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GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE
SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH
SUPERINTEDÊNCIA DE RECURSOS HÍDRICOS – SRH
Elaboração dos Planos das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Piauí e Sergipe
Relatório Parcial
Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe
Volume 1 - Texto
Tomo I
Setembro 2015
Elaboração dos Planos das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Piauí e Sergipe
Relatório Parcial
Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe
Volume 1 - Texto
Tomo I
Setembro/2015
APRESENTAÇÃO
O presente documento se constitui no Relatório Parcial - Síntese dos trabalhos realizados no âmbito da elaboração do Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipeparte integrante dos serviços de consultoria para a elaboração dos planos das bacias hidrográficas dos rios japaratuba, piauí e sergipe, no âmbito do contrato firmado entre a empresa Cohidro Consultoria, Estudos e Projetos Ltda. e a SEMARH – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, de Sergipe.
Para esta ETAPA foi considerado todos os estudos desenvolvidos anteriormente e referente à elaboração do PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SERGIPE – DIAGNÓSTICO – PROGNÓSTICO – PROPOSIÇÃO DE AÇÕES
Conforme previsto no Plano de Trabalho, esta atividade consiste na consolidação de todos os estudos nas Etapas 1 a 3 sob a forma de Relatório Parcial do Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe de modo a permitir que a SEMARH-SE possa dar conhecimento em atos participativos às entidades que atuam na região e, ainda, à sociedade organizada interessada.
Este Relatório Parcial do Plano de Bacia, é constituído basicamente de volume contendo textos consubstanciados, abrangente e sintético, em referência aos estudos anteriores desenvolvidos, que serviram de base à elaboração do Plano, e de um resumo dos Planos de Ações descrito em detalhes em volume individual.
Seu índice e organização estão estabelecidos de acordo com o TR apresentado pela SEMARH.
Volume I
Tomo I
RELATÓRIO PARCIAL DO PBH DO RIO SERGIPE
Volume II
Tomo I
RELATÓRIO DE PROPOSIÇÕES DE AÇÕES DETALHADAS DO PBH’S
SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO31.INTRODUÇÃO9SUMÁRIO EXECUTIVO122.DOCUMENTAÇÃO CONSULTADA E METODOLOGIA182.1ARTICULAR AS AÇÕES DO PROGRAMA COM OS PROGRAMAS PROPOSTOS PELO PERH E O ÁGUAS DE SERGIPE182.2IMPLANTAR A IRRIGAÇÃO LOCALIZADA NOS PERÍMETROS PÚBLICOS DE IRRIGAÇÃO192.3ELABORAR PLANO PARA A RECUPERAÇÃO/MODERNIZAÇÃO DO PERÍMETRO IRRIGADO JACARECICA II192.4ACOMPANHAR A EXECUÇÃO DAS AÇÕES PLANEJADAS193.DIAGNÓSTICO DAS BACIAS203.1MEIO FÍSICO203.2CARACTERIZAÇÃO BIÓTICA373.3CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO SÓCIO-ECONÔMICO-CULTURAL504.RECURSOS HÍDRICOS654.1DISPONIBILIDADES ATUAIS654.2QUALIDADE DE ÁGUA E ENQUADRAMENTO834.3DEMANDAS ATUAIS994.4BALANÇO HÍDRICO1185.CENÁRIOS E PROGNÓSTICOS QUANTO ÀS DISPONIBILIDADES, ÀS DEMANDAS E A COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE ELAS1255.1CENÁRIOS TENDÊNCIAS1265.2CENÁRIOS ALTERNATIVOS1326.METAS DO PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS POR BACIA1407.METAS DO PLAMO DE ENQUADRAMENTO DE CORPOS DE ÁGUAS SUPERFICIAIS1618.INTERVENÇÕES RECOMENDADAS E PROGRAMAS DE DURAÇÃO CONTINUADA1629.PROGRAMA DE INVESTIMENTOS NOS HORIZONTES DE PLANEJAMNETO CONSIDERADOS E CRONOGRAMA FÍSICO FINANCEIRO16510.DIRETRIZES PARA IMPLEMENTAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO18611.ARTICULAÇÕES COM INTERESSES INTERNOS E EXTERNOS À BACIA19911.1Alternativas técnicas20012.ESQUEMA PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS E DO ENQUADRAMENTO DE CORPOS DE ÁGUAS SUPERFICIAIS20612.1PROPOSTA DE ARRANJO INSTITUCIONAL PARA IMPLEMENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SERGIPE20812.2ENCAMINHAMENTOS PARA EFETIVAÇÃO DO PACTO INSTITUCIONAL PARA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SERGIPE21313.ESQUEMA PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS E DO ENQUADRAMENTO DE CORPOS DE ÁGUAS SUPERFICIAIS21614.ARRANJO INSTITUCIONAL PARA A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NA BACIA ESTUDADA21814.1Estrutura organizacional da SEMARH21814.2Estrutura organizacional da SRH21915.CONSIDERAÇÕES FINAIS221REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS226ANEXOS229
GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE
SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH
SUPERINTEDÊNCIA DE RECURSOS HÍDRICOS – SRH
GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE
SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH
SUPERINTEDÊNCIA DE RECURSOS HÍDRICOS – SRH
1
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Bacias Hidrográficas do Estado de Sergipe20
Figura 2 - Municípios da bacia do rio Sergipe22
Figura 3 - Mapa das Unidades de Planejamento da bacia hidrográfica do rio Sergipe26
Figura 4 - Distribuição e localização dos Domínios Tectônicos naBacia Hidrográfica Sergipe com indicação dos limites das UPs28
Figura 5 - Mapa de distribuição das classes de uso e cobertura do solo da bacia hidrográfica do Sergipe32
Figura 6 - Localização das Unidades de Conservação da BHS36
Figura 7 – Diferentes regiões onde se encontra a bacia Hidrográfica do RioSergipe38
Figura 8 – Ecossistemas da BH do Rio Sergipe43
Figura 9 - Avifauna em seu ambiente natural45
Figura 10 - Peixes salgados secando ao sol - Pirambu45
Figura 11 – Peixes à venda no mercado municipal45
Figura 12 - Distribuição dos Domínios Hidrogeológicos na BHSergipe com sistemas aquíferos67
Figura 13 - Divisão de Subbacias nos Postos Fluviométricos e espacialização da Disponibilidade Hídrica82
Figura 14 - Desenho esquemático das classes dos Corpos de Água86
Figura 15 - Diagnóstico atual da qualidade das águas da BH do rio Sergipe96
Figura 16 - Proposta de Enquadramento98
Figura 17 - Resultados do Balanço Hídrico da BH do Rio Sergipe120
Figura 18- Resultados do Balanço Hídrico Qualitativo da BH do Rio Sergipe124
Figura 19- Organograma da SEMARH/SRH220
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classes de uso e ocupação do solo na Bacia Hidrográfica do rio Sergipe30
Tabela 2 - Evolução do PIB dos Municípios que Compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe54
Tabela 3 - Demandas de Pecuária – BHSergipe112
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Área e População inserida na bacia23
Quadro 2 - Áreas das Unidades de Planejamento (UP) da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe25
Quadro 3 - Síntese da caracterização geológica da Província Borborema na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe29
Quadro 4 - Unidades de Conservação no âmbito da Bacia Hidrográfica do rio Sergipe35
Quadro 5 - Comunidades Quilombolas da Bacia do Rio Sergipe59
Quadro 6 - Resumo dos parâmetros quantitativos dos Domínios Aquíferos na BH Sergipe74
Quadro 7 - Postos Fluviométricos da SEMARH em Operação80
Quadro 8 - Parâmetros e limites IQA86
Quadro 9 - Localização e coordenadas dos pontos de monitoramento das amostras de água88
Quadro 10 - Parâmetros e Identificação do Atendimento das Classes 1, 2, 3 e 4 da Bacia Sergipe, conforme resolução CONAMA Nº357/200594
Quadro 11 - Parâmetros e Identificação do Atendimento das Classes 1, 2 e 3 da Bacia Sergipe, conforme resolução CONAMA Nº357/200595
Quadro 12 - Proposta de enquadramento para cada trecho definido da Bacia do rio Sergipe97
Quadro 13 - Abastecimento Humano Urbano - BH Sergipe101
Quadro 14 - Demandas de Abastecimento Humano Rural - BH Sergipe106
Quadro 15 - Demandas de Irrigação – BH Sergipe108
Quadro 16 - Coeficientes de demanda de água para abastecimento dos rebanhos112
Quadro 17 - Demandas de Indústria – BH Sergipe115
Quadro 18 - Resumo de Demandas Hídricas Atendidas pela – BH Sergipe (m³/s)117
Quadro 19 - Projeções das Variáveis de Futuro para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe no Cenário Factível132
Quadro 20 - Projeções das Variáveis de Futuro para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe no Cenário Positivo136
Quadro 21 - Projeções das Variáveis de Futuro para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe no Cenário Pessimista140
Quadro 22 - Programas e Subprogramas - Metas.141
Quadro 23 - Programas de Duração Continuada163
Quadro 24 - Programas de Investimento e Cronograma físico-financeiro167
Quadro 25 - Programas Prioritários de 2012 a 2015203
Quadro 26 - Arranjo Institucional atual e proposto para promover e monitorar a implementação211
22
INTRODUÇÃO
O Plano Diretor de Bacia Hidrográfica, constitui num instrumento de planejamento de fundamental importância no gerenciamento dos recursos hídricos de uma bacia, pois permite a compreensão das suas especificidades e a busca de soluções conjuntas, sociedade e poder público, de modo consistente com as políticas econômicas e institucionais do estado.
Como os recursos hídricos são de importância vital às atividades humanas precisando ser preservados e controlados, pois são escassos, não se pode mais aceitar sua apropriação segundo a conveniência de qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, no momento, da forma e na quantidade que for desejada. Diante desse cenário, planejar os recursos hídricos é garantir sua disponibilidade, proteção, conservação e seu aproveitamento de forma racional, em benefício das gerações atuais e futuras, dentro de um desenvolvimento sustentado, esse é o objetivo do PBH do Rio Sergipe.
O PBH tem ainda como propósito fundamental auxiliar na implementação da política estadual de recursos hídricos, complementado o PERH e auxiliar na tomada de decisões, pois regulamenta a apropriação e o uso da água, e permite a elaboração de programas orçamentários mais racionais em obras hidráulicas e em programas setoriais, como abastecimento humano urbano e rural, a irrigação racional e sustentável, o desenvolvimento industrial, aquicultura, etc.
O planejamento dos recursos hídricos na bacia impõe a análise de dois aspectos principais e interdependentes: a administração da oferta e a administração do uso da água. Para administrar a oferta, é necessário conhecer as potencialidades, as disponibilidades e as possibilidades de intervenção sobre o meio físico. Para administrar o uso da água, é preciso conhecer o estágio atual do desenvolvimento econômico e social, sua prospecção e a avaliação das demandas atuais e futuras.
O Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, foi elaborado a partir de dados secundários, abrangeu várias áreas do conhecimento e como elemento essencial, avaliou a disponibilidade tanto superficial como subterrânea dos seus recursos hídricos por Unidades de Planejamento (UP).
No âmbito da gestão de recursos hídricos o PBH foca também aspectos legais e institucionais e a composição do órgão gestor, a SEMARH. Além de apresentar uma proposta de arranjo institucional e procedimentos para promover o Pacto Institucional para garantir a implantação do Plano
Enfim o Plano proporciona uma orientação clara de ações em matéria de estudos, investigações, projetos e obras e essa construção se desenvolveu dentro de uma metodologia participativa que garantiu o controle social em todas as fases do processo de elaboração, com a participação efetiva dos membros dos CBH do Rio Sergipe.
Este volume Relatório Parcial do PBH do Rio Sergipe descreve sucintamente os produtos que foram desenvolvidos nas três fases de elaboração do plano: Diagnóstico, Prognóstico e Proposição de Ações e se encontra estruturado em 17 capítulos:
O capítulo 1 trata dessa Introdução.
O capítulo 2 apresenta o Sumário Executivo
O capítulo 3 trata da Documentação consultada e metodologia
O capítulo 4 aborda o Diagnóstico da Bacia
O capítulo 5 apresenta os Recursos Hídricos
O capítulo 6 apresenta os Cenários e Prognósticos
O capítulo 7 apresenta as Metas do PBH
O capítulo 8 apresenta a Proposta Metodológica de Enquadramento;
O capítulo 9 apresenta as intervenções recomendadas e programadas de duração continuada
O capítulo 10 apresenta o Programa de investimentos
O capítulo 11 apresenta as Diretrizes para implementação dos instrumentos de gestão
O capítulo 12 aborda a articulação dos interesses internos e externos à bacia
O capítulo 13 apresenta o esquema para implementação do PBH
O capítulo 14 apresenta o Arranjo Institucional
O capítulo 15 apresenta as Conclusões
O capítulo 16 lista a Bibliografia
O capítulo 17 apresenta os Anexos
Esperando ter alcançado os resultados esperados, dentre eles:
· Base de dados organizadas;
· Conjunto de metas comuns a serem perseguidas;
· Roteiro para implementação do PBH;
PDRH SERGIPE
Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe
SUMÁRIO EXECUTIVO
Plano Estadual de Recursos Hídricos
Equipe técnica estadual
Pedro de Araújo Lessa
(SEMARH/SRH)
Ailton Francisco da Rocha
(SEMARH/SRH)
João Carlos Santos da Rocha
(SEMARH/SRH)
Overland Amaral Costa
(SEMARH/SRH)
Ângela Maria do N. Lima
(SEMARH/SRH)
Renilda Gomes de Souza
(SEMARH/SRH)
Ana Paula B. Ávila Macedo
(SEMARH/SRH)
Maria de Fátima Campos Sá
(SEMARH/SRH)
Wellington Santana
(SEMARH/ASPLAN)
Rita Oliveira
(SEMARH/ASCOM)
Valeria Lima Oliveira
(SEMARH/ASCOM)
Elísio Marinho dos Santos Neto
(SEMARH/SBF)
Patrícia Souza
(SEMARH/SRH)
Walter Santana de Souza
(SEMARH/SRH)
Aline Oliveira da Silva
(SEMARH/SRH)
Zenóbia de Fatima Bruno da Silva
(SEMARH/SRH)
Thiago Roberto Soares Viera
(SEMARH/SQF)
Nicéa Souza da Piedade
(SEMARH/SRH)
Sergio Luiz Rocha
(SEMARH/SRH)
Talita de Oliveira
(SEMARH/SQS)
Cristiane Barreto Andrade
(SEMARH/SQS)
Elizabeth Azevedo de Oliveira
(SEMARH/SQS)
Ronaldo Souza Resende
(EMBRAPA)
Júlio Roberto Araujo de Amorim
(EMBRAPA)
Marcus Aurélio Soarez Cruz
(EMBRAPA)
Márcia Helena Galina
(EMBRAPA)
Laura Jane Gomes
(UFS)
Robério Anastacio
(UFS)
Luiz Carlos Fontes
(UFS)
Ricardo Aragão
(UFS)
Ariovaldo Antônio Tadeu Lucas
(UFS)
Inajá Francisco
(UFS)
José Holanda Neto
(SEAGRI)
João Ferreira Amaral
(SEAGRI)
Antônio Paulo Feitosa
COHIDRO
Maria Lucia Ferraz
COHIDRO
Flavia Dantas Moreira
(IFS)
Jorge Luiz Sotero
(IFS)
Carmem Lucia Silva
(PRONESE)
Osvaldo Kazumi Asanuma
(PRONESE)
Claudio Julio Mendonça
(DESO)
José Edson Leite Barreto
(DESO)
José Walter Aragão
(DESO)
Nilton Oliveira Matos
(DESO)
Arivaldo Ferreira de Andrade Filho
(DESO)
Elizabeth Denise Campos
(EMDAGRO)
Gleideneides Teles Campos
(SEDURB)
Claudia de Araújo Xavier
(ITPS)
Péricles Azevedo Santos
(ADEMA)
Gilvan Dorea Dantas Junior
(SEDETEC)
Rodrigo da Silva Menezes
(SEPLAG)
Maria Nogueira Marques
(UNIT)
Órgãos colaboradores
FEDERAIS
Agência Nacional de Águas
(ANA)
Centro de Produção de Tempo e Estudos Climáticos
(CPTEC/INPE)
Companhia de Desenvolvimento dos Vales São Francisco e do Parnaíba
(CODEVASF)
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
(DNOCS)
Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNMP)
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA)
Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Sergipe
(IFS)
Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET)
Instituto Nacional de Reforma Agrária
(INCRA)
Petróleo Brasileiro
(PETROBRAS)
Universidade Federal de Sergipe
(UFS)
ESTADUAIS
Comitê de Bacia Hidrográfica
· Do Rio Sergipe
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos
(SEMARH)
· Administração Estadual do Meio Ambiente
(ADEMA)
Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário
(SEAGRI)
· Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe
(COHIDRO)
· Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe
(EMDAGRO)
· Empresa de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Sergipe
(PRONESE)
Secretaria de Estados do Planejamento, Orçamento e Gestão
(SEPLAG)
· Empresa Sergipana de Tecnologia da Informação
(EMGETIS)
Secretaria de Desenvolvimento Urbano
(SEDURB)
· Companhia de Saneamento de Sergipe
(DESO)
Universidade Tiradentes
(UNIT)
EQUIPE TÉCNICA DA CONSULTORIA
Nome
Discriminação
Wellington C. Lou
Coordenador Geral
Ana Catarina P. A. Lopes
Gerente Técnica (Coordenação Adjunta)
Rosana Garjulli Sales Costa
Planejamento Estratégico e Institucional
Francisco Carlos Bezerra e Silva (Caca)
Organização e Mobilização Social
Ana Carolina Ferreira
Engenheira Civil
Hudson
Hidrologia
Wilton J. S. Rocha
Hidrogeologia
Carlos Alva
Irrigação e Drenagem e Obras Hidráulicas
Aline Davino/Carlos Alberto
Enquadramento
Celso Ávila
Geoprocessamento e SIG 1
Carlos Alberto
Geoprocessamento e SIG 2
Maria de Fátima Pereira de Sá
Ictiofauna
Marcelo Cardoso de Sousa
Fauna Terrestre e Aves
Elaine Chistian Barbosa dos Santos
Mobilização em Campo (cbp)
Alaine Lima
Mobilização em Campo (cbs)
Larissa Machado Tavares
Mobilização em Campo (cbj)
Eduardo de Castro Gonzaga
Comunicação Social e Mobilização do Alto Sergipe
José Augusto Jordão Castro
Gestão Ambiental
Guilhermino de Oliveira Filho
Desenvolvimento Econômico Regional 1
Judinete Cabral de Santana Barbosa
Desenvolvimento Econômico Regional 2
Celso Avila
Coleta, análise e processamento de dados hidrometeorológicos
Juliana Pires Azevedo
Estagiários
Adagilsa Alves da Silva
Apoio administrativo
Carlos Tadeu da Silva Rosa
Apoio de campo
DOCUMENTAÇÃO CONSULTADA E METODOLOGIA
ARTICULAR AS AÇÕES DO PROGRAMA COM OS PROGRAMAS PROPOSTOS PELO PERH E O ÁGUAS DE SERGIPE
Tanto o Plano Estadual de Recursos Hídricos quanto o Programa Águas de Sergipe, prevêem ações voltadas para a recuperação de perímetros irrigados e a modernização dos sistemas de irrigação na bacia do rio Sergipe, o que aponta para uma estreita articulação entre os diversos órgãos envolvidos (SEMARH, EMDAGRO, COHIDRO, DESO e outros) no detalhamento de tais ações.
O programa Estudos, Pesquisa e Difusão Tecnológica, subprograma Desenvolvimento Científico e Inovação Tecnológica para agricultura Irrigada, contempla entre outras ações:
a) Realização de experimentos para a determinação das necessidades hídricas das culturas;
b) Realização de projetos de pesquisa e inovação tecnológica para o manejo racional nos perímetros de irrigação;
c) Adaptação de tecnologias para a agricultura irrigada de base familiar;
d) Realização e ensaios e testes para avaliação de sistemas e equipamentos de irrigação em campo e em laboratório.
Por sua vez o Programa Águas do Desenvolvimento, subprograma Apoio à Agricultura Irrigada, prevê ações voltadas para:
a) Estabelecimento do cenário atual da agricultura irrigada
b) Implementação de um plano de recuperação dos perímetros de irrigação;
c) Elaboração de estudos e planos de negócios para a agricultura irrigada;
d) Implementação de um programa de assistência técnica especializada e permanente, com melhoria na organização dos produtores, da produção e da comercialização, capacitando para a formação de empreendedores;
e) Elaboração de plano para o controle da irrigação;
f) Identificação de linhas de crédito mais acessíveis;
g) Desenvolvimento e difusão de tecnologias mais adequadas;
h) Reabilitação e modernização do perímetro irrigado Jacarecica II;
i) Difusão de sistemas de irrigação familiar.
O programa Águas de Sergipe, no seu componente “Águas e Irrigação” prevê ações voltadas para a modernização e recuperação dos perímetros com estudos de viabilidade e de regularização ambiental, modelagem técnica e modernização com implantação de irrigação localizada, por aspersão fixa objetivando aumento de 20% na eficiência do uso da água nos perímetros irrigados Poção da Ribeira e Jacarecica I.
IMPLANTAR A IRRIGAÇÃO LOCALIZADA NOS PERÍMETROS PÚBLICOS DE IRRIGAÇÃO
Esta ação, prevista no Programa Águas de Sergipe tem a finalidade de modernizar os perímetros com a substituição do sistema de irrigação por aspersão para micro aspersão e deverá realizar.
ELABORAR PLANO PARA A RECUPERAÇÃO/MODERNIZAÇÃO DO PERÍMETRO IRRIGADO JACARECICA II
Será necessário a elaboração de um Plano de ações para promoção da recuperação e modernização do Perímetro Jacarecica II nos moldes do executado nos PI Jacarecica I e Porção da Ribeira.
ACOMPANHAR A EXECUÇÃO DAS AÇÕES PLANEJADAS
O Programa deverá estipular uma sistemática de monitoria e avaliação que permita acompanhar o alcance das metas e as revisões quando se fizerem necessárias.
DIAGNÓSTICO DAS BACIAS
1.
2.
3.
4.
1.
2.
3.
4.
MEIO FÍSICO
1.
2.
3.
3.1.
Caracterização Geral da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe
Sergipe é o menor Estado brasileiro em extensão territorial, com cerca de 21.994 km², localiza-se na região Nordeste do Brasil, ao sul do rio São Francisco. Seu relevo apresenta formas desgastadas, com altitudes pouco elevadas; cerca de 86% do território está situado a menos de 300m acima do nível do mar. A baixada litorânea, que constitui uma extensa faixa de tabuleiros sedimentares com cerca de 50 km de largura, do litoral em direção ao interior, é cortada pelas várzeas dos rios (Vaza-Barris, Sergipe, Piauí, Real) que deságuam no Oceano Atlântico.
De acordo com Sergipe (2013), das oito Bacias Hidrográficas no Estado (Figura 1), os rios Japaratuba, Sergipe e Piauí são considerados estaduais, embora os dois últimos ocupem pequena área do Estado da Bahia.
Figura 1 - Bacias Hidrográficas do Estado de Sergipe
Fonte: www.redeacqua.com.br/2011/03/bacia-hidrográfica-do-estado-de-Sergipe
A bacia hidrográfica do rio Sergipe, situa-se na região nordeste do estado de Sergipe, possui uma área de 3.753,81km², envolvendo o estado da Bahia e no estado de Sergipe 3.693,87km², equivalentes a 17% do território estadual e abrange vinte e seis municípios, sendo que oito (08) estão totalmente inseridos na Bacia: Laranjeiras, Malhador, Moita Bonita, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Socorro, Riachuelo, Santa Rosa de Lima e São Miguel do Aleixo e dezoito (18) parcialmente: Aracajú, Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Carira, Divina Pastora, Feira Nova, Frei Paulo, Graccho Cardoso, Itabaiana, Itaporanga d’Ajuda, Maruim, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora das Dores, Ribeirópolis, Rosário do Catete, Santo Amaro das Brotas, São Cristóvão e Siriri.Vide Figura 2.
123
Figura 2 - Municípios da bacia do rio Sergipe
Fonte: Atlas SEMARH 2012
Segundo o IBGE 2010, a população inserida na Bacia é de 933.625 habitantes, sendo a urbana com 840.325 habitantes e a rural com 93.300 habitantes, como mostra o Quadro 1.
Quadro 1 - Área e População inserida na bacia
Municípios
Área total
inserida
(Km²)
Área urbana
inserida
(Km²)
Área rural inserida (Km²)
Pop. Total inserida na bacia
(Hab)
Pop. urbana inserida na bacia
(Hab)
Pop.
Rural inserida na bacia
(Hab)
Aracaju
97,26
67,66
29,6
510564
510564
0
Areia Branca
103,16
3,23
99,93
15374
8191
7183
Barra dos Coqueiros
84,86
3,03
81,83
24678
20886
3792
Carira
344,47
0,10
344,37
4950
636
4314
Divina Pastora
72,60
0,28
72,32
3872
2099
1773
Feira Nova
151,31
0,29
151,02
3038
1642
1396
Frei Paulo
79,88
0
79,88
1144
0
1144
Graccho Cardoso
0,82
0
0,82
10
0
10
Itabaiana
190,30
7,08
183,22
63459
52698
10761
Itaporanga D´Ajuda
40,78
0
40,78
1007
0
1007
Laranjeiras
163,68
2,69
160,99
26902
21257
5645
Malhador
103,58
0,60
102,98
12042
5626
6416
Maruim
79,69
0,87
78,82
15593
12010
3583
Moita Bonita
97,17
0,63
96,54
11001
4600
6401
Nossa Senhora Aparecida
339,03
0,45
338,58
8508
3455
5053
Nossa Senhora da Glória
268,75
1,09
267,66
12422
8594
3828
Nossa Senhora das Dores
350,58
0,10
350,48
6802
365
6737
Nossa Senhora do Socorro
154,39
0,31
154,08
160827
155823
5004
Riachuelo
82,57
0,62
81,95
9355
7855
1500
Ribeirópolis
260,19
2,34
257,85
17155
11929
5226
Rosário do Catete
0,29
0
0,29
8
0
8
Santa Rosa de Lima
66,90
0,20
66,70
3749
2137
1612
Santo Amaro das Brotas
163,42
1,03
162,39
10429
8211
2218
São Cristóvão
227,35
0
227,35
6352
0
6352
São Miguel do Aleixo
146,82
0,26
146,56
3698
1747
1951
Siriri
24,02
0
24,02
686
0
686
Total
3693,87
92,86
3601,01
933625
840.325
93.300
Fonte: Atlas SEMARH 2012 e IBGE 2010
Situando-se no quadrante de coordenadas geográficas com latitudes 10º08’00’’ e 11º04’00’’ S, e longitudes 36º50’00’’ e 37º50’00’’ W, o rio Sergipe, é o seu curso principal com uma extensão de 206,55 km, que tem sua nascente na Serra da Boa Vista (BA), próximo à divisa dos estados da Bahia e Sergipe (município de Poço Redondo) e foz no oceano Atlântico entre os municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros.
Seus principais afluentes são: Jacarecica, Cotinguiba, Sal e Poxim, na margem direita; Ganhamoroba, Parnamirim e Pomonga, na margem esquerda (SERGIPE, 2013).
A bacia hidrográfica do rio Sergipe, apresenta um regime hidrológico composto de escoamentos intermitentes em seu tramo alto e parte do médio, e perene após Nossa Senhora das Dores.
A economia dos municípios que estão inseridos na região da bacia do rio Sergipe apresenta uma grande participação do setor industrial e de serviços, sendo este fato explicado, em parte, devido à existência de grande número de indústrias e pelo importante centro comercial representado por Aracaju e municípios vizinhos, no contexto do território do Grande Aracaju.
Unidades de Planejamento da Bacia Hidrográfica do rio Sergipe
Nos Planos Estaduais de Recursos Hídricos, a base territorial de gestão é denominada de Unidade de Planejamento (UP). As UP's consistem em territórios compreendidos por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas cuja finalidade é orientar o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos (JICA,2000). A UP é importante, por exemplo, para a definição de disponibilidades e demandas hídricas de modo que se tenha acesso ao balanço hídrico em cada unidade e se estabeleçam estratégias de gestão.
A divisão em Unidades de Planejamento para o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Sergipe resultou em 27 regiões hidrográficas. Essa divisão foi a compilação de uma análise, que levou em conta características físicas e socioeconômicas do Estado, inclusive os diferentes padrões de ocupação do solo no território sergipano.
A Bacia do Rio Sergipe, possui cinco Unidades de Planejamento (UP), a saber: Alto Sergipe, Baixo Sergipe, Cotinguiba, Jacarecica e Poxim, conforme Quadro 2.
Quadro 2 - Áreas das Unidades de Planejamento (UP) da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe
ID
Unidade de Planejamento
Área (km²)
1
Alto Sergipe
1.544,20
2
Baixo Sergipe
1.056,11
3
Cotinguiba
239,91
4
Jacarecica
504,89
5
Poxim
348,76
Total
3.693,87
Fonte: Atlas SEMARH 2012
27
Figura 3 - Mapa das Unidades de Planejamento da bacia hidrográfica do rio Sergipe
Fonte: Atlas SEMARH 2012
Geologia da Bacia do rio Sergipe
A geologia representa o parâmetro do meio físico mais importante na avaliação dos recursos hídricos, uma vez que as rochas do substrato representam a base para a caracterização, classificação e entendimento do comportamento hidrológico e hidrogeológico. Adiciona-se também a interação das águas superficiais com subterrâneas, que juntamente com a pluviometria são responsáveis pelo balanço hídrico da bacia hidrográfica.
A estruturação geotectônica da Plataforma Sul-Americana no estado de Sergipe, onde está inserida a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é marcada por dois domínios: o Pré-Brasiliano e o Brasiliano.
Para a caracterização geológica da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, optou-se por uma organização segundo os domínios tectônicos da Província Borborema que estão presentes na área da bacia (Figura 4). Para uma visão geral das unidades litoestratigráficas preparou-se o Quadro 3 que contém uma síntese da caracterização das unidades que compõem cada domínio tectônico na Província.
Figura 4 - Distribuição e localização dos Domínios Tectônicos na Bacia Hidrográfica Sergipe com indicação dos limites das UPs
Fonte: Atlas SEMARH 2012
Quadro 3 - Síntese da caracterização geológica da Província Borborema na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe
Domínio Tectônico
Subdomínios
Unidades Litoestratigráficas
Idade (Ma.)
Área (km2)
Litologia
Mínima
Máxima
Bacia de Margem Passiva Fanerozóica
Coberturas Cenozóicas
Depósitos litorâneos (Q2l)
0
0,5
150,80
Areia, Argila
Depósitos aluvionares (Q2a)
0
0,875
15,71
Sedimento Aluvionar, Sedimento Detrito-Laterítico
Depósitos de pântanos e mangues (Qpm)
0
1,75
112,95
Areia, Argila
Depósitos flúvio-lagunares (Qfl)
0
1,75
59,21
Areia, Pelito
Depósitos colúvio-eluviais (NQc)
0
23,5
58,40
Areia, Argila, Cascalho
Grupo Barreiras (Enb)
1
37,5
490,62
Arenito, Arenito conglomerático, Argilito Arenoso
Bacia de Sergipe
Grupo Piaçabuçú
Formação Calumbi (K2ca)
66
96
33,71
Arenito, Argilito, Folhelho
Grupo Sergipe
Formação Cotinguiba
Membro Sapucari (K2cs)
66
96
124,65
Calcilutito, Calcário
Formação Riachuelo
Membro Angico (K1ra)
97
135
158,32
Calcário, Folhelho
Membro Taquari/Maruim (K1tm)
97
135
152,26
Calcarenito, Calcilutito, Calcirrudito, Folhelho
Plutonismo Granítico Brasiliano
Supersuíte Intrusiva Tardi a pós-Orogênica
Suíte intrusiva peraluminosa Xingó (NP3ϒ2x)
541
600
126,61
Granito, Granodiorito, Migmatito
Suíte intrusiva calcialcalina de médio a alto K Itaporanga (NP3ϒ2x)
583
635
38,52
Granito, Granodiorito
Faixas Brasilianas
Sergipana
Subdomínio Macururé
Grupo Macururé
Unidade 2 (NPm2)
541
1000
683,74
Micaxisto, Mármore, Quartzito
Unidade 3 (NPm3)
541
1000
288,48
Metagrauvaca, Metarenito, Metarritmito, Rocha Metavulcânica
Subdomínio Vaza Barris
Grupo Vaza Barris
Formação Olhos Dágua (NP2o)
651
850
39,80
Calcário, Dolomito, Filito, Metachert
Formação Frei Paulo
Unidade 1 (NP1f1)
851
1000
383,90
Metagrauvaca, Rocha Metavulcânica Básica, Rocha Metavulcânica
Intermediária, filito
Unidade 2 (NP1f2)
851
1000
89,12
Filito, Folhelho, Metacalcário, Metarenito, Metarritmito
Grupo Miaba
Formação Itabaiana (NP1i)
851
1000
181,51
Filito, Metaconglomerado, Metarenito
Formação Ribeirópolis (NP1r)
851
1000
246,10
Filito, Metagrauvaca, Rocha Metavulcânica Intermediária,
Rocha Metavulcânica ,Ácida
Complexo Itabaiana/Simão Dias (Apis)
1601
4500
259,43
Anfibolito, Gabro, Metagranito, Metagranodiorito, Milonito
Fonte:COHIDRO - Consultoria, estudos e projetos
Características atuais do uso e ocupação do solo
O estudo do uso e ocupação do solo é de suma importância para o estudo de Bacias Hidrográficas, uma vez que propicia o conhecimento necessário, e indispensável, da dinâmica que acompanha o espaço em questão, característica mister na análise e proposição de ações e medidas mediante os questionamentos a serem solucionados.
Segundo o estudo realizado, na bacia do rio Sergipe, foi identificada diversas classes de usos e cobertura do solo: Solo Urbano/Solo Construído; Corpos d’Água; Vegetação Nativa; Cultivo Agrícola de Cana-de-açúcar; Outros Cultivos; Cultivo Agrícola de Milho; Pastagem eSolo Exposto/Nuvem.Vide Tabela 1.
A partir dos resultados levantados na Figura 4 e Figura 5, constata-se que dos 369386,63ha de área da bacia do Rio Sergipe, 70,38% da cobertura vegetal foi substituída por pastagem oucultivos agrícolas, o que expõe estas áreas a um risco maior de degradação, já que a cobertura vegetal existente soma apenas 21,24% da bacia.
Tabela 1 - Classes de uso e ocupação do solo na Bacia Hidrográfica do rio Sergipe
Classes
Área (ha)
%
Solo Urbano/Solo Construído
17375,32
4,70%
Corpos d’Água
3781,42
1,02%
Vegetação Nativa
88227,82
23,88%
Pastagem
94103,53
25,48%
Cultivo Agrícola de Cana-de-Açúcar
11084,16
3,00%
Cultivo Agrícola de Milho
11648,69
3,15%
Outros Cultivos Agrícolas
2970,27
0,80%
Solo Exposto/Nuvem
140195,42
37,95%
Total
369386,63
100,00%
Figura 5 - Mapa de distribuição das classes de uso e cobertura do solo da bacia hidrográfica do Sergipe
Fonte: Atlas SEMARH 2012
Cobertura Vegetal
A classe de Vegetação Nativa constitui as vegetações de caatinga arbustiva, caatinga arbustivo-arbórea, caatinga arbórea, floresta estacional, floresta ombrófila e mata ciliar, este último presente nos relevos dissecados em colinas e interflúvios tabulares, além das margens das superfícies dos rios. Ocupa uma área da bacia de 88227,82 ha e um percentual de 23,88%, sendo presente em todas as unidades de planejamento, com valores acima de 15% de suas áreas, nas UP’s do Jacarecica e do Poxim, destacam-se percentualmente, em que se encontra 18532,63 ha e 14222,13 ha, com percentual de 29,97% e 29,37%, entretanto em valores quantitativos frisa-se a UP do Alto Sergipe, que possui apenas 15,4% de sua área, toda via são 24784,32 ha. Os municípios de Feira Nova, Santo Amaro das Brotas, Carira, São Cristóvão, Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora da Glória apresentam as maiores áreas e percentuais elevados dessa classe.
A classe de Cultivo Agrícola do Milho ocupa 11.648,69 ha e ocupando 3,15% da área da Bacia Hidrográfica do Sergipe, entretanto se caracteriza por se concentrar totalmente na Unidade de Planejamento do Alto Sergipe representando 7,55%de toda a área desta UP. Constatou-se que nos municípios de Carira, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora Aparecidase concentra a produção de milho na bacia.
A classe Outros Cultivos Agrícolas ocupa uma área de 2970,27 ha, e percentual de 0,80%, destacando-se no Baixo Sergipe e no Jacarecica, com 1618,13 ha e 1352,14 ha, com 1,58 % e 2,68 %da área de suas UP’s, respectivamente. Os municípios que se destacam nesta classe são Maruim, Malhador, Moita Bonita, Itabaiana, Divina Pastora e Santo Amaro das Brotas.
Uma solução é identificar quais cultivos preponderam nas Unidades de Planejamento ou nos municípios somando-se então estas áreas de solo exposto/nuvem com as áreas de cultivos, e você terá uma aproximação da real quantidade de determinado cultivo.
A partir dos resultados levantados nas constata-se que dos 369386,63ha de área da bacia do Rio Sergipe, 70,38% da cobertura vegetal foi substituída por pastagem oucultivos agrícolas, o que expõe estas áreas a um risco maior de degradação, já que a cobertura vegetal existente soma apenas 21,24% da bacia.
Áreas de Preservação Legal
No Estado de Sergipe, segundo informações colhidas através da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Sergipe - SEMARH, este apresenta 15 Unidades de Conservação, sendo três particulares, três do governo federal, duas municipais e sete estaduais, sendo que duas das estaduais estão em fase de recategorização. Sergipe possui duas Unidades de Conservação de uso sustentável na categoria de Área de Proteção Ambiental (APA) e âmbito estadual que estão sob a gestão do Governo do Estado de Sergipe administradas pela SEMARH.
Na Bacia do rio Sergipe, mais especificamente nas UP's do Baixo Sergipe, Jacarecica, Cotinguiba e Poxim, estão localizadas as unidades de conservação Parque Municipal Ecológico do Tramanday, Paisagem Natural Notável, Parque Nacional Serra de Itabaiana, Floresta Nacional do Ibura e a APA do Morro do Urubu.
Essas Unidades de Conservação são administradas por diferentes órgãos e instituições em Sergipe, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio e a Semarh.
No Quadro 4Erro! Fonte de referência não encontrada. estão listadas e georreferenciadas as Unidades de Conservação da Bacia Hidrográfica do rio Sergipe. Ao todo são reconhecidas 05 UC’s, sendo 3 Remanescente de Mata Atlântica, 1 Área de Manguezal e 1 Área de Preservação Ambiental (APA), cujas características são apresentadas de forma resumida.
Quadro 4 - Unidades de Conservação no âmbito da Bacia Hidrográfica do rio Sergipe
Nome
Tipo
Decreto
Área (ha)
Bioma
UP
Município
Parque Municipal Ecológico do Tramanday
Manguezal Alto
Decreto nº 112
4,1
Mangue
Baixo Sergipe
Aracaju
Paisagem Natural Notável
Uso Sustentável
Decreto nº 2.825
1.158,71
Mata Atlântica
Baixo Sergipe
Aracaju, Barra dos Coqueiros
APA do Morro do Urubu
Uso Sustentável
Decreto nº 13.713
212,89
Mata Atlântica
Baixo Sergipe
Aracaju
Parque Nacional Serra de Itabaiana
Proteção Integral
Decreto nº 114
7.999,11
Mata Atlântica
Jacarecica, Cotinguiba e Poxim
Itabaiana, Areia Branca, Laranjeiras, Campo Brito e Itaporanga
Floresta Nacional do Ibura
Proteção Integral
Decreto nº 0-002
114,18
Mata Atlântica
Cotinguiba
Nossa Senhora do Socorro
Figura 6 - Localização das Unidades de Conservação da BHS
Fonte: Atlas SEMARH 2012
CARACTERIZAÇÃO BIÓTICA
1.
2.
3.
4.
4.1.
4.2.
3.2.
Biomas e Ecossistemas Associados
A BH do rio Sergipe nasce na região do Semiárido, atravessa o Agreste (região de transição entre o semiárido e a mata), a Mata Atlântica e deságua no Oceano Atlântico, estando o seu curso inferior em ecossistemas associadas à Mata Atlântica, como as restingas, dunas, manguezais, apicuns e praias. Figura 7.
Foi procurado caracterizar e avaliar os ecossistemas mais representativos, principalmente, em relação às informações sobre a biodiversidade, as alterações sofridas, oestado de conservação e nível de proteção. Com base nas publicações consultadas e na verificação in loco do quadro atual dos ambientes naturais e da biodiversidade que constituem a Bacia, foi possível produzir uma síntese sobre o estado de conhecimento da fauna da mesma e reconhecer as características fisionômicas dos principais ecossistemas existentes desde o litoral até o agreste e o sertão.
Figura 7 – Diferentes regiões onde se encontra a bacia Hidrográfica do RioSergipe
Fotos: Fátima Pereira
O Semiárido – Bioma Caatinga
Os conhecimentos acumulados sobre o clima permitem concluir não ser a falta de chuvas a responsável pela oferta insuficiente de água na região, mas sua má distribuição, associada a uma alta taxa de evapotranspiração, que resultam no fenômeno da seca, a qual periodicamente assola a população da região.
O Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2013), a partir de dados das pesquisas até então efetuadas na Caatinga, afirma:
Rico em biodiversidade, o bioma caatinga abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas. Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, distribuídas em 10 estados da federação, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver. A caatinga tem um imenso potencial para a conservação de serviços ambientais, uso sustentável e bioprospecção que, se bem explorado, será decisivo para o desenvolvimento da região e do país.
A biodiversidade da caatinga, de acordo com Brasil (2013), ampara diversas atividades econômicas, voltadas para fins agrossilvopastoris e industriais, especialmente no ramo farmacêutico de cosméticos, químico e de alimentos.
Com base nessas constatações, o Ministério da Integração convocou ministérios e instituições envolvidas com as diferentes questões atinentes ao semiárido brasileiro e, em 2004, foi instalado o Grupo de Trabalho Interministerial, incumbido de redelimitar o espaço geográfico dessa área. Este grupo apresentou estudos e propostas de critérios que a redefiniram, tomando por base três critérios técnicos:
1. Precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros;
1. Índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990;
1. Risco de seca maior que 60%, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990.
A biota da Caatinga, é a mais esquecida mas, é nesse bioma, onde se localiza a nascente do rio Sergipe. Este bioma, que até pouco tempo era considerado problemático, quando estudado revelou uma riqueza considerável de espécies e especificidades de seu funcionamento.
Mata Atlântica
Os dados a seguir, são oriundos do Conselho Nacional Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (CNRBMA, 2013), que informa:
· Originalmente, a Mata Atlântica ocupava toda faixa litorânea sergipana, até a chegada dos europeus, em 1501, para tomar posse das terras indígenas, a fim de explorar o pau-brasil, criar gado e plantar cana-de-açúcar;
· Após mais de 500 anos de ocupação, da Mata Atlântica original restam poucos corredores ao longo da extensão litorânea do Estado, ocupando cerca de 40 km² de largura do território sergipano;
· A Mata Atlântica sergipana ocorre desde municípios localizados no São Francisco até a divisa com a Bahia, ocupando 5.750 km2 da área total do Estado, com formações de diferentes ecossistemas, os quais incluem as faixas litorâneas com suas associações das praias e dunas;
· Com ocorrência das formações florestais perenifólias latifoliadas hidrófilas costeiras (floresta costeira), que se distribuem ao longo de todo o litoral sergipano sob a forma de pequenas manchas;
· Encontram-se exceções na porção sul do Estado, onde algumas fazendas particulares se apresentam mais preservadas, localizando-se normalmente nos topos das colinas mais elevadas ou nas encostas que apresentam declividades acentuadas;
· Nos locais onde foi fortemente devastada, aparecem os cultivos perenes e temporários e, posteriormente, as pastagens;
· Atualmente a cobertura vegetal original restringe-se a manguezais, vegetação de restinga e remanescentes da floresta tropical úmida;
· Apresenta várias associações com praias, dunas e a vegetação herbácea. Essa vegetação serve para fixar as areias das dunas móveis.
Manguezal, apicuns e estuaries
Os manguezais são considerados um dos ecossistemas mais produtivos do mundo. Os serviços ambientais proporcionados por estes ecossistemas são superiores a qualquer empreendimento econômico que se pretenda instalar nesta áreas. De acordo com Schaeffer-Novelli (2013), os manguezais são “sistemas funcionalmente complexos, altamente resilientes e resistentes e, portanto, estáveis. A cobertura vegetal, ao contrário do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, se instala em substratos de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob a ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra”. Associado a esse ecossistema, encontra-se a zona do apicum que, segundo Bigarella (197[footnoteRef:1]¹, citado por Schaeffer-Novelli (2013), “faz parte da sucessão natural do manguezal para outras comunidades vegetais, sendo resultado da deposição de areias finas por ocasião da preamar. Em estudo realizado para analisar a importância do Apicum para manguezais de Sergipe, Nascimento (1993[footnoteRef:2], citado por Schaeffer-Novelli, 2013) observou que ao revolver o sedimento das galerias no inverno, os caranguejos Uca e outros animais escavadores enriquecem a superfície “com nutrientes retirados das camadas mais inferiores da vasa, desempenhando função vital na ecologia do manguezal”. Como esses nutrientes são carreados pelas águas da chuva para o manguezal, contribuindo para o equilíbrio orgânico-mineral do ecossistema, Nascimento concluiu que a região do apicum é “um reservatório de nutrientes, no contexto do ecossistema manguezal, mantendo em equilíbrio os níveis de salinidade e a constância da mineralomassa” (Nascimento, idem.). [1: Bigarella, J.J. Contribuição ao estudo da planície litorânea do Estado do Paraná. B.Geogr., n. 55, p. 747-779, 1947.] [2: Nascimento, S. Estudo da importância do “apicum” para o ecossistema de manguezal. Relatório Técnico Preliminar. Sergipe: Governo do Estado do Sergipe, 1993. 27p.]
O manguezal e as áreas a eles associadas são grandes “berçários” naturais, tanto para as espécies características desses ambientes, como para espécies que usam o manguezal durante alguma fase do seu ciclo de vida.
Apesar da importância destas áreas, no mapa do WWF de estado de ameaça dos manguezais na América Latina e no Caribe, os manguezais na costa do nordeste estão na categoria “vulnerável” (mediumthreat).
Restingas e Dunas
No Estado de Sergipe, estas feições caracterizam a região litorânea, proporcionando uma grande diversidade ambiental e biológica nestes ecossistemas. As restingas são ecossistemas costeiros formados por um conjunto de dunas recobertos por uma vegetação determinada pelo solo arenoso e pela influência marinha. Sua fauna e flora possuem adaptações para suportar as condições ambientais extremas de uma região onde há salinidade, escassez de água e fortes ventos, com importante função ambiental como fixadora de dunas e estabilizadora de manguezais.
Pela importância das restingas para a estabilidade da linha de costa e para a conservação da biodiversidade, visando conter a sua degradação, o Código Florestal brasileiro enquadra as restingas como Áreas de Preservação Permanente - APP, não podendo as mesmas serem devastadas e ocupadas, conforme inciso VI do art.4º e 7º da Lei. A Resolução Conama 303, de 20 de março de 2002, que dispõe sobre parâmetros, definições e limites de APP, estabelece que constitui APP “a área situada nas restingas: em faixa mínima de 300 m, medidos a partir da linha de preamar máxima; ou em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues”. As APPs, são aquelas áreas protegidas, nos termos dos arts 2º e 3º do Código Florestal. O conceito legal de APP relaciona tais áreas, independente da cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (Figura 8).
Figura 8 – Ecossistemas da BH do Rio Sergipe
Fotos: Fátima Pereira
Fauna de Vertebrados
Como muitas vezes o conhecimento sobre a biodiversidade existente em determinada região encontra-se escasso e fragmentado é necessária a realização de uma síntese das informações disponíveis sobre a biota local e sobre as suas interações com outros organismos e com o meio ambiente.Essas informações serão úteis para o entendimento dos processos da dinâmica ambiental e para a implantação de um sistema de gestão amplo e abrangente que contemple os interesses coletivos e a conservação e a repartição justa dos benefícios, em especial da biodiversidade das Bacias Hidrográficas.
A metodologia utilizada para gerar as informações desta Diagnose, principalmente da fauna de Vertebrados, consistiu no levantamento, sistematização e diagnóstico da diversidade e estado de conservação das populações de peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos presentes nos principais ecossistemas que compõem a bacia hidrográfica alvo do presente estudo.
As informações para o trabalho foram obtidas através de diferentes formas de publicações, incluindo livros especializados, mapas, publicações científicas, teses, monografias, estudos de impactos ambientais e/ou relatórios de impactos ambientais (EIAs/RIMAs) disponíveis no site da Administração do Meio Ambiente de Sergipe (ADEMA – SE), publicações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e informações disponíveis na Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe (SEMARH - SE).
Posteriormente, algumas informações foram colhidas em visitas feitas à sede de órgãos públicos em Aracaju: ADEMA, SEMARH – SE, IBAMA-SE e, em conversas informais mantidas com moradores e pescadores de localidades situadas em diferentes pontos das três bacias hidrográficas, principalmente em povoados e cidades de regiões próximas à nascente, trecho médio e foz do rio Japaratuba.
Também foram efetuados registros fotográficos dos trechos visitados, de alguns elementos da fauna no ambiente natural e de peixes que estavam à venda no mercado municipal de Aracaju, além de peixes salgados e postos a secar ao sol no município de Pirambu, mostrados nas Figuras 9, 10 e 11.
Figura 9 - Avifauna em seu ambiente natural
Figura 10 - Peixes salgados secando ao sol - Pirambu
Figura 11 – Peixes à venda no mercado municipal
*Fonte das imagens: Fátima Pereira
Também foram levantados os componentes da biodiversidade dos principais grupos taxonômicos de Vertebrados: peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, enfatizando-se a ocorrência e distribuição de espécies endêmicas, raras, migratórias ou ameaçadas de extinção e suas interações com os recursos hídricos e demais elementos do meio ambiente natural e antrópico.
Para efeito de apresentação, os animais serão incluídos em: ictiofauna (peixes) e vertebrados terrestres (Herpetofauna, Avifauna e Mastofauna), seguindo o que consta no Plano de Trabalho, para a Caracterização Físico-Biótica das Bacias. (COHIDRO, 2013).
Ictiofauna
O estudo dos peixes não deve ser isolado e restrito apenas aos grupos taxonômicos e listas de espécies. Necessário se faz relacionar os peixes com o ambiente em que vivem e destacar a relação entre a conservação dos ambientes e a preservação das espécies. Em estudo de aspectos da ecologia de peixes de riachos, Sá et al. (2003) observaram a urgência na conservação dos cerrados para a preservação de pequenas espécies de peixes de riachos deste bioma. Mesmo que a maioria das espécies de pequeno porte não tenha importância econômica para a pescaria comercial, elas têm papel importante nas cadeias alimentares aquáticas, servindo de alimento para espécies da pescaria comercial (CASTRO, 1999) e/ou pela participação na ciclagem dos nutrientes nos rios, riachos, lagoas e várzeas (SÁ, 2000).
3.2.1.1. Vertebrados Terrestres
A fauna de vertebrados terrestres da bacia hidrográfica do rio Sergipe encontra-se dispersa em meio a ambientes antropizados ou refugiada em pequenos fragmentos florestais, com diferentes estágios sucessionais, muitas vezes depauperados e desconfigurados em relação à sua fisionomia original.
A maior parte dos estudos sobre a fauna de vertebrados desta BH foi gerada por atividades de diagnóstico para o licenciamento ambiental de empreendimentos no município de Aracaju, Barra dos Coqueiros e Nossa Senhora do Socorro (EIA Alphaville, EIA Aterro Sanitário da Palestina, EIA Ponte do rio Sergipe, EIA Ponte sobre o Rio Poxim, EIA Ponte do rio do Sal, EIA ampliação do Aeroporto). Muitas vezes, os resultados citados nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) são divulgados em forma de listas de espécies replicadas e não referenciadas.
Anfíbios e répteis (herpetofauna) são elementos conspícuos em quase todas as comunidades terrestres, representando fração significativa da fauna de vertebrados, especialmente em ambientes áridos e tropicais (Colli et al., 2002).
Apesar da sua riqueza e diversidade, a pesquisa sobre fauna de répteis no Brasil está restrita. Para aprimorar o entendimento da biogeografia desse grupo e delinear estratégias de conservação são necessárias prospecções, uma ampla base de dados com informações que monitorem os efeitos da degradação, fragmentação e perda de hábitats e da poluição. Também é necessária uma melhor compreensão dos efeitos da extensiva e cada vez pior degradação dos ecossistemas naturais do Brasil (RODRIGUES, 2005).
Com relação à avifauna, o Brasil abriga uma das mais diversas do mundo, com o número de espécies estimado em mais de 1.690 (CBRO, 2003; IUCN, 2004; NatureServe, 2004, citados por MARINI e GARCIA, 2005). Isto equivale à aproximadamente 57% das espécies de aves registradas em toda América do Sul. Mais de 10% dessas espécies são endêmicas ao Brasil, fazendo deste país um dos mais importantes para investimentos em conservação (Sick, 1993, citado por MARINI e GARCIA, 2005).
Os estudos sobre a avifauna foram realizados em diferentes formações vegetais presentes na Bacia: os manguezais, que ocorrem ao longo do estuário e foz do rio (UP Baixo Sergipe); nos remanescentes de florestas estacional semidecidual e ombrófila, situadas nos vales e encostas da zona litorânea, até aproximadamente 50 km em direção ao interior (UP Jacarecica- Cotunguiba); e em matas orográficas dos pequenos brejos de altitude do topo da Serra da Guia, em meio às caatingas, vegetação predominante no interior do Estado, em áreas de clima semiárido (UP Alto Sergipe).
O Brasil abriga também a maior diversidade de mastofauna, com mais de 530 espécies descritas e com muitas a serem descobertas e catalogadas ainda.
Portanto, os estudos efetuados até o presente momento, cujos dados foram utilizados nesta diagnose, informam os seguintes resultados sobre a fauna da BH do rio Sergipe:
– ICTIOFAUNA: 26 espécies de peixes de água doce, distribuídas em 14 famílias e 136 espécies de peixes estuarinos, distribuídos em 50 famílias.
A região estuarina sempre tem grande riqueza de espécies, por se encontrarem ali tanto espécies marinhas (que entram no estuário em alguma fase do ciclo de vida ou em alguns períodos do dia ou de estações), quanto asespécies de água doce e espécies típicas do estuário. No entanto, no estuário do rio Sergipe, foram as diversas pesquisas efetuadas por mais de trêsdécadas que permitiram conhecer este elevado número de espécies.
Das espécies listadas, seis constam na Instrução Normativa 05 de 21 de maio de 2004, do Ministério do Meio Ambiente. São elas: MugillizaValenciennes 1836 (Cambiro), HippocampusreidiGinsburg, 1933 (Cavalo marinho), EpinephelusitajaraLichtenstein, 1822 (Mero), Lutjanusanalis(Cuvier, 1828) (Vermelha), Macrodonancylodon (Bloch &Schneider, 1801) (Pescada dentão) e Micropogoniasfurnieri (Desmarest, 1823)(Corvina).
Para acesso à lista completa, vide Anexos.
– HERPETOFAUNA: Os estudos mais relevantes sobre a herpetofauna foram realizados por Carvalho e Vilar (2005) na Serra de Itabaiana (UPs Jacarecica e Cotinguiba), que identificaram 9 famílias e 31 espécies de répteis e 5 famílias e 23 espécies de anfíbios.
Os anfíbios e répteis da bacia hidrográfica do Rio Sergipe (UPs Jacarecica e Cotinguiba) são encontrados nos Anexos)
– AVIFAUNA:348 espécies, distribuídas em 68 famílias, foram registradas na Bacia do Rio Sergipe através de estudos realizados em todas as Ups da Bacia. Destacam-se os estudos de Almeida e Barbieri (2008); Barbieri (2007); D’Horta et. al. (2005); Ruiz-Esparza et. al. (2012); Sousa et. al. (2005); Sousa (2009, 2011).
As aves do Rio Sergipe (UPs Jacarecica-Cotinguiba) são encontradas no Anexo (Quadro 4).
– MASTOFAUNA: Oliveira et. al. (2005) e Mikalauskas (2005) registraram 10 famílias e 29 espécies de mamíferos, durante pesquisas realizadasna Serra de Itabaiana (Ups Jacarecica e Cotinguiba), principais UPs estudadas.
Os mamíferos da bacia podem ser encontrados nos Anexos.
Com os dados disponíveis sobre as ameaças à Biodiversidade da BH do rio Sergipe é possível sintetizá-las em:
1. Destruição e fragmentação de hábitats provocadas, dentre outras causas, por desmatamentos, aterros, queimadas, extração de areia do leito dos rios, degradação do solo. O desmatamento é a principal causa da destruição de nascentes e assoreamento dos leitos dos rios, além de aterramento de muitos pequenos riachos que, normalmente, abrigam espécies endêmicas, as quais desaparecem para sempre.
1. Dispersão de espécies exóticas invasoras que podem afetar as populações de espécies nativas por predação, competição com as espécies nativas (seja por hábitat ou recursos alimentares), disseminação de doenças das quais a fauna nativa não desenvolveram resistência e, portanto, podendo trazer danos irreversíveis a estas populações; a disputa de nichos ecológicos (locais para reprodução, alimentação e moradia) entre espécies equivalentes ecológicas; e, consequentemente um desequilíbrio nos ecossistemas.
1. Alterações dos ecossistemas aquáticos, principalmente, devido a lançamento de efluentes não tratados, escoamento superficial ou subterrâneo de agrotóxicos e resíduos sólidos.
1. Redução do volume das águas.
1. Destruição de Áreas de Preservação Permanente (APP), tais como nascentes, mata ciliar e restingas.
1. Aumento de partículas em suspensão na água, reduzindo a penetração de luz na coluna d’água, o que leva à redução ou à cessação da fotossíntese, com consequentes prejuízos para toda a biota.
1. Aumento da carga poluidora com lançamento de material orgânico, os quais, quando entram em decomposição necessitam do oxigênio que é retirado do ambiente, levando à redução dos teores para a biota aquática.
1. Falta de conhecimento da riqueza da Biodiversidade.
1. Não foi possível, diante dos poucos estudos até agora realizados nos rios e riachos do Estado, verificar a ocorrência de espécies, de peixes de água doce, endêmicas ou em lista oficial de extinção. Mas, a continuar a destruição dos corpos d`água, os peixes destes ambientes serão todos candidatos à lista de “em perigo”!
No entanto, na região estuarina, há espécies na Lista oficial de espécies sobreexplotadas.
CARACTERIZAÇÃO DO QUADRO SÓCIO-ECONÔMICO-CULTURAL
O estudo socioeconômico aqui apresentado, demonstra a definição social, econômica e cultural das comunidades inseridas na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, destacando os aspectos da economia local e da infraestrutura urbana e rural dos municípios que a compõe.
4.3.
3.3.
Aspectos Demográficos e Históricos
A Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe abrange 26 municípios, incluindo a capital Aracaju, sendo oitomunicípios em sua totalidade e dezoito, parcial, e possui a maior população residente no território (933.625habitantes) em comparação com as outras bacias do Estado.
Devido a sua grande extensão e por incluir em sua área de drenagem a capital Aracaju, e demais cidades de porte médio como São Cristóvão e Laranjeiras, é considerada a principal Bacia Hidrográfica do Estado.
As unidades de planejamento Cotinguiba e Baixo Rio Sergipe encontram-se os municípios com os percentuais de grau de urbanização mais elevados como Aracajú (100%), Nossa Senhora do Socorro (98,58%) e (96,32%), Riachuelo (94,19%),Larangeiras (83,85%), Barra dos Coqueiros (84,63%) e Itabaiana(83,04%), o que demonstra um maior nível de desenvolvimento desses municípios.
O estudo dos indicadores sociais tem sua importância quanto à compreensão da evolução populacional, bem como sua relação com a economia local. Os principais indicadores estudados e seus resultados estão dispostos a seguir.
SÍNTESE DOS INDICARES SOCIAIS:
Municípios com Maiores Taxas De Urbanização
· Aracajú (100%)
· Nossa Senhora do Socorro (98,58%)
· Larangeiras (83,85%)
· Barra dos Coqueiros (84,63%)
· Itabaiana(83,04%,)
Municípios com Maiores Densidades Demográficas
· Aracajú (5.825,48 hab/km²)
· UP Poxim: com 1.916,93 hab/km²
· UP Cotinguiba: Nossa Senhora do Socorrocom2.274,83 hab/km²
· UP Baixo Sergipe: 881,45hab/km²)
Municípios com Maiores Taxas de Crescimento Populacional
Na maioria dos municípios que compõem a bacia, houve um decréscimo da taxa de crescimento populacional rural, o que demonstra visivelmente a urbanização ocorrida na bacia. Ao analisarmos os municípios de Divina Pastora e Rosário do Catete podemos verificar que o crescimento rural desses municípios foi superior ao crescimento urbano dos mesmos. Esses municípios concentram grande parte do seu desenvolvimento econômico nas atividades agrícolas, o que explica a grande concentração populacional nessas áreas rurais.
Outro aspecto demográfico importante a ser analisado é a taxa de natalidade ocorrida nos municípios da bacia. Nos municípios que compõem a bacia, essa taxa se manteve num percentual entre 12% a 20,1%, percentual esse que está abaixo da taxa geral do estado que é de 20,4%.
Em relação a taxa de mortalidade, o percentual também se manteve estável entre todos os municípios que fazem parte da bacia (de3,8% a 5,9%) em comparação com a taxa geral do Estado de Sergipe que é de 5,9%, o que resultou num crescimento vegetativo equilibrado em todos os municípios da região.
Aspectos Econômicos
Economicamente, a Bacia hidrográfica do Rio Sergipe destaca-se pela sua Produção Industrial, o Agronegócio, a Irrigação, o Comércio, a Prestação de Serviço, a Pesca e a Mineração.
No decorrer dos anos, existiu sempre a predominância da lavoura temporária sobre à permanente, na qual, segundo dados do IBGE, em 2011 a lavoura temporária utilizava mais de 80% do total da área plantada com culturas nos municípios da bacia.
Analisando-se os estudos existentes, podemos verificar que um dos grandes impulsionadores do desenvolvimento local foi a construção civil, tendo essa apresentado índices significativos na geração de emprego e renda, sendo a atividade econômica responsável pelamaior concentração de empregos formais para essa região.
Outra fonte de recursos que vem gerando diversos empregos e renda é o envasamento da água mineral no município de São Cristóvão, o qual possui um grande manancial de água doce subterrânea no povoado de Umbaubá.
Uma ferramenta que é bastante utilizada e que contribui para impulsionar o desenvolvimento do agronegócio é a irrigação, que ocorre de forma bastante expressiva na região da bacia, o que permite uma maior diversificação nas suas culturas agrícolas. No entanto, essa utilização desordenada dos fluxos da bacia tem provocado sérios danos aos rios que a compõem, e contribuído para a degradação ao meio ambiente.
A administração pública também tem a sua participação no desenvolvimento econômico dos municípios integrantes da bacia, empregando parte dos trabalhadores formais da região, em especial na capital Aracaju.
Por possuir duas rodovias federais, interligadas com as rodovias estaduais que integra a Capital Aracaju a outras capitais nordestinas, como Salvador e Maceió, como também modernos equipamentos no seu sistema portuário, a produção local dispõe de um bom sistema de escoamento, o que agrega competitividade aos seus produtos, incrementando a produção, e contribuindo para o desenvolvimento da região
Um outro importante indicador de desenvolvimento de uma região, é o PIB (Produto Interno Bruto), dados que podem ser observados na Tabela 2.
Tabela 2 - Evolução do PIB dos Municípios que Compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe
Unidadesde Planejamento
Valor do PIB em (R$ 1.000) 2006
Valor do PIB em (R$ 1.000) 2007
Valor do PIB em (R$ 1.000) 2008
Valor do PIB em (R$ 1.000) 2009
Valor do PIB em (R$ 1.000) 2010
Participação Relativa (%) 2010
Alto Rio Sergipe
Carira
33839
39323
74220
65775
95631
0,40
Feira Nova
19138
21488
24848
25856
28167
0,12
Frei Paulo
26670
31290
32785
33915
44179
0,18
Graccho Cardoso
75
83
101
108
120
0,00
N Sra Aparecida
29128
37863
49570
82952
60458
0,25
N Sra da Glória
55264
67260
78534
86990
108338
0,45
N Sra das Dores
9527
10465
11414
13990
15185
0,06
Ribeirópolis
54701
59458
63299
83043
97386
0,41
São Miguel do Aleixo
11458
12873
17810
19249
21461
0,09
Total
239800
280103
352582
411878
470927
4% do PIB bacia
Rio Jacarecica
Areia Branca
19262
19526
22550
24404
25666
0,11
Itabaiana
277113
316003
352678
375647
465581
1,95
Malhador
39723
43063
50980
54559
60954
0,25
Moita Bonita
26075
28041
33828
34887
40068
0,17
Riachuelo
52329
52682
55920
48350
57779
0,24
Ribeirópolis
11954
12994
13833
18147
21282
0,09
Sta Rosa de Lima
5533
6369
7456
7969
8403
0,04
Total
431988
478678
537245
563964
679733
5% do PIB bacia
Rio Cotinguiba
Areia Branca
33402
33860
39104
42319
44507
0,19
Itaporanga D´Ajuda
83
101
134
123
133
0,00
Laranjeiras
490244
625005
660542
607663
701184
2,93
N Sra do Socorro
259753
293849
398593
440394
558698
2,33
Riachuelo
16701
16814
17847
15431
18441
0,08
Total
800183
969629
1116220
1105930
1322961
11% do PIB bacia
Baixo Rio Sergipe
Aracajú
2574409
2865000
3089141
3246734
3999545
16,71
Barra dos Coqueiros
200117
181847
191435
156812
228899
0,96
Divina Pastora
100512
88414
116314
69010
93070
0,39
Maruim
37837
46443
66093
58814
65126
0,27
Moita Bonita
30364
32654
39392
40626
46660
0,19
N Sra das Dores
5960
6546
7140
8751
9499
0,04
N Sra do Socorro
1655708
1873044
2540698
2807143
3561232
14,88
Riachuelo
71282
71763
76174
65863
78707
0,33
Laranjeiras
111279
141868
149934
137932
159160
0,67
Ribeirópolis
6205
6745
7181
9421
11048
0,05
Rosário do Catete
530
723
1326
1365
1157
0,00
Sta Rosa de Lima
10014
11528
13496
14424
15208
0,06
Sto Amaro das Brotas
330376
37576
42017
48144
49112
0,21
São Miguel do Aleixo
2721
3056
4228
4570
5095
0,02
Siriri
12548
12860
16200
10930
14289
0,06
Total
5149861
5380069
6360770
6680538
8337807
67% do PIB bacia
Rio Poxim
Aracajú
445005
495236
533980
561221
691350
2,89
Areia Branca
5698
5776
6671
7220
7593
0,03
Itaporanga D´Ajuda
15065
18290
24323
22289
24131
0,10
Laranjeiras
29184
37206
39321
36173
41741
0,17
N Sra do Socorro
267935
303105
411148
454266
576296
2,41
São Cristóvão
162983
178595
210209
221272
258801
1,08
Total
925870
1038209
1225653
1302441
1599912
13% do PIB bacia do PIB
Total Geral
7547703
8146688
9592470
10064751
12411340
Fonte: Elaboração COHIDRO com base nos dados do IBGE2006, 2007, 2008, 2009 e2010
3.3.1. Aspectos Turísticos
Um outro importante setor de desenvolvimento da região da Bacia é o turismo. O Estado de Sergipe conta com 163 km de praias, incluindo as da Capital Aracaju que faz parte da Bacia do Rio Sergipe e que por ser uma atividade de lazer bastante procurada por moradores locais e por turistas de todo o país, é também um forte indicador de geração de renda para a região.
Sendo a orla da praia de Atalaia um dos mais belos cartões postais da cidade, Aracaju destaca-se também pela sua gastronomia e festas populares como o Forró-Caju,oForró-Siri,oArraiá do Povo e o Pré-cajú que atraem milhares de turista para a região.
Segundo o Observatório de Sergipe, entre os anos de 2001 a 2011, o número de passageiros embarcados e desembarcados no Estado, passou de 264,2 mil para 1.080,1mil, uma média de crescimento de 28,2% ao ano. Outro forte indicador do crescimento turístico no Estado é a contabilização da quantidade de pessoas que se hospedaram em hotéis. Segundo a ficha Nacional de Registro de Hóspedes 227,5 mil pessoas se hospedaram nos hotéis do Estado em 2011. Entre 2001 e 2011, o fluxo de pessoas foi incrementado em 92.864, um amento de quase 70% em dez anos.
Além do litoral e do turismo náutico, outros grandes atrativos turísticos são as cidades de São Cristóvão e Laranjeiras, que devido a sua riqueza cultural como igrejas, museus e casarões, foram tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional e atraem turistas de várias partes do Brasil.
Comunidades Presentes, Remanescentes Indígenas e Estrutura Fundiária
Ao recorrermos à história nacional, podemos verificar que tanto no Estado de Sergipe como em todo o Nordeste brasileiro, a formação populacional é decorrente das fusões entre os negros, índios e brancos, sendo os mesmos responsáveis pela da construção de uma identidade cultural local, da qual atualmente encontramos ainda remanescente, na região das Bacias Hidrográficas Sergipanas, as comunidades indígenas, de pescadores e quilombolas.
Comunidades Quilombolas
O perfil populacional, das comunidades remanescentes quilombolas localizadas na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, possuem característica exclusivamente rurais. Como atividade econômica, utilizam a pesca artesanal, a coleta de mariscos, a agricultura de subsistência alimentar, as lavouras de milho, feijão, mandioca e banana, e em alguns municípios o artesanato. A produção que não é utilizada para consumo das famílias, é comercializada nas feiras livres da região.
Devido ao alto índice de analfabetismo, e a baixa renda familiar, muitos habitantes das comunidades remanescentes de quilombo, por necessidade, vendem sua força de trabalho a fazendeiros das regiões, prestando-lhes serviços braçais e também em trabalhos temporários nas fábricas localizadas no entorno das cidades.
Uma outra fonte de renda, são os programas de transferência de renda governamentais, como o bolsa família, no qual existem uma inserção de cerca de mais 80% das famílias quilombolas.
Foram identificadas dez comunidades quilombolas localizadas na Bacia do Rio Sergipe, porém apenas cinco foram certificadas pela Fundação Palmares como remanescentes quilombolas. Vide Quadro 5.
Quadro 5 - Comunidades Quilombolas da Bacia do Rio Sergipe
Fonte: Fundação Palmares e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Comunidades Indígenas
Na região da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe não foi identificada nenhuma comunidade indígena. Estudos realizados anteriormente indicam que a única comunidade indígena do Estado de Sergipe é dos índios Xocó, e está localizado na Bacia do Rio São Francisco, vivendo na Ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha.
Comunidade dos Pescadores
As comunidades de pescadores da região da Bacia do Rio Sergipe foram formadas ao longo do tempo através da fixação das famílias na beira do Rio Sergipe, nos diversos municípios pertencentes à bacia. Essas comunidades garantem as suas atividades econômicas a partir do extrativismo da pesca artesanal e da coleta de mariscos dos manguezais, o qual é diretamente afetado pela poluição e pela degradação dos recursos hídricos das bacias.
Ao longo dos anos, foi ocorrendo a redução do pescado, e os pescadores atribuem esse fato principalmente a poluição, a pesca predatória e a alguns bancos de areia construídos no encontro do rio com o mar, que impede o fluxo dos peixes. Por esse motivo, atualmente a maioria dos pescadores não vivem mais só da pesca e desenvolvem outras atividades para complementar a renda como construção civil, carpintaria, pintura e comércio.
Estrutura Fundiária
Analisando-se os dados do último censo agrícola municipal do IBGE ocorrido em 2006 e 2012, podemos verificar que houve um acréscimo do total da área plantada na Bacia de torno 9%, de 204.095ha em 2006 para 222.768ha em 2012. Esse acréscimo ocorreu na área matas e florestas, pressionada principalmente pelo cumprimento da legislação ambiental, porém a pastagem ainda continua sendo a principal atividade em relação as demais áreas de uso agrícola.
Considerando-se a área total de utilização das terras da bacia, podemos verificar os seguintes percentuais de utilização em 2012: Lavouras permanentes (3,28%), Lavouras Temporárias (15,72%), Matas e Florestas (39,65%) e Pastagem (41%), confirmando assim a superioridade da área de pastagem em relação as demais áreas de ocupação agrícola.
Além das lavouras de milho, cana de açúcar e coco-da-baia, o efetivo animal também é de fundamental importância para a utilização dessa área agrícola. Segundo dados do IBGE (Censo 1996, 2006 e 2010), a produção de leite apresentou um crescimento significativo nos municípios situados na bacia.
Infraestrutura Social e Ambiental da Bacia
Na região da Bacia do Rio Sergipe atuam diversas instituições de caráter social, ambiental e de saúde, sendo as mesmas de fundamental importância para o desenvolvimento das localidades e a manutenção do meio ambiente e da saúde da população dos municípios daquela região.
Agentes Sociais e de Conservação do Meio Ambiente na Bacia
Dentre os agentes sociais que atuam na bacia, podemos identificar instituições locais, regionais e estaduais bastantes expressivas e que atuam diretamente na organização dos povoados e bairros, na defesa dos interesses das suas comunidades e na busca de melhor utilização do meio ambiente.
Algumas dessas instituições integram o Comitê da Bacia do Rio Sergipe, e contribuem com as atividades da mesma na tentativa de amenizar os problemas ocorridos na região da bacia. Além das instituições que se dedicam a conservação do meio ambiente, devemos também destacar as instituições que atuam mais no âmbito social, como as que estão relacionadas com o desenvolvimento rural, educação popular e o fortalecimento e articulação dos agricultores locais, como a Cáritas Arquidiocesana de Aracaju, o Centro Sergipano de Educação Popular – CESEP, e o SENAR – Serviço Nacional de Aprendizado Rural
São destaques também as associações de Moradores, Centros comunitários e o SENAC-Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, que é de fundamental importância na prestação de serviços sociais e na formação de mão de obra para atender a demanda das empresas da região.
Existem também as organizações socioeconômicas produtivas coletivas que atuam fortemente na região de forma significativa e diversificada. Essas organizações estão na sua maioria ligadas as atividades pesqueiras, como as Colônia de Pescadores Z1,Z2 e Z17. Além da pesca a agropecuária, a apiculturae a agricultura orgânica também possuem suas representações, tendo essa última uma representação forte, através da PROAGREC (Organização de Controle Social dos Produtores Orgânicos do Agreste Central) que por tratar-se de uma organização de controle social, destaca-se na articulação e fortalecimento dos produtores agroecológicos dos municípios da região da Bacia.
Um, outro tipo de organização social presente na Bacia, são os sindicatos e movimentos rurais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e a FETASE (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Sergipe), que atuam na formação e organização de cooperativas rurais bem como nos grupos de trabalho dos Arranjos Produtivos Locais - APLs.
Em relação a defesa do meio ambiente, podemos destacar a atuação de instituições de abrangência nacional como a Sociedade Semear, bem como as de caráter estadual como a SEMARH- Secretaria de Estado de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, e regional como a Associação dos Defensores e Amigos da Serra de Itabaiana) e o Conselho Vida Verde – CONVIVER, sediado no município de Nossa Senhora do Socorro.
Aspectos de Assistência à Saúde nos Municípios da Bacia
Ao analisarmos os índices do sistema de saúde dos municípios que compõem a Bacia do Rio Sergipe, verifica-se um alto índice de doenças vinculadas aos recursos hídricos nos municípios de Riachuelo (30%), Divina Pastora (20,7%) e Santa Rosa de Lima (17,4%). Porém existe outro índice que é igualmente preocupante, que é o da mortalidade infantil, observa-se que 14 dos 26municípios em comparação ao índice geral do estado que é de 15,7 óbitos por mil nascidos, apresentam acima deste patamar, os municípios deNossa Senhora Aparecida (28) e Nossa Senhora das Dores (24,1) e Feira Nova (23,5) possuem os mais altos índices superiores aos do restante da Bacia.
A Bacia do Rio Sergipe destaca-se por ser contemplada com a maioria dos estabelecimentos de saúde, público e privado do estado, estando a maior parte deles,concentrados nos três municípios mais desenvolvidos da bacia: Aracaju, capital do Estado possui um total de 232 estabelecimentos de saúde, dos quais 67 são públicos e 165 são privados; Itabaiana que conta com 51 instituições de saúde, sendo 30 públicas e 21 privadas; e Nossa Senhora do Socorro com50 estabelecimentos sendo 36 públicas e 14 privadas.
Em contrapartida temos os municípios de Riachuelo e Divina Pastora, que possuem os maiores índices de doenças de veiculação hídrica, e Feira Nova que apresentou um alto índice de mortalidade infantil que contam apenas com 04 ou 5instituições de saúde cada uma delas para atender a toda a população do município.
Sistema Educacional nos Municípios da Bacia
O sistema educacional presente na Bacia é um dos mais representativos do Estado, pelo fato de encontrar-se presente na região da Bacia do Rio Sergipe a capital Aracajú. Essa por sua vez, segundo o censo 2009 e 2012 do IBGE concentra uma grande participação de alunos matriculados (126.729) em relação ao total da bacia, além de possuir 303 instituições de ensino entre os níveis fundamental, médio e superior. Em seguida podemos destacar a cidade de Nossa Senhora do Socorro com126 instituições e com 30.843 alunos matriculados e as cidades de São Cristóvão e Itabaiana com 73 e 95 instituições e com 27.389 e 19.674 alunos matriculados, respectivamente
Atualmente encontram-se na região Polos de Educação a Distância da Universidade Federal de Sergipe – UFS nos municípios de Japaratuba e Nossa Senhora das Dores, como também Polos de Apoio Presencial da Universidade Tiradentes – UNIT nos municípios de Aquidabã, Carmópolis e Nossa Senhora das Dores.
Podemos verificar que quase todas as instituições de nível superior concentram-se na capital Aracajú, com exceção apenas de uma instituição que está localizada no município de São Cristóvão.
Um fator preocupante é com relação ao nível fundamental vem havendo uma diminuição tanto de número de estabelecimento de ensino que em 2009 era de 903 e em 2012 foi para 895, como também para o número de alunos matriculados que era de 194.490 passando para 190.317 alunos matriculados.
Tanto as instituições de ensino do setor público, como as da rede privada, têm contribuído de forma significativa com o desenvolvimento da Bacia, destacando-se principalmente a participação de instituições de ensino superior, como a Faculdade de Sergipe-FASE; A Universidade Federal de Sergipe-UFS com o seu Campus Avançado de Saúde; a Universidade Tiradentes-UNIT; a Faculdade Pio Décimo e o Instituto Federal de Sergipe-IFS, que têm formado profissionais com capacitação e consciência da necessidade de preservação da região.
RECURSOS HÍDRICOS
Este trabalho foi elaborado com base em dados secundários, onde a caracterização hidrogeológica enfoca os aquíferos, aspectos dimensionais, recarga/descarga, parâmetros hidrodinâmicos e estimativa das reservas e disponibilidades.
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DISPONIBILIDADES ATUAIS
O conceito de disponibilidade hídrica deve apontar informações que permitam aos planejadores a escolha da melhor alternativa de aproveitamento dos elementos componentes do sistema predominante, que maximize as disponibilidades da região.
A disponibilidade hídrica de uma bacia é o reflexo de suas características climáticas como precipitação, temperatura e evaporação, e de suas características físicas como relevo, cobertura vegetal, tipos de solos e área de drenagem.
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Disponibilidades Hídricas Quantitativas – Águas Subterrâneas
Nesse trabalho o termo sistema aquífero se refere à associação de unidades hidroestratigráficas que, em conjunto, formam uma única unidade aquífera, incluindo diferentes tipos petrográficos, diferentes subambientes deposicionais e distintos padrões internos de circulação hídrica.
Os sistemas aquíferos foram individualizados com base em tipos de porosidade, parâmetros dimensionais e potenciais, os quais estão distribuídos por diferentes compartimentos geotectônicos da bacia hidrográfica. Na Figura 12 é apresentado o mapa dos principais sistemas aquíferos na BHSergipe.
Grande parte da BHSergipe é composta por aquíferos porosos associados a sedimentos não consolidados (aquíferos freáticos) que cobrem substratos rochosos antigos, representados pelo Domínio Fraturado. Os aquíferos porosos (intergranular) representam à área de ocorrência da Bacia Sedimentar de Sergipe e Coberturas Cenozoicas, enquanto que, os aquíferos fraturados representam à área de algumas formações da Bacia Sedimentar de Sergipe e rochas do embasamento cristalino da Província Borborema.
Ressaltando, ainda, que em função do número de dados disponíveis de algumas regiões, a classificação proposta dos sistemas aquíferos foi realizada de maneira qualitativa, sem a preocupação de definição precisa de valores dimensionais, os quais requerem um volume expressivo de dados para que possam ser determinados de forma satisfatória.
Figura 12 - Distribuição dos Domínios Hidrogeológicos na BH Sergipe com sistemas aquíferos
Fonte: CPRM 2003 e Atlas SEMARH 2012
De forma a sintetizar os resultados obtidos, o Domínio Poroso inclui o Sistema Aquífero Intergranular e o sistema Aquífero Fraturado. Por sua vez, o Intergranular compreende o Sistema Aquífero Intergranular 1, 2 e 3. E o Fraturado compreende o Sistema Aquífero Fissural 1, 2 e 3.
· Sistema Aquífero Intergranular 1 (SAI 1):
O Sistema Aquífero Intergranular 1 se apresenta como um sistema de permeabilidade baixa; localmente descontínuo; semi-confinado/confinado; consolidado. Com base no mapa geológico da BHSergipe, ocupando uma área aflorante de 32,68 km2, o SAI 1 engloba as rochas sedimentares da Formação Calumbi do Grupo Piaçabuçu da Bacia de Alagoas.
· Sistema Aquífero Intergranular 2 (SAI 2):
Aquífero de permeabilidade baixa; contínuo a descontínuo; livre a semi-confinado/confinado; consolidado; extensão regional e local. Na BHSergipe está representado pelo Grupo Barreiras.O Grupo Barreiras com uma área em torno de 482,17 km2 é aflorante em quase toda a BHSergipe. Ocorre recobrindo parte do Domínio Fraturado (Província Borborema) e Domínio Poroso (Bacia de Sergipe), formando de forma descontinuada a paisagem de morros e tabuleiros na bacia hidrográfica. É constituída por sedimentos inconsolidados, atingindo u
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