pessoas que machucam sem bater - martha medeiros

Post on 04-Jul-2015

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Self Improvement

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Pessoas que machucam sem

bater

Martha Medeiros

É fácil deixar uma pessoa emocionalmente em

frangalhos.

É só mirar no peito e atirar com palavras.

Um dos maiores dramas femininos

é a violência dentro de casa.

Milhares de mulheres apanham

do marido e do namorado.

Não importa se são pobres ou ricas,

analfabetas ou cultas: apanham uma, duas, três

vezes e, em vez de fazerem a

malinha e darem um novo rumo

às suas vidas, mantêm-se onde estão, roxas e

orgulhosas.

A maioria suporta a situação porque não tem como se sustentar, não tem para onde levar os filhos, elas estão nesse

mundo sem pai nem mãe.

Mas há outro motivo curioso: muitas mulheres encaram a surra como um

contato íntimo.

Na falta de um beijo, aceita-se um tapa.

Dói, mas ninguém pode dizer que não existeuma relação a dois.

É uma maneira masoquista de se fazer notar,

de não se sentir ignorada pelo companheiro.

Apanho, logo existo.

Que é medieval, nem se discute.

Mas a humanidade convive há séculos

com essas armadilhas, com essas cenas

em que cada um interpreta como lhe convém.

Diga aí quem nunca

machucou,

quem nunca foi

machucado,

mesmo sem trazer

marcas visíveis.

Algumas pessoas são "experts"

em não deixar cicatrizar velhas feridas,

em fazer dor no ponto frágil.

Insinuações doem, acusações injustas doem, desapego dói, indiferença,

então.

É justamente dentro das relações mais íntimas

que se obtêm as melhores armas.

A vulnerabilidade é terreno fértil para surras

psicológicas.

Sabemos como reage nosso cônjuge,

o que costuma ferir nosso irmão,

onde nossos amigos fraquejam.

Basta uma frase, uma ironia, e o abatemos.

Deixar uma pessoa emocionalmente em

frangalhos,não é passível de

condenação.

Não é crime, não deixa marcas de sangue no

tapete.

Mira-se no peito, atira-se com palavras,

e os estilhaços caem para dentro.

A violência física não tem essa premeditação.

Ela caracteriza-se pela falta absoluta de controle.

No momento em que se agride alguém

com socos e pontapés, atravessa-se a fronteira do

racional: vigora a degradação, a

selvageria, o fim da civilidade.

Por isso, preferimos a

agressão verbal, que,

apesar de também

machucar, ao menos

mantém a ordem.

O ideal, no entanto, seria escaparmos ilesos

de qualquer brutalidade e convivermos apenas com

abraços, sorrisos e palavras gentis, coisa que acontece, apenas,entre quem mal se conhece.

A ternura "full time" só é comum entre

pessoas,cujas vidas não se

misturam, não trazem

consequênciasuma

para a outra.

Já a intimidade permite que a mágoa brote,

transformando rancor em munição.

Mike Tyson ao menos ganhava bem para bater e

levar.

Fora do ringue, Fora do ringue,

todo mundo perdetodo mundo perde . .

FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badanmimabadan@yahoo.com.br

MÚSICA: Clair de luneInterpretação: Nana Mouskouri

(Repasse com os devidos créditos)

www.mimabadan.blogspot.comwww.slideshare.net/mimabadan

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