os desafios da escola pÚblica paranaense na … · reflexão sobre a cultura de paz com os alunos...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
TURMA – PDE/2013
Titulo: A construção da cultura de paz na escola: Pedagogia da convivência
em educação
Autor Adriano do Nascimento
Disciplina/Área (ingresso no PDE) Pedagogia
Escola de Implementação do Projeto
e sua localização
Escola Estadual Gil Stein Ferreira-
E.F. Ivaí Pr
Município da escola Ivaí - Paraná
Núcleo Regional de Educação Ponta Grossa
Professor Orientador Nei Alberto Salles Filho
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Ponta
Grossa
Relação Interdisciplinar Arte, Ensino Religioso e Língua
Portuguesa
Resumo Vive-se numa sociedade, na qual cada vez mais os valores de convivência como respeito, educação, diálogo, cooperação e ética estão sendo deixados de lado, comprometendo as relações humanas e apresentando reflexos profundos e marcantes nas escolas. Diante disso, esta unidade didática tem como objetivo principal criar um espaço de reflexão sobre a cultura de paz com os alunos do ensino fundamental, para a expressão de novas atitudes no cotidiano escolar. Para tanto, propõe-se inicialmente a apresentação da temática aos professores e equipe pedagógica da escola e, na sequência, aos pais. Posteriormente, serão realizadas atividades com vídeos, músicas, cartazes, leituras de textos relacionados ao assunto, dramatizações e apresentação dos trabalhos a toda comunidade escolar,
de modo a desenvolver comportamentos e atitudes de convivência positiva. Espera-se que com este trabalho a comunidade escolar, principalmente os educandos, cultivem hábitos de cultura da paz e não da violência, para que possam conviver num ambiente de respeito e harmonia, fazendo com que a escola consiga atingir um dos objetivos principais, ensino aprendizagem de qualidade.
Palavras-chave Violência, Cultura, Paz, Conflitos,
Convivência
Formato do Material Didático Unidade Didática
Público Alvo Alunos do 7º ano período vespertino
APRESENTAÇÃO
Nas escolas constantemente vivencia-se situações em que é preciso a
intervenção de professores, equipe pedagógica e direção para auxiliar os educandos
na mediação de atos de desrespeito e violência. Situações de violência ao outro são
vivenciadas diariamente, sejam elas a agressão física, verbal, simbólica (bullying), a
violência silenciada (indiferença ao outro) e a violência estrutural.
Essas atitudes presentes nas escolas levam muitos alunos a se sentirem
retraídos, sem vontade de estudar e até mesmo de frequentar a escola. Diante
disso, a violência na escola é um problema educacional.
Nesse sentido, a demanda pela ampliação na discussão sobre cultura de paz
na educação é crescente. O esgotamento de modelos voltados ao enfrentamento da
violência (cultura repressiva) faz com que haja a intenção de buscar aspectos
preventivos e educativos nas escolas para que a violência seja diminuída.
Existe uma grande preocupação com aquilo que está ocorrendo no dia a dia
escolar, mas por outro lado, se esquece de trabalhar com a prevenção, ou trabalha-
se de uma forma que ao invés de abordar e reforçar o ambiente de tranquilidade
enfatiza a questão da violência.
Esta unidade didática tem como objetivo principal criar na escola um espaço
de reflexão sobre a cultura de paz com os alunos do 7º ano, para a expressão de
novas atitudes no cotidiano escolar, bem como intervir pedagogicamente com
propostas de educação para a paz, trabalhando com os alunos questões
relacionadas aos valores, tais como: respeito, solidariedade, humildade e tolerância,
valores imprescindíveis para a boa convivência escolar.
Professores, pedagogos e diretores serão convidados através deste trabalho
a terem informações e subsídios para intervir nas questões de violência, que a cada
dia desmotiva muitos profissionais que trabalham na educação.
A unidade didática organiza-se em seções, nas quais será trabalhado o tema
“A construção da cultura de paz na escola: Pedagogia da convivência em
educação”. Os alunos participarão de atividades como leituras relacionadas ao
assunto, confecção de cartazes, dramatizações, análise de músicas, visualização de
vídeos.
INTRODUÇÃO
Vive-se numa sociedade que está passando por profundas transformações
sociais, educacionais, religiosas e culturais.
A escola está inserida nessa sociedade, por isso a importância em estar
atenta a essas transformações agindo e interagindo nela. O espaço escolar tem
como principal objetivo formar cidadãos, construir conhecimentos científicos
historicamente acumulados pela humanidade, como patrimônio universal, fazendo
com que esse saber seja criticamente apropriado pelos estudantes, sem deixar de
lado questões relacionadas aos valores e atitudes para tornar os alunos mais
solidários, críticos, éticos e participativos, valores que devem estar presentes na
escola e na sociedade.
Nesse sentido de acordo com Freire:
É preciso que saibamos que, sem certas qualidades e virtudes, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade de mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógico – progressista, que não faz somente com a ciência e técnica. (Freire, 1997 apud SALLES FILHO, p.3)
A educação vai muito além do trabalho com o conhecimento científico, a
escola também é um lugar para se desenvolver atitudes e valores. Para se
despertar nos educandos valores de convivência é necessário que os educadores
sejam pessoas humanas capazes de compreender e ajudar o outro. É preciso hoje
que os alunos não tenham apenas o acesso à escola, mas, além disso,
permaneçam e tenham sucesso, sendo esse um dos maiores desafios da escola
pública.
Para que qualquer pessoa possa assimilar conhecimentos historicamente
acumulados pela humanidade é imprescindível um ambiente de convivência positiva
e tranquila, como deveriam ser as escolas. No entanto, percebe-se que isso não
está acontecendo. A sociedade vem passando por profundas mudanças, e com elas
ocorrem transições positivas e negativas, tais como as drogas, a prostituição infantil
e a violência. Diariamente vê-se nos noticiários agressões físicas, mortes, furtos,
sequestros, dentre outros. A escola está inserida nessa sociedade e sofre também
com essas problemáticas. Sabe-se que a violência não está somente do lado de fora
da escola. Ela já excedeu esses limites, e constantemente assistem-se notícias
relacionadas à violência no ambiente escolar.
Nesse sentido, a demanda pela ampliação da discussão sobre cultura de paz
na educação é crescente. O esgotamento de modelos voltados ao enfrentamento da
violência (cultura repressiva) faz com que haja a intenção de buscar aspectos
preventivos e educativos nas escolas para que a violência seja contida.
Para isso, não se pode deixar de lado as famílias dos alunos, pois elas são
segundo Fernández (2005, p. 36), “o primeiro modelo de socialização de nossas
crianças”. A família é responsável pelos primeiros afetos ou desafetos, amores ou
desamores, não se pode mudar somente os alunos deixando de lado os pais, é
preciso o envolvimento dos mesmos para que haja uma mudança significativa de
cultura nas escolas e sociedade.
Sobre isso, Jares (2002, p.130), diz: “Em suma, paz, desenvolvimento,
direitos humanos e democracia são conceitos interdependentes que se requerem
mutuamente. O que, logicamente, deve ter sua aplicação concreta no plano
pedagógico”. Por isso a importância da escola estar preocupada em trabalhar os
valores de convivência como: respeito, educação, diálogo, cooperação, ética, dentre
outros. Questões de relevância tão grande que, muitas vezes, são deixadas de lado.
i1. REALIDADE ESCOLAR E ATIVIDADES A SEREM
DESENVOLVIDAS
Para elaboração da implementação da proposta pedagógica na escola,
desenvolveu-se um levantamento de dados com os alunos, para que o trabalho
aconteça de uma forma mais eficaz.
Com o levantamento de dados, baseados no diagnóstico dos resultados
obtidos, foi desenvolvido o trabalho. Primeiramente um encontro acontecerá com os
pais dos alunos envolvidos, para apresentação do projeto e dos resultados do
diagnóstico feito na turma, um encontro com os professores e pedagogos da escola
e cinco encontros com os alunos. Os encontros servirão para trabalhar as questões
dos valores os quais são imprescindíveis para uma convivência positiva no ambiente
escolar.
O levantamento de dados ocorreu na turma onde será feita a intervenção.
Dentre as questões, alguns dados coletados foram:
Perguntado se acreditam que a escola pode ser melhorada, foram unânimes
em responder que sim. Também se questionou quais atitudes eles acham que são
necessárias para que isso ocorra. Descreveram as seguintes: o respeito pelo outro,
ser mais tolerante, não brigar, ser mais amigável, mais amoroso, mais humilde e
mais solidário com os outros. Questionados sobre os valores que consideram mais
importantes para um ambiente de convivência positiva e tranquila na escola, os
mesmos enumeraram de 1 a 5, na ordem que consideram mais importantes. As
respostas com os valores ficaram na seguinte ordem: respeito, tolerância,
humildade, responsabilidade e solidariedade.
Dando continuidade aos questionamentos, foi levantada uma questão para
saber se gostariam de melhorar as atitudes no ambiente escolar. Do total, apenas 1
respondeu não. Finalizando, a última pergunta foi o que pretendem fazer para que
isso se efetive na escola. Então elencaram as seguintes respostas: respeitar mais os
outros, ser mais amigável, mais amoroso, mais humilde, mais atencioso e ser mais
responsável.
Com esse levantamento de dados, observou-se que a violência está presente
no cotidiano escolar, porém que os valores de convivência positivos também estão.
Percebeu-se ainda que a maioria acha que a escola é um lugar que pode ser
melhorado e que eles querem melhorar através de suas atitudes.
Nas escolas, preocupa-se muito ou somente com os conteúdos escolares, e
se esquece de trabalhar com outras questões importantíssimas para ter o sucesso
na aprendizagem. Sabe-se que não há uma aprendizagem de qualidade se não
haver um ambiente propício para isso.
Outra questão apontada pelos educandos refere-se ao interesse que os
mesmos apresentaram em fazer algo para melhorar a convivência no ambiente
escolar, descrevendo quais atitudes são necessárias para isso. Os valores descritos
vêm ao encontro com a proposta para auxiliá-los, ou seja, trabalhar os valores como
o respeito, a tolerância, a solidariedade, a humildade e a responsabilidade.
i1.1 O QUE É CULTURA DA PAZ
Toda mudança passa por transformação, e ela pode se dar pela força,
violência ou convencimento, enfim, por uma mudança de cultura. Quando fala-se em
mudança, a instituição mais abrangente da sociedade hoje é a escola, é nela que
deve-se trabalhar as transformações mencionada acima.
Nos últimos anos é crescente o movimento em se desenvolver no interior das
escolas a cultura da paz. É através dela que se pode fazer uma revolução, mudando
as atitudes de violência, pelo respeito, solidariedade, cooperação, boa vivência.
Mas, afinal o que significa trabalhar a cultura da paz nas escolas? Segundo
Bicalho (2013) quando se fala em cultura da paz deve-se lembrar que esse trabalho
vai enfocar o respeitar à vida e a diversidade, rejeitar a violência, ouvir o outro para
compreendê-lo, preservar o planeta, redescobrir a solidariedade, buscar equilíbrio
nas relações de gênero e etnias, fortalecer a democracia e os direitos humanos.
Tudo isso faz parte da cultura de paz e convivência.
Quando se fala de cultura da paz, isso não quer dizer que não haja conflitos.
Devem-se solucionar os mesmos através do diálogo, entendimento e do respeito às
diferenças.
Não se pode ter uma visão utópica que com trabalho de educação para paz
vai se conseguir eliminar totalmente a violência. O que se pretende é diminuir
significativamente a mesma, não aceitando mais nas escolas índices tão altos,
fechando os olhos, como se nada estivesse acontecendo. De alguma forma, é
urgente começar a trabalhar para inverter essa situação.
Fonte: <http://www.zun.com.br/a-cultura-de-paz/>. Acesso em: 11/09/2013
I1ª SEÇÃO COM OS PAIS
Objetivos:
Conversar com os pais sobre a proposta de intervenção pedagógica,
que será desenvolvida com os alunos;
Apresentar aos pais o resultado do levantamento de dados feito com os
alunos;
Solicitar ajuda para efetivação da intervenção, mostrando a importância
de acompanhar e ajudar na educação dos alunos, colocando qual é o
papel da escola e dos pais nesse processo.
Desenvolvimento/ Metodologia
Apresentar a proposta aos pais, fazendo uma reflexão sobre a cultura da paz
x cultura da violência.
Os pais, ou responsáveis, devem ser os grandes aliados da escola nas
questões relacionadas ao ensino e aprendizagem, valorização da escola, sucesso
dos alunos e comportamento.
Esse trabalho será apresentado, para que eles auxiliem os filhos e escola,
para que haja uma melhoria nos valores de convivência.
Hoje as pessoas não estão mais sabendo escutar os outros, cada um tem a
necessidade de ter sempre razão, na maioria das vezes ninguém tem paciência de
escutar o que o outro tem para dizer, a humildade de perceber que nem sempre se
está com a razão, qualquer palavra mal interpretada é motivo para agressão verbal e
se de outro lado não houver a compreensão, um simples conflito, que poderia ser
resolvido facilmente, toma uma proporção que foge do alcance dos pais e
educadores, desencadeando em agressão verbal e física.
Essa escuta é essencial na educação. Filhos precisam escutar os pais, pais
precisam escutar os filhos. Professores precisam escutar seus alunos e vice versa.
É através do diálogo que se chegará a uma sociedade mais fraterna e menos
violenta.
I2ª SEÇÃO COM OS PROFESSORES
Objetivos
Apresentar a proposta de intervenção pedagógica aos professores,
equipe pedagógica e funcionários da escola na reunião pedagógica no
início do ano letivo;
Fazer uma pequena reflexão sobre o que é cultura da paz x cultura da
violência.
Desenvolvimento/ Metodologia
Durante a semana pedagógica no início do ano letivo, apresentar a unidade
didática aos professores, equipe pedagógica e funcionários, explicando como será
desenvolvida e solicitando a colaboração de todos para a execução da mesma.
Apresentar a problematização do assunto a ser desenvolvido na escola, o
porquê da escolha desse tema, evidenciando que os educadores estão
constantemente vivenciando situações de violência no ambiente escolar. Muitas
vezes não se tem embasamento teórico nem domínio de metodologias eficazes para
atuar com essas situações. Os alunos diariamente vêm pedir auxilio por serem
agredidos, principalmente aqueles que são considerados “diferentes” pelo grupo.
Devido a esse problema existente na escola, viu-se a necessidade de
desenvolver a intervenção pedagógica, na tentativa de diminuir esses tipos de
violência no ambiente escolar, fazendo com que os alunos se respeitem mais,
respeitem as diferenças existentes entre eles.
I3ª SEÇÃO ALUNOS
Objetivos
Refletir sobre a importância de valores como o respeito, a humildade a
tolerância;
Identificar os diferentes tipos de valores existentes no texto: valores de
convivência positivos e negativos;
Apresentar aos alunos o projeto a ser efetivado, bem como as
atividades que serão desenvolvidas.
Desenvolvimento/ Metodologia
Nesse primeiro encontro com os educandos se apresentar-se-á e explicar-se-
á a proposta de trabalho a ser desenvolvido na turma.
No primeiro momento será feita a leitura individual do texto: “Às vezes a vida
nos ensina”, em voz baixa para que comecem a conhecer o mesmo. Após a leitura
silenciosa, será feita a leitura pelo professor que, na sequência, fará
questionamentos sobre o texto, dialogando com os alunos, perguntando qual o
recado que essa história nos passa.
Será dada abertura para comentários. Em seguida, será entregue aos alunos
a atividade com as questões sobre o texto, para que eles as respondam.
Finalizando o encontro, os alunos apresentarão as respostas.
Texto: Às vezes a vida nos ensina
Era uma vez, um menino chamado João. Vivia com seus pais em uma casa
simples que ficava próxima ao centro da cidade.
Seus pais eram humildes, trabalhavam todos os dias para dar conforto ao
filho. O pai se chamava Antonio, trabalhava em uma fábrica de papel e sua mãe se
chamava Maria, cuidava da casa e trabalhava três dias por semana como diarista na
casa de suas amigas.
Seus pais sempre sonhavam em dar um futuro melhor para seu filho,
gostariam que ele estudasse e se tornasse uma pessoa bem sucedida e feliz.
Mas, infelizmente não foi isso que estava ocorrendo. João era um menino
muito travesso, em casa desrespeitava seus pais, o tempo todo respondia, saía de
casa sem autorização, ofendia, falava que não davam tudo o que queria, humilhava-
os.
Na escola, praticamente todos os dias chegava atrasado, agredia seus
colegas, desrespeitava os professores e funcionários, suas notas eram muito baixas,
pois não se interessava em estudar ou prestar atenção nas aulas.
Seu Antonio e Dona Maria muitas vezes choravam no quarto se culpando
pela falta de educação do filho, ficavam se perguntando onde erraram na educação
de João. Falavam que jamais iriam desistir de tentar mudar o comportamento do
filho.
Certo dia João saiu para ir à escola, mas não foi. Ficou passeando pela
cidade, foi jogar vídeo game em uma lan house com o dinheiro que havia roubado
de seus pais, ficou quase toda tarde. Quando gastou o dinheiro, saiu e ficou
esperando o tempo passar em uma praça. Quando viu que os alunos já estavam
indo para casa, foi embora também, chegando em casa no mesmo horário de
sempre, com isso, seus pais não notaram nada.
No outro dia, foi para escola, como sempre não fazia quase nada, ficava
disfarçando com as atividades, e nunca terminava. Logo o sinal tocou para sair o
recreio. Alegria de todos os alunos era o momento para tomar o lanche, brincar com
os colegas, conversar com os amigos.
Entretanto João logo arranjou uma briga, no jogo de bola, bateu em um
colega machucando-o todinho, devido ao colega ter o driblado. Seu colega procurou
a pedagoga todo machucado. Foi chamado João para conversar, mas sempre tinha
argumentos, nunca admitia que estivesse errado, jamais tinha a humildade de pedir
desculpas para alguém, mesmo sabendo que estava errado.
Seus pais foram chamados para vir até a escola. Quando ficaram sabendo do
ocorrido, mais uma vez a tristeza foi grande. Conversaram bastante junto com a
pedagoga, tentando mostrar para João que esse tipo de atitude não pode acontecer.
Ficaram mais decepcionados ainda, quando souberam que o filho não tinha
ido para escola no dia anterior.
Começaram a questionar, onde estava que não foi para escola? No início se
recusou a contar, porém com tanta insistência dos pais e da pedagoga, resolveu
falar a verdade. Viu-se nos olhos dos pais uma lágrima rolar com tamanha tristeza.
Quando João chegou em casa, à noite, os pais foram conversar sobre as
atitudes que vinha tendo, mostrando que precisava ser mais amável com as
pessoas, que não podia agredir os outros, muito menos mentir ou roubar, que essas
atitudes negativas não ajudam em nada, mas que vai sofrer as consequências se
continuar agindo dessa maneira.
Mais uma vez seus pais choraram de decepção.
Seus pais sempre diziam uma frase para ele: “aquele que não aprende por
amor, vai aprender pela dor”, contudo parecia que ele nem parava para entender o
que isso significava.
João já estava com 16 anos e suas atitudes em nada haviam mudado, até
que um dia resolveu com dois colegas assaltar um supermercado. Os três deram
voz de assalto com arma de fogo empunhada, renderam o gerente para que os
levasse até o cofre para que pudessem pegar o dinheiro. Mas a ideia não deu certo,
a polícia foi chamada e os três foram presos. Como João já tinha passagem pela
polícia, ficou preso em um educandário para menores.
Nesse tempo, sofreu muito longe de seus pais, professores e amigos.
Chorava muito quase todos os dias, começou a refletir sobre tudo o que seus pais e
professores haviam falado, apanhou, passou fome, frio e humilhação.
Aí se lembrou da frase que seus pais sempre falavam que “aquele que não
aprende pelo amor, aprende pela dor”. O tempo que passou na prisão serviu para
refletir sobre todas as atitudes erradas que havia realizado.
Um dia, quando seus pais vieram visitá-lo, abraçou-os pela primeira vez, e
chorando disse:
- Pai! Mãe! Nunca mais quero ver vocês chorarem de hoje em diante! Vou
mudar de vida, colocando em prática tudo aquilo que sempre me disseram!
Os três se abraçaram e choraram bastante. Os pais voltaram felizes pra casa,
pela atitude do filho, demonstrando que estava a fim de melhorar.
O tempo passou e chegou a hora de João ser liberto, voltou para casa muito
feliz. Desse dia em diante se tornou outra pessoa. Começou a estudar novamente,
era um aluno que respeitava os professores e amigos. Na escola, era querido e
amado por todos. Achou um emprego e começou a trabalhar. Com o dinheiro,
ajudava seus pais em casa, sempre conversava, contando como foi o dia. Tratava-
os com carinho e educação.
Seus pais quase não acreditavam, com tamanha felicidade, vendo a mudança
de seu filho.
Iniciaram uma nova vida, com muita paz e tranquilidade, e era visível a alegria
daquela família. Texto Adriano do Nascimento
ATIVIDADE
Responda em seu caderno:
1 - Quais são os valores de convivência positivos que se apresentam no texto?
2 - Quais são as atitudes negativas presentes no texto?
3 - Você conhece alguma história parecida com esta?
4 - Em relação às atitudes de João, você acredita que a culpa é somente dele, ou
seus pais também tiveram influência, para que ele se tornasse um menino tão
problemático?
5 - O que você conseguiu tirar de positivo desta história?
i4ª SEÇÃO ALUNOS
Objetivos
Assistir o vídeo “Crianças Invisíveis”, o qual retrata várias formas de
violência sofrida pelos personagens João e Bilu;
Identificar quais os tipos de violência que o vídeo apresenta;
Perceber que a violência pode ser física, simbólica e estrutural;
Discutir os sentimentos que surgem quando uma pessoa é humilhada,
desprezada e desrespeitada.
DESENVOLVIMENTO/ METODOLOGIA
Após assistir o vídeo, distribuir aos alunos balões com as cores brancas,
amarelas, verdes, azuis e vermelhas. Nos balões brancos terá a palavra respeito, no
amarelo, a palavra humildade, no verde, tolerância, no azul, solidariedade e no
vermelho, responsabilidade.
Montar cinco grupos conforme as palavras escritas em cada balão. Cada
grupo escolherá um representante, que irá escrever na lousa num segundo momento,
o significado da palavra, bem como explicar aos demais alunos, com a ajuda do grupo
o significado da mesma.
Distribuir dicionários para encontrarem o significado da palavra pela qual o
grupo ficou responsável, anotando seu significado no caderno. Discutir no grupo
situações em que tal atitude observada no vídeo estava presente ou ausente.
Nesse segundo momento, abrir um círculo onde os representantes irão
escrever na lousa a palavra e o que ela quer dizer, e os demais membros do grupo
ajudarão a explicar, até que os cinco grupos apresentem.
Os membros de cada grupo farão a exposição dos momentos em que
observaram no vídeo cenas em que o respeito, humildade, tolerância, solidariedade e
responsabilidade estavam presentes ou ausentes, e a turma poderá fazer mais
colocações, se ainda houver.
Escrever um texto sobre o que você pode aprender com as atividades de hoje:
Se as atitudes de valores como: respeito, humildade, tolerância, solidariedade
e responsabilidade são importantes para você.
Se forem importantes, de que maneira você pretende colocá-las em prática?
Fonte: <http://www.gullane.com/projeto/criancas-invisiveis--episdio-bilu-e-joao>. Acesso
em: 01/10/2013
Ficha técnica - Bilu & João
Direção Katia Lund
Roteiro Katia Lund, Eduardo Tripa
Produtores Katia Lund (kate produções), Caio Gullane (gullane filmes),
Debora Ivanov (gullane filmes), Fabiano Gullane (gullane filmes), Ricardo Aidar
Para Refletir
Quais os tipos de violência presentes no vídeo?
Isso é apenas ficção, ou uma realidade vivenciada por muitas crianças no Brasil
hoje?
O que podemos fazer para melhorar essa situação?
I5ª SEÇÃO ALUNOS
Objetivos
Perceber que as atitudes de violência e de convivência positiva e tranquila
estão presentes no cotidiano escolar, e tanto uma quanto outra podem ser
vivenciadas, dependendo apenas de cada um;
Perceber que através das atitudes de convivência positiva, não existe um
perdedor, todos são vencedores;
Confeccionar cartazes com desenhos, palavras, figuras, onde percebam as
atitudes positivas e negativas vivenciadas na escola;
Analisar letras de músicas, onde esses valores se apresentam.
O curta-metragem Bilú e João, de Kátia Lund é parte do filme Crianças
Invisíveis (All The Invisible Children), que tem ainda filmes de diretores como
Emir Kusturica, Spike Lee, Ridley Scott e John Woo, entre outros – todos tendo
como foco a situação de crianças em diversos lugares do mundo. O curta
acompanha duas crianças pobres (Francisco Anawake e Vera Fernandes) em
São Paulo, na sua busca por alguns reais para comprar tijolos. Pedir ou roubar
não é dado como possibilidade, e isso introduz as crianças em uma complexa
circulação pela cidade e também em uma cadeia de produção e trocas
econômicas. O filme se passa em um dia e uma noite sem levar a nenhum lugar
especial e sem nenhum grande evento.
Fonte: <http://www.revistacinetica.com.br/biluejoao.htm>. Acesso em 01/10/2013
DESENVOLVIMENTO/ METODOLOGIA
Para esse encontro, retomar o anterior, no qual foram discutidos alguns
valores de convivência, tais como o respeito, a tolerância, a solidariedade,
humildade e a responsabilidade.
Entregar aos alunos a letra da música do Legião Urbana, “Mais uma Vez”,
disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=RMkfhKOJHBQ, em que será analisado o
significado da letra, enfocando a questão dos valores de convivências positivas.
Destacar a importância de acreditar sempre nos sonhos, acreditar que o
mundo, começando por cada um de nós, pode ser melhorado, que convive-se com
diferentes tipos de pessoas, as quais se deve respeitar. Acreditar em um novo dia,
cheio de oportunidades e coisas boas, deixando para trás as coisas que não
servem, e que não trazem a felicidade.
Enfocar principalmente que a escola só melhora se cada um estiver disposto
a mudar seu comportamento. De nada adianta cantar, declamar, desenhar, falar
sobre a cultura da paz, se as pessoas não mudarem suas atitudes. O que se precisa
é de ação e não discurso.
Com essa atividade, os alunos poderão perceber que muitas pessoas,
inclusive cantores que têm músicas lindas sobre a cultura da convivência positiva,
não conseguiram vivenciar as mesmas na prática, caindo às vezes nas drogas ou
desacreditando na vida.
Em seguida, em grupos de 4 alunos, produzirão um cartaz com dois quadros
onde o primeiro aborde questões relacionadas à cultura da violência e, no segundo,
questões relacionadas à cultura da paz. Para isso, os alunos poderão utilizar a
escrita, gravuras e desenhos.
Confecção de cartazes com as seguintes atitudes:
Atitudes de violência
Agressão física Agressão verbal
Desprezo Discriminação
Apelidos Ameaças
Atitudes de paz
Respeito Solidariedade
Tolerância Responsabilidade
Humildade
Os trabalhos serão expostos no saguão da escola para que toda a
comunidade escolar possa visualizá-los.
I6ª SEÇÃO ALUNOS
Objetivos
Trabalhar com os alunos a importância de uma boa amizade na vida das
pessoas;
Escutar e analisar a letra da música “Amigo pela fé”;
Produzir uma dramatização, com situações do cotidiano, em que uma equipe
ficará responsável por situações de violência e outra por situações de cultura
da paz.
DESENVOLVIMENTO/ METODOLOGIA
Escutar a música “amigos pela fé” – Anjos do Resgate disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ENhm_tA4pPc . Em seguida, distribuir a letra da música
para que possam ler e analisá-la.
Explorar a importância da verdadeira amizade na vida das pessoas.
Fonte: <http://informandoeeducando.blogspot.com.br/2011/08/ha-33-mil-anos-o-inicio- da-amizade.html> Acesso em: 17/10/2013
Para Refletir
Para você, o que é amizade?
O que você espera de um amigo(a)?
O que devemos fazer para ter e ser bons amigos?
Os conflitos fazem parte da amizade, e o que devemos fazer para que eles não
estraguem uma amizade?
Trabalhar com os alunos o que é uma dramatização. Segundo dicionário
Escolar da Academia Brasileira de Letras, dramatizar é. “Dar forma de peça teatral a:
dramatizar uma narração com diálogos; A turma dramatizou situações do mercado
de trabalho discutidas em sala de aula”. Bechara, 2011, p. 458. A turma será
dividida em dois grupos, o primeiro irá produzir um texto para ser dramatizado com
situações de violência vivenciadas no cotidiano escolar, o segundo grupo irá
produzir um texto com situações de boa convivência, vivências positivas que levam
à cultura da paz, vivenciadas no dia a dia escolar.
Após a produção do texto, os alunos deverão distribuir os papéis, ou seja, o
que cada um irá fazer na dramatização. E realizar o levantamento do material que
será necessário para o ensaio da peça.
I7ª SEÇÃO ALUNOS
Objetivos
Fazer a leitura dos textos produzidos no encontro anterior;
Analisar os mesmos, com a turma toda, sugerindo algo que possa ser
acrescentado ou alterado;
Fazer o ensaio das peças elaboradas em locais diferentes, para que possam
fazer o trabalho com tranquilidade.
DESENVOLVIMENTO/ METODOLOGIA
No primeiro momento os alunos farão a leitura das duas peças elaboradas no
encontro anterior. Ainda poderão dar sugestões para que os textos sejam
melhorados ou alterados. As sugestões para alterações devem ser acordadas com o
grupo que a produziu.
Em seguida, os grupos se reunirão em diferentes locais para fazer o ensaio
das peças elaboradas, para não haver interferência de um grupo sobre o outro.
Nesse encontro, os grupos terão o tempo necessário para produzir o cenário, os
personagens, para ensaiar as dramatizações que serão apresentadas para a
comunidade escolar no último encontro.
I8ª SEÇÃO ALUNOS E COMUNIDADE ESCOLAR
Objetivos
Fazer a exposição dos textos e cartazes produzidos pelos alunos;
Apresentação das dramatizações elaboradas pelos alunos à comunidade
escolar.
DESENVOLVIMENTO/ METODOLOGIA
Para encerramento do trabalho. Será feita a exposição dos textos e cartazes
elaborados pelos alunos durante os encontros. Esses trabalhos serão expostos no
pavilhão da escola, de forma que todos os alunos e comunidade escolar possam
apreciá-los durante o período escolar.
As apresentações serão feitas antes do recreio, na quadra coberta da escola,
para que toda comunidade possa assistir.
ICONSIDERAÇÕES
Com um trabalho pedagógico embasado em princípios da educação para uma
vivência positiva de educação para paz, pode-se construir uma sociedade diferente,
mas, para isso, exige-se bastante esforço e determinação. Educadores precisam-se
perguntar que tipo de homem, sociedade, mundo quer se formar.
Para Freire (2006, p.391) “Precisamos desde a mais tenra idade formar as
crianças para a “cultura da Paz”, que necessita desvelar e não esconder, com
criticidade ética, a tolerância com o diferente, o espírito de justiça e de
solidariedade”.
Assim, a sociedade é construída coletivamente, e é a partir do conhecimento
e vivências que cada pessoa agirá de forma consciente nessa sociedade podendo
mudá-la. Através da conscientização de cada ser humano, pode-se mudar uma
sociedade, pois ela é constituída por pessoas que atuam no meio em que estão
inseridos.
IREFERÊNCIAS
BECHARA, Eranildo C. (organizador). Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras. São Paulo: Companhia editora nacional, 3ª ed. 2011.
BICALHO, Marcelo. Cultura de Paz – Convivência e cultura de paz. 2013.
Disponível em: < http:// convivenciaepaz.org.br/cultura-de-paz/ acessado em: 15 mar. 2013. CONTE, S. Bastidores de uma escola: entenda por que a interação entre a escola
e a família é imprescindível no processo educacional. São Paulo: Gente, 2009. FERNÁNDEZ, I. Prevenção da Violência e Solução de Conflitos: O clima escolar como fator de qualidade. São Paulo: Madras, 2005. FILHO, Nei Alberto Salles. Educação para a Paz (E.P): Saberes necessários para a
formação continuada de professores. Disponível em: http://www.pitangui.uepg.br/nep/artigos/EP.Prof.NEI.pdf. Acessado em 30 set. 2013. FREIRE. N. M. B. et AL. Educação Para a Paz e a Tolerância: Fundamentos
teóricos e Prática Educacional. São Paulo: Mercado das Letras, 2001. JARES, X. R. Educação para a Paz: sua teoria e sua prática. Porto Alegre: Artmed, 2002. NUNES, A. O. Como Restaurar a Paz nas Escolas. São Paulo: Contexto, 2011. REVISTA CINÉTICA, Cinema e critica. Disponivel em: http://www.revistacinetica.com.br/biluejoao.htm. Acessado em 01 out. 2013. TAPETY, Clécio. Cultura de Paz – Textos. Disponível em:
http://culturadapaztextos.blogspot.com.br/2013/01/oque-e-cultura-da-paz-anocao-de-cultura.html. Acessado em 30 de set. 2013.
Levantamento de Dados
Professor PDE: Adriano do Nascimento
Escola: Escola Estadual Gil Stein Ferreira – E.F
Responda as seguintes questões
1 – Você já sofreu ou vivenciou algum tipo de violência no cotidiano escolar?
( ) sim ( ) não
2 – Se sim, qual dessas formas de violência:
( ) Agressão física
( ) Agressão verbal
( ) Apelidos
( ) Desprezo dos colegas
( ) Discriminação
( ) Outra, qual___________________________________________________
3 – Você já sofreu algum tipo de ameaça no ambiente escolar?
( ) sim ( ) não
4 – Você pratica ou já praticou na escola alguma forma de violência?
( ) Sim ( ) não
Qual?__________________________________________________________
5 – Você acredita que a escola pode ser um local que possa ser melhorado?
( ) sim ( ) não
6 – Qual atitude você acha que é necessário para isso?
_______________________________________________________________
7 – Você respeita os colegas, professores e funcionários na escola?
( ) sim ( ) não
8 – Quais atitude você acha importante para ter um ambiente de convivência positiva e
tranquila na escola (marque de 1 a 5 na ordem que considera mais importante):
( ) Respeito
( ) Tolerância
( ) Solidariedade
( ) Humildade
( ) Responsabilidade
9 – Você gostaria de melhorar suas atitudes no ambiente escolar?
( ) sim ( ) não
10 – O que pretende fazer para isso?
_____________________________________________________________
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