque na integração dos princípios de redução de risco de desastres, recuperação
Resiliente e adaptação as mudanças climáticas
- Impulso para revisão e melhoria do sistema de gestão de risco de calamidades (seja
técnico-institucional que comunitário) e de seus planos, procedimentos, códigos
incluindo elementos de Reconstruir Melhor, capitalizando a experiência que o pais já
tem (Escolas Seguras) e adaptando a mesma para os outros sectores (Habitação Segura
e Hospitais Seguros )
- Promoção de enfoques integrados de recuperação e reconstrução resiliente, a escala de
bairro baseados em processos de mapeamento e planificação participativa
1.3.4. Reduzindo a interrupção e garantindo a transição da emergência para a reconstrução
através de Soluções Duráveis Permanentes:
- A prestação de assistência de recuperação da habitação deve incluir projetos de mitigação de risco, melhoria da construção existente ou realocação em áreas de menor
risco.
- Evolução na construção é uma solução de recuperação de habitação flexível e a longo
prazo.
1.3.5. Abordagens sociais integradas e inclusivas serão adoptadas,
- Apoiar todos os afectados e trabalhar com a solidariedade da comunidade, mas
especificamente visando as vulnerabilidades: incluindo, mas não exclusivamente,
15 Lei e Regulamento de Ordenamento Territorial, Regulamento de Solo Urbano, Lei e Regulamento de Terras, Instrumentos de
Ordenamento Territorial de nível autárquico (PEU), Distrital (PDUT, PEUs), Provincial (PPDT) e do PNDT em fase de finalização,
assim como regulamentos locais e códigos de postura; Legislação sobre Órgãos Locais do Estado (LOLE, Pacote Descentralização,
14
agregados familiares chefiados por mulheres e crianças; pessoas com deficiência;
pessoas com deficiência.
1.3.6. Impactos ambientais da aquisição e preparação de materiais de habitação serão
avaliados e mitigados
- Levantamentos detalhados dos recursos naturais a nível local e de modalidades de
extração
- Geração de meios de vida para comunidades na gestão sustentável de recursos naturais
para recuperação
- Planificação integrada e adoção de medidas de adaptação nas condições de
vulnerabilidade (até multifactorial) com enfoque na resiliência. As autoridades locais,
com o apoio dos parceiros de cooperação, apoiarão as famílias e comunidades para que
descartem entulho e resíduos de amianto da maneira mais segura possível.
- A localização da nova construção deve ser avaliada e mitigada em toda a programação.
1.4 CRITÉRIOS DE PRIORIZAÇÃO
Para atingir os objectivos acima mencionados, respeitando as directrizes que o Programa
considera fundamentais para orientar as acções, é necessário considerar os recursos (financeiros,
humanos e materiais) disponíveis sejam do Governo, parceiros, comunidades e famílias
afectadas, para definir critérios abrangentes de distribuição territorial das intervenções bem
como de priorização sócio-económica atendendo as necessidades iniciando pelos mais
vulneráveis de cada local de intervenção. Ao mesmo tempo, obriga a prever mecanismos
continuados de monitoria da implementação e das capacidades financeiras, com o fim de se
poder reajustar as intervenções durante o período de implementação de cinco anos, partindo de
base dos fundos disponíveis e das metas a alcançar. Foram considerados para este fim, 2 tipos
de critérios chave para a intervenção, nomeadamente: Critérios de Distribuição e Priorização
Territorial da Intervenção e Critérios de Priorização Socioe-conómica dos Beneficiários.
1.4.1. Critérios de Distribuição Territorial de áreas de intervenção segundo a intensidade do
dano e as consequentes intervenções necessárias16
A caracterização efectiva das áreas de impacto, pelos ciclones Idai e Kenneth, á escala
provincial, distrital, municipal, rural e urbana, de comunidades e agregados familiares
beneficiários. A distribuição de danos sectoriais e consequentes intervenções necessárias, foi
elaborada usando critérios de ponderação, para a estimativa de priorização e de distribuições dos
recursos.
O critério principal no dimensionamento da intervenção por áreas geográficas é a percentagem
de casas danificadas por província e por distrito, segundo atualização da PDNA, dados do
INGC, DTM-IOM, Direcções Provinciais e Distritos.
Considerando o gap financeiro existente aquando da aprovação do PREPOC e a necessidade de
iniciar com a implementação do programa com os fundos confirmados e disponibilizados ou
acções de recuperação em implementação no âmbito da resposta humanitária, os critérios de
distribuição acima mencionados foram utilizados gradualmente para definir as áreas de
intervenção prioritárias, seja por região, província, distrito e cidade.
Uma análise preliminar da seleção de áreas geográficas a intervir é apresentada no Anexo IV.
1.4.2. Critérios de priorização socioeconómica dos beneficiários das intervenções
16 Baseados na identificação de dados PDNA, INGC, Censo 2017, DTM entre outros
15
Uma vez definida a distribuição territorial da intervenção, o Programa estabeleceu os seguintes
critérios para avaliar a vulnerabilidade sócio-economica assim como priorizar as comunidades e
dentro delas as famílias/indivíduos mais necessitados.
A elegibilidade dos beneficiários, como pré-requisito para poder ou não poder beneficiar das
intervenções do Programa, será avaliada usando os critérios em uso no país a serem divulgados
junto das comunidades beneficiárias
Os grupos vulneráveis identificados pelo Governo de Moçambique e mencionados no sector
socioeconómico do PDNA, assim como em políticas de protecção social, serão priorizados no
PALPOC serão os seguintes: Mulheres (solteiras/viúvas) chefe de agregado familiar; Crianças
chefe de família, bem como órfãos; Idosos; Pessoas portadoras de deficiências; Pessoas vivendo
com HIV e outras doenças graves comprovadas; Deslocados internos.
2. TIPOS DE INTERVENÇÕES E PROCEDIMENTOS TECNICOS
2.1. TIPO DE INTERVENCOES
O PALPOC, para alcançar os objetivos definidos, respeitando as diretrizes define quatro
principais tipos de intervenção:
A. Reconstrução Parcial da Habitação
B. Reconstrução Total da Habitação
C. Reforço da Habitação (Retrofitting)
D. Recuperação Integrada e Resiliente de Assentamentos Humanos
16
OBSERVAÇÃO: PRECISA-SE MELHORAR A VISUALIZAÇÃO E INCLUIR NA
ZONA RURAL A RECONSTRUÇÃO TOTAL DE HABITAÇÃO
A - Reconstrução Parcial da Habitação:
- Com o objetivo de transformar unidades afectadas de baixa qualidade em unidades
habitacionais mistas resilientes, combinando a técnica construtiva característica do local
de intervenção com soluções tecnológicas e de matérias de construção “convencionais”,
conjugando a acessibilidade financeira do programa e os proprietários, tendo em conta a
aceitação sociocultural em termos de espaços, funções e consistência;
- Em áreas urbanas e peri-urbanas as reconstruções parciais de habitações em materiais
convencionais em todas suas componentes (pavimento, paredes e cobertura), deve
17
apresentar as medidas estruturais mínimas (em particular das vigas de coroamento e
estrutura de cobertura devidamente conectada com a viga e o revestimento);
B - Reconstrução Total de Habitação:
- Em geral, a Tipologia habitacional prioritária de intervenção é a que combina de
maneira Resiliente a técnica construtiva característica do local de intervenção com
soluções tecnológicas e de materiais de construção “convencionais”, resultando numa
tipologia habitacional mista, capaz de conjugar a acessibilidade financeira para o
programa e os proprietários, tendo em conta a aceitação sociocultural em termos de
espaços, funções e consistência;
- Em áreas urbanas e peri-urbanas a tipologia habitacional de intervenção priorizada é
constituída por materiais convencionais em todas suas componentes (pavimento,
paredes e cobertura), deve presentar as medidas estruturais mínimas (em particular das
vigas de coroamento e estrutura de cobertura devidamente conectada com a viga e o
revestimento);
C - Reforço de Habitação (Retrofitting):
- Em geral, o reforço das habitações deverão se direcionar em melhorar unidades
afectadas de baixa qualidade, que foram reparadas com medidas de carácter de
emergência de autoconstrução pelas famílias afectadas e que podem ser transformadas
em tipologias habitacionais resilientes, substituindo o que foi realizado precariamente e
implementando soluções construtivas de reabilitação, combinando a técnica construtiva
característica do local de intervenção, com soluções tecnológicas e de matérias de
construção “convencionais”, convertendo o que era uma construção tradicional ou mista
vulnerável, numa tipologia habitacional mista, capaz de conjugar a acessibilidade
financeira do programa e dos proprietários, tendo em conta a aceitação sociocultural em
termos de espaços, funções e consistência;
- Em áreas urbanas e suburbanas o reforço de habitações em materiais convencionais
deve presentar medidas estruturais mínimas (em particular das vigas de coroamento e
estrutura de cobertura devidamente conectada com viga e revestimento);
D. Recuperação Integrada e Resiliente de Assentamentos Humanos
Este tipo de intervenção será direcionado para os locais identificados como prioritários
pelo PALPOC, em zonas peri-urbanas e sítios de reassentamento. Para ambos tipos de
intervenção são válidos os seguintes princípios básicos comuns:
• Priorizam-se os assentamentos, cujas condições permitam a implantação de
acções complementares e de criação de resiliência (por exemplo: recuperação parcial ou
total de habitações);
• A escolha das áreas prioritárias onde intervir, deverá ser conduzida de forma
participativa com as autoridades locais (Municípios, autoridades distritais) e
representantes das comunidades interessadas, incluindo beneficiários;
• As intervenções deverão ter carácter holístico e integrado, incluindo os serviços
de água e saneamento, acessos, drenagem, gestão dos resíduos sólidos;
• As intervenções devem ter em conta o papel das mulheres, o ambiente e o
emprego;
• É condição indispensável o planeamento (mapeamento, implantação ou
recuperação de serviços, garantia de posse da terra) e inclusão dos assentamentos nos
planos locais.
D.I Intervenção integrada de redução da vulnerabilidade e incremento da resiliência urbana
Este tipo de intervenção é concebido para garantir o alcance do objetivo estratégico 2 que visa
incrementar os níveis de adaptação e resiliência, não só das unidades habitacionais, como
18
também dos contextos urbanos onde elas se localizam. As intervenções integradas deverão
respeitar os passos indicados a seguir enumerados, com a finalidade de assegurar
homogeneidade de enfoque, o envolvimento das comunidades e a maximização dos recursos
disponíveis:
1. Avaliação participativa rápida Pós-Desastre para a priorização de bairros
vulneráveis.
2. Definição da área de intervenção: superfície, beneficiários, acções prioritárias,
identificação da força trabalho e do papel das associações/Organizações
Comunitárias de Base e a confirmação do Município (criação de Memorandos ou
acordos de cooperação para a gestão do programa).
3. Criação de um quadro de Acção Participativa Pós-Desastre, para a definição de um
plano local de curto e médio prazo para melhorar a resiliência, incluindo a criação
de um mapa dos actores implementadores, elaborado através de acordos de
colaboração com associações de bairro. Este plano deverá indicar também as
componentes a serem abrangidas no quadro de Ação Participativa Pós-Desastre.
4. Treinamento dos implementadores e das comunidades: através da difusão das linhas
guia, dos mecanismos de monitoria e dos procedimentos financeiros, e do
treinamento no envolvimento da comunidade.
5. Carteira de intervenções de Resiliência a nível de Bairro para melhorar o acesso aos
serviços básicos (água e saneamento, gestão de resíduos e eletricidade),
infraestrutura (drenagem e estradas), construção de abrigos seguros (por exemplo,
escolas, unidades de saúde, mercados resilientes) ou de soluções com base na
natureza, na melhoria de espaços públicos, entre outras possibilidades a serem
priorizadas no Quadro de Acção Participativa Pós-Desastre.
6. Implementação de acções paralelas de planeamento/mapeamento: A inclusão (nos
planos locais), de apoio na obtenção dos títulos de direito de uso da terra. As
intervenções integradas deverão também apresentar um quadro de coerência com os
instrumentos de ordenamento territorial vigentes (Planos de Estrutura Urbana, de
Urbanização e Pormenor) tendo as autoridades locais como principal actor de
implementação e gestão do processo.
Os valores para essas intervenções foram calculados com base nos valores totais de necessidade
de intervenção por Distrito, calculados no PDNA e reponderados, considerando o tempo
decorrido desde o desastre e a capacidade de auto recuperação das famílias e o
investimento/compromisso financeiro já antecipadamente já assumido. As necessidades são
estabelecidas em percentagem numa ordem do 10% do valor total do investimento necessário
por cada Distrito.
D.II Implantação, infraestruturação e equipamento de bairros de reassentamento
As acções devem visar a criação das condições de habitabilidade condignas e sustentáveis a
longo prazo, nos Bairros de Reassentamento definidos como prioritários, após a avaliação
rápida nos Distritos identificados. As intervenções estão condicionadas a uma reavaliação prévia
e detalhada das condições dos referidos bairros, considerando que de momento estas não
existem em todos os reassentamentos, uma vez que estes foram implantados numa fase de
emergência. Isto irá assegurar que possam tornar-se em assentamentos sem a criação de
mecanismos de dependência, de perca de qualidade de vida e impactos irreversíveis em termos
de educação, saúde, segurança social.
Para o efeito as intervenções direcionadas aos bairros, devem reunir as seguintes condições
mínimas:
Infraestruturas de água potável e de saneamento em quantidade suficiente para a sua
população actual e futura, incluindo sua expansão, tendo em conta futuras possíveis
situações de emergências;
19
Equipamentos básicos á escala de bairro (por exemplo: educação e saúde);
Conexão do bairro com às zonas de produção agrícola, à sede do distrito, assim como
vias de circulação internas;
Localização a uma distância não superior aos 4 ou 5 km, das zonas de produção agrícola
(com superfície suficiente para cada agregado familiar), incluindo pousio e pastagem do
gado assim como acesso a lenha e outros recursos naturais indispensáveis.
A obtenção do título de Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) comunitário
ou individual, assim como a definição de Comités Locais de Gestão dos Recursos
Naturais é imprescindível para evitar futuros conflitos.
As dimensões óptimas do bairro bem como o raio de influência, sejam definidos caso a
caso, através de um plano de pormenor, como definido pela Lei e Regulamento de
Ordenamento Territorial.
De forma a guiar a definição dos bairros de reassentamento e em particular o
dimensionamento de talhões, o presente Programa, define um padrão de 600 m2 por talhão em bairro de reassentamento localizado em área rural e de 300 m2 em área peri-
urbana. Em presença de diferentes padrões definidos em eventuais instrumentos de
ordenamento e gestão territorial vigentes (Planos Distritais de Uso da Terra ou Planos
de Estrutura Urbana) estes deverão ser aplicados no dimensionamento dos bairros de
reassentamento.
Os tipos intervenção são aplicados de maneira adaptada ao contexto, tendo em conta dois
níveis de actuação, ou seja, o de assentamento e o de unidade habitacional (por exemplo,
Não se pode considerar resiliente uma habitação localizada num contexto de
vulnerabilidade). Estes requererão respostas diferentes dependendo da localização em área
urbana, peri urbana ou rural (como exemplificado no gráfico acima) A partir da tipologia de
resposta necessária, em função dos 4 tipos de intervenção acima mencionados, serão activados
procedimentos de implementação técnico/orçamentários específicos.
Definição do padrão tipológico/construtivo e dos custos por tipo de intervenção
Os padrões de recuperação Resiliente, por tipo de intervenção (Recuperação Integrada e
Resiliente de Assentamentos Humanos, Reforço, Reconstrução Parcial e Total da Habitação)
vão definir as orientações operacionais sobre os parâmetros mínimos requeridos em termos
tipológico/construtivos e de custos, que devem ser a base para cada intervenção, que seja
proposta para implementação a nível local e que deverá ser avaliada pelo GREPOC.
2.2 Tipos de Procedimentos de implementação técnica e administrativa
De maneira a permitir que o mesmo tipo de intervenção possa ser executado com diferentes
modalidades de actuação (mais o menos centralizadas e com mecanismos financeiros
específicos, adaptadas a contextos territoriais diferentes (urbanos, peri-urbanos ou rurais), em
coerência com os objetivos e as diretrizes do Programa serão definidos os procedimentos de
implementação técnico-orçamentais específicos. Cada proposta de intervenção deverá
apresentar coerência contendo as indicações do Tipo de Intervenção, assim como do
Procedimento de Implementação Técnico/Orçamental, para poder cumprir o processo de
avaliação, a ser realizado pelo Secretariado Técnico do GREPOC e da validação das
Autoridades e Foruns Consultivos Locais.
Os tipos de procedimentos definidos são os seguintes:
2.2.1. Recuperação Resiliente da Habitação com o mecanismo do “Banco de Materiais de
Construção”
Neste procedimento prevê o apoio aos proprietários com casas danificadas ou destruídas, que
sejam previamente identificados através de levantamentos (para maior detalhes ver na secção a
seguir), para que eles possam ser o actor principal e fundamental da própria autorrecuperação,
20
facilitando-lhe o acesso a materiais de construção, mão-de-obra especializada e assistência
técnica.
O apoio que o Programa prevê nesta modalidade é “material”, pelo qual aos beneficiários
identificados, serão entregues vouchers, para poder adquirir seja materiais ou serviços técnicos
especializados, em fornecedores locais e prestadores de serviços (micro-pequenas empresas de
construção) previamente pré-qualificados e treinados.
Os vouchers serão digitais, carregados em cartões individuais (por cada beneficiário) na
modalidade “multi-wallet” (carteira múltipla), com a possibilidade de carregar no mesmo cartão
os de materiais necessários assim como os de mão-de-obra. O cartão poderá ser entregue e lido
seja pelos fornecedores (que a sua vez receberão um tablet para a gestão administrativa dos
materiais) como pelos responsáveis da monitoria e avaliação.
Com este sistema pode-se minimizar o risco de desvio de materiais, a transparência nas
transações e a imediata atualização da situação relacionada com o Programa.
A gestão digitalizada dos vouchers permite empoderar o beneficiário para que este possa
exercer a gestão da própria obra, este mecanismo é particularmente pensado para intervenções
em contextos urbanos e peri-urbanos onde a densidade de fornecedores e de mão-de-obra
contactável através dos vouchers é mais alta e o peso logístico deixado ao proprietário menor e
gerivel por ele.
Em áreas rurais ou bairros de reassentamento o voucher pode ser direto para o depósito dos
materiais,que o fornecedor pré-qualificado, deverá garantir no local, perto das comunidades a
beneficiar.
As entregas de vouchers para pagar materiais e mão-de-obra, serão naturalmente faseadas, com
etapas de avaliação técnica do estado de avanço das reconstruções, em termos quantitativos e
qualitativos, permitindo até a ligação com outros programas de assistência pós-ciclone (por
exemplo já está activo este sistema para a distribuição de sementes)
2.2.2. Dirigida pelo proprietário (RRDP)
No programa de RRDP, os proprietários que tiveram as suas casas danificada ou as perderam
totalmente, serão apoiados através de uma combinação de dinheiro, vales, materiais e
assistência técnica, para enfrentar o processo de reconstrução. Estes poderão realizar o trabalho
de acordo com as suas próprias medidas e necessidades, utilizando trabalho familiar,
empregando um contratante local e / ou trabalhadores locais, que foram treinados na aplicação
de técnicas de construção resiliente, ou por alguma combinação destas opções. O proprietário
pode adquirir os materiais de construção de qualidade e preços controlados, em fornecedores
qualificados, que se pré-qualificaram num processo de manifestação de interesse.
Recursos de um programa de RRDP incluem:
• As transferências financeiras são normalmente feitas em prestações, por ex. para a
fundação, as paredes, a cobertura e as luminárias/portas/janelas.
• A elegibilidade para cada transferência, requer a certificação técnica de que o trabalho
foi concluído com os padrões de qualidade estabelecidos, incluindo os de resiliência aos riscos
de desastre.
• As famílias recebem assistência técnica para garantir que recuperem melhor
• Os contratados locais recebem treinamento em técnicas de construção melhoradas e
mais seguras
21
• A transferência de renda geralmente é suficiente para construir a casa nuclear (embrião)
que pode ser expandida à medida que os recursos se tornam disponíveis para o lar.
• Grupos solidários de famílias que serão periodicamente formados para apoiarem-se uns
aos outros, no processo de construção e garantir que as transferências, não sejam desviadas para
outros propósitos (se um agregado familiar fica para trás, não constrói os padrões de qualidade
ou desvia fundos, então outros membros do grupo não receber a próxima parcela até que a
situação seja corrigida). Esta modalidade é praticada localmente, sobre todo para criação de
grupos de compra, e é denominada xitique.
2.2 Tipos de Procedimentos de implementação técnica e administrativa
De maneira a permitir que o mesmo tipo de intervenção possa ser executado com diferentes
modalidades de actuação (mais o menos centralizadas e com mecanismos financeiros
específicos, adaptadas a contextos territoriais diferentes -urbanos, peri-urbanos ou rurais), em
coerência com os objetivos e as diretrizes do Programa são definidos procedimentos de
implementação técnico-orçamentais específicos. Cada proposta de intervenção devera
apresentar coerência com as indicações de Tipo de Intervenção assim como de Procedimento de
Implementação Técnico/Orçamental para poder cumprir com o processo de avaliação a ser
realizado pelo Secretariado Técnico do GREPOC e da validação das Autoridades e Foruns
Consultivos Locais.
Os tipos de procedimentos definidos são os seguintes:
2.2.1. Recuperação Resiliente da Habitação com o mecanismo do “Banco de Materiais de
Construção”
Este procedimento prevê o apoio a proprietários com casas danificadas ou destruídas, que sejam
previamente identificados através de levantamentos (para maior detalhes ver na secção a
seguir), para que eles possam ser o actor principal e fundamental da própria autorrecuperação,
lhe facilitando o acesso a materiais de construção, mão-de-obra especializada e assistência
técnica.
O apoio que o Programa prevê nesta modalidade é “material”, pelo qual aos beneficiários
identificados serão entregues vouchers para poder adquirir seja materiais que serviços técnicos
especializados, em fornecedores locais e prestadores de serviços (micro-pequenas empresas de
construção) previamente pré-qualificados e treinados.
Os vouchers serão digitais, carregados em cartões individuais (por cada beneficiário) na
modalidade “multi-wallet” (carteira múltipla), com a possibilidade assim de carregar no mesmo
cartão os de materiais com os de mão-de-obra. O cartão poderá ser entregue e lido seja pelos
fornecedores (que a sua vez receberão um tablet para a gestão administrativa dos materiais) que pelos responsáveis da monitoria e avaliação.
Com este sistema pode-se minimizar o risco de desvio de materiais, a transparência nas
transações e a imediata atualização da situação relacionada com o Programa. A gestão digitalizada dos vouchers permite apoderar o beneficiário para que possa exercer a
gestão da própria obra, é particularmente pensada para intervenções em contextos urbanos e
peri-urbanos onde a densidade de fornecedores e de mão-de-obra contactável atraves dos
vouchers é mais alta e o peso logístico deixado ao proprietário menor e gerivel por ele.
Em áreas rurais ou bairros de reassentamento o voucher pode ser direto para o depósito de
materiais que o fornecedor pré-qualificado devera garantir no local, perto das comunidades a
beneficiar.
As entregas de vouchers para pagar materiais e mão-de-obra serão naturalmente faseadas, com
etapas de avaliação técnica do estado de avanço das reconstruções, em termos quantitativos e
qualitativos, permitindo ate a ligação com outros programas de assistência pos-ciclone (por
exemplo ja esta activo este sistema para a distribuição de sementes)
22
2.2.2. Dirigida pelo proprietário (RRDP)
Em um programa de RRDP, os proprietários que viram danificada ou perderam totalmente sua
casa sao apoiados a traves de uma combinação de dinheiro, vales, materiais e assistência técnica
para enfrentar o processo de reconstrução. Eles podem realizar o trabalho de acordo com as suas
próprias medidas e necessidades, usando trabalho familiar, empregando um contratante local e /
ou trabalhadores locais, que foram treinados na aplicação de técnicas de construção resiliente,
ou por alguma combinação destas opções. O proprietário pode adquirir os materiais de
construção de qualidade e preços controlados em fornecedores qualificados, que se pré-
qualificaram num processo de manifestação de interesse.
Recursos de um programa de RRDP incluem:
• As transferências financeiras são normalmente feitas em prestações, por ex. para a
fundação, as paredes, a cobertura e as luminárias/portas/janelas.
• A elegibilidade para cada transferência requer a certificação técnica de que o trabalho
foi concluído para adequar os padrões de qualidade, incluindo a resiliência aos riscos de
desastre.
• As famílias recebem assistência técnica para garantir que recuperem melhor
• Os contratados locais recebem treinamento em técnicas de construção melhoradas e
mais seguras
• A transferência de renda geralmente é suficiente para construir a casa nuclear (embrião)
que pode ser expandida à medida que os recursos se tornam disponíveis para o lar.
• Grupos solidários de famílias são frequentemente formados para apoiar um ao outro no
processo de construção e garantir que as transferências não sejam desviadas para outros
propósitos (se um agregado familiar fica para trás, não constrói os padrões de qualidade
ou desvia fundos, então outros membros do grupo não receber a próxima parcela até
que a situação seja corrigida). Esta modalidade é praticada localmente, sobre todo para
criação de grupos de compra, e é denominada xitique.
• O dinheiro pode ser transferido para contas bancárias individuais, contas de telefone
celular e / ou através de cartões de débito pré-pagos que permitem que as transferências
sejam monitoradas pelo gestor do sistema, simplificando a gestão financeira do
programa e eficientemente auditadas.
A experiência internacional indica que a RRDP é a abordagem eficiente e ao mesmo tempo
digna para as famílias. As principais diferenças entre uma abordagem orientada ao proprietário e
a provisão de casas por uma empresa de construção é que a RRDP custa menos e permite que o
fornecedor de serviços seja diretamente responsável perante a família, resultando em uma maior
taxa de satisfação do proprietário.
2.2.3. Auto recuperação do Alojamento com contratos comunitários:
Trata-se de uma modalidade de Contratos comunitários, negociados e formalizados em forma
tripartida entre a Comunidade Local, Parceiro de Implementação e as autoridades locais. O
contrato resultará de um exercício de orçamento participativo com as comunidades visadas,
liderado pelas autoridades locais e facilitado pelo Parceiro de Implementação.
23
Esta actividade ocorrerá no âmbito dos mecanismos de gestão entre o Gabinete de Reconstrução e o
Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH), assim como os níveis
decentralizados a cargo do sector da habitação (Direcções provinciais e serviços distritais, assim como
autárquicas), fomentando os contratos comunitários com os grupos selecionados para receber assistência
fornecida pelos diferentes parceiros envolvidos. Serão criados mecanismos de coordenação, facilitação,
monitoramento e avaliação por meio de entidades locais de administração de vários órgãos
governamentais. A UN Habitat será responsável por fornecer orientação técnica, treinamento e
capacitação para assegurar que a experiência adquirida em termos de implantação de recursos nacionais
provinciais e internacionais através do projecto ancorado ao nível local-comunitário (que é o mais perto
próximo às necessidades da população afectada) e as directrizes de intervenção mencionadas acima.
Regras de implementação devem ser devidamente explicadas aos membros das comunidades envolvidas,
incluindo os requisitos e a identificação da contribuição (em trabalho, materiais ou eventualmente
financeira) do lado da comunidade.
Na celebração dos contratos comunitários com entidades já constituídas como poderão ser os
comitês comunitários de gestão dos recursos naturais (correspondente em dimensões de um
regulado).
2.2.4. “Comida por Habitação” para comunidades
O foco principal deste procedimento de implementação técnico-orçamental combina a
necessidade de durante o período pós-emergências garantir o acesso a comida para reduzir a
insegurança alimentar, com a realização de intervenções de recuperação rápida por parte das
comunidades maiormente afectadas pelos desastres para recuperar rapidamente as vidas e meios
de subsistência das comunidades, reduzindo progressivamente a vulnerabilidade de médio e
longo prazo. As ONGs tem um papel importante para atingir as comunidades mais necessitadas.
Prevê-se também a modalidade de Cash for Work quando os mercados possam garantir o
abastecimento alimentar necessário. É normalmente a modalidade que as comunidades
preferem, sendo um procedimento técnico orçamental que se direciona para comunidades rurais
e combina elementos do tipo 2.2.3 “Contrato Comunitário” com a possibilidade de distribuir
comida na fase de insegurança alimentar aguda. Esta modalidade baseia-se no método FFA
(Food for Asset) e prevê a realização de habitações, assim como outras estruturas comunitárias,
em modalidades compatíveis com os objectivos do PALPOC (autoconstrução assistida, visando
aumentar o nível de resiliência do assentamento humano, criação de emprego e recuperação
económica, fomento de materiais e tecnologias de construção resiliente de tipo misto).
2.2.5. Crédito habitacional para retrofitting
Esta modalidade será aplicada em unidades onde o morador solucionou temporariamente a
reabilitação da sua própria casa mas com patrões de qualidade relativamente baixos que podem
ser melhorados, com o apoio do programa.
2.2.6. Contratação através de concurso público para a realização de infra-estruturas e
equipamentos em bairros existentes ou de reassentamento
Será a modalidade principal de implementação em caso de infraestruturas e serviços básicos que
não possam ser construídos em autoconstrução juntamente com a comunidade, pela
complexidade técnico-construtiva das intervenções (por exemplo: furos de água, sistemas de
abastecimento de água, valas de drenagem principais.)
Será gerida directamente pelas UGEAs distritais ou municipais respeitando as modalidades
previstas pela legislação de Concursos Públicos ou eventuais procedimentos acelerados de
contratação que possam ser activados em resposta a situação de emergência das infraestruturas e
serviços a serem realizados.
Também através de concurso público serão adjudicados o fornecimento de bens (materiais de
construção para realização do sistema de “banco de materiais”) e prestação de serviços de
coordenação de obras com microempresas treinadas localmente e pré-qualificadas, assim como
de realização de levantamentos, treinamentos, estudos e actividades sinérgicas ao processo de
recuperação física de assentamento.
24
2.2.7.As seguintes modalidades de contratação deverão ser avaliadas e possivelmente incluídas
no Plano de Acção e no Manual Operacional, de forma a facilitar os processos de adquisição.
2.2.7.1 Contratação com prévia-qualificação
Um dos pré-requisitos para estabelecer sistemas de contratação é através de listas de empresas
qualificadas. Estas listas podem ser categorizadas por tipo de especialização e competências.
Ter um sistema de pré-qualificação em vigor agiliza a elaboração de contratos e a avaliação das
propostas. Um sistema de pré-qualificação também exclui empreiteiros e artesãos inexperientes,
que podem reduzir significativamente o nível de qualidade e de implementação requeridos,
porque não possuem o conhecimento necessário para implementar com sucesso o projecto de
reconstrução. Os empreiteiros contratados locais menos experientes, serão considerados como
grupo alvo de programas de capacitação e treinamento técnico específico.
2.2.7.2 Contratação por ajuste directo
Aquisição de rastreamento acelerado, significa usar processos de compra e de propostas
simplificadas e acordadas para obter rapidamente bens e serviços nas áreas em que são
necessários. Para agilizar ainda mais a aquisição, uma única fonte para a compra de bens e
serviços específicos poderia ser pré-determinada. Utilizado em situações de emergência para
satisfazer determinado objecto pelo prazo da sua duração.
2.3 Metodologia de Implementação:
2.3.1. Levantamento do Assentamento e Priorização das Famílias Afectadas
2.3.1.1. Micro Assessment do assentamento
Este tipo de levantamento rápido será levado a cabo nas áreas priorizadas (como descrito no
subcapítulo “Critérios de Distribuição e Priorização da Intervenção” respectivamente em Sofala
(Beira, Dondo, Buzi, Nhamatanda) e em Cabo Delgado (Macomia, Ibo, Quissanga), como
actividade imprescindível para poder operacionalizar acções de recuperação.
O Micro Assessment poderá ser realizado por especialistas em avaliações participativas a escala
territorial e deverá ter a participação da autoridade local (distrital ou municipal) assim como as
estruturas consultivas definidas pelo PREPOC (fóruns locais de reconstrução) como actores
centrais no processo.
O objectivo deste Levantamento rápido é detalhar o quadro de acção nas áreas priorizadas,
baixando de escala a análise dos impactos dos desastres a nível de posto administrativo ou
localidade (nas áreas rurais) e de bairro (nas vilas sede ou cidades), identificando assim as zonas
a ser consideradas para as primeiras intervenções e que deverão necessitar de levantamentos
detalhados “porta a porta” (especificados no ponto 2.3.1.1).
O Micro Assessment será baseado na informação existente à escala do distrito/município, assim
como no quadro de planificação e ordenamento territorial vigente, mas ao mesmo tempo poderá
levantar novas informações através de inquéritos em amostras territoriais significativas ou
trabalho em grupos focais.
Deverá dar uma descrição das condições de risco e vulnerabilidade que as intervenções deverão
ter em conta, assim como as dinâmicas de resposta que já decorreram desde os desastres (níveis
de autorrecuperação, presença de reassentamentos já realizados ou para planificar, actores
estratégicos, cadeias locais de abastecimento de materiais de construção assim como de mão de
obra especializada.
O Levantamento devera também sintetizar as condições que se encontram a nível de bairro - assentamento - comunidade e em geral nas famílias em relação ao alojamento.
Além disso incluirá as necessidades por tipo de intervenções e as acções em curso observando
dentre outros os seguintes aspectos:
25
• Confirmação do número de famílias e localização, com a identificação da comunidade
e, quando possível, informando as coordenadas geográficas;
• Confirmação do número de casas que necessitam de intervenção por tipologia de
reparação por localidade;
• Identificação preliminar dos padrões e tecnologias construtivas adequadas para cada
comunidade ou região,
Na acção serão incluídos detalhes sobre as necessidades e acções de recuperação já em curso
sendo que o processo de avaliação que inclui o levantamento e priorização dos assentamentos
beneficiários será desencadeado com participação activa dos órgãos das Províncias, Distritos, o
poder local e os Comites Locais de Gestao de Risco de Calamidades.
Esta actividade envolverá uma actualização sistemática de monitoria do PREPOC, referente aos
números relacionados às necessidades atendidas e para o dimensionamento das intervenções
necessárias ao longo do processo de recuperação. No Plano de Acção do PALPOC e nos
Manuais Operacionais deverão ser definidos e aprovados os Termos de Referencia específicos
para esta tipologia de assessment, de forma a garantir que possa ser realizados de maneira
homogénea em cada um dos distritos/municípios.
2.3.1.2. Levantamento “Porta a Porta” de Habitação e Famílias Afectadas
O objetivo deste levantamento é criar um banco de dados georreferenciado de potenciais
beneficiários, realizando uma pesquisa domiciliar de todas as famílias afectadas pelos ciclones
Idai e Kenneth nas áreas priorizadas (como descrito no subcapítulo “Critérios de Distribuição e
Priorização da Intervenção” e respectivamente em Sofala - Beira, Dondo, Buzi, Nhamatanda- e
em Cabo Delgado -Macomia, Ibo, Quissanga) e sucessivamente definida a escala de bairro, em
zonas urbanas (cidades e vilas sede), ou de posto administrativo/localidade/povoação em áreas
rurais. Este nível de priorização será possível após finalização do micro-assesment, nos termos e
modalidades descritas no ponto anterior.
Principais informações a serem coletadas
- Detalhes socioeconômicos para cada domicílio para avaliação da vulnerabilidade
(renda, idade, incapacidade, habilidades, etc.)
- Avaliação detalhada técnica do tipo de casa e distinção do nível de dano (possivelmente
em três níveis - superficial, parcial e total)
- Coordenadas geográficas (GPS) da casa e Foto tipo passe do chefe do agregado familiar
e da casa
- Avaliação simplificada do risco local a escala de bairro/quarteirão
- Informação da conta bancária (se existe) e número do celular
- Estado das infraestruturas do bairro (estradas, água / saneamento, drenagem,
eletricidade, etc.)
- Disponibilidade de materiais de construção de habitação (opcionais)
Processo
1. Identificação de possíveis contratados e parceiros, por ex. INE, universidades,
escolas/institutos técnicos, agências da ONU para poder proceder com a selecção da entidade/s
implementadora do Levantamento
2. Contratação para o Levantamento (em lotes ou total)
3. Preparação do plano de implementação do Levantamento por parte do Contratante
4. Aquisição de equipamentos (simultaneamente com o plano de implementação)
5. Realização do Levantamento piloto para testagem de metodologia e instrumentos
6. Treinamento de equipes de pesquisa (simultânea com levantamento piloto) 7. Implementar estratégia de comunicação (simultânea com levantamento piloto)
8. Revisão do plano de implementação com base em pesquisa piloto
9. Levantamento principal
26
10. Desenvolver e preencher o sistema de informação para gestão (simultâneo à pesquisa
principal)
Responsabilidades do (s) contratante (s)
- Planeamento e gerenciamento geral para realizar o cadastro domiciliar.
- Projetar a metodologia de avaliação (incluindo a tipologia de danos à moradia).
- Desenvolver e gerenciar o sistema de controle de qualidade.
- Aquisição de equipamentos para realização da pesquisa (compra de tablets para entrada
de dados, aluguel de transporte, software, hardware, etc.).
- Identificar, contratar e treinar equipes de avaliação (incluindo treinamento necessário
para levantamento socioeconômico, avaliação de danos de engenharia, envolvimento da
comunidade e plataforma tecnológica a ser usada).
- Estabelecimento de centros de coordenação distritais.
- Gerenciar toda a logística para toda a operação (pilotagem, treinamento, mobilização de
campo), incluindo organização de viagens, facilitação de treinamento, comunicações,
etc.
- Preparar e implementar uma estratégia de comunicação para a pesquisa.
- Fazer recomendações gerais para melhorar o desenho do programa de reconstrução de
moradias, com base na experiência de apoiar a implementação da pesquisa.
Entregas
• Plano de implementação incluindo metodologia, instrumento de pesquisa, elementos
logísticos (aquisição, transporte, estrutura de escritório, etc.), programa de treinamento
• Programa de treinamento em levantamentos multidimensionais
• Pesquisa piloto
• Estratégia de comunicação
• Relatórios semanais de progresso
• Um sistema de informação para gestão desenvolvido e preenchido
• Insumos técnicos para o programa habitacional baseados na experiência de pesquisa
Informações adicionais sobre ações transversais são apresentadas no Anexo 5.
3. ARRANJOS PARA IMPLEMENTAÇÃO
O Gabinete de Reconstrução Pós Ciclones (GREPOC), instituição que fica sob o Ministério de
Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, de acordo com o Decreto nº 26/2019, é dirigido
por um Diretor Executivo nomeado pelo Conselho de Ministros e terá em sua estrutura um
Diretor de Infraestrutura e um Diretor da Seção Social e Produtiva, que juntos formarão a
Diretoria e velarão em conjunto pelo sector de Alojamento.
Estrutura Funcional do Gabinete de Reconstrução - GREPOC
27
Unidades de Implementação para Projectos Específicos
DIRECTOR
EXECUTIVOPARCEIROS
Conselho
Consultivo
Conselho
Directivo
Secretária
Executiva (2)
Coordenador de
Administração (2) Motoristas (3)
Técnico da UGEA (Tec. de
Procurement Bens e
Serviços) (1)
Técnico de Salvaguarda
Ambiental (1)Director
Infra-estruturas
Director
Sócio Produtiva
Área de Administração,
Finanças e Recursos
Humanos (1)
Área de Assuntos
Transversais (1)Técnico de Administração
e Finanças (1)
Técnico de Salvaguarda
Social e VBG (1)Técnico de Planeamento
Urbano e Habitação (2)
Técnico de Protecção
Social (Assistente Social
ou Similar) (1)
Técnico de Comunicação e
Imagem (1)
Delegações
(Cabo Delgado, …) (1)
GABINETE DE RECONSTRUÇÃO PÓS-CICLONE IDAI
Técnico de Planificação e
Monitoria (1)
Técnico para a Área
Empresarial (1)
Área de Monitoria e
Avaliação (1)
Pessoal de
Apoio (2)
Gestor de Informática e
Sistemas (2)
Secretariado do
Gabinete
Técnico de Recursos
Humanos (1) Técnico Jurídico (1)Técnico de Gestão e
Supervisão de Obras -
Engº Civil (1)
Técnico de Meios de
Subsistência (Segurança
Alimentar) (1)
O GREPOC tem as seguintes responsabilidades:
1) Coordenar a preparação de Planos de Acção Sectoriais assim como Provinciais e
Distritais para implementação do Programa de Reconstrução em geral e do PALPOC
em particular, junto com as autoridades locais e os ministérios de competência;
2) Avaliar propostas de intervenção submetidas por parceiros de implementação a traves;
3) Mobilizar recursos de parceiros, privados e entidades da sociedade civil a serem
alocados para recuperação e reconstrução pós-ciclones;
4) Monitorar e gerenciar as contratações, bem como o fornecimento de bens e serviços
para ações de reconstrução e recuperação pós-ciclone;
5) Preparar e submeter relatórios de progresso sobre as atividades do programa de
recuperação ao Governo e Parceiros, assim como contratar uma auditoria anual
independente do programa de recuperação e compartilhar os relatórios de auditoria com
o Governo e os Parceiros;
O Secretariado Geral de Alto Nível constituirá a plataforma para a coordenação com os
parceiros, assim como para a validação das decisões estratégicas, assim como dos Planos e
Relatórios que o GREPOC devera’ elaborar, como definidos no PREPOC. Este Secretariado e’
representado pelo Ministro das Obras Públicas, o Director Executivo do Gabinete, um
Representante do Ministério da Economia e Finanças, os Chefes da União Europeia, o Banco
Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento e o Coordenador Residente da ONU.
O Secretariado Técnico apoiará a coordenação em questões técnicas, tomará decisões
importantes de gestão, monitorará o progresso, assegurará a realização dos objetivos de
recuperação e informará à Secretaria de Alto Nível. Este Secretariado e’ representado pelo
Director Executivo do GREPOC, representantes do Nações Unidas, União Europeia, Banco
Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, Secretários permanentes de MOPHRH e MEF)
Um Conselho Consultivo a nível central será estabelecido como uma plataforma para consulta e
troca de informações, bem como para facilitar a coordenação. Da mesma forma, os fóruns
provinciais e distritais terão o mesmo propósito no nível sub-nacional. O Conselho Consultivo
de nível central vai ter participação de Ministérios chave, INGC, Pontos Focais dos Parceiros de
Cooperação, Representantes da Sociedade Civil e dos Governos Locais.
28
O GREPOC vai ser potenciado tecnicamente através da contratação de especialistas sectorias
que diferentes parceiros, com recursos já identificados para este fim, vão custear e colocar a
disposição do Gabinete. De maneira a garantir harmonização da assistência técnica o sector do
Alojamento prevê se organizar em Unidade Técnica onde os diferentes especialistas deverão
trabalhar de forma sinérgica e coordenada diretamente pelos Directores de Infraestruturas e
Socio-Productivo. Maiores detalhes em relação aos mecanismos de assistência técnica foram
mencionados no capitulo relacionado com Acções Transversais.
Foi acordado que os parceiros governamentais, internacionais e comunitários compartilharão
uma visão comum sobre a reconstrução com base em princípios de cima para baixo e orientação
estratégica e envolvimento participativo de baixo para cima em decisões-chave (o quê, quem,
quando, onde).
As diferentes agências governamentais serão responsáveis por monitorar e avaliar os resultados
progressivos na implementação do projeto. Todos os parceiros do sector também estão incluídos neste plano de ação de reconstrução de
habitações para melhorar a coordenação.
Figura 2. Organograma geral para implementacao do programa
4. MECANISMOS DE FINANCIAMENTO
4.1. Mobilização de recursos
O PALPOC será implementado com fundos alocados para o sector de Habitação no PREPOC
num horizonte temporal de 5 anos definidos para o programa e tendo em conta que as
necessidades globais são de 687,6 milhões de dólares resultantes da Avaliação de Necessidades
Pós-Desastres (PDNA).
A Conferência de Doadores estabeleceu o compromisso de 1.2 biliões de dólares para
recuperação dos vários sectores afectados pelos ciclones Idai e Kenneth, incluindo o de
GREPOC FORUM CONSULTIVO
SECRETARIADO DE ALTO NIVEL
SECRETARIADO DE NIVEL TECNICO
GRUPO TECNICO DE HABITACAO
DNUH
FFH GACOR
UEM
(FAPF, FE)
UN-HABITAT
PARCEIROS
(OIT)
IOM
DPOPHRH
DPTADE
R
DELEGACAO
INGC
SECTOR
PRIVADO
SOCIEDADE
CIVIL
PARCEIRO
S LOCA
IS
CONSELHO CONSULTIV
O
SDPI MUNICIPIO
S
COMUNIDADE
S
BENEFICIARIO
S
ARTESAOS
ONGs, OCBs
SHELTER
CLUSTER
29
Habitação. Estes fundos devem funcionar como catalisadores para mobilização de mais
financiamento para as intervenções e acções definidas para o Programa de Reconstrução de
modo a cumprir com as necessidades identificadas no PDNA.
O PALPOC será financiado por múltiplos doadores, presentemente no valor assegurado através
de Acordos ou Memorandos, de 42 milhões de dólares do Banco Mundial (CRRP), 40 milhoes
de dólares da ONG Tzu Chi entre os mais relevantes.
O PNUD, através de um financiamento da Republica Popular da China no valor de 2.6 milhões
de dólares, está a desenvolver um projecto de habitação e de escolas, em Chibabava.
O Governo da Itália, através de UN-Habitat, ILO e UNESCO, vai canalizar 3 milhões de dólares
para a reconstrução integrada do distrito de Ibo, com a construção de cerca de 120 unidades
habitacionais, infraestrutura comunitária e equipamentos.
O Multi Donor Basket Fund, lançado pelo PNUD é um canal de financiamento através do qual
vários parceiros vão canalizar os seus recursos, nomeadamente a União Europeia, que do
montante anunciado de apoio a reconstrução em 100 milhões de dólares, vai canalizar através
daquele Fundo cerca de 20 milhões de USD, para o sector da habitação.
Outras fontes de financiamento, à medida que o processo de reconstrução avançar, irão
certamente incrementar este montante através da contribuição de agências de desenvolvimento,
organizações internacionais, fundações, ONGs ou organizações da sociedade civil.
Em resumo, prevê-se o financiamento de 107.17 milhões de dolares assim distribuídos:
• Banco Mundial –42 milhões de dólares
• Fundação Tzu Chi – 40 milhões de dólares
• Cooperação Italiana – 5.18 milhões de dólares
• Basket Fund das Nações Unidas – 20 milhões de dólares
4.2. Procedimentos de Gestão
O Gabinete de Reconstrução será responsável pela gestão do financiamento do Programa de
Recuperação da Habitação, em conformidade com os procedimentos estabelecidos para as
contas públicas pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF)
O PALPOC será financiado por múltiplos doadores, sejam eles agências de desenvolvimento,
organizações internacionais, Fundações, ONGs ou Organizações da Sociedade Civil, mediante
assinaturas prévias de acordos de financiamento ou de implementação, reflectidos em
Memorandos de Entimento entre os Parceiros e o GREPOC.
Cabe igualmente ao GREPOC a Monitoria, a Avaliação Financeira e o Progresso físico dos
projectos, mas tmabém a mobilização de mais financiamento para as intervenções e acções
definidas para implementação de modo a cumprir com as necessidades identificadas no PDNA.
O GREPOC para realizar o Programa de Habitação terá asistência técnica,da UM-Habitat e da
Universidade Eduardo Mondlane através das Faculdades de Arquitectura e Planeamento Físico
e de Engenharia, a ser financiada pelo Banco Mundial, e receberá apoio da Organização
Internacional do Trabalho.
O “Multi-donor Basket Fund” permitirá aos Paises, com linhas de financiamento não
especificados de canalizaram o financiamento para áreas dentro do Mecanismo de Recuperação
30
e facilitará uma abordagem coerente com os esforços de recuperação, em particular e
canalização de recursos para a Reconstrução de Alojamento.
As actividades financiadas no âmbito de PALPOC, obedecerão aos principios de transparência
e competividade no âmbito Gestão de Finanças Públicas. .
Arranjos de implementação para o sector da Habitação e Assentamentos
PES
4. 3 Classificação e mecanismos de financiamento dos parceiros para desenvolvimento
Os mecanismos de financiamento a seguir são definidos pelo PREPOC e podem ser extendidos
também para a implementação do PALPOC.
O Ministério de Economia e Finanças para a administração e execução do orçamento do estado
classificam as fontes de recursos em duas categorias gerais que são: On Cut17 e Off-CUT. Onde
17 CUT: Conta Única do Tesouro
GREPOC
UNIDADE TECNICA DE
PROGRAMA (Habitação)
SECRETARIADO
TECNICO
Director GREPOC
Representantes UE-
WU-WB-AfDBD UN
GREPOC SP do MEC
SP do MOPHRH
IN-CUT OUT-CUT
Provincias
DPOPHRH
DPTADER
Distritos
(SDPI)
INGC -
GACOR
INGC (Prov)
Basket Fund PPP Acordos de
implementação
(bilaterais -
multilaterais)
Entidades Implementadoras (Proprietários,
Comunidades, Empresas, ONG)
31
os recursos On-CUT são aqueles que transitam pela Conta Única do Tesouro (CUT) e os Off-
CUT são recursos que sem transitar pela CUT são informados ao Ministério de Economia e
Finanzas com fins de planeamento e monitoria.
Em relação aos fluxos de financiamento da ajuda e cooperação dos parceiros para o
desenvolvimento de Moçambique existem vários mecanismos que são utilizados e cada um
deles fornecem diferentes níveis de transparência assim como possíveis consequências que são
apresentadas na tabela 3.
Níveis e mecanismos de implementação da ajuda externa em Moçambique
Tipo Descrição do mecanismo
On-CUT Fundos transferidos para a Conta Única do
Tesouro
On-Budget e Off-CUT Fundos não transferidos para a Conta Única
do Tesouro mas inscritos no Orçamento do
Estado
On ODAMOZ Previsão e desembolso de fundos registados
na base ODAMOZ
Off-Budget Fundos não inscritos no Orçamento do
Estado
On Plan Actividades dos projectos reflectidos nos
planos económicos e sociais ou nos planos
sectoriais
Relatórios de doadores
e parceiros.
Fundos desembolsados detalhados através de
relatórios dos doadores
Além dos mecanismos mencionados, no país existe uma vasta experiência no estabelecimento
de Fundos Comuns Setoriais entre parceiros18, por exemplo o FASE (Fundo de Apoio ao Sector
de Educação), operacional desde 2003, assim como o PROSAÚDE activado em 2000 e que
atualmente já está na sua terceira fase.
Na base destas boas experiências nacionais e de outras a nível internacional mais direcionadas a
recuperação pós desastres (por exemplo uma das mais recentes e de grandes dimensões foi o
Fundo Fiduciário para resposta o terremoto em Nepal) o Governo de Moçambique e o sistema
das Nações Unidas, liderado pelo PNUD, estabeleceram o “Multi-donor Basket Fund” para a
recuperação pos ciclones Idai e Kenneth.
Este instrumento e seu funcionamento dentro do PREPOC em Moçambique é de fundamental
importância também para financiar e activar intervenções no sector do Alojamento. De facto
uma das primeiras acções a ser implementadas através do Fundo tem a ver com o eixo 2
“Habitação e infra-estrutura comunitária” do Mecanismo de Recuperação liderado pelo PNUD
como uma ferramenta ágil para implementar atividades de recuperação de curto a longo prazo
que contribuirão para abordar as causas profundas da vulnerabilidade e construir resiliência.
O “Multi-donor Basket Fund” dará flexibilidade aos parceiros de desenvolvimento em termos
de áreas dentro do Mecanismo de Recuperação e facilitará uma abordagem coerente aos
esforços de recuperação. Em termos do pilar sobre o Fortalecimento Institucional do Gabinete
18 ADA, DFID, SDC, UNICEF “PRONASAR “Joint Fund”: A Joint Financing Mechanism (FINAL REPORT-Draft Version)” (2018)
32
de Reconstrução (GREPOC), ele permitirá um mecanismo integrado e contínuo de apoio de
uma ampla seção transversal de parceiros de desenvolvimento, aprimorando a coordenação,
otimizando a utilização de recursos e agilizando os procedimentos de gerenciamento de projetos
e relatórios.
4.4 Gestão das finanças publicas
O Gabinete de Reconstrução será diretamente responsável pela gestão do financiamento de
recuperação, em coordenação com o Ministério da Economia e Finanças (MEF) e de acordo
com os procedimentos estabelecidos para as contas públicas. O programa de Recuperação e
Reconstrução utilizará o instrumento oficial para orçamento e gestão financeira no país - o
SISTAFE. O registro e relatório de despesas serão, portanto, consistentes com o plano de contas
e a classificação orçamental do Governo de Moçambique. Uma auditoria independente e externa
será realizada anualmente, de acordo com as Normas Internacionais de Auditoria e com os
regulamentos de auditoria do Governo.
O programa de recuperação também usará o Banco de Dados Oficial de Assistência ao
Desenvolvimento para Moçambique (ODAMOZ), que rastreia o financiamento de doadores
para harmonizar a cooperação para o desenvolvimento no país seguindo padrões internacionais
(por exemplo, codificação do setor OCDE / CAD). O sistema de contabilidade permitirá o
registro das transações financeiras do projeto, incluindo a alocação de despesas de acordo com
os respectivos componentes, categorias de desembolso e fontes de recursos. O uso do
ODAMOZ facilitará a transparência, pois é a principal ferramenta para rastreamento de ajuda
internacional no país e está disponível ao público. Isso exigirá que os doadores e parceiros de
apoio à recuperação e reconstrução relatem seus financiamentos para entrar e manter o
ODAMOZ base de dados.
A assistência técnica será fundamental para garantir uma boa gestão financeira, transparência e
prestação de contas, especialmente o fortalecimento das capacidades nas seguintes áreas-chave:
1) Aprimorar o sistema existente de contas públicas por exemplo, integrando um código (s) de
classificação de programa adicional no SISTAFE para projetos de recuperação para facilitar o
rastreamento financeiro;
2) Desenvolver um sistema de gerenciamento de informações para o Gabinete de Reconstrução
para facilitar o monitoramento e os relatórios financeiros que fazem parte do mandato do
Gabinete. O sistema de informação será vinculado ao SISTAFE e ao ODAMOZ para garantir a
integração com os instrumentos oficiais do MEF.
3) Assistência técnica para fortalecer a capacidade de gestão financeira, particularmente nas
seguintes áreas principais: contabilidade, rastreamento financeiro, compras, relatórios
financeiros e controles internos.
4) Desenvolver e disseminar diretrizes e modelos para relatórios de despesas.
5) Experiência em gestão contabilista e financeira no Gabinete de Reconstrução e, bem como
nos níveis distritais e municipais, conforme necessário, e incluindo treinamento de capacitação.
Essa assistência técnica e apoio ao desenvolvimento de capacidades são importantes para
garantir a responsabilidade financeira em todos os níveis, de acordo com as responsabilidades
do Gabinete, do MEF e das estruturas descentralizadas do país.
Para compras, os requisitos de aprovação do Tribunal Administrativo do país - CA (escritório de
compras) por vezes são demorados e podem causar alguns atrasos na implementação de
33
projetos de recuperação, a menos que sejam abordados. A proposta de estabelecer uma unidade
no CA para facilitar os procedimentos e facilitar o rastreamento rápido de compras prioritárias
está sendo considerada.
5. MONITORIA E AVALIAÇÃO
De acordo com o PREPOC os planos de reconstrução deverão incluir indicadores de monitoria,
de acordo com os procedimentos de monitoria e avaliação do pais. Adicionalmente o GREPOC
ira elaborar um plano de monitoria e avaliação e um sistema de informação sobre o progresso
dos indicadores acordados para facilitar a monitoria dos resultados e impactos, assim como os
requeridos pelos parceiros.
O Gabinete de Reconstrução Pós-ciclone Idai (GREPOC) irá coordenar as actividades do Plano
de Acção para Alojamento Pós Ciclone – PALPOC, estabelecido pelos “Tipos de Intervenção”
e pelos “Respectivos Arranjos de Implementação”, através de uma monitoria e avaliação para
medir, por meio de indicadores, o desempenho do PALPOC e dos seus resultados sobre os
beneficiários. Será elaborado um Plano de Monitoria e Avaliação, instrumento básico para monitoria e análise, que possibilitará dar a continuidade dos sistemas de desenvolvimento dos
programas do PALPOC, assim como, a avaliação dos produtos do Plano e a sua eficiência e
eficácia no processo.
O sistema permitirá avaliar o progresso da recuperação, suas metas, gaps e necessidades de
redistribuição-reprogramação, bem como garantir o cumprimento de políticas e estratégias de
recuperação setoriais e fornecer alertas antecipados para ações corretivas. A M & A em
andamento é essencial para identificar correções no meio do curso na implementação e ajustar a
estratégia, particularmente em resposta ao feedback da comunidade sobre o projeto e os
resultados do projeto.
O Plano de Monitoria e Avaliação do PALPOC será elaborado em harmonização com o quadro
geral de monitoria e Avaliação do Programa de Reconstrução Pós Ciclone (PREPOC) e irá ter
em consideração (i) o cumprimento dos objectivos e resultados alcançados, (ii) a existência de
recursos, através da avaliação da disponibilidade de recursos e suas implicações, (iii) a geração
de trabalho e renda e do grau de satisfação e/ou avaliação quanto às intervenções executadas;
(iv) e o trabalho social e sua continuidade junto à comunidade após a conclusão das obras, por
mecanismos de controle da garantia da sustentabilidade e da resiliência das construções.
Sistemas de gestão de informação dedicados (a partir da base de dados e dos procedimentos de
distribuição/priorização acima mencionados) serão usados para fortalecer os mecanismos de M
& A baseado em resultados. O MIS é o sistema digital para armazenar todas as informações de
M & A e agrupar os resultados com base nas diferentes entradas.
A Monitoria e Avaliação no Pós-intervenção, irá pois permitir diagnosticar os aspectos positivos
e negativos do ambiente construído após a intervenção, a partir da avaliação de factores técnico-
construtivos, económicos e funcionais e a sua satisfação por parte dos utentes e/ou beneficiários,
tendo em conta os aspectos relevantes a considerar através da avaliação dos governos Distritais,
Municipais, do poder local e de um modo geral das populações atingidas.
A monitoria e avaliação do plano deve ser através de informação periódica sobre o progresso
dos indicadores previamente definidos. A informação deve reportar o progresso dos indicadores
do PALPOC, devendo ser indicado em formato de matriz se as acções já iniciaram, mencionar
as principais acções realizadas para o alcance da meta e reportar a respectiva execução
financeira. A informação periódica deve ser reportada numa base mensal/trimestral e de forma
cumulativa, mediante a actualização da informação do período anterior.
Por outro lado através de relatório de visita de monitoria de modo a fornecer evidências das
acções realizadas e apresenta recomendações para a melhoria de desempenho com base nas
constatações no terreno. A informação deve ser acompanhada com ilustrações fotográficas
evidenciando o desempenho.
34
O GRUPO TRABALHO TECNICO
ASSISTENCIA TECNICA:
UN-HABITAT
Wild do Rosario
Fernando Murillo
Francesco Torresani
UEM
Luis Lage
CONTRIBUICOES
IOM
Anna Mazzolini
ILO
Edmundo Werna
Oaldo Tarmamade
WB
Rafael Schadek
SHELTER CLUSTER
Cecilia Schmoltzer
GREPOC:
Francisco Pereira
Zefanias Chitsungo
Nadia Adriao
AtanasioMugunhe
MOPHRH-DNUH:
Maria Sofia dos Santos
Dinis Moreno
MOPHRH-FFH:
Nathaniel Bahule
INGC-GACOR:
Higino Rodrigues
Ilidio Cambula
35
ANEXO 1: Quadro Legal
- Decreto nº 45/2019 de 22 de Maio, alarga o âmbito de aplicação do Decreto nº 26/2019 de 11
de Abril bem como a elaboração do respectivo Programa de Reconstrução aplicando-se ainda as
facilidades aduaneiras e fiscais estabelecidas pelo Decreto nº 27/2019 de 11 de Abril, aos
operadores económicos das áreas afectadas pelo ciclone Kenneth e outras calamidades.
- Decreto nº 27/2019 de 11 de Abril, aprova isenções aduaneiras e fiscais para importações
- Decreto nº 26/2019 de 11 de abril, cria o Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclone Idai com
Sede na Cidade da Beira, província de Sofala
- Lei nº 4/2019 de 31 de Maio, estabelece os princípios, as normas de organização, as
competências e o funcionamento dos órgãos executivos da governação descentralizada
provincial
- Lei nº 7/2019 de 31 de Maio, estabelece o quadro legal sobre a organização e o funcionamento
dos órgãos de representação do Estado na província
- Lei nº 1/2018, de 12 de Junho, revisão da Constituição da República e criação de entidades
descentralizadas (órgãos de governação descentralizada provincial e distrital e autarquias locais)
e atribuição de autonomias aos órgãos de governação descentralizada.
- Plano Director para a Redução do Risco de Desastres 2017-2030, aprovado em 2017 pelo
Conselho de Ministros, procura compreender e atcar as causas do riso não apenas os impactos
dos desastres.
- Decreto nº 7/2016 de 21 de Marco, Regulamento da Lei nº 15/2014 de 20 de junho, que
estabelece o regime jurídico da gestão de calamidades fixando regras e procedimentos de
aplicação da Lei.
- Lei nº 15/2014 de 20 de junho, Lei de Gestão de Calamidades que estabelece o regime Jurídico
da gestão do risco das calamidades, compreendendo a prevenção e mitigação dos efeitos
destruidores das calamidades, o desenvolvimento de acções de socorro e assistência, bem como
acções de reconstrução e recuperação das áreas afectadas.
- Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação de Mudanças Climáticas (2013-2025),
estabelece linhas estratégicas e prioritárias a adoptar e a implementar nesse período
- Politica e Estratégia de Habitação, Resolução nº 19 2011 de 8 de Junho, visando impulsionar a
dinâmica do sector de habitação, tendo em vista a melhoria progressiva da qualidade de vida dos
cidadãos, a partir do envolvimento coordenado de vários esforços no financiamento e na
construção da habitação para vários estratos sociais.
- Estratégia para a Aplicação e Disseminação dos Materiais e Sistemas Construtivos
Alternativos, Resolução nº 28 2009 de 8 de Junho, visando institucionalizar e encorajar a
utilização e massificação no pais, tendo em vista a edificação de infraestruturas por artesãos,
comunidades, empreiteiros e particulares.
- Política de Ordenamento do Território, Resolução N° 18/2007 de 30 de Maio cujo objectivo é
contribuir para uma gestão sustentável dos recursos naturais e humanos do país.
- Lei N° 18/2007 de 18 de Julho que aprova a Lei do Ordenamento do Território que tem por
objecto criar um quadro jurídico-legal do ordenamento do território, em conformidade com os
36
princípios, objectivos e direitos dos cidadãos consagrados na Constituição da Republica; e
materializar, através dos instrumentos de ordenamento territorial, a Politica de Ordenamento
Territorial
- Decreto N° 23/2008 de 1 de Julho que aprova o Regulamento da Lei de Ordenamento do
Território que estabelece o regime jurídico dos instrumentos de ordenamento territorial.
- Legislação para a Gestão das Finanças Públicas (ou SISTAFE - Lei 09/02) que fornece o
quadro geral para a gestão descentralizada das finanças públicas a nível provincial e distrital.
- Lei de Ambiente n.20/97, assim como o decreto 54/2015 sobre Avaliação de Impacto
Ambiental, são elementos chave na gestão e proteção do ambiente, um elemento fundamental a
ter em consideração ao planificar intervenções massivas de recuperação da habitação.
- Lei de Terras n.19/97 e respectivo Regulamento 66/98, assim como o regulamento de Solo
Urbano n.60/2006, definem o marco político e legal para o uso e aproveitamento da terra,
modalidades de acesso e reconhecimento de direitos seja nos âmbitos urbanos e peri-urbanos
que rurais, por usos inclusive habitacionais.
37
ANEXO 2: Apoio ao processo de transição e alinhamento entre medidas de abrigo de
emergência e soluções mais duradouras e resilientes entre o Shelter Cluster e o GREPOC
O Cluster Cluster (Abrigo) tem apoiado as instituições governamentais na coordenação de
resposta e intervenções humanitárias na área de abrigo, em benefício das famílias afectadas
pelos Ciclones Idai e Kenneth. As equipas de coordenação têm vindo a trabalhar com o INGC
(durante a fase de emergência) e na fase de recuperação, estão a trabalhar tanto a nível nacional
com a DNUH assim como com as DPOPHRH a nível provincial e os SDPI distritais,
fornecendo os seguintes serviços:
- Apoiar na análise dos dados de danos fornecidos pelo INGC para estimar as necessidades de
abrigo;
- Coordenar agências de abrigo para garantir pacotes de respostas equitativas, padrões mínimos
e harmonizar abordagens;
- Monitorar as acções de resposta em curso, através da recolha de dados sistematizados sobre:
quem faz o quê, quando e aonde (4w: Who, What, Were, When);
- Fornecer análises com relação à cobertura das necessidades e das lacunas remanescentes;
- Liderar grupos de trabalho técnicos para fornecer assistência técnica conforme as
necessidades;
- Captar recursos das agências para o suporte no sector de abrigo;
Desde de Julho de 2019, foram estabelecidas duas equipas de Coordenação do Cluster de
Abrigo, uma na Beira e uma outra em Pemba, para apoiar a coordenação dos actores do abrigo,
bem como um Coordenador nacional baseado em Maputo para ligar às respectivas instituições
de nível central. Na Beira, a equipa de Coordenação do Cluster de Abrigos conta com um
contingente de 5 funcionários, onde e a equipe do Programa PEM IOM dedica-se à
coordenação.
Durante o período e emergência, o Cluster de Abrigo coordenou actividades e operações de
mais de 50 organizações, que prestaram assistência humanitária a cerca de 180.000 famílias,
através da provisão de kits de abrigo de emergência. A partir de Julho de 2019, o número de
intervenientes em acções resposta reduziu para cerca de 10 a 15 parceiros. As acções de
coordenação e planificação continuam com o foco nas acções de resposta durante a época
chuvosa que se aproxima. Está igualmente em curso actividades no seio de alguns parceiros no
que tange a recuperação com recurso a soluções habitacionais mais duráveis (BBB).
Para esta fase de transição, o Shelter Cluster com seus parceiros está fornecendo orientações
sobre:
- Critério de vulnerabilidade para seleção de beneficiários;
- Padronizando as opções de resposta;
- Terra para habitação e direitos de propriedade;
- Assistência técnica e treinamentos.
Os tópicos acima discutidos no Shelter Cluster para recuperação do sector da habitação também
estão sendo elaborados dentro do Grupo de Trabalho do GREPOC sobre a estratégia de
recuperação de alojamento a longo prazo. O Shelter Cluster sugere uma estreita colaboração
com GREPOC para uma efectiva implementação do PALPOC. Enquanto decorre a preparação
do PALPOC, o Shelter Cluster pode cobrir a lacuna de coordenação entre a resposta
humanitária e os esforços de reconstrução de longo prazo por meio de:
38
· Coordenação nos esforços de recuperação de abrigos e assentamentos durante a fase
de transição;
· Defender a estratégia de "habitação única" que integra a resposta a abrigos /
alojamento dentro de uma abordagem mais ampla de assentamentos; facilitando a
transição dos esforços de socorro para soluções habitacionais mais duráveis e seguras;
· Fortalecer os esforços de auto-recuperação; e a gerar as condições mais favoráveis
para a restauração das fontes de renda que podem financiar esta auto reconstrução
· Aumentar a responsabilidade, a previsibilidade e a eficácia das ações de recuperação
de abrigos e habitação.
A fim de transferir gradualmente suas tarefas ao GREPOC e garantir a continuidade na
coordenação e monitoramento dos esforços de recuperação, o Shelter Cluster pode sugerir
diferentes cenários, dependendo de quais estruturas e capacidades estão sendo desenvolvidas
dentro do próprio GREPOC. As propostas seguintes baseiam-se na experiência de outros países
e na compreensão do contexto de Moçambique até à data.
O Cenário Ideal prevê que o GREPOC crie uma equipa de coordenação semelhante à existente
actualmente no Shelter Cluster, em cada uma das Províncias mais afectadas (Sofala, Manica e
Cabo Delgado), para assegurar a Coordenação, Assistência Técnica, assim como a supervisão,
monitorização, avaliação e elaboração de relatórios. Isso significaria incluir para cada província:
o 1 Coordenador Geral Provincial
o 1 Coordenador Técnico para fornecer orientação de assistência técnica
o 1 Responsável pela Gestão de Informação para recolher os dados necessários para apoiar a
monitorização e avaliação
As equipes provinciais seriam administradas por um Coordenador de nível nacional e um
Gerente de Informações de nível nacional compilaria todos os dados e informaria sobre o
progresso geral.
Dependendo do número das intervenções de reconstrução de habitações e das modalidades de
implementação, a composição das equipas poderia ser ligeiramente diferente, e apenas um
coordenador para Sofala e Manica, mas um coordenador técnico e um IM por província devem
ser o mínimo.
A equipe do Shelter Cluster trabalharia com suas respectivas contrapartes para entregar todas as
informações, documentações, dados etc. que foram produzidos pelo Shelter Cluster. Dado que o
processo de contratação levará tempo, o Cluster propõe-se começar a trabalhar a partir dos
escritórios do GREPOC o mais rapidamente possível (assim que os escritórios forem instalados
na Beira, Chimoio e Pemba) A IFRC (Federação Internacional da Cruz Vermelha) também
estaria aberta para discutir o fornecimento de apoio na contratação do pessoal necessário e na
capacitação, fornecendo treinamentos de coordenação e coaching de trabalho (especialmente
para IM), se necessário.
39
ANEXO 3: Análise dos Actores
Nível Entidade Papel na recuperação do sector do Alojamento
Governo
Governo
Nacional
(central)
• MOPHRH
• MEF
• GREPOC: Sede
• MITADER
• INGC
- Liderar e coordenar, definir papéis e responsabilidades
das autoridades envolvidas.
- Mobilizar recursos humanos para gerenciar a
recuperação
- Mobilizar arranjos institucionais para gerenciar a
recuperação (incluindo instalações, gerenciamento de
informações)
- Mobilizar e contabilizar o financiamento
governamental e não-governamental para recuperação.
- Estabelecer coordenação, definir papéis e
responsabilidades de stakeholders não-governamentais
- Engajar-se com atores de assistência, sociedade civil e
partes interessadas do sector privado
- Definir políticas para a recuperação de alojamento,
incluindo: abrigo, reparações e reconstrução de
moradias, recuperação de assentamentos, realocação,
gerenciamento de riscos.
- Definir e aprovar programas governamentais e não-
governamentais para assistência financeira e técnica para
a recuperação de alojamento.
- Definir e aprovar normas técnicas regulamentadoras e
não regulamentares, orientações e currículos.
Governos
Locais • Autoridades provinciais,
distritais ou municipais
• Representação local do
GREPOC
• Departamento local de
ministérios de linha
(DPOPHRH, DPTADER,
INGC)
- Ligação entre autoridades de nível centra e populações
afectadas, relatório sobre impactos de desastres locais,
progresso e necessidades de recuperação, disseminação
de políticas e orientação.
- Estabelecer arranjos institucionais locais para gerir a
recuperação.
- Engajar-se com atores de assistência local, sociedade
civil, partes interessadas do sector privado e com as
comunidades locais.
Desempenhar responsabilidades delegadas para a
coordenação, gestão e implementação de atividades de
recuperação, incluindo responsabilidades regulares das
autoridades locais:
• Planeamento local, incluindo uso da terra,
reassentamento, avaliação de risco.
40
• Controle do uso da terra.
• Planeamento, regulação e implementação de
infraestrutura e serviços
• Controle de construção incluindo inspeção no local.
• Regular o mercado de construção, operadores,
qualidade do material.
Agencias
Redes
Internacionais
Redes de especialização em
risco de desastre e
comunidades de prática
Apoiar as partes interessadas nacionais e locais para
planejar e implementar a recuperação, com política,
estratégia e assessoria técnica e especialização.
Reforçar a capacidade das partes interessadas locais.
Facilite a troca de experiências e informações entre pares
de outros contextos de desastres.
Apoiar o desenvolvimento institucional de longo prazo
do gerenciamento de riscos de desastres.
Organizações
Internacionais
Coordenação das Nações
Unidas e agências técnicas
Instituições Financeiras
Internacionais
Movimento da Cruz
Vermelha e do Crescente
Vermelho
Organizações temáticas
(por exemplo, Organização
de Cidades Património da
Humanidade)
Fornecer suporte de coordenação para resposta a
emergências e transição e recuperação, conforme as
necessidades.
Fornecer assistência institucional e técnica para avaliar
os impactos de desastres e planear e implementar a
recuperação.
Facilite a troca de experiências e informações entre pares
de outros contextos de desastres.
Prestar assistência técnica e financeira às autoridades
governamentais e partes interessadas não-
governamentais, de acordo com o mandato e a
capacidade da organização de apoio.
Fornecer assistência diretamente às famílias e
comunidades.
Apoiar o desenvolvimento institucional de longo prazo
do gerenciamento de riscos de desastres.
Garantir a integridade da implementação, incluindo
medidas de proteção social.
Doadores Instituições Financeiras
Internacionais
Financiamento humanitário
e de desenvolvimento por
países doadores
Organizações filantrópicas /
financiamento:
Fornecer assistência institucional e técnica para avaliar
os impactos de desastres, apoiar a resposta de
emergência e planejar e implementar a recuperação.
Facilitar a troca de experiências e informações entre
pares de outros contextos de desastres
Fornecer assistência técnica e financeira a autoridades
governamentais e partes interessadas não-
41
Financiamento de
responsabilidade social
corporativa
governamentais.
Fornecer assistência diretamente às famílias e
comunidades. Apoiar o desenvolvimento institucional de
longo prazo do gerenciamento de riscos de desastres.
ONGs
Internacionais
Organizações não-
governamentais
internacionais humanitárias
e de desenvolvimento
Organizações empresariais
sociais
Perfis e programas
multissectoriais ou
sectoriais específicos (por
exemplo, abrigo,
desenvolvimento rural)
Sede não no país afetado
Apoiar a resposta de emergência e abrigo temporário,
recuperação de habitações e atividades de redução de
risco.
Contribuir para a pesquisa e desenvolvimento de
políticas, programas, padrões, M + E do progresso da
reconstrução.
Fornecer assistência técnica e financeira para
organizações locais
Fornecer assistência técnica e financeira às comunidades
e famílias, de acordo com os mandatos e capacidades da
organização.
Garantir a integridade da implementação, incluindo
medidas de proteção social.
ONGs Locais Organizações não
humanitárias e de
desenvolvimento nacionais
Organizações não-
governamentais
Organizações empresariais
sociais
Perfis e programas
multissectoriais ou
sectoriais específicos (por
exemplo, abrigo,
desenvolvimento rural)
Sede no país afetado
Apoiar a resposta de emergência e abrigo temporário,
recuperação de habitações e atividades de redução de
risco.
Contribuir para a pesquisa e desenvolvimento de
políticas, programas, padrões, M + E do progresso da
reconstrução.
Fornecer assistência técnica e financeira às comunidades
e famílias, de acordo com os mandatos e capacidades da
organização.
Garantir a integridade da implementação, incluindo
medidas de proteção social.
Organizações da
sociedade Civil
Internacional e nacional:
Organizações comunitárias
Organizações Voluntárias
Grupos religiosos
Grupos políticos
Rede Global de
Organizações da Sociedade
Civil para a Redução de
Desastres
Apoiar a resposta de emergência e abrigo temporário,
recuperação de habitações e atividades de redução de
risco.
Contribuir para a pesquisa e desenvolvimento de
políticas, programas, padrões, M + E do progresso da
reconstrução.
Defender medidas de recuperação (social, econômica,
técnica, ambiental) de acordo com os mandatos da
organização.
Fornecer assistência técnica e financeira às comunidades
e famílias, de acordo com os mandatos e capacidades da
organização.
42
Comunidades afectadas pelo desastre
Representantes
das
comunidades
locais
Representantes das áreas
geográficas definidas
Contribuir para a pesquisa e desenvolvimento de
políticas, programas, padrões, M + E do progresso da
reconstrução.
Defender medidas de recuperação de acordo com as
necessidades e prioridades da área
Ligação entre os órgãos de tomada de decisão e as
populações afetadas por desastres
Representantes
de grupos locais
Representantes de grupos
definidos (sem terra,
latifundiários, jovens,
idosos, mulheres,
deficientes, deslocados,
refugiados, trabalhadores
migrantes, etc.)
Contribuir para a pesquisa e desenvolvimento de
políticas, programas, padrões, M + E do progresso da
reconstrução.
Defender medidas de recuperação de acordo com as
necessidades e prioridades do grupo
Ligação entre os órgãos de tomada de decisão e as
populações afetadas por desastres
Sector da construção
Institutos /
corpos do sector
da profissão da
construção
Institutos de engenheiros,
arquitetos, planeadores,
topógrafos
Sindicatos que representam
trabalhadores da construção
civil profissionais,
qualificados e não
qualificados.
Federação da Indústria da
Construção Civil
Apoiar as autoridades no planeamento e implementação
da recuperação, incluindo pesquisa e desenvolvimento
de políticas, programas e padrões.
Desenvolver recursos humanos e capacidade do sector
de construção para recuperação e gestão de risco a longo
prazo
Regular os profissionais e empresas do sector da
construção.
Advogar por questões sectoriais, inclusive com
autoridades e por meio de discussões públicas.
Contribuir para a institucionalização de políticas,
padrões, currículos e aprendizagem de recuperação
Profissionais da
construção
Profissionais individuais
Empresas (consultoria,
projecto / especificação,
construção, gestão de
projectos, avaliação)
Empresas sociais
Suplementar as autoridades governamentais e
organizações não-governamentais com capacidade de
planear e implementar a recuperação, incluindo pesquisa
e desenvolvimento de políticas, programas e normas, atividades de treinamento, atividades de apoio e
comunicação em campo, garantia de qualidade e
atividades de monitoramento.
Fornecer assessoria técnica especializada (por exemplo,
avaliação de risco)
Fornecer serviços de consultoria diretamente para
empresas de construção, comunidades e residências,
incluindo consultoria, design e supervisão do local.
Negócio da Representantes nacionais e Fornecer materiais de construção, ferramentas e
43
construção locais de empresas do
sector da construção,
incluindo:
Federação da indústria da
construção civil (produtores
e distribuidores de
materiais, estaleiros,
empreiteiros, operadores de
serviços.
Mineração, exploração de
pedreiras, silvicultura
Câmaras de comércio
equipamentos.
Desenvolver capacidade para atender a demanda de
reconstrução
Regular a qualidade do material de construção
Monitorar preços de materiais de construção
Fornecer informações aos compradores através de
exibição, conselhos e eventos.
Sector
Transporte
Autoridades de nível central
e / ou locais que gerem o
transporte e vias de acesso
Sindicatos de transporte
local ou grupos na área
afetada
Operadores de logística e
armazenagem
Armazene e transporte materiais de construção,
ferramentas e equipamentos.
Transportar pessoas de e para áreas afetadas
Aumentar a capacidade de rede para atender a demanda
de reconstrução
Fornecer informações aos passageiros e clientes
Provedores de
serviços
Fornecedores públicos,
semi-públicos e privados do
sector
Água, saneamento,
eliminação de resíduos,
eletricidade, combustível.
Fornecer temporariamente, reabilitar danificados e
desenvolver novas infra-estruturas e utilidades.
Desenvolver padrões e orientação para serviços
domésticos em reconstrução, incluindo água e
saneamento e eficiência energética.
Fornecer informações para famílias e comunidades.
Sector de
educação e
treinamento
Provedores de treinamento
vocacional
Instituições de terceiro
nível
Operadores do aprendizado
Provedores e programas
governamentais e não-governamentais de
educação e treinamento
Apoiar as autoridades no planeamento e implementação
de políticas, programas, padrões e currículos de
treinamento e capacitação.
Fornecer instalações e pessoal para atividades de
treinamento.
Fornecer e / ou desenvolver currículos para recuperação
Fornecer treinamento para profissionais e trabalhadores
da construção civil.
Fornecer treinamento para gerenciar ou dar suporte à
recuperação, por exemplo TI, negócios, comunicações.
Contribuir para a institucionalização de padrões,
currículos e aprendizagem de recuperação
Provedores de
serviços
financeiros
Remessa
Crédito
Facilitar o acesso a fundos e crédito para reconstrução
Aumentar a capacidade de atendimento para atender a
demanda de reconstrução
44
Seguro
Grupos de poupança
Apoiar a gestão financeira para reconstrução
Vincular mecanismos financeiros a condições de
conformidade técnica
Provedores de
serviços de
telecomunicaçã
o
Operadores de Internet
Operadoras de telefonia
móvel
Facilitar a comunicação para populações afetadas por
desastres e partes interessadas na recuperação.
Aumentar a capacidade de rede para facilitar a
recuperação
Facilitar transferências de dinheiro
Facilitar a informação pública através de SMS, etc.
Media Mídia local, nacional e
internacional
Associação de imprensa
Televisão e estações de
rádio e produtores de
conteúdo
Operadores de publicidade
e marketing
Editores de jornais e
revistas e repórteres
Editores de mídia digital,
plataformas da web
Operadores de mídia social
Comunicar os impactos de desastres
Facilitar o acesso à informação e análise de políticas,
programas, progresso e implicações de recuperação.
Fornecer plataforma para discussão, debate e
comunicação bidirecional
Facilitar a informação pública através de transmissão,
impressão e outros meios de comunicação.
Contribuir para o desenvolvimento de estratégias de
comunicação, análise de canais, desenvolvimento de
conteúdo, análise de impacto.
Academia e
investigação
Local, nacional ou
internacional:
Universidades e instituições
de ensino
Acadêmicos individuais ou
pesquisadores
Think tanks
Organizações ou empresas
de pesquisa
Contribuir para a pesquisa e desenvolvimento de
políticas, programas, padrões, M + E do progresso da
reconstrução.
Fornecer pesquisadores, professores e estudantes para
complementar a assistência técnica de campo
Facilitar a troca de experiências e informações entre
pares de outros contextos de desastres
Facilitar o acesso à informação e análise de políticas,
programas, progresso e implicações de recuperação.
45
Anexo 4. Análise preliminar da seleção de áreas geográficas a intervir - SIMULACAO
Por este fim, segundo a análise da base de dados GREPOC, os locais priorizados para as
primeiras intervenções foram respectivamente a Província de Sofala (a mais afectada pelo
Ciclone Idai) e a Província de Cabo Delgado (a mais afectada pelo Ciclone Kenneth). Assim,
em cada Província na tabela a seguir resumem-se os distritos e cidades prioritárias:
Unidade
Territorial
Unidade
Territorial
Habitações
afetadas
% de
inv.
por
distrit
o
Investimento
necessário
GAP
financeiro Região “Idai” -
Província de
Sofala
X 40166 23.5 29.921.520,00 16.752.160,92
Y 19640
11.5 18.386.955,00 11.947.523,33
Z 17278 10,1 9.451.083,20 3.786.088,27
W 87328 51
75.740.600,00 50.895.110,21
Região
“Kenneth” -
Província de
Cabo Delgado
XY 15579 36.3 8.335.397,87 2.694.742,62
XZ 4600 10.7 2.326.609,87 661.097,69
XW 4887 11.4 2.492.899,38 723.473,73
$146,655,065.00 $87,460,194.00
A seguir, a título de exemplo, mostra-se um cenário da distribuição territorial da intervenção de
recuperação do sector da habitação por tipo de intervenção tendo em conta uma disponibilidade
económica total para intervenções de 100.000.000,00 USD desagregado até ao nível do Distrito,
num dos Distritos prioritários.
A tabela a seguir mostra o investimento disponível hipotético para o Distrito, calculado numa
percentagem do investimento total derivada proporcionalmente das unidades afetadas pelo
desastre (incluindo as necessidades de reassentamento) e o investimento necessário para
satisfazer as necessidades reais da intervenção, derivadas da aplicação de custos de
intervenção19
Com base nisso resulta um gap de investimento que indica o valor das intervenções que não é
possível realizar com os fundos disponíveis.
Simulação da intervenção e gap de investimento por Tipo de Intervenção num Distrito
DISTRITO X
Reconstruçã
o Total T.
Convenc.
Reconstrução
Parcial T.
Convenc.
Reconstruçã
o Total T.
Mista
Reconstrução
Parcial T.
Mixta
Reassenta
mento
infraestrut
urado
Reforço
Investimento
Necessário 9.020.595,00 2.206.399,00
16.127.116,0
0 2.154.910,00 412.500,00 0,00
Investimento
disponível hipotético 891.114,26 891.114,26 8.063.558,00 2.154.910,00 288.750,00 891.114,26
19 mencionados anteriormente na descrição de cada Tipo de Intervenção,
46
O Investimento disponível hipotético foi distribuído por tipo de intervenção segundo os
seguintes critérios gerais, definidos pelo Grupo Técnico de Trabalho em função do atingimento
dos objectivos do Programa e das diretrizes e listados em ordem de prioridade:
1) A intervenção prioritária é reconstrução parcial e total de unidades habitacionais mistas
resilientes (acção identificada no gráfico com o numero 1.)
É necessário que o 50 % do investimento total distrital seja dirigido a este tipo de intervenção;
e´ prevista a possibilidade de uma variação na ordem do 10% que as instâncias de decisão
competentes, em consulta com os outros actores, como definido no esquema de implementação
geral do PREPOC.
2) Na presença de intervenções de reassentamento, se deverá destinar pelo menos o 70% do
investimento necessário para a implantação, infraestruturação e equipamentos dos bairros
(acção identificada no gráfico com o numero 2.)
3) O reforço de unidades habitacionais mistas e convencionais parcialmente danificadas e já
reconstruídas pelos proprietários com medidas de carácter urgente ou insuficientes assim como
as intervenções em casas de material convencional deverão se repartir o remanescente em igual
proporção (acção identificada no gráfico com o numero 3.)
Deve-se dizer, contudo, que a simulação aqui exposta e os relativos custos de investimento
calculados são relativos apenas aos custos da ação de reconstrução, e não incluem os custos de
gestão e administrativos relacionados com essas ações, nem o treinamento eventualmente
necessário e qualquer outro tipo de mobilização.
>70%
2 1/3 1/3
3
1/3
47
Anexo 5. Acções Transversais
Assistência Técnica
O PALPOC apresenta níveis particularmente elevados de complexidade, com vários parceiros
interessados e interagindo vertical e horizontalmente, portanto a Assistência Técnica e a
coordenação são cruciais, sobre todo em modalidades de Auto-Recuperação Assistida, com
famílias e comunidades no centro do processo.
No âmbito de Habitação e Assentamentos Humanos os campos de Assistência Técnica
principais são os apresentados no gráfico a seguir:
Governação:
Arranjos institucionais para recuperação e reconstrução de alojamento e assentamentos (a
nível nacional, provincial e local) - estratégias, planos, manuais, corpos/comissões/comitês
(gestão, técnico, etc.)
Coordenação do comitê técnico – temático a nível nacional, provincial e local (incluindo
processos de validação / aprovação de projetos de recuperação e reconstrução de alojamento e
assentamentos submetidos pelos parceiros)
48
Coordenação da avaliação de estudos, planos temáticos e espaciais, projectos (e grupos de
trabalho relacionados)
Aumento da capacidade do Governo em relação com os recursos humanos com
funcionários existentes e novos, destacamentos, treinamento e advocacia professional
Mecanismos de Financiamento - Implementação
Formular condições de assistência financeira à recuperação (manuais operacionais de
implementação)
Definição de Esquemas de Assistência Financeira para a implementação da habitação
(doações, subsídios, empréstimos, apoio em dinheiro / em espécie, etc.)
- Nova construção
- Reabilitação
- Retrofit
- Recuperação integrada de liquidações (existentes e novas)
Coordenação com os serviços financeiros de apoio à recuperação do alojamento (bancos,
cooperativas, microfinanças, roscas, seguros ...)
Standards Técnicos
Definição do Marco Técnica e dos mecanismos de validação (incluindo avaliação, perfis
setoriais, pesquisa e desenvolvimento ...)
Revisão ou desenvolvimento de especificações, orientações e padrões para:
Novo projeto de construção
Reparação e adaptação
Tecnologias de construção
Materiais de construção
Medidas de resistência a riscos
Serviço e assentamentos
Terra, propriedade e posse
Conservação e patrimônio
49
Desenvolver e monitorar Salvaguardas Ambientais para Recuperação de Alojamento (AIA
e monitoramento de impactos, risco de deslocamento, mitigação / resolução de conflitos de
terra, qualidade da água / ar ...)
Treinamento e Capacitação
Elaboração da Estratégia de Desenvolvimento de Capacidades- Habilidades para o Sector
da Habitação
Mobilização dos principais actores setoriais interessados (incluindo provedores de
treinamento profissional, instituições profissionais, universidade, contratados / representantes do
setor)
Coordenação da planificação, recursos e atividades para implementar a Estratégia de
Desenvolvimento de Capacidade do Sector da Habitação
Coordenar o desenvolvimento de currículos, treinamento de treinadores, garantia de
qualidade, certificação
Monitoria e relatórios sobre atividades de treinamento e capacitação
Cadeias de Abastecimento
Desenvolver estratégias de controle de qualidade (dentro de mecanismos de conformidade
novos ou existentes)
Monitorar a oferta do mercado em termos de custos, qualidade e serviço
Definir uma Estratégias de melhoria técnica na produção de materiais de construção
Definir uma Estratégias de gestão de recursos naturais para produção de materiais de
construção
Estratégias regulatórias do setor de construção para apoiar a recuperação de moradias
(licenciamento, tributação, subsídios, subsídios, controle ...)
Social e Comunitário
Desenvolver Estratégia de Mobilização Social para recuperação de Alojamento (incluindo
modalidades de participação da comunidade, planejamento participativo, atividades de
recuperação comunitárias etc.)
50
Desenvolver Estratégia de Inclusão Social, Diversidade e Vulnerabilidade para
Recuperação de Alojamento (incluindo necessidades de mulheres, jovens, idosos com
deficiência, minoria, migrantes, etc.)
Desenvolver Salvaguardas Sociais para a recuperação de Alojamento, incluindo mecanismos
de reparação de queixas
Monitoria e elaboração de relatórios sobre os impactos sociais na população afetada durante
a recuperação de moradias e assentamentos
Comunicação
Desenvolver estratégia de comunicação intergovernamental sobre políticas, mecanismos e
projetos de recuperação de Alojamento
Desenvolver estratégia de comunicação de massa sobre recuperação de moradias, BBB,
moradias e assentamentos sustentáveis e resilientes, DRR / DRM
Mobilizar os actores chave do sector e coordenar o planejamento e a implementação da
comunicação intergovernamental e de massa sobre recuperação de moradias
Gestão da Informação, Monitoria e Aprendizagem
Desenvolver diretrizes de Gestão da Informação, relatórios e monitoramento sobre
recuperação do Alojamento (para combinar avaliação, distribuição da intervenção, avanços,
lacunas ...)
Estabelecer uma plataforma e metodologias comuns para coleta de dados (formatos para
coleta, processamento, atualização de dados)
Vetores para criação de emprego
O PALPOC tem cinco Objectivos Estratégicos, sendo que um deles (o de numero 4) e’
totalmente focado no desenvolvimento de oportunidades económicas para aumentar o acesso
aos meios de vida (ver parte 1.2.). A presente secção explica a importância disso e traz
sugestões de como o objectivo pode ser alcançado. A próxima secção aborda os treinamentos
que serão necessários.
Existe uma relação estreita entre a geração de renda e emprego, por um lado, e a resiliência
habitacional, por outro. Por esse motivo, e’ importante otimizar a geração de emprego e renda
através da própria produção habitacional, de maneiras proactivas.
Projectos habitacionais que não levam em conta a geração de renda e emprego não são
sustentáveis nem resilientes. Mesmo que os projectos ou bairros sejam (re) construídos, se a
51
pobreza persistir não haverá maneira de fazer uma manutenção adequada, e não são poucos os
exemplos de conjuntos habitacionais depredados e abandonados pelos moradores porque não
tem uma fonte de renda.
A contratação de "assistência técnica", se possível local, vai gerar renda para a comunidade,
com efeitos multiplicadores na manutenção das habitações. A mesma ideia se aplica na
produção de materiais construtivos, e nos contractos comunitários para benfeitorias coletivas.
O investimento financeiro na construção habitacional, através do que foi dito acima, pode ser
também ponto de entrada para promover o desenvolvimento económico local. Uma injeção de
capital na vila ou bairro através da construção vai ter efeitos multiplicadores na própria
resiliência das habitações.
A provisão de qualquer serviço ou a manufatura de qualquer produto gera algum emprego por consequencia. Mas existem maneiras de maximizar a geração de emprego a priori, criando um
ciclo virtuoso com a produção habitacional.
O resultado deve ser a criação de oportunidades de emprego ou auto emprego geradoras de
renda em condições decentes por várias vias complementarias. Por um lado o fornecimento de
capacitação que possa incrementar a empregabilidade dos trabalhadores locais, especialmente
aqueles de baixa qualificação, por medio de “learning-by-doing” (aprendendo na pratica) e
cursos de curta duração para capacita-los na implementação de técnicas de construção
resilientes. Por outro lado, melhorar as capacidades das pequenas e medias empresas da região
para implementar contratação comunitária e, no caso das empresas do setor da construção,
utilizar técnicas construtivas resilientes e intensivas em mão de obra. Dentro desta capacitação é
importante ter em conta as medidas para melhorar a segurança e higiene no trabalho.
O PALPOC pode também expandir o uso destas técnicas intensivas em mão de obra dentro do
setor da construção na implementação de infraestruturas complementarias como estradas ou
obras de saneamento, as quais virariam uma fonte de emprego para trabalhadores da zona. Isso
implica por exemplo a substituição de maquinaria por técnicas alternativas manuais ou a
implementação de melhoras usando técnicas simples mas muito intensivas em fator trabalho.
Outra oportunidade é o fomento de cadeias de valor associadas a reconstrução como por
exemplo a produção de matérias de construção usando métodos manuais e matéria-prima local
ou qualquer outra derivada das intervenções do PREPOC nos próximos 5 anos. Para isso o
PALPOC iria fomentar desenhos alternativos que usem esse tipo de materiais e possam apoiar a
procura deles dentro da zona de atuação.
Em suma, os principais vetores são os seguintes:
• Promoção de materiais de construção locais, principalmente substituindo aqueles que
são atualmente importados. Idealmente, materiais que usam técnicas de mão-de-obra intensiva
em sua produção. Cabe a possibilidade já promovida no passado pelo MOPHRH da fabricação
de materiais de construção não convencionais nos locais de reconstrução, usando matéria prima
local e trabalho manual para produzir materiais de baixo custo como os blocos de solo cemento.
• Divisão de grandes contractos em pequenas parcelas para permitir a participação de
micro e pequenas empresas,
• Utilizar técnicas construtivas simplificadas, que facilitam a produção habitacional.
Essas técnicas são de mão-de-obra intensiva, o que traz a grande vantagem de ao mesmo tempo
gerar postos de trabalho adicionais. Deve-se ressaltar que as tais técnicas usadas não geram
produtos de qualidade inferior ou preços superiores às técnicas de capital intensivo.
• Contractos comunitários: a reconstrução habitacional não implica apenas nas unidades
habitacionais, mas também os espaços públicos. Tais espaços podem ser recuperados e
urbanizados através de contratos comunitários com grupos de pessoas locais, que vão receber
52
um pagamento (“cash for work”) pelos serviços prestados. O contrato comunitário tem também
a vantagem de fortalecer organizações comunitárias de base.
Soluções de Treinamento
O PALPOC, para poder atingir seus objectivos, no respeito das directrizes do programa, visando
ao aumento da resiliência, prevê’ um forte eixo baseado em soluções de treinamento a diferentes
níveis, com metodologias simples que difundam instruções passo a passo ilustradas incluindo
princípios a serem seguidos para cada Tipo de Intervenção, assim como atividades de
treinamento que possam incrementar a empregabilidade de pessoal local, tanto qualificado como
não qualificado, e o uso de pequenas e medias empresas do sector da construção da região.
Estas capacitações vão priorizar enfoques e modalidades de implementação com base nas
experiencias de êxito no sector em Moçambique (privilegiando aquelas que priorizam o
envolvimento das comunidades, famílias, tecnologias locais, recursos e conhecimentos
endógenos nas 7 províncias afectadas).
Para cada tipo de intervenção e treinamento específico, estima-se o número de empregos e
geração de renda criados, bem como sua sustentabilidade, particularmente considerando a
iniciativa de apoiar a industrialização de materiais de construção através da pré-fabricação de
estruturas de madeira, blocos de concreto e solos estabilizados e materiais para telhados.
O treinamento técnico em reconstrução BBB “construir de volta e melhor” serão condição
necessária para os micro e pequenos empreiteiros que queiram ser pré-qualificados para poder
prestar serviços especializados aos beneficiários em termos de reconstrução parcial ou total,
entrando assim numa lista de prestadores de serviço controlada e continuamente atualizada.
Nestes treinamentos os micro-pequenos empreiteiros e os mestres especializados (pedreiros e
carpinteiros em particular) receberão módulos formativos relacionados com as tecnologias
construtivas, a preparação e uso de materiais, a segurança na obra.
Programas de treinamento específicos, conduzidos pelas agências implementadoras em
colaboração com instituições de treinamento selecionadas, continuarão a se realizar para
capacitar tanto os beneficiários quanto os funcionários públicos e representantes da comunidade
na área de mobilização comunitária, apoio as organizações de base, desenho/projetos de casas,
metodologias construtivas, identificação e controle de qualidade de materiais de construção,
aquisição de materiais e mão de obra de construção.
Principais tipologias de treinamentos:
• Treinamento em tecnologia de construção, implementadas por ensino profissional,
universidades, ONG, (em alvenaria de blocos de terra estabilizada, estruturas de
cobertura reforçada, fundação elevada, melhoramento das técnicas locais (pau a pique,
maticado, macuti em paredes e tetos, capim, blocos de terra crus, queimados e de solo
estabilizado)
• Treinamento de organização e mobilização comunitária direcionada a recuperação e
reconstrução resiliente.
• Treinamento sobre segurança na construção
• Treinamento para pessoal técnico do estado (a todos níveis, Ministérios e Direções
Nacionais relacionadas com o sector - MOPRH, MITADER, MAEFP, INGC em
particular, assim como as Direções Provinciais e os Serviços Distritais de Planeamento
e Infraestruturas)
• Treinamento de facilitadores de processos participativos, tomada de decisões,
construção e feedback.
• Curso de atualização em tecnologia e gerenciamento de qualidade
• Treinamento a Líderes comunitários e autoridades locais em processos de recuperação
resiliente
53
• Treinamento para representantes identificados em cada família beneficiaria, em gestão
de obra, contribuição na construção (em materiais, mão de obra, logística-transporte).
• Programa de conscientização sobre a coleta de águas pluviais (construção de caleiras e
cisternas)
• Formação de jovens locais, sobre todo em alvenaria e carpintaria.
Na parte da empregabilidade, estas capacitações iriam a tratar no caso dos trabalhadores:
• Treinamento em tarefas básicas específicas para o tipo de infraestrutura para
trabalhadores locais de baixa qualificação
• Treinamento em construção resiliente para trabalhadores locais com alguma capacitação
profissional, incluindo jovens graduados de centros de formação profissional
• Treinamento para empreiteiros locais em contratação comunitária, cálculo de custos,
gestão de empresas e técnicas de construção intensivas em mão de obra específicas ao
tipo de construção
• Treinamento em técnicas de fabrico de materiais alternativos para pequenos produtores
locais
• Cursos “Start and Improve your business” para trabalhadores de produtores informais
com potencial para avançar para o auto emprego
• Cursos em segurança e saúde no trabalho para trabalhadores e empresas
2.
top related