petição inicial
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PETIÇÃO INICIAL
Gonçalo de Andrade Fabião
Inês de Freitas Leal
João Rabaça Ribeiro
José Vitorino Quintas
Miguel Pinheiro da Silva
2
Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa
Av. D. João II, nº1.08.01
Edifício G - 6º andar
1900-097 LISBOA
Exmo. Senhor Juiz de Direito,
ANTÓNIO RODINHAS, portador do cartão de cidadão n.º 11223344 e NIF 342645089,
com domicílio na Rua Querido Líder, nº7, 1º Dir., 11222-01, Capital, profissão de motorista
na Avenida do Ambiente, n.º 55, 3º andar, 11222-92, Capital;
FELICIANO ROLAMENTOS, portador do cartão de cidadão n.º 22334455 e NIF
324987456, com domicílio na Rua de Nª Sr.ª dos Aflitos Verdes, nº3, 4º Esq., 11222-02,
Capital, profissão de motorista na Avenida do Ambiente, n.º 55, 3º andar, 11222-92, Capital;
e RICARDINA DE DIREÇÃO ASSISTIDA, portadora do cartão de cidadão n.º
33445566 e NIF 322465098, com domicílio na Rua para Belém, nº15, 6º Esq., 11222-03,
Capital, profissão de motorista na Avenida do Ambiente, n.º 55, 3º andar, 11222-92, Capital,
nos termos dos arts. 73˚, nº1 e 12˚, nº1 a) do Código de Processo nos Tribunais
Administrativos, representados por Gonçalo de Andrade Fabião, Inês de Freitas Leal, João
Rabaça Ribeiro, José Vitorino Quintas e Miguel Pinheiro da Silva, advogados da Menos de
18 é Derrota, Sociedade de Advogados, R.L, com sede na Avenida do Contencioso
Administrativo, nº18, 11222-18, Capital, vêm propor:
AÇÃO ADMINISTRATIVA de impugnação de normas, ao abrigo dos arts. 37˚, nº1 d) e
72˚ e seguintes do CPTA
Contra,
MUNICÍPIO DE CAPITAL, com sede nos Paços do Conselho, Praça do Município,1149-
014, Capital, nos termos do art. 10˚, nº2 do CPTA. Será ainda demandada, na qualidade de
contrainteressada, a Associação de Taxistas de Capital, com sede na Rua dos
Transportadores, nº33, 2º dir., 11222-02, Capital.
O que faz nos termos e com os fundamentos seguintes:
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I – Dos factos
1.º
António Rodinhas trabalhou num estabelecimento comercial destinado à venda de bifanas
com a firma “O Messias da Xixa”. No dia 22 de abril de 2015, assinou contrato (doc. 1) com
a Associação dos Tuk Tuk Ecológicos e começou a conduzir um Tuk Tuk na zona de Capital.
2.º
Feliciano Rolamentos licenciou-se em Direito no ano de 2012 pela Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa (doc. 2). No dia 5 de maio de 2015, assinou contrato (doc. 3) com
a Associação dos Tuk Tuk Ecológicos e começou a conduzir um Tuk Tuk na zona de Capital.
3.º
Ricardina Direção Assistida deixou a sua carreira de vendedora de Bimbis (doc. 4) quando
descobriu a sua paixão por veículos motorizados. No dia 17 de março de 2015, assinou
contrato (doc. 5) com a Associação dos Tuk Tuk Ecológicos e começou a conduzir um Tuk
Tuk na zona de Capital.
4.º
No dia 29 de outubro de 2015, o Presidente da Câmara de Capital emitiu despacho (doc. 6)
proibindo a circulação de triciclos e ciclomotores afetos à atividade de animação turística nas
zonas de Alto Bairro, Alfombra e Castelinho, com fundamento no seu ruído e poluição em
virtude da sua circulação.
4
5.º
Em consequência do despacho, os Autores viram os seus rendimentos diminuir por força da
redução de viagens de Tuk Tuk.
6.º
O despacho foi emitido ao abrigo de uma deliberação (doc. 7) da Câmara Municipal que
delegaria a competência constante nas alíneas qq) e rr) do n.º1 do artigo 33.º do Regime
Jurídico das Autarquias Locais (Lei 77/2013) no Presidente da Câmara Municipal.
7.º
A deliberação referida no número anterior não inclui qualquer delegação de competências
que legitimem o Presidente da Câmara a emitir o Despacho n.º 123/P/2015.
8.º
Não foi publicitada a abertura do procedimento do Despacho no sítio oficial da Câmara
Municipal de Capitel nem no Diário da República.
9.º
Ilídio Isidoro, Presidente da Junta de Freguesia de Alfoma, ouvido pelo Presidente da Câmara
de Capital, demonstrou uma posição desfavorável à emissão deste parecer, uma vez que os
Tuk Tuk dinamizam a economia e o turismo da sua Freguesia.
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10.º
A Associação dos Tuk Tuk Ecológicos nunca foi ouvida, nem teve oportunidade de se fazer
ouvir, durante o procedimento do Despacho.
11.º
Os motores dos Tuk Tuk da Associação dos Tuk Tuk Ecológicos não são ruidosos nem
poluentes (parecer 1), estando a emissão de CO nos limites legais (parecer 2).
12.º
Joaquim Substituto, o Presidente da Câmara de Capital, tem uma relação amorosa com
Natacha Urinnapakova, que terminou um noivado de maneira acrimoniosa com um
condutor de Tuk Tuk.
13.º
Não há quaisquer indícios da detioração do ar nas zonas de Alto Bairro, Alfoma e Castelinho.
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II – Do Direito
1. Enquadramento processual
1.1. O objeto do processo como norma regulamentar
14.º
Um regulamento, enquanto fonte, i.e., enquanto modo de revelação do Direito, deve ser
distinguido de norma regulamentar, i.e., o ato jurídico e as normas que compreende (cfr.
PEDRO MONIZ LOPES; “Objecto, condições e consequências da invalidade regulamentar no
novo Código do Procedimento Administrativo” in Comentários ao Novo Código do Procedimento
Administrativo, coord. CARLA AMADO GOMES, ANA FERNANDA NEVES e TIAGO SERRÃO
(2015), p. 516).
15.º
O ato jurídico objeto do presente processo não é um ato coletivo, nem um ato plural, nem
sequer um ato geral (Cfr. FREITAS DO AMARAL; Curso de Direito Administrativo vol. II 2ª edição,
pp. 228 ss.).
16.º
O ato jurídico objeto do presente processo é uma norma regulamentar por emitir um
comando, visando moldar um comportamento, com caráter geral e abstrato. Trata-se de uma
norma jurídica.
17.º
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Por ser a qualificação material do ato jurídico – e não a sua forma – a única a assumir
relevância para efeitos de impugnação (entendimento que decorre do artigo 268.º n.º 4 da
Constituição da República Portuguesa), a forma de processo é a ação administrativa de
impugnação de norma.
1.2. Da legitimidade
18.º
Os Autores têm legitimidade processual ativa, por via do artigo 9.º n.º 1 do Código de
Processo nos Tribunais Administrativos, na medida em que são destinatários de uma norma
proibitiva imediatamente operativa (como será demonstrado infra) que padece de vícios
insanáveis (como também será demonstrado infra), desenhando-se, assim, uma relação
material controvertida.
19.º
Os Autores apresentam-se em coligação ativa nos termos dos n.ºs 2 e 1 do artigo 12.º do
Código de Processo nos Tribunais Administrativos.
1.2.1. Contrainteressados
20.º
Por força do artigo 10.º n.º 1 do Código de Processo nos Tribunais Administrativos, os
Autores demandam, na qualidade de contrainteressada, a Associação de Taxistas de Capital.
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21.º
Na medida em que se adote uma das duas posições relativas ao âmbito de incidência que o
estatuto de contrainteressado abarca (um âmbito lato defendido por AROSO DE ALMEIDA de
garantia da não tramitação do processo à revelia de pessoas que possam tirar dele um
benefício ou malefício, ou um âmbito estrito que decorre da letra do artigo 10.º n.º 1 in fine do
Código de Processo nos Tribunais Administrativos, apontando apenas para um interesse
contraposta do Autor), a Associação de Taxistas de Capital preenche qualquer uma delas.
1.2.2. Norma imediatamente operativa
22.º
A norma objeto de impugnação do presente processo é imediatamente operativa, na medida
em que produz efeitos jurídicos imediatos nas esferas dos Autores – proíbe a circulação dos
seus Tuk Tuks nas zonas de Alto Bairro, Alfoma e Castelinho.
23.º
A doutrina dá usualmente como exemplo de norma imediatamente operativa, as normas
proibitivas, como aquela que ora se impugna (cfr. AROSO DE ALMEIDA e CARLOS CADILHA;
Comentário ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos, 2ª edição, p. 492, assim como
VIEIRA DE ANDRADE; Justiça Administrativa – lições, 14ª edição, p. 192).
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2. Dos vícios da norma regulamentar
24.º
O procedimento o regulamento é regulado nos artigos 96.º e seguintes do Código do
Procedimento Administrativo.
25.º
O artigo 98.º do Código do Procedimento Administrativo obriga à publicitação na Internet
do início do procedimento, indicando o órgão que decidiu iniciar o procedimento, a data de
início, o objeto e a forma como se pode processar a constituição como interessados.
26.º
O artigo 100.º do Código do Procedimento Administrativo obriga a uma audiência dos
interessados com prazo não inferior a 30 dias. Sendo o número de interessados muito
elevado, o artigo 101.º do Código do Procedimento Administrativo obriga a uma consulta
pública de prazo igual.
27.º
A Associação dos Tuk Tuk Ecológicos era interessada no procedimento.
28.º
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Como demonstrado supra em matéria de facto, nunca foi publicitada a abertura do
procedimento, nem a Associação dos Tuk Tuk Ecológicos foi ouvido, ou teve a
oportunidade de se fazer ouvir, no decurso do procedimento.
29.º
O facto da Associação dos Tuk Tuk Ecológicos não ter participado na fase da instrução
arrepiou a função subjetiva da audiência dos interessados (cfr. MARCELO REBELO DE SOUSA
e ANDRÉ SALGADO MATOS; Direito Administrativo Geral tomo III, 2ª edição, p. 135), na medida
em que a norma resultante do procedimento tinha caráter proibitivo e os sujeitos da sua
previsão estavam ao serviço da Associação dos Tuk Tuk Ecológicos.
30.º
Decorre do exposto uma violação das normas procedimentais que visam garantir o princípio
da imparcialidade, consequentemente violado também, pelo que a norma regulamentar é, nos
termos do artigo 143.º do Código do Procedimento Administrativo, inválida.
31.º
Acresce o facto da emissão do despacho não estar subordinada ao interesse público, mas sim
a interesses pessoais e privados, na medida em que o fundamento da norma regulamentar
não é verdadeiro e é apenas um pretexto para prejudicar o antigo noivo da Sra. Urinnapakova.
Isto conforma desvio de poder, pelo que a norma regulamentar é inválida nos termos do
artigo 143.º do Código do Procedimento Administrativo.
32.º
Finalmente, o Dr. Joaquim Substituto, na qualidade de Presidente da Câmara de Capital, não
tinha em si delegadas competências para a emissão do despacho, sendo por isso relativamente
11
incompetente. Assim, de novo por força do artigo 143.º do Código do Procedimento
Administrativo, a norma regulamentar é inválida.
3. Pedidos
33.º
Nestes termos e nos demais de Direito que Vossa Excelência doutamente suprirá, pede-se
ao Douto Tribunal que se designe a:
i) Declarar a invalidade da norma regulamentar “Será proibido o acesso e,
consequentemente, a circulação dos veículos referidos no número anterior, em
áreas quem causem mais perturbações nas freguesias de Alto Bairro, Alfoma e
Castelinho.” (constante no Despacho n.º 123/P/2015);
ii) Condenar o Réu ao restabelecimento da situação que existiria se a norma
regulamentar não tivesse sido emitida;
iii) Condenar o Réu nas custas do processo.
Junta:
- Procuração Forense;
- Comprovativo de pagamento da taxa de justiça;
- 7 documentos;
- 2 pareceres.
Valor da Causa: 30.000,01€ (trinta mil euros e um cêntimo) (art. 34˚, nº1 e 2 do CPTA; art.
6˚, nº4 do ETAF; e art. 44˚, nº1 da Lei 62/2013 de 26 de Agosto)
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Forma de Processo: o presente ação segue a forma de Ação Administrativa de impugnação
de normas (art.35˚, nº1; 37˚, nº1 (d; art. 72˚ e ss do CPTA)
Arrolam-se como testemunhas:
i) Ilídio Isidoro, com o NIF 238587990 e CC 135890015. Com domicílio na Rua
do Bom Turista, n.º 4, R/C esq. Alfoma, Capital;
ii) Natacha Urinnapakova, com o Passaporte L 009876456. Com domicílio na
Avenida da Libertação, n.º 21, 1.º dir., Capital;
iii) Professor Doutor Anacleto Marcos Barbosa, com o NIF 239765123 e CC
123098576. Com domicílio no Largo do Gato, n.º 4, 3.º esq., Capital.
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Procuração forense
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Comprovativo do pagamento da taxa de justiça (1 de 2)
15
Comprovativo do pagamento da taxa de justiça (2 de 2)
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Documento 1 (1 de 2)
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Documento 1 (2 de 2)
18
Documento 2 (1 de 2)
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Documento 2 (2 de 2)
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Documento 3
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Documento 3 (2 de 2)
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Documento 4
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Documento 5 (1 de 2)
24
Documento 5 (2 de 2)
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Documento 6 (1 de 4)
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Documento 6 (2 de 4)
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Documento 6 (3 de 4)
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Documento 6 (4 de 4)
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Documento 7 (1 de 8)
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Documento 7 (2 de 8)
31
Documento 7 (3 de 8)
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Documento 7 (4 de 8)
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Documento 7 (5 de 8)
34
Documento 7 (6 de 8)
35
Documento 7 (7 de 8)
36
Documento 7 (8 de 8)
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Parecer 1 (1 de 3)
38
Parecer 1 (2 de 3)
39
Parecer 1 (3 de 3)
40
Parecer 2 (1 de 2)
41
Parecer 2 (2 de 2)
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